PROTEGER #14

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PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO, SEGURANÇA ELETRÓNICA E NO TRABALHO 6,00€

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INTERNACIONALIZAÇÃO Projeto de segurança do Hotel Epic Sana Luanda SEGURANÇA PERIMETRAL Métodos e sistemas de proteção perimetral e física SINALIZAÇÃO Um novo conceito em Portugal: sinalização ao nível do solo

TEMA DE CAPA

GRANDES OBRAS DE ENGENHARIA. A SEGURANÇA NA CASA DA MÚSICA, NO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO DA FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD E NA TORRE DE MONSANTO.



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Editorial Maria João Conde

Só uma administração pública mais conhecedora do terreno e mais dialogante com os agentes económicos tem a capacidade para criar regulamentação coerente com as reais necessidades do mercado.

Apesar dos “maus ventos”, de Espanha chega-nos uma boa notícia sobre uma iniciativa que muito contribuiu para a dinamização do mercado da segurança vizinho. Num cenário de estagnação da construção civil e de abrandamento geral da economia, o governo espanhol conseguiu criar um “balão de oxigênio” que tem beneficiado as empresas de segurança. A publicação da Orden Ministerial INT-316-2011, há 1 ano atrás, veio incentivar a substituição dos sistemas de alarme de intrusão e o cumprimento das normas europeias EN 50131 com o objetivo de reduzir os falsos alarmes e incrementar a fiabilidade dos sistemas de intrusão. O novo diploma espanhol define quem pode instalar sistemas de alarme, que características devem ter os componentes do sistema, quais as especificações a que devem obedecer os projetos de instalação, quais os procedimentos de manutenção, que formação devem ter os operadores de uma central de receção de alarmes e quais são os diferentes graus de segurança dos sistemas (sendo que o grau 1 corresponde a baixo risco e o grau 4 a risco elevado), estabelecendo ainda um protocolo para a verificação de alarme. A Orden Ministerial aplica-se às novas instalações e considera um período de 5 anos de adaptação para que os estabelecimentos que estão obrigados a possuir medidas de segurança adequem os respetivos sistemas de intrusão ao nível de segurança 3 (risco médio/alto). Os impulsionadores desta alteração legal foram as empresas que exploram as centrais de receção de alarme que, durante anos, foram penalizadas por pesadas coimas em virtude da ausência de verificação prévia dos alarmes e comunicação de falsos alarmes às forças de segurança públicas. Esta iniciativa do Estado espanhol parece-nos constituir um bom exemplo de interação entre interesses do sector público e do privado e, mais do que isso, de como a intervenção do Estado poder ser em simultâneo reguladora (ou seja, clarificadora das regras do mercado) e dinamizadora da economia. O exemplo espanhol evidencia também que o diálogo entre todos os intervenientes no mercado, públicos e privados, é essencial para que se consigam encontrar soluções úteis para o mercado. Só uma administração pública mais conhecedora do terreno e mais dialogante com os agentes económicos tem a capacidade para criar regulamentação coerente com as reais necessidades do mercado. A publicação da Lei n.º 9/2012 sobre a videovigilância em locais públicos parece ir ao encontro desta realidade. O alargamento do âmbito de aplicação da videovigilância com a finalidade de proteção da segurança das pessoas e bens, públicos ou privados, e prevenção da prática de factos qualificados pela lei como crimes, em locais em que exista razoável risco da sua ocorrência; a extensão da autorização máxima de utilização da videovigilância para dois anos; e a desburocratização processual da autorização da instalação são alterações importantes que a nova Lei introduz e que beneficiam todos os seus destinatários, incluindo as empresas de segurança. Antes de terminar, uma breve referência a duas novidades da Proteger para 2012. Porque o melhor de Portugal não se encontra só no nosso território, inaugurámos nesta edição uma secção dedicada a obras de referência executadas por empresas portuguesas alémfronteiras. Por outro lado, no terceiro ano de edição da revista, duplicámos a tiragem de forma a dar resposta ao crescente número de leitores que nos têm inspirado a continuar a produzir os melhores conteúdos, em língua portuguesa, sobre segurança e a permitir que a Proteger se expanda internacionalmente. Neste ano que se adivinha desafiante, queremos ser continuamente melhores; queremos chegar mais longe. JANEIRO A MARÇO '12

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Sumário

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01 Editorial. (Maria João Conde) 04+05 Notícias. Novos equipamentos de proteção para bombeiros em desenvolvimento. Portugal regista 9.754 incêndios urbanos por ano. Toda a segurança numa só associação. Nova versão da norma de manutenção de extintores para breve. 07 Institucional. Depoimento do INEM. 61+ 62 Ficha técnica APSEI nº34. Extintores de incêndio móveis. 63 Legislação e Normalização. 64 Agenda.

ARTIGO DE CAPA Aceda à página da PROTEGER através do seu smartphone. Para identificar esta imagem, utilize uma aplicação de leitura de códigos QR.

08 Segurança nas Grandes Obras de Engenharia Projeto, construção e instalações especiais da Casa da Música. Arquitetura e engenharia em perfeita harmonia. AFAssociados / Rodrigues Gomes & Associados

17 Investigação em modo seguro. A segurança no centro de investigação Fundação Champalimaud. João Pós-de-Mina, António Almeida e Miguel Feliz

24 Torre de Monsanto - Gestão e manutenção em altura. A segurança no centro de investigação Fundação Champalimaud. Dora Miranda

FABRICO NACIONAL 26 Segurança com o vestuário de alta visibilidade Reportagem à empresa Reflectil, fabricante de vestuário de alta visibilidade e materiais refletores. Gonçalo Sítima

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Dedicamos esta edição PROTEGER às grandes obras de engenharia desenvolvidas nos últimos anos em Portugal e apresentamos três exemplos singulares: a Casa da Música e o seu arrojo arquitetónico; o Centro de Investigação da Fundação Champalimaud, um complexo dotado das mais inovadoras tecnologias; e a Torre de Monsanto, um dos edifícios mais elevados no nosso país. Abrimos as portas destes três edifícios para conhecermos como se projeta, constrói e planeia a segurança em Portugal.

INTERNACIONAL 30 Internacionalização da atividade de projeto de engenharia O projeto de segurança do Hotel Sana Luanda, em Angola, e a experiência da internacionalização de um gabinete de projetos. Carlos Alves

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Direcção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Ferreira, Ana Luzia, Diana Vitorino e Mélanie Cuendet Publicidade Gonçalo Sítima Colaboradores neste número António Almeida, Carlos Alves, Carlos Nobre, Diana Carvalho, Dora Miranda, Miguel Feliz, Nuno Bonito, Fred Durso Jr., Joaquim Viseu, João Pós-de-Mina, e Maria Rui Castanhola Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Administração, Redação e Publicidade Rua Conselheiro Lopo Vaz, lt AB Edifício Varandas Rio, Esc. D 1800-142 Lisboa Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 E-mail apsei@apsei.org.pt URL www.apsei.org.pt/proteger Fotografia Gonçalo Sítima, iStockPhoto Design José Mendes Graphic.Design.Studio Pré-press BBCE, Comunicação e Eventos, lda. Impressão MR Artes Gráficas Periodicidade Trimestral Tiragem 4000 exemplares Registo ERC 125 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288

INFORMAÇÃO TÉCNICA 34 Estratégias para uma proteção global Apresentação de diferentes métodos e sistemas de proteção perimetral e física. Integração e complementaridade entre sistemas de segurança eletrónica com meios de proteção física. Nuno Bonito

40 Um novo conceito na sinalização em Portugal Abordagem à sinalização de segurança ao nível do solo através da norma NP ISO 16069. Diana Carvalho

43 Vigilância e assistência nas autoestradas Metodologias e equipamentos para gestão de tráfego, prestação de socorro e assistência, e de vigilância nas autoestradas. A perspetiva do concessionário. Mário Ribeiro

46 Características de segurança dos capacetes industriais Requisitos obrigatórios e opcionais de segurança dos capacetes industriais de acordo com a normalização europeia. João Elvas

51 Segurança contra incêndio e proteção ambiental O caso dos sistemas de sprinklers residenciais e a experiência norte-americana. Comparação da água consumida pelos sistemas de sprinklers e os bombeiros no combate a um incêndio numa habitação. Fred Durso Jr.

LEGISLAÇÃO 53 Nova lei da videovigilância em locais públicos Principais alterações introduzidas pela Lei nº9/2012 relativa à utilização de câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança em locais públicos de utilização comum.

Os artigos assinados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança.

Ana Ferreira

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INTERNACIONALIZAÇÃO Projeto de segurança do Hotel Epic Sana Luanda SEGURANÇA PERIMETRAL Métodos e sistemas de proteção perimetral e física SINALIZAÇÃO Um novo conceito em Portugal: sinalização ao nível do solo

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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57 As redes de TCP/IP e a segurança A importância das redes de comunicação na fiabilidade e funcionamento dos sistemas de segurança eletrónica. Soluções técnicas disponíveis e integração de sistemas.

TEMA DE CAPA

GRANDES OBRAS DE ENGENHARIA. A SEGURANÇA NA CASA DA MÚSICA, NO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO DA FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD E NA TORRE DE MONSANTO.

Carlos Nobre

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NOTÍCIAS

NOVOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO PARA BOMBEIROS EM DESENVOLVIMENTO O CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e Vestuário de Portugal, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e o CENTI, juntamente com empresas de sector têxtil e do vestuário desenvolveram uma parceria para a conceção de equipamentos de proteção individual (EPI) de combate a incêndios destinados a bombeiros. Durante este processo, foi criado um inquérito online para os Corpos de Bombeiros, cujo objetivo é avaliar as suas necessidades no âmbito da proteção individual. O inquérito encontra-se a decorrer até ao final do mês de Março e pode ser preenchido na página oficial do CITEVE. De acordo a ANPC, a “opinião [dos bombeiros] é pertinente e de fulcral importância para o desenvolvimento de um equipamento mais cómodo e seguro”.

A Autoridade informa ainda que o aspeto inovador desta parceria entre o sector público e privado reside na permanente troca de informação entre as partes envolvidas, o que pretende otimizar a conceção do produto final e melhorar a oferta atual no mercado. Até à data de encerramento da PROTEGER, o inquérito já tinha obtido a adesão de cerca de 31% dos 449 Corpos de Bombeiros, que resultou na identificação de funcionalidades básicas essenciais no vestuário, como: isolamento térmico, funcionalidade, facilidade de movimentos, respirabilidade, conforto geral, leveza, impermeabilidade/repelência à água, facilidade de vestir/despir, alta visibilidade e ser anti-estático. A ANPC avança ainda que os inquiridos consideram que a incorporação de sensores de monitorização e alerta da temperatura e monóxido de carbono, no vestuário, foi vista como um fator muito positivo.

PORTUGAL REGISTA 9.754 INCÊNDIOS URBANOS POR ANO A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) publicou no início do ano os dados estatísticos de ocorrências de proteção civil dos últimos 5 anos. Os cinco anuários publicados pela ANPC dizem respeito aos anos de 2006 a 2010 e retratam as ocorrências no âmbito do socorro e da emergência. Com esta iniciativa, a ANPC disponibiliza pela primeira vez dados oficiais que permitem conhecer a realidade dos incêndios urbanos em Portugal, uma vez que os dados referentes aos incêndios florestais já eram divulgados pela Autoridade Florestal Nacional (AFN).

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Com base nos dados referentes aos últimos cinco anos, é possível considerar que em Portugal registam-se por ano uma média de 9.754 incêndios urbanos. Os incêndios em edifícios de habitação representam 74% de todos os incêndios urbanos. Segundo o anuário mais recente, referente ao ano de 2010, verificou-se um total de 101 mil ocorrências em Portugal, 10.045 das quais dizem respeito a incêndios urbanos. Deste total, 7.439 incêndios foram em edifícios de habitação,

com os distritos de Lisboa, Porto e Setúbal a registarem o maior número de ocorrências. Os incêndios do tipo industrial ou similar correspondem à segunda categoria com um maior número de ocorrências, um total de 1.237 incêndios. Os edifícios hoteleiros registaram 448 ocorrências e os edifícios de serviços 235. Outros incêndios urbanos registados incluem: edifícios ou partes de edifícios utilizados para estacionamento (55 incêndios); equipamentos escolares (161 incêndios); edifícios hospitalares (88 incêndios); edifícios destinados a espetáculos ou lazer (69 incêndios); edifícios comerciais (290 incêndios) e edifícios culturais (23 incêndios). De acordo com a ANPC, os anuários “tratam-se de documentos que têm por objetivo divulgar a atividade operacional da Proteção Civil durante o ano, no território continental, efetuada com base nos dados registados no Módulo de Gestão de ocorrências do projeto ‘Protecção Civil Digital’”.


NOTÍCIAS

TODA A SEGURANÇA NUMA SÓ ASSOCIAÇÃO A APSEI tornou-se numa associação mais abrangente, englobando as várias disciplinas de segurança. Fruto da recente alteração dos seus Estatutos, a APSEI modificou a sua designação para Associação Portuguesa de Segurança, preservou a sigla APSEI que a distingue no mercado desde há 5 anos e entrou numa nova etapa da sua história. Com a nova identidade, emerge uma estrutura associativa renovada que procura agregar todos os intervenientes da atividade de segurança, numa comunidade técnica da segurança. Apesar de manter a sua natureza de associação representativa de empregadores de segurança eletrónica, proteção contra incêndio e segurança no trabalho, a associação passa a acolher, no seu âmbito, técnicos individuais ligados à atividade de segurança. A APSEI pretende com esta alteração criar uma verdadeira comunidade técnica de segurança, integradora de todas as visões e sensibilidades, agregadora de todos os

intervenientes, de montante a jusante na cadeia de valor. À semelhança dos setores de atividade originários da associação (proteção contra incêndio e segurança eletrónica), também a segurança no trabalho terá no interior da APSEI um espaço de diálogo e debate específico sobre equipamentos de proteção individual e coletiva e sobre a prestação de serviços externos de saúde e segurança no trabalho. A par destas alterações, a APSEI aprovou novas regras para a admissão e permanência de associados. Conhecida pela sua intervenção ativa no mercado em prol da maior qualificação técnica, de uma melhor

NOVA VERSÃO DA NORMA DE MANUTENÇÃO DE EXTINTORES PARA BREVE A nova revisão à NP 4413, a norma portuguesa que regulamenta a atividade da manutenção de extintores, deverá ser publicada durante os próximos meses. A APSEI, enquanto organismo de normalização sectorial das áreas da segurança contra incêndio e símbolos gráficos, foi a responsável pela condução dos trabalhos de alteração desta norma. A revisão envolveu a participação de diversas empresas instaladoras e de manutenção de extintores, técnicos especialistas, organismos de certificação, laboratórios de ensaio, empresas de consultoria e organismos fiscalizadores, entre outras entidades ligadas à área da manutenção de extintores. A

nova revisão da NP 4413 – esta norma já tinha sido revista em 2006 – pretende dar resposta à regulamentação e normalização publicadas nos últimos cinco anos e introduzir melhoramentos que resultaram da experiência acumulada nesta atividade. Uma das principais alterações da norma é a necessidade das empresas prestadoras do serviço de manutenção de extintores estarem registadas na ANPC para poderem exercer a atividade. Por outro lado, a nova norma estabelece claramente os conteúdos e cargas horárias dos cursos de formação que permitirão dar cumprimento ao requisito de competência técnica dos colaboradores responsáveis pela execução do serviço de manutenção de

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regulamentação e regulação do mercado da segurança em Portugal, a APSEI decidiu fazer depender a entrada e permanência de empresas e técnicos na associação do cumprimento das exigências específicas de segurança que a legislação prevê. A título de exemplo, existirá a obrigatoriedade de registo na Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) ou da certificação do serviço de manutenção de extintores para as empresas abrangidas por estes requisitos. A APSEI está convicta que estas alterações permitirão preparar melhor a associação para os desafios futuros. Ao estabelecer-se uma associação mais aberta, mais representativa do mercado e integradora de todas as sensibilidades, estão criadas as condições para se poder prestar um melhor serviço aos associados, ao mercado e à sociedade. Segundo a associação, este é mais um passo em direção a uma sociedade mais segura, protegida por um tecido empresarial profissionalizado, unido e dinâmico.

extintores, harmonizando ainda os critérios de rejeição dos extintores com a legislação europeia aplicável aos recipientes sob pressão. De referir ainda que a futura NP 4413 irá exigir registos que garantirão, de forma mais fidedigna, o cumprimento da legislação aplicável à gestão de resíduos e à proteção do meio ambiente. A norma NP 4413 estabelece os critérios de qualidade e os procedimentos necessários para uma empresa efetuar o serviço de manutenção de extintores. É ainda através do cumprimento dos seus requisitos que as empresas podem obter a certificação do serviço de manutenção de extintores. Ao ser referida no Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (Portaria nº1532/2008), a certificação estabelecida por esta norma não é apenas um critério de qualidade, mas uma obrigatoriedade legal para todas as empresas de manutenção de extintores do mercado.

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INSTITUCIONAL

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A Emergência Médica começa em si! “Houve aqui um acidente”, informou uma voz do lado de lá do telefone. “Há feridos? Como é que estão?”, perguntou o operador da central de emergência médica do INEM. “Não sei. Já cumpri a minha função ao ligar 112 e agora tenho de ir andando!”, disse o contatante. Esta conversa aconteceu mesmo. Foi na sequência de um acidente numa estrada secundária no Norte do País. Havia, de facto, feridos: três. Todos graves. Escolhi este exemplo porque retrata bem uma das dificuldades que sentimos no INEM. É que, para que possamos prestar a assistência mais adequada a cada ocorrência, necessitamos da ajuda de quem liga para o Número Europeu de Emergência -112. E para nos dar essa ajuda não é necessário que seja médico ou profissional de saúde. Basta apenas que mantenha a calma - sabemos que isso nem sempre é fácil, porque as pessoas estão naturalmente ansiosas - e que responda às questões que lhe são colocadas. Essas perguntas têm como objetivo, apenas, que se consiga perceber o que se passa com as vítimas – quantas são, se estão conscientes, se respiram. A decisão dos meios a enviar é tomada pelos médicos dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), após a triagem da chamada. Basicamente, são enviados meios de emergência quando exista uma situação de risco de vida ou esteja em causa uma função vital da vítima mas esta decisão tem em conta um conjunto de fatores, entre os quais: a situação clínica da

vítima, os meios de emergência disponíveis em cada momento e a distância até às unidades de saúde. Uma coisa é certa: os profissionais envolvidos em todas estas etapas procuram sempre dar a melhor resposta possível ao cidadão que necessita de cuidados de emergência médica pré-hospitalar. O nosso país tem, desde 1981, um Sistema Integrado de Emergência Médica. Trata-se de um conjunto de entidades que cooperam com um objetivo: prestar assistência às vítimas de acidente ou doença súbita. Essas entidades são a PSP, a GNR, os Bombeiros, a Cruz Vermelha Portuguesa, o INEM e os Hospitais e Centros de Saúde. O funcionamento deste sistema começa quando alguém liga 112. O atendimento das chamadas cabe à PSP, nas centrais de emergência. Sempre que o motivo da chamada tenha a ver com a área da saúde, a mesma é encaminhada para os CODU do INEM. Nestes CODU é então efetuada uma triagem da situação e decidido, sob o ponto de vista clínico, qual é o tipo de resposta necessária para cada situação. Note que os CODU do INEM não pretendem efetuar diagnósticos, mas sim identificar sinais de gravidade, tarefa para a qual é indispensável a colaboração de quem liga! Nunca se esqueça que são as informações transmitidas ao CODU que permitem aos nossos profissionais fazer uma triagem correta e determinar com rigor qual o tipo de socorro a enviar para o local da ocorrência. Sempre com um único objetivo em vista: que as vítimas -

de acidente ou doença súbita – possam ter a melhor assistência possível naquele momento. Para além disso é internacionalmente reconhecido o importante papel que os profissionais de segurança podem desempenhar na cadeia de sobrevivência, com o inicio precoce de medidas adequadas. Exemplo disso é a realização atempada de manobras de Suporte Básico de Vida (SBV), bem como de utilização precoce de um Desfibrilhador Automático Externo (DAE) que, em Portugal, já pode ser utilizado por não–médicos, desde que enquadrado em programas certificados de DAE. É por isso que aproveito esta oportunidade da revista “PROTEGER” para lançar o apelo, que é também útil para qualquer profissional de segurança: colabore connosco, dando as informações que lhe forem solicitadas pelos operadores das centrais de emergência do INEM e desempenhando, da melhor forma possível, o seu papel de primeiro elo de uma cadeia de socorro que é tão forte quanto a força de cada um dos seus elos. Na emergência médica você é um elo fundamental! Com a certeza de que muito tem sido feito no último ano por um INEM mais eficaz na prestação do socorro, mais eficiente na gestão dos recursos disponíveis, mais humano, solidário e responsável, termino este texto recordando-lhe o novo slogan do INEM: A Emergência Médica começa em si. Colabore com o INEM. Juntos, podemos salvar vidas. Miguel Soares de Oliveira Presidente do INEM JANEIRO A MARÇO '12

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Segurança nas Grandes Obras de Engenharia Dedicamos esta edição PROTEGER às grandes obras de engenharia desenvolvidas nos últimos anos em Portugal e apresentamos três exemplos singulares: a Casa da Música e o seu arrojo arquitetónico; o Centro de Investigação da Fundação Champalimaud, um complexo dotado das mais inovadoras tecnologias; e a Torre de Monsanto, um dos edifícios mais elevados no nosso país. Abrimos as portas destes três edifícios para conhecermos como se projeta, constrói e planeia a segurança em Portugal.


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CAPA

Projeto, Construção e Instalações Especiais da Casa da Música

Arquitetura e Engenharia em Perfeita Harmonia AFAssociados & Rodrigues Gomes & Associados

A Casa da Música é uma daquelas obras em que a Arquitetura e a Engenharia são indissociáveis e se potenciam mutuamente. O desafio foi “encaixar” um complexo programa funcional num objeto com uma forma atípica, conseguindo simultaneamente que a estrutura de suporte fizesse parte integrante do conceito espacial do arquiteto. Para o arquiteto Rem Koolhaas os elementos de que a Engenharia necessita constituem oportunidades e temas que vão dando forma ao espaço. Fazendo sentido estrutural, pilares e paredes inclinadas são trabalhados formalmente e integrados no projeto, não através da sua dissimulação mas assumindo por vezes um protagonismo inesperado. Este processo cria uma liberdade inicial de conceção que, através de um rigoroso controlo formal, conduz ao resultado desejado. A ideia inicial pressupunha um edifício translúcido com uma estrutura metálica. Razões de custo e a perda do efeito de transparência a que a densidade de elementos estruturais inevitavelmente obrigaria, levaram à opção pelo betão branco. Embora agradasse claramente a Rem Koolhaas, o betão branco só não tinha sido proposto inicialmente por não ser um material comum nos países do Norte da Europa, onde é já difícil de encontrar mão-de-obra qualificada para trabalhar com qualidade em betão aparente. O projeto iniciou-se em setembro de 1999, na sequência de um concurso de ideias ganho pelo Consórcio OMA / ARUP e que integrava já a AFAssociados. O projeto de escoramento e faseamento construtivo foi realizado em 2001, no âmbito de uma encomenda feita pelo Consórcio construtor à AFAssociados, promovida pelo Dono da Obra. Tratando-se de um projeto extremamente complexo, em que às dificuldades técnicas inerentes a este tipo de equipamentos (acús10

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tica, tratamento ambiental) se associava uma geometria invulgar e uma estrutura arrojada, houve que mobilizar uma equipa mista pluridisciplinar, reunindo semanalmente em Roterdão para discutir e acordar as soluções a desenvolver até à reunião seguinte. Estrutura, zonas técnicas, traçados de condutas e courettes eram discutidas e alteradas até à sua completa integração no edifício. No que se refere ao Projeto de Estruturas, foi montada uma Equipa conjunta entre os Engenheiros da ARUP e da AFAssociados que, trabalhando em Londres durante a fase do Estudo Prévio, viabilizaram as soluções discutidas e acordadas nas reuniões semanais. A partir de janeiro de 2000, após a entrega do Estudo Prévio, o Projeto passou a ser desenvolvido no Porto por equipas nacionais. Em termos de estruturas, para além de haver que garantir a estabilidade global do edifício, merecem destaque as seguintes preocupações fundamentais: ≥ Encontrar um conjunto de elementos estruturais, integrados na Arquitetura, que assegurassem a transmissão das cargas à fundação. A complexidade geométrica do edifício, em particular na zona norte, não tornava esta tarefa fácil, obrigando à consideração de um complicado sistema de transferência de cargas, através do aproveitamento estrutural de grande parte das paredes; ≥ Conseguir um elevado rigor de pormenorização que permitisse definir a geometria do edifício e dos seus elementos estruturais, caracterizando com rigor as aberturas e courettes destinadas às instalações. Tratandose de um edifício em betão branco aparente, muitas das infraestruturas encontram-se embebidas no próprio

betão, obrigando a que o rigor da pormenorização se aplicasse igualmente a estas instalações. Os desenhos de betão armado ganharam a importância de desenhos de síntese e assim resultando de sucessivas interações entre Arquitetos, Engenheiros de Estruturas e Engenheiros das Especialidades; ≥ O estabelecimento de um faseamento construtivo e um sistema de escoramento compatível com os prazos da obra e as preferências do Empreiteiro; ≥ O controlo da fissuração superficial, dada a sua importância na durabilidade de um Edifício em betão branco aparente; ≥ A garantia de qualidade da execução da obra, através da realização de protótipos que permitissem testar materiais e metodologias de trabalho e do estudo de processos e materiais alternativos, em conjunto com o Empreiteiro. No que se refere às especialidades, salienta-se a importância das Instalações Mecânicas, em que a geometria irregular do Edifício dificultava a tarefa de encontrar traçados de condutas de grandes dimensões compatíveis com os requisitos da Arquitetura e as necessidades da estrutura. As elevadas exigências de controlo acústico das diversas instalações e áreas técnicas determinaram a qualidade dos sistemas previstos. ESTRUTURA E CONSTRUTIBILIDADE Os elementos estruturais principais do Edifício dos Auditórios são a casca formada pelos painéis da parede exterior em betão armado e por duas grandes paredes longitudinais, laterais ao Auditório principal. Os



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painéis da casca exterior são em betão armado e têm uma espessura de 0,40m. As paredes longitudinais têm 1m de espessura, sendo em certas zonas aligeiradas por meio de vazamentos verticais circulares. Esta grande espessura deve-se ao facto de existirem muitas, e por vezes grandes, aberturas, e assim ser importante conferir às paredes a capacidade de encastramento para outros elementos estruturais perpendiculares. Considerando a casca e todo o seu interior, verifica-se que o seu centro de massa se situa desviado para Sul do centro geométrico do seu embasamento. Este facto, e sobretudo o aumento desta excentricidade devido à ação sísmica, levou à utilização de dois pilares inclinados que dão apoio exterior a dois pontos situados na interseção de duas das suas arestas mais a Sul com a laje do piso 0. Os pilares "cruzam" os três pisos do parque de estacionamento, sendo unicamente visíveis a partir deste. O conjunto formado pela casca exterior, as duas paredes, os dois pilares exteriores e ainda algumas das lajes que, funcionando como membranas, servem como nervuras da casca, absorvendo e transferindo as forças horizontais, formam a estrutura primária e de contraventamento do edifício. Toda a estrutura é monolítica em betão armado. Ainda que do ponto de vista dos estados limites de utilização fosse, por vezes, desejável a utilização de pré-esforço, o grau de hiperstaticidade e a complexidade geométrica da estrutura fariam com que os seus efeitos fossem muito difícil ou mesmo impossíveis de determinar. Destaque também para o isolamento acústico do Auditório Principal que se realiza por meio de uma separação da restante estrutura, separação que é denominada por “caixa dentro de caixa”. Nesta separação, o pavimento, as paredes e o teto do Auditório contactam com a estrutura do edifício unicamente através de apoios resilientes. A laje do pavimento é em betão armado, as paredes são em estrutura metálica e o teto é constituído por um laje mista que se apoia em vigas metálicas. A construtibilidade do Edifício dos Auditórios da Casa da Música constituiu um dos principais desafios para toda a equipa 12

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CAPA

envolvida no Projeto e na construção da Casa da Música. A estabilidade das paredes inclinadas durante a construção e o facto de a estrutura só ser estável no seu conjunto, isto é, após conclusão de toda a casca exterior, obrigaram a um estudo específico do faseamento construtivo de toda a estrutura, que dependia naturalmente da sequência de construção prevista pelo empreiteiro, em função dos seus meios de produção. Este estudo foi antecedido pela definição, com o empreiteiro, do tipo de escoramento e cofragem a utilizar, fortemente condicionado pela estereotomia definida pela arquitetura, oblíqua relativamente às juntas de betonagem. A solução encontrada foi uma estrutura principal, metálica, vertical, que dava apoio à estrutura secundária, de madeira, oblíqua, sobre a qual se apoiavam os painéis de cofragem propriamente ditos. Esta estrutura possibilitava a obtenção da estereotomia pretendida, assegurando o rigor da continuidade das linhas de cofragem definidas e permitia a desmontagem dos níveis de cofragem inferiores, de modo a reduzir o tempo de permanência do equipamento de cofragem em obra. O estudo de faseamento realizado tinha assim como objetivo adicional a minimização do tempo de permanência das cofragens em obra, de modo a libertar as áreas que lhe ficavam subjacentes para a realização dos trabalhos necessários. Nesse sentido, com base no plano de trabalhos inicial do empreiteiro foram definidas no edifício 88 fases de construção cuja estabilidade foi estudada individualmente. As reais condições de execução da obra, em termos de faseamento, foram determinando ajustes do estudo da estabilidade da estrutura durante a construção, tendo-se constatado que, em diversas situações e por questões de logística, o empreiteiro acabou por optar pela manutenção do escoramento até fases mais tardias da obra. SERVIÇOS A Casa da Música representou um desafio na aplicação da engenharia de serviços num edifício público. Aliás, este edifício foi encarado pela equipa como uma obra de arte o que

motivou e justificou à partida uma abordagem particular e específica no desenvolvimento de conceitos e soluções técnicas. O caminho para o sucesso não é uma linha reta e o desenvolvimento do projeto transformou-se num processo iterativo que teve como base os desenvolvimentos da arquitetura e como espinha dorsal uma efetiva e constante comunicação entre os membros da equipa. Os procedimentos de coordenação existentes e aplicáveis para um projeto comum cedo se mostraram inadequados para um edifício desta natureza, pelo que seria necessário proporcionar um apoio constante e eficaz à Arquitetura. A definição dos pressupostos de projeto teve duas componentes distintas, as necessidades do cliente e a integração com a Arquitetura. A primeira componente foi amplamente explorada através de uma articulação com os representantes do cliente, quer consultores, quer elementos operacionais que de uma forma inequívoca expressaram e definiram o que esperavam tecnicamente do edifício – o melhor edifício do género no mundo. Na fase de projeto a equipa confrontou as soluções com as mais rigorosas e avançadas ferramentas de análise e cálculo e submeteuas de uma forma de absoluto compromisso com as legislações e normas nacionais ou estrangeiras de forma a conduzirem a resultados seguros e de reduzido impacto ambiental. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS O projeto de Instalações e Equipamentos Elétricos incluiu uma grande diversidade de sistemas que permitiram ao edifício possuir soluções seguras, economicamente otimizadas e acima de tudo integradas com a arquitetura. Podemos salientar: ≥ Alimentação e distribuição de energia; ≥ Iluminação normal, de emergência e infraestruturas para iluminação cénica; ≥ Alimentação de equipamentos diversos; ≥ Infraestruturas telefónicas e para sistema estruturado de cablagem; ≥ Infraestruturas para sistemas de distribuição e captação de som e imagem. Uma das principais particularidades do projeto das instalações elétricas é a grande


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≥ A abertura ao público do edifício constitui um desafio na organização da segurança e do controlo de acessos.

interação com diversas instalações, nomeadamente: as instalações mecânicas, cénicas, hidráulicas e de segurança. Por este motivo, a comunicação e coordenação interespecialidades foram cruciais, de forma a permitir uma adequada integração do conjunto. De uma forma geral, as áreas técnicas encontravam-se disseminadas por todo o edifício, conferindo-lhe assim uma versatilidade importante, num edifício deste tipo. A alimentação normal de energia elétrica ao edifício é realizada através da rede de média tensão, tendo sido considerada, portanto, a instalação de um posto de transformação constituído por dois transformadores em paralelo com a potência total de 2500 kVA (2x1250 kVA). O abastecimento de energia de emergência é utilizado para assegurar as funções essenciais ao funcionamento do edifício, tendo sido previsto para o efeito um grupo gerador constituído por

um motor diesel e alternador com uma potência nominal de 630 kVA. Esta fonte de energia é utilizada quer pelos equipamentos prioritários de segurança contra incêndio (desenfumagem, bombas de incêndio, pressurizações, elevadores e iluminação de emergência), quer pelos sistemas associados aos espetáculos e ao funcionamento essencial do edifício que são assim mantidos em caso de falha de energia pública. O edifício possui também um sistema de abastecimento ininterrupto de energia, do tipo UPS, que possibilita garantir a alimentação elétrica aos equipamentos de informática considerados essenciais ao funcionamento do edifício. Este sistema tem uma potência de aproximadamente 30 kVA. A distribuição da energia disponibilizada pelos sistemas referidos é constituída por diferentes plataformas que assentam em diferentes graus de prioridade de abastecimento

elétrico, normal, emergência prioritários, emergência não prioritários e UPS. Como componente intrínseco da arquitetura, as soluções luminotécnicas tiveram um papel importante que se traduziu pela utilização de sistemas tecnologicamente avançados e por métodos de cálculo e análise sofisticados. Dentro da diversidade preconizada pela arquitetura, salientam-se as soluções de iluminação através de tetos de policarbonato, mais ou menos translúcido, ou de chapa metálica perfurada. Associada às soluções luminotécnicas encontra-se a iluminação de emergência ambiente e de circulação que permite assegurar, em caso de emergência ou falha de energia, a iluminação ambiente mínima nos corredores e caminhos de fuga e a iluminação de circulação do tipo sinalização do sentido de saída normal e de emergência. De salientar JANEIRO A MARÇO '12

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≥ A Sala Suggia tem 1238 lugares e é o auditório principal da Casa da Música.

que o sistema de iluminação de emergência foi um dos primeiros grandes sistemas baseados em baterias centralizadas a ser instalado em Portugal. O sistema instalado permite monitorizar em tempo real o estado de funcionamento dos balastros e lâmpadas de cada luminária, o que é de primordial importância no que diz respeito à segurança em edifícios de grande volume e complexidade arquitetónica e a todas as operações de conservação e manutenção que são deste modo muito mais rápidas e precisas. INSTALAÇÕES DE SEGURANÇA Segurança contra Incêndio No que diz respeito aos sistemas de segurança contra incêndio, foi considerada a instalação de um sistema de deteção automática de incêndio (SADI) analógico endereçável que permitia a cobertura de 14

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todos os espaços interiores da Casa da Música. O sistema, para além da deteção, permitiria ainda alertar os ocupantes para situações de emergência tendo sido utilizados avisadores acústicos na generalidade dos locais. Nas duas salas de espetáculos contudo, optou-se pela informação apenas ótica em locais predefinidos, como sendo os locais onde ficariam os assistentes de sala que em caso de sinalização de emergência comunicariam com o chefe de sala e, apenas por indicação deste, procederiam ao aviso dos espectadores e prestariam auxílio na posterior evacuação da sala. O sistema foi dimensionado para comandar toda uma série de equipamentos de segurança, desde equipamentos de ventilação e controlo de fumos, eletroválvulas das redes de gás, da rede seca de sprinklers abertos e da cortina de água existente entre os

dois vidros paralelos de cada janela lateral do grande auditório, elevadores e escadas mecânicas, instalações elétricas, portas de abertura automática, nomeadamente a porta principal de acesso ao edifício e as portas do pequeno auditório. Sistema de Paging De referir que o sistema de deteção de incêndio está associado a um sistema de paging que transmite e difunde, para além de música e mensagens de caráter geral, mensagens pré-gravadas de emergência. O sistema obedece aos requisitos de um sistema de voice-alarm. Meios de Extinção A segurança contra incêndio foi complementada pela instalação de meios de 1.ª intervenção portáteis (extintores de incêndio),


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≥ Concebida pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas, a Casa da Música tornou-se num ícone da cidade do Porto.

fixos (RIA – Rede de Incêndio Armada) e sistemas de extinção automática por água em todo o edifício (sprinklers), para além de uma rede de hidrantes no exterior do edifício. Deteção de Gases Explosivos Para deteção de gases explosivos foram considerados sistemas de deteção automática de gás nas salas de caldeiras e nas cozinhas do bar e do restaurante. Os sistemas, para além da deteção, comandariam também o fecho das eletroválvulas de abastecimento de gás a cada local. SEGURANÇA CONTRA INTRUSÃO No que diz respeito aos sistemas de segurança contra intrusão, foi instalado um sistema de deteção automática de roubo e intrusão, um sistema de controlo de acessos e um sistema de circuito fechado de videovigilância (CFTV).

Deteção Automática de Roubo e Intrusão No que diz respeito ao sistema de deteção automática de roubo e intrusão, para além da proteção volumétrica dos locais com possibilidade de acesso pelo exterior, deu-se particular importância à proteção dos postos de atendimento e de caixa da zona da bilheteira. Posteriormente foi também incluída a proteção à zona da loja da Casa da Música. Controlo de Acessos A implementação do sistema de controlo de acessos teve de levar em conta alguns fatores particulares previstos para o funcionamento do edifício. Assim, para além de ter de se atender a uma população variável e de algum modo inconstante, dada a grande rotatividade de artistas e utilizadores profissionais da Casa da Música, teria ainda de considerar o facto

de se prever a existência de uma elevada quantidade de público, não só para assistir aos diversos espetáculos mas também a percorrer o edifício em visitas guiadas que teriam percursos por locais normalmente vedados a pessoas estranhas ao edifício. O sistema teria, portanto, de ter todas estas condicionantes funcionais em linha de conta, tendo-se optado por uma solução total, completa e rapidamente configurável, que permitisse uma formatação quase imediata de cada ponto controlado e que ainda permitisse garantir o mínimo impacto visual nas portas, muitas delas integralmente em vidro, onde foi implementado. Circuito Fechado de Televisão (CFTV) O sistema de CFTV foi baseado em equipamentos de captação de imagem (câmaras) analógicos e de gravação e tratamento de JANEIRO A MARÇO '12

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imagem (multiplexers /gravadores) digital. O sistema permite monitorizar as circulações internas do edifício, bem como as entradas e pontos de acesso desde o exterior. SISTEMA DE GESTÃO CENTRALIZADO DE SEGURANÇA O controlo de todos os sistemas e equipamentos de segurança descritos é centralizado na sala de segurança, através de um sistema de gestão centralizada, que permite o controlo e monitorização de todos os sistemas a partir de um único ponto. INSTALAÇÕES MECÂNICAS A Casa da Música tem ao seu dispor um conjunto de soluções de climatização que permitem obter as condições ideais de conforto e qualidade de ar interior. Os sistemas instalados incluem: ≥ Sistemas de Produção e Distribuição de água refrigerada e água quente; ≥ Sistemas de Ventilação e Ventilação de Emergência; ≥ Sistemas de Tratamento Ambiente; O sistema de produção de água refrigerada é constituído por dois Grupos de Produção (chillers) arrefecidos a ar por intermédio de unidades do tipo dry collers colocados no exterior do edifício, que permitem o arrefecimento dos condensadores de uma forma remota. Os chillers estão localizados numa área técnica do Piso -3. A potência dos grupos produtores de água refrigerada é de 2x780 Kw, correspondendo a sua soma a 80% da carga máxima espectável considerando a simultaneidade de funcionamento dos diferentes espaços na carga total. A produção de água quente é assegurada através de duas caldeiras com queimadores de gás, localizadas no Piso 9 (último piso). A potência de aquecimento instalada é de 2x750 Kw. A distribuição de água quente e fria é garantida por intermédio de grupos bombagem e linhas de distribuição a cada ponto de consumo. Os sistemas de ventilação compreendem diversas componentes, desde a ventilação higiénica – para assegurar a salubridade do ar interior – até soluções de evacuação de 16

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fumos e pressurização de vias de evacuação em caso de emergência. Os sistemas de tratamento ambiente incluem uma variedade de soluções que vão desde os comuns ventiloconvectores até aos sistemas displacement (Grande Auditório) ou de pavimentos radiantes. O Grande Auditório constitui-se como o local principal de todo o Complexo, facto pelo qual foi alvo de conceção, a todos os níveis, excecionalmente cuidada. No que respeita às instalações mecânicas, será de referir que este local tem como condicionalismo base o facto de ser uma sala com índice acústico NC 15, pelo que toda a instalação foi dimensionada de modo a respeitar este requisito. O sistema de tratamento ambiental tem em conta a arquitetura do local, em particular o seu elevado pé-direito, realizando-se a insuflação de ar junto à zona de ocupação, a baixa velocidade e com temperaturas próximas da temperatura ambiente pretendida (sistema displacement). Este modo de funcionamento permite uma economia de energia substancial, pois diminui significativamente o volume de ar a tratar, tirando partido da estratificação natural da temperatura do ar no interior do local. O dimensionamento dos sistemas foi baseado no caudal de ar de insuflação por pessoa (12 l/s.pessoa) e funcionará sempre com 100% de ar exterior (ar novo). A generalidade dos espaços tem o tratamento ambiente assegurado por unidades de tratamento de ar específicas associadas a sistemas de volume de ar variável. Este sistema permitirá um controlo de temperatura individual para cada espaço e, face aos sistemas tradicionais, tem a vantagem de estar associado a soluções de menor consumo energético. A acústica teve um papel preponderante no desenvolvimento dos sistemas de climatização, estando presente desde o desenvolvimento dos conceitos e filosofias. A verificação acústica impôs apertadas restrições e condicionalismos aos sistemas que resultaram em soluções compatíveis com a performance fora de série do edifício.

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS As Instalações Hidráulicas constituem-se como um elemento central das instalações técnicas da Casa da Música. À semelhança de um edifício tradicional, as instalações compreendem: ≥ Rede de Abastecimento de Água; ≥ Rede de Drenagem de Águas Residuais; ≥ Rede de Drenagem de Águas Pluviais; ≥ Rede de Gás; ≥ Produção de Águas Quentes Sanitárias; ≥ Rede de Incêndio Armada; ≥ Rede de Sprinklers. O abastecimento de água ao edifício é proveniente da rede pública e devido aos baixos valores de pressão dinâmica verificados na zona, foi necessário prever a infraestruturação do edifício com meios próprios de reserva e pressurização da rede. Assim, consideraram-se duas alimentações distintas: uma para abastecimento de um reservatório de incêndio e outra para adução de um reservatório de água de consumo, ambos situados no Piso -3. O dimensionamento foi feito de modo a garantir o abastecimento à Casa da Música por um período de 24 horas, em caso de falha no abastecimento público. O volume útil disponível no reservatório de betão armado, localizado no Piso -3, é de 40.000 litros. Uma das particularidades do edifício é, sem dúvida, a cobertura global da área coberta por uma rede de sprinklers. Este facto deve-se à singularidade da arquitetura e possibilita um grau de segurança contra incêndio fora do comum em edifícios desta natureza e que motivou a necessidade de instalação de um depósito reserva com 296.000 litros. O grande desafio que os projetistas enfrentaram foi sem dúvida a integração de todos estes sistemas com a arquitetura de forma a não constituírem uma limitação, mas sim um ponto de partida para soluções arrojadas. Esta interligação proporcionou uma vasta coexistência de diferentes sistemas e soluções de engenharia aliadas a uma das grandes preocupações presentes - a busca de conceitos energéticos de alto rendimento associados a um cuidado na utilização de tecnologias de baixo impacto ambiental.


INVESTIGAÇÃO EM MODO SEGURO

A Segurança no Centro de Investigação Fundação Champalimaud João Pós-de-Mina Coordenador do Projeto da PM7-Project Management, Lda

António Almeida

Projeto de Segurança da COPRENG, Lda

Miguel Feliz

Projeto de Desenfumagem da BERINGELA, Lda

O Centre For The Unknown, o novo edifício da Fundação Champalimaud localizado em Pedrouços (Lisboa), é constituído por um conjunto de três edifícios - A, B e C - e áreas verdes envolventes que constituem os arranjos exteriores paisagísticos do complexo. O edifício A tem quatro pisos, incluindo a cota mais baixa, correspondente à cave, e o próprio Piso 0, que englobam serviços destinados à área médica sustentada pela investigação desenvolvida no centro. No Piso 0 estão as funções de rastreio e consultas médicas, enquanto o Piso -1 tem as áreas de exames clínicos e tratamentos oncológicos.

Nos Pisos 1 e 2 desenvolvem-se fundamentalmente as áreas destinadas à investigação, englobando um conjunto de laboratórios suportados por gabinetes de trabalho dos cientistas e suas equipas de apoio, bem como áreas destinadas a pequenas conferências e reuniões de trabalho. O Piso 3 do mesmo edifício, já à cota da cobertura, é constituído por uma grande área técnica com vários sistemas envolvidos no funcionamento corrente do edifício (AVAC, aquecimento de águas, climatização, gases medicinais, etc). Já o edifício B é destinado a serviços de apoio ao centro, englobando os escritórios da


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≥ O Centro de Investigação da Fundação Champalimaud foi inaugurado no dia 5 de Outubro de 2010.

própria Fundação Champalimaud, um auditório, um centro de congressos e um restaurante. No edifício C desenvolve-se uma outra área técnica, semelhante à do piso 3 do Edifício A, que inclui um conjunto alargado de equipamentos afetos aos vários sistemas dos edifícios. Neste caso, os sistemas destinados ao apoio das redes de água para serviço de incêndio, o depósito de reserva de água potável, bem como os equipamentos integrados no sistema de arrefecimento por água do Rio Tejo. Sob a plataforma dos espaços exteriores, que fazem a transição entre a Avenida de Brasília e a entrada do edifício A, desenvolvese um parque de estacionamento automóvel de uso público em cave. ENQUADRAMENTO ARQUITETÓNICO O edifício assenta num projeto de arquitetura com origem internacional pelo que, do ponto de vista dos conceitos associados à segurança, herdou da sua génese pressupostos não muito usuais no nosso país. É o caso da adoção sistemática da extinção automática de incêndio por efeito de água (sprinklers) como princípio de base da segurança contra riscos de incêndio. 18

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As características arquitetónicas dos espaços interiores - que se procuraram a todo o custo não desvirtuar com a adaptação à legislação vigente em Portugal - constituíram igualmente um desafio a vencer. O desafio colocou-se sobretudo no que toca às áreas mais generosas de zonas de átrios e foyers que interligam por vezes dois e mais níveis do edifício A. Também quanto ao uso de grandes extensões em fachadas do tipo cortina de vidro ou simplesmente pela intenção de fazer transparecer para as zonas de circulação horizontal comum a vivência do interior dos gabinetes de trabalho dos cientistas, dotados de áreas envidraçadas no confronto com os corredores de circulação, tornando mais complexas as questões da compartimentação corta-fogo. Para a concretização do projeto de segurança e de modo a garantir o seu enquadramento na legislação portuguesa, a Fundação contou com a colaboração do LNEC, designadamente do seu Núcleo de Acústica, Iluminação, Componentes e Instalações, com o qual se estabeleceram soluções de compromisso com o intuito de minimizar o já referido impacto dos documentos legais existentes à data do licenciamento da obra. As mesmas conduziram,

em alguns casos, a medidas compensatórias efetivas e cientificamente comprovadas por estudos de modelos adaptados à escala real dos possíveis incidentes com incêndios que se pudessem vir a verificar no edifício, realizados por entidades internacionais de reconhecida idoneidade. O contributo do LNEC culminou na aprovação do processo por parte da entidade licenciadora, neste caso o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. Esta unidade, através dos seus técnicos, acompanhou o processo desde a fase inicial, permitindo assim a adoção de um conjunto de soluções que garantem efetivamente a segurança em primeira mão dos utilizadores do edifício, sem descurar igualmente a salvaguarda do património da entidade promotora do empreendimento face aos elevados custos envolvidos na construção dos próprios edifícios e equipamentos de alta tecnologia. A estes aspetos acrescenta-se ainda o valor potencial da informação desenvolvida ao nível da investigação científica ao mais alto nível, internacionalmente reconhecida pelos seus pares. Salienta-se ainda um fator acrescido de dificuldade: o facto da elaboração do projeto de licenciamento ter decorrido na fase tran-



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sitória de alteração da legislação de suporte sobre a matéria, que coincidiu precisamente com a fase de discussão e prévia integração dos novos conceitos que vieram meses mais tarde a ser concretizados com a publicação do Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de Novembro, e da Portaria nº 1532/2008, de 29 de Dezembro. Nesse âmbito, e mais uma vez num esforço conjunto entre a equipa projetista e as entidades envolvidas no licenciamento, procurou-se sempre que possível introduzir os requisitos referidos nessas novas publicações regulamentares. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO No âmbito da Segurança Contra Riscos de Incêndio, foi considerada a adoção de um SADI abrangente a todo o complexo. Dada a dimensão relativa dos edifícios e a abrangência de áreas a vigiar, em especial no que diz respeito aos pisos do Edifício A, optou-se por se considerar neste caso específico uma Central de Deteção de Incêndio (CDI) por cada piso. Posteriormente, todas as centrais utilizadas no conjunto dos edifícios foram interligadas por uma rede de networking de modo a ser possível a sua visualização no sistema de gestão global de perigos adiante referido, bem como a operação de qualquer uma das centrais a partir de qualquer outra, mesmo que de forma remota em relação ao local de visualização dos painéis de informação. O edifício é ainda dotado, no que respeita a áreas mais sensíveis, como é o caso do datacenter, de Sistemas de Extinção Automática por Gases adequados ao local a servir. No sentido de permitir uma deteção ainda mais precoce, alguns locais foram dotados de sistemas de deteção por aspiração. Globalmente, todas as áreas dos três edifícios têm sistemas de extinção automática por água (sprinklers) tendo-se para o efeito, e face à necessidade da salvaguarda do património do edifício em caso de incêndio, utilizado tecnologia de água nebulizada a muito alta pressão. Para tal, recorreu-se a empresas nórdicas da especialidade, com experiência acumulada neste tipo de sistemas, decorrente da investigação e atividade em áreas tão sensíveis como as casas de máquinas de grandes embarcações de carga e de recreio. 20

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Como meios de primeira intervenção, são utilizados extintores de incêndio com agentes extintores e capacidade adequadas a cada local de uso, tendo-se providenciado o uso do pó químico ABC e do CO2, este último, em locais onde o risco elétrico é preponderante. Pontualmente, e no caso de cozinhas industriais, o agente extintor adotado foi a água pulverizada. Os extintores são na sua generalidade portáteis, reservando-se o uso de extintores de maior dimensão, móveis, para os casos específicos das grandes áreas técnicas do Piso 3 do edifício A e do edifício C. Os meios de primeira intervenção são complementados pela rede de carretéis, integrados na RIA dos edifícios. Estes carretéis são dotados de mangueiras de 25 metros de comprimento que abrangem com a sua disposição e interdistanciamento, todas as áreas dos edifícios. A RIA é complementada pela instalação de bocas duplas de 50 mm colocadas nas caixas de escada que constituem os caminhos verticais de evacuação e por uma rede de hidrantes exteriores privativos que garantem, em caso de necessidade, o abastecimento de viaturas de bombeiros. O abastecimento de água da RIA é constituído por um depósito de 150 m3 localizado na área técnica do edifício C, existindo ainda um outro depósito de menor capacidade (com cerca de 20 m3), de apoio aos sistemas de extinção por água nebulizada. Toda a bombagem de água para o serviço de incêndio é suportada por uma rede com origem em barramentos servidos pela central de emergência do complexo, constituída por dois grupos geradores de 1250 KVA cada. As canalizações que alimentam os respetivos grupos de bombagem possuem características de resistência ao fogo, com um período mínimo de 60 minutos. SEGURANÇA CONTRA INTRUSÃO E ROUBO As áreas mais sensíveis a intrusão e tentativa de assalto são dotadas de detetores volumétricos, de dupla tecnologia, que vigiam potenciais invasões desses espaços nos períodos definidos pela programação do sistema. Pontualmente são previstos contatos magnéticos em alguns vãos de porta que comunicam com a envolvente

exterior, permitindo assim também monitorizar remotamente o estado dessas portas. Todo o sistema tem por base centrais microprocessadas endereçáveis permitindo gerir, através do conjunto de teclados remotos, as formas de agrupamentos detetores que foram estabelecidos nas rotinas da exploração do edifício. CONTROLO DE ACESSOS Todos os locais em que se pretende controlar o acesso – quer do público em geral, quer de funcionários sem permissão – são dotados de sistemas que controlam as testas elétricas das respetivas portas, apenas sendo permitido o seu desbloqueio por meio de cartões de proximidade. Todo o fluxo de acesso a esses locais é registado no sistema, que permite a qualquer instante saber o movimento de cada utente, através do seu respetivo cartão. A seleção do cartão teve em consideração a sua fácil utilização e o facto de funcionar não só como cartão de segurança, mas também como um cartão de uso global noutras funções, como no acesso a equipamentos (fotocópias, etc.), no pagamento de despesas em locais integrados no edifício (bar, cafetaria, máquinas de venda de produtos, etc.) e ainda na gestão dos horários de trabalho dos funcionários. O mesmo tipo de cartão é ainda utilizado em ações de permissão temporária a locais definidos na programação do mesmo, possibilitando o seu uso por visitantes ou por utilização temporária de alguns locais, como é o caso do pessoal afeto à manutenção e/ ou reparação de equipamentos. VIDEOVIGILÂNCIA EM CIRCUITO FECHADO (CFTV) Os edifícios são dotados de um conjunto de câmaras que vigiam fundamentalmente os fluxos e o acesso aos pisos, quer por elevador quer através das escadas de serviço e emergência, bem como os movimentos na envolvente exterior do edifício. Neste último caso são utilizadas câmaras DOME com função PTZ (Pan-Tilt + Zoom), fixadas nas fachadas dos edifícios ou colocadas em postes no centro dos espaços exteriores, a partir dos quais se vê toda a envolvente do Centro. Uma vez que o acesso



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≥ O Centro de Investigação é da autoria do arquiteto goês Charles Correa.

aos jardins é público, este sistema constitui um fator de controlo acrescido, em especial no período noturno. Todas as câmaras são policromáticas e de alta definição. Em paralelo com o sistema referido há ainda um sistema de reconhecimento automático de matrículas que permite, no acesso ao parque de estacionamento, vigiar o fluxo de entrada e saída de viaturas autorizadas, em especial nas horas de maior movimento de funcionários. SISTEMA DE GESTÃO DE PERIGOS GLOBAL Todos os sistemas de segurança atrás referidos são geridos por um sistema de gestão de perigos que permite, de uma forma global, a operação coordenada dos mesmos e a visualização de todas as informações relevantes num conjunto de monitores de 42” que constitui o vídeo-wall da sala de segurança do Centro, situada no Piso 0 do edifício A. DESENFUMAGEM De uma forma geral optou-se por desenfumar as vias de evacuação, através da utilização de extração e insuflação mecânicas. 22

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Vias de Evacuação Horizontais As vias de evacuação são na generalidade constituídas por corredores compartimentados por portas resistentes ao fogo que dão acesso a saídas para o exterior do edifício. Todas essas vias, enclausuradas ou com mais de 30 metros, foram dotadas de controlo de fumos. O sistema utilizado neste edifício cumpre o disposto na legislação vigente, no que diz respeito à posição das bocas de admissão e extração e à distância entre elas (artigo 157.º da Portaria 1532/2008). Os limites de dimensionamento utilizados foram: a) Distância entre bocas de admissão e extração, 15 metros em percursos em linha reta. b) Distância entre bocas de admissão e extração, 10 metros noutros percursos. c) Qualquer saída de um local de risco A ou B dista no máximo cinco metros de uma das bocas de admissão e extração. d) Existe um varrimento de pelo menos 0.5 m³/s por unidade de passagem entre uma boca de extração e uma de insuflação. De modo indicativo, para um corredor de dois metros, isto corresponde a um caudal de 5400 m³/h (três unidades de passagem,

com um valor total de 1.5 m/s de velocidade de varrimento). A velocidade do ar nas bocas de insuflação é inferior a 5 m/s e o caudal é 60% do caudal de extração dessa zona. Vias de Evacuação Verticais Todas as escadas possuem controlo de fumos. O controlo de fumo é feito por sobrepressão, através da insuflação de ar, de modo que a diferença de pressão entre o interior e o exterior das escadas é no mínimo 20 Pa e no máximo 80 Pa. A velocidade do escoamento de ar na porta, quando aberta para o piso sinistrado, não será inferior a 0.5 m/s (seguindo o disposto na Secção VII e especialmente o artigo 161.º da Portaria 1532/2008). Nas escadas, a insuflação de ar é efetuada ao nível inferior e no caso das escadas com dois setores (i.e., quando a saída para o exterior se situa no meio da escada), a insuflação é feita ao nível inferior dos dois setores. Nos topos das escadas existem exutores de fumos com uma área útil de 1.0 m², com comando na entrada da escada, acessível unicamente aos responsáveis de segurança.


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O cálculo dos caudais de ar necessários foi efetuado tendo por base a determinação das perdas de caudal (pela envolvente, considerando por exemplo frinchas de portas e a estanquidade típica da construção dos edifícios) e a garantia das pressões mínima e máxima estabelecidas pelas recomendações ASHRAE 1. Sistema de entrada de ar novo O sistema de entrada de ar novo utilizado é muito mais centralizado do que o da extração e possui um circuito próprio, baseado nas UTAN de ar novo existentes na cobertura. Perante uma situação de emergência, a admissão de ar novo do sistema de climatização é interrompida e os registos motorizados das condutas de desenfumagem abrem, comutando o circuito de alimentação de ar novo para a sua função de desenfumagem. No circuito geral de admissão de ar para desenfumagem cada área do edifício possui registos de controlo que são abertos de acordo com as necessidades. As UTAN’s arrancam de acordo com o número de zonas que estiverem a necessitar de compensação para desenfumagem.

Estacionamentos O estacionamento fica situado entre os edifícios B e C, e possui uma área total de cerca de 15000 m² ao longo de um único andar enterrado. No total tem capacidade para 460 automóveis. Uma vez que a atual legislação limita os cantões em 3000 m², o parque vai ser dividido em compartimentos resistentes ao fogo separados por barreiras físicas, constituindo, na prática, zonas completamente independentes. Em termos de desenfumagem, cada uma destas zonas é dotada de insuflação e extração mecânicas. Cada sistema é completamente independente e pode funcionar em simultâneo com os outros. A regulamentação prevê um valor de extração mínimo de 600 m³/h por veículo. Na zona de maior dimensão existe capacidade para 137 veículos, o que resulta numa extração de 98400 m³/h. Em cada zona, as grelhas de extração e de insuflação situam-se em paredes opostas, provocando uma depressão contínua que encaminha os fumos para o lado da extração. As escadas, dado que constituem saídas diretas para o exterior, não têm qualquer tratamento.

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O controlo da poluição é efetuado com recurso a esta infraestrutura, de acordo com os valores expressos na regulamentação (artigos 180.º e 183.º da Portaria nº1532/2008). Os compartimentos que fazem a passagem entre o edifício A e a zona de estacionamento são tratados como câmaras corta-fogo e, de acordo com o Regulamento Técnico de SCIE, a renovação de ar deve ser de 5 volumes por hora. Nestes compartimentos, com um volume médio de 10 m³, os caudais de insuflação são da ordem dos 50 m³/h. A entrada de ar é feita ao nível superior e a saída por uma grelha de passagem, protegida por um registo corta-fogo normalmente aberto, com fusível térmico calibrado para 72ºC. Estas condutas são encaminhadas para a penthouse e estão ligadas a um ventilador dedicado que é ativado pela CDI, em caso de alarme quer na zona da garagem, quer em qualquer zona do edifício A. 1 Método utilizado em 2003 ASHRAE Applications, Chapter 52, Equation 8, page 52.5, 1999 ASHRAE Applications, Chapter 51, Equation 8, page 51.5 e 2000 IBC, Section 909.6.2 Maximum Pressure Difference, Equation 9-1.

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TORRE DE MONSANTO

Gestão e manutenção em altura Dora Miranda Diretora de Divisão da Manvia

A Torre de Monsanto é um edifício de escritórios situado em Linda-a-Velha, tendo sido premiado como a melhor obra de arquitetura em 2001. Com os seus imponentes 120 metros de altura, o edifício tem 17 pisos acima do solo (10.392 m² de escritórios), 2 pisos subterrâneos para estacionamento com 8.788 m² e 1.223m² de áreas técnicas. No total, a Torre de Monsanto tem uma área de 20.403 m²e em média acolhe cerca de 500 pessoas residentes. O estacionamento está dividido em 2 pisos no interior e uma área no exterior do edifício (Ar livre). No interior existem 230 lugares e no exterior 167, perfazendo o total de 397 lugares de estacionamento. O vidro é o material predominante das fachadas, sendo a fachada sul dupla (vulgarmente designada por dupla pele), ventilada, permitindo assim a ventilação natural dos pisos. Nas estações intermédias, esta tecnologia permite uma climatização eficaz dos espaços, reduzindo o consumo energético. O edifício possui um bailéu na sua cobertura, permitindo o acesso pelo exterior a toda a fachada e facilitando as operações de manutenção e limpeza da mesma. Um dos maiores desafios da manutenção de um edifício desta envergadura prende-se com a 24

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segurança nas manobras de manutenção. A simples substituição de um vidro da fachada é uma operação complexa e que carece de um planeamento muito detalhado. Cada vidro pesa em média cerca de 220 Kg, o bailéu suporta o peso máximo de 200Kg e só pode operar com ventos inferiores a 20 Km/h. O edifício está completamente exposto às ações do vento, dado se encontrar na confluência da A5 (A Norte) e do IC17 (A Nascente), não tendo edifícios de grande porte na sua envolvente. A utilização de uma grua implica a indisponibilidade do parque de estacionamento exterior, o que não é compatível com um edifício que tem várias empresas a operar, algumas 24 horas/dia. Outra operação simples tecnicamente, mas complexa na vertente da segurança do técnico de manutenção, é a manutenção da cobertura do 16º piso, a qual é inclinada para o exterior. Se os técnicos não estiverem devidamente ancorados, poderão sofrer uma queda de cerca de 100m. A equipa de manutenção é permanentemente auxiliada por um Técnico Superior de Higiene e Segurança, de forma a planear adequadamente todas as operações de manutenção, minimizando os acidentes e o seu impacto na exploração do edifício. Certo é, que desde a sua inauguração em 2001, não existe registo de um único acidente grave.

Para além da segurança das equipas de manutenção, é uma preocupação constante a segurança dos utentes do edifício, quer a nível de segurança contra incêndios quer a nível de intrusão. Ao nível da segurança contra intrusão, o edifício conta com uma equipa permanente de vigilância humana, auxiliada por um sistema de Controlo de Acessos por circuito fechado. As entradas no parque de estacionamento são efetuadas por sistema de leitura de cartões, ficando registadas todas as entradas e saídas dos parques de estacionamento, por empresa e utilizador. O acesso aos pisos também é efetuado por meio de cartões de acesso, gerido por um sistema informático que efetua o registo de todas as entradas e saídas por piso e por utilizador. Todas as entradas do edifício são controladas, quer por um sistema de controlo de intrusão, quer por meio de sistemas de vigilância (2 câmaras rotativas “dome” no exterior e 4 câmaras fixas no interior), sendo quase impossível a entrada no edifício por um intruso, sem ser detetado a priori. A segurança dos utentes é efetivamente uma constante preocupação do proprietário do edifício, sendo o investimento nesta área prioritário. Outro fator preponderante e desafiante na exploração de um edifício desta dimensão é a


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evacuação em caso de emergência. O edifício dispõe de duas escadas de emergência, uma localizada a poente e outra a nascente, permitindo a saída ordenada de todos os utentes para o exterior do edifício ao nível do Piso 0. Anualmente são efetuados simulacros com a colaboração de todas as empresas residentes, num dia de semana em horário de plena laboração, garantindo assim uma aproximação a uma situação real. As equipas de manutenção e de vigilância estão articuladas, efetuando treinos conjuntos periodicamente, assegurando que em situação de emergência todos os sistemas vitais do edifício estão operacionais e são efetuados os cortes de energia. Os sistemas de incêndio são ensaiados periodicamente, sendo efetuadas simulações de situações reais. Nesta situação é primordial verificar o adequado funcionamento dos seguintes sistemas: ≥ Cortes de energia;

≥ Funcionamento dos elevadores (4 elevadores panorâmicos, que em caso de incêndio, param no Piso 0 e ficam de portas abertas); ≥ Sistema de desenfumagem; ≥ Compartimentação Corta-Fogo; ≥ Central de bombagem de incêndios, composta por duas bombas principais e uma bomba auxiliar. Existem dois depósitos para abastecimento da rede de extinção; ≥ Sistema de iluminação de emergência; ≥ Corte do abastecimento de gás ao edifício. Relativamente aos sistemas de extinção de incêndios, o edifício não tem rede de sprinklers instalada, contando com 63 carretéis instalados ao longo do edifício e parques e 167 extintores. Existem 40 hidrantes (bocas secas), 1 por cada escada de emergência e por piso. Paralelamente são efetuadas simulações de falha de energia, sendo verificado se o Grupo Gerador alimenta os seguintes sistemas:

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≥ Elevadores; ≥ Central de Bombagem de Incêndios; ≥ Sistema de Desenfumagem; ≥ Circuito Fechado de Televisão (CCTV); ≥ Iluminação de Emergência; ≥ Sistemas de Controlo de Acessos ao Parque e Pisos. A exploração de um edifício com as características da Torre de Monsanto é um permanente desafio e carece de um planeamento bastante detalhado. Nada pode ser deixado ao acaso, pois a segurança de todos os utentes pode ser posta em causa. É primordial a harmonia e entendimento entre as diversas equipas que trabalham diariamente para manter esta estrutura, garantindo o funcionamento adequado de todos os equipamentos e prestando a assistência necessária para que as Empresas canalizem a sua energia no desenvolvimento das suas atividades.

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FABRICO NACIONAL

Segurança com o Vestuário de Alta Visibilidade Reflectil Gonçalo Sítima

Alguns apelidam-na da multinacional mais pequena do mundo. Talvez não o seja na realidade, mas o grupo Reflectil tem apenas 30 colaboradores e consegue estar presente em Portugal, na Noruega, Suécia, Reino Unido e ainda na China. Conversámos com Duarte Castro, responsável pelas empresas Reflectil em Portugal, e procurámos saber como consegue a Reflectil singrar num mercado tão competitivo – e por vezes negligenciado – como é o do vestuário de alta visibilidade. 26

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ID

REFLECTIL, Lda.

Fundação 1990 Linha de negócio Fabrico de vestuário de alta visibilidade Capital Social 85.294,43 € Volume de negócios anual 1.400.000€ Empregados 13 Área fabril 1.100 m2 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Vestuário de Alta Visibilidade e Materiais Refletores

Para melhor compreender a origem da Reflectil é necessário conhecer as idiossincrasias culturais dos países onde nasceu e onde está presente. O conceito do negócio nasceu na Noruega, um país onde uma cultura de segurança e prevenção está fortemente enraizada nos seus habitantes e a utilização de vestuário de alta visibilidade considerada imprescindível. Por outro lado, foi em Portugal que foi estabelecida a unidade de produção do vestuário, recorrendo à qualidade da mão de obra e ao conhecimento na indústria têxtil que são valorizados e reconhecidos internacionalmente. Estes são, possivelmente, os dois traços que melhor caracterizam a Reflectil e que permitem compreender como tem evoluído a empresa sediada em Paredes. A primeira unidade fabril em Portugal foi constituída em 1990, em Valongo, com o objetivo de produzir os artigos de alta visibilidade para a empresa norueguesa. Pouco depois, em 1995, a empresa inaugura as atuais instalações em Paredes e, com a evolução do negócio, consegue expandir a sua presença internacional abrindo filiais na Suécia e Reino Unido. Apesar da expan-

são internacional, a função das diferentes empresas do grupo manteve-se inalterada. A Reflectil Lda. é o centro nevrálgico de todo o grupo, responsável pela produção, serviços e logística para as outras empresas com funções predominantemente comerciais em Portugal, Noruega e Suécia. Por sua vez, a presença na China tem como único objetivo controlar os fornecedores locais já que uma parte significativa das importações tem origem na Ásia. A opção por fornecedores portugueses é uma política interna promovida desde a fundação da Reflectil. Atualmente, 40% das compras de matérias-primas são efetuadas a fornecedores nacionais. Aos mercados externos a Reflectil compra essencialmente os materiais que não encontra em Portugal, como por exemplo os materiais refletores (Ásia), ou os tecidos de cor florescente vermelha (Europa Central). Pelas suas características culturais, o mercado nórdico assume-se como o principal consumidor dos produtos da Reflectil e Portugal representa apenas 20% do total das vendas realizadas. Discriminando as vendas

nos mercados externos, 45% das vendas são feitas na Suécia, 30% na Noruega e os restantes 5% noutros países. VESTUÁRIO QUE PROPORCIONA SEGURANÇA Os produtos da Reflectil podem ser segmentados em três grandes áreas: o vestuário de alta visibilidade, os materiais refletores e os acessórios refletores. Quer sejam para uso profissional, quer para uso de lazer e desportivo, os produtos da Reflectil são produzidos obedecendo a padrões de qualidade elevados, destacandose a seleção criteriosa das matérias-primas como o processo fundamental na criação de uma peça que proporcione segurança ao seu utilizador. Como garantia de um desempenho técnico adequado, os materiais refletores e os tecidos utilizados pela Reflectil na confeção dos coletes de alta visibilidade e outras peças são, na sua grande maioria, certificados de acordo com as normas de produto europeias. O objetivo final do vestuário de alta visibilidade é tornar os seus utilizadores mais visíveis de modo a aumentar a sua segurança, JANEIRO A MARÇO '12

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FABRICO NACIONAL

≥ Os tecidos fluorescentes e de diferentes cores são uma das matérias-primas utilizadas ReflectiL.

tanto em utilizações diurnas como em noturnas. Esta dupla utilização é obtida através dos materiais refletores (uso noturno) e dos materiais – normalmente tecidos – com cores fluorescentes (uso diurno). As cores dos materiais fluorescentes encontram-se normalizadas, havendo a distinção das cores admitidas em vestuário para uso profissional (EN 471) – amarelo, laranja ou vermelho – e para uso não profissional (EN 1150) onde são admitidas mais cores como verde, amarelo-laranja, rosa, entre outras. Quanto aos materiais refletores, a Reflectil recorre maioritariamente à tecnologia de microesferas, que permite a retroreflexão na mesma direção da luz incidente. É esta a tecnologia que permite, por exemplo, que um condutor consiga identificar facilmente uma pessoa que tem um colete refletor de noite devido à incidência luz dos faróis do seu automóvel. São estas as características que fazem com que o vestuário de alta visibilidade seja considerado um equipamento de proteção individual. Para além da questão da visibilidade, é possível ainda adicionar nestes equipamentos outras características de segurança como a proteção contra chama, calor, chuva ou características anti-estáticas. 28

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De acordo com a norma EN 471, existem três classes de equipamentos para uso profissional, diferenciadas pelas áreas de materiais fluorescentes e refletores necessários para a construção das peças de vestuário. A classe 1 diz respeito ao nível inferior de proteção e nela são exigidas menores áreas de material fluorescente e refletor, verificando-se também uma maior tolerância nos materiais e cores permitidas. São normalmente utilizados em situações em que seja necessária uma maior identidade corporativa e/ou uma diferenciação entre funções. Estes coletes não são aconselhados em situações diurnas e em que existe um contacto com tráfego uma vez que a área de material fluorescente é diminuta. Os equipamentos de classe 2 oferecem um nível de proteção intermédio e são os de utilização mais comum, como em trabalhos de construção, em parques estacionamento, portos, aeroportos, vias ferroviárias, entre outros. Por sua vez, a classe 3, de elevada proteção, inclui as peças que são normalmente utilizadas em situações de estradas de tráfego intenso e/ou autoestradas e estradas onde a velocidade é mais elevada, e onde a visibilidade necessita de ser maior.

≥ Exemplo do comportamento dos materiais refletores num colete.

No uso não profissional, regulamentado pela EN 1150, refira-se apenas que a diferenciação não é feita por classes, mas pela altura dos seus utilizadores. Esta norma é utilizada normalmente para equipamentos de alta visibilidade para atividades de desporto e lazer, bem como para crianças e identificação de grupos em passeios, atividades socioculturais, entre outras. QUALIDADE E PERSONALIZAÇÃO COMO FATORES DE DIFERENCIAÇÃO A forte concorrência dos produtos de origem asiática é um dos principais fatores a considerar quando se trabalha no setor têxtil, uma realidade que também se verifica no mercado do vestuário de alta visibilidade. Na impossibilidade de competir com os preços praticados por este tipo de fabricantes, a Reflectil tem desenvolvido uma estratégia de diferenciação e valorização assente na qualidade e na personalização dos seus produtos. A certificação dos produtos, conforme já retratámos anteriormente, é um dos processos que atesta e garante o desempenho dos equipamentos de alta visibilidade produzidos pela Reflectil. Alguns dos testes que compõem o controlo de qualidade incluem a medição da refletivi-


FABRICO NACIONAL

≥ As lavagens industriais permitem conhecer a durabilidade dos materiais refletores.

dade dos materiais refletores; a verificação das cores fluorescentes em conformidade com as normas de produto, utilizando um espetrofotómetro; assim como a realização de testes contínuos de lavagem para controlar a performance dos diversos materiais refletores. Para além dos testes realizados internamente, a Reflectil também recorre a laboratórios externos certificados para efetuar alguns testes adicionais, tais como os de antichama, lavagens industriais ou o teste "Xenon" (efeito do sol nas cores dos tecidos). Aliada à qualidade das matérias-primas encontra-se o serviço de personalização levado a cabo na Reflectil. Ao fornecerem diferentes atividades profissionais, como forças de segurança, bombeiros, ou serviços de correios, a Reflectil tem a necessidade de adequar ergonomicamente os seus produtos às características específicas de cada atividade. A personalização do vestuário padronizado pode passar, por exemplo, pela incorporação num colete de bolsos especiais para transporte de equipamentos ou pela utilização de um determinado código de cores para distinguir diferentes hierarquias. Ao percorrer-se a unidade fabril da Reflectil, em Paredes, esta orientação para a criação “à medida” torna-se evidente. Os trabalhadores da

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≥ Em Paredes é produzido o vestuário de alta visibilidade para todas as empresas do grupo Reflectil.

área da produção repartem-se entre o corte e costura dos tecidos, a aplicação dos materiais refletores e a impressão de logótipos e outros elementos gráficos. Podemos mesmo considerar-se que a diversidade sobrepõe-se à quantidade. Não estamos perante um trabalho fabril mecanizado, mas uma criação quase artesanal e cuidada. Com este posicionamento, a exigência técnica no desenvolvimento de produtos da Reflectil é bastante elevada. Para dar resposta aos pedidos particulares dos diferentes setores de atividade não basta ter um catálogo de produtos diversificado, é necessário apostar na inovação e no desenvolvimento de produtos, suportados pelo know-how adquirido e a capacidade de invenção. Algumas das inovações que a Reflectil tem no horizonte incluem a adaptação de novas tecnologias ao vestuário de proteção, tais como localizadores GPS acoplados a coletes de alta visibilidade para crianças, detetores de monóxido carbono acoplados a coletes de alta visibilidade para mineiros, entre outros. Internamente estão também a ser desenvolvidos processos de impressão em material refletor em contínuo, de modo a aumentar a capacidade de personalização das peças de vestuário certificadas.

No contexto português, os responsáveis pela Reflectil revelam que o principal entrave ao desenvolvimento destes equipamentos de proteção individual encontra-se na falta de consciencialização em matéria de segurança e prevenção. Com exceção da obrigatoriedade legal da existência de um colete refletor no interior dos automóveis, poucas são as medidas que têm provocado alterações neste setor. A qualidade do produto não tem a importância que deveria ter, uma vez que os seus utilizadores ainda não reconhecem os benefícios da utilização do vestuário de alta visibilidade, seja na execução de uma atividade profissional, seja numa atividade de lazer. A propagação do “tamanho único” na utilização dos coletes é uma consequência desta negligência, refere a Reflectil. Um equipamento de proteção individual é também uma peça de vestuário – a sua inadequação ao utilizador pode dificultar a execução de uma tarefa profissional e comprometer a segurança em que é realizada. Entretanto, enquanto a sociedade se adequa lentamente a uma nova realidade, a Reflectil promete manter-se em atividade, procurando criar peças de vestuário que protejam cada vez mais os profissionais e todas as pessoas que os utilizem. JANEIRO A MARÇO '12

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Projeto de Segurança do Hotel Epic Sana Luanda

Internacionalização da Atividade de Projeto de Engenharia Carlos Alves LMSA

Nas últimas décadas do século XX o nosso país ofereceu o espaço para a construção de infraestruturas e edifícios extraordinários. Vivemos um período em que foram supridas as necessidades de habitação e edificados empreendimentos de carácter único nas mais diversas áreas de utilização: comercial, de lazer, desportiva, de saúde e turística.


INTERNACIONAL

Paralelamente, as preocupações crescentes de natureza social e ecológicas aliadas à evolução tecnológica verificada nos materiais e equipamentos, desencadearam a renovação da regulamentação técnica para a conceção de novos edifícios. Ao nível do projeto, a rápida “aculturação” aos desígnios da redução do consumo de energia e da segurança foi notável, promovendo assim uma abordagem mais ampla, envolvendo a participação de todos, arquitetos e engenheiros, na conceção das construções. A excecional atividade na área da construção em Portugal, verificada nos últimos anos, facultou condições para a inovação no projeto e permitiu aos técnicos a capitalização de uma experiência profissional sem precedentes. As soluções técnicas comprovadas pela construção e instalação concebidas pelos agentes desta atividade, foram desenvolvidas e suportadas em metodologias de trabalho amadurecidas pelas condições de continuidade do investimento, sendo progressivamente assimiladas no funcionamento das empresas. A quebra atualmente verificada no investimento público e privado tem vindo a contrariar o potencial de capacidade e conhecimentos adquiridos pelos técnicos e suas organizações, dando origem a uma progressiva asfixia económica e financeira das empresas. Esta situação induziu a procura de novos mercados e a tendência de fixação dos técnicos em países com carência de quadros na sua área de atividade. As iniciativas ocorridas em Angola foram estimuladas por dois conjuntos de fatores fundamentais: ligações culturais e língua comum; crescimento económico e continuidade dos investimentos. Verifica-se também a identificação da regulamentação técnica aplicável em Angola, com a equivalente portuguesa, situação que agiliza a conceção do projeto e concede aos técnicos portugueses uma envolvente legal já dominada. Há porém importantes aspetos particulares que deverão ser observados e que são imprescindíveis numa malha urbana em renovação. ELABORAÇÃO DO PROJETO: HOTEL EPIC SANA LUANDA No caso concreto da cidade de Luanda, ainda se verificam carências significativas ao nível das infraestruturas públicas. A incapacidade das

redes e a consequente falta de fiabilidade nos abastecimentos sobrecarregam as instalações dos edifícios com a condição de autonomia. Com efeito, verifica-se frequentemente a inversão dos estatutos das infraestruturas e das centrais do edifício: a rede pública constitui alternativa a um regime permanente de funcionamento dos equipamentos do edifício. Exige-se também um sobredimensionamento das centrais tendo em vista, não só fatores de reserva acrescidos, como as solicitações de funcionamento em regime permanente, em condições de temperatura exterior e humidade relativa elevadas. Neste regime, é fundamental acautelar a ventilação generosa dos espaços técnicos. O recentemente inaugurado Hotel Epic Sana Luanda, de cinco estrelas, é um edifício singular de 22 pisos acima do solo, com 238 quartos (19 suites) e uma secção residencial de 50 apartamentos. O Hotel conta ainda com uma extensa oferta de serviços onde se destacam as salas de conferências e de banquetes, Wellness Club & SPA e 4 restaurantes. Ao todo, as infraestruturas do hotel ocupam uma área de cerca de 45.000m². O Hotel dispõe de 14 elevadores, destes, 10 destinam-se aos hóspedes e 4 a serviços de apoio e de emergência. As características específicas da cidade do Luanda impõem o dimensionamento adequado das centrais técnicas, tendo em conta o regime de autonomia necessário á utilização contínua do edifício. No caso específico deste Hotel, em que a disponibilidade ininterrupta em ocupação plena é condição absoluta, requerem-se fatores de redundância e de reserva nos equipamentos principais, ponderando a contenção do investimento inicial e a razoabilidade dos custos de exploração. Os cômputos de cargas elétricas e térmicas a suprir, associados a fatores de simultaneidade de solicitação, determinam valores totais de potências que devem ser equitativamente repartidos pelos equipamentos principais. As determinações dos escalões de consumo associam-se à seleção das máquinas mais importantes de cada instalação: os transformadores de tensão, interligados à rede elétrica pública; os grupos eletrogéneos,

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redundantes no abastecimento de energia elétrica; as unidades de produção de água arrefecida e aquecida, dedicados ao conforto e abastecimento de água quente. Recorrendo aos mesmos critérios de capacidade e reserva, dimensionam-se os reservatórios de água; sistemas de tratamento de águas, potável e residual; os sistemas de bombagem de água; o armazenamento de combustível. Em função da natureza da utilização, estabelecem-se dois níveis de serviço: exploração normal e emergência. Em serviço normal, todas as instalações são dimensionadas para a carga total, considerando ao nível dos equipamentos principais, pelo menos um de reserva. O funcionamento em emergência é previsto nos cenários de falha das infraestruturas públicas e de solicitação das instalações dedicadas à segurança. Particulariza-se ainda, em emergência, a situação de incêndio. Os sistemas dedicados à cobertura do risco de incêndio restringemse a esta função, porém no abastecimento de energia elétrica, suportam-se nos equipamentos comuns. Nesta circunstância, há que observar a disponibilidade automática dos grupos eletrogéneos e atender a critérios específicos no dimensionamento da rede elétrica – cabos resistentes ao fogo e quadros elétricos exclusivos. Na proteção contra o risco de incêndio, destaca-se a cobertura integral dos sistemas de deteção automática de incêndios e de sprinklers. Complementarmente, todas as áreas dispõem de carretéis, tomadas de água e extintores portáteis, generalizando a disponibilidade de meios de primeira e segunda intervenção em caso de incêndio. Em locais de risco acrescido estão previstos sistemas especiais de extinção fixa, nomeadamente nas zonas de confeção de alimentos das cozinhas. As condições de evacuação e saída cumprem as exigências regulamentares nacionais e internacionais nos principais aspetos – largura e implantação das escadas; proteção de corredores, controlo de fumos e desenfumagem; iluminação de segurança e sinalização de saída. A extensão das áreas, a diversidade de atividades e a relativa complexidade das instalações técnicas, requerem da entidade JANEIRO A MARÇO '12

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INTERNACIONAL

logístico e administrativo. Com efeito, os custos de alojamento, transporte local e internacional, pesam significativamente nos orçamentos das empresas. A mobilidade entre países é fortemente condicionada pelo processo de obtenção de vistos, normalmente moroso. Neste contexto, os planeamentos a realizar, quer no campo económico e financeiro, quer na concretização das atividades de produção e dos contratos, devem salvaguardar acréscimos materiais e de tempo, compensando os fatores contraproducentes. Ponderando todos os elementos de decisão, a internacionalização da atividade individual e empresarial constitui presentemente uma necessidade, mas também deve ser encarada como uma oportunidade de otimização de processos e métodos de produção de projeto. A evolução técnica e profissional no projeto de edifícios passará também pelo desafio promovido por diferentes realidades e o comprometimento com equipas de outras nacionalidades.

≥ Maquete do hotel Sana Royal Luanda.

exploradora um conhecimento profundo de edifício, em compensação, deve procurar-se simplificar os procedimentos operacionais de segurança conducentes à obtenção do controlo das situações de emergência. A cobertura de riscos diversos também é do domínio dos sistemas de segurança e assegura a vigilância permanente da atividade no Hotel, permitindo o domínio dos procedimentos de prevenção, tendo em vista a proteção dos hóspedes, a salvaguarda do património e a operacionalidade de todos os serviços. Garantindo a privacidade dos hóspedes, a distribuição criteriosa do vídeo de vigilância é fundamental, focando a periferia exterior e as áreas técnicas e de serviço. Em associação funcional, está instalado um sistema de controlo de acessos, que permite automaticamente disciplinar o trânsito dos funcionários e hóspedes no interior do Hotel. Para a condução eficaz da segurança, em todas as suas vertentes, é essencial que todos os equipamentos de supervisão e centrais convirjam para um local único: uma Central de Segurança. Esta sala é de utilização exclusiva do efetivo responsável pela vigilância e pela tomada de decisões imediatas perante um cenário de emergência. 32

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A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO LOCAL A atual facilidade na transmissão de informação em suporte digital, para qualquer parte do mundo, faculta à atividade de projeto e consultoria em engenharia a possibilidade de flexibilizar os recursos humanos disponíveis localmente, sem necessidade de expatriação completa das equipas. Todavia, esta facilidade não dispensa de todo, a presença local. Para o sucesso da atividade, o reconhecimento da competência e o estabelecimento de confiança no mercado exige a presença física das entidades contratadas. Por outro lado, o acompanhamento da instalação e a verificação das condições reais de obra são fundamentais para a concretização do projeto. A distância entre a origem dos projetos e a obra requer também uma atenção acrescida sobre a qualidade do trabalho apresentado. Estabelecida, obviamente, pela excelência das conceções, mas também pela apresentação de conteúdos completos e pormenorizados com clareza. O estabelecimento de uma atividade e o seu desenvolvimento regular em Luanda requer atenção especial para algumas dificuldades ainda dificilmente ultrapassáveis nos campos

≥ O edifício tem 22 andares.



Estratégias para uma Proteção Global MÉTODOS E SISTEMAS DE PROTEÇÃO PERIMETRAL E FÍSICA Nuno Bonito Diretor de Operações da Gunnebo


INFORMAÇÃO TÉCNICA

Existe uma grande variedade de situações em que a verdadeira segurança de um local começa na proteção da sua envolvente. Esta proteção, se efetuada de forma adequada, pode permitir o incremento da segurança do local de forma significativa quer para pessoas quer para bens. A ideia, muito vulgarizada, de que é apenas necessário proteger o interior de uma instalação pode ser prejudicial à obtenção de níveis de proteção adequados, quando em presença de determinado tipo de ameaça ou risco potencial. Assim iremos abordar o tema da proteção exterior, na sua vertente passiva e ativa, tendo em conta que em muitas situações só uma conjugação de medidas ativas e passivas irá permitir alcançar a proteção necessária, embora existam situações em que só é possível utilizar um tipo de proteção, seja por razões funcionais, estéticas ou económicas. A proteção do perímetro exterior é um assunto particularmente importante em instalações militares, centrais de produção de energia, refinarias, aeroportos, portos, plataformas logísticas, armazéns, complexos fabris, campus universitários, escolas, hospitais, quintas, moradias, etc., ainda que com graus de importância diferentes para cada situação. Historicamente, a solução mais simples para efetuar a proteção exterior de um local foi, como é sabido, a utilização de muros, de maior ou menor complexidade e altura, ou conjunto de árvores e arbustos plantados de forma a obter uma cortina de proteção. Ainda hoje este tipo de solução é muito utilizado e se em presença de riscos muito baixos e quando conjugadas com medidas ativas acertadas podem ser uma solução muito eficaz e esteticamente agradável (sobretudo a solução de árvores ou arbustos). No entanto dispomos hoje em dia de uma grande variedade de soluções que permitem a colocação de proteções passivas de grande eficácia com destaque para vedações do mais diverso tipo e qualidade permitindo a escolha da solução mais adequada ao tipo de local e risco associado. Estas vedações

podem ser complementadas com portas e portões de elevada segurança, com níveis funcionais elevados, permitindo assim a exploração normal do local, sem abdicar de ter um primeiro nível de proteção. Com exemplo refere-se o caso de um complexo logístico que pode ter uma proteção perimétrica com rede de malha electro soldada, fixada em base de betão, sendo as entradas de camiões protegidas por portões basculantes sem calha de pavimento e as entradas de funcionários protegidas por torniquetes de altura completa. Esta solução permite a proteção contra intrusão e roubo de nível básico, a qual pode ser suficiente para uma grande variedade de situações, mas que hoje em dia, face ao tipo e valor das mercadorias, será ineficaz face a tentativas de intrusão mais elaboradas. Habitualmente, este tipo de instalação dispõe ainda de uma portaria avançada à qual não é dada muitas vezes a devida importância face ao seu carácter avançado e primeira linha de ocupação física do espaço. Iremos então de seguida estudar algumas soluções que podemos apontar para incrementar significativamente a segurança do exemplo acima indicado. PROTEÇÃO DO PERÍMETRO A proteção do local poderá ser significativamente aumentada com a instalação de um ou vários dos sistemas abaixo indicados: ≥ Instalação de cabo sensor na rede; ≥ Instalação de cabo sensor enterrado junto ao perímetro; ≥ Instalação de barreiras de infravermelhos; ≥ Colocação de videovigilância. Iremos de seguida abordar as vantagens e inconvenientes de cada uma das soluções indicando ainda possíveis combinações entre elas. Cabo sensor instalado em rede Esta solução pressupõe a existência de uma rede de média qualidade na qual irá ser colocado o cabo sensor. Existem vários tipos de cabo sensor sendo o mais comum

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o cabo sensor de vibração que irá detetar a vibração resultante de uma tentativa de penetração pela rede (escalamento, corte da rede, etc.). Na maior parte dos sistemas é possível seccionar o sistema por forma a criarem-se zonas de deteção que permitem a localização da intrusão com maior rigor. Este seccionamento pode ser feito no momento da instalação e assim ser um seccionamento por hardware ou pode, nalguns sistemas, ser efetuado por software no momento de programação do sistema. Como é evidente este tipo de tecnologia permite uma maior flexibilidade do sistema, sobretudo na sua interação com outros sistemas, mas normalmente tem um custo superior. Normalmente não devem ser definidas zonas de deteção de grande dimensão para aumentar a eficácia do sistema, mas este dimensionamento terá sempre de ter em conta as especificidades do local, o terreno, o tipo de rede e a forma como o sistema irá ser explorado. Esta solução deve ser utilizada com muita precaução em zonas de vento forte, onde exista vegetação que possa tocar na vedação originando vibração ou quando a rede for de fraca qualidade e resistência. Existem alguns sistemas que podem ser equipados com dispositivos meteorológicos que permitem o ajuste automático da sensibilidade do sistema em função das condições atmosféricas de cada momento. Existem ainda sistemas de cabo sensor para rede baseados em tecnologias de deteção de som, sendo para esse efeito designado de cabo sensor microfónico. O seu princípio de funcionamento baseia-se na deteção dos ruídos típicos existentes em entradas forçadas, sendo particularmente indicados para muros. Cabo sensor enterrado Esta solução é particularmente indicada em situações onde não existe rede ou outra delimitação física ou onde esta, existindo, é de fraca qualidade para instalação de sistema de deteção de vibração. Existem diferentes tecnologias para sistemas de deteção por cabo enterrado, sendo a mais JANEIRO A MARÇO '12

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

≥ Complexo industrial com vários sistemas de proteção perimetral.

comum a da deteção de matérias ferromagnéticas habitualmente transportadas pelos intrusos (ferramentas, canivete, faca, chaves, etc.). A presença destes materiais cria uma perturbação no campo do cabo sensor, sendo esta detetada e entendida pelo sistema como um alarme sempre que é atingido um determinado nível. A instalação do sistema não carece de muro ou rede, sendo o cabo instalado diretamente no solo e operando sob qualquer tipo de superfície tais como asfalto, estrada em betão, vegetação das árvores, ou debaixo de água e gelo. Devido ao seu princípio de funcionamento estes sistemas apresentam uma reduzida taxa de falsos alarmes provocados pelas condições ambientais, aves e vegetação. Consoante as necessidades, os sistemas podem ser configurados em zonas de deteção, permitindo assim a obtenção de um sistema eficaz, sobretudo quando complementados por uma barreira física ou por sistemas de videovigilância. Existem também sistemas de cabo enterrado com funcionamento com diferencial de pressão. Os sistemas de deteção por cabo enterrado têm normalmente a desvantagem do seu custo elevado, acrescido ainda da necessidade de abertura de valas para a instalação do cabo que pode, em determinadas situações, ser muito oneroso. Instalação de barreiras de infravermelhos A instalação de barreiras de infravermelhos, ou infravermelhos lineares, é outro tipo de solução muito comum para proteção de perímetros. É uma solução relativamente económica, mas com algum impacto visual. O seu princípio de funcionamento assenta no corte de um ou vários feixes de infravermelhos originando o alarme. A distribuição das zonas de deteção é efetuada pela própria disposição dos feixes, sendo a quantidade e tipo destes determinante para 36

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

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a qualidade da solução. Habitualmente as barreiras são instaladas em postes (com alturas de 1 até 3 metros de altura) que suportam várias barreiras e a distância entre postes irá determinar a dimensão de cada zona de deteção. Estes sistemas não necessitam de ter uma proteção física (muro ou rede) para o seu funcionamento, mas face ao seu tipo de funcionamento, existe a possibilidade de ocorrerem falsos alarmes com frequência, sobretudo se não existirem muros ou redes. Videovigilância Até há poucos anos a utilização de videovigilância na proteção de perímetros destinava-se essencialmente a funcionar como complemento de outros sistemas, nomeadamente de sistemas do tipo anteriormente descrito, como uma forma rápida e eficaz de confirmar a ocorrência e localização mais exata de uma intrusão. Com o desenvolvimento da tecnologia e o aparecimento a custos reduzidos de funcionalidades (mais ou menos sofisticadas) de deteção de movimentos na generalidade dos equipamentos de gestão de circuito fechado de televisão (CFTV), a videovigilância começou a ser igualmente utilizada como único meio de proteção de perímetros. Presentemente existem já sistemas de gestão de videovigilância que incorporam algoritmos sofisticados de deteção e análise de objetos, permitindo funções como deteção de pessoas, atravessamento de limites, deteção de objetos abandonados, mesmo em condições adversas de iluminação e atmosféricas. O desenho de um sistema de CFTV para proteção perimétrica exige um cuidado especial de forma a minimizar os falsos alarmes e para que seja maximizada a eficácia do sistema. Os aspetos mais importantes a ter em conta são: ≥ Dimensão de cada zona a vigiar; ≥ Definição do tipo de câmara; ≥ A existência ou não de proteção física ao longo do perímetro; ≥ Tipo de iluminação; ≥ Riscos e ameaças potenciais; ≥ Tipo e exploração do local;

≥ Esquema de um edifício prisional com vários sistemas de segurança perimetral.

≥A existência ou não de um sistema de proteção ativa de outro tipo. A dimensão de cada a zona a vigiar é de extrema importância porque se mal definida (muito extensa) irá condicionar a obtenção de imagens que permitam uma identificação de pessoas e até nalguns casos poderá impossibilitar a perceção da ocorrência. Por outro lado este facto tem de levar em conta a limitações existentes a nível de colocação de sistemas de CFTV em locais públicos que terão obrigatoriamente de ser aprovados e respeitar a legislação em vigor. Esta situação deverá ser levada em conta no desenho da solução e definição das zonas de deteção. A definição do tipo de câmara a instalar inclui a escolha de câmaras fixas ou móveis, nível de iluminação, tipo de objetiva e respetiva distância focal, proteção mecânica, câmara analógica ou digital entre outro tipo de características e funções avançadas que são hoje vulgares na maioria das câmaras existentes no mercado. A escolha das câmaras e das objetivas tem um a importância fundamental porque nunca se conseguirá ter um sistema de adequado sem ter as câmaras e objetivas corretas. A escolha

correta da camara tem igualmente um impacto enorme no preço do sistema, ou seja a escolha da camara deve ter sempre em consideração os resultados pretendidos. A escolha do tipo de sistema depende também em larga medida da existência ou não de proteção passiva do perímetro, bem como do tipo de exploração do local e da sua organização de segurança. Se um determinado local está abandonado e a sua vigilância é assegurada a partir de um ponto distante, a fiabilidade do sistema de proteção perimétrica tem uma importância acrescida face aos meios e tempo despendidos para assegurar a verificação in loco de qualquer alarme existente. Nestes casos, qualquer medida tendente a melhorar o sistema de videovigilância, por mais pequena que pareça, pode ter um impacto significativo na qualidade da proteção do local. Sistema Central de Segurança Qualquer dos sistemas anteriormente descritos poderá – ou até deverá – ser incluído num sistema de integração para que a segurança seja gerida de forma agregada e uniforme. Este tipo de sistema permite um aumento substancial da eficácia de cada subsistema quando em funcionaJANEIRO A MARÇO '12

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mento autónomo, sendo inclusivamente habitual que o sistema integrado possua uma apresentação gráfica, permitindo aos operadores do sistema uma identificação mais fácil da localização das ocorrências. Existem várias soluções para a integração, desde as mais simples, por mera interligação de relés entre sistemas, até às verdadeiras integrações por software que permitem um diálogo entre os sistemas com níveis de interatividade variável. Proteção de entradas Na proteção exterior, muitas das vezes é descurada a proteção das entradas, quer de veículos quer de pessoas. Existem no entanto diversos equipamentos e soluções que permitem a obtenção de níveis de segurança elevados. Apontamos aqui alguns exemplos de equipamentos que podem ser utilizados para este propósito: ≥ Portões de segurança basculantes ou de correr; ≥ Portões de abertura ultra rápida; ≥ Portões de correr autoportantes (sem calha no pavimento); ≥ Barreiras automáticas reforçadas; ≥ Torniquetes de altura completa; ≥ Equipamentos específicos de proteção antiterrorista. A utilização criteriosa dos equipamentos acima indicados permite que numa grande variedade de situações as entradas fiquem dotadas de níveis de segurança adequados aos riscos, sobretudo fora dos horários normais de funcionamento das instalações (durante a noite, fins de semana, etc.). A escolha do equipamento mais adequado deve ter em conta o tipo de utilização pretendida, o tráfego previsto, o risco ou ameaça potencial para que o custo da solução seja adaptado às necessidades da instalação. Como exemplo, indica-se que não deverá ser utilizado um portão manual basculante numa instalação de tráfego elevado, em que se pretende manter o local fechado em qualquer situação, com exceção dos momentos de passagem de veículos, porque acabará por não ser utilizado. Pelo contrário, se for escolhida a solução de portão motorizado

de abertura ultra rápida, este vai permitir manter o local protegido em qualquer momento, exceto aquando da passagem de veículos. Sendo uma solução mais cara, tornar-se-á a prazo mais vantajosa dado que uma solução de portão manual, mais barata, deixará de ser utilizada, sendo assim um investimento sem aproveitamento. Ainda relacionado com a proteção de entradas, é de referir que a proteção de entradas pedonais é de vital importância, visto que se tal não for feito irá existir um ponto fraco na segurança das instalações. A melhor forma de efetuar este tipo de proteção é através da utilização de torniquetes de altura completa, com maior ou menor grau de proteção (teto para proteção contra a intempérie, laterias protegidos, etc.), em quantidade adequada ao fluxo previsto de entradas e saídas. Deverá ser dada especial atenção aos picos de tráfego pedonal nas horas de entrada e saída, por forma a evitar congestionamentos e assim tornar a utilização do equipamento aceite pelos utilizadores sem dificuldade. Normalmente, associa-se a utilização de torniquetes neste tipo de entradas à utilização de sistemas de controlo de acessos e, de facto, esta situação é altamente aconselhável. No entanto, nada impede que os torniquetes sejam utilizados por si só, por forma a criar uma barreira física e a consequente proteção nas entradas de pessoas, evitando assim a entrada desordenada e/ou não autorizada de intrusos. Portaria Referimos ainda um ponto que muitas vezes é descurado na conceção de proteção perimétrica e que é da maior importância por ser, normalmente, o posto mais avançado da segurança – a portaria. A portaria é, como já referido, um local de transição entre o exterior e o interior do perímetro e onde muitas vezes é concedida a autorização de acesso a utilizadores não habituais. Além disso, é habitual a portaria comportar elementos dos diversos sistemas de segurança do local, caso seja alvo de ataque ou sabotagem poderá colocar em perigo todo o local.

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Como é evidente, o tipo de proteção da portaria deverá ser adequado ao risco envolvido e ao tipo de exploração do local, mas existe um conjunto de regras mínimas que deverão ser observadas: proteção adequada das vidraças, instalação de sistemas de intercomunicação, existência de passadocumentos ou passa-valores, portas para o exterior com nível de segurança adequado e certificado, informação dos sistemas ativos de proteção perimétrica existentes, informação do sistema de controlo de acessos, telefones para o exterior, comandos dos sistemas de proteção da entrada, etc. Abordámos de forma resumida a problemática da proteção perimétrica de instalações, tendo sido referidos aspetos gerais e normais na maior parte das instalações. A nível das soluções, foram também abordadas aquelas que são mais usuais, não tendo sido por isso retratadas todas as tecnologias e soluções que o atual estado do desenvolvimento tecnológico nos oferece. Tal abordagem seria impossível de efetuar num artigo desta dimensão. É de salientar a importância de um estudo adequado, aprofundado e atempado das várias variáveis envolvidas de modo a que se chegue a soluções apropriadas e corretas com o menor custo. Um erro, por mais insignificante que seja, na conceção de um sistema de proteção perimétrica pode condicionar de forma brutal o desempenho dos sistemas de segurança e, em consequência disso, a própria segurança do local (por exemplo, uma errada definição de zonas de alarme, a portaria não estar protegida, a inexistência de videovigilância como meio de verificação de alarmes, etc.). De salientar ainda que, por vezes, a correção de pequenos erros inicias torna-se demasiado onerosa. Finalmente, e porque se trata de um assunto da maior importância, a proteção da envolvente externa de um local ou instalação deverá ser objeto de estudo por técnicos competentes e experientes na área. Estes poderão, certamente, contribuir para a obtenção de soluções otimizadas, tendo em conta o seu conhecimento e experiência, não devendo ser um assunto deixado ao acaso ou a ser efetuado tardiamente. JANEIRO A MARÇO '12

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Um Novo Conceito na Sinalização em Portugal A NP ISO 16069 E A SINALIZAÇÃO AO NÍVEL DO SOLO Diana Carvalho Diretora da Qualidade da Sinalux

A globalização da economia, bem como a cada vez maior internacionalização das empresas e consequente aumento da mobilidade, profissional e pessoal, em geral, exige uma linguagem universal aos mais diversos níveis. Apesar de toda a globalização e uniformização, subsiste uma importante barreira na comunicação - a barreira linguística. Não existe um idioma universal que garanta o completo entendimento entre todos, mas existem sistemas capazes de fornecer informação clara através de marcas visuais. Através da aplicação de princípios comuns de design, consistentes e uniformizados, as pessoas que comunicam em qualquer língua e em qualquer país, serão capazes de identificar e entender uma mensagem particular transmitida pela combinação de componentes visuais, tais como cor, forma geométrica e símbolo gráfico. Este é o tipo de informação visual, consistente e coerente, fornecida pelos sistemas de sinalização de segurança fotoluminescentes que visam minimizar possíveis confusões e comportamentos inadequados que possam impedir uma saída segura das áreas ocupadas, sinalizar os equipamentos relacionados com alarme e segurança contra incêndio, bem como a identificação de perigos e a informação dos comportamentos obrigatórios e proibitivos para a boa segurança de pessoas e bens. A sinalização deve ser visualizada enquanto nos encaminhamos para as saídas e por isso deve ser instalada a uma altura tal que outras pessoas ou objetos não obstruam a sua visualização (2,0m). Todavia, acontecimentos 40

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recentes mostraram-nos que a sinalização acima dos 2,0m não é suficiente, principalmente em casos onde decorre a libertação de fumos ou poeiras (derrocadas, tremores de terra, incêndios, etc.). Nestes casos a sinalização ficará obstruída. Surgiu então um novo conceito: a sinalização ao nível do solo – Low Location Lighting. A ISO 16069:2004 - Graphical symbols –Safety signs – Safety way guidance systems (SWGS) é uma norma bastante clara, que considera os mais recentes estudos e exemplos vividos, em especial a experiência americana do 11 de Setembro e apresenta diversas soluções para a sinalização ao nível do solo. Face à sua importância, a ISO 16069:2004 foi adotada por vários países, entre os quais a Inglaterra (BS ISO 16069:2004), Hungria (MSZ ISO 16069:2009) e Holanda (NEN ISO 16069:2011). Outros países optaram por adotar os conceitos e princípios da ISO 16069:2004 e criaram normas nacionais, entre os quais temos por exemplo a França (NF X08 0502:2008) e a Noruega (NS 3926:2009). Em Portugal, o quadro normativo e legislativo não incluía a sinalização ao nível do solo. Esta lacuna foi o input para o início dos trabalhos de tradução da ISO 16069:2004 pela Subcomissão 4 da Comissão Técnica 46, responsável pela atividade normativa da área dos Pictogramas e Símbolos de Segurança, com objetivo de inclusão da NP ISO 16069 no quadro normativo nacional. Esta norma descreve os princípios que definem a conceção e a aplicação de compo-

nentes visuais usados para criar um Sistema de Orientação para Caminhos de Evacuação de Segurança (SOCES). Os novos conceitos e princípios incidem fundamentalmente em três aspetos: A) DIFERENTES NÍVEIS DE LOCALIZAÇÃO DA SINALIZAÇÃO Localização ao nível superior Posição de instalação do sistema de orientação para caminhos de evacuação de segurança, ao nível do teto ou numa posição não inferior a 1,80m acima do nível do pavimento, destinada a sinais de segurança e outros componentes de um sistema de orientação para caminhos de evacuação de segurança. Localização ao nível intermédio Posição de instalação do sistema de orientação para caminhos de evacuação de segurança entre a localização ao nível do solo e a localização ao nível superior, designadamente ao nível da vista, destinada a sinais de segurança e outros componentes de um sistema de orientação para caminhos de evacuação de segurança. Localização ao nível do solo Posição de instalação do sistema de orientação para caminhos de evacuação de segurança ao nível do solo ou numa posição a curta distância acima deste, destinada a sinais de segurança e outros componentes de um sistema de orientação para caminhos de evacuação de segurança.


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B) REQUISITOS DE LUMINÂNCIA São definidos como requisitos mínimos de luminância para os componentes fotoluminescentes instalados do SOCES (Sistema de Orientação para Caminhos de Evacuação de Segurança) os seguintes valores: Luminância aos 10 minutos > 15 mcd/m2 Luminância aos 60 minutos > 2 mcd/m2 Valores que deverão obter-se em condições de estimulação de 25 lux (iluminância média recomendada nos componentes instalados na parede ao nível do solo), durante 15 minutos com a iluminação local. De notar que os requisitos definidos são requisitos mínimos; um aumento nas propriedades de luminância do material, na área e na frequência de aplicação dos componentes do SOCES e na iluminação de excitação, é considerado como um aumento na eficácia do sistema.

≥ Diferentes níveis de localização da sinalização.

SINALIZAÇÃO DE PORTAS, SAÍDAS E ESCADAS ≥ Exemplo de disposição de uma variedade de diferentes marcadores de escadas e corrimãos. a – Focinho de degrau: evidencia o limite dos degraus. b - Linha orientadora para evidenciar o corrimão. c - Linha orientadora para evidenciar a forma das escadas. d - Linha orientadora instalada na parede. ≥ À direita um exemplo de marcação de componentes estruturais do edifício e marcações direcionais através de portas.

C) DIMENSÃO DAS LINHAS ORIENTADORAS As linhas orientadoras com requisitos de luminância mínimos especificados anteriormente deverão ter pelo menos 100mm de largura, exceto se a luminância do material fotoluminescente das linhas de orientação ao nível do solo aumentar de acordo com a Equação (1), situação em que a largura mínima pode ser reduzida. Ambos valores de luminância aos 10 minutos e 60 minutos, deverão ser cumpridos. Equação (1): L'= L

100 d'

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Onde: L’ – valor aumentado da luminância L – luminância mínima de acordo com a Tabela 2 da norma d’ – largura reduzida da linha orientadora

SINALIZAÇÃO DE ESPAÇOS ABERTOS, CORREDORES, PORTAS SEM SAÍDA ≥ Exemplo de disposição de um espaço aberto, ilustrando linhas orientadoras no pavimento com indicadores direcionais integrados.

≥ Exemplo de uma interseção marcada por linhas orientadoras no pavimento.

≥ Exemplo de disposição de um corredor reto, com uma largura superior a 2 m e com uma porta contígua (marcada por umali nha no solo).

Tal significa que as linhas orientadoras com larguras inferiores a 100mm terão de apresentar uma performance fotoluminescente superior aos valores mínimos definidos. Considere-se a título de exemplo, uma linha orientadora com 50mm de largura; por aplicação da Equação (1) obtêm-se como requisitos mínimos luminâncias de 60mcd/m2 e 8 mcd/m2 aos 10 e 60 minutos respetivamente. JANEIRO A MARÇO '12

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Vejam-se alguns exemplos das diversas soluções para a sinalização ao nível do solo prescritas pela NP ISO 16069: ≥ Sinalização de portas, saídas e escadas

É pois numa perspetiva de melhoria e enriquecimento do quadro regulamentar (legislação e normas) nacional que se aguarda a publicação da NP ISO 16069, pelo IPQ. O cumprimento da regulamentação não é só uma obrigação legal, como uma responsabilidade de todas as entidades envolvidas na segurança de pessoas e bens, pelo que a NP ISO 16069 reforçará esse propósito:

≥T rata-se de um sistema muito eficiente, considerando a sua garantia e mínimos custos de instalação e manutenção. ≥ A NP ISO 16069 vem completar a regulamentação nacional e apresentar soluções testadas, elevando o nível de segurança das pessoas na evacuação dos edifícios.

≥A plicação internacional de princípios comuns, consistentes e uniformizados. ≥ Os sistemas definidos pela NP ISO 16069 incorporam o uso de símbolos gráficos e de marcação, tais como setas, de maneira a transmitir informação de orientação de evacuação, que ultrapassa as barreiras linguísticas. ≥ As pessoas, independentemente da nacionalidade, serão capazes de reconhecer e seguir a informação direcional fornecida pelos sistemas, que visam garantir uma evacuação segura. ≥ Adicionalmente, os SOCES normalizados são considerados úteis a bombeiros e outras equipas de salvamento na evacuação das áreas ocupadas durante situações de emergência.

De salientar que os conceitos adotados na NP ISO 16069, são, em alguns países (como por exemplo os EUA), de cumprimento e aplicação obrigatórios, o que demonstra o reconhecimento da sua eficácia. Sublinhem-se exemplos onde se entende ser de importância extrema a sua utilização: edifícios de elevada concentração de pessoas, como estações de metro e outros transportes públicos, parques de estacionamento, hotéis e centros comerciais (em especial nas caixas de escada de evacuação), túneis (com legislação específica), edifícios de grande altura (devido ao elevado tempo de evacuação até ao exterior), entre outros mais. Nas imagens seguintes algumas aplicações reais de diversas soluções para a sinalização ao nível do solo. Direitos das imagens reservados Sinalux®

As Notas Técnicas (NT) recentemente publicadas pela ANPC, complementam e definem as normas e regras técnicas para o cumprimento do Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios, publicado através do Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de Novembro e respetivos diplomas complementares. As Notas Técnicas referentes à sinalização são a NT 11 – Sinalização de Segurança e a NT 22 – Plantas de emergência. Um dos pontos mais importantes da NT 11 é a definição dos requisitos mínimos referentes às características da sinalização de segurança fotoluminescente, nomeadamente: Intensidade luminosa aos 10 min - 210 mcd/m2 Intensidade luminosa aos 60 min - 29 mcd/m2 Autonomia do sinal - 3000 min No entanto, sendo notória a mais valia que estas NT’s apresentam no sector da segurança, não deixa de ser uma lacuna a não inclusão dos princípios básicos internacionais para a sinalização ao nível do solo.

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≥ Estação de metro (sinalização da escada central).

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≥ Gare de transportes (marcação da linha da gare).

≥ Escola Secundária (sinalização ao nível do solo).


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Vigilância e Assistência nas Autoestradas Carlos Parente Alves Gestor Operacional da Brisa

Luís Ferreira Borges

Técnico de Segurança Rodoviária da Brisa

A segurança é dos principais atributos que distinguem as autoestradas das restantes categorias de infraestruturas rodoviárias. Como operadora destas infraestruturas, a Brisa tem na segurança rodoviária uma das suas principais prioridades. Uma autoestrada é, pelas suas características, uma envolvente potencialmente hostil, quer para os automobilistas que necessitem de parar na via, quer para os colaboradores e trabalhadores em geral que nela desempenham as suas funções, visto que operam na proximidade de fluxos

de tráfego intensos, animados por veículos que circulam a velocidades muito elevadas. De forma a minimizar os riscos, é de importância primordial o cumprimento das normas e instruções de segurança em que “Ver e ser visto” é o lema que deve ser interiorizado por todos. O Centro de Coordenação Operacional e a Assistência Rodoviária são elementos fulcrais no desenvolvimento da atividade da Brisa, nomeadamente no que se refere a gestão ativa de tráfego, socorro e proteção, assistência e desempanagem, patrulhamento e vigilância.

CENTRO DE COORDENAÇÃO OPERACIONAL: TECNOLOGIA AO SERVIÇO DA GESTÃO ATIVA DE TRÁFEGO A funcionar 24 horas por dia, o Centro de Coordenação Operacional (CCO) é o centro nevrálgico do conhecimento, não só de todas as situações anómalas ocorridas na autoestrada como do estado das infraestruturas rodoviárias da concessão. É neste centro, localizado junto à sede da Brisa, em Carcavelos, que são coordenados todos os meios necessários à gestão ativa de tráfego, JANEIRO A MARÇO '12

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tendo em vista a prestação de um serviço de elevada qualidade na assistência, socorro, patrulhamento, proteção e informação ao cliente, a gestão e coordenação de operações nas vias operadas pela Brisa. Esta gestão ativa de tráfego é feita em estreita colaboração com 14 Centros Operacionais, distribuídos por todo o país e por toda a rede operada. A gestão e a coordenação de meios a partir deste Centro cobrem os variados aspetos da atividade corrente, destacando-se em particular a colaboração na emissão de pareceres e a implementação de planos de Gestão de Tráfego. Ao nível dos patrulhamentos efetuados pela equipa de Assistência Rodoviária, o CCO promove a respetiva fiscalização, em colaboração com os Gestores dos Centros Operacionais, de modo a maximizar o nível, qualidade e tipo dos serviços prestados, através da minimização do tempo de resposta. Os Operadores do CCO centralizam e articulam todas as informações recebidas, com vista a acionar, em tempo útil, os meios necessários à resolução das ocorrências, de acordo com as normas e procedimentos estabelecidos. Para o efeito, os mesmos recebem e tratam toda a informação resultante dos vários sistemas instalados, tais como: ≥ Central Telefónica, que permite assegurar o estabelecimento e transmissão de informação interna e externamente; ≥ Rede de Postos de SOS, constituída por postos de comunicação colocados ao longo da autoestrada e que, quando acionados, permitem a comunicação com a Central de Comunicações; ≥ Sistema de circuito de câmaras de televisão CCTV, constituído por câmaras de vigilância distribuídas ao longo da rede - permite o controlo e deteção de acidentes, para além da gestão de circulação; ≥ Sistema de Comunicações Via Rádio, constituído por um emissor/recetor fixo instalado na Central de Comunicações, por emissores/recetores móveis instalados em todas as viaturas de serviço dos vários setores do CO e ainda por walkie-talkies; ≥ Sistemas de Monitorização das Condições Meteorológicas e Painéis de Mensagem 44

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CENTRO DE COORDENAÇÃO OPERACIONAL: AUMENTAR A QUALIDADE DE SERVIÇO AO CLIENTE ≥ Gestão de operações na estrada: Coordenação das atividades desenvolvidas pelos 14 Centros Operacionais espalhados pelo País. ≥ Coordenação dos planos de resposta: Através da assistência rodoviária, autoridades policiais, bombeiros e rebocadores. ≥ Gestão de tráfego: Informação de tráfego (Painéis de mensagem variável, site www.brisa.pt; site, imprensa) e Fluidez de tráfego.

Variável, permitem a informação aos condutores em tempo real das condições de circulação; ≥ Sistema de Controlo de Tráfego, permite a obtenção de medições de tráfego e o processamento desta informação, com vista a obtenção de vários parâmetros estatísticos necessários à gestão. A atividade do CCO está suportada pelo equipamento de telemática rodoviária instalado na rede operada, num total de cerca de 200 painéis de mensagem variável (PMV’s), possibilitando uma informação dinâmica e em tempo real aos clientes, e de cerca de 600 câmaras que permitem responder mais eficazmente às solicitações da operação. O facto de o CCO possuir uma base de dados de todas as incidências que ocorrem na rede, permite a análise e o tratamento estatístico dos dados relevantes para a operação, permitindo a construção de indicadores de gestão, bem como a possibilidade de melhoria contínua do sistema. ASSISTÊNCIA RODOVIÁRIA: SOCORRO, DESEMPANAGEM E VIGILÂNCIA A autoestrada é uma via de circulação com características especiais que obrigam a cuidados sempre que é necessário intervir naquele meio. A assistência assume uma componente fundamental da operação na autoestrada, pois, para além de promover e representar a “imagem” da empresa junto dos clientes, tem prioritariamente os seguintes objetivos: ≥ Socorro e proteção: Esta atividade visa essencialmente prestar auxílio a clientes em caso de sinistro. Normalmente, tem por base um pedido efetuado através da rede de Postos de SOS, telefone (Nº Azul 808 508 508), ou por observação do

acidente (via telemática rodoviária, autoridades de viação e trânsito, bombeiros, entre outros), sendo a pronta intervenção condição basilar para o seu sucesso. São exemplos de atividades de socorro e proteção a sinalização de emergência e balizamento, limpeza e desobstrução das vias e acionamento de meios de socorro, informação sobre condições de circulação, informação sobre condições climatéricas adversas (gelo, nevoeiro, granizo); ≥ Assistência e desempanagem: São atividades importantes para a concessionária, permitindo-lhe proporcionar aos seus clientes condições de circulação seguras. Por motivos de segurança e operacionalidade, quando a assistência se destina a desempanagem, a intervenção apenas é efetuada quando esta se possa resolver no local, num tempo máximo estimado de 30 minutos. Caso não seja possível resolver a avaria dentro dos termos acima descritos, a viatura deverá ser rebocada para o Nó mais próximo ou para um lugar a indicar pelo cliente. Cabe ao cliente indicar o rebocador da sua preferência, na eventualidade de ser preciso acionar um reboque. Se não houver nenhuma preferência expressa da sua parte, a Brisa encarrega-se de chamar o reboque da escala de serviço, informando, sempre que possível, qual o custo praticado por quilómetro. Para além do auxílio e prestação de informação diversa, estas atividades incluem a intervenção eletro/ mecânica e abastecimento (combustível, óleo, água e ar). ≥ Vigilância e patrulhamento: a atividade de vigilância na autoestrada permite o conhecimento do comportamento do tráfego, a verificação das condições de


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PROCEDIMENTOS NAS OPERAÇÕES NORMAIS EM CASO DE SOCORRO Para o desenvolvimento da sua atividade de Socorro, a Brisa segue um conjunto de procedimentos que procuram garantir a eficiência e eficácia da sua atuação. FASE 1 - PEDIDO DE AUXÍLIO ≥ A central de comunicações, ao ter conhecimento de um acidente na autoestrada, recolhe os elementos necessários para o seu tratamento: ≥ número e tipo de viaturas envolvidas no acidente; ≥ local (km), sentido e qual a via afetada; ≥ número de sinistrados e a sua gravidade. ≥ Na posse destas informações, o operador (CCO) contacta em primeiro lugar a Autoridade Policial (caso não tenha sido esta entidade a detetar o acidente), dando-lhe conhecimento da ocorrência, e se for caso disso, da necessidade de chamamento de meios sanitários. ≥ Em seguida, dá instruções à equipa de assistência mandando seguir a(s) respetiva(s) viatura(s) que mais rapidamente possa(m) chegar ao local do acidente, devendo ser registada a hora do pedido de auxílio, bem como a hora de saída das equipas. FASE 2 - INTERVENÇÃO E PROTEÇÃO AO LOCAL DO ACIDENTE Ao chegar ao local da ocorrência o posicionamento correto das viaturas de apoio ao acidente é o seguinte: ≥ As ambulâncias à frente do local do sinistro, e as viaturas da GNR/PSP e da concessionária atrás deste, devendo todas manter ligadas as luzes sinalizadoras, a carrinha de assistência rodoviária deverá acionar o painel com a mensagem mais apropriada à situação; ≥ Montagem de sinalização de posição para proteção da(s) viatura(s) acidentada(s), de harmonia com os esquemas e métodos de colocação, de modo a impedir que o obstáculo assim constituído na via, venha a gerar novos acidentes; ≥ Conhecimento da gravidade da situação, procurando identificar o número de vítimas de modo a garantir o apoio sanitário adequado. Informar o operador (CCO) do resultado da observação anterior, acrescentando a necessidade, ou não, do kit completo de sinalização, de rebocadores, de outras entidades externas (Bombeiros, Autoridade Nacional de Proteção Civil). FASE 3 - REPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES NORMAIS DE CIRCULAÇÃO ≥ Concluída a fase anterior com a evacuação da(s) vítima(s) para o hospital, a equipa colabora na remoção da(s) viatura(s) acidentada(s) na(s) via(s) obstruída(s) com os meios solicitados, e na limpeza da autoestrada; ≥ Em seguida, recolhe os elementos para elaboração do relatório individual do acidente e procede à recolha da sinalização temporária utilizada; ≥ Finalmente, dá conhecimento à central de comunicações de que a(s) via(s) se encontra(m) desobstruída(s) e em plenas condições de circulação; ≥ Sempre que possível a(s) viatura(s) acidentada(s) deverão ser transportadas para a berma, com a devida proteção das autoridades policiais. FASE 4 - COMPILAÇÃO DOS ELEMENTOS NUMA BASE DE DADOS A compilação de toda a informação originada pelos procedimentos efetuados, é feita numa base de dados (iBrisa), cujos elementos são introduzidos pelo operador (CCO), permitindo assim o tratamento estatístico dos dados obtidos e a posterior análise dos elementos.

circulação e o controlo do património da Concessão. Com os serviços acima descritos, a Brisa pretende garantir a segurança, assistência e conforto aos utilizadores das autoestradas, contando com três centenas de técnicos especializados e oito dezenas de viaturas devidamente equipadas. Nestas operações, as equipas intervenientes têm sempre de ter presente que estão a trabalhar num meio potencialmente hostil, que exige um cumprimento efetivo dos procedimentos e normas estabelecidas para o efeito, sob pena de colocarem em risco, quer a sua segurança, quer a daqueles que ali circulam. A formação teórica e prática contínuas e todos os equipamentos de suporte, desde as fardas aos meios de sinalização, garantem as competências necessárias para um desempenho eficaz desta função. Para além do Centro de Coordenação Operacional e da atividade de Assistência Rodoviária, existe ainda a conservação, que constitui uma componente fundamental da operação na autoestrada ao permitir manter em perfeitas condições de utilização as infraestruturas rodoviárias que servem de suporte à atividade de concessão, repondo-se, desta forma, as suas condições de funcionamento e segurança. Os Centros Operacionais estão dotados de equipas pluridisciplinares que dispõem de equipamentos necessários para a prestação de Serviços de Conservação Civil, Manutenção Elétrica e Eletrónica, tendo cada um destes setores os objetivos e tarefas acometidas que em seguida se salientam. O compromisso da Brisa a favor de níveis crescentes de segurança para quem circula vai para além da gestão ativa de tráfego, estendendo-se a ações de informação e sensibilização. Neste âmbito, a empresa apoia, de uma forma continuada, campanhas de prevenção rodoviária onde se destaca o programa «Primeiro a Segurança». Promovido desde 2005, este programa divide-se em duas componentes, nomeadamente uma que pretende comunicar com os automobilistas, através da realização de campanhas de sensibilização, e outra dirigida aos alunos do 1º ciclo do ensino básico, através de programas educativos. JANEIRO A MARÇO '12

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Características de Segurança dos Capacetes Industriais João Elvas Diretor da Oceanotrade

Foi aprovada no final de Setembro de 2005, a Norma EN14052 relativamente aos requisitos dos capacetes industriais de elevado desempenho. Logo no preâmbulo da referida Norma faz-se um enquadramento relativamente aos avanços nos materiais compósitos e aos métodos de design que têm permitido o desenvolvimento de capacetes com elevada capacidade de proteção, bem acima dos padrões exigidos pelos capacetes industriais atualmente em vigor.

Neste sentido, a proteção da cabeça, para aplicações industriais, requer as seguintes Normas: ≥ EN812:98 Proteções interiores dos capacetes; ≥ EN397:95 Requisitos para capacetes industriais; ≥ EN14052:05 Requisitos para capacetes industriais de elevado desempenho.


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Os capacetes aprovados segundo a EN812:98 estabelecem os índices de proteção contra os efeitos de golpe estático dos objetos duros, com gravidade suficiente para causar ferimentos ou danos superficiais. Não são adequados para proteção contra os efeitos de queda de objetos ou de impacto, em movimento dinâmico. Os capacetes tipicamente industriais, aprovados de acordo com a EN397:95, são projetados para proteger o utilizador contra a queda de objetos que têm impacto na área superior do capacete, dispondo também de propriedades de resistência à perfuração, ao contacto com a chama e a outros benefícios de proteção opcionais. Os novos capacetes industriais, que cumpram os requisitos da norma EN14052, têm uma alta resistência ao impacto resultante da queda de objetos, mesmo fora da área superior, bem como à perfuração. Incorporam também outras propriedades protetoras opcionais. Neste artigo iremos discutir, com o detalhe necessário, as qualidades únicas que os capacetes de proteção fornecem de acordo com a nova Norma, pois, mesmo assim, não se consegue eliminar todos os danos e as possíveis consequências do impacto, sobre o crânio, o cérebro e o pescoço. Como um documento de referência irá assumir-se a EN397:95, atualmente em vigor para capacetes industriais, cujos requisitos são bem conhecidos e podem ser usados como níveis de proteção básicos para se poder comparar o aumento do desempenho da EN14052. TERMOS E DEFINIÇÕES Para os fins desta nova Norma aplicam-se os seguintes termos e definições: Sistema de retenção - conjunto completo através do qual o capacete permanece posicionado sobre a cabeça, incluindo os dispositivos para ajustar ou melhorar o conforto do utilizador; Queixeira: parte do sistema de retenção, que compreende uma fita e um acessório para o queixo, com uma largura mínima de 15mm, que se ajusta por debaixo do queixo para promover a estabilidade do capacete na cabeça;

Copula: área exterior superior do capacete, a qual se estende a 30° e inclui o ângulo sólido para conferir a resistência necessária, conforme detalhe na EN960:94; Função protetora adicional integrada: parte do capacete, que o fabricante incorpora para que o utilizador não possa retirar, exceto para a manutenção, e proporciona um tipo de proteção ao utilizador que não faz parte da presente Norma; Função protetora adicional não integrada: dispositivos protetores adicionais que podem ser incorporados no capacete e que se destinam a ser removido pelo utilizador, não sendo especificamente requerido para satisfazer os requisitos da presente Norma. Acessórios do capacete: dispositivos adicionais que podem ser acoplados ao capacete e que se podem ser desmontados pelo utilizador, mas não fornecem funções protetoras. Os ensaios a que se submete um capacete para atender aos requisitos da norma EN14052 são especificados em Normas separadas, publicadas desde 2000, e que se enumeram: ≥ E N 13087-1 (Parte 1) Condições e condicionamentos; ≥ E N 13087-2 (Parte 2) Absorção de impacto; ≥ EN 13087-3 (parte 3) Resistência à penetração; ≥ EN 13087-4 (parte 4) Eficácia do sistema de retenção; ≥ EN 13087-5 (parte 5) Força do sistema de retenção; ≥ EN 13087-7 (Parte 7) Resistência à chama; ≥ EN 13087-8 (Parte 8) Propriedades elétricas; ≥ EN 13087-10 (Parte 10) Resistência ao calor radiante. Os procedimentos de ensaio estão detalhados na EN397 não são exatamente iguais e, para fins comparativos, citaremos as diferenças eventualmente relevantes. REQUISITOS OBRIGATÓRIOS Os capacetes são testados com todos os dispositivos de proteção integrados. Quando o capacete for testado com dispositivos de proteção não-integrados ou acessórios, os

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requisitos desta Norma devem ser satisfeitos com e sem estes colocados. Todos os ensaios devem ser realizados tendo em conta as condições ambientais especificadas na EN13087-1, sendo que, cada capacete deve ser limpo e desinfetado 5 vezes, seguindo as instruções do fabricante. Quando não são indicadas condições especiais para o armazenamento e acondicionamento do capacete, aplicam-se os seguintes parâmetros: ≥ Baixa temperatura: -10° C, entre as 4 e 24 horas; ≥ Alta temperatura: + 50°C, entre as 4 e 24 horas; ≥ I mersão em água (temperatura de lavagem): não superior a 27º C, entre as 4 e 24 horas; ≥ Envelhecimento artificial: conforme a Norma EN13087-1. Absorção de impactos (nas condições de teste abaixo especificadas) – a força transmitida para a cabeça não deve exceder os 5kN, para um impacto, na área superior do capacete. Esta é uma nova exigência que não está coberta pela EN397. O procedimento de ensaio proposto é especificado na norma EN13087-2, com um martelo, com um peso de 5kg, e uma superfície de impacto de aço hemisférica (raio de 50mm), e aplicando-se os seguintes requisitos: ≥ O impacto sobre a área superior do capacete será efetuado através da queda livre do martelo de ensaio contra o capacete, colocado sobre uma cabeça de teste numa posição vertical, com uma energia de 100J, isto é, equivalente a uma queda com 2m de altura; ≥ O impacto no rebordo é feito usando um sistema de orientação de queda, com o mesmo martelo de ensaio, mas colocando o capacete sobre a cabeça de teste num ângulo, em relação ao eixo vertical, entre os 15º e os 60º; a força de impacto, neste caso é de 50J, equivalente a uma queda com 1m de altura; ≥ Em ambos os ensaios, a desaceleração nominal verificada é de 300g; são utilizadas duas amostras do capacete JANEIRO A MARÇO '12

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sendo que as zonas de impacto não podem distar mais de 75mm entre elas; ≥ Os impactos fora da zona superior do capacete, no chamado rebordo de segurança, são efetuados em diferentes pontos do mesmo (na parte frontal, nos lados esquerdo e direito e na retaguarda), para cada uma das oito amostras utilizadas nas condições de armazenamento e acondicionamento especificadas (calor, frio, lavagem e envelhecimento artificial). Deve ser realizado, pelo menos, um impacto com uma inclinação a 60° e um outro, tão perto quanto possível, da área superior do capacete. Resistência à penetração (nas condições de teste abaixo especificadas) – a ponta do percutor não deve entrar em contacto com a cabeça de ensaio, e a força transmitida à mesma cabeça não deve exceder os 5kN, num impacto sobre a área superior do capacete, e os 15kN, para os impactos fora dessa mesma área. Estes requisitos adicionais não estão cobertos pela EN 397. O procedimento de ensaio proposto é especificado na norma EN13087-3, cujo objeto de impacto, em aço, forma um ângulo cónico de 60° no momento de impacto, e pesa 1kg, aplicando-se os seguintes pré-requisitos: ≥ O impacto sobre a área superior do capacete será efetuado através da queda livre do percutor contra o capacete colocado sobre uma cabeça de ensaio na vertical, de uma altura de 2m: ≥ O impacto fora da zona superior do capacete é realizado usando um sistema de orientação para a queda, com o mesmo percutor, mas colocando-se o capacete sobre a cabeça de ensaio num o ângulo de teste, em relação ao eixo vertical, entre os 15º e os 60º, a partir de uma altura de 2m; ≥ São utilizadas duas amostras do capacete sendo que as zonas de impacto não podem distar mais de 75mm entre elas; ≥ Os impactos fora da zona superior do capacete, no chamado rebordo de segurança, são efetuados em diferentes pontos do mesmo (na parte frontal, 48

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

nos lados esquerdo e direito e na retaguarda), para cada uma das oito amostras utilizadas nas condições de armazenamento e acondicionamento especificadas (calor, frio, lavagem e envelhecimento artificial). Deve ser realizado, pelo menos, um impacto com uma inclinação a 60° e um outro, tão perto quanto possível, da área superior do capacete. Força de retenção do sistema – quando o capacete dispõe de uma correia para o queixo é exigido que a mandíbula artificial se liberte com uma força maior do que 150N e menor que 250N. O procedimento de teste corresponde ao especificado no método da alínea da EN13067-5 que aplica uma força de tensão crescente na mandíbula que se liberta, apenas e exclusivamente devido a uma falha na ancoragem da correia. O equipamento de teste e os parâmetros são idênticos aos utilizados na EN397. Eficácia do sistema de retenção – requer que o capacete não se separe da cabeça de ensaio durante o teste de impacto e de perfuração anteriormente descrito. Não será utilizado o método de teste especificado no EN13087-4, mas o procedimento que se segue: Selecionar dez pessoas que colocam e ajustam os capacetes da sua medida seguindo as instruções do fabricante, para que o capacete fique tão seguro e confortável quanto possível, utilizando a correia para o queixo apenas se for fornecido com o capacete e apenas se este for obrigatório para manter o capacete na cabeça. Seguidamente cada uma das pessoas deve fazer os seguintes exercícios: ≥ Inclinar-se, lentamente, para o lado até que a cabeça fique na horizontal; ≥ Dobrar-se para a frente, lentamente, até a cabeça e o capacete fiquem para baixo; ≥ Dobrar-se para trás, lentamente, até que a pessoa fique a olhar para o teto. Se durante qualquer um dos exercícios o capacete ficar solto ou parcialmente solto deve-se reajustar e reiniciar o mesmo desde o

inicio. O reajuste não deve deixar o utilizador desconfortável uma vez que este, no final do exercício, informará sobre o conforto e os desfasamentos, que podem condicionar os resultados. Resistência à chama (nas condições de teste abaixo especificadas) – os materiais não devem arder, sob a emissão de uma chama, após um período de tempo de 5 segundos, após a ação de um maçarico. O procedimento de ensaio é descrito na norma EN13087-7, tendo em conta os seguintes requisitos: ≥ A chama do maçarico a gás é aplicada durante 10 segundos; ≥ O ponto de teste pode ser qualquer um sobre a área superior da superfície exterior do capacete; O equipamento de teste e os parâmetros são idênticos aos utilizados na Norma EN 397. REQUISITOS OPCIONAIS Quando necessário, para verificar o cumprimento dos requisitos obrigatórios, os capacetes são testados com todos os dispositivos colocados (proteção abrangente). Quando o capacete for testado com dispositivos não-integrados de proteção, ou acessórios opcionais, os requisitos especificados nesta Norma devem ser satisfeitos com e sem estes no lugar. Desempenho a baixa temperatura (nas condições de teste acima especificadas para a absorção de impacto e de perfuração) – efetuado a duas amostras. As amostras dos capacetes em causa, antes de serem submetidas ao ensaio, permanecem num ambiente a -20°C, ou a -30°C ou a -40°C, conforme o mais apropriado. Os capacetes que cumpram este requisito estão devidamente marcados no rótulo, como aplicado aos capacetes sob EN397, embora esses testes sejam só realizados a -20°C ou a -30°C. Desempenho de alta temperatura (nas condições de teste acima especificadas para a absorção de impacto e de perfuração) – efetuado a duas amostras. As amostras dos capacetes em causa, antes de serem sub-


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metidas a ensaio, são acondicionadas numa câmara de aquecimento com isolamento. A temperatura no interior da câmara é de 150°C e o capacete é colocado sobre uma cabeça de ensaio, em cobre, arrefecida a 50°C. Estas condições são mantidas durante 60 minutos. Os capacetes que cumpram este requisito estão devidamente marcados no rótulo, como aplicado aos capacetes sob a EN397.

tensão que toca o vidro. O procedimento de ensaio é como se segue: ≥ Mergulha-se o capacete e a correia para o queixo em água durante 15 minutos. Drena-se e coloca-se o capacete sobre uma cabeça de ensaio em alumínio. Através de uma sonda é aplicada, entre a superfície exterior da cabeça, a corrente de teste, medindo-se a fuga de corrente.

Resistência ao calor radiante (nas condições de teste acima especificadas para a absorção de impacto e de perfuração) – efetuado a duas amostras. As amostras do capacete em causa, antes de serem submetidas a ensaio, são acondicionadas, como especificado na norma EN13087-10, utilizando-se uma fonte de calor radiante com 7kWm2 ou 14 kWm2. Durante esta temperatura de acondicionamento é medida a temperatura sobre a superfície da cabeça de ensaio, sendo permitido um aumento inferior a 25°C acima da temperatura ambiente do laboratório. Não é permitido que qualquer parte do capacete funda e cause a formação de gotas de material, permitindo-se ainda assim que ocorram danos estruturais ou distorção desde que não afetem a capacidade operacional do capacete. Os capacetes que cumpram este requisito estão devidamente marcados no rótulo. Este teste não é exigido pela EN397, sendo apenas necessário para os capacetes utilizados pelos bombeiros que cumpram a Norma EN443.

≥ Teste 2 (com o isolamento do casco molhado) – são testadas a resistência transversal (espessura) do material do corpo, que exclui o uso de tampões de metal, buracos e elementos metálicos de fixação que passam através do vidro: ≥ O casco é imerso numa solução de sal durante 24 horas. Em seguida, seca-se e coloca-se de cabeça para baixo num recipiente com uma solução salina até 10mm abaixo do aro. A tensão de CA é aplicada entre um elétrodo imerso na solução, no interior do reservatório, e outro no recipiente, medindo-se a fuga de corrente.

Isolamento elétrico - sob as três condições de ensaio abaixo especificadas, são aplicados elétrodos no capacete de amostra, sob uma tensão de 1.200V durante 15 segundos, a fuga de corrente não deve exceder 1,2mA. Esta exigência destina-se a fornecer proteção para o utilizador no contacto acidental, de curta duração, com um condutor elétrico, para uma tensão de até 440VAC. Os procedimentos de teste estão detalhados na Norma EN13087-8, ficando aqui um resumo: ≥ Teste 1 (com a cabeça de teste condutora) – destinado a simular uma situação de uso real, isto é, quando existe uma corrente de fuga para o utilizador causada por um condutor elétrico em

≥ Teste 3 (isolamento da superfície.) – determina a resistência elétrica da superfície do corpo e exclui completamente o uso de revestimentos condutores (por exemplo a metalizada.). Considera-se que este ensaio é necessário para evitar qualquer risco de tentativa do utilizador para remover o capacete enquanto está em contacto com um condutor vivo. O ensaio é realizado como se segue: ≥ O capacete deve ser testado completamente seco. A tensão de CA é aplicada às sondas localizadas em dois pontos sobre a superfície, de modo a que a distância entre elas seja inferior a 20mm, sendo necessário, para repetir o teste, verificar o valor em, pelo menos, três pontos. Os capacetes que cumpram todos os requisitos anteriormente referidos são marcados, de forma indelével, na etiqueta que têm no interior do mesmo, em conformidade com

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a EN397 para os capacetes certificados que cumpram estes ensaios opcionais. Salpicos de metal fundido (nas condições de teste especificadas no capacete) – o metal fundido não deve penetrar o capacete, a deformação não deve exceder os 10mm em profundidade e a extinção da chama deve ocorrer num período de tempo inferior a 5 segundos após a aplicação direta de 150g de ferro fundido. Os detalhes do ensaio são descritos na Norma EN373, que foi modificada com a inclusão de uma cabeça de ensaio adequada, substituindo-se o PVC que simula a pele no interior do capacete. O ferro fundido é derramado num círculo com 50mm de raio centrado na parte superior do capacete. Os capacetes que cumpram todos os requisitos anteriormente referidos são marcados, de forma indelével, na etiqueta que têm no interior do mesmo, em conformidade com a EN397. MARCAÇÃO Nos capacetes que satisfaçam os requisitos desta Norma são marcados, de forma legível e sem ambiguidades, sobre a forma de molde ou estampagem numa etiqueta autoadesiva, as seguintes informações: ≥ Número e ano da norma europeia (EN 14052:2005); ≥ Nome ou marca / logótipo do fabricante; ≥ Ano de fabricação e trimestre; ≥ Modelo do capacete (designação do fabricante); ≥ Gama de tamanho ou tamanho (em centímetros); ≥ Peso do capacete (em gramas, arredondado às 50g), excluindo-se os itens não-integrais e os acessórios; ≥ Abreviação do material do capacete (se plástico), de acordo com a norma EN ISO472 (por exemplo, ABS, PC, PEAD, PS, etc.); ≥ As letras KS, se a queixeira for fornecida em conjunto com o capacete. Para além disso, cada capacete deve ter marcado, de forma legível e sem ambiguidaJANEIRO A MARÇO '12

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des, sobre a forma de molde ou estampagem numa etiqueta autoadesiva, os seguintes requisitos opcionais. INFORMAÇÕES ADICIONAIS A fornecer pelo fabricante, através de uma etiqueta fixada no capacete e no prospeto que acompanha cada capacete, ambos no idioma do país onde está a ser comercializado e compreendendo o seguinte: O rótulo: ≥ Aviso de que usar um capacete nem sempre impede a morte ou ferimentos graves; ≥ Que o capacete deverá ser: ≥ Substituído após um grave impacto, pois nem sempre o dano é percetível; ≥ Ajustado corretamente pelo utilizador; ≥ Fornecido somente com peças de reposição e acessórios recomendados pelo fabricante; ≥ Que o capacete não deverá ser: ≥ Pintado ou rotulado (exceto pelo fabricante), nem limpo com solventes não aprovados; ≥ Modificado. ≥ Se tiver marcação KS deve ser sempre usado com a queixeira. No prospeto: ≥ O nome e endereço do fabricante, ou do seu representante autorizado; ≥ Números de telefone e/ou fax e/ou e-mail, endereço do fabricante e/ou do seu representante autorizado; ≥ Modelo do capacete (designação do fabricante); ≥ O significado das informações fornecidas pelas marcações ou pelas etiquetas; ≥ Se apropriado, que o capacete satisfaz os requisitos de retenção contidos nesta Norma Europeia quando a correia para o queixo fornecida pelo fabricante do capacete é usada e ajustada de acordo com as suas instruções; ≥ Instruções ou recomendações para bom posicionamento e ajuste do capacete, o uso, inspeção, limpeza, desinfeção, manutenção e vida útil de armazenamento e transporte; 50

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REQUISITOS OPCIONAIS QUE DEVEM CONSTAR NO CAPACETE

Requisitos opcionais

Etiqueta / Marcação

Baixa temperatura

-20ºC, -30ºC ou -40ºC

Alta temperatura

+150ºC

Resistência ao calor radiante (7kWm² ou 14kWm²)

7 ou 14 segundo ensaio

Propriedades elétricas

440Vca

Salpicaduras de metal fundido

mm

≥ Detalhes sobre as peças sobressalentes e dos acessórios adequados; ≥ A afirmação "A vida útil deste capacete pode ser afetada pelo tipo de material utilizado na sua construção e do ambiente em que o utilizador usa e guarda o capacete. As recomendações devem ser fornecidas pelo fabricante"; ≥ A declaração "Os capacetes absorvem a energia de um impacto pela destruição parcial que danifica o capacete. Mesmo quando este dano não é percetível imediatamente, deve ser substituído ". COMENTÁRIOS Devemos indicar que o documento utilizado para este artigo é a versão final da Norma EN14052. A Norma inclui um anexo A, de carácter informativo, onde apresenta algumas ressalvas ao conceito de conforto que, apesar de ser uma qualidade subjetiva, é um fator determinante para a aceitação do utilizador. Embora se consiga classificar a dimensão das cabeças através da circunferência ou comprimento, é difícil padronizar estas dimensões. Desta forma, é essencial que os capacetes de segurança selecionados consigam adequar-se a diferentes tamanhos, fornecendo segurança sem afetar o conforto do utilizador.

É também importante que o sistema de retenção tenha uma banda de suor cobrindo, pelo menos, a parte frontal do capacete, num material lavável e absorvente, que não irrite a pele do utilizador. O peso é outro fator importante, mas a posição do centro de gravidade é, talvez, o problema que afeta mais o conforto de utilização. Atualmente não existe nenhum método fiável para quantificar a capacidade de ventilação de um capacete. No entanto, este fator é reconhecido pelo utilizador como muito importante para o conforto e é recomendável tê-lo em conta ao selecionar-se um equipamento, assim como as fixações de acessórios ou outros EPI’s utilizados (protetores auriculares, protetores oculares, protetores de pescoço etc.). REFERÊNCIAS ≥ EN14052: Junho de 2005 – High Performance Industrial Helmets; ≥ EN397: Fevereiro 1995 - Capacetes de proteção para a indústria; ≥ EN812: Setembro de 1998 - Capacetes para a indústria; ≥ Série EN 13087 Parte 1 a Parte 10 -. Métodos de ensaio para capacetes de proteção.


O CASO DOS SISTEMAS DE SPRINKLERS RESIDENCIAIS

Segurança Contra Incêndio e Proteção Ambiental Fred Durso, Jr. Redator do NFPA Journal

Uma nova investigação demonstra que os sistemas de sprinklers residenciais permitem uma poupança substancial de água em caso de incêndio, quando comparados com as operações de combate a incêndio dos bombeiros.


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INFORMAÇÃO TÉCNICA

≥ Comparação dos danos causados por um incêndio numa divisão protegida por sistema de sprinklers (esquerda) e numa não protegida (direita).

Uma das melhores defesas contra a legislação anti-sprinklers é uma investigação séria, que sirva para convencer os legisladores dos benefícios dos sprinklers residenciais. Um bom exemplo: Os sprinklers residenciais – Estudo sobre o consumo de água e o desempenho dos medidores de água, um novo relatório que conclui que um sistema de sprinklers residencial gasta, em média, apenas uma pequena fração da água consumida pelos bombeiros no combate a um incêndio numa habitação sem sprinklers. O estudo, encomendado pela Fundação de Pesquisa para a Proteção contra Incêndio (FPRF, da sigla em inglês), constatou que a poupança de água resultante de um sistema de sprinklers é significativa: a quantidade de água utilizada para combater incêndios em habitações sem sistemas de sprinklers pode ser muito superior à quantidade descarregada pelo sistema de sprinklers. O estudo da FPRF constatou que as necessidades de abastecimento de água poderiam ser reduzida em 47%, caso as habitações numa comunidade fossem protegidas por sprinklers. O novo estudo da fundação tem por objetivo complementar o relatório da FM Global/Coligação para os Sprinklers Antiincêndio Residenciais (HFSC, da sigla em inglês), intitulado Impacto Ambiental dos Sistemas de Sprinklers Automáticos, publicado em 2010. Este estudo comparou os efeitos ambientais dos ensaios de incêndio em grande escala em duas salas de estar residenciais construídas e mobiladas de forma idêntica. Num caso, o incêndio foi controlado por 52

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sprinklers e pelos bombeiros, e no outro foi apagado apenas pelos bombeiros. Os resultados do ensaio indicavam que na sala equipada com sistema de sprinklers, a extinção do incêndio tinha consumido metade da quantidade de água utilizada na outra sala. Extrapolando os dados, os investigadores determinaram um potencial de aumento em 1.000% do consumo de água, para incêndios em edifícios à escala real, não protegidos por sprinklers. Por sua vez, investigadores da Exponent em Bowie, Maryland, uma empresa de consultoria de engenharia, realizaram um inquérito para verificar os registos da quantidade de água utilizada pelos corpos de bombeiros em 35 incêndios em habitações uni e bi-familiares em oito comunidades dos Estados Unidos da América, entre Junho e Outubro de 2010. Utilizando os dados do fornecimento de água, foram calculados 18 projetos de sistemas de sprinklers para habitações uni e bi-familiares, que simulavam as condições da exigência máxima de caudal de água e de pressão no sistema. Os resultados indicam que os sistemas de sprinklers podem descarregar, em média, até 1.060 litros de água por incêndio em 10 minutos de operação, pressupondo a ativação e apenas uma cabeça de sprinkler. Definiu-se o tempo de 10 minutos com base numa estimativa da investigação sobre o tempo médio de resposta dos bombeiros e os requisitos da NFPA 13D para a duração do aprovisionamento de água, que dá aos ocupantes o tempo suficiente para evacuar a habitação de forma segura.

Em comparação, a quantidade média de água registada pelos bombeiros neste estudo, e descarregada durante os incêndios em casas não equipadas de sprinklers, era de 13.340 litros, 12 vezes mais que a quantidade de água descarregada por um típico sistema de sprinklers residenciais. O consumo de água real registado variava entre os 380 e os 155.200 litros, de acordo com as condições do incêndio no momento de chegada dos bombeiros. O consumo de água por incêndio foi aproximadamente 10 vezes maior nos casos de incêndios que se alastravam além da divisão de origem, quando comparado com os casos em que os incêndios ficavam circunscritos ao local de origem. “O estudo da FM Global/HFSC demonstra que o aumento do consumo de água verificado em incêndios residenciais pode chegar aos 1.000% sem proteção por sprinklers,” diz Yunyong Utiskul, o gestor de projeto e sócio da Exponent. “No nosso estudo determinámos que esse número é [aproximadamente] de 1.200%. As conclusões são comparáveis, mesmo se a metodologia e a forma de obter os dados forem independentes e diferentes. O número está em concordância com a teoria fundamental da extinção de incêndios por água. Em geral, quanto mais cedo a água é aplicada durante um incêndio, menos água se precisa para [controlá-lo ou] extingui-lo.” Reimpresso com a permissão do NFPA Journal® (March/April) copyright © 2011, National Fire Protecção Association, Quincy, MA. Texto adaptado do original «Meter Maters». Todos os direitos reservados.


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Nova Lei da Videovigilância em Locais Públicos Ana Ferreira

A tão aguardada alteração à Lei da Videovigilância foi publicada no passado dia 22 de Fevereiro, através da Lei nº 9 de 2012, que vem assim efetuar, pela terceira vez, as necessárias alterações à Lei nº 1/2005, de 10 de Janeiro, relativa à utilização de câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança em locais públicos de utilização comum. Enquanto a anterior legislação limitava a autorização de utilização dos sistemas de videovigilância para efeitos de proteção de instalações e edifícios públicos e com interesse para a defesa nacional, para efeitos de proteção da segurança das pessoas e bens e para a prevenção da prática de crimes em locais de risco razoável, a Lei nº 9/2011 vem agora alargar a autorização de utilização de sistemas de videovigilância a instalações com interesse para a segurança, para efeitos da prevenção e repressão de infrações cometidas em estrada, prevenção de atos terroristas e proteção florestal e deteção de incêndios florestais. Por outro lado, contrariamente ao que acontecia anteriormente, em que a instalação das câmaras de videovigilância estava sujeita a autorização pelo membro do Governo responsável

pela tutela da força ou do serviço requerente e era precedida de parecer emitido pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), sendo este parecer vinculativo, já que, caso este fosse negativo, a autorização de instalação do sistema não podia ser de forma alguma concedida, agora, apesar de se manter a emissão do parecer por parte da CNPD, a decisão final de autorização da instalação do sistema é sempre da responsabilidade do Governo. O pedido de autorização de instalação de câmaras de videovigilância fixas pode ser requerido pelo dirigente máximo da força ou do serviço de segurança respetivo ou então pelo presidente da câmara. Relativamente a esta questão, a principal alteração introduzida pela atual Lei consiste no facto do presidente da câmara, antes de solicitar a autorização de instalação, poder agora efetuar um processo de consulta pública. Do pedido de autorização de instalação do sistema devem fazer parte a identificação dos locais públicos objeto de observação pelas câmaras fixas, as características técnicas do equipamento utilizado, a identificação dos responsáveis pela conservação e tratamento

dos dados (quando não sejam os responsáveis pelo sistema), o fundamento da necessidade e conveniência da instalação do sistema, os procedimentos de informação ao público sobre a existência do sistema, os mecanismos para assegurar a correta utilização dos dados registados, os critérios que regem a conservação dos dados registados, o período de conservação dos dados e o comprovativo de aprovação, de capacidade ou de garantia de financiamento da instalação e manutenção do equipamento utilizado. No caso de consulta pública prévia pelo presidente da câmara, não será necessário referir a identificação dos locais públicos onde se pretende instalar o sistema nem apresentar o comprovativo da aprovação, de capacidade ou de garantia de financiamento da instalação e manutenção do equipamento. Da autorização de instalação do sistema constarão a identificação dos locais públicos objeto de observação, as limitações e condições de utilização do sistema, a proibição de captação de sons (exceto quando exista perigo concreto para a segurança das pessoas e dos bens), o espaço físico suscetível de ser gravado, o tipo de câmara e as suas especificações técnicas JANEIRO A MARÇO '12

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e a duração da autorização, sendo que esta terá sempre a duração máxima de dois anos, podendo ser renovada por iguais períodos, mediante comprovação da manutenção dos fundamentos invocados para a sua concessão ou da existência de novos fundamentos. De acordo com a legislação agora em vigor a utilização de câmaras de vídeo será autorizada quando existam riscos objetivos para a segurança e ordem públicas e quando este meio se mostrar o mais adequado para a sua manutenção e para a prevenção da prática de crimes. Na ponderação desta autorização será sempre tido em consideração o grau de afetação dos direitos pessoais através da utilização de câmaras de vídeo e as especificidades do local a vigiar. Por outro lado, sempre que a captação de imagens e sons abranja o interior de habitações ou as suas dependências e afete, de forma direta e imediata, a intimidade das pessoas ou resulte na gravação de conversas de natureza privada, a utilização das câmaras de vídeo será vedada ou então as imagens e sons acidentalmente obtidos, em violação ao referido, devem ser destruídas de imediato pelo responsável pelo sistema. De acordo com a atual Lei da videovigilância dos locais públicos de utilização comum, os locais objeto de vigilância com recurso a câmaras fixas estão obrigados a afixação de aviso, em local bem visível, com informações referentes à existência e localização das câmaras de 54

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LEGISLAÇÃO

vídeo e à finalidade da captação das imagens e sons, devendo ser ainda referida neste aviso a identificação do responsável pelo tratamento dos dados recolhidos, perante quem os direitos de acesso e retificação podem ser exercidos. De referir ainda que, relativamente ao período de conservação das imagens gravadas, a Lei nº 9/2011 já adotou as exigências definidas pelo Decreto-Lei nº 35/2004, de 29 de Julho, que estabelece o Regime Jurídico da Segurança Privada, estabelecendo assim que as gravações obtidas devem ser conservadas, em registo codificado a cargo das forças e serviços de segurança responsáveis, pelo período máximo de 30 dias a contar desde a respetiva captação. A autoridade competente pela autorização da instalação disponibilizará um registo público das instalações autorizadas, no qual devem constar a data e o local exatos da instalação, o seu requerente e o fim a que se destina, bem como os demais elementos do processo instruído pela força de segurança respetiva, o parecer da CNPD, o período da autorização e suas eventuais renovações. Como já referido, a Lei nº 9/2011 define também a instalação de sistemas de videovigilância para efeitos de prevenção e repressão de infrações estradais e para efeitos de proteção florestal e deteção de incêndios florestais. No referente aos sistemas de proteção florestal e deteção de incêndios florestais, está prevista a autorização de

instalação e utilização de sistemas de videovigilância, pelas forças de segurança de sistemas de videovigilância eletrónica competentes, de forma assegurar a deteção, em tempo real ou através de registo, de incêndios florestais e a aplicação das correspondentes normas sancionatórias, o acionamento de mecanismos de proteção civil e socorro no mesmo âmbito e a utilização dos registos vídeo para efeitos de prova em processo penal ou contraordenacional, respetivamente nas fases de auto, inquérito, instrução e julgamento ou nas fases administrativa e de recurso judicial. Também neste caso as zonas objeto de vigilância estão obrigadas a afixação, em local público, de informações sobre a existência e a localização das câmaras de vídeo, a finalidade da captação de imagens e informação sobre o responsável pelo tratamento de dados recolhidos. A decisão de autorização destes sistemas, para efeitos de proteção florestal e deteção de incêndios florestais, será precedida de pareceres da Comissão Nacional de Proteção de Dados e da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Caso se pretenda a instalação do sistema em propriedade privada, esta carecerá de autorização do respetivo proprietário. Neste momento, de forma a encerrar esta legislação, está em falta a publicação da Portaria que definirá os requisitos técnicos mínimos das câmaras fixas e os avisos que devem ser colocados nos locais objeto de vigilância.


LEGISLAÇÃO

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QUADRO RESUMO - O QUE MUDOU COM A LEI Nº9/2012?

Requisitos opcionais

Lei nº 1/2005

Lei nº 9/2012

Finalidade dos Sistemas.

Contemplava a autorização de videovigilância para os seguintes fins: ≥P roteção de edifícios e instalações públicos e respetivos acessos; ≥P roteção de instalações com interesse para a defesa nacional; ≥P roteção da segurança das pessoas e bens, públicos ou privados, e prevenção da prática de crimes, em locais em que exista razoável risco da sua ocorrência.

Passa a contemplar a autorização de videovigilância também para os seguintes fins: ≥ Proteção de instalações com interesse para a segurança; ≥ Proteção da segurança das pessoas e bens, públicos ou privados, e prevenção da prática de factos qualificados pela lei como crimes, em locais em que exista razoável risco da sua ocorrência; ≥ Prevenção e repressão de infrações estradais; ≥ Prevenção de atos terroristas; ≥ Proteção florestal e deteção de incêndios florestais.

Autorização de instalação.

A instalação de câmaras fixas estava sujeita a autorização do membro do Governo que tutela a força ou serviço de segurança requerente, sendo precedida de parecer da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD). Em caso de parecer negativo da CNPD, a autorização não podia ser concedida.

A instalação das câmaras fixas continua a ser sujeita a autorização do membro do Governo que tutela a força ou serviço de segurança requerente e a decisão de autorização precedida de parecer da Comissão Nacional de Proteção da Dados (CNPD). Este parecer, no entanto, deixa de ser vinculativo. É ainda estabelecido que o parecer da CNPD deve ser emitido no prazo de 60 dias a contar da data de receção do pedido de autorização, prazo após o qual o parecer é considerado positivo.

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As informações a afixar nos locais objeto de vigilância com recurso a câmaras fixas passam a ter de ser acompanhados de simbologia adequada, a definir em Portaria do membro do Governo responsável pela área da administração interna.

O pedido de autorização era requerido pelo dirigente máximo da força ou serviço de segurança respetivo ou pelo presidente da câmara.

O pedido de autorização passa a ter de ser instruído com o comprovativo de aprovação, de capacidade ou de garantia de financiamento da instalação do equipamento utilizado e das respetivas despesas de manutenção. O pedido de autorização continua a poder ser requerido pelo dirigente máximo da força ou serviço de segurança respetivo ou pelo presidente da câmara. No entanto, no caso da autorização de instalação ser requerida pelo presidente da câmara, passa a ser possível promover um processo prévio de consulta pública.

A autorização máxima da autorização era de um (1) ano, sujeita a renovação, mediante comprovação da manutenção dos fundamentos invocados para a sua segurança.

A autorização máxima da autorização passa a ser de dois (2) anos, continuando a estar sujeita a renovação, mediante comprovação da manutenção dos fundamentos invocados para a sua segurança. Agora a renovação da autorização poderá ser também concedida face à existência de novos fundamentos.

Condições de instalação.

Pedido de autorização.

Duração da autorização.

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LEGISLAÇÃO

QUADRO RESUMO - O QUE MUDOU COM A LEI Nº9/2012? (CONTINUAÇÃO)

Requisitos opcionais

Lei nº 9/2012

Requisitos técnicos dos equipamentos.

-

Os equipamentos passam a ter de cumprir requisitos técnicos mínimos, a definir em Portaria do membro do Governo responsável pela área da administração interna.

Princípios de utilização das câmaras de vídeo.

-

A título excecional, o dirigente máximo da força ou serviço de segurança passa a poder determinar a instalação de câmaras de vídeo, quando estejam em causa circunstâncias urgentes devidamente fundamentadas e que constituam perigo para a defesa do estado ou para a segurança e ordem públicas, sem que a sua instalação esteja autorizada. No entanto, é também determinado que, nestes casos, o processo de autorização das câmaras deve ser encetado no prazo de 72 horas e que o membro que tutela a força ou serviço de segurança deve ser imediatamente informado dessa instalação.

Era exigido que as gravações fossem conservadas no prazo máximo de um (1) mês a contar desde a respetiva captação.

As gravações passam a ter de ser conservadas pelo prazo máximo de trinta (30) dias a contar desde a respetiva captação. As gravações passam a ter de ser efetuadas em registo codificado, ficando a definição deste código a cargo das forças e serviços de segurança responsáveis.

-

Os direitos de acesso e eliminação das pessoas que figurem em gravações passam a poder ser negados quando suscetíveis de constituir perigo para a defesa do estado ou para a segurança pública, ou quando sejam suscetíveis de constituir uma ameaça ao exercício dos direitos e liberdade de terceiros ou quando esse exercício prejudique investigação criminal.

Nada era referido.

São aditadas à Lei nº 1/2005 as disposições que regulamentam a utilização de câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança com vista à salvaguarda da segurança das pessoas e bens no âmbito florestal e à melhoria das condições de prevenção e deteção de incêndios florestais.

Conservação das gravações.

Direitos dos interessados.

Sistemas de proteção florestal e deteção de incêndios florestais.

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Lei nº 1/2005

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

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As Redes de TCP/ IP e a Segurança Carlos Nobre UTC Fire & Security

Os sistemas eletrónicos de segurança como os Sistemas de Deteção de Incêndios, Anti-Intrusão, Controlo de Acessos e Videovigilância sempre necessitaram de redes de comunicação de dados para funcionarem. No entanto, sempre foram sistemas fechados, suportados por redes de comunicação proprietárias e incompatíveis entre si. A razão apontada sempre foi a da segurança necessária nas comunicações para garantir a fiabilidade inerente de cada sistema. Este poderá ter sido um argumento válido no

passado, mas, ainda mais nos dias de hoje, sem qualquer sustentabilidade científica. Embora a existência de redes e protocolos de comunicação proprietários sejam um fator de segurança (e uma gestão primária dos recursos através de restrições), pelo simples facto que se torna demasiado complexo e oneroso quebrar um código proprietário, também é verdade que este fator torna os sistemas em ilhas isoladas, incapazes de interagir entre si ou com uma capacidade de interação muito reduzida. JANEIRO A MARÇO '12

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A rede TCP/IP, a mais comum nos dia de hoje, serve de suporte a muitos sistemas, nomeadamente os informáticos. Atualmente, os sistemas de segurança são cada vez mais baseados em sistemas informáticos, então porque não utilizar uma rede TCP/ IP para sistemas de segurança eletrónica? Alguns dirão que não deverá ser utilizada por questões inerentes à segurança, pois estamos a abrir a porta a eventuais atacantes, outros dirão que não só os sistemas em si mas todos os componentes deverão estar ligados à rede TCP/IP. Ambas as partes não deixam de ter as suas razões, mais ou menos válidas, mas, como em tudo, a virtude está no equilíbrio. Hoje em dia uma rede TCP/IP já possui mecanismos de segurança que, quando corretamente estabelecidos, elevam o grau de inviolabilidade a um patamar igual ou superior ao das redes proprietárias. Ligar todos os componentes a uma rede TCP/IP é, nos dias de hoje, impraticável ou pouco viável em termos económicos. Na maioria dos casos, e quando é tecnicamente possível, deve ser pensado de modo a que o custo envolvido compense a eficiência ganha com essa escolha. Antes de avançar, e por uma questão de simplificação, passaremos a utilizar o termo rede TCP/IP para nos referirmos às redes utilizadas no contexto dos sistemas de segurança eletrónica. Esta generalização enquadra-se no objetivo deste artigo. Deve-se escolher uma rede TCP/IP porque: ≥ Facilita a estrutura de comunicação; ≥ Torna possivel a interoperabilidade entre sistemas; ≥ U tiliza protocolos de comunicação standard; ≥ Diminui os custos de operação; ≥ Permite a evolução dos sistemas. Não sabendo o futuro ou especulando sobre o mesmo, pode afirmar-se que as redes TCP/

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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

IP vieram para ficar. O avanço tecnológico já permite apostar neste tipo de estrutura, oferendo a confiança necessária de forma a não comprometer a segurança dos sistemas eletrónicos de segurança. Aparentemente, uma rede TCP/IP assemelha-se a uma rede elétrica, onde para um sistema funcionar basta ligá-lo a uma tomada, no entanto, esta ideia não pode estar mais errada. Uma rede TCP/IP carece de muito mais cuidados, preparação e conhecimento. A utilização de uma rede TCP/IP como suporte de comunicação para um sistema de segurança eletrónica deve ter em conta as diversas variáveis envolvidas, pois não basta existir uma rede e equipamentos compatíveis para garantir o funcionamento do conjunto. Uma rede TCP/IP, quando necessária, é uma parte fundamental de qualquer sistema eletrónico de segurança e a sua definição nunca deve ser efetuada com leviandade e deve fazer parte integrante de um projeto de segurança. Uma das particularidades das redes TCP/IP é sua capacidade de interagir com outras redes idênticas, através de “portas” especialmente atribuídas para intercomunicação. Deste modo é possível desenhar uma rede com todas as características que sirvam os sistemas eletrónicos de segurança, conseguindo um controlo eficaz que não coloca em causa a interoperabilidade com outras redes. Os intervenientes, sejam projetistas, instaladores ou outros profissionais ligados à indústria em questão, devem munir-se do conhecimento necessário para poderem desenhar e instalar redes TCP/IP, seja de uma forma direta ou através de parcerias com empresas especializadas em redes, mas de modo a que possam manter o controlo dos seus sistemas e da respetiva rede. PROJETO DE REDE Tal como já mencionado, uma rede de comunicação baseada em TCP/IP, muitas vezes também chamadas apenas de rede

informática, exige um grau elevado de conhecimento na área da informática de redes. No entanto, em termos de competências, o grau de profundidade exigido na maioria das situações está ao alcance de qualquer técnico de segurança eletrónica, desde que devidamente formado. Nos casos mais complexos será sempre necessário contar com profissionais e empresas com mais competências na área das redes. O projetista de segurança, independentemente do grau de complexidade do projeto, dado que possui uma visão abrangente, deverá colocar as seguintes questões ao fazer a primeira abordagem ao problema: ≥ Será necessária uma Rede TCP/IP? ≥ A rede poderá ser isolada e própria? ≥ Será obrigatório partilhar uma rede corporativa? ≥ A rede de suporte é baseada na internet? ≥ Poderá ser ainda uma combinação de todas as situações anteriores? A resposta a estas questões irá definir quais os caminhos possíveis a tomar. Claro que se a resposta à primeira questão for positiva, o problema da utilização de redes TCP/IP fica resolvido, mas estes casos são cada vez mais raros, por isso é necessário estudar e depois avançar com a solução mais adequada. REDE PRÓPRIA Instalar uma rede própria e isolada significa ter controlo absoluto sobre o seu desenho e definição, podendo com toda a liberdade decidir quais os melhores equipamentos e tipologia a adotar. Esta solução, devido às características standard deste tipo de redes, não cria qualquer impedimento ao seu crescimento ou interligação a outras redes. No entanto, para que não existam tentativas de sabotagem interna, ou uso da rede para outros fins, devemos considerar as questões inerentes à segurança dos dados circulam na própria rede TCP/IP.


INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

REDE PARTILHADA Quando se utilizam redes existentes ou partilhadas, devem, forçosamente, ser envolvidos os profissionais que as definiram ou que as gerem. Deverá ser discutida a melhor maneira de garantir a fiabilidade dos sistemas a implementar, sem pôr em causa os restantes dispositivos ligados à mesma rede e que não fazem parte dos sistemas eletrónicos de segurança. Deve ser assegurado que o tráfego criado pelos sistemas de segurança eletrónica e dos restantes sistemas não entre em conflito (este principio deve ser também aplicado à segurança dos dados em si). Devem também ser implementados mecanismos que garantam a autenticidade de todos os dados, seja através de processos de filtragem de dados (Firewall’s), seja através da utilização de Redes Privadas Virtuais (VPN’S).

INTERNET Se a rede a utilizar for a internet, temos que ter em conta fatores tão diversos como: ≥ o s custos das comunicações, pois teremos que contar com ligações aos ISP (Internet Service Providers); ≥ a velocidade disponível; ≥ mecanismos de segurança a utilizar; ≥ disponibilidade temporal; ≥ assimetria das linhas de ADSL, CATV, etc, que têm uma capacidade limitada de uplink; … entre outros fatores. Embora se trate de uma rede standard, não temos qualquer controlo sobre ela. Assim, devem ser utilizados processos de encriptação de dados, de modo a que mesmo que intercetados sejam praticamente impossíveis de ser usados pelo atacante. SOLUÇÕES MISTAS Tendo que recorrer uma combinação das soluções anteriores, acresce a necessidade de garantir a compatibilidade de todas as ligações.

COMO DESENHAR UMA REDE O desenho de uma rede TCP/IP para sistemas de segurança eletrónica deve obedecer aos mesmos critérios e princípios que o desenho de qualquer rede informática. Deve evitar-se criar pontos críticos de falha, onde um problema poderá inviabilizar todo o sistema; ter em atenção o fluxo de tráfego de dados, para não criar congestionamentos e limitar o tempo de resposta do sistema; assim como ter em atenção a possibilidade de ataques externos que podem parar uma rede ou extrair dados críticos de forma ilegal. É importante conhecer o fluxo de trafego estimado e a distância entre equipamentos para escolher o melhor suporte físico de comunicação, seja cabo, fibra ótica ou mesmo redes sem fios. Neste contexto, existe uma série de normas e regras disponíveis que devem ser cumpridas. Independentemente do tipo de rede de comunicação a utilizar, quando falamos de sistemas de segurança eletrónicos existem princípios que devem ser cumpridos. Apesar das redes TCP/IP trazerem inúmeras vantagens, nunca devemos esquecer os propósitos que guiam os sistemas de segurança eletrónica. As redes são um meio e não um fim. A segurança eletrónica deve obedecer a um princípio que nunca deve ser descurado - os sistemas, per si, devem ser o mais autónomos possível, de modo a que qualquer falha de comunicação na rede, seja por ataque, congestionamento ou outra falha, não comprometa as funções básicas de segurança. Por exemplo, um sistema de controlo de acessos deve ter autonomia local para poder tomar decisões de permissão ou bloqueio de acesso sem a necessidade de usar a rede. Um sistema de deteção de incêndios apenas deve utilizar a rede informática para reportar dados, mas nunca para desencadear acções de alarme ou comandos. O mesmo se deverá aplicar aos sistemas de intrusão, onde a operação deve ser sempre local. Talvez o sistema de segurança que mais necessite da rede TCP/IP, e onde a sua utilização

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está mais universalizada, seja o de videovigilância. É um sistema que normalmente serve de suporte aos restantes mas que também, cada vez mais, serve para atuar ativamente na proteção e segurança através da análise e tratamento de imagens. É por norma um sistema que necessita de uma rede de alto débito de dados devido às características inerentes às imagens, e as redes TCP/IP são um meio apropriado para rede de transmissão. Aqui os cuidados a ter em atenção, além das questões de autonomia inerentes à segurança, são também o impacto que causam quando inseridos em redes TCP/IP não adequadas a este tipo de tráfego. PRINCÍPIOS A SEGUIR Embora cada projeto seja único, devem seguir-se alguns princípios que poderão servir de guia à aplicação de redes TCP/IP aos sistemas de segurança eletrónica. De seguida, a titulo de exemplo, define-se um guia para a aplicação a um edifício onde seja necessária a existência de uma rede TCP/IP para interligar: ≥ um sistema automático de detecção de incêndios (SADI), ≥ um sistema de intrusão (SAI), ≥ um sistema de controlo de acessos (SCA) ≥ um sistema de videovigilância (CCTV) SADI: Será um sistema que terá uma rede própria de detetores, botões de alarme, sirenes e outros dispositivos, ligados a uma central de deteção de incêndios, autónomo em todo o seu funcionamento. Não se deve esquecer a obrigatoriedade de cumprir a legislação atual sobre esta matéria. A sua ligação à rede TCP/ IP deve servir para reportar a aplicações de gestão operacional que facilitem o tratamento da informação de uma forma complementar. O SADI será sempre totalmente autónomo e nunca se deve usar a rede TCP/IP para enviar comandos para outros sistemas. SAI: O sistema de deteção de intrusão deve obedecer ao mesmo princípio do SADI,

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mas pode-se estabelecer uma maior interação com a rede TCP/IP. A utilização destas redes torna-se bastante útil para reportar eventos a centrais de receção de alarmes ou para efeitos de parametrização e operação remota. No entanto, as comunicações devem ser encriptadas para garantir a autenticidade e evitar ataques externos. SCA: O controlo de acessos pode ter duas abordagens, uma idêntica às anteriores, onde existe uma rede própria de controladores ligados a um gestor principal através de uma rede proprietária (tipicamente RS485) ou através de controladores locais que poderão usar a rede TCP/IP para comunicarem com o gestor principal do sistema. Em qualquer dos casos, deve garantir-se que os controladores locais tenham autonomia e não dependam da rede TCP/IP para as funções criticas de segurança e, mais uma vez, utilizem comunicações encriptadas. CCTV: Este é o sistema que pode fazer um maior usufruto das redes TCP/IP. Se possível, deve optar-se por desenhar a rede em função deste sistema, garantindo o seu funcionamento de modo a que uma falha de rede não o comprometa. Pode-se optar por ser realizada por uma recolha centralizada ou parcelar das imagens. A primeira solução aumenta consideravelmente a carga de rede em direção a um único ponto podendo, criar falhas por excesso de tráfego. A segunda hipótese é aquela que oferece mais garantias, dado que a existência de uma falha não implica a falha de todos os sistemas. Rede: Pode optar-se por utilizar uma rede própria ou partilhada. A rede própria deve ser desenhada em função do sistema mais desfavorável ou seja, o sistema de vídeo que é aquele que mais questões críticas tem inerentes. Todos os outros sistemas poderão fazer uso dessa mesma rede sem grandes problemas. Utilizando uma rede própria, deve ter-se em atenção as questões de segurança, não permitindo a ligação de outros componentes que sejam estranhos à rede. Devem ser utilizados equipamentos de comutação de rede que permitam uma gestão eficaz, 60

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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

tais como switchs que tenham funções de gestão e segurança, como o bloqueio de portas sempre que um dispositivo for desligado, ou de outros mecanismos de segurança. No caso de uma rede ser partilhada apenas ao nível das cablagens físicas, sendo os equipamentos de comutação de rede próprios, devemos aplicar as mesmas regras das redes próprias. Já no caso de redes partilhadas através dos equipamentos de comutação de rede, devem ser usados mecanismos que possam isolar virtualmente a nossa rede das restantes, através da criação de Redes Virtuais Privadas (VPN’s) sejam de nível 2 ou nível 3. E não esquecer que apesar deste mecanismo ser extremamente útil e pratico no isolamento de trafego não o faz a nível de cifra. Deverá ser considerado algum esquema de cifra sobre VPN’s para que o isolamento seja total. Estes princípios, quando aplicados a um único edifício sem comunicação com o exterior, não terão muito mais questões de segurança associadas, pois esta é assegurada pelos próprios sistemas de segurança eletrónica. No entanto, quando se tratar da interligação de múltiplos edifícios ou locais, devem ser aplicados todos os princípios atrás descritos, tratando edifício a edifício, isoladamente garantindo a segurança de cada um deles. Para a interligação entre edifícios, devem ser usados equipamentos de rede que façam a gestão do tráfego entre os vários edifícios os routers. Estes equipamentos podem gerir uma malha de ligações e garantir redundância através de caminhos múltiplos de comunicação. Estes caminhos múltiplos serão atribuídos através de algoritmos apropriados e de acordo com as condições de tráfego. Além do que foi referido, também permitem criar redes virtuais e ter mecanismos de filtragem de dados (Firewall’s) que garantem a passagem apenas dos dados pertencentes aos sistema, aumentando assim a sua segurança. Deve ser tida em conta a possibilidade de existirem edifícios “principais” que possuam as bases de dados fundamentais para o sistema ou as centrais de gestão e controlo. Neste caso deve existir um especial cuidado na comunicação de e para estes locais, não

esquecendo a capacidade de autonomia dos diversos subsistemas. Quando se trata da comunicação entre diversos locais dispersos, a internet poderá ser uma opção. O uso da internet não é mais que uma generalização da ligação entre diversos locais através de uma rede não própria. Neste caso trata-se de um rede de acesso global onde os cuidados com a segurança devem ser primordiais. Também não podem ser descurados os custos envolvidos pelo uso de circuitos de rede. CONCLUSÃO Pretendeu-se aqui abordar um tema muito vasto, onde se torna impossível descrever todas as situações. Optou-se por enunciar princípios que podem ser adaptados a cada caso em particular. Nunca se deve perder de vista que o objetivo é garantir que os sistemas de segurança eletrónica cumpram a sua função e façam o uso das redes TCP/IP como um meio e não como um fim. Cada caso deve ser estudado com a devida atenção, dando particular ênfase à fase de projeto. Os riscos envolvidos, tendo em conta investimentos elevados cujo retorno pode ser nulo, obrigam a não olhar para estas questões com ligeireza. É obrigatório possuir conhecimentos adequados de redes para implementar este tipo de soluções. A utilização de redes TCP/IP, quando corretamente efetuada, produz excelentes resultados. É um caso onde o todo é substancialmente superior à soma das partes, trazendo mais-valias efetivas. Permite um custo de operação muito mais baixo, através de um aumento da eficiência, seja pela possibilidade de uma gestão eficaz da informação através da sua inter-relação em tempo real, seja pela possibilidade de não limitar a evolução futura dos sistemas, garantindo muitas vezes a compatibilidade futura ou a interligação a outros sistemas que não os da segurança. A utilização destas redes no futuro, na área da segurança eletrónica, será cada vez mais banalizada. No entanto, toda a cadeia de valor da Indústria da Segurança Eletrónica em geral e os profissionais da mesma em particular (projetistas, instaladores, integradores, entre outros) devem ter a exata noção da sua complexidade e assim agir em conformidade.


FICHA TÉCNICA nº34

EXTINTORES DE INCÊNDIO MÓVEIS

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

MARÇO 2012

DEFINIÇÃO

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS GENÉRICAS

Extintor: Aparelho que contém um agente extintor que pode ser expelido pela acção de uma pressão interna e dirigido sobre um fogo. Esta pressão pode ser permanente ou obtida pela libertação de um gás propulsor.

Tipos de Extintores de Incêndio Móveis, em função do agente extintor:

Extintor de Incêndio Móvel: Extintor concebido para ser transportável e operado manualmente e que tem uma massa total superior a 20 Kg (de acordo com a tabela das cargas nominais indicada na presente Ficha Técnica), sendo normalmente montado sobre rodas.

• Extintores de pó químico; • Extintores à base de água, incluindo os extintores de água com aditivos e de espuma; • Extintores de dióxido de carbono (CO2). O extintor deve ser adaptado ao tipo de fogo ou aos materiais combustíveis existentes de acordo com o seguinte quadro:

AGENTES EXTINTORES CLASSES DE FOGOS

ÁGUA

ESPUMA

A - Fogos envolvendo sólidos ex: madeira, papel, têxteis, pvc, etc.

SIM

EN 1866-1

B - Fogos envolvendo líquidos ex: gasolina, óleo, gordura, alcoól, solventes, etc.

Mobile fire extinguishers – Part 1: Characteristics, performance and test methods.

C - Fogos envolvendo gases ex: butano, propano, acetileno, etc.

NORMAS APLICÁVEIS

NP 4413 Segurança contra Incêndio. Manutenção de Extintores. NP 4413 Segurança contra Incêndio. Agentes Extintores. Selecção segundo as classes de fogo.

GARANTIAS

PÓ QUÍMICO

CO2

ABC

BC

SIM

SIM

NÃO

NÃO

NÃO

SIM

SIM

SIM

SIM

NÃO

NÃO

SIM

SIM

SIM

CARGAS NOMINAIS Pó Químico (em Kg)

À Base de Água (em L)

CO2 (em Kg)*

25, 50, 100, 150

20, 25, 45, 50, 90, 100, 135, 150

10,20,30,50

* É permitida uma redução da carga em 10% de modo a evitar a ocorrência de sobrepressões em locais com temperaturas ambiente elevadas.

COR A cor do corpo dos extintores deve ser vermelho RAL 3000:

De Fabrico (a facultar pelo fornecedor). De Manutenção (a facultar pela empresa de manutenção): Relatório dos trabalhos de manutenção realizados de acordo com a NP 4413 + Etiqueta com a indicação da validade da manutenção

DOCUMENTOS CO-RELACIONADOS

OUTRAS CARACTERÍSTICAS • O diâmetro das rodas deve ser ≥ 280mm, podendo qualquer roda adicional ter um diâmetro inferior; • A distância entre o manípulo e o pavimento, na posição de repouso, deve estar compreendida entre 0,7m e 1,6m; • O extintor móvel deve estar equipado com um suporte para a agulheta; • O comprimento da secção flexível da mangueira, incluindo os acessórios de montagem, não deve ser inferior a 5m.

Ficha Técnica Nº3 – Extintor

1 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt


FICHA TÉCNICA nº34

EXTINTORES DE INCÊNDIO MÓVEIS MARÇO 2012

ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS RÓTULO O extintor deve ter um rótulo de acordo com o seguinte modelo:

Fig.1: Figura exemplificativa de Rótulo de um extintor de incêndio móvel de 50 kg de garrafa exterior. Fonte: EN 1866-1

- Palavra “Extintor” e agente extintor ou “Extintor de Incêndio” e/ou agente extintor - Tipo de agente extintor e carga nominal - Eficácia(s) do extintor Parte 2: Instruções de utilização, incluindo um ou mais pictogramas com a respectiva utilização Parte 3: Restrições ou riscos de utilização do extintor Parte 4: Instruções complementares: - Indicação de recarga após utilização - Indicação para verificação periódica e utilização de peças sobresselentes em conformidade com o modelo do extintor - Indicação do agente extintor e, no caso particular dos extintores á base de água, identificação da percentagem dos aditivos - Identificação do gás propulsor, se aplicável - Nº de referência de aprovação do extintor - Designação do modelo do fabricante - Limite da temperatura da operação - Aviso relativo ao risco de congelamento, se aplicável - Referência à certificação pela Norma Europeia EN 1866

Fig.2: Etiqueta de Manutenção. Fonte: NP 4413.

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

Parte 1:

Parte 5: Nome e morada do fabricante e/ou do fornecedor do extintor Espaço A: Identificação e inclusão da marca de serviço certificado da empresa de manutenção Espaço B: - Carregado em - Revisto em - Válido até Os discos informativos, a colocar nos círculos do Espaço B, devem ser do mesmo material da etiqueta e conter a informação do mês, ano e identificação da empresa Espaço C: Identificação do Extintor Periodicidade de Manutenção e Vida Útil Máxima • Manutenção Anual • Manutenção adicional/recarga e vida útil máxima conforme especificado na NP 4413

MARCAÇÃO Os extintores de incêndio móveis devem ter apostas as seguintes informações: • Marcação CE;

• Ano de Fabrico;

• Identificação do Fabricante;

• Identificação do equipamento (indicação do tipo, da série ou do lote e do número de fabrico). APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt

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LEGISLAÇÃO

Legislação Decreto Legislativo Regional nº 7/2012/A, de 01 de Março

Estabelece o regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos.

Portaria nº 47-A/2012, de 25 de Fevereiro

Quarta alteração ao Regulamento do Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME (SI Qualificação de PME), aprovado pela Portaria n.º 1463/2007, de 15 de novembro.

Lei nº 9/2012, de 23 de Fevereiro

Procede à terceira alteração à Lei n.º 1/2005, de 10 de janeiro, que regula a utilização de câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança em locais públicos de utilização comum.

Lei nº 8/2012, de 22 de Fevereiro

Aprova as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das entidades públicas.

Decreto-Lei nº 24/2012, de 6 de Fevereiro

Consolida as prescrições mínimas em matéria de proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e a saúde devido à exposição a agentes químicos no trabalho e transpõe a Diretiva n.º 2009/161/UE, da Comissão, de 17 de Dezembro de 2009.

Lei nº 3/2012, de 10 de Janeiro

Estabelece um regime de renovação extraordinária dos contratos de trabalho a termo certo, bem como o regime e o modo de cálculo da compensação aplicável aos contratos objeto dessa renovação.

Decreto-Lei nº 126-B/2011, de 29 de Dezembro

Aprova a Lei Orgânica do Ministério da Administração Interna.

Normalização LISTA DE NORMAS EUROPEIAS PUBLICADAS NP EN 54-25:2011 NP EN 838:2011 NP EN 13205:2011

Sistemas de deteção e alarme de incêndios. Parte 25: Componentes utilizando ligações radielétricas. Exposição nos locais de trabalho. Procedimentos de medição dos gases e vapores utilizando provadores de amostras por difusão. Requisitos e métodos de ensaio. Atmosferas dos locais de trabalho. Apreciação do desempenho de instrumentos de medição de concentrações de partículas em suspensão no ar.

NP EN 60332-3-10:2011

Ensaios dos cabos elétricos e dos cabos de fibra ótica submetidos ao fogo. Parte 3-10: Ensaio de propagação vertical da chama, em esteira, de condutores ou cabos montados verticalmente – Aparelhos e utensílios.

EN 207:2009 /AC :2011

Personal eye-protection equipment. Filters and eye-protectors against laser radiation (laser eyeprotectors).

EN 15882-1:2011

Extended application of results from fire resistance tests for service installations. Part 1: Ducts.

EN 50132-5-1:2011

Alarm systems - CCTV surveillance systems for use in security application. Part 5-1: Video transmission - General video transmission performance requirements.

EN 50132-5-2:2011

Alarm systems - CCTV surveillance systems for use in security applications. Part 5-2: IP Video Transmission Protocols.

EN 50136-1:2012

Alarm systems - Alarm transmission systems and equipment. Part 1: General requirements for alarm transmission systems.

EN 60079-11:2012

Explosive atmospheres. Part 11: Equipment protection by intrinsic safety . "i"

EN ISO 20344:2011

Personal protective equipment. Test methods for footwear (ISO 20344:2011).

EN ISO 20345:2011

Personal protective equipment. Safety footwear (ISO 20345:2011).

JANEIRO A MARÇO '12

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PRÓXIMOS EVENTOS SOBRE SEGURANÇA

Agenda ABRIL ‘12 15 a 20 Light + Building Frankfurt, Alemanha www.light-building.messefrankfurt.com

MAIO ‘12 8 a 12 Tektónica FIL, Lisboa www.tektonica.fil.pt 14 a 17 IFSEC Birmingham, Reino Unido www.ifsec.co.uk 25 3rd International Symposium and World Congress Photoluminescent Hotel Quinta da Marinha Resort, Lisboa www.pspa.org.uk

SETEMBRO ‘12 25 a 28 Security-Essen Essen, Alemanha www.security-messe.de

DEZEMBRO ‘12 3 a 5 NFPA-APSEI Fire & Security 2012 Centro de Congressos do Estoril, Estoril www.nfpaportugalconference.com

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