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Fidelidade Missionária
Como Conselheiro Geral da Conferência da América Latina e Caribe, o Padre Jairo Díaz Rodríguez, C.Ss.R., oriundo da Província da Colômbia, valoriza a missão de animar, acompanhar e ouvir os Missionários Redentoristas, buscando sempre o melhor para cada confrade e para a Congregação. Nesta entrevista, ele sinaliza algumas prioridades na vida apostólica Redentorista e avalia o progresso da reestruturação em vista da missão, especialmente no Brasil.
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Como é a experiência de ser Conselheiro Geral?
Considero que é algo que não está determinado por um protocolo de ações a realizar como líder ou como orientador. Sinto-o como uma experiência de liderança evangélica em busca do bem de cada irmão na Congregação, como pessoa e como religioso. E para obtê-lo, deve-se ter presente que, como Conselheiros, é necessário constituir uma comunidade de discernimento e animação espiritual como guias, animadores, acompanhantes e ouvintes para nossos confrades, com clareza na missão e visão da Congregação. Isto permitirá manter vivo o carisma, a identidade e a vida apostólica na Congregação.
É importante conservar a convicção de ser religioso consagrado, por meio de nosso estilo de vida: sentido de pertença, disponibilidade, testemunho de vida, vida de oração e fraternidade, com a capacidade de assumir as dificuldades com base na fraternidade e aceitar os diferentes modos de pensar. Valorizando a comunhão, a vida fraterna e as relações interpessoais que tornam possível um serviço de animação com sentido e significado.
Como o sr. avalia o desenvolvimento do processo de reestruturação na América Latina e Caribe, especialmente no Brasil?
Tem sido um tempo de vivência dinâmica com o chamado a ser fiéis ao carisma, à missão, com sentido de humanidade. Avalio-o como positivo. Caminha-se no propósito de levar adiante o processo de reestruturação e de reconfiguração das Províncias existentes, por meio da tomada de consciência: reuniões, assembleias, retiros e encontros. As Províncias continuam na busca de serem fiéis ao carisma e ao seu compromisso missionário. A Conferência, em seu conjunto, acolheu plenamente o processo de reconfiguração, visto como uma forma de fortalecimento para a missão. Constatamos de uma maneira efetiva, a importância de um trabalho colaborativo, em comunhão e em missão compartilhada. No Brasil, percebo abertura, solidariedade missionária, missão em diversos campos, um olhar claro para partilhar entre si, superando as dificuldades e assumindo desafios. A Amazônia, como patrimônio da humanidade e desafio eclesial, nos apresenta a maneira de como fortalecer a presença Redentorista ali, de modo que se converta numa prioridade missionária da Conferência aberta à toda a Congregação e para citar outro aspecto, na formação e na missão, como potenciar o uso dos recursos humanos e materiais de maneira solidária, para atender melhor nossas urgências pastorais e de formação.
Entrevista
A reconfiguração, como etapa concreta da reestruturação, desafia os Redentoristas a renovarem-se, a reimaginar sua identidade missionária para responder melhor aos apelos de hoje. Como levar à prática essa proposta sem perder a essência do carisma Redentorista?
Por meio da vivência da comunidade apostólica e do sentido de pertença à comunidade, já que a vida comunitária é essencial em nossa identidade. Sendo próximos das pessoas mais abandonadas, com simplicidade de vida, estar com o povo, disponibilidade para compartilhar com os mais abandonados. Com capacidade para encontrar os novos abandonados nas realidades onde se vive o projeto missionário, no estilo de Santo Afonso nos inícios da Congregação. A partir do sentido de itinerância, de fidelidade criativa, de êxodos e saídas para encontrar os mais pobres.
Quais são os maiores desafios que os Redentoristas enfrentam no Continente da América Latina e no Caribe?
É uma pergunta ampla. Considero importante o desafio da formação para a missão. Uma formação centrada na pessoa; partindo de uma humanidade plena no projeto de autotranscedência pelo amor, pelo dom de si.
“Se não se edifica solidamente a humanidade, prepara-se a debilidade da perseverança”. Uma formação humana, que saiba lutar com as imperfeições. Que os formandos possam assumir e viver alegremente sua afetividade.
Uma formação que ajude a construir personalidades sadias e coerentes no discernimento. Uma formação que acompanhe e forje identidade no campo pastoral e apostólico, que prepare para a fidelidade e não para a saída. E, sobretudo, uma formação que esteja em chave de evangelização, partindo da necessidade de formar-se, para depois evangelizar com base na tradição da Congregação.
O nosso Plano Apostólico nos aponta prioridades missionárias e apostólicas. Para pô-las em prática, precisamos deixar estruturas que não nos permitem agir com dinamismo missionário, ou não contribuem para isto. Nas novas Unidades, precisamos formar equipes para trabalhar com os diversos interlocutores que nossos Planos Apostólicos nos indicam: os pobres, os migrantes, as mulheres, jovens e crianças em situação de vulnerabilidade, os afro-americanos, o povo do interior etc. Esse discernimento das prioridades temos de fazer ouvindo o clamor do povo, oferecendo não o que é de nosso agrado ou conveniência, e sim o que o povo busca ou necessita, estando inseridos em seu contexto e saindo ao seu encontro nas periferias existenciais. Continuar a caminhada com um olhar projetivo de fidelidade ao Evangelho, onde descobriremos o que Deus quer, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo e com sentido comunitário. Fazendo da missão uma missão compartilhada, reconhecendo nos leigos a presença da Igreja e dessa forma, encontrar neles o apoio e o exercício da missão.
Deixe uma mensagem para os colaboradores leigos na Missão Redentorista e para os leitores do AKIKOLÁ!
Que tornem explícita a hora de pôr em prática a nossa identidade missionária, a nossa missionariedade como Redentoristas. Que recordem a necessidade de renovar a fidelidade a Cristo e à Igreja, a proximidade aos pobres, e à Missão. Que, juntos, tomemos consciência da necessidade de sermos criativos para adaptar-nos à realidade dos novos tempos, onde a mudança de época não seja uma ameaça, mas sim uma oportunidade. Que se destaque a centralidade da espiritualidade missionária e a necessidade do profetismo, ao qual a realidade de hoje nos desafia. Que possamos trabalhar juntos na missão, religiosos Redentoristas e leigos. De modo especial, que os leigos sejam reconhecidos como pessoas que contribuem para o processo de uma mudança de mentalidade e conversão, para retomar as origens da Congregação.
Jornalista: Brenda Melo
Tradução: Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.