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Mensagem Vocacional

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Entrevista

Entrevista

Será nesta linha que desenvolveremos a reflexão deste mês, tomando agora duas figuras principais, pessoas muito diversas em suas personalidades, mas que mostram como a diversidade na Igreja, quando colocada na abertura em diálogo (coisa que parece faltar em tantos contextos de hoje), ajuda a discernir o caminho conjunto que somos chamados a fazer como membros de um só corpo em Cristo.

Assim, retornemos ao chamado Concílio de Jerusalém (At 15.1-33), onde estas duas figuras importantes na história de nossa fé, Pedro e Paulo, teriam se encontrado. Mais do que fazer um estudo exegético do referido trecho bíblico, proponho uma pequena reflexão sobre o conteúdo simbólico que encontramos nas pessoas de Pedro e Paulo no interior daquela importante reunião e como isto pode nos inspirar no caminho de uma moral encarnada no chão da história humana.

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Pedro, à frente da Igreja de Roma, recebe junto a Tiago a visita de Paulo e de Barnabé, ativos portadores da palavra do Evangelho entre os gentios. O problema central gira em torno à questão colocada pelas facções judaizantes que queriam submeter os gentios às prescrições da lei mosaica como, por exemplo, a circuncisão. De modo muito resumido, ao final da reunião, prevaleceu a circuncisão do coração (à qual vem submissa também a circuncisão na carne ainda praticada por aqueles que vinham do judaísmo), ou seja, a adesão de vida ao Reino de comunhão trinitário, e o profundo respeito à sensibilidade dos irmãos, para não causar escândalos. Decide-se também a condivisão da missão apostólica no envio missionário oficial de Paulo aos gentios em comunhão com Pedro.

Ultrapassando a pretensão de submissão das facções judaizantes, vence a misericórdia que, escutando a Tradição das Palavras e Gestos de Jesus, se deixa questionar pela nova realidade imposta e discerne criativamente o desafio imposto por culturas diversas: aos de cultura judaica, permanece as prescrições da Lei mosaica a cerca da circuncisão e do consumo das carnes ofertadas aos ídolos; aos gentios, cai o preceito da circuncisão física e entra o bom senso com relação ao consumo das referidas carnes.

No universo do símbolo, percebemos em Pedro a carinhosa memória do caminho já realizado, o que chamamos de Tradição, sem jamais fechar-se aos questionamentos da vida, abrindo-se sempre em contínuo discernimento que permite realizar o pedagógico processo de remover a palha dos anos para a permanência da riqueza do grão que continuará a florescer. Em Paulo, a audácia e a coragem de acolher o novo, de “sujar as mãos” com a realidade, de tornar-se “hospital de campanha”, de progredir em comunhão sem deixar-se enrijecer com a tentação que submete tantos à vontade imperiosa dos egos.

Enfim, eis as duas vias onde se realiza a construção de uma moral encarnada no chão da vida em busca da Vida em plenitude. Reinando a amizade e a misericórdia Trinitária, manifesta-se uma comunhão que se realiza na tensão entre o Eterno e o Histórico, como caminho de fraternidade reunida em uma só família em Cristo. As questões surgem e são acolhidas sem medo, iniciando processos de discernimento de uma consciência que se manifesta profundamente como interrelacionalidade Deus – História – Humanidade – Eternidade.

Concluindo, eis o que fez Afonso diante dos pobres de Nápoles, dos cabreiros de Scala e de tantos outros encontrados pelos caminhos missionários da vida; eis a sensibilidade que ele nos ensinou, a nós Redentoristas, e a todos aqueles que se propusessem a bela aventura da inteligência da fé chamada vida cristã.

VOCAÇÃOMENSAGEM VOCACIONAL

Maria, a vocacionada do Pai

Pe. Robson Araújo, C.Ss.R.

Belo Horizonte | MG O mês de maio renova o amor de Maria em nós, renova o sentimento materno no qual concebemos Maria como Mãe da humanidade, aquela que cuida, protege e nos aponta sempre para Jesus. Na condição de Mãe, Maria é aquela que ensina e nos educa na fé. A caminhada na fé é sempre um aprendizado: à medida que caminhamos, vamos amadurecendo e nos encontrando como pessoas chamadas por Deus para determinada missão. A devoção mariana nos apresenta a Mãe de Jesus como aquela que apostou e colaborou em sua missão. Concebemos Maria como Mãe a partir

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