Akikolá - Outubro/2020

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Editorial

Palavra do Provincial SÃO GERALDO, O SANTO DAS BEMAVENTURANÇAS!

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aros confrades, formandos, MLR, Jumire, colaboradores da Província de RJ-MG-ES e leitores do Akikolá, Os santos e santas que a Igreja Católica nos apresenta são, antes de tudo, modelos de santidade para todo fiel que deseja levar a sério a missão de ser discípulo missionário de Jesus. Conhecer a vida e o itinerário espiritual destes santos deve levar-nos à busca de santidade também. Porém, existem algumas ideias equivocadas a respeito da santidade! Aqui e acolá, alguns veem os santos como pessoas esquisitas ou excêntricas. Outros, pensam que os santos são escolhidos predestinados, seres especiais. E outros ainda, enxergam esta possibilidade como algo muito distante do comum da vida e da história. Mas, o que é a santidade? Uma boa resposta vem de nosso querido Papa Francisco, na Exortação Apostólica “Gaudete et Exultate (Alegrai-vos e exultai): sobre o chamado à santidade no mundo atual”!

Nesta Exortação, o Papa Francisco indica, entre outros, as características “indispensáveis” para entender o estilo de vida da santidade. Ele escreve uma mensagem para quem vive os riscos, desafios e oportunidades deste tempo. No documento, Francisco dá dicas de como viver a santidade em um mundo que apresenta tantos desafios à fé. Nós nos tornamos santos vivendo as bem-aventuranças, o caminho que é “contra a corrente” em relação à direção do mundo. Portanto, santo é aquele que sabe comover-se e mover-se para ajudar os necessitados e viver o amor e a misericórdia. São Geraldo é um santo para nossos dias, é o leigo das bem-aventuranças! A orientação geral de sua vida é fruto de situações existenciais, pessoais e familiares. Escolheu a pobreza de Cristo como sua esposa. Intervém com força nos momentos decisivos, fazendo escolhas iluminadas e decididas. Quando quis entrar para os Redentoristas, embora fosse considerado um inútil, não desistiu, cor-

Expediente: Coordenação: Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. Jornalista Responsável: Brenda Melo - MTB: 11918 Projeto gráfico: SM Propaganda Ltda

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reu atrás dos missionários até ser aceito na Congregação. Tornou-se religioso comprometido. Perseverou em meio aos sofrimentos. Uma vez Redentorista, viveu intensamente em meio a serviços e ocupações, exercícios de piedade, trabalho, oração, penitências, atendimento ao povo, idas e vindas. Sua prática da virtude é heroica. Seu ideal é simples e objetivo: realizar a vontade de Deus! Sua vida cotidiana é a

verdadeira fonte de sua experiência e sabedoria. Passa os 29 anos de sua vida no meio do povo simples. Que a presença de São Geraldo em nossa vida de fé possa nos ajudar a viver as bem-aventuranças, no caminho da santidade! Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R. padrenelsonantonio pe.nelsonantonio

CELEBRAÇÕES DO MÊS DE OUTUBRO

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Patrono: São Lucas, Evangelista Virtude: Recolhimento de espírito

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Aniversário natalício 18/10 - Pe. José Luciano Jacques Penido, C.Ss.R. 23/10 - Pe. Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R. 24/10 - Pe. Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R. 26/10 - Pe. Denis Francisco Rosa Oliveira, C.Ss.R. 27/10 - Dom Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R. 27/10 - Ir. João Paulo da Silva, C.Ss.R. Ordenação Presbiteral 04/10 - Pe. Mauro de Almeida, C.Ss.R. 12/10 - Pe. Nelson Antônio Linhares de Souza, C.Ss.R. 15/10 - Pe. Ronaldo Divino de Oliveira, C.Ss.R. 26/10 - Pe. Rodrigo Costa Silva, C.Ss.R. Memória Redentorista 02/10 - Ordenação Sacerdotal do Beato Nicolau Charnetskyi 04/10 - Morte do Beato Francisco Xavier Seelos (1867) 05/10 - Memória do Beato Francisco Xavier Seeloos 09/10 - Ordenação Sacerdotal do Beato Basílio Velychkovskyi 16/10 - Memória de São Geraldo Majela 16/10 - Elevação do Santuário S. Geraldo à dignidade de Basílica Menor 27/10 - Nascimento do Beato Pedro Donders (1809) 27/10 - Chegada ao Brasil da segunda turma de Missionários Redentoristas para a Missão Holando-Brasileira (1895) 31/10 - Nascimento da Beata Maria Celeste Crostarosa (1896)

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Entrevista

Criatividade e ousadia na Evangelização Pe. Luís Carlos de Carvalho Silva, C.Ss.R. Reitor do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campos dos Goytacazes (RJ), relata como o santuário tem enfrentado os desafios provocados pela pandemia do novo coronavírus, que modificou as relações humanas. O Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro tem respondido aos momentos causados pela pandemia com muita criatividade, ousadia e cuidado. Projetos como lives solidárias, eventos em formato drive-thru, ações sociais, criação da Pastoral Afro-brasileira e WebTV foram desenvolvidos com a participação dos diversos grupos, pastorais e movimentos. Qual a importância do envolvimento dos leigos nessas frentes de trabalho? A realidade provocada pela pandemia da necessidade de cuidar da saúde e, ao mesmo tempo, socorrer aqueles que precisam de ajuda, fez com que articulássemos o nosso apostolado de forma diversa. Os agentes de pastoral, sempre zelosos e seguindo as orientações da norma de saúde, vem marcando presença pastoral ao longo de todo o período de reclusão de forma indireta e agora, com a nova fase, de forma direta nos trabalhos. O envolvimento dos leigos é que possibilitou realizarmos tais trabalhos. Tem sido desafiador para nossa criatividade, mas o Espírito Santo tem impulsionado nossos irmãos e irmãs do Santuário para que a vida apostólica continue acontecendo, bem como a assistência aos mais abandonados de nossa região.

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Como surgiu a ideia de criar uma WebTV para o Santuário? A Web TV é obra do Espírito Santo que, insuflando em nós o sopro da vida, nos recriou a partir da demanda pastoral. Foi a forma de manter as pastorais atuantes apesar da reclusão provocada pela pandemia. Tínhamos um programa na rádio, cujo contrato terminou em março e não renovamos por conta da impossibilidade de irmos à rádio realizar os programas. Iniciamos a transmissão das missas pelas redes sociais, o que culminou com a conquista de nosso canal no Youtube. Para aproveitarmos esse veículo de comunicação, criamos um programa chamado “Stela Luz” com a finalidade de mantermos a coesão de nossas pastorais e movimentos. Desse progra-

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ma surgiram outras demandas, como o Santuário News, MLR em Ação, Hora do Devoto, Confraria Musical etc. Cada programa visa promover a evangelização, atendendo públicos diversos, bem como mantendo a comunhão de nossa gente. Como tem sido a resposta dos fiéis a esse novo canal de evangelização? A acolhida tem sido muito positiva, pois atende inicialmente à realidade dos frequentadores do Santuário, principalmente daquelas pessoas que ainda não podem sair de suas casas, e chega também aos devotos de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro conectados à internet pelo mundo afora. No campo social, como tem sido a ajuda aos mais pobres e abandonados? A pastoral social vem atuando ao longo deste período priorizando a distribuição de cesta básica e a doação de roupas. Antes da pandemia já eram atendidas uma média de 110 famílias. Com o agravamento da crise social, atualmente são mais de 150 famílias assistidas. A Pastoral procura sempre entrevistar e escutar as pessoas que aqui acorrem, ouvindo -as em suas dores e angústias provocadas pela situação de empobrecimento, desemprego e violência crescente. A Juventude Missionária Redentorista do Santuário também tem se mostrado participativa na construção de uma sociedade mais inclusiva. O Projeto Café da Manhã Solidário é um exemplo deste gesto de acolhimento. Falenos sobre essa ação dos jovens! Todos os domingos, um grupo de nossos jovens sai bem cedo para oferecer o café da manhã e roupa às pessoas que es-

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tão em situação de rua. Além de alimentar, levam a mensagem do Evangelho e escutam o desabafo dessas pessoas. Para nossos jovens é um momento de profunda intimidade com Deus por meio do enfrentamento da realidade bruta enfrentada por nossos irmãos e irmãs que vivem nas ruas da cidade. O domingo é o dia em que as pessoas estão mais abandonadas pelo fato do comércio não abrir e essas pessoas se encontrarem mais vulneráveis à fome e a solidão. Com a pandemia instalada em todo o mundo, houve um grande aumento da evangelização através dos meios digitais. Como o senhor vê a presença Redentorista nesse contexto? Os Missionários Redentoristas são chamados a propagar a Boa Nova do Cristo como nosso fundador Santo Afonso, que foi incansável em buscar comunicar por meio de seus diversos dons o Evangelho do amor. No Brasil, temos a TV Aparecida que é um canal de comunicação excelente. Na Província do Rio, temos a Rádio Educadora de Coronel Fabriciano e, praticamente, em todas as frentes de trabalho da Província temos o uso das mídias sociais para a transmissão das missas. O nosso Provincialado sempre priorizou a informação como instrumento de evangelização, seja por meio do AKIKOLÁ, pelo site e agora pelo podcast. Acredito que estamos correspondendo ao nosso chamado de ser presença na vida das pessoas. Os vários recursos humanos e mediáticos, na medida do possível, têm sido empregados para facilitar a comunhão das pessoas entre si e com Deus.

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Brenda Melo Juiz de Fora, MG

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Formação

Virtude do mês

RECOLHIMENTO DE ESPÍRITO

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uitas pessoas há, que não podem, por mais que o queiram, recolher-se à solidão e separar-se das criaturas para se ocuparem só com Deus; cumpre, porém, observar que pode a gente gozar dos benefícios da solidão do coração em outros lugares que não sejam desertos e grutas. Aqueles mesmos que se veem na necessidade de viver no mundo podem sempre conservar, ainda no meio dos caminhos, praças públicas e ocupações, a solidão do coração e a união com Deus, uma vez que tragam o coração livre de mundanos apegos. Nenhuma ocupação impede a solidão do coração, uma vez que tenha por objeto o cumprimento da vontade de Deus. Se quiseres entreter-te continuamente com Deus, ama a solidão. Toma a peito as palavras que o Senhor disse um dia a Santa Teresa: “Com que gosto não falaria eu com muitas almas; mas o mundo faz tanto barulho em seus corações, que elas não ouvem mais a minha voz”. Marca uma hora certa do dia para o silêncio e retira-te durante ela para um lugar solitário. Se isso não te for possível, procura ganhar de vez em quando alguns momentos livres para o recolhimento interior. Compenetra-te bem da verdade de que Deus está a teu lado em toda a parte e observa todas as tuas ações.

“Nele vivemos, nos movemos e somos” (At 17, 28)

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Esse pensamento te ajudará a evitar todo o pecado e ter em vista unicamente o beneplácito de Deus em tudo que fizeres. Acostuma-te a dirigir tuas vistas das criaturas a Deus, que lhes deu a existência e destinou-as ao nosso serviço. Faze então atos de agradecimento e amor, recordando-te que Deus, desde toda a eternidade, pensou em obrar tantas maravilhas para ganhar teu coração. Procura, além disso, avivar a tua fé na verdade de que Deus mora de um modo especial em lua alma: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1 Cor 3, 16). Ao recolhimento opõe-se a dissipação, que se não deve confundir com a distração. A distração não destrói o recolhimento; a dissipação é a sua ruína, tornando-a impossível. O espírito distraído presta inconscientemente atenção a qualquer objeto estranho à ocupação do momento e isso sem que o coração a ele se apegue. A alma dissipada, ao

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contrário, vítima de qualquer apego do seu coração, difunde-se sobre as criaturas que a seduzem, como a borboleta que adeja de flor em flor, sempre à procura de algum gozo novo. É evidente que a distração não favorece o recolhimento; todavia o coração que quer só Deus retrairá facilmente o seu espírito dessas distrações para voltar ao pensamento de Deus, enquanto a alma dissipada é arrastada para longe de Deus pelo peso dos seus apegos e de suas afeições naturais. Inteiramente outra é a conduta da alma recolhida. Sempre voltada para Deus, conserva-se diretamente unida a Deus, o mais possível, e só deixa o exercício da oração quando a vontade divina a chama manifestamente para outra ocupação. Daí o grito de Santo Afonso: sejamos sempre avaros do tempo, para consagrá-lo à oração; a alma recolhida só deixa Deus para Deus, cuja divina vontade deseja cumprir em tudo. É, sobretudo pelo coração, pelo amor, que a alma adere a Deus e Lhe fica unida. O pensamento leva o coração a Deus; mas muitas vezes também o coração conduz o pensamento a Deus. Santo Afonso, falando do exercício da presença de Deus, a qual nos é recomendada com tanta insistência, e que é praticamente a perfeição do recolhimento, enumera não só os meios a tomarmos para dirigir o nosso pensamento a Deus, mas também os atos pelos quais o nosso coração se deve apegar a Deus. São atos breves, mas firmes, enérgicos, ardentes. O recolhimento não é tampouco a oração, o entretenimento mais ou menos prolongado com Deus; é a sua condição

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indispensável, a preparação, é, se se quiser o começo. Oração para conseguir o recolhimento (Santo Afonso) Até aqui, ó meu Jesus, mui pouco tenho amado a vida retirada. por isso que mui pouco Vos tenho amado. Fui mendigar prazeres e consolações entre as criaturas, e estas me foram causa de perder a Vossa graça, ó Bem infinito. Quão desgraçado sou por ter conservado o meu coração entregue, durante tanto tempo, à dissipação, ocupado tão somente em gozos terrestres, e vivendo no esquecimento do meu Deus! Ah! Meu Jesus, apoderai-Vos do meu coração, que à custa do Vosso sangue resgatastes; inflamai-o no Vosso amor, e possuí-o todo, todo. Oração a Maria (Santo Afonso) Ó Virgem santa, obtende-nos o amor da oração e solidão, a fim de que, desprendendo-nos das criaturas, possamos aspirar a Deus só e ao paraíso, onde esperamos ver-vos um dia, pará louvar e amar sem cessar convosco o vosso Filho Jesus, pelos séculos dos séculos. Assim seja. Bibliografia: OMER C.SS.R., Padre Saint. Escola da Perfeição Cristã para Seculares e Religiosos: Obra compilada dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja. Editora Vozes, 1955, p. 251-267) AZEVEDO C.SS.R., Padre Oscar das Chagas. As Doze Virtudes para cada Mês do Ano. Editora Vozes, p. 191-207 OMER C.SS.R., Padre Saint. As Mais Belas Orações de Santo Afonso: Edição atualizada e acrescida de novos exercícios e orações. Editora Vozes, 1961, p. 311-312

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Compêndio da Doutrina Social da Igreja III Introdução Pois bem caríssimos, continuamos nossa apresentação/reflexão do interessantíssimo texto do Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Finalizaremos com este artigo nossa reflexão, uma vez que para o próximo mês teremos novidades em nosso Akikolá. Algumas coisas muito legais estão por vir e nossa seção também acompanhará esta dinâmica. Sendo assim, concluirei com a apresentação dos princípios teo-antropológicos básicos, restando ao interesse de vocês a continuação da leitura deste texto eclesial que vale a pena ser conhecido. No número passado estudamos um pouco sobre a liberdade humana que, por sua vez, se encontra baseada na sana doutrina que compreende o ser-humano como “imagem de Deus”. No presente texto daremos um passo adiante considerando outros dois aspectos que se desdobram desta teologia de caráter personalista que se encontra ao centro. Primeiro trataremos a “igual dignidade de todas as pessoas” para, em seguida, considerar a dinâmica dos “direitos humanos”.

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1. A igualdade em dignidade de todas as pessoas Já no número inicial desta secção é recordado o argumento teo-antropológico de base: «Deus não faz distinção de pessoas» (At 10, 34; cf. Rm 2, 11; Gal 2, 6; Ef 6, 9), pois todos os homens têm a mesma dignidade de criaturas à Sua imagem e semelhança. A Encarnação do Filho de Deus manifesta a igualdade de todas as pessoas quanto à dignidade: «Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gal 3, 28; cf. Rm 10, 12; 1 Cor 12, 13; Col 3, 11). 1

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Como anteriormente já havíamos frisado, a visão personalista sobre a qual se fundamenta o documento se encontra na afirmação que todo ser-humano é criatura chamada à vida como imagem de seu Criador. Sendo assim, cada singularidade humana reflete algo da glória de Deus, sem jamais esgotá-la. Esta afirmação revela, ao mesmo tempo, não somente algo sobre a humanidade, mas também sobre Deus. A grandeza do amor de Deus e sua infinita misericórdia ultrapassam as barreiras que nós criamos. Deus não se esgota em nossos conceitos. Um grande cronista brasileiro uma vez utilizou uma interessante metáfora para descrever Deus: um pássaro “ingaiolável”. Ou seja, toda vez que pensamos que conseguimos descrever Deus segundo um conceito nosso, ele já está adiante, não se esgotando em nosso conceito. Sim, o que apreendemos diz algo de Deus, mas ele é muito mais do que podemos encarcerar em nossos juízos. Do modo semelhante o ser-humano, criado a imagem de Deus, não se esgota segundo os conceitos e secções traçadas pelos de-

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mais humanos. Ele carrega em si uma dimensão de “Mistério” que não se esgota, a não ser diante e para o seu Criador. A igualdade em dignidade e a diversidade humanas encontram seu fundamento e origem em Deus Criador. Tal dimensão se reflete nas relações estabelecidas nos diversos níveis relacionais, portanto, sociais. Assim como masculino e feminino2 refletem a igual dignidade de seres diversos gerando enriquecedor e indispensável encontro no respeito mútuo, a diversidade de povos, inspirados na mesma igualdade de dignidade, faz crescer a riqueza humana3. Desta forma a humanidade é chamada a viver e a promover de modo “comunitário” a consciência da única dignidade humana, rompendo com toda e qualquer forma de disparidade e desigualdade4.

2. Os Direitos Humanos O discurso sobre os direitos humanos no interior do documento se caracteriza em clara continuidade com aquele que vem sendo realizado nos pontos anteriores. Quando

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o Compêndio se refere a direitos humanos, ele não permanece somente em reflexões teóricas. Além do aspecto concreto da teologia expressa, o documento faz menção5 à Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Como bem definiu são João Paulo II, esta se configura como “uma pedra miliária no caminho do progresso moral da humanidade”. A referida dignidade, que compreende não somente direitos mas também deveres6, podendo ser alcançada pela razão humana se solidifica na fé cristã revelada ao ser considerada como um “dom de Deus”, assumida e redimida em Jesus Cristo7. É papel não somente de cada pessoa, mas também das instituições constituídas e, sobretudo, dos Estados tutelar a observância e garantia dos direitos humanos individuais e comunitários, uma vez que “o campo dos direitos humanos se alargou aos direitos dos povos e das nações”8, pois, “o que é verdadeiro para o homem é verdadeiros também para os povos”9. Segundo o documento: Os direitos das nações «não são outra coisa senão os “direitos humanos” compreendidos neste específico nível da vida comunitária». A nação tem «um fundamental direito o direito à existência»; à «própria língua e cultura, mediante as quais um

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povo exprime e promove ... a sua originaria “soberania” espiritual»; a «modelar a própria vida segundo as suas tradições, excluindo, naturalmente, toda a violação dos direitos humanos fundamentais e, em particular, a opressão das minorias»; a «edificar o próprio futuro, oferecendo às gerações mais jovens uma educação apropriada». A ordem internacional requer um equilíbrio entre particularidade e universalidade, ao qual são chamadas todas as nações, para as quais o primeiro dever é o de viver em atitude de paz, respeito e solidariedade com as outras nações10.

Conclusão Após esta breve apresentação, creio que muitas perguntas podem estar presentes nos seus corações e mentes. Mais do que isso, no atual contexto de polarizações e sectarismos, acredito ser muito importante recordar tais ensinamentos da Igre-

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ja. Somos diversos como pessoas, nações etc. Contudo, carregamos todos a mesma humanidade, portamos todos a semente do “Mistério de Deus” em nós. Quando a humanidade se esqueceu disto, produziu-se escândalos como o nazismo, o fascismo e tantos regimes ditatoriais que perduram até hoje mascarados de falsa democracia; gerou-se fome, morte e injustiça, elementos que vão contra a glória de Deus, que é o ser-humano vivo11.

Somos diversos como pessoas, nações etc. Contudo, carregamos todos a mesma humanidade, portamos todos a semente do "Mistério de Deus" em nós.

e esta não pode prescindir daquele, pois é isso que lhe dá a verdadeira solidez e a força da motivação mais alta». Para ser mais eficaz, tal empenho é aberto à colaboração ecumênica, ao diálogo com as outras religiões, a todos os oportunos contactos com os organismos, governamentais e não governamentais, nos planos nacional e internacional. A Igreja confia, sobretudo na ajuda do Senhor e do Seu Espírito que, derramado nos corações, é a garantia mais segura do respeito da justiça e dos direitos humanos, e de contribuir, portanto, para a paz: «promover a justiça e a paz, penetrar com a luz e o fermento evangélico todos os campos da existência social, tem sido sempre um constante empenho da Igreja em nome do mandato que ela recebeu do Senhor»12. ______________ NOTAS:

Deste modo, a ação pastoral da Igreja não se resume aos atos intra-templo. Isto estaria em verdadeira e completa contradição com toda a Tradição cristã. Como bem diz o Compêndio: O empenho pastoral se desenvolve numa dúplice direção: de anúncio do fundamento cristão dos direitos do homem e de denúncia das violações de tais direitos: em todo caso, «o anúncio é sempre mais importante do que a denúncia,

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CDS, 144. 2 CDS, 146. 3 CDS, 151. 4 CDS, 145. 5 CDS, 152. 6 CDS, 156. 7 CDS, 153. 8 CDS, 157. 9 Ibdem. 10 Ibdem. 11 Santo Irineu. 12 CDS, 159. 1

Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.Ss.R. Roma, Itália

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Redentoristas

Encontro dos Assessores e Coordenadores MLR

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Encontro dos Assessores e Coordenadores dos Missionários Leigos Redentoristas (MLR) da nova Unidade RJ-SP-BA aconteceu de 18 a 20 de setembro, na Casa de Retiros São José, em Belo Horizonte (MG). O grupo partilhou sobre o Diretório dos MLR, desfrutou de momentos de convivência e celebrou a Eucaristia. Da Província do Rio, participaram o Pe. Nelson Antônio Linhares, C.Ss.R. (Superior Provincial), o Pe. Edson Alves, C.Ss.R. (Assessor Provincial dos MLR) e os Missionários Leigos Ângelo Faria, Marleide de Fátima e Eunice Baeta. Da Vice-Província da Bahia, estiveram presentes o Pe. Gilson da Silva, C.Ss.R. (Assessor Provincial dos MLR) e a leiga Eliene Nascimento. Já da Província de São Paulo, participaram o Pe. Francisco de Assis, C.Ss.R. (Assessor Provincial dos MLR) e os leigos Fábio Pavanello e Fernando Pires. A Celebração Eucarística deu início ao encontro, com a acolhida oficial feita pelo Pe. Edson Alves, C.Ss.R., colocando como intenção a oração pela vocação

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leiga. A missa foi presidida pelo Pe. Nelson Antonio Linhares, C.Ss.R., Provincial do Rio de Janeiro, que refletiu sobre a importância dos leigos, especialmente no período de reestruturação, no convite a viverem a espiritualidade Redentorista com criatividade e audácia, a exemplo de São Clemente. Ao final da celebração, todos voltaram seus olhares para o Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, consagrando-se a Maria, mãe do Redentor. Mais tarde, na sala de conferência, foi feito um resgate da caminhada do grupo e cada Província partilhou os trabalhos desenvolvidos em suas unidades. No sábado, os assessores e coordenadores dos MLR fizeram a leitura compartilhada do Diretório dos Missionários Leigos Redentoristas, com as devidas pontuações, revisões e discussões, a fim de elaborarem um documento único para a nova Unidade RJ-SP-BA. À noite, na capela, foi celebrada a Eucaristia, presidida pelo Pe. Gilson da Silva, C.Ss.R. O sacerdote fez uma referência às sementes lançadas, que serão germinadas,

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podadas mas que crescerão com mais vigor. Ao fim da missa, Pe. Nelson Linhares presenteou os participantes com um livreto apresentando os aspectos da espiritualidade contida nas pinturas e vitrais que ornamentam a capela. Mais tarde, houve um momento dedicado à convivência fraterna, com música e partilha de vida. No domingo, os trabalhos iniciaram-se pela manhã, com a releitura do documento e avaliação do encontro. Todo o grupo manifestou sua satisfação com a reunião e a colaboração dos envolvidos para corresponder aos anseios dos novos tempos. De acordo com o Pe. Nelson, a escuta e harmonia das discussões já sinalizam a construção de grandes feitos no futuro, favorecendo o entrosamento no processo de reconfiguração das Províncias. Em seguida, o Pe. Francisco de Assis presidiu a Celebração Eucarística de encerramento e versou sobre a importância que todos, leigos e consagrados, têm diante de Deus no convite à missão. A partir do material estudado e discutido previamente por diversos núcleos da futura Província do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, os participantes avançaram na elaboração do Diretório dos Missionários Leigos Redentoristas, organizando-o de acordo com as priori-

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dades da reestruturação. “Este encontro é uma resposta que já estamos possibilitando na aproximação do nosso carisma e na elaboração dos nossos trabalhos. Os estudos foram frutuosos e intensos. Agora, com o documento passado por uma segunda revisão, nós vamos preparar uma correção mais formal, que será apresentada à assembleia dos consagrados da nova Unidade Redentorista, que poderá deliberar a respeito do material e se aprovado, iremos assumi-lo como ferramenta de trabalho para o novo período a ser vivido pelas Províncias”, afirmou Pe. Edson. Para o leigo Ângelo Farias, do Núcleo Dom Muniz/Belo Horizonte, o encontro das coordenações leigas missionárias e assessores provinciais possibilitou o avanço rumo ao processo de reestruturação e unificação da nova Unidade Redentorista, o que requer responsabilidade e envolvimento de todos. “Neste encontro, respiramos, a partir do espírito e ação missionária das atuais Províncias, esperança e compromisso rumo às mudanças significativas e sistemáticas. Consciente da importância do processo de reestruturação, o caminho que apontamos para a nova Província exigirá de cada missionário leigo envolver-se plenamente nesse processo, saindo da zona de conforto e realidade atual para, junto com os consagrados, abraçar a comunhão missionária na pluralidade. Desejamos estar em sintonia com os desafios e frutos da Província e reafirmamos o quanto é graça em nossa vida beber da rica espiritualidade e compartilhar da missão e carisma da Congregação Redentorista”, declarou o missionário leigo.

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Aconteceu na Província

RETIRO ESPIRITUAL ONLINE DA PROVÍNCIA DO RIO 22 a 24 de setembro

Comunidade Redentorista N. Sra. da Glória | Juiz de Fora (MG)

Comunidade Redentorista São Sebastião | Cel. Fabriciano (MG)

Comunidade Redentorista São Geraldo | Curvelo (MG)

Comunidade Redentorista São José | Belo Horizonte (MG)

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Comunidade Redentorista Santo Afonso | Rio de Janeiro (RJ)

Comunidade Redentorista N. Sra do Perpétuo Socorro | Campos dos Goytacazes (RJ)

ENCONTRO VOCACIONAL REDENTORISTA 25 a 27 de setembro | Belo Horizonte (MG)

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Aconteceu na Província

Comunidade Redentorista Sagrada Família | Cariacica (ES)



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