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Formação

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O lugaR Da bíblIa NO ItINeRáRIO De fé da vida cristã

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Abrindo a Bíblia, você está abrindo um dos livros mais lidos de toda a história da humanidade. Antes de você, milhões de pessoas procuraram na Bíblia um sentido para a vida e o encontraram. Se não o tivessem encontrado, não nos teriam transmitido este livro tão antigo, e já não teríamos mais nenhum interesse pela Sagrada Escritura. Mas o contrário está acontecendo. Só neste nosso século, mais de um bilhão e quinhentos milhões de exemplares da Bíblia já foram impressos e divulgados no mundo inteiro, traduzidos para as diversas línguas. Em todas as épocas da história, sobretudo em épocas de crise como a nossa, voltamos a alimentar-nos da Bíblia. Pois acreditamos que este livro tem a ver com Deus. A fé nos diz que a Bíblia é a palavra de Deus

Pe. Jonas Pacheco Machado, C.Ss.R. Juiz de Fora | MG para nós. Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. (Mt 4,4). Uma palavra pode errar e enganar, pois o homem é fraco e não oferece segurança total. Mas a palavra de Deus não erra nem engana. Por isso, toda a escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para educar

na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda a obra (2Tm 3,16).

A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da inspiração divina e do esforço humano. Quem escreveu foram homens e mulheres como nós. Eles é quem narraram o que estava em seus corações. A maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo sob a inspiração de Deus. Estavam só querendo prestar um serviço aos irmãos em nome de Deus. Eles eram pessoas que faziam parte da comunidade, de um povo em formação, onde a fé em Deus e a prática da justiça eram ou deviam ser o eixo da vida. Preocupados em animar esta fé, em promover esta justiça, eles falavam e argumentavam para instruir os irmãos, para criticar abusos, para denunciar desvios, para lembrar a caminhada já feita e apontar novos rumos. Alguns deles chegaram a escrever, eles mesmos, as suas palavras ao povo. Outros nem sabiam escrever. Só sabiam falar e animar a fé pelo seu testemunho.

A Bíblia foi surgindo do esforço comunitário de toda essa gente. Surgiu aos poucos, misturada com a história do próprio povo de Deus. Resumindo, pode-se dizer que ela nasceu da vontade do povo de ser fiel a Deus e a si mesmo, e da preocupação de transmitir aos outros e a nós esta mesma vontade de ser fiel. Eles diziam: as coisas do passado aconteceram para servir de exemplo, e foram escritas para advertir a nós, para quem chegou a plenitude dos tempos (1Cor 10,11)

Toda a vida social é expressão do seu inconfundível protagonista: a pessoa humana. De tal fato a Igreja sempre soube, amiúde e de muitos modos, fazer-se intérprete autorizada, reconhecendo e afirmando a centralidade da pessoa humana em todos os âmbitos e manifestações da sociabilidade: «A sociedade humana é objeto da doutrina social da Igreja, visto que ela não se encontra nem fora nem acima dos homens socialmente unidos, mas existe exclusivamente neles e, portanto, para eles». Este importante reconhecimento encontra expressão na afirmação de que «longe de ser o objeto e o elemento passivo da vida social», o homem, pelo contrário, «é, e dela deve ser e permanecer, o sujeito, o fundamento e o fim». Nele, portanto, tem origem a vida social, a qual não pode renunciar a reconhecê-lo seu sujeito ativo e responsável e a ele deve ser finalizada toda e qualquer modalidade expressiva da sociedade. Através de toda a experiência do povo bíbli-

Para nós, co, a sagrada escritura é um meio que Deus utilicristãos, a za para se revelar ao ser humano. A revelação nos

Sagrada diz de modo definitivo quem é o Homem, qual Escritura tem o sentido de sua vida, que relação tem com as coilugar especial sas deste mundo e com as outras pessoas com na fé. quem convive. A Sagrada Escritura nos diz duas coisas de extraordinária importância: a) o ser humano é imagem de Deus (Gn 1,27); b) o próprio Deus, na pessoa do Verbo, se fez carne, se fez Homem (Jo 1,14). Estas duas verdades encerram a compreensão de pessoa como definição do ser humano; ambas nos remetem à comunhão entre as pessoas divinas, porque Deus se revela como relação, e por isso mesmo convida o ser humano à comunhão com as demais pessoas. Assim, o projeto que Deus quer ver realizado entre os homens (Reino de Deus) é precisamente o da comunhão dos homens entre si pela fraternidade e com o próprio Deus pela filiação em Cristo no Espírito Santo. Para nós, cristãos, a Sagrada Escritura tem lugar especial na fé. É necessário recorrer sempre a ela para alimentar nossa caminhada cristã. Inspirados pelos primeiros cristãos e suas experiências de fé, a caminhada humana nossa de cada dia encontra elementos precisos para unirmo-nos a Deus. Que nesse mês de setembro, estejamos atentos para um contato mais íntimo com a palavra revelada e sempre nos alimentemos dessa fonte que sempre sacia nossa sede.

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