VENHA COMO ESTÁ Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança. MATEUS 5:4-5
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multidão se reúne nas exuberantes encostas ondulantes para ouvi-lo. Ele se assenta, tomando a posição costumeira de um mestre, e olha para muitos deles nos olhos. Há tanto a lhes dizer! Inspira profundamente e começa a falar. “Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus”. Se você for como eu, provavelmente terá lido as Bem-aventuranças, no Sermão do Monte, como virtudes que Jesus quer que persigamos. Assim, achamos que Ele quer que sejamos humildes (Mt 5:5), que tenhamos fome de justiça (5:6), que sejamos misericordiosos (5:7), puros (5:8) e pacificadores (5:9). Todas essas são qualidades maravilhosas e elas são reforçadas em outros lugares das Escrituras. E, como o Sermão de Jesus tem tudo a ver com ação, esse é um jeito natural de ler esses versículos. No entanto, se quisermos ser consistentes na leitura das Bem-aventuranças dessa forma, algumas dessas virtudes se tornam complicadas. Será que Jesus realmente quer que nos tornemos pobres (5:3), que choremos (5:4), que sejamos perseguidos e insultados (5:10-11)? Essa maneira de ler as Bem-aventuranças pode também nos levar a um entendimento da salvação, operada por Deus, como baseada nas obras: somente quando formos humildes, gentis, misericordiosos e assim por diante, Deus nos abençoará. Talvez Jesus quisesse afirmar outra coisa. O relato das Bem-aventuranças em Lucas sugere que Jesus não estava falando para pessoas que se achavam pobres, famintas ou tristes, mas para aquelas que realmente o eram (Lc 6:17-23). Isso tem levado estudiosos como Dallas Willard, Scot McKnight e outros a sugerirem que as Bem-aventuranças de Jesus não são uma lista de virtudes, mas uma lista dos párias rejeitados pela sociedade, todavia abençoados por Jesus.2
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