Chams Business nº 5

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BUSINESS ano V número V - novembro de 2011

Saúde

HCor investe em sua expansão e confirma presença no atendimento filantrópico

Sobre rodas

Representantes da Volkswagen fazem ampla análise do setor automotivo no Brasil

A coletividade árabe

acelera junto com o Brasil Conheça as oportunidades no comércio com os países árabes e como aproveitá-las

Indústria Têxtil: o setor se adaptou à abertura de mercado e colhe os frutos

Mármore: elegância e durabilidade para todos os gostos

Turismo além da Copa do Mundo

O comércio eletrônico veio para ficar


A excelĂŞncia HCor vai onde a vida precisa.


DeBRITO

Certificado pela Joint Commission International

HCor. Compromisso com a vida. Compromisso com a evolução. No campo da atividade filantrópica, o HCor, considerado hospital de excelência pelo Ministério da Saúde, desenvolve projetos de apoio institucional ao Sistema Único de Saúde - SUS com foco em temas de grande interesse para a saúde da população. São ao todo 26 projetos, como por exemplo, o sistema de tele-eletrocardiografia digital para análise de eletrocardiogramas feitos pelas ambulâncias do SAMU. O sistema disponibiliza tecnologia capaz de transmitir exames de eletrocardiograma via celular de ambulâncias do SAMU em todo o Brasil à central de telemedicina do HCor, onde uma equipe de cardiologistas disponível 24 horas elabora um laudo de maneira ágil e retorna para as equipes das ambulâncias, levando alta qualidade e eficácia aos atendimentos de emergência. Para se ter uma ideia da abrangência do projeto, 203 cidades, incluindo capitais, em 26 estados já são atendidas pelo sistema e mais de 7.500 exames foram realizados desde 2009. Saiba mais sobre os diversos programas filantrópicos praticados pelo HCor através do nosso site.

w w w. h c o r. c o m . b r

Responsável técnico: Dr. Luiz Carlos V. de Andrade – CRM 48277

Padrão Internacional de qualidade em atendimento médico e hospitalar


Matérias

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BUSINESS

diretor Raul Tárek Fajuri diretoria editorial Leila Miriam Saraiva Fajuri Micaela Fajuri de Bruyn Ferraz diretor comercial Ramiro Elias Fajuri projeto gráfico Togo Pimentel / Tak Digital www.tak.com.br arte e diagramação João Carlos Macedo redação Luiz Paulo Rodrigues

6 Turismo O Brasil está com a faca e o queijo na mão. Mas precisa saber aproveitar o momento

22 Construção Civil Mármore, um produto com durabilidade e elegância e que é muito utilizado pelo setor em seus empreendimentos

24 Mercado Automobilístico O que mudou no segmento que esta em crescimento com as novas exigências do consumidor e a entrada dos novos players chineses

32 Saúde A ampliação do HCor, um dos hospitais referência no País, com seu projeto de expansão, o maior de sua história

36 Filantropia A atuação junto ao SUS e os diversos programas de atendimento realizados pelo HCor

40 Indústria Têxtil

jornalista responsável Marco Barone MTB 22.537

Setor acompanha aquecimento da economia brasileira e cresce por conseguir enfrentar momento adverso, aliando competição e parceria com a China, líder mundial da área

arte capa João Carlos Macedo

44 Comércio Exterior

Chams Business é uma publicação de Chams Empresa Jornalística Ltda.

Comércio entre o Brasil e os países árabes tem seu melhor momento em anos, com grande potencial de crescimento

administração, redação, departamento comercial e assinaturas: Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2050 cj 105 - ala A CEP 01318-002 São Paulo SP contato: 55 11 3459.7488 55 11 7881.3521 chams@chams.com.br www.chams.com.br Os conceitos emitidos em entrevistas e artigos refletem unicamente à opinião de seus autores. A posição desta Revista é de total isenção, tendo como objetivo a livre exposição de idéias.

48 Mercado Imobiliário O posicionamento do setor em São Paulo com a expansão do transporte público sobre trilhos


Entrevistas 10 Ralf Aasmann O diretor-geral da Emirates para o Brasil fala da crescente importância do País para a companhia

14 Basilio Jafet O presidente da Fiabci-Brasil analisa o mercado imobiliário hoje e faz projeções otimistas

18 Luiz Alves O diretor da Mint Image Group fala sobre o e-commerce e o crescimento dessa modalidade de comércio

Artigos 30 Nabil Ghorayeb

Caro leitor da Chams Confesso ao leitor que esta não foi uma das edições de CHAMS BUSINESS mais fáceis de se fazer, nem tampouco o editorial, de se escrever sem cair em “mais do mesmo”, pois não é novidade para ninguém o quanto a coletividade árabe-brasileira é empreendedora e contribuiu para o crescimento do País. Para a nossa sorte, essas pessoas continuam nos fornecendo um farto material de trabalho, de modo que o leitor pode encontrar nessa edição abordagens inéditas sobre temas e mercados já tratados anteriormente, além de outros não focados anteriormente, onde a coletividade árabe tem uma presença marcante. Nessa edição, na área de saúde, veremos como o HCor planeja e realiza sua expansão física, mantendo-se assim entre os hospitais de ponta do País, sem deixar de lado sua vocação filantrópica. Na área de turismo, veja como esse setor pode impulsionar a economia brasileira, vencendo os obstáculos que precisam ser superados. E entre outras matérias, todas relevantes, não deixe de ler a que fala do mercado automobilístico do ponto de vista dos concessionários Volkswagen. Conheça a visão e as opiniões de empresários ligados à montadora líder de vendas no Brasil e sua análise em como manter a primazia em um mercado cada vez mais competitivo, de consumidores informados e exigentes. Ramiro Elias Fajuri Boa leitura! Diretor Comercial


Tu r i s m o f o n t e : A d e l A u a d a

Muito mais que a Copa do Mundo O Turismo no Brasil vive um momento ímpar com uma possibilidade de crescimento nunca vista. Mas é necessário um olhar fora do círculo Copa/Olimpíada. O setor de Turismo no Brasil mudou. Mas isso não aconteceu agora. Foi um movimento de abnegados e visionários que perceberam a força do segmento para a economia do País. E isso vem lá de trás, há quase 40 anos. Uma das ‘testemunhas’ dessa virada é um dos nomes mais conhecidos do setor: Adel Auada. No segmento há mais de 50 anos, Auada foi dono de diversas agências de viagem, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abrav), da Federação Nacional de Turismo e Agentes de Turismo e representante do setor no Conselho Nacional do Turismo do Governo Federal. Hoje ainda atua como responsável pelo Comitê do Turismo da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Segundo ele, a indústria do turismo no Brasil apenas engatinhava em 1976. Vivia-se muito pouco do turismo interno e de pacotes para viagens ao exterior. Naquele ano, como presidente da Abrav, organizou o primeiro congresso nacional do segmento, em Fortaleza, no Ceará. Para se ter idéia do desafio, a capital cearense possuía apenas um único bom hotel e linhas aéreas não chegavam à cidade. “Para sentir o que podíamos esperar, foi feita uma pesquisa com os mais de 700 agentes de turismo presentes ao evento para saber quantos deles já tinham viajado ao Nordeste anteriormente. A surpresa foi constatar que somente 30% já tinham feito essa viagem e, mesmo assim, só até a Bahia. Ou seja, ninguém conhecia o Nordeste por inteiro”, lembra o ex-dirigente. Esse foi o ponto de partida para que o turismo interno começasse a ser visto de maneira diferente pelos agentes e pelo governo. Um trabalho de conscientização foi iniciado pela entidade, pois o Poder Público tinha, sim, muito interesse em desenvolver a região e toda a sua economia. Foram construídos novos hotéis, linhas aéreas foram criadas ou aumentadas e toda uma infraestrutura para receber os turistas foi iniciada. Dessa forma, o setor começou a mostrar sua força econômica. 6


O turismo brasileiro é uma máquina em plena evolução. Atualmente todas as regiões do País têm, no setor, uma importante mola de seu desenvolvimento. Perceberam que toda a economia evolui em torno dessa atividade. Comércio, indústria e serviços se desenvolvem, se há investimento em turismo. “Hoje o turismo passou a não ser mais visto somente como uma atividade de lazer, mas como uma força econômica para o País. Para isso teve de ter uma forte atuação da iniciativa privada conjuntamente com o desempenho do governo nos âmbitos municipal, estadual e federal”, afirma Adel Auada.

Ainda há muito a ser feito Segundo Auada, o segmento cresceu muito nessas quatro décadas, mas ainda há muitos gargalos a serem pensados e consertados. Um desses pontos é a participação do Poder Público. Deve haver uma conscientização de que o setor precisa ser gerido por especialistas e não por pessoas que estejam em cargos por coligações políticas. Para ele, os recentes — que não são tão recentes assim — casos de corrupção no setor público reforçam, e muito, essa tese. Outro ponto é a importância de se ter pessoas do lugar pensando sobre suas respectivas localidades. Somente quem conhece uma determinada região pode saber do que ela realmente necessita e fazer com que as melhorias aconteçam. Outro grande gargalo é a questão dos aeroportos no País. E a avizinhada Copa do Mundo, em 2014, está aí para expor o problema. O Brasil possui uma rede hoteleira de primeiro mundo, em todo o seu território. Existem hotéis e pousadas para todo o tipo de público, mas os aeroportos não comportam um volume maior de turistas. “Estamos nos preparando para a Copa do Mundo, construindo novos estádios, mas nossos aeroportos não estão acompanhando isso. Se hoje já temos problema, imagina em 2014, quando nosso número de turistas aumentará consideravelmente”, alerta. Para Auada esse problema já existe e é um dos grandes entraves para um crescimento ainda maior do setor. Temos uma demanda muito grande de vôos internos, mas esse não é o grande problema. Nos últimos anos o País perdeu três grandes empresas — Vasp, Varig e Transbrasil —, além de outras menores. As que foram criadas mais recentemente, como Gol e Azul, mais a Tam, conseguem suprir essa demanda. O grande problema é estrutural. Em cinco anos praticamente dobramos o número de viagens internas, pois dobrou a rede de atendimento, e o melhor poder aquisitivo da população permitiu que as pessoas optassem por um avião para chegar a seus destinos.

Isso tudo não teve a contrapartida de infraestrutura. Os aeroportos no Brasil não são modernos nem preparados para atender essa maior demanda. Os problemas já começam do lado de fora, com o acesso aos terminais, com vias supercongestionadas. Continua nos problemas com equipamentos, no embarque e desembarque — sempre lento — e vai até o táxi, por exemplo, em Congonhas. “É um absurdo que um passageiro que leva uma hora para vir do Rio de Janeiro chegue a ficar até duas horas esperando um táxi fora do aeroporto”, assegura. Para o responsável pelo Comitê do Turismo da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, esse problema não é atual, já vem de quando foi anunciado o caos aéreo. “Quem tem de tomar uma providência para solucionar essa questão é o governo. Se ele mesmo não tem capacidade para isso, que invista por meio de parceria com a iniciativa privada. Do jeito que está não dá.”

Copa: uma preocupação desde já A Copa do Mundo em 2014 será um divisor de águas para o Turismo no Brasil. O País deve ter um crescimento nunca visto em sua história nos próximos três anos. Mas isso deve ser mais bem analisado. Em todos os países que receberam eventos esportivos dessa magnitude houve uma evolução do turismo, e aqui não será diferente, pois em 2016 acontecem as Olimpíadas. Nos EUA, único país que teve uma relação de dois grandes eventos tão próximos como no Brasil (Copa em 1994 e Olimpíadas em 1996), a economia cresceu como um todo. Esse fenômeno foi visto na Espanha, apesar de uma distância maior entre os eventos, Copa do Mundo em 1982 e Olimpíadas, em 1992. No Brasil, esse intervalo será somente de dois anos. Ou seja, espera-se ainda mais. Esta será a hora de o Brasil se mostrar para o mundo. A publicidade que o País terá não tem preço, pois uma Copa do Mundo — e depois as Olimpíadas — chegam a bilhões de pessoas. Mas deve-se olhar bem como tratar o turista que virá para cá. O caos que hoje se vê nos aeroportos já tem repercussão negativa lá fora. “Receber mal é o pior cartão de visitas de um país. Hoje há filas de horas só para se passar pela Receita Federal e não vivemos, como nos Estados Unidos, por exemplo, o risco de terrorismo. Aí, quando ele consegue sair, pega filas quilométricas no trânsito das cidades. Se você quer trazer gente para visitar seu país, não é desse jeito”, enfatiza. Fala-se dos aeroportos porque é a parte mais visível, mas o problema é geral. Hoje, um segmento em plena evolução é o de cruzeiros marítimos. Apesar disso, há caos também nesse setor. Na ultima temporada de cruzeiros — que acabou em março — saíram do Porto de Santos mais de 20 navios, mas 7


Foto: arquivo chams

Tu r i s m o

o conforto desse tipo de transporte se perde na espera dos passageiros. Não há um local apropriado no aguardo pelo embarque, que pode demorar até cinco horas. Uma grande empresa do setor fez uma proposta para a construção, com recursos próprios, de um terminal para passageiros, com todo o conforto e funcionalidade. Ou seja, há vontade e opções, falta o interesse governamental. Soluções para acabar com o caos dos transportes existem e não são exageradas. São Paulo, por exemplo, não precisa de um novo aeroporto. Basta tirar projetos do papel. Ampliar os terminais de Cumbica, em Guarulhos, e Viracopos, em Campinas, dando-lhe status de grande aeroporto, além de, efetivamente, ligar a cidade do interior com a capital — nem precisa de um trem bala — e parte dessa desordem seria solucionada.

De dentro para fora e de fora para dentro Uma das grandes discussões que o setor tem é como aumentar o turismo interno. As viagens para o exterior, segundo Auada, sempre foram muito boas — até demais. O brasileiro, historicamente, prefere conhecer outros países a conhecer o próprio. O turismo de compras é ainda forte. O brasileiro sempre foi um grande comprador lá fora. Esse excesso causou um desequilíbrio na nossa balança, pois se gastou muito mais lá fora do que aqui dentro. Mas os agentes do setor e o governo lutam para mudar esse cenário. A Copa do Mundo pode ser uma forte aliada nisso também. Em contrapartida, o movimento inverso, o receptivo, está se modificando. Ainda não temos números tão fortes quanto os de outros países, mas crescem ano a ano. Devemos receber de 5 a 6 milhões de turistas este ano, mesmo com todas as dificuldades, mas é um volume pequeno perto da capacidade que temos e das maravilhas que podemos apresentar em comparação com outros destinos. Um dos grandes problemas, como um círculo vicioso, é a locomoção dentro do País. As grandes empresas têm vôos que chegam principalmente a São Paulo e Rio de Janeiro. Quando esse turista desembarca no Brasil encontra inúmeras dificuldades para se deslocar a outros estados. Sem contar o retorno. Outro ponto a ser pensado é que o Brasil ainda não possui uma grande marca de turismo no exterior. A Copa deve ajudar nisso, mas não será tudo. O Brasil não é só isso. No passado se usava muito o Carnaval e as mulheres, mas hoje essa imagem é vista até negativamente. 8

“Receber mal é o pior cartão de visitas de um país.” Adel Auada - responsável pelo Comitê do Turismo da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira Auada afirma que é necessário um trabalho muito forte de promoção do Brasil. “Isso é uma questão estratégica. O Brasil participa de todas as feiras tradicionais de turismo do mundo, mas se esquece de que o mundo cresceu. Hoje há um mercado de países emergentes muito interessantes, como a China. Especula-se que mais de 100 milhões de chineses viajam por ano, e nós não participamos de qualquer feira de turismo de lá. Fechamos-nos no tradicional e esquecemos que há mais turistas espalhados pelo planeta”, afirma. Outro mercado em que o Brasil deveria investir é a América Latina, que está crescendo economicamente. Para o dirigente, há um nicho importante que o País precisa começar a olhar mais atentamente, que é o turismo de negócios. “Há um importante mercado de congressos e encontros profissionais pelo mundo que devemos ver com mais atenção.” O setor de turismo no Brasil está com a faca e o queijo nas mãos. Podemos crescer de uma maneira nunca vista na história, mas precisamos nos organizar. Para Auada, o País reúne ingredientes únicos. Sol o ano inteiro, uma natureza linda e diversificada e um povo alegre e cordial. O setor não pode mais viver de poucas pessoas que vislumbram o futuro, mas de gente que coloca a mão na massa e faz acontecer. “O que nos falta é aparar as arestas. Temos uma oportunidade única, mas precisamos receber bem, com infraestrutura moderna, que comporte e atenda bem turistas internos e externos. Somente isso fará com que o setor cresça, não só nos próximos seis anos, com a Copa e os Jogos Olímpicos, mas nas próximas décadas. Precisamos mostrar que o Brasil é muito mais que isso, e que todos serão bem-vindos e bem recebidos”, conclui.


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Entrevista Ralf Aasmann

“O que sempre focamos é o viajante, indep de viagem, seja de turismo ou de negócios” 10


Foto: divulgação

Brasil, um

país cada vez mais interessante Emirates Airlines projeta um futuro promissor na relação com o Brasil. O País já é um importante mercado para a empresa.

O Brasil, há muitos anos, se transformou em um mercado interessante para as empresas aéreas. O crescimento econômico pelo qual vem passando e as perspectivas altamente positivas para o futuro fazem do País um destino importante para empresas aéreas de todas as nacionalidades. No Brasil desde 2007 e com vôos diários desde 2008, a Emirates Airlines, uma das maiores companhias de viagem do Oriente Médio, com mais de 8 mil funcionários, leva passageiros de São Paulo para Dubai e vice-versa com uma qualidade de serviços ímpar. A empresa — que também atua, no exterior, no gerenciamento de viagens e entretenimento e administração de hotéis — tem excelentes planos para o País, inclusive com uma nova rota, que passará pelo Rio de Janeiro a partir de 2012. Nesta entrevista, Ralf Aasmann, diretor-geral da Emirates para o Brasil, fala sobre os planos da empresa, mercado e Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016.

Desde quando a Emirates atua no Brasil? Quais são os planos da empresa para o País? Começamos nossa operação no Brasil em outubro de 2007. Na época, com seis frequências semanais e, em julho de 2008, nos tornamos diários, com a linha Dubai/São Paulo. Em dezembro de 2010, mudamos nosso equipamento que voava para o Brasil de um Boeing 777/200 MR, para um 777/300 ER. Assim, ganhamos 88 assentos na classe econômica. Isso foi feito devido à alta demanda no País. A partir de 4 de janeiro de 2012 vamos dobrar nossa capacidade, com mais um vôo diário e a nova linha Rio de Janeiro/Dubai. É viável ter vôos para outras capitais do Brasil, por exemplo, no Nordeste? Viável, por parte da empresa, sem dúvida é. O que precisa ser visto é a viabilidade na questão do mercado. Eu acredito que, por enquanto, para o Brasil, são somente esses dois destinos. É lógico que não podemos desprezar os mercados fora do eixo Rio/São Paulo, até porque eles nos ajudam a trazer os passageiros para essas duas capitais. Mas ainda não temos uma demanda concentrada em alguma capital do Nordeste que justifique um novo vôo.

endente do tipo

Mesmo como escala, não há projeção de outras linhas que passem pelo Brasil e se dirijam a outros países, por exemplo? Esse vôo para o Rio de Janeiro será assim. Ele passa pelo Rio e segue para Buenos Aires, na Argentina. Na volta, no dia seguinte, vem de Buenos Aires, passa pelo Rio e segue para Dubai. 11


Entrevista Ralf Aasmann

O Brasil é um mercado importante para a empresa? Em comparação com outras economias emergentes, como a Emirates coloca o Brasil no cenário mundial? O Brasil é um país extremamente importante. São Paulo foi o segundo destino da Emirates nas Américas. Em 2007 só havia vôos para Nova York. Atualmente temos outros destinos no continente, como Toronto, no Canadá, São Francisco, Los Angeles e Houston, nos EUA. Em 2012 serão inauguradas duas linhas para Seattle e Dallas, também nos EUA. Ou seja, cada vez mais aumenta o tamanho da empresa e a quantidade de aeronaves e, com isso, atendemos hoje todos os continentes. O Brasil é um grande mercado e muito importante, não só para a Emirates, mas para o desenvolvimento da economia entre as nações. Com relação ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), como se posiciona o Brasil? Pela proximidade com Dubai, é claro que ainda há mais vôos para os demais países do chamado BRICS. Hoje, por exemplo, cobrimos dez destinos na Índia saindo de Dubai. Mas, com certeza, o Brasil crescerá. Todos esses países são importantes para a empresa e o Brasil está nesse contexto com destaque. Mais do que uma alternativa, o Oriente Médio passou a ser uma escala interessante para brasileiros que buscam destinos como a China e a Rússia, evitando a burocracia dos EUA com vistos. Como capitalizar esse nicho e tornar o Brasil um excelente cliente para a empresa? Não só a Emirates, como as demais empresas aéreas do Oriente Médio e da Europa, ganham mercado com isso. Sem dúvida, todos os mercado asiáticos, além do Japão e da China, estão no nosso foco. Nesse sentido, o Oriente Médio tem sido um destino importante para os negócios, mas sempre foi para o turismo? Há intenção de se investir mais nesse tipo de viajante? Na verdade não depende muito de nós aumentarmos ou não esse tipo de atendimento. O que sempre focamos é o viajante, independente do tipo de viagem, seja de turismo ou de negócios. Atendemos agências de viagens e muitas delas são especializadas em viagens de negócios, como feiras, missões empresariais etc. Queremos, sim, é o passageiro a bordo e o atenderemos bem, seja qual for o motivo de sua viagem. 12

Hoje, para a Emirates, de maneira geral e em âmbito mundial, o mais forte são as viagens de turismo ou de negócios? Não temos uma estatística em âmbito mundial. Do Brasil, posso dizer que é meio a meio. Pode até ter uma variação de 5% para cima ou para baixo, mas é bem equilibrada essa relação. A posição geográfica de Dubai ajuda muito nesse sentido. Os viajantes de negócios gostam de ir por Dubai pela posição e pelas horas de vôo que ainda sobram para uma conexão sem dor de cabeça. Mesmo sendo um trecho mais longo até Dubai, ainda sobra tempo, pois de Dubai para outras cidades o percurso é curto. Muitos viajantes até aproveitam para passar a noite em Dubai e viajar no dia seguinte. Qual o grande diferencial da Emirates, na questão vôo, conforto etc., em relação à concorrência? Um dos grandes destaques são os serviços. Uma das coisas que sempre gosto de enfatizar, pois não é tão conhecido. Para passageiros de primeira classe e executiva, gratuitamente, nós os buscamos em casa ou na empresa, em um raio de 70 km do Aeroporto de Guarulhos, levamos até o aeroporto e os levamos de volta no retorno. Temos esse mesmo serviço se ele ficar em Dubai. Isso também na China. Nosso serviço de bordo é de primeira e nossas comissárias de bordo são de diversos países. Nos vôos todos os avisos são anunciados em dez idiomas. Para quem voa do Brasil, sempre haverá comissários falando português e isso também em rotas muito usadas por brasileiros. Mesmo nas classes econômicas, todo o serviço é livre, não usamos talheres ou copos de plástico. O nosso programa de entretenimento a bordo tem mais de 1,2 mil opções de canais. Passamos filmes que ainda estão nos cinemas. O tempo literalmente passa voando para quem está a bordo. O Brasil nos próximos anos terá dois grandes eventos, Copa do Mundo e Olimpíadas. Como a Emirates vê esse cenário futuro e o que pode fazer para atender melhor os turistas que vão chegar por aqui? Temos de fazer um questionamento antes: como o Brasil vai se preparar para atender essa demanda, de qualquer empresa aérea do mundo? No nosso caso, há acordos bilaterais com o Brasil. Já temos vôos diários definidos e não podemos pensar em aumentar esse total, só por causa desses eventos. No caso específico da Copa, como a Emirates é uma das patrocinadora do evento, é claro que estamos nos preparando para que o evento seja bem realizado como um todo.


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Entrevista Basilio Jafet

O Brasil ainda é a bola da vez

Foto: divulgação

Perspectivas cada vez mais positivas nos cenários nacional e internacional colocam o País definitivamente na rota de investidores estrangeiros.

O cenário é positivo: economia em ascensão, classe média com poder de compra, juros mais baixos — mas com espaço para mudanças, se necessárias — e uma infinidade de interesses para investidores nacionais e internacionais. Esse é o cenário atual do Brasil e que deve permanecer ainda por muitos anos. Dessa forma, o mercado imobiliário brasileiro pode ter a certeza de que a expectativa é de crescimento positivo e consistente. Em entrevista à CHAMS BUSINESS, Basilio Jafet, presidente do capítulo brasileiro da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci-Brasil), analisa o mercado imobiliário atual e futuro e fala de seus planos como presidente da entidade, cargo para o qual foi eleito para a gestão 2011/2013. 14


Quais são os principais pontos de destaque de sua gestão que teve início este ano? A Fiabci é uma entidade internacional, presente em 80 países. Isso nos dá uma visão abrangente do mercado imobiliário no mundo. Em função disso, nossos objetivos principais são simples: promover conhecimento para nossos associados através de uma troca de conhecimento em âmbito mundial e intercâmbio de idéias; promover networking e oportunidades de negócios, pois hoje as empresas têm de atuar com parceiros nacionais e internacionais. A Fiabci atua sempre na defesa do direito de propriedade, da ética, da livre iniciativa e da democracia, bem como da aplicação dos princípios de sustentabilidade.

dos principalmente no Sudeste, mas já estão indo para o Sul. Existe uma segunda leva de investidores que estão focando no chamado second home. Estão indo para o Nordeste. Atrelados a isso, chegam investimentos no setor de hotelaria.

Como tem se dado esse intercâmbio e o que ganha o consumidor com isso? Ele se dá por meio de eventos internacionais — congressos, feiras etc. — aos quais sempre comparecemos com delegações de empresários brasileiros. Como a Fiabci é uma organização mundial, trazemos delegações estrangeiras para o Brasil e promovemos o intercâmbio com os empresários locais, para que mais negócios sejam gerados. Quanto mais players de qualidade você tem no mercado, muito maior as chances do consumidor poder adquirir o seu imóvel ou o seu investimento a preços compatíveis, com excelente qualidade. Sem dúvida esse é um jogo de ganha-ganha.

O senhor citou que o Brasil é “a bola da vez”, mas um assunto que não pode ser deixado de lado é a crise. Vira e mexe faz-se referência à crise americana. Podemos esperar isso por aqui ou o País está alheio a essas perturbações? Essa é a “pergunta do milhão”. Não é tão provável o Brasil passar por uma crise. Hoje temos fundamentos sólidos. Não só na reserva de US$ 350 bilhões em moeda forte, como naquela do Banco Central, de R$ 420 bilhões, que pode ser usada em caso de necessidade, além de haver bastante espaço para se mexer na taxa de juros. Ou seja, existe uma série de instrumentos financeiros com que o governo conta para ajudar a minimizar os efeitos de uma crise, se for o caso. Claro que haveria reflexos, como a possibilidade de uma exportação menor, e isso teria alguns efeitos no mercado interno. Mas vamos lembrar que temos um mercado consumidor muito grande. Hoje, o Brasil é constituído mais por classe média do que por classes populares, diferentemente de dez anos atrás, quando as classes mais baixas eram 70% da população. A previsão é que até 2014 a classe média ultrapasse os 60% da população. É um contingente consumidor muito grande e que pode segurar as pontas no caso de uma crise. Mas como isso pode afetar o mercado imobiliário é a sua questão. Vale lembrar que temos um déficit habitacional de mais de 7 milhões de unidades, concentradas principalmente nas classes populares. Mas, além desse déficit, para atender o aumento de população, temos de fazer mais de 1 milhão de unidades por ano. Ou seja, pelas contas do nosso principal member, o Secovi, temos de fazer, até 2023, cerca de 2 milhões de unidades/ano para poder atender a todo esse mercado que vem por aí. Enfim, não podemos garantir que nunca haverá uma crise, mas é muito pouco provável que tenhamos uma bolha em razão da demanda.

Já que a Fiabci possui delegacias regionais em outras capitais, esse intercâmbio também acontece nacionalmente? Com certeza. Empresários de outras regiões participam de eventos em São Paulo, onde fica a sede da entidade, além de encontros em outras cidades, promovidas pelas Fiabci regionais. O Brasil é um País cheio de oportunidades e nossa função é apontar os nichos e localidades mais interessantes. Em razão dessa troca de informação em âmbito nacional, hoje ainda há no Brasil alguma região que possa ser dita inexplorada? O que pode gerar interesse para essas localidades? Quando eu descobrir, você será o segundo a saber. Não existe, mesmo porque há muitas empresas já atuando em âmbito nacional. As empresas já foram para as cidades médias e começaram, há algum tempo, a ter negócios em cidades pequenas. O que é extremamente saudável para todos. O estrangeiro vem principalmente para fazer investimentos nas áreas comerciais e industriais, ou seja, conjuntos de escritórios, shopping centers, galpões industriais, concentra-

Um dos grandes gargalos do setor é a falta de mão-de-obra especializada. Como o segmento, especificamente as entidades como a Fiabci, atuam no sentido de sanar esse problema? Não é papel da Fiabci fazer cursos para o pessoal de obra mas, por meio de seus principais members, como o Secovi e o Sinduscon, estão sendo promovidas diversas ações para que tenhamos um trabalhador cada vez melhor qualificado no setor. O Sinduscon tem se dedicado muito a isso.

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Revista CHAMS BUSINESS - ano V - número 5 - novembro de 2011


Entrevista Basilio Jafet A gente pode afirmar que, em função das crises pelas quais o Brasil passou na década de 90 e começo dos anos 2000, estamos vacinados e seguros? Se acontecer uma crise, ela não será tão forte quanto nos EUA? Há aspectos diferentes em nosso sistema em relação aos EUA. A concessão de crédito no Brasil é muito mais rígida do que lá. Aqui não existem os créditos podres, que foram a base de todo o problema dos EUA em 2008, e nunca se financiou, como lá, 110%, 120% do valor. No Brasil o máximo que se chegou foi a 80%. Como a prestação é menor, a inadimplência também o é. E mais, não adotamos aquela prática comum nos EUA de comprar, se endividar, comprar mais uma, hipotecar o que já tem, para ganhar em cima da valorização etc. Este não é um hábito do brasileiro. No último Master Imobiliário, um dos destaques foi o grande número de novos profissionais premiados. Essa renovação é uma tendência no mercado? Como a Fiabci-Brasil e as demais entidades do setor analisam esse novo cenário? Com certeza a renovação é uma tendência. Em primeiro lugar, você tem mais players e, em segundo, players mais capacitados. Então você vai acabar vendo gente nova, com novas idéias. Isso é muito saudável para o mercado e conta com o estímulo da Fiabci. Isso é, de novo, o jogo do ganha-ganha, pois quanto mais novidades tivermos, mais competitivo o mercado e, com isso, ganha o comprador, que terá mais opções de escolha. Além disso, há cada vez uma maior pulverização pelo Brasil. A gente vê aumentar, ano após ano, a inscrição de cases de outros estados, e as diferenças entre os mercados regionais são bem menores hoje do que há 20 anos. Como será o mercado nacional nos próximos dez anos? Há motivo para confiança e esperança de um cenário ainda melhor? Essa pergunta não é fácil e nem simples. O mercado de imóveis econômicos nos leva a crer que sim. Não só por causa da demanda, mas em função dos atos que o governo vem promovendo em favor desse mercado. A iniciativa privada , enfim, entrou nesse segmento. O poder aquisitivo do brasileiro continua melhorando e, se o Brasil mantiver uma linha econômica responsável, supõem-se que a classe média terá o desejo de morar em imóveis cada vez melhores. O mercado de segunda residência também deve melhorar, se o Brasil mantiver 16

Revista CHAMS BUSINESS - ano V - número 5 - novembro de 2011

“O poder aquisitivo do brasileiro continua melhorando e, se o Brasil mantiver uma linha econômica responsável, supõem-se que a classe média terá o desejo de morar em imóveis cada vez melhores” Basilio Jafet, presidente do capítulo brasileiro da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci-Brasil)

esse círculo virtuoso em que está hoje. Diferentemente do passado, o mercado está pulverizado em todas as faixas. No mercado não-residencial também deveremos ter crescimento. Hoje já estamos trabalhando com uma vacância baixa, as empresas do setor estão produzindo mais, e o investimento estrangeiro ajudará muito esse nicho. Além disso, nos próximos anos, com Copa do Mundo e Olimpíadas, todos os setores do nosso mercado serão beneficiados. Quanto mais dinheiro estiver correndo na economia, mais tempo o mercado se manterá em boas condições.


Nos últimos quase trinta anos, muita coisa aconteceu em nosso

país. Chegamos à estabilidade econômica e nos tornamos uma das maiores economias do mundo. Vencemos duas copas do mundo e um operário e uma mulher chegaram a presidência.

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Entrevista Luiz Alves

Da loja ao clique: vamos negociar Foto: divulgação

A comodidade de consultoria e compra pela internet não tem limites. Que tal comprar seu carro em um clique?

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), o Brasil conta hoje com 80 milhões de usuários de internet, ou seja, 40% da população. Do total de internautas, 27 milhões são consumidores virtuais. Até o fim deste ano, esse número deve chegar a 32 milhões. De acordo com a Empresa de Inteligência e Comércio Eletrônico (ebit), o e-commerce deve faturar R$ 18,7 bilhões em 2011, registrando um crescimento de 36% em relação ao ano passado, quando faturou R$ 14,8 bilhões. Um universo de usuários que sabe procurar, que gosta de comparar e que usa a internet como uma aliada na hora de buscar os mais diversos produtos. Outra faceta da internet é a de servir como uma ponte entre quem vende e quem compra. Muitos sites foram criados nos últimos anos para servir de consultoria ou facilitador de negócios. Um exemplo é o ZeroK (www.zerok.com.br). Criado pela empresa Mint Image Group — grupo formado pela Mint Com e pela Mint Design, que desenvolve serviços de design de produto, comunicação gráfica e comunicação digital —, é um consultor virtual para quem sabe de qual valor dispõe para comprar um carro novo, mas não sabe qual o melhor modelo para o seu perfil. Com pouco mais de três meses, o portal já conta com uma média de 10 mil acessos/mês. Nesta entrevista à Chams Business, Luiz Alves, seu diretor, fala sobre e-commerce e o novo site. 18


Hoje o comércio eletrônico pode ser visto como uma realidade ou ainda há um longo caminho a ser percorrido? O e-commerce é um caminho sem volta. Existe, sim, certa desconfiança por parte de alguns consumidores, principalmente os mais velhos, mas a nova geração não só compra cada vez mais pela web, como prefere fazer isso. Vivemos um momento de transição entre o comércio tradicional que, em minha opinião, não morrerá nunca, com o e-commerce. Há, inclusive, uma tendência a que muitas lojas virtuais estão aderindo de montar uma loja física para embasar a sua marca. Após muitas notícias de fraude, muitas empresas preferiram este caminho para mostrar que por trás de um site de vendas há uma loja física onde o comprador poderá, se preferir, comprar após escolher no site ou mesmo ter alguém para reclamar. O que precisa ser feito é melhorar sempre os sistemas de segurança de cadastro de dados e pagamentos para aumentar a credibilidade do e-commerce. Como você vê as negociações pela internet no futuro? Elas vão substituir o comércio formal, de loja? O comércio atual nunca morrerá. Acredito que o e-commerce complementará os meios comerciais modificando o varejo atual. Uma tendência é o e-commerce Business to Business que, acredito, terá um aumento maior que o e-commerce tradicional feito para a pessoa física. As empresas passarão a comprar cada vez mais na web, o que permitirá mais e mais comprar produtos de forma mais eficiente em vários lugares no mundo. Ainda hoje, o comércio eletrônico é visto como um primeiro passo. Isso vai da compra de um calçado à aquisição de um imóvel. O que o setor tem feito para mudar esse quadro? O custo para se abrir uma loja virtual é mais baixo do que o de uma loja física. Porém, algumas pessoas se esquecem de que a logística é a mesma. Você terá que enviar o seu produto ou agendar o seu serviço do mesmo jeito. Portanto, pensar em todo o processo é extremamente importante para não se ter uma experiência ruim. Quais as grandes diferenças e semelhanças entre o consumidor brasileiro e o estrangeiro, principalmente o americano, que tem no comércio eletrônico uma praxe? Nos EUA, o e-commerce já é uma realidade há muito tempo. O americano tem a cultura de comprar na web desde meados dos anos 90. No Brasil, passou a ser uma realidade há menos de dez anos. As leis mais rígidas nos EUA também ajudaram na sua evolução. Apenas recentemente o Brasil passou a ter leis específicas para este tipo de comércio. Porém o brasileiro vem se destacando no mundo virtual. Já estamos entre os quatro países no

mundo com maior acesso na web, contudo estamos longe no ranking de compras on-line. Com a popularização dos cartões de crédito e os novos módulos de pagamento mais seguros, acredito que em breve o Brasil estará entre os top five. A segurança ainda é um ponto delicado quando se fala em comércio eletrônico. O que as empresas têm feito para dar garantias cada vez maiores de segurança ao consumidor? Como isso era há alguns anos e como é hoje? Os novos módulos de pagamento (do tipo Pagseguro, Moip, Paypal e outros) já garantem um nível de segurança que não tínhamos no passado, quando a única forma era o consumidor passar os dados do seu cartão de crédito. Os próprios gateways de bancos já dão segurança no momento da compra. O problema hoje está no cadastro dos clientes. Muitas pessoas deixam de comprar na web, não por causa do pagamento, mas por causa dos seus dados. A loja precisa dos dados do cliente, mas este teme ver seus dados sendo utilizados de forma indiscriminada. Acredito que o ideal é pedir o mínimo de dados para os clientes. Aqueles suficientes para efetuar a venda. Somente dessa forma o e-commerce aumentará sua participação no comércio geral. O Código de Defesa do Consumidor, no comércio formal, é uma lei que está na cabeça de todos os que compram. A maioria dos consumidores conhece seus direitos em uma loja, mas o comércio eletrônico, de certa forma, ainda carece de regras mais claras e eficientes. O que tem sido proposto de modo geral e o que a sua empresa tem feito quanto a isso? A lei é a mesma para ambos os formatos de comércio. Há algumas particularidades, mas no final as regras de boas práticas são as mesmas. Já existem comissões estaduais e federais preparando regras específicas para e-commerce, que provavelmente terão as regras do comércio tradicional como parâmetro. A loja virtual precisa entender que o seu código de conduta é o mesmo que o de uma loja física. A Mint, além de administrar uma loja virtual própria, que vende produtos gráficos e digitais para franquias de uma forte marca do mercado imobiliário, também desenvolve sites de e-commerce para diversos segmentos. Salientamos sempre para os clientes é que o seu comportamento como lojista deve ser igual ao de quem tem uma loja física. Existe uma relação comercial, independente de ser virtual ou não. As compras on-line crescem cada dia mais e movimentam cifras bilionárias. Segundo dados da ebit, só no ano passado o setor faturou R$ 14,8 bilhões em vendas no Brasil, 40% a mais do que o valor arrecadado em 2009, e 23 milhões de consumidores fizeram ao menos uma compra on-line. Para 2011, a 19


Entrevista Luiz Alves previsão é de que o varejo virtual atinja a marca de R$ 20 bilhões em vendas no País, o que representaria um crescimento de 30% sobre o ano passado. Quais são os segmentos que mais crescem, e como sua empresa se vê nesse cenário? Sem dúvida o segmento de eletroeletrônicos é o que mais cresce — uma vez que você não precisa experimentar o produto, fica mais fácil comprá-lo sem vê-lo. Porém, o segmento de vestuário vem ganhando espaço, assim como o de acessórios femininos. Hoje, já é possível o comprador inserir uma foto sua e fazer um teste virtual da roupa ou do acessório que quer comprar. Outro segmento que vem ganhando espaço é o imobiliário. Já é possível fazer um tour virtual por um imóvel, caminhar e ver todas as dependências sem sair de casa. O usuário faz a sua pesquisa, avalia alguns imóveis e escolhe os seus preferidos. Devido aos altos valores, a compra não pode ser realizada ainda diretamente na web, mas em breve isso já não será problema. Outro segmento que vem ganhando espaço é o de compra de veículos. Conforme dissemos, a Mint administra o zerok.com.br, que é um consultor virtual que, com perguntas simples, analisa o perfil do futuro comprador e lhe dá as melhores opções com ofertas de concessionárias. Hoje a compra é feita na concessionária, porém já estamos trabalhando com alguns parceiros para que aquele comprador mais seguro possa, se preferir, efetuar a sua compra no site, indo à concessionária somente para retirar o veículo. Conseguindo, certamente seremos pioneiros no Brasil. O ZeroK é o primeiro site especializado na compra de carro zero quilômetro e se apresenta como um auxílio eficiente na escolha da melhor opção de veículo para o perfil. Não é, em hipótese, um intermediador na negociação, ou seja, não tem participação no negócio. Como o site se mantém? Há alguma contrapartida em negócios fechados? Por conceito, o ZeroK é somente um consultor virtual para auxiliar na escolha do carro novo. Mas já estamos trabalhando para agirmos também como agente comercial de alguns parceiros. Atualmente nossa receita vem da comercialização dos espaços publicitários e da venda de pacotes de ofertas para as concessionárias, que podem optar entre cliques, pacotes semanais ou mensais com valor fixo. Nossa atuação acaba na apresentação da oferta e não interferimos, hoje, nas negociações comerciais. Voltando à questão da segurança e dos direitos do consumidor, até que ponto o ZeroK tem ingerência e controle nessas negociações? Como não vendemos nada para o consumidor final, as regras do e-commerce não se aplicam ao ZeroK. Temos informações 20

“O custo para se abrir uma loja virtual é mais baixo do que o de uma loja física. Porém, algumas pessoas se esquecem de que a logística é a mesma” Luiz Alves, diretor do portal Zerok, criado pela Mint Image Group nos termos de uso do site e que estão amparadas pela lei. Ficamos somente restritos às boas praticas da web. Quantas empresas, veículos e possíveis compradores estão cadastrados no ZeroK? Há alguma estatística sobre o total de negócios fechados? Nossas estatísticas se resumem a acessos/mês, que em agosto foi de 10 mil pessoas, pois para nós esses números são os mais importantes no momento de propor uma parceria, vender espaços publicitários ou ofertas. Nosso objetivo é chegar ao final de 2011 com 100 mil acessos, por isso investimos nos principais buscadores na compra de palavras que levam audiência ao site e também nas mídias sociais divulgando o ZeroK. Quanto ao número de negócios fechados com as concessionárias, vindos do ZeroK, ainda não os temos. Está em nossos planos aprimorar as métricas para obtê-los, mas eles dependem muito de informações dos vendedores das concessionárias. Estamos estudando maneiras para conseguir chegar a estes números com pequena margem de erro, pois acreditamos que estas informações são importantes no momento de nossas negociações comerciais. Hoje nosso maior parceiro é um grande grupo de concessionárias, e o ZeroK já esta criando uma estratégia para trabalharmos juntos e obtermos números confiáveis. O ZeroK atualmente tem todos os carros vendidos no Brasil em seu banco de dados. São veículos nacionais e importados, 46 marcas e 500 modelos que somam cerca de três mil ofertas, principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar de pouco tempo no mercado, acreditamos que nossa audiência está acima do esperado, uma vez que o trabalho de divulgação se restringe a buscadores e mídias sociais. Estamos atualmente buscando, além de concessionárias e lojas com ofertas, um patrocinador master para podermos aumentar nosso investimento em divulgação. O ZeroK é diferente de todos os sites com ofertas de veículos, porque seu foco é o carro zero, um mercado que no Brasil vem crescendo de forma considerável.



C o n s t r u ç ã o C i v i l f o n t e : L u i z S e r g i o A b u - Ke s s m

Beleza que dura O mármore sempre foi um material que expressou durabilidade e elegância. Um dos maiores fornecedores do País, a Minexco imprime essas características em seus produtos.

Há cerca de dez anos, no começo da década de 2000, quando reformava a casa do então Cônsul do Líbano em São Paulo, o empresário do setor da construção Luiz Sergio Abu-Kessm precisou de mármore. Por indicação de um amigo, foi até a empresa Minexco para pedir uma doação. Foi muito bem atendido e recebeu de graça um produto de altíssima qualidade. Foi assim que ele conheceu a empresa e os produtos que ela comercializa. Hoje, a Minexco é seu melhor fornecedor de mármores importados e granitos. Sócio da Samara S/A Incorporação e Construção, Abu-Kessm usa os mármores em seus empreendimentos, de lançamen22

tos a reformas, exatamente pela excelência dos produtos importados pela Minexco. “Trabalhar com os mármores importados da Minexco é ter a certeza de que estamos lidando com qualidade. Isso vai desde o material mais luxuoso ao mais simples. Eles são, sem a menor sombra de dúvida, um dos maiores comerciantes de mármores e granitos do Brasil. Essa é uma segurança para nós, construtores, e um diferencial para o cliente final”, afirma. A Minexco, conforme se apresenta em seu site, “atua de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nos mercados nacional e internacional, for-


Foto: Héctor Guiñez

“Trabalhar com os mármores importados da Minexco é ter a certeza de que estamos lidando com qualidade. Essa é uma segurança para nós, construtores, e um diferencial para o cliente final”. Luiz Sergio Abu-Kessm, sócio da Samara S/A Incorporação e Contrução. necendo os melhores produtos para seus clientes e contribuindo para o crescimento do País”. Segundo o construtor, aliado a isso, estão a variedade e pontualidade na entrega. “Eles são verdadeiramente parceiros”, define. Conforme ele, a empresa é sua fornecedora em mármores importados, sobretudo para os imóveis de alto padrão, pois ele também trabalha com outras empresas para produtos nacionais. Eles são atacadistas e entre seus clientes estão, principalmente, construtoras e marmorarias.

Um mercado em alta Abu-Kessm acredita que esse mercado está em alta, pois a procura de clientes pelo produto vem aumentando. “Há cerca de algumas décadas, o mármore tinha um mercado bom, mas a qualidade dos produtos não era muito boa. Hoje o insumo está novamente em alta, com a diferença de qualidade, muito melhor que no passado”, compara.

O mármore importado — esse que tem a Minexco como uma das principais fornecedoras do País — está presente do acabamento à decoração. Ele pode ser usado como piso e/ou revestimento em halls de entrada, banheiros, entre outros ambientes, assim como peças de decoração, como uma bancada, uma mesa ou estante. Enfim, seu uso vai muito da criatividade e habilidade de quem lida com ele. Segundo o empreendedor, a Minexco, pela qualidade do produto que trabalha, fornece exclusivamente para suas obras de alto padrão. “Para projetos de maior exigência, é preciso pensar em materiais diferenciados, e o mármore importado traz o balanço perfeito entre durabilidade e elegância. É a equação perfeita”, conclui Abu-Kessm.

Uma empresa versátil A Samara S/A Incorporação e Construção tem 62 anos de atividades. Foi fundada em 1949 como uma empresa do setor têxtil, lidando com tecelagem. Em 1976 passou a lidar com o segmento de construção, trabalhando em todas as áreas, entre as quais projetos, assessoria, fiscalização, construção, planejamento, incorporação e administração de obras. Nesses 35 anos de atividades, contabiliza mais de 280 mil metros quadrados de área construída em projetos de médio a alto padrão. Além de Luiz Sergio Abu-Kessm, conta, entre os sócios, com Elias Samara Neto, Myrna Samara Kairalla Bahmdouni e Fuad Samara Junior, todos engenheiros ou arquitetos.

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M e rc a d o a u t o m o b i l í s t i c o fonte: Mauro Saddi e Cacau Nazar

Um mercado com motor em aceleração O segmento automobilístico brasileiro vive um momento propício, com alta na produção e nas vendas. E o cenário para os próximos anos é ainda mais positivo. O Brasil, nos últimos cinco anos, vem passando por um grande crescimento no segmento automobilístico. Hoje o País é um mercado importantíssimo para as principais montadoras mundiais, tanto para as tradicionais (Volkswagen, Ford, General Motors e Fiat), como para as mais novas, como as francesas, japonesas e coreanas. Além disso, já somos consumidores importantes para as chinesas, que chegaram com força por aqui, principalmente a partir do começo de 2011. 24


O País já é o quarto lugar do mundo em volume de vendas e com potencial para crescimento pouco visto em outras nações. Atualmente, o Brasil produz cerca de 3,3 milhões de unidades por ano e deve chegar a 5 milhões até 2015. Esse cenário nos coloca em posição de destaque e nos torna um mercado diferenciado. Para Mauro Saddi, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores Volkswagen (Assobrav), as empresas já vêem o Brasil como um mercado consumidor importante, tão ou mais que muitos países desenvolvidos. “Há alguns anos, por exemplo, quando as montadoras coreanas (Hyundai, Kia) chegaram ao Brasil, não tinham um produto de qualidade. Hoje, apesar de não chegar à qualidade dos norte-americanos ou dos europeus, podem ser considerados de alto padrão. Vieram para competir por preço, conquistaram um nicho e evoluíram conforme a exigência do brasileiro também crescia”, analisa o dirigente que é, também, proprietário de uma concessionária VW, a Green Automóveis.

Invasão chinesa Se até o ano de 2010 o mercado era formado pelas marcas tradicionais, mais as francesas (Renault, Peugeot, Citröen) e as coreanas (Hyundai e Kia), este ano começamos a perceber a forte entrada da China por aqui. As três maiores presentes no País — Chery, JAC e Hafei — têm participação ainda pouco relevante nas vendas, perto de 1,49%. Mas vieram com estardalhaço na mídia. A JAC, por exemplo, veio com um forte garoto-propaganda, o apresentador Fausto Silva, e mostra que não se contenta com pouco. Mas ainda é cedo para afirmar que elas chegam com força para competir. Os chineses têm dois tipos de perfis de venda. Por meio de representantes aqui ou no Uruguai ou por empresas que já atuavam no mercado daqui com outras marcas. “Ainda não apresentam produtos com uma qualidade de primeira linha, mas vêm para conquistar um espaço. Não têm a qualidade que o brasileiro exige em acabamento, em detalhes estéticos, mas isso deve mudar, como já aconteceu com outras marcas”, aponta Saddi. Mesmo assim elas vêm com força, com o que têm de melhor, e ‘elegeram’ o Brasil por sua importância de mercado. Elas não estão indo para os EUA e Europa exa-

tamente pelas maiores exigências nesses países. Mas isso deve mudar a partir do ano que vem, pois o Brasil começa a exigir mais cuidado com os detalhes, como nos equipamentos de segurança que têm padrões internacionais. Essas mudanças devem ser feitas nos produtos fabricados aqui e nos importados. Em contrapartida, os veículos produzidos por aqui ainda precisam conquistar mercado lá fora. O Brasil ainda é um grande importador, mas a exportação precisa crescer mais — e há campo para isso. Segundo o dirigente, há uma necessidade de adaptações que os veículos aqui produzidos necessitam fazer para que sejam mais aceitos no mercado externo. “Mas isso vem mudando e cada vez mais são menos alterações de fábrica”.

As quatro grandes resistem A entrada dessas novas montadoras ainda não mexeu de forma considerável no mercado interno. As quatro grandes montadoras (VW, Fiat, GM e Ford) perderam um pouco de sua representatividade, mas nada que seja um grande baque. De 85% do mercado, passaram a representar 73%. Havia, sim, certa acomodação e essas empresas tiveram que se ajustar. O ponto mais visível é o preço. De alguns anos para cá, houve uma deflação no preço dos veículos dessas empresas. Sem dúvida, uma grande vantagem para o consumidor. Além disso, as empresas precisaram melhorar a sua pós-entrega. Hoje, as oficinas oficiais estão com serviços mais modernos e preços mais acessíveis que no passado. Não que não tinham algo bom, mas ficaram ainda melhores para fazer frente à concorrência. Isso começou há dois ou três anos, com a mudança de postura das fábricas francesas, que começaram a ter um produto com preços mais acessíveis. As empresas que estavam no Brasil há anos precisaram mudar, pois o consumidor brasileiro mudou. Segundo Saddi, o brasileiro, nos últimos anos, passou a ter condições de comprar mais, e é lógico que um carro novo entrou nessa lista. “Quando ele via que conseguia comprar, por exemplo, um francês a preço interessante, ele mudava. Foi aí que as quatro grandes reagiram e começaram a produzir veículos para esse novo público. Para o novo consumidor não basta comprar, ele tem de mostrar 25


Mercado automobilístico

Foto: divulgação assobrav

relação caiu para 2,5. Isso não significa que diminuiu o mercado de carros usados, mas que cresceu o de zero quilômetros. Um resultado positivo é que a frota nas ruas está mais nova. De acordo com Antonio Carlos Nazar, o Cacau, presidente da União de Concessionários (UNI) da Grande São Paulo e Baixada Santista, da Assobrav, esse comprador traz uma grande vantagem para quem vende — a inadimplência não é grande nessa classe. “Hoje é fácil vermos carros novos onde não se imaginava no passado, como em comunidades mais pobres. E que pagam em dia suas prestações”, analisa. Para ele, houve um movimento positivo de todos os

“Para o novo consumidor não basta comprar, ele tem de mostrar que pode comprar um produto melhor. E o consumidor Classe C está totalmente dentro desse perfil. Ele está ávido por comprar coisas boas” (Mauro Saddi, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores Volkswagen Assobrav) que pode comprar um produto melhor. E o consumidor Classe C está totalmente dentro desse perfil. Ele está ávido por comprar coisas boas”, analisa.

Um zero quilômetro na garagem Esse é um consumidor muito interessante para o mercado, pois ele chega com a família na concessionária em busca de um carro novo, zero quilômetro. Hoje, o mercado de carro zero cresce exponencialmente. Há dez anos, a cada carro novo, se vendia seis carros usados. Hoje essa 26

lados em razão desse novo poder de compra. As empresas perceberam que podiam crescer aqui e entraram no País, e os compradores, que tinham condições de comprar algo melhor. O que se viu, de alguns anos para cá, foi o crescimento no número de concessionárias. “Mas as quatro grandes não tiveram um aumento tão grande no total de lojas. Isso aconteceu nas demais montadoras. O que pode ser visto é que as concessionárias aumentaram de tamanho, no seu showroom, para fazer frente a essa nova concorrência. O número de novas lojas não aumentou tanto assim. Até porque o metro quadrado em São Paulo é muito caro. A cidade está bem posicionada para as quatro grandes e não cabem mais lojas. O bolo está bem dividido”, explica Cacau. Saddi ratifica esse raciocínio afirmando que o que cresceu no Brasil foi o total de lojas fora do eixo Rio/São Paulo. “Hoje o Nordeste representa muito para o mercado e tem grande potencial de crescimento. Se no passado o volume de vendas era quase insignificante, atualmente é de mais de 10%, com uma capacidade de ser ainda maior em pouco tempo”, avalia.

A força das concessionárias e do mercado Conforme o presidente da Assobrav, no Brasil, a Volks possui 630 concessionárias. A Grande São Paulo tem 52 unidades, quase 10% do mercado nacional, que representam 18% no total de vendas do País. O Norte/Nordeste e Centro-Oeste têm mais de 300 lojas, que dão cerca de 30% das vendas da VW. A entidade tem um papel fundamental no equilíbrio


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Foto: cláudio cammarota

dessa concorrência. A associação age com as montadoras para dar força às concessionárias e evitar um canibalismo entre as empresas. A rede VW ainda é a maior em qualidade e quantidade e a Assobrav tem sido fundamental nesse cenário, pois promove uma maior especialização dos profissionais, com cursos e ações que melhorem o serviço prestado pelas concessionárias e seus colaboradores. A Assobrav tem o papel de nortear os seus associados sobre como está o mercado. A entidade tem ferramentas para balizar cada associado sobre sua participação, a de seus concorrentes em sua região, e sinalizar os possíveis caminhos para melhorar ou manter um cenário. “Como a entidade é dividida em regiões pela UNI (União de Concessionários), é possível ter esse quadro de maneira mais clara”, explica Cacau. As concessionárias, por meio de sua representatividade, têm hoje uma força que não tinham no passado. “Atualmente sentamos à mesa com as empresas, e podemos discutir de igual para igual para regular o mercado. No passado, isso era um cenário inimaginável”, afirma Saddi. A chegada das demais montadoras, segundo o dirigente, mexeu com esse quadro. Antes, era impossível se pensar na possibilidade de um representante de uma marca também atuar com outra. Esse quadro foi mudando, as empresas tornaram-se mais flexíveis e é normal que o representante de uma das quatro grandes tenha loja de outra marca concorrente. “Esse cenário foi uma evolução e a participação da entidade foi fundamental. Uma evolução fantástica na relação entre as partes e na competitividade entre as marcas”, emenda Cacau. O mercado brasileiro cresce a olhos vistos e há espaço para todos e em todas as camadas. No passado, os chamados carros populares, com motor de mil cilindradas, representavam 70% do mercado. Eram os chamados “carros de entrada”, pois eram os primeiros comprados pelo consumidor que queria um carro zero. Hoje, chegam a 47%. Em São Paulo, esse segmento representa perto de 35%. O 1.0 tem mais mercado para as empresas, que os compram para sua frota. Outro nicho importante é o dos modelos mais caros, para mais de R$ 250 mil. O comprador desse carro não tem problema em ter um carro de luxo a alto preço e nesse segmento não há crise e, no Brasil, há produtos que atingem esse consumidor. “A vontade do comprador é de ter sempre um carro melhor. Isso demonstra como o

“A vontade do comprador é de ter sempre um carro melhor. Isso demonstra como o mercado está aberto e com possibilidades reais de crescer para todas as marcas” (Cacau Nazar - presidente da União de Concessionários da Grande São Paulo e Baixada Santista, filiada à Assobrav) mercado está aberto e com possibilidades reais de crescer para todas as marcas”, afirma o dirigente. Essa concorrência é sadia e o regulador será a competência de cada empresa. Ainda são as montadoras quem determinam os preços e os produtos a serem lançados aqui, mas já passam a ouvir muito os seus representantes e consumidores. “Vivemos em um momento no qual não pode haver retrocesso. O mercado automobilístico é ágil e percebe que o País cresce. Cabe às montadoras e às concessionárias perceberem isso e sempre oferecer produtos que atendam às necessidades e desejos do consumidor. E o futuro ainda é mais promissor, pois nesse mercado não há a menor possibilidade de crise”, conclui Mauro Saddi.



Artigo

Nabil Ghorayeb

Atividade física é vida longa e saudável

A

inatividade física (sedentarismo), assim como o tabagismo, a hipertensão arterial e o colesterol elevado, é um dos grandes fatores de risco causadores de importantes doenças cardiovasculares — o principal problema de saúde atual. A idéia da relação entre atividade física e saúde não é recente: foi mencionada pelos filósofos gregos e romanos. Entretanto, somente a partir dos anos 50, ao se pesquisar quais doenças atingiam os funcionários aposentados da companhia de ônibus (motoristas) de Londres, comparadas com os dos correios, concluiu-se que os motoristas tinham o dobro de doenças do coração do que os carteiros. Hoje sabemos que o baixo nível de atividade física é um importante fator no desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, como obesidade, diabetes tipo II, hipertensão arterial, angina/infarto do miocárdio, osteoporose e, vejam só, do câncer de mama e do reto. Por outro lado, a atividade física isoladamente pode reduzir o risco de desenvolvimento dessas doenças crônicas, além de aumentar a expectativa de vida e, evidente, propiciar melhor controle do peso corporal. Constatações recentes têm demonstrado que estes benefícios ocorrem mesmo entre os indivíduos sedentários ou incapacitados e que se tornaram mais ativos e nos idosos, que passaram a ter uma vida fisicamente independente com menor risco de quedas, melhor estado de humor, aliviando os frequentes sintomas de depressão e ansiedade, enfim, elevando os padrões de saúde e qualidade de vida dessa crescente população.

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Avaliações dos Recursos Humanos de empresas que adotaram programas de atividade física por alguns minutos para seus funcionários, durante o expediente, mostraram redução na falta ao trabalho, nos custos médicos e aumento na produtividade. Evidências científicas têm reforçado que um estilo de vida ativo desde a infância traz vários benefícios, desde melhor rendimento escolar, menos faltas às aulas, até melhora no relacionamento com os pais e aumento da responsabilidade em geral.

Quanto de exercícios semanais são necessários? Exercício é uma faca de dois gumes! A atual controvérsia é a de que pode parecer melhor não se exercitar a fazer exercícios físicos esporadicamente. Estudos concluíram que atividade física esporádica (vez ou outra por mês), se for intensa, pode ser o gatilho de complicações cardíacas. Pesquisa realizada com seis milhões de membros de academias nos EUA, durante dois anos, constataram 66 mortes e, desse total, mais de 70% exercitava-se somente uma vez por semana e tinham algum antecedente cardiológico não controlado. O mesmo risco ocorre nas atividades físicas intensas (maratona, triatlo etc.) de quem tem histórico de doenças cardíacas. Por isto essas pessoas, obrigatoriamente, devem fazer acompanhamento médico especializado com exames regulares, para que o exercício não seja danoso. Numa con-


Foto: Roberto Loffel

Nabil Ghorayeb é Doutor em Cardiologia pela FMUSP, especialista em Cardiologia e Medicina do Esporte, coordenador do Sport Check-up HCor (Hospital do Coração) da Associação Sanatório Sírio, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, delegado do CREMESP e Prêmio Jabuti de literatura médica e saúde de 2000.

O baixo nível de atividade física é um importante fator no desenvolvimento de doenças crônicodegenerativas, como obesidade, diabetes tipo II, hipertensão arterial, angina/infarto do miocárdio, osteoporose e, vejam só, do câncer de mama e do reto.

dição dessas, o melhor a fazer são atividades físicas leves ou moderadas, como caminhadas. O respeito aos limites é algo que deve ser sempre lembrado na hora de praticar qualquer atividade física. Ao entrar numa academia ou participar de grupos de corrida, ou se quiser fazer seu esporte de lazer, faça a avaliação médica prévia especializada. Mantenha os limites que seu médico indicou. Como regra geral, recomendamos exercícios aeróbicos quatro vezes por semana, ao redor de 60 minutos/vez; corrida, bicicleta ou natação, associadas a exercícios de fortalecimento muscular e de equilíbrio, por duas vezes, de 15 a 20 minutos, a mais ou dentro dos 60 minutos. Sintomas como falta de ar, dores no peito ou costas, tonturas, palpitações ou outras manifestações fora do habitual, durante ou após a atividade física, devem ser comunicados ao seu médico. Concluindo, estimulemos a atividade física para todos e em qualquer idade, após avaliação médica mínima. A avaliação médica prévia deve ser, no mínimo, consulta e eletrocardiograma. Caso haja familiares diretos com doenças cardíacas, ou se for fazer atividades físicas intensas, faça o teste ergométrico com presença de cardiologista (o que é de lei). Finalmente, como vimos, hábitos de vida saudáveis dispensam as inúteis, custosas e não aceitas pela comunidade científica e Conselhos de Medicina, medicina bio ou ortomolecular e as novas promessas anti-envelhecimento ou hormônios bioidênticos, sem comprovação alguma, e que nem mesmo são consideradas especialidades médicas. 31


S a ú d e f o n t e : A d i b J a t e n e , A n t o n i o C a r l o s K f o u r i , Jo r g e B a c h a e L u i z H e n r i q u e d e A l m e i d a M o t a

Hospital do Coração aposta no crescimento Instituição tem maior projeto de expansão de sua história e conta com recursos próprios e financiamento do BNDES para dobrar sua capacidade de atendimento. Um dos melhores hospitais do País, reconhecido no mundo todo pela excelência no atendimento às doenças cardíacas, o Hospital do Coração (HCor) se prepara para oferecer um atendimento ainda melhor. Dispondo de mais recursos, mais profissionais e com área maior para acolher um cada vez mais crescente número de pacientes vindos de todo o Brasil, o HCor passa por uma expansão para atender melhor as redes particulares e os procedimentos pelo convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Fundado em 1976, o HCor comemora seus 35 anos com o maior plano de expansão pelo qual já passou. Reconhecido nacional e internacionalmente pela excelência na cardiologia, inclusive com a mais importante certificação internacional de qualidade na área hospitalar, concedida pela Joint Commission International, a instituição vem ampliando nos últimos anos o atendimento em outras especialidades e sua estrutura física com o objetivo de oferecer aos pacientes os recursos mais avançados na área de saúde. “O HCor é uma referência nacional e internacional no tratamento de doenças do coração. Como a incorporação sempre atualizada dos equipamentos de diagnóstico permite a utilização por outras especialidades, elas vem sendo progressivamente agregadas, o que exigiu sucessivas ampliações como a que ocorre neste momento”, afirma o professor doutor Adib Jatene, diretor-geral do HCor. Entre os projetos de expansão estão a ampliação do atual complexo, com a construção (já em andamento) de um novo prédio localizado em frente ao atual endereço na Rua Desembargador Eliseu Guilherme nº 130, com cinco subsolos, 13 andares e ligação com o prédio principal, outro edifício na Rua Desembargador Eliseu Guilherme nº 390 e a construção de uma unidade avançada de diagnósticos na região da Av. Brig. Faria Lima, entre outros. 32


Passado e futuro

Ampliação necessária Até 2007, quando o HCor começou seu plano de expansão, possuía cerca de 214 leitos. Nessa primeira fase aumentou para 240 — número atual — e espera chegar perto de 300. Para esse crescimento, adquiriu um prédio de 5,9 mil m2, localizado ao lado, na Rua Abílio Soares nº 250. Lá estão a área administrativa e cerca de 50 consultórios, além do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP-HCor). “Todo esse processo está sendo feito aos poucos, com comedimento. Não temos planos faraônicos e fazemos conforme as necessidades e o aporte de recursos. Em razão do aumento de demanda por nossos serviços, percebemos a necessidade de aumentar nossos leitos e nosso atendimento”, explica Antonio Carlos Kfouri, superintendente corporativo do HCor. Em 2009 foi inaugurado o prédio, na Avenida Bernardino de Campos, nº 186, com ligação direta com o prédio principal. A unidade oferece o conceito de “hospital dia”, com 31 apartamentos para pacientes que não necessitem de longas internações. A unidade, com 5,2 mil m2, abriga também a hemodinâmica, ortopedia e gastroenterologia e as especializações ligadas à arritmia.

Foto: Iara Venanzi

Inaugurado antes mesmo do Instituto do Coração, o HCor foi o primeiro hospital especializado em doenças cardíacas em São Paulo. Com o passar dos anos, foi crescendo e assumindo um papel importante nesse setor, e sua primeira unidade já não comportava mais o movimento. Dessa forma, foi criado em meados de 1989 o Centro de Diagnóstico, na mesma rua, só que separado da primeira unidade por algumas casas. Pouco tempo depois, o HCor adquiriu estas casas e foi construído então o 3º bloco, que não possui centro cirúrgico, entretanto houve um aumento no número de leitos. Hoje, o hospital não é só do coração. Ele está se transformando em um hospital geral. “Possuímos equipes muito fortes de ortopedia, gastroenterologia, nefrologia, neurologia, enfim, uma série de especialidades que estão sendo incorporadas e empurrando o hospital para a categoria de hospital geral. Quando um hospital especializado incorpora outras áreas necessárias à sua primeira finalidade, o tratamento fica mais seguro. Isso foi gradativo e essa é a tendência, mas o foco em cardiologia continua. Cerca de metade da nossa movimentação é cardiológica, principalmente a pediátrica. Somos referência e líderes em tratamento de neonatos em âmbito nacional”, diz Jatene.

“O HCor é uma referência nacional e internacional no tratamento de doenças do coração. Como a incorporação sempre atualizada dos equipamentos de diagnóstico permite a utilização por outras especialidades, elas vem sendo progressivamente agregadas, o que exigiu sucessivas ampliações como a que ocorre neste momento” Professor Dr. Adib Jatene, diretor-geral do HCor O novo prédio, localizado na Rua Desembargador Eliseu Guilherme nº 130, com inauguração prevista para o primeiro semestre de 2012, terá 13 andares e cinco subsolos. Além de ter mais 45 apartamentos e 142 vagas de estacionamento, contará também com um Centro de Convenções para 208 pessoas. O edifício abrigará também duas salas híbri33


Saúde

das planejadas para procedimentos cardíacos e neurocirúrgicos. O novo prédio terá ligação direta com o complexo atual por meio de uma passarela e uma passagem subterrânea. Um segundo espaço foi alugado na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima e passará a ter um Centro de Diagnóstico completo e um Centro de Saúde da Mulher. Além disso, na própria Desembargador Eliseu Guilherme nº 390, que fica na região da Paulista, haverá um prédio que comportará o futuro Centro Integrado de Oncologia do HCor, com previsão de inauguração para 2013. Com essa expansão, o HCor incorporará mais 27 mil m2 à sua área construída, passando dos atuais 45 mil para mais de 72 mil m2. Com isso, poderá, em pouco tempo, mais do que dobrar sua capacidade de atendimento em todas as unidades. Todo esse complexo, em homenagem à dona Nabiha Abdalla Chohfi, idealizadora e maior incentivadora do Hospital do Coração, recebe o nome dela, que foi a primeira presidente da Associação do Sanatório Sírio, entidade beneficente mantenedora do hospital.

Recursos para a expansão

Foto: roberto loffel

“Todos esses projetos têm um alto custo, mas estão sendo realizados totalmente alinhados à filosofia do HCor e da associação que o mantém, que é aplicar os recursos dentro de um planejamento e com ações certas nos momentos certos”, assegura Antonio Carlos Kfouri. Segundo Jorge Bacha, Superintendente de Operações do HCor, uma parte do montante de recursos para a ampliação vem do resultado operacional do hospital. Além disso, como no passado, a comunidade árabe se mobiliza com doações destinadas à expansão do hospital. Outra fonte de recursos para esses projetos vem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que criou uma linha específica de empréstimo para expansão dos seis hospitais de excelência no Brasil (HCor, Sírio-Libanês, Albert Einstein, Oswaldo Cruz, Samaritano,

“Todos esses projetos têm um alto custo, mas estão sendo realizados totalmente alinhados à filosofia do HCor e da associação que o mantém, que é aplicar os recursos dentro de um planejamento, com ações certas nos momentos certos” Antonio Carlos Kfouri, superintendente corporativo do HCor

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Foto: roberto loffel

em São Paulo, e Moinhos de Vento, no Rio Grande do Sul). O HCor pleiteia um empréstimo de R$ 150 milhões que serão alocados exclusivamente para as novas obras. Segundo Luiz Henrique de Almeida Mota, Superintendente Médico e de Relações Institucionais do HCor, todo esse projeto de expansão só foi feito em razão de uma necessidade e só aconteceu depois de estudos que mostraram que havia uma saturação no atendimento. Foi e está sendo realizada de forma totalmente planejada e não tem como objetivo somente aumentar o movimento. “É claro que isso deve também aumentar a procura pelo hospital. Essa não era nossa meta, mas é de se esperar que aconteça. Para isso, já estamos preparados”, assegura Mota. “Nosso carro-chefe continua sendo a cardiologia, mas não somos mais somente um hospital de coração, estamos nos transformando em um hospital geral. Hoje, podemos dar ao paciente todo o conforto, qualidade de atendimento e segurança para que ele seja tratado em todas as suas necessidades em um único lugar. Esse crescimento é uma decorrência disso, para atendermos o cardiopata com plenitude, e todos os pacientes com outros problemas”, conclui Adib Jatene.

O HCor, desde sua fundação, já passou por diversas expansões • 1976: inauguração do Hospital do Coração (área total 9 mil m2); • 1989: inauguração do Centro de Diagnóstico (área total 4 mil m2); • 1996: ampliação do prédio central (área total 17 mil m2); • 2007: aquisição e inauguração do prédio da Abílio Soares com administração e consultórios (área total 9 mil m2); • 2009: inauguração do prédio da Bernardino de Campos (área total 7 mil m2); E, visualizando o futuro • 2012: inauguração do prédio da Desembargador Eliseu Guilherme (área total 9 mil m2); • 2012: inauguração do Centro de Diagnóstico completo e um Centro de Saúde da Mulher na Avenida Brig. Faria Lima (área total 3 mil m2); • 2013: inauguração do Centro Integrado de Oncologia (área total 7 mil m2).

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F i l a n t r o p i a fonte: Luiz Henrique de Almeida Mota

Excelência no trato às pessoas O HCor desenvolve diversos projetos voltados ao desenvolvimento institucional do Sistema Único de Saúde. Até 2015 serão aplicados mais de R$ 100 milhões nessas ações. A filantropia está no DNA do Hospital do Coração (HCor), desde 1918, quando um grupo de senhoras da comunidade árabe se associou para ajudar os órfãos da I Guerra Mundial. Este grupo deu origem à Associação do Sanatório Sírio, que depois fundou, em 1947, um hospital que atendia, em Campos do Jordão, pacientes com tuberculose. Em 1953 a entidade obteve seu Certificado de Filantropia, passando a ser considerada uma instituição sem fins lucrativos e atendendo à população mais necessitada. De lá para cá muita coisa mudou, o hospital de Campos do Jordão foi desativado em 1980. Antes, em 1976, 36

a sociedade fundou, em São Paulo, o HCor. O objetivo era que a instituição fosse não só um centro de atendimento específico para doenças cardíacas, mas também um centro de pesquisas e de formação de profissionais na área. Com o tempo ele foi crescendo. Hoje o HCor é referência nacional e internacional no segmento cardíaco, mas nunca deixou o filantrópico de lado. Desde sua fundação, a filosofia era o atendimento a crianças, na época órfãs da guerra, e posteriormente com necessidades cardíacas específicas. Em 2006 foi criada uma legislação para os hospitais que não atendiam pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir dessa


Einstein, Oswaldo Cruz, Samaritano, em São Paulo, e Moinhos de Vento, no Rio Grande do Sul), com o Ministério da Saúde, que renova e aprimora o conceito de filantropia no País. Com isso, esses hospitais puderam efetivamente desenvolver projetos de auxílio de desenvolvimento do SUS. “O HCor é um hospital filantrópico, uma associação sem fins lucrativos. Dessa forma tem, por regra governamental, que aplicar seus ganhos em melhorias no próprio hospital e no atendimento à população. Sempre foi assim, mas isso foi ratificado com a assinatura do convênio com o Sistema Único de Saúde, em 2008”, afirma Luiz Henrique de Almeida Mota, superintendente Médico e de Relações Institucionais do HCor. Segundo ele, o hospital compõe o convênio de Apoio Institucional ao SUS, o que possibilita o compartilhamento de sua qualificação técnica, capacidade de gerar conhecimento e seu modelo de gestão com o sistema público de saúde, estendendo para toda a sociedade os benefícios gerados por uma instituição reconhecida como referência médica e hospitalar em âmbito mundial. Para patrocinar esse trabalho, o HCor, assim como os demais hospitais, todos filantrópicos e sem fins lucrativos, aloca seus recursos advindos de isenção fiscal, em projetos de interesse do Ministério da Saúde. Ou seja, o Hospital reinveste integralmente o resultado da sua operação e participa de pesquisas, atendimento e aperfeiçoamento profissional e de gestão do sistema púbico de saúde. “Pelo convênio, o HCor não faz atendimento ambulatorial, mas se junta ao setor público para oferecer competência ao atendimento à população, des-

Foto: roberto loffel

data, criou-se uma alternativa para que os chamados hospitais de excelência passassem a dar esse apoio ao sistema público. Para que essas instituições pudessem fazê-lo, tinham de atender alguns requisitos básicos, entre os quais, acreditação internacional, além de reconhecimento e capacidade para desenvolver projetos em quatro áreas: capacitação de Recursos Humanos, desenvolvimento de pesquisas de interesse público, avaliação e transferência de novas tecnologias e transferência de técnicas de gestão. Em 2008, o HCor assinou um acordo, junto com outros cinco hospitais de excelência (Sírio-Libanês, Albert

“Hoje, 50% de todo o atendimento na cardiopediatria do HCor é para o SUS, e 30% de todo o volume de recursos do hospital são alocados para essas cirurgias” Luiz Henrique de Almeida Mota, superintendente Médico e de Relações Institucionais do HCor de consultoria, até procedimentos mais especializados, como cirurgias cardíacas em crianças”, explica Mota. Desde o lançamento do convênio, o hospital desenvolveu 26 programas de apoio ao SUS. Para o próximo triênio, que começa em 2012, devem ser realizados mais de 30 novos projetos desenvolvidos para o Ministério 37


Filantropia

da Saúde e hospitais públicos. Todo o custo desses projetos vem das isenções fiscais de que o hospital goza, por ser uma entidade filantrópica. Dentre os diversos projetos que o HCor está envolvido pelo convênio, o superintendente destaca algumas dessas ações. O Projeto Qualiti (Qualidade em Terapia Intensiva), pelo qual desenvolvem uma tutoria para 17 Unidades de Terapia Intensiva de hospitais públicos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os médicos do HCor foram até esses hospitais e fizeram um diagnóstico da situação in loco. Depois disso, montaram um programa de monitoramento e capacitação profissional com cursos, nesses locais e no HCor, em atendimento de urgências, além de encontros quinzenais por teleconferências para discussão de casos, conceitos e definição de procedimentos. O Hospital também possui uma central de atendimento ao SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), 24 horas por dia, sete dias da semana, para interpretar os eletrocardiogramas feitos pelos médicos que estão nas unidades. Todas as ambulâncias medicalizadas (UTIs móveis) do SAMU, em 230 cidades de todo o Brasil, estão dotadas de aparelhos de eletro, que transmitem os resultados por celular à central no HCor. Os médicos da central recebem, interpretam e devolvem o exame com indicação de procedimento, tudo isso em até cinco minutos. Do final de 2009 até outubro de 2011 já foram feitos mais de 7 mil exames. O próximo passo é levar o serviço às Unidades de Pronto Atendimento (UPA) fixas. Além desses, há projetos de transferência de tecnologia ou auxílio à gestão e que envolvem assistência. Um deles é o de Medicina Fetal ou Diagnóstico Intra-uterino de Patologias Cardíacas no Feto que, em muitos casos, requer cirurgia no próprio HCor. As pessoas são diagnosticadas pelo SUS e enca38

minhadas para o hospital. Desde que teve início, em 2008, já foram mais de 50 partos com cirurgia na criança nas primeiras horas de vida. Mota destaca que o atendimento cirúrgico no HCor, pelo convênio com o SUS, é exclusivo para crianças. “Hoje, 50% de todo o atendimento na cardiopediatria do HCor é para o SUS, e são alocados 30% de todo o volume de recursos destinados à filantropia do hospital para essas cirurgias”, afirma. E o hospital dá toda a assistência para garantir o conforto das famílias que acompanham as crianças, principalmente as de outros estados. Por exemplo, há uma parceria com a Casa do Cardíaco para hospedar pessoas, às vezes por meses, enquanto seus filhos estiverem no hospital. O executivo também destaca, entre outros trabalhos, os feitos nas áreas de pesquisa e estudos científicos, como o projeto de avaliação de custo e efetividade do uso de próteses para corrigir defeitos de comunicação interventricular. Além disso, há uma forte atuação na capacitação de profissionais para o pré-atendimento hospitalar e atendimento ambulatorial em todo o País. Não só isso, o HCor participa de estudos, em âmbito mundial, em pesquisas de criação de medicamentos para pessoas com problemas cardíacos ou relacionados. Os seis hospitais também são responsáveis, conjuntamente, por um trabalho de gestão de seis hospitais públicos federais no Rio de Janeiro, que vão da consultoria, orientação e treinamento à dotação de um software de gerenciamento.


De acordo com Mota, o Hospital está passando por uma grande expansão, e esse processo será altamente benéfico para o trabalho filantrópico. “Todas as isenções que temos são destinadas 100% para a filantropia. Com a expansão da instituição, vamos gerar um circulo virtuoso para o sistema. Vamos aumentar nossa capacidade de atendimento e teremos mais pacientes pagando. Eles gerarão uma contrapartida de isenção de impostos que serão aplicados exclusivamente nesses projetos. Sem dúvida, a sociedade ganhará ainda mais”, garante. Hoje, conforme o superintendente, o HCor dispõe, no triênio 2008/2011, de cerca de R$ 75 milhões para o atendimento filantrópico. Para o próximo período, de 2012 a 2015, serão alocados mais de R$ 100 milhões. Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou uma linha específica de empréstimo para expansão dos seis hospitais de excelência e determina que 5% do total sejam direcionados para os projetos do SUS. Mota calcula que os seis hos-

pitais, nos próximos três anos, destinarão mais de R$ 1 bilhão à filantropia. Para Mota, o grande desafio da saúde no Brasil é fazer com que ela seja acessível, em toda a sua plenitude, a todas as pessoas. O Sistema Único é relativamente novo e está amadurecendo, crescendo e melhorando. Sua conceituação é muito interessante. O maior mérito dessa legislação de filantropia é fazer com que os hospitais de excelência, que estão entre os melhores do País e do mundo, disponibilizem o que têm de melhor em atendimento e tecnologia a serviço do SUS e das pessoas mais carentes. “O que o Brasil faz nesse sentido é único em todo o mundo. Nossa legislação é própria e criativa. Sem recursos não se faz saúde, que tem um custo altíssimo. A parceria entre o Poder Público e a iniciativa privada, no setor de saúde, cresceu muito nos últimos anos e isso é altamente benéfico e garante melhor qualidade de vida às pessoas”, conclui o superintendente do HCor.

Projetos filantrópicos A seguir uma lista de alguns dos 26 projetos de apoio ao SUS que o HCor desenvolve desde 2008: Projeto Qualiti (Qualidade em Terapia Intensiva), com tutoria para 17 Unidades de Terapia Intensiva de hospitais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste; Central de atendimento ao SAMU, com diagnóstico e leitura de eletrocardiogramas no SAMU de 230 cidades; Medicina Fetal ou diagnóstico intra-uterino de patologias cardíacas no feto para pacientes do sistema público; pesquisa e estudos científicos para avaliação de custo para uso de próteses; gestão de seis hospitais públicos federais no Rio de Janeiro (consultoria, orientação e treinamento à dotação de um software de gerenciamento); atendimento gratuito à população mais necessitada na área de cardiologia pediátrica; projetos de pesquisa para o Ministério da Saúde; Programa Bridge, com melhoria no atendimento de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) em emergência da rede pública de todo o País; pesquisa de novas tecnologias, em parceria com o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, com o desenvolvimento de um coração artificial e de uma bomba centrífuga; programa de prevenção de nefropatia (lesão ou doença renal); Polipílula, em conjunto com pesquisadores de outros seis países, (estudo para reunir, em uma única pílula, quatro medicamentos para prevenir doenças cardiovasculares); atendimento e tratamento de bebês e crianças portadoras de cardiopatias congênitas graves; capacitação profissional, em parceria com o Instituto Afro-Brasileiro de Ensino Superior, para cursos gratuitos de Técnicos em Enfermagem, com estágios nas áreas do HCor. 39


I n d ú s t r i a t ê x t i l f o n t e : A n t ô n i o S a r k i s J r.

A evolução sob medida A indústria têxtil brasileira soube suplantar adversidades e criar para atender um consumidor cada vez mais exigente. Isso fez com que o setor crescesse nos últimos anos.

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Um setor intrinsecamente ligado à colônia árabe. Assim pode ser definida a indústria têxtil. É claro que, desde que os primeiros imigrantes de origem árabe começaram a comercializar e produzir tecidos, tendo como base as lojas da Rua 25 de Março e seus caixeiros viajantes, muita coisa mudou. Sem dúvida, não só para a colônia. O setor têxtil teve uma participação histórica e decisiva no processo de desenvolvimento do País, pois foi uma das primeiras industriais a ser implantadas no Brasil. Mas muita coisa mudou de lá para cá. Aquele perfil de vendedor — e depois produtor de tecidos — já não é mais o mesmo. Até a comunidade árabe já não é mais maioria no setor. Atualmente, em âmbito mundial, a China domina a produção de tecidos — e mesmo isso mudou de umas décadas para cá. A qualidade do tecido chinês é de primeira linha, diferentemente do que se via no passado, quando esta não era uma de suas maiores referências. Segundo dados de entidades representativas do setor, como a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), entre outras, o setor é bastante diversificado e compreende diferentes ramos de especialização, como fiação, tecelagem, malharia, acabamento, tricotagem, artefatos de passamanaria, tecidos elásticos, fitas, filós, rendas, bordados e tecidos especiais. Segundo dados da Abit, o Brasil tem o quarto maior parque produtivo de confecção do mundo e é o quinto maior produtor têxtil do mundo. Esse mercado é formado por cerca de 30 mil empresas — 11% delas são consideradas de grande porte e 21% de pequeno e médio porte. São mais de 1,7 milhão de empregados na indústria, dos quais 75% são mão-de-obra feminina. O setor é o segundo maior gerador do primeiro emprego do brasileiro. Em 2010 foram confeccionadas mais de 9,8 bilhões de peças e o faturamento das empresas, em 2010, de acordo com a Abit, foi de US$ 60,5 bilhões, um aumento de 2,1% em relação ao período anterior. 41


Indústria Têxtil Fotos: jingdaily.com

A feira Première Vision, que acontece a cada dois anos em Paris, reúne a indústria têxtil, mas era restrita à comunidade européia. Hoje, segundo o site de negócios e cultura chinesa jingdaily.com, a presença da China é destaque na feira e o número de estandes cresce a cada edição.

China: de concorrente a parceira Para Antonio Sarkis Jr., diretor da Sarkis Indústria Têxtil, ex-presidente e atual membro do Conselho de Orientação da Câmara de Comércio Árabe-Brasil, o segmento está em franca recuperação, atingindo resultados equivalentes ao período áureo do segmento, entre os anos 50 e 70. “Vivenciamos, no Brasil, mudanças muito radicais no setor. De produtores, passamos a exclusivamente importadores e, atualmente, as empresas conseguem dosar muito bem os dois lados”, avalia. E ele fala com a experiência de ser uma das primeiras empresas a fazer negócios com os atuais gigantes em âmbito mundial, a China. Seu pai, Antonio Sarkis, foi o primeiro empresário, do setor a importar tecidos não só da China, mas da Coréia, isso em 1992, quando o então presidente Fernando Collor de Mello abiu o mercado nacional para a importação. De lá para cá muita coisa mudou. A China deixou de ser uma simples “copiadora” para, hoje, fabricar tecidos de qualidade, com preços quase imbatíveis. Em 1992, conforme Sarkis, os tecidos que vinham do Japão eram de muito boa qualidade, os da Coréia, médios, e os da China eram muito ruins. “Eles evoluíram. Começaram a melhorar a qualidade do fio e hoje são o melhor concorrente nosso no setor”, diz. Para ilustrar essa evolução, ele lembra que a China copiava muito bem. Certa vez eles enviaram uma camisa para que fosse feita pelos chineses, cortaram um pedaço qua42

drado para deixar de amostra do tecido enviado. A camisa que veio estava copiada com perfeição, até mesmo com o quadrado faltando. “Mas isso não acontece mais”, garante.

“Importabando” Um dos maiores problemas da indústria têxtil foi a concorrência desleal de produtos de fora, o chamado “importabando”. A entrada ilegal de tecidos, principalmente no final da década de 90, fez com que o preço caísse muito, impedindo um ataque frontal a isso. Mas, de acordo com Sarkis, aos poucos o setor foi se restabelecendo. “Foi uma queda muito mais em valores do que em metros quadrados produzidos, mas o equilíbrio que foi alcançado entre produção nacional e importação fez com que o mercado se recuperasse”, lembra. O que acontece em períodos de crise é o equilíbrio entre produção e importação. Se o preço do tecido de fora está mais barato, se diminui a produção e se aumenta a importação. O contrário também funciona. Na realidade, o que aconteceu para essa queda é que, nesse período de baixa, havia uma certa anarquia no setor. “As regras era flexíveis demais, o que provocou certo descontrole. Hoje o mercado está mais normatizado e inexiste o contrabando em razão da nota fiscal eletrônica, exigida em todos os negócios”, analisa.


Recentemente, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior tornou público o estudo “O Futuro da Indústria Têxtil e de Confecções”, em que são apresentados dados sobre os investimentos do setor em diversas áreas. Com dados colhidos em 2005, o estudo serve para comparar os perfis de quatro dos principais pólos têxteis brasileiros. Para a obtenção de dados sobre investimentos, gestão e processos, os pesquisadores ouviram algumas das maiores empresas brasileiras. De acordo com a pesquisa, os principais cenários a serem enfrentados pela indústria têxtil são: • Mercado global: diversidade de opções de escolha, diversidade de atores na cadeia de suprimento, necessidade de manter ou de alterar suas vocações produtivas tradicionais; • Ameaça de polarização entre concepção e execução (países gerentes versus países operários) na nova ordem internacional de organização do trabalho; • Aumento da demanda interna (crescimento da economia), gerando adaptações necessárias às diversidades culturais, a adequação a coletivos e indivíduos, novos serviços customizados por grupos etc. • Aumento da concorrência internacional, enfatizando a importância da capacidade das cadeias de suprimento nas dimensões de competitividade adotadas pelo estudo (inovações no negócio, produtividade, qualidade etc.) Por fim, para fazer frente a esses novos cenários, o setor produtivo deve ter em mente que “tecnologia” deve ser a palavra-chave daqui para frente. E isso deve estar presente em todas as frentes, da produção à distribuição, passando pela comercialização. Isto implica em resposta rápida da cadeia de suprimento, melhor organização da produção e adaptação às mudanças da demanda, comunicação direta e confiável com os parceiros e consumidores, previsão da demanda, produção de pequenos lotes, ciclo de vida curto dos produtos e oferecimento de produtos personalizados. Imaginar os antigos comerciantes libaneses e sírios da Rua 25 de Março com esse tipo de pensamento era inconcebível, mas também é inegável que os donos de lojas e seus caixeiros viajantes conseguiam perceber as necessidades dos seus clientes e as supriam da melhor forma possível. Os primórdios do setor levaram a essa evolução, que, claro, foi entendida, aceita e colocada em prática por quem veio depois.

Foto: moacir gois

O futuro da indústria

“Vivenciamos, no Brasil, mudanças muito radicais no setor. De produtores, passamos a exclusivamente importadores e, atualmente, as empresas conseguem dosar muito bem os dois lados” Antônio Sarkis Jr., diretor da Sarkis Indústria Têxtil, ex-presidente e membro do Conselho de Orientação da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira 43


Comércio Exterior fonte: Michel Abdo Alaby

Comércio entre o Brasil e os Países Árabes cresce Os números comerciais são os melhores dos últimos anos, mas o que mais anima os dois lados é o potencial de negócios bilaterais. Sempre que se pensa na promoção comercial do Brasil, suas empresas e produtos, surgem algumas barreiras e entraves que, aos poucos, o Brasil tem conseguido vencer. A geografia do Brasil desfavorece a logística que, por sua vez, tem influência no comércio exterior com diversas regiões, incluindo os países árabes. “Esta distância, aliada a um histórico de economia relativamente fechada, contribuiu para que o País se voltasse mais ao mercado interno que ao externo. Isto teve impacto na cultura empresarial”, afirma Michel Abdo Alaby, diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Além disso, o atual cenário econômico internacional, o patamar do câmbio e o grande mercado brasileiro acabam fazendo com que as empresas brasileiras se voltem para dentro. Por outro lado, existem tanto empresas brasileiras que necessitam de mercados externos, quanto compradores, no exterior, que precisam de fornecedores alternativos. Vale destacar aqui as possibilidades de comércio entre o Brasil e os países árabes. “A experiência que temos com a promoção de produtos brasileiros no exterior mostra que os artigos Made in Brazil, de maneira geral, competem bem com a qualidade europeia em diversos setores”, acrescenta Alaby, que lembra ainda que ape44


sar do preço de exportação do Brasil sofrer com a concorrência asiática, os produtos brasileiros têm diferenciais, tais como: garantia e assistência técnica, qualificação de produtos com certificações de qualidade ISO 9000,14000 e outras, internacionalização da própria empresa brasileira com exportações para outros países, registros dos produtos nos mercados americano e europeu (como FDA, EU etc). “É preciso despertar a percepção da qualidade de produtos brasileiros lá fora”, alerta o executivo.

Um mercado promissor Os países árabes se destacam em vários índices econômicos como PIB, população, importações e nas taxas de crescimento desses indicadores, ficando entre as dez economias mais importantes do globo. Esse grupo de países importa mais nos setores alimentício, de construção e moda, do que a média mundial, a partir da análise das importações per capita, o que permite considerar que estes setores são potenciais nestes mercados. Por meio do cruzamento do que os países árabes mais importam e o que o Brasil exporta para o mundo, pode-se destacar os seguintes itens por setor: • Construção- barras e perfis de alumínio, torneiras e válvulas, obras de plásticos, peças de ferro e aço, aparelhos de interrupção, ladrilhos e lajes de pedra e cerâmica; • Alimentos- milho, soja e seus derivados, preparações alimentícias diversas e alimento processados; • Moda- preparações e produtos capilares, calçados, produtos e preparações destinados à higiene bucal e pro-

dutos têxteis se atrelados ao conceito de moda. Há também oportunidades em outros setores como: maquinários, móveis e decoração, desde que haja diferencial, e produtos médico-hospitalares. Michel Alaby traz ainda que as pesquisas comerciais solicitadas por empresas árabes ao Brasil, por intermédio da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, tiveram um crescimento de 59% entre 2007 e 2010. Entre os produtos mais procurados para informações, e que podem ser considerados promissores, estão maquinários, veículos e partes, madeira e seus derivados e produtos farmacêuticos, além de produtos alimentícios, que são tradicionalmente demandados. Os países árabes também podem ser fornecedores de uma variada gama de produtos como fertilizantes, alimentos — com destaque para temperos, tâmaras e azeite — móveis e decoração, tapetes, tecidos diferenciados, produtos descartáveis da linha hospitalar e odontológica, fios e cabos elétricos, produtos petroquímicos, alimentos liofilizados, calçados de couro, artigos de artesanato em madeira, cobre, entre outros. Para aproveitar tais oportunidades, os empresários brasileiros devem levar alguns assuntos em consideração, além do cenário econômico comercial em que nos encontramos. Entre as dificuldades que o Brasil enfrenta, a que mais chama a atenção é a internacionalização de pessoal. “É muito comum recebermos missões de empresários árabes que demonstram muito interesse pelos produtos nacionais, mas se queixam da dificuldade na hora de se comunicar com o empresário brasileiro. De longe, a queixa campeã é a de que poucos profissionais dominam o inglês”, alerta o CEO.

Algumas dicas importantes para o sucesso na comunicação com clientes árabes: • Conhecer bem geografia e cultura, o que evita gafes, como confundir persas, do Irã, ou turcos, da Turquia, com os árabes. As nações árabes são 22; • O negociador deve dominar bem algum idioma internacional. O inglês será usado na maior parte dos países árabes; o francês é para os países do Magreb (Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia); • Evitar divulgar telefones PABX com atendimento exclusivo em português; • Ter sempre recepcionistas que possam atender em idiomas estrangeiros, o que é importante para quem tem grande parte dos seus clientes além das fronteiras brasileiras; • Falar árabe e ter materiais informativos em árabe serão um grande diferencial na hora de transmitir a informação. 45


Comércio Exterior

Foto: Gabriel Chiarastelli/Câmara árabe

“Nossos concorrentes estão lá fora com seus bons produtos e profissionais que falam fluentemente a língua internacional dos negócios.” (Michel Abdo Alaby, diretorgeral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira)

Quem viaja muito vai notar que, em diversos países, grande parte da população fala o inglês — o que não ocorre no Brasil. Ou seja, “nossos concorrentes estão lá fora com seus bons produtos e profissionais que falam fluentemente a língua internacional dos negócios”, reforça. Alguns setores brasileiros já têm um grande número de empresas bastante internacionalizadas, cujas exportações constituem grande parte de suas receitas. À medida que isto ocorre, seus profissionais também tendem a se internacionalizarem.

Segundo levantamentos da Câmara Árabe, até agosto de 2011, o Brasil exportou US$ 8,069 bilhões para o Oriente Médio, enquanto importou US$ 3,850 bilhões. A corrente comercial de US$ 11,9 bilhões salta para US$ 18,7 bilhões ao somar os países do norte da África, que integram a Liga Árabe. “Os negócios entre o Brasil e as nações árabes têm tudo para crescer. O potencial, que é enorme, ainda não é explorado e a relação pode ser de ganho bilateral”, encerra o diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

Para auxiliar os empresários, a Câmara Árabe conta com uma equipe especializada nos mercados árabe e brasileiro, para buscar dados sócio-econômicos e identificar oportunidades comerciais: • Células de Especialização Setorial- profissionais especializados no mercado setorial brasileiro que identificam, orientam e informam sobre as possibilidades de negócios aos associados e parceiros. • Núcleo de Inteligência Regional- grupo de especialistas que trazem informações atualizadas dos mercados árabes. Buscam relações bilaterais, comerciais e de investimento e promovem a aproximação entre governos árabes e o brasileiro. • Célula de Relacionamento- profissionais que auxiliam os associados da Câmara Árabe, fazendo a interface entre os Núcleos de Inteligência Regionais e as Células Setoriais. São responsáveis pelo tráfego da informação on-line em toda a estrutura, permitindo agilidade e rapidez no atendimento. 46


Apresentamos o novo DNA da Câmara Árabe.

Células de Especialização Setorial Profissionais especializados no mercado setorial brasileiro. Identificam, orientam e informam sobre as possibilidades de novos negócios aos associados e parceiros. Responsáveis por disseminar as demandas vindas dos clientes e parceiros às outras áreas da entidade.

Núcleo de Inteligência Regional

Soluções customizadas para o seu negócio. A Câmara Árabe apresenta a sua nova estrutura: uma equipe especializada nos mercados árabe e brasileiro, buscando dados importantes e identificando novas oportunidades comerciais para oferecer informações de forma ágil e eficiente para seus associados.

Profissionais que trazem informações atualizadas de mercado de cada país árabe. Buscam relações bilaterais comerciais e de investimento, trabalhadas em parceria com as Células Setoriais e de Relacionamento.

Célula de Relacionamento Profissionais que auxiliam os associados da Câmara Árabe, fornecendo informações comerciais e de mercado. Fazem a interface entre os Núcleos de Inteligência Regionais e as Células Setoriais. Responsáveis pelo tráfego da informação online em toda a estrutura.

Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Aproximando Culturas. Construindo Oportunidades. Av. Paulista, 326 - 17º andar | São Paulo - SP | tel 55 11 3283-4066 | www.ccab.org.br


Mercado imobiliรกrio fonte: Vito Sansone

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Foto: Digna Imagem/Clóvis Ferreira

O futuro anda de metrô O mercado imobiliário de São Paulo olha atentamente o movimento de expansão do metrô da cidade. No início da década de 70 a cidade de São Paulo era um verdadeiro canteiro de obras. Nesse período começavam as construções das primeiras estações do metrô na Capital. Os bairros, naquela época, se transformaram e se valorizaram. Atualmente, um novo movimento começa a tomar corpo na cidade com a construção de novas estações e o anúncio de novas linhas. Hoje, são 62 estações, mas até o ano de 2020, a Capital deve ter exatas 161 estações. Passaria, então, dos atuais 70,6 km, para 184,2 km de extensão, quase o mesmo índice de cidades como Tóquio e Cidade do México. O mercado imobiliário, de olho nesse cenário, desde a década de 60, quando os anúncios daquela primeira fase tiveram início, procurou se movimentar para ter lançamentos perto dessas estações. Não há sombra de dúvida que a valorização de um terreno e, consequentemente, de uma unidade, próximo a estações é muito grande. O mercado calcula que, em média, um imóvel próximo a estações, em comparação com outro mais distante, fique entre 20% e 30% mais caro. Para Vito Sansone, superintendente de vendas da Tec Vendas, empresa da EZTec — uma das maiores incorporadoras do País —, as empresas lançam perto das estações porque as pessoas também buscam morar perto do metrô. “Hoje o melhor

jeito de se locomover no Centro expandido e até na periferia, evitando o trânsito, é pelo metrô”, afirma. Para se ter uma idéia, a cidade de São Paulo tem uma frota de 6,9 milhões para uma população de 11,2 milhões de habitantes. Isso dá uma média de um veículo para cada 1,6 pessoa. Em 2010, essa saturação tem causado, diariamente, congestionamentos que chegam facilmente à média de 100 quilômetros nos horários de pico. Ou seja, as estações e os lançamentos perto delas são opções necessárias.

Pouca oferta, maior valorização Segundo Sansone, estar perto de uma estação já construída ou em projeto valoriza igualmente todos os tipos de imóveis, novos ou usados e até mesmo comerciais. E o mercado se movimenta nesse sentido. Hoje, dependendo da região, há mais ou menos oferta de terrenos. Nas regiões da Avenida Paulista, Pinheiros, Vila Mariana, Liberdade, Chácara Klabin e Saúde, por exemplo, há pouca oferta. “Todas essas regiões, indistintamente, estão onde há pouca oferta de terrenos e por isso eles são muito valorizados”, diz o técnico. Mas Itaquera, Penha e Brás apresentam mais opções. 49


Mercado imobiliário

Opção para o trânsito Construir perto de metrô é sempre interessante para o mercado. A própria EZTec procura construir perto de estações, tanto em regiões já consolidadas como nas proximidades de futuras estações. A empresa está para lançar, entre novembro e dezembro, um empreendimento de salas comerciais na Avenida Adolfo Pinheiro, exatamente ao lado da nova estação. Sansone, se pudesse interferir na indicação de futuras estações do metrô na cidade, teria uma lista muito interessante a oferecer. Para ele, na Zona Oeste, iria no sentido das rodovias Anhanguera e Bandeirantes, e, dentro das Operações Urbanas, para a região da Avenida Jornalista Roberto

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Foto: divulgação

Com a experiência de mais de 35 anos de mercado imobiliário, sendo 25 anos com a família Ernesto Zarzur — proprietária da EZTec — e dez anos com imobiliária própria, especializada em áreas para incorporação, Sansone arrisca indicar quais serão as regiões que mais se valorizarão nos próximos anos. “A região que vai do Centro em direção ao Ipiranga e ao Grande ABC, pela Avenida do Estado, na chamada ‘Operação Urbana Diagonal Sul’. Em contrapartida, a região menos indicada nos próximos anos será o Morumbi.” Dentro desse contexto, o superintendente da EZTec alerta para outro problema, mas que tem solução: a desapropriação de áreas próximas às futuras estações. Esse é um dos grandes problemas para o Poder Público, pois normalmente os valores oferecidos por uma unidade não são os de mercado, o que acarreta atraso e brigas jurídicas. Mas Sansone acredita que governo e iniciativa privada podem trabalhar conjuntamente para que isso mude. “O Governo não tem a mesma capacidade que a iniciativa privada. Se houvesse mais possibilidade de os empresários participarem, seria mais inteligente”, garante.

“O Governo não tem a mesma capacidade que a iniciativa privada. Se houvesse mais possibilidade de os empresários participarem, seria mais inteligente” Vito Sansone, superintendente de vendas da Tec Vendas, empresa da EZTec Marinho (antiga Águas Espraiadas) e para a Diagonal Sul. “São regiões onde ainda existem grandes áreas para futuros empreendimentos residenciais e comerciais e estão fora das regiões muito adensadas e com muito trânsito”, aponta. O mercado acredita que todas essas indicações que o governo faz das futuras estações para os próximos anos não são promessas. Aliás, espera atentamente que o aumento previsto — o dobro da extensão atual, imprescindível, pois não há alternativas para a cidade — seja um novo alento para São Paulo, para seus moradores e, consequentemente, para o mercado. Um círculo virtuoso mais que necessário.


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