Guia O Melhor do Mar de Angra Paraty e Arredores

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SOLTEM AS AMARRAS

Presidência

Ariane Pacheco Porciúncula gruporumo@gruporumocom.com.br

Departamento de Jornalismo Nick Austi - MTB 31.275/2005 guia@gruporumocom.com.br Regina Braz - RJ19843JP

Colaboradores

Armando Martins – Colaborador Jorge Nasseh - Colaborador Sérgio Pinheiro – Jornalista / Fotógrafo

Fotos – Agradecimentos

Alice Sauma, Alexandre Mariano, Elite Dive Center, Luiz Fernando Lara, José Eduardo Galindo, Marco Terranova, Ricardo Alexandre, Sérgio Pinheiro e TurisAngra.

Projeto Gráfico Avantti!

Diagramação Juliana Pinto

Departamento Administrativo e Financeiro Armando Constantino administracao@gruporumocom.com.br Rafaela Almeida financeiro@gruporumocom.com.br

Departamento de Relações Comerciais Chharbel Di Nicollau

Foto de Capa

Luiz Fernando Lara e Sérgio Pinheiro.

Vendas e atendimento ao leitor

E-mail: gruporumo@gruporumocom.com.br Telefone: (24) 3377-8646 O Guia O Melhor do Mar de Angra, Paraty & Arredores é uma publicação da Editora Novo Rumo. Jornalista Responsável: Nick Austi (MTB 31.275/2005). Todos os direitos reservados.

Prezado leitor, Nós teimamos e lutamos para lançar mais uma edição deste GUIA DO MAR, que há anos vem norteando o navegador que transita pela Baia da Ilha Grande e de Paraty. Temos sempre a responsabilidade de ressaltar, além da alegria de estar no mar, o cuidado com a segurança nele, e para isso, convidamos mais uma vez, o Comandante Armando Martins (conhecido promotor de cursos para quem quer navegar), para nos orientar, dentro do que há de mais seguro na navegação. Com a ajuda do fotógrafo Sérgio Pinheiro e seu Veleiro Karu Kinka, criamos alguns roteiros náuticos, para que você possa curtir também as águas de Angra e Paraty. São mais de 20 roteiros nessa região onde você poderá usufruir do que há de melhor do nosso mar, nossas praias e nossa culinária, inclusive. Além disso, você encontrará roteiro com points de mergulho, eloborado com a ajuda do experiente mergulhador Daniel, proprietário da Elite Dive Center. E, fechando o Guia, trazemos algumas informações sobre construção de barcos, para os interessados no assunto, com ensinamentos técnicos de nosso grande parceiro, Jorge Nasseh, da Barracuda Tech. Vamos Navegar! Embora o mar não tenha estado pra peixe nos últimos meses, com o mercado náutico sendo um dos mais atingidos no país, sempre haverá uma boa oportunidade para você conhecer o melhor da região. E enquanto você estiver por aqui, contará com muitos prestadores de serviços da náutica local patrocionadores deste Guia. E para complementar a sua navegabilidade, conte com o aplicativo GUIA O MELHOR DO MAR. Mais uma fonte de informações sobre o mar de Angra e região e de seus prestadores de serviços, também em seu celular. Boa leitura e soltem as amarras!



SUMÁRIO

Abertura...............................................................................8 segurança no mar..................................................10

Equipamentos de segurança...............................18 Códigos internacionais de navegação.........20 rotas náuticas............................................................22 Ilhas de Cataguás..........................................................24 Ilhas Botinas......................................................................26 Jurubaíba.............................................................................28 Praia do Vitorino...........................................................30 Ilha de Paquetá...............................................................32 Ubatubinha........................................................................34 Sítio Forte............................................................................36 Freguesia de Santana.................................................38 Lagoa Azul..........................................................................40 Lagoa Verde.......................................................................42 Enseada de Araçatiba................................................44 Saco do Céu......................................................................46 Praia da Feiticeira...........................................................48 Enseada do Abraão.....................................................50 Cajaíba...................................................................................52 Praia do Pouso................................................................54 Tarituba.................................................................................56 Praia do Baré....................................................................58 Praia do Jurumirim.......................................................60 Ilha de Cotia......................................................................62 Paraty Mirim......................................................................64 Mamanguá........................................................................66 POINTS DE MERGULHO...............................................68 Encouraçado do Aquidabã...................................72 Pingüino...............................................................................74 Naufrágio do Vapor Bezerra de Menezes.......76 Naufrágio Califórnia...............................................................78 Laje Branca e Parcel da Laje Branca........................80 Laje do Matariz...........................................................................82 construção amadora..........................................84



Ricardo Alexandre

ANGRA DOS REIS E PARATY

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A região que abrange os municípios de Angra dos Reis e Paraty é conhecida mundialmente por suas lindas praias de águas cristalinas e finas areias brancas. Somente na primeira cidade, há registro da existência de 365 ilhas e centenas de praias. A baía da cidade histórica tem, aproximadamente, 50 praias. Em ambas as cidades, muitas praias têm seu acesso apenas por barcos, como no caso da Ilha Grande, que tem 193 km² de praia e uma vegetação exuberante formada por mata atlântica, mangue e restinga. São locais ideias para a prática de mergulho e pesca. Mas por sua diversidade e grandiosidade, umas férias apenas não são suficientes para conhecer tudo. Além da beleza natural, a região também é rica por oferecer uma vasta opção de pousadas, campings, bares, restaurantes e comércio para turistas. Mesmo as pequenas comunidades espalhadas pela ilha, são dotadas de infraestrutura turística. O Guia O Melhor do Mar traz toda a informação necessária para quem deseja conhecer este paraíso, que é um verdadeiro santuário ecológico de beleza incalculável e inenarrável. Vale a pena conferir!

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segurança no mar Texto Comandante Martins

O mar não nos dá a oportunidade de adivinhar o que vai acontecer quando estivermos navegando. Nós, marinheiros, temos intuição sobre algumas decisões que devemos tomar, mas nunca vamos tê-la sem antes passarmos por um correto aprendizado e depois, a consequente prática, para saber como navegar com segurança. Sabemos que os acidentes no mar são sempre causados por alguns erros que se somam. Já sabemos também que os acidentes são, em sua maioria, causados por erro humano. Mas por que eles ocorrem? Podemos enumerar como principais motivos o desconhecimento das regras de segurança no mar e, principalmente, nas enseadas, águas restritas e proximidades

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de terra e praia. Podem ser decorrentes também por má avaliação das circunstâncias do momento, por desconhecimento, incompetência, imprudência ou arrogância. Podemos considerar que estes erros são, comumente, as principais causas dos acidentes. Outras razões podem ser consequência da ingestão de bebida alcoólica pelo condutor da embarcação, de avaria na embarcação e, inclusive, pelo estado do mar. Precisamos então, para minimizar acidentes, tornar usual uma boa preparação para irmos para o mar. Dentro deste importante item temos de checar se nossa embarcação está dotada do material necessário a navegar na área que nos propusemos. Essa verificação deve passar pela vistoria dos


coletes salva-vidas, não só em quantidade para todos os tripulantes e passageiros, mas também em seu bom estado de conservação para, se preciso, ter um uso eficaz. Devemos ter o extintor de incêndio a bordo e dentro do prazo de validade. Temos que passar sempre uma vistoria nos nossos cabos e amarras, além da âncora para fundeio. É necessário manter uma manutenção preventiva adequada dos equipamentos propulsores, que são os nossos motores e seus componentes e acessórios. Precisamos verificar o perfeito funcionamento do nosso equipamento rádio trocando comunicações com nossa base em terra. Temos

que verificar se colocamos o combustível necessário para a ida ao nosso destino (um terço do total), volta para nossa base (outro um terço) e igual quantidade para uma emergência. Faz parte também dessa preparação o ensinamento aos tripulantes com a realização de cursos e treinamentos para aumentar o seu preparo pessoal, não só no perfeito conhecimento da embarcação, como naquele que consolida a utilização dos equipamentos eletrônicos disponíveis a bordo. É essencial o aprendizado de como navegar utilizando a carta náutica, que devemos ter sempre a bordo, principalmente as das áreas em


que vamos navegar. Devemos ter em mente que os eletrônicos são equipamentos valiosos para o auxílio à navegação, mas não funcionarão em caso de falta de energia a bordo. O conhecimento de meteorologia e estabilidade da embarcação faz parte de um bom preparo do marinheiro. É imprescindível, no caso de navegarmos oceano afora, que se tenha o conhecimento e o treinamento de navegação astronômica – no mínimo o cálculo da posição pela passagem meridiana do sol. Devemos ter o perfeito entendimento que o valor gasto na preparação da tripulação não pode ser contabilizado como custeio, mas sim como um investimento. Esse preparo, além de manter o nosso patrimônio intacto, nos dá a segurança da preservação do nosso bem maior que é o patrimônio humano que corresponde à nossa família e amigos que estarão em nossa embarcação. Podemos, também, evitar acidentes conhecendo as regras para evitar abalroamento no mar, através do RIPEAM (Regras internacionais Para Evitar Abalroamento no Mar), pois, o desconhecimento delas ou a desobediência em seu cumprimento pode contribuir para a ocorrência de acidentes. Vamos aprofundar, expandir e em alguns assuntos mais importantes, repetir o que já

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falamos, em outros artigos, sobre as normas, regras e procedimentos para uma navegação segura. Vamos lá: para a segurança e salvaguarda da vida humana no mar devemos ter conhecimento das Normas da Marinha do Brasil e, efetivamente, empregálas, além da preparação que devemos realizar para obtermos a qualificação para pilotar. Para confirmação desse aprendizado temos que ser aprovados em provas obrigatórias, regidas pela NORMAM 03/DPC – Normas da Autoridade Marítima para Amadores, Embarcações de Esporte e/ou Recreio e para Cadastramento e Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades Desportivas Náuticas e que são as de Arrais, Mestre e Capitão Amador. Deste modo, estaremos aptos a receber a carteira de habilitação concedida pela Marinha. É sempre recomendável a participação em cursos presenciais aonde as experiências dos instrutores serão repassadas aos alunos e as dúvidas serão sanadas. Aconselho os cursos sobre os eletrônicos GPS, Radar e Sonda que são importantíssimos como auxílio à navegação. Alguns cursos náuticos oferecem módulos avulsos de navegação pela carta, navegação astronômica e meteorologia. Falando sobre meteorologia e mau tempo é importante ressaltar os seguintes itens:


- atente para as condições meteorológicas (sua marina lhe fornecerá) e não saia, ou retorne à sua base, se surgir más condições de tempo; - observe se durante a sua singradura surgir sinais de mau tempo, tais como: aumento da intensidade do vento, queda acentuada da pressão atmosférica, temperatura em ascensão e mudanças no estado do mar; - não seja imprudente ao persistir em conduzir sua embarcação se as condições adversas de mar e tempo que comentamos nos itens acima, acontecer; - se tiver que enfrentar condições de mar adversas não se

esqueça de manter corretamente fechadas as aberturas através das quais a água possa entrar na sua embarcação. O colete salvavidas deverá ser usado por todos a bordo; e, - navegar sempre com toda a atenção visual procurando observar o seu entorno e, principalmente, sua proa, mesmo que você seja um excelente navegador por eletrônicos. Espero que você tenha deixado ou enviado para sua base o “aviso de saída e chegada” que visa manter o controle sobre sua movimentação de modo que seja possível identificar e localizar sua embarcação em caso de necessidade de socorro ou de


salvamento; Estamos vendo que os acidentes acontecem não por falta de normas e regras, pois, as NORMAM Normas da Autoridade Marítima estão aí (no site da DPC - Diretoria de Portos e Costas). Desconhecêlas ou não usá-las pode sim ser causa de acidentes. Como lembrança, vamos listar alguns procedimentos que devem ser seguidos à risca, principalmente, nas proximidades de terra e praia: - a obediência às áreas seletivas que delimitam aonde uma embarcação pode navegar. A Norma diz que não se pode navegar com embarcação a motor a menos de 200 metros da linha base da praia, de modo a permitir que os banhistas ali permaneçam. - outro procedimento que dará mais tranquilidade para os banhistas e, por que não, também para as embarcações, é a que permite que elas possam chegar próximo a praia para um fundeio, ou deixar pessoal na praia, por exemplo, mas terá que fazê-lo com velocidade menor do que 3 nós, o equivalente a 5,6 quilômetros por hora. Esta aproximação à praia deverá ser sempre realizada perpendicularmente à linha da costa. O porquê não falar, também, sobre outro acidente que vez por outra ocorre e que é, literalmente, o “atropelamento” de mergulhador. Não se deve mergulhar sem ter, no mínimo, outro mergulhador junto,

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além de marcar a posição, em torno da qual irá mergulhar, com a bandeira apropriada (ALFA ou “diver down”) fixada em uma boia de modo a ser visível para qualquer embarcação que se aproxime. Esta bandeira significa: mergulhador na água mantenha-se afastado. Voltemos a alguns itens básicos que devemos verificar, de modo a termos a máxima certeza de que a nossa embarcação está preparada antes de qualquer saída. Alguns, pela sua importância, serão repetidos. Do que consta este procedimento? Para facilitar devemos preparar e depois percorrer uma lista de verificação -“check list”. Tome como itens importantes os seguintes: - se os equipamentos de navegação estão funcionando perfeitamente; - se a embarcação está dotada com os equipamentos de salvatagem e segurança necessários e compatíveis com a singradura que irá realizar; - se o material de combate a incêndio está dentro da validade e em bom estado; - se os equipamentos de radiocomunicação estão com o seu funcionamento normal; - se estamos com a dotação correta e completa dos artefatos pirotécnicos e se eles estão dentro do prazo de validade; - se em sua embarcação constam as publicações e cartas de navegação da região onde você


pretende navegar; - verificar se as defensas estão a bordo; - verificar se todo o material, equipamentos e demais objetos existentes a bordo estejam guardados ou amarrados (peiados), de modo a minimizar a possibilidade de que o deslocamento do barco possa acarretar avarias ou ferimentos na sua tripulação e ou passageiros. Sempre é bom frisar: - abastecer observando a regra de “um terço”, de modo a que sua embarcação não fique à deriva por falta de combustível: 1/3 para a ida, 1/3 para a volta e 1/3 para reserva; (retirar o que estava aqui escrito)

- verificar se os cabos de bordo estão em perfeito estado, tanto as espias como o cabo de fundeio. Este deverá ter um comprimento de, no mínimo, sete vezes a profundidade do local em que se pretenda fundear. Essa lista de verificação deverá ser acrescida de vários outros itens que os Comandantes acharem que são necessários checar ao irem para o mar. Nossos Comandantes devem estar pensando - depois do que li até agora será que conseguirei navegar com segurança? É muita coisa que tenho que fazer antes de sair! É muita coisa que eu tenho que saber! Não vou enganá-los, pois, devo dizer que o que foi comentado


aqui não é, nem de perto, tudo que o proprietário da embarcação e/ou seu marinheiro precisa(m) saber. Além do mais não tenho a audaciosa pretensão de esgotar o assunto nestas poucas linhas, já que vários livros e compêndios sobre segurança no mar já foram muito bem escritos. No entanto, é com cursos, leituras e estudos, e, além disso, a prática, é que irá fazer com que haja uma absorção desses conhecimentos. Ainda bem que sempre temos algumas ideias para nos ajudar na

navegação. Podemos confeccionar uma pasta para arquivo onde é colocada a maioria das regras, normas e procedimentos, de maior uso, para uma pronta consulta. Por exemplo: quadro de regras de manobra, quadro de luzes e marcas, quadro de balizamentos, sinais sonoros e luminosos, “check list” de preparação antes da saída, entre tantos outros e, por que não, alguns artigos que você leu e que poderá ajudá-lo a ser um Comandante competente. Esse é um bom procedimento.

Façamos um resumo com os 10 (dez) mandamentos que vamos ver sempre afixados nas Capitanias, Delegacias e Agências dos Portos: 1 Faça a manutenção correta de sua embarcação; 2 Tenha a bordo o material de salvatagem prescrita pala Capitania; 3 Respeita a lotação da embarcação e tenha coletes salva-vidas para todos os tripulantes; 4 Mantenha os extintores de incêndio em bom estado e dentro da validade; 5 Ao sair, informe o seu plano de navegação ao seu iate clube, marina ou condomínio; 6 Conduza sua embarcação com prudência e em velocidade compatível para evitar acidentes; 7 Se beber, passe o timão para alguém habilitado; 8 Mantenha a distância das praias e dos banhistas; 9 Respeite a vida, seja solidário, preste socorro; e, 10 Não polua o mar. 18

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Tenha sempre em mente que a segurança da navegação e a salvaguarda da vida humana no mar são tarefas e responsabilidades não só da Marinha do Brasil, mas de todos aqueles que, direta ou indiretamente, estejam envolvidos com a navegação. Como conclusão, afirmamos que evitar acidentes é a razão e o porquê da necessidade de aprender a navegar com segurança. O mar não perdoa e castiga os incautos, os imprudentes, os arrogantes e os incompetentes. Portanto, o conhecimento das regras, normas e procedimentos de segurança é imprescindível para manter vidas

em alegria e usufruindo de toda a harmonia e beleza que o mar nos apresenta. Agora sim Comandante, Tudo safo! Você conheceu ou relembrou os itens principais que poderão lhe dar a segurança para a sua navegação. Com estes conhecimentos e observando-os tenho certeza que bons ventos (retirar o fracos) e mares tranquilos o seguirão. Boné na cabeça, charuto na mão, para aquele que gosta, copo na outra - desde que não esteja pilotando – família e amigos a bordo, largue as espias, proa mar afora e curta bem os seus maravilhosos dias navegando.


equipamentos necessários para uma navegação segura

Texto Sérgio Pinheiro

Tão importante para o navegador quanto para o turista que vai passear em algum tipo de embarcação, é o conhecimentos dos itens de segurança exigidos pela Marinha do Brasil. O mar, mesmo em ambientes

de baía com águas protegidas, pode surpreender por viradas repentinas de clima, com ventos fortes, ondas altas, chuva e frio. Para ajudar a evitar desastres alguns itens são indispensáveis, são eles:

colete salva vidas boia circular

Farmácia de bordo rádio vhf

bote inflável 20

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sinalizador


nunca entre em embarcações que não apresentarem estes itens. os itens indispensáveis para o turista que vai parao mar são: roupa extra óculos de sol repelente

máquina fotográfica

chápeu

protetor solar


código internacional de navegação marítima

O código internacional de sinais (CIS) utilizado pela navegação

marítima serve de comunicação entre duas ou mais embarcações.

ALFA •-

Carrego, descarrego ou transporto carga perigosa.

Sim (Afirmativo).

Mantenha-se afastado, estou a manobrar com dificuldade.

CHARLIE -•-•

ECHO •

Estou a guinar para estibordo (boreste).

GOLF --•

Necessito de um piloto (prático).

INDIA ••

Estou a guinar para bombordo.

KILO -•-

Tenho uma comunicação a fazer.

MIKE --

O meu navio está parado.

OSCAR ---

Homem ao mar.

YANKEE -•--

Estou a garrar (arrastar a âncora).

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BRAVO -•••

Tenho um mergulhador na água; conserve-se afastado e a pouca velocidade.

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DELTA -••

FOXTROT ••-•

Estou com avaria; comunique comigo.

HOTEL ••••

Tenho piloto (prático) a bordo.

JULIET •---

Estou com incêndio a bordo: mantenha-se afastado.

LIMA •-•-

Você deve parar sua embarcação imediatamente.

NOVEMBER -•

Não (Negativo).

QUEBEC --•-

Peço livre prática (licença para entrar em porto).

ZULU --••

Peço reboque.


PAPA •--•

No porto: todas as pessoas devem regressar a bordo, pois o navio vai largar. No mar: pode ser usado por embarcações de pesca para dizer: "Minhas redes podem obstruí-lo".

ROMEO •-•

Sem significado (na Marinha Portuguesa esta bandeira poderá significar que o navio está em missão de busca e salvamento (SAR - Search And Rescue), em missão de fiscalização ou a efetuar operações de reabastecimento no mar).

SIERRA •••

Estou a fazer marcha a ré a toda a força.

UNIFORM ••-

Vai sobre um perigo.

WHISKEY •--

Peço assistência médica.

TANGO Mantenha-se afastado.

VICTOR •••-

Peço assistência.

XRAY -••-

Pare as suas manobras.


rotas náuticas

baía da costa verde, para navegar em qualquer estação Por Sérgio Pinheiro / Fotos por Ricardo Alexandre

a

melhor maneira de conhecer as belezas naturais marítimas de Angra dos Reis e arredores é, sem dúvida, a bordo de uma embarcação. Com uma lancha, escuna ou veleiro é possível desfrutar de momentos maravilhosos. Cada tipo destes barcos possui suas vantagens. As lanchas são rápidas e grandes distâncias em milhas podem ser percorridas; as escunas oferecem passeios mais curtos com mais pessoas a bordo, com música e almoço a bordo; os veleiros, por sua vez, são ideais para aqueles que têm tempo para curtir os passeios com uma boa dose de conforto, podendo habitá-los, se economiza com pousadas, hotéis e restaurantes.

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Ricardo Alexandre

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ilhas de

cataguás

Estas duas ilhas, nas cartas digitais da Garmin, a maior recebe o nome de Ilha do Peregrino e a menor recebe o nome de Cataguás. As águas são abrigadas, tranquilas e transparentes. A Ilha de Cataguás é a mais indicada para pisar na areia, mas a outra também tem duas pequenas praias. Entre as ilhotas formou-se um tipo de piscina natural. Na parte leste das ilhas, bem próximo a elas, existe uma grande formação de lajes onde a pesca esportiva geralmente promete. 23°01.341`S 044°16.976`W

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Marco Terranova

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ªROTA náutica

As ilhas da Gipóia, Botinas e Cataguás são verdadeiras joias raras para os navegantes e consideradas uma rota classe A, pois envolve o que existe de mais bonito na região da Baía de Angra dos Reis. Suas águas plácidas atraem navegadores o ano inteiro, com mais intensidade na alta temporada, de dezembro a março.

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ilhas botinas

Vamos rumar agora para as Ilhas Botinas. Recebem este nome porque dependendo do ângulo de visão, elas se assemelham mesmo a duas botas. Local perfeito para mergulho com snorkel. Peixes multicores chegam até a borda do barco para receber comida. O local é intensamente visitado e vale à pena chegar cedo ou no final do dia. A ancoragem é temporária, desabrigada e, em caso da entrada de ventos fortes, convém levantar âncora e procurar abrigo.

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Ricardo Alexandre

23°03.219`S 044°19.778`W

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Luiz Fernando Lara

praia de

JurubaĂ­ba 30

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a

Um bom local é a Ilha da Gipóia, que só ela vale mais de um dia de explorações.A praia mais badalada é a praia de Jurubaíba. Nela, concentra as maiores festas de verão a bordo, com centenas de barcos ancorados uns do lado dos outros, muita música e gente bonita. Têm restaurantes flutuantes que entregam a comida e bebidas inclusive a bordo, é só chamar pelo canal 16 do VHF. 23°3'51"`S 044°21'18`W Ricardo Alexandre


Sérgio Pinheiro

Praia do

vitorino

A praia do Vitorino possui um restaurante de altíssimo nível. Também tem uma pousada espetacular se você quiser fugir de dormir a bordo. Desta praia é possível acessar, por trilha, a linda Igreja da Piedade e a Praia da Piedade. Vale a pena fazer a caminhada. 23°02,88'`S 044°20,90'W

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ªROTA náutica

Beleza aliada a exclusividade, são o que encantam e atraem.

Ilha de Paquetá

Na Ilha de Paquetá o charme é ficar a bordo e ver desfilar as grandes lanchas que chegam do complexo do Frade. Ás águas são transparentes – existem duas praias – uma voltada para mar aberto com ondas e na pequena praia de dentro as águas são tranquilas e tem um quiosque que serve pastéis de camarão.

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Ricardo Alexandre

22°59.337`S 044°24.255`W

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3

ªROTA náutica

A Enseada do Sítio Forte reúne várias praias, muitas trilhas e cenários de extrema beleza com montanhas e vasta Mata Atlântica e, por isso, tornou-se um ponto de encontro bastante procurado pelos navegantes, principalmente por ser um local ideal para o banho de mar, observação de tartarugas marinhas, mergulho em naufrágio, caminhadas, trilhas e noites de sono para relaxar.

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Sérgio Pinheiro

ubatubinha

Localizada no fundo da enseada de costas para o quadrante sul, tem um restaurante do lado direito da praia e um ponto flutuante para abastecer de água doce. Pela manhã e final do dia, um grupo de gansos se aproxima do costado do barco a espera de comida. Também é possível acessar a continuação da trilha T6 para a Praia da Longa. No sentido inverso da trilha T6, fica a Praia da Tapera. Nela, tem restaurante e ducha com água de cachoeira para refrescar. Nesta praia, existe duas Lajes, sendo uma mais profunda sem perigo e a outra, a seis metros e bem mais encostada em terra, onde tem uns restos de um cais de concreto antigo usado pelos sardinheiros. Logo a seguir, vem a Praia do Sítio Forte, considerada o melhor ponto de ancoragem. Na praia tem algumas casas de caiçaras e uma trilha que vai seguindo em direção a Enseada do Bananal. As trilhas são bem sinalizadas e abertas, sem oferecer perigo, mas convém ir prevenido com água, lanche, repelente para mosquitos, protetor, óculos de sol, boné e calçado adequado. 23°07.882`S 044°17.810`W

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Sérgio Pinheiro

sítio Forte

Na Praia do Sítio Forte, tem sinal de celular e para quem está embarcado, tem bar flutuante com deck que permite atracar. A enseada também é ponto de parada de enormes grupo. 23°08.146`S 044°17.085`W

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A enseada também é ponto de parada de enormes grupos de botos, que muitas vezes entram a noite, transformandose em um espetáculo de ficar sem fôlego. Eles saltam e fazem várias manobras para cercar os cardumes, chegando bem perto dos barcos ancorados. A Enseada do Sítio Forte é um local ótimo para fincar âncora e passar algumas noites bem agradáveis, além de estar bem perto de Angra (sete milhas) – é o melhor ancoradouro protegido da ilha quando da entrada de frentes frias fortes. As águas são ideais para nadar, bem tranquilas, e existem pontos de mergulho profissional e amador.

Sérgio Pinheiro


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ªROTA náutica

Conhecer e explorar a Freguesia de Santana, na Ilha Grande, pode se transformar em uma experiência única e inesquecível para os amantes da navegação marítima. A natureza reina e a rica Mata Atlântica se funde com o mar proporcionando à praia um espetáculo de cores com inúmeras tonalidades de verde. Local ideal para parada de escunas, lanchas e outros tipos de embarcações.

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Alexandre Mariano

Freguesia de santana

Incluímos a Freguesia de Santana porque vale à pena acessar a bela praia com boias sinalizadoras de área restrita para banhistas. Tem uma igrejinha muito simpática e foi um dos lugares mais famosos da região da Costa Verde na época colonial - na produção de café. Um conselho prático: ancore na Lagoa Azul e acesse de bote passando pelo pequeno canal que separa a Ilha dos Macacos da Ilha Grande. Depois passa pela Praia da Baleia também muito bonita, e após uns dez minutos você está na freguesia (também tem trilha) a partir da Praia de Baixo, distante da lagoa uns mil metros. 23°05.385`S 044°13.987`W

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Acervo TurisAngra

lagoa azul 23°05.002`S 044°14.229`W

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A Lagoa Azul é assim chamada porque suas águas são muito transparentes e em dias de sol refletem o azul do céu tornando o cenário digno do Caribe. É formada por um complexo de ilhas (Macacos, Comprida e Redonda) e dá impressão de você estar em uma lagoa. As atrações são mergulho de snorkel nos corais e badalação a bordo, já que no verão o lugar incendeia. Também serve de parada para escunas de turismo. Na prainha da Ilha dos Macacos tem um pequeno barzinho que serve porções de frutos do mar. Se a ideia é pernoitar e o lugar estiver muito cheio, pode ancorar na Praia de Baixo, na direção sul. É tranquila e da para fazer uma boa caminhada na areia ao despertar.

Luiz Fernando Lara


Sérgio Pinheiro

Lagoa Verde

Com seus costões repletos de luxuriante Mata Atlântica, que refletem no mar, dando a tonalidade esverdeada. A falsa lagoa é formada pelo encontro da Ilha da Longa com a Ilha Grande.Também é um dos “points” quentes da ilha durante o verão, quando rola muita música e paquera entre os ocupantes dos barcos. Tem restaurante flutuante. Também, como de resto nesta região da ilha, da para fazer bons mergulhos de snorkel e praticar esportes aquáticos como standup, e skiaquático. Suas águas são bem tranquilas e sem ondas. O fundo é de areia e não se aconselha pernoitar a bordo no lugar, que é desabrigado.

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ªrota náutica

Como todos sabemos o mar não tem cor – as diferentes cores que ele pode apresentar depende do meio envolvente, ou seja, quanto mais céu, mais o mar fica azul; quanto mais verde, o mar fica verde.

23°08.317`S 044°19.347`W

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Ricardo Alexandre

enseada

de araçatiba 23°09.181`S 044°19.524`W

A Enseada de Araçatiba possui pousadas, restaurantes e uma bela e extensa praia. Também tem telefone público e um pequeno posto de saúde. No canto sul, tem uma pequena praia – Araçatibinha - aquele tipo de prainha idílica, de cartão postal ou de pintura antiga da casa da vovó. Muito linda, vale a visita.

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Sérgio Pinheiro

saco do céu

O Saco do Céu é famoso por receber muitas celebridades que bate ponto e se diverte com seu potente barco de corrida movido a turbinas de avião. Existem ótimos restaurantes que abrilhantam o charme do lugar. Mas tome atenção quando entrar uma frente fria, pois para o lado sul, as montanhas fazem uma espécie de funil e o vento entra canalizado e forte. Reforce a amarração e dê mais cabo a âncora, pois vai precisar. Também existem muitas trilhas e uma delas leva a uma grande formação rochosa, que do alto, da uma vista incrível de todo o Saco. 23°06.365`S 044°12.053`W

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ªROTA náutica

O grande número de estrelas-do-mar existentes nas águas de algumas praias ou o céu refletivo em suas águas originou o nome da Enseada das Estrelas, na Ilha Grande. O fato é que suas águas extremamente tranquilas e claras fascinam e tornam o local um dos mais visitados na região.

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Sérgio Pinheiro

Praia da Feiticeira

A Praia da Feiticeira, como o mesmo nome diz, é de enfeitiçar, de tão linda. Têm costões rochosos, praia de fundo bem inclinado com águas muito transparentes e formações de corais. O Saco do Céu e a Praia da Feiticeira fazem parte da Enseada das Estrelas, e nela você encontra mais três praias de interesse satisfatório.

23°07.165`S 044°11.197`W

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Alice Sauma

enseada do abraão 23°08.375`S 044°09.617`W

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A vila abriga mais de uma centena de restaurantes e ótimas pousadas, hostels e campings. Para os navegantes, o melhor local para ancorar para pernoite é na Praia da Júlia e Crena no quadrante sudoeste. Outras atrações a pé, é tentar subir o Pico do Papagaio, que tem um visual deslumbrante. Para fazer a trilha é necessário ir em grupo e com guias especializados. Você consegue se informando no Centro de Visitantes, logo depois do cais das barcas. Neste sentido, também vale a pena caminhar até a trilha que da acesso à Praias Preta e as ruínas do Antigo Lazaredo, onde existe uma bela cachoeira.

Edmar Tavares


Sérgio Pinheiro

rota paraty

cajaíba

Cajaíba é o melhor local para pernoite, porque sim capitão, está é a região mais selvagem desta parte da Costa Verde e recantos interessantes não faltam. Sempre observando a metereologia, a leitura do barômetro e uma conversinha boa com os caiçaras em terra, você terá tranquilidade para passar belos dias a bordo. Na Grande da Cajaíba, o bom é ancorar próximo no canto esquerdo da praia, onde existe um pequeno quiosque caiçara que vende refeições a base de peixe bem fresquinho, normalmente apanhado do cerco comunitário. Na praia tem poucas casas, tem um rio - o Rio Itaóca - e tem ducha de água doce. Por trás da vegetação rasteira da margem existe uma lagoa. Se quiser deixar o barco ali ancorado, da para fazer uma trilha bem interessante.

23°16.156`S 044°34.763`W

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ªROTA náutica

Está é uma rota para navegadores mais experientes. A região é a mais distante dos grandes centros e ainda preserva as características naturais e humanas dos tempos mais antigos. Também o mar aqui não pode ser descuidado. Mudanças repentinas de tempo podem gerar uma onda com mais de três metros de altura.

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Sérgio Pinheiro

Praia

do Pouso 23°16.413`S 044°32.907`W

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A Praia do Pouso é o “centro nervoso”. Têm pequenos bares, pequeno mercadinho e até uma padaria. Com a ajuda dos caiçaras, é possível fazer umas trilhas bem interessantes - até o Farol da Juatinga e algumas praias do lado aberto do oceano. Vale a pena o esforço, pois você vai encontrar as mais lindas e selvagens praias do Brasil. Do morro do farol é possível avistar, em dias claros, Ilha Bela. Mas voltando a bordo, na Praia do Pouso, ancoragem só temporária, o mesmo para a comunidade da Ponta da Juatinga. Tem várias poitas espalhadas – é possível alugar alguma com o pessoal da terra. Aqui, a grande pedida

é a pesca esportiva embarcada, onde você poderá capturar grandes exemplares de peixes de passagem, como bonitos e olhetes. Próximo aos costões, quem sabe, uma garoupa de bom porte. Também é fácil comprar peixe com os caiçaras. Todos ali dependem da pesca e também possuem cercos comunitários – onde é feita a engorda dos peixes que são capturados vivos. Peixe a bordo para o churrasco não vai faltar. Vamos falar das águas – são profundas e muito claras, ideais para o mergulho autônomo profissional. É preciso ficar atento as fortes correntes que podem surgir em determinados trechos e períodos do dia.


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ªROTA náutica

Esta rota foge um pouco das rotas tradicionais das embarcações de esporte e lazer, mas mesmo por este motivo, depois de você conhecer as belezas e a tranqüilidade do lugar, vai achar ótimo ter escolhido este cantinho para relaxar a bordo. Literalmente é para relaxar, pois o mar é muito tranquilo, mesmo que lá pelo lado de fora esteja batendo.

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tarituba

A Vila de Tarituba é famosa depois que lá foram rodadas cenas da consagrada novela “Mulheres de Areia”. Tem ótimos restaurantes e uma igrejinha tradicional bem no canto esquerdo da praia da Vila. Tem um cais usado mais para os barcos de pesca, mas da para atracar na ponta dele, quando a maré estiver alta para barcos até um metro e meio de calado. No lado oposto da vila, tem uma prainha bem charmosa e um pouco mais adiante - o bom é ir de bote - tem outra mais charmosa ainda, com uma pequena cachoeira bem no cantinho da extrema direita. Tem chuveiros na praia e pousadas pequenas, mas muito aconchegantes. 23°02.44`S 044°35.43`W

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ªROTA náutica

Este roteiro é especialíssimo para quem tem pouco tempo, como um curto fim de semana. Se o barco já estiver em Paraty, melhor ainda.

Praia do Baré

É uma praia tranquila e com uma boa faixa de areia clara. Possui uma mata nativa bastante preservada, com várias árvores, que fornecem boa sombra. Costuma ser frequentada por moradores próximos e não possui infraestrutura. Por isso é aconselhável que o visitante leve alimentos e bebidas para sua estadia. Suas águas tranquilas mais parecem um lago, proporcionando aos turistas um ótimo lugar para o descanso.

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23°12'30''S 044°39.35`W

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Praia do Jurumirim 23°12'41''S 044°39.928`W

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A Praia de Juruminzinho é um ótimo local para avistar tartarugas. No seguimento, temos a famosa Praia do Jurumirim, onde o grande navegador brasileiro, Amyr Klink possui uma modesta casa de fins de semana e de onde partiu e chegou de várias travessias oceânicas. A praia, atualmente, tem área restrita para banhistas sinalizadas por bóias amarelas. Deve-se tomar atenção a existência de duas lajes, bem próximas a superfície, localizadas no canto direito de quem entra. Nos fins de semana e temporada, o local é visitado também por escunas de passeio e convém ancorar mais afastado para não se envolver nas confusões de ancoragem.

Sérgio Pinheiro


Sérgio Pinheiro

ilha da cotia

Com piscinas naturais que se formam com a maré baixa – e a Praia de Dentro – pequena extensão, menos de cinqüenta metros e onde serve de porto para os botes de apoio. O fundo é de boa tença e a ancoragem é tranqüila. Muitos aportam por estas águas e literalmente se esquecem do tempo.

23°13'603'S 044°38.481`W

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ª ROTA náutica

Esta rota é considerada por muitos navegadores como a melhor de toda a Costa Verde. Os motivos são diversos, tais como lugares incríveis para pernoitar a bordo e muitos recantos para visitar e, isso tudo em um espaço relativamente pequeno. Isso porque a região do Mamanguá e em torno de Paraty-Mirim possui uns dez quilômetros de comprimento, por uns vinte de largura. Dormir a bordo é como se estivesse em terra, o barco não mexe.

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Sérgio Pinheiro

Paraty mirim

Paraty-Mirim que está no quadrante sudeste e tem duas praias, sendo a primeira na vila onde existe uma antiga capela da época colonial e a segunda, dividida pelo Rio Paraty-Mirim, é extensa, mais selvagem e os banhistas se divertem tomando banho hora nas águas doces do rio, hora nas salgadas do mar. Não tem bares e sem construções. Águas transparentes e mornas. Na vila tem ponto de ônibus, telefone público e um pequeno bar ao lado da igrejinha. Para comprar suprimentos e combustível, só mesmo em Paraty

23°14'24'S 044°37.56`W

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Lanchas Ilha Grande


Sérgio Pinheiro

mamanguá

De contornos sinuosos é em estilo fiorde. Uma longa língua de mar adentra oito quilômetros por terra, circundada por muitas praias, montanhas, rios e mangues. Tem divertimento para todos os gostos. Dá para fazer rapel, trilhas, remar, ski, nadar, mergulhar, velejar ou então ficar só “lagarteando” em uma de suas muitas praias. A mais visitada é a da Vila do Cruzeiro, onde existe uma comunidade tradicional. Têm restaurantes caiçaras; uma igrejinha; um centro comunitário que abriga o Projeto Azul Marinho de resgate da cultura tradicional; têm os artesãos de madeira de caixeta, que fazem lindas miniaturas de barcos; tem a trilha para o topo do Morro do Pão de Açúcar, entre outros. 23°14'235'S 044°36.481`W

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points de MERGULHO

Baía da Ilha Grande, paraíso dos mergulhadores Na baída da Ilha Grande, além das dezenas de points de mergulho, há uma grande diversidade de espécies marinhas, grutas subterrâneas, naufrágios e muitos outros atrativos garantem muita adrenalina e aventura. Se sobre as águas, a Baía de Angra é deslumbrante, sob elas, a situação não é diferente. São mais de 50 points de mergulho na região, entre ilhas, lajes, costões e naufrágios. Mergulhadores de todo o planeta frequentam a região para se deliciar com uma vida submarina de rara beleza. A Ilha Grande possui locais especiais para o mergulho. Aqui é possível mergulhar de forma profissional em níveis diversos, mas também existe o mergulho amador com snorkel, máscara e pés de pato. Existem belezas a pouca profundidade como na Lagoa Azul - Ilha Grande, onde o mergulhador pode observar cenários de tirar o fôlego a três metros de profundidade. Com muitas áreas protegidas, a caça submarina não é mais uma atividade bem vista na baía. Antes, o melhor é trocar os arbaletes por máquinas submarinas e levar do fundo do mar, somente a viva lembrança de eternos momentos mágicos, deixando a natureza seguir seu curso.

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Elite Dive Center

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Diver down regras de seguranรงa Por Armando Martins

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Na hora de mergulhar, todo cuidado é pouco para evitar incidentes. Algumas regras devem ser seguidas e uma importante do mergulho é que não se deve mergulhar sem ter, no mínimo, outro companheiro, além de marcar a posição em torno da qual irá mergulhar com uma bandeira fixada em uma bóia de modo a ser visível para qualquer embarcação que se aproxime. Esta bandeira poderá ser a bandeira ALFA, que é branca, ao lado do mastro, e azul, com um corte em “V” do lado oposto ao mastro. Pode-se usar também a bandeira “diver down”, que é encarnada com uma lista branca diagonal iniciando no tope do mastro. As duas significam: mergulhador na água e mantenha-se afastado.


Encouraçado do Aquidabã

Um presente para os mergulhadores e uma viagem ao tempo é o que oferece a exploração no fundo do mar do que restou do encouraçado Aquidabã. Em 1906, o encouraçado Aquidabã fazia parte da 1ª Divisão Naval e foi convocado para uma viagem à Ilha Grande para "exercícios de telegrafia sem fio”. Durante a operação, recebeu ordem para seguir com o Cruzador "Almirante Barroso", que transportava uma comitiva com a função de inspecionar a Baía de Jacuacanga para a escolha do local de montagem do Arsenal de Marinha. Quando já estava fundeado em Jacuacanga, em 11 de janeiro, uma explosão levou-o ao fundo em poucos minutos, causando a morte de 112 pessoas. O navio está partido em diversos pequenos segmentos da proa a popa, com continuidade; o casco encontra-se ligeiramente adernado para bombordo entre 15 e 20 m de profundidade.

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José Eduardo Galindo

e o o s r a o o m

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23°02'541'S 044°15'181`W

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Elite Dive Center

23°07'06'S 044°16.992`W

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Pingüino

A riqueza no fundo da Baía de Angra parece ser inesgotável. Com 513 anos de existência, o local tem história e recebeu muitos navios, cargueiros e diversas outras embarcações de grande porte. Muitas delas sucumbiram aqui e agora são atrações tanto para o mergulhador profissional como para o amador. O cargueiro panamenho Pingüino é, sem dúvida, um dos pontos de mergulho mais visitado do litoral brasileiro. De fácil acesso, seus destroços atraem tanto mergulhadores iniciantes como mais experientes em naufrágio, que gostam de explorar suas entranhas, conhecendo porões, casario, motor e corredores. Em junho de 1967 partiu de Fortaleza para Buenos Aires, lotado de sisal, castanha de caju e cera de carnaúba. No caminho, em uma parada em Angra, um curto-circuito iniciou um incêndio. Impedido de voltar ao porto, ancorou a 800 metros da costa. Rebocado, na Enseada do Sítio Forte, acabou submergindo. Em dias de boa visibilidade é possível avistá-lo da superfície.

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José Eduardo Galindo

naufrágio do vapor bezerra de menezes

O destino do Vapor era Paraty, mas apenas dois quilômetros após ter saído do Porto de Angra, o navio naufragou, sofrendo um grande rombo em seu casco após bater na laje hoje conhecida como “Alagada”. A proa está a 7 metros de profundidade e outros destroços a 13 metros.

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23°02'075'S 044°18.037`W

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Naufrágio Califórnia

No ano de 1866, segundo registros históricos, o pequeno vapor movido a carvão e rodas de água afundou após ataque pirata próximo a praia Vermelha, na Ilha Grande. Sua carga consistiu em sua maioria, de armas e munição, “prato” preferido dos assaltantes do mar. O vapor encontra-se a 12 m de profundidade e, com o tempo, acabou perdendo seu formato de barco e agora se pode ver apenas peças espalhas na areia. Nesta área, pode-se observar várias espécies de peixes, moreias e arraias.

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José Eduardo Galindo

23°09'33'S 044°20'58`W

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Elite Dive Center

Laje Branca e Parcel da Laje Branca 82

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Nesta rota, especialmente na Laje Branca, é possível encontrar tartarugas, lagostas e moreias, além de muitas espécies de peixes. A laje, em formato redondo e de cume aparente, encontra-se no meio da baía de Ilha Grande e Angra dos Reis. Do lado de dentro, no Canal, está um dos melhores pontos de mergulho. Pelo seu formato é possível dar a volta em torno dela. Mas, prudência! Tome

cuidado com a corrente, procure não se afastar muito do barco e não desça mais que 12 m. Ao lado da Pedra Branca fica o Parcel da Pedra Branca, um point não muito conhecido. Apenas mergulhadores mais experientes se ariscam, pois a profundidade chega a 18m. Animais marinhos maiores podem ser visto nesta área: arraias, polvos e peixes grandes como badejo e garoupas. 23°8'15'S 044°20'49`W

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Laje do Matariz

O local é muito procurado pelos mergulhadores e uma das atrações, além da riqueza das espécies marinhas, é um helicóptero afundado. O Way Point fica próximo a praia do Bananal. A laje encontra-se a apenas 3m abaixo da superfície do mar e só pode ser vista em dias de forte ondulação, quando a onda estoura nela. No local, tem um marco instalado para avisar aos navegantes a sua profundidade, que chega a 16 metros. Em 1998, o helicóptero Esquilo da companhia Maricá Taxi Aéreos decolou, sob mau tempo, da praia da Mombaça em Angra dos Reis, com destino ao Rio de Janeiro, levando a bordo dois tripulantes e três passageiros, entre eles o proprietário do Hotel Glória, Eduardo Tapajós. Problemas no rotor da cauda o fizeram cair entre as pontas Gambelo e Grossa. A aeronave afundou rapidamente e apenas o empresário Eduardo Tapajós não conseguiu salvar-se. Após o acidente, o helicóptero foi içado e depois recolocado debaixo d'água próxima a Laje da Matariz. Ele está entre 9 e 12 metros de profundidade.

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José Eduardo Galindo

23°06'660'S 044°16'230`W

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construção amadora

os desafios de uma construção amadora Texto por Jorge Nasseh

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Não posso negar que como amador eu sempre fui muito crítico sobre a construção do meu primeiro barco. Quando eu escrevi o livro Manual de Construção de Barcos, há quase 15 anos, depois de ter construído ou participado da fabricação profissional de alguns milhares de barcos, eu cheguei ao ponto de me auto flagelar com comentários negativos sobre a qualidade final do barco, o que não é verdade. Em um dos capítulos iniciais do livro eu disse que a construção do meu primeiro barco foi um “desastre”. Pois hoje, escrevendo aqui sobre as memórias daquela construção, eu tenho que ratificar o meu erro. O barco era excelente! Para um construtor amador com 20 anos de idade, foi um mérito começar e terminar sozinho a construção de um veleiro de 27 pés. A construção do casco e do interior tinha a mesma qualidade de um barco profissional e embora eu tivesse que ter aprendido a laminar, lixar, pintar, fabricar móveis, instalar ferragens, motor, mastro, leme e a lista vai longe, eu não posso negar que foi uma das fases mais divertidas da minha vida de estudante de engenharia naval, na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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A ideia de construir este meu primeiro barco não foi somente minha. Eu tive a inspiração de um amigo que havia decidido construir um barco a vela de 30 pés, para dar a volta ao mundo. A sua decisão veio logo após a leitura do livro “A Volta ao Mundo em Solitário”, escrito pelo navegador Aleixo Belov que havia terminado em solitário sua primeira viagem pelos sete mares no pequeno veleiro “Três Marias”. Aquilo que era um feito! Este meu amigo não era muito mais velho do que eu. Nós remávamos desde os 15 anos de idade na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, e todos os dias colocávamos o barco na água para começar o treino antes das 5h da manhã. Depois do treino, eu ia para a escola e mais tarde para a Universidade. Ele ficava na garagem de remo pensando na vida. Ele era filho de uma família de usineiros de cana de açúcar em Pernambuco e veio para o Rio, pois adorava remar e competir. Com 18 anos, ele alugou uma Kombi usada, colocou um “single skiff” (barco olímpico a remo para um remador) e atravessou a União Soviética remando

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em regatas para amadores. Foi até a Sibéria dirigindo e dormindo na Kombi. Quando voltou para o Rio trouxe minha primeira bicicleta de corridas. Uma legítima Bianchi italiana que na época era uma raridade. No fim de semana seguinte ele me perguntou se eu queria ir e voltar até Teresópolis com ele de bicicleta. Eu disse que sim e nós saímos do Leblon às 7h da manhã para um “passeio” de mais de 200 km sem nada para comer, beber ou ao menos algum dinheiro. Quando nós voltamos para o Rio, no final da tarde, ele achou que, em algum momento, eu iria pedir para voltar, mas como isto nunca aconteceu, fizemos todo o percurso, incluindo uma subida de mais de 30 km sem trocar uma palavra. No dia seguinte, ele me disse que tinha pensado bastante no que havia acontecido no dia anterior e decidiu comprar uma motocicleta para ir até o Alaska e depois vir dirigindo sem parar até a Terra do Fogo, no Ushuaia. Foi o que ele fez! Percorreu mais de 20.000 km e chegou ao Rio em cima da motocicleta com uma das pernas e o maxilar quebrado. O homem não se queixava de


nada! Foi durante esta viagem que ele decidiu que iria construir um barco para poder ir mais longe. Foi até a minha casa e falou assim mesmo: “gostei da foto deste barco a vela aqui nesta revista inglesa. Você é engenheiro naval, certo? Então projeta ai um para mim que eu vou construir um igual. Quero ir visitar minha família na Suíça”. Tirando o fato de que a Suíça não faz fronteira com nenhum oceano, o pedido dele não soava nada excêntrico para mim.

Eu tinha realmente gostado do barquinho de 30 pés da foto, mas mesmo sendo engenheiro naval, eu nunca havia projetado um barco a vela. Sabia mal e porcamente desenhar as linhas de um cargueiro ou graneleiro, mas ele não se deu por vencido. Decidimos viajar juntos até a Europa para ver o Boat Show Londres. A ideia dele, e a minha também, era aprender a projetar um barco vendo alguns em exposição. Por sorte havia um stand que vendia livros de projetos de


barcos. Eu decidi comprar alguns deles e colocar na mala junto com uns folhetos que a gente tinha conseguido durante nossa expedição. Não demorou mais do que um mês para o projeto do barco estar pronto, e foi ai que ele começou a construir, em madeira moldada com epoxy, tudo feito a mão! A gente saia do treino de remo e ia direto para o lugar que ele tinha alugado para construir o barco. Estava tudo indo muito rápido quando eu tive que viajar. Tinha chegado a hora de eu começar o meu mestrado em engenharia e meu orientador tinha me sugerido uma universidade na Alemanha. Fui viajar por alguns meses, mas eventualmente perguntava como estava indo a construção do barco e sempre a resposta era: “estou gostando tanto que montei um barraco do lado do molde para poder trabalhar 24 horas por dia!” Um ano depois, quando voltei para o Brasil, a primeira coisa que eu fiz foi ir até lá ver o barco. Fiquei encantado em saber que aquele era o meu primeiro projeto e estava ficando lindo! De volta para os estudos na Universidade Federal do Rio de Janeiro, eu

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comecei a pensar seriamente na ideia de construir um barco para mim também. Minha experiência rápida de vida na Europa tinha despertado em mim o horror da materialização de uma possível guerra nuclear. Metade da Europa Comunista e a OTAN viviam em pé de guerra e eu havia lido que, caso houvesse uma guerra nuclear, o único lugar possível de sobrevivência seria no meio do oceano. Era o que eu precisava para iniciar o projeto do meu barco e em seguida começar a construir. Assim, eu seria um dos poucos seres humanos que me salvaria de uma guerra que devastaria o planeta. Com a decisão tomada fui até a sala do decano do Centro de Tecnologia da Universidade e perguntei se eu podia usar uma área de um dos laboratórios da Escola de Engenharia para construir um barco, que talvez eu pudesse usar na minha tese de mestrado. Ele adorou a ideia! Dava para ver nos olhos dele. No mesmo dia comecei a limpar o lugar e fui comprar as ferramentas manuais que eu precisava. O meu sonho de construir meu primeiro barco como amador


começou como se fosse uma pequena nuvenzinha branca em um imenso céu azul. Em pouco tempo, todo o céu estava tomado por nuvens cinzas e escuras e eu não pensava em mais nada a não ser em construir e fugir da guerra nuclear quando ela começasse. Tinha que trabalhar rápido. Passei a morar do lado do barco para também poder trabalhar 24 horas por dia, todos os dias da semana! Passaram-se uns dois anos quando eu fui então convidado para trabalhar como construtor

profissional em um renomado estaleiro americano, que tinha uma joint venture aqui no Brasil. Eles construíam somente veleiros de regata. Meu primeiro trabalho foi um barco de 40 pés em sandwich de Divinycell com fibra de carbono todo laminado a vácuo. O primeiro a ser fabricado no Brasil. Não existia nada parecido na época e eu acabei me divertindo mais ainda. Ao longo do tempo meu barco, batizado de “Om”, da palavra em sânscrito, tinha ficado pronto, mas eu já tinha me esquecido da tal guerra


nuclear. Eu gostava tanto do que eu fazia que preferiria morrer contaminado de poeira atômica naquele estaleiro. Voltando ao início do texto, pensando em termos profissionais, o meu barco não foi totalmente um desastre, mas eu tenho que admitir aqui que eu cometi o erro mais comum de qualquer construtor principiante: tentar fazer ou adaptar, por conta própria, um projeto existente. Eu, sinceramente, não conheço nenhum lugar do mundo onde isso já tenha dado certo, e note que eu tenho andado por todos os lados deste planeta, vendo gente construir barcos de todo tipo e tamanho. Embora a qualidade da minha construção tivesse sido muito boa em termos de material, métodos de fabricação e acabamento, a adaptação do projeto deixou um pouquinho a desejar. Infelizmente, eu só fui reconhecer isso quando acabei de construir o barco e comecei a compará-lo com outros projetos melhores. Um dos maiores problemas ao se adaptar um projeto, ou tentar fazer um do zero, sem os conhecimentos básicos, é que você superestima seu talento para construir algo que só

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você irá utilizar. As principais relações de comprimento/ boca, alturas, larguras de porta, camas, cabine etc são, invariavelmente, feitas fora das dimensões comerciais usuais encontradas na maioria dos barcos projetados e construídos por profissionais experientes. Na maior parte das vezes, as variações de escala são pequenas, mas o suficiente para causar danos estéticos. Mesmo que você faça um bom trabalho na sua primeira tentativa de adaptar um projeto, são as pequenas diferenças que só um construtor experiente adquire com o tempo, é que fazem com que um barco tenha linhas e geometria hidrodinâmica agradáveis. Pequenas inflexões na curvatura da borda, roda de proa, espelho de popa, cabine, vaus e outros detalhes fazem uma diferença incrível, mas que um cego de paixão construindo e projetando seu primeiro barco não é capaz de notar. Inicialmente, você tem de considerar que nenhum barco é capaz de fazer tudo. Assim, um projeto deve estabelecer cuidadosamente as suas intenções. Mesmo


que você tente fazer por si mesmo, ou comprar um projeto existente, as considerações em um projeto devem incluir dimensões, acomodações, utilização, local de operação, custo, manutenção, tamanho da tripulação, performance, propulsão a vela ou a motor, espaços internos, ergonomia, entre outras pequenas coisas. Todos os barcos têm compromissos com a sua utilização. Escolha o projeto e balanceie as qualidades de que você mais necessita. Você não pode ter um barco para andar em

alta velocidade, transportar passageiros, esquiar e, no fim de semana, colocar mastro e velejar, embora haja quem ainda tente fazer isso. Você precisa saber o que vai querer e quanto isso vai custar até o fim da obra ou saber qual o objetivo do seu esforço e trabalho. Um barco a vela de 40 pés, construído o mais economicamente possível com materiais de qualidade, pode custar hoje em torno de US$ 100 mil em materiais e requerer acima de 5.000 horas de trabalho. Isso levando em conta que você é


um expert. Um iate a motor do mesmo comprimento, normalmente, custará muito mais. Para você que é um construtor amador, e irá trabalhar sozinho em fins de semana, noites e feriados, esse projeto pode levar anos ou mais de uma década. Às vezes, ou muitas vezes, você não consegue concluir. Para construir um barco, de qualquer tamanho, são necessárias uma grande quantidade de homens/ hora e no caso de uma construção feita por amador, você certamente precisará da ajuda de uma ou outra pessoa por algum tempo. É uma ilusão não computar as horas gastas de seu tempo para pensar, projetar e construir um barco. Uma alternativa intermediária para quem não quiser construir um barco do nada é comprar um casco já pronto, fazer apenas o seu interior e instalar os sistemas de bordo. Tenha em mente que o casco representa algo em torno de 15% do barco terminado. Caso você esteja interessado em construir um grande barco, para uso pessoal ou para utilização comercial, sugiro que

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primeiro pesquise o assunto, lendo, conversando com construtores experientes, estudando vários projetos de barcos ou simplesmente navegando. Para alguns, o romance de construir o barco vale o trabalho eterno e incansável, para outros, não. Depois de construir alguns barcos para meu próprio uso, eu me coloco na segunda categoria. Iniciantes serão, sem dúvida, beneficiados se escolherem um projeto simples e prático dentro de suas capacidades. Embora muito se fale sobre a ingenuidade de construtores amadores, a inexperiência em assuntos de construção também atinge proprietários de embarcações que tentam fazer modificações em seus barcos. Potenciais compradores a procura do barco de seus sonhos e construtores que abrem mão dos princípios básicos de arquitetura naval para satisfazer seus clientes, ou para não perdê-los, também são candidatos a realizar todo tipo de modificações sem consultar um profissional. De qualquer forma, o devaneio de projetista ataca as melhores famílias.



A escolha da forma do casco deve ser definida conforme sua aplicação. Existem basicamente três tipos de casco: de deslocamento, de semideslocamento e o de planeio. Linhas mais arredondadas são desejadas em cascos de deslocamento, como é o caso dos trawlers e traineiras de pesca, que possuem sua velocidade limitada pelo seu comprimento e deslocamento. No caso de barcos a vela, as linhas são esbeltas na proa, enquanto na popa são arredondadas e cheias para gerarem uma formação de ondas ideal para a sua performance, tanto no contravento quanto no vento de popa. Algumas embarcações operam em condições entre o planeio e o deslocamento, e possuem cascos de semideslocamento. Estes cascos têm formas também intermediárias, com proas arredondadas e popas mais planas com menos volume. No caso de cascos planadores, as linhas são projetadas com fundo plano para poderem planar com mais facilidade, e a forma em “V” do fundo é definida

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de acordo com o tipo de mar onde a embarcação irá operar. Caso você queira passear com a família em águas abrigadas, um casco com fundo plano e pouco “V” será a melhor opção em desempenho. Por outro lado, se o objetivo é pescar em águas agitadas com muita formação de ondas, é melhor escolher um casco com uma boa dose de “V” para fornecer uma navegação confortável e segura. Uma vez decidido a construir um determinado barco, você poderá seguir vários caminhos. A construção de qualquer embarcação é feita a partir de planos fornecidos por meio de várias fontes disponíveis hoje em dia. Normalmente, os projetos são uma série de desenhos de linhas e detalhes de construção. Muitas vezes, especificações de construção e de materiais acompanham esse jogo de plantas. Entretanto, não espere que todo projetista forneça um jogo completo de planos. Cada um tem seu jeito próprio de trabalhar e passar as informações. Alguns podem até enviar um conjunto completo e detalhado de tudo que se possa pensar para



construir um barco, mas isso não é o normal. A maior parte das vezes é fornecida uma pequena série de planos, o suficiente para que o construtor detalhe o restante das outras partes do casco. De qualquer forma, sugere-se que você sempre informe ao projetista o seu grau de qualificação para a construção. Outros projetistas, acostumados a trabalhar com construtores profissionais, geralmente não fornecem planos completos que seriam necessários para um construtor de pouca experiência. Eles admitem que um profissional tenha sua própria maneira de decidir sobre certos detalhes de construção, os quais, muitas vezes, não são informados nos desenhos. A embarcação dos seus sonhos pode ser simplesmente um pequeno barco para remar ou velejar, um veleiro de cruzeiro ou regata, uma lancha para esquiar, uma lancha para pescar, ou então você pode desejar algo maior e só ficar satisfeito com um grande iate. Qualquer que seja o tipo ou tamanho deve-se gastar algum tempo selecionando

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planos. Lembre-se de que você leva apenas um segundo para decidir construir um barco, mas leva alguns anos para completá-lo. Os planos são uma combinação de perfis, arranjos e seções. Estes detalham o desenvolvimento das linhas do casco, linhas do convés, planos de construção, arranjo interno e arranjo estrutural, além dos esquemas de instalações elétrica e hidráulica. Alguns projetistas ainda fornecem planos de laminação, detalhes estruturais e listas de materiais. Uma especificação escrita separadamente para as várias partes do plano de construção pode ser editada para evitar confusão nos desenhos. Um memorial descritivo com especificações também deve ser incluído nos planos contendo indicações de equipamentos e métodos de construção. O projeto deve ser suficientemente detalhado para a perfeita compreensão das formas a serem desenvolvidas em escala natural. Deve ser enfatizado que um projeto bem feito, detalhado e com as informações necessárias vale o seu preço, uma vez


que o seu custo é apenas uma fração do custo total do barco. O custo de planos deve ser considerado como um seguro para o sucesso do barco finalizado. É sempre bom se atentar as mudanças nas linhas originais do casco, alturas de superestruturas e localização de pesos a bordo. Tais procedimentos podem resultar em performance insatisfatória ou, até mesmo, em algum problema de navegação ou estabilidade. Muitos construtores

amadores terão uma boa ideia do tipo de barco que estão procurando se as seguintes perguntas forem respondidas. Qual o tipo e tamanho do barco que você deseja construir? De quina dupla ou simples? De fundo arredondado ou plano? Com ou sem skeg? Quilha curta ou longa? Mastreação sloop ou ketch? E quantos beliches você quer? O que você precisa no interior? Por onde você irá navegar e durante quanto tempo? Em águas abrigadas ou abertas? Quanto dinheiro


está disponível inicialmente e ao longo de um período de aproximadamente cinco anos? Por fim, seja honesto em todas as respostas. Obviamente, os planos de um iniciante ou projetista experiente refletem o que cada um vê como ideal, mas no final, o construtor pode, de forma razoável, incorporar as suas próprias ideias ao casco, mantendo motor, tanques de água e óleo próximos de suas posições iniciais. É nessa fase que todos querem muita coisa dentro do volume do casco. Existe um conceito comum de que todos os barcos devem possuir banheiros com chuveiro, além de mesa de navegação, cozinha totalmente equipada e armários volumosos. Caso você esteja contemplando algo em torno de 20 pés, essas ideias precisam ser modificadas, pois tudo isso só é possível em um barco de 32 pés. Entretanto, com uma certa dose de bom senso, é uma surpresa ver o que pode ser alcançado. Em um barco pequeno, é aconselhável manter um arranjo simples e prático. Consulte o projetista antes de fazer mudanças relevantes e dê preferência em utilizar planos

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que irão fornecer o que você quer. Existem muitas empresas que anunciam na imprensa náutica o fornecimento de planos de barcos desde simples dingues até barcos oceânicos, tanto a vela quanto a motor. Esses planos são, normalmente, bem detalhados, incluindo desde listas de material até mesmo gabaritos em escala natural para a construção do casco. Assim, não economize tempo na escolha dos planos para construir o barco que você deseja. Se alguma coisa der errado, o culpado vai ser somente você! Durante os anos que se passaram aprendi muita coisa com muita gente. Gosto sempre de dizer que não sei tudo o que dá certo na construção de um barco, mas sei a maior parte das coisas que dão erradas. Meu amigo, do início da história, terminou recentemente de construir seu terceiro barco. Um catamaran de 42 pés, ainda com a intenção de visitar a mãe na Suíça. Soube que colocou cinco pontes de safena e acabou de sofrer um acidente de moto onde quebrou os dois joelhos. Está morando e velejando feliz da vida no seu barco todos os dias!


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