EsplĂŞndida Gastronomia
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EsplĂŞndida Gastronomia
ISSN 2359-2605
diretoria Ariane Pacheco Porciuncula gruporumo@gruporumocom.com.br Colaboradores Andrea Navarro Amanda Carbone Almir dos Anjos Claudia Girelli Felipe Cabeda Ivone Mit jornalismo Carolina Berg - 0029953/Rj redacao@gruporumocom.com.br REVISÃO Nick Austi Diagramação Juliana Pinto criacao@gruporumocom.com.br Administrativo e Financeiro Armando Constatino financeiro@gruporumocom.com.br operações Rafaela Pereira Barra de Almeida operacoes@gruporumocom.com.br Relações Comerciais Charbel Nicolau comercial@gruporumocom.com.br Foto de Capa Edson Lima Tiragem – 2.000 periodicidade – TRIMESTRAL Vendas e atendimento ao leitor E-mail: gruporumo@gruporumocom.com.br Telefone: (24) 3377-8646 A Revista Esplêndida Gastronomia é uma publicação da Editora Novo Rumo. Os artigos publicados não necessariamente representam a opinião da editora. Jornalista Responsável: Nick Austi (MTB 3 (MTB 31.275/2005). Todo os direitos reservados.
Um roteiro de delícias e paisagens Nas páginas a seguir você terá a oportunidade de conhecer a Ilha Grande nos mínimos detalhes, o que pode tornar sua viagem inesquecível. Seja de férias, em feriados ou até mesmo em um fim de semana, nossas dicas vão possibilitar que você se programe de acordo com o tempo que irá dispor, sem deixar de aproveitar tudo de melhor que a Ilha oferece. Vamos te levar a um passeio pelas belezas e delícias deste pedaço do paraíso localizado no sul do estado do Rio de Janeiro. Este lugar que recebe gente de toda parte do país e do mundo afora, não poderia deixar de apresentar ao turista uma gastronomia de alta qualidade que conserva sabores irresistíveis e com um sabor sem igual. Além de preservar as tradições, os estabelecimentos locais têm como princípio manter uma culinária sofisticada de alta qualidade. São Restaurantes, Bares, Botecos, Cervejarias, Adegas e Empórios que proporcionam ao visitante uma experiência única de sabores e delícias que agradam aos gostos mais variados. Nesta edição, que fala da primeira rota mapeada pelo Selo Club Gourmet você acompanha uma matéria inédita sobre Turismo Gastronômico na Ilha Grande, que aborda desde lendas e culinária da região, até informações que poderão ajudar a fazer de sua estadia uma experiência inesquecível. Além de uma entrevista com o grande Chef de Cozinha, Jorge Nascimento que conta como começou a sua história com o mundo
da gastronomia. Ele começou a cozinhar de forma natural, junto à sua família e garante que foi em casa que aprendeu boa parte de seus segredos na cozinha. Acompanhe também, as matérias especiais de nossos articulistas que colaboram trazendo informações e curiosidades a respeito de pratos variados. Entre eles, Almir dos Anjos, que traz uma matéria especial a respeito das Harmonizações com vinhos de verão para qualquer estação; Amanda Carbone traz dicas especiais sobre as modernidades disponíveis para a nossa cozinha; a Personal Chef Andrea Navarro que fala sobre a teoria de Comfort food, a comida que conforta, ela é servida quente e preparada com ingredientes naturais. Já o Chef Felipe Cabeda apresenta uma deliciosa receita da Sopa Vichyssoise, que pode ser servida quente ou fria e apesar de ter nome Francês foi criada na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, por Louis Diat, chef do Ritz-Carlto. A personal Chef Ivone Mit fala sobre uma das maiores riquezas de nossa culinária, o café, em um texto envolvente sobre a tradição desta bebida, uma verdadeira iguaria. E a chef Claúdia Girelli fala sobre a batata, este alimento que já salvou os europeus da fome e hoje se tornou um ingrediente quase indispensável nas cozinhas do mundo todo. Desejamos que você tenha uma leitura prazerosa e que ao folhear estas páginas possa aproveitar as dicas sobre receitas diversas e este roteiro inesquecível.
Sumário
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..............................................................................................................Conversa de Botequim ............................................................................................................................In Vino Veritas ........................................................................................................................Bom, um bocado ......................................................................................................Turismo - Ilha Grade ................................................................................................Club Gourmet - Ilha Grande ...................................................................................................................Sabores Exóticos ..................................................................................................................Tempero de Casa .............................................................................................................................Da Estação ...........................................................................................................................Na Dispensa
Errata Na edição anterior, na matéria da página 19 intitulada “Club Gourmet - Ilha Grande”, no título do estabelecimento foi escrito “Pizza e Cia” quando era para ser escrito “Pizzaria Pães e Cia”. Na página 24 intitulada “Club Gourmet - Piratas. Parque das Palmeiras e Balneário”, no título do estabelecimento foi escrito “Angra’s Hamburgueria” quando era para ser escrito “Angras Hamburgueria”. Na Matéria da página 37 intitulada “Club Gourmet - Estrada do Contorno, Japuíba e Pontal”, no primeiro parágrafo do estabelecimento Espetto Rio, foi escrito “chope Amistel. Destaque para o Babilônia, um drink grande, servido com uma garrafa de cerveja skol Bee de cabeça para baixo.” quando era pra ser escrito “chope Amstel. Destaque para o Babilônia, um drink grande, servido com uma garrafa de cerveja Skol Beats de cabeça para baixo”. Esplêndida Gastronomia
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CO CONVERSA DE BOTEQUIM NVERSA DE BOTEQUIM
Jorge Nascimento,
um chef que surpreende a cada prato Texto por Ana Carolina Berg
O
entrevistado desta edição é um dos maiores chefs de cozinha de nosso país, Jorge Nascimento, 53, que começou a cozinhar muito cedo, um autodidata das panelas, que atua no mercado há mais de vinte anos. Seu primeiro contato com as panelas foi aos 9 anos de idade, muito observador ele não saía da cozinha e sempre prestava atenção em todos os detalhes dos pratos que sua família preparava em casa. Ele também ficava atento às dicas e ensinamentos das cozinheiras com quem seus familiares conviviam, isso garantiu que ele aprendesse rápido detalhes fundamentais para que se tornasse um grande chef de cozinha. Como todo grande profissional sempre procurou se aprimorar seja, através de pesquisas, ou na observação dos processos de preparo de receitas e suas correções. Isso tudo contribuiu para que adquirisse o conhecimento que lhe ajudou a ter o domínio de instrumentos da cozinha
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como o fogão, o forno, a confeitaria, a padaria, a coquetelaria, os vinhos e cervejas bem como os estilos de serviço de salão. Em seu histórico profissional estão desde faculdades de hotelaria e gastronomia até restaurantes e hotéis. Entre eles, Hotel Everest, Rede Máster de Hotéis, Hotel Serrano, Hotel Casa da Montanha, Hotel Laje de Pedra, Mesa de Cinema, Hotel Dall’Onder, Grupo Caracol & Mamma Mia. Nestes estabelecimentos, Jorge Nascimento desenvolveu conceitos e fez consultorias, sendo este trabalho que construiu seu atual prestígio entre os profissionais de culinária de todo o país. Desde maio de 2014, atua como Chef Consultor dos Hotéis Atlântico em Rio Grande e professor do curso de Hotelaria PUCRS. Hoje, ele diz que sua experiência o tornou um conhecedor das cozinhas regionais do mundo, e que isso ajuda no desenvolvimento de projetos, onde a boa mesa possa ser vivenciada.
CONVERSA DE BOTEQUIM convidado para trabalhar com o Silvio Lancelotti, e ai entrei para as cozinhas profissionais, aos 22 anos já era sous chef de restaurantes bem conceituados na época em São Paulo como o Ritrovo, que era comandado pelo chef Loris um italiano de Nápoles, aprendi muito com ele e em especial trabalhar com escargot e caças. O maior desafio era a enorme distância entre a minha condição sócio-cultural com os demais colegas, a maioria não sabia escrever e o nível dos assuntos e valores eram o maior desafio. Venci estes desafios, e aprendi muito da vida com eles. Hoje sou muito grato por toda esta experiência de vida que passei.
O que mais aprecia na culinária? O que mais me encanta é ter a permissão de criar e transformar. É um ato sublime de amor e dedicação. Pegar alguns ingredientes combinar através da técnica “e savoir au fare” e transformar em algo que tem aroma, cor, textura e um alimento que pode satisfazer outra pessoa.
O que mais gosta de cozinhar? Como começou sua história com a cozinha? Iniciei no jardim de infância, uma professora a Tia Cristina nos dava aulas de cozinha em 1969 a primeira receita que aprendi foi Nega Maluca, fiz esta por anos a fio. Na casa dos meus pais sempre tínhamos jantares formais e informais, a boa mesa sempre foi presente na mesa dos meus antepassados. Desta forma sempre convivi como gourmand desde cedo e acabei lá pelos 9 anos me transformando em gourmet. Primeiramente decidia os menus da casa, nas temporadas de veraneio de inverno ou verão já pilotava o fogão e fazia drinks e appetizers para os welcome drinks dessas temporadas.
Foi difícil ingressar no mercado? Quais foram seus maiores desafios no início da carreira? Acabei terminando o segundo grau e fui estudar hotelaria, mas o que eu queria era estudar cozinha, queria ter ido à Paris fazer cursos, meu pai queria que eu seguisse a tradição da família e seguisse com a banca de advocacia da família. Negociamos que eu faria então hotelaria e depois sim poderia viajar para estudar cozinha. Acabei sendo
Cozinho de Tudo. Não tenho restrição alguma.
O que mais gosta de comer? Duas coisas que não gosto de comer: miolos e mostarda (verdura), o restante como de tudo.
Quais são os critérios que você adota na escolha de seus ingredientes? Frescor, qualidade, maturação, aroma.
Já fez pratos caiçaras? Caso não, gostaria de fazer? Esta gastronomia indígena litorânea gosto muito, tenho um chef amigo meu, de Curitiba que está já há alguns anos desenvolvendo um projeto de resgate desta culinária, já comi pratos feitos por ele, mas ainda não fiz um prato desta gastronomia.
Qual o seu conselho para aqueles que sonham em se tornar chefes de cozinha? Trabalhar com muito amor pelo que se faz. Pesquisar e preservar as raízes de suas culinárias. O aprimoramento acontece de acordo com a medida em que vamos evoluindo.
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CONVERSA DE BOTEQUIM
Alcatra na pressão ingredientes
•800 g de alcatra limpa •½ xícara (chá) de aipo picado grosseiramente •4 cenouras em rodelas com 2 cm de espessura •1 alho poró cortado em rodelas com 2 cm de espessura •1 cebola grande picada •2 folhas de louro cortadas em tirinhas •Sal e pimenta do reino a gosto •400 g de batatinha •Azeite de oliva •500 ml de caldo de carne saboroso
modo de preparo •Limpe a carne, tempere com sal, pimenta e azeite de oliva •Numa panela de pressão com azeite doure a carne de todos os lados, retire e reserve •Na mesma panela refogue o alho-poró, o aipo, as cebolas, o louro, as cenouras, as batatinhas até que os aromas se desprendam, tempere com sal e a pimenta •Junte a carne e o caldo de carne, deixe levantar fervura e prove os temperos, ajuste se julgar necessário •Feche a panela de pressão com segurança, cozinhe em fogo médio por 20-30 minutos •Abra a panela de pressão com segurança •Sirva quente guarnecido com arroz branco
Frango ao molho de manga e coco ingredientes
•600g de peito de frango cortado em cubos •1 cebola média cortada em tiras •2 limões cortados em rodelas finas •2 colheres (sopa) de gengibre fresco picado •¼ de molho de folhas de coentro fresco •1 colher (sopa) de coentro em grãos •Sal, pimenta-do-reino •200g de creme de leite fresco •500 ml de suco de manga •200 ml de leite de coco + 100 ml de água •1 pimenta vermelha fresca em rodelinhas •100 g de manteiga
modo de preparo
•Tempere o frango com as sementes de coentro, o sal, a pimenta-do-reino, o gengibre e deixe tomar gosto por 20 minutos •Numa panela pré-aquecida derreta a manteiga e doure os cubos de frango, junte as folhas de coentro fresco, o pimentão vermelho e o limão, refogue por 3 minutos •Junte o suco de manga o leite de coco, a água, deixe levantar fervura, prove os temperos e ajuste se julgar necessário •Ferva em fogo médio por 20 min •Sirva quente 6
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IN VINO VERITAS ALMIR DOS ANJOS Almir dos Anjos, sommelière, pós-graduado em marketing pela ESPM especialista em e-commerce, varejo e vinhos. Possui cursos de vinhos na ABS-SP e SBAV-SP. Editor do Blog Vinho dos Anjos (vinhodosanjos.wordpress.com ), colunista de vinhos nas revistas Viagens e Rotas e Revista da Câmara de Comércio Venezuela-Brasil ; Membro do Selo 7 Sommeliers e colunista convidado no Blog Dona Dita (donadita.com).
Vinhos recomendados para esta época do ano
Harmonização com vinhos de verão para qualquer estação Falar de vinhos brancos e espumantes é sempre uma alegria e satisfação. Ainda mais na época de calor, onde os verões batem recordes de temperatura pedindo algo refrescante. Vinhos brancos e espumantes são de fácil harmonização, claro, há vinhos que tem maior complexidade aromática e um corpo em boca que pede alimentos específicos e muito bem orientados. Assim como também, o nível de acidez que influencia em composição e harmonização com outros alimentos. Mas, em geral estes vinhos podem ser apreciados unicamente desfrutando da paisagem, sentindo o sol, compartilhando um céu azul e se possível na praia ou na piscina. E mesmo que na hora de beber você esteja em uma cidade grande, onde o asfalto e os blocos de concreto enfeitam a paisagem urbana, os brancos e espumantes são alegres e transmitem aquela sensação de liberdade sentida na junção de céu azul, sol e principalmente da alegria interior. Mas, vamos aos vinhos que podem ser recomendados em qualquer uma destas circunstâncias. Afinal, sempre é hora de brindar à vida e garantir que nossos anseios se concretizem. Podemos achar que os vinhos são caros e por isso surgem as dificuldades na escolha. Separei algumas opções para qualquer bolso, o que garante neste caso qualidade e acessibilidade. São vinhos leves de Portugal, trazidos por uma jovem importadora que começa a surgir como uma opção em vinhos. São eles: - S de Sol 2013: Portugal / Regional
do Alentejo. Vinho branco composição das uvas Antão Vaz, Roupeiro e Perrum. O solo é granítico com afloramentos xistosos. O clima tem características mediterrâneas aliadas a uma acentuada continentalidade, com primaveras e verões excessivamente secos. Harmonização ideal com peixes, carnes brancas, queijos suaves. Optamos por uma harmonização leve: Camarões, molho branco e aspargos. Uma delícia! Graduação Alcoólica: 13% / Faixa de preço R$ 57,00. - Hortas do Caseirinho Frisante Rosé:Portugal / Minho / Vinhos Verdes De cara se sente a extrema suavidade sendo o aspecto muito cristalino. É ideal para acompanhar pratos leves e para refrescar os dias mais quentes. Em boca é equilibrado, com estrutura média e persistente. No aroma é fresco, mineral e com exuberantes notas de frutos vermelhos com toque de especiarias. A cor é linda de um salmão mesclado com notas rosadas. Leve sensação de agulha e leve picância em boca proporcionada pelo gás. Há um frescor aromático, essencialmente de frutos vermelhos, certa mineralidade e leve especiaria. Bem equilibrado possui estrutura média e persistente, frescor e intensidade. Vai muito bem com entradas, peixes e carnes leves ou até mesmo com uma salada de tomates. Excelente para as manhãs e tardes mais quentes. As uvas utilizadas para a elaboração são a Vinhão, Touriga Nacional, Espadal e Touriga Franca. Graduação Alcoólica: 10,5% / Faixa de preço R$ 40,00 - Portal das Hortas DOC Verde:
Vinho Verde oriundo desta região única no mundo, com uma variedade de castas próprias. Ideal para os dias quentes e perfeita combinação para o clima tropical de nosso país, o Portal das Hortas Branco foi elaborado de forma a possuir menos acidez que o vinho convencional tornando-o muito mais agradável. Sua cor é um amarelo citrino muito bem definido, aspecto cristalino e ligeiras bolhas. Os aromas são ricos e intensos, com notas de cítricas e tropicais e florais doces. É fresco, elegante, e possui acidez crocante e envolvente. Ideal para harmonizar com peixes brancos como o linguado, bacalhau, algumas carnes leves, saladas, mariscos e frutos do mar. Extremamente refrescante nas tardes mais quentes e ensolaradas. Neste caso optamos pela harmonização com bacalhau. É um vinho que não passa por nenhum processo de envelhecimento. As uvas utilizadas são a Avesso, Arinto e Malvasia-fina. O solo é uma desagregação do granito, com pouca profundidade e acidez naturalmente elevada, sendo o clima ameno com período de baixa precipitação coincidindo com as temperaturas mais altas do período. Graduação Alcoólica: 10,5% / Faixa de preço R$ 50,00. Ideal para harmonização com peixes, carnes brancas e queijos suaves. Mas, nossa recomendação é que você leitor, experimente as composições dos vinhos com os pratos pois é desta forma que na tentativa e entre acertos e erros descobrimos nosso ideal no paladar. Saúde!
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BOM, UM BOCADO
Pós graduada em gastronomia e amante da confeitaria. Analista em Inteligencia Competitiva por formaçao acadêmica, atualmente trabalha como colunista de roteiros gastronômicos, professora e apresentadora do Canal YouTube Cozinha Fantástica.
Robôs de cozinha Equipamentos que ajudam a
agilizar seu tempo na cozinha
Olá! Hoje estou aqui para conversar um pouco sobre as modernidades disponíveis para a nossa cozinha. Claro que muitos ainda não possuem essas super máquinas, por isso eu gostaria muito de saber a opinião de vocês sobre isso. A cada dia que passa vemos a necessidade de agilizarmos nossas atividades rotineiras, pois parece que não temos mais aquela calmaria dos velhos tempos para degustar uma boa comida. E se eu dissesse que hoje temos nos mercados, alguns equipamentos que podem lhe proporcionar esse tempo e também lhe fornecer uma ótima refeição? Ficou curioso não é? Eu estou falando dos robôs de cozinha, eles são chamados assim, pois podem em geral fazer mais de um prato ao mesmo tempo. E sozinhos! De um risoto a uma refeição completa como arroz, feijão uma carne e um legume cozido. Falo por experiência, já que minha vida mudou depois que tive a alegria de ter algumas dessas e poder decidir qual que era mais adequada para a minha rotinha familiar e profissional. Confesso também, que sou apaixonada por minhas batedeiras antigas, a de mão e a mais velhinha de todas que acabo usando mais por comodidade e porque tenho ciúmes de minha Cooking Chef Kenwood, onde somente eu posso colocar as mãos. Vocês devem estar se perguntando sobre os custos, bom se for de consumo de eletricidade não mudou muita coisa não, mas se for do valor do 8
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BOM, UM BOCADO
aparelho o que eu posso dizer é que para o serviço que ela presta vale cada centavo! E sem arrependimentos... O engraçado é que quando convido amigos para comer aqui em casa e a mostro funcionando me sinto uma mágica na cozinha. É essa a sensação que temos. Existem muitos outros equipamentos que diria ser o sonho de consumo de muitos cozinheiros e inclusive o meu, não só pela comodidade, mas também pelo que eles agregam em saúde. Hoje, produzo meu próprio leite condensado, doce de leite, sorvete, pão, bolos, farinhas, queijos entre milhões de outros produtos que consumia de supermercado industrializados e cheio de conservantes. Tenho muita alegria em dizer que só isso já faz uma grande diferença. Ouço muito as pessoas dizerem que compram equipamentos modernos e que ficam entulhando os armários, mas descobri que esses equipamentos são como os celulares modernos que tem
muitas funcionalidades, no entanto a maioria das pessoas não usam. Pois bem, eu uso! Nada que um bom planejamento não ajude! Planejar para já deixar as massas de pizza, recheios, pães, manteiga, sim faz manteiga, iogurte tudo prontinho para a semana. Há também, aqueles que acham que esses equipamentos tiram todo o glamour de se cozinhar, de sentir, de tocar e de ver a transformação da comida. Bom, eu também gosto de tudo isso, só que no dia a dia, o que vale é o tempo que sobra para outras atividades. Fica a dica! Mesmo somente com o equipamento que você tem em casa, dá para fazer muitos produtos industrializados de forma simples e bem mais saudáveis. Meus bolos de liquidificador, por exemplo, são os meus preferidos! Como de praxe vou deixar uma receitinha deliciosa feita à mão mesmo, mas com um toque de sofisticação. Já comeu waffle de farinha de fubá? Pois é! Fica divino!
Receita de Waffle de fubá ou de milho com goiabada: Ingredientes 1 ovo 1/4 de xícara (chá) de óleo 1 pitada de sal 1 colher (sopa) de açúcar 2 colheres (chá) de extrato de baunilha 1/2 xícara (chá) de amido de milho 1/2 xícara (chá) de farinha de fubá ou milho bem fininha 1/3 de xícara (chá) de leite 1 colher (chá) de fermento químico em pó
Modo de preparo: 1. Aqueça a máquina de waffle uns 5 minutos antes. 2. Misture todos os ingredientes da massa (exceto fermento) com um fouet até ficar bem homogêneo, por último adicione o fermento e misture até incorpar. 3. Asse na máquina de waffle.
Cooking Chef Kenwood Esplêndida Gastronomia
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TURISMO ILHA GRANDE
Belezas, histórias e sabores da
Ilha Grande
Texto por Ana Carolina Berg
Quem visita a Ilha Grande sempre se pergunta sobre como o turismo deste lugar paradisíaco pode proporcionar uma gastronomia tão sofisticada, sem
perder as raízes caiçaras. Para responder esta pergunta, vamos dar um passeio na história local que é rica em cultura e sabores.
A Ilha Grande é rica não só em beleza, mas em lendas que podem explicar a origem dos sabores tão característicos da região. Em uma delas, conta-se que quando os portugueses chegaram ao Brasil pensaram que a entrada da Baía da Guanabara fosse a foz de um grande rio, então seguiram para o sul. Após passarem pela restinga da Marambaia, logo depois avistaram a Baía da Ilha Grande. Acredita-se que ao chegarem à Ilha, os portugueses tenham descido primeiro na Praia de Palmas e depois aportaram na Vila do Abraão, onde encontraram um lugar propício para ancorar, com água doce e mar calmo. Como os navios adentraram a Baía no dia 6 de janeiro, dia de Reis, denominaram o local como Angra dos Reis. Nessa época, os índios habitavam o local e não demorou para que seus costumes e culinária, rica em frutos do mar e outras iguarias da região, encantassem os viajantes europeus.
Com o passar do tempo, os índios foram quase exterminados, e então o corso e a pirataria chegariam à região, realizando ataques constantes aos navios que contrabandeavam ouro e escravos. A chegada dos escravos acrescentou ainda mais sabor à culinária local. Através da agricultura de subsistência, a região passaria a produzir a cana, o café e a fruta pão. Com o plantio da cana-de-açúcar foi construído o primeiro alambique, na Praia da Biquinha, para a produção de aguardente. Uma das lendas da região conta que um alemão chamado Hans Staden possuía um grande conhecimento sobre o poder afrodisíaco dos mariscos, ostras, camarões, mexilhões, lulas, polvos, entre outros frutos do mar. Hans era mestre em combinações gastronômicas. Ele decidiu unir os frutos do mar a um tipo de feijão manteiga, criando assim a Feijoada de frutos do mar. O prato era levemente apimentado e tinha um
Lendas e sabores
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toque de
gengibre e, como acompanhamento, um tutu de farinha da terra e taioba refogada. A iguaria era servida junto a uma caipirinha de limão galego, feita com aguardente de mandioca e adoçada com mel. Através do tempo, novos moradores foram chegando vindo de diversas partes do país e do mundo, cada um trazendo consigo uma nova visão sobre gastronomia e, aos poucos, essas novidades começaram a transformar aquela simples culinária local em um produto de alta qualidade e sofisticação. Os antigos moradores absorveram as novas idéias, e também aprimoraram ainda mais o preparo dos pratos locais. Um dos primeiros estabelecimentos a contribuir para o sucesso e reconhecimento dessa gastronomia foi a Adega Farol dos Castelhanos. Inaugurado
em 1970, o estabelecimento foi um dos pioneiros a apresentar uma culinária de alta qualidade na Vila do Abraão, e ficou conhecida rapidamente por misturar a culinária caiçara com pratos tradicionais. O que fez mais sucesso foi o prato “Camarão da Vida”, que era uma polenta feita com camarão, muito orégano e milho verde. Na década de 70, a Adega recebeu pessoas ilustres, como os jornalistas e editores do extinto “O Pasquim”, além de artistas da Rede Globo e críticos de culinária nacionais e internacionais. Aos poucos, outros estabelecimentos surgiriam e fariam da Ilha uma referência não só em belezas naturais, mas também em gastronomia caiçara, rica em qualidade e sabor, misturando sensações capazes de agradar aos mais diversos paladares.
O maior exemplo desta culinária é um dos pratos mais tradicionais da região, o “peixe com banana”, que é o peixe cozido com banana nanica verde. O sucesso do prato se deve, sem dúvida, ao tempero. O peixe com banana é servido tradicionalmente com arroz e pirão feito com o próprio caldo do peixe. Além do peixe e da banana, outros frutos do mar e da mata atlântica também estão presentes na culinária caiçara, como o mexilhão, a lula, o camarão, a farinha de mandioca, a mandioquinha e o palmito jussara. Estes são alguns dos ingredientes que tornam os pratos da região tão especiais e que, junto a outros ingredientes mais sofisticados, fazem desta culinária local uma experiência única e prazerosa.
TURISMO ILHA GRANDE
Bibliografia: Ilha Grande: lendas, pinturas, fotos, frases ecológicas... – de Elias Lins de Melo.
A história da Ilha Grande entrelaçada com a história dos presídios Ao falar da Ilha Grande não podemos deixar de falar de um fato que modificou profundamente a vida e a rotina das pessoas que habitavam este lugar tão belo e cheio de histórias. Por ser distante do continente, a Ilha foi por muito tempo o lugar perfeito para a instalação de algumas das instituições prisionais mais famosas da história do país. Tudo teve início no século XIX, com a construção do Lazareto, que teve o projeto e a execução da obra feitos pelos engenheiros Henrique Álvares da Fonseca e seu auxiliar Francisco de Paula Freitas. Em 1880, o Lazareto serviu como local de quarentena para os imigrantes que chegavam ao Brasil e se encontravam contaminados por doenças infectocontagiosas, contraídas durante as viagens de navio. O lugar era perfeito para isto devido à distância das cidades que mais recebiam imigrantes, no caso, Rio de Janeiro e São Paulo. Já em 1913, o lugar seria desativado, só voltando a ser reaberto em 1932, desta vez para funcionar como presídio durante a Revolução Constitucionalista. Isso duraria até a construção do novo presídio, o Instituto Penal Candido Mendes (IPCM), em Dois Rios, quando os presos foram transferidos para o novo complexo. Em 1962 o Lazareto seria demolido restando apenas o seu subsolo, hoje envolto por raízes de árvores. Já o Instituto Penal Cândido Mendes foi desativado em 1994, e parcialmente implodido. No mesmo ano, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ receberia a concessão de toda a área do presídio para a criação de um centro de estudos que tem a missão de preservar a memória do local.
Lazareto
Colônia Dois Rios-Ilha Grande 1943
A Vila de Dois Rios não é palco somente da história dos presídios, mas também contribui para a excelência da gastronomia da Ilha, já que de lá partem, constantemente, boa parte dos pescados que são vendidos na Vila do Abraão. Esse é um dos fatores que garantem que os peixes estejam sempre frescos, tornando a culinária regional ainda mais saborosa. O local dispõe de apenas um restaurante, onde é possível experimentar os pratos locais.
Bibliografia: http://museucarcereuerj.blogspot.com.br Esplêndida Gastronomia
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TURISMO ILHA GRANDE
Panorama da Ilha Grande Quem programa uma viagem para a Ilha Grande pensa em aproveitar ao máximo a estadia. Com uma diversidade natural incrível, o local atrai gente do mundo todo, durante todos os meses do ano. Até na baixa temporada a ilha segue movimentada, mas é na alta estação, verão/primavera, que o lugar chega à lotação máxima. Mesmo com um grande número de hotéis, pousadas e campings, em algumas datas as vagas podem se esgotar. Por isto, aqueles que pretendem programar uma viagem para este paraíso nesta época, devem estar atentos para não terem uma surpresa desagradável. Mas, não se preocupe, se seguir as nossas dicas você poderá desfrutar dias inesquecíveis. A Ilha Grande possui, ao todo, 13 praias com diferentes características e extensões. Elas se dividem em duas partes, uma de frente para a baía, com águas calmas e uma biodiversidade incrível e outra para o mar aberto. Aqui vamos falar sobre as mais procuradas pelos turistas. Para começar, vamos falar sobre a enseada do Abraão. Mas, para entender a grandiosidade deste local, vamos antes responder a seguinte questão: O que seria uma enseada?
Em resposta, diremos que uma enseada é uma pequena baía ou recôncavo na costa de mar, lago ou rio, que serve de porto a embarcações; E foi exatamente no Abraão que, há muitos anos atrás, os primeiros navios aportariam na Ilha Grande e isso foi se repetindo ao longo do tempo transformando o centro deste lugar em uma grande vila, a maior do local, podendo-se até dizer que é o coração da ilha. Lá, o visitante pode encontrar desde pousadas e campings para todos os bolsos e gostos, até restaurantes com especialidades diversas que servem uma culinária de excelência, com um tempero inesquecível. Além de atrações turísticas incríveis, entre elas trilhas que levam a outras praias dentro e fora da enseada e caminhadas para outras atrações, como picos e cachoeiras. Fazem parte da enseada do Abraão as seguintes praias: praia Miradeiro, praia Preta, praia da Vila do Abraão, praia do Canto, praia da Julia, praia da Bica, praia Comprida, praia da Crena, praia da Guaxuma, praia do Abraãozinho e também a ilha do Morcego. Em seguida vamos falar sobre algumas das principais praias da Ilha Grande.
Foto Alice Sauma
Praia da Vila do Abraão
Localizada ao fundo da enseada, a praia do Abraão abriga a maior Vila de moradores da Ilha Grande. Nela o visitante encontra um grande centro comercial com atividades diurnas e noturnas. Entre as opções estão restaurantes, bares, pubs, botecos, lojas de diversos seguimentos e agências para passeios turísticos. O embarque e desembarque são feitos pelo cais central ou pelo cais da barca, onde existe um intenso movimento de barcos tanto de passeio quanto de translado para o continente. Foto Editora Novo Rumo
Praia do Canto
Com muita sombra e areia fofa e clara, a Praia do canto é o lugar perfeito para quem quer aproveitar o dia e fazer as refeições à beira mar, em algum dos restaurantes que ficam bem na praia. Para chegar ao local, basta pegar a trilha que fica no canto esquerdo da praia do Abraão. A caminhada dura cerca de 10 minutos.
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Foto Edirota Novo Rumo
TURISMO ILHA GRANDE
Praia Preta
Foto Sérgio Pinheiro
Praia da Feiticeira
Com areias escuras (monazíticas), a Praia Preta localiza-se à esquerda de quem está na Vila do Abraão Esta é uma das praias olhando para o mar e a trilha mais visitadas da Ilha de acesso é de 12 minutos. É devido à beleza que nela que estão localizadas as abriga este lugar. Com ruínas do antigo presídio do 100 metros de areia e Lazareto. A praia tem muita águas claras, o local é sombra das árvores, além de perfeito para a prática de um rio que forma um pequeno lago de água doce, um local perfeito para snorkeling. Outro atrativo se refrescar. Ela é dividida em duas partes, antes e depois das ruínas do é visitar a cachoeira da Feiticeira. O Acesso à praia é feito por trilha a presídio. partir do Abraão, com duração de 1h e meia ou por flex boat. Foto Sérgio Pinheiro
Praia do Abraãozinho
Com um cenário paradisíaco, o Abraãozinho é uma das mais belas praias da Ilha Grande. Seu acesso fica a partir do canto direito da Praia do Abraão, e a trilha que dura apenas 40 minutos chama a atenção dos visitantes pela beleza das pequenas faixas de areia que existem pelo caminho. Quem preferir pode optar pelo serviço de táxi boats. Com muita sombra e águas calmas, rasas e claras, o lugar é perfeito para quem viaja com crianças. O local dispõe de um bar e restaurante que serve petiscos e cerveja gelada na beira da praia. Para o lazer, estão disponíveis o aluguel de caiaques e pranchas de stand-up paddle.
Praia de Fora
Com 600 metros de areias e águas claras e transparentes, a Praia de fora é uma das mais belas da Enseada das Estrelas. Além da beleza da vegetação nativa da mata atlântica, a fauna local encanta quem visita este lugar paradisíaco. O local dispõe de restaurantes,
pousadas e um cais para embarcações. A trilha a partir da Vila do Abraão leva em média 2h20min, e também existe a opção de táxi boat.
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TURISMO ILHA GRANDE
Foto Marco Terranova
Enseada das Estrelas
A enseada das Estrelas recebeu este nome devido ao grande número de estrelas do mar que existem nesta região da Ilha Grande. É nela, também, que está localizada a maior e mais bela queda d’água da Ilha Grande, a Cachoeira da Feiticeira, um “véu de noiva” com 15 metros de altura. A enseada possui seis belas praias, entre elas, a da Feiticeira, Iguaçu, Camiranga, Perequê (Praia da Fazenda), De Fora e Saco do Céu. A trilha que leva à enseada é bem sinalizada e tem duração média de 3 horas partindo da Vila do Abraão. Para aqueles que preferirem, existe a opção dos táxis boat. Foto Alexandre Mariano
Saco do Céu
O Saco do Céu é uma incrível formação de uma enseada dentro de outra enseada. O local, que fica dentro da Enseada das Estrelas, é formado por um mangue e pelas praias do Saco, de Dentro, do Galo, do Conrado, da Caravela e a do Amor. É neste lugar que existe a maior concentração de estrelas-do-mar da Ilha Grande, fato que deu origem aos nomes Enseada das Estrelas e do Saco do Céu. Entre os atrativos do Saco do Céu estão os restaurantes que servem uma gastronomia de alto nível, reconhecida pela qualidade e bom atendimento, a prática de esportes aquáticos e mergulho e também a Igreja de São Cosme e São Damião. Foto Luis Fernando Lara
Japariz
Japariz é um dos destinos preferidos para o almoço durante os passeios que as agências de turismo locais promovem pela Ilha grande e demais ilhas de Angra dos Reis. Os restaurantes ficam localizados à beira-mar e possuem um cardápio diversificado. A praia possui muita sombra graças às belas amendoeiras existentes na faixa de areia. A trilha de acesso é muito longa, com duração de 3h30min, então é preferível visitar o local de barco ou flex boats.
Foto Alexandre Mariano
Freguesia de Santana A Freguesia de Santana é uma península que abriga quatro das mais belas praias da região, entre elas, Praia da Freguesia, Praia da Baleia, Praia da Grumixama e Praia da Freguesia Sul. Foi neste local que se instalou há muitos anos atrás o primeiro povoamento da Ilha Grande, com desenvolvimento de grandes lavouras, engenhos de cana de açúcar e produção de cachaça. No entanto, a comunidade não se expandiu e hoje apenas 50 pessoas residem no local. O atrativo mais procurado pelos turistas é a Igreja de Santana. A construção tem data de 1843 e é o monumento religioso de maior importância de toda a ilha. O lugar é de propriedade particular e, portanto, o acesso só é permitido nas areias da praia, ao entorno da igreja e trilhas da região.
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TURISMO ILHA GRANDE Foto Sérgio Pinheiro
Foto acervo TurisAngra
Lagoa Azul
Imagine nadar em uma piscina natural de água extremamente azul! Localizada próxima à Ilha dos Macacos, Grumixama, Baleia, Freguesia Sul e norte, a Lagoa Azul tem beleza única e exuberante. Este é um dos locais prediletos para quem pratica snorkel, devido à formação de um aquário natural que abriga uma grande variedade de espécies de peixes e animais marinhos da região da Ilha Grande. Outro atrativo é o barco-restaurante que serve pratos de frutos do mar e bebidas variadas. Foto Sérgio Pinheiro
Lagoa Verde
A Lagoa verde fica localizada entre as Praias da Longa e Araçatiba. Com águas rasas e transparentes de tom esverdeado, o local também abriga um aquário natural. Nele é possível observar diversas espécies marinhas, sendo as prediletas dos turistas as tartarugas. O restaurante flutuante também fica próximo ao local. O acesso pode ser feito por barco ou trilha.
Enseada do Bananal
A enseada do Bananal é um dos locais mais visitados da Ilha Grande. Ela é composta por cinco praias, entre elas, a Praia do Bananal, a Praia do Bananal Pequeno, Praia da Baleia, Praia do Matariz e Praia da Jaconema. Com águas calmas e claras e forte presença da mata atlântica, a enseada tem uma beleza que se destaca entre as praias da região. Sua comunidade tem forte influência japonesa e sua subsistência está ligada ao turismo, transporte marítimo e pesca. No passado, o lugar foi um grande produtor de sardinhas processadas chegando a ter sete fábricas de pescado. Entre as atrações estão as caminhadas pelas quatro trilhas da região, passeios de barco e mergulho. Foto Sérgio Pinheiro
Enseada de Araçatiba
É em Araçatiba que fica a segunda mais importante comunidade da Ilha Grande. Sua enseada é composta por seis praias: Praia Grande de Araçatiba, Araçatibinha, Praia do Viana, Praia da Cachoeira, Praia Vermelha e Praia de Itaguaçú. Com águas calmas e cristalinas, o local oferece diversas opções de turismo que vão desde as caminhadas pelas trilhas, até modalidades esportivas como o mergulho e o remo em canoa ou caiaque. O lugar oferece excelentes pousadas que servem excelentes pratos da culinária local. O acesso é feito por trilha ou barco.
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TURISMO ILHA GRANDE Foto Sérgio Pinheiro
Praia Vermelha
experimentar a culinária local.
A Praia Vermelha, um dos destinos preferidos dos mergulhadores, tem águas cristalinas e de coloração verde. O local abriga um dos navios naufragados de maior importância na baia da Ilha Grande, o vapor Califórnia. O lugar é perfeito para quem quer curtir a natureza e
Gruta do Acaiá
A Gruta do Acaiá fica localizada no extremo oeste da Ilha Grande. Com uma beleza sem igual, a gruta possui a profundidade de aproximadamente 8 metros abaixo do nível do mar. Do lado de fora existe uma fenda na pedra, permitindo que a água do mar entre e forme uma praia dentro de seu salão subterrâneo. A luz do sol refletida faz com que a água tenha um efeito fluorescente. A beleza do fenômeno impressiona a todos que visitam o lugar. O acesso é por terra, a entrada é estreita e difícil, mas o sacrifício vale a pena. A trilha que leva ao local é leve, com pequenas subidas e descidas.
Provetá
Com águas claras um pouco agitadas e areia grossa, o Provetá é a principal rota de acesso terrestre para quem vai às Praia do Aventureiro e Praia dos Meros. A Vila do Provetá concentra a maior comunidade evangélica da Ilha Grande. Sua subsistência é a pesca, porém a atividade do turismo cresce cada vez mais.
Meros
Isolada e de difícil acesso, a praia dos Meros esconde um dos mais belos cenários da Ilha. Seu acesso é feito somente por barco, e para ir ao local é preciso verificar as condições do tempo devido às fortes tempestades que constantemente atingem o local. As principais atrações são os vestígios de civilizações antigas escritas nas rochas e as atividades de pesca e mergulho. A praia fica na ponta dos Meros, na extremidade sudoeste da Ilha Grande.
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Aventureiro Totalmente preservado durante décadas, o Aventureiro é um dos locais mais paradisíacos da Ilha Grande. O lugar, que fica em área de preservação ambiental, possui apenas uma pequena vila de pescadores que preserva as tradições locais. A praia tem aproximadamente 500m de faixa de areia, com águas cristalinas e mar agitado por grandes e belas ondas. Nela existe um pequeno cais para atracação de embarcações. Entre as atrações turísticas estão o famoso “coqueiro deitado” que fica localizado ao lado esquerdo de quem olha do mar e os dois mirantes, o da Espiã e o do Sundara. É importante lembrar que no local possui apenas chalés e campings domésticos. Possui sinal Wi-fi disponibilizado pelo INEA, através de placas solares, que é gratuito à todas as pessoas. Na alta temporada, o acesso é controlado pela fiscalização ambiental através de pulseiras distribuídas pela Turisangra. O acesso é feito por barco ou trilha partindo do Provetá. Foto Francinete Fróes
Lopes Mendes Eleita como uma das mais belas praias do Brasil, Lopes Mendes é sem dúvida uma das paisagens mais encantadoras da Ilha Grande. A praia é uma dos destinos prediletos dos surfistas. É importante lembrar que não há comércio ou locais para estadia, portanto é necessário ter atenção ao horário de regresso. O acesso é feito por trilha, com duração de 3h 30min a 4h, e a caminhada é pesada. Outra opção é ir de barco até a enseada de Palmas e fazer uma caminhada de 30 a 60 minutos. Foto Alexandre Mariano
Enseada de Palmas Quem chega à Palmas se encanta com a beleza da paisagem. As praias localizadas na Enseada de Palmas são: Brava, Grande de Palmas, Mangues, Pouso, Itaóca, Itaoquinha, Aroeira e
Recifes. O local é repleto de coqueiros e curiosidades históricas. No passado, a enseada abrigou duas fazendas com mão de obra escrava para a produção de cana-de-açúcar e de café. Os vestígios do passado ainda estão presentes no lugar, como nas ruínas das casas de fazenda. Hoje, a atividade principal é a pesca, seguida pelo turismo, mas ainda existem poucas pousadas e campings. Palmas também é caminho de quem vai para a Praia de Lopes Mendes.
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CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
ALLY SORVETERIA RUA DA PRAIA, DE FRENTE PARA O CAIS DE TURISMO. FRENTE FRIA, EM FRENTE AO CAIS DA BARCA. TEL.: (24) 3361-9533.
A Ilha Grande combina com o verão e o verão combina com sorvete. De frente para o cais de turismo é possível experimentar o melhor sorvete da região, na Ally sorveteria. O proprietário da sorveteria, Claúdio garante que o sucesso da receita vem da tradição de sua família no ramo de sorvetes. A ideia de abrir o estabelecimento surgiu há 20 anos atrás, quando ele foi à ilha pela primeira vez e percebeu que seu negócio tinha tudo a ver com o lugar. Na época, a receita original do sorvete passou por uma modificação para alcançar um padrão mais sofisticado. Hoje, só na ilha são duas unidades da marca, mais uma em Angra e outra
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em Niterói. São mais de 20 sabores de sorvete, que vão dos mais simples, como o de chocolate, chocomenta, crocante, morango, creme, doce de leite, banana, passas ao rum e manga, até os sabores especiais, que são os de tapioca, ovo maltine, amarena, café com chocolate, ferrero rocher e o lançamento da casa, caipirinha, que tem o mesmo gosto da bebida. Quanto às coberturas são oferecidas mais de 20 sabores, entre elas caramelo, chocolate, morango e a calda quente de chocolate. Também estão à disposição amendoins, castanhas, confetes, jujubas, chocolate granulado e wafes. Além do sorvete, as lojas servem
açaí, salgados e cafés variados, como expresso, café carioca e cappuccino. A decoração é alegre e aconchegante, com a bela vista da praia do Abraão. O local é um ponto de encontro de moradores e turistas, por ficar localizado na rua da Praia, em frente ao cais de turismo. Na alta temporada a loja fica aberta de 8:30h à meia noite, já na baixa temporada o horário é de 8:30h às 22h.
CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
BAR APERITIVO PRAIA DO ABRAÃOZINHO. DIARIAMENTE, DAS 10H ÀS 18H. ACEITA MASTER, VISA, DINERS E AMEX. (24) 99941-0362, (21) 99490-1558.
Um dos lugares mais bonitos da Ilha Grande, é a Praia do Abraãozinho. O lugar paradisíaco de águas claras e calmas oferece de brinde a beleza da Mata Atlântica. Para chegar ao local saindo da Vila do Abraão, basta pegar um dos taxis-boat que saem da praia ou seguir a trilha que dura aproximadamente 35 minutos. É neste cenário paradisíaco, que há 30 anos funciona o Bar Aperitivo. O estabelecimento mantém a tradição de servir frutos do mar frescos e uma comida de alta qualidade, tanto que boa parte dos clientes sempre volta para provar outros pratos. A decoração é rústica com detalhes de esteira de palha no rebaixamento do teto, o que torna o espaço mais aconchegante. A música ambiente tem base na MPB e segue até as músicas internacionais o que torna o ambiente ainda mais encantador. O foco do estabelecimento é um cardápio variado e sofisticado com um serviço eficiente. Entre as opções estão o peixe grelhado ao molho de camarão, que acompanha arroz com amêndoas e salada tropical; o filé de salmão que acompanha arroz com brócolis e purê de banana; o peixe frito com arroz, fritas ou salada. No entanto, o prato mais procurado é o peixe frito ao molho de camarão, que acompanha arroz e salada
ou fritas. Aqueles que preferirem carne podem pedir o delicioso contra filé na chapa, com arroz de brócolis e purê de batata baroa. Também são oferecidos petiscos diversos como peixe frito, isca de peixe, lula à doré, lula ao vinagrete, camarão ao alho e óleo, camarão empanado, polvo ao vinagrete, mexilhão ao vinagrete e batatas fritas. Os pastéis da casa são outra opção de sucesso entre os clientes, com os recheios de carne, queijo, napolitano, siri e camarão. O bar dispõe de uma carta de drinks que receberam os nomes das praias da ilha, como o Abraãozinho que é feito com tangerinas, gengibre, manjericão e uma cachaça especial; o Praia do Amor feito com um mix de frutas vermelhas e vodka importada. Existem também, os drinks com frutas nobres como a lima da pérsia e o kiwi. São servidas também, cervejas nacionais e internacionais e também as artesanais da região, como a Weiss Darbem da Cervejaria dos Reis e a Cerveja Ilha Grande. Para aqueles que não consomem bebidas alcoólicas existe a opção dos drinks sem álcool e sucos naturais da fruta. Esplêndida Gastronomia
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CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
BARJDECO RUA DA PRAIA S/N, VILA DO ABRAÃO. ABRE DE TERÇA À DOMINGO, DAS 16 ÀS 24H E ATÉ MAIS TARDE PARA DRINKS E PETISCOS FRIOS. ACEITA TODOS OS CARTÕES. (24) 99977-9555.
Com 11 anos de existência o Bardjeco é um dos bares e restaurantes mais tradicionais da Ilha Grande. O nome faz menção ao dialeto da Ilha, bardjeco, como são chamados os moradores (nativos). Localizado em frente à praia e a antiga rua de paralelepípedos do vilarejo do Abraão, o estabelecimento teve uma repaginação recente, tanto nos pratos quanto na decoração, mantendo o estilo rústico e a tradição das fotos de antigos moradores da Ilha nas paredes, mas acrescentando detalhes modernos,
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como as bandeiras de diversos países do mundo, uma homenagem aos visitantes, sem esquecer a qualidade da comida e do serviço que são a marca da casa. O espaço tem como prioridade oferecer aos moradores e turistas um cardápio variado, com um preço acessível com uma diversidade de carnes, frutos do mar, sanduíches e uma novidade, a batata recheada. Também existem as opções de petiscos, como iscas de peixe, batata frita com queijo e bacon, deliciosos bolinhos de bacalhau, frios e o campeão de pedidos o frango à passarinho. Para aqueles que preferirem há as opções de pratos para duas pessoas, os mais pedidos pelos clientes são a caldeirada de frutos do mar, a picanha com fritas e o churrasco misto. Além, dos individuais como o contrafilé especial que vem acompanhado de arroz, feijão, salada, fritas, farofa, ovo frito e o parmegiana de carne e frango com arroz e fritas. Outra especialidade da casa são os sanduíches de diversos sabores, o que tem mais saída é o Beirute de carne ou frango com fritas. Os pastéis também são muito procurados, nos sabores de queijo, carne, frango, carne seca e camarão. Os drinks mais pedidos são as capivodkas, as cachaças e as caipirinhas de frutas que são uma tradição do bar. Outra opção são as cervejas industrializadas e artesanais.
CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
CACHAÇARILHA RUA BOUGANVILLE, S/N E RUA SANTANA, PRÓXIMO A POUSADA ILHA INN, NA VILA DO ABRAÃO. DIARIAMENTE, DAS 9H ÀS 23H. ACEITA TODOS OS CARTÕES. (24) 99839-7042.
O espaço do Empório Ilha Grande Cachaçarilha foi todo projetado com madeiras de eucalipto e teto de piaçava preservando o estilo da arquitetura caiçara. Além de um toque mineiro na decoração que torna o ambiente mais aconchegante. Do lado de fora mesas foram colocadas na calçada para aqueles que quiserem degustar os produtos da loja. A loja existe há 20 anos e vende as melhores cachaças artesanais de Minas Gerais, além de marcas regionais, como a Desinibida de Angra. Também podem ser encontradas cachaças compostas, como a de milho e a de menta. Para quem gosta de degustar uma excelente cerveja artesanal, a casa dispõe as marcas locais, como a cerveja Ilha Grande e a Weiss Darbem, da Cervejaria dos Reis que são muito procuradas pelos turistas. A Casa também oferece deliciosos licores de sabores diversos. Quem visita o local não pode deixar de conferir os deliciosos doces de compota e geléias mineiras. A loja também dispõe de artesanatos diversos, como imagens feitas de cabaça e decoradas com biscuit, quadros de madeira e de metal, pingômetros, que são recipientes para por pinga que podem ser fixados na
parede. Outra opção são as pimentas em conservas puras ou compostas para aqueles que têm um paladar picante. Os visitantes que forem a Ilha Grande podem encontrar o estabelecimento em dois endereços, o primeiro na charmosa Travessa Bouganville que fica à direita de quem sai do cais de turismo e o outro fica em uma das principais centro comerciais do Abraão, a rua Santana. Esplêndida Gastronomia
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CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
CERVEJARIA DOS REIS Quando o Brasil foi descoberto, já havia na Alemanha mais de mil marcas de cerveja. Hoje, a cerveja é praticamente um símbolo nacional e o interesse pelas marcas artesanais tem aumentado a cada dia que passa. Em 2013, em Angra dos Reis foi feita uma cerveja artesanal produzida em panelas comuns. Tudo começou como um passatempo e ao longo de dois anos foi aprimorada uma cerveja de trigo que foi intitulada por seu criador de Weiss Darbem, que é feita com uma mistura de maltes de trigo e pilsen da melhor qualidade, com creme farto e persistente. Essa combinação tem conquistado admiradores por ser refrescante e com amargor moderado, o que combina bem com o verão e as praias da região. Além de ser produzida de acordo com a lei de pureza alemã que permite que contenha apenas quatro elementos na sua composição, água, malte, lúpulo e levedura. Seu mestre cervejeiro aconselha servi-la em copo fino na base e largo em cima para reter o creme, o que preserva seu sabor e seu aroma por mais tempo, e que de preferência esteja a uma temperatura de 2º Celsius. A Cerveja Weiss Darbem é perfeita para acompanhar uma culinária sofisticada ou até comidinhas de boteco. Harmoniza muito bem com Frutos do mar, queijos variados, até mesmo os mais fortes, e embutidos, como salsichas e salames. 22
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PEDIDOS POR E-MAIL E CONTATO TELEFÔNICO. GLHMENDES@HOTMAIL.COM / (24) 99909-8879.
CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto Acervo Coruja Bar e Empadas
CORUJA BAR E EMPANADAS RUA PROFESSORA ALICE KURI, 94, VILA DO ABRAÃO. ABRE TODOS OS DIAS, DAS 17H ÀS 01H. ACEITA TODOS OS CARTÕES. (21)99336-7505 / (24) 99880-7525.
Há 1 ano e meio o Coruja Bar serve as melhores Empanadas da região, na Vila do Abraão, em janeiro de 2017 foi assumido por uma nova direção e ficou ainda mais charmoso e aconchegante. A decoração é rústica, com artesanatos locais e arte em giz nas paredes inspiradas na arte popular argentina. O local é muito procurado pelos turistas, principalmente os estrangeiros, porque atualmente é o segundo na classificado de bares e pubs da Ilha Grande, no site Tripadvisor. O local serve as deliciosas empanadas, o prato é de origem argentina e é feito de forma totalmente caseira, com uma massa leve e crocante. O cliente pode escolher o recheio, entre as opções, o mais procurado é o de carne cortada em cubos com tempero picante. Mas, também existem os recheios com base na mussarela combinados com presunto, cebola,
tomate seco e manjericão; berinjela, abobrinha, tomate seco e azeitonas; atum e o à parisiense, que é feito com champignons, ervilhas, milho e molho branco. Se a preferência for por doce, são servidas as empanadas de doce de leite com frutas frescas da época e o mais pedido, que é o de chocolate com morangos. A casa também serve deliciosos bronwnies, do mais simples ao mais sofisticado, o de brigadeiro gourmet com sorvete. A carta de bebidas é inspirada em drinks cariocas conhecidos internacionalmente como as caipirinhas de frutas e as caipivodkas, nos sabores de banana com maracujá; de jabuticaba com limão e o de cajá com morango. Outras opções são o Fernet Cola, preparado com fernet e coca-cola e os mojitos. Quem preferir pode pedir as cervejas, tanto artesanais quanto industrializadas. Todos os dias da semana o Corujas brinda os clientes com um happy hour, das 21h até a meia noite oferecendo mojitos e caipirinhas a preços promocionais. Para os ouvidos mais afinados a casa dispõe de uma discografia variada que parte da música popular brasileira, abraça a música latina e se aventura no jazz e blues da Lusiana. A Europa também é contemplada musicalmente trazendo novos e antigos nomes, aonde o bom gosto vem sempre em primeiro lugar. O estabelecimento conta com uma pitada retro, onde são oferecidos cafés de qualidade, com a chancela Nespresso.
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CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
RESTAURANTE DOM MARIO TRAVESSA BOUGANVILLE, VILA DO ABRAÃO. TERÇA À SÁBADO, DAS 17H ÀS 22H. ACEITA VISA E MASTERCARD.
Desde 1993, na Vila do Abraão, o Restaurante Dom Mario serve o melhor da cozinha brasileira na Ilha Grande e atrai visitantes de toda parte do mundo. A proposta é servir pratos difereciados dos demais estabelecimentos locais, priorizando uma gastronomia de altaqualidade. O ambiente fica em um local reservado no final da Travessa Bouganville e tem decoração rústica com detalhes da arte caiçara. O local tem destaque em diversos sites de turismo e é freqüentado tanto por moradores quanto por turistas. Seu chefe Dom Mario, trabalhou em alguns dos melhores hotéis do Rio de Janeiro, como o Cesar Park, os extintos Meridien e o Le Saint-Honoré. Ele é o responsável pela excelência
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dos pratos servidos no estabelecimento. Para entrada, o cliente pode optar entre, carpaccio de salmão ou carne, salada de palmito com tomate seco, mexilhão na manteiga de alho e camarão ao alho. Entre os pratos de destaque estão: o camarão ao molho basilic feito com camarões médios, que tem sabor acentuado o que torna mais marcante o paladar deste prato, e são servidos com batatas sauté; o filé mignon ao poivre vert (pimenta verde) com batatas rosti; o risoto de polvo com jiló com um sabor especial. No entanto, o mais procurado é o peixe ao molho de maracujá e abobrinhas com ervas,
já que os visitantes que provam sempre voltam para experimentar outros pratos, tamanho é o sucesso deste. A Carta de drinks é inspirada em bebidas tradicionais do Brasil, como a caipirinha de limão e morango e as caipirinhas da casa feitas de maracujá com gengibre e a de maracujá com manjericão. Também são servidos as cervejas tradicionais, sucos naturais da fruta e vinhos nacionais e importados.
CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
FRUTOS DO MAR INFORMAÇÕES: (24) 999-415-861.
O restaurante Frutos do Mar fica em uma das ruas mais movimentadas do Abraão, a Rua Santana, bem próximo ao cais de turismo. O local tem uma decoração rústica em madeiras de demolição e um toque de sofisticação. Nas paredes obras de artes de artistas plásticos da região, todos retratam as belas paisagens da ilha e a cultura caiçara. A música ambiente tem base na MPB. O lugar é perfeito para aqueles que preferem fazer as refeições em um espaço com ambiente climatizado, o que o torna uma opção atraente no calor do verão. O
local tem como principal critério servir frutos do mar frescos e uma comida caseira de alta qualidade. Entre as opções do cardápio estão o Peixe à Brasileira, com arroz e pirão; a caldeirada de frutos do mar, que leva camarões, polvo, lula e mexilhão e acompanha arroz e pirão. São servidos também, os pratos com camarão, como o Bobó de camarão, com arroz; o strogonoff de Camarão, com arroz e batatas sauté e o camarão com catupiry que acompanha arroz e batatas sauté. Outra boa escolha são os pratos com carnes, entre elas, a picanha argentina maturada, com fritas, farofa, molho à campanha e arroz e o contra filé com arroz, salada e fritas. Se a preferência for por petiscos a casa serve um excelente camarão ao alho e óleo, a lula ao vinagrete e a casquinha de siri, todos com um tempero e ingredientes de excelência. Entre as bebidas os sucos naturais chamam a atenção dos clientes, não só pela qualidade como pela beleza da decoração. São servidas também, as cervejas tradicionais e drinks variados. A carta de vinhos oferece desde os nacionais, até os importados como os franceses, chilenos, portugueses e argentinos. Se sua escolha for por um ambiente elegante e ao mesmo tempo aconchegante, o lugar certo para suas refeições é o Restaurante Frutos do Mar. Esplêndida Gastronomia
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CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto Acervo Las Sorrentinas
LAS SORRENTINAS AV. GETÚLIO VARGAS, 638, VILA DO ABRAÃO. ABRE DE SEGUNDA À SÁBADO, DAS 19H ÀS 23H. PAGAMENTO À VISTA, PAYPAL E DEPÓSITO BANCÁRIO. (24) 3361-5063.
Um Sorrentino é uma massa recheada criada na argentina. O formato é parecido com o de um ravióli, no entanto é um pouco maior e redondo, como um chapéu. Existem diversas versões sobre a origem dos sorrentinos. Mas a mais aceita é de que eles foram criados na Argentina por imigrantes italianos, na cidade de Mar Del Plata. Cabe registrar que o sorrentino faz parte do cardápio de muitos restaurantes na Argentina. O recheio mais tradicional por lá é o de presunto e queijo, porém as possibilidades de recheio são infinitas. Na Ilha Grande esta maravilha gastronômica é servida pelo Restaurante Las Sorrentinas. Com um ambiente colorido e encantador este é o espaço perfeito para quem quer comer uma massa inteiramente caseira e leve. Por este motivo, o estabelecimento está conquistando visitantes de todas as partes do mundo e já alcançou a marca de primeiro colocado no ranking de restaurantes da Ilha Grande no site Tripadvisor. Os sorrentinos são servidos com recheios, como espinafre com mussarela e queijo minas, gorgonzola com nozes e queijo minas, tomate seco com mussarela e alho, presunto com mussarela e manjericão e o novo sabor de salmão com mussarela e philadelphia. Quem 26
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preferir pode pedir o delicioso espaguete, também feito com massa artesanal, com as opções de molho, cogumelo shitake com cogumelo de pinho e creme, molho pesto, carne guisada com molho de tomate, molho carbonara e molho rosé. Para sobremesa a casa oferece mousse de maracujá e o brownie de chocolate com sorvete caseiro. Na carta de drinks, as caipirinhas de frutas naturais fazem sucesso entre os clientes, a mais procurada é a “Las sorrentinas”, que é feita de maracujá com limão. O fernet com coca-cola também é muito procurado pelos clientes, principalmente os argentinos que visitam a ilha. Outra opção são os vinhos, cervejas industrializadas e artesanais e os sucos naturais. O local aceita dinheiro em espécie, paypal e depósito bancário.
CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
LUA E MAR VILA DO ABRAÃO, PRAIA DO CANTO. QUINTA À TERÇA, DAS 11H ÀS 23H. ACEITA TODOS OS CARTÕES. (24) 3361-5113 E (24) 3361-5761.
O Restaurante Lua e Mar é um dos estabelecimentos mais tradicionais da Vila do Abraão e é freqüentado tanto por moradores quanto por turistas. Tudo começou quando Dona Ivone de Brito (Dona Cidinha), depois da aposentadoria de seu marido Sr Vavá resolveu abrir um bar no rancho, onde eram guardados as canoas e redes de pesca da família. Com o passar do tempo o negócio prosperou e se transformou em um dos restaurantes mais freqüentados da Ilha Grande. O Local é rústico e aconchegante, a decoração é feita com artesanatos locais. Dispõe de dois ambientes, um salão e um espaço na areia da praia, que conta com a cobertura de uma enorme amendoeira, sua sombra torna o lugar ainda mais agradável. O tempero da comida é de origem mineira, com base no alho, sal, cebola, limão e azeite, além de um toque caiçara. O prato mais
procurado é o típico da região, o peixe com banana e camarão, que acompanha arroz e pirão de peixe. Em 2016, este prato do Lua e Mar, concorreu ao prêmio das sete maravilhas gastronômicas do Rio de Janeiro. Outros pratos em destaque são a moqueca mista feita com polvo, lula, camarão, mexilhão e peixe, acompanha arroz e pirão; o bobó de camarão, com arroz e farofa de dendê; o filé de badejo, linguado ou salmão com molho de maracujá ou abacaxi, que acompanha arroz e batata sautê e o camarão com catupiry, com arroz e batata souté. No cardápio estão outras opções como, moqueca de camarão com arroz e farofa; moqueca de peixe com arroz e pirão; risoto caiçara de polvo; risoto caiçara de lula; risoto caiçara de camarão; risoto caiçara com frutos do mar feito com polvo, lula, camarão e mexilhão e para quem não come carne tem o risoto caiçara vegetariano. E se a preferência for por petiscos, são servidos camarão ao alho e óleo; lula; isca de peixe; filé mignon aperitivo; isca de frango, entre outros. Os drinks mais pedidos são as caipirinhas de frutas naturais com cachaça especial, também são servidos mojitos, margaritas, cosmopolitan, sex on the beach e o Lua e Mar, que é feito com abacaxi, laranja, curaçal e vodka. Para sobremesa quitutes da casa como doce caseiro; doce caseiro com sorvete; bolo de sorvete; torta de maçã e torta de maçã com sorvete. Esplêndida Gastronomia
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CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
SANTUÁRIO GASTRONÔMICO AV. BEIRA-MAR, 11, CAMINHO DA PRAIA PRETA, NA VILA DO ABRAÃO. PAGAMENTO À VISTA. (24) 99971-7206 / 98812-7854.
A diferença entre o Santuário Gastronômico e os demais estabelecimentos da Ilha Grande é o tempero da comida caseira feita por dona Kaka, a chef tem grande experiência em restaurantes de países da Europa, como Portugal, Alemanha e França. A especialidade do local são as marmitex que são preparadas de forma especial para que o cliente tenha a sensação de experimentar um prato de alta qualidade gastronômica, mesmo estando em casa. Cada ingrediente é escolhido com atenção o que garante o sabor da comida e a satisfação dos clientes. O cardápio é variado e oferece pescados nobres como o Marlin e o Meca, mas também aqueles mais simples encontrados na região, mas não menos saborosos, como o Peroá e o Olho de Cão. As carnes vermelhas e brancas seguem o mesmo padrão de qualidade. A base do tempero dos pratos é a comida mineira, alguns destes vem de uma hortinha que fica no próprio restaurante, outros ingredientes são preparados de forma caseira, como as batatas fritas em palito e a palha. 28
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A comida mineira não está presente só no tempero, mas também no cardápio, como a costelinha suada com arroz, tutu de feijão, couve e mandioquinha frita. Se o cliente preferir outro tipo de comida pode optar por um delicioso escalope de filémignon acebolado com arroz, feijão e fritas caseiras. Um dos mais procurados é o peixe com pirão, arroz e salada. O estabelecimento fica logo após o cais da barca, próximo da escola municipal do vilarejo. O pagamento é feito apenas em espécie.
CLUB GOURMET - ILHA GRANDE Foto por Ricardo Alexandre
SARA SABORES E PIZZARIA RUA GETULIO VARGAS S/N, NA VILA DO ABRAÃO. ACEITA TODOS OS CARTÕES. DAS 12H ÀS 23H 30MIN. (24) 99854-6120.
O Sara Sabores e Pizzaria é o lugar perfeito para quem quer experimentar pratos de frutos mar com excelente tempero baiano e comida caseira. A casa serve também petiscos variados e pizzas de diversos sabores. O local é rústico com detalhes em bambu e uma decoração colorida e cheia de vida, com artesanatos locais nas paredes o que torna o ambiente ainda mais agradável. Os pratos que mais se destacam no cardápio são as deliciosas moquecas de frutos do mar, com as opções, a moqueca baiana feita com molho, azeite de dendê leite de coco, acompanhada de arroz e pirão; a moqueca capixaba feita com posta de peixe cozido com molho, colorau, azeite de oliva, tomate, com arroz e pirão; a moqueca mista feita com posta de peixe, camarão, lasca de bacalhau, azeite de dendê, leite de coco, com arroz e pirão e a moqueca de camarão feita com camarão ao molho, azeite de dendê, leite de coco, com arroz e pirão. Os peixes também são muito procurados, entre as opções estão o a moda da casa feito com filé de peixe frito com molho de limão, alcaparras e arroz e o sugestão do chef feito com posta de peixe grelhado com molho gorgonzola, batata cozida e arroz branco. Se a preferência for pelas massas as mais procuradas são o nhoque de mandioca
recheado com catupiry e molho branco com camarão e a pizza de camarão com bacon. Já os petiscos mais pedidos são a isca de peixe, a picanha com fritas e os pastéis, com os sabores de carne, queijo, camarão e bacalhau. Entre as carnes, a que se destaca é a picanha grelhada de sabores, com bananas, lingüiça e queijo, de acompanhamento arroz, farofa e fritas. Outra opção é o filé de frango grelhado com molho de manjericão e abacaxi grelhado, acompanhado de arroz branco. Também são servidos caldos de camarão, feijão e palmito e pratos individuais. O drink especial da casa é a caipirinha de frutas naturais, a que mais se destaca é a de maracujá. São servidas também, as melhores cervejas tradicionais, o chopp bem gelado da Itaipava e vinhos nacionais e importados, como chilenos, italianos e argentinos. A casa também oferece deliciosos sucos naturais da fruta.
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SETE MARES RUA DA PRAIA, S/N, VILA DO ABRAÃO. DIARIAMENTE DAS 12H ÀS 22H. ACEITA TODOS OS CARTÕES. (24) 99965-0993.
Localizado à beira mar, na praia do Abraão, o Restaurante Sete Mares é a escolha certa para aqueles que querem almoçar na areia da praia, o espaço também dispõe de um salão para aqueles que preferirem. A decoração é feita com madeiras de demolição e artesanatos confeccionados por um artista da Ilha Grande. À noite lanternas são acesas sob as mesas para dar um ar aconchegante o que torna as refeições mais prazerosas. O Estabelecimento existe há quatro anos e tem como prioridade servir frutos do mar frescos e uma deliciosa comida caseira. A idéia é proporcionar ao turista uma experiência única e contribuir para que sua estadia na ilha seja o mais prazerosa possível. Um dos pratos mais pedidos é o peixe frito acompanhado de arroz, feijão e salada; o peixe com camarão na telha que é uma das especialidades do restaurante que cada vez mais conquista admiradores. Outra opção do cardápio muito procurada são os petiscos, os mais pedidos são a porção de peixe frito e a Lula à doré. Se a preferência for pelas carnes, o Sete Mares serve um excelente churrasco à campanha, com carne, frango e linguição 30
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grelhados acompanhado por arroz, farofa, batatas fritas e molho vinagrete. Se a preferência for por frango, o pedido certo é o strogonoff de frango. A carta de drinks é mais um dos pontos fortes do local, não só pelo sabor, mas também pela beleza da decoração, a Pina Colada é uma das mais pedidas, mas as campeãs de pedidos são as caipirinhas de frutas naturais. E se o tempo ficar curto entre um passeio e outro, os lanches rápidos são a escolha certa para uma refeição saborosa sem perder tempo.
SABORES EXÓTICOS CLAUDIA GIRELLI Consultora em gastronomia e tecnologia
Batatinha quando nasce... Que os portugueses se atiraram ao mar em busca de novos produtos e novas zonas de comércio todos sabemos e a história encarregou-se de contar todos os caminhos que uma variedade enorme de novos alimentos fizeram “imigração” e acabaram por compor as mais tradicionais mesas no restante do mundo. A batata é um destes alimentos e veio de navio para a Europa na segunda década do século XVI. Os primeiros registros deste tubérculo não eram muito abonatórios. Proveniente da região peruana dos Andes foi considerada pelos médicos
“malsã e debilitante”, sendo apenas aconselhada para alimentação animal ou mesmo como arbusto ornamental. Entretanto, como seu cultivo era feito em hortas e pousio e estava isento de impostos e taxas feudais, passa a ser um alimento para os pobres. A batata só é elevada a alimento humano quando no dia 24 de agosto de 1785, o rei francês Luís XVI as serve como prato principal num jantar para a corte no Palácio de Versailles. Entendido fica que esta descoberta é a solução para a fome do empobrecido povo francês e europeu e assim se popularizou o seu plantio e seu consumo.
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Em Portugal, o famoso cozinheiro da realeza Lucas Rigaud, em 1780, publica seu famoso manual de cozinha da corte “Nova Arte de Cozinhar” em que dedica apenas esta citação: …“as batatas, depois de cozidas em água, comem-se com molho de manteiga e mostarda”… Hoje em dia, em todos os países europeus, a batata é parte integral dos menus e sendo atores coadjuvantes importantíssimos para acompanhar algum dos mais emblemáticos pratos nos:
Portugal: Bacalhau Assado com batatas a murro
Inglaterra: Fish and chips (Peixe com batatas fritas)
Alemanha: Eisbein com purê de batatas e chucrute (Joelho de porco)
Espanha: Tortilhas (“omelete” com batatas)
Holanda: Bitterballen (croquetes fritos) com puré
França: Tartiflette (batatas gratinadas com bacon)
Do ponto de vista nutricional, a batata não é o vilão que a pintam. É rica em vitaminas B e C, é fonte moderada de potássio, ferro e fósforo, além de conter muita fibra dietética e antioxidantes que ajudam no combate do envelhecimento celular. Assim, a receita que vos trago é a batata a murro que, sem dúvida, é a minha
preferida. Era assim que a minha sogra fazia para acompanhar um cabritinho de leite muito famoso nos almoços de família. De certeza todos vão adorar por seu sabor único e sua versatilidade para acompanhar pratos de carne de vaca, frango ou porco, ou ainda um lindo lombo de bacalhau assado no forno.
Batatas a Murro a moda dos Montezes Alfacinhas Ingredientes 1k de sal grosso 1k de batatas novas (com casca clara) 200g de azeite extra virgem 3 Dentes grande de alho fatiado
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Preparo
Lave bem as batatas com uma esponja em água abundante Seque bem com papel ou pano limpo Arrume-as (sem descascar) num refratário e coloque por cima todo o sal Leve ao forno 180º por cerca de 1 hora Leve ao fogo baixo o azeite e doure o alho fatiado Retire as batatas do forno e limpe-as de todo o sal (esse sal tem que ser descartado) Dê um murro em cada uma das batatas para amassa-las levemente Regue com o azeite com o alho
TEMPERO DE CASA ANDREA NAVARRO Graduada em Gastronomia pelo Instituto de Educação Superior de Brasília - Centro Universitário IESB. Atualmente é Personal Chef e escreve para o blog: gastronomia-virtual.blogspot.com
Comfort Food: nostalgia e afetividade à mesa.
Há relatos de que a teoria de Comfort Food (comida que conforta) existe há mais de um século, como podemos constatar na obra, publicada entre 1913 e 1927, ”Em Busca do Tempo Perdido”, do escritor francês Marcel Proust, onde ele menciona a relação de afetividade e de volta ao passado, quando ativa as lembranças, de sua infância ao comer as madeleines acompanhadas de uma xícara de chá: “No mesmo instante em que dei aquele gole, envolta com as migalhas de bolo, tocou meu paladar, estremeci atento ao que se passava de extraordinário em mim. Invadira-me um prazer delicioso, isolado, sem noção da sua causa... De onde me teria vindo aquela poderosa alegria?
Sinto que estava ligado ao gosto do chá e do bolo, mas que o ultrapassava infinitamente e não devia ser da mesma natureza.” Então, somente após 80 anos da publicação da obra, na década de 90, é que realmente surge nos Estados Unidos, o conceito de Comfort Food como uma tendência gastronômica, onde também é conhecida como pleasant food (comida prazerosa). Para estudiosos do tema, as comforts foods possuem características específicas. A primeira seria o uso de ingredientes naturais. A segunda é a exigência de maior dedicação aos preparos e uma outra característica muito presente é a de que, normalmente, as
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comforts foods são comidas quentes. É difícil encontrar alguém que tenha uma memória afetiva relacionada a uma salada, não é mesmo? Outro fato interessante é que como comfort food é algo intrínseco de cada ser, são nada mais, nada menos que suas memórias de vivências pessoais, onde sempre haverá exceções. Pois, as lembranças das pessoas levam a maioria a pensar na sua infância, nas pessoas que cozinhavam para elas e a sensação nostálgica de voltar ao passado, de vivenciar, mesmo que por alguns instantes, novamente parte daquela época tão prazerosa e tão cheia de significados. Não podemos deixar de citar o papel importante do comfort food na preservação de receitas e sabores, tendo em vista que o maior ingrediente é simplesmente o afeto, que carregamos conosco quando vamos preparar algum prato que nos remeta ao nosso passado. Tanto é que a onda comfort food surgiu na contramão dos fast foods, no preparo mecanizado de produzir e consumir alimentos. A busca do equilíbrio para o corpo e para a mente, aonde alimentar o corpo é, também, acalmar o espírito. Os alimentos são vistos como forma de trazer o bem-estar e o prazer individual. Os adeptos acreditam que comer não é só o que se come, mas a forma como se come. Afinal, um prato preparado com tanto sentimento só pode fazer bem a saúde. E é assim, nesse cenário de resgate de uma alimentação prazerosa e saudável que cresce o número de restaurantes comfort food em todas as metrópoles do mundo. Os menus oferecidos apostam nas comidas naturais e funcionais, deixando para os finais de semana as extravagâncias da
casa da vovó. Os adeptos do fast food, junk food e até da haute cuisine que me perdoem, mas acredito que cozinhar está muito além do simples fato de exercer uma profissão ou almejar seguir uma carreira de sucesso. Acredito que o carinho com que os produtos são escolhidos, o amor que colocamos no preparo desses alimentos é essencial para que ele acalme o estômago e acalente o coração de quem o come. Alimentos frescos e preparações simples e saborosas para serem servidas sem pressa e degustadas com delicadeza. Nossas lembranças de comfort food sempre nos levam a algum lugar especial, com pessoas especiais, algumas que já nem estão mais aqui entre nós, mas o fato é que quase sempre está relacionado ao tempero simples do arroz branco que comíamos na nossa infância, ao bolo de cenoura quentinho saindo do forno numa tarde de sábado, à carne de panela com batatas, o nhoque da vovó ou algo assim. Porém, não é só de comida de família que estamos falando. Algumas comunidades levam muito a sério o momento de se alimentar, sentar à mesa é quase um ritual sagrado. No meio dessas diferentes formas de se alimentar, em meio aos sabores, momentos, temperos e pessoas, estes vão ficando marcados na nossa memória para sempre.
DA ES TAÇÃO
FELIPE CABEDA Gastrônomo.
Vichyssoise
Fria ou quente sempre uma experiência única
Caros leitores, nesta edição trago até vocês uma sopa clássica e versátil da culinária francesa. A deliciosa Sopa Vichyssoise. Quando vi a mesma sendo feita pela primeira vez, fiquei impressionado, pois ela é feita com ingredientes simples e harmoniosos. Pensei em trazer uma sopa fria, mas pela sua versatilidade também poderá ser servida quente, trazendo sabores diferentes ao nosso paladar. Trago a receita que tenho em minha biblioteca por
ser a que tenho mais sucesso quando preparo. Há variadas formas de fazer, mas particularmente prefiro o preparo frio. Vichyssoise (termo francês cuja pronúncia correta é “vih-shi-suahz”) é uma sopa de batata, alho poró e caldo de galinha. Apesar de ser uma sopa de estilo francês, é dito que a Vichyssoise foi criada em 1917, por Louis Diat, chef do Ritz-
Carlton, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Louis era francês e durante sua infância, tinha o hábito de, nos dias de verão, esfriar a sopa adicionando leite. Ele então, batizou a sua sopa fria homenageando a cidade de Vichy, um balneário importante da região, onde Louis nasceu, o Auvergne.
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Porém, existem registros anteriores que indicam que essa preparação já existia. Na Escócia, essa sopa já era consumida no século XVI, sendo publicada na versão impressa, em 1598. Já no século XVIII, essa sopa passou a ser chamada, na Escócia, de Cock-a-leekie¹, em referência ao uso do caldo de aves e alhoporó, e considerada Sopa Nacional da Escócia
(Scotland’s National Soup). É provável que essa preparação tenha sido inspirada na sopa francesa de galinha e cebola. Independente de sua origem, a Vichyssoise é uma sopa saborosa e com uma vantagem excelente: pode ser servida fria ou quente – o que a torna ideal para qualquer dia, seja inverno ou verão.
A seguir, a receita da Vichyssoise:
Ingredientes
4 batatas médias
1 talo de alho-poró
1,5 l de caldo de galinha (se for usar cubos, dissolva apenas 2)
2 colheres (sopa) de manteiga
1 cebola
1/2 xícara (chá) de creme de leite fresco
Modo de Preparo
Vichyssoise
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1. Descasque as batatas e corte-as em fatias finas ou rale na parte grossa do ralador. 2. Lave bem o alho-poró sob água corrente e corte a parte branca em rodelas. 3. Descasque a cebola e pique grosso. 4. Leve uma panela com o caldo claro de galinha ao fogo alto para aquecer. 5. Numa panela grande, coloque a manteiga e leve ao fogo baixo. Quando
derreter, acrescente a cebola e refogue por 2 minutos. Junte o alhoporó e refogue por mais 2 minutos, mexendo sempre. 6. Acrescente a batata e mexa bem. Regue com o caldo de galinha e aumente o fogo. Quando começar a ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar por 40 minutos ou até que todos os ingredientes estejam macios. 7. Retire a panela do fogo e transfira a sopa para o liquidificador. Bata a sopa por 1 minuto ou até obter um creme homogêneo. Se preferir, deixe a sopa esfriar um pouco antes de bater. 8. Volte o creme à panela e leve ao fogo baixo. Acrescente o creme de leite e mexa com uma colher até que ferva novamente. Desligue o fogo. 9. Transfira a sopa para um recipiente com tampa. Quando esfriar, leve à geladeira. 10. Esta sopa é tradicionalmente servida fria, mas pode ser servida quente também.
NA DISPENSA IVONE MIT Personal Chef com formação em Chef Avançado pela ICIF Italian Culinary Institute For Foreigners Advanced -Escola de Gastronomia UCS-ICIF. Ministra aulas de culinária básica e avançada de confeitaria para grupos, casais e adolescentes; organiza jantares e eventos temáticos e trabalha com Gastronomia Terapêutica para famílias e casais.
Café Nosso de cada dia
A bebida que traz conforto e prazer de geração a geração Preto, forte e quente. Amigo, companheiro, acolhedor para todas as horas. Estímulo que faz pensar, acelera a mente e o coração. Amargo doce, analgésico e excitante. Cada dia, todos os dias eu e você... meu vício. Meu bem, meu mal necessário! Adivinhe quem é esse personagem tão incomum? É ele, o CAFÉ. Minha paixão!
Agora você deve estar se perguntando: O que faz essa criatura se declarar dessa forma e escrever um texto sobre esse assunto? Pois é, quando eu nasci, o leite que eu mamava já vinha misturado com café e isso não vinha através do leite de minha mãe, mas do aroma do café coado em coador de pano e feito por minha avó. Eu mamava sentindo esse cheirinho maravilhoso. Na Casa de italianos o café nunca poderia faltar. Forte, encorpado, coado na hora e bem quente, tão quente, que, um dia, eu nos meus quatro anos de idade, na mesa com a família para tomar
o café após o jantar, me estiquei toda sobre a mesa para pegar um bolinho de chuva e o bule tombou sobre o meu braço e adivinhem? Novamente, lá fui eu levada para o pronto socorro. Eu era tão boazinha, que minha mãe dizia, eu era quase sócia do PS. Nesse dia, meu braço ficou com bolhas enormes de queimadura e, claro, cicatrizes para contar no futuro mais uma história da minha infância.
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NA DISPENSA
Com esse acontecimento, eu poderia ter ficado com trauma, ou com raiva de café. Certo? Errado. Isso nunca afetou meu amor pelo café, que continuou firme e forte. Sou de uma geração que não conheceu o Nescau e o Toddy que chegaram quando eu já tinha uns 8 anos. Podem parar de fazer as contas!! Nasci na década de 50. Nosso café da manhã era a famosa sopinha de pão na tigela: leite, café, açúcar, pão ou polenta picados... Eita delicia!! Com o tempo essa paixão pelo café foi me levando a um encantamento e a um paladar cada dia mais apurado. Além de me interessar por inúmeras receitas dessa maravilha, ao estudar um pouco da cultura do café, descobri detalhes interessantes e pitorescos. Fiquei surpresa em saber que o café já foi proibido pela igreja católica, por ser considerada bebida do demônio, ou seja, uma bebida islâmica. Em 1570, o Papa Clemente VIII, provou o pretinho proibido e ficou enlouquecido de prazer e para poder desfrutar do prazer da bebida, ele precisou santificá-la. O sucesso mesmo, do café iniciou quando o embaixador turco SuleimanAga presenteou Luís XIV, rei da França com grãos de café. Daí para se popularizar entre a aristocracia, foi um pulo e em 1616 o café já fazia parte das mesas palacianas de toda a Europa. A fofoca boa e engraçada da chegada das primeiras mudas de café no Brasil, foi por conta de que o português Francisco de Mello, “precisou” seduzir a esposa do governador da ilha de Martinica, para poder conseguir as primeiras mudas de café que aqui chegaram. Verdade ou não, digo que essas informações chegaram a mim por meio de conversas com amigos e leituras curiosas sobre o assunto. Lembrando que meus bisavós, imigrantes italianos, chegaram aqui por volta de 1890, e foram levados
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diretamente para trabalhar nos cafezais de São Paulo, minha ligação com o passado e as histórias que minha avó contava sobre essa época, justifica e explica esse meu sentimento carinhoso e afetivo com o café. O termo café-com-leite era utilizado para descrever uma pessoa que não mandava em nada, desprovida de opinião ou direitos. Me lembro que em casa ouvi muitas vezes alguém falar: “Se foi fulano que disse isso, então não conta, pois ele é café-com-leite”. Esse termo também foi utilizado para definir acordos políticos entre as elites de produtores de café em São Paulo e do leite em Minas Gerais, que controlavam as eleições presidenciais civis da época. Café sempre esteve e está associado ao requinte e aos intelectuais dos centros urbanos. Sim, intelectuais famosos do século XIX, como Honoré de Balzac que, sempre atribuiu parte de suas inspirações e produtividade ao café, disse: “Quando nós bebemos café, as ideias marcham como um exército” e Napoleão Bonaparte, que se referia ao café como: “Café, a bebida favorita do mundo civilizado”, e ele sabia do que estava falando. Por onde o café foi chegando no mundo, foi se adaptando e se misturando aos costumes e assim foi sendo utilizado de várias maneiras. Por exemplo, no oriente, o café é preparado com condimentos diversos como canela, gengibre e cardamomo. No Japão toma-se café gelado. Na Itália toma-se café puro, curto e expresso, quase um creme, ou com raspa de limão, na Alemanha, usase muito creme Chantilly e por aí vão as delícias gastronômicas e culturais. No Brasil, é costume tomar café com pão, tapioca, pão de queijo, bolo, biscoito, cuscuz, aipim, etc . Em minhas viagens, sempre reservei pelo menos dois cafés famosos para
conhecer em cada país e é incrível descobrir que muitas pessoas fazem o mesmo. Lugares de tirar o fôlego e de te deixar surpreso. Os detalhes da arquitetura secular, a decoração, o perfume dos pratos servidos, e o café é claro. Viena é considerada a cidade dos cafés e lá visitamos o Café Central, onde pudemos desfrutar do requinte do café e da Sachertorte, a torta vienense mais famosa da Áustria. Em Praga, fomos ao café Imperial. Uma verdadeira jóia da arquitetura do século XIX que sobreviveu à 2ª guerra mundial, o café é considerado um dos melhores do mundo e em Paris fomos ao Café de La Paix. Saber que esse lugar foi frequentado por Van Gogh, Gauguin, Hemingway, já é de se suspirar, imaginem com um café delicioso e um creme brulée dos deuses! Acreditem, na Europa é onde se toma os melhores cafés, aliás, café que muitos de nós brasileiros na verdade não temos acesso e nem sabemos que existe. Finalizando, deixo aqui impresso aqui, minha homenagem ao povo etíope que descobriram no ano de 525 a espécie natural Coffea Arábica. Deixo também minha admiração, pela forma apaixonante e especial, como diariamente, as famílias desse país se reúnem para a cerimônia ou ritual do café. A cerimônia demora, em média, vinte minutos. No cômodo principal da casa, com a família e amigos reunidos, os grãos são lavados, secados e torrados num pequeno fogareiro a lenha. Em seguida são pilados até virar pó e finalmente misturados na água quente, transformado-se, assim em café. Cenas que marcam e deixam a mente impregnada de significados afetivos. Costumes que serão eternizados por séculos, enquanto os verbos: respeitar, acolher, compartilhar, forem conjugados com cuidado e confiança no seio familiar.
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