Jornal THE POST | N. 4 | Agosto 2016

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The Post Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação da Newton

O homem por trás dos heróis O desenhista mineiro Vilmar Conrado, conhecido como Will Conrad, integra o time de quadrinista que fazem sucesso lá fora. Will já desenhou vários personagens de sucesso no mundo dos quadrinhos. Buffy, a caça-vampiros, Homem-Aranha, Wolverine, Guardiões da Galáxia, Os Vingadores e o mais recente, Cyborg, fazem parte de seu variado cardápio. E ele esteve na Newton, mostrando o seu trabalho para os alunos da Escola de Comunicação e concedeu entrevista exclusiva para o THE POST.

O velocista Alan corre pela glória do bicampeonato Saiba como os astros decifram o presente e o futuro


2 opinião

Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

NA

ensaio fotográfico

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O PROJETO as duas faces da mesma cidade interpreta pedaços bem cuidados e preservados da precariedade urbana que convivem lado a lado como se fossem ilhas do espaço urbano, apropriadas e reorganizadas em territórios muito diferentes. O trabalho foi desenvolvido na disciplina Interfaces da Comunicação pelos alunos de Jornalimo Fernanda Quéren, Gabriel Florentino da Silva, Carolina Roberta de Souza, Jaene Souto, Cristina Santos de Azevedo, Matheus Mayer Amanda Andrade, Francisco Teixeira e Silva e Carlos Alberto Lima.

The Post Publicação realizada pela Escola de Comunicação

ESTAGIÁRIOS DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO Participação dos alunos do curso de Jornalismo.

APOIO Núcleo de Publicações Acadêmicas - NPA Editora de Arte e Projeto Gráfico: Helô Costa Diagramação: Pedro de Paula - Estagiário do curso de Jornalismo

npa.newtonpaiva.br/post Facebook | Instagram | Youtube | Flickr |

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esporte 3

Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

Para exorcizar o silêncio Buda Mendes/CPB

Pedro de Paula Acadêmico do curso de Jornalismo

assédio por parte da mídia, o campeão resolveu ter um período sabático. Em 2014 se

“Nas Paralimpíadas do

afastou dos treinamentos e só

Rio, vou ser o Alan Fonteles de

retornou a competir no fim do

2016. Melhor do que o de

ano. Após sua volta às pistas,

2012, 2013 e 2015. Um novo

foi no Prapan de Toronto que

Alan, um novo atleta.” Essa foi

ele teve uma derrota mar-

a resposta de Alan Fonteles

cante. Longe da forma física

após a medalha de prata nos

ideal, Alan acabou derrotado

200m T43 (biamputados e

em sua prova favorita, ficando

agora agregada a T44) no

com a prata. Seu algoz, o

mundial de Doha. O atleta

americano Richard Brown,

deixou o mundo em “estado

Fernando Maia/Mpix/CPB

de choque” nas Paralimpía-

será seu grande adversário em casa. Nas Paralimpíadas

das de Londers 2012, quando

do Rio 2016, a prova dos

venceu o favorito Oscar Pisto-

200m T43 promete ser um

rius e deixou o estádio em

espetáculo à parte, a sensa-

completo silêncio, agora,

ção Brown contra o renovado

busca defender o título em

Alan Fonteles, que prometeu

casa para, enfim, ouvir o baru-

ser um novo atleta na compe-

lho das arquibancadas após a

tição, melhor que o de 2012,

vitória. As Paralimpíadas do

será o tira-teima entre o ameri-

Rio 2016 é a chance de Alan

aquilo, uma cena rara no

presa. A ascensão de sua

cano e o prodígio brasileiro.

provar para o mundo que ele é

esporte, a vitória, normal-

carreira foi meteórica, no ano

Em casa, o atleta pode ser

o mais rápido da categoria.

mente, é aliada a gritos eufóri-

seguinte, bateu o recorde

bicampeão Paralimpíco e,

Quando o atleta venceu

cos, mas não nesse dia. Alan

mundial dos 200m T43, no

como cereja do bolo, ouvir o

Oscar Pistorius, algo inimagi-

havia desbancado o maior

mundial da França, com um

barulho da sua torcida,

nável naquela competição, o

velocista da categoria, um

tempo de 20s66, que reina

podendo vibrar o ouro com a

estádio inteiro permaneceu

bicampeão Paralimpíco, o

absoluto até hoje. Cansado

festa que, normalmente,

em silêncio, atônito com tudo

silêncio representava a sur-

da rotina de treinos, eventos e

acompanha as vitórias. Buda Mendes/CPB

Paraolimpíadas ou Paralimpíadas? O termo Paraolimpíadas sempre foi usado no Brasil, desde

Comitê Paralímpico Internacional. A mudança ocorreu para que

o começo dos jogos para pessoas com necessidades espe-

o Brasil pudesse igualar o termo usado em todos os outros paí-

ciais. Em 2011, na apresentação da logomarca dos Jogos

ses de língua portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,

Paralímpicos Rio 2016, o termo perdeu a letra “o”, a pedido do

Portugal, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor Leste).


cultura 4

O show de Mondrian Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

Ariane Lopes e Pedro de Paula Acadêmicos do curso de Jornalismo

Artista holandês Piet

vanguarda neoplasticismo,

Com o surgimento da

artista sobre o objeto real.

fotografia, no início do século

Neste momento Mondian

No princípio da carreira,

XIX, diversos artistas perce-

adota de forma mais radical a

a pintura de Mondrian se

beram que a pintura não teria

abstração, fazendo seus pri-

concentrava nas paisagens

mais apenas o papel de retra-

meiros movimentos em dire-

na década de 20.

dos Países Baixos, onde

tar fielmente a realidade,

ção ao que viria a ser a sua

Mondrian revolucionou sua

moinhos e flores eram retra-

papel agora desempenhado

marca registrada, as compo-

época. Adepto da corrente

tados já com mostras de

pelas fotos, mas que a arte

sições em linhas horizontais

modernista, foi um dos per-

seus ensaios do estilo que

deveria ser uma expressão

e verticais nas cores azul,

cursores do movimento de

adotaria mais tarde.

de sentimentos e da visão do

vermelho e amarelo. FotoS: Pedro de Paula

Alunos do curso de Jornalismo da Newton Paiva visitam exposição


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Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

O CCBB (Centro Cultural

acompanhadas podem ser

do Banco do Brasil), hospeda

agendadas entrando em con-

uma exposição desse grande

tato com o CCBB, sem a

artista, contando sua história

necessidade de serem gran-

e sua influência no mundo da

des grupos. Vale a pena con-

arte. Com um acervo rico, os

ferir essa viagem, cultura

visitantes podem mergulhar

rica de fácil acesso. Na opi-

na visão do artista e entender

nião do jornalista, Homero

o significado de sua arte para

Nunes: “Uma exposição igual

o mundo. O percurso foi mon-

a essa em Belo Horizonte é

tado de forma sequencial,

bastante significativa, é

acompanhado sua trajetória

importantíssimo que a gente

artística, dos primeiros qua-

venha e ocupe esses espa-

dros até a consolidação no

ços, quanto mais gente vier

neoplasticismo e no movi-

para uma exposição dessa,

mento de Stijl. Além dos tra-

maior as chances de novas

balhos desse artista, a expo-

exposições virem para Belo

sição conta também com

Horizonte. Fora o ganho pes-

obras de pessoas que foram

soal que cada um pode ter de

fortemente influenciadas por

aumentar repertório e pen-

ele, levando os visitantes a

sar diferente sobre a história

um “túnel do tempo” repleto

da arte, aprender um pouco

de cores e conceitos.

sobre arte.”

O Post esteve no CCBB

Mondrian e o movimento

para acompanhar essa histó-

de Stijl, é uma exposição

ria, uma ótima opção para a

única e toda essa história

família, amigos e casais que

está disponível no CCBB em

querem apreciar obras de

Belo Horizonte, na praça da

arte. O circuito é muito bem

liberdade, de 20/07 à 26/09,

pensado e de fácil com-

no horário de 9h às 21h,

preensão, além disso, visitas

entrada franca.

Fotos: Ariane Lopes


6 encontro

Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

Will é do MARINA PACHECO E MICHELE RIbEIRO AcAdêmicAs do curso de JornAlismo

principalmente de Comunicação, do Centro Universitário Newton Paiva. Leia a seguir a entrevista

O desenhista mineiro Vilmar

completa para o THE POST

Conrado, conhecido como

em que o quadrinista nos

Will Conrad, integra o time

conta um pouco sobre sua

de quadrinista que fazem

trajetória, carreira, expecta-

sucesso lá fora. Nos EUA,

tivas e projetos.

trabalha para empresas renomadas como Dark

Como foi sua trajetória nos

Horse, DC Comics, Marvel,

quadrinhos até chegar na

entre outras. Will já dese-

Marvel e DC Comics?

nhou vários personagens

Eu desenho desde que eu

de sucesso no mundo dos

me entendo por gente, a ver-

quadrinhos. buffy, a caça-

dade é essa. Não sei te falar

vampiros, Homem-Aranha,

exatamente quando surgiu

Wolverine, Guardiões da

essa paixão por quadrinhos,

Galáxia, Os Vingadores e o

é desde que eu me entendo

mais recente, Cyborg,

por pessoa, eu sempre gos-

fazem parte de seu variado

tei. E desde de novo sempre

cardápio. Apesar de traba-

gostei de ler quadrinhos.

lhar há 16 anos para o mer-

Gostava de tentar desenhar

cado americano, o mineiro

os personagens que eu gos-

continua morando com sua

tava, sempre gostei da lin-

família em belo Horizonte,

guagem dos quadrinhos e

onde também faz parcerias

desde novo comecei a estu-

com artistas brasileiros

dar, é como um hobbie. E

para o exterior.

depois de algum tempo,

O Post esteve com Will Con-

comecei a fazer meus pró-

rad em duas ocasiões. Na

prios quadrinhos, criava

primeira, na bienal do Livro

personagens que eram

de Minas Gerais, onde ele

iguais ao batman, mas com

estava presente para um

outros nomes, coisas assim.

bate-papo com os fãs sobre

E, com 17 anos, comecei a

o processo de criação, Uni-

fazer ilustração para o mer-

verso Marvel e lançamento

cado publicitário, pra comu-

dos livros “Guerra Civil” e “A

nicação, pra jornal. Então, na

Morte do Capitão América”.

empresa onde eu traba-

A segunda foi uma entre-

lhava, eles estavam fazendo

vista exclusiva em estúdio,

um jornal de comunicação

que aconteceu antes do

interna e eu pedi para fazer

bate-papo com os alunos,

as ilustrações e, quando foi


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Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

o Brasil! fOTO MARINA PACHECO

para a gráfica, todos ficaram

foram personagens que

perguntando quem era o

marcaram minha infância.

ilustrador. Daí comecei a fazer alguns trabalhos e con-

Como foi, para sua família,

quistar muitos clientes,

a escolha dessa profissão?

comecei a mexer só com

Na verdade, eu comecei

ilustrações. Meu primeiro

meio “marginal” nessa

trabalho americano como

área, porque meus pais

quadrinista foi em 2001,

queriam que eu traba-

como arte finalista de buffy,

lhasse com uma coisa mais

A caçadora de vampiros, na

tradicional. Minha família é

Dark Horse. Pouco antes disso eu descobri que tinha uma agência em São Paulo que estava representando desenhistas para o mercado americano. Comecei a mandar amostras e fazer testes, mas esses foram todos rejeitados porque o meu jeito de desenhar não era o estilo dos EUA. Então comecei a pegar pequenos trabalhos de editoras independentes e continuei a fazer testes de lápis, até que meu trabalho começou a ficar reconhecido. Consegui um título importante pro Josh Whedon, que me projetou para outras editoras. A partir daí, comecei a fazer desenhos para a Marvel e DC.

muito tradicional. Existe alguma forma de um ilustrador amador começar em editoras grandes, como a Marvel e a DC? Eu não posso falar de um caso especifico, posso falar da minha própria experiência e do que eu vejo acontecendo. Dificilmente editoras grandes como a Marvel e DC irão contratar iniciantes. Nem é por questões técnicas, mas é uma questão de credibilidade no mercado. O mercado de quadrinhos, principalmente o americano, é muito exigente, não só em termos de qualidade, mas em termos de prazos. Dificilmente eles irão confiar

fOTO WILL CONRAD

Quais eram os persona-

um título a uma pessoa que

gens que você gostava e

está começando. Não vou

começou a desenhar?

falar que é impossível, mas

Conan, Homem Aranha,

geralmente o profissional

alguns contos de terror que

começa em editoras peque-

saiam aqui no brasil, bat-

nas, porque os outros edito-

mam (sempre gostei muito

res sempre acompanham

dele) são os clássicos. Ado-

as novidades e ele começa

rava Tarzan, Príncipe Valente.

a ser notado.


8 encontro

Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

Quais foram os desenhos

Século é que elas estão

que você já fez profissional-

sendo muito bem recebidas

mente?

pelo público. Eu tenho muito

Conan, Capitão América,

contato e olha que eu só

Os vingadores, Homem Ara-

estou fazendo as capas, por

nha, x-men, Wolverine Ori-

e-mail, mensagem no face-

gens, Homem de ferro,

book, no Twitter, falando que

x23, Novos vingadores,

as pessoas estão adorando

Vingadores secretos, Action

as histórias, adorando a

Comics, a história do Super

capa. Eu já ouvi comentá-

Homem, Lanterna Verde,

rios na internet falando que

Liga da Justiça. Já fiz de

as edições brasileiras estão

tudo um pouco.

melhores do que as edições americanas. As adaptações

Estão sendo lançados

estão sendo muito bem

livros que são adaptações

sucedidas, o pessoal que

dos quadrinhos, como o

está realizando esse traba-

Guerra Civil. Tem alguma

lho de traduzir esses livros

diferença entre os livros e

não entende só do inglês,

as hq’s?

mas das histórias em si. O

Tem muita diferença, são

que posso dizer é que as

mídias diferentes. As histó-

histórias estão muito inte-

rias que são feitas para o

ressantes.

livro são deles, alguns livros

Muitas histórias estão pas-

tem (a versão) em quadri-

sando por várias mídias, de

nhos, outros não. São lin-

quadrinhos para livros, cinema,

guagens diferentes. O

televisão, games, e muitas

roteiro de quadrinho pode

vezes elas complementam

ser adaptado para livro, mas

as histórias anteriores.

a forma como ele é escrito e pensado é diferente, eles

Fale um pouco dessa nova

possuem estruturas diferen-

organização?

ciadas. A forma que eu

Vou contar um caso que

penso para uma capa é bem

aconteceu comigo. Tem

parecida tanto para os livros

um seriado chamado fire-

quanto para os quadrinhos,

fly, que fez muito sucesso

mas a forma do roteirista

nos Estados Unidos, mas,

colocar isso no papel e a

por um motivo que só os

minha forma de encarar isso

deuses hollywoodianos

como profissional de ilustra-

explicam, eles não levaram

ção são duas formas diver-

p a r a f r e n t e . Po r é m , e l e

sificadas.

criou uma série de fãs g i g a n t e s c a l á n o s E UA ,

Como o público está rea-

que entraram em contato

gindo a essas histórias em

com o diretor e levantaram

formato de novela?

fundos para lançar um

O que eu posso dizer sobre

filme, que foi a continua-

as histórias que estão

ção do seriado, cujo nome

sendo lançadas pela Novo

é Serenity. Depois, eles

fOTO WILL CONR


RAD

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Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação fOTOS MARINA PACHECO

tiveram a ideia de criar uma

também. É legal trabalhar

história em quadrinhos,

em empresas grandes

que preenche o hiato que

desenhando em cima dos

existe entre o último episó-

roteiros deles, de persona-

dio da série e o filme.

gens que já são famosos, mas eu acho que aquela

Qual é a sua expectativa

vontade de ser contador

para o filme Guerra Civil no

de histórias corre na veia

cinema?

de todos quadrinistas, a

Cinema é sempre uma caixi-

gente quer contar nossas

nha de surpresas, mas eu

próprias histórias que não

costumo brincar falando

foram contadas. Então,

que deveria existir Oscar

queria colocá-las no

para trailers, porque muitas

papel. Esse é um sonho

vezes você assiste o trailer e

antigo e estou terminando

ele é maravilhoso e o filme é

de fazer a produção e

decepcionante. Mas, pelo o

esperando retorno da edi-

que eu tenho ouvido dos

tora para a autorização. A

próprios ‘’mandachuvas’’

minha ideia é lançar até o

da Marvel, e na minha visão,

final do ano, mas dependo

o filme será formidável. E

da resposta deles.

isso é consequência dos fil-

Encontramos com o dese-

mes que foram lançados

nhista no Centro Universitá-

anteriormente que, para

rio Newton Paiva para um

mim, foram excelentes.

delicioso bate papo com os

Todos os filmes da Marvel

alunos e professores no

foram bem produzidos e

auditório da Pós-Gradua-

foram muito fiéis à essência

ção. A conversa durou cerca

dos personagens.

de uma hora e meia, fazendo assim a alegria dos fãs de

Você tem algum novo pro-

super-heróis e desenhos. Os

jeto pela frente?

assuntos abordados foram

Eu já até recebi o brief e

desde curiosidades sobre

estou trabalhando em um

processo de produção e

novo projeto que é o Wolve-

salário até a discussão de

rine arma x. Que para mim é

gênero no mundo das revisti-

a melhor história do herói, já

nhas em quadrinhos.

até tenho umas ideias na

O Post entrevistou nova-

cabeça que vai ficar muito

mente o artista, mas dessa

interessante.

vez, sobre a diferença entre trabalhar na Marvel, DC

E você tem algum projeto

Comics e Dark Horse, proje-

de sua autoria que você

tos pessoais, a diferença

gostaria de lançar?

entre o livro e a HQ de

Eu tenho, sim, um projeto,

Guerra Civil e as particulari-

que estou fazendo junto

dades de personagens

com um amigo meu que é

masculinos e femininos e a

roteirista aqui e a ideia é de

sensualização da mulher

lançar aqui no brasil e fora

nos desenhos.


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Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

variedades

O ‘boom’ dos astrólogos

Ariane Lopes

Marina Pacheco, Ariane Kesia e Fernanda Ferreira Acadêmicas do curso de Jornalismo

Signo solar, horóscopo, ascendente, lua, entre

a sua veracidade compro-

pessoas. Nela, não encon-

pesa quando o foco é a

vada para além do que é dito

tram mais o que precisam,

seriedade das previsões —

a quem a procura. Mas o que

seja um alivio ou uma solu-

é uma grande responsabili-

leva alguém a procurar res-

ção para seus problemas,

dade, porque há perfis dis-

postas em algo que não

principalmente no que diz

tintos —, explica.

pode ser comprovado?

respeito a carreira, vocação

— É preciso saber

e outras áreas da vida.

como conversar com cada

Assim, na busca por essas

pessoa. O que você deve

respostas, procura-se um

falar, o que não se deve. É

profissional que faça a inter-

um processo intuitivo.

outros termos, são velhos conhecidos dos amantes de

UM DOS QUINTANILHAS

astrologia. E o número des-

Fábio Mascarenhas,

ses amantes, de várias fai-

astrólogo conceituado no

xas etárias e filosofias, tem

cenário há mais de 17 anos,

crescido na última década -

tem a astrologia como mãe

apesar dos dilemas e dúvi-

de todo conhecimento orga-

das sobre sua confiabili-

nizado, através da qual

pretação do mapa astrológico.

PERFIS ASTROLÓGICOS

— Eu explico ao cliente

Essa procura massiva

que vem, normalmente, pela

por informações astrológi-

primeira vez, sobre as posi-

cas, interpretações e previ-

dade. Por meio da união

ocorreram as primeiras ten-

milenar entre a observação

tativas de se entender e

ções dos planetas e suas parti-

sões pode ser notada pelo

referenciar as coisas.

cularidades. Uma leitura real-

aumento de páginas e perfis

— Por exemplo, para

mente do que isso significa na

que têm como objetivo dis-

a astrologia associa fenô-

navegação, localização e,

vida, potencialmente, para a

cursar sobre o assunto. Seja

menos estelares a aconteci-

depois, para uso político, a

pessoa desenvolver. A astrolo-

de forma humorística ou

mentos terrenos, decifrando

dos astros e elementos místicos dos mais variados,

astrologia surgiu da própria

gia é algo muito sério e as pes-

mais séria, elas fazem

a personalidade, o presente

astronomia. No início, eram a

soas acreditam muito naquilo

sucesso com os internautas

e o futuro.

mesma coisa e, depois, se

que é dito, até os que procu-

em geral. A página Astrolo-

dividiram.

ram por tarô e oráculo. Os orá-

gia da Depressão, com

Enquanto fala do porquê

culos falam do momento pre-

quase meio milhão de

mais definitiva é sua

das pessoas procurarem a

sente e a astrologia é sobre

seguidores no Facebook,

comprovada dissociação de

astrologia, à qual se refere

autoconhecimento.

foi uma das primeiras do

qualquer ramo científico. Ou

como ciência, ele levanta

Essa credibilidade por

gênero a fazer sucesso,

seja, nada do que é apresen-

uma hipótese: a religião, tal-

parte dos clientes para com

aliando aspectos profundos

tado pela astrologia pode ter

vez, não atenda mais as

o profissional astrólogo

do mapa astral e humor.

Um dos dilemas que impedem uma aceitação


variedades 11

Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação

A administradora da

Quando leem sobre astrolo-

mesmo se tratando de

forma que eu vejo estrelas no

página, Mariana fernandes,

gia, com o passar do tempo,

“memes”, que é como são

céu e digo que é um urso.

criou-a, em 2012, como

o signo solar passa a não ser

chamadas a imagens de

Vou enxergar no máximo um

resultado de uma brinca-

suficiente para dizer algo

humor produzidas e massi-

castor, um esquilo, são qua-

deira. Mas, desde 2013, ela

sobre elas. Então, elas come-

vamente exploradas e divul-

tro estrelas aqui mais algu-

realiza o trabalho sozinha.

çam a procurar saber mais e

gadas na internet. Mariana,

mas formando algo muito

—Todos éramos estu-

descobrem planetas, aspec-

da página Astrologia da

comprido... Alguém da anti-

dantes de Astrologia e um

tos, casas etc. Trata-se de

Depressão, conta que a ins-

guidade disse que era uma

dos membros do grupo

curiosidade sobre si mesmo.

piração vem de situações do

ursa e criou uma história

mencionou que ainda não

— Eu vejo a minha

dia a dia, de sugestões envia-

para isso.

havia uma página “da

página, Astrologia da Depres-

das pelos curtidores da

Essa associação, tanto

Depressão” para Astrologia.

são, um pouco responsável

página, de coisas que vê no

para astrologia como outras

Assim, como ocorre

por isso (aumento dessa pro-

cinema, no teatro, na música.

formas de misticismo, faz

com outros assuntos con-

cura). Os internautas que

— A Astrologia está em

com que cada um acredite

troversos, a escolha de utili-

acompanhavam as posta-

tudo; então é muito fácil criar.

zar humor atrai o público

gens sobre o signo solar e se

pela leveza desse estilo.

deparavam com coisas sobre

ASTROLOGIA:

existe, mas para elas existe.

Mariana acredita que aliar

Mercúrio, por exemplo, fica-

ILUSÃO SEM O MÁGICO

Elas fantasiam e criam um

astrologia ao humor surgiu

vam curiosos e isso foi se

O psicólogo Claudio

conteúdo que possa ajudar,

pelo desejo de tratar do

popularizando. Hoje, outras

Paixão esclarece que não há

aconselhar o outro. É como

assunto em um ambiente

páginas falam sobre planetas

uma ligação direta da astro-

se a personalidade dela

em que as pessoas são

também, e mesmo os astrólo-

logia com cada ser. Na reali-

dependesse disso.

pouco receptivas e tudo é

gos que abordam a Astrologia

dade, esse esforço deses-

Paixão deixa claro que se

muito teórico. Quanto ao

de forma mais técnica e menos

perado das pessoas na

a pessoa acredita em astrólo-

aumento da procura sobre o

humorística têm feito sucesso.

busca do sentido da vida é o

gos, em mitos, um bom astró-

assunto, Mariana, assim

As pessoas já sabem que há

que faz com que elas deem

logo vai entregar vários mitos

como o astrólogo, destacou

mais do que o signo, que há

tanta importância ao que é

e conseguir fazer com que as

o ambiente virtual, ressal-

muito a ser descoberto.

dito na astrologia.

pessoas percebam e tragam

tando um possível boom dessa procura em 2013.

naquilo que lhe faz bem. — Na minha visão não

Com a exorbitante quan-

— Esse fenômeno,

para a sua vida, o que é muito

tidade de conteúdo produ-

conhecido desde o século

saudável. Para ele, se as pes-

— Nesse ambiente, as

zido, diariamente, sobre o

xIx, é chamado mito poética

soas buscam isso como algo

pessoas buscam saber

assunto, surge a questão

do psiquismo. Eu crio mitos,

bom, não faz nenhum sentido

sobre sua personalidade.

referente à procedência,

eu crio histórias, da mesma

desrespeitar quem confia. WAGNER CORRêA


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arquivo Vilmar Conrado

Número 4 | Agosto de 2016 | Publicação realizada pela Escola de Comunicação


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