Edição 88 - Revista Hospitais Brasil

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Editorial

Mais um ano, mais para agradecer E chegamos à última edição do ano! Acredito que tudo é cíclico, a contagem do tempo é apenas para nos organizarmos, porque o que importa mesmo é o que se faz agora. No entanto, estamos tão acostumados com os 12 meses do ano que nosso corpo começa a ficar diferente nessa época, mais cansado e na expectativa das festas e férias. Eu tento me policiar para estar bem, tanto trabalhando quanto passeando, afinal, aprendi que o importante é “como” se faz e não “o que” se faz. E se a gente fica sempre esperando alguma coisa acontecer para nos sentirmos satisfeitos, significa que a felicidade é algo fora de mim, e estamos cansados de ouvir o contrário. Está na hora de praticar. Falando desta edição, vou começar pela capa. A cor da fita é devido à Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (Dezembro Vermelho), instituída pela Lei 13.504, publicada no dia 7 de novembro último no Diário Oficial da União. A campanha terá foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/Aids. A Publimed apoia essa iniciativa. Sobre as matérias, trazemos o Especial Análise do Setor, com artigos de seis especialistas em suas áreas de atuação, que mostram dados das últimas conquistas na esfera da saúde e perspectivas para os próximos anos. Já adianto que elas são positivas, mas dependem de muita ação, de todos os envolvidos.

Também aproveitamos para falar de Slow Medicine, que propõe um cuidado que busque a tecnologia apropriada à singularidade de cada paciente e de sua situação vivencial, tendo como premissa que nem sempre fazer mais significa fazer o melhor. Em uma época em que a conectividade permeia os relacionamentos, a construção de relações sólidas e duradouras entre médicos, pacientes, famílias e comunidade precisa ser resgatada. E, em clima de esperança, trazemos em “Gente que faz” a emocionante história da médica Fabiola La Torre, que transformou sua vida após ser diagnosticada com câncer de mama e escreveu um livro sobre a experiência. Um dos seus aprendizados foi que “é fácil sorrir mesmo quando se tem um problema e que ser alegre é uma escolha que só depende de nós”. É isso. Não dá uma sensação de liberdade saber que só depende de nós o nosso bem-estar? Cabe a cada um começar a pensar no que é realmente importante, porque a vida carnal é passageira, mas os aprendizados sempre ficam. Ninguém regride, apenas evolui. É nisso que acredito. Desafio você a começar a agradecer, todos os dias, por todas as coisas que acha “banais” ou “comuns”, como a água que bebe, o ar que respira, o pôr-do-sol, chegar em casa, conseguir um lugar para se sentar no ônibus ou metrô, poder sentir o cheiro da chuva, ter mobilidade para caminhar, escolher o que comer... Vamos ser cada vez mais gratos! Boas festas!

EM ALTA

Que esta foto da médica Fabiola La Torre autografando seu livro sobre câncer nos relembre o quanto somos seres perfeitos, capazes de tudo e nascidos para amar. Veja a entrevista com ela a partir da página 48.

EXPEDIENTE Gerente de Negócios Ronaldo de Almeida Santos ronaldo@publimededitora.com.br

santas casas, secretarias de saúde, universidades e demais estabelecimentos de saúde em todo o país.

Diretora Administrativa Vanessa Borjuca Santos vanessa@publimededitora.com.br

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Redatora de Conteúdo Web Luiza Mendonça - MTb 73256 DRT/SP luiza@publimededitora.com.br

Ano XIV - Nº 88 - NOV | DEZ 2017 Circulação: Dezembro 2017

A Revista Hospitais Brasil não se responsabiliza por conceitos emitidos através de entrevistas e artigos assinados, uma vez que estes expressam a opinião de seus autores e também pelas informações e qualidade dos produtos, equipamentos e serviços constantes nos anúncios, bem como sua regulamentação junto aos órgãos competentes, sendo estes de exclusiva responsabilidade das empresas anunciantes.

Gerente de Relacionamento Andréa Neves de Mendonça andrea@publimededitora.com.br

A Revista Hospitais Brasil é distribuída gratuitamente em hospitais, maternidades, clínicas,

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Diretor Geral Adilson Luiz Furlan de Mendonça adilson@publimededitora.com.br

Não é permitida a reprodução total ou parcial de artigos e/ou matérias sem a permissão prévia por escrito da editora.

A Revista Hospitais Brasil é uma publicação da PUBLIMED EDITORA LTDA., tendo o seu registro arquivado no INPI-Instituto Nacional de Propaganda Industrial e Intelectual. Rua Marechal Hermes da Fonseca, 482 – sala 4 02020-000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3966-2000 www.publimededitora.com.br www.portalhospitaisbrasil.com.br

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Sumário

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ATENDIMENTO Slow Medicine: A medicina sem pressa, sóbria, respeitosa e justa

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MEDICA 2017 Mercado de saúde mundial marca presença na maior feira do setor

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HUMANIZAÇÃO Apesar dos problemas, Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, de Natal, RN, aposta em uma saúde pública de qualidade

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FORNECEDORES EM DESTAQUE Inovação em implantes, instrumentais e correlatos

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eHEALTH A prescrição eletrônica (CPOE) e a segurança do paciente

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locar aparelhos pode ajudar no gerenciamento hospitalar

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MERCADO DNA inovador marca história de quase 30 anos da Kolplast HIGIENIZAÇÃO Segundo a TTS, hospitais devem investir em maior controle nos processos de limpeza HOMENAGEM O último adeus de Juan Goro, o guerreiro fundador da JG Moriya GENTE QUE FAZ A inspiradora história de Fabiola La Torre, a médica que virou paciente e lançou livro sobre câncer EQUIPAMENTOS Colortel mostra que

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PRODUTOS Oxímetro da Bioland está entre os destaques da Controller SERVIÇOS Kreter oferece suporte a executivos para negócios na Alemanha PEQUENAS DOSES Nesta edição, Einstein lança incubadora de startups, pacientes oncológicos têm experiência gastronômica e Região Sul recebe cirurgia robótica, entre outros destaques

Especial Análise do Setor

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Saúde, além do hospital Francisco Balestrin Quo vadis, saúde no mundo? Fabio Gandour Nossa única saída é sermos muito inovadores e criativos Ruy Baumer Exportação e inovação serão os estimuladores da indústria Franco Pallamolla O som do futuro Guilherme S. Hummel Os reflexos da situação econômica na saúde André Medici

Pavilhão Brasileiro na feira MEDICA 2017

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Atendimento

Slow Medicine: A medicina sem pressa, sóbria, respeitosa e justa Por Carol Gonçalves Tempo para ouvir, tempo para refletir, tempo para construir relações sólidas e duradouras entre médicos, pacientes, famílias e comunidade. É isso que preza a chamada Slow Medicine: uma filosofia e uma prática médica que buscam oferecer o melhor cuidado, baseando-se nas melhores evidências científicas, centrando o foco no paciente e em seus valores, elaborando decisões ponderadas e cautelosas, sempre que possível compartilhadas. “Propomos um cuidado que busque a tecnologia apropriada à singularidade de cada paciente e de sua situação vivencial, tendo como premissa que nem sempre fazer mais significa fazer o melhor”, explicam os idealizadores do portal www.slowmedicine.com.br. A primeira alusão ao termo foi feita no artigo do cardiologista italiano Alberto Dolara, publicado em 2002, em um suplemento do Italian Heart Journal, chamado “Invitation to a Slow Medicine”. Nele, o médico salienta o surgimento do movimento Slow como uma contrapartida ao “constante impulso para a aceleração na sociedade moderna”. Ele sugere que diferentes áreas, como a medicina preventiva, a oncologia, as doenças infecciosas e as doenças crônicas, os cuidados aos idosos e ao final da vida, poderiam se beneficiar com uma abordagem mais ponderada e cautelosa. Desde então, o assunto foi ganhando cada vez mais adeptos e acabou sendo tema de diversos materiais. Merece destaque Ladd Bauer, autor do primeiro artigo publicado em uma revista de língua inglesa sobre Slow Medicine, em 2008. Ele é o organizador do website sobre a História da Slow Medicine, que reúne um conjunto excepcional de informações sobre o desenvolvimento da filosofia no mundo. A primeira Sociedade de Slow Medicine foi constituída na Itália, em Torino, em janeiro de 2011. Nesta ocasião, foi produzido o manifesto multilíngüe do movimento. Veja no quadro a seguir um resumo dos conceitos.

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Sóbria

Uma medicina sóbria implica a capacidade de agir com moderação, de forma gradual e essencial. Fazer mais não significa fazer melhor.

Respeitosa

Uma medicina respeitosa leva em consideração que os valores, as expectativas e os desejos das pessoas são diferentes e invioláveis.

Justa

MANIFESTO SLOW MEDICINE

Uma medicina justa promove cuidados adequados e de boa qualidade para todos.

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O marco inicial da Slow Medicine no Brasil foi a entrevista do cientista Marco Bobbio para a revista Veja, em dezembro de 2014. Líder do movimento na Itália, ele é professor de cardiologia e especialista em estatística médica. Publicou o consagrado livro “O Doente Imaginado”, disponível para leitura no link goo.gl/dgLhq2. Dario Birolini, médico e professor reverenciado, considerado “profissional slow”, é um dos organizadores do site já citado, onde expôs sua opinião sobre o livro de Bobbio: “ele analisa o perfil atual das publicações científicas e do exercício da Medicina, chamando a atenção, mais uma vez, para a manipulação das pesquisas, para a distorção na interpretação dos dados divulgados, para a invenção de novas ‘doenças’ e para os impactos de uma série de recomendações movidas por interesses puramente econômicos”. Birolini não tem a menor dúvida de que os princípios básicos da Slow Medicine, se adotados tanto pelos pacientes quanto pelos médicos, podem trazer um benefício fantástico para o exercício da profissão, além de reduzir custos. “Hoje em dia, se joga muito dinheiro fora com prescrição de vários exames e medicamentos sem qualquer utilidade”, declarou o profissional em entrevista publicada no site. Bobbio, Birolini e outros profissionais abordaram o tema no Conecta Saúde, evento realizado em outubro último

Médico Yussif Ali Mere Jr, presidente da Fehoesp e do Sindhosp

É possível fazer mais com menos em saúde, de forma mais humana, respeitando os valores e as expectativas das pessoas”

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Médico, professor e cientista Marco Bobbio

pela Fehoesp – Federação dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e Demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo. Durante o encontro, Bobbio mostrou que na Itália há uma rede de hospitais que vem aplicando esse conceito com resultados surpreendentes. Ele mostrou que é possível, sim, mudar paradigmas e prestar uma assistência racional, segura, realmente necessária e baseada em evidências. “Precisamos voltar à medicina real e realmente tratar os seres humanos. Não é apenas usar a tecnologia. Ela não deve ser a única ferramenta”, explicou. O primeiro passo é estabelecer uma relação humana com os pacientes, antes da clínica. O médico Yussif Ali Mere Jr, presidente da federação e do Sindhosp – Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo, considera esse assunto fundamental para a sustentabilidade do setor da saúde em nível global. “Para lidar com os desafios do envelhecimento populacional, do combate ao desperdício e de um modelo assistencial que se sustente em médio e longo prazos, precisamos resgatar a verdadeira medicina. Ela precisa retornar à sua característica de ciência que cuida da vida humana. Precisamos voltar a cuidar de pessoas e não simplesmente tratar de doenças”, declara.

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Segundo ele, a Slow Medicine é um caminho que inverte a estratégia do sistema e certamente diminui custos, na medida em que investe fundamentalmente no cuidado profissional e na pessoa, tanto naquele que cuida como naquele que é cuidado, além de se utilizar da tecnologia apropriada de forma cautelosa. “É possível fazer mais com menos em saúde, de forma mais humana, respeitando os valores e as expectativas das pessoas”, ressalta Mere Jr.

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O PROFISSIONAL SLOW No site Slow Medicine, está disponível um texto traduzido do italiano pelo Prof. Dario Birolini. Nele estão as características do profissional slow: • Pratica a evidence based medicine entendida como a integração dos resultados da pesquisa clínica, com a experiência própria e com as exigências e os valores do paciente e das pessoas próximas a ele, com base na relação entre os benefícios, os riscos e as incertezas; • Adota uma rigorosa postura ética; o paciente e as pessoas que lhe são próximas são o centro das intervenções, cujo objetivo é aumentar o bem-estar psíquico e físico e a autonomia na tomada de decisões; • Presta muita atenção para que os pacientes não sejam manipulados ou usados para a obtenção de vantagens para si próprio, para não aproveitar sua fragilidade com o intuito de criar dependência, para não oferecer informações equivocadas ou incompletas, para não denegrir outras formas de tratamento, para não crer ou não induzir o paciente a acreditar que ele possui o conhecimento “verdadeiro” e completo e para não deixar de ter consciência de seus limites; • Possui uma profunda consciência de quais são os limites da medicina e não propõe aos pacientes tratamentos que sejam excessivamente onerosos ou que tenham vantagens muito hipotéticas ou duvidosas; • Está ciente que a saúde deve ser defendida e protegida em nível social, econômico, ecológico, sistêmico e, em consequência, deve ser o foco central de todas as políticas públicas, e não apenas da sanitária. Por estas razões, torna-se necessária uma avaliação sistemática do impacto das políticas públicas na saúde dos cidadãos; • Antes mesmo de ser um técnico competente, é um educador: daí resulta o impacto dos aspectos de comunicação e de relacionamento durante todo o tratamento, posturas estas que implicam a participação constante dos cidadãos na gestão da saúde; Leandro Godoi

Leandro Godoi

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Precisamos voltar à medicina real e realmente tratar os seres humanos. Não é apenas usar a tecnologia. Ela não deve ser a única ferramenta”

Médico e professor Dario Birolini

Hoje em dia, se joga muito dinheiro fora com prescrição de vários exames e medicamentos sem qualquer utilidade”

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• Coloca-se as seguintes questões: qual é o campo de atuação que minha atuação profissional abrange? O que proponho funciona e me permite obter resultados úteis para o bem-estar do paciente? Quais são os possíveis efeitos adversos associados? Como avalio as melhorias alcançadas? De que forma as orientações que proponho a meus pacientes se integram de forma útil e sustentável com outras orientações e com outros padrões de tratamento aos quais eles tenham acesso?; • Estuda, pesquisa e se integra com outros profissionais, para poder explicar ao paciente quais procedimentos são comprovados, quais são fruto de experiência e quais são fruto de opiniões; • É capaz de reconhecer o que não sabe e evita adotar posturas de autopromoção. CHOOSING WISELY Fazer escolhas certas é a base da Slow Medicine. Segundo Mere Jr, já existem ferramentas que auxiliam médicos e pacientes a escolher com sabedoria e racionalmente o melhor tratamento ou procedimento, de acordo com o perfil singular de cada um. Esse conceito está sendo disseminado e é conhecido no mundo como Choosing Wisely. Pesquisa com a comunidade médica norte-americana mostra que 59% dos médicos realizam procedimentos simplesmente por pressão ou a pedido dos pacientes, e 84,7% indicam exames e procedimentos por medo de más práticas ou futuros processos.

É imprescindível que o paciente seja parte integrante desse processo de mudança. O movimento Choosing Wisely sugere que ele leve ao médico algumas questões, antes de decidir pelo tratamento, procedimento ou exame. São elas:

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Esse exame/ tratamento ou procedimento é necessário?

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Quais as vantagens, desvantagens e os riscos a que serei submetido?

O que acontece se eu não fizer nada?

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Existem alternativas mais simples ou mais seguras?

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Quais são os custos envolvidos?

O Proqualis é o canal de divulgação da iniciativa Choosing Wisely no Brasil (proqualis.net/choosing-wisely-brasil). Cabe às sociedades de especialidades elaborarem, por adesão voluntária e com total independência, suas listas de recomendações, a serem centralizadas e divulgadas em seção do portal referente. Além da Choosing Wisely, o guardachuva da Slow Medicine inclui Medicina Narrativa, Cuidados Paliativos, Cultivamos a Saúde, Medicina Baseada em Valores, Medicina Humanista e Cuidados Apropriados. “Devemos fazer o nosso melhor para manter a Slow Medicine como um conceito aberto, como um grande guarda-chuva que de cobre todas as formas de medicina permeadas de boas ideias de como cuidar dos pacientes. Um meme, não um plano ou um conjunto de técnicas. Uma construção cultural de valores”, segundo frase de Ladd Bauer.

O símbolo das duas lesmas representa o médico e o paciente conversando sobre Slow Medicine

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Humanização

Apesar dos problemas, HMWG aposta em uma saúde pública de qualidade Não é fácil desenvolver uma rotina humanizada quando se trabalha na pressão e com pacientes em situação grave chegando a todo momento, mas o HMWG – Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, de Natal, RN, mostra que é possível vencer os desafios e fazer a diferença. A maior unidade de saúde pública para atendimento do trauma no Rio Grande do Norte recebe pessoas feridas por armas de fogo, armas brancas, acidentes de trânsito, queimaduras, entre outros casos graves e de urgência, que são direcionados ao setor considerado o coração do hospital: o Politrauma. São mais de 250 novos boletins por dia. Sua estrutura física é composta por 225 leitos clínicos, equipamentos modernos como raios x e tomógrafo digital de última geração, monitores cardíacos multiparâmetros, aparelho de ultrassonografia e 40 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo. Conta, ainda, com 63 setores assistenciais e burocráticos. Apesar de toda a gigante infraestrutura que possui, a dura realidade enfrentada pela saúde pública no país faz com que momentos de dificuldade ganhem maior repercussão e visibilidade que os pontos positivos da instituição. Contudo, por mais alto que sejam os obstáculos, o sentimento de preocupação e entrega no cuidar é facilmente percebido nas palavras dos diversos profissionais que integram o HMWG. É o caso da enfermeira do Politrauma Adalgiza Carolina Brito. Há três anos no setor, ela conta sobre sua rotina agitada: “Por se tratar de um pronto-socorro de urgência, na maioria das vezes, o contato com o paciente é muito rápido. Porém, mesmo assim, procuro fazer com que seja o melhor possível”.

Esse cuidado mais atencioso é fruto, também, de anos de participação do HMWG nos programas e políticas nacionais de humanização, incentivadas durante os últimos 16 anos pelo Ministério de Saúde. Assim, o hospital criou uma cultura de trabalho multidisciplinar, priorizando a assistência e a qualidade do serviço. Um dos principais setores a prestar atendimento humanizado é o serviço social. As 16 profissionais desta unidade são responsáveis por fazer um contato mais íntimo e pessoal com os pacientes, criando, sempre que possível, um laço de confiança. É o que conta a assistente social Shirley Reis do Rego Rodrigues. “Nossa primeira aproximação é através de uma escuta qualificada. Ficamos a sós com o paciente, ou algum parente próximo, procuramos saber o histórico familiar, fazemos contato com amigos e damos orientações, além dos encaminhamentos necessários, de acordo com cada situação.” Ela explica que quando o assunto é delicado, a abordagem é mais cuidadosa, nunca realizada em ambiente aberto, para que não se criem constrangimentos e se construa uma zona de conforto. “É preciso que o paciente, ou familiar, se sinta seguro para compartilhar as informações conosco”, acrescenta. Este, porém, não é o primeiro contato do paciente com a assistência hospitalar do HMWG. Isto acontece ainda no setor de Politrauma, no momento da entrada do usuário, quando ele não está internado. “A avaliação é feita pelo cirurgião geral do plantão, que analisa a necessidade ou não de intervenção das demais especialidades. Neste momento são solicitados os primeiros exames complementares – tipo sanguíneo, hemograma, tomografia e raios x, por exemplo”, explica o chefe da cirurgia geral, Ariano Oliveira. O cirurgião diz que, em 20 anos de atuação no hospital, já se deparou com diversos casos nos quais somente o conhecimento médico não foi suficiente para prestar a melhor assistência ao paciente. “Apesar da difícil situação vivenciada na saúde pública, o médico acaba atuando de muitas outras formas durante o tratamento do doente. Somos, muitas vezes, conselheiros, ouvintes e, em alguns casos, até nos envolvemos emocionalmente. Essa

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Ela acredita que um bom acolhimento ao paciente é fundamental. “O primeiro ‘bom dia’ que ele recebe já fará uma grande diferença. Além disso, se for bem atendido, irá aderir melhor ao tratamento”, afirma.

A prioridade de Adalgiza ao assumir cada plantão é verificar todas as pendências de cada paciente, pois o principal foco é dar a resposta que ele precisa.

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interação só contribui para a melhora do quadro clínico, pois cria-se um vínculo de confiança”, revela. A diretora geral, Maria de Fátima P. Pinheiro, antes de estar à frente do HMWG, atuou durante muitos anos no Centro Cirúrgico em cirurgia geral. Ela relembra que durante este tempo nunca conseguiu operar um paciente sem ter a certeza de fazer tudo que estivesse ao seu alcance. “A primeira coisa que me vinha à mente, antes de realizar qualquer procedimento cirúrgico, era: esta pessoa é uma mãe, é um pai de família, é um irmão, tem uma história de vida que precisa continuar. Eu não posso me dar o direito de não fazer o meu melhor”. Apesar de afastada há cinco anos dos focos e bisturis, ela afirma que esse pensamento positivo não a deixou. “Hoje aplico a mesma cobrança nas outras áreas em que estou envolvida, como na posição de diretora, porque sei que sempre é possível fazer melhor”. Outro profissional que faz a diferença é Gilberto Souza da Silva, técnico de enfermagem que está no HMWG desde 1999. Atuando no Politrauma e nas enfermarias do segundo andar, ele afirma que o relacionamento com os doentes sob seus cuidados é próximo a de um familiar. “Trato cada paciente como se fosse uma pessoa da minha família. Tudo tem de ser em função dele, sempre. Ele está em primeiro lugar, mesmo nos momentos de dificuldade do hospital.”

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O técnico garante que também procura interagir com os usuários e fazer com que o período de internação seja o menos desconfortável possível. “Por causa disso, já houve casos em que o contato diário se estendeu e criei laços de amizade que mantenho até hoje”, revela.

O hospital participa dos programas e políticas nacionais de humanização do Ministério de Saúde, assim, criou uma cultura de trabalho multidisciplinar"

Gilberto explica que ao receber seus pacientes no início do plantão, as primeiras providências adotadas são: verificar os sinais vitais e, logo em seguida, o controle de glicemia. De acordo com ele, estas atribuições são comuns a todos os técnicos, porém, seu diferencial é a preocupação com a higiene e a troca de curativos dos pacientes. “São coisas que não podem deixar de ser feitas, pois influenciam na melhora ou piora do quadro de saúde”, alerta. Nestas mais de quatro décadas, o Walfredo Gurgel passou (e passa) por várias dificuldades. Muitas ainda se repetem, como os pontuais desabastecimentos, a superlotação e a ambulancioterapia. Mas, mesmo diante de tantas barreiras, o hospital mantém sua importância para a saúde pública da região, crescendo ano a ano, tanto assistencialmente, quanto em sua estrutura física e na qualificação de seus profissionais. Este ano, o HMWG completou 44 anos de avanços, percalços, histórias de derrotas e superação, de fé e esperança, de gente que veste a camisa e que acredita em uma saúde pública de qualidade. Texto editado do original de Marcelo Soares, da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte.

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“Procuro também sempre dar uma palavra de apoio. Muitos deles ficam sem acompanhante, longe de casa e da família”, diz.

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Fornecedores em destaque

SOLUÇÕES INOVADORAS PARA A VIDA

Empresa brasileira com atuação global na área de tecnologia para a saúde, a Traumec dedica-se ao desenvolvimento e à fabricação de implantes, instrumentais e produtos médicos correlatos, sempre pautada na busca constante de soluções inovadoras para a vida. Seu portfólio é formado por descartáveis e sistemas de fixação nas especialidades crâniomaxilo-facial, extremidades, neurocirurgia e coluna. Fundada em 2007 na cidade de Rio Claro, em SP, considerada polo nacional de ortopedia, a empresa surgiu por meio da união de empresários do setor metalmecânico com mais de 20 anos de experiência. Esse know-how, aliado aos investimentos em pesquisa e novas tecnologias, proporciona à Traumec um diferencial de qualidade comparado às marcas de destaque no mercado mundial. A companhia tem presença em todo o território nacional, através de mais de 636 distribuidores homologados e 45 distribuidores de fixação rígida. Na América Latina, conta com 10 distribuidores de fixação rígida.

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LINHA DE PRODUTOS IMPLANTES • Crânio Maxilo Facial – Sistema 1.5, 2.0 e 2.4 • Fechamento de crânio • Coluna • Distrator transpalatal • Extremidades: pé e mão DESCARTÁVEIS • Kit para artroscopia TM Action • Kit para artroscopia TM Innovation • Pinça artroscópica • Lâminas de shaver • Agulhas para Microdissecção • Brocas • Lâminas cirurgicas • Pontas ativas ultrassônicas • NeuroEndoview Plus

INOVAÇÃO A inovação faz parte do dia a dia da empresa e está presente em cada detalhe, desde a pesquisa e o desenvolvimento até o produto final. Para isso, combina a parceria com renomados consultores e universidades a um corpo técnico formado por especialistas em materiais, metalmecânica e tecnologia de produção para criar soluções que efetivamente otimizam os resultados e, dessa forma, melhoram a vida do paciente.

A Traumec inova: - No compromisso com a qualidade da matéria-prima; - Na tecnologia industrial 100% automatizada; e - No processo de controle de qualidade reconhecido e certificado pelas mais rigorosas normas internacionais. Ao final do processo, distribuidores qualificados levam os produtos para todo o território nacional e para diversos outros países.

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TECNOLOGIA

Sempre atualizada com o que há de mais novo no mercado, através do planejamento de gestão de pessoas, a Traumec reúne um corpo técnico com os melhores especialistas para desenvolver produtos de alta tecnologia e qualidade. Através de um planejamento de gestão financeira, a empresa investe nos melhores softwares e equipamentos que trazem singularidade ao seu portfólio. Os produtos e as matérias-primas ensaiados em laboratórios são acreditados pelo CGCRE/Inmetro, atendendo às normas técnicas nacionais e internacionais. Além disso, todo o processo produtivo é monitorado efetivamente, possibilitando total controle e rastreabilidade dos produtos fabricados.

CERTIFICAÇÕES

Em todos os ramos as certificações são importantes, mas quando se trata de saúde, elas são imprescindíveis. Garantindo a qualidade dos produtos ao profissional que o utilizará e ao paciente, a Traumec cumpre sua função de oferecer soluções inovadoras com segurança e precisão. A empresa é certificada em EN ISO 13485 e EN ISO 9001, que valida a qualidade dos dispositivos médicos segundo normas europeias. Além dessas, a Traumec possui a certificação BPF – Boas Práticas de Fabricação, concedida pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, indicando o atendimento aos requisitos da resolução RDC nº 16/2013. Todos os produtos são devidamente registrados na ANVISA, em conformidade com a resolução RDC nº 185/2001.

COM A PALAVRA, OS DIRETORES “Como todo início, enfrentamos muitos obstáculos, mas a vontade de vencer os desafios e buscar a cada dia uma solução melhor para as pessoas envolvidas com nossos negócios, sejam parceiros comerciais, sejam os profissionais que nos ajudaram a desenvolver os melhores projetos e soluções para os pacientes. A inovação através da tecnologia de ponta é uma busca constante. Nosso parque produtivo conta com equipamentos de última geração, o que nos possibilita obter produtos com extrema precisão e padronização.” PAULO CARITÁ – DIRETOR INDUSTRIAL

CÉSAR CARITÁ DIRETOR DE MARKETING

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Alessandro Oliva, analista de exportação, na feira MEDICA

Hospitalar

PRESENÇA NOS PRINCIPAIS EVENTOS

A Traumec tem presença marcante nos principais eventos de saúde do mundo. No Brasil, participa da Feira + Fórum Hospitalar, do Cobrac – Congresso Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, do Congresso Cirurgia Espinhal, do CBOT – Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia e do SBN – Congresso Brasileiro de Neurocirurgia. Em nível internacional, participa da FIME (Estados Unidos) e da MEDICA (Alemanha) desde 2012, da Arab Health (Emirados Árabes) desde 2013, e participou da Africa Health (África do Sul) em 2015 e da EFFORT (Suíça) em 2016.

“Comemorando 10 anos de muito trabalho, ampliamos a cada dia o nosso portfólio. A marca Traumec consolidou-se no mercado pelo diferencial de qualidade na linha de produtos bucomaxilofacial. No entanto, hoje, ampliamos essa linha para soluções em fechamento de crânio, e também incluímos o sistema pedicular para coluna e descartáveis para neurocirurgia. Nossos próximos lançamentos serão dedicados às extremidades, com dois refinados sistemas de placas especiais e parafusos para mãos e pés. Além dos implantes e instrumentais, também temos uma linha de descartáveis de excelência.”

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“Nosso foco nos move em direção ao futuro, sempre contando com pessoas que acreditam no potencial de nosso país, de nossos pesquisadores, da força de trabalho e, acima de tudo, da criatividade para superar quaisquer obstáculos. A Traumec conta com distribuidores qualificados em todo o Brasil e vários outros países. Além da distribuição, buscamos as melhores soluções para nossos clientes, investindo e estabelecendo plantas em outros países, como Estados Unidos e Suíça. Nosso objetivo é prover o melhor da tecnologia mundial para a indústria brasileira.” GUGA DEMARCHI – DIRETOR FINANCEIRO 21

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PRODUTOS RIGID SPINE PLUS

O sistema de fixação de coluna é uma solução segura para procedimentos cirúrgicos através da alta qualidade e tecnologia aplicadas nos implantes. Os instrumentais são produzidos com matéria-prima de tecnologia industrial avançada, em máquinas de última geração, proporcionando um acabamento resistente.

DISTRATOR TRANS PALATAL

Destinado a procedimentos cirúrgicos, permite a expansão rápida e eficiente do palato. Indicado para corrigir deformidades maxilares, como constrição maxilar, mordida cruzada (unilateral ou bilateral) e apinhamento anterior, em pacientes adultos. Totalmente fabricado em titânio, é de uso único e fornecido em embalagem estéril.

GUIA VPS

Trata-se do conjunto de tecnologias que processa os dados do paciente, simula a cirurgia virtualmente e transfere de forma confiável e precisa os dados digitais em um splint cirúrgico customizado para o centro cirúrgico. Ele auxilia o cirurgião no posicionamento da maxila e da mandíbula (oclusão) durante a intervenção ortognática.

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MAXIBUCO/NEUROSYS – CRÂNIO-MAXILO-FACIAL

Composto pelos sistemas 1.5, 2.0 e 2.4, é recomendado para fixação de alta tecnologia e formado por placas de design inovador, baixo perfil e alta resistência. As placas são facilmente modeladas, adaptando perfeitamente ao contorno ósseo.

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Descartáveis, são instrumentos confeccionados com alta tecnologia para auxiliar os cirurgiões em diversos procedimentos operatórios.

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Inovador, o sistema minimamente invasivo para acesso a lesões cerebrais profundas proporciona diversos benefícios, entre eles: menor agressão aos tecidos cerebrais adjacentes, com redução de riscos ao paciente, procedimento cirúrgico com incisão e craniotomia menor, redução de perda sanguínea, redução do tempo cirúrgico, recuperação rápida e satisfatória durante o pós-operatório.

PÉS E MÃOS

Está entre os próximos lançamentos da marca dois refinados sistemas de placas especiais e parafusos para mãos e pés.

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Para artroscopia, oferece instrumentos que auxiliam em uma intervenção cirúrgica minimamente invasiva na articulação temporomandibular. De uso único, fornece vasta gama de disfunções de ATM como: osteoartrite, sinovite, degenerações avançadas do disco e restrições de abertura de boca.

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A prescrição eletrônica e a segurança do paciente Por Carol Gonçalves Quando se fala em segurança do paciente, uma das atividades que merece atenção é a prescrição de medicamentos. Em muitos casos, faltam doses, forma farmacêutica, via de administração, posologia, tempo de infusão, diluente, volume e velocidade de infusão. De acordo com o estudo “Taxa de erros na prescrição de medicamentos”, realizado pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente e publicado no site Proqualis, estima-se que os erros de medicação em hospitais provoquem mais de 7.000 mortes por ano nos Estados Unidos, acarretando importantes custos tangíveis

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Carlos Eli Ribeiro, da Sollis

e intangíveis. No Brasil ainda não estão disponíveis estatísticas de óbitos relacionados ao assunto. Segundo a pesquisa, é preciso incluir estratégias, como a padronização de processos, o uso de recursos de tecnologia da informação, educação permanente e, principalmente, o acompanhamento das práticas profissionais em todas as etapas do processo que envolve o medicamento. Nesta matéria vamos tratar do uso de tecnologia da informação para reduzir esses erros, ou seja, do CPOE – Computerized Physician Order Entry, que pode ser traduzido como “prescrição eletrônica”. Claudio Giulliano Alves da Costa, CEO da Folks Consultoria, explica que se trata de um recurso do sistema de prontuário eletrônico através do qual o médico realiza a prescrição de medicamentos, pedidos de exames, cuidados de enfermagem e outras solicitações.

A prescrição eletrônica promove maior efetividade dos cuidados, segurança para os profissionais de saúde e maior objetividade nos indicadores de qualidade, entre outros benefícios”

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No Brasil, a prescrição eletrônica não está sendo debatida individualmente, mas, sim, no âmbito da informatização da saúde, através da utilização do prontuário eletrônico”

Claudio Giulliano Alves da Costa, da Folks

Ele conta que vários países evoluíram o CPOE e hoje a tecnologia já é segura, com a incorporação de alertas e controles que evitam o erro do profissional. Além disso, tem interface amigável, facilitando o uso efetivo por parte dos médicos. “Através da adesão a normas internacionais, tais como o modelo da certificação da HIMSS, o CPOE deve possuir recursos de segurança e apoio à decisão clínica, tais como prescrições padrões vinculadas a protocolos clínicos, alertas de interação de medicamentos, alimentar, laboratorial, alergias e dose, reforçando a segurança da prescrição eletrônica”, conta. Carlos Eli Ribeiro, fundador e CEO da Sollis – Inovação em Saúde, diz que experiências de outros países, como da Europa e Estados Unidos, apontam para um ganho de sistema da ordem de 20%, quando focado no paciente, no suporte à decisão clínica para os profissionais prescritores e na evidência clínica para novas incorporações tecnológicas, permitindo maior acesso e equidade nos cuidados de saúde. “Isto promove maior efetividade dos cuidados, segurança para os profissionais de saúde, maior objetividade nos indicadores de qualidade, foco no suporte à decisão clínica, valorização dos profissionais de saúde e estruturação da rede baseada em demanda, não em oferta”, expõe. O maior ganho deste processo, de acordo com Ribeiro, se dá na manutenção dos pacientes no cuidado da Atenção Básica, pois a integração dos cuidados,

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BENEFÍCIOS DO CPOE EM COMPARAÇÃO AO USO DE PAPEL 1.

Acaba com os problemas de identificação que ocorrem na escrita manual

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Oferece maior rapidez de chegada à farmácia

3.

Possibilita menor risco de confusão com medicamentos de nomes parecidos

4.

É integrado a sistemas de registros médicos e de suporte à decisão

5.

Pode ser ligado a alertas de interação medicamentosa e a sistemas de notificação de eventos adversos relacionados a medicamentos

6.

Identifica mais facilmente o médico prescritor

7.

Está disponível para imediata análise de dados, incluindo relatórios de pós-marketing

8.

Permite reduzir custos

promovida pela rede conectada, permite melhor gestão do atendimento ao paciente, evitando a evolução de possíveis agravos e diminuindo as ações de urgência e emergência, tornando os processos mais eletivos. Costa, da FoFlks, diz que, no Brasil, a prescrição eletrônica não está sendo debatida individualmente, mas, sim, no âmbito da informatização da saúde, através da utilização do prontuário eletrônico. “Entretanto, é importante destacar que o uso inadequado do CPOE pode induzir o médico a erros no momento da prescrição. Acredito que nossas lideranças deveriam discutir métodos e padrões para facilitar o uso do CPOE e aumentar a segurança do paciente, com a introdução de mecanismos tecnológicos que evitariam o erro”, aponta. Para ele, o que impede o desenvolvimento do CPOE no Brasil são os mesmos fatores que atrapalham a adoção da TI na Saúde como um todo: necessidade de investimento e mudança de cultura. Ribeiro, da Sollis, expõe que não há nenhum impeditivo do ponto de vista técnico, apenas a necessidade de cumprimento de requerimentos e requisitos do nosso Sistema de Saúde (regulação), além de buscar o compliance com a cadeia, de modo a garantir a sustentabilidade do modelo de negócio. APLICAÇÃO Como o CPOE é parte integrante do Circuito Fechado da Administração de Medicamentos, Costa, da Folks, diz que é importante garantir que o sistema otimize e automatize o processo, oferecendo segurança. É fundamental treinar bem o médico. “Além disso, os hospitais devem estar atentos ao uso de apoio à decisão clínica e alertas para o CPOE, muitos dos quais são orientados por acreditações internacionais, como a HIMSS”, expõe. Ribeiro, da Sollis, diz que a tecnologia desenvolvida pela empresa está disponível para qualquer hospital, independentemente do estágio de informatização, pois permite a comunicação direta entre médicos, pacientes e a rede de prestação de serviços (SADT), inicialmente com foco na dispensação de medicamentos (farmácias). “A plataforma permite a integração com o sistema hospitalar e prontuários através de APIs, promovendo as melhores práticas, sempre com foco na segurança do paciente. Para isto, promovemos a curadoria de dados, em bases únicas de usuários, médicos, estabelecimentos de saúde e banco de medicamentos com mais de 70.000 interações medicamentosas. Todos os pedidos médicos são assinados através da Certificação Digital, garantindo total legitimidade das transações e auditoria. Assim, a plataforma permite integrar outros níveis de atenção, cobrindo toda a jornada do paciente e possibilitando aos hospitais ampliar os serviços aos gestores”, ressalta.

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Mercado

DNA inovador marca história de quase 30 anos da Kolplast Prestes a completar 30 anos de atividade, a Kolplast tem em seu portfólio algumas dezenas de produtos, dos quais pelo menos 80% foram projetados e desenvolvidos pela marca pela primeira vez no Brasil. “De produtora pioneira do espéculo vaginal descartável, tornou-se uma fonte permanente de produtos inovadores, o que definitivamente formata nesta categoria o DNA da empresa”, descreve Dr. Benedito Fittipaldi, diretor médico e presidente do Conselho de Administração.

Kit Anestesia

Em 2017, a marca trouxe ao mercado nacional vários novos produtos, como o Kit Anestesia, o Kit PICC, o Dissector Venoso, o DUDA (Dispositivo Uterino para Dilatação do Anel Endocervical) e, considerado o mais revolucionário de todos, o Sistema de Citologia Líquida CellPreserv. Este último, de acordo com Fittipaldi, é o primeiro sistema automatizado genuinamente nacional para o desenvolvimento da citologia de base líquida, a mais moderna metodologia para prevenção do câncer do colo uterino e execução de exames biomoleculares, entre eles a detecção do HPV. Do seu portfólio, vale destacar o Kit Anestesia descartável, que traz, de forma prática e estéril, todos os principais componentes acessórios necessários para procedimentos de anestesia raqui e peridural, prontos para uso. Já o Dissector Venoso vem atender e regularizar o mercado de procedimentos em cirurgia vascular, hoje submetido a práticas de improvisação pela absoluta carência de instrumentos devidamente registrados na Anvisa. “Assim, oferecemos aos profissionais uma solução para um problema reconhecido”, expõe o diretor médico. A Kolplast tem como objetivo desenvolver e produzir nacionalmente produtos com qualidade de nível internacional adequados financeiramente à realidade de mercado brasileira. Além disso, a empresa possui um completo e eficiente SAC com técnicos e engenheiros qualificados e empenhados para garantir a maior eficiência possível nos procedimentos executados pelas instituições de saúde. Os principais diferenciais da marca são: constante preocupação em incorporar aos produtos características

Dissector Venoso

existentes nos mais sofisticados mercados, porém com preços compatíveis com a realidade nacional; atendimento 100% focado na satisfação no cliente; e absoluta preocupação com a qualidade e segurança do ambiente de trabalho para seus colaboradores. “Somos uma companhia genuinamente brasileira que entende a realidade e as necessidades do nosso mercado”, ressalta Fittipaldi. Ele adianta que, para o ano que vem, novos produtos estão sendo desenvolvidos para ampliar e consolidar o alcance das importantes novidades lançadas em 2017. “Felizmente, a empresa passou praticamente ilesa pelo terrível momento que ainda vive a economia brasileira. Uma mentalidade de adequada prudência e arrojo controlado fez com que possamos olhar para o futuro com extremo otimismo”, comemora. www.kolplast.com.br l (11) 4961-0900

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Dr. Benedito Fittipaldi, diretor médico e presidente do Conselho de Administração

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A empresa tem como objetivo desenvolver produtos com qualidade de nível internacional adequados financeiramente à realidade de mercado brasileira”

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Especial Análise do Setor Saúde, além do hospital Vivemos em tempos que, cada vez mais, valorizam o espetacular e o sinistro. Nos últimos meses, a situação da segurança pública no Rio de Janeiro deteriorou-se tremendamente. As alegres noites cariocas, antes recheadas de samba e conversas de amigos, têm sido vazias e carregadas de medo. Morreu uma criança baleada na barriga da mãe, antes mesmo de nascer. Os cariocas passaram a conviver com homens do Exército nas ruas, com seus fuzis e tanques , patrulhando os bairros. Espetacular e sinistro. O caso atual do Rio de Janeiro é ilustrativo do que acontece com a política pública brasileira de forma geral – e na saúde em particular. Como resposta a demandas legítimas da população, o governo investe em ações de alta visibilidade, mas baixo impacto estrutural. São feitas para o governante, não para o governado. O Brasil precisa parar de tratar inauguração de hospital como a única política pública do setor e começar a reconhecer que a saúde é uma responsabilidade transversal de todas as partes do governo e da sociedade. Nunca haverá leitos suficientes para atender à população em uma zona de guerra. E não é só o atendimento médico-hospitalar que é saúde. Em muitos casos, o fato de o paciente ser atendido em um hospital indica, antes, um fracasso da política de atenção. O ideal não é ter leitos suficientes para atender a todos os pacientes com dengue, mas, sim, ter ações de prevenção para que as pessoas não a contraiam em primeiro lugar. Da mesma maneira que a dengue, a maioria das doenças dos brasileiros poderiam ser prevenidas ou controladas de forma extra-hospitalar. Mas as ações devem ir além do escopo de atuação estrito do Ministério da Saúde. Nas escolas, precisamos ensinar os princípios básicos de como manter uma vida saudável – da alimentação à higiene, dos riscos das drogas à saúde sexual. No trânsito, que mata quase 40.000 pessoas por ano, é necessária educação, além de manutenção adequada de vias públicas, sinalização e fiscalização apropriadas.

Nem só de fora, porém, vêm os riscos à saúde dos cidadãos. Mais de 12.000 brasileiros tiram a própria vida todos os anos. Precisamos de programas adequados de saúde mental, mas também de fomentar um senso de comunidade, família e perspectivas positivas de vida – especialmente para os jovens, faixa etária na qual o suicídio mais cresce no país. Neste sentido, a recuperação do crescimento econômico é fundamental. Para além disso, há todas as questões estruturais, como acesso a água e saneamento – apenas metade da população brasileira mora em residências com coleta de esgoto e apenas 43% dos esgotos passam por tratamento. Há questões ambientais, como a limpeza das águas e do ar, e o acesso a espaços verdes e áreas para praticar exercícios, que afetam diretamente a saúde dos indivíduos. Mesmo se focarmos exclusivamente na recuperação e reabilitação de pacientes, precisamos ir além das estruturas físicas. A qualidade da atenção à saúde depende da capacidade de formar recursos humanos de forma adequada (educação), dos recursos que esses profissionais têm para trabalhar (ciência e tecnologia) e, fundamentalmente, da organização geral deste sistema (gestão). Olhar para a escala dos problemas pode ser uma experiência assustadora. Parece que é impossível tratar desses temas com algum grau de eficácia e que qualquer iniciativa é insignificante. Não é o caso – programas de sucesso, como o fornecimento de medicamentos contra a AIDS, a estratégia de saúde da família e as vacinações demonstram que, quando há vontade política e organização, é possível conseguir resultados no longo prazo. Os entraves, portanto, não serão resolvidos de forma espetaculosa, com ações midiáticas. Eles requerem o trabalho árduo, dedicado e silencioso de milhões de profissionais que, passo a passo, construirão uma saúde melhor para os cidadãos. As tragédias de todos os dias não ganham as mesmas manchetes daquilo que é espetacular ou sinistro, mas são elas o verdadeiro desafio a superar para melhorar o país.

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Francisco Balestrin

Presidente do Conselho da Anahp – Associação Nacional dos Hospitais Privados e da IHF – International Hospital Federation.

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Especial Análise do Setor

Quo vadis, saúde no mundo? Solicitado a contribuir neste espaço editorial, foi inevitável recuperar uma memória de mais de uma década. Lá pelo ano de 2006, em um evento coordenado pela professora Cristina Amorin, argumentei sobre a necessidade, inadiável na época, de se definir qual seria a identidade do setor Saúde no Brasil: se de benefício social financiado pelo estado ou de negócio privado regulamentado. Bom lembrar que, naquela época, eu ainda residia nos Estados Unidos e vivia o cotidiano da Saúde como negócio. Passados 11 anos, evoluímos para uma mistura bem balanceada dos dois modelos, ainda que, em alguns aspectos, os limites de um se sobrepusessem aos do outro. Contudo, esta evolução mostra que o segmento soube se auto-organizar sob o ponto de vista institucional. No entanto, foi impossível evitar alguns tropeços ao longo desse caminho. São eles que servem agora de inspiração e alerta para uma análise do que vem pela frente. Se no passado era indispensável a definição da identidade do setor, hoje é fundamental o conhecimento detalhado de três pilares que sustentam o edifício da Saúde no mundo: pessoas, tecnologia e financiamento. No pilar das pessoas, se incluem os profissionais de saúde e os usuários do sistema – para os quais o título “paciente” é, hoje, pouco aplicável. Já no pilar da tecnologia, estão inclusos os novos modelos de produção do conhecimento pela ciência e sua difusão, produzidos para quem deles possa fazer uso. E, por fim, no pilar do financiamento está incluída a precificação, que define a relação entre provedores e prestadores de serviço. É a análise destes três pilares que poderá contribuir para a resposta parcial da pergunta que intitula este conteúdo: “para onde vai, saúde?”. De cara, emerge a percepção que os três pilares têm fortes conexões e reverberações entre si.

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A inclusão de profissionais na cadeia de valor da prestação de serviços de saúde é uma tarefa cada vez mais difícil, tanto na camada de alta quanto na de baixa complexidade – a atenção primária. Há escassez de quantidade e qualidade, agravada por outro aspecto típico deste mundo de “conhecimento ao alcance da mão”: o acesso à informação está mais fácil, mas não é mais possível absorvê-la sem a ajuda de sistemas que facilitem o gerenciamento do que é produzido, para separar o que interessa mais a um do que a outro profissional. Em resumo, na qualidade falta curadoria. E na quantidade falta gente mesmo. Tentar suprir falta de gente com manobras de importação de cérebros supostamente qualificados em países exóticos não se revelou uma boa alternativa e escreveu um capítulo cinzento na história recente da atenção primária no país. Ainda falando de pessoas, como anda o conhecimento médico? A melhor palavra para descrever a sua produção pode vir da própria medicina: ela é hemorrágica! Várias medições fazem estimativas um tanto questionáveis da produção de novos conhecimentos, mas uma coisa é

comum a todas estas medições: é cada vez mais difícil atribuir critérios de relevância e confiança ao que se produz. No meio desta hemorragia de conteúdo, surge a Inteligência Artificial – IA, muitas vezes interpretada como uma panaceia dos deuses. Sobre este assunto, digo apenas que as expectativas em relação à IA devam ser elaboradas com a mesma cautela com que se usa uma nova medicação e avaliadas através de medições comparativas de resultados, como quem avalia a eficácia de uma nova técnica cirúrgica. Estamos falando de mais uma ferramenta que pode auxiliar médicos em tomadas de decisão. Outra análise para o acolhimento de novas tecnologias tem a ver com a falsa redefinição do conceito de “estar bem” na vigência de uma enfermidade. Refiro-me ao uso de tecnologias que criam um quadro otimista sobre uma condição terminal, principalmente baseado em promessas da fármaco-genética. Este quadro pode evoluir para uma situação a que tenho chamado de “morrer com saúde”: o resultado dos exames é animador, mas o paciente ainda está em fase terminal, oras. Finalmente, o financiamento. É aqui que surge a possibilidade mais promissora baseada em uma novidade tecnológica: o acompanhamento da composição de custos dos serviços em seus mínimos detalhes, monitorando todos os componentes de subserviços e produtos, por meio da construção de uma cadeia indevassável de blocos de informações que cresce na medida em que estes serviços vão sendo prestados. O nome charmoso para este processo é “blockchain”. Certamente, se você está lendo este artigo, já ouviu este nome, criado em 2008 por Satoshi Nakamoto, um profissional com uma aura mística tão grande quanto a sua competência profissional. De um lado, estão os que temem a divulgação da composição de custos de seus bens e serviços, porque esta revelação pode mostrar margens de lucro assustadoras. De outro lado estão negócios que carecem de um processo transparente e confiável para captura eficaz dos seus custos, de modo a permitir a construção de um preço justo e razoável. Felizmente, a área de saúde se encaixa nesta segunda categoria. E talvez daí surja a mágica da precificação adequada, que cause em todo o planeta uma epidemia de saúde a custos razoáveis. Estaremos salvos!

Fabio Gandour

Cientista-chefe da IBM Brasil, é graduado em Medicina pela Universidade de Brasília e PhD em Ciências da Computação.

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Especial Análise do Setor Nossa única saída é sermos muito inovadores e criativos A saúde é uma das áreas de maior inovação no mundo, com novidades constantes em processos, produtos e serviços. No entanto, o Brasil se mantém estacionado diante desses avanços. Negócios e ideias relacionados ao tema não vingam no país, cujas empresas locais de saúde raramente se sobressaem no cenário mundial. O motivo para o atraso está, principalmente, na ausência de gestão focada no novo. Os dois ministérios que deveriam ser responsáveis pelo setor (Saúde e Ciência e Tecnologia) não se posicionam claramente em relação às inovações. O setor público, que deveria guiar as ações para o desenvolvimento de acordos científicos e comerciais, é totalmente isento do papel de gestor de políticas de incentivo e parece não se preocupar com aquilo que deveria ser o mais importante: a saúde do brasileiro. Assim como em outros setores, pequenas e médias empresas da área sofrem com as altas tributações e não têm as mesmas condições dadas aos importados, com regras e controle sanitário mais claros do que os oferecidos à exportação. Com isso, apesar de ser reconhecido como um dos dez grandes no segmento, o Brasil representa para produtos menos de 0,5% do mercado mundial. Sem os acordos fora do país, temos a internacionalização de produtos e serviços dificultada. O desenvolvimento de uma área depende de inovação. Por isso, é necessário apoio à micro e pequena empresa, cooperação entre companhias nacionais e estrangeiras, bem como estímulo para acordos científicos e comerciais em âmbitos nacional e internacional. Vivemos um momento de transição, ações para redução de despesas, melhoria de gestão, economia fraca persistente, grande dependência do governo. Porém, acompanhamos na última eleição a importância que a saúde alcançou na preocupação dos brasileiros e, em contrapartida, as propostas dos candidatos eleitos para projetos na área.

Temos discutido intensamente a busca de modelos ideais para contribuirmos com a melhoria da saúde. Nesse contexto, a inovação tem sido foco de programas, convênios e parcerias entre o setor. Já perdi a conta de quantos eventos e reuniões sobre saúde, inovação e competitividade participei pelo Brasil. E também fora do país. Ainda assim, continuamos caindo no ranking mundial da produtividade, da inovação e também da educação. Esses tristes dados foram divulgados pela imprensa recentemente. Viajando o mundo, percebemos sempre uma total incorporação desses conceitos pelas empresas globais que, infelizmente, não são assimilados tão bem no Brasil. É uma deficiência, uma dificuldade de integrar a cultura de inovação e competitividade, tanto nas organizações pequenas e médias, que são a maioria no país, como também em nosso governo. Conversando com diversos especialistas que navegam nesse universo e conhecem não só os entraves, mas também as melhores práticas de inovação, percebo que para conseguirmos isso, em última instância, precisamos elevar o padrão do nosso país na capacidade de competir. Se quisermos trazer para este ambiente empresas de todos os tamanhos, como fazem os países mais competitivos, e evitar morrer na praia, devemos aproveitar a característica que o Brasil tem, apesar dos entraves, de ser um dos mais empreendedores do mundo. Sabemos das dificuldades, no entanto, análises constantes e atualizações possíveis são imprescindíveis para manter nossa capacidade de operação. Com limitação orçamentária e crescimento lento, teremos de disputar com outras prioridades os recursos existentes no mercado. Acreditamos, porém, que, com essas condições, o setor da saúde será marcado por grande aumento da demanda e muita pressão nos custos. Nossa única saída é sermos muito inovadores e criativos para encontrarmos soluções em um ambiente que penaliza, complica e dificulta nossa competitividade. Grandes oportunidades, tanto para fornecedores do sistema, quanto para melhoria do atendimento, surgirão. Nesse cenário, é nosso papel criar ações intersetoriais conjuntas para atender a essas condições de mercado.

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Ruy Baumer

Presidente do ComSaude – Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia da Fiesp e do SINAEMO – Sindicato da Indústria de Artigos e Equipamentos Odontológicos Médicos e Hospitalares do Estados de São Paulo.

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Especial Análise do Setor Exportação e inovação serão os estimuladores da indústria Embora nosso país tenha atravessado um dos piores momentos econômicos da sua história, já há indícios consistentes de que dias melhores se aproximam e que teremos um novo cenário em médio prazo. Dizer isso não é ufanismo, mas, sim, a manifestação de um otimismo realista, baseado nos bons ventos que sopram, vindos também do setor internacional. A confiança que o Brasil vem conquistando é o ingrediente principal para atração de investimentos externos e estímulo aos empresários nacionais, reconduzindo o país ao seu caminho original, de onde nunca deveria ter se afastado. Na navegação aeronáutica, a dinâmica dos ventos orienta as condições de voo e, consequentemente, a segurança dos seus passageiros. Uma prova de que os ventos, assim como na aeronavegação, nos sopram favoravelmente é o desempenho das exportações brasileiras, que voltaram a crescer depois de 17 meses. Nesse sentido, a ABIMO está orgulhosa por ter colaborado para o fortalecimento das empresas locais ao priorizar o desenvolvimento focado, principalmente, no fomento à exportação. Quando a economia brasileira estacionou, e o viés político tomou conta da agenda de investimentos do país, a entidade entendeu que as empresas do setor não poderiam retroceder e, por conta da crise, colocar em risco o seu rico patrimônio técnico. Foi justamente a crise que nos impulsionou a buscar oportunidades de incentivo às empresas associadas. O resultado não poderia ter sido melhor, pois exportar não representa para o Brasil só mais um canal de vendas: é, sobretudo, uma oportunidade ímpar para amadurecer. Quando decide exportar, uma corporação precisa ter todos os seus departamentos especialmente preparados para lidar com a operação e também para obter as inúmeras certificações que atestam a adequação do produto às exigências internacionais.

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Essas preocupações, que podem parecer excessivas, na verdade contribuem imensamente para a maturidade da empresa e a elas se deve adicionar o tema da inovação, uma vez que não há como exportar sem contar com o processo contínuo de melhoria. A contribuição da inovação é um legado a ser absorvido pela cultura da empresa: é algo que não se perde nem se esquece, mas que se incorpora indelevelmente aos princípios da companhia. Essas evidências, comprovadas em momentos de grande ebulição nos negócios, fazem-nos entender que o binômio exportação/inovação se constituirá como um dos

elementos estimuladores da nossa indústria, responsáveis pela atração de mais divisas e pelo atendimento à demanda interna com qualidade e pontualidade. É diante de todos esses desafios e ao lado de seus associados que a ABIMO completa, neste ano, 55 anos de atuação em defesa do nosso setor. Aqui estamos para revisitar os aspectos marcantes dessa caminhada vitoriosa. Depois de tanto tempo, algumas poucas decepções e inúmeras alegrias, estou certo de que colaboramos para a edificação da entidade sólida e tão respeitada por parceiros e órgãos do governo. Ao assumir a presidência da entidade em 2007, encontrei uma ABIMO já muito robusta e tecnicamente estruturada, resultado do trabalho competente de cada uma das gestões anteriores, comandadas por grandes nomes deste nosso segmento, que travaram batalhas importantíssimas para que pudéssemos investir no projeto de profissionalização que ainda nos levará muito mais longe. O virtuoso crescimento da associação é devido aos muitos que trabalharam arduamente pela consolidação desse ideal e principalmente a todos os associados que, com confiança e apoio, deram sustentação às causas e aos planos que nos trouxeram às conquistas celebradas hoje. A cada vez que revemos a trajetória da ABIMO, constatamos com justo orgulho como é significativa a sua história. A união, que nos fez fortes, é o atributo principal na luta para que a nossa indústria consiga se reerguer após momentos sombrios de crise política e econômica. O nosso passado vitorioso é a energia que nos fará seguir em frente. Uma das coisas que nunca podemos deixar de nos lembrar é de que somos parte fundamental de um setor que movimenta 10% do PIB nacional e que atende, de forma exemplar, ao mercado interno, ao mesmo tempo que transpõe as fronteiras e as barreiras geográficas para mostrar ao mundo a nossa capacidade e qualidade de produção na área de artigos e equipamentos médicos, hospitalares, odontológicos e de laboratórios. Se hoje já somos mais de 400 associados, em 2018 seremos ainda mais, unindo nossas forças e comprovando, novamente, que juntos somos muito mais fortes! Franco Pallamolla

Presidente da ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios.

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Especial Análise do Setor O som do futuro Logo vamos assistir ao fim do uso da expressão “tecnologia médica”. Não fará mais sentido explicar a expansão da tecnologia na medicina: tudo será medicina. Da mesma forma como não faz mais sentido, por exemplo, explicar a tecnologia bancária: quando pensamos em um banco no século XXI, automaticamente nos vem à mente a certeza do universo digital. Uma criança que nasça em 2017 terá como única verdade a ideia de que qualquer transação em moeda será inevitavelmente eletrônica. O mercado digital entrará por seus poros e estará presente em seu DNA desde sempre. eHealth ou Digital Health são expressões que gravitam em torno de nossa vida nos dias de hoje. Como a indústria de serviços de saúde é uma das últimas a mergulhar no ecossistema digital, tudo nos parece inovação. Mas, à medida que o tempo avança, vamos nos acostumando a não mais colidir com as expressões: prontuário eletrônico, prescrição eletrônica, consulta remota, aplicativos de saúde para smartphones... Vamos incubar em nossa ideia de saúde a paisagem digital. Provedores de serviços vão aproveitar ao máximo a composição genética de um paciente, estudar as imagens corporais através de algoritmos, aferir registros de saúde eletrônicos em toda a sua extensão preditiva, utilizar dispositivos portáteis e absorver milhões de dados de pesquisa médica em tempo real. Farão isso como quem desce ou sobe de uma escada. Será orgânico. A ideia de um paciente agnóstico sobre suas escolhas em saúde, alguém à margem, sectário, omisso e irresponsável também será cada vez mais rejeitada. As pressões da sociedade, do Estado, do mercado e da família vão nos encurralar na direção de uma nova relação com nosso corpo, nosso habitat natural. Desprezá-lo causa milhões de problemas para o ser humano e para a civilização moderna. Avançar no autocuidado é uma das grandes transformações socioeconômicas do século XXI. Se o estigma para essa notável jornada é a consciência de cada indivíduo, e da sociedade como um todo, a estrada para se chegar lá é a tecnológica.

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“Seja ou não ouvido, tudo tem um som, uma vibração própria.” O que está acontecendo hoje em eHealth é exatamente isso: o som está sendo ouvido. De acordo com as leis da física, tudo reverbera: objetos, alimentos, pedras, árvores. Ouvir a tecnologia não é mais uma opção para os sistemas de saúde, passou a ser uma obrigação. Saúde conectada, personalizada, de precisão, integrada, otimizada, etc. Os sons estão por todos os lados. Talvez nem seja preciso ouvi-los, mas simplesmente saber que estão lá e começar a jornada em sua direção. A capacidade de “ouvir os novos tempos” tem sido uma das características da China. Nas últimas décadas, o país vem tentando combinar a sua milenar cultura médica (Zhõngyí xué) com os desafios sanitários de uma nação com mais

de 1,3 bilhão de habitantes. As matrizes dessa empreitada só podem ser enfrentadas com a utilização maciça das tecnologias digitais. Exemplo: há mais de 100 milhões de pessoas com doenças reumáticas no país. Essa legião busca serviços médicos regularmente em hospitais, que, por sua vez, contam com não mais de 5.000 reumatologistas. A maioria dos pacientes com artrite na China percorre longas distâncias em busca de cuidados hospitalares, ficando geralmente em hotéis próximos, aguardando longas filas para consultar um especialista. Não é incomum que a maioria dos reumatologistas chineses tenha de atender entre 60 a 100 pacientes diariamente, gastando em média três minutos por consulta. Em resposta a essa insana demanda, pesquisadores do país desenvolveram um Sistema Inteligente de Gerenciamento de Doenças (SSDM), composto por uma série de aplicativos para consulta on-line. Os dados são notáveis. De fevereiro de 2015 a junho de 2017, o estudo avaliou 403 reumatologistas, que forneceram a 4.002 pacientes reumáticos 293 consultas gratuitas e 3.709 pagas. Em média, o custo da consulta pelo sistema on-line foi 6,61 vezes menor do que o convencional. Além disso, 66% dos pacientes relataram que a consulta online foi “muito satisfatória”. O relatório causou um impacto sem precedentes. Afinal, estamos falando de uma horizontal de atendimento que pode se estender a mais de 100 milhões de indivíduos. O princípio do SSDM é simples: médicos não só tratam, como ensinam o paciente a se tratar. Através de um treinamento personalizado, os pacientes podem inserir dados regularmente para acompanhar efetivamente o seu progresso. Pesquisas indicaram que aqueles com artrite reumatoide na China, treinados para usar o SSDM, foram capazes de realizar autogerenciamento, incluindo avaliação da atividade da doença em 28 articulações. A China está escutando bem, e colocando o som digital para dentro de seu universo assistencial. Casos semelhantes estão se multiplicando ao redor do mundo, criando uma nova forma de fundir as demandas do paciente com sua própria autogestão. Digital Health é um novo som que precisa ser ouvido no Brasil. Não basta escutar o som das crianças chorando nas salas de emergência, ou os gritos do pai desesperado à espera do atendimento para seu filho, ou, ainda, as bravatas políticas que ressoam por todos os cantos dos sistemas de saúde. É preciso ouvir o som da inovação, das transformações e do futuro. Guilherme S. Hummel

Head Mentor do EMI – eHealth Mentor Institute.

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Especial Análise do Setor Os reflexos da situação econômica na saúde O ano de 2017 vai fechando e, em que pese o otimismo do governo quanto às melhorias nos sinais da economia e dos mercados, ainda temos muito chão a percorrer para recuperar a queda acumulada de 8,6% do PIB, entre o segundo semestre de 2014 e o último de 2016. Esta profunda crise, diga-se de passagem, é a mais intensa que o país tem passado desde a de 1981-83, que teve efeitos similares. A Revista The Economist, que analisa de perto as variáveis econômicas de vários países no contexto mundial, prevê um crescimento do PIB brasileiro de 0,7% em 2017, mas, segundo analistas do governo, este poderia chegar a valores próximos a 1%. Seja como for, o crescimento econômico em 2017 não será suficiente para aumentar o PIB per capita, uma vez que a população brasileira, conforme estimativas do IBGE, crescerá a valores próximos a 0,8%. No máximo, o crescimento do PIB e o da população permanecerão empatados. Como fatos positivos, destacamos que, apesar do aumento dos preços de vários serviços essenciais, a inflação, que em 2016 foi próxima a 10%, deverá estar abaixo do piso da meta de 3% em 2017, num contexto em que as taxas de juros estão caindo e chegaram a 7.5% (o menor patamar em quatro anos). Com isso, o rendimento real dos salários tem aumentado – em torno de 6% este ano – e a balança comercial volta a registrar novos recordes. As taxas de desocupação no trimestre julho-setembro baixaram em relação ao trimestre anterior, ficando em 12,4%. Ainda assim, estão em patamares muito elevados e subiram em relação ao mesmo período de 2016, quando o valor registrado foi 11,8%.

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O déficit público continua crescendo. A estimativa é que o Brasil feche 2017 com um déficit nominal de 8% do PIB, valores que somente são menores do que os da Venezuela e do Egito, num universo de 41 países, segundo estimativas da Unidade de Inteligência da Revista The Economist. Reformas importantes, como a trabalhista, poderiam dar um novo impulso na produtividade em 2018, aumentando o nível de emprego e atraindo capitais externos. No entanto, importantes reformas como a da previdência, continuam emperradas e as estratégias de manter o apoio do Congresso ao governo têm impedido que as medidas para o controle do orçamento, através do Novo Regime Fiscal aprovado no passado, tragam os efeitos positivos esperados no controle do déficit público. O DESEMPENHO DA SAÚDE EM 2017 Como este quadro afetou o desempenho do setor saúde em 2017? Podemos avaliar este tema no gasto público com saúde e na saúde suplementar.

O desempenho do gasto público com saúde foi medido através do gasto anual acumulado com ações e serviços públicos de saúde (ASPS) entre janeiro e abril de 2017 (a última informação disponível no Sistema de Informação Orçamentária de Saúde – SIOPS do Datasus) e comparado com o gasto anual acumulado com ASPS no mesmo período de 2016. Para garantir comparabilidade, os dados de 2016 foram corrigidos pelo índice geral de preços – disponibilidade interna (IGP-DI) e, portanto, são valores reais a preços de abril de 2017. A tabela abaixo mostra os valores correspondentes. GASTOS DO SUS EM ASPS Períodos

Gastos da União com ASPS (em bilhões de Reais de abril/2017)

Par�cipação dos gastos com ASPS nas receitas próprias da União

Janeiro-abril 2016

31,5

10,7%

Janeiro-abril 2017

30,5

10,5%

Variação

-3,2%

-1,9%

Fonte: SIOPS/DATASUS

Verifica-se que entre os períodos correspondentes de 2016 e 2017 houve uma ligeira redução (3,2%), tanto no gasto absoluto em ASPS, quanto na parcela da receita própria da União dedicada a ASPS. Embora não existam informações sobre o período maio-dezembro de 2017, bem como sobre os gastos em ASPS dos estados e municípios, podese dizer que os dados até então existentes indicam que o desempenho do gasto público em saúde foi aquém do esperado até abril de 2017. No que se refere ao desempenho da saúde suplementar, observa-se entre setembro de 2016 e setembro de 2017 uma redução do número de beneficiários dos planos médico-hospitalares, de 47,9 para 47,3 milhões, registrando queda de 600.000 beneficiários. Esta redução de 1,3% ao nível nacional foi maior na região Sudeste que, por ser mais impactada pela crise no que se refere a empregos formais, teve uma diminuição de beneficiários de 2%. As maiores quedas neste período ocorreram entre os segmentos das seguradoras (-5,3%), filantropia (-5,2%), autogestão (-3,3%) e cooperativas médicas (-2,6%). O único setor que registrou variação positiva foi o de medicina de grupo (+2,4%). Mas a pergunta de um milhão é quando esta situação irá se reverter. Pode-se dizer que entre

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junho e setembro de 2017, a queda no número de beneficiários foi de apenas 0,1% comparada com a de 1,3% entre setembro de 2016 e junho de 2017. Alguns setores, como as cooperativas médicas e o segmento filantrópico, tiveram crescimento positivo no número de beneficiários. Se esta tendência continua no último trimestre de 2017 e no próximo ano, é possível que o setor recupere progressivamente o número de beneficiários perdidos antes da crise.

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Vale a pena ainda mencionar que, do ponto de vista financeiro, a saúde suplementar está conseguindo reverter algumas de suas tendências negativas através de recentes aumentos na receita e melhores controles da despesa. Assim, no segundo trimestre de 2017, a variação das receitas de contraprestações foi inferior à das despesas assistenciais. O segundo trimestre de 2017 foi, depois de um longo período, o primeiro no qual a variação das receitas de contraprestação superou a das receitas assistenciais. Com isso, entre o primeiro e o segundo semestre de 2017, a sinistralidade do setor baixou de 85.6% para 85.2%. Esta gestão mais fina dos resultados não ocorreu às custas dos beneficiários. Segundo pesquisas realizada pelo IESS – Instituto de Estudos de Saúde Suplementar e pelo Ibope, o nível de satisfação dos assegurados com seus planos de saúde reduziu de 80% para 75% entre 2011 e 2015, provavelmente em função da crise, mas voltou a crescer para 80% em 2017, de acordo com pesquisa realizada nos meses de abril e maio deste ano. PERSPECTIVAS PARA 2018 A saúde no Brasil poderá recuperar sua performance, tanto no SUS como na saúde suplementar, mas estará engessada, por um tempo, pela necessidade de controlar o gasto público e fazer as reformas necessárias, como a da previdência, a fiscal – para corrigir distorções e tornar mais eficiente a arrecadação de impostos –, a política – de forma a reduzir as tendências que levam o país a colocar interesses individuais de políticos e autoridades governamentais acima dos interesses coletivos –, e a administrativa, para adequar o tamanho do Estado e criar regimes de contratação e remuneração que melhorem a eficiência e a qualidade dos serviços prestados pelo setor público. Dependerão dessas reformas os fatores que podem levar ao crescimento das receitas públicas e à melhor gestão do governo, tornando mais eficiente, eficaz e equitativo o gasto público com saúde. Também dependem delas os elementos que levarão ao crescimento do emprego, da renda e da utilização dos planos de saúde suplementar. Resta ainda agregar que tudo isso ocorrerá num contexto em que o envelhecimento da população, o crescimento das doenças crônicas e o uso de novas tecnológicas de prevenção e tratamento trarão pressões crescentes sobre o gasto. André Medici

Economista de saúde com mais de 30 anos de experiência no Brasil e 20 anos de experiência internacional em temas associados a economia e financiamento da saúde, pesquisa, desenho e negociação de políticas e reformas de saúde em países em desenvolvimento. É editor do blog Monitor de Saúde (www.monitordesaude.blogspot.com).

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Higienização

Hospitais devem investir em maior controle nos processos de limpeza Quando se trata de limpeza e higienização de ambientes hospitalares, nem sempre é dada a devida importância ao assunto, o que pode contribuir para o aumento do nível de contaminação, um dos mais graves problemas relacionados à assistência à saúde. Para Diego Matias Guedes de Paulo, coordenador nacional de vendas da TTS, que oferece soluções para limpeza profissional, os hospitais precisam executar processos e fluxos com maior controle para reduzir a possibilidade de risco de contaminação cruzada entre ambientes. “A cultura da limpeza no Brasil não está evoluída como em outros países, com isso, mesmo em hospitais vemos muitos processos domésticos”, aponta. Ele diz que o mercado costuma aplicar, desnecessariamente, grandes recursos na aquisição de insumos utilizados na limpeza, principalmente em produto químico e água. “Além disso, a mão de obra é inferior à de outros países e falta atenção dos profissionais às normas exigidas pela Anvisa”, acrescenta. Esses entraves poderiam ser revolvidos através de uma padronização com exigência mínima na técnica de limpeza; capacitação e remuneração diferenciada para o segmento de saúde; desenvolvimento de uma cultura sobre indicadores métricos e desempenho; e maior fiscalização sobre os procedimentos exigidos. “Vale lembrar que mesmo com alto comprometimento do setor, é necessário maior envolvimento de todos os participantes da cadeia, desde o fornecedor até o usuário final”, salienta.

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PRODUTOS E SERVIÇOS O portfólio da TTS possui diversas soluções para atender o segmento de saúde, conforme a exigência financeira ou técnica do cliente. As principais estão voltadas para utilização da microfibra, devido ao alto poder de captação (com laudo microbiológico), maior durabilidade em relação aos mops tradicionais e possibilidade de lavagem com alta temperatura para descontaminação. Os sistemas possuem laudo que demonstra atendimento às normativas 17 e 32, sobre ergonomia e segurança ao trabalho.

Na parte de carros multifuncionais, a empresa realiza trabalhos personalizados: a linha é modular e montada conforme a área e o processo que o cliente

realiza. “Queremos mostrar ao mercado que a limpeza também faz parte do seu negócio e pode influenciar em sua lucratividade”, acrescenta Diego. Segundo ele, a tecnologia empregada pela empresa se inicia na engenharia do produto, com o objetivo de gerar eficácia na limpeza, agregando ergonomia ao usuário, passando pela qualidade da matéria-prima, dos moldes utilizados na injeção plástica e na confecção dos refis para garantir alta durabilidade. A mais recente novidade da marca no mercado nacional é o sistema Dosely, um aplicador de solução química (produto químico de pronto uso) que impregna o refil no momento da limpeza e pode atender diversas necessidades de tamanho da área ou tipo de limpeza, concorrente ou terminal, eliminando a necessidade de balde e de torção de mop/pano. Como vantagens, proporciona redução da solução química em até 70%, tem conceito sustentável por não haver descarte da substância, além de gerar condição ergonômica confortável ao usuário, aumentando sua produtividade em até 30%. Em termos de serviços, a TTS oferece formação contínua com treinamento operacional para utilização e conservação dos equipamentos com emissão de certificados; vistoria e manutenção in loco; consultoria técnica para novas soluções; e testes práticos com medição de resultados para gerar segurança antes da aquisição. Para 2018, a empresa tem alta expectativa de negócios, não só devido à melhoria no cenário econômico, que influ encia nas decisões dos investidores, mas também em razão da demanda reprimida no segmento de saúde, tanto na administração pública como na privada. “A continuidade da transferência de verbas ao segmento hospitalar na área pública é de suma importância para suprir não só as necessidades básicas de atendimento, como também gerar melhorias na qualidade e segurança ao usuário. Por isso teremos expansão na equipe, participação em eventos do segmento – como na feira Hospitalar e em diversos simpósios –, além do lançamento de soluções durante o ano”, completa Diego. www.�sbrasil.com.br l (11) 4612-0722

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HOMENAGEM O último adeus de Juan Goro, o guerreiro fundador da JG Moriya No último dia 26 de setembro, nos despedimos com pesar de Juan Goro Moriya Moriya, fundador da JG Moriya, referência em equipamentos médico-hospitalares. Conhecido como Sr. Moriya, inspirou todos que conviviam com ele, dentro e fora da empresa. Para homenageá-lo, entrevistamos sua filha, Karine Moriya, que também é diretora técnico comercial da companhia. Ela conta os principais fatos da trajetória de vida do pai, que foi um exemplo de determinação e persistência. Moriya nasceu em 10 de fevereiro de 1943, em La Colmena, no Paraguai, na primeira colônia japonesa do país, fundada pelo seu pai. “A vida era muito dura no campo, porque não havia luz, água e esgoto encanados. Quando criança, tinha de tirar leite da vaca todos os dias às 5 da manhã, e estudava sob luz de querosene”, descreve Karine.

Moriya estudou no Colégio Liceo Militar Acosta Ñu, no Paraguai, e foi eleito o melhor da turma

O jovem Moriya, o primeiro à esquerda, com irmãs e pais

Moriya e Hide se casaram em 3 de março de 1974, na capital de São Paulo

Família em reunida, em 1984

Com a filha no Japão

Reunião da Família Moriya no Paraguai, em 2015 Com os filhos, Karine e Kenny

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Quando cresceu, precisou estudar em Assunção, pois não havia escola de nível secundário em La Colmena. Optou por um colégio militar porque era internato, assim, as despesas seriam pagas, como estadia, comida, uniforme e estudos. Entrou em primeiro lugar, mas seu nome não constava na lista para fazer a matrícula, já que não tinha indicação de um militar. “No final, conseguiu ingressar no Colégio Liceo Militar Acosta Ñu e prometeu a si mesmo que seria o porta-bandeira da turma, ou seja, o primeiro aluno da classe. E assim o fez”, relata sua filha. Depois, conquistou bolsa de estudos para cursar engenharia mecânica no Brasil, pela Universidade Mackenzie. De acordo com Karine, essa nova batalha foi muito dura, pois Moriya não compreendia muito bem a língua portuguesa, além disso, o nível escolar do Brasil era superior ao do Paraguai. “Não poderia repetir nenhuma matéria, caso contrário, seria deportado”, frisa.

Aniversário de 60 anos, que, no Japão, se chama kanreki, cujo significado é “voltar no calendário”, referindo-se ao fato de que essa idade marcava o início da velhice e de uma “segunda infância”. Ao comemorar, os homens usam o akaboshi (capuz vermelho) e um colete vermelho que era usado antigamente por crianças.

Inauguração da fábrica no Paraguai - KKMM SA

Sendo um dos 10 filhos da família, não tinha muitos recursos e, logo no primeiro ano de faculdade, começou a trabalhar na montadora Mercedes-Benz. No ano seguinte, ingressou na K. Takaoka, onde ficou por 25 anos. No início da empresa eram apenas o Dr. Kentaro Takaoka, o Engenheiro Moriya e mais quatro funcionários. Após 25 anos, quando decidiu sair da companhia, já eram 400 colaboradores. Então, fundou a Calgimed, mas a parceria não deu certo e vendeu a sua participação após dois anos. Em seguida, em 1992, instituiu a JG Moriya Representação Importadora e Exportadora Comercial Ltda., tendo como sócia sua esposa, Sra. Hide Moriya, iniciando mais um desafio em suas vidas, mas não sem retorno: a JG Moriya tornou-se a maior empresa de oxigenoterapia do Brasil e é pioneira no tratamento de hipertensão pulmonar com óxido nítrico, fornecendo para as maiores empresas de gases do Brasil e América Latina. Em setembro de 2016, foi descoberto um câncer de pâncreas, já em estado avançado. E esta batalha, a última que teria de enfrentar (sempre com muita luta), durou exatamente um ano e nove dias, período em que passou a adotar uma rotina mais regrada e cheia de compromissos médicos.

Com o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, ao centro

Karine; Gerardo Ferrero, Gerente Latino América da Resmed; Yoshihisa Ueda, Embaixador do Japão no Paraguai; Sra. Hide; Sr. Moriya e Oscar Stark, ViceMinistro da Indústria e Comércio do Paraguai

Yoshihisa Ueda, Embaixador do Japão no Paraguai; Sr.Moriya e Oscar Stark, Vice-Ministro da Indústria e Comércio do Paraguai

A empresa conquistou diversos prêmios desde sua fundação

Com o Sr. Bezerra, formou a dupla campeã do ITF – Torneio Internacional 2014, em Porto Alegre

Com sua partida, Sr. Moriya deixa a esposa, Hide, os filhos, Karine e Kenny, além de parentes no Brasil, Paraguai, Israel e Japão. “Meu pai tinha um forte espírito de luta, seja no trabalho ou na quadra de tênis, esporte que praticava com grande dedicação. Eu gostaria que as pessoas se lembrassem dele como um guerreiro, que nunca desistiu dos seus sonhos e objetivos”, revela Karine.

Com a filha, Karine, na Hospitalar 2017

Homenagem no Conscre – Conselho Estadual Parlamentar de Comunidades de Raízes e Culturas Estrangeiras, em agosto de 2017. Na foto, o Ministro Enrique Insfran Miranda, Cônsul Geral do Paraguai no Brasil; Sr. Moriya; Karine; Sra. Hide; e Maria Esther Sanches, representante do Paraguai no Conscre

Apesar da ausência de seu fundador, a empresa continuará a atuar com a mesma determinação, energia e conhecimento que o Engenheiro Moriya ensinou para todos os funcionários. A família garante.

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FABIOLA PEIXOTO FERREIRA LA TORRE A inspiradora história da médica que virou paciente e lançou livro sobre câncer Por Carol Gonçalves Impossível não cair nas graças da Fabiola. É natural nos sentirmos íntimos dela apenas lendo seus relatos pra lá de sensíveis, profundos, encorajadores e cheios de empolgação. Só por isso já vale a pena essa entrevista! Mas tem muito mais... Fabiola Peixoto Ferreira La Torre mora em São Paulo desde 1998, mas nasceu em Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro. Foi para a “terra da garoa” terminar os estudos em medicina e realizar residência em pediatria, infectologia e terapia intensiva. Ela deixa bem claro que ama a profissão e “suas criancinhas”, e se considera pediatra por natureza! Aos 41 anos, é diretora da UTI pediátrica dos hospitais A.C. Camargo Cancer Center e Leforte, ambos na capital paulista. Também é plantonista do Hospital Infantil Darcy Vargas, instituição estadual referência em oncologia pediátrica. No início de junho de 2016, uma notícia mudou completamente sua perspectiva de vida: foi diagnosticada com câncer de mama. “Aí eu me transformei: além de mãe e médica, passei a ser também paciente”, diz. Para retratar esse desafio, escreveu o livro “De médica a paciente”, lançado em outubro, em São Paulo. Em cada página, Fabiola reforça a ideia que o câncer a modificou de uma forma positiva e despertou sentimentos que estavam escondidos. “Tive a oportunidade de ter experiências diferentes, que jamais pensei em vivenciar, afinal, eu estava sempre do outro lado, como médica”, revela.

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Esse tema é importantíssimo para a sociedade em geral, tanto por abordar o câncer, que corre o risco de virar epidemia no Brasil, quanto pela oportunidade de se discutir a relação médico x paciente e a empatia. Conte como se deu a descoberta da doença e o impacto em sua rotina. Sempre fiz o autoexame mensalmente, às vezes até mais de uma vez por mês, e mamografia de rotina. Assim, palpando meu seio durante o banho, descobri um carcinoma ductal invasivo na mama direita. Em dezembro de 2015, minha mamografia estava normal, portanto, encontrei o nódulo bem no início. O que mudou na minha rotina de trabalho, no começo, foram os dias iniciais de exames de estadiamento, passagem de cateter central e outros procedimentos. Passei a primeira semana pós diagnóstico dentro do hospital como paciente e não como médica. Nesse momento tive de me ausentar das atividades normais. Essa parte foi muito difícil, pois eu sou coordenadora de duas UTIs pediátricas e sempre fui muito presente. Achava que tudo tinha de passar por mim. Daí veio o primeiro impacto: aprender a delegar funções. Quando melhorei, mantive a rotina de coordenação com exceção dos dias de quimioterapia, radioterapia e recuperação de pós-cirurgia. Um outro fator de mudança foi que não pude dar plantão, o que também foi difícil. Todo intensivista ama a clínica e o barulho constante dos monitores dentro de uma

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UTI. Mas era arriscado por causa da imunidade. Senti muita falta no início, mas hoje agradeço porque soube administrar mais minha vida e diminuir a carga horária de trabalho. Atualmente passo mais noites e fins de semana em casa. Como o câncer modificou sua vida de maneira positiva? Como médica eu aprendi a intubar, passar cateter, fazer reanimação cardiopulmonar e visita multidisciplinar, auscultar pulmões e coração, mas como paciente aprendi muito mais: a vida é realmente fascinante! Como a gargalhada do meu filho é linda! Há pessoas com dores muito maiores que a sua. Sempre. Por mais que eu já tivesse vivenciado a doença em crianças, como médica, agora que vejo as dificuldades e os medos dos adultos, percebo o quanto maior é o sofrimento alheio. Aprendi que algumas pessoas que você não via há anos simplesmente surgem das cinzas. Outras que você vê frequentemente desaparecem. Outras, ainda, que nem conhecia, passam a ser suas melhores amigas. E isso é simplesmente fantástico. O mundo ao seu redor fica mais colorido. Amigos sumiram, mas esses eu não julgo, apenas não souberam lidar com a situação. Os que permaneceram, eu já sabia quais seriam, só me confirmaram, e os que surgiram são anjos que Deus colocou em minha vida. Os seus amigos com câncer, então... são os melhores. Acho que agora a gente deveria até montar um clube, mas vamos ter preconceito e não deixar qualquer um entrar (risos)! Aprendi também que é fácil sorrir mesmo quando se tem um problema e que ser alegre é uma escolha que só depende de nós. Muitas coisas que eu reclamava e que ocupavam a maior parte do meu dia, principalmente na rotina de trabalho, ficaram tão pequenas e insignificantes que não persistem tempo demais no meu pensamento! Descompliquei também a vida! Por mais que uma dor pareça infindável, uma hora ela vai passar – e depois de uns dias, você nem vai se lembrar dela. Aprendi que a alimentação e os exercícios físicos são a base para uma vida saudável, mas isso não impede que você tenha algumas doenças, embora possibilite uma recuperação muito melhor e bem mais rápida. Eu tenho plena consciência dos poucos efeitos colaterais da minha quimioterapia devido aos exercícios que pratico. Aprendi, ainda, que sua verdadeira família estará com você nos momentos mais difíceis. A família é a força, é amor puro, perto ou longe. Sempre fui muito ligada à minha, e agora tenho conexão até telepática. E no trabalho eu aprendi uma coisa fantástica: médicos podem se tornar seus verdadeiros amigos. E verdadeiros amigos podem se tornar seu médico para todas as horas – através de Facebook, WhatsApp, SMS... Eu tinha muitos médicos amigos, mas

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de trabalho. Aliás, meu melhor amigo é médico. Agora, meus médicos são meus amigos, dá para entender? Descobri que: ninguém é novo demais, legal demais, rico demais ou pobre demais para ter câncer; que dizer “eu te amo” se torna mais fácil quando lembramos que somos mortais; nem tudo está sob nosso controle, confie e siga, que amanhã é um novo dia; a vida é muito mais do que acordar, trabalhar e dormir, é ter momentos e contato social com quem amamos, ter dinheiro e não ter tempo não combinam; na hora que você precisa, a força vem; acreditar que vai dar certo é seu único recurso; mãe e pai dão a vida por você, irmão é a única pessoa que você pode contar tudo, sem se preocupar se vai brigar com você ou não, se vai rir ou chorar, se vai achar ridículo ou legal, e que com certeza vai te criticar, mas sempre por querer o seu melhor. Reaprendi que conhecer seu corpo pode salvar sua vida – percebeu um caroço diferente no seio? Procure um médico! Sempre fui da ciência, mas, agora, tive a prova viva em mim!

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Conte uma experiência marcante desse período. O câncer é uma doença que tenta tomar o controle da situação em algum momento do seu tratamento após o diagnóstico. E eu fui aprendendo a lidar com isso. Em setembro de 2016, quando estava usando o Perjeta® (pertuzumabe), deparei-me com um dos piores efeitos colaterais da minha quimioterapia: não poder visitar a minha amada família. Posso até falar que a quimio não teria sido tão ruim se eu tivesse podido visitá-los. Tive diarreia por mais de dez dias seguidos, cerca de 20 episódios ao dia, por causa da minha terapia-alvo, o anticorpo monoclonal. Ele me salvou do câncer, mas me impediu de ir à minha cidade natal passar o aniversário da minha irmã com ela e ver minha afilhada Lívia desfilar pela primeira vez. Foi muito doloroso tudo isso para mim. É como uma “castração” de vida. O câncer tem o inconveniente das privações. Se eu não fosse tão resiliente, a doença teria me dominado nesse momento e me feito chorar. Entretanto, ele não conseguiu, pois procuro encarar a vida sempre pelo lado positivo e aprendo com isso. Criei forças para superar a distância da minha família do Rio de Janeiro e fiquei curtindo, de longe, as fotos deles. Fiquei em São Paulo e aproveitei para estudar para minha dissertação de tese de mestrado, que defendi no meio do meu tratamento. Como é sua rotina atualmente? Diminuí minha carga horária em um hospital, e isso foi mais uma coisa boa que o câncer me trouxe: me fez perceber

que não adianta só trabalhar. Eu sempre amei a medicina e acabava me dedicando quase só a ela. Hoje tento fazer, o máximo possível, parte da história de vida do meu filho. Tenho plantão em dia fixo e fim de semana de 12 horas a cada quatro semanas, e não trabalho mais à noite: outra coisa boa que o câncer me deu. E, através das duas coordenações, estou em visitas multidisciplinares durante a semana, além de participar de várias reuniões, mas em horários mais “normais”. Com relação ao meu acompanhamento do câncer, além do tamoxifeno, tenho exames de rotina a cada seis meses e consultas médicas a cada três meses. E as vezes é necessário fazer exame aos domingos, por falta de tempo na semana. Além disso, entrou na minha vida as palestras voltadas para o assunto “de médica a paciente”. Por que você resolveu compartilhar a experiência em um livro? Este livro foi compilado a partir das postagens do meu blog, que criei quando tive o diagnóstico de câncer de mama, e de outros textos escritos durante o meu tratamento. Eu acho interessante registrar, de alguma forma, a nossa experiência como paciente oncológico, pois algumas pessoas lutam contra um câncer em um determinado local do seu corpo e outras lutam contra o câncer da alma, que é o pior! Eu percebi ao longo do meu tratamento que não há na literatura brasileira um livro que aborde assuntos gerais de maneira multidisciplinar e que possa servir de maneira conjunta para paciente, médico e não paciente. A vaidade serve como um filtro para o nosso comportamento. Acho que a maioria das mulheres com câncer de mama sente isso, uma exposição sem filtro. Porque a mama é um órgão ligado à feminilidade, os cabelos deixam de definir o seu rosto e é preciso lidar com a vaidade usando lenços, novos cabelos, novo modelo de sutiã ou biquíni, uma prótese ou duas… Felizmente, não precisei tirar toda a mama porque meu tumor foi detectado no início, mas fiz quimio e radioterapia. Então, pensei em escrever um livro que abordasse de forma um pouco mais técnica tudo que passei ao longo do meu diagnóstico e tratamento. Além disso, senti falta de algum lugar que abordasse o câncer de mama em todos os aspectos, do diagnóstico ao tratamento. Para compor o livro, pedi depoimentos das amigas do peito no grupo e vieram, inclusive, de pacientes com câncer de ovário e com linfoma. E qual foi minha surpresa ao receber depoimentos de duas médicas também pacientes e uma estudante de medicina. Foi emocionante! E não parou por aí! Recebi depoimento de ex-paciente oncológica minha, excolega de faculdade, pai, mãe, irmã... Muita emoção! Além disso, também incluí todas as informações sobre a patologia do ponto de vista geral.

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O que representa para você, neste momento, a publicação do livro? Representa mais um ponto positivo do meu câncer. E mais, diante de tantas mensagens maravilhosas que recebi de mulheres que já leram o livro após o lançamento e disseram o quanto ele está as ajudando, a gente percebe que nada nessa vida é em vão. Durante o tratamento, com os cuidados e informações de toda a equipe médica e de tudo que sempre estudei, os pensamentos foram dando lugar a uma determinação em direção à cura. Com o suporte espiritual e físico da família e de amigos queridos, eu venci e transcrevi tudo que passei no meu livro para que eu pudesse ajudar posteriormente mulheres que passassem por isso também.

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De forma mais ampla, fale um pouco sobre a relação médico x paciente atualmente. O maior desafio do médico é o medo da própria dor ao encarar a doença do paciente e sofrer por ele. Nesse momento, ele se fecha e acaba com a verdadeira relação médico x paciente. Há uma necessidade no mundo atual urgente que ambos se olhem frente a frente sem o medo do processo que hoje já vem por trás de qualquer relacionamento. Um outro desafio é a confiança. Ao escolher o médico, deve-se confiar nele. E ele precisa entender que quando o paciente vai buscar uma opinião diferente não é dúvida, é angústia. O médico se sente habitualmente insultado quando isso acontece. Eu sei, vi isso e já me senti assim também. Mas vivenciei a angústia das minhas amigas do peito e suas necessidades de opiniões diferentes. Como a tecnologia tem modificado a relação médico x paciente? O uso da tecnologia vem ajudando o paciente a ter mais controle sobre seu tratamento e mais opções na hora de buscar um médico. Por outro lado, acredito que a tecnologia contribui para amplificar a boa prática dos médicos em seu dia a dia. O uso constante da internet por meio do celular e o interesse por parte das pessoas em ter cada vez mais acesso a informações relacionadas à saúde mostram que os pacientes estão abertos a novas formas de comunicação. Apesar de muitos médicos e pacientes já terem uma relação além do consultório,

tirando dúvidas e aumentando a assistência, esse número ainda pode ser maior. Com as informações certas, médicos podem e devem usar os recursos disponíveis em smartphones para terem mais contato com seus pacientes. O fenômeno internet é diferente da TV e rádio porque, nesses, o telespectador é meramente passivo, enquanto em relação à internet, o receptor participa selecionando e emitindo informações. Enfim, os médicos estão deixando de ser os detentores supremos do saber e passam a ser questionados por pacientes cada vez mais informados. A porta de entrada costuma ser o site de buscas Google. A partir dele, mergulham em sites especializados e blogs. Estima-se que metade dos pacientes chega ao consultório trazendo informações da internet. O médico tem de considerar que o paciente tem a informação, e o paciente tem de considerar que o médico, além da informação, tem a formação, ou seja, a habilidade de aplicar a informação. Mas precisamos de discernimento para entender que o vínculo médico x paciente tem de ser maior quando encontrar olhar no olhar. Que dicas você dá aos médicos para trabalhar a empatia com os pacientes? Se você gosta de adrenalina, pense em uma médica perguntando sobre os exames para os funcionários: “E aí, é só um nódulo?”, “tenho metástase?”. Esse foi realmente um dos momentos mais tensos. É muito difícil esperar o resultado de exames. Hoje, compreendo melhor meus pacientes e seus pais, e meu comportamento é muito diferente. Isso é uma coisa que quero passar aqui para meus colegas de medicina. Gostaria que todos entendessem como é ser um paciente. A espera pelo resultado do exame é pior que o resultado em si. Portanto, olhe nos olhos de seus pacientes, não tente enganá-los. A gente percebe a mentira, a pena. Não sinta pena de nós, cuide de nós. Exerça apenas o papel de cuidador e profissional da saúde e não se esqueça de seguir as regras e protocolos. Durante meu tratamento, pude ver vários profissionais que não levavam esses aspectos em consideração. Também vi o contrário, muitos exercendo adequadamente sua função. E por isso ainda tenho esperança.

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Equipamentos

Como locar aparelhos pode ajudar no gerenciamento hospitalar Quando se fala em locação de equipamentos, o primeiro pensamento que passa na cabeça de muitas pessoas é “eu não preciso disso porque tenho dinheiro para comprar”. Entretanto, o conceito moderno de terceirização não tem nada a ver com a capacidade, ou não, de o cliente adquirir os aparelhos. As melhores práticas atuais de administração recomendam que as empresas invistam seus recursos, tanto financeiros quanto de pessoal, na sua atividade-fim, focando em produtos e serviços que as destaquem no mercado como referência no seu setor. “Se, em vez de aplicar recursos na compra e manutenção de condicionadores de ar, televisões e frigobares, o hospital investir, por exemplo, no seu centro cirúrgico ou em aparelhos de ressonância magnética e radiografia, ele consegue pagar o aluguel mensal simplesmente com os valores extras obtidos”, explica Cristina Marques, diretora da Colortel, locadora de aparelhos eletroeletrônicos. A linha de produtos da empresa abrange condicionadores de ar de vários tipos, como split, multi-split, VRF e janela, além de televisores, frigobares, geladeiras, cofres, purificadores de água e micro-ondas. Recentemente, a companhia começou a trabalhar com equipamentos dutados (com dutos) para atender às novas exigências em certos ambientes hospitalares. Segundo Cristina, os condicionadores de ar são os mais procurados pelo mercado de saúde, pois as agências governamentais fazem uma série de exigências a respeito de sua manutenção. “Estamos preparados para atender a esses requisitos. Este serviço tem um enorme valor para nossos clientes, tanto em termos de redução de custos quanto de simplificação da sua operação”, ressalta. Além desses, televisores e frigobares também são frequentemente alugados, pois é muito importante para o setor de hotelaria dos hospitais manter esses equipamentos sempre em bom funcionamento e com a tecnologia atualizada. Ao escolher a fornecedora dos aparelhos, os hospitais devem considerar, principalmente, a confiabilidade da manutenção. Para a diretora da Colortel, o maior prejuízo

para o cliente é ter um ambiente indisponível por um longo período por conta de falha nos equipamentos. “Quem só olha preço na hora da assinatura do contrato é facilmente enganado por ofertas mais baratas de fornecedores que não mantêm equipes de manutenção na região do cliente, não trabalham com estoque reserva de aparelhos e peças ou, ainda, empurram itens de qualidade inferior”, destaca. De acordo com ela, não há economia feita na assinatura do contrato que justifique um dia adicional de um centro cirúrgico fechado ou a impossibilidade de uso da sala onde são realizados exames de ressonância magnética por falta de refrigeração adequada ou, até mesmo, a perda de uma internação de paciente porque os equipamentos do quarto não estão de acordo com o padrão de qualidade oferecido pelo hospital. “Nosso serviço de manutenção é extremamente conceituado e reconhecido pelos clientes: pedidos de reparo são atendidos em até 24h e, no caso de impossibilidade de conserto no local, o aparelho é substituído prontamente sem nenhum custo adicional. Trabalhamos com equipamentos de ótima qualidade, seguimos os procedimentos recomendados pelos fabricantes e mantemos estoques de peças e aparelhos de reposição distribuídos pelo Brasil”, salienta Cristina. Com 44 anos de história, a Colortel é líder de mercado no setor e atende clientes em todo o país a partir de 10 filiais próprias e parceiros técnicos. Atualmente possui mais de 130.000 equipamentos alugados, sendo mais de 25% em clientes da área de saúde. VANTAGENS DA LOCAÇÃO • O investimento que o hospital aplicaria nos eletroeletrônicos passa a ser feito na atividade-fim. • Assistência técnica todos os dias do ano, inclusive aos fins de semana e feriados. • Manutenção preventiva. • Cumprimento das exigências das agências governamentais em relação à manutenção dos aparelhos. • Maior facilidade na substituição de equipamentos, mantendo-os atualizados e adequados às necessidades. • Abatimento como despesa do imposto de renda.

www.colortel.com.br l 0800 0252872

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Cristina Marques, diretora da empresa

• Fim das perdas com depreciação, pois este custo é da locadora.

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Produtos

Oxímetro da Bioland está entre os destaques da Controller Fundada em 1984, a Controller Comércio e Serviço nasceu com o intuito de promover o comércio de produtos relacionados ao setor médico. Atualmente, seu foco é a importação de artigos para as áreas radiológica, ortopédica, ultrassonográfica e de cuidados especiais. “Oferecendo itens 100% importados, conseguimos trazer o melhor de cada país para o mercado de saúde brasileiro”, explica Ramom Bertotti, diretor comercial. Na linha Bioland, o principal produto é o oxímetro AT101C, com diferenciais exclusivos que solucionam problemas de usabilidade do profissional. Projetado para medir a saturação de oxigênio no sangue arterial (SpO2) e a pulsação em adultos e crianças de forma não invasiva, é ideal para dedos entre 0,8 cm e 2,3 cm e para pacientes sem movimentação. Mede até mesmo com o dedo gelado ou a unha pintada. Possui design superleve, pois funciona apenas com uma pilha, e tela colorida com menu de funções e curva, além de ajuste de brilho. Leve e prático, conta ainda com função liga/ desliga automático. Da linha KIRAN, a Controller comercializa acessórios e protetores radiológicos, como aventais, écran, óculos, chassis, luvas, vidros de chumbo e grades, agregando garantia ao produto, inclusive nos testes radiométricos. Acessórios e protetores radiológicos

Oxímetro AT101C

“Disponibilizamos suprimentos de alta qualidade, dando tranquilidade ao profissional que usa nossas soluções: aventais, visores, oxímetros e monitores de glicemia”, ressalta Bertotti. Segundo ele, a empresa garante agilidade e preço justo, pilares que pautam sua operação. “Acreditamos que o produto na mão do nosso cliente gera valor e, portanto, trabalhamos para que isso ocorra da forma mais rápida possível”, expõe. Sobre como os hospitais podem escolher a melhor fornecedora de equipamentos de saúde, o diretor comercial da Controller diz que é preciso buscar suporte e disponibilidade, pois ter um parceiro que resolva todos os problemas é fundamental na operação hospitalar. “Recentemente, investimos em 59 treinamentos para equipes de enfermagem em todo o Brasil, instruindo e explicando toda a operação dos nossos monitores de glicose, com o objetivo de reduzir qualquer problema por falta de conhecimento no manuseio.”

NOVIDADES E EXPECTATIVAS Os lançamentos mais recentes da empresa são os oxímetros monocolores e as bandagens adesivas elásticas funcionais voltadas ao público de crossfit, com cores camufladas. “Focamos nesse segmento devido à demanda, para oferecer opção ao consumidor”, expõe Bertotti. Na linha de oximetria, a companhia está trazendo um produto com custo reduzido a fim de atender um mercado que visa o valor de venda. Sobre os negócios para o próximo ano, a Controller acredita que, com a retomada da economia, haverá redução na inadimplência e, assim, o cliente buscará manter estoques maiores.

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www.controller-sc.com.br l (11) 4063-0023

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Mercado de saúde mundial marca presença na Alemanha De 13 a 16 de novembro de 2017, aconteceu em Düsseldorf, Alemanha, mais uma edição da MEDICA, maior feira de saúde do mundo, e da COMPAMED, feira internacional líder no mercado de fornecedores para o setor. Do total de 123.500 visitantes profissionais, mais de 60% eram de 130 países estrangeiros, com destaque para China, Índia, Colômbia e Nepal. Na MEDICA, do total de expositores, 5.100 eram de países diferentes da Alemanha, representando 66 nações. “A MEDICA e a COMPAMED sempre tiveram um alto impacto internacional. Os principais tomadores de decisão do mundo se reúnem no evento e podem conferir a grande variedade de soluções oferecidas para a cadeia de saúde”, diz Joachim Schäfer, diretor-gerente da Messe Düsseldorf, promotora das feiras. Neste ano, uma das novidades foi o lançamento da MEDICAlliance, que permite aos expositores e visitantes participar de outras feiras médicas em mercados continentais atraentes. A nova marca abrange toda a atividade de comércio global da Messe Düsseldorf e suas subsidiárias no setor de saúde, incluindo parcerias estratégicas para eventos, como a Hospitalar (São Paulo). Realizado junto com MEDICA, a COMPAMED registrou quase 800 expositores de 35 países. Este ano, os destaques foram os componentes miniaturizados, utilizados em wearables ou implantes, como por exemplo, sensores, baterias recarregáveis e tecnologia RFID. Para responder aos interesses dos visitantes internacionais, o evento também apresentou temas de relevância global. Por exemplo, a nova conferência MEDICA Academy forneceu treinamento avançado para médicos de uma ampla gama de disciplinas. O seminário “Handing Over Practices” foi procurado com grande interesse. Já os fóruns MEDICA Health IT e MEDICA Connected Healthcare mostraram que a informatização está penetrando em todos os setores de cuidados médicos.

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A próxima edição acontece de 12 a 15 de novembro de 2018. PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA O Brasil também marcou presença. Mais uma vez, a ABIMO organizou o Pavilhão Brasileiro, que já é reconhecido como um dos principais no evento. As companhias que estiveram no espaço são associadas da entidade e fazem parte do Brazilian Health Devices (BHD), projeto desenvolvido em parceria

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com a Apex-Brasil, cuja missão é fomentar as exportações das indústrias brasileiras de dispositivos médicos e odontológicos. São elas: Atrasorb, BCF, Bhio Supply, Bio Brasil, Bioclin, Biomecanica, Bionnovation, Biotecno, BMR, Casex, Cimatec, Contronic, Corcam, DAF Estek, DFV, Drillermed, Duan, Exatech, Fipase, HPBIO, Ibramed, Instramed, Kolplast, LB, Lifemed, Loktal, Lupetec, Magnamed, Medicone, Medpej, Novus, Olsen, Ortho Pauher, Phoenix, Samtronic, Schioppa, Scitech, Signo Vinces, Sismatec, Spine Implantes, Timpel, Traumec, Volmed e Wama. Fora no Pavilhão Brasileiro participaram as empresas Carci e Fanem, com estandes próprios, dentro de sua área de atuação. Também expositora, a Hospitalar aproveitou a ocasião para lançar na feira a nova logomarca, iniciar as comemorações dos seus 25 anos e lançar o Catálogo Internacional Exporter, em parceria com a Revista Hospitais Brasil e com o apoio da ABIMO e da Apex-Brasil. “Esta edição foi excepcional para o Brasil em termos institucionais, pois fizemos contatos com outras associações, agências de governo e parceiros que nos auxiliarão no projeto durante o próximo ano”, conta a gerente de projetos e marketing internacional da ABIMO, Clara Porto. Ela destaca a parceria com a Fenin – Federación Española de Empresas de Tecnología Sanitaria, congênere da associação na Espanha. Em termos de negócios, as empresas tiveram resultados acima das expectativas, conforme relata o superintendente da ABIMO, Paulo Henrique Fraccaro. “Elas foram para a Alemanha prontas para ser competitivas – tanto quanto os outros players do setor – em preço, qualidade e inovação nos produtos.” Mais de 500 mil dólares em negócios foram fechados durante a feira e mais de US$ 10 milhões estão previstos para os próximos 12 meses. “É com muita felicidade que vemos a maioria das empresas com operações ativas, fazendo manutenção de contatos e pavimentando de forma sólida o crescimento dos negócios internacionais da saúde brasileira”, destaca Gabriel Isaacsson, gestor do projeto BHD da Apex-Brasil. Veja a cobertura completa da feira e da participação brasileira na revista “O Brasil na Medica 2017”, disponível no site www.portalhospitaisbrasil.com.br.

A SEGUIR, EMPRESAS NACIONAIS APRESENTAM SEUS DESTAQUES.

A Unidade Híbrida Duetto® 2386, da Fanem, é o primeiro equipamento fabricado no Brasil com funções híbridas para o tratamento neonatal, operando tanto como incubadora quanto como unidade de calor irradiante. Projetada para dar suporte em situações que requerem tratamentos amplos e seguros, prioriza o conforto e as facilidades de operação e acesso ao leito. Possui painel touch screen colorido, com tecnologia que sintetiza as opções de ajuste e monitorização, contendo gráfico das funções vitais, por meio de menu interativo que permite ampla visão dos parâmetros e alarmes.

www.fanem.com.br Destaque no evento e no portfólio da Traumec, o Maxibucco é um sistema de implantes para fixação de fraturas do terço médio da face e mandibulares, composto por parafusos auto perfurantes com excelente inserção e placas de baixo perfil com diversos tamanhos e formatos, todos de fácil identificação. Composto pelos sistemas 1.5, 2.0 e 2.4, é recomendado para fixação de alta tecnologia e formado por placas de design inovador e alta resistência. As placas são facilmente modeladas, adaptando perfeitamente ao contorno ósseo.

www.traumec.com.br

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Destaques A Casex apresentou, durante a feira, a linha Vision de bolsas para ostomia adulto e pediátrica, com aloe vera na resina hidrocoloide, que auxilia na proteção e regeneração da pele. Este importante diferencial garante tratamento e suavidade à pele do paciente. Possui, ainda, o sistema Press-Lok TM 731 para vedação com fecho de segurança quatro dobras, que oferece mais segurança e facilidade para a limpeza. Mais um importante diferencial é o plástico utilizado, um material nobre que passou por testes de eficiência para atividade antimicrobiana de acordo com a Norma JIS Z 801 Japan, atingindo 99,9% de eficácia na redução de bactérias Staphylococcus aureus e 99,86% na diminuição de Eschirichia coli.

A Magnamed é reconhecida em mais de 40 países por suas soluções em ventilação pulmonar e anestesia. Um de seus equipamentos é o ventilador pulmonar para UTIs FlexiMag Plus, desenvolvido para atender a alta complexidade na rotina de hospitais e clínicas de forma intuitiva e flexível. O aparelho ventila desde paciente neonatal de baixo peso até adulto, com recursos como índice de Tobin, WOBi, P0.1 e Pimáx, além de possibilitar o uso de capnografia e oximetria. Permite compensações durante a ventilação, assegurando que seja entregue o que foi realmente ajustado. E, ainda, mantém o histórico de funcionamento das últimas 72 horas e tem bateria com até 3,5 horas de duração.

www.casex.com.br

www.magnamed.com.br

A Duan levou para exposição seus venoscópios, com destaque para os modelos Venos Baby e Venos Beauty. O Venos Baby é um aparelho que localiza veias periféricas com precisão, através da luz, em crianças de zero a sete anos. Permite obter parâmetros fundamentais para a punção da veia: calibre e diâmetro, trajeto e bifurcações, fluxo e permeabilidade. Além disso, beneficia quem têm acesso venoso difícil, como obesos, pacientes com síndromes congênitas e pele escura. Funciona com leds que, projetados sobre a pele, permeiam o tecido subcutâneo, destacando a veia em tom azulado.

A Schioppa apresentou seu portfólio com destaque para a linha de rodízios New Avantech. Resistentes e com capacidade para suportar até 150 Kg, possuem estrutura interna em aço e peças injetadas em material termoplástico para diminuir a entrada de poeira e facilitar a limpeza. Seu sistema de freio permite, ao ser acionado, travar o freio de giro e da roda nos quatro rodízios ao mesmo tempo. Todos os rodízios hospitalares da empresa podem ser produzidos com o aditivo antimicrobiano, que bloqueia a proliferação de fungos e bactérias.

www.duaninternacional.com

www.schioppa.com.br

A Instramed apresentou o monitor cardioversor bifásico Cardiomax acompanhado do RCP Maestro, acessório que orienta em tempo real o socorrista no momento da ressuscitação cardiopulmonar. Lançamento, o RCP Maestro mede a frequência e a profundidade das compressões torácicas, auxiliando visualmente e audivelmente o socorrista, melhorando a qualidade de RCP e aumentando as chances de sobrevivência da vítima. Podendo ser utilizado também com os desfibriladores ISIS e ISIS Pro, une alta tecnologia com características avançadas de ergonomia, design, facilidade de uso e mobilidade.

www.instramed.com.br

A Passarini Regulatory Affairs presta serviços de assessoria e consultoria regulatória global e é especialista em regulação de produtos médicos e para a saúde, certificações e otimização de processos de produção. Realiza atendimento personalizado e, entre os serviços prestados, estão: registro e cadastro na Anvisa, consultoria em Sistema de Gestão da Qualidade, Certificação INMETRO/ANATEL, certificações internacionais – marca CE/ FDA, treinamentos in company, processo de gerenciamento de risco e usabilidade, otimização de processo de produção e administração.

www.rapassarini.com.br

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Destaques

Nesta edição, a Kolplast inovou com o primeiro dispositivo nacional para autocoleta Coari. Ideal para detecção do HPV, com atenção às cepas oncogênicas, auxilia no combate do câncer do colo uterino com baixo custo e fácil implementação. Com design delicado e cerdas macias que evitam lesões, está disponível com e sem solução de preservação celular, em embalagem individual e estéril. Já o DUDA® é o primeiro dispositivo uterino para dilatação do anel endocervical destinado a aumentar as chances de gravidez ou regular o fluxo menstrual após procedimentos cirúrgicos no colo do útero.

www.kolplast.com.br

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Nesta edição, a Opuspac mostrou o Opus 30X, equipamento para automação de farmácia que embala e imprime lote de medicamentos para estoque. A partir de um rolo de filme de embalagem pré-fabricado, embala o medicamento convertendo-o em unidade e imprimindo a informação necessária para identificação, alertas e avisos, com textos e imagens. Sete cores de material são usadas para diferenciar medicamentos LASA. Com capacidade para 2.600 unidades por hora, sete vezes mais rápido em comparação a unitarização manual, pode embalar também ampolas, pequenos frascos e kits.

www.opuspac.com.br

A Ibramed levou ao evento o THORK Shock Wave, equipamento microcontrolado de terapia por ondas de choque extracorpórea (ESWT – Extracorporeal Shock Wave Therapy). A energia mecânica cavitacional e térmica produzida pelo aparelho é transferida ao paciente através de um aplicador de ondas de choque radiais. Pode ser utilizado com ponteiras de diferentes tamanhos e materiais para diversas aplicações terapêuticas. Com aplicador ergonômico e design diferenciado, possui tela touch screen e tutorial informativo, além de ser eficaz, seguro, preciso e fácil de operar.

Pioneira no setor da indústria óptica no Brasil, a DFVasconcellos tem mais de 50 mil microscópios cirúrgicos instalados em hospitais e ambulatórios do Brasil e de outros 66 países. Tendo como forte característica a inovação, a empresa é uma das mais tradicionais referências no setor óptico e, durante o evento, apresentou seu amplo portfólio de microscópios cirúrgicos, colposcópios, lupas e acessórios. Seus produtos são ideais para microcirurgias em diversas especialidades: Neurocirurgia, Ginecologia, Odontologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Veterinária.

www.ibramed.com.br

www.dfv.com.br

Fundada em 1993 para a produção de equipamentos e acessórios de oxigenoterapia, a Bhio Supply possui extenso portfólio de instrumentais e equipamentos médico-hospitalares, e levou ao evento sua linha laparoscópica MINILAP. Composta por dispositivos para videocirurgia, desenvolvidos em diâmetro de 2, 3 e 4 milímetros, oferece mobilidade durante a cirurgia e excelentes resultados estéticos pós-cirúrgicos. O conjunto é composto por trocaters, bainhas, pinças, tesoura, porta agulha, cânula de dissecção e sistema de aspiração e irrigação.

Lançado através de uma parceria entre a Serdia Eletrônica e a Timpel, o Timpel Enlight 1800 é um equipamento não invasivo para monitoramento pulmonar a beira leito. O aparelho fornece imagens em tempo real da distribuição da ventilação e perfusão pulmonar, sendo possível identificar colapso e hiperdistensão alveolar, assincronias de enchimento, pneumotórax, intubação seletiva, alterações de perfusão pulmonar, entre outros. Realiza captura ultrarrápida de imagens, não emite radiação, não requer o uso de contraste e tem operação independente.

www.bhiosupply.com.br

www.timpel.com.br

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Serviços

Kreter oferece suporte a executivos para negócios na Alemanha Fundada em julho de 2017, a Kreter International Fairs & Event Management oferece a brasileiros que desejam ir à Alemanha acomodações em hotéis, apartamentos, casas de famílias, além de visitas técnicas, traduções simultâneas, eventos de um modo geral – como jantares de negócios e happy hour. Atende principalmente clientes dos representantes da Messe Düsseldorf no Brasil, na França e na Itália. Ana Kreter, diretora da empresa, explica que o serviço de acomodações foi adquirido da Iramaia GmbH, que já está no mercado há 27 anos e com quem continuará trabalhando em outros projetos referentes a feiras de negócios na Alemanha. “O nosso diferencial em relação às casas é que conhecemos todas as famílias e prestamos atendimento 24h aos nossos clientes – guests e famílias – em caso de emergência”, conta. A mais recente novidade é que a empresa fechou uma nova parceria no Brasil com a Seiva Business Travel, com o objetivo de ampliar seus serviços. A Seiva é uma agência de viagens especializada em feiras médicas e de outros segmentos na Alemanha, que também possui operações com a EMME, representante da Messe Düsseldorf no Brasil. “Há total sinergia entre as duas empresas. A parceria visa acolher os visitantes e expositores de feiras em Düsseldorf e Colônia, oferecendo todos os serviços necessários em um só lugar”, expõe Ana. Quando um cliente pedir hospedagem, por exemplo, terá ofertas de casas e hotéis no mesmo atendimento. Ela também garante que as opções de pagamento são bem facilitadas, incluindo parcelamento, o que evita transferências internacionais caras e burocráticas.

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Vários outros serviços podem ser incluídos na mesma compra, como internet, telefone, transfer, seguro de viagem, credenciamento para feiras, guias de turismo,

Ana Kreter e Vinicius Gozzi, diretor comercial da Seiva

Além de abrigar a feira MEDICA, Düsseldorf oferece muitos atrativos e tem localização privilegiada para visitas técnicas

além de outros destinados a organizadores de missões empresariais e de benchmarking. A Kreter e seus parceiros usarão sua expertise para sugerir opções de lazer em Düsseldorf e arredores ou mesmo em outros destinos da Europa. “Um dos segredos é aproveitar as conexões aéreas. Há atrações surpreendentes que os viajantes a negócios geralmente não aproveitam. A experiência na Alemanha pode ser mais rica do que se imagina, com um custo adicional realmente baixo. O intuito é que o cliente goste não só da feira, mas também da viagem, e volte outras vezes”, ressalta Ana. POR QUE ALEMANHA? A Alemanha é o país com maior tradição em feiras de negócios. Não por acaso, é lá que acontecem a MEDICA (equipamentos médicos, laboratoriais e ortopédicos), a Rehacare (reabilitação) e a IDS (odontologia), que são as maiores do mundo nos respectivos setores. Além de abrigar a feira MEDICA, Düsseldorf oferece muitos atrativos e tem localização privilegiada para visitas técnicas, já que o estado possui inúmeros centros de tecnologia e até de lazer. A cidade é conhecida por sua gastronomia, moda e proximidade de pontos turísticos, como Colônia e Holanda.

Telefone +49 (0)211 9717.3741 Celular (WhatsApp) +49 (0)176 4755.5194 www.kreter-internationalfairs.com

Ana Kreter e Iramaia Kotschedoff, diretora da Iramaia GmbH

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Plataforma reduz readmissões e custos hospitalares

A Intel anuncia o lançamento da Health Application Platform, plataforma de software para aplicativos para uso por provedores de soluções de cuidados remotos (modalidades de atendimento fora do ambiente clínico). O gerenciamento dos cuidados à distância em pacientes com condições graves ou crônicas ajuda a reduzir as internações hospitalares em até 40% e as taxas de readmissão em 75%, diminuindo os custos. A Intel HAP permite que os provedores de soluções de saúde forneçam uma ampla variedade de serviços de forma segura, sempre conectada, em constante expansão e para qualquer nuvem. Para disponibilizar a plataforma, a empresa colaborou com a Flex Sketch-to-Scale™ na criação de um mecanismo de computação IoT que oferece um dispositivo inteligente com conectividade sem fio para periféricos verificados, como medidores de pressão arterial, monitores de glicose, oxímetros de pulso e balanças, entre outros.

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Medicamentos do SUS terão monitoramento online

Um novo sistema criado pelo Ministério da Saúde vai integrar as informações de distribuição, estoques e acesso aos medicamentos do SUS em todo o país. A Base Nacional de Dados da Assistência Farmacêutica permitirá melhor planejamento da compra, do controle da data de validade e a realização de remanejamentos. A experiência em quatro estados mostrou que a iniciativa pode evitar desperdícios de até 30% dos fármacos entregues. Se essa economia for replicada em todo o Brasil, a cada ano, mais R$ 1,5 bilhão poderá ser revertido em mais medicamentos. A ferramenta Web Service permite que todas as secretarias de saúde do país que possuem sistemas próprios transmitam seus dados. Além do estoque, entrada, saída e dispensação de medicamentos, também poderão ser monitoradas em tempo real informações do paciente e das unidades de saúde. Todo o processo será automatizado, ou seja, o sistema calcula possíveis perdas, sugere remanejamento de produtos e indica o quantitativo que deve ser comprado.

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Einstein lança incubadora de startups

A Eretz.bio Einstein é um espaço dedicado ao incentivo do empreendedorismo como forma de transformar a saúde brasileira. Localizada no bairro da Vila Mariana, em São Paulo (SP), a incubadora oferecerá infraestrutura para o trabalho de startups selecionadas, que terão à sua disposição laboratórios e espaços para desenvolvimento de pilotos nas diversas unidades do hospital, assim como acesso facilitado ao know-how dos profissionais e pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein para solucionar problemas e desafios, desenvolver, prototipar e validar seus produtos.

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O Hospital 9 de Julho, de São Paulo (SP), realizou o Wish Day, quando pacientes da área de onco-hematologia fizeram pedidos especiais ao chef de cozinha da instituição, Fabrício Campos. Ele e nutricionistas visitaram os pacientes em seus quartos para identificar seus pratos preferidos. Sem que soubessem, o chef preparou as comidas escolhidas e serviu na hora do almoço, como em um restaurante.

Anunciantes

Pequenas doses

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Pacientes oncológicos têm experiência gastronômica

ABIMO

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ANAHP

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Banho Fácil

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Bhio Supply

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Casex

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CDK

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Clean Medical

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Colortel

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Comaho

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CONDEPE 2018

Leonardo Lenskij

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O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), anunciou a adoção de cirurgia robótica com a demonstração do simulador do robô Da Vinci, sendo a primeira instituição privada do Rio Grande do Sul a oferecer a tecnologia. A expectativa é realizar mais de 100 procedimentos só no primeiro ano. “A cirurgia robótica permite movimentos que a mão humana não teria capacidade de fazer, como em 360 graus, por exemplo. Também reduz as complicações cirúrgicas, o tempo de recuperação e de internação, consequentemente. Isto tudo se traduz em maior segurança e precisão”, ressaltou o superintendente médico, Luiz Antonio Nasi.

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Tecnologia resulta em mais segurança na assistência

O Hospital Márcio Cunha, de Ipatinga (MG), acaba de se tornar o primeiro do país com a Certificação Internacional da Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) estágio 7 – utilizando software de Gestão Hospitalar Tasy‎, sendo também o único na categoria filantrópico de alta complexidade. O reconhecimento indica o nível de maturidade na adoção do prontuário eletrônico, usando Tecnologia da Informação para gerar eficiência operacional, melhor qualidade assistencial e maior segurança do paciente. “A experiência com o sistema de gestão da qualidade aplicada em processos de auditorias, bem como as inovações tecnológicas já implantadas nos deram segurança para tentar a certificação já no maior nível. Afinal, um dos princípios da HIMSS é a do ‘Hospital Digital’, reduzindo a geração de papéis”, comemora o superintendente, Mauro Lima.

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Controller/Bioland

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DFVasconcellos

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Dorja

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Duan

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EFE

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Exxomed

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Fanem

Sul recebe cirurgia robótica

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Health Móveis

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HIMSS@Hospitalar 2018

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Hospitalar 2018

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Hospitalar Facilities 2018

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Ibramed

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Instramed

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JG Moriya

2ª capa, 3

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RQ Tecnologia

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Schioppa

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Traumec

18 a 23 e 58

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