Edição 90 - Revista Hospitais Brasil

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CARREIRA MÉDICA NO ALVO ENTIDADES PEDEM EXAME DE PROFICIÊNCIA E FORMAÇÃO DE QUALIDADE

O futuro da saúde Conheça as principais atrações da 25ª Hospitalar eHealth Novos desafios para a indústria farmacêutica Humanização Programa de Felicidade Interna Bruta engaja colaboradores e aumenta satisfação dos clientes Gestão Ainda há muito a percorrer quando se fala em compliance na saúde

EM CONSTANTE EVOLUÇÃO PARA SALVAR VIDAS

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Analíticos, afetuosos e cientes do nosso poder Estamos vivendo um momento turbulento de nossa política, impossível de ignorar. E é em períodos como este que analisamos nossa capacidade de respeitar opiniões alheias e se relacionar de forma saudável com outras pessoas, sendo amigos ou não. As mídias sociais oferecem um espaço amplo para a discussão de qualquer assunto, mas, escondida atrás das telas, qualquer pessoa pode falar o que quiser e até inventar notícias. Estamos aí também envolvidos com as fake news, tanto que o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, declarou recentemente que a empresa fará o possível para proteger a integridade das informações nas eleições no Brasil, na Índia e nos Estados Unidos. Não dá para negar as constantes transformações que a tecnologia tem trazido, inclusive no setor da saúde. Aplicativos para dispositivos móveis, inteligência artificial, o uso cada vez maior de robôs cirúrgicos, a interação com os pacientes à distância... tudo para melhorar a relação médico x paciente, otimizar recursos e aprimorar os serviços em saúde. Mas isso ainda é relativamente novo, portanto, devemos analisar exemplos, nos munir de informações verdadeiras, falar com especialistas dos mais diversos setores, ouvir opiniões diferentes e interagir cada vez mais, saindo da nossa zona de conforto.

A tecnologia veio para facilitar nossa vida, mas ela tem exigido que sejamos mais seletivos e questionadores. Não é apenas aceitar o que aparece na internet: é investigar, fazer além, pensar. Isso em qualquer segmento, qualquer tema. Ainda vai chegar o dia em que as pessoas serão mais criteriosas no compartilhamento de informações, buscando sua origem e refletindo a respeito. A partir daí, haverá cidadãos mais engajados, de fato. Aprendemos com os erros, estamos no caminho. E falando em informações, esta edição da RHB traz um resumo do que vai acontecer na feira Hospitalar, que comemora seu 25º ano de realização. Durante o evento, além da apresentação de produtos e serviços, haverá mais de 40 congressos simultâneos, permitindo uma visão ampla dos temas discutidos e, o mais importante, a interação com os players do mercado. É na Hospitalar que se reúnem todos os elos da cadeia de saúde e onde é possível conhecer as mais recentes inovações que chegam ao segmento. É o “cara a cara” em primeiro lugar, é o experimentar. Agende-se e aproveite para visitar o estande da Publimed e conhecer nossas ações! Enfim, meu recado é esse: vamos usar a tecnologia a nosso favor, com sabedoria, sem esquecer de alimentar nossas relações pessoais. Sejamos analíticos sem julgar, afetuosos sem cobrar e cientes de nossa capacidade em transformar o mundo.

EM ALTA

Convite da primeira Hospitalar, que aconteceu em 1994, no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera. Em 2018, a feira completa 25 anos e terá uma publicação especial comemorativa preparada pela equipe da Publimed Editora em parceria com a Hospitalar. Saiba mais a partir da página 44.

EXPEDIENTE Gerente de Negócios Ronaldo de Almeida Santos ronaldo@publimededitora.com.br

santas casas, secretarias de saúde, universidades e demais estabelecimentos de saúde em todo o país.

Diretora Administrativa Vanessa Borjuca Santos vanessa@publimededitora.com.br

Design Gráfico e Criação Publicitária Lilian Carmona lia@liacarmona.com.br

Editora e Jornalista Carol Gonçalves - MTb 59413 DRT/SP carol@publimededitora.com.br

Diagramação Cotta Produções Gráficas atendimento@cotta.art.br

Redatora de Conteúdo Web Luiza Mendonça - MTb 73256 DRT/SP luiza@publimededitora.com.br

Ano XIV - Nº 90 - MAR | ABR 2018 Circulação: Abril 2018

A Revista Hospitais Brasil não se responsabiliza por conceitos emitidos através de entrevistas e artigos assinados, uma vez que estes expressam a opinião de seus autores e também pelas informações e qualidade dos produtos, equipamentos e serviços constantes nos anúncios, bem como sua regulamentação junto aos órgãos competentes, sendo estes de exclusiva responsabilidade das empresas anunciantes.

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Diretor Geral Adilson Luiz Furlan de Mendonça adilson@publimededitora.com.br

Não é permitida a reprodução total ou parcial de artigos e/ou matérias sem a permissão prévia por escrito da editora.

A Revista Hospitais Brasil é uma publicação da PUBLIMED EDITORA LTDA., tendo o seu registro arquivado no INPI-Instituto Nacional de Propaganda Industrial e Intelectual. Rua Marechal Hermes da Fonseca, 482 – sala 4 02020-000 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3966-2000 www.publimededitora.com.br www.portalhospitaisbrasil.com.br

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Sumário

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JURÍDICO Em artigo, a advogada Sandra Franco fala sobre a revolução no atendimento aos pacientes com o uso da tecnologia

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HUMANIZAÇÃO Com programa de felicidade, Hospital Anchieta aumenta satisfação dos clientes

MERCADO Fabricante de produtos médicos, Romed espera crescer 10% neste ano

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eHEALTH Digital Critical Trials – novos desafios para a indústria farmacêutica

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PROFISSÃO Em pauta a carreira médica: entidades pedem exame de proficiência e formação de qualidade

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GESTÃO Ainda há muito a percorrer quando se fala em compliance na saúde

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COMEMORAÇÃO Dorja é uma das poucas empresas que participam há 25 anos da Hospitalar

ACONTECE Evento multissetorial líder nas Américas, Hospitalar completa 25 anos

AMBIENTAÇÃO Com ajuda do Colégio Agostiniano São José, Hospital Santa Marcelina revitaliza brinquedoteca e sala de aula EQUIPAMENTOS Transmai foca em feiras do setor para intensificar participação no mercado FINANÇAS Consultora dá dicas para hospitais fecharem contas no azul PEQUENAS DOSES Nesta edição, cirurgias robóticas, novos leitos, medicina humanizada, parcerias e mais

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TECNOLOGIA Sírio-Libanês faz parceria com Deezer para ajudar pacientes a relaxar

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OPINIÃO O futuro dos hospitais nos sistemas de saúde em análise pelo economista de saúde André Medici

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FORNECEDORES EM DESTAQUE Motivada por salvar vidas, Samtronic não para de se reinventar

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Em pauta a carreira médica: entidades pedem exame de proficiência e formação de qualidade Nunca houve um crescimento tão grande da população médica no Brasil num período tão curto de tempo. Em pouco menos de cinco décadas, o total de médicos aumentou 665,8%, ou 7,7 vezes. Por sua vez, a população brasileira aumentou 119,7%, ou 2,2 vezes. No entanto, segundo entidades representativas do setor, esse salto não trouxe os benefícios que a sociedade espera.

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Apesar de contar, em janeiro de 2018, com 452.801 médicos (razão de 2,18 médicos por mil habitantes), o Brasil ainda sofre com grande desigualdade na distribuição da população médica entre regiões, estados, capitais e municípios do interior. Os dados constam da pesquisa Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com o apoio institucional do CFM – Conselho Federal de Medicina e do Cremesp – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. O levantamento, coordenado pelo professor Mário Scheffer, usou ainda bases de dados da AMB – Associação Médica Brasileira, da CNRM – Comissão Nacional de Residência Médica, do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do MEC – Ministério da Educação.

O Sudeste é a região com maior razão de médicos por mil habitantes (2,81) contra 1,16, no Norte, e 1,41, no Nordeste. Somente o estado de São Paulo concentra 21,7% da população e 28% do total de médicos do país. Por sua vez, o Distrito Federal tem a razão mais alta, com 4,35 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,55. Na outra ponta estão estados do Norte e Nordeste. O Maranhão mantém a menor razão entre as unidades federativas, com 0,87 médico por mil habitantes, seguido pelo Pará, com razão de 0,97. “Há uma desproporção gritante entre as unidades da federação e entre as regiões: 39 cidades com mais de 500.000 habitantes concentram 60% dos médicos, enquanto 40% estão distribuídos no país para atender o restante da população”, pontua o presidente do CFM, Carlos Vital. Diante do quadro, Vital apresenta propostas para uma melhor distribuição dos médicos. “Um ponto fulcral é a criação de uma carreira de Estado para o médico e demais profissionais de saúde, que dê segurança jurídica, permita a educação continuada, ofereça condições de trabalho e valorize o trabalho do profissional para que ele se fixe nas cidades do interior”, defende.

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Médico bem formado custa caro, mas malformado custa mais caro ainda. Ele é um risco para a saúde pública, pois está muito mais suscetível a erros”

Lincoln Ferreira, presidente da AMB

diagnósticos e tratamentos, deixando médicos e pacientes em situação vulnerável. A secretária-executiva da CNRM, Rosana Melo, destaca que o Brasil vive uma situação paradoxal, “em que faltam médicos e não faltam médicos”. Disse, também, que o governo está atento para que a formação de especialistas atenda às necessidades do país.

O aumento total registrado e a má distribuição dos profissionais pelo território nacional têm relação direta com o fenômeno da abertura de novas escolas e cursos de Medicina no Brasil. Considerando que a graduação em Medicina dura seis anos, sem praticamente haver evasão ou repetência entre os alunos, cada vaga oferecida em 2018 corresponderá a um novo médico, em 2024.

AVALIAÇÃO Há muito tempo, a AMB vem se posicionando sobre a necessidade de uma avaliação que preserve o cidadão do risco de ser atendido por um médico com formação deficitária. As escolas médicas precisam ser avaliadas, e os alunos também. E quem não está preparado não pode exercer a medicina.

Neste ano, estima-se que serão 28.792 profissionais egressos das escolas (três vezes o número de 2004, quando foram registrados 9.299 novos médicos). Em duas décadas (com base nos números de 14 anos atrás), o crescimento previsto é de 200% no número de novos registros.

“Precisamos de um filtro minimamente razoável e seguro para evitar que profissionais malformados entrem no sistema de saúde. Isso é condição fundamental para garantirmos um atendimento de qualidade à população”, alerta Ferreira.

Para o presidente da AMB, Lincoln Lopes Ferreira, a Demografia Médica ajuda a sociedade a compreender melhor a distribuição dos médicos no país, já que o que se tinha até então eram dados e números dispersos, que não permitem uma visão do todo. “A atualização constante dessas informações nos fornece insumos na busca de soluções para as questões da medicina, do médico e da saúde no Brasil, com base em análise de fatos e dados, e não puramente em ideologias”, afirma.

Para a AMB, os estudantes de medicina ou mesmo os médicos recém-formados, diplomados pelas universidades, só podem ter licença para atuar (registro profissional no CFM) depois que forem aprovados pelo Exame Nacional de Proficiência em Medicina.

Ferreira enfatiza que a Demografia Médica 2018 consolida o entendimento de que não há falta de médicos no país, mas de condições, estratégias e gestão para todas as regiões onde há necessidade. “Não precisamos de médicos importados, precisamos de carreira médica de Estado e de condições de trabalho nas mais diversas localidades”, defende. Contudo, na avaliação das entidades médicas, o grande número de profissionais enfrenta um grave problema: existem deficiências nas políticas públicas que geram maior concentração de médicos nas grandes cidades e no litoral, em especial nas áreas mais desenvolvidas, e nos serviços particulares em detrimento do SUS – Sistema Único de Saúde.

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A manutenção desse problema, na avaliação das lideranças médicas, decorre da ausência de políticas públicas que estimulem a migração e a fixação dos profissionais nas áreas mais distantes dos grandes centros, de modo particular no interior das regiões Norte e Nordeste. Dentre os problemas, estão a precariedade dos vínculos de emprego, a falta de acesso a programas de educação continuada, a ausência de um plano de carreira (com previsão de mobilidade) e a inexistência de condições de trabalho e de atendimento, com repercussão negativa sobre

“Médico bem formado custa caro, mas malformado custa mais caro ainda. Ele é um risco para a saúde pública, pois está muito mais suscetível a erros e sobrecarrega o sistema: diagnósticos mal feitos geram exames desnecessários, medicação inadequada e aumento de internações. Já temos um sistema de saúde subfinanciado, que acaba ainda sendo sacrificado por conta deste quadro, que só vem aumentando”, argumenta. Segundo o Datafolha, 91% dos brasileiros apoiam a criação de um exame para garantir a qualidade dos médicos. A pesquisa ouviu 4.060 pessoas acima de 16 anos. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Dos entrevistados, 35% disseram que a qualificação dos médicos brasileiros piorou nos últimos anos. Quase todas as entidades médicas são a favor de exame semelhante ao proposto pela AMB, mas há quem divirja do formato. No entanto, é quase unânime a concordância de que deve haver um “exame da ordem”, para os egressos dos cursos de medicina, como ocorre com os advogados há muito tempo. Os conselhos de medicina precisam a prerrogativa de não registrar o profissional que não tiver sido aprovado pelo Exame Nacional de Proficiência em Medicina. Hoje não há esta prerrogativa e mesmo os médicos que tiveram performance insuficiente nos exames, ou nem participaram deles, podem receber o registro profissional. Para a AMB, é fundamental que o exame seja nacional e obrigatório. Além disso, o aluno não pode ser avaliado

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somente depois de concluído o curso: devem ser feitas avaliações seriadas, como é comum em diversos países, ao final do segundo, do quarto e do sexto anos. Isso permite que o estudante identifique seus pontos fracos e, junto com a escola, possa atuar para correção destas fragilidades. Desta forma, as próprias faculdades podem avaliar e corrigir os problemas identificados. “O exame também será importante para avaliação das escolas médicas, principalmente das que foram abertas sem as condições necessárias para formação de bons profissionais”, explica Lincoln. Segundo a proposta, brasileiros ou estrangeiros formados em medicina fora do país também deverão passar pela mesma avaliação. E só depois de aprovados receberão o registro profissional para atuar como médico no território nacional. O exame só poderá ser feito depois de o médico ter passado pelo Revalida, processo do Ministério da Educação que avalia a adequação do curso feito no exterior aos parâmetros brasileiros. Diversos exames semelhantes têm sido realizados por entidades médicas brasileiras, mas de forma isolada, como o do Cremesp e do Cremers. Os resultados são alarmantes. O último exame do Cremesp, divulgado em fevereiro deste ano, mostrou que 88% dos recém-formados não souberam interpretar uma mamografia; 78% erraram o diagnóstico de diabetes; e 75% não identificaram tratamento para hemorragia digestiva alta. Do total dos 2.636 egressos que fizeram a prova, 35,4% não alcançaram a nota mínima exigida – acerto de 60% das 120 questões de múltipla escolha. Para viabilizar estas mudanças, principalmente com a segurança jurídica necessária, a AMB avisa que levará ao Governo Federal e ao Congresso uma proposta de Projeto de Lei em breve.

Dos 2.636 recém-formados que fizeram a última prova do Cremesp, 35,4% acertaram menos de 60% das 120 questões de múltipla escolha.

NOVOS CURSOS No começo de abril, durante reunião do presidente, Michel Temer, com o ministro da Educação, Mendonça Filho, foi assinada portaria que impede a abertura de novas escolas médicas pelos próximos cinco anos, atendendo ao pedido de diferentes entidades médicas, com o objetivo de melhorar a qualidade na formação dos médicos. A medida vale para instituições públicas federais, estaduais e municipais e privadas. A ampliação de vagas em cursos de medicina já existentes em instituições federais também fica suspensa pelo mesmo período. “Teremos moratória de cinco anos para que possamos reavaliar todo o quadro de formação médica no Brasil. Isso se faz necessário até porque as metas traçadas com relação à ampliação de médicos no Brasil já foram atingidas. Mais que dobramos o número total de faculdades de formação de medicina nos últimos anos, o que significa dizer que há uma presença de formação médica em todas as regiões do Brasil”, afirmou o ministro da Educação. Outra portaria assinada na ocasião é sobre a criação de um grupo de trabalho para subsidiar a reorganização da formação médica, com foco na melhoria da qualidade profissional dos médicos. Também uma solicitação da AMB.

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Já a Abmes – Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior considera que a medida representa “um retrocesso que compromete o desenvolvimento do país e o atendimento à população naquilo que é um direito humano fundamental, o direito à saúde”. Para a Abmes, é contraditório que o governo, poucos meses após criar uma regra específica para o aumento de vagas, proíba a criação dessas mesmas vagas, inclusive em cursos com reconhecida qualidade, referindo-se ao Programa Mais Médicos. Segundo Lincoln, da AMB, “o decreto vai nos permitir colocar um freio de arrumação, estancar a partir de um certo ponto os problemas repetitivos que temos hoje, que irão impactar em qualquer gestão, sob a forma de sequelas, judicialização, com processos no CRM, cíveis e criminais”. Para a entidade, a medida é uma das mais importantes conquistas da população brasileira e para a saúde do país. “Ao estabelecer bases para a reorganização

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Elpídio Júnior

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Trinta e nove cidades com mais de 500.000 habitantes concentram 60% dos médicos, enquanto 40% estão distribuídos no país para atender o restante da população”

Carlos Vital, presidente do CFM

da formação médica, e tendo como foco a melhoria da qualidade profissional, estará sendo preservada a qualidade assistencial da medicina à população”, complementa. Com a mudança, o Brasil vai ganhar tempo para que se defina o que fazer do ensino médico no Brasil, criando a oportunidade para a implantação de critérios eficientes e eficazes a fim de que se mantenham instituições com competência educacional. Para o presidente da entidade, a moratória não resolve tudo, mas ajuda muito. “A população precisa ter certeza de que, se um médico está formado e com um diploma, ele tem totais condições de atendê-la, independentemente de onde tenha estudado.”

Apesar de o decreto ser extremamente importante, alguns pontos ainda precisam ser conversados com a classe médica. Como, por exemplo, a localização das escolas e as estruturas oferecidas aos alunos. Devese entender melhor onde estão e como funcionam as atuais escolas. Por isso, só a assinatura do decreto não será suficiente para garantir a preparação de bons médicos. Para a entidade, é preciso cancelar os editais lançados durante o governo anterior e que ainda estão em andamento, pois foram concebidos com os mesmos vícios que causaram os problemas vistos em diversas escolas inauguradas recentemente. EXCESSO DE ESCOLAS DE MEDICINA No Brasil, existem atualmente mais de 300 escolas de medicina. Entre 2000 e 2015, foram criadas 142 escolas médicas. Mais de cem foram liberadas para atuar a partir de 2013. São, ao todo, 78 escolas federais, 35 estaduais, 16 municipais, duas públicas e 172 particulares. Como comparação, na China existem 150 faculdades para 1,3 bilhão de pessoas, e, nos Estados Unidos, onde estão as escolas mais respeitadas do mundo, são 131 cursos para 300 milhões de habitantes. Só para se ter uma ideia, em 15 anos foram criados três vezes mais cursos de medicina que nos últimos 200 anos de história do país. Isso desde que D. João VI assinou, em

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Segundo a associação, não há mais necessidade de qualquer curso de medicina novo no Brasil. O país precisa é de médicos com formação de qualidade. “Não há solução mágica para os problemas da saúde no Brasil. Financiar com recursos do Estado brasileiro uma indústria de impressão e de distribuição de diplomas de médicos não muda a realidade precária

da saúde brasileira. Da mesma forma como a vinda dos profissionais cubanos não melhorou substancialmente nenhum índice importante de mensuração”, acrescenta o presidente da AMB.

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NÍVEL DE EMPREGO NA SAÚDE É INSUFICIENTE No acumulado de janeiro a dezembro de 2017, foram criados 44.505 postos de trabalho nas atividades do setor de hospitais, clínicas, laboratórios e demais estabelecimentos de serviços privados de saúde no país, totalizando 2.144.481 trabalhadores. Entre as atividades, destaca-se a criação de 18.612 vagas no “Atendimento Hospitalar” e também a geração de 7.494 vagas na atividade “Médica ambulatorial”. Por outro lado, a atividade de “Serviço móvel de urgência” gerou um saldo de 1.007 demissões. O Estado de São Paulo representa 33% do emprego no setor de todo o Brasil e emprega 712.052 trabalhadores, tendo gerado 15.152 vagas no ano passado, com destaque para a criação de 7.357 postos na atividade de “Atendimento Hospitalar”. Já o número de estabelecimentos de saúde no país teve um crescimento de 4,8% em dezembro de 2017 em comparação a dezembro de 2016. Destaca-se no período em questão o crescimento de 34% no número de unidades de atenção em home care. No estado de São Paulo, o número de estabelecimentos de saúde cresceu 5,1% no ano de 2017 em relação a 2016 com destaque para as unidades de atenção em home care com aumento de 19,2% das clínicas e laboratórios especializados, que tiveram incremento de 10,2%. Apesar do crescimento do nível de emprego e de serviços de saúde no Brasil, o presidente da Fehoesp – Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo, Yussif Ali Mere Jr, destaca que esses números ainda são muito tímidos. “Não podemos falar em crescimento do setor. Há três anos, o segmento saúde criava 45.000 empregos em apenas 30 dias, portanto, esses números apontam para uma lenta e pequena recuperação da crise econômica, que também afetou o segmento saúde. Este ano esperamos uma recuperação mais expressiva”, avalia o médico. Segundo Mere Jr, o único setor que teve crescimento expressivo foi o de serviços de home care, que está diretamente ligado ao processo de envelhecimento da população brasileira. “Isso reflete a necessidade de uma assistência menos onerosa e com maior resolutividade. A desospitalização, nesses casos, é uma realidade”, avalia. Esses dados integram o Boletim Econômico da Fehoesp, que oferece importantes dados do setor a partir de estatísticas do SUS, Ministério do Trabalho, IBGE, ANS e outras fontes de dados econômicos oficiais. 1808, o documento que permitiu criar a primeira faculdade de medicina do Brasil, a Escola de Cirurgia da Bahia (atualmente a Fameb da UFBA). Com a expansão das escolas de medicina, em poucos anos serão formados cerca de 30.000 médicos por ano, o que dará uma relação de 14 médicos por 100.000 habitantes, quase o dobro da relação nos Estados Unidos. O que se vê nas faculdades de medicina são todos os tipos de problemas, dos mais sérios e variados: não existem professores com formação acadêmica em quantidade suficiente nas escolas, que muitas vezes funcionam em cidades onde nem há médicos para atender a população; os laboratórios de boa parte das faculdades são inadequados para o ensino das disciplinas básicas; não há instalações adequadas e a maior parte das faculdades autorizadas pelo MEC não conta com hospitais-escolas,

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fundamentais na formação prática e no internato dos alunos. O internato é diferente da residência, que o profissional faz depois de formado. Os últimos dois anos do curso de medicina são dedicados ao estágio, chamado de internato, em que o aluno vai aprender na prática. O MEC exige que, para cada vaga do curso de medicina, deve haver um mínimo de cinco leitos do SUS, ou conveniados, para o internato. Mas a maioria das escolas nem convênio com hospitais tem. As salas de aula têm laboratórios e bonecos de plástico, mas faltam professores e espaço para a formação prática em enfermarias. O presidente da AMB explica que aumentar o número de médicos no Brasil, pura e simplesmente, não resolve o problema da saúde atual e cria outros, como a sobrecarga do sistema devido à atuação de médicos despreparados e inseguros, que pedem exames desnecessários, além de internarem e medicarem de forma equivocada.

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Fornecedores em destaque

A matriz da empresa, localizada na capital de São Paulo, tem 2.100 m² de área construída

Motivada por salvar vidas, Samtronic não para de se reinventar

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undada em 1987, na capital de São Paulo, a Samtronic é uma empresa sólida e moderna, originalmente focada em sistemas de infusão hospitalar, com uma linha completa de equipamentos composta por bombas de seringa, volumétricas rotativas e lineares, além de uma vasta linha de equipos, atualmente com mais de 56 modelos distintos de aplicação.

A partir de 2013, após anos de desenvolvimento e melhorias focadas somente em terapia de infusão, a Samtronic intensificou o lançamento de produtos diversos, como o sistema de sucção Amivac, o pedestal Roama, as seringas Serisam e as bombas elastoméricas Elastosam, além de uma nova geração de bombas. Projetada dentro das mais recentes tecnologias surge, em 2016, uma linha de vários modelos de monitores multiparâmetros, de marca e fabricação própria, chamada AMU.

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A filial está localizada em Bragança Paulista

Equipe durante a Hospitalar 2017

DIFERENCIAIS

Atualmente, a empresa comercializa para todo o território nacional, sendo uma das líderes do seu segmento, conquistando, cada vez mais, abrangência internacional: seus produtos estão presentes em mais de 55 países. A pesquisa e a melhoria do seu portfólio são considerados pilares fundamentais para sua consolidação entre as lideranças no mercado. Outro mote de sua filosofia é o comprometimento dos diretores e colaboradores no aprimoramento da eficácia do sistema de Gestão da Qualidade, proporcionando qualificação aos profissionais, sempre trabalhando em parceria com os clientes na busca de desenvolvimento de produtos e soluções que respondam às suas necessidades e garantindo atendimento pós-venda, respeitando as legislações vigentes.

HISTÓRICO

A Samtronic nasceu da parceria entre um médico, interessado em desenvolver bombas de infusão, um engenheiro eletrônico aposentado e uma metalúrgica especializada na fabricação de peças mecânicas de alta precisão. Em 1987, depois de meses de desenvolvimento do primeiro protótipo, foi criada uma sociedade no bairro do Jardim Aeroporto, alojada num pequeno sobrado à Rua Francisco Antônio Gonçalves, na capital de São Paulo. A partir de 1995, após uma profunda reformulação dos seus produtos, a empresa apresentou um crescimento rápido que necessitou de espaços maiores. Começou, então, a se expandir dentro do bairro, em locais próximos à sua sede. Pressionada pela logística das operações, a direção decidiu dar início à construção de uma nova sede para concentrar, novamente, todas as suas atividades num só local. O bairro escolhido foi o de Socorro, tam-

bém na cidade de São Paulo. O prédio, de aproximadamente 2.100 m² de área construída, ficou pronto no final de 2003. A arquitetura arrojada, a concepção de espaços internos agradáveis e a central de comunicação de alta tecnologia formam um conjunto que propicia aos seus colaboradores bem-estar e uma maior eficiência nas suas tarefas. Em 2006, foi inaugurado o centro de distribuição, com 3.500 m² de área construída, solucionando a maior parte das necessidades de ordem logística e de armazenamento. Já em 2013, concretizou-se o sonho da fábrica em Bragança Paulista, município de São Paulo. O projeto audacioso tornou a Samtronic autossuficiente na produção de equipos e outros descartáveis. Com 5.000 m2, a primeira fase, construída 100% com recursos próprios, está operando normalmente. A segunda fase, em obras aceleradas, dobrará a área útil.

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A filial em Bragança Paulista tornou a empresa autossuficiente na produção de equipos e outros descartáveis

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

A política da Samtronic, sempre focada em pesquisa e desenvolvimento de equipamentos, é audaciosa. Constantemente, a marca procura atualizar seus produtos para atender aos anseios dos seus usuários na busca de novas tecnologias, tendo boa parte do faturamento reinvestido em P&D e em profissionais altamente capacitados. A novidade é que, neste ano, a empresa irá finalizar a construção e iniciar as atividades da unidade comercial e fabril da Argentina.

EXPECTATIVAS E EXPANSÃO

“Apesar do quadro econômico recente do país, conseguimos definir e alcançar as metas previstas, com crescimento efetivo na ordem de 20% em 2017”, destaca Claudia Alonso, diretora geral da Samtronic. A empresa tem participação ativa em eventos e apresentações com o objetivo de seguir mostrando suas inovações ao mercado. “Em breve, lançaremos novos produtos e nossa nova estrutura comercial, totalmente adequada aos clientes”, acrescenta. Claudia também ressalta que a empresa tem participação efetiva junto à rede de distribuição, a fim de integrar, cada vez mais, todos os colaboradores às novas diretrizes e objetivos da marca.

SOLUÇÕES

A área de P&D da Samtronic vem trabalhando, intensivamente, na busca de novas soluções que possam facilitar o dia a dia dos seus clientes, oferecendo produtos de qualidade com melhor custo-benefício e melhor atendimento, além de cobertura técnica pós-venda, a fim de reduzir os custos hospitalares aliados a soluções completas e de efetiva qualidade para os hospitais brasileiros e de outros países.

“Apesar do quadro econômico recente do país, conseguimos definir e alcançar as metas previstas, com crescimento efetivo na ordem de 20% em 2017”

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PRINCIPAIS PRODUTOS

Terapia de Infusão Monitores de Sinais Vitais Descartáveis Seringas

Bomba Elastomérica Suporte de Soro Sistema de Sucção Analisador e Simulador

Bomba de infusão Peristáltica Linear ICATU

As bombas Icatu podem ser empilhadas

Com design arrojado, esta bomba concentra tecnologia e recursos inéditos em um volume leve e compacto, propiciando o empilhamento de vários equipamentos no mesmo suporte. Possui display gráfico de fácil visualização, programação de parâmetros de infusão, histórico da infusão e sistema patenteado de corta fluxo automático (opcional), tudo isso projetado e executado de forma ergométrica e inteligente. A Icatu é ideal para equipos universais, e a Icatu S é destinada para a nova família de equipos dedicados Samtronic ICASET. As novas bombas foram desenvolvidas para se acoplarem: seu diferencial é a tecnologia de interconexão elétrica, que dispensa o uso de racks de acoplamento e diminui o excesso de cabos de força.

ST7000 TCI e ST7000

Bomba de infusão de seringa ST7000 TCI

A ST7000 TCI/TIVA reúne em uma única bomba de seringa os protocolos: TCI, MCI, vazão x volume limite, tempo x volume limite, peso x concentração x dose. Outro diferencial são as opções para protocolos infantis, além de possuir representação gráfica, o que auxilia na visualização da programação. Suas principais características são: modelos de Propofol Marsh com Ke0 rápido ou lento (Marsh e Fast Marsh); tempo de despertar com concentração configurável; permite a troca da seringa com tamanho ou diluição diferentes, durante a mesma terapia; modo gráfico (concentração alvo, concentração plasmática, concentração no local de efeito e tempo); e protocolo MCI integrado.

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Bomba de infusão peristáltica rotativa ST550 T2 e ST550 T2 Enteral

Elastosam

Bomba elastomérica Elastosam

Trata-se um sistema de infusão elastomérico, descartável e portátil, não elétrico, livre de manutenção, que foi projetado para infusão de uma ampla gama de medicamentos de baixo peso molecular, como quimioterápicos, anestésicos, analgésicos e antibióticos. Este dispositivo permite a mobilidade do paciente, podendo ser utilizado em ambientes hospitalares, domiciliares e em trânsito, requerendo treinamento mínimo para o profissional da saúde/paciente. Disponível em uma variedade de volumes e vazões, de acordo com a necessidade individual de cada paciente, é indicada para infusão através de vias de acesso endovenosa, intra-arterial ou epidural de soluções e medicações em doses controladas e contínuas.

Serisam

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Possuem sistema exclusivo de propulsão rotativa, que permite manter uma vazão precisa e regular. De fácil manuseio, contam com haste para suporte de soro e uma alça embutida, que facilita sua instalação e transporte. São destinadas para equipos dedicados GIRASET.

ST550 T2

ST550 T2 Enteral

Linha completa de monitores de sinais vitais AMU

Linha AMU

Composta por cinco versões, a linha possui modelos préconfigurados de transporte e modelos modulares, que oferecem desde os parâmetros básicos até o que há de mais alto nível tecnológico em termos de oximetria. Os monitores também contam com parâmetros como BIS< capnografia, pressão invasiva, análise de gases e débito cardíaco. Permitem integração com a central de monitoramento e comunicação via HL7.

Seringa Serisam e Serisam Enteral

A seringa Serisam é voltada para uso em bomba de infusão de seringa e uso geral, com modelos de 10mL, 20mL e 60mL. Já a Serisam Enteral é destinada para soluções enterais, com alta precisão, coloração diferenciada e conector ENFit™. Serisam Enteral

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Bomba de infusão peristáltica linear ST1000

ST1000

Simples de operar, com programação interativa e intuitiva, mostra os dados da infusão num amplo display LCD, de cor azul. Emprega descartáveis comuns, propiciando baixo custo de infusão. Possui detector de ar ultrassônico e sensor de pressão eletrônico com nível de oclusão regulável, para garantir maior segurança ao paciente durante a infusão.

Suporte modular Roama e Amivac Sistema de Sucção

O Roama é um pedestal construtivo multifuncional que permite um melhor aproveitamento do espaço. De fácil montagem, colocação e remoção dos seus diversos acessórios, possui configurações que facilitam o cotidiano do profissional de saúde. Já o Amivac é um sistema de sucção configurável, desmontável e lavável, que drena e aspira por sucção a vácuo em sistema fechado. A linha conta com tubos descartáveis e ponteiras cirúrgicas descartáveis.

Amivac e Roama

NA HOSPITALAR 2018

Durante a Hospitalar 2017 a empresa comemorou seus 30 anos de vida

Neste ano, a Samtronic comemora sua 24ª participação na feira Hospitalar, que acontece de 22 a 25 de maio, em São Paulo. A empresa estará na rua principal do pavilhão branco, em frente à entrada de expositores. “Apresentaremos muitas novidades e esperamos contar com a presença dos clientes. Há dois anos intensificamos nossos investimentos em Marketing, por isso, neste ano, participaremos de mais de 12 eventos, contando feiras, congressos e encontros, nacionais e internacionais”, expõe André Vinicius de Sá, coordenador de Marketing. Segundo ele, após um crescimento na ordem de 20% em tempos de crise, a meta neste ano se aproxima de 30%. “Investir em comunicação e ações comerciais orientadas ao nosso público-alvo é a chave para alcançar estes objetivos”, ressalta.

SAMTRONIC INDÚSTRIA E COMÉRCIO www.samtronic.com.br contato.sp@samtronic.com.br www.facebook.com/SamtronicBrasil/ Matriz R. Venda da Esperança, 162 04763-040 São Paulo/SP (11) 2244-7750

Filial R. das Indústrias, 334 12926-674 Bragança Paulista/SP (11) 2490-1910

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Gestão

Ainda há muito a percorrer quando se fala em compliance na saúde Falar em compliance na área da saúde não é novidade para ninguém. Entretanto, apesar de não ser um tema inovador, o setor ainda tem um longo caminho a percorrer... De acordo com Delma Avigo, diretora da CCB Compliance Consulting Brazil, no mercado financeiro há diversos impulsionadores para a efetiva aplicação de um programa de compliance: 1. O BACEN – Banco Central do Brasil, um dos bancos centrais mais sérios do mundo, exerce a função de regulador dos bancos e financeiras. Ele atuou e continua atuando com a mão pesada junto a seus regulados, para que se aplique mecanismos preventivos contra a corrupção. 2. A Lei Anticorrupção nº 12.846/2013 foi criada pela impossibilidade de o governo controlar tamanho movimento de corrupção. Assim, delegou essa função para as empresas, punindo severamente aquelas que não cumprirem a rigor a referida lei. 3. A Operação Lava Jato, escândalo jamais visto na história do Brasil, foi um divisor de águas. Nasceu um novo Brasil após deflagrada uma das maiores operações de corrupção do mundo. Ainda em curso, já condenou diversos figurões, políticos, empresários, funcionários públicos da alta gestão federal e estatal. Fazendo um paralelo entre compliance financeiro e compliance na saúde, Delma aponta que faltam três impulsionadores. Primeiramente, a participação ativa dos reguladores no setor. “Sabemos do rigor da Anvisa, mas precisamos de mais, precisamos mudar, fazer diferente, criar mecanismos de controle eficiente. Precisamos fazer funcionar realmente”, salienta. Também falta uma “Operação Lava Jato na saúde”, segundo ela. Os mesmos reflexos seriam possíveis junto aos convênios, hospitais públicos e privados, médicos, enfermeiros, corpo administrativo e alta gestão. Em terceiro, não há uma lei específica para a área da saúde que obrigue a ter um efetivo programa de compliance, com pilares sólidos envolvendo e responsabilizando a alta gestão com severa punição pelo não cumprimento da lei. ESTRATÉGIAS Segundo Delma, governança corporativa é o pontapé inicial para um bom programa de compliance, pois através dela serão identificados pilares, gaps, fraquezas e fortalezas.

Delma Avigo, da CCB Compliance Consulting Brazil

disposta e engajada para que o compliance funcione, ele não funcionará. O compliance é um problema de todos. Do estagiário ao presidente, todos devem acreditar no programa e participar ativamente”, salienta. Transparência nos processos: Se não se está fazendo nada irregular, porque não ser o mais transparente possível? Transparência traz segurança nas negociações, confiança dos funcionários e pacientes, dá credibilidade ao hospital interna e externamente. Treinamento: Compliance é uma consciência, deve ser alimentada periodicamente através de treinamentos, palestras, e-mails e mídias. Assim, o resultado virá. “As pessoas querem ser éticas, trabalhar numa empresa ética e viver num país ético”, ressalta a diretora da CCB Compliance Consulting Brazil. ÉTICA E COMPLIANCE Estes conceitos estão intrinsecamente ligados. Para Delma, não existe compliance sem ética, não existe meia ética ou meio compliance. São ciências exatas, ou se é ético ou não é. “Ser ético é o princípio de tudo, tem de querer fazer o certo. Precisamos de ética nos hospitais e não de cosmética. Devemos ensinar o que é ser ético, aplicar a ética em todos os níveis da gestão e denunciar se presenciar movimentos diferentes disso dentro dos hospitais. Não ser conivente com corrupção é ser ético”, conta. PARA SABER MAIS Mas, afinal, compliance é governança corporativa? “Gostamos de traçar subdivisões para compliance, pois a palavra, além de ter origem inglesa, às vezes distorcendo seu real significado, tem uma abrangência 360 graus”, explica Delma. Resumindo, governança corporativa está dentro de compliance, é uma subdivisão. Parte-se da governança corporativa para estabelecer um programa de compliance efetivo. Seu hospital está preparado?

É fundamental a criação de um departamento de compliance, podendo a gestão ser interna, desde que totalmente independente, ou terceirizada para uma assessoria especializada. “Uma vez que a governança corporativa esteja reestruturada, será possível realizar uma profunda leitura dos processos e procedimentos do hospital, permitindo a criação de pilares sólidos para um programa de compliance”, explica.

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VANTAGENS São diversas as vantagens que um programa de compliance efetivo pode trazer para os hospitais. As principais são: Compliance é obrigação de todos: É mandatório o envolvimento e o apoio da alta gestão no programa, afinal, o exemplo vem de cima. “Se a alta gestão não estiver

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Com programa de felicidade, Hospital Anchieta aumenta satisfação dos clientes Em 2017, a crise econômica no Brasil chegou para valer e enfraqueceu diversas empresas, muitas fecharam suas portas. No entanto, o Hospital Anchieta, de Taguatinga, DF, não se deixou abalar. Comprometido com um programa de promoção da felicidade dos colaboradores, é o primeiro do Brasil a implementar este tipo de projeto. Lorena Porto Pereira, gestora idealizadora do modelo inovador de cultura organizacional, conta que tudo começou com um sonho. “Por duas vezes eu me vi no Anchieta, mas o hospital estava diferente, era exatamente como na Disney. Oportunamente, no início do ano, revisitamos o planejamento estratégico para validar ou redirecionar as ações. Durante a reunião, já no cafezinho com as lideranças, comentei sobre esse sonho. Dias depois chegou à minha mesa o livro ‘Se a Disney administrasse seu hospital’, de Fred Lee, que faz uma comparação das experiências do cotidiano das instituições de saúde com a referência em entretenimento, a Disney World.” Foi quando os gestores despertaram para o sentido de que mesmo a estratégia mais perfeita é mais difícil implantar se as pessoas não enxergam a oportunidade delas e somente da instituição em si. “Precisávamos de um modelo que despertasse paixão pela missão, que fizesse as pessoas se preocuparem com a marca que cada uma está deixando no mundo. Assim, fomos buscar as ferramentas necessárias para criar um novo modelo organizacional”, explica Lorena. A partir de novembro de 2016, a instituição começou a usar essa abordagem como ferramenta para a revisão do planejamento estratégico. O corpo gestor foi o primeiro a usar alguns conceitos para construir práticas que davam certo e ajustar conforme a vivência. Logo em abril de 2017, já embasados no estudo da Ciência da Felicidade e no indicador da Felicidade Interna Bruta – um Programa de Felicidade e Encantamento, a estratégia foi lançada para toda a instituição. O FIB foi desenvolvido pelo Butão na década de 1970 e atualmente é preconizado pela ONU como novo paradigma de desenvolvimento a ser adotado pelas nações signatárias.

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Lorena Porto Pereira, gestora idealizadora do modelo inovador de cultura organizacional

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Ele verifica o progresso de um país sob os prismas da boa governança, do crescimento econômico sustentável, da preservação do meio ambiente e da promoção da cultura – sempre com foco no bem-estar humano. “Revisitamos o planejamento estratégico que culminou no redesenho da identidade organizacional, estrutura, processos e tecnologias voltados para o encantamento e o acolhimento dos clientes, que passaram a receber o tratamento de hóspedes, o mesmo dispensado às pessoas queridas que recebemos em nossas casas. A ideia é sustentada pelas quatro chaves do padrão Disney de encantamento ao cliente: Segurança, Cortesia, Show e Eficiência”, destaca. Dessa forma, foi criado o Comitê da Felicidade, que, inclusive, foi introduzido no organograma. Além de Lorena, esse comitê é formado por outros quatro membros efetivos: Maria Orlanda Pereira, diretora de clientes e qualidade; Glória Gomes, coordenadora de recursos humanos; Rosilda Avelar, coordenadora assistencial; e Carla Furtado, consultora do Instituto Feliciência. RESULTADOS Com a estratégia, 2017 foi marcado por grandes conquistas. Com muita dedicação, o elenco alcançou a meta anual de satisfação do cliente externo, com 95,16%, e superou a expectativa de satisfação do cliente interno, com 98,04%. A equipe está cada vez mais engajada com os objetivos e os valores institucionais. Os resultados mostram uma crescente participação nos treinamentos de 89,16% e um alto grau de comprometimento com a saúde ocupacional, com redução de mais de 50% do absenteísmo. Além desses números, o hospital manteve a alta performance na segurança assistencial em conformidade com as melhores práticas do setor de saúde e conseguiu otimizar os processos, que propiciaram uma distribuição de resultados com um salário no primeiro semestre e ¼ da remuneração no segundo semestre. Pela inovação na forma de gestão corporativa, o Anchieta foi reconhecido em Butão, país asiático que se tornou referência

Os colaboradores experimentam uma melhor versão de si mesmos e, com isso, entregam aos clientes uma experiência excepcional. Como resultado, a empresa cresce”

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pela criação do FIB, indicador amplamente disseminado pela ONU e atualmente em debate na UNESCO. Na Conferência Internacional Gross National Happiness (GNH) of Business, o hospital marcou presença como o único case da América Latina. Também foi convidado a apresentar o modelo em Portugal, no México e na Hungria. ATIVIDADES Na pesquisa de Felicidade Interna Bruta, foram observadas as dimensões bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação, cultura, meio ambiente, governança e padrão de vida. Visando melhorar os índices identificados, o hospital elaborou extenso programa de promoção da felicidade dos colaboradores.

PSICOLOGIA POSITIVA Durante décadas, mais precisamente desde os anos 1960, estudiosos de diversas universidades, com destaque para as universidades da Pensilvânia e de Harvard, se debruçaram em estudos sobre a felicidade. Neste período, Martin Seligman e outros pesquisadores fundaram a psicologia positiva e o conceito do florescimento humano, contribuindo de forma essencial para as descobertas aceitas atualmente. Com a psicologia positiva, condições que envolvem relações interpessoais, propósito, satisfação e motivação deixaram de ser abstratas e passaram a ser analisadas de forma sistemática e científica. “Até então, não se considerava que estes aspectos poderiam ter um certo padrão, que revelassem um tipo de sistema de condições que geram a felicidade, assim como os padrões dos conceitos analisados pela neurociência”, explica Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da Pensilvânia e presidente da SBCoaching.

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Segundo ela, ao trabalhar suas potencialidades e autoconhecimento, o indivíduo amplia sua capacidade de raciocínio e percepção, o que lhe ajuda a construir uma fonte de recursos internos para lidar com adversidades, passando a vivenciar mais episódios positivos. “Quanto mais emoções positivas, mais aptos nos tornamos a reproduzi-las em situações futuras; conforme este ciclo virtuoso se perpetua, ele ajuda a consolidar a resiliência psicológica e o bem-estar subjetivo para que ele aconteça de forma mais perene, levando ao que chamamos de florescimento humano”, diz. Para Flora, a chave do sucesso é entender nosso próprio valor e lugar no mundo, para depois investir tempo e energia buscando metas valiosas. Comunidades com maior bem-estar subjetivo (relacionado com a avaliação cognitiva e emocional que uma pessoa faz sobre sua vida) têm menor índice de criminalidade, corrupção e estado de saúde menos precário. Pessoas com maior bem-estar subjetivo vivenciam uma variedade de resultados positivos, como aprendizado eficaz, produtividade, bons relacionamentos e boa saúde.

Entre as atividades já implementadas estão: Academia do Encantamento; Clínica do Bem Viver – para promoção da saúde; Café com a Diretora – encontro mensal dos colaboradores com a diretora executiva; Diretora na Escala – ocasião na qual a diretora executiva integra a escala de trabalho de um dos setores da instituição; e Meditação – introduzida como prática continuada. “Partindo da premissa que só podemos doar aquilo que temos, motivamos colaboradores e parceiros, conceituados como elenco, a serem protagonistas de momentos memoráveis com seus hóspedes, como passaram a ser tratados os clientes, elevando as percepções de satisfação no atendimento”, conta Lorena. Além disso, o hospital promove aos colaboradores ações que envolvem dimensões importantes para garantir bemestar físico e psicológico, como saúde, educação e cultura. “Assim, ao gerar significado na atividade de cada colaborador, deliberando a oportunidade de ser protagonista em seu trabalho e proporcionando o bem-estar e a qualidade de vida, ganhamos um aliado comprometido com a missão e a segurança dos processos da instituição.” Ela explica que o elenco é capacitado desde a consciência da sua essência, para que cada um se torne pleno em sua vida, entendendo que estão deixando uma marca, um legado, principalmente, por atuar na área da saúde, o bem mais precioso que o ser humano pode ter. “A gente dá as ferramentas e eles decidem acessar ou não para entregar esses momentos memoráveis”, acrescenta. DESAFIOS Lorena lembra que uma vez perguntaram ao Márcio Fernandes, um dos líderes mais admiradores do Brasil, se foi difícil implantar o programa de felicidade na Elektro. Ele respondeu: “Quem não quer ser mais feliz?”. Segundo a gestora do Anchieta, certamente, toda nova proposição pode gerar alguma resistência, mas isso dura o tempo necessário para que as pessoas entendam que existe ali uma proposta legítima. “No hospital, a aceitação foi tão imediata por parte das áreas operacionais que costumavam brincar dizendo que se nós, gestores, não atrapalhássemos o processo, seria um grande sucesso”, comenta. Na prática, o desafio real é eleger uma metodologia de mudança competente. No caso do Anchieta, o hospital foi apoiado pelo Instituto Feliciência, cuja expertise é a implantação de programas de transformação cultural que englobam fortalecimento do propósito da organização, desenvolvimento de líderes, bem-estar dos colaboradores e melhoria da

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experiência do cliente com incremento nos resultados. Para isso, foram utilizados Psicologia Positiva, Neurociência, FIB e Teoria U (metodologia para fazer uma equipe inteira aprender algo novo, desenvolvida pelo Massachusetts Institute of Technology).

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De acordo com Lorena, para vencer a resistência diante da proposta de uma nova cultura é necessário que ela, em primeiro lugar, agregue valor para as pessoas, sejam colaboradores ou clientes. “Em seguida, é imprescindível que haja coerência entre a proposta e o comportamento da alta gestão. Se eu oriento o elenco a meditar, tenho de ser a primeira pessoa a fazê-lo. Se peço que criem momentos memoráveis para nossos hóspedes, preciso ser o exemplo vivo disso”, detalha. Quanto às resistências, desde o início os gestores previram que elas ocorreriam e decidiram atuar de maneira orgânica, ou seja, dando o tempo necessário e oportunidades para que as pessoas aderissem ao que estava sendo proposto. “No mais, uma boa estratégia é dar visibilidade às histórias positivas que acontecem dentro da instituição em decorrência da nova cultura, mostrar os depoimentos dos hóspedes e o quanto tocamos positivamente suas vidas enquanto estavam hospitalizados”, expõe. PRÓXIMOS PASSOS Mas não acabou por aí: o Anchieta tem uma ampla agenda pela frente. Neste ano, o hospital voltará a mensurar o FIB para verificar os avanços obtidos em comparação ao início do programa. Também trabalhará para amadurecer e sedimentar as ações iniciadas em 2017, pois a construção de uma nova cultura leva em média três anos. Será dado, ainda, um importante foco ao desenvolvimento de líderes, especialmente em soft skills. “Estamos também em processo de implementação do Planetree, ou seja, a centricidade no paciente deverá guiar todas as nossas ações. Tudo que fazemos e faremos tem no centro o ser humano – seja ele membro do nosso elenco, hóspede ou comunidade”, acrescenta a gestora. DICAS Para outros hospitais que desejam implantar essa ação, Lorena dá as dicas. “Um programa como esse precisa estar alinhado ao DNA da organização, deve ser autêntico, pois qualquer tentativa de forjar um compromisso com a felicidade humana e o encantamento dos clientes é rapidamente percebida pelos colaboradores, pelos pacientes e pelo mercado”, avisa. Ela destaca que se trata de um trabalho científico, profundo e de longa duração. Contudo, os resultados qualitativos e quantitativos são tão impactantes que se torna um caminho sem volta. “Os colaboradores têm a oportunidade de experimentar uma melhor versão de si mesmos e, com isso, entregam aos clientes uma experiência excepcional. Como resultado, a empresa cresce. Mas não estamos presos a isso: o propósito e o legado nos movem a cada dia – inclusive às segundas-feiras, que, por aqui, estimulamos todos a amar tanto quanto as sextas”, finaliza.

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Comemoração

Dorja é uma das poucas empresas que participam há 25 anos da Hospitalar Fabricante e importadora de linhas exclusivas de produtos médicos, como inaladores, estetoscópios, esfigmomanômetros e medidores de pico de fluxo expiratório, entre outros, a Dorja faz parte do seleto grupo de empresas que participam da feira Hospitalar desde seu início, há 25 anos. “Para nós da Jamir Dagir Representações, Dorja e Medicate, é uma grande honra expor neste evento tão importante para o setor. Quando a feira começou, em 1994, o mercado estava carente de encontros como este, e nós acreditamos desde o início que seria um sucesso. A cada ano, estar presente representa uma nova oportunidade de rever nossos clientes e amigos do Brasil inteiro, apresentar as novidades e prospectar novos negócios”, salienta Marcela D. Lucarelli, Marketing/Comercial. Para a edição 2018, a Dorja irá levar sua linha completa de produtos. “Todos os anos nos reunimos com distribuidores, compradores, lojistas, professores, médicos, enfermeiros e estudantes, que podem conhecer, testar e comprovar a qualidade dos produtos, além de tirar todas as dúvidas”, conta. Entre os destaques estão a linha completa de aspiradores (bomba a vácuo) e os inaladores residenciais e hospitalares. Além da feira Hospitalar, a empresa também participa da Abradilan Conexão Farma, voltada ao setor farmacêutico, ambas na capital paulista, e da FIME, que acontecia em Miami e foi para Orlando em 2017, nos Estados Unidos. Como visitante, marca presença na MEDICA, em Dusseldorf, na Alemanha, e na Arab Health, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes. Com relação às expectativas de negócios para o ano, Marcela revela que são muito positivas. “O mercado está melhorando e as pessoas estão mais otimistas. Para este ano, anunciamos diversas inovações e melhorias em nossos produtos, além de novos modelos”, ressalta.

SOLUÇÕES Entre os produtos comercializados pela empresa está a linha de aspiradores Medicate. Aspirador de sangue, Estande da empresa na Hospitalar 2017

Marcela D. Lucarelli entre os diretores, Jamir Dagir Junior e Dorival Edson Dagir

secreções e saliva, o modelo MD100 tem capacidade para 1 litro. Portátil e de fácil manuseio, é voltado para uso clínico, homecare, odontológico e veterinário. Bivolt, através de chave seletora, possui válvula de segurança contra transbordamento e mangueira de silicone com 2 m de comprimento. Já o MD300 é um aspirador com capacidade de sucção de até 3 litros, projetado para uso em pequenas e médias cirurgias. Possui frasco em plástico autoclavável, mangueira em silicone, filtro bactericida e válvula de segurança contra transbordamento, além de vacuômetro e regulador de vácuo. O mais recente lançamento é o modelo MD300 com suporte, rodízios e pedal para acionamento (opcional). Indicado para grandes procedimentos cirúrgicos em hospitais, clínicas e ambulatórios, o MD600 acompanha dois frascos graduados e autoclaváveis de 3.000 ml cada. Com capacidade de sucção de até 6 litros, possui motor ultra potente, suporte sobre rodízios e pedal de acionamento. Outro destaque é o foco clínico LED Medicate 500L. Oferecendo maior luminosidade, economia e segurança, possui regulagem de altura de 1,08 m a 1,38 m, haste flexível cromada com maior ângulo de movimentação e base com cinco rodízios, proporcionando maior estabilidade. Está disponível nos modelos com e sem espelho. Por fim, o inalador de quatro saídas Medicate MD400 permite a inalação de até quatro pacientes simultaneamente. Possui suporte para quatro kits de nebulização, alça para transporte e suporte sobre rodízios (opcional). Conta com compressor tipo pistão autolubrificado com vazão livre de 28L/min. Todos os produtos possuem certificado do Inmetro e registro na Anvisa.

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Jurídico

Revolução no atendimento aos pacientes no atendimento de pacientes em seus domicílios, de uma forma bem personalizada. Nos Estados Unidos há profissionais que ficam disponíveis 24 horas por dia, e chegam até a acompanhar seus pacientes em outros especialistas, claro que a um custo difícil para a maioria da população suportar. Há cerca de um século, o surgimento de análises de laboratório e de equipamentos de diagnóstico fez com que o atendimento médico em domicílio se tornasse cada vez menos comum. Não apenas essa tecnologia afastou os médicos dos atendimentos realizados na casa do paciente, mas também o fato de que poucos poderiam pagar honorários mais altos que permitissem ao profissional não ter de acumular três a quatro empregos em sua jornada diária. Somado a esses fatores, há de se falar sobre a intensa especialização desenvolvida pelos profissionais de forma a não analisarem mais seus pacientes de forma integral; mas sim, fragmentada. O paciente, então, passou a procurar médicos distintos, segundo seus sintomas, observando o credenciamento do profissional em um plano de saúde, a distância da residência ou trabalho ou, em caso de atendimento particular, a preocupação passou a ser também com o valor dos honorários. Assim, a relação médico e paciente esvaziou-se. Mesmo no SUS, onde está presente a figura do médico de família, raramente o profissional permanece tempo suficiente para desenvolver uma relação de confiança. De outro lado, é fato que, nos últimos anos, a tecnologia tem mudado a forma como o mundo se configura e como as pessoas se relacionam com ele, nos mais diversos setores, inclusive da saúde. O que poderia ser mais um fator para o distanciamento entre médicos e pacientes, porém, está revolucionando esse relacionamento, notadamente no que se refere ao uso da internet.

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É inconteste que ferramentas como WhatsApp e Skype, bem como a comunicação via e-mail, estão servindo para aproximar médico e paciente, o qual se sente mais bem assistido durante a fase pós-consulta. Segundo as normas emanadas pelo CFM – Conselho Federal da Medicina, o médico não pode fazer consultas, diagnosticar ou prescrever à distância, mas nada o impede de orientar o paciente a certas condutas menos complexas. Na verdade, há uma tendência mundial, tanto nos Estados Unidos como na Europa, a levar o médico novamente para mais perto do paciente, inclusive com atendimentos em domicílio. Nesses lugares, criou-se uma modalidade: a do médico concierge. Trata-se de médicos, não exclusivamente clínicos gerais, que atuam

Aqui no Brasil, de forma análoga, busca-se essa volta dos médicos às residências pela forma de aplicativos que possibilitam a escolha pelos pacientes de profissionais especialistas que se cadastram em uma plataforma e precificam suas consultas. Tal formato já encontra respaldo em resolução específica, de número 2178/2018, publicada em 28 de fevereiro último, pelo CFM. A resolução tem o escopo de normatizar a prática de forma a obrigar as plataformas que oferecem tal serviço a terem um diretor técnico que seja o responsável pelos médicos cadastrados, em especial no que se refere à sua habilitação para o exercício da Medicina e seu registro de especialista perante o Conselho. Tal medida é importante como proteção aos pacientes/ consumidores. Outra modalidade que tem crescido no Brasil é a telemedicina, em razão da má distribuição de profissionais médicos nas regiões mais distantes, em especial no Norte e Nordeste do país. Já há algum tempo, centros de excelência hospitalar, como o Albert Einstein, conseguem levar a expertise do médico a locais em que a falta de especialistas poderia trazer prejuízos indeléveis aos pacientes. É o caso do hospital na cidade de Floriano, no interior do Piauí, que atende pelo SUS e está conectado ao Albert Einstein, a uma distância física de 2.500 quilômetros. Nesse formato de atendimento à distância, mas envolvendo médico e paciente diretamente, em 2014, a Secretaria de Saúde de São Paulo começou a implementar uma rede de atendimento. O sistema, operado pela equipe da Cross – Central de Regulação da Oferta de Serviços de Saúde, na capital paulista, servirá como apoio ao processo de regulação de leitos e transferência de pacientes entre unidades de saúde. O investimento foi alto, em torno de R$ 3,1 milhões. No entanto, o sistema foi criticado pelo CFM, em razão de a resolução que regulamenta a telemedicina não prever o atendimento não presencial ao paciente. É necessário que haja um médico assistente para fazer a anamnese e o exame clínico do paciente. A regulamentação não tem o escopo de evitar que essas ferramentas tecnológicas sejam usadas na Medicina, mas, sim, de criar regras de segurança dos dados e informações dos pacientes. A telemedicina, segundo resolução do CFM, deve ser vista como um recurso de médico para médico, do

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médico que assiste o paciente ao médico consultor. E ambos têm responsabilidade pelo paciente, de forma solidária e proporcional aos atos realizados. Tal responsabilização é essencial para que todos estejam envolvidos no processo e não se coloque apenas ao médico assistente a incumbência de cuidar do paciente e buscar a aplicação de todos os meios possíveis para seu tratamento. Nessa seara dos atendimentos à distância, podem ser incluídos também os aplicativos usados para que o próprio paciente monitore suas doenças, aqueles que sofrem de diabetes ou hipertensão arterial, por exemplo. Há outros aplicativos que ajudam os pacientes a tomarem adequadamente seus remédios, o que os auxilia a obter um melhor resultado e a aderir aos tratamentos propostos. Na esteira tecnológica, de um caminho sem volta, o Ministério da Saúde lançou o app e-Saúde. O aplicativo é a plataforma móvel e de serviços digitais que agrega informações do paciente, como CNS – Cartão Nacional do SUS, medicamentos usados, exames, médicos, além de informações como serviços do SUS mais perto de sua residência, propondo-se a ser um canal de comunicação entre o usuário e o governo. Mais interessante é que o aplicativo possibilita maior transparência quanto às informações gerais do cidadão, como a consulta da posição na lista de transplantes. Também é possível denunciar o lançamento indevido de medicamentos em seu nome. Além disso, o aplicativo tem o objetivo de diminuir fraudes e a qualidade na prestação de serviços públicos. Por exemplo, o app permite que o Ministério da Saúde seja informado diretamente pelo usuário quando o atendimento não foi realizado. A tecnologia usada na saúde com a proposta de diminuir fronteiras do conhecimento, possibilitar o acesso a tratamentos e aproximar o médico do paciente deve ser comemorada.

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Sandra Franco

Consultora jurídica especializada em Direito Médico e da Saúde, presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde, presidente da Comissão de Direito da Saúde e Responsabilidade Médico-Hospitalar da OAB de São José dos Campos (SP), membro do Comitê de Ética da UNESP para pesquisa em seres humanos e doutoranda em Saúde Pública.

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Mercado

Fabricante de produtos médicos, Romed espera crescer 10% neste ano Focada em valores como compromisso, integridade, confiança e respeito, a Romed é fabricante e distribuidora de produtos médicos e hospitalares nacionais e importados nas linhas de cardiologia, anestesia, oxigenoterapia e resgate. Segundo o diretor comercial, Rodrigo Alves, a marca espera para este ano um crescimento de 10%, oriundos dos investimentos voltados a novos produtos e atualização tecnológica. Para ele, o mercado de saúde ainda está instável, devido à crise econômica, mas há sinais de melhorias.

A Romed tem como projeto voltar a expor na Hospitalar em 2020

Pensando nisso, a empresa está desenvolvendo novos produtos para atender às demandas do setor, que serão lançados neste ano. Um deles é o circuito anestesia baraka em silicone totalmente autoclavável. “A Romed sempre se preocupa com a melhoria contínua nos processos e produtos, oferecendo o melhor custo-benefício para os clientes”, expõe. Para mostrar seu portfólio ao mercado, a marca participou de algumas edições da feira Hospitalar, que acontece anualmente em São Paulo, sendo a primeira em 2008. “Com a presença no evento, nossa marca ficou mais conhecida dentro do segmento em nível mundial. Nossa última participação como expositor foi em 2016 e estamos com um projeto para voltar a expor em 2020 e apresentar nossos mais recentes lançamentos”, ressalta Alves. DESTAQUES Entre os produtos oferecidos pela empresa estão os reanimadores manuais em silicone modelos RO1027, RO1028 e RO1029. Fabricados em silicone autoclavável, oferecem eficiência em reanimação e praticidade ao profissional que o manipula. São indicados para auxiliar a respiração artificial e a reanimação cardiopulmonar de pacientes que estejam com apneia, como também para aumentar a ventilação e/ou fornecer oxigênio a um indivíduo que esteja respirando espontaneamente. Podem ser utilizados em primeiros-socorros, salas de emergências, unidade de terapia intensiva, anestesia e outros. A feira Hospitalar foi importante para tornar a empresa conhecida no setor em nível mundial

Reanimadores manuais em silicone modelos RO1027, RO1028 e RO1029

Circuito para ventilação e anestesia RO139

Macronebulizador RO5027

Já o RO139 – circuito para ventilação e anestesia é indicado para a distribuição de gases nos procedimentos de ventilação mecânica e anestesia. Por fim, o macronebulizador RO5027 é voltado para utilização em serviços de baixa pressão, utilizando oxigênio ou ar comprimido. O conjunto para nebulização contínua possibilita a oxigenação direta ao paciente através das atividades de inalação e aplicação de medicamentos vaporizados e umidificados com o objetivo de enriquecer o gás inalado.

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Digital Critical Trials – novos desafios para a indústria farmacêutica A Janssen R&D (subsidiária da Johnson & Johnson) anunciou, em outubro último, o seu primeiro ensaio clínico (clinical trial) para ferramentas iSTEP (Integrated Smart Trial and Engagement Platform), que emprega blisterpacks inteligentes e um aplicativo mHealth para o paciente-voluntário. O iSTEP é uma plataforma integrada para ensaios clínicos que vem sendo desenvolvida há cinco anos pela empresa. Quem está no mercado farmacêutico sabe o que esse passo significa para o futuro do setor. Bilhões de dólares são gastos anualmente para validação de novas drogas, dispositivos e medical interventions. Trata-se de uma jornada longa, tortuosa e incerta, que vai desde o recrutamento dos participantes, passando por inúmeras dificuldades de aferição e precisão, até chegar aos laudos de reconhecimento de cada ensaio. Embora a indústria farmacêutica conheça tudo sobre clinical trial, ainda emprega de maneira tímida as novas tecnologias que podem reduzir os tempos e custos de aferição. Parte do problema está sendo mitigado com a integração de várias partes “soltas” dos ensaios clínicos. O projeto da Janssen, por exemplo, sistematiza digitalmente cada ponto do processo: quando a medicação chega ao pacientevoluntário, ele pode assistir em seu smartphone a vídeos de instruções sobre como armazená-la, como ingeri-la (agenda, efeitos colaterais, etc.), receber feedbacks de dúvidas e por aí vai. Os blisters inteligentes interagem com o paciente, com o workflow e com os pesquisadores, informando se os medicamentos foram realmente retirados (o que não significa que foram ingeridos), facilitando a sua reposição. Isso significa que menos pacientes serão excluídos dos resultados (a total adesão ou não só era descoberta após o fato).

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Em entrevista à MobiHealthNews, Heather Bell, Global Head Digital & Analytics da Sanofi, explica: “Algo que costumava ser o resultado de um relato do paciente pode agora ser simplesmente rastreado usando um wearable, o que aumenta o conjunto de dados e reduz o número de pacientes necessários para obter algum significado – tornando o julgamento menos caro, mais rápido e fácil de conduzir”. Embora os recursos digitais sejam fartos, o setor ainda é minimalista em empregá-los. Uma boa parcela das informações ainda é coletada em papel, sendo inserida em

A Janssen R&D fez seu primeiro ensaio clínico para ferramentas iSTEP, que emprega blisterpacks inteligentes e um aplicativo mHealth para o paciente-voluntário

meio digital ao longo do processo (não poucas vezes com mais de uma inserção, em mais de um sistema). A maior parte desse paper process está sendo transformada hoje em “electronic case report form”, que é capturado por um EDC (Electronic Data Capture), facilitando enormemente o trial. Ainda que uma série de ferramentas digitais tenha gradualmente ganhado impulso no setor, o ensaio totalmente digital ainda é uma meta, e não uma realidade. Em 2011, a Pfizer e a Exco InTouch lançaram o REMOTE Trial, talvez a primeira grande tentativa de ter um ensaio clínico randomizado, com matrícula de pacientes on-line, permitindo que eles participassem do ensaio em sua residência, sendo controlados através de um App. Um ano após a tentativa, a Pfizer interrompeu o teste, citando a falta de matrículas (apesar do sucesso em atrair pacientes para o site do estudo no Facebook). A empresa prometeu retomar a bandeira do digital clinical trial (fully) em 2013, o que não ocorreu. Todavia, ficou claro que o caminho era esse, e que seria inevitável trilhá-lo. Em 2015, a Sanofi e a eClinicalHealth (baseada na Escócia), anunciaram o seu VERKKO (phase 4), um ensaio digital para um wireless glucometer, conectado à nuvem, que matriculou 60 participantes através do Facebook e completou todos os check-ins necessários. Em outubro de 2017, a Science 37, com sede em Los Angeles, também exibia esperança e orgulho quanto ao sucesso de sua plataforma NORA (Network Oriented Research Assist), um sistema semelhante baseado em telemedicina, que permite teleconsultas de vídeo em tempo real, coleta de dados eletrônicos e electronic consent. De acordo com a empresa, o alvo foi um tratamento de acne da AOBiome, tendo sido concluído o ensaio clínico randomizado, controlado por placebo e realizado inteiramente sem um central trial site. Não havia qualquer CROs (Contract Research Organizations) no processo, e contou com dez médicos envolvidos em dez estados norte-americanos. Ainda segundo a Science 37, os resultados foram aferidos em tempo muito menor do que através do processo tradicional. O núcleo dos recentes modelos de digital clinical trial está na experiência do paciente durante o ensaio clínico. Tradicionalmente, os ensaios pedem aos voluntários que preencham uma quantidade absurda de documentos, cada vez mais inviável para o perfil de usuários do século XXI. No mesmo artigo da MobiHealthNews, Joe Dustin, Diretor de Mobile Health da Medidata, explica a tendência: “A centralização no paciente não é apenas um protocolo para ser patient-centered. O próprio aplicativo, focado no usuário, é testado e aceito pelos pacientes. Isso simplesmente transforma a experiência do voluntário no alvo das mudanças. Estamos investindo tempo e dinheiro

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De acordo com outro estudo, da McKinsey, essas tecnologias permitem o monitoramento dos ensaios em tempo real, facilitando a partilha de dados entre os grupos de pesquisa. Usando o feedback analítico, que é capturado a partir de dispositivos médicos, o pesquisador pode criar testes mais curtos e mais valiosos para as partes interessadas.

que vão melhorar não apenas os resultados, mas também a permanência das pessoas ao longo do ensaio, mantendo-as comprometidas de modo a prevenir desistências e obter dados cada vez mais efetivos.” Outro recente estudo, publicado pela Accenture em 2017 (“The Digital Clinical Trial: Placing the Right Bets”), mostra as apostas e a nova era dos ensaios clínicos. O custo médio para o desenvolvimento de drogas alcançou a absurda cifra de US$ 2,6 bilhões por produto, o que tem gerado, na última década, gigantescos esforços para produzir valor através da digitalização do clinical trial. Segundo o estudo, a pesquisa acadêmica mostra que essa digitalização está alimentando estimativas de crescimento de 40% na rentabilidade da indústria farmacêutica até 2020. As premissas para se alcançar esses números são bem evidentes: o recrutamento, a retenção e o monitoramento dos clinical trial sites já chegam a 30% do custo total do ensaio, sendo que quase 50% de todos os ensaios não alcançam as metas esperadas em inscrição de pacientes (dados estimam que 11% dos ensaios clínicos não conseguem matricular nenhum paciente). Ainda segundo o estudo da Accenture, os modelos de análise preditiva utilizando dados históricos dos pacientes (aproveitando os Registros Eletrônicos de Saúde – EHR) poderiam ajudar os patrocinadores a identificar e evitar o baixo desempenho dos sites, mas ainda existe muita inconsistência e algum business struggle no processo (“tug of war”), o que atrasa a sua adoção. Mesmo assim, esse caminho é inexorável ao longo do tempo.

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A identificação de pacientes, e os atrasos no seu recrutamento, podem prolongar a duração do ensaio em até 200%. As tecnologias digitais poderiam expandir os canais de identificação e aprofundar a eficácia dos meios que existem hoje. Em 2015, a pré-seleção automática de elegibilidade (automated eligibility prescreening), um processo para comparar critérios de inclusão/exclusão utilizando os EHRs, foi testado. Em comparação com os métodos tradicionais de recrutamento, a nova prática pode ajudar a reduzir a carga de trabalho nessa fase em 92%. Não menos importante é o papel das soluções de IoMT (Internet of Medical Things) e Big Data no universo de digital clinical trial. Os dispositivos móveis provaram ser uma ferramenta extremamente útil para capturar dados dos pacientes em um ensaio clínico (biological metric tracking). Os pacientes podem se envolver em pesquisas regulares relacionadas ao seu tratamento e serem notificados sobre os regimes de medicação. Além disso, outras capacidades dos sistemas móveis, como feedback, gamificação e lembretes, podem ser canalizadas para suportar as mudanças comportamentais ao longo do ensaio.

A britânica GlaxoSmithKline (GSK), por exemplo, admite atraso no processo de digital clinical trial, mas trabalha duro para reverter esse cenário. Mark Ramsey, Chief Data Officer da empresa, se pronuncia: “Os produtos farmacêuticos, em contraste com os serviços financeiros, telecomunicações ou varejo, não progrediram no uso de dados como ativos estratégicos. Nosso objetivo número um é executar ensaios clínicos de forma mais eficiente e efetiva para acelerar a descoberta de drogas”. Todas as grandes corporações da manufatura farmacêutica tentam tirar o atraso, e, sem exceção, já possuem projetos em digital clinical trial. Em outras palavras, a indústria atingiu um ponto de inflexão e está acordando para a ideia de que digitalizar o ensaio não é mais uma opção, mas a única saída para sobreviver no mercado. Paul Sabbatini, vice-médico-chefe da pesquisa clínica do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, lembra que o paradigma tradicional de ensaios clínicos (“rígido”) está ultrapassado. “Estamos caminhando em direção a ensaios menores e mais inteligentes, buscando melhorias claramente significativas. Isso nos permite avaliar mais rapidamente e, o mais importante, aumentar as chances de beneficiar os pacientes. Quando um ensaio clínico é bem desenhado – sendo os resultados positivos ou negativos –, aprendemos muito sobre os passos seguintes. Além disso, se pudermos engajar o paciente de forma direta e correta nos ensaios, o número de abordagens bem-sucedidas aumentará”. À medida que a ciência avança e os tratamentos se tornam mais complexos, os ensaios clínicos também devem se tornar mais eficientes e efetivos. Digitalizar ao máximo, sem perder as garantias de confiabilidade, é o único caminho a ser seguido e a indústria farmacêutica está acordando para esse fato. Mas como em qualquer jogo, os players que saírem na frente sobem ao pódio. Os demais assistem e lutam para não serem dragados pelo mercado. Fonte: White paper desenvolvido pelo Comitê Científico do HIMSS@ Hospitalar Forum e divulgado em dezembro de 2017. O objetivo deste e dos demais white papers produzidos é ajudar a manter a comunidade informada sobre temas emergentes até o evento, que acontece em maio.

HIMSS@HOSPITALAR 2018 Acontece entre os dias 22 e 25 de maio, em São Paulo, um dos eventos mais importante do Brasil em eHealth, o HIMSS@Hospitalar – International Digital Healthcare Forum. Serão abordadas as principais questões da transformação digital na área da saúde em oito verticais temáticas, somando mais de 60 conferências com a participação de 35 painelistas internacionais. O programa contará com a exposição de cases e com um debate temático sobre as principais tecnologias de informação e comunicação em saúde, com o objetivo de apresentar e multiplicar experiências positivas, ideias inovadoras e tendências de mercado que estão fazendo a diferença para os sistemas de saúde ao redor do mundo. Mais informações no site www.hospitalar.com

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Acontece

Evento multissetorial líder nas Américas,

Hospitalar completa 25 anos A 25ª edição da Hospitalar, o evento mais influente das Américas, está chegando! De 22 a 25 de maio, o Expo Center Norte, em São Paulo, abrigará a plataforma de negócios e networking que é a porta de entrada para o mercado sul-americano. Além disso, por meio dos seus fóruns, serão discutidos o presente e o futuro da saúde mundial. São 1.200 expositores e 40 eventos de conteúdo que esperam cerca de 8.000 congressistas e mais de 90.000 visitas de profissionais de 70 países, durante os quatro dias de encontro. “A feira multissetorial conquistou a confiança dos profissionais da cadeia pela sua capacidade de energizar o mercado, gerar oportunidades de negócios e conhecimento, transformando sua experiência e prestígio global em resultados reais para expositores e visitantes”, ressalta o presidente da UBM Brazil, realizadora da feira, Jean-François Quentin. Segundo ele, é durante o evento que a indústria mundial, as empresas de facilities, os desenvolvedores em TI e os empreendedores apresentam os seus lançamentos e projetos em inovação e tecnologia da saúde. “Cerca de 80% do público presente na Hospitalar decide e influencia o setor, e 60% está diretamente ligado aos segmentos que mais geram compras: hospitais, clínicas e distribuidores nacionais e internacionais”, enfatiza o diretor de estratégia da UBM Brazil, Rodrigo Moreira.

Jean-François Quentin, presidente da UBM Brazil

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Acontece Waleska Santos, fundadora da Hospitalar

Visibilidade, negócios e networking Seja no número de expositores estrangeiros (31% do total de participantes), seja no volume de visitantes, a feira impressiona pela dimensão do mercado que atinge e por atender às mais variadas expectativas. Em estandes individuais ou pavilhões coletivos, empresas dos mais variados setores têm à disposição um leque de oportunidades em um mercado formado por mais de 6.000 hospitais brasileiros e 288.000 estabelecimentos de saúde. Um bom exemplo dos negócios gerados são os resultados alcançados em 2017 pelo projeto Brazilian Health Devices, ação da ABIMO – Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios com apoio da ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Após três dias de negociações entre 45 empresas brasileiras e compradores de 11 países, os participantes do projeto BHD contabilizaram 356 reuniões de trabalho e US$ 10,5 milhões em expectativas de negócios para os seguintes 12 meses. A Rodada Internacional de Negócios é realizada na Hospitalar há mais de dez anos. É durante a feira também que autoridades se reúnem com empresários e organizações com o intuito de desenvolver projetos, parcerias e discutir melhorias para a saúde brasileira. “A Hospitalar é o verdadeiro palco que une os interesses sociais, econômicos e políticos do setor”, reforça a fundadora do evento, Waleska Santos.

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Acontece

O HIMSS@Hospitalar – International Digital Healthcare Forum acontece em parceria com o mais relevante evento mundial de tecnologia para a saúde para fornecimento de conteúdo especializado sobre inovações aplicadas ao setor. Na edição de 2017, foram 35 speakers internacionais, 12 países representados, 56 speeches, 3 conference-rooms, 8 debates e uma audiência de 2.000 participantes.

Destaques Nos cerca de 40 congressos que acontecem durante a feira, 400 palestrantes de mais de 15 países pretendem fomentar o debate de temas críticos para o mercado, de olho no futuro da saúde. O CISS - Congresso Internacional de Serviços de Saúde é o evento oficial da Hospitalar, com um público altamente qualificado, representado por formuladores de políticas públicas e privadas de saúde, dirigentes de hospitais e demais prestadores de serviço de saúde, representantes de organismos governamentais, dirigentes e executivos da indústria fornecedora de produtos, equipamentos e serviços. Em 2018, o CISS acontecerá nos dias 23 e 24 de maio, das 9h às 14h, sob o tema “A reforma do estado e a reforma dos sistemas de saúde: como decisões políticas, administrativas e organizacionais impactam a prestação de serviços, a rede fornecedora e a qualidade de vida do cidadão?”. O evento conta com o apoio de várias entidades de forte influência, como CNS, Fenaess, Sindhosp, Iepas, ABIMO e Anahp.

Este ano, o tema é “eHealth. 18 Centralize Data & Decentralize Care”, com debates e apresentações baseadas em oito verticais temáticas, agrupando dezenas de vetores tecnológicos. Ao todo serão mais de 60 conferências e oito debates, com a participação de 35 painelistas internacionais, que apresentarão um conteúdo alinhado às melhores práticas, produtos e serviços de digital healthcare no mundo. O programa contará também com a exposição de cases, com o objetivo de apresentar e multiplicar experiências positivas, ideias inovadoras e tendências de mercado que estão fazendo a diferença para os sistemas de saúde ao redor do mundo. No espaço especial chamado Hospitalar Facilities haverá a apresentação de soluções completas, do projeto até o pleno funcionamento de um hospital, clínica ou laboratório. Para a edição de 2018, com o objetivo de agregar força ao setor, a feira traz a participação da AFS – Associação de Fornecedores da Saúde, que terá uma ilha no pavilhão com 18 empresas do segmento. Já a ABDEH – Associação Brasileira para o

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Acontece Desenvolvimento do Edifício Hospitalar terá um ‘Hub’, um ponto de encontro para discutir inovação para o desenvolvimento hospitalar. Além do conteúdo na área de exposição, a grande novidade para a edição deste ano é o Facilities Congress, que acontecerá no dia 24 de maio, das 9h às 13h, no auditório 10 – 2º mezanino.

promovendo o desenvolvimento de novas soluções capazes de transformar o dia a dia da pessoa com deficiência. Além disso, durante a Hospitalar é realizado um simpósio, que, nesta edição, terá o tema: “Os avanços da Neurociência e seus Impactos na Reabilitação”.

Sobe o tema reabilitação, mais de 50 empresas expositoras apresentam ao mercado seus produtos e serviços destinados à inclusão de pessoas com deficiência, idosos e públicos que necessitam de assistência especializada. O Espaço Reabilitação dentro da Hospitalar acolhe também uma iniciativa conjunta da ABIMO com apoio da SEDPcD – Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo e da Apex-Brasil. A proposta é alinhar as ações do mercado às necessidades da sociedade,

Especial 25 anos Para comemorar os históricos 25 anos da Hospitalar, a Publimed Editora, com apoio da feira, está preparando uma edição comemorativa que será lançada no dia 22 de maio, no lounge da presidência. A publicação especial apresentará ano a ano os principais acontecimentos do evento, além de conter entrevistas e depoimentos com personalidades da saúde, expositores e visitantes. Vale ressaltar que a Revista Hospitais Brasil, publicação bimestral da editora, é mídia oficial da feira. A Publimed também é parceira da Hospitalar na realização do Jornal Hospitalar Today (publicação diária do evento) e do Catálogo Hospitalar Exporter.

25ª Hospitalar

Data: 22 a 25 de maio Horário: das 11h às 20h

(congressos a partir das 8h) Local: Expo Center Norte (Rua José Bernardo Pinto, 333 Vila Guilherme – São Paulo/SP)

www.hospitalar.com

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Ambientação

Hospital Santa Marcelina revitaliza brinquedoteca e sala de aula

Por meio de uma parceria com o Colégio Agostiniano São José, o Hospital Santa Marcelina, do bairro de Itaquera, na capital paulista, revitalizou a brinquedoteca e a sala de aula hospitalar. A bênção do novo espaço aconteceu no dia 23 de março último, com a presença da Irmã Rosane Ghedin, diretora presidente da Rede de Saúde e Cultura Santa Marcelina; Irmã Monique Bourget, diretora técnica do hospital e APS Santa Marcelina; Fabrício Santana, administrador do hospital; Padre Javier Garcia Martinez, diretor do Colégio Agostiniano São José, e demais convidados. A reforma faz parte de uma campanha da pastoral do colégio, que viabiliza espaços de recreação e vivência lúdica para crianças internadas em hospitais, idealizando espaço próprio e adequado às necessidades diárias, com ênfase no brincar, que, comprovadamente, auxilia no processo de reabilitação. Durante a cerimônia, o padre Javier abençoou o espaço e falou da importância do ambiente para as crianças internadas, assim como de todo o trabalho feito pela comunidade escolar. “Nós procuramos fazer o melhor, um espaço digno e de qualidade, para atender essas famílias e crianças.” Ele também agradeceu todo o empenho dos alunos do colégio e familiares que colaboraram para que a concretização desse projeto fosse possível, doando brinquedos, livros e outros itens.

“Agradeço ao Colégio Agostiniano São José, por escolher o nosso hospital e por esta ação voltada às nossas crianças”, declarou a Irmã Rosane. Ela agradeceu, ainda, a dedicação e o esforço feito pelo colégio e afirmou que a escola tem a missão não somente de formar os alunos, mas também de construir pessoas.

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O espaço, anteriormente compartilhado entre brinquedoteca e sala de aula, agora está dividido, para atender melhor às necessidades. Na brinquedoteca, o ambiente foi todo revitalizado, contando agora com playground, espaço baby, jogos de tabuleiro, brinquedos diversos, livros paradidáticos infantis e dois Car Kids, para encaminhar os pacientes aos centros cirúrgicos. Na sala de aula, o ambiente passou a ter projetor, arcondicionado, lousa interativa, móveis planejados e ferramentas pedagógicas para uso nas aulas.

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Equipamentos

Transmai foca em feiras do setor para intensificar participação no mercado Com o objetivo de divulgar suas mais recentes novidades em produtos para a saúde, a Transmai marca presença anualmente nos mais importantes eventos nacionais do setor. Especializada em equipamentos específicos para as diversas áreas dos segmentos de Cardiologia, Eletromedicina, Fisioterapia e Oximetria para análises de precisão, a empresa é uma das poucas que participou de todas as edições da feira Hospitalar, que acontece em São Paulo desde 1994. “Desde o início de nossa participação, procuramos intensificar as ações de comunicação e marketing por meio do contato pessoal com compradores, distribuidores, fornecedores, expositores e profissionais da saúde de todo o Brasil, fortalecendo, assim, a relação entre pessoas e empresas”, expõe Mauro Tonucci, diretor geral. Segundo ele, as expectativas com a presença nas feiras são sempre superadas. “Por essa razão, a Transmai vem investindo em inovação e tecnologia, produzindo e lançando um número considerável de equipamentos, gerando uma excelente perspectiva de crescimento”, ressalta. A principal estratégia para auxiliar nos negócios é justamente o lançamento de vários produtos com tecnologia de

Eletrocardiógrafo EX-03

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Bisturi eletrônico microprocessado BP-100D

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Mauro Tonucci no estande da empresa na Hospitalar 2017

última geração e design moderno, sem perder a principal característica da marca, que é manter a melhor relação custo x benefício do mercado brasileiro. Além da Hospitalar, a companhia também expõe na HospitalMed desde a primeira edição, em 2012. A feira, que acontece em Recife, Pernambuco, oferece excelentes resultados em vendas e aproximação com os distribuidores. “Este evento apresenta uma diversidade muito grande de produtos e, por isso, fazemos questão de participar. Sempre trabalhamos em prol dos profissionais da saúde, com sólida estrutura física e tecnológica, investindo na medicina brasileira e produzindo equipamentos com nível de qualidade internacional”, afirma o diretor.

PRODUTOS Entre os lançamentos da empresa para este ano está a nova versão do eletrocardiógrafo EX-03, com interface para conexão ao computador via USB e software que permite ao usuário imprimir simultaneamente em fita ou folha A-4 todos os exames realizados, centralizando dados essenciais do paciente, tais como as 12 derivações, número do exame, data, hora, nome do paciente, idade, sexo, peso, altura, pressão, glicemia, triglicérides, colesterol e medicação, entre outros. Outro destaque é o bisturi eletrônico microprocessado BP-100D, com controle totalmente digital. Possui exclusivo método master pulse (opcional) para uso de dermato e endo, sinalização audiovisual, saídas totalmente isoladas e teclas blindadas e à prova de líquidos. É o único em sua categoria com alça de transporte e sistema para fixar em macas. Oferece três tipos de correntes: corte, coagulação e blend. Por sua vez, o cardioversor bifásico portátil DX-20 colorido, com bateria interna, permite ao médico, de forma extremamente simples, analisar, carregar e aplicar um choque eficaz em menos de oito segundos.

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Finanças

Consultora dá dicas para hospitais fecharem contas no azul Fazer as contas baterem e fechar o mês no azul é o grande desafio de gestores e profissionais das áreas de faturamento e negociação das instituições de saúde. Para manter a empresa sustentável, é preciso conhecer seus custos, acompanhar as despesas e controlar os desperdícios. É o que conta a Dra. Pina Pellegrini, médica, administradora hospitalar, consultora na área de saúde e auditora de contas médicas e de OPME. “É importante ter protocolos bem formatados pelas equipes cirúrgicas e também protocolos administrativos, para que todos os colaboradores conheçam suas funções e atribuições, controlando o material gasto em cada atendimento, para que não haja perda de receita”, expõe. Para saber onde reduzir custos, Dra. Pina diz que o hospital deve fazer o diagnóstico institucional para identificar os pontos frágeis e sanar as falhas, podendo, a partir daí, preparar protocolos, fazer gestão para conhecer verdadeiramente o seu negócio e, desse modo, preparar equipes de trabalho comprometidas com suas atividades.

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De acordo com ela, para fazer a cobrança correta de acordo com o consumo é importante que o prontuário do paciente esteja corretamente preenchido, com todas as ações realizadas no paciente, pois, se a equipe atende,

É fundamental fazer revisão ou auditoria do prontuário com a respectiva cobrança, verificando se tudo foi realmente lançado na conta do paciente”

DESPESAS HOSPITALARES

mas não faz as anotações necessárias, a instituição perde dinheiro. “É fundamental fazer revisão ou auditoria do prontuário com a respectiva cobrança, verificando se tudo foi realmente lançado na conta do paciente. Com as anotações corretamente feitas, as cobranças naturalmente serão mais efetivas”, conta a consultora.

Segundo o Observatório Anahp 2017, elaborado pela Associação Nacional de Hospitais Privados, quase metade das despesas dos hospitais vem dos gastos com pessoal, que, em 2016, responderam por 45,8% do total. A participação do custo de pessoal, porém, caiu na comparação com 2015, reflexo principalmente da redução no ritmo de contratações.

Dra. Pina acrescenta a necessidade de todos os colaboradores serem capacitados e atualizados em relação ao mercado de saúde, pois a cada dia há mudanças e, se os profissionais não estão preparados, ou se não se tem um gestor comprometido, cada um faz seu trabalho como “acha” que tem de fazer e não como deve ser feito. “Treinamento é a palavra chave de um negócio bem-sucedido”, destaca.

O segundo principal componente dos custos são os insumos hospitalares, que responderam por cerca de 40% da despesa total em 2016. A série histórica aponta uma tendência de redução na participação dessa rubrica no total das despesas hospitalares, reflexo da pressão cada vez mais intensa das operadoras de planos de saúde para o estabelecimento de regras comerciais e mudanças no sistema de remuneração. Além disso, nota-se que os setores de suprimentos dos hospitais têm atuado fortemente para a redução dos gastos médios com insumos hospitalares, mesmo diante do aumento dos preços dos produtos (os preços dos medicamentos no varejo, por exemplo, subiram 12,5% em média em 2016, segundo dados do IPCA/IBGE).

EQUILÍBRIO FINANCEIRO Segundo a consultora, equilíbrio financeiro é o resultado esperado quando existe qualidade no serviço assistencial prestado, pois entende-se que o pessoal está preparado e os gestores estão acompanhando o desenvolvimento do trabalho, avaliando o desempenho das atividades. Dessa forma, os pacientes têm o melhor atendimento com o mínimo de desperdício, levando assim, ao equilíbrio financeiro da instituição. “Quando todos conhecem o trabalho que realizam, participam obtendo o melhor desempenho da organização. Portanto, devemos: fazer um bom diagnóstico institucional, conhecer nossos pontos frágeis, sanar as falhas, treinar as equipes e realizar reciclagens periodicamente, para não perder as informações que são necessárias para a qualidade do serviço”, finaliza.

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Pequenas doses

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Médico por um dia

As profissões da área de saúde costumam habitar o imaginário infantil. Para motivar ainda mais a admiração dos pequenos por essas carreiras, o Amil Resgate Saúde e o grupo médico-hospitalar Americas Serviços Médicos participam da KidZania, uma minicidade localizada em um espaço de 8.500 m², no Shopping Eldorado, em São Paulo (SP). Nela, crianças e adolescentes de 4 a 14 anos têm a oportunidade de vivenciar a carreira de médico, enfermeiro e especialista em diagnóstico por um dia, participando de brincadeiras em ambientes que imitam um hospital e uma ambulância. As atividades vão desde a simulação dos primeiros cuidados com recém-nascidos em um berçário, passando pela prática de exames de raios X, até a realização de transplante em um centro cirúrgico. Já na brincadeira do chamado de emergência, crianças desempenhando o papel de socorristas se deslocam pela cidade cenográfica em uma miniambulância para chegar até o acidentado e prestar os primeiros socorros. O objetivo é promover a cidadania, ressaltando a importância de todas as profissões para a sociedade.

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B.Bustos Fotografia

Organização política para médicos

Realizada em 9 de março, a reunião de diretoria da Associação Paulista de Medicina (APM) teve como tema a Frente Parlamentar de Medicina, que pretende reforçar a participação da classe médica nas discussões parlamentares. O convidado de honra foi o deputado e médico Luiz Henrique Mandetta, que reafirmou que não é mais possível que a classe permaneça fora do ambiente onde se tomam as decisões mais importantes da saúde pública e suplementar. Segundo o diretor de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury, a Frente Parlamentar da Medicina foi formada para abarcar diversas entidades. “Vamos propor projetos e lutas. Seria ótimo que as sociedades de especialidades fizessem parte do grupo, com engajamento. Temos que nos unir para sermos respeitados.”

Campanha para segurança do paciente

O Hospital Santa Cruz, de Curitiba (PR), lança uma campanha interna com o objetivo de reforçar as seis metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A instituição criou a Aliança NSP, uma liga de super-heróis representada por seis mascotes, que luta para garantir a segurança dos pacientes. A iniciativa tem como público-alvo os profissionais de saúde, gestores, colaboradores e pacientes. “Para tornar a comunicação desses princípios mais simples e próxima, resolvemos criar uma narrativa descontraída e lúdica”, explica a gerente de Marketing, Juliane Poitevin. Cada personagem tem uma cor e representa uma meta com “superpoderes” para executá-la com excelência. As metas são Identificação Correta, Comunicação Efetiva, Medicação Adequada, Cirurgia Segura, Práticas de Higiene e Prevenção de Quedas. A campanha poderá ser vista nas áreas comuns do hospital, no site e nas mídias sociais.

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400 cirurgias robóticas

O Hospital Esperança Recife (PE), da Rede D’Or São Luiz, alcançou a marca de 400 cirurgias robóticas com o robô Da Vinci Si HD ao realizar uma pieloplastia, procedimento que corrige o estreitamento do ureter quando sai do rim. O urologista Roberto Lucena esteve à frente da equipe que comandou a intervenção. Segundo ele, através da robótica é possível realizar a cirurgia com maior destreza e em apenas uma hora. Na instituição, o procedimento mais frequente com o uso do Dr. Roberto Lucena Da Vinci é a prostatectomia radical para câncer de próstata. Entretanto, inúmeros outros podem ser realizados. “Nas nefrectomias parciais para tumor renal, a robótica também traz um grande benefício, pois além do resultado estético e de preservar a parte sadia do rim, facilita a recuperação e acelera o retorno às atividades rotineiras”, completa o médico. Além da urologia, o robô também vem sendo utilizado no hospital em cirurgias bariátricas, colorretal, ginecológicas, entre outras.

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Antonio More

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Curitiba ganha novos leitos para o SUS

O Hospital São Vicente-CIC, em Curitiba (PR), reinaugurou sua sede disponibilizando 25 leitos para pacientes de baixa e média complexidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Os leitos estarão vinculados à Central de Leitos, e as internações seguirão os protocolos estabelecidos entre a Secretaria Municipal de Curitiba e o Hospital São Vicente, visando a continuidade de tratamentos, iniciados em unidades hospitalares. “A Unidade CIC é um hospital de retaguarda, que vai desafogar unidades de atendimentos mais complexas. Além disso, permitiu a criação de 60 novos empregos”, afirmou Dr. Charles London, diretor presidente da Funef, mantenedora do hospital.

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Investimento em Oncologia

Referência em alta complexidade, o Hospital Santa Paula, de São Paulo (SP), investe na expansão do Instituto de Oncologia Santa Paula (IOSP) e aumenta a ala destinada a quimioterapia. “Nossa capacidade de atendimento praticamente dobrou, passando de 400 para 750 sessões/mês”, afirma o presidente, George Schahin. Foram investidos cerca de R$ 4 milhões em obras para um novo andar, inaugurado em janeiro, com mais pontos de atendimento, além da contratação de cinco profissionais. “O andar está equipado com mais 10 boxes, passando de 14 para 24”, explica. A radioterapia receberá um novo software para reduzir o tempo de cada sessão em 20%, proporcionando ganho em produtividade, redução no tempo de espera para agendamentos e comodidade aos pacientes. Para o segundo semestre, o instituto também investiu R$ 7 milhões em um novo acelerador para radiocirurgia – radioterapia de alta precisão destinada ao tratamento de tumores e metástase cerebrais –, que completa o tratamento integrado.

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Design industrial e baixo custo de produção

Criado pelo estúdio MM Design, o carrinho para distribuição de medicamentos da Lanco introduz a tecnologia da rotomoldagem, que permitiu desenvolver um novo conceito sem a necessidade de um chassi, tornando sua confecção mais simples e diminuindo os custos de produção. O design de suas alças também auxilia nas manobras e no deslocamento entre ambientes. Fácil de limpar e antibacteriano, possui bumper em borracha que amortece em casos de batidas em quinas e portas, evitando danos às estruturas. Concebido de forma modular, o carrinho é versátil e pode ser utilizado em diversos setores hospitalares.

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Qualidade de vida no Distrito Federal

O Hospital Santa Marta e o Instituto Santa Marta de Educação e Saúde (ISMES) participaram da cerimônia de certificação de 17 instituições pelo Selo Social 2017, programa que reconhece iniciativas de promoção, desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população local e que resultou em 4.595 atendimentos. O Hospital Santa Marta é uma das empresas que firmaram o compromisso com Taguatinga (DF) ao atuar como Investidor Social, realizando doações destinadas ao custeio do projeto, tornando-o gratuito aos participantes. O ISMES foi certificado pelo Projeto Aponte a Ponte, que promoveu eventos para 3.400 alunos graduandos de disciplinas de saúde com o objetivo de aproximálos do mercado de trabalho. A ação foi realizada no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Santa Marta (ISMEP) e contou com a parceria de profissionais de saúde, além de empresas como Hospital Ana Nery, Hospital Santa Marta e Med Life. O diretor do ISMES, Calvino Soares, fala sobre as perspectivas para 2018: “A iniciativa é levar atendimento para comunidades carentes por meio do Projeto Saúde Social. Já iniciamos em março com uma ação na comunidade de Vicente Pires, onde atendemos 130 pessoas”.

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Um olhar sobre a medicina humanizada

Visando difundir os conceitos de Cuidados Paliativos, a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) lançou a minissérie “Um olhar sobre a medicina humanizada”. Com quatro capítulos, sendo um lançamento por mês, aborda temas pertinentes tanto aos profissionais de saúde, como aos pacientes e familiares em cuidados paliativos. O conteúdo está disponível no site e no canal no YouTube da ANCP: bit.ly/2q8ghHa.

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Parceria técnico-científica em Imagem

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Sarah Daltre

O Hospital Sírio-Libanês e o Grupo Fleury anunciaram parceria técnico-científica em Imagem para o desenvolvimento de programas de capacitação para profissionais de saúde, pesquisa e projetos. A cooperação visa ao aperfeiçoamento e à melhoria constante dos serviços de saúde prestados, proporcionando experiência acadêmica-profissional em campo de trabalho, bem como o aprimoramento técnicocientífico na formação de médicos e residentes. Os programas são direcionados aos médicos em formação, conhecidos como fellows, que buscam especialização prática em diagnóstico por imagem nas subespecialidades mama, músculo-esquelético, cabeça e pescoço. A capacitação também contempla encontros bimestrais, chamados de Grand Rounds, nos quais serão discutidos os casos de pacientes entre os profissionais participantes.

Primeira cirurgia com plataforma robótica

O Hospital CopaStar, no Rio de Janeiro (RJ), já conta com a plataforma Da Vinci Xi em funcionamento. O primeiro caso de procedimento que colocou em prática o uso do moderno robô foi realizado pelo urologista especialista em robótica Dr. Rodrigo Frota e sua equipe. “A chegada do Da Vinci Xi reforça o compromisso da Rede D’Or São Luiz em investir no que há de melhor em tecnologia no mercado mundial”, destaca o especialista.

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ABIMO

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Banho Fácil

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Bioland/Controller

3ª capa

Casa Toni

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CDK

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Colortel

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Dorja

Muitas vezes, exames mais complexos, como o de ressonância magnética, deixam as pessoas nervosas e ansiosas. Pensando em promover o bem-estar de pacientes durante os procedimentos, o Hospital SírioLibanês selou uma parceria com o aplicativo Deezer, streaming de música com mais de 40 milhões de faixas em seu acervo. Todas elas estão disponíveis aos pacientes de ressonância magnética das unidades de medicina diagnóstica da instituição. Antes de iniciar o exame, o paciente escolhe a playlist com os temas musicais de preferência, disponíveis em um tablet instalado junto ao console do equipamento, e a escuta por meio de um fone especial, acoplado à máquina. Segundo o Dr. Conrado Cavalcanti, coordenador médico do setor de Ressonância Magnética, a proposta é melhorar a experiência dos pacientes, que poderão realizar seus exames com mais conforto e tranquilidade.

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Ecco Brasil

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EFE

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Exxomed

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Fanem

4ª capa

GE Healthcare

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Health Móveis

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HIMSS@Hospitalar 2018

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Hospital Santa Marta

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Hospitalar 2018

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Hospitalar Facilities 2018

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IBCC – Inst. Bras. de Controle do Câncer

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InterSystems

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JG Moriya Kolplast

2ª capa, 3 37, 59

Konex

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Lafer

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MD Connect

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Para receber a tecnologia, houve toda uma preparação das salas de ressonância, e este é o primeiro passo para a implementação de outros serviços semelhantes no futuro próximo, como conta o diretor de Tecnologia da Informação, Ailton Brandão. “O papel da tecnologia dentro de um complexo hospitalar é contribuir para que a experiência do paciente seja cada vez melhor. Parcerias como esta criam proximidade entre o profissional de saúde e o paciente, trazendo acolhimento e conforto”, afirma.

Oxigel

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PegMais (Gets Café)

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Promopress

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Protec/R&D Mediq

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Romed

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Bruno Vieira, diretor geral da Deezer no Brasil, salienta que muitos estudos comprovam a eficiência da música para relaxar, se concentrar, mudar de humor e até em tratamentos médicos. “Parcerias desse tipo nos fazem acreditar cada vez mais na tecnologia e na importância da música nas nossas vidas. Estamos muito felizes em poder selar esse acordo e ajudar milhares de pacientes do SírioLibanês em seus exames. Esse é o primeiro passo para melhorar a experiência de mais e mais pessoas em seus tratamentos médicos”, expõe.

Similar & Compatível

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Sofex

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Subamedic

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Samtronic

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Sírio-Libanês faz parceria com Deezer para ajudar pacientes a relaxar

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Transmai

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Traumec

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Opinião

O futuro dos hospitais nos sistemas de saúde Do meu ponto de vista, três grandes tendências definem o futuro imediato dos sistemas de saúde, não somente nos países desenvolvidos, mas nos elos mais avançados dos países em desenvolvimento. Essas tendências podem ser resumidas em três conceitos: focalização, integração e valor. Quando se pensa no hospital do futuro, pode-se dizer que suas características, em grande medida, já existem potencialmente no presente, mas não para a maioria da população mundial. O otimismo futurista contrasta com a realidade da maioria das regiões do planeta. Em média, uma em cada dez pessoas no mundo enfrentam problemas quando visitam um hospital; 14 em cada 100 pacientes internados contraem infecções hospitalares; 50% das complicações derivadas de internação hospitalar são evitáveis; 5,5% das injeções ministradas em hospitais não usam produtos descartáveis e 20% a 40% dos gastos hospitalares são desperdiçados por má qualidade da atenção. No contexto atual, vários fatores ameaçam a sobrevivência dos sistemas de saúde e dos hospitais tradicionais. Entre eles estão: a transição demográfica e epidemiológica; o custo crescente das tecnologias e produtos farmacêuticos; a inoperância do pagamento baseado em volume (como é o caso do fee-forservice); as reformas de saúde e as mudanças na disponibilidade de pagar dos financiadores públicos e privados; a necessidade de evitar cuidados cada vez mais fragmentados; e a falta de transparência do custo e da qualidade dos serviços para o paciente e para a comunidade. Mas a tendência é que os hospitais superem estas debilidades sendo, cada vez mais, uma parte conectada aos distintos sistemas de saúde, deixando de ser instituições autossuficientes e independentes de outras atividades que se desenrolam nesse sistema. Portanto, para entender como será o hospital do futuro, é necessário conhecer quais são as tendências dos sistemas de saúde.

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Três grandes tendências definem o futuro imediato dos sistemas de saúde, não somente nos países desenvolvidos, mas nos elos mais avançados dos países em desenvolvimento. Essas tendências podem ser resumidas em três conceitos: focalização, integração e valor”

Por focalização podemos entender que os sistemas de saúde estarão cada vez mais focalizados em seu entorno populacional, deixando de ser apenas unidades de tratamento para zelar pela saúde da comunidade que está em seu entorno. Isso significa que atividades de promoção e prevenção vão fazer cada vez mais parte das atividades cotidianas dos sistemas de saúde e, quando o tratamento for necessário, as atividades desses sistemas estarão centradas nas necessidades dos pacientes. Por integração devemos entender que os elos que compõe o sistema de saúde estarão cada vez mais interligados, cumprindo com determinados requerimentos necessários para aumentar a eficiência e os resultados. Por exemplo, gestão clínica e gestão financeira terão de se integrar, trazendo novas ferramentas analíticas, como a necessidade de integrar custos por paciente e por patologia, gestionar pagamentos associados a resultados clínicos e não a etapas dos processos de trabalho médico. As distintas unidades de saúde – no passado atomizadas e descoordenadas – deverão estar integradas com base no cuidado aos pacientes, o qual estará distribuído em distintas etapas por nível de complexidade e segundo a natureza da intervenção. Esse processo exigirá não apenas uma maior participação do paciente, mas também a integração entre domicílio, ambulatório, clínica, laboratório e hospital, como unidades que sejam capazes de se coordenar, evitar a duplicação e garantir a continuidade do cuidado. Para tal, os sistemas de informação deverão estar centrados no paciente e uniformemente instalados em todas as unidades que compõe uma rede de saúde. A integração também ocorrerá ao nível das habilidades profissionais, através do uso cada vez mais frequente de equipes multiprofissionais de saúde e sua integração com os pacientes. Grupos de trabalho multiprofissionais integrados estarão organizados independentemente de onde se encontram dentro da rede, na medida em que as tecnologias de informação permitirão este processo. Telemedicina deixará de ser uma área de ponta para ser o “pão com manteiga” das redes de saúde e o uso de processos de análise de dados integrará a totalidade dos cuidados, facilitando a tomada de decisões priorizadas e favorecidas pelo uso crescente de inteligência artificial, através da internet das coisas

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Opinião

(IoT). O trabalho de equipe em todos os níveis, com ampla informação disponibilizada on-line e estruturada para o processo decisório, se somará à integração dos pacientes informados e com papéis definidos na linha de cuidados. O terceiro conceito é o de valor, que trocará a lógica da quantidade (volume) pela lógica da qualidade do cuidado a partir da busca da melhor saúde para a população e do melhor cuidado para o paciente pelo menor preço possível. Valor em saúde pode ser reduzido a uma lógica muito simples. Primeiramente se busca maximizar o valor, aumentando a qualidade e reduzindo os custos. Qualidade, por sua vez, deixa de ser um critério subjetivo. Somente se alcança a qualidade quando se maximiza a relevância dos cuidados e o alcance de seus resultados e se minimiza o desperdício dentro de um sistema ou rede de saúde. Portanto, para que se possa avaliar o valor dentro dos sistemas de saúde, uma nova métrica passa a ser necessária em cada ciclo de cuidado, através: da mensuração dos resultados clínicos; da mensuração dos custos; da mensuração da relevância das ações tomadas e da medida do desperdício de recursos utilizados. PREMISSAS PARA OS HOSPITAIS DO FUTURO Tendo em vista estes novos conceitos de como se estruturarão os sistemas de saúde, podemos dizer que o hospital do futuro estará fundamentado numa transição dos sistemas de remuneração baseadas em volume para os sistemas baseados em valor, como pode ser visto no diagrama a seguir.

A transição para o hospital do futuro Pagamento baseado em valor • • • • Pagamento baseado em volume

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Fee-for-service Qualidade não recompensada Risco financeiro do pagador Foco em pacientes agudos Baixo investimento em ICT Tratamento por episódio Hospital e médico sem diálogo

Resultados em relação a custos Qualidade recompensada Risco financeiro compartilhado Foco na recuperação do paciente • Alto uso de ICT • Linha de cuidado • Coordenação médico-hospital

Para alcançar este processo, várias recomendações têm sido dadas pelos especialistas. Os hospitais do futuro deverão oferecer cuidados assistenciais seguros e comprometidos com a melhoria da qualidade, cumprindo protocolos e linhas de cuidado definidas, com vistas a aumentar a eficácia clínica que será religiosamente medida, avaliada e incorporada na revisão das práticas assistenciais. O paciente ocupará um lugar central e sua experiência será avaliada sistematicamente. A comunicação entre a equipe médica e o paciente será o eixo central dos cuidados, garantindo a eles acesso efetivo e oportuno aos exames, agendamentos, tratamentos e movimentos para dentro e para fora do

hospital quando necessários. O traslado de paciente só deverá ocorrer quando necessário por razões clínicas. Os arranjos para a transferência de cuidados serão sempre robustos e, nos casos onde houver indicação, serão elaborados e controlados os protocolos para facilitar o autocuidado e a promoção da saúde. Ao ser centrado no paciente, o hospital proverá um plano de cuidados para cada paciente, o qual refletirá suas necessidades clínicas e de suporte individual. Na medida em que os serviços de saúde se estruturarão em redes, os hospitais poderão ser menores e centrados em serviços de alto valor e complexidade. Funcionarão sem déficit, de forma a reduzir custos e investimentos desnecessários. Poderão atender menos pacientes, dado que estes estarão em outros elos da rede, mas os que forem atendidos o serão com a máxima eficiência, segurança e qualidade. Deverão contar com mão de obra altamente especializada e tecnologia de ponta e alcançarão melhores resultados via processos otimizados. Serviços de menor complexidade serão executados por clínicas e ambulatórios integrados em sua rede. Além de tudo isso, os hospitais do futuro deverão ser centros de inovação em tecnologia dos serviços centrada nos pacientes. Serão os principais centros de pesquisa e capacitação em serviços e administrados por modelos de compartilhamento de risco com os planos de saúde, com a indústria de medicamentos e de equipamentos e com outros provedores. Tal processo será também uma estratégica para inovação dentro de um marco gerencial que permita a redução dos riscos dos pacientes. Para isso, os hospitais deverão estar conectados on-line com os pacientes, com suas redes, com a indústria médica (laboratórios, setor farmacêutico e de equipamentos) e com os sistemas de saúde pública. Para que tudo isso seja possível, é necessário programar a transição. Os cuidados médicos nos hospitais deverão ser seguros, eficazes e cálidos para todos os pacientes que necessitam de cuidados hospitalares, estando acessíveis com altos níveis de qualidade 24 horas por dia nos sete dias da semana. As equipes médicas deverão ser estáveis e capacitadas, em um ambiente com tecnologia adequada para educar, treinar e estimular a inovação, com uma forte integração e motivação entre distintas gerações de médicos e profissionais. Deverá haver relações efetivas entre as equipes clínicas, administrativas e assistenciais dos hospitais e um equilíbrio adequado entre cuidados básicos e especializados, coordenados de forma efetiva e holística em torno das necessidades dos pacientes. André Cezar Medici

Economista de Saúde e editor do blog Monitor de Saúde (monitordesaude.blogspot.com). Este artigo foi baseado na apresentação “O Futuro dos Sistemas de Saúde e o Papel dos Hospitais: Experiências Internacionais”, apresentado no 5º CONAHP – Congresso Nacional de Hospitais Privados, realizado em São Paulo (SP), em novembro de 2017.

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