ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
SUMÁRIO
5.
AVALIAÇÃO DO EFEITO DE CHOQUE DE DIVERSOS PRODUTOS E DOSES
55.
AVALIAÇÃO DO EFEITO DE DIFERENTES HERBICIDAS E COMBINAÇÕES
NO CONTROLE DO BICUDO DO
NO CONTROLE DE ALGODÃO RR
ALGODOEIRO (Anthonomus Grandis,
VOLUNTÁRIO EM LAVOURA DE SOJA RR
BOHEMAN, 1843)
17.
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INSETICIDAS NO TRATAMENTO DE SEMENTES PARA
65.
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES COMERCIAIS DE ALGODÃO SEMEADAS EM DIFERENTES ÉPOCAS
O CONTROLE DAS PRAGAS INICIAIS DA CULTURA DO ALGODÃO SAFRINHA TRIPS (Frankliniella Schultzei) E MOSCA BRANCA (Bemisia Spp.)
27. 37.
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS QUÍMICOS DO CONTROLE
87.
AVALIAÇÃO DE NOVE VARIEDADE DE ALGODÃO SEMEADAS EM QUATRO
DO ÁCARO-RAJADO (Tetranychus Urticae
DIFERENTES ESTANDES SOB IRRIGAÇÃO
Koch) NA CULTURA DO ALGODOEIRO
NO MUNICÍPIO DE TURVELÂNDIA, GOIÁS
AVALIAÇÃO DO EFEITO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DA LAGARTA FALSA-
103.
MEDIDEIRA (Chrysodeixis Includens
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO NO MUNICÍPIO DE MONTIVIDIU - GOIÁS
Walker) NA CULTURA DA SOJA E EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO.
47.
USO DE DIFERENTES IMPLEMENTOS MECÂNICOS PARA AUXILIAR NO CONTROLE QUÍMICO DE SOQUEIRAS DE ALGODÃO COM 2,4-D
111.
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO IRRIGADAS EM SISTEMA DE PIVÔ CENTRAL
SUMÁRIO
119.
AVALIAÇÃO DE TREZE VARIEDADES DE ALGODÃO SEMEADAS EM QUATRO
175.
DIFERENTES ESTANDES
AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS APLICADOS NO TRATAMENTO DE SEMENTE PARA O CONTROLE DA MELA NA CULTURA DO ALGODÃO
137.
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS QUÍMICOS PARA O
185.
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS QUÍMICOS APLICADOS
CONTROLE DA MANCHA DE RAMULÁRIA
VIA FOLIAR VISANDO A RETENÇÃO
(Ramularia Areola Atk)
DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DO ALGODOEIRO (Gossypium Hirsutum L.)
145.
AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA/SEVERIDADE DE MOFO-BRANCO (Sclerotinia
193.
AVALIAÇÃO DO PLANTIO DO ALGODOEIRO (Gossypium Hirsutum L.)
Sclerotiorum) MEDIANTE A UTILIZAÇÃO
SOBRE A PALHADA DE BRACHIARIA
DE REGULADOR DE CRESCIMENTO E
RUZIZIENSIS
FUNGICIDAS NA SAFRINHA DE ALGODÃO
153.
AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS APLICADOS VIA FOLIAR PARA O CONTROLE
201.
AVALIAÇÃO DO PLANTIO DO ALGODOEIRO (Gossypium Hirsutum L.)
DA MELA NA FASE INICIAL DO
SOBRE A PALHADA DE DIFERENTES
DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO
ESPÉCIES
ALGODÃO
165.
AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS APLICADOS NO TRATAMENTO DE SEMENTES
209.
REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ALGODÃO E SOJA AOS NEMATOIDES Meloidogyne
PARA O CONTROLE DA MELA DO
Incognita, Rotylenchulus Reniformis E
ALGODOEIRO
Pratylenchus Brachyurus
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-01-2014/2015
AVALIAÇÃO DO EFEITO DE CHOQUE DE DIVERSOS PRODUTOS E DOSES NO CONTROLE DO BICUDO DO ALGODOEIRO (Anthonomus Grandis, BOHEMAN, 1843)
Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
5
RESUMO O Bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) representa a praga de maior relevância dentro das regiões produtoras de algodão do País. Assim, o principal foco deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes inseticidas, aplicados isoladamente ou em mistura, sobre o bicudo A. grandis. Os resultados permitiram concluir que os produtos ou combinações Paracap 450 CS, Malathion 1000 CE, Malation UL, Marshal 400 SC + 0,5 % de óleo, Singular 600 SC + Karate Zeon 250 CS e Singular 600 SC, ao longo de 96 horas de avaliação, imprimiram mortalidade igual ou superior a 96 % da população testada. Produtos ou misturas tais como, Chess 400 WG + Karate Zeon 250 CS, Talstar 100 CE, Pirate 240 SC, Safety 300 CE + Curbix 200 SC, Engeo Pleno SC, Curbix 200 SC, Nexide 150 CS + Curbix 200 SC e Nexide 150 CS constituem uma boa opção para serem utilizados dentro de um programa de rotação, pois ocasionaram a morte da praga entre 80,0 e 92,50 %. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Considerado a principal praga da cotonicultura, o Bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis, Boheman) é responsável por extensos danos na cultura, podendo ocasionar até 70% de perdas na produção, promovendo a queda de botões florais, flores e pequenas maçãs (Silvie, 2013). Maçãs danificadas que permanecem ligadas à planta, se desenvolvem, contudo, podem não abrir um ou mais lóculos após o amadurecimento. Dentre as medidas integradas para o manejo da praga, a principal é a aplicação de inseticidas, que se iniciam antes do florescimento e estende-se até a desfolha e destruição das soqueiras (SANTOS, 2007). Mesmo com a frequente utilização desta ferramenta, algumas variáveis interferem diretamente em sua eficiência, tais como, a dificuldade de se atingir o alvo, pois a praga tem hábito de se proteger sob as brácteas; a dificuldade de identificar o momento da entrada da praga na lavoura, gerando atrasos nas aplicações; a baixa eficácia de alguns produtos, especialmente aqueles pertencentes ao grupo químico dos piretróides; a permanência das formas jovens protegidas dentro de botões ou maçãs que caíram no solo após 6
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
a ovoposição, entre outras. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar em condições de laboratório a eficiência de 21 inseticidas, aplicados isoladamente ou em mistura, para o controle do Bicudo (A. grandis).
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido nas dependências da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de 10/08 a 14/08 de 2015. Bicudos adultos foram coletados a campo e levados para condições de laboratório onde permaneceram por 12 horas, sendo alimentados por botões e flores de algodoeiro. Decorrido esse período, os insetos foram selecionados e acondicionados em pequenos ‘sacos’ de telas de tecido tipo filó, com malha de 2,25 mm2. Os tratamentos descritos na tabela 1 foram aplicados dia no 10/08, em única aplicação, utilizando um equipamento do tipo costal pressurizado com CO2, dotado de bico cônico vazio, ponta 1,5 e pressão de 60 psi, obtendo assim, vazão 100 L/ha. A cada 24 horas após a aplicação dos tratamentos, em cada um dos ‘sacos’ contendo bicudos foram colocados flores e botões para a alimentação. Cada tratamento foi composto de 4,0 repetições, sendo cada ‘saco’ contendo 20 insetos considerado uma unidade experimental. O delineamento foi inteiramente casualizado (DIC), composto por 27 tratamentos. As avaliações foram realizadas 24, 48, 72 e 96 horas após a aplicação dos inseticidas, onde foram avaliadas as porcentagens de insetos vivos, mortos e intoxicados. Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (FERREIRA, 2011), e os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974). A eficiência dos tratamentos foi calculada com base na fórmula de Abbott (NAKANO et al. 1981).
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
7
TABELA 1. Tratamentos aplicados para a avaliação do efeito de choque de diferentes inseticidas para o controle do Bicudo do Algodoeiro (Anthonomus grandis). Fundação Goiás, 2014/2015.
8
Trat.
Produtos
Ingrediente Ativo
Dose (l ou kg/ha)
1
Paracap 450 CS
Parationa-metílica
1,25
---
2
Imidacloprid 700 SC + Curbix 200 SC
Imidacloprido + Etiprole
0,30
0,40
3
Curbix 200 SC
Etiprole
0,40
---
4
Curbix 200 SC
Etiprole
0,50
---
5
Fury 200 SC + Curbix 200 SC
Zeta-cipermetrina +Etiprolew
0,30
0,40
6
Karate Zeon 250 CS
Lambda-cialotrina
0,15
---
7
Talstar 100 CE
Bifentrina
0,60
---
8
Malathion 1000 CE
Malationa
1,25
---
9
Malathion UL
Malationa
1,00
---
10
Marshal 400 SC
Carbossulfan
1,43
0,5% óleo
11
Engeo Pleno SC
Tiametoxam + Lambda-cialotrina
0,25
---
12
Connect SC+ Curbix 200 SC
Imidacloprid + Beta-ciflutrina + Etiprole 1,25
0,40
13
Pirate 240 SC
Clorfenapir
1,00
---
14
Nexide 150 CS
Gama-cialotrina
0,15
---
15
Acefato 750 SP
Acefato
1,25
---
16
Acefato 750 SP
Acefato
1,50
---
17
Singular 600 SC
Fipronil
0,13
---
18
Singular 600 SC + Karate Zeon 250 CS Fipronil + Lambda-cialotrina
0,13
0,15
19
Safety 300 CE
Etofenproxi
0,50
20
Nexide 150 CS + Curbix 200 SC
Gama-cialotrina + Etiprole
0,15
0,40
21
Safety 300 CE + Curbix 200 SC
Etofenproxi + Etiprole
0,50
0,40
22
Azamax 12 EC
Azadiractin A/B
1,00
---
23
Azamax 12 EC
Azadiractin A/B
1,50
---
24
Chess 400 WG
Pimetrozina
0,40
---
25
Chess 400 WG + Curbix 200 SC
Pimetrozina + Etiprole
0,40
0,40
26
Chess 400 WG+ Karate Zeon 250 CS
Pimetrozina + Lambda-cialotrina
0,40
0,15
27
Testemunha
---
---
---
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RESULTADOS Os resultados alcançados, estatisticamente analisados, estão apresentados na tabela 2 e nas figuras 1, 2, 3 e 4. Para a avaliação realizada 24 horas após a aplicação dos inseticidas, os tratamentos que promoveram a maior mortalidade de bicudos foram o 1- Paracap 450 CS (1,25 L/ha) e o 10- Marshal 400 SC (1,43 L/ha) + 0,5% óleo, sendo superiores significativamente aos demais, apresentando respectivamente, 80,0 e 76,67 %. Esses tratamentos foram seguidos pelos tratamentos 8- Malathion 1000 CE (1,25 L/ha) (70,0 %) e 9- Malation UL (1,0 L/ha) (65,0%) (Tabela 2; Figura 1). Na avaliação realizada 48 horas após a aplicação, os tratamentos 1- Paracap 450 CS (1,25 L/ha), 8- Malathion 1000 CE (1,25 L/ha), 9- Malation UL (1,0 L/ha) e 10- Marshal (1,43 L/ ha + 0,5% óleo) apresentaram a maior eficiência no controle da praga, com respectivamente 100,0; 100,0; 100,0; e 96,67 %, sendo estatisticamente superior aos demais tratamentos. Os tratamentos 17- Singular 600 SC (0,13 L/ha), 18- Singular 600 SC + Karate Zeon 250 CS (0,08 + 0,15 L/ha) e 26- Chess 400 WG + Karate Zeon 250 CS (0,40 + 0,15 L/ha), apresentaram eficiência intermediária, variando de 61,66 a 70,0 % (Tabela 2; Figura 2). As 72 horas após a aplicação, apenas 4,0 inseticidas promoveram 100 % de eficiência, Paracap 450 CS (1,25 L/ha), Malathion 1000 CE (1,25 L/ha), Malation UL (1,0 L/ha) e Marshal (1,43 L/ha + 0,5% óleo), sendo todos estatisticamente superiores aos demais. Um grupo intermediário de inseticidas, Singular 600 SC + Karate Zeon 250 CS (0,08 + 0,15 L/ha) e Chess 400 WG + Karate Zeon 250 CS (0,40 + 0,15 L/ha), ocasionaram mortalidades de 75,0 e 79,16 % respectivamente, e Talstar 100 CE (0,6 L/ha), Pirate 240 SC (1,0 L/ha), Singular 600 SC (0,13 L/ha) e Safety 300 CE + Curbix 200 SC (0,5 + 0,4 L/ha) 70 % (Tabela 2; Figura 3). Na quarta e última avaliação, realizada 96 horas após a aplicação dos tratamentos, estatisticamente separou-se os inseticidas em três principais grupos: 1º. produtos que promoveram acima de 95 % de morte de bicudos: Paracap 450 CS (1,25 L/ha) (100,0 %), Malathion 1000 CE (1,25 L/ha) (100,0 %), Malation UL (1,0 L/ha) (100,0 %) e Marshal (1,43 L/ ha + 0,5% óleo) (100,0 %), Singular 600 SC + Karate Zeon 250 CS (100,0 %) e Singular 600 SC (0,13 L/ha) (95,0 %); 2º. produtos que ocasionaram entre 92,50 a 83,33 % de mortalidade, Chess 400 WG + Karate Zeon 250 CS (0,40 + 0,15 L/ha) (92,50 %), Talstar 100 CE (0,6 L/ha) (93,33 %), Pirate 240 SC (1,0 L/ha) (90,0 %), Safety 300 CE + Curbix 200 SC (0,5 + 0,4 L/ha) (90,0 %), Engeo Pleno SC (0,25 L/ha) (86,67 %), Curbix 200 SC (0,5 L/ha) (85,0 %) e Nexide ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
9
150 CS + Curbix 200 SC (0,15 + 0,4 L/ha) (83,33 %); e 3º. os inseticidas Nexide 150 CS (0,15 L/ ha) e Curbix 200 SC (0,4 L/ha), que alcançaram respectivamente, 80,0 e 76,67 % de mortes na população de A. grandis (Tabela 2; Figura 3). Para todos os resultados alcançados nesse trabalho, deve-se levar em consideração que os produtos foram aplicados diretamente sobre o alvo, sem qualquer barreira física, diferente do que ocorre no campo, onde o bicudo permanece grande parte do tempo protegido sob as brácteas das flores.
TABELA 2. Avaliação da eficiência de inseticidas no controle do Bicudo (Anthonomus grandis), 24, 48, 72 e 96 horas após a aplicação. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 1. Porcentagem de mortalidade de Bicudos (Anthonomus grandis) 24 horas após a aplicação de inseticidas, isolados ou em mistura. Fundação Goiás, 2014/2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
11
FIGURA 2. Porcentagem de mortalidade de Bicudos (Anthonomus grandis) 48 horas após a aplicação de inseticidas, isolados ou em mistura. Fundação Goiás, 2014/2015.
12
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FIGURA 3. Porcentagem de mortalidade de Bicudos (Anthonomus grandis) 72 horas após a aplicação de inseticidas, isolados ou em mistura. Fundação Goiás, 2014/2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
13
FIGURA 4. Porcentagem de mortalidade de Bicudos (Anthonomus grandis) 96 horas após a aplicação de inseticidas, isolados ou em mistura. Fundação Goiás, 2014/2015.
14
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. Os inseticidas, isolados ou misturas, Paracap 450 CS, Malathion 1000 CE, Malation UL, Marshal + 0,5 % de óleo, Singular 600 SC + Karate Zeon 250 CS e Singular 600 SC, 96 horas após da aplicação dos tratamentos, ocasionou a morte de 96,0 a 100,0 % da população de bicudos avaliados. 2. Chess 400 WG + Karate Zeon 250 CS, Talstar 100 CE, Pirate 240 SC, Safety 300 CE + Curbix 200 SC, Engeo Pleno SC, Curbix 200 SC, Nexide 150 CS + Curbix 200 SC e Nexide 150 CS promoveram a morte de 80,0 a 92,50 % de bicudos, tornando-se boas opções para a rotação de princípios ativos. 3. Novos estudos voltados para verificar o efeito residual de inseticidas, contaminação tarsal, efeitos de adjuvantes na eficiência de inseticidas, entre outros, são necessários.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Referências Bibliográficas FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. São Paulo, Ceres. 1981. 314 p. SANTOS, W. J. Manejo das pragas do algodão com destaque para o cerrado brasileiro, p.403-478. In: FREIRE E. C. (ed.). Algodão no cerrado do Brasil. Brasília, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 2007. 918p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. SILVIE, P. J.; THOMAZONI, D.; SORIA, M. F.; SARAN, P. E.; BÉLOT, J. L. Boletim de Identificação: Pragas e seus danos em algodoeiro. IMA-MT, n.1, 2013.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-02-2014/2015
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INSETICIDAS NO TRATAMENTO DE SEMENTES PARA O CONTROLE DAS PRAGAS INICIAIS DA CULTURA DO ALGODÃO SAFRINHA Trips (Frankliniella schultzei) e Mosca Branca (Bemisia spp.)
Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO Dentre as pragas que acometem a cultura do algodão nas primeiras fases de desenvolvimento, a mosca branca (Bemisia spp.) e o tripes (Frankliniella schultzei) têm sido limitantes, retardando o desenvolvimento de plântulas e onerando os custos da lavoura com aplicações sequenciais de inseticidas para o controle dessas pragas. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de inseticidas aplicados no tratamento de semente no controle da mosca branca e tripes nas primeiras fases de desenvolvimento do algodoeiro. Com base nos resultados alcançados, a aplicação industrial de inseticida, realizada no tratamento 11 (CropStar - 2,4 L/100kg de sementes) foi superior aos demais tratamentos analisados, seguido do tratamento 3. Cropstar (2,4 L/100kg de sementes) onde o produto foi adquirido e aplicado seguindo as recomendações do fabricante. Os demais tratamentos não demonstraram eficiência para o controle dessas pragas. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Dentre as principais pragas das grandes culturas atualmente estabelecidas nos Cerrados Brasileiros, a mosca branca (Bemisia spp.) destaca-se, utilizando-se destas culturas (algodão, soja, feijão, entre outras), estabelecidas em rotação ou sucessão, para o desenvolvimento de suas populações, as chamadas ‘pontes biológicas’. Outros problemas que fazem dessa praga um problema, é a capacidade de sobreviver na entressafra em uma vasta gama de hospedeiros alternativos, a capacidade de transmitir e disseminar vírus fitopatogênicos e o desenvolvimento de resistência a alguns inseticidas (FAION, 2005). Todas essas características, somada a alta taxa de reprodução, fazem dessa uma praga-chave em diversos agrossistemas. Assim como a mosca branca, o tripes (Frankliniella spp.) é também considerada uma praga altamente polífaga, tendo como hospedeiras espécies silvestres e cultivadas, onde ambas as pragas se utilizando destas para alcançarem o algodoeiro ao longo dos ciclos de cultivo. Entre 18
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
a emergência e os 20/25 dias após, principalmente em condições de estiagem, costuma ser o período crítico para o tripes, onde os danos são observados. Não frequentemente, esta praga pode acarretar problemas durante o florescimento induzindo a queda de botões e flores. Para o controle, o uso de inseticidas tem sido recomendado, tanto no tratamento de sementes ou aplicação no sulco, como também, em casos de alta infestação, aplicações foliares (SANTOS, 2011). Visto a problemática ocasionada por estas pragas, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de cinco diferentes inseticidas, isolados ou em misturas, no tratamento de sementes.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de 16/03 (data do plantio) a 06/04 de 2015. Sementes da variedade FM 975 WS sem tratamento químico foram utilizadas para a aplicação dos tratamentos descritos na Tabela 1. As sementes foram tratadas conforme as recomendações dos fabricantes, ou para aqueles tratamentos onde o produto não era destinado para tal finalidade, foi adotado uma metodologia padrão para realizar a aplicação dos defensivos. Cada tratamento foi composto de 4,0 repetições, sendo cada uma composta de 4,0 linhas de 10 m de comprimento, espaçadas 0,90 m, totalizando 36 m2 por parcela. O delineamento experimental foi em blocos casualizados (DBC). As avaliações foram realizadas nos dias 26/03, 5,0 dias após a emergência (DAE), 31/03, 10 DAE e dia 05/04, 15 DAE. Para as avaliações de danos foi utilizada a escala de notas descrita na tabela 2 e para a avaliação da Sanidade de plantas a escala descrita na tabela 3. Para as análises do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (FERREIRA, 2011), e os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
19
TABELA 1. Tratamentos aplicados para a avaliação do efeito de diferentes inseticidas no controle de Tripes (Frankliniella schultzei) e Mosca-Branca (Bemisia spp.) no Algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 2. Escala de notas aplicadas para a avaliação dos danos de tripes (Frankliniella schultzei) e mosca-branca (Bemisia spp.) em plântulas de algodão submetidas a diferentes tratamentos de sementes. Fundação Goiás, 2014/2015.
20
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TABELA 3. Escala de notas aplicadas para a avaliação da sanidade de plântulas de algodão submetidos a diferentes tratamentos de sementes para o controle de pragas iniciais da cultura, tripes (Frankliniella schultzei) e mosca-branca (Bemisia spp.). Fundação Goiás, 2014/2015.
RESULTADOS Por ocasião das avaliações não foram observados sintomas visuais de fitotoxicidade nas plântulas ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos aplicados na semente. Os resultados analisados estatisticamente estão apresentados na tabela 4 e nas figuras 1 e 2. Na primeira avaliação, realizada cinco dias após a emergência, a exceção do tratamento 11. Padrão, sementes tratadas industrialmente, que não apresentou nenhum dano ocasionado por tripes ou mosca branca, para os demais, foram constatados danos leves. Quanto a sanidade, característica avaliada visualmente, os tratamentos 11. Padrão (Trat. Industrial), 2. Cruiser 350 FS (0,9 L/100kg), 3. Cropstar (2,4 L/100kg) e 9. Marshal Star (1,5 L/100kg) proporcionaram melhor qualidade de plântulas (Tabela 4; Figura 1 e 2). Diferentemente da primeira avaliação, a segunda, realizada 10 dias após a emergência das plântulas, o menor nível de dano foi observado no tratamento 11. Padrão (Trat. Industrial), sendo este superior aos demais analisados, seguido pelo tratamento 3. Cropstar (2,4 L/100kg). Os demais foram acometidos com danos elevados. Fato semelhante ocorreu para a sanidade de plântulas, onde o melhor resultado foi constatado para os tratamentos 11. Padrão (Trat. Industrial) e 3. Cropstar (2,4 L/100kg), sendo estes significativamente superiores aos demais (Tabela 4; Figura 1 e 2).
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Semelhantemente a avaliação anterior, a terceira, realizada 15 dias após a emergência, os melhores resultados foram constatados para os tratamentos 11. Padrão (Trat. Industrial) e 3. Cropstar (2,4 L/100kg). Ambos diferiram estatisticamente, sendo o tratamento 11. Padrão (Trat. Industrial) superior a todos os outros (Tabela 4; Figura 1 e 2). Visto a alta pressão dessas pragas nas primeiras fases de desenvolvimento da cultura, há a necessidade de avaliar o efeito de aplicações de inseticidas no final do ciclo da soja visando a redução dessas populações que tendem a migrar para as culturas de segunda safra, principalmente algodão safrinha. Os neonicotinóides em associação com outros produtos ou com aumento de dosagens não apresentaram resultados satisfatórios no controle de ambas as pragas. Há a necessidade de serem testados novos produtos, tais como, o Fipronil, para controle de tripes, e cyantraniliprole e sulfoxaflor para controle de mosca branca e tripes.
TABELA 4. Avaliação de diferentes produtos aplicados em “TS” (tratamento de sementes) para o controle de Tripes (Frankliniella schultzei) e Mosca Branca (Bemisia spp.) no Algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 1.
Sanidade de plântulas de algodoeiro mediante a diferentes tratamentos de sementes para o controle das pragas iniciais do algodão, tripes (F. schultzei) e mosca-branca (Bemisia spp.). Fundação Goiás, 2014/2015.
FIGURA 2. Danos em plântulas de algodoeiro ocasionados por tripes (F. schultzei) e mosca-branca (Bemisia spp.) mediante ao tratamento de sementes para o controle das pragas iniciais da cultura. Fundação Goiás, 2014/2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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FIGURA 1. ATratamentos aplicados em “TS” para o controle de Tripes (F. schultzei) e Mosca Branca (Bemisia spp.). Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se as seguintes conclusões: 1. O tratamento de sementes industrial com inseticidas (T11) CropStar (2,4 L/100 kg de sementes) apresentou os melhores resultados, superior aos demais tratamentos analisados. 2. O tratamento de sementes, realizado seguindo a recomendação do fabricante, também com Cropstar (2,4 L/100kg de sementes) (T3) foi o segundo mais eficiente para o controle das pragas iniciais da cultura do algodão. 3. Novos trabalhos devem ser realizados para a avaliação de outros inseticidas, tais como, Fipronil, para controle de tripes, e cyantraniliprole e sulfoxaflor para controle de mosca branca e tripes. 4. Em função dos resultados obtidos, há necessidade de se fazerem complementações com inseticidas foliares para melhorar a performance dos TS.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas FAION, M. Toxicidade de agrotóxicos utilizados no controle de Bemisia tabaci biótipo B, sobre fungos entomopatogênicos. Piracicaba: ESALQ, 2005. 86p. Dissertação de Mestrado. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. SANTOS, W. J. Manejo das pragas do algodão com destaque para o cerrado brasileiro, p.495-566. In: FREIRE. E. C. (ed). Algodão no cerrado do Brasil – 2a edição – revisada e ampliada. Brasília, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 1081p. 2011. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-03-2014/2015
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS QUÍMICOS DO CONTROLE DO ÁCARO-RAJADO (Tetranychus Urticae Koch) NA CULTURA DO ALGODOEIRO Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO O ácaro rajado (Tetranychus urticae Kock, 1836) é considerada uma importante praga da cultura do algodão, causando a queda prematura de folhas, e consequentemente perdas econômicas, tando na produtividade, quando qualidade da fibra. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de nove acaricidas/inseticidas para o controle de T. urticae em condições de casa de vegetação. Os resultados indicaram uma baixa eficiência dos produtos ultizados para o controle da praga, onde os melhores resultados foram alcaçados pelos tratamentos com Abamectina 36 EC na dosagens de 0,50 L/ha, Pirate a 1,0 e 1,5 L/ha, Omite a 1,50 L/ha e Oberon 240 SC (0,5 L/ha). Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO O ácaro-rajado (Tetranychus urticae Koch) é considerado uma das pragas de maior importância, tanto para grandes culturas, quanto para frutícolas, hortaliças e ornamentais, estando presentes em todas as áreas agrícolas do País. Esta praga encontra em hospedeiros alternativos, árvores, plantas espontâneas, entre outras, local para sua sobrevivência e multiplicação nos períodos de entre-safra. Nos Cerrados Brasileiro, onde normalmente a primeira cultura que se estabelece é a soja, período de safra, a praga encontra condições para se multiplicar e estabelecer suas populações. Com o final da safra, as populações desta praga migram para novas áreas onde estão se estabelecendo a safrinha. Como quase a totalidade das áreas cultivadas com o algodoeiro estão margeadas ou vem em sucessão à soja, a cultura recebe essas populações, que tornam-se mais um problema a ser administrado dentro do ciclo desta cultura. Entre as principais dificuldades de controle do ácaro-rajado, estão a capacidade de desenvolver resistência a acaricidas, tais como, dimetoato, enxofre, clorfenapir, abamectina, fenpiroximato, propargito e a milbemectina (SATO, 2014), a alta taxa reprodutiva, onde uma fêmea pode fazer a postura de até 60 ovos durante o ciclo de vida (cerca de 14 dias) (SANTOS, 2011), a utilização de inseticidas com baixa seletividade a inimigos naturais, o cultivo sucessivo 28
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de soja/algodão em anos subsequentes, ocasionando a entrada precoce da praga nas nas lavouras e a deficiência no monitoramento, o que leva a identificação tardia da presença da praga. Com base no exposto anteriormente, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de nove acaricidas/inseticidas para o controle de T. urticae em condições de casa de vegetação.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação nas dependências da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de 03/08 (data da aplicação dos tratamentos) a 18/08 de 2015. Sementes da variedade FM 980 GLT foram semeadas em vasos de 15 litros, contendo solo previamente fertilizado com 5,0 kg de super fosfato simples e 1,5 kg de cloreto de potássio por metro cúbico. Após a emergência, as plantas receberam duas adubações em cobertura com 5,0 g de Uréia e de cloreto de potássio aos 30 e 60 dias após o plantio. Ramos altamente infestados com a praga, oriundos de ‘áreas problema’ foram coletados e colocados em contato com as plantas sadias, artificialmente inoculando-as. Após o estabelecimento da praga, momentos antes da aplicação dos tratamentos descritos na tabela 1, foi realizada uma avaliação prévia, quantificando a população da praga em 2,0 folhas marcadas por planta. As demais avaliações foram realizadas 24, 72, 120, 168 e 240 horas após a aplicação dos tratamentos, onde foram avaliados o número de ácaros vivos com auxílio de uma lupa do tipo “conta-fios” (12x) (Figura 1). Para a aplicação dos tratamentos, foi utilizado um equipamento do tipo costal pressurizado com CO2, com barra de cinco bicos espaçados 0,50 m, cônicos vazio, ponta 1,5 e pressão constante de trabalho de 60 psi, obtendo assim, vazão 100 L/ha. Cada tratamento foi composto de 8,0 repetições, sendo 1,0 folha marcada considerada uma unidade experimental. O delineamento foi inteiramente casualizado (DIC), composto por 14 tratamentos. Para a análise do experimento foi utilizado do programa computacional Sisvar® (FERREIRA, 2011) e os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974). A eficiência dos tratamentos foi calculada com base na fórmula de Abbott (NAKANO et al. 1981). ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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FIGURA 1. Lupa conta fio (12X) utilizada para contagem de ácaros. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 1. Tratamentos aplicados para o controle do Ácaro Rajado (Tetranychus urticae) no algodão em estufa. Fundação Goiás, 2014/2015.
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RESULTADOS Por ocasião das avaliações não foram observados sintomas visuais de fitotoxicidade ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos aplicados. Os resultados analisados estatisticamente estão apresentados na tabela 2 e figura 2. Na primeira avaliação, realizada 24 horas após a aplicação dos inseticidas/acaricidas (AAI), seis tratamentos se destacaram, sendo superiores aos demais, contudo, nenhum deles promoveu um controle superior a 37,27%. Esses tratamentos foram o 5. Ortus 50 SC (1,0 L/ha) (23,21 %), 7. Abamectina 36 EC (0,4 L/ha) (30,56 %), 8. Abamectina 36 EC (0,5 L/ha) (21,56 %), 10. Pirate (1,0 L/ha) (27,84 %), 11. Pirate (1,5 L/ha) (37,27 %) e 13. Azamax (1,5 L/ ha) (26,81 %) (Tabela 2 e Figura 2). Na segunda avaliação (72 horas AAI), os tratamentos 7. Abamectina 36 EC (0,4 L/ha), 8. Abamectina 36 EC (0,5 L/ha), 10. Pirate (1,0 L/ha) e 11. Pirate (1,5 L/ha) foram os que promoveram maior eficiência de controle, sendo significativamente superiores aos demais, apresentando respectivamente, 54,74; 39,29; 32,03; e 49,36% de eficiência no controle do ácaro rajado (Tabela 2 e Figura 2). Na terceira e quarta avaliações, realizadas 120 e 168 horas AAI, os tratamentos 7. Abamectina 36 EC (0,4 L/ha), 8. Abamectina 36 EC (0,5 L/ha) e 11. Pirate (1,5 L/ha), junto com o tratamento 6. Omite (1,5 L/ha) na avaliação de 168 horas AAI, foram superiores significativamente, constatando respectivamente eficiências de 46,04; 42,69; e 43,76 % na avaliação de 120 horas AAI, e de 23,20; 17,96; 34,74; e 29,06 % na avaliação de 168 horas AAI (Tabela 2 e Figura 2). Na ultima avaliação, realizada 240 horas AAI, o único tratamento onde não se observou aumento da população inicial da praga foi o 11. Pirate (1,5 L/ha), sendo este estatisticamente superior aos demais tratamentos (Tabela 2 e Figura 2). Assim, os melhores tratamentos foram alcançados pelas aplicação de Abamectina 36 EC nas dosagens de 0,40 a 0,50 L/ha, Pirate a 1,5 L/ha e Omite a 1,50 L/ha. Contudo, nas condições em que foi conduzido o experimento, não foram identificadas boas opções para o controle do ácaro-rajado. Julga-se necessário que as primeiras aplicações ocorram nas fases iniciais de infestação da praga e de forma sequencial, para se alcançar melhores resultados. Recomenda-se ainda, que na entressafra, período de vazio sanitário, toda a área permaneça dessecada visando quebrar o ciclo da praga, e que seja realizado durante o ciclo da cultura o monitoramento ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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eficiente das áreas visando a identificação precoce de focos de T. urticae. A utilização de inseticidas desiquilibrantes, tais como os piretróides, nos primeiros 80 dias da cultura é fortemente indesejado, pois são pouco seletivos e eliminam inimigos naturais.
TABELA 2. Tratamentos aplicados para o controle do Ácaro Rajado (Tetranychus urticae) no algodão em estufa. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 2. População de ácaros antes (Prévia) e 24, 72, 120, 168 e 240 horas após a aplicação dos tratamentos. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se as seguintes conclusões: 1. Nenhum dos inseticidas utilizados para o controle do ácaro-rajado (Tetranychus urticae) apresentou eficiência satisfatória. 2. Os inseticidas Abamectina 36 EC na dosagens de 0,50 l/ha, Pirate a 1,0 e 1,5 L/ ha, Omite a 1,50 L/ha e Oberon 240 SC (0,5 L/ha), mantiveram após 240 horas, a população da praga nos níveis próximos aos observados na avaliação prévia. 3. Para melhorar a eficiência do controle químico, recomenda-se a utilização dos inseticidas nos primeiros sinais de infestação de T. urticae e que seja realizada aplicações sequenciais. 4. Para o controle de T. urticae é necessário a integração de diferentes medidas, tais como, a manutenção da área dessecada durante o vazio sanitário para a interrupção do ciclo da praga e o monitoramento da cultura visando identificar focos precocemente.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. GAUER, E.; DEGRANDE, P. E.; SORIA, D. T; SORIA, M. F. Controle químico de pragas e sua repercussão na população do ácaro rajado Tetranychus urticae (kock, 1836) na cultura do algodoeiro. 10o Congresso Brasileiro do Algodão, resumo n.270-1, 2015. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. São Paulo, Ceres. 1981. 314 p. SANTOS, W. J. Manejo das pragas do algodão com destaque para o cerrado brasileiro, p.495-566. In: FREIRE. E. C. (ed). Algodão no cerrado do Brasil – 2a edição – revisada e ampliada. Brasília, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 1081p. 2011. SATO, M. E. Manejo da resistência do ácaro rajado em culturas. IRAC- BR, Folder. 2010. Disponível em: < http://www. irac-online.org/documents/resistencia-de-acaro-rajado/?ext=pdf >. Acesso em: 05 de novembro de 2015. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-04-2014/2015
AVALIAÇÃO DO EFEITO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DA LAGARTA FALSA-MEDIDEIRA (Chrysodeixis Includens WALKER) NA CULTURA DA SOJA E EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO. Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO A falsa-medideira, Chrysodeixis includens Walker, vem causando sérios danos nas regiões produtoras de soja e algodão e o seu controle é dificultado pela posição que ela ocupa na planta, terços médio e inferior, causando alta desfolha e perdas na produção. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar diferentes inseticidas para o controle da lagarta, em condições de campo e laboratório. Baseando-se nos resultados alcançados, pôde-se constatar que os inseticidas Tracer 480 SC (200 ml/ha), Avatar 150 SC (400 ml/ha) e Pirate 240 SC (1000 ml/ha), Lannate 215 SL (2000 ml/ha), Abamex 18 CE (1000 ml/ha) e Clorpirifós 480 BR (1500 ml/ha) constituem-se boas opções para o controle de C. includens em lavouras de soja. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Chrysodeixis includens Walker, também chamada de falsa-medideira, é uma lagarta encontrada em todas as regiões produtoras de soja no Brasil (MARSARO JUNIOR et al., 2010). Esta praga é caracterizada como polífaga, apresentando cerca de 73 hospedeiras no País, o que contribui para sua sobrevivência nos períodos de entressafra, contudo, claramente apresentando maior adaptação na cultura da soja (BERNARDI, 2012). Até recentemente, safra 2010/2011, a lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens Walker) não era considerada uma praga primaria da cultura da soja, contudo, já na safra 2011/2012, o comportamento dessa espécie foi modificado, tornando-se um grave problema para a cultura, sendo relatados vários surtos em diferentes localidades (BERNARDI, 2012). Segundo Jensen et al. (1974) e Bernardi (2012), nos Estados Unidos, os frequentes surtos observados em soja parecem ser intensificados quando estas lavouras estão próximas a áreas onde está sendo cultivado o algodão. Ainda segundo os autores, quando as mariposas foram alimentadas com néctar do algodoeiro, estas aumentaram sua longevidade e consequentemente o período de ovoposição, intensificando assim o ataque da praga. De acordo com ensaios a campo, realizados por Johnson et al. (1976) e Sosa-Gómez et al. (2003), a utilização de fungicidas de amplo espectro, tais como, benomil ou difenoconazol, 38
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pode ocasionar a surtos de lagartas na cultura da soja, pois esses fungicidas têm efeito direto sobre um dos principais inimigos naturais dessas pragas, o fungo entomopatogênico Nomuraea rileyi. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes inseticidas no controle de C. includens, em lavoura comercial e condições de laboratório.
MATERIAL E MÉTODOS Foram idealizados conduzidos dois experimentos para verificar o efeito de diferentes defensivos para o controle da falsa-medideira na cultura da soja. O primeiro foi realizado em condições de campo, na Fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, no período de 17/01 a 23/01 de 2015. O segundo ensaio foi conduzido em condições de laboratório nas dependências da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de 25/01 a 27/01 de 2015. Ensaio 1: Campo O experimento de campo foi composto de 21 tratamentos com 4,0 repetições, delineado em blocos casualizados. Cada parcela ocupou uma área de 49,5 m2, sendo 11 linhas com 10 m de comprimento espaçadas 0,45 m. Para a aplicação dos tratamentos (Tabela 1), foi utilizado uma bomba costal pressurizada com CO2, barra de cinco bicos espaçados 0,5 m, do tipo cônicos vazio, ponta 015 e pressão constante de trabalho de 60 psi, obtendo assim, vazão 100 L/ha. Foram realizadas 4,0 avaliações, sendo a primeira (prévia), momentos antes da aplicação dos tratamentos (17/01). As demais foram realizadas 24, 72 e 144 horas após a aplicação (AA). Ensaio 2: Laboratório Para a condução deste ensaio, lagartas foram coletadas na Fazenda Santa Maria do Mirante no dia 25/01. Estas foram transportadas em caixa térmica, contendo folhas de soja para a alimentação da praga. No dia 26/01, as lagartas foram separadas em 3,0 grupos, pela dimensão longitudinal ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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do corpo: 1o. lagartas com até 1,0 cm; 2o lagartas com 1,1 a 2,0 cm; e 3o lagartas com mais de 2,0 cm de comprimento. Estas ainda foram subdivididas em grupos de 10 indivíduos e acondicionadas em potes plásticos com bordas de 1,5 cm de altura. Para cada tratamento, defensivos x estádio de desenvolvimento da praga, foram utilizados 4,0 potes, sendo cada um considerado uma unidade experimental. Após a separação e acondicionamento das lagartas, os tratamentos foram aplicados (Tabela 1), utilizando-se o mesmo pulverizador e regulagens anteriormente descritas. A avaliação dos tratamentos foi realizada 24 horas após, no dia 27/01/2015, quantificando lagartas mortas e vivas. As análises foram realizadas com o auxílio do programa computacional Sisvar® (FERREIRA, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974). A eficiência dos tratamentos foi calculada com base na fórmula de Abbott (NAKANO et al. 1981).
TABELA 1. Tratamentos aplicados em condições de campo na Fazenda Santa Maria do Mirante no Município de Turvelândia e em condições de laboratório nas dependências da Fundação Goiás, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
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RESULTADOS NÃO DISCUTIDOS Por ocasião das avaliações não foram observados sintomas visuais de fitotoxicidade nas plantas ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais, a fatores nutricionais, climáticos ou ao manejo da cultura. Os resultados estão apresentados nas tabelas 3 e 4 e figuras 1.
AVALIAÇÃO DE CAMPO Antes da aplicação dos tratamentos foi realizada uma avaliação prévia, onde foi constatado a presença da lagarta em todas as parcelas, contudo com diferentes níveis populacionais (Tabela 3; Figura 1). Na primeira avaliação, realizada 24 horas Após a Aplicação (AA) dos tratamentos observou-se uma forte redução no número de lagartas nos tratamentos 7- Pirate 240 SC (1000ml/ha), 12- Avatar 150 SC (400ml/ha), 6- Tracer 480 SC (200ml/ha) e o 8- Larvin 800 WG (400ml/ha), sendo estes superiores aos demais tratamentos avaliados (Tabela 3; Figura 1). Semelhante ao ocorrido na primeira avaliação, na segunda, realizada 72 horas AA dos tratamentos, os tratamentos que resultaram na maior redução de lagartas foram o 6- Tracer 480 SC (200ml/ha), 12- Avatar 150 SC (400ml/ha) e 7- Pirate 240 SC (1000ml/ha), sendo significativamente superiores aos demais. Em um segundo grupo de eficiência estavam os inseticidas Premio 200 SC (150ml/ha), Belt 480 SC (100ml/ha), Larvin 800 WG (400ml/ha) e Clorpirifós 480 BR (1500 ml/ha) (Tabela 3; Figura 1). A terceira avaliação, realizada 72 horas AA dos tratamentos, além daqueles constatados na segunda avaliação, o inseticida Premio 200 SC (150ml/ha) também compôs o grupo que proporcionou a maior redução na população da praga (Tabela 3; Figura 1). Quanto avalia-se o comportamento da praga ao longo de 144 horas (AACPP – Aréa abaixo da curva de progresso da praga), os tratamentos com os inseticidas Tracer 480 SC (200ml/ha), Avatar 150 SC (400ml/ha) e Pirate 240 SC (1000ml/ha) foram os que mais contiveram a falsa-medideira dentro da parcela experimental, proporcionando nesse período, respectivamente, 75,76; 71,93; e 64,94 % de redução (Tabela 3; Figura 1).
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Uma das principais causas da baixa eficiência no controle químico de pragas está relacionada à tecnologia de aplicação, assim, estudos devem ser realizados visando as variáveis envolvidas nesta prática, para que os produtos atinjam o alvo com maior eficiência.
TABELA 3. Tratamentos aplicados em condições de campo na Fazenda Santa Maria do Mirante no Município de Turvelândia – GO. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 1. TEficiência de diferentes inseticidas no controle da lagarta FalsaMedideira (Chrysodeixis includens) avaliados 24, 72 e 154 horas após a aplicação dos tratamentos. Fundação Goiás, 2014/2015.
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AVALIAÇÃO EM LABORATÓRIO Neste experimento os dois melhores inseticidas para o controle da falsa-medideira foram o Pirate 240 SC (1000ml/ha) e o Lannate 215 SL (2000ml/ha), acarretando 100% de mortalidade para todas as lagartas testadas, independentemente do estádio de desenvolvimento, pequenas, médias ou grandes, sendo estes tratamentos significativamente superiores aos demais tratamentos avaliados. Apresentando eficiência estatisticamente abaixo dos tratamentos anteriores, contudo, bons resultados também foram constatados parra os tratamentos onde foram aplicados os inseticidas Tracer 480 SC (200ml/ha), Clorpirifós 480 BR (1500ml/ha), Talstar 100 CE (500ml/ha), Avatar 150 SC (400ml/ha), Acefato 750 (1200ml/ha) e Abamex 18 CE (1000ml/ha), que apresentaram eficiência de controle que variou de 68,68 a 100,0 % (Tabela 4). Aplicações realizadas em condições de laboratório, mostraram que a eficiência de controle, por parte dos inseticidas testados, foi maior quando realizadas em lagartas mais jovens. Assim, deve-se priorizar o controle químico de C. includens nas primeiras fases de desenvolvimento.
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TABELA 4. Tratamentos aplicados sobre as lagartas (Chrysodeixis includens), em condições de laboratório. As lagartas foram coletadas na fazenda Sta. Maria do Mirante, no Município de Turvelândia, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se as seguintes conclusões: 1. Nenhum dos inseticidas utilizados para o controle do ácaro-rajado (Tetranychus urticae) apresentou eficiência satisfatória. 2. Os inseticidas Abamectina 36 EC na dosagens de 0,50 l/ha, Pirate a 1,0 e 1,5 L/ha, Omite a 1,50 L/ha e Oberon 240 SC (0,5 L/ha), mantiveram após 240 horas, a população da praga nos níveis próximos aos observados na avaliação prévia. 3. Para melhorar a eficiência do controle químico, recomenda-se a utilização dos inseticidas nos primeiros sinais de infestação de T. urticae e que seja realizada aplicações sequenciais. 4. Para o controle de T. urticae é necessário a integração de diferentes medidas, tais como, a manutenção da área dessecada durante o vazio sanitário para a interrupção do ciclo da praga e o monitoramento da cultura visando identificar focos precocemente.
Santa Helena de Goiás, 13 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas BERNARDI, O. Avaliação do risco de resistência de lepidópteros-praga (Lepidóptera: Noctuidae) à proteína Cry1Ac expressa em soja MON 87701 x MON 89788 no Brasil. 2012. 144f. Tese (Doutorado em Entomologia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2012. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. JENSEN, R. L.; NEWSON, L. D. ; GIBBENS, J. Soybean Looper; effect of adult nutrition on oviposition, mating frequency and longevity. Journal of Economic Entomology, v. 67, p. 467-4760, 1974. JOHNSON, D.W.; KISH, L.P.; ALLEN, G.E. Field evaluation of selected pesticides on the natural development of the entomopathogen, Nomuraea rileyi, on the velvetbean caterpillar in soybean. Environ. Entomol., v.5, n.5, p. 964-966, 1976. MARSARO JUNIOR, A. L.; Pereira, P. R. V. da S.; Silva, W. R. da; Griffel, S. C. P. Flutuação populacional de insetos-praga na cultura da soja no estado de Roraima. Revista Acadêmica de Ciências Agrárias e Ambientais, v. 8, p. 71-76, 2010. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. São Paulo, Ceres. 1981. 314 p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. SOSA-GÓMEZ, D. R.; DELPIN, K. E.; MOSCARDI, F.; NOZAKI, M. H. The impact of fungicides on Nomuraea rileyi (Farlow) Samson epizootics and on populations of Anticarsia gemmatalis Hubner (Lepidoptera: Noctuidae), on soybean. Neotropical Entomology, Londrina, v.32, n.2, p.287-291, 2003.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-05-2014/2015
USO DE DIFERENTES IMPLEMENTOS MECÂNICOS PARA AUXILIAR NO CONTROLE QUÍMICO DE SOQUEIRAS DE ALGODÃO COM 2,4-D Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO A utilização de herbicidas é a prática mais difundida para destruição das soqueiras do algodoeiro, devido à praticidade e elevado rendimento na operação, quando comparado ao elevado custo e do pouco tempo disponível para a destruição mecânica e preparo do solo. Entretanto, a eficácia desta prática muitas vezes não tem apresentado os resultados almejados, tornando-se necessário a busca por novas metodologias/tecnologias para melhorar esta prática. Dentro desse contexto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência da aplicação do herbicida 2,4-D sobre os ferimentos causados pelo triton, colhedora e rolo-faca, no caule e ramos laterais de plantas de algodão, após a colheita. Os resultados indicaram que a utilização do rolo-faca associado à aplicação de 2,4-D + Assist (1,0 %) proporcionou eficiência de controle acima de 96,0 % na erradicação da soqueira do algodão. Novos ensaios devem ser realizados buscado novas metodologias/tecnologias que permitam aumentar a eficiência das práticas aplicadas na erradicação das soqueiras do algodoeiro. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Amparada por medidas legislativas, a eliminação dos restos culturais do algodoeiro, após a finalização da safra, é medida obrigatória orientada pela Instrução Normativa Agrodefesa nº 4 de 10/06/2014, que orienta sobre as ‘medidas fitossanitárias para a prevenção e o controle do bicudo do algodoeiro - Anthonomus grandis - em cultivos de algodão no Estado de Goiás’. Além do bicudo, essa prática também colabora para o controle de outras pragas e doenças (ALMEIDA MELO, 2011). O método mecânico para a eliminação da soqueira do algodão apresenta sérias limitações de eficácia, custo, tempo e degradação do solo. Esta prática consiste da utilização de arrancadores de soqueira, grades e arados, o que tem ocasionado elevado revolvimento do solo, favorecendo a erosão hídrica e eólica, principalmente nas áreas de cerrado, onde ocorrem ventos fortes na entressafra (período seco) e chuvas de alta intensidade no início da safra. Esse intenso revolvimento do solo pode causar o surgimento de camadas subsuperficiais adensadas, comprometendo a penetração de raízes e água no perfil do solo, além disso, os níveis de 48
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matéria orgânica tendem a serem reduzidos e as variações de temperatura e umidade do solo menos estáveis (ANDRADE JUNIOR, E. R., 2013). A destruição química da soqueira do algodoeiro vem sendo adotada pela maior parte dos cotonicultores do País, pois tem-se constituído boa opção para evitar a movimentação excessiva do solo e consequentemente implantação do sistema de plantio direto, com redução de custos, uma vez que a destruição mecânica é uma prática onerosa, e colaborando para a sustentabilidade do agrossistema (ANDRADE JUNIOR, et al., 2015; ALMEIDA MELO, et al., 2015). Os herbicidas 2,4-D e Glifosato, isolados ou em mistura, tem sido os mais utilizados para a destruição da soqueira do algodoeiro, aplicados normalmente em sequência. Esses produtos possuem ação sistêmica, sendo transportados através dos vasos até as zonas de crescimento dos ápices caulinares e radiculares. Assim, esse trabalho teve como objetivo avaliar a aplicação de 2,4-D, em mistura com diferentes adjuvantes, sob os danos/ferimentos causados pelo Triton, Colhedora e Rolo-Faca.
MATERIAL E MÉTODOS Foram idealizados conduzidos dois experimentos para verificar o efeito de diferentes defensivos para o controle da falsa-medideira na cultura da soja. O primeiro foi realizado em condições de campo, na Fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, no período de 17/01 a 23/01 de 2015. O segundo ensaio foi conduzido em condições de laboratório nas dependências da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de 25/01 a 27/01 de 2015. Ensaio 1: Campo O experimento de campo foi composto de 21 tratamentos com 4,0 repetições, delineado em blocos casualizados. Cada parcela ocupou uma área de 49,5 m2, sendo 11 linhas com 10 m de comprimento espaçadas 0,45 m. Para a aplicação dos tratamentos (Tabela 1), foi utilizado uma bomba costal pressurizada ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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com CO2, barra de cinco bicos espaçados 0,5 m, do tipo cônicos vazio, ponta 015 e pressão constante de trabalho de 60 psi, obtendo assim, vazão 100 L/ha. Foram realizadas 4,0 avaliações, sendo a primeira (prévia), momentos antes da aplicação dos tratamentos (17/01). As demais foram realizadas 24, 72 e 144 horas após a aplicação (AA). Ensaio 2: Laboratório Para a condução deste ensaio, lagartas foram coletadas na Fazenda Santa Maria do Mirante no dia 25/01. Estas foram transportadas em caixa térmica, contendo folhas de soja para a alimentação da praga. No dia 26/01, as lagartas foram separadas em 3,0 grupos, pela dimensão longitudinal do corpo: 1o. lagartas com até 1,0 cm; 2o lagartas com 1,1 a 2,0 cm; e 3o lagartas com
TABELA 1. Herbicidas aplicados para o controle da soqueira do algodão após danos ocasionados por diferentes implementos, Triton, Colhedora e Rolo-Faca. Fundação Goiás, 2014/2005.
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RESULTADOS A partir dos resultados obtidos, constatou-se interação significativa entre herbicidas e o agente causal de ‘dano/ferimento’ na planta (triton, colhedora e rolo-faca). Os resultados das avaliações estão expostos nas tabelas 1 e 2. Na primeira avaliação, realizada 25 dias após a primeira aplicação dos tratamentos, no dia 23/08/2015, a maior eficiência dos tratamentos foi observada sob as áreas onde foram utilizados o triton e o rolo-faca, sendo significativamente superior aos tratamentos aplicados onde foi realizado o ‘dano’ de colhedora (Tabela 1). Ainda na primeira avaliação, nenhuma diferença foi observada entre os tratamentos com aplicação de 2,4-D na área onde foi utilizado o triton, sendo todos significativamente superiores ao tratamento testemunha (sem aplicação). A eficiência desses variou entre 28,99 (T5- 2,4 D + Komus) e 40,98 % (T3- 2,4 D + Good Spray). Na área onde foi utilizado o rolo-faca, a eficiência variou entre 28,74 e 41,59 %, entre os tratamentos onde foi aplicado o herbicida 2,4-D com diferentes combinações de adjuvantes. Ainda na área onde foi utilizado o rolo-faca, os tratamentos 2- 2,4 D + Assist (38,1 %); 3- 2,4 D + Good Spray (38,12 %); 4- 2,4 D + Good Spray + Assist (41,59 %); e 6- 2,4 D + Fuland + Assist (38,06 %), foram superiores significativamente que os demais avaliados (Tabela 1). Na segunda avaliação, realizada no dia 17/10/2015, 25 dias após a segunda aplicação dos tratamentos com 2,4-D + adjuvantes, os melhores resultados, significativamente superiores aos demais, foram alcançados na área onde utilizou-se o implemento rolo-faca. A eficiência desses tratamentos, em ordem crescente foi: 5- 2,4 D + Komus (93,83 %); 7- 2,4 D + Fosfito de K + Assist (94,48 %); 4- 2,4 D + Good Spray + Assist (94,71%); 1- 2,4 D + Assist (95,01 %); 6- 2,4 D + Fuland + Assist (95,21 %); 3- 2,4 D + Good Spray (95,94 %); e 2- 2,4 D + Assist (96,09 %) (Tabela 1). Os resultados obtidos nesse experimento indicam alta eficiência do implemento rolofaca em causar ferimentos aos caules e ramos laterais, que tornaram-se ‘portas de entrada’/ rotas de absorção do herbicida 2,4-D, proporcionando maiores eficiências na eliminação de soqueira de algodão. Dentre os adjuvantes avaliados, mesmo não sendo observado diferença significativa, o Assist a 1,0% junto com o 2,4-D atingiu o maior valor de controle 96,09 %.
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TABELA 2. Efeito da primeira e segunda aplicações de 2,4-D associado a diferentes adjuvantes e ‘danos/ferimentos’ à planta, ocasionados por triton, colhedora e rolofaca. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. A utilização do implemento rolo-faca como agente causal de ferimentos em plantas de algodoeiro, associando à aplicação do herbicida 2,4-D (806,0 g/l) + Assist (1,0 %) proporcionou eficiência acima de 96,0 % na eliminação da soqueira de algodão. 2. Novos ensaios devem ser realizados visando avaliar metodologias/tecnologias que aumentem a eficiência na erradicação da soqueira do algodoeiro: a. utilização do ‘correntão’, cuja a vantagem principal é o alto rendimento operacional; e b. tecnologias de aplicação que aumente a eficiência dos herbicidas em atingir o alvo.
Santa Helena de Goiás, 13 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas ALMEIDA MELO, F. L.; CHIAVEGATO, E. J.; KUBIAK, D. M. Manejo químico da rebrota do algodoeiro no sistema plantio direto. Acessado em 29/10/2015 <http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/algodao/publicacoes/trabalhos_cba4/330. pdf>. ANDRADE JUNIOR, E. R. Destruição química de soqueira em algodão convencional no MT. In: 9o Congresso Brasileiro do Algodão. Sala especializada 11. Acessado em 29/10/2015 <http://www.congressodoalgodao.com.br/livro-deresumos/arquivos/pdf/palestras/SE11-Andrade.pdf>. ANDRADE JUNIOR, E. R.; CAVENAGHI, A. L.; GUIMARÃES, S. C.; OVEJERO, R. F. L. Controle químico de soqueira do algodoeiro tolerante ao Glyphosate. In: 10o Congresso Brasileiro do Algodão. Resumo, 343-2. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. SILVA, O. R. R. F. da; LAMAS, F. M.; FERREIRA, A. C. de B.; SOFIATTI, V.; MEDERIOS, J. da C. Manejo dos restos culturais do algodoeiro. In: FREIRE, E. C. (ed.) Algodão no cerrado do Brasil. Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – ABRAPA. Aparecida de Goiânia, 2011, p.331-344.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-06-2014/2015
AVALIAÇÃO DO EFEITO DE DIFERENTES HERBICIDAS E COMBINAÇÕES NO CONTROLE DE ALGODÃO RR VOLUNTÁRIO EM LAVOURA DE SOJA RR Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO As novas tecnologias de resistência a herbicidas aplicadas no algodoeiro, especificamente ao glifosato, limitou o manejo dessa espécie em meio a lavouras de soja também resistente a este herbicida. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar diferentes herbicidas no controle do algodão RR voluntário em meio a lavoura de soja RR. Os melhores resultados foram alcançados com a utilização dos herbicidas Radiant, na dosagem de 0,4 l/ha, e Flex, em duas dosagens, 0,4 e 0,5 l/ha. Novos estudos devem ser realizados visando definir ajustes de dosagens e novas tecnologias de aplicação, que permitam aumentar a eficiência de controle. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Entre os problemas que acometem o algodoeiro, pode-se destacar as perdas durante a colheita, onde em média vem sendo constatado cerca de 5,0 a 7,0% na produtividade. A partir das perdas, as sementes que permanecem no solo, germinam ao longo do tempo (dormência), durante o vazio sanitário ou mesmo no período de safra em meio a soja, favorecendo a multiplicação de pragas, como o bicudo (Anthonomus grandis Boheman) entre outras (SILVA et al, 2011). Com o advento das novas tecnologias de resistência a herbicidas aplicadas no algodoeiro, destaca-se a resistência ao glifosato, que por um lado favoreceu o manejo de plantas daninhas durante a safra, entretanto, criou-se um problema que limitou uma das principais ferramentas para a destruição da soqueira e de plantas oriundas da germinação de sementes em meio a lavouras de soja com a mesma tecnologia, sendo na maior parte das vezes, necessitando de aplicações sequenciais de herbicidas para melhorar a eficácia (FERREIRA, 2015). Com a adoção desta tecnologia por parte dos cotonicultores, torna-se fundamental que novas estratégias sejam criadas para o manejo das plantas voluntárias de algodão. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar diferentes herbicidas no controle de plantas voluntárias de algodão RR em meio a lavouras de soja RR.
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MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na Fazenda São Sebastião, município de Montividiu, Estado de Goiás, no período de dezembro de 2014 a fevereiro de 2015. Nesta área foi semeada na safra 2013/2014 a variedade DP 555 BG RR de algodoeiro resistente ao glifosato. Sobre os restos culturais do algodoeiro, no dia 20/10/2014 foi realizado o plantio da variedade SYN 1163 RR de soja, também resistente ao glifosato. No intuito de eliminar o algodoeiro RR em meio a soja RR, foram definidos 9,0 tratamentos com combinações de herbicidas (Tabela 1). Cada tratamento recebeu duas aplicações sequenciais em V1 e V6, no intervalo de 15 dias, respectivamente aos 24 e 39 dias após a emergência (DAE) da soja. Os tratamentos foram compostos de 4,0 repetições, sendo cada uma formada por 12 linhas, espaçadas 0,45 m e 10 m de comprimento. No pré-plantio da soja foi realizada a dessecação da área com a combinação 2,4 D (0,8 L/ha) + Glifosato (4,0 L/ha), comum a todos os tratamentos. Para a aplicação dos tratamentos, foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a base de CO2, com barra de pulverização de 2,5 m, contendo seis bicos do tipo ‘leque’ 80 02, espaçados 0,5 m. Foi adotada a pressão de trabalho de 2,5 bar o que promoveu uma vazão de 150 L/ha. Para a quantificação dos resultados, foram avaliadas as seguintes variáveis: 1a fitotoxidez dos tratamentos sobre as plantas de soja; 2a eficiência dos tratamentos no controle das plantas voluntárias de algodão; e 3a altura de plantas na pré-colheita. Para a avaliações da fitotoxidez foi utilizada a escala de notas EWRC (1964) adaptada, descrita na tabela 2, sendo realizadas aos 5,0 e 14 dias após a primeira e segunda aplicações dos tratamentos. A eficiência de controle, calculada através da formula de Abbott (NAKANO et al. 1981) foi realizada através da quantificação e do estádio de desenvolvimento das plantas de algodão emergidas em cada parcela, sendo avaliadas as entrelinhas da terceira e quarta linhas após a primeira aplicação dos tratamentos (14 dias após a primeira aplicação) e as entrelinhas da oitava e nona linhas após a segunda aplicação dos tratamentos (14 dias após a segunda aplicação), excluindo 2,0 m de cada extremidade, seguindo a proposta de Marur e Ruano (2001) (Tabela 3). A avaliação da altura de plantas foi realizada mensurandose 10 plantas aleatoriamente dentro de cada parcela útil nas linhas centrais aos 98 DAE. As análises foram realizadas com o com auxílio do programa computacional Sisvar®
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(FERREIRA, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
TABELA 1. Tratamentos aplicados na variedade SYN 1163 RR de soja para o controle do algodoeiro voluntário DP 555 BG RR. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 2.
Escala de notas EWRC (1964, adaptada) aplicada na quantificação da fitotoxicidade dos tratamentos sobre plantas de soja. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 3. Escala para a avaliação do estádio fenológico de plantas voluntárias de algodão (Marur e Ruano, 2001). Fundação Goiás, 2014/2015.
MATERIAL E MÉTODOS Em relação a fitotoxicidade, os herbicidas que ocasionaram menores danos em plantas de soja foram o tratamento onde foi aplicado apenas Glifosato (2 l/ha), vindo na sequência, Imazetapir (0,2 e 0,3 l/ha), Flex (0,4 l/ha), Pacto 840 WG (20 g/ha) e Radiant (0,3 l/ha). O tratamento que causou maior fitotoxicidade foi o tratamento 1 (Aurora - 10 ml/ ha). Seguindo a tendência dos resultados de fitotoxicidade, a altura de plantas mensurada para cada tratamento identificou que o Imazetapir (0,2 l/ha) foi o que menos interferiu no desenvolvimento das plantas, não diferindo do tratamento com Glifosato (2 l/ha) e sendo a altura, superior significativamente aos demais tratamentos. Os demais também foram superiores ao tratamento com Aurora - 10 ml/ha, e em valores absolutos de altura pouco diferiram dos melhores tratamentos, Imazetapir (0,2 l/ha) e do tratamento controle Glifosato (2 l/ha) (Tabela 4; Figura 1). Quanto a eficiência de controle, independentemente do estádio de desenvolvimento das plantas de algodão (V0, V1, V2 ou V3), tanto para primeira, quanto para a segunda avaliação, realizadas respectivamente aos 14 dias após a primeira aplicação e 14 dias após a segunda aplicação dos tratamentos, os herbicidas que atingiram os maiores níveis de controle do algodão voluntário em meio a lavoura de soja foram o Radiant na dosagem de 0,4 l/ha e o Flex em duas dosagens, 0,4 e 0,5 l/ha (Tabelas 5 e 6; Figuras 2 e 3). Para o produto Imazetapir, nas dosagens de 0,2 e 0,3 l/ha, 14 dias após a segunda aplicação dos tratamentos, observou-se um aumento na eficiência em relação a primeira avaliação, agindo como pré-emergente, mostrando um efeito cumulativo do herbicida. Os melhores resultados foram alcançados quando a aplicação dos herbicidas foi ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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realizada no estádio de desenvolvimento V0 ou V1 do algodão. Plantas de algodão voluntário, na maior parte das vezes, se desenvolvem sob dossel da soja, sendo protegidas das aplicações com herbicidas pelo efeito ‘guarda-chuva’, assim novos trabalhos necessitam ser realizados buscando novas tecnologias de aplicação e controle dessa espécie em meio a lavouras de soja. Há também a necessidade de novos trabalhos buscando ajustes de dosagens e aumento eficiência dos herbicidas Pacto, Flex, Radiant e Imazetapir. O herbicida Flex (Fomesafen 250 g/L) aplicado na cultura da soja possui um período de carência de 140 dias, entre a aplicação e o plantio do milho safrinha, sendo observado injúrias na cultura quando esse período não é respeitado.
TABELA 4. Fitotoxicidade e altura de plantas imposta pela aplicação diferentes combinações de herbicidas em soja ‘RR’ para o controle do algodoeiro voluntário ‘RR’. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 1.
Fitotoxicidade imposta pela aplicação diferentes combinações de herbicidas em soja ‘RR’ para o controle do algodoeiro voluntário ‘RR’. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 5.
FNúmero de plantas de algodão RR voluntário por estádio de desenvolvimento e eficiência de controle de diferentes combinações de herbicidas em lavoura de soja RR 14 dias após a primeira aplicação dos tratamentos (DAPA). Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 2. Eficiência de controle de diferentes combinações de herbicidas em lavoura de soja RR, com base no tratamento T9- Glifosato (2,0 l/ha), 14 dias após a primeira aplicação dos tratamentos para o controle do algodão voluntário. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 6.
NNúmero de plantas de algodão RR voluntário por estádio de desenvolvimento e eficiência de controle de diferentes combinações de herbicida em lavoura de soja RR 14 dias após a segunda aplicação dos tratamentos (DASA). Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 3.
Eficiência de controle de diferentes combinações de herbicidas em lavoura de soja RR, com base no tratamento T9- Glifosato (2,0 l/ha), 14 dias após a segunda aplicação dos tratamentos para o controle do algodão voluntário. Fundação Goiás, 2014/2015.
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. Os herbicidas Radiant (0,4 l/ha) e Flex (0,4 e 0,5 l/ha) proporcionaram as maiores eficiências de controle do algodão voluntário RR em lavouras de soja RR. 2. Novos estudos devem ser conduzidos no intuito de ajustar dosagens e aprimorar as tecnologias de aplicação, permitindo um acréscimo na eficiência dos herbicidas no controle do algodoeiro voluntário.
Santa Helena de Goiás, 13 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas FERREIRA, A. C. B.; BOGIANI, J. C.; BARBIERI, A. L.; MORAES, M. C. G.; SANTOS, T. J. S. Controle químico de plantas voluntárias de algodão resistente ao glyphosate na cultura da soja rr. In: 10o Congresso Brasileiro do Algodão, 2015, resumo, 318-7. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. MARUR, C.J.; RUANO, O. A reference system for determination of developmental stages of upland cotton. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v.5, p.313-317, 2001. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. São Paulo, Ceres. 1981. 314 p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. SILVA, O. R. R. F. da; LAMAS, F. M.; FERREIRA, A. C. de B.; SOFIATTI, V.; MEDERIOS, J. da C. Manejo dos restos culturais do algodoeiro. In: FREIRE, E. C. (ed.) Algodão no cerrado do Brasil. Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – ABRAPA. Aparecida de Goiânia, 2011, p.331-344.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-07-2014/2015
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES COMERCIAIS DE ALGODÃO SEMEADAS EM DIFERENTES ÉPOCAS Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO Com a tendência de migração da cultura do algodão para a segunda safra nos Estados de MT, MS e GO, o comportamento das variedades para este novo sistema tem que ser avaliado para se definir quais apresentam maior adaptabilidade, produtividade e manutenção das qualidades intrínsecas da fibra. Além disso, a cada ano novas variedades surgem no mercado, exibindo características distintas, tais como, diferentes hábitos de frutificação, retenção de maçãs, potencial produtivo e características relacionadas à qualidade das fibras, interagindo diretamente com as diferentes condições de cultivo. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar oito variedades semeadas em três diferentes épocas, para definir aspectos ligados à produtividade e qualidade das fibras. As variedades TMG 81 e 82 WS, FM 975 WS e FM 913 GLT foram as que mais se destacaram, onde somando-se as três épocas de cultivo, produziram respectivamente 941,16 @ de algodão em caroço/ha, 903,95 @/ha, 866,26 @/ha e 784,97 @/ha. A TMG 81 WS alcançou a maior produtividade na primeira época de cultivo, produzindo a mais 37,21 e 74,90 @/ha de algodão em caroço quando comparado com a segunda e terceira épocas respectivamente. Quanto a produtividade de pluma/ha, somando-se as três épocas de cultivo, a TMG 81 WS atingiu 424,87 @/ha, superior à TMG 82 WS (377,02 @) em 47,85 @/ha, a FM 975 WS (374,83 @) em 50,04 @/ha e a FM 913 GLT (373,81 @) em 51,06 @/ha. Em condições de baixa altitude e estresse hídrico na fase de frutificação, a variedade TMG 81 WS pode apresentar limitações relacionadas à qualidade das fibras, tais como, micronaire e comprimento de fibras. A TMG 81 WS e a FM 975 WS, devido ao alto vigor vegetativo e produção de grande número de estruturas reprodutivas, apresentam a maior janela de plantio entre as variedades avaliadas. Observou-se que na terceira época de cultivo a qualidade das fibras foi afetada negativamente em função da falta de chuvas ocorridas no final do ciclo da cultura, interferindo nas variáveis micronaire e índice de fibras curtas. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o agrossistema algodão vem sendo abastecido por um número cada vez maior de variedades, resultantes do melhoramento genético, que são posicionadas para as mais 66
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diferentes condições, adaptadas para cada região, prometendo melhores características, tais como, aumento de produtividade, melhor qualidade de fibra, maior rendimento de pluma, além de resistência a pragas, doenças e herbicidas, contudo, para a utilização segura estas variedades devem ser avaliadas no local ou região que será cultivada (CARVALHO, 2001). Sabe-se que a variável produtividade é fortemente influenciada pelas condições do ambiente, podendo limitar ou impedir que esses materiais expressem todo seu potencial produtivo. Segundo Meredith Junior et al. (2012) a produtividade da fibra é influenciada em 84 % pelo ambiente e 7,4 % pelas características intrínsecas de cada variedade (genética). Desde a semeadura e emergência até o fechamento do ciclo da cultura, o algodoeiro passa por diversos períodos críticos, altamente dependentes de condições ambientais, e como as variedades atualmente comercializadas respondem a essas variáveis, tais como, déficit ou excesso de precipitação, radiação luminosa (comprimento de ondas e intensidade), temperatura diurnas vs. noturnas, entre outras, pouco se conhece (ROSOLEM, 2011). Mesmo não quantificando todas essas variáveis, o cultivo simultâneo de diferentes variedades ‘lado a lado’, permite verificar qual ou quais variedades são melhores adaptadas para uma determinada microrregião, uma vez que todos os materiais são expostos à mesma condição. O objetivo desse trabalho foi definir a (s) melhor (es) variedade (s) e época (s) de semeadura do algodoeiro para a microrregião de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na Fazenda São Sebastião, município de Montividiu, Estado de Goiás, no período de dezembro de 2014 a fevereiro de 2015. Nesta área foi semeada na safra 2013/2014 a variedade DP 555 BG RR de algodoeiro resistente ao glifosato. Sobre os restos culturais do algodoeiro, no dia 20/10/2014 foi realizado o plantio da variedade SYN 1163 RR de soja, também resistente ao glifosato. No intuito de eliminar o algodoeiro RR em meio a soja RR, foram definidos 9,0 tratamentos com combinações de herbicidas (Tabela 1). Cada tratamento recebeu duas aplicações sequenciais em V1 e V6, no intervalo de 15 dias, respectivamente aos 24 e 39 dias ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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após a emergência (DAE) da soja. Os tratamentos foram compostos de 4,0 repetições, sendo cada uma formada por 12 linhas, espaçadas 0,45 m e 10 m de comprimento. No pré-plantio da soja foi realizada a dessecação da área com a combinação 2,4 D (0,8 L/ ha) + Glifosato (4,0 L/ha), comum a todos os tratamentos. Para a aplicação dos tratamentos, foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a base de CO2, com barra de pulverização de 2,5 m, contendo seis bicos do tipo ‘leque’ 80 02, espaçados 0,5 m. Foi adotada a pressão de trabalho de 2,5 bar o que promoveu uma vazão de 150 L/ha. Para a quantificação dos resultados, foram avaliadas as seguintes variáveis: 1a fitotoxidez dos tratamentos sobre as plantas de soja; 2a eficiência dos tratamentos no controle das plantas voluntárias de algodão; e 3a altura de plantas na pré-colheita. Para a avaliações da fitotoxidez foi utilizada a escala de notas EWRC (1964) adaptada, descrita na tabela 2, sendo realizadas aos 5,0 e 14 dias após a primeira e segunda aplicações dos tratamentos. A eficiência de controle, calculada através da formula de Abbott (NAKANO et al. 1981) foi realizada através da quantificação e do estádio de desenvolvimento das plantas de algodão emergidas em cada parcela, sendo avaliadas as entrelinhas da terceira e quarta linhas após a primeira aplicação dos tratamentos (14 dias após a primeira aplicação) e as entrelinhas da oitava e nona linhas após a segunda aplicação dos tratamentos (14 dias após a segunda aplicação), excluindo 2,0 m de cada extremidade, seguindo a proposta de Marur e Ruano (2001) (Tabela 3). A avaliação da altura de plantas foi realizada mensurando-se 10 plantas aleatoriamente dentro de cada parcela útil nas linhas centrais aos 98 DAE. As análises foram realizadas com o com auxílio do programa computacional Sisvar®
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na área experimental da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de dezembro de 2014 a agosto de 2015. Variedades comerciais, de duas diferentes empresas, TMG® e FiberMax® foram semeadas em três diferentes épocas, lado a lado (18/12 e 30/12 de 2014 e 16/01 de 2015) (Tabela 1). Cada tratamento/variedade foi semeado em 12 linhas espaçadas 0,90 m e 150 m de comprimento, totalizando 1620 m2 por tratamento. 68
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Para o plantio foram utilizados 60 kg de P2O5/ha. O nitrogênio e o potássio foram fornecidos em três adubações de cobertura. A primeira adubação com nitrogênio foi realizada com 230 kg/ha de sulfato de amônio (21% de N e 22% de S), as demais foram realizadas com 150 kg de ureia (60% de N). A adubação potássica foi realizada em única aplicação com 241,9 kg de KCl/ha (60% de K2O). Os demais tratos culturais aplicados foram comuns a todas as variedades, inseticidas, fungicidas, herbicidas, regulador de crescimento e adubação foliar (Mn, Zn e B). Durante a condução e no fechamento do ciclo da cultura foram realizadas as avaliações de variáveis da produtividade e qualidade da fibra. Para as análises foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
TABELA 1.
Variedades semeadas na primeira (18/12/2014), segunda (31/12/2014) e terceira épocas (16/01/2015) de semeadura. Fundação Goiás, 2014/2015.
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RESULTADOS Avaliando-se o efeito da época de plantio para oito variedades de algodão, constatouse interação significativa entre a época e a variedade. O gráfico da pluviometria do período encontra-se na Figura 1.
FIGURA 1. Valores médios quinzenais de precipitação coletados nas dependências da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás – GO, na estação da Fundação Goiás, safra 2014/2015
Para todas as variedades, as melhores épocas de plantio foram a primeira (18/12/2014) e segunda (31/12/2014) época, significativamente superior a terceira (16/01/2015) para a variável produtividade (@/ha). A variedade mais produtiva foi a TMG 81 WS, produzindo estatisticamente igual, tanto na primeira (349,70 @/ha), quanto na segunda época (347,90 @/ha). Em seguida, destacou-se a FM 975 WS e a TMG 82 WS, que não diferiram para os plantios realizados na primeira época, contudo, na segunda a TMG 82 WS foi superior significativamente. Essas variedades produziram respectivamente, 315,70 e 317,90 @/ha na primeira época e 311,03 e 321,50 @/ha na segunda época de plantio. Diferentemente de todas as variedades avaliadas, a FM 940 GLT e a FM 980 GLT alcançaram o pico de produtividade apenas na segunda época (31/12/2014) (Tabela 2). Nos resultados da produtividade constatou-se comportamentos diferentes em relação
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à época de plantio mais recomendada para as variedades avaliadas. As variedades que permitem ‘abrir’ o plantio do algodão na região e apresentam as maiores janelas de plantio são a TMG 81 WS e a FM 975 WS, por demonstrarem alto vigor vegetativo e produzirem grande número de estruturas reprodutivas. As variedades FM 980 e 940 GLT apresentam janelas de plantio mais estreitas, devendo ser posicionadas entre a metade e o final do plantio de verão, devido a problemas de vigor vegetativo. A produtividade, significativamente inferior de todas as variedades semeadas na terceira época, deve-se à falta de chuvas observadas no período de junho a julho (Figura 1), onde as plantas encontravam-se entre os estádios R5 e R6. Contudo, a variedade TMG 82 WS destacou-se como a mais produtiva para essa época de semeadura (264,55 @/ha), possivelmente pela maior precocidade em relação às demais variedades avaliadas (Tabela 2). As variáveis relacionadas à produtividade que foram afetadas pela falta de chuva observada nesse período, dentro da 3a época de cultivo, foram o número médio de capulhos retidos por planta, peso médio de capulho e retenção de capulhos por posição.
TABELA 2. Produtividade de colhedora de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Baseando-se nos dados de rendimento de pluma, observa-se que a variedade TMG 81 WS se destacou nas três épocas de plantio, atingindo 424,87 @ de pluma/ha somando-se as épocas. As demais variedades em sequência foram: TMG 82 WS, que apesar de possuir menor rendimento de pluma de todas as variedades testadas, conseguiu atingir um total de 377,02 @ de pluma/ha, a FM 975 WS com 374,83 @ e a FM 913 GLT com 373,81 @ (Tabela 3).
TABELA 3. Produtividade de pluma (@/ha) de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 3. Produtividade estimada através da retenção de estruturas reprodutivas, peso médio de capulhos e densidade de plantas de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015. Estimando-se a produtividade, com base no número e peso médios de capulhos retidos/ planta e densidade de plantas, novamente, para todas as variedades avaliadas, a primeira e segunda épocas foram aquelas que mais proporcionaram altas produtividades. A TMG 81 WS, semeada na segunda época, foi a mais produtiva entre as variedades e épocas avaliadas, com 390,13 @/ha. A variedade FM 975 WS produziu estatisticamente igual na primeira e segunda épocas, 361,65 e 357,0 @/ha, não diferindo da TMG 82 WS (357,53 @/ha) semeada na segunda época (Tabela 4).
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TABELA 4.
Produtividade estimada através da retenção de estruturas reprodutivas, peso médio de capulhos e densidade de plantas de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
Quanto ao peso de capulhos (g), aqueles significativamente mais pesados, foram obtidos na primeira e/ou segunda época de plantio. As variedades TMG 11 WS, na primeira época e a FM 975 WS, na segunda época, produziram os capulhos mais pesados, 5,60 e 5,67 gramas respectivamente, seguidas pela TMG 81 WS com 5,38 e 5,32 g na primeira e segunda época, e FM 975 WS (5,38 g) e TMG 82 (5,23 g) na primeira época. Indistintamente, todas as variedades produziram capulhos mais leves na terceira época (Tabela 5). Tal como observado em avaliações anteriores, os resultados mais expressivos para a retenção de capulhos por planta, estatisticamente superiores, foram verificados nos plantios realizados na primeira e segunda épocas. A variedade FM 913 GLT, apresentou o maior número dessas estruturas, 21,50, quando semeada na primeira época, significativamente superior as demais variedades e épocas. Esta, foi seguida pela FM 975 WS (18,15) e TMG 82 WS (18,0) também na primeira época e pelas TMG 81 WS e FM 940 GLT semeadas na primeira (19,10; 18,40) e segunda época (19,80; 19,30) (Tabela 6). Para um mesmo estande de plantas, o binômio número e peso de capulhos fixados, determinaram a produtividade, tal como constatou-se nas variedades FM 975 WS, TMG 81 WS e TMG 82 WS que permaneceram no grupo que apresentaram os maiores valores para
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estes parâmetros. A TMG 11 WS apesar de apresentar elevado peso de capulhos, apresentou baixa retenção dessas estruturas.
TABELA 5. Peso médio de capulho de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 6. Estruturas reprodutivas retidas (capulhos) em oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Quando avaliou-se a retenção por posição de variedades semeadas em três épocas distintas, constatou-se que os plantios realizados na primeira e segunda épocas (18/12/2014 e 31/12/2014), além de reterem maior quantidade e capulhos de maior peso, preservaram uma proporcionalidade entre a fixação na 1a, 2a, 3a e 4a posições, fato que não foi observado, com exceção da variedade TMG 82 WS, no plantio realizado na terceira época (16/01/2015), cuja produtividade concentrou-se em capulhos de primeira e segunda posições, variando respectivamente de 51,80 a 75,55 % (1a posição) e de 22,99 a 38,85 % (2a posição) entre as variedades de avaliadas. Verificou-se assim, que a diferença entre as produtividades alcançada pelas variedades semeadas nas três épocas, residiu principalmente na retenção de capulhos de 2a, 3a e 4a posições (Tabela 7 e 8).
TABELA 7. Estruturas reprodutivas retidas (capulhos) na 1a e 2a posições em oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 8. Estruturas reprodutivas retidas (capulhos) em oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
Tratando-se da porcentagem de estruturas reprodutivas (capulhos) retidas pelo terço inferior da planta, observou-se na primeira época de cultivo que as variedades TMG 11 e 42 WS tiveram as maiores porcentagens de retenção nesse setor, 55,92 e 47,61 % respectivamente. Contrariamente, a FM 913 GLT e FM 980 GLT foram as que menos retiveram posições, 13,49 e 15,66 % nessa ordem (Tabela 9). As variedades FM 975 WS, TMG 81 WS e TMG 82 WS permaneceram em um grupo intermediário, retendo nessa ordem 28,92; 34,03; e 34,44 %. Ainda na primeira época, as variedades TMG 81 WS, TMG 82 WS e FM 980 GLT foram as que mais retiveram capulhos no terço médio, 62,82; 63,89; e 71,68 %, respectivamente. Já a TMG 11 WS apresentou menor 76
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número dessas estruturas neste setor. Além desses, um grupo intermediário foi formado pelas variedades FM 975 WS (58,12 %), TMG 42 WS (51,78 %), FM 913 GLT (57,20) e FM 940 GLT (55,98 %). No terço superior, ainda na 1a época, a FM 913 GLT foi a que apresentou maior porcentagem de retenção, 29,30 %, seguidas pelas variedades FM 940 GLT (23,91 %), FM 980 GLT (12,65 %) e FM 975 WS (12,94 %) (Tabela 9). Em relação às variedades mais produtivas, a TMG 81 WS, TMG 82 WS e a FM 975 WS, retiveram porcentagens intermediárias no terço inferior, 34,03; 34,44; e 28,92 % respectivamente. No terço médio, novamente essas variedades se comportaram de maneira semelhante, retendo na devida ordem 62,82; 63,89; e 58,12 %. No terço superior, a FM 975 WS reteve 12,94 %, e as demais, 3,14 % (TMG 81 WS) e 1,66 % (TMG 82 WS) (Tabela 9). Na segunda época, com exceção da FM 913 GLT, as demais variedades retiveram igual ou menor porcentagem de capulhos no terço inferior. Em relação às variedades TMG 81 WS, TMG 82 WS e FM 975 WS, as mais produtivas na segunda época, retiveram significativamente menor porcentagem de capulhos no terço inferior quando comparado ao plantio na primeira época, 14,14; 10,21; e 21,17 %, respectivamente. Já no terço médio, a porcentagem de retenção na segunda época para estas variedades foi muito semelhante, 56,06; 66,66; e 54,70 % nessa ordem. Já no terço superior, para as três variedades foi constatado retenção muito superior à primeira época, TMG 81 WS, 29,80%, TMG 82 WS, 23,11 % e FM 975 WS, 24,11 % (Tabela 9). Na terceira época de plantio, para a TMG 81 WS, TMG 82 WS e a FM 975 WS, a retenção foi respectivamente de 25,83; 34,11; e 32,85 % no terço inferior 55,62; 50,00; e 49,27 % no terço médio e 17,88; 18,54; e 15,88 % no terço superior. Para a terceira época, essa retenção foi de 97,87 %; 79,38 %; e 98,54 % de capulhos de primeira e segunda posição, respectivamente para as três variedades citadas anteriormente (Tabela 9). Quanto ao rendimento de pluma, independentemente da época de plantio, as variedades FM 913 GLT, FM 940 GLT e FM 980 GLT apresentaram os maiores valores, significativamente superior às demais, variando de 47,0 a 49,0 %, não diferindo entre si entre as três épocas. A FM 975 WS e TMG 81 WS apresentaram o maior rendimento de fibra na 2a e 3a épocas, sendo de 44,0 % a primeira variedade em ambas as épocas, e de 46,0 e 47,0 % para segunda variedade na segunda e terceira épocas respectivamente. No caso da terceira época, pode ser explicado pela maior parte dos capulhos serem de primeira e segunda posições, geralmente com a relação pluma:semente maior. No caso da FM 82 WS o rendimento de pluma foi estatisticamente igual entre as épocas (Tabela 10). ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 9. Porcentagem de estruturas reprodutivas retidas (capulhos) no terço inferior, médio e superior, em oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 10. Rendimento de pluma de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
Para a variável Micronaire, mensurada em µg/polegada, os melhores resultados para cada variedade foram obtidos na primeira e segunda épocas, não sendo observado efeito dessas épocas dentro de cada variedade. Na terceira época obteve-se os menores valores de micronaire, significativamente inferiores às demais épocas avaliadas. Para a FM 975 WS, TMG 81 WS e TMG 82 WS, na primeira época, foram identificados os maiores valores para esta variável, 4,82; 5,16; e 4,87 µg/pol., não diferindo da variedade TMG 42 WS (4,76 µg/ pol.), sendo superiores às demais avaliadas. Já na segunda época, a TMG 81 WS apresentou valor de 4,93 µg/pol., superior as demais variedades. Tanto na primeira, quanto na segunda época, todas as variedades apresentaram valor a partir que 3,95 µg/pol., contudo, a TMG 81 WS, nas duas primeiras épocas apresentaram valores de 5,16 e 4,93 µg/pol., acima do máximo desejado que é 4,90 µg/pol. Na terceira época foram constatados valores abaixo do mínimo de 3,50 µg/pol., nas variedades FM 975 WS, TMG 11 WS, FM 913 GLT e FM 980 GLT (Tabela 11). Quando se analisa a qualidade de pluma, a variedade TMG 81 WS pode apresentar limitações de micronaire e comprimento de fibra. O micronaire é mais limitante em regiões de baixa altitude e com problemas de estresse hídrico na fase de frutificação. Em regiões de maior altitude esse parâmetro não será problema para esta variedade. Todos os Comprimentos de Fibra encontrados nas variedades e épocas, permaneceram ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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acima do valor mínimo de 1,08 pol., e a exceção da TMG 81 WS na segunda e terceira e da FM 940 GLT na terceira época, todos os demais valores ficaram acima do valor de 1,12 pol. Na primeira época, a FM 975 WS e TMG 11 WS, apresentaram 1,23 e 1,25 pol. respectivamente, sendo significativamente superiores às demais variedades avaliadas. Já na segunda época, todas as variedades foram superiores à TMG 81 WS, não sendo observado diferenças significativas entre elas (Tabela 12). TABELA 11. Micronaire em oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 12. Comprimento médio da fibra em polegadas de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
Todos os valores para a variável Resistência a Ruptura (gf/tex.), independentemente da variedade e época de cultivo, ficaram entre 28,85 a 33,30 gf/tex. Para esta variável, nenhuma diferença significativa foi constatada na primeira época, que variou de 28,85 a 31,23 gf/tex. Na segunda época, as variedades FM 975 WS, TMG 81 WS e TMG 82 WS apresentaram nessa ordem 33,20; 32,33; e 31,73 gf/tex., não diferindo da TMG 11 WS, TMG 42 WS e FM 913 GLT, e sendo superiores às demais. Na terceira época, as variedades apresentaram valores que variaram de 29,30 a 33,30 gf/tex., todas acima de 28,0 gf/tex., que é considerado o ideal (Tabela 13).
TABELA 13.Resistência à ruptura da fibra de algodão de oito variedades de
algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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A Uniformidade da Fibra manteve-se acima de 80,0 % nas três épocas avaliadas. Na primeira época os valores para esse parâmetro mantiveram-se acima de 83,20 % (ideal), e nenhuma diferença significativa foi constatada entre as variedades. Para a segunda época, a uniformidade variou de 81,13 a 83,93 %, e novamente nenhuma diferença foi constatada entre as variedades para esta época. Já na terceira, cujas as amostras foram compostas principalmente de capulhos de primeira e segunda posições, esses valores variaram de 81,50 a 87,30 % (Tabela 14).
TABELA 14. Uniformidade da fibra de algodão de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Quanto a Elongação da Fibra, poucas diferenças foram constatadas que pudessem ser atribuídas à época de cultivo, pois mesmo na terceira época, onde algumas variedades apresentaram altos valores para esse parâmetro, deve-se lembrar que os capulhos presentes nessas amostras eram principalmente de 1a e 2a posições, cujos quais tendem deter melhores características de fibra. Na primeira época, a Elongação variou de 5,50 % a 6,80 %, e as variedades que apresentaram os maiores valores foram a TMG 11 WS; TMG 81 WS; FM 913 GLT; FM 940 GLT; e FM 980 GLT, significativamente superiores às demais, apresentando Elongação de 6,30 % para a TMG 11 WS e 6,80 % para as demais. Para a segunda época, a exceção da variedade FM 980 GLT (5,70 %), para as demais foi constatado valor igual ou acima de 6,0 % (ideal). Ainda na segunda época, as variedades mais produtivas, TMG 81 WS, TMG 82 WS e FM 975 WS, mostraram valores de 7,00; 6,00; e 6,23 % respectivamente. Já na terceira época, algumas variedades apresentaram valores acima daqueles encontrados em épocas anteriores, contudo, as amostras dessa época foram principalmente oriundas de capulhos de 1a e 2a posições (Tabela 15). TABELA 15. Elongação da fibra de algodão de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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O Índice de Fibra Curtas, para todas as variedades indistintamente da época de plantio, apresentou valores abaixo de 9,0 %, considerado ideal. Na 1a época, as variedades mais produtivas FM 975 WS, TMG 81 WS e TMG 82 WS, estiveram no grupo daquelas que constataramse os menores valores de índice de fibras curtas, 5,36; 5,25; e 5,90 % respectivamente. Na 2a e 3a épocas, essas variedades apresentaram valores que ficaram entre 6,57 e 6,90 % e 5,20 e 8,70 % respectivamente (Tabela 16). TABELA 16. Índice de fibras curtas de oito variedades de algodão semeadas em três diferentes épocas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. As variedades que mais se destacaram, somando-se as três épocas de plantio, foram a TMG 81 WS com 941,16 @ de algodão em caroço/ha, a TMG 82 WS com 903,95 @/ha, a FM 975 WS com 866,26 @/ha e FM 913 GLT com 784,97 @/ha. 2. A TMG 81 WS na primeira época de plantio produziu a mais 1,8 e 106,14 @/ha de algodão em caroço, quando comparado com a segunda e terceira épocas respectivamente na colheita efetuada por colheitadeira. 3. O somatório da produtividade de pluma/ha das três épocas de cultivo da TMG 81 WS foi de 424,87 @/ha, superior à TMG 82 WS (377,02 @), FM 975 WS (374,83 @) e FM 913 GLT (373,81 @), respectivamente em 47,85; 50,04; e 51,06 @ de pluma/ha. 4. A variedade TMG 81 WS pode apresentar limitações de micronaire e comprimento de fibra, em regiões de baixa altitude e condições de estresse hídrico na fase de frutificação. 5. As variedades TMG 81 WS e a FM 975 WS apresentaram maior janela de plantio por exibirem alto vigor vegetativo e produção de grande número de estruturas reprodutivas. 6. As variedades FM 940 e 980 GLT apresentaram janela de plantio mais estreita, devendo ser posicionadas entre a metade e o final do plantio de verão. 7. A qualidade das fibras foi prejudicada na terceira época de plantio, devido aos problemas de estresse hídrico no final do ciclo da cultura, que interferiu principalmente no micronaire e índice de fibras curtas.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; VIEIRA, D. J.; NOBREGA, L. B. da. Manejo cultural. In: BELTRÃO, N. E. de M. Org. O Agronegócio do Algodão no Brasil, Brasília: Embrapa – CTT/EMBRAPA-CNPA. 1999. v.2 p. 511-551. CARVALHO, L. P. Avaliação de cultivares de algodoeiro herbáceo na região do triângulo mineiro. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, Campo Grande - MS, 2001: Produzir sempre, o grande desafio. p.718-719. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. ROSOLEM, C. A. Fenologia e ecofisiologia no manejo do algodoeiro. In: FREIRE, E. C. (ed.). Algodão no Cerrado do Brasil. Brasília: Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 2007. 918p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-08-2014/2015
AVALIAÇÃO DE NOVE VARIEDADE DE ALGODÃO SEMEADAS EM QUATRO DIFERENTES ESTANDES SOB IRRIGAÇÃO NO MUNICÍPIO DE TURVELÂNDIA, GOIÁS Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO Com o lançamento de novas variedades e a falta de um pacote tecnológico que as acompanhem tornam-se necessários estudos para definir o melhor manejo a ser adotado. Definir corretamente o estande de plantas ou população de plantas na área, tem sido alvo de muitas pesquisas em diferentes agrossistemas. Essas pesquisas levam em consideração diferentes fatores, tais como, arquitetura e desenvolvimento da cultivar, tratos culturais, colheita, entre outros. Assim o foco desse trabalho foi avaliar quatro estandes de plantio em nove variedades de algodão, sob condições de irrigação. Com base nos resultados chegou-se nas seguintes conclusões: a. As variedades TMG 81 WS, FM975 WS e TMG 42 WS foram as mais produtivas na média geral; b. Todas as variedades alcançaram sua maior produtividade nos estandes de 6 e/ ou 8 plantas por metro linear; c. Quanto à qualidade das fibras, todas as variáveis analisadas, independentemente da variedade ou estande, alcançaram valores dentro das exigências do mercado. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Variedades de algodoeiro são fortemente influenciadas pelo ambiente e por caracteres intrínsecos da espécie, tornando-se de suma importância conhecer as características de cada uma delas sob diferentes condições de ambiente e sistemas de cultivo (CARVALHO, 2001). Em cultivos mais adensados, a arquitetura da planta é determinante para tornar uma variedade apta a este sistema, tornando-as mais capacitadas a explorar os recursos disponíveis em condições de adensamento. Além das características da própria variedade, para se definir uma população de plantas por área, deve-se levar em consideração o clima predominante, fertilidade do solo, entre outras variáveis (RIGHI et al., 1965; LACA BUENDIA e FARIA, 1982). De acordo com Staut e Lamas (1999) e Jost e Cothren (2000), interferindo no espaçamento entre fileiras e no número de plantas por metro linear, algumas características morfológicas, tais como, altura de plantas, diâmetro 88
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do caule, ponto de inserção do primeiro ramo produtivo, número de ramos reprodutivos e vegetativos sofrem alteração. Segundo Lamas et al. (1989) e Souza (1996), o número de capulhos/planta e peso médio de capulhos sofrem redução com o aumento do número de plantas por área. Jones e Wells (1997) relataram que a densidade de plantas geralmente interfere na qualidade da fibra e o espaçamento entre fileiras na produtividade. Genótipos que exibirem ramos produtivos, com entrenós curtos, mantendo as estruturas reprodutivas próximas ao caule principal, surgem como alternativa para o cultivo em estandes maiores. Como relatado, alterações na densidade de plantio promovem mudanças na morfologia da planta, ocasionando respostas distintas entre as variedades submetidas a estas alterações, diante disso, o objetivo desse trabalho foi avaliar o comportamento de 13 variedades algodão em 4,0 diferentes densidades de plantas por metro linear.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, Estado de Goiás, no período de janeiro a agosto de 2015. Nove variedades comerciais, de duas diferentes empresas, TMG® e FiberMax® foram semeadas lado a lado dia 23/01 de 2015 (Tabelas 1). Inicialmente, para cada uma delas foram semeadas 12 linhas de 60 metros de comprimento, com cerca de 20 sementes por metro linear. Após 40 dias da emergência, esta área foi dividida em quatro setores de 15 metros e em cada um deles realizado o desbaste de plantas de forma a obter densidades de 4,0; 6,0; 8,0; e 10 plantas por metro linear. Os tratos culturais foram comuns para todas as variedades, desde o preparo de solo, adubação de plantio e cobertura, utilização de defensivos, regulador de crescimento, adubos aplicados via foliar, entre outros. Durante a condução do ensaio foram avaliadas algumas variáveis fenológicas (Estruturas reprodutivas fixadas, % de capulhos retidos na 1a, 2a, 3a e 4a posições nos ramos reprodutivos e Retenção de maçãs nos terços Inferior e Médio e Superior), a produtividade, rendimento de pluma e alguns aspectos ligados à qualidade das fibras (Micronaire, ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Comprimento, Resistência, Uniformidade, Elongação e Índice de fibras curtas). Para as análises foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
TABELA 1. Variedades de algodoeiro semeadas em quatro diferentes estandes na fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
RESUMO A análise de variância para todas as variáveis analisadas indicou que as interações entre variedade e estande apresentaram variações significativas. Os dados analisados estão expostos nas tabelas de 2 a 8. Para a Produtividade, estimadas com base no número e peso médio de capulhos, independentemente do stand utilizado, a TMG 81 WS e FM 975 WS, estiveram isoladamente (estande de 6 plantas/metro linear – pls/m.L) ou em conjunto com outra (s) variedade (s) (demais estandes), entre as mais produtivas (Tabela 2). A TMG 81 WS obteve as maiores produtividades, significativamente superiores, nos 90
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estandes de 6 e 8 plantas/metro linear, 577,46 e 589,66 @/ha de algodão em caroço respectivamente. Já para a FM 975 WS e TMG 82 WS a maior produtividade foi para o estande de 6 pls/m.L, com 543,77 e 457,83 @/ha nessa ordem. A variedade TMG 42 WS alcançou grandes produções, 528,22 e 538,26 nos estandes de 8 e 10 pls/m.L respectivamente (Tabela 2).
TABELA 2.
Produtividade de nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015. Quanto à retenção de maçãs em porcentagem, as variedades TMG 42 e 81 WS, foram superiores significativamente a todas as variedades avaliadas, independentemente do estande. A TMG 42 WS reteve 64,88 e 65,97 % de maçãs e a TMG 81 WS, 62,43 e 60,56 % maçãs, respectivamente para os estandes de 4 e 6 pls/m.l. Para variedades TMG 46 e 47 B2 RRFlex, TMG 82 WS, FM 975 WS e FM 940 e 980 GLT, foram constatados que os estandes de 4 e/ou 6 pls/m.L, estimularam a retenção de estruturas reprodutivas, 44,98; 52,44; 56,29; 48,81; 47,18; e 46,30 % e 45,85; 43,73; 56,23; 39,80; 45,00; e 42,56 % respectivamente para as variedades e estandes, se comparado aos demais avaliados, 8 e 10 pls/m.L (Tabela 3).
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TABELA 3. Estruturas reprodutivas fixadas em porcentagem para nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
Em relação à porcentagem de capulhos retidos na primeira, segunda e terceira posições, observa-se uma tendência de redução com o aumento do número de plantas por metro linear (Tabela 4). A variedade TMG 81 WS apresentou porcentagem retenção de primeira posição superior ou igual estatisticamente à variedade TMG 42 WS, sendo ambas superiores às demais. Novamente as variedades TMG 81 e 42 WS, nos estandes de 4, 6 e 8 pls/m.l, apresentaram maior retenção de capulhos de segunda posição, não diferindo da TMG 82 nos estandes de 4 e 6 pls/m.l, sendo todas superiores às demais variedades analisadas. Quanto a capulhos de terceira posição observa-se uma forte redução com o aumento do número de plantas chegando a 0,0 para algumas variedades nos estandes de 6, 8 e 10 pls/m.l.
TABELA 4.
Porcentagem de capulhos retidos na primeira, segunda e terceira posições de nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Seguindo a avaliação anterior, as variedades TMG 42 e 81 WS estiverem entre as que mais retiveram capulhos no terço inferior e médio, nos estandes de 4 e 6 pls/m.l. A TMG 42 WS apresentou 78,74 e 69,86 %; e 71,43 e 76,76 %, respectivamente para o terço inferior e médio nos estandes de 4 e 6 pls/m.L. Nessa ordem, para a variedade TMG 81 WS foi constatado 74,87 e 68,27 %; e 70,75 e 61,57 % (Tabela 5). As variedades TMG 43 WS, TMG 46 e 47 B2 RRFlex e a FM 940 GLT, nos estandes de 4, 6 e 8 pls/m.l, permanecerem nos grupos daquelas que retiveram maiores porcentagens de retenção no terço superior (Tabela 5). Variedades de algodão tendem a reter menor número de estruturas reprodutivas com o aumento da densidade de plantas. Essa redução pode ser observada em relação à perda de estruturas de 2a e 3as posições no ramo, além de perdas de posição nos terços interiores e médio. Contudo, estandes mais adensados tendem a reter maior porcentagem de capulhos no terço superior (Tabela 5).
TABELA 5. Retenção de maçãs no terço Inferior, Médio e Superior de nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Quanto ao rendimento de pluma, o efeito de época dentro de cada variedade, apenas foi observado para a FM 975 WS, onde foi significativamente maior quando cultivada no estande de 4 pls/m.l, 46,2 %. As variedades com os maiores rendimentos, superiores às demais, foram a TMG 47 B2 RRFlex (4, 6 e 8 pls/m.l), FM 940 e 980 GLT (4, 6, 8 e 10 pls/m.l). A TMG 47 B2 RRFlex teve rendimento de 48,2; 48,5; e 47,2 % nos estandes de 4, 6 e 8 pls/m.L e a FM 940 e 980 GLT, 50,7 e 49,2 % (4 pls/m.l), 49,2 e 49,2 % (6 pls/m.l), 48,5 e 49,2 % (8 pls/m.l) e 50,7 e 49,2 % (10 pls/ m.l). As variedades TMG 81 WS e FM 975 WS, as mais produtivas, permaneceram no grupo de variedades que apresentaram rendimento intermediário, variando de 41,7 a 46,2 % (Tabela 6).
TABELA 6. Rendimento de pluma de nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
Para a variável Micronaire, todas as variedades permaneceram com valores entre 3,70 a 4,62 µg/pol., independentemente do estande avaliado, estando os valores dentro das exigências do mercado. Para o estande de 4 pls/m.l, a TMG 82 WS apresentou 4,62
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µg/pol., superior as demais variedades e estandes. A TMG 81 WS, apesar de ser observado diferenças estatísticas entre os estandes avaliados, os valores de Micronaire permaneceram acima de 4,34, chegando a 4,52 µg/pol. Para a FM 975 WS, observou-se uma significativa redução para esta variável com o aumento do estande, obtendo-se 4,33; 4,21; 3,78; e 3,91 µg/pol., para os estandes de 4, 6, 8 e 10 pls/m.l (Tabela 7). O comprimento de fibras, em todos os tratamentos avaliados, foi igual ou superior a 1,12 pol., permanecendo dentro das exigências do mercado. A variedade FM 975 WS permaneceu entre as variedades que apresentaram os maiores valores, independentemente do estande, com comprimento variando de 1,17 a 1,21 polegadas. Já a TMG 81 WS os valores ficaram entre 1,17 e 1,19 pol., e a TMG 82 WS entre 1,12 a 1,18 pol. (Tabela 7). Na avaliação da resistência das fibras, a análise de variância não identificou interação significativa entre as variedades e os estandes, cujos valores variaram de 27,2 µg/pol. (TMG 82 WS – 6 pls/m.l) a 31,8 µg/pol. (FM 940 GLT – 8 pls/m.l). Para a TMG 81 WS e FM 975 WS, nos estandes de 4, 6, 8 e 10 pls/m.L, foram contatados nessa ordem 28,60; 29,70; 27,80; e 27,50 µg/pol. (TMG 81 WS) e 30,70; 31,70; 31,10; e 29,80 µg/pol. (FM 975 WS) (Tabela 7). Ainda tratando-se das variáveis relacionadas à qualidade das fibras, tem-se a Uniformidade, onde segundo os resultados alcançados, apenas as variedades TMG 42 WS (4 pls/m.l), TMG 82 WS (8 pls/m.l), FM 940 GLT (4 e 10 pls/m.l) e TMG 47 B2 RRFlex (8 pls/m.l) apresentaram valores abaixo de 82 %. Para as demais variedades e estandes, os valores permaneceram na faixa de 82,39 a 85,50 %. Em geral, as Uniformidades obtidas, para todas as variedades e estandes, permaneceram dentro dos limites de exigência do mercado (Tabela 8). O ideal para a Elongação, expressa em porcentagem, é que seja acima de 6,0 %, e com exceção da TMG 47 B2 RRFlex nos estandes de 6, 8 e 10 pls/m.l, que apresentou 6,0, 5,2 e 5,9 % respectivamente, as demais variedades nos quatro estandes avaliados a elongação variou de 6,2 a 8,4 %. A TMG 81 WS alcançou os maiores valores, significativamente superiores aos demais, no estande de 6 pls/m.l, 7,80%. Nos demais estandes 4, 8 e 10 pls/m.l, foram obtidos valores de 7,10; 6,90; e 7,10 % respectivamente. Para a FM 975 WS foram encontrados valores de 6,90; 7,20; 6,90; e 7,20 %, nessa ordem para os estandes de 4, 6, 8 e 10 pls/m.l (Tabela 8).
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TABELA 7.
Variáveis relacionadas à qualidade da fibra de nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 8. Variáveis relacionadas à qualidade da fibra de nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. A TMG 81 WS, FM 975 WS e TMG 42 WS foram as variedades que apresentaram as maiores produtividades na média geral. 2. A TMG 81 WS apresenta melhor produtividade no estande de 6 a 8 plantas/metro linear (pls/m.l), a FM 975 WS em 6 pls/m.l, a TMG 42 WS em torno de 8 pls/m.l, a FM 980 GLT em cerca de 8 pls/m.l, a FM 940 GLT em torno de 6 pls/m.l, a TMG 43WS ao redor de 8 pls/m.l, a TMG 82 WS em cerca de 6 pls/m.l, a TMG 47 B2RRFlex ao redor de 8 pls/m.l e a TMG 46 B2RRFlex em cerca de 6 pls/m.l. 3. As maiores porcentagens de retenções de estruturas reprodutivas foram obtidas pelas variedades TMG 42 e 81 WS nos estandes de 4 e 6 plantas por metro linear. 4. A qualidade das fibras analisadas, para todas as variedades, apresentou-se dentro das exigências do mercado.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas CARVALHO, L. P. Avaliação de cultivares de algodoeiro herbáceo na região do triângulo mineiro. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, Campo Grande - MS, 2001: Produzir sempre, o grande desafio. p.718-719. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. JONES, M. A.; WELLS, R. Dry matter allocation and fruit patterns of cotton grow at two divergent plant populations. Crop Science, v. 37, n. 3, p. 797-802, 1997. JOST, P. H.; COTHREN, J. T. Growth and yield comparasions of cotton planted in conventional and ultra-narrow row spacings. Crop Science, Madison, v. 40, n. 2, p. 430-435, 2000 LACA-BUENDIA, J. P.; FARIA, E. A. Manejo e tratos culturais do algodoeiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.8, n.92, p.50-61, 1982. LAMAS, F. M. et al. Estudo da interação de espaçamento entre fileiras e época de plantio na cultura do algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.). Revista Ceres, v. 36, n. 205, p. 247-263, 1989. RIGHI, N. R.; FERRAZ, C. M. A.; CORREIA, D. M. Cultura e adubação do algodoeiro. São Paulo: Instituto Brasileiro de Potassa, 1965. p. 255-317. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. SOUZA, L. C. Componentes de produção do cultivar de algodoeiro CNPA - 7H em diferentes populações de plantas. 1996. 71f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 1996. STAUT, L. A.; LAMAS, F. M. Arranjo de plantas e época de semeadura para a cultura do algodoeiro. In: Congresso Brasileiro de Algodão, Ribeirão Preto, 1999. Resumos... Campina Grande: EMBRAPA, CNPA, 1999. p. 649-651.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-09-2014/2015
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO NO MUNICÍPIO DE MONTIVIDIU - GOIÁS Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO A cada safra novas variedades de algodão surgem no mercado, apresentando diferentes características e respostas às mais distintas condições de cultivo. Diferentemente de outras culturas, o algodoeiro é influenciado fortemente pelo ambiente e, isto torna necessária a condução de experimentos em grandes áreas e em diferentes ambientes para avaliar o comportamento e o potencial produtivo e qualitativo destes lançamentos. Assim o objetivo desse trabalho foi avaliar sete variedades em condições de altitude (828 m). A partir dos resultados obtidos e analisados, concluiu-se que as variedades TMG 81 WS, seguida da FM 975 WS e TMG 42 WS foram as mais produtivas. Para as variedades TMG 81 e 42 WS foram constatadas os melhores níveis de retenção de maçãs. Os maiores rendimentos de pluma foram constatados para as variedades FM 940 e 980 GLT, seguidas pelas FM 913 GLT, TMG 81 e 42 WS. Em relação às características das fibras, todas as variedades apresentaram-se dentro dos níveis de exigência do mercado. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO A cada ano, o agrossistema algodão vem recebendo novas variedades, resultantes do melhoramento genético e recomendadas para as mais diferentes condições, adaptadas para cada região, prometendo melhores características produtivas, como, aumento de produtividade, adaptação a colheita mecânica e melhor qualidade de fibras, além de resistência a pragas, doenças e herbicidas, contudo há a necessidade de se conhecer tais características sob diferentes condições de ambiente e sistemas de cultivo (CARVALHO, 2001). Sabe-se que a variável produtividade é fortemente influenciada pelas condições do ambiente, podendo limitar ou impedir que esses materiais expressem todo seu potencial produtivo. Segundo Meredith Junior et al. (2012) a produtividade da fibra é influenciada em 84 % pelo ambiente e 7,4 % pelas características intrínsecas de cada variedade (genética). Desde a semeadura e emergência até o fechamento do ciclo da cultura, o algodoeiro passa por diversos períodos críticos, altamente dependentes de condições ambientais, e como as variedades atualmente comercializadas respondem a essas variáveis, tais como, déficit 104
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ou excesso de precipitação, radiação luminosa (comprimento de ondas e intensidade), temperatura diurnas vs. noturnas, entre outras, pouco se conhece (ROSOLEM, 2007). Mesmo não quantificando todas estas variáveis, o cultivo simultâneo de diferentes variedades ‘lado a lado’, permite verificar qual ou quais variedades são melhores adaptadas para uma determinada microrregião, uma vez que todos os materiais são expostos a mesma condição. O objetivo desse trabalho avaliar variedades de algodão semeadas no município de Montividiu, Estado de Goiás.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na fazenda São Sebastião, localizada no município de Montividiu, Estado de Goiás, no período de dezembro de 2014 a agosto de 2015. Variedades comerciais, de duas diferentes empresas, TMG® e FiberMax® foram semeadas lado a lado no dia 29/12/2015 (Tabelas 1). Cada uma delas ocupou 16 linhas espaçadas 0,90 m e 1135 m de comprimento, totalizando 1,63 ha. Para o plantio foram utilizados 250 kg/ha de 8-40-00. O nitrogênio foi fornecido em duas adubações de cobertura realizadas 25 e 75 dias após o plantio com 200 kg/ha de 3300-00. O potássio foi fornecido com uma cobertura em área total 200 kg/ha de KCL. Os tratos culturais aplicados foram comuns a todas as variedades, inseticidas, fungicidas, herbicidas, regulador de crescimento e adubação foliar (N, Mn, Zn e B). Foram realizadas avaliações da fenologia das plantas e da qualidade de pluma. Para a análise dos experimentos foi utilizado o programa computacional Sisvar® (FERREIRA, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
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TABELA 1.
Variedades semeadas na fazenda de São Sebastião, município de Montividiu, Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
RESULTADOS Na Tabela 2 e 3, encontram-se os resumos das análises, onde observa-se as diferenças entre as variedades avaliadas. Em relação à produtividade estimada, a variedade TMG 81 WS apresentou a maior média, 6094,67 kg/ha ou 406,31 @/ha, sendo superior significativamente às demais variedades avaliadas. Seguindo a variedade anterior, a FM 975 WS produziu 5649,94 kg/ha ou 376,66 @/ha, sendo estatisticamente a segunda variedade mais produtiva dentre as avaliadas. Um terceiro grupo foi composto pelas variedades FM 940 GLT e TMG 42 WS que produziram respectivamente, 313,68 e 324,60 @/ha, e um quarto, representando pela FM 980 GLT (283,08 @/ha) e TMG 82 WS (290,11 @/ha). A variedade que menos produziu, inferior estatisticamente, foi a FM 913 GLT que produziu 266,95 @/ha. Visto a distribuição das variedades em relação a produtividade, parte pode ser explicada pelas variáveis fenológicas avaliadas, tais como: Total de Retenção de Maçãs (%), Retenção Efetiva de Maçãs (%), Retenção Efetiva de 1ª Posição, 2ª Posição, 3ª Posição e 4ª Posição, Total Efetivo de Maçãs/Planta, Retenção no Baixeiro (%), Retenção no Meio (%) e Retenção no Ponteiro (%). A seguir discutiremos algumas dessas.
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Para a variedade TMG 81 WS, constatou-se o maior valor de Retenção Efetiva de Maçãs, 74,68 %, significativamente superior às demais, e esteve junto com a variedade TMG 42 WS, como a que mais reteve maçãs na primeira posição, que são reconhecidamente as mais pesadas e com melhor qualidade de fibras. Mesmo não sendo superior estatisticamente a todas as variedades, a TMG 81 WS apresentou um Total Efetivo de Maçãs/Planta, que em termos de número absoluto, foi o maior entre as variedades avaliadas, 18,82 maçãs. A segunda variedade mais produtiva, FM 975 WS, considerando-se números absolutos, reteve a média de 18,24 maçãs por planta, abaixo apenas da TMG 81 WS. As demais variedades, FM 940 GLT, FM 980 GLT, TMG 42 WS e TMG 82 WS, não diferiram significativamente da TMG 81 WS e FM 975 WS, produzindo respectivamente 16,36; 17,67; 16,64; e 16,44 maçãs/planta, sendo todas superiores estatisticamente à variedade FM 913 GLT que produziu 13,53 maçãs em média por planta. Em relação ao Rendimento de Pluma, as variedades FM 940 GLT e FM 980 GLT, foram superiores significativamente, com 47,54 e 46,92 % respectivamente, em comparação com as demais. Um segundo grupo foi formado pelas variedades FM 913 GLT (45,13 %), TMG 81 WS (45,34 %) e TMG 42 WS (44,36 %), e um quarto e quinto grupos, compostos respectivamente pelas variedades FM 975 WS (43,37 %) e TMG 82 WS (40,91 %). Para as características que refletem na Qualidade das Fibras, diferenças significativas foram constatadas: Em relação ao Micronaire, nenhuma diferença significativa foi identificada entre os tratamentos, estando todas as médias superiores ao valor mínimo (3,5 µg/pol.), contudo, apenas as fibras das variedades FM 940 GLT (3,82 µg/pol.), TMG 42 WS (3,90 µg/pol.), TMG 81 WS (4,08 µg/pol.), TMG 82 WS (3,94 µg/pol.) e FM 975 WS (4,11 µg/ pol.) estiveram na faixa ideal entre 3,8 e 4,2 µg/pol.. Quanto a Uniformidade, todas as variedades estiveram na faixa ideal acima de 82 %, no entanto, diferenças foram constatadas entre as entre elas, onde a TMG 42 WS (85,30 %), TMG 81 WS (84,63 %) e TMG 82 WS (85,67 %) foram significativamente superiores às demais. Semelhantemente ao ocorrido para a variável Uniformidade, para as demais, Comprimento (Pol.), Elongação (%), Resistência (gf/tex) e Índice de fibras curtas SFI (%), todas as variedades apresentaram valores na faixa ideal. Para o Comprimento das Fibras, as variedades foram divididas em três grupos, sendo o primeiro composto pela variedade FM 975 WS (1,23 pol.), o segundo pela FM 913 GLT, TMG 42 WS e TMG 82 WS, com respectivamente, 1,17; 1,18; e 1,18 polegadas e o terceiro pela FM 940 GLT (1,15 pol.), FM ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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980 GLT (1,13 pol.) e TMG 81 WS (1,14 pol.). Quanto a Elongação, dois grupos significativamente distintos foram identificados, sendo o primeiro composto pelas variedades FM 913 GLT (6,83 %) e FM 940 GLT (7,10 %), e o segundo pela FM 980 GLT, TMG 42 WS, TMG 81 WS, TMG 82 WS e FM 975 WS, onde constatou-se respectivamente, 6,63; 6,23; 6,57; 6,43; e 6,17 %. Nenhuma diferença significativa foi constatada entre as variedades para a Resistência (gf/ tex) e Índice de fibras curtas SFI (%). Todas as variedades apresentaram características de fibras dentro das exigências do mercado. Isto se deve às boas condições climáticas e ao bom manejo nutricional adotado. Alguns parâmetros poderiam causar problemas sob situações adversas como Micronaire (variedades FM 913, 940, 980 GLT e TMG 42 WS) e comprimento de pluma (FM 913 e 940 GLT e TMG 81 WS).
TABELA 2. Análise fenológicas realizadas para variedades de algodoeiro semeadas no município de Montividiu, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 3. Rendimento e qualidade das fibras de sete variedades de algodão semeadas na fazenda São Sebastião, município de Montividiu, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. As variedades que apresentaram melhor potencial produtivo foram a TMG 81 WS, seguido da FM 975 WS e TMG 42 WS. Elas se destacaram por apresentar alto vigor inicial, boa retenção de maçãs (TMG 81 e 42 WS) e grande número de estruturas reprodutivas produzidas (FM 975 WS). 2. Nas características intrínsecas das fibras analisadas, todas as variedades apresentaram parâmetros dentro das exigências do mercado. 3. Quanto ao rendimento de pluma, as variedades FM 940 e 980 GLT destacaram-se, seguidas pelas variedades FM 913 GLT, TMG 81 e 42 WS.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Referências Bibliográficas CARVALHO, L. P. Avaliação de cultivares de algodoeiro herbáceo na região do triângulo mineiro. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, Campo Grande - MS, 2001: Produzir sempre, o grande desafio. p.718-719. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. MEREDITH JUNIOR, W. R.; BOYKIN, D. L.; BOURLAND, F. M.; CALDWELL, W. D.; CAMPBELL, B. T.; GANNAWAY, J. R.; GLASS, K.; JONES, A. P.; MAY, L. M.; SMITH, C. W.; ZHANG, J. Genotype X environment interactions over seven years for yield, yield components, fiber quality, and gossypol traits in the regional high quality tests. Journal of Cotton Science, Bossier City, v. 16, n. 3, p. 160-169, 2012. ROSOLEM, C. A. Fenologia e ecofisiologia no manejo do algodoeiro. In: FREIRE, E. C. (ed.). Algodão no Cerrado do Brasil. Brasília: Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 2007. 918p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-10-2014/2015
COMPETIÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO IRRIGADAS EM SISTEMA DE PIVÔ CENTRAL Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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RESUMO Nos últimos anos tem sido ofertado ao cotonicultor novas variedades de algodão, portando diferentes tecnologias, que prometem maior produtividade, adaptabilidade, qualidade de fibras, entre outras, dando ao agricultor a possibilidade de escolha para aquela que melhor se ‘encaixa’ no seu sistema produtivo. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar nove variedades de algodão cultivadas sob pivô central. Todas as variedades avaliadas apresentaram elevadas produtividades, contudo, a TMG 81 WS, FM 975 WS e TMG 42 WS destacaram-se, apresentando respectivamente 385,03; 379,38; e 372,45 @/ha. Os mais elevados valores para o rendimento de fibras foram obtidos pelas variedades FM 940 e 980 GLT e as TMG 47 B2 RRFlex. Para as características intrínsecas das fibras, todas variedades demonstraram bons parâmetros qualitativos. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Recentemente um grande número de variedades de algodão vem sendo colocadas no mercado, direcionadas para diferentes regiões e condições de cultivo, exibindo características distintas, que refletem diretamente nas variáveis produtividade e qualidade das fibras, contudo, sabe-se que ambas variáveis são fortemente influenciadas pelas condições do ambientais, que podem limitar ou mesmo impedir que esses materiais expressem todo seu potencial genético, assim, torna-se necessário conhecer tais características sob diferentes condições de ambiente e sistemas de cultivo (CARVALHO, 2001). De acordo com Meredith Junior et al. (2012) a produtividade é influenciada em 84 % pelo ambiente e 7,4 % pelas características genéticas de cada variedade. Desde a semeadura e emergência até o fechamento do ciclo da cultura, o algodoeiro passa por diversos períodos críticos, altamente dependentes de condições ambientais, e como as variedades atualmente comercializadas respondem a estas variáveis, tais como, déficit ou excesso de precipitação, radiação luminosa (comprimento de ondas e intensidade), temperatura diurnas vs. noturnas, entre outras, pouco se conhece (ROSOLEM, 2007). Mesmo não quantificando todas essas variáveis, o cultivo simultâneo de diferentes variedades ‘lado 112
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a lado’, permite verificar qual ou quais variedades são melhores adaptadas para uma determinada microrregião, uma vez que todos os materiais são expostos a mesma condição. Assim, o objetivo desse trabalho definir a (s) melhor (es) variedade (s) de algodoeiro para as regiões de baixa altitude e sob irrigação.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, Estado de Goiás, no período de dezembro de 2014 a agosto de 2015. A área foi irrigada no sistema “pivô central”, com o fornecimento de água segundo a necessidade da cultura. Variedades comerciais, de duas diferentes empresas, TMG® e FiberMax® foram semeadas lado a lado dia 23/01 de 2015 (Tabelas 1). Cada tratamento/variedade ocupou 24 linhas, espaçadas 0,76 m, com comprimento variando de 405 a 948 metros (em função da área circular irrigada). Todos os tratos culturais aplicados seguiram aqueles adotados na rotina da fazenda, na área comercial de algodão, desde o preparo de solo, adubação de plantio e cobertura, utilização de defensivos, regulador de crescimento, adubos aplicados via foliar, entre outros. Durante a condução e no fechamento do ciclo da cultura foram realizadas as seguintes avaliações: produtividade e rendimento de pluma, bem como variáveis relacionadas à qualidade das fibras (micronaire, uniformidade, comprimento, elongação, resistência à ruptura e índice de fibras curtas). Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 1. Competição de variedades de algodoeiro semeadas ‘lado a lado’ na fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
RESULTADOS Na Tabela 2 e 3, encontram-se os resumos das análises, onde observa-se as diferenças entre as variedades avaliadas. Para a Produtividade, como foram colhidas a área total dos tratamentos, não se faz necessário análise estatística dos resultados. As maiores produtividades foram alcançadas para as variedades TMG 81 WS, FM 975 WS e TMG 42 WS, que produziram respectivamente, 385,03; 379,38; e 372,45 @/ha. As demais variedades produziram, TMG 43 WS 358,54 @/ha, TMG 47 B2RRFLEX 347,22 @/ha, FM 980 GLT 342,54 @/ha, TMG 82 WS 341,73 @/ha, TMG 46 B2RRFLEX 338,79 @/ha e FM 940 GLT 335,72 @/ha. Quanto ao Rendimento de Pluma, a variedade que apresentou o melhor resultado, significativamente superior as demais, foi a FM 940 GLT com 47,8 % de rendimento. Em seguida, um segundo e terceiro grupos foram formados pelas variedades TMG 47 B2RRFLEX e FM 980 GLT, com 46,0 e 46,6 % respectivamente (segundo grupo) e TMG 81 WS, TMG 42 WS e TMG 46 B2RRFLEX que apresentaram nessa ordem 44,0; 44,8; e 44,4 % (terceiro grupo). Ainda pela análise estatística, dois outros grupos foram observados pelas variedades FM 975 WS e TMG 43 114
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
WS (quarto grupo) e TMG 82 WS (quinto grupo), onde constataram-se rendimentos de 43,0; 42,0; 43,2; e 40,4 % respectivamente. Avaliando-se a qualidade das fibras, para variável Micronaire, os maiores valores foram alcançados para as variedades TMG 43 WS (4,60 µg/pol.) e TMG 46 B2RRFLEX (4,68 µg/pol.), estatisticamente superiores as demais. Contudo, todas as variedades apresentaram valores entre 4,10 e 4,68, bem acima do valor mínimo 3,50, e abaixo do valor máximo 4,9. Para a Uniformidade, nenhuma diferença significativa foi observada entre as variedades. Todas apresentaram valores acima de 80,0 % (valor mínimo), contudo, o valor ideal seria acima de 82,0%, e para as variedades TMG 43 WS, TMG 81 WS, TMG 42 WS, FM 980 GLT, TMG 47 B2RRFLEX e TMG 46 B2RRFLEX foram os constatados valores de 83,20; 82,36; 82,98; 82,40; 82,32; e 82,54 % respectivamente. Tratando-se do Comprimento das Fibras, todas as variedades apresentaram valores iguais ou acima do ideal (1,12 pol.), contudo, as variedades TMG 42 WS (1,18 pol.) e TMG 47 B2RRFLEX (1,21 pol.) foram estatisticamente superiores. Quanto ao Alongamento, a exceção da variedade TMG 47 B2RRFLEX, as demais apresentaram valores superiores ao ideal (6,0 %) e a TMG 46 B2RRFLEX e a FM 940 GLT destacaram-se, apresentando respectivamente, 7,36 e 7,20 %, superiores às demais avaliadas. Na avaliação de Resistência das Fibras, as variedades FM 975 WS, TMG 43 WS e FM 940 GLT foram estatisticamente melhores, contudo, todas apresentaram valores acima do ideal que é de 28,0 %. Para o Índice de Fibras Curtas, todas as variedades mostraram valores abaixo de 10,0 %, sendo que a TMG 43 WS; TMG 42 WS; FM 980 GLT; e TMG 47 B2RRFLEX estatisticamente diferiram das demais, sendo constatados índices e 6,60; 7,12; 6,60; e 6,92 %.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 1. Produtividade, rendimento e qualidade de fibras de nove variedades de algodão semeadas na fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 2. Qualidade das fibras de nove variedades de algodão semeadas na fazenda Santa Maria do Mirante, município de Turvelândia, Estado de Goiás. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. Para a produtividade, destacaram-se as variedades de maior vigor no desenvolvimento inicial da cultura, TMG 81 WS, FM 975 WS e TMG 42 WS. Esta característica é muito importante nas primeiras fases, visto a grande pressão de pragas iniciais, tais como, trips e mosca branca, e às condições climáticas adversas ao desenvolvimento inicial da cultura (excesso de chuvas). 2. As variedades FM 940 e 980 GLT e as TMG 47 B2 RRFlex apresentaram os valores mais altos de rendimento de fibras. 3. Todas as variedades testadas apresentaram bons parâmetros qualitativos para as fibras.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas CARVALHO, L. P. Avaliação de cultivares de algodoeiro herbáceo na região do triângulo mineiro. In: 3o CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, Campo Grande - MS, 2001: Produzir sempre, o grande desafio. p.718-719. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. MEREDITH JUNIOR, W. R.; BOYKIN, D. L.; BOURLAND, F. M.; CALDWELL, W. D.; CAMPBELL, B. T.; GANNAWAY, J. R.; GLASS, K.; JONES, A. P.; MAY, L. M.; SMITH, C. W.; ZHANG, J. Genotype X environment interactions over seven years for yield, yield components, fiber quality, and gossypol traits in the regional high quality tests. Journal of Cotton Science, Bossier City, v. 16, n. 3, p. 160-169, July/Sept. 2012. ROSOLEM, C. A. Fenologia e ecofisiologia no manejo do algodoeiro. In: FREIRE, E. C. (ed.). Algodão no Cerrado do Brasil. Brasília: Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 2007. 918p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-11-2014/2015
AVALIAÇÃO DE TREZE VARIEDADES DE ALGODÃO SEMEADAS EM QUATRO DIFERENTES ESTANDES Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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RESUMO Nos últimos anos tem chegado ao mercado novas variedades de algodão, com diferentes características, que variam desde o porte até a tecnologia transgênica inserida. Na falta da definição de um ‘pacote’ tecnológico que as acompanhe, definindo a melhor forma de manejálas, torna-se necessários estudos para que as melhores práticas sejam definidas. Definir corretamente o estande de plantas ou população de plantas na área, tem sido alvo de muitas pesquisas em diferentes agrossistemas. Essas pesquisas levam em consideração diferentes fatores, tais como, arquitetura e desenvolvimento da espécie, tratos culturais, colheita, entre outros. Assim o objetivo desse trabalho foi avaliar quatro estandes de plantio em treze variedades de algodão. As variedades TMG 81 e 82 WS e FM 975 WS foram as mais produtivas na média geral, nos estandes de 5 e 7 pls/m.L. A TMG 81 WS demonstrou produtividade estável em estandes mais elevados, 9 e 11 pls/m.L. Em geral as maiores produtividades foram obtidas nos estandes de 5 e 7 pls/m.L. O aumento do estande não interferiu no rendimento de pluma e em nenhum dos parâmetros analisados relacionados à qualidade das fibras. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Variedades de algodoeiro são fortemente influenciadas pelo ambiente e por caracteres intrínsecos da própria espécie, assim, é de suma importância conhecer as características de cada uma delas sob diferentes condições ambientais e sistemas de cultivo. Em cultivos mais adensados, a arquitetura da planta é determinante para uma variedade tornar-se apta a este sistema, tornando-as mais capacitadas a explorar os recursos disponíveis nessas condições. Além das características de cada variedade, para definir uma população em uma determinada área, deve-se levar em consideração o clima predominante, fertilidade do solo, entre outras variáveis (RIGHI et al., 1965; LACA BUENDIA e FARIA, 1982). Segundo Staut e Lamas (1999) e Jost e Cothren (2000), interferindo no espaçamento entre fileiras e no número de plantas por metro linear, algumas características morfológicas, tais como, altura de plantas, diâmetro do caule, ponto de inserção do primeiro ramo produtivo, número de ramos reprodutivos e vegetativos sofrem alteração. 120
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
Outras variáveis que sofrem interferência são o número de capulhos/planta e o peso médio de capulhos, que reduzem com o aumento do número de plantas por área (Lamas et al.,1989 e Souza, 1996). De acordo com Jones e Wells (1997), a densidade de plantas geralmente interfere na qualidade das fibras e o espaçamento entre fileiras na produtividade. Genótipos que exibirem ramos produtivos com entrenós curtos, mantendo as estruturas reprodutivas próximas ao caule principal, surgem como alternativa para o cultivo em estandes maiores. Como relatado, alterações na densidade de plantio promovem mudanças na morfologia da planta, ocasionando respostas distintas entre as variedades submetidas a estas alterações, diante disso, o objetivo desse trabalho foi avaliar o comportamento de 13 variedades em 4,0 diferentes densidades de plantas.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na área experimental da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de janeiro a agosto de 2015. Treze variedades comerciais de três diferentes empresas, TMG®, FiberMax® e Deltapine® foram semeadas lado a lado dia 22/01 de 2015 (Tabelas 1). Inicialmente, para cada uma delas foram semeadas quatro linhas de 100 metros de comprimento, com cerca de 20 sementes por metro linear. Após 40 dias da emergência, esta área foi dividida em quatro setores de 25 metros e em cada um deles realizado o desbaste de plantas de forma a obter densidades de 5,0; 7,0; 9,0; e 11 plantas por metro linear. Os tratos culturais foram comuns para todas as variedades, desde o preparo de solo, adubação de plantio e cobertura, utilização de defensivos, regulador de crescimento, fertilizantes aplicados via foliar, entre outros. Durante a condução até o fechamento do ciclo da cultura, foram realizadas as seguintes avaliações: a. Produtividade; b. Rendimento de Pluma; c. Retenção de capulhos no terço Inferior, Médio e Superior; d. Retenção de capulhos de primeira, segunda, terceira e quarta posições; e, e. Variáveis da qualidade das fibras: Micronaire, Comprimento e Resistência, Uniformidade, Elongação e Índice de fibras curtas. ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
TABELA 1. Variedades avaliadas em quatro diferentes estandes de 5, 7, 9 e 11 plantas/metro linear. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
RESULTADOS Através da análise de variância indicou-se que as interações entre Variedade e Estande apresentaram variações significativas. Os dados analisados estão expostos nas tabelas de 2 a 7. A TMG 81 e 82 WS e FM 975 WS foram as mais produtivas considerando valores absolutos, produzindo respectivamente nos estandes de 5 e 7 plantas/metro linear (pls/ m.L), 352,10 e 353,98 @/ha (TMG 81 WS), 323,03 e 301,80 @/ha (TMG 82 WS) e 322,98 e 330,98 @/ha (FM 975 WS). A TMG 81 WS manteve a produtividade elevada mesmo nos estandes mais elevados de 9 e 11 pls/m.L. Observa-se uma forte tendência de redução da produtividade com o aumento do estande, contudo, para a maior parte das variedades a produtividade manteve-se estável para os estandes de 5 e 7 pls/m.L, e em alguns casos, até em 9 pls/m.L (Tabela 2).
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 2. Produtividade de treze variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
Quanto ao Rendimento de Pluma, a análise de variância não constatou variações significativa na interação entre variedade e estande. Os melhores rendimentos foram obtidos para as variedades TMG 81 WS (45,75 e 45,50 %), FM 913 GLT (47,50 e 46,50 %), TMG 47 B2 RRFlex (47,00 e 47,25 %), FM 980 GLT (47,75 e 48,50 %) e FM 940 GLT (48,50 e 48,50 %) nos estandes de 5 e 7 pls/m.L. Nos estandes de 9 e 11 pls/m.L, as variedades que mais se destacaram foram a TMG 47 B2 RRFlex (46,0 e 45,25 %), FM 980 GLT (49,75 e 47,0 %) e FM 940 GLT (50,25 e 47,75 %). Ainda no estande de 11 pls/m.L destacaram-se as variedades TMG 81 WS e FM 913 GLT, com respectivamente, 44,25 e 43,0 % de rendimento de pluma (Tabela 3).
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TABELA 3. Rendimento de Pluma em nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
Analisando-se os dados de retenção de capulhos nos três terços da planta, Inferior, Médio e Superior, constatou-se que ocorre um deslocamento ascendente dessas estruturas com o aumento da densidade de plantas. Estandes menos densos (5 pls/m.L) tenderam a uma melhor distribuição dessas estruturas nos três extratos da planta. Já estandes mais densos (11 pls/m.L), cerca de 52,0 a 66,23 % de capulhos estão presentes no terço médio (Tabela 4). Dentre aquelas que foram mais produtivas, a TMG 81 WS demonstrou distribuição estável nos terços, independentemente do estande analisado, 5, 7, 9 ou 11 pls/m.L. No terço inferior a variedade apresentou 35,08; 31,58; 35,00; e 35,06 %, respectivamente para os quatro estandes avaliados, e no terço médio, 49,73; 47,36; 47,00; e 57,14 % (Tabela 4). Diferentemente, a FM 975 WS no terço inferior mostrou uma redução gradativa na
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porcentagem de capulhos, com o aumento da densidade de plantas por metro linear, 48,72; 35,24; 23,95; e 25,74 %, respectivamente para 5, 7, 9 ou 11 pls/m.L. Já no terço médio, o contrário foi observado, a porcentagem de capulhos aumentou seguindo a densidade, 40,03; 55,73; 61,46; e 60,39 % (Tabela 4).
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TABELA 4. Retenção de capulhos (%) nos terços inferior, médio e superior de nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Ao quantificar capulhos retidos/fixados em diferentes posições no ramo reprodutivo, constatou-se que, com o aumento da densidade de plantio, ocorreu redução na retenção das posições mais externas do dossel, com maior intensidade para 3as e 4as posições e em menor intensidade para 2as posições. No caso de estandes maiores, com exceção da TMG 46 B2 RRFlex, principalmente 9 e 11 pls/m.L, a maior parte da produtividade encontrou-se na primeira posição, variando de 73,26 (FM 975 WS) até 95,40 % (TMG 43WS). Já no estande de 5 pls/m.L, essa porcentagem variou de 53,81 (TMG 46 B2 RRFlex) a 68,08 % (TMG 11 WS) (Tabela 5). A TMG 46 B2 RRFlex e DP 1552 B2 RRFlex foram as variedades que apresentaram maior distribuição de capulhos, independente do estande avaliado (Tabela 5). Entre as variedades mais produtivas, a TMG 81 WS, FM 975 WS e TMG 82 WS, que produziram 352,10; 322,98; e 323,03 @/ha, respectivamente para o estande de 5 pls/m.L, e tiveram a produtividade basicamente concentrada em capulhos de 1a e 2a posições, 91,62; 94,75; e 96,11 % nessa ordem (Tabela 5).
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TABELA 5. Retenção de capulhos (%) de primeira, segunda, terceira e quarta posições em nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Para a variável Micronaire, todas as variedades, independentemente do estande de plantas, apresentaram valor acima de 3,5 µg/pol., estando dentro dos padrões de qualidade exigidos no mercado. A TMG 81 WS esteve no grupo das variedades que apresentaram os maiores valores para este parâmetro, em todos os estandes avaliados, 4,15; 4,03; 4,27; e 4,04 µg/pol., respectivamente para as densidades de 5, 7, 9 e 11 pls/m.L (Tabela 6). Quanto ao Comprimento de fibras, para todos os tratamentos foi observado valores entre 1,10 e 1,28 pol., estando todos dentro das exigências do mercado. Os maiores valores foram encontrados para as variedades FM 975 WS e TMG 11 e 41 WS, 1,21; 1,25 e 1,20 pol. para o estande de 5 pls/m.L. (Tabela 6). Avaliando-se a Resistência das fibras, todas as variedades mostraram valores acima de 27 gf/tex., que é o mínimo exigido pelo mercado, considerando todos os estandes. Para o estande de 5 pls/m.L, a resistência variou de 27,70 (FM 940 WS) a 31,80 gf/tex (TMG 43 WS), de 27,15 (TMG 46 B2 RRFlex) a 32,15 gf/tex (TMG 41 WS) para o estande de 7 pls/m.L, de 27,20 (TMG 46 B2 RRFlex) a 32,50 gf/tex (FM 975 WS) para o estande de 9 pls/m.L e de 27,00 (TMG 46 B2 RRFlex) a 34,60 gf/tex (FM 975 WS) para o estande de 11 pls/m.L (Tabela 6).
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TABELA 6.
Variáveis da qualidade das fibras, Micronaire, Comprimento e Resistência, em nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
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Tal como ocorreu no Rendimento das fibras, na Uniformidade também não foi constatado variações na interação variedade vs. estande, além disso, nenhuma diferença significativa foi observada entre os tratamentos avaliados. Todos os tratamentos apresentaram uniformidade dentro dos padrões definidos para a comercialização, que variaram de 80,0 (TMG 47 B2 RRFlex) a 86,1 % (TMG 11 WS). Em média, para a TMG 11 WS foram observados os maiores valores, 84,85; 85,10; 83,05; e 86,10 %, respectivamente para os estandes 5 pls/m.L, 7 pls/m.L, 9 pls/m.L e 11 pls/m.L (Tabela 7). Para a variável Elongação, novamente todos os valores obtidos permaneceram acima de 6,0 %, valor considerado ideal para a comercialização. Os maiores valores, significativamente superior aos demais, foram encontrados para as variedades FM 940 e 980 GLT, nos estandes de 5, 9 e 11 pls/m.L, alcançando respectivamente, 8,70 e 8,40 %, 8,00 e 8,30 % e 9,60 e 8,30 %, e para a FM 913 GLT (7,70 e 7,50 %) e TMG 46 B2 RRFlex (8,60 e 7,70 %) nos estandes de 9 e 11 pls/m.L. As variedades que apresentaram as maiores produtividades, FM 975 WS, TMG 81 WS e TMG 82 WS, a elongação variou respectivamente para cada uma delas de 6,15 a 7,10 %; 6,60 a 7,05 %; e de 6,20 a 6,90 % (Tabela 7). O Índice de fibras curtas obtidos nesse experimento ficou abaixo de 10 % para todas as variedades e estandes avaliados, permanecendo dentro do limite para a comercialização no mercado. Para este parâmetro, os valores variaram dentro de cada variedade: FM 975 WS de 6,20 a 9,20 %; TMG 11 WS de 5,20 a 6,75 %; TMG 41 WS de 5,10 a 6,80 %; TMG 42 WS de 6,80 a 7,87 %; TMG 43 WS de 6,86 a 8,50 %; TMG 81 WS de 6,60 a 9,45 %; TMG 82 WS de 8,10 a 9,45 %; FM 913 GLT de 7,85 a 8,90 %; TMG 46 B2 RRFlex de 9,30 a 9,65 %; TMG 47 B2 RRFlex de 9,40 a 9,50 %; FM 940 GLT de 5,40 a 7,80 %; FM 980 GLT de 6,50 a 7,20 %; e DP 1552 B2 RRFlex de 9,20 a 5,90 % (Tabela 7).
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TABELA 7. Variáveis da qualidade das fibras, Uniformidade, Elongação e Índice de fibras curtas, em nove variedades de algodoeiro cultivados em diferentes estandes. Fundação Goiás, 2014/2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. As variedades TMG 81 e 82 WS e FM 975 WS foram as mais produtivas na média geral, considerando os estandes de 5 e 7 plantas/metro linear (pls/m.L). 2. A variedade TMG 81 WS manteve a produtividade elevada mesmo nos estandes de 9 e 11 pls/m.L. 3. As variedades FM 975 WS, TMG 11 WS, TMG 41 WS, TMG 43 WS, TMG 82 WS, FM 913 GLT, FM 980 GLT e DP 1552 B2 RRFlex apresentaram as maiores produtividades médias nos estandes de 5 e 7 plantas por metro linear (pls/m.L), a TMG 42 WS e a TMG 81 WS nos estandes de 5, 7 e 9 pls/m.L, a TMG 46 B2 RRFlex em 7 e 9 pls/m.L e a TMG 47 B2 RRFlex e FM 940 GLT mantiveram-se estáveis em todos os estandes avaliados. 4. Para todas as variedades, o aumento do número de plantas por área, não interferiu em quaisquer dos parâmetros analisados relacionados à qualidade das fibras, onde todas apresentaram-se dentro das exigências do mercado. 5. O aumento do número de plantas por área não interferiu no rendimento de pluma para nenhuma das variedades testadas.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. JONES, M. A.; WELLS, R. Dry matter allocation and fruit patterns of cotton grow at two divergent plant populations. Crop Science, v. 37, n. 3, p. 797-802, 1997. JOST, P. H.; COTHREN, J. T. Growth and yield comparasions of cotton planted in conventional and ultra-narrow row spacings. Crop Science, Madison, v. 40, n. 2, p. 430-435, 2000 LACA-BUENDIA, J. P.; FARIA, E. A. Manejo e tratos culturais do algodoeiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.8, n.92, p.50-61, 1982. LAMAS, F. M. et al. Estudo da interação de espaçamento entre fileiras e época de plantio na cultura do algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.). Revista Ceres, v. 36, n. 205, p. 247-263, 1989. RIGHI, N. R.; FERRAZ, C. M. A.; CORREIA, D. M. Cultura e adubação do algodoeiro. São Paulo: Instituto Brasileiro de Potassa, 1965. p. 255-317. SCOTT, A,; KNOTT, M, Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance, Biometrics, Washington D,C,, v,30, n,3, p,507-512, 1974, SOUZA, L. C. Componentes de produção do cultivar de algodoeiro CNPA - 7H em diferentes populações de plantas. 1996. 71f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 1996. STAUT, L. A.; LAMAS, F. M. Arranjo de plantas e época de semeadura para a cultura do algodoeiro. In: Congresso Brasileiro de Algodão, Ribeirão Preto, 1999. Resumos... Campina Grande: EMBRAPA, CNPA, 1999. p. 649-651.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-16-2014/2015
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS QUÍMICOS PARA O CONTROLE DA MANCHA DE RAMULÁRIA (Ramularia Areola Atk) Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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RESUMO Considerada a principal doença do algodoeiro, a Mancha de ramulária tem sido um dos fatores limitantes para que a cultura expresse seu potencial produtivo, além disso, a elevação dos custos envolvidos com o controle dessa doença tem chamado a atenção dos agricultores nos últimos anos. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes fungicidas, isolados ou em mistura, dentro de um programa de aplicações, para controle de doença. Com base nos resultados, os programas que proporcionaram o maior controle da doença foram o 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11, apresentado respectivamente, 82,84; 85,72; 86,83; 83,54; 85,33; 90,06; 90,96; e 89,30 % de controle da doença. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Atualmente considerada a principal doença da cotonicultura dos Cerrados, a Mancha de Ramulária, causada pelo fungo Ramularia areola Atk, encontra-se disseminada por todas as áreas produtoras de algodão do País, podendo causar perdas estimadas em cerca de 30% da produção, principalmente quando ocorre o plantio de variedades suscetíveis, a adoção de medidas de controle pouco efetivas e a ocorrência de condições ambientais favoráveis ao patógeno (alta umidade e temperatura entre 17 a 28 ºC) (SHIVANKAR e ANVIKAR, 1995; IAMAMOTO, 2003). Quanto trata-se de manejar essa doença, visto que a maioria das cultivares atualmente utilizadas não apresentam resistência ao patógeno, o controle químico constitui a principal ferramenta de combate a esta enfermidade, comumente utilizada para conter o avanço da doença dentro das lavoras. Segundo Aquino et al. (2008) e Carretero e Siqueri (2011), a maior eficiência no controle é obtido quanto os fungicidas são aplicados no momento em que os primeiros sintomas da doença surgirem nas folhas do baixeiro. Neste contexto, este trabalho objetivou avaliar a eficiência de programas de aplicação de fungicidas para o controle da Ramulária.
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na área experimental da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de abril a julho de 2015. O ensaio foi instalado sobre a variedade FM 944 GL, semeada dia 26/01/2015. A instalação do experimento ocorreu dia 01/04, momento onde foram observados os primeiros sintomas da doença no terço inferior das plantas. Foram realizadas no total 4,0 aplicações dos tratamentos, respectivamente nos dias 01/04, 16/04, 04/05, 14/05 e 25/05 (Tabela 1). Para a aplicação foi utilizado um equipamento costal pressurizado com CO2, barra de pulverização de 2,5 m, dotada de bicos cônicos vazios, ponta 015 e pressão de 60 psi, obtendo assim, vazão 100 L/ha. Cada tratamento foi composto de 4,0 repetições, sendo cada uma composta de 4,0 linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas 0,90 m, totalizando 72 m2. O delineamento adotado foi em blocos casualizados (DBC) com 12 tratamentos. A primeira avaliação foi realizada dia 19/05, 5,0 dias após a 4a aplicação. A segunda e terceira avaliações foram realizadas respectivamente nos dias 01/06 (7,0 dias após a 5a aplicação) e 18/06 (24 dias após a 5a aplicação dos tratamentos). Para a avaliação da doença foi utilizada a escala diagramática proposta por Aquino et al. (2008) (Figura 1). Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011) e os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974). A eficiência dos tratamentos foi calculada com base na fórmula de Abbott (NAKANO et al. 1981).
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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FIGURA 1. Escala diagramática para avaliação da severidade da Mancha de Ramulária do algodoeiro, Aquino et al. (2008).
FIGURA 1. Tratamentos aplicados para o controle da Mancha de Ramulária (Ramularia areola) na cultura do Algodão. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
FIGURA 1. Tratamentos aplicados para o controle da Mancha de Ramulária (Ramularia areola) na cultura do Algodão. Fundação Goiás, 2014/2015.
RESULTADOS Por ocasião das avaliações não foram observados sintomas visuais de fitotoxicidade nas plantas ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais. Os resultados estão expostos na Tabela 3 e nas Figuras 2 e 3. Na primeira e segunda avaliações, nenhuma diferença significativa foi constatada entre os tratamentos onde foram realizadas as aplicações de fungicidas, sendo todos superiores ao tratamento testemunha. Para a terceira avaliação, os resultados indicaram que os mais eficientes programas de aplicação/fungicidas adotados para o controle da R. areola foram o 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11, apresentado respectivamente, 82,84; 85,72; 86,83; 83,54; 85,33; 90,06; 90,96; e 89,30 % de controle da doença, sendo estes significativamente superiores aos demais. Nos resultados observa-se uma maior eficiência do tetraconazol em relação ao difeconazol, contudo, em áreas comerciais, tem-se constatado uma perda significativa de eficiência dessa molécula (tetraconazol), o que tem levado os agricultores a substitui-la para controlar de R. areola. Novos estudos devem ser realizados para avaliar o efeito individual do mancozeb no controle da Ramulária.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 3. Severidade de Ramularia areola e eficiência de controle (%) de diferentes fungicidas aplicados via foliar. Fundação Goiás, 2014/2015.
FIGURA 2. Severidade média de Ramularia areola sob diferentes tratamentos com fungicidas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 3. Eficiência de controle da Mancha de Ramulária em algodoeiro tratado com diferentes fungicida. Fundação Goiás, 2014/2015.
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se a seguinte conclusão: 1. Os tratamentos de 4 a 11 apresentaram significativo controle da Mancha de Ramulária com eficiência variando de 82,84 a 90,96. 2. Novos estudos serão necessários no intuito de verificar o efeito individual de cada um dos produtos sobre a Mancha de Ramulária.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas AQUINO, L. A.; BERGER, P. G.; RODRIGUES, F. A.; ZAMBOLIM, L.; OGOSHI, F.; MIRANDA, L. M.; LÉLIS, M. M. Controle alternativo da Mancha de Ramulária do algodoeiro. Summa Phytopathologica, Jaboticabal, v. 34, p. 131-136, 2008. AQUINO, L. A.; BERGER, P. G.; RODRIGUES, F. Á.; ZAMBOLIM, L.; HERNANDEZ, F. R.; MIRANDA, L. M. Elaboration and validation of a diagrammatic scale to quantify areolate mildew on cotton. Summa Phytopathologica, v.34, n.4, p.361363, 2008. CARRETERO, D. M.; SIQUERI, V. F. Resistência preservada. Revista Cultivar, Pelotas, p. 28-30, 2011. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. IAMAMOTO, M. M. Doenças foliares do algodoeiro. Jaboticabal: FUNEP, 2003. p. 41. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. São Paulo, Ceres. 1981. 314 p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. SHIVANKAR, S. K.; ANVIKAR, D. G. Occurrence and development of grey mildew of cotton caused by Ramularia gossypii Speg. In: Relation to weather. J. Soils and Crops., v. 5, n. 2, p. 153-156, 1995.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-13-2014/2015
AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA/ SEVERIDADE DE MOFO-BRANCO (Sclerotinia Sclerotiorum) MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE REGULADOR DE CRESCIMENTO E FUNGICIDAS NA SAFRINHA DE ALGODÃO Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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RESUMO O fungo Sclerotinia sclerotiorum quando presente em um local e não devidamente manejado, o inóculo dissemina-se ao longo dos anos ocupando grandes extensões de área, podendo comprometer a produção de diversas culturas quando condições ambientais favoráveis ocorrem. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a incidência e a severidade da mofo-branco mediante a utilização de fungicidas e regulador de crescimento na cultura do algodão. Os fungicidas que promoveram a maior redução da doença foram o Carbendazim (1,5 L/ha), Carbendazim + Fluazinam (1,0 + 0,8 L/ha) e o Fluazinam (1,0 e 1,5 L/ha). Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Sclerotinia sclerotiorum é considerado altamente polífago, atacando mais de 400 espécies de plantas. Esse fungo é um habitante do solo, sobrevive como necrotrófico (decompositor) não sendo necessário o hospedeiro vivo para sua sobrevivência. O patógeno produz uma estrutura de sobrevivência denominada escleródio, que pode permanecer viável no solo por mais de 8 anos (STEADMAN, 1983; ADAMS; AYERS, 1979). Áreas infestadas com este microrganismo devem ser manejadas com muito cuidado, pois os escleródios, além da função na sobrevivência do fungo, pode também ser disseminado na lavoura durante o manejo da cultura, desde o preparo do solo até a colheita. Quando exposto a temperaturas amenas e umidade relativa elevada, os escleródios germinam dando origem a micélio ou a um corpo de frutificação denominado apotécio. O apotécio produz milhões de ascósporos que são ejetados e espalhados no dossel das plantas. Quando há a presença de ventos, esses podem ser espalhados a curtas/médias distâncias (LI et al., 1994; WEGULO et al., 2000). O monocultivo ou cultivo sucessivo de soja/ algodão tende a agravar o problema, pois ambas as espécies são hospedeiras do patógeno. Dentre as formas de se manejar a doença, a utilização de fungicidas tem sido a mais empregada, contudo, o sucesso da aplicação é fortemente dependente de alguns fatores, tais como, momento de aplicação, estádio de desenvolvimento da cultura e fungicida utilizado (COSTA e COSTA, 2004). Atualmente existe uma grande preocupação quando à utilização continuada de fungicidas, pois em variantes do fungo já foram relatados o surgimento de 146
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populações resistentes a algumas moléculas, tais como benomil e o tiofanato metílico (GOSSEN et al., 2001). Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar três diferentes fungicidas aplicados isoladamente ou em combinação para o controle da doença em condições de campo na cultura do algodão.
MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido na fazenda São Sebastião, localizada no município de Montividiu, Estado de Goiás, no período de abril a junho de 2015, onde cultivava-se a variedade de algodão FM 975 WS. A instalação do ensaio ocorreu em área com histórico de ocorrência da doença (Mofo Branco - S. sclerotiorum) no dia 01/05/2015, momento em que foi realizada a primeira aplicação dos tratamentos. A segunda e terceira aplicações foram realizadas respectivamente nos dias 12/05/2015 e 26/05/2015. O experimento foi composto de um fatorial com dois níveis, fungicida e regulador de crescimento, sendo 11 níveis para fungicida e 2,0 níveis para regulador (ausência e presença). Para a pulverização dos fungicidas foi utilizado um equipamento costal pressurizado com CO2, com barra de 2,5 m, dotado de bico cônico vazio, ponta 015 e pressão de 60 psi, obtendo assim, vazão 150 L/ha. Cada tratamento foi composto de 4,0 repetições, e cada uma delas por 6,0 linhas de 10,0 m de comprimento, espaçadas 0,76 m, totalizando 45,6 m2. O delineamento adotado foi em blocos casualizados (DBC). A avaliação dos tratamentos foi realizada dia 10/06 (15 dias após a última aplicação). Para a avaliação da doença foi utilizada a escala de notas descritas na tabela 2. Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (FERREIRA, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974). A eficiência dos tratamentos foi calculada com base na fórmula de Abbott (NAKANO et al. 1981). aplicação) e 18/06 (24 dias após a 5a aplicação dos tratamentos). Para a avaliação da doença foi utilizada a escala diagramática proposta por Aquino et al. (2008) (Figura 1). Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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2011) e os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974). A eficiência dos tratamentos foi calculada com base na fórmula de Abbott (NAKANO et al. 1981).
TABELA 1. Tratamentos aplicados na cultura do algodão para o controle do Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum). Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 2.
Escala de notas utilizada para a avaliação do Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum) na cultura do Algodão. Fundação Goiás, 2014/2015.
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RESULTADOS O ensaio foi conduzido na fazenda São Sebastião, localizada no município de Montividiu, Por ocasião das avaliações não foram observados nenhum sintoma visual de fitotoxicidade nas plantas ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais. Os resultados estão expostos na Tabela 3 e Figuras 1 e 2. Para a variável incidência, os tratamentos com fungicidas que apresentaram melhor controle da doença foram o 2- Carbendazim (1,5 L/ha), 4- Carbendazim + Fluazinam (1,0 + 0,8 L/ha), 7- Fluazinam (1,0 L/ha) e o 9- Fluazinam (1,5 L/ha), sendo estes superiores significativamente aos demais, apresentando respectivamente, 14,77; 9,66; 15,33 e 12,49 % de plantas sintomáticas quando foi aplicado regulador de crescimento e 8,52; 4,55; 14,19; e 13,06 % para os tratamentos sem a aplicação do regulador. Quanto a severidade, nenhuma diferença significativa foi constatada entre os tratamentos, independentemente da aplicação de regulador de crescimento. A severidade variou entre 1,72 a 1,82 (nota). A principal função dos reguladores de crescimento está no controle do porte do algodoeiro. Em áreas infestadas por S. sclerotiorum, a eficiência do controle da doença através do uso de fungicidas está diretamente relacionada com a penetração desses no interior do dossel. Observa-se nos resultados que a utilização do regulador não demonstrou efeito positivo. Isso pode ser explicado, pois na primeira aplicação dos tratamentos ocorreu quando os primeiros sintomas da doença surgiram, e nesse dado momento, a cultura já estava ‘travada’, com o porte definido. Assim, novos estudos devem ser conduzidos efetuando a aplicação dos reguladores para o controle do porte de plantas durante o desenvolvimento da cultura, para que obtenha-se parcelas com plantas com diferentes graus de fechamento da entrelinha. Através dos resultados e de observações na área, pôde-se constatar que o patógeno estava distribuído de forma irregular, sendo necessário novos estudos adotando um delineamento em parcelas subdivididas.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 3. Tratamentos aplicados na cultura do algodão para o controle do Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum). Fundação Goiás, 2014/2015.
FIGURA 1.
Incidência de Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum) na cultura do Algodão. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FIGURA 2. Severidade de Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum) na cultura do Algodão. Fundação Goiás, 2014/2015.
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se as seguintes conclusões: 1. Os fungicidas Carbendazim a 1,5 L/ha, Carbendazim + Fluazinam a 1,0 + 0,8 L/ha e Fluazinam a 1,0 e 1,5 L/ha, promoveram o maior controle da doença. 2. O patógeno encontrava-se irregularmente distribuído na área promovendo diferentes pressões da doença dentro da área experimental.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Referências Bibliográficas ADAMS, P. B.; AYERS, W. A. Ecology of Sclerotinia species. Phytopathology, v. 69, p. 896-899, 1979. COSTA, G. R.; COSTA J. L. da S. Efeito da aplicação de fungicidas no solo sobre a germinação carpogênica e miceliogênica de escleródios de Sclerotinia sclerotiiorum. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 34, p. 133-138, 2004. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. GOSSEN, B. D.; RIMMER, S. R.; HOLLEY, J. D. First report of resistance to benomyl fungicide in Sclerotinia sclerotiorum. Plant Disease, v.85, p.1206, 2001. LI, Y. B.; YONGLI, Z.; NIAN, L. B. Study on the dissemination distance of sunflower stem rot fungus. Plant Protection 20:12-13, 1994. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. São Paulo, Ceres. 1981. 314 p. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. STEADMAN, J. R. White Mold - A serious yield-limiting disease of bean. Plant Disease, v. 67, p. 346-350, 1983. WEGULO, S. N.; SUN, P.; MARTINSON, C. A.; YANG, X. B. Spread of Sclerotinia stem rot of soybean from area and point sources of apothecial inoculum. Canadian Journal of Plant Science 80:389-402, 2000.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-14-2014/2015
AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS APLICADOS VIA FOLIAR PARA O CONTROLE DA MELA NA FASE INICIAL DO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO ALGODÃO Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO Fungos habitantes do solo, normalmente são altamente inespecíficos, parasitas facultativos e produtores de estruturas de resistência/sobrevivência. Estes patógenos uma vez instalado na área, dificilmente é removido. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes fungicidas, aplicados isoladamente ou em mistura, via foliar, para o controle da mela do algodoeiro nas fases iniciais da cultura. Através dos resultados, constatouse alta variabilidade entre os tratamentos avaliados, fato comum quando trata-se de patógenos de solo, cuja distribuição no solo normalmente é irregular. Mesmo nessas condições, os tratamentos com Elatus, aplicado nas dosagens de 300,0 e 400,0 g/ha, e em mistura com Apron RFC, demonstraram maior eficiência de controle da doença. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Dentre as doenças que incidem sobre a cotonicultura no Brasil, aquelas que atacam as fases iniciais da cultura ganham destaque, pois atuam diretamente no estabelecimento do estande, podendo ocasionar desde a redução no vigor, comprometendo o sistema radicular, colo e/ou parte aérea, o que poderá ocasionar redução no desenvolvimento da planta, limitando o potencial produtivo, ou até acarretando a morte prematura de plântulas, reduzindo a produtividade ou ainda inviabilizando a cultura, sendo necessário o replantio. Dentre estas doenças, a mela do algodoeiro tem ganhado destaque principalmente nas regiões dos Cerrados dos Estados de Goiás Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia (GOULART, 2005). Essa doença tem sido mais evidente em áreas onde tem-se adotado o cultivo em sucessão do algodoeiro, com intenso revolvimento do solo, o que promove o surgimento de camadas subsuperficiais adensadas, que favorecem o acúmulo de água na superfície e consequentemente o encharcamento superficial do solo, condições essas ideais para o estabelecimento e multiplicação desse patógeno. A utilização de sementes de baixo vigor e plantio em momentos onde as condições ambientais favorecem o patógeno (alta umidade e temperatura amenas) também contribuem para a intensificação das perdas ocasionadas pela doença. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da aplicação foliar de diferentes 154
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fungicidas, isoladamente ou em mistura, para o controle da doença.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Sadia, localizada no município de Goiatuba, Estado de Goiás, em dezembro de 2014. Na propriedade foi selecionada uma área com histórico de ocorrência da doença. Sobre essa área foi realizado o plantio da variedade FM 940 GLT no dia 06/12, e no dia 12/12/2015 os tratamentos foram aplicados via foliar (Tabela 1). Cada tratamento foi composto de 4,0 repetições, sendo cada parcela composta de 7 linhas, espaçadas 0,86 m, com 7,0 m de comprimento. Para a aplicação dos tratamentos foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a base de CO2, bicos tipo ‘leque’ Teejet 110 02 e pressão constante de 2,5 ‘bars’ o que permitiu uma vazão de 150 L/ha. Para a avaliação dos tratamentos foi utilizada a escala de notas descritas na tabela 2. Foram avaliadas 50 plantas por parcela, nas linhas 3,0 e 5,0, em dois diferentes momentos: 1a avaliação aos 3 dias após a aplicação dos tratamentos (15/12) e a 2a avaliação aos 10 dias após a aplicação (22/12). Ainda no dia 12/12 foi realizada a avaliação do número de plântulas emergidas por metro linear nas linhas 3,0 e 5,0 de cada parcela. Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
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TABELA 1.
Fungicidas aplicados via foliar para o controle da Mela do algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 2.
Escala de notas utilizada na avaliação da severidade da Mela nas folhas cotiledonares do Algodão (Oishi, 2014).
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RESULTADOS Durante a condução experimento não foram constatados nenhum sintoma visual de fitotoxicidade ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais. Os resultados estão expostos nas Tabela 3 e 4 e nas Figuras 1 e 2. Na primeira avaliação, realizada três dias após a aplicação dos fungicidas, os tratamentos que apresentaram as maiores porcentagens de plantas assintomáticas (plantas saudáveis – Nota 1) foram o 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha) e o 10- Elatus + Apron RFC (300 + 400 g e ml/ha), apresentando respectivamente, 25,33 e 22,67 %, sendo estes superiores significativamente aos demais tratamentos avaliados. Em um segundo grupo ficaram os tratamentos com Elatus, nas três dosagens (200,0; 300,0; e 400,0 g/ha), Orkestra, na maior dosagem (450 ml/ha) e Elatus + Ridomil Gold Bravo (300,0 + 300,0 g e ml/ha), apresentando porcentagens de plantas sadias que variaram de 14,0 a 18,0 % (Tabela 3 e Figura 1). Ainda na primeira avaliação, a maior frequência de notas 4 (lesões ocupando até 30,0% do tecido foliar) foram constatadas para os tratamentos 4- Orkestra SC (250 ml/ha), 8- Priori xtra (300 ml/ha) e 12- Testemunha, estatisticamente diferentes dos demais e não diferindo entre si, apresentando menor controle da doença. Em relação a frequência de notas 5 (lesões ocupando de 31 a 50 % de tecido foliar) o tratamento que promoveu o maior controle da doença foi o 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha) com apenas 1,33 % de plantas nestas condições, sendo este superior aos demais tratamentos avaliados. Os tratamentos 7- Fox (400 ml/ha) e 12- Testemunha foram aqueles onde constataram-se a maior frequência de notas 5, ou seja, tiveram maiores danos. Para a nota 6 (plântula morta ou com grau de infecção irreversível), os tratamentos 5- Orkestra SC (350 ml/ha), 7- Fox (400 ml/ha), 8- Priori xtra (300 ml/ha) e 12Testemunha apresentaram maior número de plantas nessas condições. Por outro lado, os tratamentos 1- Elatus (200 g/ha), 2- Elatus (300 g/ha), 3- Elatus (400 g/ha), 4- Orkestra SC (250 ml/ha), 6- Orkestra SC (450 ml/ha), 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha), 10- Elatus + Apron RFC (300 + 400 g e ml/ha) e 11- Elatus + Ridomil Gold Bravo (300 + 300 g e ml/ha) foram aqueles em que observaram-se menor frequência de plantas nesta condição (Tabela 3 e Figura 1). Resumidamente, para a primeira avaliação, os tratamentos 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha) e 10- Elatus + Apron RFC (300 + 400 g e ml/ha) mostraram simultaneamente a maior frequência de plantas saudáveis e menor número de plantas mortas ou em situação irreversível de infecção. 158
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Para a segunda avaliação, as maiores frequências de plantas saudáveis foram identificadas nos tratamentos 3- Elatus (400 g/ha), 4- Orkestra SC (250 ml/ha), 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha), 10- Elatus + Apron RFC (300 + 400 g e ml/ha) e 11Elatus + Ridomil Gold Bravo (300 + 300 g e ml/ha), superiores estatisticamente aos demais tratamentos avaliados. Em relação ao número de notas 3, 4 e 5, os tratamentos que se destacaram, com menor nível de doença foram o 3- Elatus (400 g/ha), 4- Orkestra SC (250 ml/ha), 5- Orkestra SC (350 ml/ha), 6- Orkestra SC (450 ml/ha), 7- Fox (400 ml/ha), 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha), 10- Elatus + Apron RFC (300 + 400 g e ml/ha) e 11- Elatus + Ridomil Gold Bravo (300 + 300 g e ml/ha). Tratando-se da nota 6 (plantas mortas com danos irreversíveis da doença), os tratamentos que conferiram maior proteção, foram o 1- Elatus (200 g/ha), 5- Orkestra SC (350 ml/ha), 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha) e o 10- Elatus + Apron RFC (300 + 400 g e ml/ha), estatisticamente superiores aos demais tratamentos avaliados (Tabela 4 e Figura 2). Mesmo com a grande variabilidade nos resultados, possivelmente causada pela distribuição irregular do patógeno no solo, e consequentemente exposição de plântulas a diferentes potenciais de inóculo, os tratamentos 2- Elatus (300 g/ha), 3- Elatus (400 g/ha), 9- Elatus + Apron RFC (300 + 300 g e ml/ha) e 10- Elatus + Apron RFC (300 + 400 g e ml/ha), considerando-se valores absolutos, foram os que demonstraram maior poder protetivo/ curativo entre os avaliados. Novos trabalhos devem ser executados afim de avaliar a eficiência de diferentes modalidades de controle associadas, tratamento de sementes e aplicações foliares.
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TABELA 3. Frequência de notas que descrevem o ataque da Mela do Algodoeiro 3 dias após a aplicação via foliar de diferentes fungicidas. Fundação Goiás, 2014/2015.
FIGURA 1. Frequência de notas que descrevem o ataque da Mela do Algodoeiro 3 dias após a aplicação via foliar de diferentes fungicidas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 4. Frequência de notas que descrevem o ataque da Mela do Algodoeiro 10 dias após a aplicação via foliar de diferentes fungicidas. Fundação Goiás, 2014/2015.
FUGURA 2. Frequência de notas que descrevem o ataque da Mela do Algodoeiro 10 dias após a aplicação via foliar de diferentes fungicidas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se as seguintes conclusões: 1. Os fungicidas Carbendazim a 1,5 L/ha, Carbendazim + Fluazinam a 1,0 + 0,8 L/ha e Fluazinam a 1,0 e 1,5 L/ha, promoveram o maior controle da doença. 2. O patógeno encontrava-se irregularmente distribuído na área promovendo diferentes pressões da doença dentro da área experimental.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas GOULART, A. C. P. Doenças iniciais do algodoeiro – identificação e controle. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.). Sementes: qualidade fitossanitária. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitopatologia, 2005. p. 425-449. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-15-2014/2015
AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS APLICADOS NO TRATAMENTO DE SEMENTES PARA O CONTROLE DA MELA DO ALGODOEIRO Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO Doenças que incidem nas fases iniciais da cultura do algodoeiro são problemáticas, pois podem causar a morte prematura das plântulas, ocasionando redução do estande, sendo por vezes necessário o replantio da área. Plantas que não morrem com o ataque do patógeno, podem ter seu vigor comprometido pela doença. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de fungicidas, aplicados isoladamente ou em mistura, no tratamento de sementes para o controle da Mela na fase inicial de desenvolvimento do algodoeiro. Com base nos resultados, infere-se que os tratamentos com as misturas de fungicidas Apron RFC + Amistar 500 WG, nas dosagens de 300 ml + 45 g e 400 ml + 60 g/100kg de sementes, Apron RFC + Aliette 800 WP (400 ml + 250 g/100kg) e Elatus + Ridomil Gold Bravo (400 g + 300 g/100kg), garantiram o estabelecimento do estande nas condições em que os trabalhos foram realizados. O fungicida Equation (Cymoxanil 300 g/kg + Famoxadone 225 g/kg) na dosagem de 600,0 g/100 Kg de sementes provocou fitotoxidez em plântulas, prejudicando ou impedindo a emergência. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Entre as doenças que incidem sobre a cultura do algodoeiro no Brasil, aquelas que atacam as fases iniciais da cultura ganham destaque, pois atuam diretamente no estabelecimento da cultura, podendo ocasionar desde a redução no vigor até a morte prematura das plântulas, promovendo a redução do estande, ou mesmo inviabilizando a cultura, sendo necessário o replantio (MICHEREFF et al., 2005). Entre estas doenças, a mela do algodoeiro tem ganhado destaque, principalmente nas regiões de altitude dos Cerrados. Essa doença tem sido mais evidente em áreas onde temse adotado o cultivo em sucessão do algodoeiro, com intenso revolvimento do solo, o que promove o surgimento de camadas subsuperficiais adensadas, que favorecem o acúmulo de água na superfície e encharcamento do solo, condições essas ideais para o estabelecimento e multiplicação de muitos patógenos. A utilização de sementes de baixo vigor e plantio em momentos onde as condições ambientais favorecem o patógeno (alta umidade e temperatura amena) também contribuem para a intensificação das perdas. Assim, o objetivo desse trabalho 166
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foi avaliar o efeito da aplicação de diferentes fungicidas no tratamento de sementes, isoladamente ou em mistura, para o controle da doença.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda São Sebastião, localizada no município de Montividiu, Estado de Goiás, nos meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015. Na propriedade foi selecionada uma área com histórico de ocorrência da doença e o plantio realizado no momento em que fosse favorável ao patógeno, alta umidade no solo e temperatura amena. A instalação do ensaio ocorreu dia 15/12. Sementes da variedade FM 975 WS sem tratamento, foram tratadas com diferentes fungicidas e combinações (Tabela 1). Para o tratamento das sementes, foram seguidas as recomendações do fabricante, ou para aqueles tratamentos onde o produto não era destinado para tal finalidade, foi adotado uma metodologia padrão para realizar a aplicação dos defensivos. Cada tratamento foi composto de 1,0 linha de 100 m de comprimento. Os tratamentos foram dispostos em paralelo de forma a proporcionar ao máximo condições homogêneas, pois a distribuição de patógenos de solo normalmente é irregular. Antes da emergência, quatro intervalos de 10 m foram marcados, constituindo-se assim quatro repetições. A avaliação dos tratamentos foi realizada 20 dias após o plantio. Foram realizadas as seguintes observações: 1. Número de plantas emergidas; e 2. Severidade da doença. Para a avaliação da severidade da doença foi adotada a escala de notas exposta na Tabela 2. Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
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TABELA 1.
Fungicidas aplicados no tratamento de sementes para o controle da Mela do algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 2.
Escala de notas utilizada na avaliação da severidade da Mela nas folhas cotiledonares do Algodão (Oishi, 2014).
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RESULTADOS Durante a condução experimento foi constatado sintoma de fitotoxicidade no tratamento 9- Apron RFC + Equation - 400 ml + 600 g/100kg, ocasionado pelo fungicida Equation, que limitou a germinação desse tratamento, por esta razão esses dados foram suprimidos da figura 2. Os resultados alcançados nesse experimento estão destacados na tabela 2 e figura 2. O agente causal da mela do algodoeiro, pode ocasionar o apodrecimento de sementes e morte de plântulas, tanto na pré-, quanto na pós-emergência, quando condições favoráveis de ambiente ocorrem. O principal benefício do tratamento de sementes com fungicidas é garantir o estabelecimento do estande, protegendo as sementes de patógenos presentes no solo ou aqueles associados externa ou internamente à própria semente. Na avaliação do estande, realizada 20 dias após o plantio, os maiores números de plântulas, significativamente superior aos demais, foram obtidos nos tratamentos 7- Apron + Amistar (300 ml + 45 g/100kg), 8- Apron + Amistar (400 ml + 60 g/100kg), 10- Apron + Aliette (400 ml + 250 g/100kg) e 11- Elatus + Ridomil Gold Bravo (400 g + 300 g/100kg). A maior porcentagem de plântulas assintomáticas (sadias – Nota 1) foi observada para o tratamento 8- Apron RFC + Amistar 500 WG (400 ml + 60 g/100kg), superior estatisticamente aos demais tratamentos avaliados, a exceção do tratamento 9- Apron RFC + Equation - 400 ml + 600 g/100kg que foi desconsiderado pela fitotoxidez ocasionada pelo fungicida Equation. Em função da baixa germinação observada nos tratamentos de 1- Elatus (200 ml/100kg) ao 6- Orkestra SC (450 ml/100kg), 9- Apron RFC + Equation (400 ml + 600 g/100kg) e 12Testemunha, as avaliações de sintomas na parte aérea ficaram comprometidas, uma vez que o estande estabelecido nesses tratamentos variaram de 1,05 a 3,35 plantas por metro linear, diferentemente do ocorrido nos tratamentos 7- Apron + Amistar (300 ml + 45 g/100kg), 8Apron + Amistar (400 ml + 60 g/100kg), 10- Apron + Aliette (400 ml + 250 g/100kg) e 11- Elatus + Ridomil Gold Bravo (400 g + 300 g/100kg) que respectivamente apresentaram estandes de 6,65; 6,90; 7,15; e 6,40 plantas por metro linear.
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TABELA 2. Tratamento de sementes com diferentes fungicidas e combinações para o controle da mela do algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
FIGURA 1. Efeito do tratamento de sementes fungicidas para o controle da mela do algodoeiro. Os dados referentes ao tratamento 9 foram suprimidos devido a fitotoxicidade do fungicida Equation que restringiu a germinação/emergência de plântulas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. Os tratamentos 7- Apron + Amistar (300 ml + 45 g/100kg), 8- Apron + Amistar (400 ml + 60 g/100kg), 10- Apron + Aliette (400 ml + 250 g/100kg) e 11- Elatus + Ridomil Gold Bravo (400 g + 300 g/100kg), garantiram o estabelecimento do estande, que variou de 6,40 a 7,15 plantas por metro linear, superior à média dos demais tratamentos que foi de 2,38 plantas. 2. A utilização do fungicida Equation (Cymoxanil 300 g/kg + Famoxadone 225 g/kg) na dosagem de 600,0 g/00 Kg de sementes causou fitotoxidez limitando a emergência de plântulas. 3. Novos trabalhos devem ser realizados empregando-se conjuntamente tratamentos de sementes e aplicações foliares de fungicidas.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. MICHEREFF, S. J.; ANDRADE, D. E.G.T.; PERUCH L. A. M.; MENEZES, M. Importância dos Patógenos e das Doenças Radiculares em Solos Tropicais. In: MICHEREFF, S. J.; ANDRADE, D. E. G. T.; MENEZES, M. (eds.). Ecologia e Manejo de Patógenos Radiculares em Solos Tropicais, p. 1-18, 2005. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-15.1-2014/2015
AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS APLICADOS NO TRATAMENTO DE SEMENTE PARA O CONTROLE DA MELA NA CULTURA DO ALGODÃO Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
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RESUMO Um dos principais problemas na cultura do algodão reside no estabelecimento correto do estande de plantas, e áreas contaminadas por patógenos de solo, tal como, o agente causal da mela do algodoeiro, podem ser acometidas pela morte prematura de plântulas, tanto em pré-, quanto em pós-emergência. Assim, o objetivo desse trabalho foi verificar a eficiência de fungicidas, aplicados isoladamente ou em mistura, no tratamento de sementes de algodão para o controle da Mela. De acordo com os resultados permite-se inferir que a combinação de fungicidas Apron RFC + Priori, Apron + Aliette, Elatus + Ridomil Gold Bravo, Apron RFC + Priori + Equation e Apron RFC + Priori + Ridomil Gold Bravo conferiram maior porcentagem de plantas assintomáticas (plantas sadias). Além disso, os maiores danos observados durante a condução do experimento, pontuações necróticas ocupando no máximo 10 % do limbo foliar (Nota 3) e lesões ocupando até 30% do tecido foliar (Nota 4), incidiram sobre o tratamento testemunha (sementes sem receber o tratamento com fungicidas). Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Entre as doenças que incidem sobre a cotonicultura no Brasil, aquelas que atacam as fases iniciais da cultura ganham destaque, pois atuam diretamente no estabelecimento do estande, podendo ocasionar desde a redução no vigor, comprometendo o desenvolvimento de plântulas, ou mesmo a morte prematura, produzindo estandes irregulares com redução na produtividade (MICHEREFF et al., 2005). Em alguns casos essas doenças podem inviabilizar a cultura, sendo necessário o replantio. Dentre estas doenças, a Mela do algodoeiro tem ganhado destaque principalmente nas regiões dos Cerrados dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia, sendo mais evidente em áreas onde adota-se o cultivo em sucessão do algodoeiro, com revolvimento do solo, o que promove o surgimento de camadas subsuperficiais adensadas, favorecendo o acúmulo de água na superfície e encharcamento do solo, condições essas ideais para o estabelecimento e multiplicação desse patógeno. A utilização de sementes de baixo vigor e plantio em momentos onde as condições ambientais favorecem o patógeno (alta umidade e 176
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temperatura amena) também contribuem para a intensificação das perdas. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de diferentes fungicidas no tratamento de sementes, isolados ou em mistura, para o controle da doença.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda São Sebastião, localizada no município de Montividiu, Estado de Goiás, nos meses de março a abril de 2015. Na propriedade foi selecionada uma área com histórico de ocorrência da doença e o plantio realizado no momento em que fosse favorável ao patógeno, alta umidade no solo e temperaturas amenas. A instalação do ensaio ocorreu dia 25/03. Sementes da variedade FM 975 WS sem tratamento, foram tratadas com diferentes fungicidas e combinações (Tabela 1). Para o tratamento das sementes, foram seguidas as recomendações do fabricante, ou para aqueles tratamentos onde o produto não era destinado para tal finalidade, foi adotado uma metodologia padrão para realizar a aplicação dos defensivos. Cada tratamento foi composto de quatro repetições, e cada parcela formada por 3,0 linhas espaçadas de 0,76 m e 3,0 m de comprimento, totalizando 9,12 m². As avaliações dos tratamentos foram realizadas 10 dias após o plantio, sendo realizadas as seguintes observações: 1. Fitotoxicidade dos tratamentos; e 2. Severidade da doença. Para a avaliação da fitotoxicidade e severidade da doença foram adotadas as escalas de notas expostas respectivamente nas tabelas 2 e 3. Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
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TABELA 1.
Fungicidas aplicados no tratamento de sementes para o controle da Mela do algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 2. Escala de notas utilizada para avaliar a Fitotoxicidade do tratamento de sementes em plântulas de algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 3. Escala de notas utilizada na avaliação da severidade da Mela nas folhas cotiledonares do Algodão (Oishi, 2014 – informação pessoal). Fundação Goiás, 2014/2015.
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RESULTADOS Os resultados desse ensaio estão expostos na tabela 4 e figura 1. Durante a condução experimento foi constatado sintomas fitotoxicidade em todos os tratamentos onde foram aplicados fungicidas no tratamento de sementes. Os tratamentos com fungicidas que menores danos ocasionaram nas plântulas foram 1- Apron RFC + Priori (300,0 + 90,0 ml/100kg) e o 4- Elatus + Ridomil Gold Bravo (300,0 + 300,0 ml/100kg), sendo estes superiores significativamente aos demais tratamentos a exceção do tratamento testemunha, onde não se observou sintomas. A maior porcentagem de plantas assintomáticas (plantas saudáveis – Nota 1) foram constatadas nos tratamentos 2- Apron RFC + Priori (400,0 + 130,0 ml/100kg), 3- Apron + Aliette (400,0 + 250,0 ml/100kg), 4- Elatus + Ridomil Gold Bravo (300,0 + 300,0 ml/100kg), 5- Apron RFC + Priori + Equation (400,0 + 200,0 + 400,0 ml ou g/100kg) e 7- Apron RFC + Priori + Ridomil Gold Bravo (400,0 + 200,0 + 300,0 ml/100kg), exibindo respectivamente 10,75; 11,50; 10,75; 8,50; e 10,50 %, sendo estes superiores aos demais tratamentos avaliados. Avaliando-se plantas com Nota 3 (pontuações necróticas ocupando no máximo 10 % do limbo foliar) e Nota 4 (lesões ocupando até 30% do tecido foliar), constatou-se que todos os tratamentos com fungicidas foram superiores estatisticamente ao tratamento testemunha, apresentando plântulas com menor nível de dano. Em nenhum dos tratamentos foram observadas plântulas com notas 5 (lesões ocupando de 31 a 50 % do tecido foliar) e 6 (plântula morta ou apresentando grau de infecção irreversível).
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TABELA 4.
Efeito do tratamento de sementes com diferentes fungicidas e combinações para o controle da Mela do Algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
FIGURA 1. Tratamento de sementes com diferentes fungicidas e combinações para o controle da Mela do algodoeiro. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. Os tratamentos 2- Apron RFC + Priori, 3- Apron + Aliette, 4- Elatus + Ridomil Gold Bravo, 5- Apron RFC + Priori + Equation e 7- Apron RFC + Priori + Ridomil Gold Bravo apresentaram as maiores frequências de plantas assintomáticas (plantas sadias), respectivamente 10,75; 11,50; 10,75; 8,50; e 10,50 %. 2. Em geral, a utilização de fungicidas no tratamento de sementes promoveu maior proteção de plântulas, sendo constatado menor frequência de pontuações necróticas ocupando no máximo 10 % do limbo foliar (Nota 3) e lesões ocupando até 30% do tecido foliar (Nota 4). 3. Novos estudos devem ser realizados na tentativa de elucidar a etiologia da doença e consequentemente, estabelecer uma metodologia de controle mais eficiente.
Santa Helena de Goiás, 13 de outubro de 2015.
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ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Referências Bibliográficas FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. MICHEREFF, S. J.; ANDRADE, D. E.G.T.; PERUCH L. A. M.; MENEZES, M. Importância dos Patógenos e das Doenças Radiculares em Solos Tropicais. In: MICHEREFF, S. J.; ANDRADE, D. E. G. T.; MENEZES, M. (eds.). Ecologia e Manejo de Patógenos Radiculares em Solos Tropicais, p. 1-18, 2005. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-16-2014/2015
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS QUÍMICOS APLICADOS VIA FOLIAR VISANDO A RETENÇÃO DE ESTRUTURAS REPRODUTIVAS DO ALGODOEIRO (Gossypium Hirsutum L.) Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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RESUMO Nos primeiros estádios de desenvolvimento da cultura do algodão é comumente observado um elevado nível de abortamento de estruturas reprodutivas, botões, flores e maças. Essa perda, é motivada por diversos fatores, entre eles, a própria fisiologia da espécie. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes produtos que possam atuar na retenção de estruturas reprodutivas e na qualidade da fibra. O tratamento 7, composto por duas aplicações de Hold (0,25 l/ha) + Sulfato de Mg (1,5 kg/ha) + Pix HC (0,1 l/ha na 1a aplicação e 0,15 l/ha na 2a), o 8 por duas aplicações de Comol Plat. (0,15 l/ha) + Sulfato de Mg (1,5 kg/ha) + Pix HC (0,1 l/ha na 1a aplicação e 0,15 l/ha na 2a) e o 10 por quatro aplicações de Citobloom (0,4 l/ha) apresentaram as maiores produtividades, superiores aos demais tratamentos avaliados. Nenhum dos tratamentos interferiu nas variáveis analisadas ligadas à qualidade das fibras. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO A fisiologia do algodoeiro é foco de vários estudos, pois evolutivamente esta é uma espécie perene, contudo, seu habito de crescimento foi manipulado para maximizar seu potencial produtivo. Mesmo assim, é comum observar que esta espécie tende a priorizar o desenvolvimento vegetativo em condições adversas, promovendo o abortamento prematuro de estruturas reprodutivas (botões, flores e maçãs). Outra variável que faz com que ocorra a abscisão dessas estruturas é o desbalanço nutricional, excesso ou deficiência, tanto de macro, quanto de micronutrientes. Normalmente nos Cerrados é comum observar lavouras apresentando sintomas de deficiência de micronutrientes durante o ciclo da cultura, o que promove perdas de posição (abortamento) (MARCUS-WYNER e RAINS, 1982). Além da nutrição, a utilização de reguladores de crescimento é de fundamental importância para que algodoeiro altere sua fenologia, ou seja, deixe de priorizar a fase vegetativa e comtemple a fase reprodutiva. Segundo Banci (1992) e Stewart et al. (2001), a utilização de reguladores além de incrementar a retenção de frutos de primeira posição em ramos reprodutivos, também promove o aumento do peso de capulhos e o acréscimo proporção de ramos reprodutivos em 186
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
relação aos vegetativos. Face ao exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes produtos aplicados dentro de um programa, sobre a retenção de estruturas reprodutivas do algodoeiro.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de abril a agosto de 2015. O ensaio foi instalado sobre a variedade FM 975 WS, semeada dia 18/12/2014. A instalação do experimento ocorreu dia 26/04, quando foi realizada a primeira aplicação dos tratamentos. As demais aplicações ocorreram nos dias 06/05, 15/05 e 25/05 de 2015 (Tabela 1). Para a aplicação/pulverização dos tratamentos foi utilizado um equipamento costal pressurizado a base de CO2, com barra de 2,5 m, dotado de bico cônico vazio, ponta 015 e pressão de 60 psi, obtendo assim, vazão 100 L/ha. Cada tratamento teve 5,0 repetições, sendo cada uma composta de 4,0 linhas de 6,0 m de comprimento, espaçadas 0,90 m, totalizando 108 m2. O delineamento adotado foi em blocos casualizados (DBC) com 14 tratamentos. Para a avaliação dos tratamentos os seguintes parâmetros foram quantificados: a. Retenção de estruturas reprodutivas; b. Peso de capulhos (g); c. rendimento de pluma; d. Produtividade estimada em 10 m. lineares (@/ha); e, e. Qualidade das fibras. Para a análise do experimento foi utilizado o programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os dados foram submetidos ao teste de agrupamento Scott-Knott, considerando 0,05 de significância de acordo com Scott e Knott (1974).
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TABELA 1.
Tratamentos aplicados na cultura do algodão visando estimular a retenção de estruturas reprodutivas. Fundação Goiás, 2014/2015.
RESULTADOS Durante as avaliações não foram observados nenhum sintoma de fitotoxicidade ou qualquer anormalidade atribuível aos tratamentos experimentais. Os resultados estão expostos nas tabelas 2 e 3. A partir dos resultados, constatou-se que os tratamentos 7, 8 e 10 foram significativamente superiores aos demais analisados para a variável produtividade, apresentando respectivamente 312,04, 300,37 e 294,0 @/ha. Essa produtividade foi estimada a partir da colheita manual de 10 metros lineares, nas duas linhas centrais de cada parcela, descartando-se 0,50 m de cada extremidade. Além da variável produtividade, esses tratamentos apresentaram maior peso de capulho, não diferindo dos tratamentos 6, 9, 11 e 12, e sendo superiores aos demais avaliados. Novamente, quanto a retenção de estruturas reprodutivas, os tratamentos 7, 8 e 9, estão incluídos entre aqueles que foram superiores, retendo maiores números dessas estruturas (Tabela 2). Quanto as variáveis ligadas à qualidade das fibras, nenhuma diferença significativa entre os tratamentos foi observada para o Micronaire, Uniformidade, Comprimento, Elongação e Resistência das fibras. Para o Índice de Fibras Curtas, os tratamentos 1, 2, 12 e 14, apresentaram os maiores índices, diferindo dos demais tratamentos avaliados (Tabela 3).
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
TABELA 2.
Variáveis da produtividade do algodoeiro cultivado mediante a aplicação de 14 diferentes tratamentos. Fundação Goiás, 2014/2015.
TABELA 3. Variáveis da qualidade das fibras do algodoeiro mediante a aplicação de 14 diferentes tratamentos. Fundação Goiás, 2014/2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se às seguintes conclusões: 1. As maiores produtividades foram observadas nos tratamentos 7, 8 e 10, significativamente superiores aos demais, produzindo respectivamente 312,04, 300,37 e 294,0 @/ha. 2. Os tratamentos 7, 8 e 10 estiveram entre os melhores, considerando todas as variáveis analisadas. 3. Todas as variáveis avaliadas ligadas à qualidade das fibras permaneceram dentro das exigências do mercado.
Santa Helena de Goiás, 14 de outubro de 2015.
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Referências Bibliográficas BANCI, C. A. Espaçamento entre fileiras e doses do regulador de crescimento cloreto de mepiquat, em três épocas de plantio, na cultura do algodoeiro herbáceo. 1992. 81 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. MARCUS-WYNER, L. & RAINS, D.W. Nutritional disorders of cotton plants. Communications in Soil Science and Plant Analysis, New York, 13(9):685-736, 1982. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. STEWART, M. A.; EDMISTEM, K. L.; WELLS, R.; JORDAN, D. L.; YORK, A. C. Wick applicator for applying mepiquat chloride on cotton: I. Rate response of wick and spray delivery systems. Journal of Cotton Science, Bossier City, v. 5, n. 1, p. 9-14, 2001.
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-17-2014-2015
AVALIAÇÃO DO PLANTIO DO ALGODOEIRO (Gossypium Hirsutum L.) SOBRE A PALHADA DE BRACHIARIA RUZIZIENSIS Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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RESUMO Estudos recentes têm demonstrado que Brachiaria ruziziensis é uma boa opção para a formação de palhadas em sistemas de plantio direto, suprimindo o desenvolvimento de plantas daninhas e contribuindo para a melhoria da estrutura física e química do solo. Dessa forma, esse trabalho objetivou avaliar os benefícios da palhada de B. ruziziensis para a cultura do Algodão (FM 975 WS). Os resultados permitiram concluir que o plantio do algodoeiro sobre a palhada de B. ruziziensis constitui-se uma boa opção para o acréscimo de produtividade e melhorias na qualidade das fibras em área de plantio convencional. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Para alcançar o sucesso dentro da cotonicultura, é fundamental conhecer as etapas envolvidas no processo produtivo dentro desse agrossistema, que se inicia no preparo/manejo do solo. Na grande maioria das áreas são frequentemente são utilizados equipamentos pesados, tais como arados, grades, entre outros, ocasionando o surgimento de camadas adensadas abaixo da superfície, que reduzem a porosidade e a infiltração de água, comprometendo a área explorada pelo sistema radicular e consequentemente absorção de água e nutrientes. Esse adensamento favorece ainda o escoamento superficial de água, que poderá desencadear erosão dos solos. (KIRKEGAARD et al., 1993; ROSOLEM et al., 1998). Buscando alcançar sistemas mais sustentáveis, que preservem as boas características dos solos, o plantio direto sobre palhada tem contribuído para a melhoria estabilidade estrutural, elevando retenção de água, reduzindo o escoamento superficial e consequentemente a erosão, melhorando assim, suas as características químicas, físicas e biológicas, que refletirá diretamente na sua fertilidade e produtividade das culturas (ROTH e VIEIRA, 1983; WUTKE, 1993). Entre as espécies recentemente estudadas para a formação de palhada no sistema de plantio direto, destaca-se a Brachiaria ruziziensis. Esta espécie é eficiente na formação da palhada e consequentemente supressão de plantas daninhas, além disso, possui sistema radicular vigoroso, profundo e ramificado, que além de contribuir para a melhoria da estrutura 194
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física do solo, redistribui os nutrientes que são absorvidos de camadas subsuperficiais e liberados por etapas na superfície após a decomposição (FIORIN, 1999). O objetivo desse trabalho foi avaliar os benefícios da palhada de B. ruziziensis para a cultura do Algodão.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de dezembro a agosto de 2015. Para o experimento foi utilizada uma área onde existia a espécie Brachiaria ruziziensis que foi semeada em fevereiro de 2014, apresentando assim alta massa vede. No dia 10/12/2014, a área foi dessecada com 2,5 L/ha de glifosato (480g.L-1) e 15 dias após a massa verde ‘deitada’ com auxílio do implemento rolo-faca, no sentido perpendicular à linha de plantio. O experimento foi composto de dois tratamentos, 1. Plantio do algodão sobre a palhada de B. ruziziensis e 2. Plantio sobre solo descoberto (Tabela 1). Para a instalação do ensaio foi utilizada a variedade FM 975 WS, semeada dia 10/01/2015. Cada tratamento foi composto de uma faixa de 63,0 m de largura, com 70 linhas de plantio espaçadas 0,90 m e 100 metros de comprimento, totalizando 6300 m2. Todos os tratos culturais aplicados seguiram aqueles normalmente utilizados em áreas comerciais, adubação de plantio e cobertura, utilização de defensivos, regulador de crescimento, adubos aplicados via foliar, entre outros. Durante a condução e no fechamento do ciclo da cultura foram realizadas as seguintes avaliações: a. Variáveis da produtividade: Retenção média de capulhos, Peso médio de capulho, Rendimento de pluma, Produtividade média estimada (com base no número e peso de capulhos) e Produtividade de colhedora; b. Variáveis da qualidade das fibras: Micronaire, Uniformidade das fibras, Comprimento, Elongação, Resistência; e Índice de fibras curtas SFI. Os dados foram submetidos à análise de variância (p<0,05) com auxílio do programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011) em que o teste F foi conclusivo para distinguir as médias.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 1. Tratamentos aplicados para avaliar a resposta do algodoeiro semeado sobre Brachiaria ruziziensis. Fundação Goiás, 2014/2015.
RESULTADOS A plantio do algodoeiro sobre a palhada de B. ruziziensis, demostrou ser altamente eficiente para o incremento na produtividade da cultura. Os resultados estão descritos na tabela 1. Para as variáveis Retenção de Estruturas Reprodutivas, Produtividade Estimada e Produtividade Real, o tratamento 1, onde foi plantado algodão sobre B. ruziziensis, apresentou respectivamente 21,35 capulhos; 411,31 @/ha; e 330,50 @/ha, sendo estas superiores a aquelas encontradas no tratamento testemunha (plantio convencional sobre o solo descoberto), 15,00 capulhos; 321,35 @/ha; e 290,50 @/ha respectivamente. Quanto as variáveis avaliadas relacionadas à qualidade das fibras, ambos tratamentos apresentaram valores considerados ideais. Com exceção do micronaire no tratamento com cobertura de B. ruziziensis (4,34 µg/pol.), que foi superior significativamente ao tratamento testemunha (plantio em solo descoberto) (3,88 µg/pol.), nenhuma diferença estatística entre os tratamentos foi constatada para as demais variáveis. A uniformidade foi de 83,60 e 83,67 %, o Comprimento de 1,21 a 1,20 pol., a Elongação de 7,50 e 7,67 %, a Resistência de 31,37 e 31,30 gf/tex e o Índice de fibras curtas de 6,20 e 6,57 %, respectivamente para os tratamentos 1- Cobertura do solo com B. ruziziensis e 2- Solo descoberto. O micronaire é mais limitante em regiões de baixa altitude e com problemas de estresse hídrico na fase de frutificação. Segundo Timossi et. al. (2007) B. ruziziensis apresenta boa adaptação para os Cerrados Brasileiros, promovendo elevado acúmulo de massa vegetal, contribuindo para a supressão da germinação de plantas daninhas. Além disso, o sistema radicular da espécie contribui para a melhoria das características química e físicas do solo (FIORIN, 1999). A cobertura vegetal
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promove uma redução do impacto provocado pelas gotas de chuva sobre as partículas do solo, reduzindo a erosão e redistribuição de patógenos presentes na superfície naquele local. Além disso, a massa vegetal acumulada na superfície age como um isolante térmico, mantendo mais estáveis as temperaturas nas camadas superficiais (0-10 cm) e auxilia na retenção de água pela redução na temperatura nessas camadas.
TABELA 2.
Variáveis da produtividade e qualidade das fibras do algodoeiro cultivado sobre a palhada de B. ruziziensis e solo sem cobertura. Fundação Goiás, 2014/2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se a seguinte conclusão: 1. O plantio do algodão (FM 975 WS) sobre a palhada de Brachiaria ruziziensis promoveu um acréscimo significativo na produtividade cultura e na qualidade das fibras, micronaire. 2. A qualidade das fibras foi prejudicada no plantio sobre o solo sem cobertura, possivelmente devido à problemas de estresse hídrico, que interferiu principalmente no micronaire. 3. Novos estudos devem ser realizados para verificar os benefícios da palhada de diferentes espécies sobre a cultura do algodão.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
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Referências Bibliográficas FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. FIORIN, J. E. Plantas recuperadoras da fertilidade do solo. Em: Curso sobre aspectos básicos de fertilidade do solo sob plantio direto, Cruz Alta-RS. Resumos de palestras... Editora Aldeia Norte. Passo Fundo, RS. 1999. 92 p. KIRKEGAARD, J. A.; SO, H. B.; TROEDSON, R. J. Effect of compaction on the growth of pigeon pea on clays soils: III. Effect of soil type and water regime on plant response. Soil and Tillage Research, v.26, p.163-178, 1993. ROTH, C.; VIEIRA, M. J. Infiltração de água no solo. Plantio Direto, v.1, p.4, 1983. TIMOSSI, P. C.; DURIGAN, J. C.; LEITE, G. J. Formação de palhada por braquiárias para adoção do sistema de plantio direto. Bragantia, v.66, p.617-622, 2007. WUTKE, E. B. Adubação verde: manejo da fitomassa e espécies utilizadas no Estado de São Paulo. In: WUTKE, E. B.; BULISANE, E. A.; MASCARENHAS, H. A. A. (Coord.). Curso sobre adubação verde no Instituto Agronômico. Campinas: Instituto Agronômico, 1993. p.17-29. (Documentos, 35).
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-18-2014/2015
AVALIAÇÃO DO PLANTIO DO ALGODOEIRO (Gossypium Hirsutum L.) SOBRE A PALHADA DE DIFERENTES ESPÉCIES Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
Consultor Quality Cotton Consultoria Agronômica Ltda.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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RESUMO O plantio direto sobre palhadas oferece diversos benefícios para a cultura principal, que vão desde a descompactação de camadas adensadas sub-superfíciais, melhorando a estrutura física e química do solo, até a realocação de nutrientes de camadas mais profundas para a superfície, que são liberados gradativamente através da decomposição. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar os benefícios da implantação de diferentes tipos de palhadas para o algodoeiro (FM 975 WS). Com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, concluise que a palhada de Brachiaria ruziziensis beneficia a cultura do algodoeiro, incrementando a produtividade em até 27,25 % e melhorando características físicas das fibras, como micronaire e índice de fibras curtas. O plantio sobre as palhadas de Crotalaria ochroleuca, Milheto ADR 300 e Brachiaria brizantha também pode contribuir para o aumento da produtividade do algodão quando comparado ao cultivo convencional. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO O preparo do solo em áreas onde o algodoeiro é cultivado normalmente envolve a utilização de implementos ‘pesados’, tais como grades, arados, entre outros, que favorecem o surgimento de camadas adensadas abaixo da superfície, com redução da porosidade do solo e consequentemente da infiltração de água, comprometendo a área explorada pelo sistema radicular e, consequentemente absorção de água e nutrientes. Além disso, áreas descobertas (solo ‘nú’), associado a camadas compactadas, favorece o escoamento superficial de água, o que pode levar ao desencadeamento de processos erosivos (KIRKEGAARD et al., 1993; ROSOLEM et al., 1998). Buscando alcançar sistemas mais sustentáveis, que preservem as boas características dos solos, o plantio direto sobre palhada tem contribuído para a melhoria estabilidade estrutural, elevando retenção de água, reduzindo o escoamento superficial e consequentemente a erosão, melhorando assim, as características químicas, físicas e biológicas do solo, que refletirá diretamente na sua fertilidade (ROTH e VIEIRA, 1983; WUTKE, 1993). Existem várias espécies aptas a serem utilizadas como cobertura, e cada uma delas exibem 202
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características especificas possibilitando a utilização em diferentes circunstâncias. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar os benefícios de diferentes espécies na formação de ‘palhada’ para o plantio algodoeiro.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Fundação Goiás, localizada no município de Santa Helena de Goiás, Estado de Goiás, no período de dezembro a agosto de 2015. As espécies destinadas à cobertura verde/formação de palhada foram semeadas no mês setembro de 2014 (Tabela 1). No dia 15/12/2014, as áreas foram dessecadas com 2,0 L de glifosato (480g.L-1) e dez dias após a massa verde ‘deitada’ com auxílio do implemento rolo-faca. Para a instalação do ensaio foi utilizada a variedade FM 975 WS, semeada dia 10/01/2015. Cada tratamento foi composto de uma faixa de 10,8 m de largura, com 12 linhas de plantio espaçadas 0,90 m e 100 metros de comprimento, totalizando 1080 m2. Todos os tratos culturais aplicados seguiram aqueles normalmente utilizados em áreas comerciais, desde o preparo de solo, adubação de plantio e cobertura, utilização de defensivos, regulador de crescimento, adubos aplicados via foliar, entre outros. Durante a condução e no fechamento do ciclo da cultura foram realizadas as seguintes avaliações: a. altura média de plantas (m); b. número de ramos vegetativos; c. número de ramos reprodutivos; d. retenção média de estruturas reprodutivas; e. peso médio de capulho (g); e. rendimento de fibra; f. produtividade média estimada (@/ha); f. produtividade de colhedora (@/ha); g. padrão de retenção de estruturas reprodutivas; e, h. variáveis ligadas à qualidade das fibras. A análise dos resultados foi realizada com auxílio do programa computacional Sisvar® (Ferreira, 2011). Os resultados das foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade (VIEIRA, 2006).
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 1. Tratamentos aplicados para avaliar a resposta do algodoeiro semeado sobre Brachiaria ruziziensis. Fundação Goiás, 2014/2015.
RESULTADOS A utilização de Brachiaria ruziziensis para a formação de palhada e posteriormente semeio de algodão, mostrou proporcionar a cultura vantagens/benefícios que refletiram na produtividade e qualidade das fibras. Os resultados estão descritos na tabela 2 e 3. Dentre os tratamentos, o plantio de algodão sobre a palhada de Brachiaria ruziziensis, considerando a produtividade real, mostrou ser superior aos demais, alcançando 302,10 @/ha. Considerando ainda a produtividade real, os tratamentos que utilizaram Crotalaria ochroleuca, Milheto ADR 300 e Brachiaria brizantha, foram superiores ao tratamento testemunha (plantio convencional – solo descoberto) e ao tratamento com C. spectabilis. Considerando a Produtividade Estimada, obtida pelo número de capulhos por planta e peso de capulhos, a maior produtividade foi calculada para o tratamento 2 (palhada de B. ruziziensis) que não diferiu dos tratamentos 3, 4 e 5, respectivamente palhadas de C. ochroleuca, Milheto ADR 300 e B. brizantha, sendo estas superiores aos demais tratamentos avaliados. Para as demais variáveis, o tratamento 2, manteve-se no grupo que apresentou as maiores médias. Dessa forma, infere-se que o plantio de algodão sobre a palhada de B. ruziziensis pode incrementar a produtividade da cultura quando comparado a outras espécies utilizadas e ao tratamento testemunha (plantio sobre o solo descoberto). A exceção do plantio sobre a palhada de C. spectabilis, as demais espécies contribuíram para o aumento da produtividade do algodão. Após a germinação da espécie C. spectabilis, esta foi acometida por um severo ataque de ‘cigarrinhas’ que comprometeu o estabelecimento e formação da palhada. 204
FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
Quanto à qualidade das fibras, os tratamentos 2- Brachiaria ruziziensis e 3- Crotalaria ochroleuca, apresentaram respectivamente micronaire de 4,11 e 4,02 µg/pol. e índice de fibras curtas de 5,21 e 5,18 %, significativamente superiores ao tratamento testemunha. Para o comprimento de fibras foi constatado que o tratamento 2- Brachiaria ruziziensis atingiu o maior valor 1,24 pol., também superior ao tratamento testemunha. O micronaire e o índice de fibras curtas são fortemente influenciados em regiões de baixa altitude e com problemas de estresse hídrico na fase de frutificação. A cobertura do solo com palhadas em sistemas de plantio direto tem contribuído para a melhoria de inúmeros agrossistemas, interferindo positivamente na redução de perdas de nutrientes solúveis e de fácil lixiviação, na redução de processos erosivos acarretados pela agua de chuvas, na estabilidade térmica e na supressão de plantas daninhas.
TABELA 2. Variáveis da produtividade do algodoeiro semeados sobre diferentes palhadas. Fundação Goiás, 2014/2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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TABELA 3.
Variáveis da qualidade das fibras do algodoeiro semeados sobre diferentes palhadas. Fundação Goiás, 2014/2015.
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FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS
CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se as seguintes conclusões: 1. A utilização de palhada de Brachiaria ruziziensis oferece benefícios ao cultivo do algodoeiro, promovendo incremento na produtividade e melhoria na qualidade das fibras, principalmente micronaire e índice de fibras curtas. 2. O plantio sobre as palhadas de Crotalaria ochroleuca, Milheto ADR 300 e Brachiaria brizantha pode contribuir para o aumento da produtividade do algodão.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
ENSAIO DE EFICÁCIA E PRATICABILIDADE AGRONÔMICA
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Referências Bibliográficas FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia (UFLA), v. 35, n.6, p. 1039-1042, 2011. KIRKEGAARD, J. A.; SO, H. B.; TROEDSON, R. J. Effect of compaction on the growth of pigeon pea on clays soils: III. Effect of soil type and water regime on plant response. Soil and Tillage Research, v.26, p.163-178, 1993. ROSOLEM, C. A.; SCHIOCHET, M. A.; SOUZA, L. S.; WHITACKER, J. P. T. Root growth and cotton nutrition as affected by liming and soil compaction. Communications in Soil Science and Plant Analysis, v.29, p.169-177, 1998. ROTH, C.; VIEIRA, M. J. Infiltração de água no solo. Plantio Direto, v.1, p.4, 1983. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974. VIEIRA, S. Análise de Variância: (Anova). São Paulo: Atlas, 2006. 204 p WUTKE, E. B. Adubação verde: manejo da fitomassa e espécies utilizadas no Estado de São Paulo. In: WUTKE, E. B.; BULISANE, E. A.; MASCARENHAS, H. A. A. (Coord.). Curso sobre adubação verde no Instituto Agronômico. Campinas: Instituto Agronômico, 1993. p.17-29. (Documentos, 35).
NÚMERO DO PROTOCOLO:
FGO-37-2014-2015
REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ALGODÃO E SOJA AOS NEMATOIDES MELOIDOGYNE INCOGNITA, Rotylenchulus Reniformis e Pratylenchus Brachyurus Ricardo Ribeiro de Oliveira Pesquisador Coordenador Geral do Projeto
Wanderley Oishi
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RESUMO Fitonematóides são um dos principais entraves na maior parte dos agrossistemas estabelecidos em regiões onde predomina-se o clima quente e úmido. Dentre as espécies mais problemáticas nas regiões dos Cerrados, Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus destacam-se, pois, além de compartilhar as culturas predominantes, estão amplamente difundidos nessas áreas. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a reação de resistência/suscetibilidade de variedades de algodão e soja para M. incognita, R. reniformis e P. brachyurus. Nenhuma das variedades de algodão ou soja foi considerada resistente a M. incognita, R. reniformis. Para a variedade de soja TMG 1179 RR foi constatado F.R. reduzido, tanto para M. incognita, quanto para R. reniformis. A variedade P 98Y30 (F.R. 0,95) de soja constitui-se boa opção para áreas infestadas com P. brachyurus, além dessa, a TMG 123 RR, TMG 132 RR e TMG 4182 apresentaram baixo F.R. As variedades DP 1536 B2RRFlex e FMT 277 de algodão demonstraram boa resistência para P. brachyurus e a FM 913 GLT e FM 944 GL foram identificados relativo baixo F.R. A DP 1536 B2RRFlex, DP 1552 B2RRFlex e FM 980 GLT devem ser consideradas dentro sistema de manejo para R. reniformis. Fundação Goiás, Sta. Helena de Goiás
INTRODUÇÃO Regiões localizados em zonas equatoriais, tropicais e subtropicais, com agricultura extensiva e clima predominante com altas temperaturas e umidade, os nematoides em geral encontram condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Uma vez introduzindo na área, como qualquer outro patógeno de solo, sua erradicação é praticamente impossível, pois a maioria das espécies são altamente polífagas, ou seja, capazes de sobreviver em diferentes espécies hospedeiras e resilientes, aptas a sobreviver em condições de adversidade (seca, encharcamento do solo, frio, ausência de hospedeiros, entre outras). Nas culturas do algodão e soja, entre as espécies de nematoides relatadas causando danos, destaca-se, Rotylenchulus reniformis, conhecido como nematoide do algodão, Meloidogyne incógnita (nematoide das galhas) e Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares), que vem causando extensivos danos a estas culturas (ASMUS et al., 2003; ASMUS e INOMOTO, 210
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2007; DIAS et al., 2010). Um agravante para tal situação é o fato desses patógenos compartilharem estas hospedeiras, e locais onde não se realiza a rotação de culturas com espécies não hospedeiras, o cultivo em sucessão, soja - algodão - soja, tendem a elevar os níveis populacionais dessas pragas no solo, podendo em certos casos, inviabilizar o cultivo nessas áreas. Em culturas extensivas, as medidas para redução da população de nematoides, devem estar dentro de um sistema de manejo integrado, onde múltiplas ações são adotadas e forma compatível (ASMUS et al., 2007). Dentre essas, a utilização de cultivares resistentes tornase a mais viável economicamente e de fácil adoção por parte dos agricultores, contudo, nenhuma das culturas, algodão ou soja, apresentam resistência múltipla a todas as espécies da praga, além disso, os níveis de resistência variam desde imunes até completamente suscetíveis. Diante desse fato, o objetivo desse trabalho foi identificar entre as variedades comerciais de algodão e soja recomendadas para as condições dos Cerrados brasileiro, a reação de resistência/suscetibilidade à M. incognita, R. reniformis e P. brachyurus.
MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos sob condições de telado no período de março a julho de 2015 do Instituto de Ciências Agrárias da UFU (Universidade Federal de Uberlândia). A responsável técnica pela condução dos ensaios foi a Professora Dra. Maria Amelia dos Santos, Fitopatologia/Nematologia da instituição. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial, com 26 genótipos de soja e 19 genótipos de algodão, três populações de nematoides separadamente e cinco repetições (Tabela 1). Sementes de soja e algodão foram semeadas em vasos plásticos capacidade de 0,5 L contendo substrato (solo:areia). Em cada vaso, houve desbaste, deixando apenas uma plântula. A inoculação foi realizada 15 dias após a semeadura, aplicando-se 10 mL da suspensão de nematoides, 5.000 ovos para M. incognita e 1.000 juvenis e/ou adultos para R. reniformis e P. brachyurus.
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Para a análise de raízes, 60 e 90 dias da inoculação, estas foram processadas pela técnica do liquidificador, e a partir da suspensão obtida, foi determinado o número de nematoides de cada espécie presentes no sistema radicular. Para a análise do solo, o substrato presente em cada vaso foi homogeneizado, e uma alíquota de 150 cm3 foi recolhida para o processamento, em condições de laboratório, pela técnica da flutuação centrífuga em solução de sacarose (JENKINS, 1964). A suspensão obtida foi utilizada para determinar o número de nematoides de cada espécie. Para compor os resultados finais, a população final foi obtida pela somatória do número de nematoides presentes no sistema radicular e o número de nematoides no solo. O fator de reprodução (FR) foi calculado pela razão entre população final e população inicial. Para distinguir a reação de cada variedade foi utilizado o FR: sendo igual ou superior a 1, o genótipo é considerado bom hospedeiro ao nematoide e inferior a 1, o genótipo é mau hospedeiro.
TABELA 1.
Genótipos de algodão e soja utilizados para a avaliação do Fator de Reprodução (FR) de três espécies de nematoides. Fundação Goiás, 2014/2015.
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RESULTADOS Todos os genótipos de soja e algodão foram bons hospedeiros para M. incognita e R. reniformis, contudo, para P. brachyurus foram encontrados os genótipos de algodão DP 1536 B2RRFlex e FMT 277 e o de soja P 98Y30 como maus hospedeiros, ou seja, com maior nível de resistência para a população testada, com Fator de Reprodução de 0,97; 0,90 e 0,95, respectivamente (Tabela 2 e 3). Visto o reduzido número de opções de variedades que exibam resistência às espécies de nematoides testadas, em algodão e soja, deve-se buscar nos resultados variedades que mesmo permitindo a multiplicação das espécies, a façam com baixos níveis. Lembrando que, o Intervalo de Confiança de 95 %, significa que, em 95 % das vezes em que o teste for repetido a média estará dentro do intervalo estabelecido. Quanto maior o Fator de Reprodução (F.R.), acima de 1, maior também será a força de associação, ou seja, de existir uma relação entre o patógeno e o hospedeiro. Assim, mesmo exibindo fator de reprodução acima de 1, as variedades de algodão DP 1536 B2RRFlex (1,32), DP 1552 B2RRFlex (1,66) e FM 980 GLT (1,36), destacam-se como opções para áreas infestadas com R. reniformis, pois o intervalo de confiança ficou respectivamente entre, 0,03-2,61; 0,24-3,08; e 0,29-2,43. Para P. brachyurus, além das variedades de algodão já citadas, deve-se considerar a FM 913 GLT (1,24: 0,30-2,18) e a FM 944 GL (1,24: 0,57 – 1,92). Em relação às variedades de soja, a TMG 1179 RR, apresentou fator de reprodução de 1,40 e 1,42, respectivamente para M. incognita e R. reniformis, e intervalos de confiança de 0,77-2,03 e 0,74-2,10. Ainda para R. reniformis, a variedade P 97Y07 RR (1,20: 0,78-1,62) pode ser considerada na ausência de melhores opções. Para P. brachyurus, as variedades TMG 123 RR, TMG 132 RR e TMG 4182, apresentaram respectivamente F.R. de 1,16; 1,10; e 1,04 e intervalos de confiança de 0,07-2,39; 0,05-2,24; e 0,57-1,52, sendo assim, consideradas para o manejo dessa praga juntamente com a P 98Y30 (0,95).
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TABELA 2. Fator de reprodução (F.R.) de M. incognita, R. reniformis e P. brachyurus em genótipos de algodão após 60 e 90 dias após a inoculação, sob condições de casa de vegetação. Fundação Goiás, 2014/2015.
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TABELA 2.
Fator de reprodução (F.R.) de M. incognita, R. reniformis e P. brachyurus em genótipos de soja após 60 e 90 dias após a inoculação, sob condições de casa de vegetação. Fundação Goiás, 2014/2015.
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CONCLUSÃO Nas condições em que o trabalho foi realizado e com base na interpretação dos resultados obtidos e analisados, chegou-se a seguinte conclusão: 1. Para áreas infestadas com M. incognita e R. reniformis, nenhuma das variedades de soja avaliadas foram consideradas resistentes com base no Fator de Reprodução (F.R.), contudo, para a TMG 1179 RR foi constatado F.R. reduzido e intervalo de confiança (I.C.) no limite inferior, abaixo de 1. 2. A variedade de soja P 98Y30 (F.R. 0,95) constitui-se boa opção para áreas infestadas com P. brachyurus. Além dessa, a TMG 123 RR, TMG 132 RR e TMG 4182, apresentaram baixo F.R. e intervalo de confiança, 0,07-2,39; 0,05-2,24; e 0,57-1,52, respectivamente. 3. As variedades de algodão DP 1536 B2RRFlex e FMT 277 demonstraram boa resistência para P. brachyurus. Além dessas, para as FM 913 GLT e a FM 944 GL foram identificados relativo baixo F.R. e I.C. no limite inferior, abaixo de 1. 4. Mesmo exibindo fator de reprodução acima de 1, as variedades de algodão DP 1536 B2RRFlex (1,32: 0,03-2,61), DP 1552 B2RRFlex (1,66: 0,24-3,08) e FM 980 GLT (1,36: 0,292,43) devem ser consideradas dentro sistema de manejo para R. reniformis.
Santa Helena de Goiás, 15 de outubro de 2015.
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