Vagabundos

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VAGABUNDOS


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Uma coleção de histórias transformada numa coleção de gestos misturada com uma lista de músicas composta por um coletivo de bombas exposto numa rua sem começo e sem fim. Uma multidão de amores que vai e volta num espiral, muitos gritos, muitos sustos, muitos saltos, muitos mundos.




A PEÇA (VÍDEO) https://www.youtube.com/watch?v=Rfdr2BmKsYw


AÇÕES VAGABUNDAS A fim de dar continuidade aos questionamentos levantados pelo espetáculo de teatro VAGABUNDOS, propomos às pessoas e à cidade algumas ações que reverberem, para além dos limites da sala de teatro, os anseios e manifestos por um país melhor. AÇÃO Nº 1 - O GRITO

1: http://www.youtube.com/watch?v=1wuruoL72l4&feature=youtu.be&hd=1

http://www.youtube.com/watch?v=-PAaXmTh-Og&feature=youtu.be&hd=1

http://www.youtube.com/watch?v=5LmktL10Ssc&feature=youtu.be&hd=1


AÇÃO Nº 2 - MUDANÇA

https://www.youtube.com/watch?v=aHJYMufnn-U

AÇÃO Nº 3 - TORCIDA

https://www.youtube.com/watch?v=Yt9UtrmdDJ4


CRÍTICAS 1 Ela nunca vai se perguntar por que não existe propaganda de espetáculos durante os intervalos da novela das oito: minhas impressões sobre o espetáculo VAGABUNDOS.

"O que, afinal, define a vida de neguinho?" Gal - Neguinho.

Pequenos movimentos cotidianos que, destacados, com ritmo e repetição, viram dança. O modo como eu sento é minha coreografia sobre o sentar. O modo como minha mãe senta é sua coreografia sobre o sentar. E no palco, dançado, aquele coçar de nariz não é um simples coçar de nariz. É destacado para ser visto, assim como um pintor desenha um quadro com uma maçã sobre a mesa, destacando-a, transformando-a em algo além de uma maçã sobre a mesa. O corpo é capaz de construir coisas. Mas para construir coisas, considerando a dança da vida e consciência política, é preciso se libertar da coreografia pré-estabelecida pelo sistema regente. E os que se libertam para dançar a própria vida são os desertores da ordem. São os vagabundos. A vida é uma dança, e viver é uma coreografia. Não que eu queira trazer um significado de todo objetivo sobre o espetáculo – o que seria quase impossível diante do tamanho caleidoscópio de sensações que este me causa -, mas diante dos meus olhos, Vagabundos é um espetáculo lúcido. Uma analogia simbólica entre uma massa de roupas (ou seria uma massa de pessoas, semi-humanos?) e aqueles que mantêm um olhar lúcido, absurdo sobre a realidade, os Vagabundos. Há, no espetáculo, um mar de duas correntes que se opõem: uma, a corrente dos semihumanos, a massa passiva da humanidade, para mim simbolizada pela massa de roupas, e entre elas, pedindo passagem, os Vagabundos, os Desertores da Ordem. As roupas são, portanto, um personagem. São as Roupas. É preciso que as Roupas sejam lavadas, entendam onde estão, para aonde estão sendo jogadas e o que estão fazendo, para que não atrapalhem o caminho dos vagabundos (que são mais do que apenas roupas: são corpos vivos dentro de roupas), para que não aceitem ser jogadas de lado para o outro, para que nasçam corpos ativos dentro delas, para que perceba cada uma a sua unidade, para que entendam seu valor. Para que se tornem vagabundos também. Enquanto aceitarem, enquanto não nascerem, enquanto não perceberem e não entenderem, os Vagabundos, indivíduos nascidos, atentos e que não aceitam a falsa-realidade que é oferecida, entre dores e glórias, dançam sobre a realidade, a verdadeira. Quando não nos libertarmos de certo nível de cegueira, quando não nos deixarmos ser operados desta catarata que insiste em ser pregada todos os dias em nossos olhos, entre mastigadas diante do jornal policial de cada dia que nos foi dado hoje e nos será dado amanhã,


ou entre as quartas-feiras de jogos, não seremos mais do que corpos limitados, vestidos em pedaços de pano. E enquanto formos corpos limitados, para a realidade nós seremos tão inúteis quanto pedaços de panos sendo jogados de um lado para o outro. Os Vagabundos são os Vagabundos porque expressam o quão absurda é a nossa mente criativa, porque denunciam o quão sebosos são os almoços e jantares diante do jornal policial, o quão tragicômica é a vida duma cidade que tem se maquiado para ser o berço da copa. Este berço que é construído pelas forças absurdas do Governo e sustentado pela massa passiva da sociedade. Embaixo de toda esta estrutura, armados com machados simbólicos e voz, sendo poucos, mas ainda assim sendo, estão os Vagabundos, tentando quebrar os alicerces desta estrutura, para no final dançar sobre toda a seboseira da comida mal digerida, da realidade mal mastigada. Uma explosão. O grito de ordem foi dado. O choque chega para conter suas vagabundagens. Mas ela é iniciada outra vez. Há um negro com uma arma na mão. Matar é tão fácil quanto brincar de esquiçar água num outro corpo. Ele gira, gira em rotação universal. Ele, em Fortaleza, a 13° capital mais violenta do mundo segundo as últimas pesquisas, é a Terra. Todos nós somos seu sol, que o alimenta e o mantém girando ao nosso redor, girando ao redor de nossas margens. Assim: marginalizado. Outra explosão. O choque chega para conter a vagabundagem. Falar em girar, lembro-me de Amar, do Drummond, que pergunta: “O que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho em rotação universal, senão rodar também e amar?” Amar e viver, viver e amar. Amar e morrer. Impossível não considerar o momento histórico que estamos passando no Brasil. Os 50 anos do Golpe Militar. Vagabundos de cara seria censurado. E por fim, uma série de explosões. O que o choque não sabe é que a semente da lucidez está sendo plantada pouco a pouco, que uma hora todos os gritos de ordem podem explodir, mas nada será contido, todo o batalhão pode aparecer para conter a euforia, mas nada será o suficiente para parar os Vagabundos. Tudo para que o espetáculo possa abrir as portas, ganhar as ruas e, aí sim!, começar. Castelo Disponível em: http://tiago-castelo.blogspot.com.br/2014/04/ela-nunca-vai-se-perguntar-por-que-nao.html#links


2 Nem yuppies e nem hippies: vagabundos Eu fui surpreendido por um relato. Era um conhecido que perguntava que país era este. Ele perguntou isso e, em seguida, contou uma história: é que tinham assaltado a mãe dele há pouquíssimo tempo. O assaltante era um homem que estava armado. E ele levou o carro dela. Isso bem na porta de casa. Algumas pessoas, ao se depararem com um relato desses, poderiam muito bem dizer que o ladrão se trata de um vagabundo. Como é de costume dizer ou ouvir. Muita gente fala assim. Muita gente por aqui. Nesse país que é sempre perguntado a ele mesmo o que ele é. E essa pergunta, de que país é este, é facilmente identificada como uma referência à música Que país é este, do compositor Renato Russo, grande sucesso nos anos 80 gravado pela sua banda Legião urbana. E que país é este, afinal? E por quem é inventado este país? A peça Vagabundos, dirigida por Andréia Pires, parece fazer essa pergunta. No elenco, participam vinte e quatro atores-bailarinos-performers vagabundos e criadores. Muita gente lançando perguntas sobre o país em que vivemos. Sobre a cidade em que habitamos. Sobre o mundo. Sobre estar no mundo. Sobre os lugares que a gente anda assumindo por aí como juventude transformadora ou não de um país que sempre se pergunta para ele mesmo o que ele é. E tudo isso em uma peça absolutamente vagabunda. Suja. Feia. Maltrapilha. Desordenada. Confusa. Mal resolvida. Mal comportada. Mal colocada. Reivindicadora. E ao mesmo tempo pop. Tamanha é a sua vagabundagem. E tudo isso como? Levantando as diversas hipóteses sobre toda uma vagabundagem operante neste país. Este país que – eu repito – sempre se pergunta para ele mesmo o que ele é. Então Vagabundos também pergunta o que Vagabundos é. E assim Vagabundos é uma peça suja, porque não poderia ser diferente. Feia, porque não cabe a ela ser bonita. Maltrapilha, porque se veste terrivelmente. Desordenada, porque a sua ordem é estabelecida através da desordem e isso vai se evidenciando cada vez mais ao decorrer da peça. Confusa, porque as informações são muitas e as vozes se confundem de tantas que elas são. Mal resolvida, porque é uma peça que nunca se fecha e que nunca se completa. Mal comportada, porque é marginal e porque coloca a cena num lugar de questionar o cumprimento da cartilha de uma boa peça de teatro ou dança – inclusive perguntando se ela, como peça, é teatro ou dança e se definir isso, no final das contas, é realmente importante. Mal colocada, porque não estabelece apenas uma visão. Reivindicadora, porque não só é política, mas se assume como tal e escancara isso. E ao mesmo tempo pop,


porque também utiliza referências pops em sua composição, tanto no que há de mais tendencioso nas artes quanto no dia-a-dia daquelas pessoas que compõe aquele trabalho. Tamanha é a sua vagabundagem. Mas quem são esses vagabundos? Vagabundo é o quê? Vagabundo é quem? Vagabundo é quem leva uma vida sem trabalho e vadia? Ou é também vagabunda aquela bijuteria que perde a cor dois dias depois de usada pela primeira vez? Quais sentidos a gente encontra nesse adjetivo? Em quais sentidos nós nos encontramos? E nesses sentidos, quais os motivos? Por que nós nos chamamos assim? Por que nós chamamos os outros assim? Por que nós dizemos o nosso governo assim? Por que nós dizemos os nossos governantes assim? Quem merece o status de vagabundo? Vagabundo é um título bom ou um título ruim no final das contas? Ou, no final das contas, bom ou ruim não cabem ao vagabundo? Sem posição definida diante dos fatos exibidos em cena, Vagabundos exibe muitas opiniões ou nenhuma. E nós, como eles que estão em cena, cada um com sua opinião latente, também vamos depositando ali os fatos que vemos, vivemos e lembramos. E assumimos ou não as nossas posições. Diversas. Muitas vezes vagabundas. Muitas vezes bem informadas ou alienadas. Afinal, todos nós estamos sujeitos a sermos capturados pelo sistema. Tanto nós, espectadores, quanto quem participa da feitura da peça. E assim continuamos seguindo sem certeza. Construindo um país desde 1500. Construindo um país que é sempre perguntado a ele mesmo o que ele é. Às vezes sem muita preocupação ou embasamento. Às vezes reproduzindo algum discurso de jornal ou de revista. Ou de algum político querido nosso. Ou daquilo que ouvimos em sala de aula ou na televisão. Ou mesmo não opinando em nada. Mas talvez assumindo a nossa postura de Macunaíma. O anti-herói preguiçoso que dá nome ao livro de Mário de Andrade. Capaz de se transformar e de assumir tantas facetas. E, como bons macunaímicos que somos, transitando como vagabundos por essas opiniões todas. E transitando nas diversas outras qualidades que a palavra vagabundo tem. Ao sair do teatro, é possível perceber que está lançado um diagnóstico. Ou mesmo vários diagnósticos. E então? O que nós fazemos com eles? O que nós podemos fazer? Como ganhamos força para essas vozes que gritam tanta coisa por aí, sendo tantas observações ou sendo tantas reclamações? É possível unir essas vozes? É possível unir tanta gente para tantas causas que nos agrupam e, ao mesmo tempo, nos dissipam? Como participar de tamanha violência com uma violência ainda maior e capaz de nos colocar firmes um ao lado do outro para enfrentarmos tantas questões juntos? Diante da quebra dessa cegueira e dessa surdez que insistimos em ter, como ainda nos mantemos imóveis e inativos? E que país é este, afinal? Os diversos públicos, nos shows em que essa música é tocada, geralmente respondem que este país "é a porra do Brasil". Sendo o mais seco possível, a reposta pode ser, de repente, que este país somos nós. Porque, afinal, nós não somos mesmo este país?


Sim. Nós somos este país. Ou, se for para ser poético, podemos responder a música do Renato Russo com outra canção. Então a resposta pode ser, de repente, uma música do Cazuza e do Frejat. Uma música que, de repente, fale sobre esse estado de se perder e não tomar iniciativa diante de tantas coisas que, por si só, gritam tanto. Sim. Este país é um Poema. E este Poema também somos nós. Uma geração que não se sabe muito bem. Ou pelo menos aparenta isso. Mas que muitas vezes ainda canta do mesmo jeito aquela mesma canção dos anos 80. Aquela mesma cantada pelos nossos pais. A canção dos yuppies filhos de hippies. E nós, que não somos nem yuppies e nem hippies, somos o quê? Somos quem? Honório Félix Disponível em: http://oquemefica.blogspot.com.br/2014/04/nem-yuppies-e-nem-hippies-vagabundos.html


MATÉRIAS DE JORNAL JORNAL O POVO Histórias transformadas em gestos

http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2014/06/18/noticiasjornalvida earte,3268534/historias-transformadas-emgestos.shtml#.U6G3oQ49zMk.facebook DIÁRIO DO NORDESTE A cidade através do corpo http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/a-cidade-atraves-do-corpo1.1002745




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