Livro Transformaçao Social - A opção pelo agir

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Transformação Social A opção pelo agir

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Transformação Social A opção pelo agir

MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPETER NELCIRA NASCIMENTO


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Johannpeter, Maria Elena Pereira Transformação social : a opção pelo agir / Maria Elena Pereira, Nelcira Nascimento ; Projeto cultural: Debora Pires. -- Pesquisa: Rede ONG Parceiros Voluntários ; Edição: Debora Pires, Nelcira Nascimento ; [Prêmio Parceiros Voluntários 2015] / Porto Alegre : ONG Parceiros Voluntários, 2015. p. : il. ISBN: 978-85-98507-04-0 1. Organizações não-Governamentais : Ações sociais. 2. Organizações nãoGovernamentais : Projetos. I. Nascimento, Nelcira. II. Pires, Debora. III. Rede ONG Parceiros Voluntários. IV. Prêmio Parceiros Voluntários 2015. V. Título. CDU: Elaborado por: Mara Lucia Araujo Meireles CRB: 10/1003

Conceito Original: ONG Parceiros Voluntários Projeto Cultural: Debora Pires Pesquisa: Rede ONG Parceiros Voluntários Edição: Debora Pires, Nelcira Nascimento Textos: Maria Elena Pereira Johannpeter e Nelcira Nascimento Projeto Gráfico/Editoração: Design de Maria Revisão: Flávio Dotti Cesa Impressão: Gráfica Editora Pallotti Fotografias: Arquivo Rede Parceiros Voluntários Fotógrafos Voluntários: Cassiano Miglia Vacca - Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Nova Prata; Center Photo Studio de Nova Prata; Ellen Caponi - Porto Alegre; Ítalo Cardoso - Porto Alegre; Jornal Correio Livre de Nova Prata. Nossa gratidão aos Conselheiros, Mantenedores, Apoiadores, Patrocinadores, Rede Parceiros Voluntários e aos milhares de cidadãos protagonistas em suas comunidades. Este livro faz parte do projeto “A Cultura da Participação Social e Cidadã: Movimentos, Iniciativas Sociais e Voluntariado – PRONAC: 148487”, aprovado pelo MINC – Ministério da Cultura, pelo mecanismo da Lei Rouanet.


Sumário 07 10 20 24 42 55

Rumos e Esperanças Prefácio

Apresentação Quem somos

O Prêmio Parceiros Voluntários As histórias incríveis de 2015 62 70 78 86 96 106 114 120 126 134 144

154 158 170 172

Cinoterapia - Nas patas de Luna, a superação AAPOT - Transformando indignação em esperança Noite dos Sonhos – Novos Sonhos Reinaldo Voluntário - A escola que ensina (e vive) voluntariado Práticas de Vivências Comunitárias - Centro de Voluntariado Juvenil Comitê da Juventude trabalha para o futuro Trabalho em Rede - Espaço Magia da Arte Chimarrão da amizade - Sementes que germinam inclusão Projeto Girassol - O Semeador de Ideias Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio: Transformando Vidas Centro Comunitário e Cultural de Belém Novo - Cores da Cidadania

E você, vai fazer o que amanhã? Depoimentos 2015

E viveram felizes para sempre Parceiros Estratégicos



Rumos e Esperanças

A planta conhecida como Dente-de-Leão tem uma simbologia

mares do voluntariado, onde

que encanta não só por lembrar a infância - quem nunca

se trabalha com emoção e

soprou a flor que se espalha como flocos de algodão? —,

profissionalismo, dentro de

mas, ainda, por representar, para nós, a disseminação de

um Terceiro Setor que se

ideias correlatas como a germinação das sementes e o

propõe eficiente. Também nos

florescimento, num ciclo de vida completo e multiplicador.

sinaliza para a importância

Representa liberdade, esperança e luz espiritual.

da construção de projetos

Originária da Europa, Inglaterra, possivelmente, esta planta tem uma aclimatação rápida e é de fácil germinação, precisando apenas de sol e umidade, e praticamente existe em todo lugar. Suas folhas são ricas em vitaminas A, B, C e

em comunidades por todo o país, com base no bem comum, na ética cidadã e no desenvolvimento.

D, e também em cálcio, potássio e ferro. É empregada na

Nosso comprometimento

fitoterapia, entre os que conhecem a utilidade de plantas

perdura ao longo do tempo,

e ervas medicinais, e, dizem as crianças e os adultos

a exemplo dessas sementes

supersticiosos, se soprada com um pedido, ele será atendido.

multiplicadoras da “Dente-de-

Também pode ser indício de chuva, em algumas regiões.

Leão”, que precisam apenas

O nome se deve, possivelmente, à forma de suas folhas,

de sol e água. Somos, todos

lembrando o formato de dentes de leão. Crenças à parte,

nós, voluntários, terreno fértil,

a flor Dente-de-Leão representa ainda união, tolerância e

e, sementes florescentes,

otimismo. “Abra a janela e deixe a esperança entrar.” Com

nos tornamos protagonistas

sua imagem resumimos a esperança de todos nós, Parceiros

e comprometidos com a

Voluntários, organizações conveniadas, mantenedores e

construção de vidas com

apoiadores. Um timão, em que o leme aponta rumos nos

mais qualidade.

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“Pensar en el otro y desde el otro, es un acto de desprendimiento que me aporta conocimiento de mí mismo y el asombro de descubrir las múltiples formas que toman los espíritus, los afectos y los sueños. (...) Toda sociedad está llena de grandeza en cada persona. Ese el descubrimiento que logra hacer y entender el trabajo voluntario”. BERNARDO TORO, AVINA

“Pensar sobre o outro e para o outro é um ato de generosidade que me traz o conhecimento de mim mesmo e a maravilha de descobrir as muitas formas que tomam os espíritos, afetos e sonhos. (...) Toda a sociedade está cheia de grandeza em todos. É essa a descoberta de quem consegue fazer e entender o trabalho voluntário.” Bernardo Toro, AVINA



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Parceiros Voluntários

“La solidaridad, ya lo sabemos, es una virtud más bien aburrida. No tiene buena prensa, no tiene morbo ni glamour. Pero es una virtud que requiere una inmensa dosis de imaginación. Y sin imaginación, sin la capacidad de ponernos en el lugar del otro, es imposible formar parte cabal de una sociedad” MARIANNE PONSFORD JORNALISTA, DIRETORA DO CENTRO REGIONAL PARA FOMENTO DO LIVRO NA AMÉRICA LATINA E CARIBE


La solidaridad

como un acto de imaginacion

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La solidaridad

La solidaridad, entendida como la capacidad de ponernos en el lugar del otro y de reconocerlo como una persona tan legítima como yo, es un comportamiento o virtud que indica un alto nivel de humanización. En una sociedad solidaria florece la colaboración, el respeto, la verdad y el cuidado de los otros, ya sean cercanos, lejanos o extraños. Las personas solidarias son además personas autónomas: personas autorreguladas, que se conocen a sí mismas y tienen una adecuada autovaloración (autoestima). Formar en la solidaridad solo es posible haciendo actos

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solidarios, buscando formas y estrategias para ayudar a disminuir o evitar el dolor en los otros, que es la forma práctica de la compasión. Y todo esto requiere mucha imaginación. Pensar en el otro y desde el otro, es un acto de desprendimiento que me aporta conocimiento de mí mismo y el asombro de descubrir las múltiples formas que toman los espíritus, los afectos y los sueños. Si escribes la vida de tu vecino escribirás una epopeya. Toda sociedad está llena de grandeza en cada persona. Ese el descubrimiento que logra hacer y entender el trabajo voluntario.


A Solidariedade

A solidariedade, entendida como a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e de reconhecê-lo como uma pessoa tão legítima como eu, é um comportamento ou virtude que indica um alto nível de humanização. Em uma sociedade solidária florescem a colaboração, o respeito, a verdade e o cuidado dos outros, quer estejam perto, distantes ou sejam estranhos. As pessoas solidárias são, além disso, pessoas autônomas: pessoas autorreguladas, que conhecem a si mesmas e têm uma adequada autoestima. Formar na solidariedade só é possível fazendo atos solidários, buscando formas e estratégias para ajudar a diminuir ou evitar a dor dos outros, que é a forma prática da compaixão. E tudo isso requer imaginação. Pensar no outro a partir do outro é um ato de desprendimento que agrega conhecimento de mim mesmo e a surpresa de descobrir as múltiplas formas que tomam os espíritos, os afetos e os sonhos. Se escreves a vida do teu vizinho, escreverás uma epopeia. Toda a sociedade está repleta de grandeza em cada pessoa. Esta é a descoberta de quem faz e entende o trabalho voluntário.

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La formación en valores y actos de libertad Los valores se forman en las rutinas. Y esas rutinas ocurren en

los espacios de socialización en los que diariamente vivimos: la casa, la calle, la escuela, las organizaciones de barrio, el trabajo, la iglesia, el partido o movimiento político y los medios de comunicación. Son las rutinas, en estos espacios de socialización, las que forman y conforma nuestro universo de valores. Cuando todos estos espacios tienen el mismo proyecto ético (contribuyen a la vida digna de todos y a cuidar los bienes ecosistémicos del planeta) nuestra vida y la sociedad tienden a ser coherentes. Si cada espacio tiene proyectos éticos distintos, el comportamiento social es disperso, incoherente y conflictivo.

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En cada uno de estos espacios tenemos protocolos y procedimientos (algoritmos) que siempre aplicamos porque nos dan resultados: desde que nos levantamos hasta que nos acostamos aplicamos los mismos algoritmos con variaciones eventuales cuando viajamos, cambiamos de trabajo o ciudad, o cuando nos comprometemos a ayudar, cuidar o apoyar a otros que no conocemos… cuando decidimos ser voluntarios nos decidimos a practicar nuevas rutinas y por lo tanto a fortalecer o adquirir nuevos valores. La decisión de ser voluntario es un acto de libertad interna. Es un acto de autorregulación que surge del interior y por lo tanto genera libertad. Solo la autorregulación produce libertad. El voluntariado es una escuela masiva de libertad, de ética solidaria y de compasión.


La colectivizaciĂłn de la solidaridad: la fuerza de una nueva humanizaciĂłn Los Parceiros Voluntarios han comprometido cientos de miles de personas que conforma una red compleja de personas, empresas e instituciones de la sociedad civil:

1.6 millones de beneficiarios 400.000 voluntarios 2.099 organizaciones de la sociedad civil 2.500 empresas 2.000 colegios 48 Ciudades de RĂ­o Grande do Sul Iniciativa con presencia en 5 estados de Brasil 13.000 personas capacitadas

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A formação em valores e atos de liberdade Os valores se formam nas rotinas. E essas rotinas ocorrem nos espaços de socialização em que diariamente vivemos: a casa, a rua, a escola, as organizações do bairro, o trabalho, a igreja, o partido, o movimento político e os meios de comunicação. São as rotinas nestes espaços de socialização que formam e compreendem nosso universo de valores. Quando todos esses espaços têm o mesmo projeto ético (contribuem para a vida digna de todos e para cuidar dos bens ecossistêmicos do planeta), nossa vida e a sociedade tendem a ser coerentes. Se cada espaço tem projetos éticos distintos, o comportamento social é disperso, inconsistente e conflitante.

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Em cada um desses espaços temos protocolos e procedimentos (algoritmos) que sempre aplicamos porque nos dão resultados: desde que nos levantamos até a hora em que deitamos, aplicamos os mesmos algoritmos com variações eventuais quando viajamos, trocamos de trabalho ou cidade e quando nos comprometemos a ajudar, cuidar ou apoiar outros que não conhecemos... quando decidimos ser voluntários, nos decidimos a praticar novas rotinas e, portanto, a fortalecer ou adquirir novos valores. A decisão de ser voluntário é um ato de liberdade interna. É um ato de autorregulação que surge do interior e, portanto, gera liberdade. Somente a autorregulação produz liberdade. O voluntariado é uma escola massiva de liberdade, de ética solidária e de compaixão.


A coletivização da solidariedade: a força de uma nova humanização. A Parceiros Voluntários tem compromissadas centenas de milhares de pessoas que integram uma rede complexa de pessoas, empresas e instituições da sociedade civil:

1,6 milhão de beneficiários 400.000 voluntários 2.099 Organizações da sociedade civil 2.500 Empresas 2.000 Instituições de Ensino 48 Cidades do Rio Grande do Sul Iniciativa com presença em 5 estados do Brasil 13.000 Pessoas capacitadas

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La fuerza y la capacidad de esta red de voluntariado está fundamentada en tres factores:

1. Todos comparten un mismo imaginario de solidaridad y de compromiso con el otro, como una fuerza de transformación social. 2. Todos los voluntarios buscan contribuir a ese imaginario desde su campo de actuación, hacerlo real desde su lugar de trabajo, de vida o estudio. El cambio es sostenible cuando se construye todos los días desde la cotidianidad. 3. Es una acción colectiva, no es un agregado o suma de acciones. Cada uno de los voluntarios tiene la certeza que los otros 399.000 voluntarios están haciendo las mismas o similares acciones por las mismas razones y sentidos. Es un proceso de colectivización continua que convierte cada acción o logro individual en una parte

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integral de una gran fuerza de transformación social y espiritual. Si definimos la cultura como la forma en que las personas o grupos de una sociedad interactúan entre sí para construir el mundo en que viven; el comportamiento solidario que se está extendiendo en Brasil desde Rio Grande do Sul, es un nueva fuerza de humanización que anuncia una nueva cultura de grandes dimensiones espirituales. Una nueva fuerza solidaria que esperamos se extienda por toda America Latina.

BERNARDO TORO, FILÓSOFO E EDUCADOR COLOMBIANO, MEMBRO DA FUNDACIÓN AVINA


A força e a capacidade desta rede de voluntariado estão fundamentadas em três fatores: 1. Todos compartilham um mesmo imaginário de solidariedade e de compromisso com o outro, como uma força de transformação social. 2. Todos os voluntários buscam contribuir com esse imaginário desde seu campo de atuação, torná-lo real desde seu local de trabalho, de vida ou estudo. A mudança é sustentável quando se constrói todos os dias, desde o cotidiano. 3. É uma ação coletiva, não é um punhado ou soma de ações. Cada um dos voluntários tem a certeza de que os outros 399.000 voluntários estão fazendo as mesmas ou ações similares pelas mesmas razões e objetivos. É um processo de coletivização contínua que converte cada ação ou fracasso individual em uma parte integrante de uma grande força de transformação social e espiritual. Se definirmos a cultura como a forma em que as pessoas ou grupos de uma sociedade interagem entre si para construir o mundo em que vivem, o comportamento solidário que se está estendendo no Brasil, desde o Rio Grande do Sul, é uma nova força de humanização que anuncia uma nova cultura de grandes dimensões espirituais. Uma nova força solidária que esperamos se estenda por toda a América Latina.

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“Nosso trabalho converge para o fortalecimento do Capital Social em nossas comunidades. A solidariedade e o exercício da cidadania plena são ativos e vantagens nas mãos de um povo que saiba usá-los com emoção e responsabilidade, de forma que gere resultados para todos.” MARIA ELENA PEREIRA JOHANNPETER PRESIDENTE VOLUNTÁRIA DA ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS


Apresentação

Peço a você que está iniciando esta leitura que o faça

suas verdades, dentro de si

com muito afeto e cuidado, pois esses são conceitos

mesmo... Cada um tem que

e histórias de vida especiais, de pessoas que dedicam

mergulhar em seus princípios,

intenso amor ao próximo, passando por cima de preconceitos,

valores, em seu próprio

desilusões e, principalmente, por não se deixarem abater

projeto de vida e ver se ali

pelas fraquezas humanas.

está levando em consideração

Em 1914, Rui Barbosa, em um de seus discursos, disse:

o principal.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar

E o principal, meus amigos, eu

a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver

não preciso dizer o que é para

agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem

quem já é VOLUNTÁRIO. Só

chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, chega a ter

conseguimos realmente ser

vergonha de ser honesto”.

felizes quando conseguimos

Eu ouço, seguidamente, comentários como: “por que devo ser

incluir o projeto de vida

voluntário e me preocupar com os outros se isso é coisa do

do outro no nosso próprio

governo? Por que devo me preocupar com os outros e investir

projeto de vida. Nós só

no social se eu já pago meus impostos? Por que me dizem que

conseguimos ser felizes

devo ser solidário, pensar no outro, se a lei de levar vantagem

quando temos certeza de que

em tudo é quase regra? Por que devo ser honesto e pensar em

podemos fazer outros, à nossa

dividir o pouco, se o muito é dividido pelos corruptos? Por que

volta, serem felizes também.

devo ser voluntário, fazer um trabalho não remunerado, se com

E essa é a moeda, rara, de

a minha atitude tão pequena eu não consigo mudar o mundo?”.

pagamento do Voluntário,

Em muitas vezes eu já me peguei parada, pensando nesses

é a moeda da FELICIDADE.

comentários... Não dou nenhuma resposta porque eu entendo

Saber que está participando

que cada um tem que encontrar suas próprias respostas,

do resgate da dignidade e

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da essência humana do outro. Este outro que é igual a mim.

o caráter fragmentário de

Ou melhor dizendo: que sou igual a ele. E quando o voluntário

propostas que elevam o

descobre essa MOEDA DA FELICIDADE, ele não quer mais

efêmero ao nível de valor,

abrir mão dela.

iludindo, assim, o verdadeiro

Ações voluntárias com objetivos bem focados, responsáveis,

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sentido da existência”.

são de grande relevância no combate à exclusão social e não

As pessoas vão morrer, todos

somente uma fonte de realização pessoal. Todos os exemplos

nós vamos morrer, a vida

que vamos conhecer nas histórias relatadas neste livro são

vai mudar, mas o que não

de pessoas que buscaram soluções para problemas que

vai mudar é a MENSAGEM,

estavam em seu entorno. Pessoas que saíram da sua zona

é o EXEMPLO que vamos

de conforto, colocando a mão na massa e, especialmente,

deixar na nossa família, nos

incluindo em seu projeto de vida o projeto de vida do outro.

nossos amigos e na nossa

Pessoas que sabem que não existe caminho pronto, que o

comunidade. A mensagem e

caminho se faz ao caminhar, conforme escreveu o poeta

o exemplo de cooperação, de

espanhol Antonio Machado*.

perseverança, de esperança e

É uma questão de ATITUDE CIDADÃ. Se nós criamos ou

de Fé num Brasil melhor, para

herdamos o mundo em que vivemos, podemos mudá-lo.

todos nós e para nossos filhos

Relembrando as palavras do Papa João Paulo II, que continuam

e netos viverem melhor.

tão atuais: “(...) de fato, não se pode negar que este período de

Desejo que este livro, que

mudanças rápidas e complexas deixa, sobretudo os jovens, a

lhe chega às mãos, traga-lhe

quem pertence e de quem depende o futuro, com a sensação

grande significado. E peço a

de estarem privados de pontos de referência autênticos.

Deus que seja um orientador,

A necessidade de um alicerce sobre o qual construir a

que ilumine nossos passos e

existência pessoal e social faz sentirem-se de maneira

que esses sejam SEMPRE em

premente, principalmente quando se é obrigado a constatar

direção ao outro.


“Caminante, son tus huellas El caminho y nada más; Caminante, no hay camino, Se hace camino al andar. Al andar se hace el camino, Y al volver la vista atrás. Se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar. Caminante no hay caminho sino estelas en la mar.” VERSO DA OBRA “CANTARES”, DE ANTONIO MACHADO (1875 – 1939). POETA MODERNISTA ESPANHOL.

“Caminhante, as tuas pegadas são o caminho e nada mais; Caminhante, não há caminho, O caminho faz-se ao andar. Ao andar faz-se o caminho. E ao olhar-se para trás, Vê-se a senda que jamais se há de voltar a pisar. Caminhante, não há caminho, Somente sulcos no mar.”

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Quem Somos



Como tudo começou

A ONG Parceiros Voluntários tem por VISÃO “Viver em uma sociedade sustentável, tendo por base pessoas éticas e participativas”. Para que isso ocorra, entende que é fundamental que o Capital Social nas comunidades seja fortalecido, para assim transformar as economias e as estruturas sociais e produtivas. Por isso, sua Missão é “qualificar pessoas e instituições, por intermédio de Tecnologias Sociais e do Voluntariado, visando comunidades proativas e solidárias”. Em 18 anos de contribuição da ONG Parceiros Voluntários para a formação do Capital Social no Brasil, o foco estratégico da instituição evoluiu e hoje ultrapassa o voluntariado organizado.

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Além de mobilizar e articular uma rede em 48 cidades gaúchas, é referência fundamental no país na criação e customização de metodologias que têm o grande compromisso de capacitar o Terceiro Setor para a busca da sua sustentabilidade. A bandeira Emoção com Resultados traduz a MISSÃO de qualificar pessoas e instituições em gestão, transparência e prestação de contas. A ONG Parceiros Voluntários, certificada como Entidade Beneficente de Assistência Social de ASSESSORAMENTO – CEBAS, já há alguns anos, capacita as Organizações Sociais habilitando-as para que estabeleçam parcerias qualificadas e transparentes com os dois agentes fundamentais provedores de seus recursos financeiros: o poder público e as empresas.


Com mais de 15 mil certificados entregues, conta com o apoio de voluntários de algumas das principais consultorias em Gestão do país. Utiliza, desde 2003, a ferramenta de gestão BSC - Balanced ScoreCard e desenvolve capacitações com os conceitos Técnico, Humano e Conceitual (THC) para as Organizações Sociais, Escolas, Empresas e comunidade em geral. Os cursos formam gestores de organizações sociais, assessoram as Empresas na criação e implementação de seus Programas de Voluntariado Interno, conscientizam voluntários sobre o valor e a responsabilidade do exercício da cidadania responsável, propiciam aos educadores momentos de reflexão sobre Educação Social Solidária e Voluntária e estimulam nos jovens visão e atitude empreendedoras. A partir da visão de que o Brasil busca o atingimento dos 17 ODS - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 2015-2030, proposto por 189 países que compõem a ONU, e que o alcance das METAS requer a união dos setores – governos, empresas, sociedade civil e universidades, a gestão qualificada do Terceiro Setor faz-se imprescindível. O valor do trabalho voluntário organizado é celebrado desde 2001 com o Prêmio Parceiros Voluntários. Todos os laureados, diante de uma plateia de mais de mil convidados, são exemplos de iniciativas sociais bem-sucedidas, replicáveis e que podem influir em políticas públicas. O objetivo é também mostrar a força do trabalho em REDE e o seu resultado, quando diferentes segmentos de uma comunidade se unem – pessoas, escolas, empresas, poder público e cidadãos beneficiários.

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Voluntariado juvenil

Em 2003, a Parceiros Voluntários criou a tecnologia social Tribos nas Trilhas da Cidadania, maior movimento de voluntariado jovem do Brasil. O movimento surgiu a partir da reivindicação dos próprios jovens, que hoje são milhares de estudantes, da rede escolar pública e privada do Rio Grande do Sul, que se dedicam a empreender soluções para os desafios existentes em suas comunidades nas trilhas da Educação para a Paz, Meio Ambiente e Cultura. Com esta iniciativa, praticam os quatro pilares da educação propostos pela ONU – aprender a saber, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. E são estimulados a

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atuar em seu contexto social como um agente mobilizador e articulador com base na solidariedade e na RSI – Responsabilidade Social Individual.


Rio Grande do Sul com atitude voluntรกria

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Evolução da Missão e da Visão

Contar esta história é relatar um sonho e um ideal de vida. Na década de 90, sua idealizadora, Maria Elena Pereira Johannpeter, começou a construir a trajetória desta Organização a partir de uma convicção pessoal que se tornou uma das crenças da ONG Parceiros Voluntários: todo ser humano é solidário e um voluntário em potencial. Por isso, passível de ser voluntário*. O voluntariado, para apresentar resultados, estava além de vontades esporádicas, baseadas somente no “eu quero fazer”, ou seja, por voluntarismo. Precisaria ser focado nas necessidades das organizações sociais, que abraçavam

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causas e demandas importantes para a comunidade, de forma organizada, em que direitos e deveres estivessem claros para quem faz e para quem recebe. Surgia, assim, em janeiro de 1997, uma organização que trazia a proposta ousada de transformar o Rio Grande do Sul em um Estado Voluntário. Desde lá, 18 anos se passaram, cenários mudaram levando a evolução da sua Visão e da Missão, conforme se vê a seguir.


1997

2009

2013

VISÃO

Desenvolver a cultura do trabalho voluntário organizado no Rio Grande do Sul.

VISÃO

Ser um movimento disseminador da cultura do voluntariado organizado no Brasil, visando a pessoas, comunidades e uma sociedade mais solidária.

VISÃO

Viver em uma sociedade sustentável tendo por base pessoas éticas e participativas.

MISSÃO

Promover, ampliar e qualificar o atendimento às demandas sociais pelo trabalho voluntário, visando à melhoria da qualidade de vida no Rio Grande do Sul.

MISSÃO

Potencializar o desenvolvimento humano, por intermédio do voluntariado organizado, para a solução de demandas sociais das comunidades.

MISSÃO

Qualificar pessoas e instituições, por intermédio de tecnologias sociais e do voluntariado, visando a comunidades proativas e solidárias.

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As Crenças da Parceiros Voluntários, todavia, nunca foram alteradas e são elas que guiam as decisões estratégicas, atitudes e ações das pessoas que interagem com a Organização.

Crenças e Valores

• Toda pessoa é solidária e um voluntário em potencial. • A filantropia e o exercício da cidadania, pela prática do voluntariado, são indispensáveis para a transformação da realidade social. • O voluntariado organizado é a base do desenvolvimento do Terceiro Setor.

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• Todo trabalho voluntário traz retorno para a comunidade e para as pessoas que o realizam. • A prática do princípio da subsidiariedade* é indispensável à autonomia das comunidades e ao seu desenvolvimento. • O desenvolvimento sustentado é alcançado pela interação entre os sistemas econômico, ambiental, social, político e cultural. Os Princípios e Valores, em qualquer Organização, devem ser perenes e o mais importante: convergentes com os que dela se aproximam, gerando, assim, Resultados com Emoção. Em 1998 foi assinada a chamada Lei do Voluntariado (Lei 9.608/98), que definiu o trabalho voluntário, fazendo distinção da relação de emprego; foi considerada um marco importante para o 3º Setor.


Pouco tempo depois, vivenciávamos o Ano Internacional do Voluntariado, por recomendação da ONU (Organização das Nações Unidas), que apontou 2001 como marco de comemorações no mundo inteiro. Dos 100 voluntários e das 10 organizações que participaram do Projeto-Piloto “Laboratório de Verão”, que, em final do ano de 1996, iniciou essa caminhada, somente em Porto Alegre são, hoje, perto de 400 mil pessoas mobilizadas e que, junto às 2 mil instituições conveniadas, beneficiam em torno de 1 milhão e meio de pessoas no Rio Grande do Sul. Hoje, essa ação se estende a outros estados, como Rio de Janeiro e Bahia.

Conceitos Norteadores

Desde a sua constituição, a Parceiros Voluntários se alicerça em vários conceitos, sendo o de RSI — Responsabilidade Social Individual — o que estabelece que, ao trabalhar os valores internos, faz despertar na pessoa o seu verdadeiro valor, o que a torna mais ativa e socialmente transformadora do mundo ao seu redor. Uma das crenças nos diz que o ser humano é um ser solidário, e é a partir desse entendimento que a Parceiros Voluntários trabalha conceitos, exercício de cidadania, comprometimento com o bem comum. Uma porta que, conforme a presidente Maria Elena Johannpeter, só abre pelo lado de dentro, pelo coração.

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O conceito de voluntariado se reforça quando nos diz: Voluntário “é toda pessoa ou organização que, motivada pelos valores de participação e solidariedade, disponibiliza seu conhecimento, tempo e emoção, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário”. * Filósofo, Sociólogo, Educador, intelectual e ativista social colombiano, um dos mais importantes pensadores da América Latina, com atuação marcadamente de viés educacional. Consultor em inúmeros projetos de mobilização social nas áreas da educação, no combate à fome e à pobreza.

Lembrando o sociólogo colombiano Bernardo Toro*, que diz: “toda a ordem social é criada por nós. O agir ou não agir de cada um é que consolida ou transforma essa ordem social”. A diretriz para a Rede Parceiros Voluntários, presente em 48 municípios do Rio Grande do Sul, é: “Gerar um legado positivo nos locais onde atuamos, trabalhando de forma articulada e respeitando a cultura das comunidades – Princípio

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da Subsidiariedade”.

Missão de todos

“Formar seres humanos para o presente, para qualquer presente, seres nos quais qualquer outro ser humano possa confiar e respeitar, seres capazes de pensar tudo o que é preciso como um ato responsável a partir de sua consciência social.” Humberto Maturana é neurobiólogo, chileno, criador da teoria da autopoiese e da biologia do conhecer, junto a Francisco Varela. “A Escola não transforma a sociedade, mas pode ajudar a formar os sujeitos capazes de fazerem a transformação de si mesmos, da sociedade e do mundo.” Paulo Freire, educador, pedagogista e filósofo brasileiro.


Tipos de Capitais na percepção do Banco Mundial e adotados pela ONG Parceiros Voluntários:

Natural – recursos da natureza

Financeiro – produzido pela sociedade Humano – saúde, educação, nutrição

Social – laços de confiança e formação de redes

Para Robert Putman, cientista político e professor norte-americano em Harvard, o Capital Social tem quatro dimensões:

• Valores éticos dominantes em uma sociedade; • Capacidade associativa; • Grau de confiança de seus cidadãos; e • Consciência Cívica

Voluntário, como ser um

A vocação primeira da Parceiros Voluntários, presente em sua fundação, continua bem viva: desenvolver a cultura do voluntariado organizado. Este processo convoca, mobiliza, capta e qualifica recursos humanos voluntários para que somem ao trabalho das Organizações da Sociedade Civil. Ao tomar conhecimento das necessidades de sua comunidade, a primeira pergunta que vem à cabeça das pessoas é: como faço para ser voluntário? O caminho é simples e atende àqueles que querem disponibilizar o seu tempo, conhecimento e muita emoção em prol do outro.

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Pelo processo, o primeiro passo é participar de uma Reunião de Conscientização, RC, que orienta sobre o sentido do voluntariado: quais os compromissos, responsabilidades, direitos e deveres. O trabalho voluntário é regulamentado pela Lei número 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. O segundo passo é uma entrevista de encaminhamento em que, de acordo com o público de interesse do voluntário, é realizado um cruzamento de informações do Banco de Dados, com as mais diversas demandas de 2.700 organizações sociais, que trabalham por

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diferentes causas. Geralmente, dependendo da atividade, o voluntário participa ativamente de ações sociais que transformam vidas e contribui efetivamente para a modificação da ordem social em que vivemos, como diz o sociólogo colombiano Bernardo Toro. É a tradução do conceito em atitude e ação: disponibilizar tempo, conhecimento e emoção para o bem comum.


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Nosso Legado

A ONG Parceiros Voluntários tem como estratégia ser estimuladora de redes, por ter dentre suas CRENÇAS que a prática do Princípio da Subsidiariedade é indispensável para a autonomia das comunidades e para o seu pleno desenvolvimento. Acredita também que indivíduos e grupos que agem como gestores de seu próprio desenvolvimento podem solucionar problemas comunitários, com autonomia, em suas esferas de atuação. É a comunidade fazendo pela comunidade. Além de redes, a modernidade chama para as alianças e parcerias. Sinaliza, com grande insistência, a obrigatoriedade da união entre os quatro Setores: Governo, Empresas, Sociedade Civil e

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Universidades, para assim se formar uma corrente sólida visando ao processamento das transformações que são necessárias ao bem comum. É através da sinergia dos esforços que serão encontradas as soluções para desafios complexos. Compartilhamos com você conhecimentos e experiências, pois acreditamos profundamente que o CAPITAL HUMANO e o CAPITAL SOCIAL são os verdadeiros patrimônios da Nação e sustentáculos dos valores da Sociedade. A Crença da prática do Princípio da Subsidiariedade nos faz ter como DIRETRIZ, para a REDE PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, que queremos gerar um legado positivo nos locais onde atuamos, trabalhando de forma articulada e respeitando a cultura das comunidades. Os resultados quantitativos podem ser acompanhados nos quadros a seguir:


Missão

Qualificar PESSOAS e INSTITUIÇÕES, por intermédio de TECNOLOGIAS SOCIAIS e VOLUNTARIADO, visando a comunidades proativas e solidárias

1.608.812 BENEFICIADOS

395.410

2.184 OSC

OSC

OSC

VOLUNTÁRIOS MOBILIZADOS

OSCs CONVENIADAS

2.009

2.600

ESCOLAS MOBILIZADAS

EMPRESAS MOBILIZADAS

51

UNIDADES NA REDE PV

39


A Parceiros Voluntários tem como norma registrar em livros suas

Consciência Social de uma

práticas inovadoras, para que elas sirvam como orientadoras para

Nação”. O trabalho junto às

quem queira replicá-las. Em 2004, lançou o livro Tribos – Histórias

Organizações da Sociedade

e Guias para o Voluntariado Juvenil. Já em 2008 foi a vez de

Civil originou dois livros: ONG

privilegiar o conhecimento para os educadores, com 0 Guia de

- Transparência como Fator

Ações Participação Jovens Social; em 2013 relatou a experiência

Crítico de Sucesso, lançado em

de crianças e jovens em Tribos nas Trilhas da Cidadania: 10 anos

2012, e ONG - Transparência

de Voluntariado Juvenil e Ações Transformadoras. Para marcar

como Fator Crítico de Sucesso

os 10 anos da Organizações, lançou o livro “O Quinto Poder -

RS e BA, lançado em 2014.

Nossa Editora 40

2004

2008

2013

2008

2012

2014


41



O

Prêmio

“O voluntariado não exige prêmios. Todavia, premiar a atitude de pessoas, empresas e instituições é destacar o não conformismo, é reconhecer a solidariedade e incentivar novos voluntários.” ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS


O Prêmio

O Prêmio Parceiros Voluntários foi idealizado em 2001 e tem como objetivo divulgar exemplos de iniciativas sociais bem-sucedidas, multiplicáveis e que possam, no futuro, influir em políticas públicas. Visa, também, demonstrar a força do trabalho em REDE e os resultados, quando os vários segmentos da Comunidade se unem — voluntários, escolas, universidades, organizações sociais, empresas, poder público e cidadãos beneficiários. O pensamento filosófico, na condução do Prêmio, é a valorização do Ser Humano, o que vem desde a fundação da Parceiros Voluntários. A criação do Prêmio coincidiu com a ação da ONU (Organizações das Nações Unidas), que decretou o ano de 2001 como o “Ano Internacional

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do Voluntariado”. No Prêmio Parceiros Voluntários, as iniciativas sociais indicadas são representantes de milhares de outras muito importantes para a comunidade ­— e que também deveriam estar recebendo o Prêmio. Todavia, a Parceiros Voluntários sabe ser impossível abraçar todos, assim, utiliza o Princípio da Democracia: todos são representados por alguns. Nesse período percorrido, o Prêmio ganhou novo regulamento, novos cenários, novas campanhas de comunicação, só o conceito nunca mudou: o reconhecimento ao trabalho voluntário e às iniciativas sociais. As mãos sobrepostas, que se enlaçam, da escultura do artista plástico Cláudio Caldas* representam as mãos amigas que nunca faltarão. Simbolizam a compaixão e a solidariedade, a amizade do ser voluntário e a ternura de quem é acolhido. A atitude e a transformação.



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Ser voluntário é fazer parte de

uma história fantástica


Campanhas do Prêmio

As campanhas tiveram, sempre, um tema e uma palavra de chamada, e contamos com o apoio voluntário das Agências Paim e Morya, pelas quais temos gratidão. Conheça aqui os slogans:

2001

Parceiros e Voluntários.

2003

O mundo precisa de paz, amor e de voluntários. 47

2005

O mundo precisa de anjos e de voluntários.

2007

A grande recompensa se carrega dentro do peito.


2009

2011

Pequenos e grandes voluntários unidos pela solidariedade.

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Sou parceiro!

2013

Com o trabalho voluntário, histórias incríveis acontecem.

2015

Ser voluntário é fazer parte de uma história fantástica.


Os

Reconhecidos

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Reconhecidos 2001

TEMA: 1º PRÊMIO PARCEIROS VOLUNTÁRIOS • João Batista da Silva Rodrigues Nery | Canela • Herbert Schumacher | Caxias do Sul • Colégio Cenecista Visconde de Mauá | Gramado • Allegro Ballet Escola de Dança | Novo Hamburgo • Centro de Vivência Redentora | Novo Hamburgo • Mercilda Lorenz de Oliveira | Panambi • Colégio São Judas Tadeu | Porto Alegre • Gerdau S.A. | Porto Alegre • Albergue João Paulo II | Porto Alegre • Jorge Menezes Bandeira (Joca) | Porto Alegre • Luiz Zamboni Neto | Caxias do Sul 50

Reconhecidos 2003

TEMA: O MUNDA PRECISA DE PAZ, AMOR E DE VOLUNTÁRIOS • Kinder - Centro de Reabilitação de Deficiências | Porto Alegre • Colégio Sinodal Progresso | Montenegro • Colégio São José | São Leopoldo • Zanesco e Freitas Ltda. | Caxias do Sul • Puras do Brasil | Porto Alegre • Cledir Lutz Cechin | Panambi • Mônica Strauss | Gramado • Nelson Maragno | Bento Gonçalves • Vera Garcia dos Santos | Gramado • Rachel Casagrande | Bento Gonçalves • Associação Beneficente Patronato Bento Gonçalves | Bento Gonçalves


Reconhecidos 2005

TEMA: O MUNDO PRECISA DE ANJOS E DE VOLUNTÁRIOS • Isoldi Elisabetha Chies | Caxias do Sul • Jaqueline Rasis Cossio | Caxias do Sul • Thatirê Silveira da Costa | Canoas • Vera Lúcia Dresch Kohlmann | Panambi • Thiago Correa Oliveira | Porto Alegre • All Service Sistemas de Terceirização Ltda. | Porto Alegre • Marcopolo S.A. | Caxias do Sul • Associação das Senhoras da Campanha dos Bebês | Canoas • Hortas Comunitárias Joanna De Angelis | Novo Hamburgo • Colégio Estadual Marechal Rondon | Canoas • Colégio São João Batista - Tribo da Vida | Caxias do Sul

Reconhecidos 2007

TEMA: A GRANDE RECOMPENSA SE CARREGA DENTRO DO PEITO • Jorge Rodrigues Flores - Vivendo o Valor e Igualdade - Escolinha de Futebol São Pedro | Portão • Tribo Horizontes | Porto Alegre • Programa de Atendimento das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto PANSEMA | Santa Cruz do Sul • Programa CVI Social | Santa Cruz do Sul • Prontos para mudar! Tribos Filhos e Filhinhos da Terra | Caxias do Sul • Centro de Equoterapia General Fidélis | Uruguaiana • Movimento Voluntário no Hospital de Caridade e Beneficência | Cachoeira do Sul • Rede Nós Em Ação | Bento Gonçalves • Noite dos Sonhos Baile dos Debutantes | Canoas • Semeando a Igualdade Social - Planejamento Familiar | Canoas • Rede Social Empresarial | Canoas

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Reconhecidos 2009

TEMA: PEQUENOS E GRANDES VOLUNTÁRIOS, UNIDOS PELA SOLIDARIEDADE

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• Programa Mesa Brasil SESC | Santa Maria • Plantando Esperanças - Lar Nossa Senhora de Lourdes | Uruguaiana • Projeto Vida Nova | Gramado • Recriar - Centro de Referência da Infância e Adolescência | Osório • Adequá Comunicação - Oficina Turma da Bonja | Porto Alegre • Centro de Formação Tereza Verzeri | São Borja • Medianeira Transportes Ltda. | Ijuí e São Borja • Tribo Explosão Jovem | Nova Prata • Projeto Semente da Esperança São José do Norte • Iniciativa Óleofuturo | Venâncio Aires • Rede São Léo em Ação | São Leopoldo • Viva o Taquari Vivo | Lajeado

Reconhecidos 2011 TEMA: SER PARCEIRO

• Revivi - Centro de Referência da Mulher em Situação de Violência | Bento Gonçalves • Capacitando para o Trabalho | Canoas • Dia das Estrelas e Leitura Amiga | Dom Pedrito • O Bairro Que Queremos | Guaíba • Sustentabilidade Criativa | Lajeado • Elos de Fraternidade | Osório • Rede Arte Social | Porto Alegre • Tribos Nova Geração | Sapucaia do Sul • Projeto Folheando | Venâncio Aires • Responsabilidade Socioambiental Lojas Picorrucho | Viamão


Reconhecidos 2013

TEMA: COM O TRABALHO VOLUNTÁRIO, HISTÓRIAS INCRÍVEIS ACONTECEM • WinBelemDon | Porto Alegre • Revive Boa Vista | Teutônia • Reselse Sinomodas | Lajeado • Parcerias Comunitárias | Sapucaia do Sul • Mobiliando Vidas | Porto Alegre • Força Rosa | São Leopoldo • A Arte de Reciclar e Transformar | Rolante e Cachoeirinha • APAExonados pela Tradição | Sapucaia do Sul • Amor Solidário | Bagé

Reconhecidos 2015

TEMA: VENHA CONHECER OS PERSONAGENS DE UMA HISTÓRIA FANTÁSTICA • AAPOT - Associação de Assistência a Pacientes Oncológicos e Transplantados | Santa Cruz do Sul • Projeto Semente - OSC Chimarrão da Amizade | Canoas • Práticas de Vivências Comunitárias - Colégio Maria Imaculada de Porto Alegre | Porto Alegre • Reinaldo Voluntário - Escola Estadual Reinaldo Cherubini | Nova Prata • Comitê da Juventude | Sapucaia do Sul • Projeto Luna – Cinoterapia - APADA - Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos | Santa Rosa • Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio | Porto Alegre • Espetáculo de Final de Ano - 10 anos de atividades - NCC Belém - NÚCLEO COMUNITÁRIO E CULTURAL BELÉM NOVO | Porto Alegre • Noite dos Sonhos | Nova Prata • Projeto Girassol - Agrale | Caxias do Sul • Magia da Arte - Cachoeirinha

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“As Organizações Sem Fins Lucrativos existem para provocar mudanças nos indivíduos e na sociedade.” PETER DRUCKER, PENSADOR SOBRE OS FENÔMENOS DA GLOBALIZAÇÃO NA ECONOMIA E NO TERCEIRO SETOR.

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As histĂłrias incrĂ­veis de 2015



Além do forte e emocionante momento de

Convidamos você para,

celebração e também do Troféu que é entregue, o Prêmio nos

juntos, mergulharmos

mostra a ATITUDE de homens e mulheres. Mostra o quanto

na leitura das histórias

acreditamos em nós e nos outros.

de pessoas que, embora

Ele nos mostra que somos HUMANOS. Com nossos medos, nossas incertezas, nossas dúvidas, nossas raivas, mas também com nossas esperanças, nossa fé, nossa crença numa comunidade melhor, e a certeza de que sempre encontraremos uma mão amiga, símbolo de nosso PRÊMIO.

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não soubessem quais resultados viriam de suas ações, de uma coisa tinham plena certeza: se não fizessem algo diferente, não existiriam

Ele reforça o exemplo que Madre Tereza de Calcutá, falecida

resultados diferentes,

em 1998, nos deixou: “Quando me perguntam se com minha

portanto as situações não

obra estou mudando o mundo, eu respondo: pode ser que

seriam mudadas.

não esteja mudando, mas pelo menos estou ajudando a termos um mundo menos ruim”.

Vamos iniciar esta jornada de emoção, com os

É essa a razão de termos escrito este livro, que, não por

exemplos de pessoas

acaso, chegou às suas mãos. Queremos que você nos

que colocam o seu

acompanhe neste registro e nesta homenagem a todas e

Compromisso Humano e

todos que se dedicam a incluir em seu projeto de vida o

a sua HUMANIDADE na

projeto de vida do outro. Queremos que você vivencie o

prática do dia a dia!!

legado de Mahatma Gandhi, que diz: “Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim”.

Vamos às histórias!



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Trajetรณrias e reconhecimentos



Cinoterapia 62

Nas patas de Luna, a superação Uma pessoa feliz não tem o melhor de tudo, mas torna tudo melhor, diz a frase no mural da sala da equipe. Em outras palavras, é como andar suavemente, dando asas ao coração, para que ele pulse mais forte, no ritmo de uma outra realidade, de amor para dentro e para fora. O Projeto Cinoterapia - Terapia Assistida por Cães, da cidade de Santa Rosa, a 495 quilômetros de Porto Alegre, é essa diferença, de corações amando de forma mais inteira crianças com deficiências, onde cada passo, cada movimento é uma conquista. Neste projeto aprendemos como funciona uma rede de ações para garantir uma melhor qualidade de vida.



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A Escola de Ensino Médio Concórdia para Surdos tem, desde

Aos poucos o grupo

1986, uma história de superação e de realizações que torna

vai chegando: Denise

crianças, pais, educadores e voluntários pessoas com maior

Jaqueline Carvalho Lozekan,

felicidade pelas metas conquistadas. A escola tem origem

psicopedagoga, o sargento da

na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos

Brigada Militar Paulo Miranda

(Apada), uma instituição filantrópica. A Escola, por sua vez, é

Jesse e o soldado Diego

gratuita e sua manutenção é feita através de convênios com as

Daros do Nascimento. Ambos

três esferas do governo e por diversas ações e projetos como:

trabalham sob a coordenação

doação de qualquer valor na conta de energia elétrica, em

do Comandante do POE

parceria com a RGE; parcerias com o Rotary e o Lions; venda

(Pelotão de Operações

de pizzas feitas pelos pais de alunos, membros da diretoria e

Especiais), Tenente Endres.

voluntários. Outras ações são através de parceria com a Justiça

Os dois militares são os

Federal, que envia prestadores de serviço que auxiliam em

responsáveis pela cachorra

diversas atividades, e com a Unidade da Parceiros Voluntários,

da raça labradora Luna, que

que encaminha voluntários. Também realiza jantares, venda de

faz milagres pelas crianças,

lanches em feiras e rifas, para gerar recursos.

por sua sensibilidade e perfil

Uma equipe multidisciplinar (que inclui educadores, psicólogo,

extremamente afetivo e

fisioterapeuta e fonoaudióloga) permite à Escola atuar

sociável. Suas quatro patas

de forma completa, mantendo ações nas áreas da saúde,

são, na verdade, quatro asas.

educação e Assistência Social. Um desafio para fortes,

Esse é o consenso: ali está um

determinados, para quem se propõe a tornar tudo melhor.

anjo da guarda de outros anjos

A linguagem é a LIBRAS — Língua Brasileira de Sinais —, a ação

especiais, de diversas idades.

é de inclusão e de desenvolvimento de potencialidades.

A história de Luna é pequena

Entre todos os projetos da Escola, um se constitui

para suas ações. Nascida em

aprendizado permanente e um presente para a vida: a

2008, inicialmente foi treinada

Cinoterapia, a utilização de cães para melhorar a motricidade,

para ser cadela farejadora de

desenvolvimento motor e emocional de crianças e adultos.

drogas, e, criada pelo Canil da


Brigada Militar, 4º Batalhão de Fronteira, perdeu o interesse pela ação policial — que exerceu durante dois anos — quando iniciou o Projeto Cinoterapia, ficando exclusivamente para esta atividade. Cachorra dócil, tranquila, foi descoberta pelo gosto de brincar e se deixar acarinhar. Com o convite para o Projeto de Cinoterapia, Luna e seus cuidadores identificaram inúmeras outras possibilidades, no estímulo aos atendidos. O sargento Jesse, Iesse, como é chamado carinhosamente, diz com simplicidade que não imaginava que mudaria seu perfil de policial que vai atrás de bandido, com um cão bravo, para ser auxiliar no atendimento de crianças e adultos portadores de deficiências. Uma missão, diz ele, dada e cumprida. “Vejo as crianças mais felizes, vejo a reação e a alegria que mostram no rosto, quando abraçam, quando caminham ao lado da Luna e controlam sua guia”, explica. A psicopedagoga Denise coloca garrafas coloridas numa trilha, e o desafio de Laura Natan, 9 anos, e Stéfani, 8 anos, é caminhar entre os pequenos obstáculos, sem esbarrar levando Luna pela guia. As garrafas pet preparadas na escola são feitas para despertar a atenção das crianças, pelo seu colorido ou pelos papéis que estão dentro delas. Têm a função de um marco, onde as crianças são atraídas pelo colorido e, com auxílio da Luna, percorrem o trajeto trabalhando dificuldades motoras e de equilíbrio. Dessa forma, lúdica, as crianças ficam empolgadas e conseguem ir superando suas dificuldades. As brincadeiras vão se sucedendo e têm a iniciativa da própria Luna, que com o focinho busca os sacos de linhagem separados para a competição de quem chega primeiro num marco, em linha reta.

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Daniel Kunkel em atividade

No reinício das atividades, em 4 de março, a ansiedade era grande. As crianças tinham saudades. Docilmente, Luna as deixa tocar em seu pelo lustroso, dá umas lambidas de alegria e vai fazendo seu trabalho de sociabilização. Na Cinoterapia, as crianças, adolescentes e adultos recebem estímulos para o aprendizado e para superação de dificuldades motoras. Superam medos, aceitam desafios e têm sua autoestima e confiança aumentadas. Despertam para novas habilidades, trocam afetos e interação representando um convívio melhor com seus familiares e colegas na escola. Ketilin, 5 anos, com diagnóstico de paralisia cerebral, senta numa cadeira pequena na entrada da sala. Depois se aproxima


aos poucos e, sempre sentada na pequena cadeira, começa a

das crianças em direção à

interagir com Luna.

Luna. O sargento Jesse segura

Ela venceu seu medo de cachorros e com interesse realiza uma das novas atividades: colocar laços na cabeça de Luna. Os pais são unânimes em atribuir à Cinoterapia tantas mudanças em seus filhos. Sílvia Valvassori e Mauro Rogério Goulart, pais de Ana Valentina, 5 anos, comemoram todo o desenvolvimento da filha, diagnosticada com uma síndrome muito rara, a 1P 36. * Ela não tinha coordenação, expressão, interação com o mundo, lembra. “Sei que foi a Cinoterapia que causou toda a mudança dela, despertou seu interesse”, garante. A avó tem uma cachorrinha pinscher. “Um dia surpreendi a Valentina indo por conta própria até ela e passando a mão em sua cabeça, amorosamente. Decisão e iniciativa dela. Vejo que ela me entende, às vezes ela faz gestos e sinais que aprendeu aqui”, explica. Entusiasmada, a mãe fala nos avanços, nas habilidades. “Por tudo isso sei que este ano será um grande ano, ela se prepara para andar”, prevê. Um processo gradativo, percebido pelos pais. Com dois, seis meses, um ano e meio. Além da escola, Ana Valentina é levada semanalmente para o projeto, sempre com muita dedicação de quem vê resultados maiores.

a guia sempre que necessário e comemora os avanços. Pela linguagem dos sinais eles vão se comunicando. O aprendizado da linguagem de Libras foi decisão para melhor se comunicarem. Também por iniciativa deles, outra cachorra de dois anos, Mel, é levada quando sentem necessidade de colocar um pouco de agitação em alguns pequenos atendidos. Fernanda Alves, Diretora Pedagógica, e Patrícia Pires, Diretora Administrativa, se orgulham da Cinoterapia, um dos projetos da Apada, que vai além, realizando atendimentos na área de saúde para toda a região

Um grupo sai, entra outro, de idades variadas, mas todos

noroeste do Estado, como

saudosos dos abraços em Luna, que não se faz de rogada.

testes da orelhinha sendo

O soldado Daros, sentado no chão, segura as pequenas mãos

referência para outros

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municípios. Também contam que recebem crianças e adultos de cidades próximas principalmente para a atividade com Luna, o que acaba aproximando mais a escola dos pais e estes de seus filhos, facilitando a comunicação, porque as mudanças são visíveis. Para a Brigada Militar, mais uma ação de parceria com a comunidade, e que também transforma quem dela participa. Os dois policiais, e antes deles, seus colegas, vivenciam situações de extrema emoção, ao lidarem com a admiração de pessoas deficientes. Josias, autista, acompanha com afeto a comunicação de Jesse e Daros e cresce, como todos os atendidos, fazendo as suas próprias descobertas, de interação e crescimento saudável.

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Ketlin Ariane Lunkes e o soldado Diego Nascimento Daros


Tenente Paulo Jessi com Daniel Kunkel e Denize Lozekan

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O quê: Projeto Luna - Cinoterapia apada@apada.com.br | Facebook: Apada Santa Rosa

Rede Colaborativa

• Brigada Militar Santa Rosa – 4º Batalhão • Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos Escola de Ensino Médio Concórdia para Surdos • Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conselho Municipal de Educação • Conselho Municipal de Assistência Social - Conselho Municipal de Saúde • ACISAP – Parceiros Voluntários


AAPOT Associação de Assistência a Transplantados Transformando indignação em esperança 70 Era uma vez um grupo de amigos, a maioria da área da saúde, que ficava procupado em ver tanta gente madrugando em frente a hospitais, esperando o seu horário de atendimento. Eles decidiram transformar a indignação em ação. O Hospital Ana Nery é referência, no tratamento do câncer, em Santa Cruz do Sul. Havia, entretanto, uma lacuna, referente ao acolhimento das pessoas que lá passavam em tratamento e seus acompanhantes. José Jakis, que já havia trabalhado com pacientes portadores de câncer, fazia parte desse grupo e com sua esposa, Laurita, e amigos pesquisou como poderia haver um local para a hospedagem de quem sofria nesse ir e vir de tratamento, e foi à luta.



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Pacientes participam de oficinas de artesanato

Quem hoje vê as casas, a de cadastramento e a de Passagem, talvez não conheça a história do casal, mas com certeza percebe o caminho percorrido com muita determinação para chegar ao objetivo de acolher pacientes vindos de várias regiões. José Jakis sabe quantas vezes viu, angustiado, pessoas comendo pastel e outros lanches, mal-acomodadas, esperando seus familiares em tratamento, a qualquer hora do dia ou da noite. E pacientes com dificuldades de caminhar, com enjoos e dores, permanecendo por longas horas nas imediações do Hospital, retornando às suas casas para voltarem horas depois. Conforme José Jakis, o desgaste físico e emocional das pessoas era intenso, pois elas viajavam seis, oito, mais


horas, para serem submetidas a dez minutos de radioterapia, quimioterapia ou outros tratamentos. Muitos moravam em locais distantes da sede do município, o que significava muito tempo, mesmo em ambulâncias cedidas pelas prefeituras. Corria o ano de 2011 quando o grupo anunciou nos veículos de comunicação que estava abrindo uma casa de passagem e precisava de doações de colchões, panelas, camas e tudo o mais para montar a casa. A comunidade atendeu de pronto. As pessoas passaram a ter apoio e atenção. Inicialmente o grupo alugou um prédio em frente ao Hospital Ana Nery, onde mantém, hoje, serviços de cadastramento e encaminhamento e atividades administrativas. Depois, uma outra casa foi alugada numa avenida próxima, com maior infraestrutura, e que se transformou na Casa de Hospedagem AAPOT. As duas casas constituem, hoje, o projeto de acolhimento da AAPOT — Associação de Assistência a Pacientes Oncológicos e Transplantados —, que inclui o fornecimento de medicação, material de higiene, suplemento alimentar e orientação nutricional, psicológica e jurídica. A assistente social Cristiane Couto lembra de um paciente oncológico do município Vale do Sol (localizado a 40 km de Santa Cruz), que caminhava um quilômetro a pé até a sede do município, esperava o ônibus que o levaria até a ambulância para só depois ir, no veículo, ao Hospital. A casa mantida pela AAPOT percorreu um longo caminho na defesa de sua proposta e crença de acreditar na vida e em um acolhimento

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com dignidade. Recebe o doente que vai realizar tratamento no Hospital e que chega acompanhado de um familiar. Dependendo do tratamento e sua condição de saúde, pode ficar ali hospedado, gratuitamente, 10, 30, 40, 45 dias, nos intervalos do tratamento. A casa tem capacidade para até 18 pessoas e todos recebem refeições, café, almoço, lanches e tem camas à disposição, além de participarem de oficinas diversas, receberem massagens e outros cuidados. José Jakis e seus amigos foram aperfeiçoando o acolhimento conforme a necessidade, e embora a casa tenha horário de receber e encaminhar pacientes, ele garante flexibilidade para que ninguém tenha

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que ficar ao relento. Hoje centro de referência na região, a AAPOT trabalha ainda na prevenção fazendo palestras, seminários e participando de encontros. A casa vai bem, mas não deixa de buscar recursos diariamente na comunidade, para garantir sua manutenção e o pagamento dos 15 funcionários. Uma equipe trabalha permanentemente no telemarketing na cidade e regiões próximas, buscando doadores de todo tipo de material e recursos financeiros. Às vezes é um medicamento, outras vezes é um suplemento alimentar, explica a assistente social Cristiane Couto. A recente contratação da psicóloga, Nêmora Arrial, é mais uma conquista festejada. Na casa, os abrigados participam de trabalhos manuais, noções de gastronomia, dia de higiene e beleza, entre outras atividades,


com oficinas ministradas por voluntários, além de produzirem uma horta e receberem muita atenção, através de conversas e massagens. Aí entra o respaldo da unidade da Parceiros Voluntários, apoiando as campanhas em suas necessidades. Sérgio Ferreira França, 39 anos, veio com a esposa, Márcia, de Venâncio Aires, cidade a 15 quilômetros de distância de Santa Cruz. Ele diz que nas duas primeiras cirurgias de Márcia, na sua cidade, era inverno e o vento tinha rajadas permanentes. Ele dormia tentando se abrigar do frio rigoroso nas escadas do hospital. “Estar aqui é ótimo, nem vejo o tempo passar”, assegura.

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Horta comunitária da AAPOT


Israel Gaspary Cruz, 14 anos, acompanha o pai, Mauro, que está hospitalizado. Eles vêm de Rio Pardo, a 30 quilômetros. “Não teríamos onde ficar, é muito bom estar aqui”, garante. No trabalho realizado pelos voluntários dedicados, o tempo é uma referência boa, os caminhos de todos se cruzam, e são repletos de solidariedade. E todos têm muita história para contar de trabalho, determinação e superação, garantindo esperança e vida digna. Se você for a Santa Cruz do Sul, passe na frente da casa da AAPOT, verá pacientes no pátio confortável, na horta, em trabalhos manuais ou em atividades de lazer, num hiato entre o tratamento e a volta para a casa. Entre e visite este trabalho

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e veja como vontades e atitudes de não conformismo geraram frutos e transformaram muitas vidas. Mais uma vez, atitudes voluntárias melhoram a vida e dão mais chances a quem precisa, principalmente, de solidariedade.


O quê: Associação de Assistência a Pacientes Oncológicos e Transplantados aapotscs@hotmail.com

Rede Colaborativa

• Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul • Secretaria Municipal da Saúde de Santa Cruz do Sul • Associação dos Fumicultores do Brasil (AFUBRA) • Universidade de Santa Cruz do Sul - Setor de Engenharia Ambiental/ Curso de Comunicação Social • Carlos Siebeneichler Advogados • Avilan Transportes Hospital Ana Nery • Unidade Parceiros Voluntários Santa Cruz • Laurita Jakis

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Noite dos Sonhos Baile Noite dos Sonhos*

Com origem no francês, a palavra debutante significa iniciante ou estreante e se tornou conhecida por

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designar a adolescente que chega aos 15 anos de idade e é apresentada, em uma festa, à sociedade. A jovem participa de uma espécie de rito de passagem, é levada a um baile, vestida como uma princesa, dança uma valsa tradicional com o pai e ganha, da família, na maioria das vezes, um anel. Em algumas comunidades tem o significado de deixar de ser menina e se tornar mulher, e por todas essas razões se constitui num sonho de muitas jovens. No município gaúcho de Nova Prata, um baile de debutantes extrapolou a condição de mera apresentação de adolescentes à sociedade e é, hoje, uma forma saudável de inclusão social e política pública adotada por seus benefícios para toda a vida dessas meninas.



Um grupo de voluntários idealizou e concretiza há anos um baile de debutantes para meninas em situação de risco. É admirável a força da união voluntária quando coloca um projeto, como se diz, embaixo do braço por acreditar nele e vai em busca de parcerias para a sua concretização. Foi o que aconteceu em Nova Prata, onde esse evento social passou a ser mais do que uma noite mágica, e é, hoje, um Programa humano, social, cultural e educacional. A cada ano, em torno de 20 adolescentes, na faixa dos 15 anos, têm essa emoção concretizada, um sonho e uma oportunidade de novas escolhas. Em consequência elas têm a autoestima melhorada e se tornam capazes de um desenvolvimento saudável. Ainda hoje, em sua sétima edição, o grupo se reúne,

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com disponibilidade e alegria. Todos são carinhosos ao lembrar a motivação e pioneirismo da professora Rosemari Polesello Garda (Secretária Municipal da Educação de Nova Prata, em 2007), que idealizou o projeto, vendo a apresentação do Baile dos Sonhos, em Canoas, com a participação da unidade local da Parceiros Voluntários. Ela contou, tempos depois, que ali, sentada na cadeira, se emocionou, vendo a si própria, que não teve um baile de debutante. Começou a imaginar um baile semelhante em Nova Prata. Estava começando uma história de sucesso e muita emoção. Nesse momento começava a construção de uma grande rede e o sonho saía do papel. A Sociedade Grêmio Pratense cedeu o salão, por intermédio da professora Veridiana Valar Ciotti, da


Escola Estadual Reinaldo Cherubini, também diretora do Clube, e de seu marido, Valdecir Vieira Ciotta, então presidente. Dessa forma o sonho começou a sair do papel. Nova Prata é uma cidade obreira, pacífica, com grande vocação voluntária. Tem na sua origem imigrantes italianos, poloneses, alemães, espanhóis, africanos e indígenas. Com uma população de 22.830 habitantes, a geografia da cidade, cercada de elevações, torna as pessoas próximas. A comunidade tem despertada esta força de solidariedade, de pessoas que convivem e crescem juntas, buscando prosperar. Para o clube foi natural abrir as portas para a promoção social. Uma grande rede de empresários, instituições e profissionais liberais foi montada — desde a primeira vez — para que o Baile Noite dos Sonhos pudesse ser realizado. Maquiadores, cabeleireiros, esteticistas, professores de conhecimentos gerais e história da cidade, entre outros, foram arregimentados, mas não somente eles: também empresas de decoração, de confecção de roupas, estúdios fotográficos e nutricionistas. Os profissionais disponibilizaram seu tempo, o salão cedeu o espaço, a empresa de aluguel as roupas. Cada debutante escolhe uma madrinha para ajudar nas despesas. Nesses oito anos, o grupo foi acrescido de novos parceiros, sempre a partir da mensagem de que todos os sonhos podem, sim, ser realizados, desde que se tenha persistência, coragem e se busque uma rede colaborativa.

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Em uma intensa programação, as adolescentes aprendem desde a dançar a valsa com seus pares e pais até a elaborar o seu currículo, em busca de oportunidades de emprego. Assistem a palestras sobre preparação para a vida, empreendedorismo, liderança. Durante os meses em que são preparadas, assumem o compromisso de realizar trabalho voluntário e, por isso, são inscritas na Ação Tribos nas Trilhas da Cidadania. A ideia é de que esses conhecimentos levem a um desenvolvimento mais saudável, onde possam, futuramente, ser protagonistas de suas vidas e escolhas.

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Debutante realizando trabalho voluntário.


Hoje faz parte do projeto uma psicóloga, que avalia a situação das candidatas inscritas e o rendimento escolar, uma vez que ter boas notas faz parte dos critérios. Nova Prata consegue, para esta festa, reunir mais de 40 empresas e profissionais liberais, beneficiando, através do Projeto, 200 meninas, de nove escolas municipais e estaduais. O papel da psicóloga é importantíssimo, ao trabalhar as meninas no aspecto emocional. Uma tinha receio de participar, porque achava que não iria aprender aquele torvelinho de informações novas, ou que não conseguiria dançar a valsa. Outra tinha medo de que o pai — alcoólatra — não conseguisse dançar a valsa tradicional e ainda armasse confusão. Há também as visitas domiciliares, realizadas pela assistente social, e que vão além de verificar os critérios para a classificação das jovens, atuando, também, nesta garantia de estruturação familiar. A Diretora de Cultura da Secretaria Municipal da Educação, Eliana Capellari Nedel, é o arquivo vivo do Projeto Baile Noite dos Sonhos. Abre a sua pasta com relatórios e vai mostrando as fotos, os depoimentos, as frases e o cerimonial caprichosamente guardados. Ela destaca que este baile provoca a transformação das adolescentes, que, autovalorizadas, assumem atitudes mais positivas. A Secretária Municipal da Educação e Cultura, Marinês Petriykowski da Silva, em 2015, diz que o grupo organizador “tem a consciência de que cumpre um papel social”.

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A Diretora do Jornal Correio Livre, Sonia Reginato, uma dedicada voluntária, vai além e diz que sonhar e realizar sonhos é concretizar emoções. Ao se deixar este grupo fica-se com um sentimento de gratificação como a história de Janielle Rocha, 17 anos, que diz ter muita consideração pelos realizadores, “porque a gente nunca vai esquecer este dia”, assegura. A coordenadora da unidade Parceiros Voluntários em Nova Prata, Anamaria Dias de Medeiros Rigo, tem no Baile dos Sonhos um motivo de muito orgulho e satisfação pela rede de cooperação montada, parcerias fidelizadas e resultados extremamente gratificantes. O Baile já é uma tradição, que alavanca outras conquistas: as alunas capricham em melhorar as notas e ficam na

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expectativa “fazendo por merecer”, para serem escolhidas pelo Projeto. Depois, viram referência, na escola, na comunidade, porque o projeto estabelece, ainda, o compromisso de realizarem trabalho voluntário. Janice Domingues da Rocha, hoje Diretora da Associação Beneficente e Educacional de Nova Prata, diz que realizou seu sonho, ao ver a filha: “Vim de uma família humilde, era meu sonho de criança, que não pude realizar”, lamenta. Ângela Salvallaggio, 19 anos, debutante de 2014, é um exemplo desta emoção e seus resultados. Ela diz que aprendeu muito Nota: O projeto Baile Noite dos Sonhos teve início na cidade de Canoas e foi desenvolvido, também, nas cidades de Viamão e Sapucaia do Sul.

e teve inúmeras portas abertas após sua participação. Ela, que cursa, hoje, Faculdade de Jornalismo, foi aceita como estagiária na Prefeitura de Nova Prata.


“A gente se sente respeitada, prestigiada com tanta gente nos tratando bem”, conclui. A coordenadora Anamaria resume, também, os resultados, ao dizer que a filha, Ana Clara, de seis anos, fã incondicional dos contos de fadas, anunciou que, um dia, também “participará do baile das princesas”. O projeto Baile Noite dos Sonhos tem resultados tão magníficos que foi reconhecido por Decreto Municipal nº 7467/2009, e se tornou política pública, ou seja, independentemente da administração na Prefeitura, ele será sempre realizado.

O quê: Baile Noite dos Sonhos parceirosnpa@adylnet.com.br

Rede Colaborativa:

• Prefeitura Municipal de Nova Prata • Secretaria de Educação e Cultura • Sociedade Grêmio Pratense • Vipal Instituto Social • Cantinho das Noivas • Loja Arte e Capricho • Jornal Correio Livre • Unidade Parceiros Voluntários Nova Prata • Profissionais autônomos

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Reinaldo Voluntário A escola que ensina 86

(e vive) voluntariado

Era uma vez uma cidade onde a cultura florescia, sim, em árvores, malas e até mesmo em carrinhos de supermercados. Também viajava nos ônibus e abrigos dos coletivos. E as pessoas viviam felizes, querendo sempre saber em que local poderiam obter livros emprestados, ler poesias, crônicas, contos e romances que enchem os olhos e despertam emoções. Em Nova Prata, a 180 quilômetros de Porto Alegre, as pessoas se habituaram a ver, até hoje, poesias de Mário Quintana caprichosamente penduradas nas árvores. O poeta gostaria de vê-las.



A cidade fica no interior do Rio Grande do Sul, um município onde a população é rica na sua miscigenação — italiana, alemã, polonesa, negra, índia e espanhola — e muito forte, também, em solidariedade. Toda a comunidade é beneficiada pelas inúmeras ações voluntárias. Nessa cidade muitas escolas, municipais e estaduais, se destacam pela determinação de acalentar ideais. A Escola Estadual de Ensino Fundamental Reinaldo Cherubini criou um guarda-chuva de ações, inéditas, destinadas a despertar o amor pela leitura, pelo meio ambiente e, assim, criar pessoas sensíveis e engajadas com a transformação e o crescimento da cidade. Consideramos a cidade muito especial, fascinante. Para

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quem chega, encontra um centro colorido, com pessoas gentis desde a Estação Rodoviária e em todo o comércio e prestação de serviços. Com muitas colinas, a cidade é cercada por um cinturão verde muito intenso, de árvores, em locais onde, antes da colonização, viviam os índios da tribo Coroados. Hoje a Escola Reinaldo Cherubini desenvolve 11 ações que contam com voluntários, sendo que uma é carro-chefe, a Inclusão Digital. O Projeto Reinaldo Voluntário, nome que recebeu, trabalha o incentivo à leitura e o espírito de voluntariado, que envolve crianças a partir dos seis anos. É com orgulho que a Diretora Veridiana Valar Ciotta mostra seus relatórios ao longo da última década e que faz com que, hoje, a escola toda viva e se envolva com o voluntariado. Alunos e educadores recebem capacitação da Parceiros Voluntários, assim como os integrantes


das Tribos. O xadrez é uma das atrações, com tabuleiros em mesas, pintados no próprio chão, ou, outras vezes, com os alunos jogando com o próprio corpo, fazendo as vezes de bispos, reis, rainhas, torres e peões. A dedicação fez com que a escola fosse escolhida para realizar o campeonato municipal da cidade. Na chegada chama a atenção a tabuada escrita, nos degraus das escadas ao lado de dezenas de cartazes espalhados por toda a escola, destacando a importância da solidariedade. Também chama a atenção o entusiasmo de professores, alunos e familiares, num único compasso.

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Alunos ensinam informática para a comunidade


Com o tempo, o guarda-chuva, como é chamado, foi aprimorado, e passou a ser uma parte significativa da vida da escola. “Não há problema que eu não resolva com esta postura”, garante Veridiana. O projeto da Inclusão Digital começou em 2009 com a escolha de alunos Tribeiros para ensinar os estudantes menores, diante da falta de um professor de informática. Com o tempo passaram a ser monitores, atendendo as famílias e instituições da comunidade, e isso em todos os turnos da escola, alguns dias da semana. A Tribo Guardiões da Paz, criada em 2007, hoje, além de alunos, é integrada por ex-alunos. Nessa noite de março de 2015, a professora Lenice Vivan Guedes, coordenadora geral do Projeto, recebe os familiares pela primeira

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vez no reinício do ano letivo. Conhece a todos e vai mostrando

A aprendizagem é permanente e os jovens Tribeiros participam das capacitações


as conquistas. Os monitores-voluntários têm compromisso e responsabilidade, nunca faltam. Os resultados são excelentes. Noemi Romazini, dona de casa e mãe de aluno, diz que se sente à vontade de tal forma que já consegue realizar suas vendas pelo computador. Da mesma forma, Rosmeri de Conto Rui e Gilseia Vigolo de Souza se orgulham de já conhecer as redes sociais, postar fotos e trocarem mensagens com os amigos. A vida, dentro das redes sociais, melhorou para elas em termos de comunicação. O ensino da informática, de forma personalizada, beneficia também a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) e a ABEN (Associação Beneficente de Nova Prata). Os alunos da ASCODEF (Associação Comunitária dos Deficientes Físicos) recebem noções básicas de informática na própria sede. Lá, os voluntários passaram a auxiliar em trabalhos de artes, jogos educativos, brincadeiras de roda, cantigas e nas aulas de equoterapia. O guarda-chuva do Reinaldo Voluntário multiplicou gerando inúmeras outras ações igualmente transformadoras e de inclusão. Elas são sugeridas também por professores e alunos e organizadas conforme o interesse e disponibilidade dos alunos. O perfil dos Tribeiros é tão versátil quanto a escola e muitos são voluntários em diversas ações. Malotecas – A proposta de despertar o gosto pela leitura se reflete nas malotecas, malas de madeiras que são levadas para vários locais, com livros selecionados pelos professores da Biblioteca. “Queríamos levar o gosto pela leitura para fora

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Alunos-voluntários na ação da Maloteca

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dos muros da escola”, destaca a Diretora Veridiana. “Quem pode imaginar algo tão simples e maravilhoso: malas levando a cultura”, indaga. Há ainda o Clube do Livro, onde os alunos relatam seus livros lidos, o Doses de Leitura, de contação de histórias, no hospital São João Batista, para pacientes internados. No Viajando na Leitura, os alunos, com apoio da empresa de ônibus DDD Transportes, percorrem trajetos emprestando livros, recitando poesias e contando resumo de histórias e romances. Os incansáveis Tribeiros abastecem revisteiras, na frente da escola, com revistas e jornais para tornar menos árida a espera dos ônibus pelos passageiros. “Acreditamos que levar cultura é uma


ação de solidariedade e respeito ao próximo”, afirma Veridiana. A cada visita à escola fica-se extasiado com as poesias penduradas por delicados cordões nos galhos das árvores, no quarteirão da escola. Você consegue imaginar? Nesta cidade, onde alunos e professores são extremamente solidários, há mais ações voluntárias: as Sacolas Viajantes são levadas para as casas contendo livros para serem lidos pelas famílias dos estudantes. Mais uma oportunidade de incremento da cultura e forma de despertar o interesse pela leitura e mesmo a integração entre pais, filhos e livros. A teia não tem fim. No Clube do Livro, os alunos associados conseguem descontos nas livrarias parceiras, os livros são repassados embora pertençam a quem os comprou, mas a ideia

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é que a leitura seja socializada de tal forma que, hoje, mantém inscritos alunos de outras escolas e adultos do município.

A comunicação voluntária de João Pedro de Lima Foto cedida: Jornal “Correio Livre”, Nova Prata/RS


João Pedro Lacerda de Lima, 15 anos, é um dos responsáveis pela Rádio Conexão Estudantil da Escola, outra excelente ação do voluntariado, que informa sobre lazer, notícias, música, poesia e mensagens de autoajuda. Em outros dias vamos encontrá-lo sendo monitor de pessoas da comunidade, na informática da escola, e também na Associação Comunitária dos Deficientes Físicos. Com quatro irmãos, ele diz que sempre foi voluntário da mãe, nas atividades domésticas, e, por isso, despertou este sentimento de parceria. “Antes, quando não conhecia, pensava que o voluntariado me ajudaria nas notas, depois percebi que era muito mais, mudou minha vida”, assegura. O guarda-chuva da solidariedade tem outras ações: o Recreio

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Divertido, o Pensando e Transformando, a Horta Escolar, a viabilização de carteiras do trabalho e de identidade, oficinas de xadrez, de inglês e de espanhol, o Carrinho do Saber, além de eventos e campanhas da escola. “Vamos muito além do que uma escola faz”, garante Veridiana. Muitos alunos saem da escola e continuam voluntários, outros, pequenos, têm a expectativa de não ser o beneficiário, mas ser Tribeiro. O pai, Vanderlei Vorpagel, tem certeza disso, a filha, com 14 anos hoje, é Tribeira desde os nove anos, o que significa que é voluntária, desde então, inclusive na oficina de flauta. Ele diz que sente muito orgulho da filha e considera admirável este despertar voluntário. Ela concorda, e diz que é bom ter o carinho dos alunos que ensina e pretende continuar, sempre, uma Tribeira.


Mas a certeza de que os resultados vão além e são geométricos está na fala do pequeno Gabriel Marinello, de 10 anos. ”Eu queria muito ser Tribeiro, desde os cinco anos, quando recebia as aulas dos maiores. Hoje eu sou”, conclui, orgulhoso. A Escola Reinaldo Cherubini é um exemplo de final feliz. Por toda a escola cartazes convidam para o voluntariado e lembram que hoje, assim como amanhã e depois, não se deve esquecer de disponibilizar tempo e conhecimento. “Dê o que você tem de melhor, dê sua dedicação e seu tempo, seja voluntário”, diz o cartaz que se lê, ao nos despedirmos dessa turma de coração grande e rostos e olhos brilhando de entusiasmo.

O quê: Reinaldo Voluntário e.reinaldocherubini@gmail.com

Rede Colaborativa:

• Prefeitura Municipal de Nova Prata • DDD Transportes • Rádio Prata • Hospital São João Batista • ASCODEF • Abem • APAE • Unidade Parceiros Voluntários • Comunidade em geral

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Práticas de Vivências Comunitárias Centro de voluntariado juvenil

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A gente pode passar a vida toda sem encontrar um pensador autêntico. Temos o privilégio de ter conhecido quatro ou cinco, em 50 anos, e um deles recentemente. O professor Carlos Alberto Barcellos, um ideólogo das causas sociais, especialmente incentivador do desenvolvimento juvenil, é um deles. Ao conhecer o Centro de Voluntariado Juvenil do Colégio Maria Imaculada, em Porto Alegre, saímos convencidos de que o seu sucesso passa por esse sociólogo, um pensador que acredita que educar é uma atitude permanente, além dos bancos escolares. E que em seus 50 anos de ensino, estimulando o protagonismo juvenil, tem formado cidadãos íntegros e empreendedores.



Dessa forma, o Carlão, apelido carinhoso que recebeu dos alunos, vem abrindo frentes de prática social e de ação voluntária onde tem formado lideranças de tal forma que criador e criatura se misturam e não se se sabe onde começa um e termina outro. No entanto percebem-se os resultados e a dimensão de seu pensar nas gerações de alunos e profissionais que ele vem formando ao longo dos anos. A história desse professor mistura-se com a da Parceiros Voluntários. Vamos voltar ao ano de 1999, quando o professor Carlos, em sua classe de Sociologia, falava sobre os diversos problemas da periferia que estavam tão perto daqueles alunos da 6ª e 7ª séries. Os jovens então retrucaram: “Tá bom,

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professor. Em todas as aulas escutamos repetir os mesmos cenários. O que nós podemos fazer?”. Com o objetivo de buscar responder a esse desafio, o professor Carlos procurou a Parceiros Voluntários para, juntos, envolverem esses jovens, tornando-os protagonistas. Desse desafio a Parceiros Voluntários desenvolveu a Tecnologia Social chamada “Tribos nas Trilhas da Cidadania”. Mas foi no Colégio Maria Imaculada, no ano de 2009, que ele firmou as raízes da ação voluntária entre crianças e adolescentes. Surgiram os eixos da inserção comunitária, a promoção dos valores e conceitos pedagógicos e baseados no princípio de que pessoas autônomas conseguem ser cooperativas e pessoas cooperativas conseguem ser recíprocas. Outros princípios entraram no desenho da criação do Centro:


a ação precisava ser sistemática e dentro do conceito de Responsabilidade Social Individual (RSI), um dos eixos que vão ao encontro da Parceiros Voluntários. De início a ação voluntária envolveu apenas alunos do ensino médio, entre 15 e 17 anos, mas o professor Carlão com seus alunos foram além, e se perguntaram por que não alunos do ensino fundamental, então estudantes de 13, 14 anos. Outros eixos foram

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Crianças e voluntários constroem laços afetivos


criados, como a ação voluntária Vida Urgente, da Fundação Thiago Gonzaga. Desenvolvem, também, a proteção aos animais, através de atividades na ARPA (Associação RioGrandense de Proteção aos Animais). Em 2011 surgia o quarto eixo, o Gaia, de educação ambiental, no Parque Marinha do Brasil, junto ao galpão de reciclagem, em Porto Alegre. Esse leque de ações inclui, hoje, outros parceiros como o Greenpeace, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) e a SEDA (Secretaria Especial dos Direitos dos Animais). Desde 2003 existe um rigoroso controle de autorizações, dos pais, para a realização das ações voluntárias, e com o crescimento do projeto, em termos de

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mídia, isso inclui a autorização do uso de voz e imagem dos alunos, autorização que é renovada todos os anos. Outro projeto, baseado no que era feito pela Escola Girassol, da cidade de Engenheiro Beltrão, no Paraná, é denominado Pela Luz dos Olhos Teus, e destinado aos deficientes visuais. Os voluntários tiveram oficinas de literatura e português, para a produção de poesias, que foram gravadas por eles próprios, tendo por tema as estações do ano. Foi confeccionado um CD doado ao Instituto Santa Luzia e Banco de Olhos de Porto Alegre, instituições que atendem pessoas com deficiência visual. Matheus Tirelli, 15 anos, se emociona quando diz que o gratificante é ver o sorriso no rosto de quem escuta: “Descobri o quanto a poesia pode tocar a alma deles”, resume.


O Centro de Voluntariado Juvenil já envolveu mais de 2 mil alunos, e um índice muito alto de fidelização, nunca menos de 75% e, em 2014, 90%. Significa que o aluno que entra para a ação voluntária não desiste, permanecendo uma média superior a três anos e, em muitos casos, cinco anos. Esses jovens podem ainda não ter ideia sobre a profissão futura, mas já têm a consciência de que seja qual for, continuarão fazendo voluntariado. Daniel Franceschi Monteiro, 15 anos, participa de outra ação e conta sua experiência no Projeto Doutores da Alegria, que realiza na Casa de Nazaré, que atende, há três anos, 123 crianças, localizada na Vila Nossa Senhora do Brasil: “O nosso grupo passa a semana inteira pensando no que vai vestir, ensaiando o que vai fazer, e, assim, criamos um vínculo verdadeiro de amizade. Após as apresentações, saímos com muita energia positiva, revigorados”. Eduardo Pereira Brandão, 15 anos, diz que não vê o voluntariado como obrigação, mas “como uma mistura de prazer, alegria e grande aprendizado”. As crianças beneficiadas passam a semana perguntando sobre quando virão os amigos. Sophia Kleebank Wilhelms, 14 anos, explica que fica estabelecido um vínculo intenso com as crianças “Todo jovem devia fazer atividade voluntária para o seu desenvolvimento”, enfatiza. Thiago da Fonseca Trindade, 14 anos, diz que não são somente as crianças da creche ou do abrigo as beneficiadas, eles próprios também têm o maior retorno.

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Rodrigo Juvêncio Tourinho Girardi, 14 anos, diz que o prêmio “é o carinho com que são recebidos pelas crianças e o bem que elas nos fazem, com certeza é maior do que nós a elas”. O professor Carlão complementa destacando o alto grau de responsabilidade e autonomia dos alunos. Eles planejam o que vão fazer, se dirigem até os locais e realizam sua atividade, mesmo nas vezes em que ele não pode acompanhá-los. Depois arrumam a sala, guardam os brinquedos, varrem, para que tudo fique da forma que encontraram. O mestre se emociona ao lembrar os bons resultado em seus alunos, pois “a vida só vale a pena se o projeto de vida da gente se conecta com o

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projeto de vida dos outros”. Lição que todos aprenderam e praticam muito bem. Mais adiante encontramos outro grupo de alunos. Kevin Larratéa Mogetti, 17 anos, Manoella de Azevedo Rodrigues, 16 anos, Andressa De Antoni Pohlmann, 16 anos, Ohana Quevedo Costa, 16 anos, e Alice Bueno Cardoso, 16 anos, alunos do primeira, segunda e terceira séries do ensino médio. A duração do voluntariado pode chegar, muitas vezes, a cinco anos. Alguns começaram com oito anos. Manoela resume: “A gente assume uma responsabilidade muito grande, mas é maravilhoso”. Ohana aponta o vínculo criado com os pequeninos e o retorno que vem deles. “Mesmo os que agora vão sair da creche, para ir para a escolinha, dá uma dor na gente, ao nos despedirmos, porque os conhecemos desde o berçário.”


Gravação da leitura de livros do Projeto Pela Luz dos Olhos Teus.

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Andressa se sente gratificada de ter o carinho das crianças como retorno. Maria de Fátima Ferreira Bueno é Orientadora Educacional do ensino médio no Maria Imaculada e mãe de Alice. Com orgulho ela diz que viu o crescimento da filha em todos os níveis, seu amadurecimento, seu comprometimento: “Isso é emocionante”, assegura. Kevin Larratéa, três anos de trabalho voluntário, diz que esse compromisso não pesa, é uma atividade que gosta de fazer e mais uma gratificação: “Sou filho único, considero que lá, na creche, tenho uma porção de irmãos”.


Conforme o professor Carlão, os alunos-voluntários primam por serem os melhores alunos em sala de aula. O voluntariado é realizado fora do horário escolar, o que significa que não há intenção de “não assistir aula”. O professor acompanha de perto o resultado de todos os seus 200 voluntários. No final do ano, em uma solenidade, todos recebem o certificado por sua atuação comunitária. A cerimônia conta com a presença significativa dos pais e é carregada de emoção. O Colégio Maria Imaculada chega em 2015 aos seus 50 anos, pleno de vigor solidário, de propostas pedagógicas acertadas, construtivistas e modernas. Quando concluem a escola, muitos estudantes recebem o certificado de 700 a

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800 horas de trabalho voluntário, realizado nas comunidades, o que os habilita a responderem à exigência da maioria das universidades americanas ou europeias, uma carga horária de primeiro mundo. Para o professor Carlos Alberto Barcellos, o colégio realmente pratica o que propõe em seu slogan: educar para a solidariedade. Tanto o mestre quanto seus discípulos têm certeza disso.


O quê: Práticas de Vivências Comunitárias Centro de Voluntariado Juvenil mariaimaculada@mariaimaculada.com.br

Rede Colaborativa:

• Secretaria Municipal da Juventude (SMJ) • Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) • Secretaria Municipal de Defesa dos Animais (SEDA) • Escritórios C. Josias & FERRER e FAYET Advogados • Jairo Monteiro Advogados • Associação Rio-Grandense de Proteção aos Animais (ARPA) • ONG Greenpeace • Fundação Thiago Gonzaga • Unidade Parceiros Voluntários Porto Alegre

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Comitê da Juventude Trabalha para o futuro 106 Na simpática e trabalhadora cidade de Sapucaia do Sul, a 25 quilômetros de Porto Alegre, com 135 mil habitantes, um grupo de pessoas — jovens e representantes de segmentos e instituições — realiza trabalho inédito em favor do desenvolvimento com paz, servindo de base às futuras gerações. O Comitê da Juventude nasceu de sonhos, cresceu na força do voluntariado e é, hoje, um exemplo de determinação e solidariedade. Crianças que tinham 11, 12 anos, em 2011, hoje encaram a adolescência com novos valores, protagonistas que são de suas próprias histórias de vida. E contam novas histórias de esperança e de oportunidades para todos.



Para a formação do Comitê, em 2011, entendeu-se como importante que os estudantes participantes tivessem ligação com as Tribos nas Trilhas da Cidadania, ação da ONG Parceiros Voluntários. Para a idealizadora — hoje Coordenadora da Unidade da Parceiros Voluntários no município — Fabiana Alves Gass, era importante que fosse garantido o protagonismo, com os alunos decidindo, eles próprios, como e de que forma atuar. No início eram sete estudantes, que tiveram participação forte nos Fóruns Tribais Municipal e Regional, organizados pela Unidade da Parceiros Voluntários em Sapucaia do Sul. O Comitê evoluiu e hoje possui 13 integrantes jovens, além dos representantes de instituições e órgãos públicos: Brigada 108

Militar, ACAPASS (Associação Casa de Passagem de Sapucaia do Sul), Conselho Tutelar, além da ACIS (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Sapucaia do Sul). A madrinha é a empresa MCassab e o padrinho, um voluntário, funcionário da empresa Gerdau S.A. Esses padrinhos trazem o olhar empreendedor para as ações, inclusive com ferrramentas de gestão, fortalecendo as ações estruturadas do Comitê. As características se mantêm até hoje, com organização, registro de frequência, ata das reuniões, justificativa de ausências e planejamento das ações e fotos. Os jovens passaram a atuar em diversos fóruns, escolhendo instituições, mais de 15, desde então. Uma peça foi montada levando em conta um problema grave, detectado pelas autoridades: o grande número de trotes na cidade para


instituições como Brigada Militar, SAMU, Conselho Tutelar e Guarda Municipal. Eram trotes com pedidos de socorro, que ocupavam os recursos que deveriam estar atendendo casos reais. Com as ações desenvolvidas esses trotes foram reduzidos de forma significativa. Além de serem partícipes do Comitê da Juventude, esses jovens-voluntários também fazem as suas ações junto ao público infantil e aos idosos. Para o início das atividades do Comitê da Juventude, os jovens tiveram aulas de teatro durante meses e descobriram como o vestuário — roupas coloridas, pinturas no rosto e demais adereços — os aproximava das crianças, principalmente as de abrigo, com traumas e vulnerabilidades. O Comitê aprendeu a levar alegria e esperança em seus figurinos.

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Participação ativa do Comitê nas ações cívicas da comunidade


Com o tempo perceberam que idosos e outros grupos vulneráveis também tinham muita expectativa e se encantavam por aqueles momentos teatrais. Daniel Fellipe Schmitz, 16 anos, diz que as ações são impactantes. Mariana Mendes Bitencourt, 17 anos, Wesley Lima de Menezes, 18 anos, e Júlia Gabriele Lima da Rosa, 17 anos, concordam como a forma, a vestimenta e a força da linguagem teatral levam toda e qualquer mensagem. Foi isso que garantiu, também, o sucesso de outra atividade, no Dia da Solidariedade, no Trensurb, onde o grupo chamou a atenção sobre como vencer a monotonia e mesmo o egoísmo, tornando a viagem no trem, algo prazeroso. O grupo se dividiu entrando e saindo nas estações várias vezes. Levaram música e mensagens de autoajuda nas viagens até a capital, entrando e descendo nas estações, no 110

trajeto de 45 quilômetros até Porto Alegre e no retorno. Diogo Gomes Malta, o padrinho, é voluntário há quatro anos, pela empresa Gerdau, e com carinho, deixa-se chamar de tio. Mas seu orgulho maior está nos resultados que percebe na organização e empreendedorismo dos jovens. Ele conta que entre emocionado e orgulhoso levou os jovens para uma apresentação aos demais colegas na empresa Gerdau. “Lá, na mesma sala empresarial onde grandes decisões são tomadas, diretores, gerentes assistiram com muita atenção ao que os jovens diziam, suas formas de falar e transmitir”, destaca. O 1º sargento da Brigada Militar, Geverson Aparício Ferrari, comandante do 33º Pelotão de Operações Especiais, diz que as ações dos jovens constituem um novo caminho que tem


apoiado, e muito, as ações de prevenção e combate à violência. “Eles são palestrantes e realizam uma verdadeira interação, em nossa proposta de reduzir as mazelas sociais”, afirma carinhosamente. Quer seja falando sobre as consequências dos trotes ou sobre os problemas causados pelas drogas, o grupo afina sua comunicação em direção à busca de gerações mais despertas. Júlia Nunes, 13 anos, diz que o grupo faz diferença e está dando oportunidades a outros, pelo exemplo. Maria Beatriz da Cunha Nascimento, mãe da participante Jenyifer, 17 anos, já leva o outro filho Crístopher, 10 anos, para as reuniões. “O voluntariado foi um abrir de consciência e de conhecimento e de boas relações.” É um prazer imenso acompanhar estes resultados, acentua. Mãe participativa, diz que é o mínimo que pode fazer para colaborar e compensar o carinho, a confiança do grupo. Cleber Rachel, empresário e Conselheiro Tutelar, diz que o Comitê da Juventude se caracteriza por uma forma inédita de atuar debatendo situações, identificando mesmo problemas e agindo na prevenção: “Considero um case a forma como entram e formam uma rede, com lideranças indo em direção a outras lideranças, instituições e associações, sempre com mensagens de transformação e esperança”, afirma. Para a unidade da Parceiros Voluntários em Sapucaia do Sul, uma medida da direção da Associação Comercial garante a continuidade e manutenção de ações do Comitê. O presidente Ademir José Sauthier explica que a Parceiros Voluntários

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de Sapucaia do Sul é um setor estatutário da ACIS, o que garante a sua manutenção. O vice-presidente de Responsabilidade Social da ACIS, empresário José Carlos Groth, destaca que o Comitê, respaldado pelo Estatuto, trabalha pelo bem de todos da comunidade, em tudo o que é solicitado. Roselaine da Silva Brandolff e Carmem Regina Teixeira dos Santos, da Associação Casa de Passagem, dizem que esses resultados são percebidos a cada ação voluntária, na instituição. As crianças, muitas vítimas de maus-tratos e negligência, se sentem felizes,

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Interação com outros atores sociais de Sapucaia do Sul


aceitas e respeitadas naqueles momentos e viajam com as brincadeiras teatrais dos novos amigos. Para Fabiana Alves Gass, a experiência do Comitê da Juventude é única: “A gente foi aprendendo, se moldando, sempre com a ideia de tornar estes jovens líderes, dando-lhes voz ativa e sendo protagonistas verdadeiros”, conclui.

Comitê da Juventude de Sapucaia do Sul

pv.sapucaia@acis-sapucaia.com.br | Facebook: Unidade Parceiros Voluntários Sapucaia do Sul

Rede Colaborativa:

• ACIS (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Sapucaia do Sul) • Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDICA) • Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Sapucaia do Sul • Conselho Tutelar • Casa de Passagem de Sapucaia do Sul (ACAPASS) • Gerdau S.A. • OAB -Subseção Sapucaia do Sul • 33° Batalhão de Polícia Militar • M Cassab Comércio e Indústria Ltda. • Empresa Real Rodovias • Mercado Lajeadense

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Trabalho em Rede Espaço Magia da Arte 114

Magia da Arte é mais do que uma loja que vende delicadas peças de artesanato dentro de um grande shopping center. É uma filosofia de trabalho em rede, envolvendo solidariedade, voluntariado e arte. Em Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, um grupo de artesãs é a prova de que juntas somam qualidade e constroem vidas mais alegres e felizes. A ideia da sustentabilidade perpassa todas as ações, desde o início da formação jurídica de uma associação que pudesse ser interlocutora com a unidade da Parceiros Voluntários, por meio da Associação Amigos Voluntários (AAV), e o Shopping do Vale, que recebe em torno de 400 mil visitantes mês. Isso, mais a



determinação de manter uma produção contínua e qualificada de artesanato com característica de excelência das demais lojas do shopping, tem garantido sucesso absoluto da Loja Magia da Arte, administrada pelas próprias artesãs. A fachada identifica ser uma loja Parceiros Voluntários, com caráter de trabalho solidário e em rede. A Associação Empreendedores Solidários de Cachoeirinha (AESC), que reúne as artesãs, foi criada em 2010 e destina 5% da arrecadação com as vendas para a unidade da Parceiros Voluntários local, o que ajuda na sua manutenção. Outra contrapartida das artesãs é a disponibilidade para participarem de palestras, de divulgação e oficinas sempre que solicitadas. Hoje, 12 artesãs ligadas à associação são beneficiadas com a

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venda de seus produtos na Loja Magia da Arte. Além delas outras cinco instituições têm seu artesanato exposto em consignação, na loja, recebendo o valor integral da venda e sem necessidade de fazer plantão, que é o caso da APAE. Todo o funcionamento da Magia da Arte é decidido pelas próprias artesãs, que se revezam em escalas e decidem mudanças, melhorias e participação em eventos públicos, junto com a unidade Parceiros Voluntários. *A Associação Amigos Voluntários é uma Oscip fundada em 7 de julho de 2005, que visa ao desenvolvimento social, através de programas próprios e da Parceiros Voluntários. **A Associação Empreendedores Solidários foi criada em 22/06/2010.

A Associação conta, inclusive, com um conselho de ética, em sua diretoria. Veroni Fátima C. Ferreira, 50 anos, artesã da Associação, mostra satisfação com os resultados crescentes. O Gerente-Geral do Shopping do Vale, Carlos Coll, 51 anos, diz que as artesãs voluntárias são as “filhas que não dão trabalho”. Ele administra uma área de 25 mil metros quadrados, com


117 78 lojas, e considera a cidade de Cachoeirinha, a 20 quilômetros da capital, com 118 mil habitantes, como tendo características empreendedoras e peculiares, que favorecem a ampliação futura do empreendimento. Desde o início apostou na Magia da Arte, que é beneficiada pela circulação de visitantes, correspondente a quatro vezes a população da cidade. A Analista de Marketing do Shopping, Celoir Cristina Ferreira, 41 anos, também fez a aposta na responsabilidade social do centro de compras e no espaço cedido às artesãs, desde que chegou no cargo, há sete anos. Ela avalia que os crochês, bordados, fuxicos, macramê e patchwork, além dos delicados trabalhos, também artesanais, em pintura e outros materiais,


são sucesso garantido e garantem fidelização de clientes. É dela, também, a ideia de ter outro espaço, vitrine, na entrada, chamando para a loja principal, assim como a realização de exposições temáticas, em datas especiais, dentro do próprio Shopping. Rute Machado Gonçalves, 67 anos, artesã, destaca outro ganho: a autoestima, para quem, como ela, estava há tempo afastada do mercado de trabalho e encontrou uma oportunidade que a valoriza como ser humano. “Um orgulho para qualquer uma de nós”, enfatiza. Eliana Silveira do Nascimento, 48 anos, também não poupa elogios ao projeto e diz que cuida da Loja como se fosse sua: “Me sinto bem,

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me sinto valorizada”. Para a coordenadora da unidade da Parceiros Voluntários em Cachoeirinha, Lorette Ester Gonçalves Terra, 50 anos, o trabalho em rede tem características inéditas. A própria cidade é ousada, as pessoas qualificam seu trabalho. A capacitação permanente, portanto, é uma consequência, entre as artesãs que atendem a todas as exigências de artesanato com qualidade. “Outra peculiaridade é o trabalho solidário, de cooperação”, destaca, apontando que tudo isso “torna o projeto possível, um trabalho de rede e de sucesso”, conclui Lorette.


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O quê: Espaço Magia da Arte

www.aavcachoeirinha.com.br | Facebook: aavcachoeirinha

Rede Colaborativa:

• Shopping do Vale • Associação dos Empreendedores Solidários de Cachoeirinha • Hipermercado Big • Escola de Educação Infantil Anjo da Guarda • Lar do Idoso Nossa Senhora Aparecida • APAE Cachoeirinha • Unidade Parceiros Voluntários de Cachoeirinha


Chimarrão da Amizade

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Sementes que germinam inclusão

Amparar e estimular pessoas com deficiência, transtorno no desenvolvimento e dificuldade de aprendizagem e seus familiares para que sejam integradas na sociedade, oportunizando o exercício de sua cidadania e contribuindo para seu pleno desenvolvimento. Essa é a missão, com resultados, do dia a dia da Associação Chimarrão da Amizade, no bairro Mathias Velho, em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre. Uma forma de dirigir uma instituição com a determinação de incluir e acolher de forma fraterna e com muito carinho.



A presidente, Elisabete Emiliana de Oliveira, conta que a origem da entidade Chimarrão da Amizade vem da família de seu marido, Edson Otacílio Gomes de Oliveira, já falecido. Os pais dele, Gentil Gomes de Oliveira e Nayr Gomes de Oliveira, e outro casal, João e Maria da Silva, começaram o trabalho, em 1978. Hoje, no total, são 650 famílias — em torno de duas mil pessoas — atendidas por ano. Por que a família? “Por entendermos que a inclusão passa pelo reconhecimento de todo o universo familiar”. A realidade é que, no dia a dia da instituição, muitas famílias encontram-se em situação de extrema vulnerabilidade, enfrentando dificuldades de acesso aos serviços sociais básicos. “Buscamos com nosso trabalho despertar a autonomia e fortalecer a cidadania”, explica Bete. O foco principal, entretanto, é a pessoa.

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A psicóloga Adriana Rublescki, coordenadora do Projeto Semente, enfatiza que se trata de uma filosofia de trabalho, e uma metodologia própria, que o grupo classifica de uma inclusão ao contrário. Isso porque não começa na escola, e, sim, parte de uma organização que atende as pessoas com deficiência que abre suas portas, acolhendo e mobilizando a comunidade. Vai em direção à escola, com quem trabalha, ensinando a conviver solidariamente. Não é sem razão que Franciela Costa Bampi, 32 anos, diz que a filha, Natasha, 10 anos, frequentadora no turno inverso ao da escola, hoje é mais feliz. ‘’Ela vinha, algumas vezes, triste da escola, chegava em casa com marcas, vítima de alguma maldade de colegas, e quando indagava, ela ficava muda ou, ao contrário, agressiva.” As marcas arroxeadas nos braços indicavam que, às vezes, levava algum puxão mais forte de colegas. Não contar sobre o bullying era uma dor dupla, para ela e para a mãe.


No Chimarrão da Amizade, o Projeto Semente foi ao encontro de Natasha. Além de sociabilização, ela aprendeu a se defender e, principalmente, a verbalizar para a mãe e para os professores. Com uma atitude mais proativa, passou a ser aceita no seu jeito mais espontâneo, de criança. “É como se ela estivesse no lugar onde sempre deveria estar”, orgulha-se a mãe. “Natasha deixou de ser retraída, é carinhosa, tem mais confiança”, acrescenta Franciela. As atividades do Projeto Semente abrangem crianças com deficiências ou em situações diversas como déficit de atenção, encaminhadas por escolas da região. São, hoje, em torno de 60 atendidos, sendo 40 crianças e adolescentes, além de 20 pessoas com deficiências de diversas idades (entre 18 e 29 anos). Com apoio da Secretaria Municipal de Educação de Canoas e da Petrobras, entre outros parceiros, as crianças têm, no turno inverso, atividades ligadas a sustentabilidade, meio ambiente,

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jardinagem, cultivo de hortas e

O Projeto Semente oferece, ainda, atividades esportivas,

de plantas ornamentais, além

aulas de dança, apoio pedagógico e oficinas de educação

de atendimento e atividades

ambiental. Conforme a psicóloga Adriana, além de fortalecer a

pedagógicas. O engenheiro

sociabilidade e desenvolver valores, também complementa o

agrônomo Roberto Schenkel,

processo educacional, contribuindo para superar dificuldades

54 anos, do escritório regional

de aprendizagem na escola. E isso dentro de uma concepção

da Emater, desde 2012

de cuidado e atenção para com o outro, respeito às diferenças

convive com o Chimarrão da

e, em consequência, crescimento com solidariedade. Para a

Amizade. Quando vai explicar

Chimarrão da Amizade, o objetivo principal é tornar-se uma

a sua gratificação, lembra a

referência no município de Canoas, como entidade de inclusão

figura do pequeno e franzino

social, educacional, através do acolhimento, fraternidade,

Jorginho, 42 anos, que tinha

autonomia e convivência. Esta semente é regada todos os

tanta vontade e alegria em

dias com muita determinação, conclui Adriana Rublescki.

participar que, para não perder parte do plantio, se encostava na tela que cerca o pátio e a horta para, com equilíbrio, ir puxando, com a enxada, a terra a ser remexida. Para os cadeirantes, Roberto e os técnicos do Sindicato Rural de Triunfo e Nova Santa Rita ainda mantêm uma horta suspensa (feita em calhas, de telhas de fibrocimento), a pouco mais de um metro do chão e mantida o ano todo.


A diarista Rose Machado da Silva, 36 anos, não mede esforços para que as filhas Manuela, 9 anos, da 5ª série, e Rafaela, 11 anos, da 6ª série, frequentem o Projeto Semente. “Elas ficam empolgadas, se divertem com as experiências e atividades”, resume. E é dela a melhor imagem: ela conta que na apresentação do final do ano, as crianças entraram na sala – vestidas de anjo, com asas delicadas – segurando nas mãos de outras crianças, cadeirantes. Foi uma imagem tão linda que ela chorou. O Rafa, um coleguinha da filha, observou: “Tua mãe está chorando”. A filha respondeu: “A tua também”.

O quê: Projeto Semente

atendimento@chimarraodaamizade.com.br Facebook: grupochimarrão.daamizade

Rede Colaborativa:

• Secretaria Municipal de Educação de Canoas/Departamento de Educação Inclusiva • Senar RS Sindicato Rural de Triunfo e Nova Santa Rita • EMATER RS • Odontologia da ULBRA • Petrobras • Rotary Clube Canoas Integração • Unidade Parceiros Voluntários de Canoas

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Projeto Girassol 126

O semeador de ideias Um semeador não planta apenas sementes, ele planta idéias, empreendedorismo, consciência de cidadania e dignidade. O empresário José Fiorindo Angeli, 88 anos, membro do Conselho de Administração da empresa Agrale, de Caxias do Sul, é um semeador por natureza, como ele diz, de origem, de DNA. E foi de um antigo hábito, o de caminhar pelas ruas da cidade, quando estas não eram ainda asfaltadas, que ele fortaleceu suas convicções como plantador e estimulador de capacidades. Ele é o responsável pela criação do hoje chamado Projeto Girassol, um dos carros-chefe da área de responsabilidade social da Agrale.



José Fiorindo Angeli ainda se mantém ligado às atividades da empresa, como Conselheiro, onde vai diariamente. Ele atribui à sua origem, de neto de imigrantes da região do Tirol,* e que chegaram ao Brasil em 1875, o seu gosto por mexer com a terra, e seu amor às coisas da natureza. “Sempre tive um envolvimento espontâneo com a natureza, desde os primeiros anos da escola, pelos idos de 1943”, explica. Naqueles tempos, as escolas da área rural incentivavam, de forma intensa, o cultivo de hortas domésticas, mesmo nos estabelecimentos de ensino e nas casas. Era uma forma de suprir, com alimentos, a própria escola, além da aprendizagem de atividades ligadas ao meio agrícola. Foi através do Clube Agrícola da escola, que fazia visitações nas residências dos alunos, que Angeli firmou seu prazer em semear.

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Desde cedo Angeli percebeu o conceito de que plantar era apenas uma parte da lição, que isso podia ser expandido para outras atividades, despertando o sentido empreendedor nas pessoas, plantando ideias. Assim, mais tarde, por volta de 1975, adquiriu o hábito prazeroso de, ao caminhar pela cidade, ir deixando as sementes escorrerem cuidadosamente de suas mãos. “O pai era um voluntário da natureza”, complementa o filho, Sandro Stédile Angeli, 43 anos, Supervisor de Recursos Humanos da Agrale, confirmando que, mais do que empreendedorismo, Angeli sempre deu lições de cidadania e de vida solidária para a comunidade. Hoje, José Fiorindo Angeli diz acreditar que muitas pessoas que o viam espalhando sementes, nas ruas, nas praças, podiam pensar que ele não tinha nada mais para fazer. Pensamos que ele sempre


foi um visionário, um semeador de sonhos e de ideias. Imaginamos este homem de vivência tão rica saindo de manhã, quase ainda madrugada, para suas caminhadas, antes de ir para a empresa, em seu ofício de plantar. Onde havia um lugar vago, tinha uma semente. Semanas depois, uma flor. Daí nasceu e foi fortalecido o Projeto, a que ele deu o nome carinhoso de Girassol e que foi abraçado, também com amor, pelos filhos, em especial a filha Fúlvia Stedile Angeli Gazola. Girassol foram as sementes pelas quais José Florindo optou, com o tempo, para entregar na comunidade e nas escolas, e passou a estudá-las, percebendo que tinham que ser escolhidas

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com cuidado. Por isso passou a adquiri-las de locais confiáveis. Sempre quis que o projeto fosse a base para desenvolver, aguçar o empreendedorismo e as capacidades de cada um. Enquanto isso, o Projeto Girassol florescia, indo além de um anseio pessoal de seu idealizador para se transformar num apelo pedagógico. No período de 1998 até agora, o Projeto Girassol já atendeu centenas de estudantes de escolas. A ideia do semeador solitário tornou-se um projeto bem estruturado e, hoje, são atividades curriculares das escolas municipais Rosário São Francisco, Escola Municipal Dolaimes Stedile Angeli (CAIC), e da Escola Érico Veríssimo. Em todas elas os alunos são responsáveis pelas hortas escolares, recebem orientação sobre o plantio, cuidados, custos e decidem a distribuição da colheita. Também participam de oficina de montagem de cartelas com


sementes de girassol e distribuem essas cartelas nas unidades da Agrale e em eventos públicos da comunidade caxiense. Fazem parte, ainda, das atividades oficinas de reciclagem, confecção de pastas com banners e seminários onde estudam temas como liderança, trabalho em equipe e questões financeiras para venda do produto. Na Escola Municipal Rosário São Francisco, os alunos da 8ª série têm oficina comportamental, que estimula a pensar sobre aspectos tecnológicos, comportamento na escola, na sociedade e no trabalho, valores, criatividade e educação. Por sua vez, os alunos da 9ª série têm oficinas comportamentais, de empregabilidade, de elaboração de currículos e entrevista para emprego. Eles realizam visitas orientadas à Agrale para conhecer o ambiente industrial e uma escola de formação profissional. Participam, ainda, de projetos de empreendedorismo, com o objetivo de promover discussões sobre ações inovadoras e sustentáveis e questões financeiras. Na Escola Municipal Dolaimes Stedile Angeli — nome em homenagem à matriarca da família, já falecida —, além dessas atividades há ainda o projeto Arte de Brincar Reciclando Valores, que incentiva a construção de brinquedos com sucata e que são repassados para crianças carentes. Como sempre há a preocupação de estimular valores e incentivar o trabalho em equipe, além da solidariedade e a preocupação com o outro e o meio ambiente. Os alunos da Escola Estadual Érico Veríssimo participam da horta escolar, realizam passeios ecológicos e oficinas destinadas à discussão de temas que possam desenvolver o espírito empreendedor e a geração de alternativas sustentáveis para a sociedade.

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Todos os alunos desses colégios participam da Tecnologia Social Tribos nas Trilhas da Cidadania, da ONG Parceiros Voluntários, que propicia qualificação aos Educadores e também curso de desenvolvimento de lideranças juvenis para os alunos. Todas as Escolas que se inscrevem na ação Tribo nas Trilhas da Cidadania, da Parceiros Voluntários, passam a integrar a rede estadual de voluntariado juvenil, o maior movimento do Brasil. Mais do que um aprendizado, esses jovens estudantes são, além do ensino que recebem em suas escolas, de seus professores, resultado da semeadura de Angeli, que foi muito além do seu hábito de plantio saudável, ao permitir que seu gesto adubasse

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outras gerações. O querido Angeli nos lembra muito a história


do menino que passeava numa linda floresta de carvalhos com seu avô. O menino, vendo o seu avô se abaixar a todo instante e com grande dificuldade em seus joelhos, lhe disse: “Vovô, por que você está semeando, pois essas árvores levam sessenta anos para se tornarem adultas, e você não estará aqui para vê-las?”. O vovô respondeu: “Não importa quem as plante, importa que outros as usufruirão, assim como nós, agora!”.

O quê : Projeto Girassol (Agrale S. A.)

www.agrale.com.br | sangeli@agrale.com.br

Rede colaborativa:

• Prefeitura Municipal de Caxias do Sul • Sec. Mun. do Meio Ambiente • Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Inclusão Social • Sec. Municipal de Agricultura • Sec. Municipal de Educação • Dolaimes Comunicação e Eventos • Rádio São Francisco • Fazenda Três Rios S.A. • Cenci Segurança • Giratur Transportes Ltda. • Unidade Parceiros Voluntários de Caxias do Sul

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Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio 134

Transformando vidas Por trás dos muros dessa instituição centenária existe bem mais que uma Fundação que acolhe crianças e adolescentes, de zero a 24 anos. Há uma missão fraterna e solidária de transformar vidas. Localizada no entorno do centro histórico de Porto Alegre, a Fundação Pão dos Pobres acolhe, abriga e educa de forma inigualável, dando oportunidade para que superem obstáculos que até então sofreram e possam escolher um novo futuro. Hoje, 1.700 crianças, adolescentes e jovens são atendidos diariamente em seis diferentes programas.



Eles vieram de lares desestruturados, vítimas de maus-tratos em alguns casos, com baixa autoestima e marcados por sofrimentos, negligência e desamor. Aqui, aprendem por intermédio de uma profissão o exercício da cidadania e a buscar seu espaço na sociedade, como pessoas plenas. Mais do que uma Fundação, o Pão dos Pobres é uma referência dentro das organizações sociais do Estado do Rio Grande do Sul. Suas paredes contam histórias de acolhimento e proteção, desde que surgiu, pelas mãos do então padre diocesano José Marcelino de Souza Bittencourt, para amparar viúvas e filhos cujos pais haviam morrido na fratricida e sangrenta Revolução Federalista,

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por volta de 1892. Da humilde casa de madeira, nos arredores do então Areal da Baronesa, hoje bairro Praia de Belas, surgiu uma instituição de acolhimento baseada nos valores da solidariedade, respeito à diversidade humana e desenvolvimento integral das potencialidades. Com a mudança da legislação, em 2010, o Pão dos Pobres deixou de ser um orfanato e internato, ampliando seu escopo de atendimento, tanto com os públicos quanto com seus Programas. Milhares de crianças e adolescentes tiveram no Pão dos Pobres um segundo lar, às vezes, o único, onde construíram mais do que um processo de aprendizado, também um plano de vida. Para o gerente socioeducativo do Pão dos Pobres, João Rocha, essa tradição de acolhimento permeia a história


137 Orquestra formada pelos alunos beneficiários da Organização

da organização e faz parte de sua cultura. Ele próprio, um engenheiro mecânico por formação, foi tocado pelo trabalho voluntário a partir de sua experiência na Pastoral da Juventude Meio Popular e comunidades de Base, entre 1988 e 1999, em diversas comunidades carentes. Entre 2001 e 2002 trabalhou no Projeto Solidariedade da PUCRS, vinculado à Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e ao Centro de Pastoral. Mais tarde, teve atividades na Universidade Missionária da PUCRS, em Rondônia, em 2006, e em 2007, na Amazônia e Ji-Paraná,


Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários da PUCRS. Até então sua vivência era de obra social acadêmica, com enfoque em filosofia, pedagogia e área de gestão. Foi quando, em 2009, respondeu ao desafio de participar do reordenamento institucional do Pão dos Pobres e integrar a equipe que, dia após dia, constrói personalidades mais plenas de conhecimento e oportunidades. Pai de uma menina, Giovanna, de nove anos, ele é, também, o responsável legal e afetivo por centenas de outras crianças e jovens da instituição.

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Ernesto e Neto Fagundes, autores voluntários da música do Hino da Instituição


A Fundação Pão dos Pobres mantém, além de seus cursos profissionalizantes e de capacitação, turnos inversos ao da escola, atendimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, pobreza ou violação de direitos. Realiza, ainda, fortalecimento de vínculos familiares, iniciação de trabalho profissionalizante, acolhimento institucional, proteção e garantia de direitos, de crianças destituídas do poder familiar ou cuja situação está sendo avaliada pela Justiça. Neste último caso, abrigando crianças de todas as faixas etárias, desde recém-nascidos até 24 anos. Daiane Conforti Colón, 36 anos, artesã, é mãe de Luiz André Conforti, 19 anos, autista, que já está no segundo curso. Ele fez o curso técnico de manutenção de computadores e agora está no curso de administração. “O Pão dos Pobres entrou na minha vida como por um sonho”, afirma Daiane, que tinha a instituição como um sonho distante. A psicóloga do filho foi quem aconselhou que ela procurasse o Pão dos Pobres. Era o ano de 2003 e Daiane diz que o filho foi crescendo em suas potencialidades e se mostrando inteligentíssimo. Mãe de outros quatro filhos, — Ana Carolina, 16 anos, Danielle Conforti, 15 anos, Luiz Gustavo, 10 anos, e Rafael Conforti, 2 anos —, ela diz que tem uma vida modesta e sua preocupação é de que o filho tenha condições de se cuidar, se um dia ela vier a faltar. Conta que o jovem é comunicativo com os colegas e coopera, ensinando os que não sabem.

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A mesma riqueza de oportunidade está presente na vida de Luyane, que desde 2010 recebe bolsa de estudo integral em sua escola, e tem atividades no turno inverso, no Pão dos Pobres: musicalização, participando de um coral, tênis, vôlei e reforço escolar. O desenvolvimento da filha, sua alegria e amadurecimento fizeram a mãe Geovana Capela, 47 anos, participar das atividades da entidade, como o brechó, para captação de renda. “Sei que tudo que nós, pais, fizemos se agrega e resulta em benefícios para os filhos, e por isso sou


voluntária”, diz. A filha concorda e segue seus passos. Aos 11 anos ela já participa de uma das Tribos, com atividades no Colégio La Salle, onde cursa a 6ª série. Em todos os programas, entretanto, permeia a filosofia de que — independentemente de qual seja a situação de risco que levou aquela criança ou adolescente até ali — ela encontra acolhimento e orientação. Para isso, contribuem as inúmeras equipes de profissionais, educadores, psicólogos, assistentes sociais e técnicos diversos, e o próprio protocolo individual, com a história de cada criança. Significa que ocorre, sempre, um acompanhamento, denominado PIA (Plano Individual de Atendimento), com a sua história pessoal. A imagem amorosa vem na fala de Geovana, ao relatar que a filha foi fazer um procedimento no Hospital Presidente Vargas, em Porto Alegre, e o técnico, ao saber que ela era do Pão dos Pobres, se emocionou. Com lágrimas nos olhos, afagou os cabelos da filha e disse que ele próprio tinha vivido na instituição. A tradução desta filosofia está presente no Hino da Instituição, resultado da história contada na cerimônia de entrega do Prêmio Parceiros Voluntários 2015. A letra, extraída do roteiro do evento, foi escrita por Celina Alcântara e Ana Luiza Azevedo. A música leva a assinatura de Neto e Ernesto Fagundes, expoentes da música regional e voluntários da ONG Parceiros Voluntários.

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HINO PÃO DOS POBRES Por trás dos muros do Pão dos Pobres Tem bem mais do que uma fundação Tem gente que muda e transforma Gente famosa por sua ação

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Fundador foi Marcelino Que vislumbrou sua meta De fazer da juventude Uma turma bem seleta Esta casa já bem antiga De parede larga e forte Acolhe, abriga e educa A todos os sem sorte Crianças, jovens e adolescentes São recebidos todo o dia Para saberem seus direitos E viver sua cidadania Do Areal da Baronesa, a casa de madeira Na Praia de Belas, o bairro Esta sólida fortaleza Fica ali quase na beira

Solidariedade é seu emblema Justiça, um bem real Diversidade é mais que um sonho Compartilhar é seu ideal São muitos os programas Pra acompanhar a gurizada De tudo tem um pouco Pra avançar com a rapaziada Proteção e garantia Formação profissional Apoio com cada dom E um futuro sem igual Ali cada um tem sua história Cada um tem seu respeito Todos com seu direito De um por um fica registro de cada trajetória


O quê: Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio paodospobres.org.br | Facebook: paodospobres www.paodospobres.org.br/site/

Rede Colaborativa:

• Ministério da Educação e Cultura • Secretaria Estadual da Educação • Secretaria Est. da Justiça e dos Direitos Humanos • Secretaria Est. do Trabalho e Desenvolvimento Social • Secretaria Mun. dos Direitos da Criança e do Adolescente • Secretaria Mun. da Juventude • Conselho Mun. dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) • Conselho Municipal de Assistência Social • Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente • Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC) • Unidade Parceiros Voluntários de Porto Alegre

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Centro Comunitário e Cultural de Belém Novo Cores de cidadania 144 A remoção de centenas de famílias carentes de várias vilas irregulares de Porto Alegre e seu assentamento numa região no extremo sul da capital, entre os anos de 1999 e 2001, resultou no surgimento de uma área de muita pobreza e violência, a vila Teletubbies, no pequeno Bairro Chapéu do Sol, a 24 quilômetros do centro de Porto Alegre. A ação da 2ª Companhia do 21º Batalhão de Polícia Militar, consciente de sua responsabilidade social e com atitude, indo além da visão de ser um órgão de segurança, deu origem ao Núcleo Comunitário e Cultural de Belém Novo, uma instituição que hoje beneficia milhares de pessoas e resultou em um novo perfil de moradores.



O Tenente da Reserva Carlos Augusto Medina, 52 anos ­— Tenente Medina, como é conhecido —, relata a formação do assentamento, com origem em moradores de inúmeras vilas da cidade, de extremo grau de pobreza. Essas pessoas estavam desprovidas das mínimas condições de saneamento, higiene e saúde, além de faltar-lhes a experiência de morar em casas. Retiravam as janelas das novas casas, com medo de que o aço atraísse raios, arrancavam os vasos sanitários das casas, porque não tinham o hábito de usá-los, vendiam as portas. Era grande a violência e a disputa entre grupos, uma vez que tinham vindo de vilas diferentes e a ocupação continuava desordenada. Sem muita identidade, a solução utilizada foi pintar as casas de cores diferentes para, assim, identificar de qual comunidade

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vieram. Surgiu, então, o nome de Teletubbies — do desenho infantil —, onde os personagens tinham cores variadas e pelo qual a vila é conhecida ainda hoje. Atenta a isso, a Brigada Militar iniciou ações de prevenção, e uma delas foi a distribuição de um sopão, todas as sextas-feiras, pela manhã, para 200 famílias, em torno de 1.000 pessoas. A sopa evoluiu e, pela quantidade de famílias atendidas, obrigou um reforço maior, que era buscado nas chácaras e mercearias das redondezas, pelos soldados que ganhavam aipim, batata e outros vegetais. Os soldados não aceitavam doações em dinheiro. A sopa era preparada por uma equipe de voluntários originários da Paróquia Nossa Senhora de Belém, e para isso foi construído um fogão campeiro (fogão de campanha), mais


tarde substituído por um fogão industrial, além de panelas e materiais, doados pela comunidade. Os organizadores receberam ofícios do comandante da 2ª Companhia do 21 BPM e, com eles, conseguiam doações do comércio e pequenos produtores da região, para quem pediam desde osso, nos açougues, até macarrão, que completava o sopão. Como as famílias eram numerosas e não havia louças suficientes, os beneficiados buscavam a refeição em baldinhos de plástico ou lata, que podiam levar para casa. Foi construída uma pequena peça — no prolongamento da parede da Companhia Militar — destinada à realização de atividades assistenciais, para que as pessoas pudessem gerar renda. Medina e o Major Antônio Marcos Cidade Bevonesi, 53 anos — Major Cidade —, este último então comandante da Companhia da Brigada Militar, não tinham dúvidas sobre a importância dessas ações sociais e foi com alegria que passaram a constatar o retorno. “Uma aula de vida”, resume o Tenente Medina. A violência diminuiu em mais de 90%. Também puderam contar com mais parcerias, entusiasmadas com as mudanças. Em janeiro de 2000 foi construído um condomínio de luxo, o TerraVille, que resultou em mais benefício, pois dali vieram muitas doações de sobras de material de construção, e recursos diversos, inclusive financeiros, e, por fim, a doação da área onde hoje está a Ong Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo.

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Em agosto de 2004 a instituição constituiu-se juridicamente e é hoje responsável por 2.229 atendimentos em seu Departamento Cultural, 803 no Profissionalizante, 1.185 no Educacional e 303 no Departamento de Artesanato. O espírito de ação solidária permanece ao longo desses anos, hoje através dos 32 voluntários que se somam aos 13 colaboradores. A população atendida varia de quatro a 60 anos de idade. A Parceiros Voluntários sempre esteve presente no crescimento do NCC Belém, quer seja através dos cursos de capacitação em gestão, quer seja participando da teia de apoio e colaboração em todas as áreas. Um divisor de águas, como classifica o tenente Medina, o antes e o depois

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da Parceiros Voluntários. O resultado está, ainda, na história de vida das pessoas. Eduardo Porto Bittencourt, 40 anos, é “uma cria da casa”. Hoje instrutor de informática, foi aluno do NCC Belém, e voluntário de junho de 2013 a setembro de 2014. Naquele ano assinou contrato com o SENAI e em março de 2015 foi contratado pelo Núcleo, onde leciona até hoje, cercado do carinho dos alunos e sentindo grande gratificação. Sandra Mara da Rosa, 53 anos, moradora na Vila, frequenta há cinco anos o NCC, participando de diversos cursos (feltro, pintura em madeira e dança). Trabalha, como doméstica, no TerraVille e diz que seus patrões a apoiam totalmente e, inclusive, a levam, à noite, quando tem atividade. Simone de Almeida Borba, 42 anos, aluna também há


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cinco anos, conta como venceu a depressão profunda e encontrou uma segunda família na entidade acolhedora. “Vejo também que aqui as crianças aprendem a não ir para o lado do mal. Aqui sou mais feliz, mais alegre, faço dança, capoeira, ginástica, informática e cursos de artesanato”, complementa. O filho de Simone, Eduardo Borba da Silva, 13 anos, frequenta o trabalho educativo. Gabrieli Gomes, 13 anos, outra beneficiada, tem entre os seus sonhos o de ser jornalista, Anderson Santos da Silva, 16 anos, reconhece, com humildade, que nos cursos reduziu seu caráter “agressivo”, e hoje é mais tranquilo. Milena Savedra, 14 anos, realiza reforço educativo e se sente à vontade


nas atividades e com os amigos, vencendo a timidez. Eduardo da Costa Silva, 15 anos, gosta do envolvimento nas atividades e nos cursos e valoriza o fato de conhecer pessoas novas no NCC. O companheirismo é a marca de todos que participam das atividades no Núcleo. A Coordenadora do Departamento Cultural, Graziele Fraga, 33 anos, avalia o crescimento da instituição e a evolução das pessoas nesse tempo de vida percorrido pelo NCC e seus voluntários, colaboradores e beneficiados, e considera tudo “extremamente gratificante”. Um desses resultados pode ser

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visto, nos últimos sete anos, na realização de um espetáculo teatral, preparado durante vários meses, para apresentação no final de cada ano. É a vez de mostrarem, em esquetes, o que aprenderam nos cursos, na convivência e na cidadania. A atividade é tão importante para a comunidade que é feita votação sobre os temas, e a professora de corte e costura, Terezinha Teixeira Maciel, 67 anos, com suas alunas, inicia a confecção das roupas e figurinos que serão utilizados no teatro. O professor mostra, com orgulho, o local onde funcionam, no dia, os camarins e onde são realizadas as aulas de teatro. Neste ano, por necessidade de um espaço maior, a direção do NCC já cogita em realizar o espetáculo na rua. Também são destaques a oficina de preparo de alimentos e de beleza, ministradas pelo Senac. O NCC evoluiu ao longo dos anos, sempre tendo como meta a formação de pessoas mais conscientes, que possam exercer sua cidadania e terem vidas mais dignas. Os parceiros, como o Condomínio TerraVille e o Instituto Cyrela, entre outros, nunca deixaram de colaborar e respaldar o crescimento do Núcleo Comunitário, que, ao longo desses 11 anos, se orgulha de ter formado centenas de pessoas para o mercado de trabalho. Mérito da valorosa Brigada Militar e da comunidade, que venceram quem podia vencê-los, a violência. E hoje é, ela própria, protagonista e alicerce de novas histórias que começam a ser contadas, sob a inspiração da Canção da Brigada Militar, assegurando que “o trabalho perfeito é servir”*.

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CANÇÃO DA BRIGADA MILITAR *Brigada, Para Frente! O Trabalho Perfeito é Servir A Justiça, Razão e Direito É Dever nos impondo agir Na cidade, no campo. Na serra Só o Bem e a Paz Conduzir.

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Do horizonte passado de lutas. Baluarte gigante e viril, Vem massot conduzindo a estrela Da milícia florão do Brasil É a força gaúcha que brilha No clarão da bandeira sem par Eia, avante! enfrenta o perigo. Oh! Brigada Militar! Brigada, para frente! O trabalho perfeito é servir A justiça razão e direito É dever nos impondo: agir Na cidade, no campo, na serra Só o bem e a paz conduzir.

Dos leões farroupilhas trazemos O vigor destemido no ser. Heroísmo, bravura e ousadia Pra vitória final merecer! Paira acima a altivez e a renúncia, Vibra a honra de bons policiais! A firmeza na fé consciente, Fortalece os ideais!

Letra: Aristilda Recchia Música: Cap. Antônio S. Corrêa dos Santos


O quê: Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo gestor@nccbelem.org.br

Rede Colaborativa Parceiros:

• Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Porto Alegre • Brigada Militar/Belém Novo • Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social RS • Secretaria Municipal de Segurança e dos Direitos Humanos • Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA) • Conselho Municipal de Assistência Social • CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) • Orçamento Participativo do Extremo Sul • SENAC/RS - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial • SENAI/RS - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial • Belém Novo Golf Club/Condomínio TerraVille • Instituto Cyrella • Viação Belém Novo • ONG Parceiros Voluntários • Inúmeros voluntários

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E vocĂŞ, vai fazer o que amanhĂŁ?


O mundo tá de um jeito, na verdade

Em que às vezes dói – até pra gente olhar

E quando chega a dor, nossa vontade

É de esquecer, é de não ver, é de chorar

Se essa vontade vem cê vai saber que é

A hora da vontade então se transformar

Dá pra mudar – dá

Vem começar – vem

A mão na massa é tudo o que é tudo o que você vai precisar

Você pode

Melhorar o mundo

Isso não é sonho, não

E a mudança

Vem no segundo

Em que se toma a decisão

Você sabe

Não tá sozinho

Tem muita gente pra ajudar

Não esqueça: pra mudar precisa começar. JINGLE DA ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, CRIAÇÃO E PRODUÇÃO VOLUNTÁRIAS: JINGA PRODUÇÕES

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Um reconhecimento é mais do que o ato de

reconhecer algo, ou alguém, trata-se, antes de mais nada, de estender a todos a compreensão de que tais pessoas ou ações são compromissadas com o sucesso de seus resultados, trazem paixão e crença em uma sociedade solidária. É compreender um propósito e perceber seus acertos. Quando se busca a afirmação da dignidade através da ação voluntária, é imperativo levar, também, uma mensagem de esperança.


A ONG Parceiros Voluntários aposta no desenvolvimento humano e acredita que a filantropia e o exercício da cidadania, através da prática do voluntariado, são bases indispensáveis para a transformação da realidade social. Nas iniciativas de sucesso aqui descritas estão histórias de transformação e de indignação transformadas a partir de sonhos e esperança. Esperança de dias melhores, esperança de um futuro melhor. Sem isso não teríamos humanidade. Nossa mensagem principal, que permeia o conteúdo desta publicação sobre o Prêmio Parceiros Voluntários, vai para você, que pensa em fazer, talvez, de sua vida um novo investimento, com mais sentido, e para isso viu, aqui, histórias incríveis de superação. O que outros fizeram pode ser continuado agora e já por sua decisão de fazer parte desta rede e ir onde você é esperado, com alegria, para compartilhar seu conhecimento, seu tempo, sua dedicação. Nós acreditamos que pessoas como você, indignadas e desejosas de uma sociedade melhor, formam uma teia com soluções positivas e que, a cada momento, transformam a indignação em uma agenda social. Você está sendo chamado para acreditar no futuro e, acredite, sua atitude vai gerar oportunidades para dezenas, centenas de pessoas, que serão beneficiadas. E você, vai fazer o que amanhã? De sua resposta saberemos que podemos aumentar essa rede de solidariedade, gerando soluções magníficas no maior ativo que podemos compartilhar com emoção: a cidadania plena e a solidariedade.

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Depoimentos 2015


Tempo de agradecer,

relembrar e celebrar Renovamos votos de confiança, num

tempo de lembrar, celebrar e agradecer. Com nossos agradecimentos a todos que fizeram este momento inesquecível, destacamos nossa crença

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“Dá pra mudar, é só começar, a mão na massa é tudo o que você vai precisar... Não se esqueça, para mudar, precisa começar. *

de que temos, sim, uma atitude voluntária. Hoje celebramos o amor, o apoio, porque são duas emoções que são requisitos fundamentais para uma paz duradoura. O amor, o apoio que podemos dar um ao outro. São os sentimentos de união, de confiança, de colaboração. A isso também chamamos de capital social. E nosso Estado tem um grande capital social, que é a atitude de cooperação, colaboração e confiança em relação às coisas da nossa comunidade. Recentemente vi um vídeo de uma jovem voluntária onde ela diz “minhas ações podem não mudar o mundo, mas tenho a consciência de que estão fazendo a diferença, que estou fazendo a minha parte ”.

*https://soundcloud.com/ pvoluntarios/jingle-da-para-mudare-so-comecar#t=0:00

Pois assim como ela, milhares de crianças e jovens — hoje temos os tribeirinhos, que têm cinco, seis anos, alunos do nível médio — e, assim como eles,


milhares de pessoas, crianças, adultos e jovens, que nos fazem acreditar que estamos conseguindo, sim, mudar situações. Estamos conseguindo mudar pessoas de dentro para fora, pela emoção, as quais estão conscientes de seus gestos, e não somente respondendo às coisas que nos chegam. Agradeço muito a todos que estão abraçados nesta causa, com a certeza de que, quando a gente abraça uma causa, a causa nos abraça. Quero agradecer mais uma vez a presença de todos. E, primeiramente, a Deus por nos proporcionar estarmos aqui, nos proporcionar a vida, nos proporcionar o respeito a tudo e a todos. Que tenhamos hoje um ótimo evento, com muita emoção. Que se considerem todos premiados. Caso um dos projetos não esteja entre os escolhidos, com certeza para o próximo ano poderá estar. Mas isso não importa, importa que estejamos sempre nos entregando de corpo e alma a essa emoção e ao outro.

MARIA ELENA JOHANNPETER PRESIDENTE (VOLUNTÁRIA) FUNDADORA DA ONG PARCEIROS VOLUNTÁRIOS.

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A magia de uma noite voluntária Esta história

poderia ser um conto

de fadas. Sabe aquele dia em que sonhaste um mundo mais humano e solidário? A noite do dia 25 de maio no Teatro Bourbon Country afirmou pela palavra viva que o Rio Grande do Sul voluntário era uma realidade. A cerimônia da entrega do Prêmio Parceiros

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Voluntários 2015 mostrou que a sensibilidade social está no DNA da ONG Parceiros Voluntários. Emoção, cidadania e resultados se uniram naquele teatro. Experiências vivas se transformaram em histórias reais. Definitivamente, não era um sonho. Os projetos reconhecidos balizaram a própria história dos 18 anos da Parceiros Voluntários. Uma plateia magnetizada não viu o tempo passar. Dezoito anos parecem tão pouco. Os números da Parceiros Voluntários comprovam a verdade do seu mandato. Empresas, escolas, instituições de todos os matizes, crianças e jovens fazem parte de uma imensa REDE DE CIDADANIA. O conceito de responsabilidade social individual ganhou palco,


câmeras e luzes. A Rádio Parceria anunciava a todo momento que fazer o bem faz bem! A diversidade dos cases reconhecidos ensinou que todos os lugares sociais são espaços para a prática do bem. A equipe da Parceiros Voluntários, aquela galera comandada pela incansável Débora Pires, fez rodar um filme para ser lembrado. Existem momentos que desejamos que sejam eternizados. A noite do dia 25 de maio jamais será esquecida. Maria Elena Pereira Johannpeter, presidente e voluntária da ONG Parceiros Voluntários, assistiu a tudo num silêncio reverenciado. Seus olhos brilhavam e, certamente, seu coração elevava uma prece de gratidão a Deus. Sonhos partilhados são sonhos permeados por uma cumplicidade conjugada na tocada da Rádio Parceria da noite do dia 25 de maio. Somos todos PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, cidadãos do mundo com os pés fincados em solo gaudério. A vida agradece. A Rádio Parceria segue fazendo o bem enquanto anuncia que em 2017 a gente se encontra de novo para uma outra noite mágica de voluntariado.

CARLOS ALBERTO BARCELLOS PROFESSOR E VOLUNTÁRIO

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A magia da solidariedade!

Duas entidades, dois objetivos unidos num só ideal, fazer o bem. É assim que defino a APADA e a Rede de Municipal de Educadores de Santa Rosa. A cada quarta-feira, quando acontece a Cinoterapia, com a cachorra Luna, o coração bate mais forte, o sentimento de ajudar a quem precisa fala mais alto. Cada sorriso, cada movimento é uma conquista enorme para os profissionais

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que estão à frente de tantas crianças e jovens especiais. Sim, especiais porque nos fazem pensar cada dia novas formas de como podemos ajudá-los, e tornar a vida deles melhor, e também a dar valor às coisas mínimas da vida. Quem diria que um cão poderia fazer tanto, e faz. A Luna, uma doce labradora, que encanta todos a cada sessão da Cinoterapia e dá esperança e alento às vidas dos alunos que passam por ela. A Cinoterapia transforma vidas, e a cada progresso de um aluno, o sentimento de alegria e satisfação toma conta de todos. Sempre dizemos que o voluntariado é uma via de mão dupla, onde ajudamos, mas, muito mais que isso, somos ajudados. A gratificação de fazer o bem é algo inexplicável, e se torna mais forte à medida que nos


sentimos úteis e sabemos que podemos tornar o mundo melhor para se viver. O espírito de solidariedade e a vontade de fazer o bem ao próximo devem ser estimulados desde cedo, e é isso que buscamos com a ação Tribos nas Trilhas da Cidadania, em Santa Rosa. Dessa forma, com o comprometimento das escolas da cidade, a Rede Municipal de Ensino realizou o Projeto: Voluntariado no Universo Escolar, onde centenas de alunos foram encantados com a possibilidade de fazer o bem e serem, assim, no futuro, cidadãos melhores. Cada ação foi pensada e realizada com muito carinho, e à medida que o tempo foi passando, resultados maravilhosos foram sendo vistos e o sentimento de dever cumprido foi ganhando força. Força essa que resultou em uma rede de cooperação e ajuda mútua, onde alunos e educadores estavam juntos no mesmo ideal, de transformar realidades e fazer com que o espírito de voluntariado e solidariedade se espalhasse por onde passavam.

RUBIA BELINCANTA COORDENADORA UNIDADE PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, SANTA ROSA/RS

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Sonhos em ação “Mais importante que sonhar é realizar!” Com

esta afirmação aceitei o convite para a parceria

na realização do projeto Noite dos Sonhos, em 2008. Os anos passaram, as parcerias se consolidaram, as expectativas cresceram e as emoções foram mais

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aguardadas. Foram inúmeras as adolescentes que sonharam com uma noite especial. Elas sonharam, nós realizamos. A cada ano, a cada edição, o número de inscritas crescia e nos impunha desafios que somente foram superados com a união de todos os envolvidos: Secretaria Municipal de Educação, Jornal Correio Livre, Vipal Instituto Social, Unidade Parceiros Voluntários e Sociedade Grêmio Pratense. Criamos uma rede de entidades formada por pessoas que acreditam que, acima de tudo, estão aqui para ser a diferença na vida de alguém. A recompensa está no brilho do olhar das meninas-moças que esperam pelo momento mágico de se apresentar no salão da sociedade onde o sonho se realiza.


Vestidas de magia, elas são nosso presente. Representar para muitas jovens a concretização de um sonho também me faz sonhar com uma sociedade mais justa e mais igualitária. Fazer parte dos promotores da Noite dos Sonhos é ter a certeza de que tudo vale a pena, que os ganhos emocionais são o combustível que abastece e dá forças para encarar todos os desafios que surgem, tanto pessoais como profissionais. A Noite dos Sonhos, agora transformada em uma política pública em Nova Prata, continuará sendo um desafio. Um desafio que acelera o coração e um sonho que é realizado.

SONIA REGINATO DIRETORA DO JORNAL CORREIO LIVRE, DE NOVA PRATA/RS, E INTEGRANTE DA REDE COLABORATIVA DO PROJETO.

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Movimento Juvenil em

Sapucaia do Sul

O trabalho do Comitê da Juventude da Parceiros Voluntários de Sapucaia do Sul é realmente apaixonante.

A Brigada Militar de Sapucaia do Sul aprendeu muito com estes jovens, especialmente com seu carisma e espírito de união. O Comitê da Juventude aproximou a Brigada Militar da comunidade escolar da cidade.

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De 2013 a 2014, foram realizadas centenas de palestras junto aos alunos vinculados às Tribos no Programa “Tribos nas Trilhas da Cidadania”. Neste programa, o Comitê, de forma única, identificava a carência de cada escola e contatava a Brigada Militar para que fossem realizados encontros com estes jovens a fim de proferir palestras preventivas. As palestras orientadoras trataram de educação para o trânsito, prevenção ao uso de drogas, cidadania, direitos humanos, bem como de outros temas com a mesma importância. Estes jovens são, sem dúvida, agentes de transformação social, engajados em uma nobre causa, buscando atuar nas mazelas sociais relativas à Segurança Pública, ensinando a centenas de outras crianças e adolescentes de Sapucaia do Sul que é possível


fazer algo positivo para se ter um mundo com pessoas melhores. Suas ações se refletem como importante exemplo para outros jovens que, inspirados neles, também se aproximaram de atividades de cunho social, voluntárias e transformadoras. Um exemplo disto foi a peça teatral apresentada pelo Comitê da Juventude para mais de 2.400 crianças, participantes do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência – PROERD, ministrado pela Brigada Militar, nos anos de 2013/14. A peça tratava especialmente sobre os prejuízos do trote aos organismos públicos, por intermédio dos números 190 (Brigada Militar), 192 (SAMU) e 193 (Bombeiros) e ajudou, sem dúvida, a conscientizar milhares de crianças e jovens direta e indiretamente sobre esse problema. Enfim, os jovens que compõem o Comitê da Juventude são protagonistas da sua realidade, eles não esperam a mudança, eles são a mudança. Eles nos dão a certeza de que um mundo melhor é possível.

GEVERSON APARÍCIO FERRARI COMANDANTE DO 33º PELOTÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DA BRIGADA MILITAR DE SAPUCAIA DO SUL/RS

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170

E viveram felizes para sempre


Quando as cortinas do Teatro Bourbon,

na capital gaúcha, foram abertas, no dia 25 de maio de 2015, estava começando uma celebração muito especial, o reconhecimento de ações sociais que transformam a vida de milhares de pessoas ao longo dos anos. E parte dos seus representantes e dos seus beneficiados lá estavam, de olhos radiantes de alegria e compartilhando vitórias. Não se trata de competição, mas de resultados que foram além de metas, além da apuração de resultados e além de qualquer tipo de medição. Há quem diga que todo projeto bem-sucedido nasce de um sonho e de um ideal. Estas histórias incríveis que passaram por nós, em documentários e relatos, e, agora, nesta publicação, contam histórias de fé e de amor. Contam histórias de muitos planos feitos, muitos até reformulados, mas todos com a marca da perseverança.

instituições. E contaremos novas histórias que são exemplo e influenciam as comunidades, tornando melhor a vida de muitos. Esta rede é infindável com seus fios de trabalho e amor. E voltamos a usar novamente a palavra fé. Porque antes de ações voluntárias, mantemos atitude de fé num futuro melhor para nós e para os que chegarão a este Planeta. Portanto, bem-vindos a esta rede que

Poderíamos agregar outras palavras: qualificação,

tece, cada vez mais,

mobilização, coragem e determinação. Nós, que acreditamos

voluntários repletos de

na força das comunidades em encontrar soluções, sabemos

esperança e capacidade

que nada foi fácil. Mas acompanhamos o esforço de cada

de transformar o aqui e o

instituição, de cada liderança, de cada técnico que foi além

agora. Junte-se a nós para

do que podia e devia, e sabemos, por isso, que atrás de cada

esta infindável história,

projeto destacado está uma história de união, de soma de

onde era uma vez pode

compartilhamento e de protagonismo.

terminar – com o seu

Daqui a dois anos – como nosso regulamento estabelece

querer – em um “viveram

– estaremos com outros amigos representando outras

felizes para sempre”.

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Bibliografia

Natale, Edson. Destino: FUTURO - 20 Anos da Associação Comunitária Despertar. São Paulo, 2014. Guimarães, Marcelo Rezende e Pinheiro, Leandro. Tribos nas Trilhas da Cidadania. ONG Parceiros Voluntários, Porto Alegre, 2004. Haetinger, Daniela e Johannpeter, Maria Elena Pereira. Tribos nas Trilhas da Cidadania – 10 anos de Voluntariado Juvenil e Ações Transformadoras. ONG Parceiros Voluntários, Porto Alegre, 2013. Johannpeter, Maria Elena Pereira e Menezes, Naida.

172

Transparência como fator crítico de sucesso – Organizações da Bahia e do Rio Grande do Sul, 2013, 2014, Editora Unisinos, Porto Alegre, 2012 Relatório Anual 2003, 2005, 2007, 2012, 2013, 2014. ONG Parceiros Voluntários.


Parceiros Estratégicos no Rio Grande do Sul A Parceiros Voluntários tem entre suas estratégias o

relacionamento com entidades empresariais, através de suas Associações Comerciais, Industriais e de Agronegócios. Quer seja através de Diretorias de Responsabilidade Social, ou apoiando as Unidades da Organização, a Rede se torna forte e articulada. Dessa forma, os líderes e empreendedores que dão suporte à causa do voluntariado emprestam sua credibilidade, que resulta no reconhecimento da comunidade à ação coletiva. Historicamente a Parceiros Voluntários tem essa legitimidade, trazida pelas Associações e representadas na Federasul (Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul). Os executores regionais se dividem em todas as áreas, desde o comércio lojista, CDLs (Clubes dos Dirigentes Lojistas), agropecuária, associações comerciais, industriais e de serviços. Conheça essas instituições a seguir.

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Associação

Presidente

E-mail

Diretor de Responsabilidade Social

Secretário Executivo

Cleide Caurio Geren. Executiva Daiane dos Santos - Secretária Executiva

Roberto Franco Pradel Centro Empresarial robertopradel1@ de Alegrete hotmail.com

• ceaalegrete@gmail.com

Associação Comercial e Indústrial de Alvorada

Nilva Pollet • projetopescaracial@acial.com.br Mauricio Farias Cardoso nivapollet@yahoo. • acial@acial.com.br mauricio@cac.com.br com.br

Mauricio Farias Cardoso

Associação Comercial, Industrial Adailton cezar e de Serviços de Arroio do Meio

• acisam@acisam.com.br

Associação Comercial e Indústrial de Bagé

Lindonor Peruzzo Junior • aciba@alternet.com.br cleo@ccseguros.com.br

Centro de Ind., Comércio e Serviços de Bento Gonçalves

Leonardo Giordani carol@cicbg.com.br

• parceiros@parceiros voluntarios-bg.org.br • cicbg@cicbg.com.br

Coordenação

Nelson Dias

Ermani Arem acisam@acisam.com.br Cléo Coelho cleo@ccseguros.com.br

Ana Paula Soliman anapaula@ dscconsultoria. com.br

Angélica Somenzi

Câmara de Hilton de Francheschi • parceirosvoluntarios@cdl.org.br Dirigentes e Lojistas cdlcachoeira@cdl.org.br • hiltonbf@gmail.com de Cachoeira do Sul

Hilton de Francheschi hiltonbf@gmail.com

Jovana Marin / Solange Lemes Ger. Negociação: Marion Araujo

Associação Amigos Voluntários de Juliana Elisa Pereira Cachoeirinha

• aav.parceiros@gmail.com • loreteterra@yahoo.com.br

Juliana Elisa Pereira juliana@wizard cachoeirinha.com.br

Lorete Ester Gonçalves Terra Ger. Adm.: Lorete Terra

Associação Carlos Alexandre Comercial e Raymundo Industrial de Canela

• acicanela@acicanela.com.br

Zane Zanete Bohrer

Câmara de Dirigentes e Lojistas Nairo Delfim de Charqueadas

• https://cdlcharqueadas. wordpress.com

Câmara de Ind., Simone Diefenthaeler Comércio e Leite Serviços de Canoas si@urano.com.br

• parceirosvoluntarios@ cicscanoas.com.br • tribospv@cicscanoas.com.br • servicosocialpv@ cicscanoas.com.br

Ação comunitária Empresarial de Caxias do Sul

Nelço Tesser nelco@nl.com.br

Associação Coml. Indl. Santa Casa de Carlos Alberto Caridade de Dom Saft Hehm Pedrito

Maria Da Graça Galinatti Flach flachmgg@ gmail.com

Simone Diefenthaeler Leite si@urano.com.br

Jeane Kich

• coordenacao@parceiros.org.br • imprensa@parceiros.org.br • tribos@parceiros.org.br

Nelço Tesser nelco@nl.com.br

Patrícia Modesto

• parceirosvoluntariosdp@ hotmail.com • tulalazzaretti@gmail.com

Luiz Carlos Moraes Costa scasadp@gmail.com

Tula Rejane Lazzaretti da Silveira


E-mail

Diretor de Responsabilidade Social

Secretário Executivo

Associação Comercial, Industrial Clenom Machado e de Serviços de Encruzilhada do Sul

• aci.encruzilhadadosul@ yahoo.com.br

Marcio Antonio Paiva Costa

Geni Coelho aci.encruzilhadadosul@ yahoo.com.br

Encantado - ACIE Assoc. Coml. Indl. de Encantado

• executivo@acie.com.br • upvencantado@acie.com.br

Renata Galiotto renata@ ciamedrs.com.br

Farroupilha Câmara de Carlos alberto Piase Indústria Comércio e Serviços

• cis@cisfarroupilha.com.br

Carla Macolossi cis@cisfarroupilha. com.br

Universidade Cesar Luiz Pinheiro Regional Integrada Dir. Geral - Fred. Westphalen bac@uri.edu.br - URI

• aneliseflach@yahoo.com.br • parceirosvoluntariosfw@ yahoo.com.br

Assoc. Coml. Indl. de Esteio

• gabriela@escolaforkids.com.br • parceirosvoluntariosesteio. acise.com.br • adm@acise.com.br • acise@acise.com.br

Associação

Presidente

Renata Galiotto

Alice Grecchi acise@acise.com.br

Gabriela Klein (Diretora de RS) gabriela@ escolaforkids. com.br

Coordenação

Elizabete Bertella Sec. Exec.: Livia Maria Oselame

Alice Grecchi presidente@ acise.com.br

Alexandra Nicolini Câmara de Indústria Brufatto e Comércio de Pres. CDL - Giliano Garibaldi Verzeletti

• parceirosvoluntarios@ cicgaribaldi.com.br • vaniagal@hotmail.com

Dir. Exec. CIC Luiz Carrer Ger. Adm. CIC Giovana Piacentini

Associação Régis Albino Marques Comercial, Industrial • presidente@ e de Serviço acigra.com.br Gravataí • luis@acigra.com.br

• parceirosvoluntarios@ acigra.com.br • shirleisc@terra.com.br

Régis Albino Marques presidente@ acigra.com.br

Shirlei Scodeler Crispim

Walter Joel de Moura waltermoura@ brturbo.com.br

Liziane Oliveira da Silva Dir. Exec. Orlando Romeu Etgeton

Alex Schmitt alex@saadvogados. com.br

Gilmara Aparecida Esteves Scapini

Antonio Luiz Oneda antonioluizoneda@ gmail.com

Renata Padilha Felipe Roso Diretor Dep. Responsabilidade Social Inovação e Desenvolvimento Empresarial. felipe.roso@ metasa.com.br 54 3342-7400

Edson Vinicius Morello evmorello@adylnet. com.br

Anamaria Dias de Medeiros Rigo

Associação Comercial, Industrial Ijuí

Walter Joel de Moura • waltermoura@ brturbo.com.br • secretaria@ aciijui.com.br

• parceiros@aciijui.com.br • lizianeo445@gmail.com

Câmara de Dirigentes Lojistas de Lajeado

Alex Schmitt alex@saadvogados. com.br

• parceirosvoluntarios@ acilajeado.org.br • gilscap@hotmail.com

Assoc. Coml. Indl. Serv. Marau

Antonio Luiz Oneda antonioluizoneda@ gmail.com

Camara da Indústria e Comércio de Edson Vinicius Morello Nova Prata

• parceirosvoluntarios@ acim-marau.com.br

• parceirosnp@adylnet.com.br • presidente@netprata.com.br • anamariadmrigo@hotmail.com

Gilberto Soares gilberto@ agea.com.br

Felipe Roso felipe.roso@ metasa.com.br


Associação

Presidente

E-mail

Diretor de Responsabilidade Social

Secretário Executivo

Centro Empresarial Jorge Cardoso Ramos de Osório

• gerente@centroempresarial deosorio.com.br • administrativo@centro empresarialdeosorio.com.br

Assoc. Com. e Ind, Panambi

Robson Luciano Cordeiro Pazze

• parceiros@acipanambi.com.br • pedroso@acipanambi.com.br • acipanambi@ acipanambi.com.br

Pelotas - ACP Asssociação Comercial de Pelotas

Max Teógenes Michels max@maxmel.com.br

• parceirovol@terra.com.br • biancadornelles_bittencourt@ hotmail.com • mhnedel@hotmail.com

Patricia Guimaraes pfguimas@ gmail.com

Câmara de Ind. Com. Serv. de Portão

Vilson Paiva vilsonp@ mkquimica.com.br

• cics@cicsportao.com.br • secretaria@cicsportao.com.br

Eliseti Cruz de Borba elisetiborba@ terra.com.br

Porto Alegre – Centro ONG Parceiros Voluntários

Maria Elena Pereira Johannpeter maria.pereira@ gerdau.com.br

• silveth@parceiros voluntarios.org.br

Porto Alegre Colégio Anchieta

Guiddo Aloys Johanes Kuhn • voluntariado@ Eduardo Albershein Dias apmanchieta.com.br Caroline Jaeger Drehmer

Porto Alegre Colégio São Judas Tadeu

Graziela Loureiro Direção

• graziela@saojudastadeu.com.br

Porto Alegre Colégio Rainha do Brasil

Maristela Dutra (Diretora)

• beti_dcarboni@yahoo.com.br • jaquepagote@gmail.com

Maristela Dutra direcao@rainha dobrasil.g12.br

• acispc@terra.com.br

Rosimari Rosi acispc@terra.com.br

Associação Comercial Industrial João Carlos Besognin de Quaraí

Coordenação

Júlio Cesar Lopes Pedroso Max Teógenes Michels max@maxmel.com.br

Maria Helena Torres Nedel

Silveth dos Santos

Márcia Cristina Marques / Prof° Jaqueline Pagote Beti Carboni Assistente

Câmara de Comércio de Rio Grande

Torquato Ribeiro • pvriogrande@ Pontes Netto camaradecomercio.com.br torquatonetto@torquato • secretariaexecutiva@ pescados.com.br camaradecomercio.com.br

Torquato Ribeiro Pontes Netto torquatonetto@ torquatopescados. com.br

Doris Silveira Veiga Elóa Quevedo Hsu - Sec. Exec.

Associação das Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul

Flávio Bender flavio@predilar imoveis.com.br

Flávio Bender flavio@predilar imoveis.com.br

Alice Kwiatkowski Manuela Thumann - Secretária

Assoc. Coml., Indl. de Serviços e Agropecuária de Santa Rosa

Cicília Liberali Paes • voluntarios@acisap.org.br liberali.sra@terra.com.br

Ana Lisa Maschio executiva@ acisap.org.br

Rúbia Belincanta Marina Meinertz Ana Lisa Maschio - Sec. Exec.

Santiago - URI Universidade Regional Integrada de Santiago

Michele Noal Beltrão

• upv@assempscs.com.br

• gabinete@urisantiago.br

Ana Cristina Almeida santarosa@ tevah.com.br


Diretor de Responsabilidade Social

Secretário Executivo

Coordenação

• parceirosvoluntarios@ São Borja - AssociaPedro Roberto acisb.com ção Comercial da Silva Quoos • gerencia@acisb.com e Industrial de quoospedro@bol.com.br • alexandre@historias São Borja diferentes.com.br

Alexandre Saccol alexandre@ historias diferentes.com.br

Pedro Roberto da Silva Quoos quoospedro@ bol.com.br

Janine Fontela

Associação Leonardo Rossi de Comercial, Industral • parceirosvoluntarios@ Moraes Hibk e Serviços São acissl.com.br leonardo@vilarica.com.br Leopoldo

Rogério Daniel Siegfried Koelln da Silva sieg_koelln@ rogerio@duplo ska.com.br esseimoveis.com.br

Associação

Presidente

E-mail

Associação Comercial e Industrial de Santo Ângelo

Carlos Ely Merjak Jr. adm@acisamissoes. com.br

• adm@acisamissoes.com.br • upvsantoangelo@hotmail.com

Sapucaia do Sul

Ademir Sauthier

• pv.sapucaia@ acis-sapucaia.com.br

ACIL - Associação Comercial e Industrial de Santana do Livramento

Renato de Oliveira

• mairaaraujo.2009@hotmail.com

Maira araujo mairaaraujo.2009@ hotmail.com

Associação Comercial, Industrial Dorival Joaquim e de Serviços de São Marcos

• cicsm@cicms.com.br

Andreia Reis

Associação Comercial, Industrial Luiz Paulo Grings e de Serviços de Sapiranga

• financeiro@acisasap.com.br

Larissa Zanette financeiro@acisasap. com.br

Câmara de Renato Lauri Schefeller Indústria, Comércio renato@reinigend. e Serviços de com.br Teutônia

• parceirosvoluntarios@ cicteutonia.com.br

Margarete Elisa Mallmann margarete_ mallmann@ sicredi.com.br

Associação Comercial e Industrial de Uruguaiana

• parceirosvoluntarios@ aciu.org.br • aryelly_fs@hotmail.com

Miguel Angelo Evangelista Jorge mjorge@alllogistica.com

Paulo Miguel Lemos Câmara de Ind. Vasquez Com. Agricultura e secretariaexecutiva@ Serviços de Vacaria cicvacaria.com

• rafael@cicvacaria.com • secretariaexecutiva@ cicvacaria.com

Valéria Palombine Weber vpw@brturbo. com.br

Sind. Rural de Igrejunha, Nova Hartz, Parobé, Riozinho, Rolante, Taquaea e Três Coroas - Vale do Paranhana

• sindrural2003@yahoo.com.br

Luis Oscar Kessler ksblocks@yahoo.com.br

Sergio Inacio Coelho de Souza Luce

Câmara de Comércio Indústria Fabiana Bergamaschi e Serviços de Venâncio Aires

• administrativo@caciva.com.br

Rita Arretche

Jose Carlos Groth Ademir Sauthier Fabiana Alves jcgroth@ig.com.br ademir@sauthier.com.br Gass

Renato Lauri Schefeller Tatiani Camila renato@reinigend. Ballus com.br Arielly Fagundes dos Santos Paulo Miguel Lemos Vasquez pharmapura@ uol.com.br

Lisete Sterpz

Rafael Vargas Claudete M. Gasparini da Silva, Sec. Ex.


Conselho deliberativo da ONG Parceiros Voluntários Humberto Luiz Ruga | Presidente do Conselho Alcely Strutz Barroso | IBM do Brasil Cláudio Guenther | STIHL Ferramentas Motorizadas Ltda. Daniel Hiran Ferreira Ramos Santoro | Cervejaria Dado Bier Desembargador Eduardo Delgado | Tribunal de Justiça do RS Heitor José Müller | FIERGS – Federação das Indústrias do RS Hermes Gazzola | Puras FO João Polanczyk | Médico Jorge Gerdau Johannpeter | Gerdau S/A Jorge Luis Silva Logemann | Ferramentas Gerais Com. e Imp. S/A José Adroaldo Oppermann | Hospital Moinhos de Vento Leocádio de Almeida Antunes Filho | Ipiranga Produtos de Petróleo S/A Pe. Marcelo Fernandes de Aquino | Reitor da UNISINOS Marcelo Lyra Gurgel do Amaral | Braskem S/A Maria Elena Pereira Johannpeter | Empreendedora Social Mariano Sebastian de Beer | Microsoft Informática Ltda. Michel Jacques Levy | Empresário Ricardo Russowsky | FEDERASUL Sílvio Pedro Machado | Bradesco S/A Zildo De Marchi | MANTENEDORES

179


Conselheiros suplentes Edson Lisboa - SESI/RS

João Ruy Dorneles Freire - Braskem S/A Luiz Carlos Bohn - FECOMÉRCIO/RS Selina Stihl - STIHL Ferramentas Motorizadas Ltda. Vagner Calvetti - Ipiranga Produtos de Petróleo S/A

Diretoria voluntária 180

PRESIDENTE

Maria Elena Pereira Johannpeter VICE-PRESIDENTES Daniel Santoro Geraldo Benfica Teixeira Geraldo Tofanello Hermes Gazzola


Empresas conscientes Mantenedores

181


Empresas conscientes Apoiadores

182



Incentivo Lei Rouanet


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