TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
1
1
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 2
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA Histórias e Guias para o Voluntariado Juvenil
Pe. Marcelo Rezende Guimarães (organizador) Leandro Pinheiro (colaborador)
®
Porto Alegre / RS / Brasil 2004
2
3
3
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 4
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
© ONG Parceiros Voluntários
Editor: ONG Parceiros Voluntários Projeto gráfico e produção: Marta Castilhos Ilustrações: Cristiano Ribeiro Revisão: Flávio Dotti Cesa
Compromisso Humano A Constituição de qualquer país diz que todos temos direito à vida. Todavia, esse mesmo documento diz que nós só poderemos usufruir desse direito se tiver mos o compromisso de manter a sustentabilidade da vida. Se não tivermos por objetivo o compromisso de manter a vida no Planeta e a vida do próprio Planeta, quem nos garantirá o direito à vida? Se destruirmos o Planeta, destruiremos a vida; se destruirmos a vida, des truiremos a nós mesmos. É um círculo virtuoso ou um círculo vicioso, conforme seja o nosso comportamento ou atitude. Esse, portanto, é o primeiro “Compromisso Humano”: sustentabilidade do Planeta e, do qual, se derivam todos os demais direitos. A nossa presença, homens e mulheres, sobre a Terra, deve significar que somos doadores de vida, e não doadores de morte. Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem pôr em risco as perspectivas das gerações futuras.
O58t ONG Parceiros Voluntários Tribos nas trilhas da cidadania: histórias e guias para o voluntariado juvenil; organização de Marcelo Rezende Guimarães; colaboração de Leandro Pinheiro; ilustrações de Cristiano Ribeiro. -- Porto Alegre : ONG Parceiros Voluntários, 2004. 192 p. : il. ; 18 cm. 1.Voluntariado Juvenil. 2.Cidadania-Voluntariado Juvenil. 3.Associações de Assistência Social-Voluntariado Juvenil. 4.Guimarães, Marcelo Rezende, Padre. 5.Pinheiro, Leandro. 6.Ribeiro, Cristiano, il. I.Título. CDU 364.62.085-053.6 364.46-053.6 364.044.66-053.6:342.71 342.71:364.044.66-053.6 Catalogação elaborada por Izabel A. Merlo, CRB 10/329
Reservados todos os direitos de publicação para a ONG Parceiros Voluntários Largo Visconde do Cairu, 17 / 8ºandar 90030-110 – Porto Alegre / RS / Brasil 55 51 3227.5819 www.parceirosvoluntarios.org.br parceiro@terra.com.br Impresso no Brasil ISBN 85-98507-01-6
4
5
5
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 6
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Notemos que, então, estamos falando em uma “Co munidade Planetária”. Nenhum país consegue desen volver-se ou resolver seus problemas sozinho. Exemplo: efeito estufa, tráfico de drogas, poluição das águas, reciclagem do lixo, comportamentos antiéticos e imorais, são responsabilidades de todos do Planeta. Uma floresta ou um rio não são ou correm diferentes de um lado ou de outro, só porque de um lado a ban deira de um país é verde e do outro lado a cor da ban deira é vermelha. A demarcação de fronteiras é uma invenção dos homens; a natureza não a reconhece. Direitos Humanos (e deveres!), se é “humano”, é de todos que vivem nesse Planeta; de todos os huma nos, portanto são Direitos Universais, não do território demarcado. Fizemos essa introdução somente para demons trar o quanto essa visão macro também se aplica ao micro, ao nosso entorno. A ação Tribos nas Trilhas da Cidadania veio trazer e possibilitar ao nosso dia-a-dia exercitarmos esse nosso Compromisso Humano. Nota-se que não estamos usando a expressão “responsabilida de social”. O nosso Compromisso Humano está acima da nossa responsabilidade social. As regras de respon sabilidade social, assim como as fronteiras, são nor mas criadas pelos homens. O compromisso humano está na essência da vida. Ao reler este livro, as emoções vividas naquele
6
longínquo setembro de 2003, naquele entardecer de uma sexta-feira, ainda afloram e as lágrimas nos vêm aos olhos. Lágrimas de felicidade pela certeza de “Dá para mudar. É só Começar”. Eram perto de 2.500 jovens com toda a sua energia, vestindo, com muito orgulho, suas camisetas pretas, com a marca das Tribos, aguar dando inquietos pelo desenrolar da programação do evento de celebração. Sua presença, ali, nos sinalizava em direção a um ser humano melhor. Estavam ali conscientes de que haviam conquis tado o seu espaço naquele lugar, tinham direito de estar ali, pois haviam se engajado e cumprido a sua “Responsabilidade Social Individual”. Foram mais de 300 ações. Lideraram a criação de Fóruns Tribais e cha maram para compor esses Fóruns todas as lideranças e demais pessoas de sua comunidade. Conquistaram o respeito, a admiração e o seu espaço em sua comuni dade. Mostraram que jovens não são o futuro. Jovens são o presente!! Na ação das Tribos, foram exercitados o apren der a saber, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. Nossas Escolas e professores indubitavel mente são os pilares de sustentação, na formação e participação nos projetos de vida desses jovens. Todos os professores que participaram da ação Tribos entendem que a educação é uma atitude permanente perante a vida e que ela ocorre em todos os momentos, não impor
7
7
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 8
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
tando a idade. Todos somos permanentes aprendentes. O Estado do Rio Grande do Sul está de parabéns, pela demonstração desses jovens hoje, líderes de amanhã. Onde quer que esses jovens estejam no futuro, ali eles saberão exercer com ética todas as suas ações. Os jovens, esses guris e gurias, bem como todos nós que nos juntamos a eles, seus professores, seus pais, parentes, amigos, comunidade em geral, na ação Tribos, com a união de todos, com o espírito da generosidade, da solidariedade, no exercício da cidadania, compro vam, conforme demonstrado neste livro, que é possível pensarmos num mundo melhor. Para os que ainda não se engajaram no movimen to para o desenvolvimento da cultura do voluntariado organizado, da cultura da solidariedade, fica, aqui, esse chamamento para reflexão: Por quê? Por que não? Por que não eu? Por que não agora?”.
Caros amigos e Amigas Sejam bem-vindos a estas páginas! Nelas vocês encontrarão histórias de jovens que participaram da ação de voluntariado juvenil, realizada em agosto de 2003, no Rio Grande do Sul, com o título Tribos nas Trilhas da Cidadania. Se o mundo se apresenta muitas vezes configurado e determinado, fazendo a gente experimentar uma sensação de limitação e impo tência, por outro lado, oferece-nos o desafio de desenvol vermos a capacidade que temos de mudar e produzir novas formas de convívio social. Se a sociedade huma na se apresenta a nós como complexa e dependente de muitos condicionantes, ela também se mostra na sua face de uma construção, em que seus membros, mais que se limitarem a exercer papéis predeterminados, podem jogar-se como atuantes, construtores, co-responsáveis. Ou como diz o sociólogo Bernardo Toro: “Não aceitar a responsabilidade pela realidade em que vivemos é, ao mesmo tempo, nos desobrigarmos da tarefa de trans formá-la, colocando na mão do outro a possibilidade de agir. É não assumirmos o nosso destino, não nos
Maria Elena Pereira Johannpeter
Presidente Executiva ONG Parceiros Voluntários
8
9
9
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 10
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
sentirmos responsáveis por ele, porque não nos senti mos capazes de alterá-lo”. As páginas deste caderno revelarão a você itinerários e caminhos percor ridos 1 nesta direção. Você também encontrará reflexões sobre o sentido dessas ações. O que elas representam para a caminhada da juventude? Como repercutem para as escolas nas quais os jovens, sujeitos dessas ações, parti cipam e estudam? O que elas revelam para a sociedade como um todo? A idéia central a ser desenvolvida é de que a ação Tribos nas Trilhas da Cidadania aponta para a construção de novas identidades juvenis, novos jeitos de aprender e ensinar, novas formas de viver em socie dade. Estas reflexões podem ser usadas em grupos de jovens, em casa, na escola, enfim, nas Tribos e Trilhas da juventude. A seguir, você encontrará, neste trabalho, algu mas orientações para que possa dar maior qualidade ao seu desejo de voluntariar. Sim, porque estou con victo de que há algo profundo, como a solidariedade e o espírito comunitário, que motiva você a mergulhar na leitura deste pequeno texto. Lá no fundo, de você 1 1
10
e de cada um de nós, há um vazio que só se plenifica quando nos disponibilizamos a outros, quando abra ça mos a aventura da solidariedade, enfim, quando incluímos em nosso projeto de vida o projeto de vida do outro. Somos todos parceiros voluntários desejosos de qualificar melhor nossa ação. Estas páginas são enriquecidas, com a análise sociológica de Leandro Pinheiro, pesquisador de prá ticas sociais do Terceiro Setor e coordenador de rede da ONG Parceiros Voluntários. No seu texto, intitulado “Do participante e sua palavra: análise de conteúdo das avaliações emitidas por alunos, pais e professo res”, Leandro trabalha 422 questionários, aprofun dando os efeitos da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania sobre a comunidade escolar, sobre a aprendizagem escolar e sobre as comunidades atingidas. O texto de Leandro, escrito com a perspectiva ampla do obser vador e do pesquisador, traz uma série de diretrizes e considerações que podem ajudar, sobretudo, os coor denadores e orientadores de novas Tribos e Trilhas! Não posso deixar de dizer que escrevi este texto com muita emoção. Quando tomei conhecimento da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania, a proposta já estava em curso. Convidado para participar do grupo que tinha a difícil tarefa de reconhecer os trabalhos mais significativos, vi-me tomado por histórias de jovens que agindo comunitariamente – Tribos – percorreram
TORO, José Bernardo; WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Brasília: ABEAS/UNICEF, 1997. p. 15.
11
11
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
caminhos – Trilhas – de novas formas de vivência em sociedade – Cidadania. Concordei que o resultado disso não poderia ficar esquecido: daí estas páginas, que, sin ceramente, espero que ajudem você a ser mais comu nitário, mais cidadão, enfim, mais humano! Com amizade,
12
Sumario Compromisso Humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Caros amigos e amigas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Pe. Marcelo Rezende Guimarães
12
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Um agosto de muita sorte . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Pe. Marcelo Rezende Guimarães Uma proposta da ONG Parceiros Voluntários . . . . . As inspirações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tribos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Trilhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Os objetivos das Tribos nas Trilhas da Cidadania . . As ações realizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Trilha do Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . Trilha da Cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Trilha da Educação para a Paz . . . . . . . . . . . . . Os passos da participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . Os trabalhos reconhecidos . . . . . . . . . . . . . . . . . .
20 24 25 26 28 30 32 33 37 40 45 49
Tribo Tribo Tribo Tribo Tribo
50 52 53 55 56
13
Filhos da Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ibiá: Sou da Paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CIEP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Cultura em Ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eco Fantin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
13
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Tribo Faça Paz: Você é Capaz! . . . . . . . . . . . . . Tribo Manacó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Testemunhos de quem participou . . . . . . . . . . . . . . A voz dos jovens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O testemunho dos professores . . . . . . . . . . . . . O depoimento dos pais . . . . . . . . . . . . . . . . . . Um olhar sobre o caminho percorrido . . . . . . . . 70 Novas identidades juvenis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O capital cultural da juventude . . . . . . . . . . . . . Os cidadãos do presente . . . . . . . . . . . . . . . . . Protagonismo juvenil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
57 58 60 60 64 67
TRIBOS 14
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Guia para novas trilhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Procure sua escola e forme sua Tribo . . . . . . . . . . . 99 Escolha sua Trilha e estude a temática . . . . . . . . . 105 Planeje e organize a ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Celebre e curta! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 Do participante e sua palavra . . . . . . . . . . . . . 120 Leandro Pinheiro
74 75 76 78
Novos jeitos de aprender e ensinar . . . . . . . . . . . . . 82 Mudança na concepção de educar . . . . . . . . . . 83 Mudança nos métodos de educação . . . . . . . . . 85 Mudança nas metas da educação . . . . . . . . . . . 86 Novas pistas de cidadania ativa . . . . . . . . . . . . . . . 88 A dimensão ativa da cidadania . . . . . . . . . . . . . 90 Vivência de mecanismos promotores da cidadania . . . . . 92 Os benefícios da inclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Efeitos sobre a comunidade escolar . . . . . . . . . 124 Formação desejada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 Relação entre pais e filhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Ação, interdisciplinaridade e rupturas . . . . . . . . . . 131 Efeitos para a aprendizagem do aluno . . . . . . 136 Qual cidadania? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 E a aprendizagem... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Interesse dos públicos e continuidade da ação . . . 154 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
14
15
15
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 16
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Anda, quero te dizer nenhum segredo Falo nesse chão da nossa casa Vem que tá na hora de arrumar Tempo, quero viver mais duzentos anos Quero não ferir meu semelhante Nem por isso quero me ferir Vamos precisar de todo mundo Pra banir do mundo a opressão Para construir a vida nova Vamos precisar de muito amor A felicidade mora ao lado E quem não é tolo pode ver A paz na Terra, amor, o pé na terra A paz na Terra, amor, o sal da Terra! (...) Vamos precisar de todo mundo Um mais um é sempre mais que dois Pra melhor juntar as nossas forças É só repartir melhor o pão Recriar o paraíso agora, Para merecer quem vem depois. Deixa nascer o amor Deixa fluir o amor Deixa crescer o amor Deixa viver o amor.
Um agosto de muita sorte
(Beto Guedes e Ronaldo Bastos, Sal da Terra)
16
17
17
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 18
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Dizem que agosto é o mês do azar. Não foi assim em 2003. Animados pela ONG 2 Parceiros Voluntários, cerca de 18 mil jovens gaúchos, de 33 cidades e 79 escolas, desenvolveram mais de 300 ações que trou xeram muitos benefícios para eles, para suas escolas e para as comunidades gaúchas. Sorte nossa, não é mesmo? Ao tomar conhecimento do desenvolvimento dessas ações, lembrei-me de um sucesso da década de 80, “Sal da Terra”, que fala de um amor pé-no-chão, que vai fluindo e crescendo se a gente deixar e que vai tomando conta do mundo e juntando forças – “um mais um é sempre mais que dois”. Pois foi assim que aconteceu: reunindo todo mundo, eles e elas, apoiados por seus professores, pais e comunidade, mostraram que estão aí para dar sabor – ser sal da Terra – à vida em comunidade. O que fizeram? Promoveram oficinas de forma ção com as mais diversas temáticas, desde artesanato até informática; organizaram palestras e conferências sobre diversos assuntos do interesse comunitário; reco lheram doações de brinquedos, alimentos e roupas; limparam zonas tomadas pelo lixo e desenvolveram ações de reciclagem; promoveram conscientização 2
18
19
Sigla para organização não-governamental.
19
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 20
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
sobre o trânsito e sobre o meio ambiente; fizeram manifestações pela paz; organizaram atividades artís ticas; realizaram pedágios, mutirões, caminhadas... e muitas outras ações. Foram às ruas, creches, hospitais, asilos, comunidades distantes, entidades comunitárias, etc., enfim, agiram... mobilizaram... articularam-se... Mas também se encontraram, conviveram, dialoga ram, celebraram!
talidade que se fundamenta na responsabilidade que todos nós temos uns pelos outros, a partir do momento em que vivemos em comunidade. Não apenas vivemos ao lado ou juntos uns dos outros, mas vivemos com os outros, de forma que nossa realização está profunda mente relacionada com a realização dos nossos iguais. As pessoas que se deram conta disso e se orientam pela cultura do voluntariado não fazem ações apenas pelo desejo de lucro, mas visando atender à necessidade de alguém, superando seja a indiferença, seja uma visão que coloca nas mãos do Estado a responsabilidade única de prover essas mesmas necessidades. O voluntariado nasce de uma escolha e de uma decisão pessoal – é a gente que decide voluntariar e ninguém pode nos substituir nesta tarefa – diante de uma demanda social e pública, isto é, alguém ou um grupo que apresentam determinadas necessidades. O objetivo fundamental da ação voluntária é o fortalecimento do sujeito da ajuda. A importância e o significado da ação voluntária têm crescido bastante entre nós! Estamos assistindo em nossa sociedade a uma mudança cultural: de uma cultura em que o que importa é levar vantagem em tudo para um outro quadro cultural, no qual a solida riedade passa a ser o valor maior. Isso pode ser veri ficado em muitos sinais: a multiplicação de espaços e organizações que visam promover a solidariedade, o
Quer saber mais?
Uma proposta da ONG Parceiros Voluntários Quem propôs a ação foi a organização nãogovernamental ONG Parceiros Voluntários, tendo recebido vários apoios. A ONG Parceiros Voluntários é uma organiza ção não-governamental, sem fins lucrativos e apartidá ria, fundada em janeiro de 1997, que se propõe a desen volver a cultura do trabalho voluntário organizado no Rio Grande do Sul. Trabalho voluntário é aquele serviço prestado à comunidade, sem remuneração, visando atender suas necessidades. A cultura do trabalho voluntário é a men
20
21
21
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 22
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
crescimento do número de pessoas que têm reservado parte de suas energias e capacidades para voluntariar, o desenvolvimento do interesse de instituições como esco las e empresas em questões sociais, etc. É exatamente nesse contexto que se insere o trabalho da ONG Parceiros Voluntários, organizando a oferta e a demanda do traba lho voluntário no Rio Grande do Sul. A ONG Parceiros Voluntários está presente em mui tos municípios do Rio Grande do Sul, estruturando sua atuação por meio dos seguintes programas: Programa Voluntário Pessoa Física (VPF), com o objetivo de estimular, captar e sensibilizar as pessoas físicas para a prática do trabalho volun tário organizado, indicando caminhos de atua ção para aquelas pessoas que sempre desejavam desenvolver um trabalho de voluntariado, mas não tinham todos os elementos para concretizálo. Para participar desse programa, a pessoa, a partir dos 14 anos de idade, deve ter condições para dispor de no mínimo três horas semanais; Programa Voluntário Pessoa Jurídica (VPJ), visando incentivar o envolvimento das empre sas por meio do voluntariado dos funcionários e colaboradores, oportunizando, especialmente, a transferência do conhecimento gerencial para as Organizações da Sociedade Civil (OSC) mais carentes. As empresas, assim, saem da posição
22
de somente repassadoras de recursos financeiros para repassadoras de recursos humanos e conhe cimentos. E as Organizações da Sociedade Civil podem obter acesso a técnicas atualizadas de gerenciamento e administração direcionadas às suas necessidades específicas, saindo da posição de somente repassadoras de recursos humanos e de conhecimento; Programa Voluntariado da Escola (PVE), pro porcionando aos jovens uma vivência do traba lho voluntário, desenvolvendo projetos sociais que oportunizem o aprendizado de valores e prá ticas como a cidadania, liderança, criatividade, solidariedade, atitude participativa, responsabi lidade e engajamento. Assim, escola e comuni dade podem fortalecer seus laços, e a juventude ganha novas possibilidades de desenvolvimento humano e social; Programa Organizações da Sociedade Civil (OSC), realizando convênios com organizações que ne ces sitam receber voluntários para melhor atender seus beneficiados, tais como: creches, préescolas, instituições na área de direitos humanos e desenvolvimento social, asilos, organizações que atuam na área de saú de, etc. As OSCs recebem também treinamento em gestão geren cial e de administração de voluntários.
23
23
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 24
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Desenvolver um trabalho voluntário organizado oportuniza que cada pessoa trabalhe seus valores inter nos, despertando seu verdadeiro valor, tornando-se mais ativa e transformadora do mundo ao seu redor. Para a ONG Parceiros Voluntários, isso é Responsabilidade Social Individual.
Tribos O assim dito mundo civilizado tem revisto suas posições sobre os povos indígenas e vem procurando aprender com eles. Os antes chamados povos primiti vos passaram a ser vistos como portadores de práticas e conhecimentos fundamentais da experiência humana. Uma dessas noções é a das tribos, que evoca um modo de viver em sociedade marcado por um espírito comu nitário e por alianças mais amplas. Na tribo, o bemestar da comunidade as sume uma centrali da de que nossas civilizações urbanas perderam e que sentem a importância e a necessidade de resgatar, tal como o espírito associativo e social, superando o individua lismo e o egocentrismo. A palavra Tribos tem sido muito usada para caracterizar a juventude e sua ânsia de viver mais a dimensão comuni tária e coletiva. Fala-se, assim, em tribos urbanas para caracterizar os grupos em que a existência de ele mentos comuns oportuniza uma relação mais hori zontal entre as pessoas.
As inspirações Uma ação como esta desenvolvida em agosto de 2003, com tamanha repercussão na vida dos adoles centes e jovens que a desenvolveram, e também na vida de suas escolas, famílias e comunidades, marcando for temente uma transformação na cultura do voluntariado no Rio Grande do Sul, teve que estar, necessariamente, muito bem inspirada e fundamentada. Essas inspira ções, amadurecidas ao longo da prática de três anos da ONG Parceiros Voluntários com jovens e escolas, podem ser resumidas em três palavras-chave:
Tribos, Trilhas e cidadania. Vamos conversar mais sobre elas?
24
25
25
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 26
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Alguns cientistas sociais, como Michell Maffesoli, têm usado a expressão Tribos para caracterizar essas redes de amizade que elas visam resgatar. É nessas redes de amizade que se funda e estru tura o voluntariado: o voluntário é amigo(a) – par ceiro(a)! – e sua força é diretamente proporcional à força de suas relações e capacidade de amizade. Por isso, as Tribos constituíram-se na primeira grande inspiração para esta ação de voluntariado juvenil.
migração ou mudança, com conotação de “carregar a casa”. Na tradução para o português, a palavra “trekking” nos remete a caminhar, trilhar, andar. A simbologia de uma trilha é tão rica que muitas vezes é utilizada para designar o próprio caminho de vida de uma ou várias pessoas. Aí a palavra Trilha se aproxima de um itinerário existencial, individual ou coletivo, sem que seja necessário nos afastarmos do local onde vivemos. Nesse caso, trilhar um caminho pode apontar para um jeito de ser, uma determinada atividade ou profissão, certas opções e estilos de vida. Seja uma trilha física ou existencial, a mística que anima quem a percorre é andar, seguir, enfrentar os obstáculos. “Caminheiro, você sabe... não existe caminho... pouco a pouco, passo a passo, o caminho se faz”, diz a canção inspirada no poeta espanhol Antônio Machado. De fato, uma trilha pede a capacidade de orientar-se, isto é, de assumir uma posição no mundo. Dessa forma, os requisitos fundamentais para qualquer trilheiro são: determinação, planejamento, iniciativa, foco, persistência, flexibilidade, companheirismo, respeito aos outros, responsabilidade e criatividade. Como inspiração para ações de voluntariado, a trilha aponta para esta dimensão da ultrapassagem dos limites e da superação das dificuldades. Numa cultura como a nossa, em que o eu e a busca dos benefícios
Trilhas A segunda inspiração veio de uma atividade que fascina muitos jovens (mas também adultos...): fazer trilhas, isto é, seguir caminhos percorridos ou ainda a serem desbravados. Há trilhas que se impu se ram em nossa cultura, como, por exemplo, o Caminho de Santiago de Compostela. A trilha está tão no gosto da gente, que ho je se cons titui numa atividade específica, quase um esporte pró prio: o “trekking”. Em inglês, a palavra “trek” significa uma viagem longa e difícil, uma
26
27
27
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 28
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
próprios estruturam muitas atitudes e comportamentos, o empenhar-se num trabalho voluntário exige força e disposição para superar esses limites culturais e entregar-se à aventura da solidariedade.
nidade em que vivemos. Por exemplo, direito à edu cação, ao trabalho, ao lazer, à saúde e ao voto; enfim, ações que melhorem a nossa qualidade de vida. Entre os deveres estão o respeito ao outro; o cuidado com o meio ambiente; ser ético nas relações; enfim, ter atitudes de cidadania e solidariedade, contribuindo para melhorar a qualidade de vida da comunidade em que vivemos e do mundo de modo geral. Segundo Bernardo Toro, “cidadão é a pessoa que é capaz, em cooperação com outros, de 3 construir ou transformar leis e normas que ele mesmo quer viver, cumprir e proteger para a dignidade de todos. É a partir das necessidades de uma sociedade que nasce toda ação de voluntariado: o voluntário não é alguém que busca atender a um capricho pessoal, mas a uma carência da comunidade, um apelo de alguém que sofre! Ao mesmo tempo, é para o bem-estar dessa mesma sociedade que se orienta: o voluntário não tem como meta primeira sua realização pessoal, mas a realização de outras pessoas. É claro que, realizando os outros, ele realiza a si mesmo, mas esta realização pessoal é conse qüência de uma saída de si e de uma centração no comu nitário e no coletivo. Este vínculo muito forte e profundo entre voluntariado e cidadania constituiu-se na terceira grande inspiração para a ação Tribos nas Trilhas da Cidadania.
Cidadania A terceira e fun damental inspiração é dada pela palavra cid adania. Sua etimol ogia é simples, derivan do de cidade e apontando para tudo aquilo que diz respeito à convivência e à relação entre as pessoas, enfim, àquilo que chamamos bem comum. A palavra cida dania evoca, assim, a dimensão social que caracteriza e singulariza a existência humana: nenhum ser humano é uma ilha. Queiramos ou não, dependemos cada vez mais uns dos outros, de modo que ser humano é ser marcado por esta abertura e referência para um outro como a gente, um igual. Ser cidadão é ser membro desta comunidade, com direito à participação ativa e responsável. Partici par de uma sociedade é ter direitos e deveres na comu
28
3
29
TORO, José Bernardo; WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Brasília: ABEAS/UNICEF, 1997. p. 19.
29
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 30
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
são hoje cidadãos do futuro, mas serão amanhã os cidadãos de hoje!”. 4 Ao mesmo tempo, pensava-se numa possibili dade de evidenciar mais o momento de juventude e cidadania. Por um lado, desejando dar ao voluntariado e à responsabilidade cidadã um aspecto juvenil, mais empolgante, com entusiasmo e emoção, sem tirar sua seriedade e consistência, mas dando ao engajamento uma dimensão de gratuidade e de prazer. Por outro lado, o sentido de poder dar aos jovens do Estado uma oportunidade de fazer uma experiência mais pública e coletiva, amadurecendo sua responsabilidade social e o seu desejo de fazer a diferença, desenvolvendo a força juvenil. Assim, a cultura do voluntariado poderia encontrar na juventude não apenas um lugar favorável ao seu crescimento, mas um agente co-responsável pelo seu próprio desenvolvimento. A ONG Parceiros Voluntários tinha consciência de que a força, a energia, a criatividade dos jovens faria um grande trabalho. Ela entrava com simplicidade com sua experiência de organizar o voluntariado, para que viessem os benefícios do trabalho voluntário para a juventude e para a comunidade gaúcha. Para o jovem,
Os objetivos das Tribos nas Trilhas da Cidadania Quando a ONG Parceiros Voluntários começou a discutir a proposta de trabalho, visando atender ao que os jovens haviam solicitado em suas avaliações nos três grandes encontros realizados desde o ano 2000, pensava-se em algo que pudesse atingir as escolas de ensino Médio e Fundamental do Estado do Rio Grande do Sul. A meta era proporcionar aos jovens uma opor tunidade para atuarem no seu contexto social por meio do trabalho voluntário, assumindo sua responsabili dade de agentes mobilizadores e articuladores em bus ca de soluções para as diferentes e diversas demandas de suas comunidades e de suas próprias cidades. Atrás desse objetivo estava a convicção do poten cial mobilizador dos jovens. Cada jovem consegue mobilizar um grande número de pessoas: seus colegas, seus familiares, seus amigos, seu ambiente de traba lho, etc. A ONG Parceiros Voluntários partilha de uma con cepção já muito difundida de que a juventude não é o futuro, mas o presente: “As crianças e os jovens não
30
4
31
GUIMARÃES, Marcelo Rezende. Cidadãos do presente: crianças e jovens na luta pela paz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 6.
31
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 32
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
esses benefícios incluem, entre outros, a possibilidade de desenvolverem seu talento, liderança, criatividade e administração do tempo; de fortalecerem sua autoestima e autoconfiança; e de fazerem uma contribuição positiva na comunidade. Com a força juvenil organizada e produtiva, a comunidade também ganharia, vendo minimizados alguns de seus problemas e fortalecendo uma rede de voluntariado nas escolas.
Trilha do Meio Ambiente O debate sobre o meio ambiente tem ocupado a agenda internacional, a partir do momento em que se tomou consciência de que o modo dos humanos vive rem no planeta colocava em risco o próprio planeta. Muitas pessoas e grupos se deram conta de que havia um modo de se relacionar com a natureza que desres peitava a própria natureza, pondo em risco não só as espécies vivas – entre 1975 e 2000, 20% das espécies vivas desapareceram da face da Terra –, mas também o próprio equilíbrio planetário devido à chuva ácida,5 ao 7 efeito estufa 6 e à destruição da camada de ozônio. Se até então se falava em homicídio para significar o assas sinato de uma pessoa e em genocídio para designar a matança de uma parte da humanidade, a partir desta
As ações realizadas As ações realizadas concentraram-se em três Tri lhas, nas quais os jovens participantes puderam expres sar seu empenho e criatividade: Meio Ambiente, Cultura e Educação para a Paz.
55 Chuva ácida é a chuva que se torna ácida devido à absorção de ele mentos como óxidos de nitrogênio e dióxidos de enxofre, provenientes da combustão de petróleo, influenciando e prejudicando o meta bolismo dos seres vivos. 6 Efeito estufa é a acumulação de calor na atmosfera terrestre, causada 6 pelo aumento de certos gases como o dióxido de carbono, provocando aumento da temperatura do planeta. 7 Camada de ozônio é a camada da atmosfera que protege a Terra, filtrando uma grande quantidade da radiação ultravioleta do Sol. Ela está sendo destruída por ação dos clorofluorcarbonos: substâncias quí micas à base de carbono utilizadas, entre outras coisas, para produzir espuma plástica, chips e refrigeradores.
Vamos entender melhor? 32
33
33
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 34
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Vocabulario
situação também se deve falar em biocídio, ecocídio ou geocídio, para falar da destruição da vida, do meio ambiente e do planeta. Nesse contexto, cresceram a sensibilidade e a consciência em relação ao planeta, entendido como uma casa preparada para nós. Fomos nos dando conta de que precisamos cuidar de nossa própria casa: este é o sentido do termo ecologia. A nossa sobrevivência e a do planeta dependem de ações preventivas e saneado ras para resgatar o equilíbrio ecológico. Desenvolver ações nesse sentido é o que propõe a Trilha do Meio Ambiente.
Biodiversidade
Refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindoavariedadegené tica dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fau na e de microorganismos, a variedade de funções ecológicas desempenha das pelos organismos nos ecossistemas e a varieda de de comunidades, há bitats e ecossistemas for mados pelos organismos.
34
Ecossistema
Conjuntodeelementosfísi cos (solo, água, rochas, etc.) e de elementos vivos (flora, fauna, desde o microscópico) – pode ser um lago, o oceano, a floresta, o bairro, a cida deou a casa.
Ecologia
Vem do grego “oikos”, que quer dizer casa, hábitat. Portanto, ciência que estuda os seres vivos, seus hábitats e a intera ção entre ambos.
Meio ambiente
Interação de seres e ele mentos que vivem num determinado lugar, em equilíbrio, respeitandose as leis da natureza. O meio ambiente, natu ral ou transformado (p. ex.: cidades), é formado por bens renováveis e não-renováveis, que inte ragem entre si. Seu equi líbrio é a garantia da vida no planeta.
35
O cuidado do planeta não depende apenas dos governantes e de grandes projetos. Se há, em toda ver dade, ações de fundo que envolvem recursos grandio sos, há também pequenas ações, ao nosso alcance, com conseqüências e impactos imediatos no meio ambien te. Veja algumas: sensibilizar a comunidade sobre essa temática; reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados na produção e no consumo; adotar estilos de vida que contribuam para uma qualidade de vida melhor;
Recursos renováveis
São os bens naturais des tinados às múltiplas ativi dades dos seres humanos e cuja disponibilidade futura é reversível com o uso, sempre que se uti lizem técnicas de manejo em que a taxa de consu mo não exceda a capaci dade de carga do meio, como a água, o solo...
35
Recursos não-renováveis
São aqueles recursos cuja quantidade física existen te diminui irreversivel mente com o uso, como, por exemplo, o petróleo.
Recursos orgânicos
Recursos que, decompos tos por ação de microor ga nismos, podem ser absorvidos novamente pela terra.
Recursos poluentes
São aqueles elementos que acarretam um dano direto ao meio ambiente, como, por exemplo, o gás CO2 encontrado na fumaça das fábricas e veículos.
Recursos recicláveis
São aqueles recursos que podem, por meio da reci clagem, ser utilizados novamente, como papel, alumínio, vidro, plástico, etc.
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 36
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
manejar corretamente o uso de recursos reno váveis, como a água; proteger melhor os recursos naturais; gerenciar os produtos que consumimos e selecionar o lixo que produzimos.
Trilha da Cultura No senso comum, a palavra cultura significa, muitas vezes, estudo ou erudição. Mas há um outro sentido, mais profundo, de cultura como tudo aquilo que tem a marca humana. Assim, uma comida gostosa, uma parede de tijolos e um espetáculo de dança têm em comum o fato de trazerem a marca humana. Só os humanos são capazes disso. E isso porque o ser humano mesmo é um ser produtor de cultura, capaz de transformar o ambiente em que vive. Dessa maneira, como dizia o dramaturgo alemão Bertolt Brecht, “o artista não é um tipo especial de indivíduo, mas cada indivíduo é um tipo especial de artista”. O Papa João Paulo II, na Carta Encíclica “Cen tésimo ano”, assim se expressa sobre a importância desse elemento cultural na vida humana:
Assim, a proposta básica da Trilha do Meio Ambiente era suscitar ações de voluntariado que con tribuíssem para o aumento de uma qualidade de vida ambiental das comunidades locais. E muitas comu nidades fizeram essa experiência: graças à ação Tribos nas Trilhas da Cidadania, puderam debater essa proble mática, sensibilizar-se para ações possíveis e neces sárias, como a coleta seletiva do lixo, ter áreas limpas por ações comunitárias, etc.
Toda atividade humana tem lugar no seio de uma cultura e integra-se nela. Para uma adequada for mação de tal cultura, se requer a participação de todo homem, que aí aplica a sua criatividade, a sua inteligência, o seu conhecimento do mundo e dos homens. Aí investe a sua capacidade de autodomínio, de sacrifício pessoal, de solidariedade e disponibi lidade para promover o bem comum. A verdadeira cultura promove as qualidades dos comportamentos
36
37
37
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 38
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
39
suas raízes culturais. Os seres humanos não têm apenas fome de pão, mas de beleza, de sentido e de identidade. E a Trilha da Cultura permite saciar esta fome!
humanos, que favorecem a cultura da paz, contra os modelos que confundem o homem na massa, ignoram o papel de sua iniciativa e liberdade. 8
levantamento do patrimônio cultural da comunidade; divulgação desse patrimônio; resgate das raízes culturais; preservação das riquezas culturais; promoção de cursos e de oficinas que multi plicam diversas formas de saber. Assim, a proposta básica desta Trilha era per mitir que as comunidades pudessem reencontrar a si mesmas pela ação voluntária da juventude, resgatando 8
38
JOÃO PAULO II, papa. Centésimo ano: carta encíclica “Centésimus annus”. Vaticano: 1991. Disponível em: <www.vaticano.va>. Acesso em: 2004.
Vocabulario
Assim como há uma preservação e cuidado com o meio ambiente, é necessário também preservação e cuidado com o patrimônio cultural de um povo. E esta é a proposta da Trilha da Cultura. Todos temos uma responsabilidade em cuidar, cultivar, resgatar as nossas raízes culturais como forma de cuidar, cultivar, resgatar a nós mesmos. Isso pode ser feito por meio de ações como:
Patrimônio cultural
É o conjunto de todos os bens culturais que cons tituem um povo, tanto os bens imóveis, como móveis e imateriais.
Patrimônio material imóvel
É constituído por todos os bens imóveis, como préd ios históricos, nú cleos urbanos, sítios Patrimônio imaterial arqueológicos e paisagís São aqueles elementos ticos, bens individuais. culturais como a comida, Patrimônio a linguagem, os valores material móvel de uma tradição cultu É constituído por todos ral, que não podem ser os bens móveis, como tocados materialmente. coleções arqueológicas, acervos de museus, docu mentos, arquivos, livros, filmes, fotos, etc.
39
Preservação
É a ação de proteger de futuros danos um patri mônio cultural.
Restauração
É a ação de recuperar um pa trimônio cultural dani fi cado, seja pela ação do tem po, da natureza ou mesmo pela mão humana.
Tombamento
Ação de listar patri mô nios culturais, materiais e imateriais, colocando-os sob a tutela de governos, seja federal, estadual ou mu ni cipal, com a finali dade de melhor preservá-
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 40
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Trilha da Educação para a Paz Como produtores de cultura, os seres humanos também constroem seus padrões de relacionamento. A cultura diz respeito também “aos critérios de julgar, aos valores que contam, aos centros de interesse, às linhas de pensamento, às fontes inspiradoras e aos modelos de vida da humanidade”.9 Dessa forma, se há violência em nossa sociedade é porque, além das causas do tipo raízes psicológicas, sociais, econômicas e políticas, há condicionamentos culturais. Não apenas vivemos numa sociedade violenta, mas, sobretudo, numa cultura violenta, produzida e ao mesmo tempo difundida por inúmeras instâncias da sociedade: os meios de comunicação, a escola, a famí lia, as instituições religiosas, os partidos políticos, os clubes, os sindicatos, etc. Como disse poeticamente Caetano Veloso, “nossos podres poderes fazem a gente pensar que matar e morrer sejam coisas naturais”. Há um currículo oculto, baseado no paradigma bélico, que nos educa para a violência, e que aqueles que desejam uma sociedade não-violenta não podem desconhecer. Eduardo Galeano, para expressar esta realidade, criou 9
40
a metáfora da escola do mundo ao avesso: “Não requer exame de admissão, não cobra matrícula e dita seus cursos, gratuitamente, a todos e em todas as partes... O mundo ao avesso gratifica o avesso: despreza a honestidade, castiga o trabalho, recompensa a falta de escrúpulos e alimenta o canibalismo... Os países responsáveis pela paz universal são os que mais armas fabricam e os que mais armas vendem aos demais países...”. 10 Da mesma forma, é necessário haver uma produção cultural da paz, entendendo cultura de paz como o conjunto de valores, atitudes, comportamentos e estilos baseados em fatores como o respeito à vida, a prática da não-violência, o combate à exclusão, a defe sa da liberdade de expressão e da diversidade
PAULO VI, papa. A evangelização no mundo contemporâneo: carta encíclica “Evangelii Nuntiandi”. São Paulo: Loyola, 1978. p. 21.
10 12 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso.
Porto Alegre: L&PM, 1999. p. 5-7.
41
41
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 42
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
cultural, a promoção de um consumo responsável e de um modelo de desenvolvimento sustentável, a partici pação e o respeito aos princípios democráticos, com 11 o fim de criar, juntos, novas formas de solidariedade. Esse conceito de Cultura de Paz adquiriu dimensão pública por ocasião do ano 2000, proclamado pela ONU como Ano Internacional por uma cultura de paz, e pela década 2001-2010, intitulada Década Mundial por uma Cultura de Paz para as crianças do mundo. A paz é, assim, uma realidade que se desenvolve dentro do ser humano, na mente ou no espírito dos homens,
porém veiculada por “valores, atitudes, comportamen 12 tos e estilos de vida”. Se violência e paz são noções que se apreendem, ensinam e transmitem, então há um longo trabalho de cunho cultural e educativo a ser feito. A responsabili dade da paz não está apenas nas mãos dos governantes, da polícia, dos órgãos públicos ou da Organização das Nações Unidas, mas também ao nosso alcance. Eis algumas ações que podemos desenvolver para contri buir com a construção de uma cultura de paz: manifestações pela paz e contra a violência; promoção de valores e práticas de uma cul tura de paz; difusão de iniciativas que contribuem para o fim da violência e a concretização da paz; o respeito à vida, o fim da violência e a promo ção da não-violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação; a promoção de formas pacíficas de resolução de conflitos. Dessa forma, a proposta básica da Trilha da Educação para a Paz era promover ações de volun tariado que contribuíssem para a difusão e tomada de posição em relação a uma cultura de paz. E muitas
11 11 São estes os aspectos empregados pelo Manifesto 2000, elaborado por
vários premiados com o Nobel da Paz e divulgado amplamente pelas Nações Unidas como uma forma de mobilizar a opinião pública inter nacional. Foram recolhidos mais de cem milhões de assinaturas. Eis a íntegra do texto: “Reconhecendo minha parte de responsabilidade diante do futuro da humanidade, especialmente para as crianças de hoje e de amanhã, comprometo-me, em minha vida diária, em minha família, meu trabalho, minha comunidade, meu país e minha região a: respeitar a vida e a dignidade de cada pessoa, sem discriminação nem preconceitos; praticar a não-violência ativa, recusando a violência em todas as suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, especialmente, aos mais fracos e vulneráveis, como crianças e adoles centes; partilhar meu tempo e meus recursos materiais, cultivando a generosidade, a fim de terminar com a exclusão, a injustiça e a opres são política e econômica; defender a liberdade de expressão e a diver sidade cultural, privilegiando sempre a escuta e o diálogo, sem ceder ao fanatismo, nem à maledicência e à recusa do próximo; promover um consumo responsável e um modo de desenvolvimento que tenha em conta a importância de todas as formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais do planeta; contribuir ao desenvolvimento de minha comunidade, propiciando a plena participação das mulheres e o res peito dos princípios democráticos, com o fim de criar, juntos, novas formas de solidariedade”.
42
12 12 ONU. Declaración y programa de acción sobre una cultura de paz.
New York: ONU, 1999. p. 3.
43
43
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 44
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Vocabulario
comunidades fizeram essa experiência: graças à ação Tribos nas Trilhas da Cidadania, puderam discutir e pensar alternativas para a violência em suas múltiplas formas: no trânsito, nas relações sociais, nas questões de gêne ro e de raça, etc. Definitivamente, a educação para a paz ocupa um lugar fundamental na formação dos cidadãos de uma comunidade democrática.
Agressividade
É algo necessário para su perar os obstáculos e limi tações que acontecem na vida das pessoas. A sua ausência provoca pas si vidade. Em princípio ela é neutra, mas por meio de condicionamentos socioculturais (educação, trabalho, história ou siste ma social) pode ser cana lizada construtivamente ou destrutivamente, pro vocando comportamentos não-violentos ou violen tos.
Luta
É a energia necessária pa ra toda a mudança. É aquilo que faz com que o direito seja respeitado. Não se identifica com a violência. Gandhi mos trou que podemos lutar de forma não-violenta.
44
Não-violência
Trata-se, ao mesmo tem po, da recusa da violên cia como forma de resol ver as questões humanas e do assumir formas nãoviolentas para a realiza ção da justiça.
Paz
É o processo de realiza ção da justiça nos dife rentes níveis da relação humana: pessoal, interpes soal, social, etc. É mais do que a mera ausência de guerra, mas o pro cesso da construção de um mundo melhor, que se ja retratado pela har monia, justiça, satisfação das necessidades básicas, integração e igualdade.
Os passos da participação É claro que essas ações foram gestadas nas escolas dentro de um longo processo que oportunizou o nascimento e o amadurecimento das propostas. A gen te sabe que o processo é muito importante, talvez mais importante que os resultados, porque ele é que oportuniza o desenvolvimento das motivações, convicções, relações, articulações, enfim, tudo aquilo que dá densidade e sustento a um trabalho. O ponto de partida foram os três encontros de volun tariado jovem que a ONG Parceiros Voluntários promoveu – o terceiro foi em agosto de 2002, com a participação de 700 jovens do Ensino Médio de várias escolas do RS –, os quais se constituíram em momento privilegiado de conhecer, escutar e dialogar com esta força que é a juventude voluntária. Assim foi nascendo a proposta de criar uma ação de mobilização social junto à juventude das escolas, pela qual ela pudesse exercer seu papel mobilizador e articulador em busca de soluções para as diferentes demandas dentro de sua própria cidade. A ONG Parceiros Voluntários, usando a tecnologia, criou um site no qual constavam a proposta e o regula mento das Tribos nas Trilhas da Cidadania. O site exerceu
Resolução nãoviolenta de conflitos
É o método em que os envolvidos num conflito bus cam alternativa por meio de formas não-vio lentas, como a escuta, o diálogo, a reflexão.
Tolerância
Capacidade de dialogar com culturas e posições diversas às nossas.
Violência
Atitudes ou compor ta mentos que constituem uma violação ou arreba tamento do ser humano, seja de sua integridade física, psíquica ou moral, seja de direitos, liber dades. Pode provir de pes soas ou instituições e realizar-se de uma ma neira ativa ou passi va.
45
45
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 46
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Essas ações não acabaram na sua execução: foram enriquecidas com a realização do Fórum Tribal Municipal,13organizado pelo Conselho Tribal e que tinha como objetivo compartilhar as experiências vivenciadas no desenvolvimento das atividades das Trilhas. Além de ser um momento de celebração e confraternização, o Fórum Tribal foi uma oportunidade de fazer uma avaliação mais profunda do trabalho feito junto com a sociedade, identificando os principais resultados, as dificuldades encontradas, o sentido para as escolas em participar desse movimento, a perspectiva de permanên cia desse conselho na cidade, os encaminhamentos para as questões apontadas e sugestões em geral. Documento importante dessa etapa era a elaboração de uma ata, com a assinatura de todos os participantes do Fórum Tribal, 14 selando, por assim dizer, as ações realizadas. Essa ata, junto com o relatório de encerramento das atividades, bem como vídeo, fotos, documentação de notícias, foi remetida para a ONG Parceiros Voluntários. A ONG Parceiros Voluntários reuniu cinco pessoas, de diferentes entidades representativas da comunidade
um papel fundamental no processo todo: ali havia, além das notícias, espaço para cada Tribo se manifestar e um chat para troca de experiências. O primeiro momento era o da escolha do nome para a Tribo, a Trilha a ser percorrida (uma somente entre as três propostas) e os representantes: o líder, indi cado entre os alunos, e um professor coordenador. Havia também a possibilidade de as escolas de um mesmo município participarem em conjunto formalizando uma só Tribo. Inscrita a Tribo, veio um tempo de planeja mento das atividades a serem desenvolvidas a partir da Trilha escolhida. Nessa etapa, foi muito decisiva a parti cipação das Unidades da ONG Parceiros Voluntários de cada cidade, que ajudaram as Tribos a identificar as deman das sociais ou as Organizações da Sociedade Civil a serem beneficiadas em suas ações. Ainda nessa etapa preparatória, as Tribos tinham a tarefa de organizar o Conselho Tribal, com representantes da Organização da Sociedade Civil beneficiada com as ações, dos pode res públicos municipais, da sociedade civil, das Tribos e outras pessoas de interesse das Tribos. Agosto de 2003 – o mês mais frio e ventoso do ano... – foi o período da realização das ações. O Rio Grande do Sul se cobriu de solidariedade! Semana por semana, as Tribos foram desenvolvendo as atividades previstas.
46
13 13 Sobre o sentido do Fórum Tribal, para os participantes, ver Leandro
Pinheiro, p. 158, desta obra.
14 14 Elizabeth Mattos, consultora; Gilmar Tietbohl, do Senar; Hélio Henkin,
Pró-Reitor da UFRGS; Ivete Comparin, do Sebrae/RS; Marcelo Rezende Guimarães, da ONG Educadores para a Paz.
47
47
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 48
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
gaúcha, formando a Comissão Avaliadora, com a tarefa de refletir o processo todo e indicar as Tribos candida tas ao 2º Prêmio Escola Voluntária, promovido pelo grupo Bandeirantes de Comunicação/RS. Os critérios utilizados pela Comissão Avaliadora foram o impacto que as ações realizadas tiveram em provocar alterações de hábitos e de dinâmicas sociais e relacionais na comu nidade, o benefício que a ação trouxe, a capacidade da Tribo em articular-se para execução de suas atividades, a mobilização da mídia local e a ata da reunião do Fórum Tribal, como documento de busca de perma nência e continuidade das ações. O último e importante passo desse processo foi uma grande celebração, marcada pela alegria e vibra ção de cada Tribo realizada em 26 de setembro, no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, quando tam bém foi entregue o Prêmio Escola Voluntária. Afinal, tanto esforço e tanta solidariedade eram motivos de sobra para se festejar, não é mesmo?
Os trabalhos reconhecidos Talvez a tarefa mais difícil tenha sido iden tificar aquelas ações candidatas ao prêmio Escola Voluntária. Mais do que compensação pelo esforço realizado – pois segundo este critério todas as ações tiveram muito esforço embutido –, o reconhe cimento público vai na linha de identificar aquelas experiências que reuniram uma série de elementos que podem possibilitar a inspiração de novas ações e a multiplicação do trabalho realizado. Nesse sentido, aprecie a seguir os trabalhos que mais impressionaram a comissão encarregada de conhecer e aprofundar as Trilhas realizadas:
48
49
49
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 50
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
ação foi muito interessante: os membros dessa Tribo foram para uma das principais avenidas de Caxias do Sul, a Júlio de Castilhos, fotografaram como o caxien se trata o lixo e realizaram uma pesquisa sobre a coleta de lixo seletivo. De posse de tantas informações, eles criaram uma peça de teatro sobre o desperdício de material em sala de aula e ensaiaram com alunos de uma outra escola beneficiada. Essa peça de teatro foi representada em vários locais. A Tribo Filhos da Terra destacou-se pela capa cidade de articulação com diversos órgãos públicos, lideranças, representantes da sociedade civil, outras es colas e, especialmente, com a mídia. O Fórum Tribal foi realizado com a participação de todos os envolvidos, inclusive os beneficiados, e contou com a presença de pais de alunos. A ação da Filhos da Terra impactou a cidade, gerando solicitações de apresentação e partici pação da escola em vários eventos, levando, inclusive, pais de alunos de outras escolas que não participaram da ação a se questionarem publicamente sobre a educa ção que seus filhos estariam recebendo. As dificuldades encontradas inicialmente na escola foram parcialmente solucionadas quando os resultados das ações começa ram a ser manifestados pela mídia local. Há consenso, hoje, de que a cidade de Caxias do Sul tornou-se muito melhor pela ação dos jovens.
Tribo Filhos da Terra A Tribo Filhos da Terra foi organizada a partir do Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul, e percor reu a Trilha do Meio Ambiente. A primeira ação tinha como alvo a comunidade da Estrada dos Imigrantes: após se reunirem com representantes da Secretaria do Meio Ambiente e de outras instituições comunitárias, os alunos realizaram a limpeza da estrada, acompanhada de atividade de sensibilização e orientação aos mora dores. Depois, a Tribo Filhos da Terra organizou uma ação para despertar os alunos de uma escola estadual, a José Pena de Moraes, para a preservação do meio ambiente: além de muita música e bate-papo, produziuse um painel grafitado no muro da escola. A terceira
50
51
51
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 52
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
e cinemas, para sensibilizar as pessoas a serem mais gentis e afáveis umas com as outras. A última ação, com a temática da paz no ambiente, abrangia atividades como limpeza de um trecho (calçadão) do rio Caí e a limpeza e cuidado com o ambiente escolar. A Tribo articulou-se com todas as instituições representativas, inclusive com o poder público, o que possibilitou a mobilização tanto da zona urbana como da área rural. Os resultados foram apresentados no Fórum Tribal por todos os participantes. Entre as con clusões, destacou-se o efeito multiplicador da ação, além das amizades que se formaram independentemente da origem ou classe social. A cidade toda foi mobilizada, e a Tribo Ibiá já tem parceiros para futuras ações.
Tribo Ibiá: Sou da Paz A Tribo Ibiá: Sou da Paz realizou na sua cons tituição algo inédito, pois nasceu da articulação de cin co escolas da cidade de Montenegro: a Escola Estadual A. J. Renner, a Escola Estadual Dr. Paulo Ribeiro Cam pos, o Colégio Sinodal Progresso, a Escola Estadual Técnica São João Batista e o Instituto de Educação São José. A Trilha escolhida foi a Educação para a Paz, e para mobilizar a cidade contra a violência eles organiza ram uma Caminhada pela Paz. Com o apoio do comércio local, reuniram aproximadamente 200 pessoas – todas vestidas de branco – e incrementaram a caminhada com teatro, música, banda marcial e, cla ro, muita determinação. Essa ação foi desafiada inicialmente por uma pessoa que se posicionou publicamente contra a passeata, o que possibilitou à comunidade refletir mais aprofundadamente a questão. A segunda ação tinha como objetivo sensibilizar a comunidade para a proble mática da paz no trânsito: jovens vestidos de “sombra” esclareciam pedestres e motoristas sobre aspectos fun damentais de educação no trânsito, especialmente o uso e o respeito pela faixa de segurança. Depois, a Tribo proclamou o dia 27 de agosto como o Dia da Gentileza: os membros da Ibiá foram para empresas, escolas, ruas
52
Tribo CIEP A Tribo CIEP foi formada por alunos da Escola Estadual Básica Francisco Brochado da Rocha, de São Sepé, e escolheu percorrer a Trilha da Educação para a Paz. Começaram enfocando a educação para a paz no trânsito: com apoio dos órgãos competentes, realizaram palestras, blitze no trânsito para conscientização, coleta de 3.000 assinaturas para construção de passarela. A repercussão foi tanta que o Consepro local convidou os membros da Tribo para palestrarem em outras escolas
53
53
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 54
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
do município. A educação para a paz na sociedade foi o foco da segunda ação, estruturada especialmente por uma campanha antidrogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. A terceira ação visava à educação para a paz no lar e foi desenvolvida por meio de palestras sobre prevenção de incêndios domésticos e primeiros socorros. Durante a ação, a Tribo tomou conhecimento de casos de abusos contra crianças e ado lescentes, o que desencadeou outras ações para minimizar e prevenir essas situações. A quarta ação foi centrada no tema educação para a paz na escola e tinha como eixo uma gincana, com adesão de alunos, funcionários e professores, propondo ações para qualificar as relações no ambiente escolar. A Tribo CIEP vem de uma escola localizada próximo à BR-392, com uma população com histórias de vida marcadas pelo sofrimento. Nesse contexto, as ações realizadas apontaram para mudanças de quali dade de vida daquela comunidade. Além disso, a Tribo
54
mobilizou grande número de pessoas e articulou-se com várias instituições e empresas locais, tais como a Prefeitura Municipal, Polícia Federal, Brigada Militar, Conselhos Municipais, Corpo de Bombeiros, Consepro, meios de comunicação, etc. Testemunho disso foi o Fórum Tribal reunindo cerca de 1.500 pessoas, com um impacto muito positivo, contribuindo também para a consolidação da unidade da ONG Parceiros Voluntários e o desenvolvimento da cultura do voluntariado.
Tribo Cultura em Ação A Trilha da Cultura foi a escolhida pela Tribo Cultura em Ação, da Escola Municipal de Ensino Fun damental Professor Agostino Brun – também conhecida como Patronato, de Bento Gonçalves. A ação planejada foi a realização de um roteiro, com texto e dança, apresentando a cultura dos povos que formaram o Estado do Rio Grande do Sul. Além disso, compuseram um rap, chamado “Rap da Cultura”. As apresentações foram feitas em escolas vizinhas e em associações de bairro. Segundo alguns professores, após a apresen tação o tema foi trabalhado em diversas disciplinas, facilitando a aprendizagem. Outro resultado foi o crescimento da auto-estima dos membros da Tribo, assumindo seu protagonismo.
55
55
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 56
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Tribo Faça Paz: Você é Capaz!
Tribo Eco Fantin
A Tribo Faça Paz nasceu na Apae Ivoti e desenvolveu ações seguindo a Trilha da Educação para a Paz. Começaram distribuindo panfletos nas esquinas, supermercados, restaurantes, sensibilizando sobre a responsabilidade de cada um pela paz e sobre as pessoas portadoras de necessidades especiais. Com o apoio do Leo Clube e da Emater, realizaram uma trilha ecológica, com o objetivo de proporcionar uma relação de paz do ser humano com a natureza. Foram até o sítio histórico e natural “Buraco do Diabo”, onde assistiram a palestras sobre os índios guaranis, os colonizadores alemães e a natureza do local. Depois disso, realizaram o que chamaram de Espaço da Alegria, reunindo a comunidade e integrando os alunos do ensino regular com os da Apae, por meio de atividades de recreação. O Pedágio da Integração divulgou o trabalho da instituição, conscientizando a comunidade quanto à importância de seu envolvimento com o trabalho social. Outras duas atividades – uma reunião dançante e um chá – também favoreceram a integração dos portadores de necessidades especiais com a comunidade, ampliando as relações de amizade dos primeiros.
A Trilha do Meio Ambiente foi a escolhida pela Escola Estadual de Educação Básica Albino Fantin, de Horizontina. Depois de atividades didáticas de inte gração entre os membros da Tribo e da criação de uma marca para a Tribo, eles realizaram uma campanha de incentivo à coleta seletiva no ambiente escolar, orga nizando e identificando lixeiras e realizando oficinas de reci cla gem. Um grande mutirão de limpeza na escola, envolvendo alunos, professores e funcionários, bem como a reformulação do jardim, com reposição de árvores e plantio de flores, foi o resultado da ação voluntária dos membros dessa Tribo. A ação foi realizada com grande apoio dos pais, da Prefeitura e de empresas locais. Além dos familia res, outras residências e lojas do centro da cidade se comprometeram em guardar o lixo seco, porque acre ditaram na idéia. O dinheiro arrecadado com a venda do material reciclável foi utilizado para suprir necessi dades da própria escola, como máquina fotocopiadora e plantas para o jardim.
56
57
57
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 58
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Cultura. Sua primeira ação foi desenvolver oficinas de violão, belas-artes, desenho e tangran, 15 para crianças da comunidade Paula Couto, beneficiada pelo sopão. No Centro Comunitário Infantil Talitha Kum também desenvolveram oficinas, desta vez de flauta doce, tea tro, perimbolando, fantoches, contos de fada, artes, tangran, inglês divertido e recreação criativa. Na Escola Estadual Helena Câmara, já beneficiada por ações de voluntariado desenvolvidas pela Tribo, foram reali 16 zadas oficinas de grafitagem, desenho, brinquedo lândia, artes, recreação e teatro, enquanto na Escola Esta dual Especial Aray de Paula Hoffmann foram desenvolvidas oficinas de desenho. Por meio do proje to “A Voz da Cohab”, realizaram oficina de teatro em que as crianças conseguiram expressar suas realidades e seus sonhos. A articulação da Tribo com a comunidade bene fici ou diretamente 850 crianças. No Fórum Tribal foram apresentadas todas as ações. O Grêmio Estu dantil criou uma diretoria de voluntariado. As ações levando à cidadania, via cultura, deverão continuar.
As ações foram realizadas com grande articu lação junto a outras escolas, empresas e comunidade em geral. O Fórum Tribal foi realizado com a presença dos alunos, pais, representantes do poder público e da comunidade. Após análise das atividades realizadas, definiu-se como meta dar continuidade às ações. As ações desenvolvidas permitiram que a Apae fizesse sua auto-inclusão, saindo do papel de beneficiada para o de agente, descobrindo seu potencial de colaborar e contribuir com o crescimento da comunidade.
Tribo Manacó
15 Tangran é um jogo milenar chinês, literalmente “tábua das sete cores”, 15 constituído por pedaços de madeira com formas e cores diversas, para compor figuras. 16 16 A grafitagem é hoje considerada uma atividade artística, consistindo em desenhar e pintar artisticamente muros e outros espaços públicos.
A Tribo Manacó, de São Leopoldo, organizouse a partir do Colégio Sinodal e escolheu a Trilha da
58
59
59
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 60
NAS TRILHAS DA CIDADANIA “O que me levou a isso foi o bom senso. É huma no voluntariar. E o nosso mundo, nossa cidade, nossos colégios precisam de pessoas humanas – dispostas à vivência da solidariedade.”
Testemunhos de quem participou
15 anos, Colégio Marista São Luis, Santa Cruz do Sul.
Para se ter realmente uma compreensão da ação
“A vontade e o desejo de fazer bem ao próximo, de ver um sorriso no rosto de uma criança, e a opor tunidade de colocar em prática os conhecimentos.”
Tribos nas Trilhas da Cidadania, é importante escutar as
vozes daqueles e daquelas que protagonizaram essas ações. Abaixo, seguem alguns depoimentos de jovens, professores e pais. Veja!
16 anos, Colégio Marista São Luis, Santa Cruz do Sul.
“A vontade de me envolver em algo social, me misturar com pessoas de culturas diferentes, ver Montenegro se unir numa só causa.”
A voz dos jovens
16 anos, Colégio Estadual A. J. Renner, Montenegro.
“Bom, o primeiro passo foi dado por minha escola ao inscrever-se neste projeto. Mas me interessei principalmente porque gosto e sinto necessidade muito grande de um movimento neste tipo de tra balho. É um trabalho enriquecedor para nós mes mos, pois aprendemos muito, e principalmente que devemos dar valor ao que temos, pois há pessoas que dariam tudo para ter o que nós temos.”
Entre os 18 mil jovens gaúchos que partici param com seu entusiasmo e seu sentido solidário da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania, eis alguns registros. Neles você vai encontrar as razões que fazem um jovem abraçar o voluntariado e as repercussões dessa experiência na vida de cada voluntário. Perguntados sobre o que os levou a participar das Tribos nas Trilhas da Cidadania, eles assim respon deram:
13 anos, Escola Estadual de Ensino Fundamental Rui Barbosa, Ijuí.
“O trabalho em equipe. A união de várias es co las, tirando um pouco da rivalidade que existia.” 15 anos, Colégio Estadual A. J. Renner, Montenegro.
“Minha mãe, que estava participando, me incen tivou. Meu melhor amigo começou a participar também, e eu achei interessante uma gincana pela paz. Depois que eu entrei fiquei muito empolgada, fiz muitos amigos e isso me fez muito bem.” 13 anos, Colégio Sinodal Progresso, Montenegro.
60
61
61
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 62
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
“Os projetos, as idéias e principalmente a alegria que o pessoal passava a cada atitude, a cada pala vra. Quem estava de fora, com certeza se sentiu contaminado pelas Tribos.”
“Conhecer pessoas novas, fazer amizades, adorei o fato de várias escolas da cidade se unirem em uma só Tribo, aprendi a me relacionar com pessoas de cidades e classes sociais diferentes da minha.”
14 anos, Instituto de Educação São José, Montenegro. ]
13 anos, Colégio Sinodal Progresso, Montenegro.
“O grande desejo de ter um mundo melhor, o que eu mais queria era conscientizar as pessoas de que estavam fazendo a coisa errada e que um simples ato muda muita coisa.”
“A união, coragem, determinação, iniciativa, res peito e a responsabilidade das Tribos e do projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania.” 17 anos, Colégio Estadual Dr. Paulo Campos, Montenegro.
16 anos, Escola Estadual Santo Antônio, Garibaldi.
“Ter o contato direto com as crianças, dar aulas de música e ver o rostinho de cada uma, o gosto de aprender coisas novas, e o orgulho de se mostrar interessado e colaborar com a causa.”
“A consciência de que sou um cidadão e por isso tenho que ajudar a sanar alguns problemas na minha comunidade, pois só dessa forma vou poder saber que estou procurando o melhor para todos.”
15 anos, Colégio Marista São Luis, Santa Cruz do Sul.
Escola Estadual de Ensino Fundamental Reinoldo Emílio Block, São Sepé.
“Organizar as atividades e realizá-las com as crianças. Ter o contato com elas. Foi muito bom pelas emoções – afeto e carinho – que partilhamos (trocamos).”
“Foi a solidariedade, a vontade de ajudar quem realmente precisa, tentar passar para todos a importância de ser solidário, e é muito gratificante poder ver todos felizes e saber que nosso trabalho é muito reconhecido.”
16 anos, Colégio Marista São Luis, Santa Cruz do Sul.
“A integração existente nesse projeto e saber que o nosso mundo anda mudando com esse trabalho voluntário.”
Colégio São Judas Tadeu, Porto Alegre.
17 anos, Colégio La Salle do Carmo, Caxias do Sul.
Questionados sobre o que foi mais interessante e marcante nesta experiência de voluntariado, alguns jovens assim responderam:
“Eu achei interessante a cara de espanto das pes soas, vendo adolescentes, pessoas novas, tentando lembrá-los de que eles têm o dever de cuidar do meio onde vivem.” 14 anos, Instituto de Educação São José, Montenegro.
“O mais interessante foi a união que aconteceu entre as escolas. As amizades criadas foram nossa maior vitória. Achei ótimo fazer os projetos, pois com eles ajuda mos muito a comunidade e nós mesmos.”
“Foi legal conhecer um pouco sobre o trabalho rea lizado em outras escolas, saber o que está se fazen do em outros municípios para ajudar a natureza e nós mesmos.”
16 anos, Instituto de Educação São José, Montenegro.
62
14 anos, Escola Estadual Santo Antônio, Garibaldi.
63
63
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 64
NAS TRILHAS DA CIDADANIA “Para desencadear o projeto realizamos uma sema na de qualidade de vida para podermos subsidiar os alunos. A ação das Tribos foi a ação prática de conteúdos sobre educação ambiental e cidadania desenvolvidos em sala de aula.”
O testemunho dos professores Se a ação Tribos nas Trilhas da Cidadania foi, sem dúvida nenhuma, protagonizada pelos jovens, isso não significa que eles a realizaram isoladamente. O prota gonismo juvenil, longe de opor gerações, aproxima e fortalece o diálogo a partir das peculiaridades e poten cialidades de cada geração. Certamente a ação foi pos sível porque contou também com a participação muito próxima de vários educadores.
Graziela Santos, professora, Colégio São Judas Tadeu, Porto Alegre.
“(...) substituindo a teoria pela vivência prática do dia-a-dia em âmbito escolar e familiar.” Rosane Jahn, coordenadora, Escola Estadual Santo Antônio, Garibaldi.
“A educação foi ampla. Deu uma visão mais pro funda de todos os assuntos e temas propostos para tentar fazer a escolha. Os alunos, em geral, tinham consciência de seu papel e colocaram a proposta em ação com seriedade. Isto é cidadania.”
Questionados sobre como a ação contribuiu no processo de aprendizagem dos alunos, alguns educado res assim responderam:
Rosmarie Benetti, professora, Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Zucolotto, Gramado.
“Desenvolvendo projetos que nasciam dentro de sala de aula e partiam para a comunidade e vice-eversa. A caminhada pela paz, o mosaico da paz e vários outros foram discutidos em sala de aula em várias disciplinas.”
“Os alunos enxergaram uma nova maneira de tra balhar: grupos diferentes, convivência, tratamento interpessoal, uma utilidade para os conceitos de química, visitação-respeito.” Valdenize Trindade, coordenadora, Instituto Estadual de Educação Tiaraju, São Sepé.
Carlos Barcelos, coordenador, Colégio São José, São Leopoldo.
“(...) através da participação e do engaja men to dos alu nos em ações cidadãs, do co nhecimento do volun tariado e do com pro metimento com a comunidade escolar.”
“O desenvolvimento do senso coopera tivo fez com que a comunidade escolar passasse a interagir também de forma cooperativada. Um aluno passou a sentir-se responsável pelo sucesso do outro. Para a escola isso foi o máximo.”
Simone Bório, coordenadora pedagógica, Escola Estadual de Educação Básica Francisco Brochado da Rocha, São Sepé.
64
Alcina Bitencourt, vice-diretora, Escola Municipal de Ensino Fundamental Rio Branco, São Sepé.
65
65
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 66
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Solicitados a destacar uma ação ou atitude que demonstre a mobilização, a articulação e a iniciativa dos jovens na ação, os educadores assim se manifes taram:
O depoimento dos pais As Tribos contaram com o apoio e a força dos seus familiares, que muito as incentivaram, marcando presença, cobrindo a retaguarda, enfim, participando juntos. Indagados sobre a opinião e a compreensão da ação que tiveram, assim os pais se manifestaram:
“Durante a realização do encerramento dos traba lhos na escola, os alunos tiveram um envolvimento tal, que muitas vezes os próprios professores torna ram-se mais um membro da equipe. Foi importante ver as turmas tomando decisões com responsabi lidade.”
“Primeiramente, tomei conhecimento do projeto por meu filho ter realizado a atividade na escola. Entusiasmando nosso filho, pois a ação solidária é nobre, importante e necessária aos jovens, para conhecerem e se engajarem nessa atividade para desenvolver a sensibilidade e valorização da sua condição devida, e ainda saber que se cada um aju dar faremos cada vez mais.”
Alcina Bitencourt, vice-diretora, Escola Municipal de Ensino Fundamental Rio Branco, São Sepé.
“Concluímos que a união de um grupo é capaz de vencer qualquer obstáculo. Um grupo unido é capaz de mobilizar uma escola, uma comunidade, um município, o Estado. Tudo o que é realizado de bom deve e pode ser multiplicado. A respon sabilidade e a persistência levam ao sucesso do pro jeto. Construir um jardim, cavar, preparar o solo, semear, plantar mu das, plantar árvores e cultivá-las com eficiência, pensando no material que irão utilizar com recursos próprios.”
Paulo André, Ijuí.
“Ótima. Pois há integração e muito envolvimento entre os jovens. Eles ocupam seu tempo de manei ra saudável, contribuindo assim para o crescimento pessoal.”
Sylvia Moro, professora, Escola Estadual de Ensino Fundamental Reinoldo Emílio Block, São Sepé.
Rosani Ávila, Montenegro.
“Ótima, pois todas as famílias da co mu nidade escolar foram envolvidas, e tiveram a oportuni dade de contribuir com sua história.”
“Quando estivemos nos asilos e creches tendo idosos e crianças como platéia das apresentações de dança e música. A disponibilidade de todos em participar, deixar de lado outros compromissos para fazer e ser presença nas Trilhas.”
Marlise Faiz, Gramado.
“Achei que foi válida porque houve uma inte gração entre os alunos das escolas participantes e uma maior conscientização no sentido de realizar algo em prol da cidadania.”
Elza Ferreira, professora, Instituto Rio Branco, São Leopoldo.
Oneide Bergamo, Montenegro.
66
67
67
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 68
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
“Achei uma ação muito proveitosa, interessante e envolvente, que mobilizou a comunidade, mis turou escolas. Foi real mente um incentivo aos adolescentes, para que eles fizessem acontecer na nossa cidade.”
“Muito importante, tanto para quem faz como para quem recebe. Quem faz cresce, vê outras situações que não são normais no seu dia-a-dia, começa aos poucos a ter outra visão da realidade que nos cerca. Para quem recebe, sente calor humano, se sente importante, tenta transmitir o amor que lhe falta.”
Luiz Carlos Kirsten, Montenegro.
Liano Lima, São Leopoldo.
“Sem dúvida são ações como essa que dão incen tivo aos jovens para desenvolverem suas poten cialidades junto à comunidade, principalmente em relação à questão social.”
“Foi muito significativa, pois envolveu os alunos da Escola em busca de algo que melhorasse a comunidade, contribuindo assim para a prática da cidadania.”
Larissa Silva, Triunfo.
Maria Pires, São Sepé.
“Acho que é muito válida e interessante, pois ajuda as crianças a entenderem melhor o meio em que es tão inseridas, opor tuni zando conhecimento e despertando mais cedo para as suas responsabili dades sociais.”
“É a semente da conscientização que está sendo plantada. É necessária a continuação do trabalho para que efetivamente tenhamos uma nova geração, mais consciente.”
Oscar Bertolini, Bagé.
Maria Copes, São Sepé.
“Muito boa! Pois os alunos tiveram oportunidade de planejar, desenvolver e coordenar atividades que possibilitaram informações para o crescimento deles.”
“É muito produtiva, pois ensina a eles a impor tância do meio ambiente para sua vida inteira, e talvez quando crescerem não poluam tanto quanto a nossa geração.”
Ana Maria Gazzaneo, Cachoeira do Sul.
Sandra Pereira, São Sepé.
“Eu acho muito importante este tipo de atitude, porque as pessoas se sentem amparadas e valorizadas (com amor e carinho). É um dia a menos de solidão nas suas vidas.”
“Inovadora, um trabalho excepcional que deve continuar por muito tempo, pois só assim vamos conseguir os ideais planejados.” Floraci Silva, São Sepé.
Vera Lúcia Silva, São Leopoldo.
“Ações como estas precisam ser incen tivadas, para que o jovem aprenda o verdadeiro valor do voluntariado e seja um adulto consciente do seu papel na sociedade, sabendo que se cada um fizer a sua parte é possível mudar a realidade em nosso país.”
“Muito importante, um tema muito bom a paz, no momento em que a violência cresce. Cada vez mais tenho certeza de que a ação feita pela escola mobilizou bastante a comunidade.” Édila Munhoz, São Sepé.
Marta Félix, Porto Alegre.
68
69
69
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 70
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Um dia, meus olhos inda hão de ver Na luz do olhar do amanhecer Sorrir o dia de graça. Poesias brindando essa manhã feliz O mal cortado na raiz Do jeito que o Mestre sonhava. O não chorar, (ai o não chorar) E o não sofrer se alastrando No céu da vida o amor vibrando A paz reinando em santa paz. Em cada palma de mão, Cada palmo de chão, Sementes de felicidade, O fim de toda a opressão, O cantar com emoção Raiou a liberdade Chegou, chegou ôô O áureo tempo de justiça Ao esplendor de preservar a natureza Respeito a todos os artistas A porta aberta ao irmão De qualquer chão, de qualquer raça, O povo todo em louvação Por este dia de graça.
Um olhar sobre o caminho percorrido
(Chico Buarque de Hollanda, Por um Dia de Graça)
70
71
71
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 72
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
As histórias e relatos que você leu das Tribos nas Trilhas da Cidadania, além de interessantes e estimulantes, são reveladores e inspiradores. São portadores daquela energia que anuncia fatos novos que mudam a vida das pessoas e das comunidades: o dia de graça que canta o poeta. Por serem relatos de ações de jovens, revelam algo da juventude de nosso país e apontam para novos jeitos de juventude, isto é, novas identidades juvenis. Por terem sido ações que surgiram a partir de escolas, com jovens estudantes, mas envolvendo toda a comu nidade escolar, revelam também movimentos realizados na educação, mudando o jeito de estabelecer as relações na escola, isto é, novos jeitos de aprender e ensinar. Finalmente, por serem ações que envolvem toda a comu nidade, que dizem respeito ao bem-estar de muitas pessoas, suas necessidades e preocupações, revelam maneiras de ser cidadãos e cidadãs, isto é, novas pistas de cidadania ativa. Explicitar esses aspectos será a tarefa da segunda parte deste texto, procurando traçar um olhar sobre o caminho percorrido. Enquanto a primeira parte foi mais descritiva, esta será mais reflexiva e analítica. Para que você e sua Tribo – em casa, na escola, com os amigos – possam continuar e aprofundar esta análise, sugere-se, após cada item, algumas questões para serem debatidas.
72
73
73
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 74
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Será bom conversarmos sobre cada um desses pontos, não é mesmo?
Novas identidades juvenis Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o mun do viu surgir um novo ator social: a juventude. É claro que jovens sempre existiram, mas juventude não. Foi no século XX que ela se constituiu como um mundo próprio, assumindo modos próprios de se vestir, de se comunicar, de se expressar musicalmente, com postu ras, ideários e reivindicações próprias, enfim, um jeito próprio de ser e existir. Ao mesmo tempo, a juventude tem-se apresentado como uma força própria, contri buindo ativamente na construção da sociedade. Inicial mente visível nas escolas, bares, discotecas e praças, foi assumindo vários espaços, interagindo com adultos e tomando conta da comunidade. O que se vê em Tribos nas Trilhas da Cidadania é a expressão desse movimento. A razão da possibilidade e do êxito que a proposta da ONG Parceiros Voluntários lançou firma-se neste amplo movimento da juventude, indicando novas identidades juvenis, marcadas pelos seguintes aspectos: a valorização do capital cultural da juventude; a consideração da juventude como ativo agen te histórico; e a emergência do protagonismo juvenil.
74
O capital cultural da juventude Em primeiro lugar, a juventude tem-se revelado como ator social independente, portadora de um capi tal cultural próprio. Este conceito de capital cultural tem sido usado por alguns especialistas para designar a contribuição peculiar de um determinado grupo na constituição do patrimônio cultural de uma comunida de. No caso da juventude, aponta para o que querem e o que propõem os jovens, considerando suas experiên cias adquiridas na família, escola, enfim, o lugar em que vivem. Este capital cultural se enriquece ainda mais se considerarmos a diversidade e a pluralidade que envol vem a própria noção de juventude. Talvez mais do que de juventude devêssemos falar de juventudes, enfati zando os diversos grupos que a compõem. O conto clássico de Andersen – “A roupa nova do 17 rei” – coloca exatamente um jovem como aquele que 17 17 Você lembra da história? Um rei, desejoso de uma nova roupa, contrata
alfaiates que o enganam dizendo fazer um traje real invisível. No dia de mostrar sua nova roupa ao povo, todos vêem que o rei não estava vestido, mas fazem de conta que não percebem. Apenas uma criança grita: o rei está nu!
75
75
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 76
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
desmontou a farsa montada e disse que o rei estava nu. Vários pesquisadores mostraram que crianças e jovens não possuem um saber menor ou inferior do que o saber dos adultos, apenas têm percepções diferentes destes e que podem enriquecê-los. “Nem melhor, nem pior, ape nas diferente!”. Essas pesquisas são muito importantes porque tiram toda a sustentação de uma atitude muito cultivada na sociedade: a de subestimar a juventude e não levar em consideração o seu capital cultural. Os adolescentes e jovens que participaram da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania mostraram ser por tadores de um capital cultural, isto é, de uma riqueza e de um potencial próprios, necessários para a vida de uma sociedade. Sem esta contribuição – que se mani festa de diversas formas, como modos de pensar, de agir, de articular, de expressar, de organizar, enfim, de viver –, as comunidades perderiam muito.
na qual os jovens eram vistos, ao mesmo tempo, como ameaça – porque transgridem e questionam – e como esperança. Os jovens não constituem mais uma hipoté tica classe de cidadãos do amanhã, mas, como cidadãos de hoje e do presente, são portadores de alternativas para a nossa sociedade. Como afirma Dina Krauskopf, deve-se abandonar a concepção da juventude como período preparatório ou etapa problema, para percebêla seja como agente estratégico do desenvolvimento, seja como juventude cidadã.19 A socióloga americana Elise Boulding constata que, apesar disso, a pesada mão do patriarcalismo ain da atua sobre crianças e jovens.20 Para superar esta posi ção é preciso, para essa autora, ultrapassar três concep ções: de que crianças e jovens são frágeis, seres ainda não-formados que necessitam de proteção das ameaças ambientais e dos adultos exploradores; de que a expe riência de conhecimento das crianças e jovens é limi tada, porque não têm informações e atitudes das prá ticas da sociedade adulta; de que a sociedade é muito complexa, de forma que somente espaços demarcados
Os cidadãos do presente Portadoras de um capital cultural, as juventudes têm-se revelado como ativos agentes históricos, supe rando aquele rótulo de uma sociedade adultocrata, 18 .
19
KRAUSKOPF, Dina. Dimensiones críticas en la participación social de las juventudes. In: BALARDINE, Sérgio. La participación social y política de los jóvenes en el horizonte del nuevo siglo. Buenos Aires: CLACSO, 2000. p. 119-134. 20 BOULDING, Elise. Cultures of peace: the hidden side of history. Siracuse University, 2000. p. 139.
18 Adultocrata: sociedade governada e dominada por adultos, em que os 18 jovens pouca voz e vez possuem.
76
77
77
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 78
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
e preenchidos por adultos treinados podem preparar a criança e os jovens para viver nela. O fato é que nossa sociedade estrutura as relações entre as gerações por meio de um intenso paralelismo: adultos e jovens como realidades distintas, uns se preparando para a vida, outros vivendo-a. Na verdade, a perspectiva de um diálogo entre gerações revela-se como enriquecedora para todos, permitindo um reconhecimento mútuo em que duas gerações preparam-se mutuamente. Os participantes da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania assumiram-se maduramente como cidadãos do presente, colocando-se numa posição de responsabi lidade social. De fato, o que caracteriza a maturidade humana é quando se passa de uma atitude captativa de apenas querer receber para assumir-se um posiciona mento que poderíamos chamar de oblativo, baseado na capacidade maior de disponibilizar-se e dedicar-se por alguém ou por um grupo.
juvenil seria uma forma de reconhecimento positivo do capital cultural da juventude e da importância de sua ação e contribuição nas relações de uma sociedade. Para que o protagonismo juvenil seja efetivo, e não apenas aparência ou manipulação da juventude pelos adultos, é importante considerar os três componentes fundamentais apontados por autores como RodríguezGarcía e Macinko: participação, compromisso e empo deramento, que se expressam na tomada das decisões e na iniciativa das ações. A presença ou não desses três 21 elementos pode nos indicar o grau de protagonismo juvenil, visualizado no seguinte esquema, criado por Roger Hart: 22
Graus de Participação Iniciada pelos jovens e decisões compartilhadas com os adultos Iniciada e dirigida pelas crianças Iniciada pelos adultos e decisões compartilhadas com os jovens Consultados e informados Convocados mas informados Não-Participação Participação simbólica (discursos decorados, por exemplo) Decoração (vestem camisetas, etc.) Manipulação: apenas são instrumentos
Protagonismo juvenil Hoje, como caminho para superar esta sociedade adultocrata fala-se muito em protagonismo juvenil, uti lizando-se de uma imagem do teatro e do cinema – numa peça ou num filme, o protagonista é o ator principal, aquele que conduz a trama da história. O protagonismo
78
21 Apud. KRAUSKOPF. 2000. p. 127. 21 22 HART, Roger. A participação das crianças: da participação simbólica 22 à participação autêntica. São Paulo: [s.n.], p. 6.
79
79
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 80
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
uma juventude com sua auto-estima recu
Para esses autores, o primeiro grau de protago nismo juvenil acontece quando os jovens são apenas informados por grupos externos que fixam os objeti vos e metas para os programas juvenis (item 4 do quadro). A participação pode começar quando os jo vens são consultados, embora ainda não possam influir nas decisões (item 5). Há participação e pode começar o compromisso quando os jovens contribuem para melhorar os objetivos e resultados (item 6). Junto à parti ci pação e ao compromisso pode começar o empoderamento dos jovens quando tomam decisões e são consultados para estabelecer, priorizar e definir obje ti vos (item 7). A plenitude dos três elementos – participação, compromisso e empoderamento – acontece quando os jovens iniciam a ação e junto com os líderes locais fixam os objetivos, priorizam, plani ficam, avaliam e são responsáveis pelos resultados (item 8). Certamente uma das razões que proporcionaram o desenvolvimento da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania – e que constitui o segredo de sua difusão – foi a possibilidade de os jovens terem afirmado o seu prota gonismo, fazendo a experiência da participação, do com pro mis so e do empoderamento. Esta juventude prota gonista poderia ser caracterizada, em outros aspectos, como:
80
perada, capaz de apostar nas suas potencia lidades. Vivemos numa sociedade em que uma profunda insegurança toma conta da grande maioria dos jovens, os quais devem enfrentar questões como emprego e mercado de trabalho, segurança, continuidade dos estu dos, etc. Por outro lado, as instituições educa doras, em sua maior parte, adotam pedagogias que, muitas vezes, desenvolvem mais a subserviência do que a iniciativa; uma juventude com acesso a informações, as
quais possibilitam novas perspectivas sobre o mundo e novos enfoques no agir; uma juventude apropriada de metodologia
de intervenção e transformação da realidade. Algumas experiências do passado, como, por exemplo, a Ação Católica, desenvolvida pela Igreja Católica nas décadas de 50 e 60 e que possibilitou a formação de muitas das lideranças hoje atuantes, tiveram seu êxito na capacitação dos jovens na metodologia verjulgar-agir.
81
81
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 82
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
vem passando por processos de mudança bastante significativos. As principais mudanças poderiam ser resumidas:
Para conversar Você já tinha ouvido falar em capital cul
tural? Qual o capital cultural de seu grupo ou da juventude de sua comunidade? Você já ouviu falar do conto “A roupa nova do rei”? O que hoje os jovens gritam à socie dade? Como você encara esta questão do diálogo entre as gerações? Quais são os elementos que favorecem e os elementos que impedem o protagonismo juvenil em sua comunidade? Qual a ação iniciada e implantada por você, em sua casa, escola, comunidade?
mudança na concepção de educar; mudança nos métodos de educação; mudança nas metas da educação.
Vamos aprofundar? Mudança na concepção de educar A primeira mudança diz respeito ao modo de entender a educação na sociedade. Isto é, está se des cobrindo que educar é mais que ensinar! Embora a escola e o ensino nela ministrado constituam-se num fator importante e necessário da educação, a educação não se reduz à escola nem ao ensino. Ela contempla não apenas um período da vida, mas a vida inteira, como também diz respeito a todos os espaços da socie dade, não ficando apenas restrita à escola. Aprende-se e ensina-se também na família, no trabalho, na rua, nos partidos políticos, nas igrejas, isto é, em todos os espaços nos quais as pessoas se reúnem e convivem. Há um movimento, com sede em Barcelona, Espanha, reunindo prefeituras de vários países, chamado Cida
Novos jeitos de aprender e ensinar Uma outra mudança cultural em curso – na qual a ação Tribos nas Trilhas da Cidadania também se insere – diz respeito aos novos jeitos de aprender e ensinar. Pode ser que a gente não perceba – e ache o mundo da educação sempre igual –, mas o fato é que a educação
82
83
83
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 84
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
des Educadoras, e nele se reflete e se trabalha a dimen são educativa da cidade: em suas praças, ruas, museus, espaços públicos, as cidades modernas se constituem como uma grande escola. A ação Tribos nas Trilhas da Cidadania evidenciou esses novos espaços de educação. Quando jovens parti cipam de um projeto social, há aí, claramente, uma aprendizagem e um momento educativo único, em que se aprende a ser exigente – mas sublime! – lição da solidariedade e do compromisso social. As ações volun tárias como as desenvolvidas neste projeto proporcio naram aos seus participantes saberes e conhecimentos inéditos, habilidades e atitudes únicas, tais como um conhecimento vivencial da realidade social, a convi vência em sociedade, etc. É claro que não podemos contrapor simplesmente o conhecimento adquirido no projeto social com o conhecimento adquirido na sala de aula: longe de se excluírem mutuamente, esses dois campos se complementam. Há muitas escolas que tomam a experiência social como ponto de partida para o aprofundamento teórico que a escola proporciona: os de poi men tos relatados no item “O testemunho dos professores” atestam isso claramente. O diálogo e o estabelecimento de laços estáveis entre escola e comu nidade trazem benefícios para ambos os lados: a comuni
84
dade dá à escola a possibilidade de desenvolver sabe res que seriam impossíveis se a escola ficasse restrita ao seu mundo, e ao mesmo tempo a escola traz para a comunidade saberes, relações e práticas que não teria se não se abrisse a essa relação.
Mudança nos métodos de educação A segunda mudança diz respeito aos métodos da educação, especialmente naquilo que envolve as pes soas que participam do processo educativo. Durante muito tempo, estabeleceu-se entre nós – e em alguns lugares isso ainda é muito forte – aquilo que Paulo Freire consagrou como a educação bancária. Educação bancária porque os alunos desempenham um papel apenas passivo, sentados nos bancos escolares, e nela os professores desempenham todo o papel ativo, como aqueles que sabem, que ensinam, que detêm o saber e o conhecimento. Os alunos “não sabem”, e a missão do professor é transmitir seu saber a eles. A proposta principal desse grande educador brasileiro – infeliz men te ainda não totalmente posta em prática em muitas escolas – é a da educação libertadora, pela qual os alunos desempenham um papel ativo, de sujeito, e não de meros objetos, responsáveis pela construção do
85
85
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 86
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
conhecimento. Essa dimensão comunitária e coletiva do ato de aprender foi sintetizada em uma frase clássica desse notável educador brasileiro: “Ninguém educa ninguém, mas todos nos educamos juntos”. Os tantos conhecimentos adquiridos durante a ação Tribos nas Trilhas da Cidadania não foram impostos nem alcançados isoladamente, mas obtidos a partir dessa dupla experiência de cada um, ao mesmo tempo, entender-se como sujeito que indaga e sujeito que estabelece relações com outros sujeitos. Sujeito que indaga porque tem em si esta curiosidade de apro fundar, de buscar, de construir os seus saberes. Sujeito que estabelece relações com outros sujeitos porque é social por natureza. A educação acontece verdadei ramente quando este duplo sujeito – que indaga e que estabelece relações sociais – é ativado e colocado em evidência.
apenas para o mercado do trabalho, há também a ten dência, por parte de muitos educadores e setores da sociedade, de atribuir outros papéis e metas à edu cação, como, por exemplo, o de formar cidadãos e cidadãs, ativamente participantes e responsáveis pela sociedade em que vivem, e não apenas consumidores e burocratas. A educação para a cidadania é, hoje, uma tarefa que nenhuma instituição educativa pode se dar ao direito de dispensar. A escola, mais que um depósito de conhecimentos ou uma etapa para o êxito e o sucesso, é um espaço privilegiado de socialização: estudamos na escola para desenvolver nossos conheci mentos, atitudes e habilidades sociais e para contribuir maduramente para o desenvolvimento e o crescimento da nossa comunidade. A ação Tribos nas Trilhas da Cidadania constituise, sobretudo, em um momento de educação para o exercício da cidadania, trazendo dentro de si outras dimensões, como a educação ambiental, a educação para a paz, a educação artística, etc.
Mudança nas metas da educação A terceira mudança em curso possui relação com os objetivos que são atribuídos à escola no con junto da sociedade. Embora seja muito forte, especial mente pelo impacto da globalização, a tendência de considerar a escola como um elemento de preparação
86
Para conversar O que você aprendeu com o trabalho volun
tário?
87
87
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 88
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Quais os traços de educação libertadora
de desigualdade e de desrespeito da liberdade. Depois, no século XX, quando da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, novos passos foram dados, tais como o reco nhecimento dos direitos sociais, a busca de superação da discriminação racial, o acento dado nos direitos das mulheres, entre outros. Não foi só o estilo de vida que mudou nos últimos anos, com o advento do mundo das comunicações, Internet e novas formas de energia: tam bém o mundo social assiste a um movimento de reorgani zação, na direção de valorização do direito de cidadania de cada homem e de cada mulher do planeta. A ação Tribos nas Trilhas da Cidadania também trouxe novas pistas no que diz respeito aos deveres da cidadania, isto é, um novo modo de entender a cidada nia que enfoca a participação de cada cidadão e cidadã na construção da sociedade, e nesse novo enfoque se destacariam os seguintes aspectos: a dimensão ativa da cidadania; a vivência de mecanismos promotores da cidadania; os benefícios da inclusão.
que você vê presentes em sua escola? E do método bancário? Conte momentos, experiências e fatos em que você aprendeu cidadania. Conte momentos, experiências e fatos nos quais você exercitou sua cidadania.
Novas pistas de cidadania ativa Cidadania deriva de cidade e tem relação a como se estruturam as relações entre os membros de uma comunidade, que pode ser um bairro, uma cidade ou uma nação. Hoje, especialmente pelos novos enfoques trazidos pela globalização, fala-se também em cidadania planetária, apontando para a responsa bilidade que temos, não apenas como brasileiros, mas também como cidadãos do mundo. Como toda noção social, também a cidadania foi construída pela humanidade, isto é, fomos, por meio das gerações e dos movimentos sociais, aprendendo a ser cidadãos e a viver em sociedade. Um momento sem dúvida marcante foi no século XVIII, quando foram reivindicados e proclamados “os direitos do homem e do cidadão”, para contribuir na superação de situações
88
É bom conversar sobre cada um separadamente, não é mesmo?
89
89
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 90
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Se cidadania ativa significa participação respon sável, para além de toda omissão e indiferença, pode mos dizer que os participantes das Tribos nas Trilhas da Cidadania fizeram esta experiência do público e do coletivo num tempo em que, segundo os estudiosos, há uma redução do espaço público. Isto é, vivemos num contexto de sociedade em que reina um certo desinte resse e desencanto com a participação e pela própria idéia democrática, colocando a ênfase no privado e em estratégias individuais, excluindo qualquer possibilidade de um mínimo de solidariedade. Os jovens das Tribos mostraram, exatamente, um encantamento pelo social, ultrapassando os limites dos seus pequenos mundos e indo desbravar o terreno do público, enfim, do que diz respeito a todos. Esse exercício da cidadania ativa e esse resgate da participação pública se dão por dois canais ou instru mentos privilegiados: a palavra e a ação. Uma das experiências humanas mais originárias é o dizer a sua palavra. É a palavra que caracteriza e distingue o ser humano, como já havia notado o filó sofo Aristóteles na Grécia Antiga: o ser humano é um animal dotado de fala. O cidadão é aquela pessoa que se expressa por sua palavra ao mesmo tempo em que esta é reconhecida como portadora de sentido. Talvez uma das tragédias de nossa sociedade e de seus espa ços é a dificuldade que muitas pessoas têm de poder
A dimensão ativa da cidadania Em primeiro lugar, a experiência da cidadania ativa. Há autores que afirmam claramente que cidadania é consciência de direitos e deveres – o que chamam de cidadania ativa – em oposição à outra forma de ser cidadão e cidadã, que desconhece esta dimensão de direitos e deveres – cidadania passiva. A educadora e socióloga Maria Victoria Benavides esclarece bem esta diferença entre cidadania passiva e cidadania ativa: Todos são cidadãos passivos porque todos, numa determinada sociedade, estão sujeitos à inter venção e sanção de uma ordem jurídica. Todos são cidadãos passivos garantidos por uma determinada constituição que atribui deveres e direitos. Todos são cidadãos passivos a partir da idade civil de res ponsabilidade. Eles só se tornarão cidadãos ativos quando efetivamente assumirem uma respon sa bilidade em relação a essa participação nas esferas de poder, tanto para participar de processos deci sórios, como para se organizar na reivindicação de direitos sociais, econômicos, culturais. Então, o indivíduo realmente constrói essa sua condição, ele se torna um cidadão ativo, e essa cidadania está ligada também a uma pré-condição, que é a da responsabilidade civil. 23 23 BENAVIDES, Maria Victoria. O que é formação para a cidadania. 21 [s.n.], 2000.
90
91
91
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 92
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
dizer a sua palavra. E certamente o fascinante da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania foi a possibilidade de dar a palavra aos jovens, não apenas a oportunidade de fazerem uso da palavra, mas a possibilidade de eles e elas poderem dizer a sua palavra, de expressarem seus desejos e utopias, reivindicações e propostas. A ação nasce no momento em que as pessoas estão convivendo. Aqui podemos distinguir entre fazer e agir. Faz-se uma cadeira, uma receita de bolo, um texto – é uma relação humana com o mundo –, enquan to o agir está relacionado com a coletividade humana: protesta-se contra tal medida, reivindica-se por aquilo, etc. Esta distinção entre fazer e agir talvez nos permita concluir que em nossa sociedade aprendemos a fazer muitas coisas, mas a agir pouco. O que põe em evi dência a importância das Tribos nas Trilhas da Cidadania como espaço de ação coletiva, que gera o novo e transforma a convivência humana por intermédio do “agir”.
constituindo Tribos. As Tribos também não agiam de forma isolada: havia o Conselho Tribal, no qual as Tri bos podiam contatar e estabelecer laços com represen tantes da comunidade a ser beneficiada com sua ação, com representantes do poder público ou da sociedade civil organizada. E mesmo as decisões do Conselho Tribal que diziam respeito ou envolviam a sociedade civil necessitavam passar pelos mecanismos de parti cipação desta mesma sociedade. Aqui entra a importância de descobrir os vários canais de participação da sociedade, de interagir com os diversos movimentos sociais que compõem a mes ma sociedade e de aprender a trabalhar em rede e par ceria com os diversos segmentos e grupos que fazem parte da comunidade. Trata-se de uma experiên cia cidadã fundamental: a descoberta de como se estrutura o espaço público, seus mecanismos, seus ritmos e instrumentos. Assim, como cada criança vai crescendo e descobrindo como se estruturam as relações com o mundo que a circunda, e vai se educando, da mesma forma o cidadão: ele é reconhecido como tal no momen to em que interage com e nos diversos espaços da sociedade. Porque a sociedade não é espontaneísta, ela passa pela organização. Ao agirem organizadamente, ao darem uma estrutura para o seu voluntariado e solidariedade, os
A vivência de mecanismos promotores da cidadania Um segundo aspecto a destacar é a descoberta dos mecanismos de participação cidadã. Os voluntá rios não agiam solitariamente, mas solidariamente,
92
93
93
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 94
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
incluir este grupo, superando preconceitos, barreiras, etc. Mas o principal caminho da ação das Tribos nas Trilhas da Cidadania foi que os jovens se incluíram. Numa sociedade em que, muitas vezes, o jovem é des prezado, ao participarem ativamente dessas ações de voluntariado como sujeitos, eles e elas disseram estar dentro da vida da comunidade, quebrando todos os preconceitos e estereótipos que se criaram a respeito da juventude, tais como “os jovens não querem nada com nada”. De fato, não apenas os jovens têm um ideal muito forte e amplo, como são capazes de dar passos muito concretos na sua realização.
jovens das Tribos nas Trilhas da Cidadania criaram familia ridade com os mecanismos promotores da cidadania. E, para eles e elas, certamente, este mundo se abriu: foram iniciados em seus segredos e podem agora exercê-la com todo vigor e responsabilidade.
Os benefícios da inclusão Um terceiro ponto, quase um indicativo da cidadania ativa, é a inclusão. Se cidadania rima com democracia e com igualdade, somente há cidadania ativa quando há inclusão. Talvez este tenha sido um dos aspectos mais característicos da ação das Tribos nas Trilhas da Cidadania: foi uma ação de inclusão! Em primeiro lugar, porque as Tribos incluíram, isto é, desenvolveram ações de solidariedade que pro curaram superar a marca de exclusão de nossa socie dade. Este movimento de inclusão se fez em várias direções, incluindo vários grupos, tais como: pessoas portadoras de necessidades especiais, comunidades carentes, idosos, menores, doentes, etc. Este processo de inclusão foi uma mão dupla, tanto no aspecto de que um determinado grupo incluía-se na comunidade maior, como no sentido de própria comunidade maior
94
Para conversar Cite exemplos de cidadania ativa e cidadania
passiva em sua comunidade. Quais os canais de participação e movimen tos sociais que estão abertos ou que os jovens podem abrir em sua cidade? Você já se sentiu partícipe de uma ação inclu siva? Qual? Você se considera um cidadão ativo ou passivo?
95
95
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 96
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
gUIA PARA NOVAS TRILHAS 96
Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar do trigo o milagre do pão E se fartar de pão. Decepar a cana Recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel Se lambuzar de mel... Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra propício à estação E fecundar o chão... (Chico Buarque de Hollanda, Cio da Terra)
97
97
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 98
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Uma das preocupações que marcaram a ação de
Procure sua escola e forme sua Tribo!
muitas Tribos e os debates do Fórum Tribal foi a conti nuidade das ações. Em todos os participantes havia este cuidado para que a ação Tribos nas Trilhas da Cidadania
Se é verdade que o voluntariado apresenta uma dimensão pessoal insubstituível – ninguém pode ser voluntário por você! –, é verdade também que ele traz em si um aspecto coletivo e comunitário bem determi nado. É no seio de um grupo e a serviço deste que se desenvolve o voluntariado. O voluntário não é jamais um espécie de herói isolado, mas membro de um gru po voluntário. Por isso, o primeiro passo nas Trilhas da Cidadania é a constituição de uma equipe de ação. A inspiração das Tribos sempre aponta para esta direção de coletividade e comunitariedade. Ninguém nasce sabendo conviver: a gente apren de a conviver. O grupo/Tribo, tais como a família e a escola, constituem-se espaços importantes de sociali zação para muitos jovens. Cada membro do grupo é ensinante e aprendente no que diz respeito ao viver em grupo, isto é, cada um tem sempre o que ensinar e o que aprender quando se trata de uma relação comuni tária. Talvez o segredo de uma Tribo pudesse ser resu mido em duas palavras: relação e participação. A relação diz respeito à coesão de um grupo, à capacidade de este grupo estar unido e manter-se unido
não fosse algo episódico e passageiro, mas incorporado como um método na vida dos jovens e das comunidades que dela participaram. De fato, estamos vivendo um tempo que pede muita ação – há que se debulhar o trigo para fartar-se de pão, há que se decepar cana para se lambuzar de mel. E há muitos jovens desejosos de participar deste imenso mutirão de fazer frutificar nossa terra, nosso povo. E a dificuldade que muitos encontram é mais de ordem metodológica: como é que posso fazer? Como posso ser solidário? Como posso voluntariar? Daí que este texto não quer apenas ser um relato e uma análise do que passou, mas também abrir perspec tivas para o futuro. Se você deseja firmar sua Tribo, se você deseja criar uma nova, enfim, se você deseja seguir com disposição e empenho pelas trilhas do voluntariado e da solidariedade, então, siga as dicas seguintes!
98
99
99
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 100
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
durante a ação. Sobretudo está relacionada com o diá logo, uma prática reivindicada atualmente por muitos, mas também uma capacidade pouco desenvol vida entre nós. São muitos pensadores que têm nos lembra do que o diálogo não é algo que se acrescenta ao ser humano, mas sua dimensão constituinte: ser humano é dialogar, a existência humana é constituída dialogica mente. O esquema que estrutura o diálogo não é “um-depois-do-outro”, mas “um-com-o-outro”, em que ouvir, não guardar para si a última palavra e abrir-se ao diferente constituem atitudes fundamentais. Num diálogo autêntico e verdadeiro, não somos nem especta dores passivos nem assistentes indiferentes ou membros dominadores, mas parceiros. Porque o diálogo não se dá apenas em nível de fala: é, sobretudo, uma expe riência do encontro e da amizade. A participação possibilita a coesão na medida em que os membros de um grupo se sintam co-responsáveis pela ação que estão realizando. Nada mais prejudicial a um trabalho de grupo que uma “eu-quipe”, isto é, uma pessoa ou um pequeno grupo que monopoliza as decisões e/ou as ações. Para uma participação ativa, é importante lembrar que:
ação compete a todos os participantes de um grupo e não é tarefa apenas de sua coorde nação ou liderança; todos devem participar das ações do grupo.
Aqui é importante a sabedoria de poder valo rizar as capacidades de cada um. Os criativos são ótimos para serem envolvidos na arreca dação de recursos, enquanto aos que têm o dom da organização pode-se dar a tarefa de planejar os eventos. Os que sabem escrever bem podem se ocupar dos textos, enquanto os que contam com dotes artísticos cuidam das partes que envolvem essas competências. Os comunicadores podem ser responsabi li zados pelas relações públicas, enquanto aos entusiastas caberá a animação do grupo. Lem bre-se: todos possuem alguma habilidade que pode enriquecer o grupo/Tribo; todos devem participar dos benefícios da
ação. O que foi decidido e realizado por todos deve ser usufruído por todos!
todos devem participar das decisões do
Além de garantir a relação e a participação, um mínimo de organização é também importante para
grupo. Escolher os rumos e opções de uma
100
101
101
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 102
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
o sucesso de um grupo/Tribo. É bom, por exemplo, que tenham a lista dos números de telefones e e-mails de todos, para facilitar a comunicação. Alguém que coordene pode agilizar e mesmo garantir o avanço da Tribo (veja no quadro algumas dicas para um bom coordenador). Um serviço de secretaria e de finanças é importante também. O grupo/Tribo também deve trabalhar em con tato e manter a articulação – hoje se usam muito as palavras rede e parceria – com outros grupos. Um grupo isolado – que não leva em consideração o trabalho e a contribuição de outros grupos, iguais ou diferentes – perde muito da possibilidade de alcançar seus objetivos. As reuniões do grupo/Tribo são momentos essen ciais do processo. Daí a importância de elas serem, ao mesmo tempo, animadoras e eficientes. Uma reunião deve ser animadora, isto é, as pessoas devem se moti var e entusiasmar com aquilo em que estão envolvidas. Palavras gentis – mesmo se há discordância de idéias –, bem-estar e atenção às necessidades de cada um são elementos importantes para garantir a leveza da rela ção. Mas as reuniões devem ser eficientes, atingindo os objetivos propostos. A palavra deve ser dada a todos, sem monopólios, e quem coordena não deve per mitir desvios. Veja ao lado um roteiro para reuniões.
102
10
Os mandamentos de um bom coordenador
24
1 Ter visão do objetivo do grupo: saber em que dire ção deve caminhar o grupo. 2 Entender de metodologia, isto é, saber trabalhar de modo a chegar ao objetivo previsto. 3 Saber conduzir uma reunião. 4 Ser bom cobrador, em vez de fazer tudo sozinho. 5 Saber controlar o tempo, mantendo o foco da
reunião e cuidando da objetividade e da pontuali dade.
6 Ter boa capacidade de organização, garantindo o
planejamento das ações, seu acompanhamento e avaliação.
7 Saber despertar novas lideranças. 8 Dar testemunho de vida coerente. 9 Ter empatia e sensibilidade para com os membros do grupo. 10 Ser entusiasmado. 24 BORAN, Jorge. Juventude, o grande desafio. São Paulo: Paulinas, 21 1982. p. 314-317. Adaptação.
103
103
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 104
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Um roteiro para as
Escolha sua Trilha e estude a temática
reuni0es de sua Tribo Veja a seguir alguns passos importantes para garantir uma reunião eficiente e agradável:
Estruturada a Tribo, é hora de escolher a Trilha, isto é, definir o campo de atuação do grupo de voluntá rios. Para facilitar essa tarefa, é bom que o grupo/Tribo possa responder à seguinte pergunta: que problema social motiva uma intervenção? O fato de existirem problemas complexos não significa que nada podemos fazer. Escolhida a Trilha, é hora de fazer o levanta mento de outras organizações que queiram ou já desen volvam trabalho nesse sentido, procurando conhecer o trabalho que desenvolvem e estabelecer parcerias. Se podemos trabalhar em rede, por que trabalhar isolados? Também é importante reunir o maior número de informações sobre a problemática. Hoje, mais do que nunca, o conhecer bem teoricamente uma questão permite fundamentar bem a ação. Uma ação estudada tem muito mais possibilidade de ser conseqüente do que uma ação espontaneísta. O grupo/Tribo deve procurar levantar o maior número de informações. Por exemplo, se a Trilha escolhida foi a ecologia e o grupo se sente motivado
1 organização da pauta do encontro: fazer uma lista, com antecedência, de todos os assuntos que devem ser debatidos. 2 acolhida e boas-vindas, incluindo uma pequena apre sentação dos presentes (ou dos novos), se for o caso. 3 leitura da ata da reunião anterior (quando houver). 4 se for o caso, podem ser divididas algumas tarefas básicas: quem coordena, quem secretaria, quem será o cronometrista, etc. 5 cumprimento da pauta proposta. Quem coordena a reunião deve: distribuir bem o tempo, para que todos os assun tos pautados sejam discutidos oportunizar para que todos possam fazer uso da palavra impedir desvios ou discussões desnecessárias ou conversas paralelas 6 distribuição de responsabilidades (criar grupos por temas). 7 comunicações. 8 avaliação da reunião. Uma boa dica é: que bom que, que pena que, sugiro que.... 9 planejamento do próximo encontro: data, local, quem coordena... 10 confraternização e celebração. 1 1 elaboração da ata do encontro.
104
105
105
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 106
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
a intervir na transformação de um lixão, é importante reunir todos os dados: quando começou? Qual a quan tidade de lixo que recebe? Quais as conseqüências? Que tipo de lixo é recebido? O que poderá ser feito com ele? Além dos dados da realidade, é também impor tante reunir informações teóricas sobre a temática. No exemplo dado, a questão do lixo. Aqui, trata-se de ler, de estudar, de pesquisar. Além das revistas e livros, uma boa fonte de pesquisa é a Internet. Veja, a seguir, alguns instrumentos para oportunizar o estudo. De posse dos dados da realidade e das informa ções teóricas, o grupo/Tribo deve refletir bem algumas questões específicas, tais como as causas, conseqüên cias e solução. Para ajudar a Tribo, é importante organi zar a informação em algum álbum ou mural. É fundamental que todos os membros do gru po/Tribo estejam envolvidos nessa fase. A coleta de informações diz respeito a todos. Também é oportuno perguntar aos especialistas – organizar uma entrevista ou uma visita com alguém que conhece bem o proble ma é uma boa dica. Nessa fase, a preocupação é poder considerar todos os lados do problema, procurando cons truir um quadro o mais amplo e completo possível.
106
Para aprofundar um assunto ou tema Veja abaixo algumas formas bem concretas de que você pode fazer uso para aprofundar um assunto ou tema.
Mesa redonda A mesa-redonda é um bom instrumento para aprofundar um assunto e perceber toda sua importân cia. Quando você organizar uma mesa-redonda, pro cure chamar até três pessoas que vão apresentar vários aspectos da temática a ser debatida. Prepare bem o ambiente: na sala ou auditório, arrume uma mesa com ca dei ras suficientes para os participantes da mesa, orga nize cartazes sobre o tema e não esqueça de colocar copos e água fresca na mesa. Ao começarem os traba lhos, apre sente as pessoas convidadas e o porquê de estar pro movendo a mesa-redonda. Não esqueça, no final, de agradecer às pessoas que você convidou e aos participantes.
debate O debate serve para examinar uma questão ambígua ou contraditória. É importante trazer para os debates os dois ou mais lados da questão. Como na
107
107
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 108
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
mesa-redonda, prepare bem o ambiente, apresente os convidados e o porquê de estar promovendo o debate. Não esqueça de agradecer às pessoas que você con vidou.
oficina A oficina é um instrumento usado para que um grupo relativamente pequeno se aproprie de um deter minado tema. Segundo o dicionário, é o lugar onde se exerce um ofício. No senso comum, é o espaço de criar, consertar e construir “coisas”, mas é também onde se repassa esta construção, este saber. É o caso da oficina de carro, de sapato, de costura e de muitas outras. O que caracteriza uma oficina é a construção gradativa, pes soal e coletiva. Nela, todos participam como num gran de mutirão. Tudo se cria, descobre, compara, constrói, aproveita e transforma. Fundamental numa oficina é sua preparação anterior, especialmente a discussão pelo grupo da temática e dos objetivos. Um roteiro que pode ser seguido:
videodebate O videodebate é um instrumento interessante para lançar uma questão a um grupo ou uma comuni dade. Antes de passar o filme, alguém pode introduzir brevemente o tema, para que os participantes possam entender bem do que se trata. Depois de ter passado o filme, realiza-se o debate. Para que seja legal, é impor tante escolher, antes, uma pessoa para coordenar essa parte. É bom também pensar em algumas questões que possam ajudar a aprofundar o tema. Por exemplo: como este filme me ajudou a entender a temática? Que desa fios ele lança para nós e para a sociedade?
do tema/problema Terceiro: síntese Quarto: comprometimento Quinto: avaliação Sexto: encerramento e confraternização/celebração
mural O mural é um ótimo instrumento para divulgar informações para muitas pessoas, especialmente quan do o tempo é reduzido. Reúna o máximo de material que você conseguir sobre o assunto e organize-o de forma criativa, especialmente lançando mão da lingua gem plástica.
108
Primeiro momento: acolhida e sensibilização Segundo: percepção e aprofundamento
109
109
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 110
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Planeje e organize a ação
Passo 1: Defina bem sua meta Trata-se de precisar bem o que o seu grupo/Tri bo deseja realizar, decidindo qual será o foco e o eixo dos seus esforços. Identifique as necessi dades e as demandas às quais você e sua Tribo desejam responder. Estabeleça bem o alvo e as metas. Lembre-se: estas devem ser possíveis, concretas, mensuráveis, cronometráveis... Espe cialmente, procure definir bem o público que a sua Tribo deseja beneficiar com a ação.
Depois que seu grupo/Tribo estudou bem a questão que está na base de sua ação social, é hora de planejar e organizar a ação. Sem planejamento, há dispersão de forças, frustração e desânimo. Há choque contínuo e superposição de atividades. Gastam-se ener gias inutilmente. É necessário, portanto, planejar. É bom que cada grupo/Tribo faça um planejamento de suas atividades com toda tranqüilidade, antes de lançar-se às atividades. Deve-se tomar o cuidado de fazer o pla nejamento com os pés no chão, organizando somente aquilo que o grupo/Tribo tem condições de realizar. Um bom planejamento possibilita concentração de energias e evita que se desperdicem forças e recursos. Não receie investir tempo numa boa reunião de planejamento com seu grupo/Tribo. Antes, porém, assegure-se de que todo seu grupo tenha cumprido muito bem o passo anterior: do aprofundamento da temática com que se vai lidar. Caso contrário, o plane jamento poderá encontrar como obstáculo um grupo despreparado.
Passo 2: Estabeleça a ação
Aqui, faz-se necessário identificar o tipo de ação ou de ações que contribuirá para atingir mais eficazmente a meta proposta. Também se deve perguntar pela viabilidade da ação defini da, bem como seu impacto diante da população beneficiada. Procure desdobrar a ação em todos os passos necessários. A seguir, você encontrará uma série de sugestões de ações possíveis e de indicações para sua realização.
Passo 3: Organize a estratégia
O segredo de uma ação está, muitas vezes, ligado a alguns cuidados a serem tomados para apoiar a ação. Entre outros: identificar as pes soas com quem você poderá contar – parceiros
Veja alguns passos a serem dados para seu gru po/Tribo organizar um bom plano de ação.
110
111
111
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 112
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
– para a realização da ação; pensar como será feita a formação e a preparação das pessoas que irão atuar; organizar o contato com a mídia e a divulgação.
Passo 6: Firme um cronograma Definir um cronograma viável vai ajudar em muito no sucesso de sua ação. Comprometa-se em torná-lo realidade.
Passo 4: Distribua responsabilidades
Passo 7: Preveja a avaliação e os critérios de avaliação
É a velha questão da fábula dos ratos e do gato: depois que os ratos decidiram que o melhor para garantir sua tranqüilidade era amarrar um sino no pescoço do gato, ficava em aberto a questão sobre quem iria executar esta decisão. É um ponto de estrangulamento de muitas ações. Defina bem os responsáveis pela execução de cada passo: quem faz, quando faz, onde faz e como faz?
O processo de avaliação começa assim que você começa a agir. Sem avaliação e organização uma ação não poderá desenvolver-se. Para avaliar sua ação, faça uma reunião específica e liste tudo o que deu certo, tudo o que não deu certo e o grau de dificuldade. E qual foi o resultado final para o beneficiado. Registre tudo em uma ata, para facilitar os próximos encontros.
Passo 5: Faça um orçamento e organize-se para levantar os recursos necessários
Um outro passo fundamental é a definição dos recursos, sejam materiais ou financeiros. Eles podem ser obtidos seja articulando a ação com outros grupos, seja por meio de atividades de arrecadação de recursos, tais como vender bis coitos, organizar jantar ou um baile, promover sessões de cinema, lavar carros, desfile de modas, etc. Aqui é fundamental que o grupo/Tribo use totalmente sua criatividade. Peça a ajuda da comunidade e mobilize pessoas.
112
Quem sabe faz a hora nao espera acontecer! Além daquelas ações já sugeridas no item “para aprofundar um assunto ou um tema”, que poderão ser utilizadas também como ação de seu grupo, veja algumas sugestões de ações que você poderá organizar:
113
113
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 114
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Teatro
chamar a atenção das pessoas. Caso for coletar assina turas, tenha canetas em número suficiente.
O teatro é um excelente meio para divulgar e lançar questões à comunidade por meio da arte. Podese também utilizar o teatro de bonecos e fantoches.
caminhadas As caminhadas têm, geralmente, um bom im pacto na opinião pública. Escolha um itinerário fácil e comunique antecipadamente às autoridades. Selecione algumas pessoas para garantir a segurança, tomando todos os cuidados para que tudo transcorra pacificamente. Prepare faixas, cartazes e bandeiras. A caminhada pode ser silenciosa ou, então, ser realizada com palavras de ordem ou cantos. É importante que a caminhada tenha um encerramento marcante: um encontro, um gesto, a entrega de uma carta às autoridades.
Caravanas educativas Pessoas preparadas vão até um lugar, levam material sobre determinada temática e divulgam na comunidade.
conferencia Uma conferência – ou palestra, como costuma mos dizer – tem por objetivo trazer uma série de infor mações a um público determinado, proporcionando que este se sensibilize ou aprofunde determinada temática. Depois de escolhido o conferencista, acerte com ele todos os detalhes de agenda. Veja um espaço adequado e capriche na divulgação.
Estande ou banquinha Um estande permite coletar assinaturas para uma causa ou distribuir material e informações para o grande público. Consiga uma mesa e algumas cadei ras. Escolha um lugar e uma hora de boa circulação de pessoas. Tenha um cartaz ou faixa com o nome da sua campanha. Balões e bandeirolas podem ajudar a
114
115
115
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 116
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
exposicoes
Pedagio
Como diz o ditado popular, “uma imagem vale mais que mil palavras”. As exposições constituem um meio muito eficaz de passar a mensagem de sua cam panha e de comunicar a situação de algum problema. Consiga as fotos, ou gravuras, cole-as em papel colo rido. Prepare o lugar, colocando as fotos em cavaletes ou outro lugar apropriado. Não se esqueça de divulgar bem sua exposição e de fazer uma abertura solene, com direito a inauguração, convidados e imprensa!
A vantagem de um pedágio é a abrangência e a diversidade do público que atinge. Pode-se realizar um pedágio para divulgar iniciativas ou coletar recursos. Escolha bem o dia e a hora e não se esqueça de treinar bem os que irão atuar: além de uma abordagem gentil, devem estar preparados para eventualidades ou rea ções negativas. O segredo de um bom pedágio está na reciprocidade: quem doa gosta de receber algo em troca, como uma muda de árvore, por exemplo! Não se esqueça de obter a devida licença dos órgãos públicos ou da Prefeitura.
Jantar ou cha beneficente Um jantar ou chá beneficente têm por objetivo coletar recursos para determinada situação. Escolha bem o cardápio e veja tudo de que você vai precisar. Orga nize bem as equipes. Procure baratear custos, coletan do tudo que será necessário. Planeje bem a divulgação e tente colocar os ingressos com antecedência. Quanto mais pessoas você envolver, melhor! Uma estratégia que tem sido adotada é escolher padrinhos e madrinhas do jantar, que se encarregarão de vender e distribuir os ingressos. Não se esqueça de agradecer a todos que ajudaram, bem como divulgar amplamente os resul tados alcançados.
116
Mutirao O objetivo de um mutirão é realizar, com a participação de muitos, uma tarefa exigente, tal como construção de casas, plantio de hortas, limpeza de ruas, etc. Tenha uma boa equipe de coordenação do muti rão, para definir bem as tarefas. Não se esqueça de providenciar com antecedência os instrumentos e mate riais necessários para a execução da tarefa. Procure também criar um clima agradável durante o mutirão, para que ele seja algo inesquecível na vida de quem dele participa. Uma confraternização final também pode ser uma boa dica!
117
117
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 118
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
pessoal, momentos de confraternização e convivência, celebrações, atividades artísticas que educam e alimen tam o espírito ou mesmo atividades esportivas. São elementos que garantem a vitalidade de qualquer gru po/Tribo, porque ativam as dimensões mais profundas, como a sensibilidade e o encantamento. Sem o lúdico, o engajamento social pode resultar num formalismo e não se manter. Por outro lado, garanta sempre a profundidade e a seriedade do seu voluntariado e da sua ação social. Alegria e responsabilidade são duas palavras que podem sempre ser conjugadas! Sem a responsabilidade da intervenção social – aquilo que se está fazendo diz respeito à vida de pessoas, e a vida de pessoas é algo muito sério! –, a ação pode-se transformar em super ficialidade ou inconseqüência. Procure manter sempre uma visão global. Não deixe pequenos problemas ou comentários afetarem o trabalho a ser realizado, nem se abata diante das peque nas dificuldades. Não desista se alguém desiste. Tenha sempre presente a necessidade das pessoas que espe ram sua intervenção, a grandeza e a magnanimidade do seu coração jovem e a força inquebrantável do amor e da solidariedade.
Celebre e curta! Finalmente, um passo importante a ser trabalha do durante todo o processo: celebrar e festejar. Se por um lado o trabalho voluntário tem seu aspecto árduo – como todo trabalho –, por outro tem sua dimensão de realização: deve ser legal e divertido fazer volunta riado, como um caminho de realização e felicidade. O grupo/Tribo nasce da amizade, comunicação e confiança recíproca. O grupo/Tribo não é um lugar ou uma hora de encontro, mas a reunião de pessoas que mantêm entre si uma comunhão. É importante que cada grupo invista, em primeiro lugar, na sua relação, tornando-a profunda. Momentos de gratuidade e de convivência podem ajudar muito: uma pipoca ou pizza, um jogo ou música, ou mesmo o simples fato de estar todo o grupo reunido! A questão toda é manter a motivação do grupo/ Tribo. Tente não perder o foco, mas também não deixe de fazer do engajamento uma experiência memorável. Procure sempre trabalhar com duas dimensões: a dimensão do engajamento e a dimensão lúdica. Tente garantir sempre uma atividade de inte gração, uma brincadeira, um momento de relação mais
118
119
119
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 120
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Do analise de conteudo
participante
das avaliacoes
e sua
emitidas por alunos, pais e professores
palavra Leandro Pinheiro
120
121
121
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 122
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
As observações foram abordadas, aqui, numa descrição dos argumentos dos participantes, reunidos por temas de análise. Primeiramente, verificou-se que respostas se pretendia buscar por meio dos formulários de consulta elaborados. Realizada esta etapa preli minar de tratamento dos dados, foram estabelecidos temas amplos para organização das respostas, partindo do que se entendeu como “buscas” dos elaboradores dos questionários.26 Por fim, contrapondo respostas desejadas e obtidas, na análise das consultas propria mente ditas, resultou o texto que se segue, organizado nos seguintes temas: Efeitos sobre a comunidade esco lar; Impacto para a aprendizagem do aluno; e Interesse dos públicos e continuidade da ação.
A análise aqui proposta objetiva apresentar as opiniões dos participantes da primeira edição de Tri bos, refletindo as potenciais repercussões da ação para a vida das pessoas envolvidas, em particular, no coti diano da comunidade escolar e na aprendizagem do jovem atuante. Este trabalho procura elencar, também, proposições ao aprimoramento da ação, conforme os desejos manifestados pelos alunos atuantes.
A análise ...
Para efeito de avaliação e melhoria da ação, foi efetuada consulta por questionário aos três públicos mais diretamente envolvidos. Foram enviados 1.176 formulários para as 56 Tribos (escolas ou grupo de escolas) que apresentaram relatórios de atividades ao final do evento: 560 questionários para alunos, 560 para familiares (dos jovens) e 56 para escolas. Obtiveramse 228 respostas de alunos (40% dos formulários enviados), 154 de familiares (27,5% dos enviados) e 40 de professores (71% dos enviados). 25 25 A consulta aos públicos foi encaminhada pelos organizadores das 1 Tribos nas Trilhas da Cidadania (Rita Patussi – Coordenadora de Rede na ONG Parceiros Voluntários – e Manoel Henrique Coutinho – con sultor especificamente contratado) como medida de avaliação, buscan do contribuições ao aprimoramento da ação. Com isso pretende-se salientar que não se trata de resultados de uma pesquisa, mas da análise de conteúdo de informações obtidas junto aos participantes, evidenciando reflexões e proposições à ação mobilizatória.
122
26 2
123
Os questionários foram elaborados pelos organizadores das Tribos nas Trilhas da Cidadania.
123
TRIBOS
TRIBOS
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
124
Neste item, inicia-se a análise das informações coletadas junto a alunos, pais e professores. Procura remos trazer uma síntese das respostas, seguida da abor da gem das tomadas de posição dos públicos consultados, evidenciando potenciais repercussões em seus cotidianos. Inicia-se com opiniões manifestadas por pais e escolas, passando, depois, aos alunos. Cabe assinalar, todavia, que não houve a preocupação aqui em estabelecer ordem de tratamento das observações, de forma que os depoimentos dos públicos foram inter calados (entre idas e vindas) conforme exigia o proces so de construção deste texto. 27
Efeitos sobre a
Formação desejada
comunidade
Ao abordar a formação desejada, propõe-se ana lisar a opinião de familiares e escolas (professores) acerca das Tribos nas Trilhas da Cidadania, trazendo as características almejadas para o jovem cidadão que estão educando. Nesse sentido, define-se formação, aqui, como prática e/ou resultado de práticas que organizam o agir de um sujeito de forma integral, em habilidades e também em valores. Formar pressupõe
escolar
27 A compreensão desta análise pode ser subsidiada por consulta ao site das Tribos nas Trilhas da Cidadania: www.tribosparceiros.org.br.
124
125
125
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 126
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
propor um corpo de ações que contemplem o apren dente na imersão às relações que o fazer oportunizado instaura, observando como o sujeito aprende a interagir com o meio, com o Outro. Para uma exemplificação simples, poder-se-iam imaginar as práticas decorren tes de uma relação em que um aluno assiste (sentado, em sala de aula) a seu professor tratar algum conteúdo. Agora, comparativamente, pensemos o mesmo aluno elaborando e executando um projeto social e as ativi dades daí resultantes. E então, cabe a pergunta: que repercussões cada um desses ambientes teria sobre a formação do jovem?
As respostas dos familiares (Anexo 6, questões 4 e 5) afirmam ser contribuições da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania:
“...toda formação supõe uma reflexão sobre o sistema de valores que fundamenta e requer que se coloque em ação aquilo que foi adquirido, de maneira teórica e prática. É a pessoa inteira, nos fundamentos da sua própria personalidade, que é 28 envolvida pelo ato de formação.”
cooperação/solidariedade, responsabilidade e criatividade, proporcionando que o jovem e seus familiares desvendem novas realidades de vida e a importância de ser voluntário.
Oportunidade para que os jovens cuidem de
seu espaço de convívio, com especial aten ção para o meio ambiente (uma das Trilhas). Ade mais, cuidar do espaço é assinalado também na valorização à cultura local e na conscientização sobre regras de trânsito ou limpeza urbana. Possibilidade de educação do jovem para
Momento de integração entre famílias,
O conceito acima será base para a análise con densada neste relatório, mas, por hora, formação será considerada especificamente no que se refere ao dese jado por familiares e escolas para o jovem.
esco las e comunidade, rompendo a rotina escolar. Alternativa de ocupação, evitando que o
jovem permaneça com tempo ocioso, direcio nando-o, além disso, para atividades de ajuda aos “menos favorecidos”.
28 MIALARET (1997 apud. DESAULNIERS, 1997, p.191).
126
127
127
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 128
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
No que tange às escolas, a consulta realizada (Anexo 5, questão 1) indica que a participação na ação se deu por:
gerando um “futuro melhor”, preocupação comum a familiares e escolas e que, é interessante assinalar, não é encontrada de forma recorrente entre os alunos. Tribos nas Trilhas da Cidadania, considerando os elementos relacionados, conta com a concordância de familiares e escolas em propósitos centrais da ação. É interesse desses dois públicos o desenvolvimento de responsabilidade social, espírito comunitário e cooperação, o que fortaleceria o evento no que tange às possibilidades de adesão das comunidades escolares. No caso particular dos professores, fica presente, inclu sive, a necessidade de uma predisposição, expressa em planos político-pedagógicos e ideais dos educadores. Cabe salientar, porém, que o posicionamento e a concordância dos familiares estão permeados pela concepção de “jovem como futuro” (o que lhes opor tunizam agora se destina ao “amanhã”), de modo que, algumas vezes, o envolvimento em projetos sociais ocupa o lugar de um “tempo ocioso” supostamente prejudicial ao aprendente. De outro lado, as escolas consultadas têm em Tribos nas Trilhas da Cidadania também uma ferramenta de integração com a comunidade local, possibilitando que profissionais da educação tenham sua atuação valorizada não só por pais, mas por organizações e autoridades das cidades onde se realizam as ações.
Busca por desenvolver junto aos alunos uma
consciência solidária (responsabilidade social) e/ou preocupação com causas sociais, fazen do, além disso, com que os jovens conheces sem outras realidades; Necessidade/interesse na integração com a
comunidade local, conscientizando a popula ção sobre a importância da escola e promo vendo a participação da população. É elemento comum a busca por uma formação que considere integração à comunidade de convívio, cooperação e responsabilidade social, estimulando o jovem a cuidar de seu ambiente (em dimensões que vão da rua/avenida – regras de trânsito – ao planeta – meio ambiente). Ademais, a valorização de causas sociais viabilizaria também o desejo expresso de que os jovens conheçam outras realidades. É possível descrever a formação desejada como uma prática que integre o indivíduo ao meio, com base em posturas cooperativas e solidárias (não confli tivas), gerando-lhe ainda algum conhecimento novo. Dessa forma, segundo os consultados, estar-se-ia
128
129
129
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 130
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
pautaram a interação entre pais e filhos no período do evento, assinalando o potencial de intervenção sobre tal relação, estabelecendo temas (e, por que não, prio ridades). Tomados por base os propósitos da ONG Par ceiros Voluntários, seria necessário, todavia, estimular maior participação dos pais, para fortalecer o poder de estruturação das Tribos no convívio pais–filhos, o que poderia ampliar as repercussões para constituição de uma cultura de voluntariado, não só pelo aumento de participantes na ação, mas pelo poder social estru turante das relações familiares.
Relação entre pais e filhos É interessante observar as repercussões na relação entre pais e filhos em articulação com o rela tado acima, isto é, pensar a inserção dos familiares nas Tribos nas Trilhas da Cidadania comparativamente à opinião que expressam sobre a ação. Todos os consultados (Anexo 6, questões 1, 2 e 3) tomaram conhecimento da participação dos filhos na ação. Destes, 62% (91 observações) afirmam ter participado com os filhos. No que concerne, porém, à forma de participação, é possível dividir este grupo entre aqueles que apenas incentivaram (45%) e os que de fato participaram (55%). Sendo assim, a participação efetiva dos familiares é reduzida a 35% do total de consultados. Ao mesmo tempo em que postulam uma forma ção permeada de responsabilidade social, os familia res, na maioria dos casos, não demonstram disponi bi lidade efetiva (por motivos não levantados) para atuarem nos projetos sociais junto a seus filhos, o que acaba por delegar à escola a formação desejada. De forma geral, destacaram-se nas respostas dos familiares (questão 3) temas como reciclagem de lixo, contato com realidades diferentes/carentes e importân cia da solidariedade. Esses teriam sido assuntos que
130
Ação, interdisciplinaridade e rupturas A interdisciplinaridade implica a religação de saberes produzidos e disseminados em áreas de conhe cimento distintas. Sua concretização colaboraria para que o campo escolar efetivasse a educação desde uma perspectiva integrada do viver, articulando os conteú dos das disciplinas. 29 Partindo do princípio de que o cotidiano é vivido por inteiro, mediante desafios diá rios (o dia não está dividido em momentos exclusivos 29 MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
131
131
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 132
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
de aplicação de geografia, seguidos de horas de utili zação de matemática, por exemplo), a prática educativa precisaria, então, traba lhar a formação de maneira a integrar/articular os conteúdos curriculares.
contatos e parcerias realizadas. Potencialmente, a ação estaria aproximando os cotidianos escolar e comunitário (cidade), articulando práticas pedagógicas e realidades de vida: de alunos, quando os pais participam, por exemplo; e de pessoas que não costumavam acessar a escola, oriundas de coti dianos que a escola, por seu turno, também não acessava habitualmente – uma emissora de rádio ou uma orga nização da sociedade civil. Sendo radical, o jovem pode ter vivido a experiência de uma escola fortalecida como propositora de desafios e acesso ao mundo (concretizada nas realidades distintas que o voluntário conheceu).
“Perspectiva de articulação interativa entre as diver sas disciplinas no sentido de enriquecê-las através de relações dialógicas entre os métodos e conteúdos que as constituem. A interdisciplina ri da de parte da idéia de que a especialização sem limites das disciplinas científicas culminou numa fragmentação crescente do conhecimento. (...) A interdisciplinarida de é (também) uma orientação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), cujo objetivo é fazer da sala de aula mais do que um espaço para simples mente absorver e decorar informações. Segundo a orientação do Ministério da Educação (MEC), a interdisciplinaridade não pretende acabar com as disciplinas, mas utilizar os conhecimentos de várias delas na compreensão de um problema.” 30
Segundo as escolas consultadas (Anexo 5, ques tão 2), foram disciplinas envolvidas nas atividades das Tribos (em ordem de recorrência de citação):
1. Ciências Físicas e Biológicas; 2. Língua Portuguesa; 3. Educação Artística; 4. Ensino Religioso; 5. História; 6. Geografia; 7. Matemática; 8. Educação Física.
Algumas respostas de familiares (Anexo 6, questões 4 e 6) trazem indícios no sentido de rupturas na rotina escolar. As Tribos teriam contribuído para uma maior integração entre famílias, escolas e comunidade local, materializada num envolvimento mais intenso do jovem com a escola (mais tempo de dedicação presen cial) e projeção da escola na localidade em função de 30 AGÊNCIA EDUCAÇÃO BRASIL. Interdisciplinaridade - Dicionário Interativo da Educação Brasileira. Disponível em:<www. educabrasil.com.br>. Acesso em: 2004.
132
133
133
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 134
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Essa demonstração de considerável abrangência entre os conteúdos curriculares torna Tribos nas Trilhas da Cidadania uma iniciativa passível de gerar interdisci plinaridade, caso a ação resolva privilegiar tal dimen são da prática pedagógica. Embora o evento tenha atin gido várias áreas do conhecimento, não se observaram indícios de que fora promovida alguma articulação entre as disciplinas envolvidas. A interdisciplinaridade, na sua condição de integração de conhecimentos especializados, poderia ser pensada desde a necessidade de um ponto de parti da, um tema gerador, um elo: um projeto, por exem plo. Se considerada a escola, e as atividades educacio nais, na sua dimensão produtora de inserção social,
de integração a cotidianos novos (que não são frag mentados em disciplinas), então teríamos em Tribos nas Trilhas da Cidadania uma possibilidade para gerar interdisciplinaridade e rupturas na rotina escolar, por meio de projetos que instiguem desafios aos jovens, tra zendo outras realidades de vida (cotidianos em curso) para a comunidade escolar. Em síntese, seria possível incentivar que os projetos sociais sejam vistos como ferra mentas para interdisciplinaridade, tendo como tema gerador, por exemplo, a responsabilidade no convívio comunitário: o exercício do cuidar do outro significando os conteúdos; a relação, e não o conteú do, como ponto de partida. Fica, aqui, a provocação ao educador. “A interdisciplinaridade abre as portas para a contextualização, ou seja, ao pensar um problema sob vários pontos de vista, a escola libera pro fessores e alunos para que selecionem conteúdos que tenham relação com as questões ligadas às suas vidas e à vida das suas comunidades. Com essa proposta, para que haja aprendizagem signi ficativa, o aluno tem que se identificar com o que lhe é proposto e, com isso, poder intervir na realidade.” 31
31 AGÊNCIA EDUCAÇÃO BRASIL. Interdisciplinaridade - Dicionário Interativo da Educação Brasileira. Disponível em:<www. educabrasil.com.br>. Acesso em: 2004.
134
135
135
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 136
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Qual cidadania? Propõe-se pensar a cidadania como a maneira com que o sujeito se relaciona com sua comunidade. Historicamente, a humanidade vem constituindo direi tos, deveres e condições de vida (direito de ir e vir, repre sentação política, educação pública, acesso a sistema de saúde, etc.) que configuram a forma de interação social. 32 Para efeito desta análise, porém, será conside rada a atitude do jovem em relação a sua comunidade, verificando expressões de responsabilidade social na atuação comunitária. A partir da formação desejada é possível refletir a concepção de cidadão (e cidadania) entre familiares e escolas (professores) consultados, que manifesta for te concordância com os propósitos das Tribos: sujeito inserido ao meio (pessoal e profissionalmente), pau tado por posturas cooperativas e solidárias (não-confli tivas). Cabe, neste momento, tratar a definição captada junto aos depoimentos de alunos. Quando consultados sobre os motivos para par ticiparem das Tribos (Anexo 4, questão 1), os jovens responderam da seguinte forma (por ordem de recor rência de citações):
Efeitos para a aprendizagem do aluno
32 VIEIRA, Liszt. Cidadania e globalização. Rio de Janeiro: Record, 1997.
136
137
137
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 138
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
temas assistenciais e cooperativos. Há disposição para agir e relacionar-se; demonstra-se interesse por questões sociais (em voga em nosso sistema social – exemplo do interesse no tema “meio ambiente”). Há, de outro lado, algumas concepções que hierarquizam a relação (os “mais necessitados”) e enfatizam o interesse individual (participação por uma curiosidade casual, por exemplo). A cidadania aqui poderia ser resumida assim: uma relação de cuidado com o mundo e com o outro, que, de outro lado, privilegie a expressão dos desejos individuais. Nesse sentido, laços mais fraternos seriam o campo para expressão das individualidades, suas criatividades e interesses. O jovem exige que se consi derem caminhos no limite entre a expressão da indivi dualidade e o respeito à coletividade. E, segundo as respostas dos alunos, o formato atual da ação, numa prática de atenção à coletividade, teria contemplado a busca por pertencimento dos jovens. As respostas de alunos quanto ao que lhes foi mais interessante (Anexo 4, questão 3) corroboram o que fora mencionado acima, trazendo, ademais, novos elementos: Relação com o outro: interação com o bene ficiário e as demonstrações de carinho daí re sul tantes; a sensação de estar ajudando “quem precisa”; a busca por ajudar o outro.
1. vontade de ajudar os outros; 2. consciência ambiental; 3. gosto por partilhar o que sabe (“conscien tizar”)/participar; 4. convite da escola/novidade; 5. responsabilidade com o entorno (cidade); 6. interesse por novos conhecimentos (curio sidade/aprendizagem); predisposição ao volunta riado/causas 7. sociais; 8. convivências novas/pertencimento; 33 9. ajudar os mais necessitados; 10. diversão/alegria (encontros); 11. trabalho em equipe/integração/cooperação. O conjunto retrata formas de consciência da cole tividade em interação com necessidade de expressão/ reconhecimento individual. De outro lado, demonstra uma busca por articulação entre diversão e trabalho. Está presente a busca de um pertencimento afetivo, grupal e territorial, pautado, na ação, por temas sociais e ecológicos: potencial para se estimularem laços de amizade, convívio e solidariedade desde 33 A expressão “pertencimento” será utilizada neste trabalho no intuito 4 de expressar uma busca manifestada por jovens em suas respostas: a necessidade de “fazer parte”, integrar uma coletividade, um grupo identitário.
138
139
139
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 140
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Trata-se de uma cidadania potencial de preo cupação com o outro e com a localidade. É recorrente também a demonstração de necessidade de pertenci mento pelo jovem, procurando a relação com um grupo, uma tribo. Poder-se-ia refletir, neste caso, que Tribos estaria apresentando caminhos/alternativas de sociabilidade, permeados por temas sociais e por res ponsabilidade social. Já as respostas concernentes à possibilidade de propor a própria atividade (Anexo 4, questão 4) demons tram o seguinte agrupamento: 1. importância da participação do jovem des de suas idéias, criatividade num projeto comum; 2. interesse em realizar algo que deseja/gosta, de forma que possa expressar o que é (como pessoa); 3. busca de reconhecimento no grupo, na co mu nidade escolar, na cidade, com os beneficiários; 34
Pertencimento: os encontros com outros
jovens; as amizades; a integração das escolas; a possibilidade de identificar outros “traba lhadores sociais” (identidade); a integração e união das pessoas na realização das atividades; o encontro em Porto Alegre, onde conheceram jovens de outras cidades na mes ma ação; reconhecimento da comunidade escolar. Integração com a comunidade (cidade): aju
da na melhoria da cidade; importância da receptividade da comunidade às atividades desenvolvidas. Resultados do trabalho: a possibilidade de
conscientizar a comunidade sobre o meio ambiente, a violência; perceber as tarefas sendo realizadas com eficácia; a criação em grupo com colegas. Aprendizagem: contato com realidades novas
(carentes ou não); as palestras, os discur sos proferidos; a possibilidade de exercitar a parti cipação, a solidariedade em ações novas; visualizar seu poder de ação.
140
5 34 As referências à formação e/ou cidadania como ‘potenciais’ deve-se à impossibilidade de visualização da continuidade das ações ou da demonstra ção de aplicabilidade dos discursos registrados nesta consulta aos jovens, tendo em vista que o evento foi de curta duração e, por si só, não tem poder de estruturar (formar) o cotidiano dos indivíduos envolvidos. Sen do assim, apresentam-se as considerações deste relatório como possíveis impactos das Tribos e, além disso, como proposições para reflexão.
141
141
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 142
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
4. gosto por aprender com as pessoas, com a
Conforme as respostas obtidas, o jovem deseja participar, pertencer, estar, encontrar-se (com o outro). Num contraponto, a geração de familiares e profes sores apresenta a preocupação com o futuro, com a inserção social. Concepções diferentes, que precisa riam de discursos diferentes na mobilização.
prática; 5. ênfase de um discurso genérico (“muito legal”), que parece referir-se a diversão ou bem-estar no evento. Quando falam das atividades que desenvolve ram, os jovens expressam desejo por uma relação que articule preocupação com o entorno, mas vinculada ao divertimento, bem-estar pessoal. Desejam participar, mas desde seus posicionamentos. Há uma demons tração de gosto pelo participar da construção (confor me suas concepções e habilidades) que o sistema de representação política liberal não atenderia. Em síntese, pelo observado até aqui, seria estra té gico às atividades desencadeadas pelas Tribos nas Trilhas da Cidadania considerar três aspectos: a execução de atividades em tom divertido e lúdico; a busca de pertencimento pelo jovem; e a possibilidade de expres são de idéias e concepções do aluno. Os dois últimos, condições necessárias à dinâmica dos projetos sociais a serem instigados, apresentam-se completa mente imbricados. O aluno, ao poder explicitar suas habili dades e proposições, visualiza seu espaço no grupo, criando laços de pertencimento (mesmo que eventuais, instantâneos), demarcando em sua trajetória a partici pação e o compartilhar duma experiência.
142
Participação É necessário caracterizar a participação que exer ceu o jovem nas Tribos, tendo em vista que sua forma de inserção influencia na formação instaurada, além de expressar a expectativa do aluno ao participar da ação. Ao perguntar por iniciativas que denotassem “mobili zação, articulação e iniciativa” dos alunos, a questão 7 (Anexo 5) traz indícios de como se posicionaram os jovens na construção dos projetos sociais executados. Para efeito desta análise, tomaremos por base definições do Dicionário Aurélio: 35 Mobilização: pôr em ação, movimentar a
partir de um mote coletivo. 35 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. 4 São Paulo: Nova Fronteira, 1996.
143
143
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 144
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Articulação: pôr em contato, juntar forman
iniciativa: participação no planejamento das
do cadeias (em torno de um fim).
ações; confecção de cartazes para toda a escola.
Iniciativa: ação daquele que é o primeiro a
A organização de informações acima é uma tentativa para explicitar a forma de inserção do jovem na primeira edição das Tribos, mas é importante assi nalar que, em geral, as respostas não trazem evidên cias claras e objetivas de mobilização, articulação e iniciativa. Descrições mais detalhadas ou formas alter nativas de coleta de dados poderiam demonstrar com mais objetividade a existência (ou não) das categorias elencadas na questão 7 (Anexo 5). Feito tal ressalva, é possível afirmar que as informações obtidas apresentam sobretudo demonstra ções de mobilização, carecendo de depoimentos que evidenciem a iniciativa dos jovens e sua ação na arti culação de parcerias. Seria necessária uma observação in loco para que fosse possível delimitar qual teria sido efetivamente a participação dos jovens, e como está situada nessa prática a intervenção dos professores. Embora a forma de participação repercuta na formação do aprendente, faz-se necessário analisar a imersão do aluno em práticas de responsabilidade so cial desde a maneira que este deseja participar, considerando que a relação entre o evento e o desejo do jovem influencia na sua adesão às Tribos.
propor ou empreender uma coisa. As ações citadas nas respostas foram classifica das conforme a incidência (ou não) das características definidas acima: mobilização-articulação-iniciativa: criação
de esquetes teatrais; campanhas de conscien tização/abaixo-assinados; formação de equi pes para captação de parcerias; pintura de sala; recreação hospitalar (com parcerias); organização de festas/eventos em OSC. mobilização-iniciativa: captação de recursos;
colocação de lixeiras seletivas na escola. mobilização: caminhada; comprometimento
com reciclagem na escola; volume de mate rial reciclável arrecadado; visita a domicílios para falar sobre reciclagem; demonstração de continuidade das ações; plantio de mudas.
144
145
145
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 146
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Retomando as respostas de alunos (sobretudo na questão 4, Anexo 4), é possível evidenciar que a participação desejada não configura necessariamente o exercício de liderança (permeada por iniciativa, capa cidade de articulação). A participação passa também pela possibilidade de interação afetiva e relacional que reconheça a importância do aluno (de que uma convo cação para reunião com outros jovens demandada pela ação, por exemplo, poderia dar conta). Trata-se da possibilidade de sentir-se parte, pertencer. Sem desprivilegiar o desenvolvimento de lide rança juvenil, pretende-se assinalar que a participação nos moldes relatados acima seria suficiente para esti mular que o jovem esteja presente em futuras edições das Tribos. Além disso, fazer parte de uma mobili zação (simplesmente) oportuniza que o jovem conviva com experiências de cooperação, responsabilidade, espírito comunitário. O exercício futuro desses valores dependerá, porém, da forma de participação na ação e do estímulo que o aluno receber nos demais ambientes em que circula. Conforme o observado até aqui, Tribos nas Trilhas da Cidadania terá maior repercussão (no que tange à cultura) na medida em que se estenda pelas relações que o jovem estabelece (com pais, professores, ami gos, etc.). De outro lado, a experiência de mobilização,
146
articulação e iniciativa será tão mais presente na participação do aluno quanto mais se delimitarem essas categorias como critérios de avaliação no evento.
E a aprendizagem... Situada a forma de relação que o jovem esta belece (ou deseja estabelecer) com sua comunidade e também a maneira como configura a participação, serão elencadas as contribuições das Tribos para a aprendiza gem dos36alunos. É importante considerar as respostas como indicadoras de potenciais mudanças no conviver do jovem, tendo claro que não se tem controle sobre a continuidade no exercício de responsabilidade social. Observam-se, sim, possíveis rupturas no cotidiano que as Tribos teriam gerado. Aproximadamente 80% das respostas dos alu nos (Anexo 4, questão 5) afirmam que as Tribos con tribuíram para sua aprendizagem. As conquistas, nesse sentido, seriam as seguintes (Anexo 4, questão 6):
36 Para efeito desta análise, considerar-se-á “aprendizagem” o “processo de construção de conhecimento que propicia a modificação de com portamento de um indivíduo”. AGÊNCIA EDUCAÇÃO BRASIL. Aprendizagem - Dicionário Interativo da Educação Brasileira. Dis ponível em:<www.educabrasil.com.br>. Acesso em: 2004.
147
147
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 148
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Alteração da forma de relação com o ambiente
A participação nas Tribos, segundo os jovens, teria oportunizado a imersão em grupos de trabalho, conduzindo a experiências diversas em torno de desa fios. Dependendo da forma de inserção do aluno, esta prática poderia oportunizar que se aprenda a lidar com o inesperado a partir da formulação de estratégias (e não por condutas rotineiras, programadas). 37 Confi gura-se, de outro lado, conforme a proposta da ação, um espaço de socialização desde temas humanitários, com possibilidade de desen vol ver pertencimento comunitário e laços de solida rie da de pautados num convívio harmonioso (não-conflitivo). A contribuição enfática do evento estaria na ampliação do pertencimento do jovem ao âmbito comu nitário (cidade), num novo tipo de relação com o Outro (co nhecendo condições de sobrevivência distintas da sua). As respostas das escolas endossam os depoi mentos dos alunos, complementando com um “olhar” educativo. As respostas (Anexo 5, questões 4 e 5) divi dem-se em dois tipos no que diz respeito à influência das Tribos na aprendizagem dos alunos. Alguns dos con sultados descreveram as atividades (os meios) pelas quais teria se dado a aprendizagem; os demais listaram possíveis efeitos para os alunos.
e com o Outro: expansão da consciên cia ecológica (do lar para cidade – história da comunidade), acompanhada da conduta de preservação da natureza (reciclagem do lixo); “descoberta” da condição de vida (nece ssidades) de outras pessoas e valorização do “ajudar”, da solidariedade, de ações sociais; melhora do convívio com outras pes soas; “desvendar” de grupos com mesmos ideais (pertencimento desde uma proposta social). Desenvolvimento pessoal: verificação das
possibilidades decorrentes do trabalho con junto, unido (mobilização); desencadear da criatividade e da responsabilidade, num espa ço que oportunizou a expressão das idéias dos jovens. Contato com conhecimentos diversos (nas
Trilhas definidas nas Tribos).
37 MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 6 2001.
148
149
149
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 150
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Meios: 1. espaço à expressão de desejos, necessidades
3. Aprender a viver – companheirismo; união/co operação; solidariedade; comprometimento; trabalho em equipe; consciência ambiental; consciência sobre trabalho voluntário; conhe cimento da localidade. 4. Aprender a fazer – organização nas tarefas; comunicação oral.
e sentimentos dos alunos; 2. debate sobre valores; 3. estudo de biografias de notórios cidadãos; 4. elaboração de projetos de trabalho; 5. momentos de integração na comunidade escolar e com alunos de outras escolas; 6. vivências diferenciadas; 7. momento para trocas de experiências e saberes; 8. estabelecimento de metas.
Apesar de demonstrar efeitos apenas no estado de “potência”, as respostas assinalam a possibilidade de as Tribos instaurarem aprendizagem por desafios (situação-problema), formando cidadãos com habili dades que extrapolam (e complementam) as caracterís ticas descritas para “cidadania” (de familiares, escolas e alunos). Além de superar a perspectiva de mobiliza ção do jovem para uma ação voluntária, traz condições para ações integradas na comunidade escolar, podendo reestruturar disciplinas e posições (entre professores e alunos – ruptura do sistema bancário). As “mudanças nos jovens” referidas pelos professores (Anexo 5, questão 6) acabam por endossar as aprendizagens citadas nas questões anteriores. As escolas consultadas caracterizam uma demonstração de modificação das relações estabelecidas pelo aluno, em citações de: mais diálogo entre jovens; integração
38
Efeitos sobre a aprendizagem: 1. Capacidade de aprender a conhecer – curio sidade; expressão oral; habilidade de escrita; sis tematização, organização e pes quisa de informações. 2. Aprender a ser – autocrítica; autonomia; lide rança; responsabilidade; disponibilidade/dedi cação; elevação da auto-estima; criatividade.
38 DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. In:__________. Relatório para Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. São Paulo: Cortez, 1999.
150
151
151
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 152
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
escola–famí lia; integração entre alu nos de escolas distintas; mais união entre discentes; demonstração de mais respeito pelo outro/pela diferença; valorização da família; mais laços de amizade; valorização da con vivência; demonstração de solidariedade; melhoria da relação professor–aluno; sensibilidade à condição do outro. Importante frisar as potencialidades apresenta das na mudança das relações construídas pelo aluno, fortalecendo laços com a família, com a escola, com colegas, com o Outro. Tratar-se-ia de uma mudança na forma de sentir o mundo e se colocar nele. Enfatizam esta mudança/aprendizagem outras respostas, que tam bém evidenciam nova tomada de posição: consciência ambiental; valorização da própria condição de vida; mais cuidado ao patrimônio público (cidade); interesse por cau sas sociais; novo olhar sobre volun ta ria do. Estar-se-ia, então, proporcionando a aprendizagem de um novo pertencimento ao mundo, mais responsável, comprometido, participativo e integrado às relações de convívio?
152
153
153
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 154
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Dos 154 familiares consultados (Anexo 6, ques tão 5), 90% (133) apoiariam seus filhos a participarem numa nova edição. Demonstração objetiva de concor dância entre proposta das Tribos e formação desejada pelos pais. Nas respostas de alunos (Anexo 4, questão 2) é possível observar que 97,4% (222) gostaram “muito” de participar das Tribos, sendo que 93,4% (213) das respostas (Anexo 4, questão 7) assinalam interesse em continuar participando das Tribos. Quanto às escolas, tendo em vista que a propos ta da ação interfere nas suas rotinas, precisa-se con siderar o funcionamento escolar, como evidenciam as respostas (Anexo 5, questão 1). Os professores mencio nam ter participado das Tribos por: 1. existência de um projeto pedagógico ou pla no político-pedagógico prévio afim; 2. envolvimento/trabalho anterior das Unidades Parceiros Voluntários (junto ao Programa de Voluntariado da Escola – PVE); 3. necessidade de integração dos sujeitos da comunidade escolar (escola, pais e alunos). Consideradas as condições prévias mencionadas acima, é possível constatar forte articulação entre a pro posta contida nas Tribos e a rotina escolar. Das respos tas à questão 3 (Anexo 5), 42% (16) “desenvolveram
Interesse dos publicos e continuidade da Acao 154
155
155
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 156
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
muito” os conteúdos programáticos a partir da ação. Somando as citações registradas acima do nível 3 (de articulação entre conteúdos programáticos e Tribos), che gamos a 82% de aplicabilidade da proposta do evento à rotina de sala de aula, dentre os consultados. Não obstante a considerável margem de satis fação com a ação, os públicos trazem depoimentos que podem contribuir no fortalecimento da adesão às Tribos. Os familiares consultados (Anexo 6, questão 7) assina laram interesse por: um evento com duração mais extensa, proporcionando ações continuadas; publica ção dos trabalhos realizados para sensibilizar mais pes soas; abordagem de novos temas (saúde, por exemplo); envio de mais subsídios pela ONG Parceiros Voluntários; direcionamento das ações para Organizações da Socie dade Civil (OSC); orientação para uma maior aproxi mação entre familiares e escolas. Já as sugestões das escolas (Anexo 5, questão 10) poderiam ser agrupadas em quatro itens: 1. Alterações relativas à duração do evento: mais tempo para execução das tarefas; mais ante cedência na divulgação; início das atividades mais cedo no ano letivo/duração para todo ano; promoção de encontros de integração das escolas durante todo ano; mudança do perío do de realização (evitando férias de inverno).
156
2. Recursos oriundos da ONG Parceiros Volun tários: mais adesivos; mais opções de Trilhas; voluntários para motivar nas escolas; mais divulgação em TV. 3. Diretrizes de funcionamento: influência sobre índices de evasão e repetência; não estabelecer premiação, ou, então, definir premiação para todos; valorizar ações com continuidade; mais clareza sobre critérios de avaliação (julgados confusos). 4. Encontro final: mudar horário de realização (não-noturno); local com estacionamento; abrir o encontro para alunos voluntários que não participaram das Tribos; encontro num final de semana; exposição dos projetos no encontro final; mais horas de duração. Dois momentos tiveram referência específica nos questionários: o Fórum Tribal e o encontro final das Tribos, em Porto Alegre. O primeiro foi caracte rizado pelas escolas (Anexo 5, questão 5) como um momento para: 1. socialização e troca de experiências para esco las e alunos; 2. reconhecimento da ação pelas autoridades;
157
157
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 158
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
3. motivação para continuidade das ações, em
4. mais tempo para partilha/conhecimento dos
função da identificação com uma comuni dade de voluntários; 4. reforço à proposta de mobilização; 5. estruturação de uma carta de intenções para continuidade das ações.
trabalhos de outras tribos (sugere-se a entre ga de resumos – formulação de anais dos projetos); 5. ampliação da premiação; 6. realização do encontro no interior do RS, nas localidades de origem.
Na avaliação dos alunos (Anexo 4, questão 6), o Fórum Tribal foi elemento de estímulo à continuidade das ações. Acredita-se que pela possibilidade de os jovens identificarem outras pessoas atuando na mesma proposta, partilhando um mesmo projeto e/ou desejo. O encontro das Tribos em Porto Alegre foi ava liado como satisfatório pelos alunos (Anexo 4, questão 8). Aproximadamente 92,5% das respostas afirmam ter gostado “muito” do encontro. Quando solicitadas sugestões (Anexo 4, questão 9), foram apresentadas as seguintes citações (por ordem de recorrência): 1. comentários gerais de aprovação do formato 2003; 2. solicitação por mais shows, brincadeiras, ati vidades interativas, festas, com menos tempo para cerimoniais e exposições orais; 3. escolha por um local mais amplo, com lugares reservados por escola;
158
Partindo da síntese relatada, é possível visua lizar a necessidade de se consolidarem algumas carac terísticas para as Tribos: manter temas para Trilhas que sejam pautas recorrentes/valorizadas na sociedade (meio ambiente, por exemplo); manter espaços à cria tividade e expressão de idéias dos jovens; realizar prá ticas/eventos locais, que oportunizem reconhecimento
159
159
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 160
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
das Tribos (desde o viés pedagógico delimitado pela escola): conceber as atividades desencadeadas pelas Tribos na condição de práticas educativas possibilita que se contemple a ação no potencial de mudança de valores, habilidades, hábitos. Algumas conquistas evidenciadas no período do evento precisam ser reforçadas, para que se obtenha adesão de jovens, familiares e professores, além de for talecer a aprendizagem da responsabilidade social: 1. A escola deve ser considerada em seu funcio namento (ano letivo), observando possíveis predisposições à participação, geradas, por exemplo, por planos político-pedagó gicos em concordância com a ação; 2. O interesse da escola em valorizar seu papel na comunidade precisa ser considerado como artifício de mobilização de professores às ati vidades das Tribos: caminho para se ter nas escolas referências locais na estruturação de redes sociais; 3. A participação dos familiares precisa ser re for çada, de modo que tenhamos mais voluntários mobilizados e uma intervenção mais efetiva na relação entre pais e filhos; 4. A construção de interdisciplinaridade por meio dos projetos sociais poderia ser valorizada
pela população das cidades; garantir que as práticas contenham desafios aos saberes dos alunos, instigando aprendizagens e curiosidades; manter e incentivar dinâ micas de funcionamento que privilegiem o encontro, o convívio, a troca, o trabalho em equipe; garantir que as práticas sejam festivas, divertidas, alegres; estruturar uma ação com duração maior, envolvendo maior período letivo; relativizar a necessidade de premiação ao final do evento; oportunizar mais subsídios (divul gação e conhecimentos técnicos).
Considerações finais A consulta analisada neste relatório assinala várias contribuições possíveis da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania para o desenvolvimento de responsabilida de social junto aos jovens, fortalecendo a constituição de uma cultura de voluntariado organizado. A ação, no formato em que está estruturada, demonstra ter repercussões sobre a aprendizagem dos alunos, atendendo a demandas correntes na rotina e nos referenciais teóricos contemporâneos da Escola. Estar em coerência com o funcionamento atual (ou os desejos) da comunidade escolar facilita o envolvi mento dos públicos com a proposta de mobilização
160
161
161
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 162
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
na avaliação dos trabalhos, no intuito de con tri buir no aprimoramento da formação do jovem, conduzindo-o a um tratamento integrador do conhecimento; 5. A forma de participação do aluno necessi taria de critérios de avaliação dos trabalhos que induzam iniciativa e capacidade de arti culação, caso se tenha interesse em estimular liderança juvenil e fortalecer as aprendiza gens potenciais relatadas anteriormente; 6. Atividades que proporcionem interações em gru po, troca de experiência, expressão de idéias e desejos, em ambiente de diversão, são referidas constantemente. O jovem manifesta várias vezes o interesse em compartilhar, inte ragir, “encontrar”. Neste sentido, o Encontro de Tribos em Porto Alegre teve papel impor tantíssimo para os alunos.
massa-tribos,39 num desenrolar de relações que fragi lizariam o individualismo pela pertença local, grupal, “afetual”. Maffesoli, em “O Tempo das Tribos”, carac teriza a configuração do espaço urbano na multipli cidade de microgrupos pelos quais as pessoas circu lam, desvendando interações (às vezes instantâneas) em que organizam suas vidas, em diversos papéis. “Essa nebulosa ‘afetual’ permite compreender a for ma específica assumida pela socialidade em nossos dias: o vai e vem massa-tribos. (...) Com efeito, a diferença do que prevaleceu durante os anos setenta, trata-se antes do ir-e-vir de um grupo a outro do que da agregação a um bando, a uma família, a uma comunidade. É isso que pode dar a impressão de atomização. É por isso que se pode falar, equivocadamente, de narcisismo. De fato, ao contrário da estabilidade induzida pelo tribalismo clássico, o neotribalismo é caracterizado pela flui dez, pelos ajuntamentos pontuais e pela dispersão. E é assim que podemos descrever o espetáculo da rua nas megalópoles modernas. O adepto do jogging, o punk, o look retrô, os ‘gente-bem’, os anima dores públicos, nos convidam a uma incessante travelling. Através de sucessivas sedi men tações constitui-se a ambiência estética da qual falamos. E é no seio de tal ambiência que, pontualmente, podem ocorrer essas ‘condensações instantâneas’, tão frágeis, mas que, no seu momento, são objeto
Para concluir este trabalho, seria oportuno fazer uma última referência à formatação de Tribos nas Trilhas da Cidadania, trazendo, aqui, algumas contribuições de Maffesoli, para que se possa abrir nova problema tização sobre as repercussões da ação. Esse autor, desde a abordagem compreensiva que postula, retrata a dinâmica atual da sociedade a partir da interação
162
39 MAFFESOLI, Michel. Tempo das tribos: o declínio do individualismo 8 na sociedade de massa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. p. 08.
163
163
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 164
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
de forte envolvimento emocional. É este aspecto seqüencial que permite falar de ultrapassagem do princípio de individuação.” 40
Referências AGÊNCIA EDUCAÇÃO BRASIL. Aprendizagem - Dicionário Interativo da Educação Brasileira. Disponível em:<www. educabrasil.com.br>. Acesso em: 2004.
Ao constituir-se como iniciativa de mobilização desde desafios práticos, trabalhos em grupo e temas de forte valorização social, Tribos nas Trilhas da Cidadania parece ter se articulado à fluidez massa–tribos, aten dendo à busca por pertencimento do jovem (em micro grupos, e em meio a 18.000 inscritos). Talvez tenha se constituído uma ação em coerência com a “ética do instante” e com a valoração do Presente, que, pode-se inferir, foram expressas no desejo do compartilhar, do “encontrar”, do “estar” que as respostas dos alunos assinalam. Muito antes de encerrar a análise, estabelecer respostas e conclusões, é preferível estender a reflexão e abrir espaço a novos tensionamentos: por intermédio de Tribos, estar-se-ia criando um elo de mobilização social com o agir do jovem na atualidade? E, nessas circunstâncias (fluidez massa–tribos), que repercus sões podemos esperar para a formação dos participan tes? Mais que finalizar uma análise, vale a pena lançar novas perguntas!
_____. Interdisciplinaridade - Dicionário Interativo da Educação Brasileira. Disponível em:<www.educabrasil.com.br>. Acesso em: 2004. AGUILLERA, Beatriz et al. Educar para a paz. Madrid: Centro de Investigación para la Paz [200?]. BENAVIDES, Maria Victoria. O que é formação para a cidadania. [s.n.], 2000. BORAN, Jorge. Juventude, o grande desafio. São Paulo: Paulinas, 1982. BOULDING, Elise. Cultures of peace: the hidden side of history. New York: Siracuse University, 2000. CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. Por um novo paradigma do fazer políticas: políticas de/para/com juventudes. Brasília: UNESCO Brasil, 2003. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. In: _____. Relatório para Unesco da Comissão Internacional sobre Edu cação para o Século XXI. São Paulo: Cortez, 1999. DESAULNIERS, Julieta. Formação e pesquisa: condições e resul tados. Veritas, Porto Alegre, v. 42, n. 2, jun. 1997. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio. São Paulo: Nova Fronteira, 1996. GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. Porto Alegre: L&PM, 1999. GUIMARÃES, Marcelo Rezende. Cidadãos do presente: crianças e jovens na luta pela paz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
40 MAFFESOLI, Michel. Tempo das tribos: o declínio do individualismo 8 na sociedade de massa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. p. 107.
164
165
165
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 166
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
HART, Roger. A participação das crianças: da participação simbólica à participação autêntica. São Paulo: [s.n.], 2003. JOÃO PAULO II, papa. Centésimo ano: carta encíclica “Centésimus annus”. Vaticano: 1991. Disponível em: <www.vaticano.va>. Acesso em: 2004. KIELBURGER, Marc; KIELBURGER, Craig. Take action: a guide to active citizenship. Toronto: Cage Learning, 2002. KRAUSKOPF, Dina. Dimensiones críticas en la participación social de las juventudes. In: BALARDINE, Sérgio. La participación social y política de los jóvenes en el horizonte del nuevo siglo. Buenos Aires: CLACSO, 2000. p. 119-134. LEBELL, Sharon. A arte de viver: Epicteto. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. MAFFESOLI, Michel. Tempo das tribos: o declínio do individualismo na sociedade de massa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.
Anexos
_____. _____. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.
Tribos NAS TRILHAS DA CIDADANIA
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. ONU. Declaración y programa de acción sobre una cultura de paz. New York, 1999. PAULO VI, papa. A evangelização no mundo contemporâneo: carta encíclica “Evangelii nuntiandi”. São Paulo: Loyola, 1978. TORO, José Bernardo; WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobili zação social: um modo de construir a democracia e a participação. Brasília: ABEAS/UNICEF, 1997. ULMANN, Reinholdo; BOHNEN, Aloysio. O solidarismo. São Leopoldo: Unisinos, 1993. VIEIRA, Liszt. Cidadania e globalização. Rio de Janeiro: Record, 1997.
166
167
167
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 168
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Anexo 1 Rede Parceiros Voluntários no RS (Unidades) Alegrete (55) 422.1950 – Rua Gen. Sampaio, 1054 Alvorada (51) 483.3481 – Av. Pres. Getúlio Vargas, 1937/311 acialparcvoluntarios@terra.com.br Antônio Prado (54) 293.2166 – Av. Valdomiro Bocchese, 125 parceirosantonioprado@nol.com.br Bagé (53) 242.5178 – Parque Visconde de Ribeiro Magalhães, s/n upvbage@alternet.com.br Bento Gonçalves (54) 451.7308 – Rua Marechal Deodoro, 139/501 parceiros@ parceirosvoluntarios-bg.org.br Cachoeira do Sul (51) 3722.4317 – Rua Saldanha Marinho, 1200 parceirosvoluntarios@piq.com.br Cachoeirinha (51) 470.5752 – Av. Flores da Cunha, 1320/407 Canela (54) 282.1510 – Rua Júlio de Castilhos, 328 – 1º andar parceirosvoluntarios@pdh.com.br Canoas (51) 472.2293 – Rua Ipiranga, 95 – 9º andar parceirosvoluntarios@via-rs.net Carazinho (54) 331.5450 – Rua Venâncio Aires, 612/01 acic@acic-carazinho.com.br Caxias do Sul (54) 218.8084 – Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 parceiros@cic-caxias.com.br Cerro Largo – URI (55) 3359.1613 – Rua Daltro Filho, 772
168
169
169
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 170
NAS TRILHAS DA CIDADANIA Osório (51) 663.3400 – Rua Bento Gonçalves, 1022 aciosorio@terra.com.br Panambi (55) 3375.4667 – Av. Konrad Adenauer, 555 Passo Fundo (54) 311.1300 – Rua Gen.Netto, 443 – 5º andar Pelotas (53) 227.1541 – Rua 7 de Setembro, 274/109 Portão (51) 562.2232 – Av. Brasília, 428 – Sala 1 cicsportao@uol.com.br Porto Alegre – Centro (51) 3227.5819 – Largo Visconde do Cairu, 17 – 8º andar parceiro@terra.com.br Porto Alegre – PRAC PUC (51) 3320.3508 – r. 4359/4546 – Av. Ipiranga, 6681 voluntariado@pucrs.br Porto Alegre – São Judas Tadeu (51) 3340.7888 – r. 178 – Rua Dom Diogo de Souza, 100 parceiros@saojudastadeu.com.br Porto Alegre – Uniritter (51) 3230.3333 – r. 3355 – Rua Orfanotrófio, 555 pvritter@ritterdosreis.br Rio Grande (53) 231.2399 – r. 28 – Pça. Xavier Ferreira, 430 – 1º andar
Charqueadas (51) 658.3704 – Rua General Balbão, 81 pv_charqueadas@terra.com.br Cruz Alta (55) 3322.6795 – Rua Pinheiro Machado, 1349 parceirosvoluntarios@comnet.com.br Espumoso (54) 383.1059 – Rua Duque de Caxias, 300 acise@razaoinfo. com.br Esteio (51) 473.6255 – Av. Padre Claret, 1285 Farroupilha (54) 3042.0033 – Rua da República, 425 – 6º andar cics@cicsfarroupilha.com.br Feevale (51) 586.8818 – RS 239, 2755 cidadaovoluntario@feevale.br Frederico Westphalen – URI (55) 3744.1902 – Rua Antônio Boscardin, 417 parceiro@fesau.psi.br Garibaldi (54) 462.5914 – Rua Buarque de Macedo, 2778/104 parceiros-gdi@redesul.com.br Giruá (55) 3361.1022 – Rua Raul Pilla, s/n Gramado (54) 3036.0223 – Av. das Hortênsias, 2040 – sobreloja 20A parceirosgramado@serragaucha.com.br Gravataí (51) 488.3841 – Rua Osvaldo Aranha, 725 Guaíba (51) 480.7832 – Rua Dr. Lauro Azambuja, 288 parceiros@guaibanet.com.br Horizontina (55) 3537.3548 – Rua Dahne de Abreu, 613 Ijuí (55) 3332.9950 – Rua Albino Brendler, 864 parceirosvoluntarios@mksnet.com.br Lajeado (51) 3748.6900 – Rua Silva Jardim, 96 parceirosvoluntarios@acilajeado.org.br Montenegro (51) 632.4344 – Rua Ramiro Barcelos, 1700 – 2º andar
170
pvriogrande@hotmail.com Rosário do Sul (55) 31.2899 – Rua Amaro Souto, 2086 Santa Cruz do Sul (51) 3713.1872 – Rua Venâncio Aires, 633/04 parceirosvoluntarios@via.com.br Santa Maria (55) 222.7600 – Rua Venâncio Aires, 2035 – 6º andar parceiros@vant.com.br Santa Rosa (55) 3512.5280 – Rua Dr. João Dahne, 328 parceiros@acisap.org.br Santiago – URI (55) 251.3151 – Av. Batista Bonotto Sobrinho, s/n pvsantiago@urisantiago.br Santo Ângelo
171
171
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 172
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
(55) 3313.3200 – Av. Venâncio Aires, 1615 Santo Ângelo – URI (55) 3313.7967 – Universidade das Missões, 464 São Leopoldo – Colégio São José (51) 592.1575 – Av. Mauá, 980 São Luiz Gonzaga – URI (55) 3352.4220 – Av. Senador Pinheiro Machado, 4705 São Marcos (54) 3034.0110 – Rua Osvaldo Aranha, 636 parceiros@acissm.com.br São Pedro do Sul (55) 276.1474 – Rua 15 de Novembro, 654/102 acipv@terra.com.br São Sebastião do Caí (51) 635.1955 – Rua Cel. Paulino Teixeira, 811 cdl@caiweb.com.br São Sepé (55) 233.4687 – Rua Percival Brener, 1316 Sapiranga (51) 599.4567 – Rua 7 de Setembro, 99 pvsapiranga@netwizard.com.br Sapucaia do Sul (51) 451.5937 – Rua Capitão Camboim, 32 pvsapucaia@via-sapucaia.com.br Tapes (51) 672.1157 – Av. Getúlio Vargas, 605 Teutônia (51) 3762.1233 – Av. Um Oeste, 878/30 Tucunduva (55) 3542.1182 – Rua Júlio de Castilhos, 120 Triunfo (51) 654.3172 – Av. Treze de maio, 915 parceirostriunfo@hotmail.com Uruguaiana (55) 412.6048 – Rua 15 de novembro, 2167 aciu@uol.com. br Vera Cruz (51) 3718.1002 – Rua Roberto Gruendling, 273 parceiros_ veracruz@viavale.com.br Viamão (51) 485.1191 – Rua Luiz Rosseti, 331 parceiros.viamao@terra. com.br
172
Anexo 2 Endereços úteis e interessantes Se você deseja aprofundar algum tema, veja alguns sites abaixo.
Trilha da Educação para a Paz Educadores para a Paz ONG do Rio Grande do Sul, dedicada à formação de educadores para atuar em projetos de prevenção a violência e educação para a paz: www.educapaz. org.br Instituto Nacional de Educação para a Paz e os Direitos Humanos (INPAZ) ONG da Bahia, atuando nos campos de desenvolvimen to da cultura da paz, da educacão para a cidadania e da promoção de direitos humanos: www.inpaz.org.br Instituto Eu sou da Paz ONG de São Paulo dedicada ao desarmamento e à prevenção da violência: www.soudapaz.org Viva Rio ONG do Rio de Janeiro dedicada, entre outras mis sões, ao desarmamento, à prevenção da violência e à educação para a paz: www.vivario.org.br
Trilha da Cultura Ministério da Cultura www.cultura.gov.br IPHAN Órgão federal responsável pela preservação do patri mônio histórico: www.iphan.gov.br
173
173
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 174
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Anexo 3
Trilha do Meio Ambiente Ambiente Brasil www.ambientebrasil.com.br Fundação Gaia Fundação gaúcha dedicada à preservação ambiental: www.fgaia.org.br Recicláveis www.reciclaveis.com.br Educação Ambiental www.ecoar.org.br Associação de Proteção Ambiental www.aipa.org.br Proteção Ambiental www.wwiuma.org.br
Para quem gosta de ler... Livros são sempre um mundo fascinante! Veja a indicação de alguns que poderão enriquecer a ação de sua Tribo e qualificar sua participação, seja você jovem, seja você educador.
GUIMARÃES, Marcelo Rezende. Cidadãos do presente: crianças e jovens na luta pela paz. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Apresenta 12 histórias, reais, de crianças e adolescen tes que protagonizaram ações pela paz e pelo fim da violência. Bastante didático e pode ser utilizado na sala de aula, na Tribo, no grupo de jovens.
Diversos Interargir ONG do Paraná dedicada ao incentivo do protago nismo juvenil: www.protagonismojuvenil.org.br Turma do Bem www.turmadobem.org.br Projeto Cooperação www.projetocooperacao.com.br Unicef Fundo da ONU para proteção da infância: www. unicef.org.br
MALDONADO, Maria Tereza. Redes solidárias. São Paulo: Saraiva, 2001. Conta a história de vários jovens que empreendem ações de voluntariado e a transformação que isso acar reta em suas vidas.
Unesco Órgão da ONU para a ciência, a educação e a cultura: www.unesco.org.br
174
175
175
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 176
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Anexo 4
RAYO, José Tuvilla. Educação em direitos humanos. Porto Alegre: Artmed, 2004. Livro para educadores, contendo reflexões sobre uma ação integrada em educação para a paz, os direitos humanos e a democracia.
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
SBAI. Educando para a cidadania: os direitos humanos no currículo escolar. Passo Fundo: CAPEC, 1992. Traz uma série de reflexões e propostas de como integrar a temática dos direitos humanos no currículo. Indicado para educadores
Avaliação dos Alunos Após todas as atividades, é muito importante sabermos a sua opinião.
SEQUEIROS, Leandro. Educar para a solidariedade. Porto Alegre: Artmed, 2002. Livro para educadores, contendo reflexões sobre a cultura da solidariedade e sua incorporação no coti diano escolar.
1. O que lhe levou a participar das Tribos nas Trilhas da
Cidadania? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Você gostou de fazer parte das Tribos nas Trilhas da Cidadania? Muito
SERRANO, Gloria Pérez. Educação em valores: como edu car para a democracia. Porto Alegre: Artmed, 2002. Livro para educadores, com reflexões e sugestões didáticas para uma educação para a convivência e a tolerância.
Não Gostei
3. O que foi mais interessante para você? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4. Como foi propor a sua própria atividade para as Trilhas? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
BEI COMUNICAÇÃO. Como exercer sua cidadania. São Paulo: BEI, 2003. Traz orientações sobre direitos e deveres civis, sociais e políticos, além de apresentar informações sobre história, legislação e organizações da sociedade.
176
Pouco
5. O Fórum Tribal contribuiu para o seu aprendizado? ( ) Sim
177
( ) Não
( ) Um pouco
177
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 178
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
6. Se sua resposta foi sim, como ele contribuiu? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Anexo 5
7. Você gostaria de continuar participando das Tribos nas Trilhas da Cidadania? ( ) Sim ( ) Não
TRIBOS
( ) Talvez
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Avaliação das Escolas
8. Você gostou do Encontro das Tribos? Muito
Pouco
Não Gostei
Após as atividades, é muito importante sabermos a sua opinião.
9. Dê sugestões para a realização do nosso Encontro em
2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1. O que levou a sua escola a participar das Tribos nas
Trilhas da Cidadania? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Quais as disciplinas que se envolveram na ação Tribos
nas Trilhas da Cidadania na sua escola? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. E esta ação lhe possibilitou desenvolver os conteúdos programáticos?
Desenvolveu Pouco (1) (2) (3) (4) (5) Desenvolveu muito
4. Como a ação contribuiu no processo de aprendizagem
dos alunos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Qual a sua avaliação do Fórum Tribal? Ele contribuiu
para o aprendizado dos alunos?
178
179
179
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 180
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
6. Houve mudanças percebidas nos jovens envolvidos na
Anexo 6
ação? Se sim, quais foram? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7. Destaque uma ação, ou atitude, que demonstre a mobi
TRIBOS
lização, articulação e a iniciativa dos jovens na ação. Descreva: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Avaliação dos Familiares
8. Se sua Tribo não conseguiu terminar as suas ações,
Após todas as atividades, é muito importante sabermos a sua opinião.
relate abaixo os motivos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9. Se sua escola não conseguiu vir para Porto Alegre no
1. Você tomou conhecimento de que seu filho participou da
encontro das Tribos, qual foi o motivo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ação Tribos nas Trilhas da Cidadania? ( ) Sim ( ) Não
10. Dê sugestões para as Tribos nas Trilhas da Cidadania
2. Você participou junto com o seu filho nesta ação?
2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
( ) Sim
( ) Não
3. Como?
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4. Qual sua opinião sobre a ação?
5. Você apoiaria seu filho na participação da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania no ano que vem? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
180
181
181
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 182
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
6. Você percebeu alguma mudança nas relações com seu
filho ou com a escola? Qual? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7. Dê alguma sugestão para as Tribos nas Trilhas da
Cidadania 2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Lista das Escolas participantes 2003 A atuação de escolas e professores foi definitiva na mobili zação das Tribos. Com o apoio dessas lideranças, a juventude gaúcha constituiu não várias, mas uma única grande Tribo do Rio Grande do Sul Voluntário! A eles, os agradecimentos da ONG Parceiros Voluntários e de toda a comunidade.
182
183
183
Lista das Escolas participantes 2003
Nome da Tribo
Escola
A arte que encanta Agropecuária solidária Anchieta Anjos ambientais Anjos rebeldes Artesãos das casuarinas Barroca Beija-Flor Botucaraí Caminho da luz Cidadania.net Cidadão santuário CIEP Colselix Construindo um mundo melhor Crescer Curumbamba Da paz Eco Fantin Educação Educação carismática Einstein Escola da URI Faça a paz! Você é capaz! Fé ativa no amor Figuras Filhos da terra Força Jovem Gerações Santos Dumont Grupo de educ. e prot. ambiental "Eco 9" Ibiá: sou da PAZ Ibiá: sou da PAZ Ibiá: sou da PAZ Ibiá: sou da PAZ Ibiá: sou da PAZ Joãozinho Julinha Taborda Larus Luisinho
Instituto Rio Branco Colégio Teutônia Colégio Anchieta Escola Municipal de Ensino Fundamental Primo Vacchi Colégio Olga Benario Prestes Escola Municipal de Ensino Fund. Rio Branco Escola Estadual de Ensino Fundamental Amado Lacroix Escola Municipal de Ensino Fund. Pref. João Freitas Filho Escola Estad. Ensino Fund. Prof. Fábio Nackpar dos Santos Escola de Educação Especial Caminho da Luz Escola de Educação Básica Francisco de Assis Escola Municipal de Ensino Fundamental Santuário Escola Estad. de Educ. Bás. Francisco Brochado da Rocha Colégio Científico Porto Seguro Escola Estad. de Ens. Fund. Monsenhor Costábile Hipólito Centro Sinodal de Ensino Médio de Sapiranga Instituto Estadual de Educação João Neves da Fontoura Escola São Vicente Mártir Escola Estadual de Educação Básica Albino Fantin Colégio de Aplicação Colégio Professor Gustavo Schreiber Colégio Albert Einstein Escola de Ensino Médio da URI Apae Ivoti São Lucas – Ulbra Colégio Marista São Luis Colégio La Salle Carmo Escola Municipal de Ensino Fundamental "24 de Maio" Colégio Estadual Santos Dumont Escola Estadual de Ensino Fundamental 9 de Outubro Colégio Sinodal Progresso Escola Estadual Técnica São João Batista Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos Instituto de Educação São José Colégio Estadual A. J. Renner Escola de Ensino Fundamental João XXIII Escola Estad. de Ensino Fund. Professora Julinha Taborda Escola Estadual de Ensino Médio Silva Gama Colégio São Luís
184
TRIBOSCidade NAS TRILHAS DA CIDADANIA 184
São Leopoldo Teutônia Porto Alegre Sapucaia do Sul Alvorada São Sepé Cruz Alta Sapucaia do Sul Candelária Bagé Ijuí Santa Cruz do Sul São Sepé São Leopoldo Bagé Sapiranga Cachoeira do Sul Porto Alegre Horizontina Porto Alegre São Leopoldo Bagé Santo Ângelo Ivoti Sapucaia do Sul Santa Cruz do Sul Caxias do Sul Teutônia Gramado Portão Montenegro Montenegro Montenegro Montenegro Montenegro São Sepé Bagé Rio Grande São Leopoldo
Nome da Tribo
Escola
Maju Manacô Marista Sant'Ana Mélanie Novo amanhã OS 100 vergonhas Ouro azul Parceiros da vida Patronato, Tribo Cultura em Ação! Polisinos Pompéia será grande Projeto - Casa de passagem Raízes da acácia Ramos Risoleta de Quadros Sagrado Santa Rosa Santo Antônio São José São Judas Tadeu Sévigné Sol em cena Teofânia Texugo Tiaraju Tribo Açores Tribo Bezzi Tribo Costa e Silva Tribo Jean Piaget Tribo mãos dadas com a paz Tribo pela paz Tribo São Chico Tribo Urbana Tupá Uga buga Vaga-lumes da esperança Valorização da vida Viva alegria Voluntários.com
Colégio Madre Júlia São Sepé Colégio Sinodal São Leopoldo Colégio Marista Sant'Ana Uruguaiana Instituto Anglicano Mélanie Granier Bagé Escola Estad. de Ensino Fund. Reinoldo Emílio Block São Sepé Instituto de Educação Estadual Rubén Darío Sapucaia do Sul Escola Estad. de Ensino Médio Reynaldo Affonso Augustin Teutônia Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Zucolotto Gramado Escola Munic.de Ensino Fund. Professor Agostino Brun Bento Gonçalves Escola Estadual de Ensino Médio Polisinos São Leopoldo Escola Estad. de Ensino Fund. Nossa Senhora da Pompéia Gramado Instituto de Educação Cenecista General Canabarro Teutônia Escola Municipal de Ensino Fundamental Hélio Fraga Nova Santa Rita Escola Estad. de Ensino Médio Boaventura Ramos Pacheco Gramado Escola Estad. de Ensino Fund. Risoleta de Quadros Bagé Colegio Sagrado Coração de Jesus São Leopoldo Colégio Santa Rosa de Lima Porto Alegre Escola Estadual Santo Antônio Garibaldi Colégio São José São Leopoldo Instituição Educacional São Judas Tadeu Porto Alegre Colégio Sévigné Porto Alegre Escola Técnica Municipal Farroupilha Triunfo I.E.E. Professora Irmã Teofânia Garibaldi Escola Técnica Cenecista Carolino Euzébio Nunes Charqueadas Instituto Estadual de Educação Tiaraju São Sepé Escola Estadual de Ensino Médio Açorianos Viamão Escola Municipal de Ensino Fundamental Mosés Bezzi Gramado Escola Municipal de Ensino Fund.Presidente Costa e Silva Panambi Escola de Ensino Fundamental Jean Piaget Bagé Colégio Dom Alberto Santa Cruz do Sul Escola Estadual de Ensino Fund. Ciro Carvalho de Abreu Cachoeira do Sul Instituto de Educação São Francisco Porto Alegre Escola Técnica Estadual 25 de Julho Ijuí Escola de Ensino Fund. Fundação Educacional do Menor Passo Fundo Escola Munic.de Ens. Fund. Professora Maria José Valmarath São Sepé Escola Municipal de Ensino Fundamental Zaira Hauschild São Leopoldo Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias São Pedro do Sul Colégio Nossa Senhora da Conceição Passo Fundo Colégio Coração de Maria Esteio
185
TRIBOSCidade NAS TRILHAS DA CIDADANIA 185
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 186
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
“Não podemos buscar nosso bem maior sem necessariamente promover ao mesmo tempo o bem dos outros. Uma vida que se limita a interesses pessoais não pode ser submetida a qualquer avaliação respeitável. Procurar o melhor em nós significa zelar ativamente pelo bem-estar dos outros seres humanos. Nosso contrato humano não se restringe às poucas pessoas a quem nossos interesses estão mais intimamente ligados, ou às mais proeminentes, ricas ou de educação aprimorada – mas abrange toda a imensa irmandade humana. Veja a si mesmo como cidadão de uma comunidade mundial e aja de acordo com isso.”
LEBELL, Sharon. Seja um cidadão do mundo. A arte de viver: Epicteto. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
186
187
187
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 188
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
Para o fortalecimento da cultura do voluntariado e para o aprendizado de nossa organização, gostaríamos de ouvir sua opinião a respeito do nosso trabalho. Comunique-se conosco: parceiro@terra.com.br
188
189
189
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
TRIBOS 190
NAS TRILHAS DA CIDADANIA
®
Associada ao Departamento de Informações Públicas/Seção de Organizações Não-Governamentais (DPI/NGO) das Nações Unidas (UN) Certificações Certidão de Utilidade Pública Estadual nº 002085 Certidão de Utilidade Pública Federal – Portaria nº 306 de 03/04/01 Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social CEBAS 0283/2002 registro de marca Registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI Certificado de Registro de Marca nº 820161489 Certificado de Registro de Marca nº 820161462
Patrocínio deste livro
Apoiadores
190
191
191
TRIBOS NAS TRILHAS DA CIDADANIA
192
192