QRtunes#03 SET 2016

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#3 ANO II - NÚMERO 3 - SETEMBRO 2016 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA - TIRAGEM: 5.000 EXEMPLARES

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ANACRÔNICA | CAOS DO SUBÚRBIO | BETINA | ZIMBRA | CROMOSSOMO AFRICANO | NOTÍVAGOS ESPECIAL A HISTÓRIA DO ROCK CURITIBANO, POR ABONICO SMITH, PARTE III.


EDITORIAL////Eis que chegamos ao terceiro número do QRtunes – Música Para Todos. Estamos no caminho certo, senhoras e senhores. A música independente nacional prospera como nunca e, humilde e timidamente, sabemos que fazemos parte dessa eclosão criativa que muito nos orgulha. São os tempos difícies, talvez, o que nos torna a todos mais criativos e resistentes. E criativos, resistiremos. Iara Rennó, Anacrônica, Caos do Subúrbio, Betina, Notívagos, Cromossomo Africano e Zimbra são os artistas que nos contemplam com suas belíssimas obras nesta terceira edição, diversas e plurais, cada uma a seu modo rasgando o roto tecido da realidade monocromática que nos é imposta, inserindo e misturando as múltiplas cores e vozes que nos fazem verdadeiramente brasileiros. Agora, é só espalhar por aí. EXPEDIENTE Gladson Targa Editor/Idealizador Design Gráfico Gladson Targa Redação Abonico Smith Produção Executiva Ludmila Nascarella Produção Gráfica Gladson Targa

IARA RENNÓ///De arco teso na mão, cuidadosamente construído por mãos femininas diversas, base e força descomunal do que é vivo e vivaz, IARA RENNÓ lança a flecha no ar, certeira, lépida e diligente em direção a um universo possível de igualdade e maturidade social e cultural. Arco e Flecha são álbuns gêmeos que têm em cada qual elementos por vezes rudimentares dos universos feminino e masculino, respectivamente, forças opostas-complementares. De maneira particular, em seus arranjos e linguagens, em seus ritmos e timbres, estão ali amalgamados mundos que giram ao redor de si mesmos. “Arco é um disco de mulheres, sobre libertação e empoderamento de gênero, para além dos gêneros”. Experimental, libertário e erótico, Arco é conduzido pelo trio Macuna composto por Iara (guitarra e voz), Mariá Portugal (bateria e programações) e Maria Beraldo Bastos (clarone envenenado) com parcerias de Alice Ruiz e Alzira Espíndola. Flecha vai alto para outra dimensão – todavia paralela –, com um direcionamento mais nova mpb e conto com um elenco de maioria masculina, desde os integrantes da banda, que conta com músicos do Bixiga 70, além de Lucas Martins, Gustavo Cabelo e Maurício Bad, ao repertório que conta com músicas de Gustavo Galo, Paulo Leminski, Negro Leo, Domenico Lancellotti, Bruno di Lullo, entre outros, além da parceira de Curumin na produção. Contudo, a presença infalível de Ava Rocha e Mãeana mantém o tom declarado no começo da jornada de Iara Rennó nessa ousada e surpreendente obra, que tem projeto gráfico de Rodrigo Sommer.

Querer Cantar, single de Flecha, evoca Oxossi – que é arco e flecha –, reafirmando o diálogo de Iara com as raízes afrobrasileiras, símbolos e elementos que permeiam sua carreira artística. Composta por arranjos impecáveis de percussão e metais que se costuram firmemente no ritmo requebrado, a canção tem algo de solar, vibrante, como se a mata fechada desbravada por horas se abrisse em clareira; um respiro, um alento. Confira no site a entrevista de Iara Rennó ao QRtunes e baixe os álbuns gêmeos Arco e Flecha em iararenno.com.

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Sim, você parece estar entrando em um dance club em plenos anos 90 quando ouve a introdução de É Mentira, single do EP Acho que vai chover, novo trabalho da ANACRÔNICA que apresenta uma nova fase, uma nova cara, feito para as pistas com uma dose de rock na medida. Tá tudo ali: baixo, bateria, guitarra e synths, o background de ritmo e harmonia em suspense para a voz incisiva, categórica que vem dizer umas verdades.

O hip hop é foda, é universal, é amor demais! E o CAOS DO SUBÚRBIO confirma o poder do hip hop, da palavra ao ritmo, da mensagem à atitude, do local ao universal. Em O Hip Hop é Universal, gravada em parceria com o canadense Lou Piensa do coletivo Nomadic Massive, single lançado em web vídeo, os caras dão uma ideia da pancada que vem por aí no terceiro trabalho de estúdio. O hip hop é foda…(já dissemos isso, né?)


O single que leva o nome do álbum de estreia de BETINA, Carne de Sereia é uma balada romântica que se pode definir como clássica: tem todos os elementos do estilo, desde o ritmo cadenciado à letra íntima; arranjos e timbres primorosos são a cama macia para a voz clara e limpa dessa amazonense criada em Curitiba deitar e rolar.

baixe o app.br/radiotreze Caretas é o single do álbum de estreia da curitibana NOTÍVAGOS, Essa Guerra Vai Ter Fim. Os caras – e é uma galera! – fazem um reggae robusto, com peso nos timbres e na letra, o flerte inevitável com o rap em uma atmosfera ligeiramente sombria que dita o verbo do cotidiano. Onde há fogo nem sempre há fumaça.

casatreze.com.


Subir o som do coração é a palavra de ordem dos mineiros do CROMOSSOMO AFRICANO no single de seu álbum de estreia, Pangéia. Sobe o som reune funk, soul, afrobeat e rock com maestria e muita positividade num só lugar, uma pangeia musical propagando sua herança africana e a alma brasileira.

PATROCÍNIO:

CO-PATROCÍNIO:

REALIZAÇÃO:

O Redator, single do álbum Azul, segundo da banda santista ZIMBRA, é uma balada pop rock sincera, melódica e com uma dose de melancolia que vai atingir aos ouvintes incautos inesperadamente, logo ali, próximo ao refrão… e depois até o último verso.


CAPÍTULO 3

Enquanto o rock’n’roll arrebanhava fãs ardorosos entre a juventude americana nos anos 1950, em Curitiba sua divulgação ainda era muito tímida. O rádio paranaense, que teve seus anos dourados entre as décadas de 1940 e 1960, abria espaço para a música regional bem como a orquestrada, esta com o objetivo de imprimir um suposto ar de refinamento cultural à sua programação. Em 1957, a Rádio Emissora Paranaense PRB2, foi a primeira a levar o novo gênero musical aos seus ouvintes no programa “A História do Rock’n’Roll”. Na verdade, era um mapeamento dos principais sucessos do gênero, mas não nas versões viscerais dos negros norte-americanos e sim na suavização feita por cantores brancos “inventados” pela indústria fonográfica dos Estados Unidos para poder amenizar o impacto junto às classes dominantes da sociedade da época. Outros nomes como a Marumby e a Guairacá também apostavam nesta novidade.

Com o estímulo do rádio, o fenômeno se espalhou pelos bairros, que nos primeiros anos da década de 1960 promoviam em clubes, sociedades e salões de paróquias da igreja, bailes animados por aspirantes a músicos e cantores da própria região, que de vez em quando colocavam alguma obra autoral no repertório. Aos poucos, nomes como Arcy Neves, Dirceu Graeser, Paulo Roberto, Paulo Hilário, Pedro Luiz e Geraldo Rike foram gravando seus primeiros compactos e tornaram-se os primeiros grandes nomes masculinos do filão. Janete e Hilda Cristine também demonstravam a força feminina dentro do rock. A atuação dos grupos, vários com formação apenas instrumental e sem a figura do vocalista, também era grande. Entre os nomes de destaque estavam Jets (que trazia na sua formação inicial o guitarrista Lápis, que logo depois enveredaria para a MPB e se tornaria um dos maiores nomes da música estadual nas décadas de 1960 e 1970), Shelters, Marvels (que depois viria a se chamar Metralhas, ver o Capítulo 1), Graesers, Angels, Intocáveis, Jetsons, Flanders, Águias, Sputniks, Goldfingers, Virginians, Frajolas, Travessos, Brazinhas e Vondas. Deve-se observar, aliás, que este foi um dos grandes momentos na história em que se consumiu a música feita por aqui. Estes novos ídolos, que já haviam projetado a carreira através das rádios, logo foram incorporados pelos canais de televisão, em um tempo onde suas programações eram estritamente regionais e transmitidas ao vivo dos estúdios. Continue lendo no site... Hilda Cristine e Dircel Graeser APOIO

Ouça Dim Dim Dim Dim Dim, de Dirceu Graeser.

INCENTIVO

PROJETO REALIZADO COM O APOIO DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA - FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA E DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA.


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