Oficina de Imagem - A Escultura na Arte Pública do Grande Porto

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2022

OFICINA DE IMAGEM A Escultura na Arte Pública do Grande Porto



2022

OFICINA DE IMAGEM A Escultura na Arte Pública do Grande Porto


QUANDO O SILÊNCIO E A “ESCURIDÃO” DA NOITE CAEM POR CIMA DA CIDADE

Alfredo Ireneu Mota


Quando o silêncio e a “escuridão” da noite caem por sobre a cidade Alfredo Ireneu Mota

Quando o silêncio e a “escuridão” da noite caem por sobre a cidade, as estátuas perdem a sua forma rígida de pedra ou de metal e num lento despertar, como alguém que se espreguiçasse prazenteiramente, adquirem gesto e movimento. Uma vez perdida a atitude, que com tensão mantêm sobre os pedestais, começam a caminhar, tentando conhecer as imediações ou arriscando ir um pouco mais longe, se o trajecto não for demasiado longo e lhes permitir regressar à rigidez natural a tempo da chegada do primeiro turista interessado ou de um transeunte mais madrugador e talvez já indiferente à sua rotineira presença ali naquele local. É suposto até que se visitem umas às outras, tendo vida social, convivendo e soltando risadas de pedras e tendo esgares alegres de metal. Se Deus, como dizem, criou o homem a partir do barro da terra, o escultor é uma espécie de supremo criador que, apenas, variou na matéria, usou a pedra e o metal para dar a forma humana às esculturas que representam mulheres e homens, supostamente, notáveis. A exemplo do que Deus fez ao inspirar a vida nas narinas do ser que havia criado, talvez o escultor tenha feito o mesmo nas figuras que criou e daí elas aproveitarem a nossa ausência para se moverem no seio das ruas ensonadas e sonhadoras. Uma escultura é um ninho de contradições, não sabemos se o seu criador amava aquele que nela representou ou se, no final, amava o resultado da sua lenta teimosia de arrancar de um bloco de granito a forma que lá vivia aprisionada ou de conseguir enformar um líquido aquecido a temperaturas sobrenaturais, não sabemos se vai haver unanimidade na

cidade na justeza da sua criação, na sua beleza e na sua localização, se o homenageado é muito amado ou alvo de violentas críticas, se a obra vai ser muito admirada ou criticada, até mesmo alvo das mais idiotas vandalizações. Sabemos, no entanto (pelo menos quando as vemos à luz do dia…), que há uma espécie de integridade em quase todas as estátuas, pois podemos contar com elas nos locais onde sempre as pensamos encontrar e que, suportando os sóis mais intensos e as intempéries mais virulentas, elas manter-se-ão sempre firmes, erectas e dignas. E, voltando ao início, podemos sempre imaginar que, quando nos quedamos imóveis (ou quase imóveis) na vivência dos nossos sonhos nocturnos, as estátuas quebram o seu sonho de décadas para percorrer as ruas e os locais onde aqueles que elas homenageiam sonharam outras realidades mais fecundas.


MÉRIC OMES

HOMEM DO LEME LUÍSA CARNEIRO


AMÉRICO GOMES 1880 – 1963

Escultor nortenho, foi discípulo de Marques de Oliveira, Alves Pinto e Sousa Caldas. Trabalhou na Fábrica Vista Alegre, de 1948 a 1968. Obras: “O Homem do Leme”, datada de 1934 e inaugurada na Avenida Montevideu, no Porto, em 1938, como homenagem aos marinheiros. Busto em bronze, de Henrique Pousão, 1936 (Henrique Pousão nasceu em Vila Viçosa, em 1 de janeiro de 1859 e aí morreu, a 20 de março de 1884. Foi pensionista do Estado em Paris e Roma, na classe de Pintura de Paisagem, entre 1881 e 1883. Regressado a Portugal com a saúde muito fragilizada, morre de tuberculose no ano seguinte. Considerado um dos maiores pintores portugueses, pela sua busca estética de caraterísticas muito pessoais e inovadoras para a época, que indiciam a possibilidade de um impressionismo antes do tempo.)


HOMEM DO LEME “E mais que uma onda, mais que uma maré Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade Vai quem já nada teme, vai o homem do leme” Xutos & Pontapés Autor – Américo Gomes. Localização – Av. Montevideu, Porto. Inauguração – 1934.

Escultura nacionalista monumental em bronze representa um homem agarrado a um leme e é uma homenagem aos pescadores portugueses. É admirável pela sua expressão de firmeza e carácter assim como pela sensação de movimento, com as roupas esvoaçando no confronto com o vento. Resultou de uma encomenda de Henrique Galvão, oficial do exército, para a exposição Colonial Portuguesa que se realizou no Palácio de Cristal em 16 de Junho a 30 de Setembro de 1934. Tão grande foi o sucesso junto do público do modelo em gesso, que no final da exposição uma comissão mandou proceder à sua fundição em bronze nas oficinas de Bernardino Inácio (o molde original em gesso foi entregue ao Museu Marítimo de Ílhavo). A Câmara Municipal do Porto decidiu pela sua colocação no passeio junto ao mar em 1938.

“Se não tens rumo, nenhum vento te será favorável” Séneca


HOMEM DO LEME | LUÍSA CARNEIRO


ANTÓNI MANUEL SOARES DOS REI

JOÃO CABRAL

MARQUES OLIVEIRA S.JOSÉ

ALFREDO IRENEU MOTA


ANTÓNIO MANUEL SOARES DOS REIS Vila Nova de Gaia, 1847 – 1889

Em 1861, frequentou a Academia Portuense de Belas Artes obtendo prémios e louvores como o 1º prémio nas cadeiras de desenho, arquitetura e escultura.

Obras:

Em 1867 como pensionista do estado partiu para Paris, onde frequentou o atelier de M. Jouffroy e a École Imperiale et Speciale des Beaux Arts. seguindo daí para Roma em 1871. Foi aqui que executou uma das suas obras mais românticas e originais, o Desterrado.

Bustos de Conde de Ferreira (1876), D. Afonso Henriques (1887), Brotero (1888), Hintze Ribeiro, Correia de Barros e Fontes Pereira de Melo e da Viscondessa de Moser (1884) e «da Inglesa» (1887

O Desterrado

O Bêbado - Museu Soares dos Reis, Porto Em 1872, Soares dos Reis foi nomeado Académico de Mérito da Academia Portuense de Belas Artes.

Estátua de Afonso Henriques , 1888

Em 1881 é nomeado professor da Escola de Belas-Artes do Porto.

Flor Agreste - Museu Nacional Soares dos Reis, Porto Avelar Brotero, 1887 - Jardim botânico de Coimbra

Foi um dos fundadores do Centro Artístico Portuense, Em 1881 foi nomeado professor titular da Academia Portuense de Belas Artes. Expõe em Paris, em 1881, na Exposição Universal. Põe termo à vida a 16 de Fevereiro de 1889 suicidando-se no seu atelier


MARQUES OLIVEIRA Autor – Soares dos Reis Localização – Jardim de S. Lázaro Inauguração – 1929

João Marques de Oliveira (1853-1927), pintor, frequentou a Academia Portuense de Belas-Artes, onde fez um curso brilhante. Em 1873 partiu para Paris, com Silva Porto, ambos como pensionistas do Estado. Na capital francesa acompanhou de perto o movimento dos naturalistas franceses, tendo sofrido algumas influências deste grupo de artistas. Viajou depois por Itália, e visitou museus na Europa, completando assim uma larga cultura artística. Em 1879 regressou a Portugal, sendo pouco depois nomeado professor de Desenho Histórico da Academia de Belas-Artes do Porto, lugar que ocupou definitivamente em 1882. Em 1895 foi nomeado professor de Pintura Histórica e, mais tarde, director desta escola, cargo que desempenhou até atingir o limite de idade. Foi professor de destacado nível, grande pintor de figura e de paisagem e um exímio desenhista. Pelo conjunto dessas qualidades, exerceu profunda influência nos artistas do seu tempo. Uma parte importante da sua obra foi reunida em 1929 pelos amigos e admiradores do artista, numa exposição no Ateneu Comercial do Porto. Para assinalar este evento, a cidade do Porto colocou um busto seu em bronze da autoria de António Soares dos Reis (18471889), num pedestal de mármore posicionado num pequeno recinto em pedra, obra em apreço nesta fotografia. Do busto transparece um homem calmo, confiante. João Cabral - 18 de maio de 2022


MARQUES DE OLIVEIRA | JOÃO CABRAL


S. JOSÉ Autor – António Soares dos Reis Localização – Rua do Almada, Capela dos Pestanas. Inauguração – 1880

Por iniciativa de José Joaquim Pestana, proprietário do palácio da família, a Capela do Divino Coração de Jesus que lhe fica adjacente, foi construída entre 1878 e 1890. Sendo um exemplar do neogótico, a inspiração da sua arquitectura proveio das catedrais góticas e as paredes interiores e o tecto foram inspirados pela Sainte-Chapelle de Paris. Na fachada, duas esculturas em granito ladeiam a entrada, ambas da autoria de Soares dos Reis, e representando uma S. José com o menino e a outra S. Joaquim.


SÃO JOSÉ | ALFREDO IRENEU MOTA


ANTÓNIO TEIXEIRA LOPES MANUELA SILVA

FLORA


ANTÓNIO TEIXEIRA LOPES Vila Nova de Gaia, 1866 – Alijó, 1942.

Filho do escultor José Joaquim Teixeira Lopes, começou a aprender a sua arte na oficina do pai. Em 1882 ingressou na Escola de Belas Artes do Porto, onde continuou a sua formação com o escultor António Soares dos Reis e o pintor João Marques de Oliveira. Em 1885, partiu para Paris, onde ingressou na École des Beaux-Arts. Por volta de 1895, juntamente com o seu irmão, o arquitecto José Teixeira Lopes, construiu o seu atelier em Vila Nova de Gaia, que hoje alberga um museu (a Casa-Museu Teixeira Lopes) dedicado à sua obra. Foi professor da Escola de Belas Artes do Porto entre 1901 e 1936. Teixeira Lopes tratou sobretudo de temas alegóricos, históricos e religiosos, utilizando argila, mármore e bronze.


FLORA Autor – António Soares dos Reis Localização – Rua do Almada, Capela dos Pestanas. Inauguração – 1880

Por iniciativa de José Joaquim Pestana, proprietário do palácio da família, a Capela do Divino Coração de Jesus que lhe fica adjacente, foi construída entre 1878 e 1890. Sendo um exemplar do neogótico, a inspiração da sua arquitectura proveio das catedrais góticas e as paredes interiores e o tecto foram inspirados pela Sainte-Chapelle de Paris. Na fachada, duas esculturas em granito ladeiam a entrada, ambas da autoria de Soares dos Reis, e representando uma S. José com o menino e a outra S. Joaquim.


FLORA | MANUELA SILVA


UTORES DO ONUMENTO OS HERÓIS A GUERRA ENINSULAR

José Marques da Silva

António Alves de Sousa

Henrique moreira

ALFREDO IRENEU MOTA

José Sousa Caldas


AUTORES DO MONUMENTO AOS HERÓIS DA GUERRA PENINSULAR

José Marques da Silva Porto 1869 – 1947

É uma das principais figuras da arquitetura do Porto. Iniciou a sua formação como arquiteto na Academia Portuense de Belas-Artes, onde foi aluno, entre outros, de António Geraldes da Silva Sardinha, João Marques de Oliveira e António Soares dos Reis. Em 1889 ingressou na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts, cidade onde permaneceu a fim de obter o grau de Arquiteto Diplomado pelo Governo Francês, em 10 de dezembro de 1896.

António Alves de Sousa 1884 - 1922

Henrique moreira 1890 - 1979

José Sousa Caldas 1894 - 1965


MONUMENTO AOS HERÓIS DA GUERRA PENINSULAR Localização – Praça de Mouzinho de Albuquerque, (Rotunda da Boavista) Inauguração – 1952 Autores – Projecto inicial, da autoria do arquitecto Marques da Silva (1869-1947) e do escultor Alves de Sousa.

Autores – Projecto inicial, da autoria do arquitecto Marques da Silva (1869-1947) e do escultor Alves de Sousa. O início da construção (1909) foi sendo adiado, situação agravada também pelo desaparecimento prematuro do escultor Alves de Sousa. Maria José Marques da Silva, filha de José Marques da Silva e o seu marido David Moreira da Silva, também eles arquitectos, viriam a dirigir a construção tendo recorrido aos escultores Henrique Moreira e Sousa Caldas para completarem o trabalho de Alves de Sousa. É composta por um pedestal, de 45 m de altura, rodeado de grupos escultóricos, encimado por duas figurações simbólicas, uma águia e um leão, em bronze. A ave esvoaçante, como avatar do declínio napoleónico, é esmagada pelo poder leonino do patriotismo anónimo do povo. No sopé do pedestal, duas composições de escultura em bronze: uma simbolizando a ‘Vitória guiando a tropa e o povo’; a outra, representando a ‘Catástrofe da ponte das barcas’ (1808)


MONUMENTO AOS HERÓIS DA GUERRA PENINSULAR | ALFREDO IRENEU MOTA


COMÉRCIO E INDÚSTRIA (MERCÚRIO E FLORA)

RUI DUARTE

BENTO CÂNDIDO DA SILVA


BENTO CÂNDIDO DA SILVA Porto 1881 – Viana do Castelo 1935

Cursou Desenho Histórico na Academia Portuense de Belas Artes entre 25 de outubro de 1895 e 26 de junho de 1904 (5.º ano), onde foi um aluno distinto. Foi professor na Escola Industrial Infante D. Henrique no Porto, e Director da Escola Monserrate em Viana do castelo. Para o espaço público do Porto produziu o busto de Guilherme Gomes Fernandes, em 1915, em memória do bombeiro com o mesmo nome, falecido em 1902. O busto foi implantado na antiga praça de Santa Teresa, atualmente Praça de Guilherme Gomes Fernandes. Considera-se que esta peça escultórica constitui o primeiro lugar de memória da cidade a ser projetado e executado depois da implantação da república. Bento da Silva é, também, o autor do conjunto escultórico “Comércio e Agricultura”, esculpido entre 1914 e 1917, o qual encima o portal sul do Mercado do Bolhão.


COMÉRCIO E INDÚSTRIA (MERCÚRIO E FLORA) Autor Bento Cândido da Silva Localização – Mercado do Bolhão, Porta Sul Inauguração - 1917

Conjunto escultórico “Comércio e Agricultura”, esculpido entre 1914 e 1917 representa duas figuras alegóricas - Mercúrio e Flora, deuses da mitologia clássica consagrados ao Comércio e à Agricultura, respetivamente. Aparecem ambas as figuras reclinadas e ladeando o Brasão da Cidade. Mercúrio exibe um elmo alado e Flora uma espiga de trigo e um ancinho. Mercúrio, na mitologia romana, associado ao deus grego Hermes, é um mensageiro e deus da venda, lucro e comércio, o filho de Maia, uma Plêiade, e Júpiter. Seu nome é relacionado à palavra latina merx (“mercadoria”; comparado a mercador, comércio). Flora, na mitologia romana, é uma Deusa ninfa das Ilhas Afortunadas. Esposa de Zéfiro e deusa das flores e da Primavera, na Grécia é chamada de Clóris. Flora é a potência da natureza que faz florir as árvores e preside a “tudo que floresce”.


MERCÚRIO E FLORA |RUI DUARTE


CARLOS MORENO

CLARA MENÉRES WILLY BRANDT


CLARA MENÉRES Braga 1943 – Lisboa 2018

CEstudou escultura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde foi aluna de Salvador Barata Feyo, Lagoa Henriques e Júlio. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris de 1978 a 1981 e de 1988 a 1990, nos Estados Unidos. Doutorou-se na Universidade de Paris VII em 1983; foi Research Fellow do Center for Advanced Visual Studies do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) entre 1989 e 1991.[5] Clara Meneres (1943-2018) Lapis Cognitionis 1987 em exposição na Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, dezembro 2019. Iniciou a atividade pedagógica na Escola Superior de Belas-Artes do Porto; entre 1971 e 1996, foi professora na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (atual Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) Foi Professora Associada e, depois, Professora Catedrática na Universidade de Évora, onde lecionou de 1996 a 2007.

Algumas exposições individuais: Galeria Borges, Aveiro, 1967; Galeria Divulgação, Porto, 1968; Galeria Nasoni, Porto, 1987; Loja do Desenho, Lisboa, 1988; Jadite Gallery, New York, 1990; CAVS-MIT, Cambridge Massachusetts, U.S.A., 1990; Cooperativa Árvore, Porto, 1991 Jaz Morto e Arrefece, uma representação escultórica realista de um soldado morto com a farda da guerra colonial, inspirada no poema O Menino de Sua Mãe, de Fernando Pessoa) Mulher–Terra–Mãe Willy Brandt


WILLY BRANDT Autora – Clara Menéres Inauguração – 1993

Doada à cidade do Porto pela Fundação Friedrich Ebert. O arranjo do conjunto floral, da autoria do Arq.º Clemente Semide, é sempre mudado em função da estação do ano. Político alemão, de nome verdadeiro Herbert Ernst Karl Frahm, nascido em 1913 e falecido em 1992, líder do Partido Social-Democrata de 1964 a 1987 e chanceler da República Federal da Alemanha de 1969 a 1974. Foi membro ativo da resistência anti-nazi na Noruega, a partir de 1933. Foi ainda um ativo jornalista. Em 1957 foi presidente da Câmara de Berlim Ocidental. Entre 1976 e 1992 foi presidente da Internacional Socialista. Introduziu a chamada Ostpolitik, tentando a reconciliação entre a Europa Ocidental e a Europa de Leste. Em 1971 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz.


WILLIAM BRANDT | CARLOS MORENO


RUI DUARTE

ANTÓNIO FERNANDES DE SÁ O RAPTO DE GANIMEDES


ANTÓNIO FERNANDES DE SÁ Vila Nova de Gaia, 1874 – 1959

Na infância acompanhava o pai até à oficina de marmorista e fundidor de trabalhos em gesso. Em 1888 inscreveu-se na Escola de Belas Artes do Porto onde frequentou os cursos de Arquitetura, Pintura, Escultura e Desenho Histórico. Em 1895, com Tomás Alberto de Moura, Eduardo da Costa Alves Júnior e Abel de Vasconcelos Cardoso concorreu ao pensionato do Estado no estrangeiro, na classe de Escultura. Fernandes de Sá seguiu então para Paris em 1896. Terminado o pensionato regressou a Portugal, em 1901. Em 1902 enviou trabalhos para a Exposição de Belas Artes de Lisboa, sendo, de novo, premiado. No ano seguinte foi eleito Académico de Mérito da Academia de Belas-Artes do Porto. Anos depois, em 1917, transferiu o seu atelier para a Rua da Constituição. Representante do ecletismo do final do século XVIII, António Fernandes de Sá teve uma obra de valia irregular. O Rapto de Ganimedes conta-se entre os seus

melhores trabalhos em conjunto com A Vaga (gesso) que se encontra no Museu Nacional Soares dos Reis.


O RAPTO DE GANIMEDES Autor – Fernandes de Sá Localização – Jardim da Cordoaria Inauguração - 1898

Recebeu uma menção honrosa no Salon de Paris em 1898 e no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes em 1902. Ganímedes era um príncipe troiano, que, ao despertar a puberdade no corpo e na alma, trazia uma beleza rara. Seus traços de homem-menino reluziam pelos campos nos arredores da cidade de Tróia, onde cuidava dos rebanhos do pai. Foi numa tarde de primavera, que a beleza maliciosa de Ganimedes chamou a atenção de Zeus. O senhor do Olimpo, ao avistar beleza tão sublime, foi fulminado pela paixão. Foi impossível resistir à graciosidade do rapaz, ao rosto ainda imberbe, a transitar entre a juventude e a idade viril. Enlouquecido pelo desejo e pela paixão, Zeus transformou-se em águia, indo pousar junto ao jovem. Encantado pela beleza omnipotente da ave, Ganimedes aproxima-se, acariciando-lhe a plumagem. Imediatamente Zeus envolve o rapaz, tomando-o pelas garras, levando-o consigo para as alturas. É recebido com honras, assumindo o posto privilegiado de servir o néctar da imortalidade aos deuses, substituindo Hebe na função. Após servir aos deuses, Ganimedes derramava os restos sobre a terra, servindo também aos homens.


O RAPTO DE GANIMEDES | RUI DUARTE


AMOR DE PERDIÇÃO

FRANCISCO SIMÕES JOÃO PAULO CABRAL


FRANCISCO SIMÕES Porto Brandão, Caparica, 1946

Francisco Simões concluiu, em 1965, o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio, orientado pelo professor Calvet de Magalhães. Foi bolseiro da OCDE em Roma, Turim, Novara, Verona e Milão em 1967. Em 1968 trabalhou no Museu do Louvre convidado por Germain Bazin. Em 1974 conclui o curso de Escultura da Academia de Música e Belas Artes da Madeira. Foi consultor do Ministério da Educação para o projeto A Cultura Começa na Escola, em 1989 e membro do grupo de trabalho para a Humanização e Valorização Estética dos Espaços Educativos. Foi colaborador do Jornal de Letras, Artes e Ideias em 1990.

Algumas obras: Amores de Camilo, 2012. Mulheres de Lisboa Grupo de dez esculturas e painéis em mármore «Mulheres de Lisboa», na estação do Metropolitano de Lisboa do Campo Pequeno (1994) Busto de Vieira da Silva, na estação de Metropolitano de Lisboa do Rato (2002) Busto de Arpad Szenes, na estação do Metropolitano de Lisboa do Rato (2002) Parque dos Poetas, primeira fase, em Oeiras (2003) Parque dos Poetas, 2ª fase - A Ilha dos Amores (2013)


AMOR DE PERDIÇÃO Autor – Francisco Simões Localização – Largo Amor de Perdição Inauguração – 2012

A estátua tem o título de um romance de Camilo, escrito em poucos dias em 1861 e publicado dois anos depois – uma das obras expoentes do romantismo português. Relata o romance proibido de Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, filhos de famílias inimigas, que preferem morrer a desistir do amor que os une. Mariana, que nutre um amor não correspondido por Simão, segue-o na morte. O romance é inspirado na vida do próprio autor, Camilo Castelo Branco (1825-1890), também ele protagonista de múltiplas paixões trágicas que desde logo começaram na adolescência e acompanhá-lo-ão até ao suicídio, por ventura enraizadas nas desventuras da sua infância. Da autoria de Francisco Simões, escultor nascido em 1946 e formado em Escultura da Academia de Música e Belas Artes da Madeira, a estátua apresenta um Camilo, já de idade, a abraçar uma jovem formosa e desnudada. A pose tem elevada carga erótica, com uma das mãos de Camilo por detrás das nádegas da esbelta jovem e as suas pernas dentro do manto de Camilo. Todavia o registo facial leva-nos para outros sentimentos, a cara de um homem triste e amargurado a olhar para o infinito, e a face contemplativa e sorridente da jovem, a olhar para o homem que amava, sabiamente colocada em posição inferior, para enfatizar o amor, mas também a contemplação. João Cabral - 18 de maio de 2022


AMOR DE PERDIÇÃO | JOÃO PAULO CABRAL


CARLOS MORENO

GRAÇA COSTA CABRAL

AS SETE PARTIDAS DO MUNDO


GRAÇA COSTA CABRAL Ponta Delgada, 1939 – Lisboa, 2016

Fixou-se em Lisboa em 1947, onde frequentou o curso de escultura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL), que terminou em 1963. Em 1972 foi cofundadora do Ar.Co, Centro de Arte e Comunicação Visual, onde trabalhou a partir de então. Realizou a sua primeira exposição individual na galeria Quadrum, Lisboa (1983), a que se seguiram outras exposições individuais; participou ainda em inúmeras exposições coletivas, nomeadamente na III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1986)


AS SETE PARTIDAS DO MUNDO Autora – Graça Costa Cabral Localização – Lordelo do Ouro, Largo de António Cálem, de 1985. Inauguração – 1998

“Olho para estas ilhas e vejo o princípio do mundo, o fogo, as lavas, as cinzas, as pedras, os metais, o ferro, a matéria a elevar-se do mar e depois a quietude, o princípio da vida” Graça Costa Cabral


AS SETE PARTIDAS DO MUNDO | CARLOS MORENO


RUI OLIVEIRA LOPES

GUSTAVO BASTOS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE


GUSTAVO BASTOS Figueira da foz 1928 – Porto 2014

Em 1949 frequentou o Curso Superior de Escultura. Foi acompanhado, entre outros, pelos pintores Heitor Cramês, Joaquim Lopes e Dordio Gomes e pelo escultor Barata Feyo.

Em 1958 começou a lecionar na ESBAP Professor Catedrático da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em Escultura.

tátua O Repouso e a estátua pedestre em granito de João Pedro Ribeiro, dois relevos nas torres dos ascensores da margem Sul da Ponte da Arrábida (O Génio do rio Douro e O Homem dominando as águas do rio Douro), a Estátua equestre de D. Afonso Henriques, o baixo-relevo de S. Martinho, a escultura alegórica a Serpente no Jardim das Virtudes, o Grupo em bronze Camponeses e o retrato em bronze de José Vitorino Damásio, na Pasteleira, inaugurado em 1998 no cinquentenário da Associação Industrial Portuense.

Foi membro da Academia Nacional de Belas-Artes e do Conselho Científico da ARCA-ETAC (Escola de Tecnologias Artísticas de Coimbra), instituição onde também lecionou. Esteve representado na 1ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian e nas Exposições Magnas da ESBAP.

A sua obra está representada em vários espaços de referência, como o Museu Nacional de Soares dos Reis e o Museu Militar, no Porto; a Câmara Municipal de Matosinhos; o Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra; o Museu de Ovar e a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Autor de uma obra vasta e coerente, insere-se naquela que é chamada a escola de Barata Feyo

No Porto, podem encontrar-se, entre outras, a es-


QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE Autor – Gustavo Bastos Localização – Jardim do Passeio das Virtudes Inauguração –1970

A escultura em bronze intitulada Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse esteve inserida, inicialmente, no jardim do cruzamento entre a Av. Da Boavista e a Av. Marechal Gomes da Costa, sendo substituída pelo Monumento ao Empresário, da autoria de José Rodrigues, que hoje lá se encontra. Esta escultura partilha o espaço do Jardim do Passeio das Virtudes com outra obra do mesmo autor, intitulada Serpente. Ambas as peças fazem parte integrante de um projeto conjunto, pensado na época em que decorreu a Guerra Colonial, fazendo questionar a imagem de estabilidade e ordem que o Regime ditatorial português pretendia transmitir


QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE | RUI OLIVEIRA LOPES


BAIXO RELEVO, TEATRO RIVOLI

ALFREDO IRENEU MOTA

HENRIQUE ARAÚJO MOREIRA


HENRIQUE ARAÚJO MOREIRA Avintes 1890 – Porto 1979

Tendo trabalhado, após ter concluído o ensino básico, na mercearia familiar, ocupação que não lhe agradou, foi aprendiz de santeiro e de sapateiro . Diplomou-se na Academia Portuense de Belas Artes. Logo após a licenciatura, começou a trabalhar no atelier do Mestre Teixeira Lopes, mas poucos anos depois decidiu trabalhar por conta própria. Tendo declinado ofertas para leccionar em várias escolas, dedicou toda a sua vida profissional à escultura, tendo obras espalhadas por várias cidades e vilas do país, mas registando-se a maior implantação delas na cidade do Porto.

Obras na cidade do Porto: Busto de Camilo Castelo Branco, Padre Américo no Jardim da praça da República Menina Nua (baptizada assim pelos portuenses, sendo que o seu nome original era “A Juventude”), Avenida dos Aliados Os Meninos, na Avenida dos Aliados O Salva-vidas Homenagem a Raul Brandão na Foz do Douro Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular na Rotunda da Boavista


BAIXO RELEVO, TEATRO RIVOLI Autor – Henrique Moreira Localização – Praça D. João I Inauguração – 1913

Dez anos após a sua fundação, em 1923, o teatro antes conhecido como Nacional passou a ser apelidado de Rivoli. Em 1932, o teatro, propriedade de Manuel Pires Fernandes, por iniciativa deste viria a ser renovado. Nos anos 40 e 50, Maria Borges, filha do proprietário e que assumiu a gestão do espaço, decide-se pela execução de vários melhoramentos, um dos quais será o conjunto escultórico patente na parte superior da frontaria e que foi encomendado a Henrique Moreira.


BAIXO RELEVO DO TEATRO RIVOLI | ALFREDO IRENEU MOTA


MENINA NUA Autor – Henrique moreira Localização – Avenida dos Aliados Inauguração – 1929

Realizada em 1929, teve como modelo uma jovem muito conhecida na cidade pela sua beleza e encanto, de seu nome Aurélia Magalhães Monteiro, que foi muito solicitada pelos melhores escultores e pintores da cidade para posar para diversas obras. Colocada no alto de um pedestal, a estátua de mármore, encima uma fonte, composta por quatro figuras de bronze, da boca das quais jorra um fino caudal de água.


MENINA NUA | ALFREDO IRENEU MOTA


MENINOS Autor – Henrique Moreira Localização – Av. dos Aliados Inauguração – 1931

A obra de Henrique Moreira distingue-se pela harmonia dos volumes e das linhas, numa abordagem clássica, e pela expressividade naturalista e serena. Destaca-se na sua obra o grupo ornamental dos Meninos, objecto da presente imagem. A escultura, em bronze, encontra-se em posição central da Avenida do Aliados, no Porto. Apresenta três meninos nus, de compleição robusta (para segurarem tão pesada taça!), de feições alegres, que seguram uma grande taça cheia de frutos e flores que transbordam pela coluna abaixo. O conjunto exala grande harmonia, alegria, equilíbrio e felicidade. João Cabral - 18 de maio de 2022


MENINOS | JOÃO PAULO CABRAL


LOBO DO MAR OU SALVA VIDAS Autor – Henrique Moreira Localização – Av. Montevideu Inaugurada em 1937

Estátua em bronze, em homenagem aos homens que enfrentam o mar.


LOBO DO MAR | HERNÂNI MARTINS


IRENE VILAR ANJO MENSAGEIRO

ALFREDO IRENEU MOTA

CAMÕES


IRENE VILAR Matosinhos 1930 – Porto 2008

Tem uma carreira de cinco décadas em escultura, pintura, numismática e medalhística. Foi mais um exemplo de uma mulher percursora, que lutando contra os preconceitos familiares conseguiu seguir a sua vocação, formar-se e criar uma carreira própria. Foi também professora de desenho em várias escolas e autora da moeda de dois euros de 2007. Teve a sua vida ligada à Foz do Douro, onde começou a viver aos dezanove anos e onde situou o seu estúdio, e onde também deixou legado nas esculturas de Luís de Camões e do Anjo Mensageiro, o primeiro em frente ao Oceano Atlântico e o segundo na margem do Rio Douro, cais das Sobreiras, entre o Fluvial e a Cantareira. Tem obra em vários países e em vários continentes, Europa, África e América do Sul.


ANJO MENSAGEIRO Autor – Irene Vilar Localização – Foz do Douro, cais das Sobreiras Inauguração – 2001

Ali na Foz do Douro, junto ao rio, no cais das Sobreiras, entre o Fluvial e a Cantareira, na zona da cidade onde viveu a maior parte da sua vida e não longe onde a escultora Irene Vilar montou o seu ateliê, fica em toda a sua imponência a escultura do “Anjo Mensageiro”. Obra mística, tem sido alvo de alguma atenção religiosa, não sendo raro encontrar-se na sua base uma ou outra vela ou alguns ramos de flores. Colocada no local em 2001, a escultura em bronze, a que a artista chamou apenas de “Mensageiro”, acabou popularmente por ser conhecida com o nome que as gentes da cidade lhe foram outorgando. Quem vem da foz do rio e caminha pelo passeio que o bordeja, acaba por ser recebido pelo anjo como se este quisesse transmitir o afago da cidade que vai acolher o forasteiro.


ANJO MENSAGEIRO | ALFREDO IRENEU MOTA


CAMÕES Autor – Irene Vilar Localização – Avenida Brasil Inauguração – 1979

Realizada nos anos noventa do século passado, situada num local quase confidencial, meio escondida pelas árvores que se podem encontrar naquela espécie de varandim, quase no final da Avenida Brasil, Camões aparece-nos sonhador, absorto nos seus pensamentos, quase parecendo que a qualquer momento vai desviar o seu olhar e contemplar o mar que lhe foi sempre tão inspirador e fautor de dramas e aventuras.


CAMÕES | ALFREDO IRENEU MOTA


JANET ECHELMA SHE CHANGES “ANÉMONA”

RUI OLIVEIRA LOPES


JANET ECHELMAN Flórida EUA, 1966

Frequentou o Bard College e a Universidade de Harvard. Depois de se formar no Harvard College, viveu no Bali durante 5 anos, completando de seguida uma pós-graduação em Pintura e em Psicologia. Recebeu um douturamento honorário da Tufts University, Echelman lecionou no MIT, em Harvard e na Universidade de Princeton. Na Índia, onde esteve na sequência de uma bolsa de estudo do programa Fulbright, usou pela primeira vez as redes que, entretanto, se tornaram uma constante na sua obra. O trabalho de Echelman desafia a categorização, pois cruza Escultura, Arquitetura, Design Urbano, Ciência dos Materiais, Engenharia Estrutural e Aeronáutica e Ciência da Computação.

Prêmios: Bolsa Guggenheim para Artes Criativas, Estados Unidos e Canadá Principais obras: Hoboken September 11th Memorial (2007), em Nova Jérsia, Estados Unidos Expanding Club (2007), em Nova Iorque, Estados Unidos She Changes (2005), em Matosinhos-Porto, Portugal Target Swooping #5 (2004), em Roterdão, Países Baixos Road Side Shrine II (2002), em Nova Iorque, Estados Unidos Target Swooping Down (2001), em Madrid, Espanha


SHE CHANGES “ANÉMONA”

Interessante escultura da norte-americana Janet Echelman, que a apelidou de She Changes.

Autora – Janet Echelman

Segura por três postes metálicos, esta gigantesca rede de 42 metros de diâmetro movimenta-se ao sabor do vento, imitando o movimento das anémonas. É uma escultura em constante mutação daí o seu nome.

Localização – Praça Cidade S. Salvador, Matosinhos Inauguração – 2005

Dedicada aos pescadores de Matosinhos, foi da comunidade local que surgiu a designação que todos usam e para sempre identificará aquele objeto singular: Anémona.

Em 2007 a estrutura começou a degradar-se rapidamente devido às condições climatéricas. A Câmara Municipal de Matosinhos e Janet Echelman chegaram a acordo relativamente à reabilitação da escultura, sendo que a artista se comprometeu a pagar pela substituição da rede, uma vez que esta tinha uma garantia de 5 anos.


SHE CHANGES - ANÉMONA | RUI OLIVEIRA LOPES


JOÃO PIRES CUTILEIRO SÃO JOÃO BATISTA

CARLOS MORENO


JOÃO PIRES CUTILEIRO Lisboa 1937 –2021

Cresceu no seio de uma família muito ligada aos sectores oposicionistas e anti-fascistas. Em 1941, com quatro anos de idade, acompanha a família na deslocação para os Açores e vive dois anos na ilha Terceira. Um outro grande momento ocorre em 1951 quando, a caminho de Kabul, no Afeganistão, onde seu pai estava a trabalhar, passa por Florença e se confronta com o impacto da obra de Miguel Ângelo. Esse poderá ter sido o instante decisivo a marcar a sua opção definitiva pela escultura. Matricula-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, que frequenta por pouco tempo. Opta, então, por ir para Londres e passa a frequentar a Slade School of Art. É nestes períodos que começa a trabalhar o mármore e a desenvolver todo um percurso artístico muito moldado pela escolha dos materiais com que trabalha. Regressa a Portugal em 1970, instala-se em Lagos e executa naquela cidade algarvia uma das suas obras

mais polémicas para o academismo vigente durante o Estado Novo: D. Sebastião. Em 1985 mudou-se para Évora, onde continuou a desenvolver uma obra singular.


SÃO JOÃO BATISTA Autor: João Cutileiro Localização - Praça da Ribeira, no nicho que fica por cima da Fonte de São João Inauguração: 2000, na noite de São João

Representa uma figura emblemática para a cidade e encontra-se no coração da Invicta, esta a peça retrata o santo mais acarinhado pelos portuenses. A escultura tem 2,30 metros de altura e 700 quilos de peso. Com recurso ao mármore e ao bronze, representa o santo vestido com pele de cordeiro e com o cajado de pastor encimado por uma cruz, mas sem o tradicional cordeiro ao colo.


SÃO JOÃO BATISTA | CARLOS MORENO


MANUELA SILVA

JOSÉ JOÃO DE BRITO TRAGÉDIA NO MAR


JOSÉ JOÃO DE BRITO Coimbra 1941

Concluiu o Curso Complementar de Escultura da ESBAP em 1967, tendo recebido o prémio de Escultura Teixeira Lopes.

Homenagem a Cristóvão Falcão no Parque dos Poetas, Oeiras.

Expôs individual e coletivamente nas áreas de desenho, medalhística, cerâmica e escultura.

O escultor está representado em coleções nacionais e estrangeiras, nomeadamente no Museu Amadeu de Souza Cardoso, Amarante, na Galeria Lugar do Desenho, Estremoz, Centro Cultural da Caloura, S. Miguel, Açores, no Museu INCM e na Casa Fernando Pessoa, Lisboa, e no British Museum of London.

Obras: Monumento dedicado a Fernando Pessoa nos Olivais, Lisboa. Cais da estação do Metropolitano do Martim Moniz, em Lisboa Tragédia no Mar em Matosinhos Monumento a D. Manoel Lôbo na Colónia Del Sacramento, Busto de Domingos Bomtempo em Joanesburgo, Monumentos ao Emigrante e Varina, na Murtosa e Torreira Escultura comemorativa dos 200 anos do Colégio Militar, em Oeiras


TRAGÉDIA NO MAR Autor – José João Brito Localização – Av. General Norton de Matos / Praia do Titã, Matosinhos Inauguração – 2005

O dia 1 de Dezembro de 1947 ficou marcado como uma das datas mais tristes da comunidade piscatória de Matosinhos - naufrágio de quatro traineiras que vitimou 152 pescadores. Em Julho de 2005, inspirado num quadro de Augusto Gomes, foi inaugurada uma escultura de José João Brito que presta homenagem às famílias e vítimas deste naufrágio. As mulheres e crianças de rostos angustiados e braços levantados a avançar pela areia impõem-se à paisagem quer da praia, do porto, como aos prédios modernos construídos nas últimas décadas.


TRAGÉDIA NO MAR | MANUELA SILVA


SONHO DUMA HUMANIDADE MONUMENTO A FERREIRA DE CASTRO

JOSÉ RODRIGUES MONUMENTO AO EMPRESÁRIO

FILOMENA SILVA CAMPOS


JOSÉ RODRIGUES Luanda 1936 – Porto 2016

Formado em escultura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. Foi fundador e Presidente da Direção da Cooperativa Arvore, Porto. Condecorado em 1994 com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Com Armando Alves, Ângelo de Sousa e Jorge Pinheiro constituiu, em 1968, o grupo Os Quatro Vintes. Executou mais de 100 medalhas para diversas entidades. Encenou várias peças de teatro em Portugal e no estrangeiro. Colaborou com poetas e escritores na ilustração de livros. Realizou vários monumentos e esculturas em Portugal e no estrangeiro.

Recebeu vários prémios e está representado em varias coleções particulares e museus no país e no estrangeiro.


MONUMENTO AO EMPRESÁRIO Autor – José Rodrigues Localização – Av. Marechal Gomes da Costa Inauguração – Porto 1992 Oferecido pela AIP à Camara Municipal do Porto.

A água como forma, écrã e metáfora é integrada no Monumento ao Empresário, uma obra encomendada pela Associação Industrial Portuense e fez parte do programa de homenagem ao Empresário Português. Localizado no encontro da Av. Marechal Gomes da Costa com a Av. Da Boavista, o conjunto escultórico foi pensado para proporcionar diferentes modos de fruição: ser observado rapidamente por quem o olha passando de automóvel, ser apreendido como um todo por quem se desloque a pé no seu perímetro, ou ser entendido na sua espacialidade interna e interações de materiais (granito, mármore, vidro espelhado e água) por quem o atravessar. A composição organiza-se a partir de duas linhas ortogonais, dois caminhos que se cruzam sobre o espelho de água definindo trajetos que materialmente, se afirmam como refletores. Essa cruz e o círculo em que se inscreve, com as subdivisões, evoca a Rosa dos Ventos, que faz a ligação com a memória dos Descobrimentos. A simbologia implícita, contém a ideia da expansão na forma da esfera. A cruz, como elemento estruturante, relaciona prismas que se projetam verticalmente, pelo efeito de reflexos do revestimento e dos espelhos de água nos quais assentam. O conjunto é animado com efeitos de água e luz. Era intenção do escultor que este espaço fosse articulado com toda a praceta e se tornasse um lugar de encontro ou de convívio.


MONUMENTO AO EMPRESÁRIO | FILOMENA SILVA CAMPOS


SONHO DUMA HUMANIDADE MONUMENTO A FERREIRA DE CASTRO Autor – José Rodrigues Localização – Foz do Douro, Porto Inauguração – 22 de Outubro de 1988

O primeiro monumento realizado por José Rodrigues foi dedicado a Ferreira de Castro. Encomenda da Associação Internacional dos Amigos de Ferreira de Castro, presidida por Eurico Alves, com a intenção de ser doada à cidade e colocada num espaço ajardinado que possibilitasse a proximidade e interação com o observador, na Praça do Molhe, em Nevogilde, ou na Avenida de Montevideu. É constituído por um elemento paralelipipédico com médios e altos relevos figurativos, apoiado em dois elementos lineares que se cruzam; reúne e articula três ideias fundamentais: o ser humano libertado, o drama da condição humana e a universalidade da obra de Ferreira de Castro. Uma figura independente, enfrenta a natureza selvagem, representada nos elementos vegetais, desbravando-a.


SONHO DUMA HUMANIDADE | FILOMENA SILVA CAMPOS


JOSÉ SOUSA CALDAS

A TERNURA

ALFREDO IRENEU MOTA

ALTO-RELEVO EXTERIOR ESCOLA DE SOARES DOS REIS

HERNÂNI MARTINS


JOSÉ SOUSA CALDAS Vila Nova de Gaia 1894 – 1965

Afilhado do escultor José Joaquim Teixeira Lopes. frequentou a Academia Portuense de Belas Artes, onde teve como professores António Teixeira Lopes, José de Brito e Marques de Oliveira, tendo concluído o curso de escultura com apenas dezassete anos. Foi professor e diretor da Escola Industrial Faria de Guimarães (atual Escola Secundária Artística de Soares dos Reis), até 1964 e pertenceu à Comissão de Reforma do Ensino Técnico. As suas obras estão representadas em vários museus, entre os quais o Museu do Abade de Baçal, em Bragança, o Museu de Ílhavo, o Museu do Chiado, em Lisboa, e o Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto. Foi autor de muitas obras escultóricas, representando figuras de várias áreas da vida portuguesa, entre as quais se destacam as do Barão de Nova Sintra, do Maestro Hernâni Torres, do Dr. Alfredo Magalhães, do Abade de

Baçal em Bragança, do Dr. Sousa Júnior e do Dr. Pinheiro Torres, do Dr. Lourenço Peixinho em Aveiro, do Dr. Rebelo Moniz, em Resende, do Cardeal Cerejeira em Lousada, de Diogo Cassels em Vila Nova de Gaia, do Dr. Joaquim Borges em Vila Nova de Tazem, de Alfredo Coelho em Lisboa e do Papa Pio X no Seminário da Sé do Porto. Obras no Porto: Ternura, no Palácio de Cristal, Dr. João das Regras no Palácio da Justiça do Porto, Baixo-relevo “Ódio” da frontaria do Teatro de S. João, Alto-relevo exterior da Escola Soares dos Reis.


A TERNURA Autor – José Sousa Caldas Localização – Jardim do palácio de Cristal nas traseiras do Pavilhão Rosa Mota, junto ao lago e no seio de um ambiente arbóreo. Inauguração – 1965

Sensível escultura de José Sousa Caldas, representando uma jovem rapariga que acaricia um corso.


A TERNURA | ALFREDO IRENEU MOTA


ALTO-RELEVO EXTERIOR ESCOLA DE SOARES DOS REIS Autor – José Sousa Caldas Localização – Rua D. João IV Inauguração – 1955

Tendo sido professor em várias escolas, desempenhou as funções de professor e director da Escola Industrial Faria de Guimarães (actual Escola Secundária Artística de Soares dos Reis), até 1964. Foi aqui que Sousa Caldas nos legou o seu alto-relevo onde celebra a criatividade inerente à produção artística e onde podemos encontrar uma homenagem à criatividade pelo pendor escultórico do artista nas palavras de Fernando Pessoa – Deus Quer, O Homem Sonha, A Obra Nasce.


ALTO-RELEVO DA ESCOLA SOARES DOS REIS | ALFREDO IRENEU MOTA


MONUMENTO AO ESFORÇO COLONIZADOR PORTUGUÊS Autor – José Sousa Caldas (projecto), Alberto Ponce de Castro (execução) Localização – Praça do Império, Porto Inauguração – Junho de 1934 no Palácio de Cristal

Monumento construído para a Exposição colonial. Compõe-se de um obelisco encimado com as armas nacionais, na base seis esculturas estilizadas simbolizando a quem se deve o esforço colonizador: a mulher, o militar, o missionário, o comerciante, o agricultor e o médico.


MONUMENTO AO ESFORÇO COLONIZADOR PORTUGUÊS | HERNÂNI MARTINS


JOSÉ TEIXEIRA LOPES ALMINHAS DA PONTE

MANUELA SILVA


JOSÉ TEIXEIRA LOPES S. Mamede de Ribatua, 1837 – 1918

Em criança esculpia em pequenos pedaços de madeira, estátuas do Senhor dos Passos e da Nossa Senhora da Soledade. Ajudado por amigos da família frequentou a escola de Belas Artes, no Porto. Teixeira Lopes estudou, mais tarde, com M. da Fonseca e Jouffroy, em Paris. Obras suas, pelo menos atribuídas pela tradição, enriquecem o espólio de igrejas próximas, revelando a sua elevada qualidade de santeiro: S. Mamede de Ribatua, Castanheiro do Norte, Alijó e Amieiro. Do conjunto da sua obra, destacam-se a estátua equestre de D. Pedro V, na Praça da Batalha, no Porto (1862), e a do Conde Ferreira.

Foi condecorado com o grau de Cavaleiro (Ordem de Cristo).


ALMINHAS DA PONTE Autor – José Teixeira Lopes Localização – Cais da Ribeira Inauguração – 1897

As Alminhas da Ponte evocam o que aconteceu no dia 29 de março de 1809, quando milhares de pessoas perderam a vida no colapso da ponte das barcas, quando fugiam dos exércitos franceses. O baixo relevo em bronze, de Teixeira Lopes foi construído em 1897. Nele se pode ver em grande plano a defesa contra as tropas francesas e ao fundo a ponte a ceder com os infelizes a serem arrastados pelas águas do rio. O baixo-relevo é protegido por um alpendre de ferro assente em duas consolas e a ladear o painel central está a consola para velas que ainda hoje é usada pelas gentes da Ribeira em memória não só dos que morreram no passado, mas sobretudo para agradecer ou pedir proteção para as suas famílias nos dias de hoje.


ALMINHAS DA PONTE | MANUELA SILVA


JUAN MUÑOZ

TREZE A RIR UNS DOS OUTROS

LUÍSA CARNEIRO


JUAN MUÑOZ Madrid 1953 – Ibiza 2001

Frequentou o curso de arquitectura, acabando por ir para Londres nos anos 70. Viaja pela Europa e dedica-se ao cinema. Volta a Londres onde estuda cerca de 80 técnicas de gravação (litografia) e inova com esculturas que brincam com sons, magnetofones, bobinas móveis de áudio, silhuetas, com o peso e com o equilíbrio. Em 81/82 estuda em Nova York. Regressa a Madrid, é curador em algumas exposições e só em 1984 faz a sua primeira exposição individual, na Galeria Fernando Vijande, em Madrid. Desde então, os seus trabalhos têm sido frequentemente exibidos na Europa e noutras partes do mundo. Trabalhava principalmente com papel machê, resina e bronze, gravações de áudio e pintura para criar suas peças dinâmicas, combinando elementos de escultura e instalação para esbater as distinções entre realidade e arte.

Em 2000 ganhou o Premio Nacional de Artes Plásticas de España.


TREZE A RIR UNS DOS OUTROS Autor – Juan Muñoz ((1953-2001) Localização – Jardim da Cordoaria

“O riso é uma coisa séria demais” Groucho Marx

Conjunto escultórico composto por 4 bancadas de aço e 13 figuras de bronze da autoria do escultor espanhol Juan Muñoz no âmbito da Capital Europeia da Cultura e numa iniciativa patrocinada pela empresa privada espanhola Crédito y Caución. Muñoz considerava-se um contador de histórias. Estas 13 personagens de feições asiáticas riem de quê? Na verdade riem-se porque um caiu, parecendo ter sido empurrado por um dos outros com excepção de um dos conjuntos onde parece ter caído por culpa do seu próprio riso É intencional a interacção entre a escultura e o espectador. Os observadores também riem ou esboçam um sorriso, porque afinal o riso é contagioso e uma queda, um passo em falso, a incongruência da situação, sempre provocam uma maldosa vontade de rir, que afinal não passa duma forma de aliviar a tensão gerada, de desviar a atenção da evidente inaptidão para o seguimento das normas.

E o melhor riso é mesmo aquele em que nos rimos de nós mesmos !


TREZE A RIR UNS DOS OUTROS | LUÍSA CARNEIRO


LEOPOLDO NEVES DE ALMEIDA JUSTIÇA

JOÃO PAULO CABRAL


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LEOPOLDO NEVES DE ALMEIDA Vila Nova de Gaia 1898 - Lisboa 1975

Escultor português, pertence à segunda geração de artistas modernistas portugueses. Frequentou a Escola de Belas-Artes de Lisboa, a Grande Chaumière, em Paris, e parte daí para Roma. Em 1940 é-lhe atribuída a Medalha de Honra da SNBA e o Prémio Soares dos Reis do SPN, Prémio Rocha Cabral da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa, e o Prémio Soares dos Reis. Obras: Fauno, 1927, col. Museu do Chiado. Baixos-relevos, 1934, fachada do Cineteatro Éden, Lisboa. Padrão dos Descobrimentos, 1940 (versão atual: 1960), Belém, Lisboa (em colaboração com Cottinelli Telmo). Óscar Carmona, Jardim do Museu da Cidade, Lisboa. Monumento a D. Sancho I, 1946, Castelo de Silves. A Família, 1947, jardins da Presidência do Conselho de Ministros, Lisboa.

Ramalho Ortigão, 1948-49, Jardim da Cordoaria, Porto. D. Afonso Henriques, 1950, Campo Grande, Lisboa. D. João I, 1950, Campo Grande, Lisboa. Eça de Queiroz, 1952, Praça do Almada, Póvoa de Varzim. António Feliciano de Castilho, Av. da Liberdade, Lisboa. Justiça, c. 1960, Palácio da Justiça, Porto. Estátua equestre de Nuno Álvares Pereira, 1961, Batalha. Estátua equestre de D. João I, Praça da Figueira, Lisboa. Monumento ao Infante D. Henrique, Lagos.


JUSTIÇA Autor – Leopoldo de Almeida Localização – Palácio da Justiça Inauguração – 1961

A estátua, em bronze, de grandes dimensões, é da autoria de Leopoldo de Almeida (1898-1975), o mais empenhado e simbólico escultor do Estado Novo. Nascido em 1899, é autor de uma obra vasta, de características técnicas e formais neoclássicas. A sua carreira foi prolixa, com mais de duas centenas de obras e o controlo do ensino da escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa, atingindo uma apoteose oficial de glória pelas funções de direcção da Exposição do Mundo Português, onde realizou as suas mais fortes concretizações simbólicas. A estátua está apropriadamente colocada em frente do Palácio da Justiça do Porto, tendo por pano de fundo um conjunto de baixos-relevos alegóricos à temática da justiça. Apresenta uma jovem robusta, com um manto que realça o corpo, uma face que mostra determinação, concisão e agudeza, com uma das mãos a segurar uma espada que nos transporta para a Antiguidade ou Idade Média, e a outra a segurar uma balança, atributos da necessária ponderação e prudência no julgamento, em que todos os factores entram nos equilíbrios de uma balança, e da aplicação da justiça, que em tempos antigos se processava com o uso da arma mais antiga – a espada. João Cabral - 18 de maio de 2022


JUSTIÇA | JOÃO PAULO CABRAL


MATHURIN MOREAU AS QUATRO ESTAÇÕES RUI OLIVEIRA LOPES


MATHURIN MOREAU Paris 1812 – 1912

Frequentou a École des beaux-arts de Paris em 1841 onde trabalhou com Jules Ramey e Auguste Dumont . Escultor de estilo académico, com grande qualidade técnica Usou principalmente o ferro fundido , com um revestimento imitando bronze. Entre 1849 e 1879, Mathurin Moreau colaborou com a fundição de arte Val d’Osne e forneceu modelos para a Compagnie des bronzes de Bruxelles e expôs na União Central de Belas Artes Aplicadas à Indústria na década de 1880. Ganhou o segundo prêmio em Roma em 1842, com Diodemus removendo o Palladium. No Salão dos artistas franceses em 1848 destacou-se com a estátua L’Élégie. Obteve uma medalha de segunda classe na Exposição Universal de 1855 em Paris, e uma medalha de primeira classe em 1878. Em 1897, foi coroado com uma medalha

de honra no Salão do qual se tornou membro do júri durante a Exposição Universal de 1900 em Paris. Aí exibiu um busto de mármore branco representando Ismael , filho de Abraão e Hagar (após o seu busto em mármore e bronze de Carrara de 1875, intitulado: Ismaël, candeur ). Outros prémios: Prix de Rome em escultura, oficial da Legião de Honra , medalha de honra no Salão dos artistas franceses


AS QUATRO ESTAÇÕES Autor - Mathurin Moreau Localização – Jardins do Palácio de cristal Inauguração – 1865?

Os jardins do Palácio de Cristal albergam esculturas que representam as estações do ano. No jardim central, iniciando a visita aos jardins pela direita, localizamos desde logo uma escultura feminina desnuda representando o Verão. Depois, duas esculturas femininas simbolizam a Primavera e o Inverno. A primeira é uma representação mais casta – a escultura encontra-se vestida, ao contrário do Verão e do Inverno que não ocultam os seus encantos. Enquanto a escultura da Primavera foi produzida pela Barbezat & C.ie, Val d’Osne, a do Inverno saiu das Fonderies de Sommevoire, Haute Marne. Finalmente, encontramos a última escultura deste circuito onde também a inscrição Barbezat & C.ie, Val d’Osne, está patente. O suporte ostenta uma placa com a inscrição Outono.


AS QUATRO ESTAÇÕES | RUI OLIVEIRA LOPES


RUI CHAFES O MEU SANGUE É O VOSSO SANGUE

RUI DUARTE


RUI CHAFES Lisboa, 1966

Fez o Curso de Escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, entre 1984 e 1989, onde estudou Escultura com Jorge Vieira e Tecnologia de Metais com António Trindade. De 1990 a 1992 estudou na Kunstakademie Düsseldorf com Gerhard Merz onde desenvolveu e consolidou a sua pesquisa sobre a cultura e arte alemãs que tinha iniciado em Portugal. Durante essa estadia, traduziu de alemão para português os Fragmentos de “Novalis”, sendo o livro editado em 1992 pela Assírio & Alvim. Uma das bases de trabalho que Rui Chafes tem reclamado é, precisamente, o pensamento estético do Romantismo Alemão. Tendo iniciado a actividade em meados da década de 1980, a sua obra divide-se entre a escultura, o desenho e a escrita. A partir de 1988, começa a utilizar maioritariamente o ferro (quase sempre pintado de negro baço), preferindo integrar as suas esculturas diretamente na natureza ou em situações arquitetónicas concretas, como é exemplo a exposição “Durante o fim” que real-

izou em Sintra, no Palácio e Parque da Pena e no Museu Berardo simultaneamente. As suas esculturas podem assumir grandes dimensões, confrontando-se diretamente com a escala da natureza, tal como é visível na instalação permanente no Jardim da Sereia, em Coimbra (2004). Prémios e distinções : Prémio de Artes Plásticas União Latina (1966) Prémio de Escultura Robert-Jacobsen, atribuído pela Stiftung Würth, na Alemanha (2004) Prémio Nacional Cidade de Gaia (2007) Gran Premio A.E.C.A. pela melhor obra no ARCO, Madrid (2012) Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2014) Prémio Pessoa atribuído pelo semanário Expresso (2016)


O MEU SANGUE É O VOSSO SANGUE Autor – Rui Chafes Localização – Rua das Flores, Museu da Misericórdia Inauguração – 2015

Obra integrada no Programa de Arte Pública da Câmara Municipal do Porto. A escultura é inspirada na pintura flamenga do século XVI, parte do interior do novo museu e projeta-se para o espaço público na Rua das Flores. O Programa de Arte Pública, oficialmente lançado a 25 de fevereiro 2015 é desenvolvido em parceria com diversas entidades públicas e privadas que apoiam a produção e instalação de obras, cujo envolvimento é assinalado publicamente em placas de inauguração, colocadas junto às respetivas obras. Este é um projeto mobilizador de diversos agentes e entidades, locais e nacionais, e que os convoca a integrarem-no nas suas estratégias de responsabilidade social, viabilizando assim a sua concretização. O seu objetivo central é dotar o Porto de um museu ao ar livre cujos conteúdos permitem - através de discursos contemporâneos que interpretam (e interpelam) o contexto onde se inserem - contribuir para a valorização do centro histórico e do património histórico-cultural de diferentes territórios da cidade.


O MEU SANGUE É O VOSSO SANGUE | RUI DUARTE


RUI DUARTE

VIMARA PERES

JOÃO PAULO CABRAL

ROSALÍA DE CASTRO

SALVADOR BARATA FEYO


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SALVADOR BARATA FEYO Moçâmedes 1899 – Porto 1990

Escultor, ensaísta e pedagogo, foi como estatuário que mais se notabilizou. Ingressa na Escola de Belas-Artes de Lisboa em 1923, frequentando os cursos de Pintura e Arquitectura, antes de se dedicar à Escultura, curso que conclui em 1929. Em 1933 ganha uma bolsa do Instituto de Alta Cultura e parte para Itália. Entre 1950 e 1960, Barata Feyo acumula a actividade artística e docente com a direcção do Museu Nacional Soares dos Reis, assumindo posteriormente o cargo de Conservador Adjunto dos Museus e Palácios Nacionais. Também se dedicou ao desenho e à escrita, sendo autor dos livros A Escultura de Alcobaça (1945), José Tagarro (1960) e de inúmeros artigos sobre artistas no jornal O Comércio do Porto. Participa na Exposição do Mundo Português em 1940

(estátua de D. João I) e, em 1949, começa a lecionar na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, fixando residência naquela cidade. Ao longo das décadas de 40 e 50 o seu trabalho ganha notoriedade e reconhecimento, recebendo numerosos prémios, como o prémio de Escultura Mestre Manuel Pereira (1945 e 1951), o Grande Prémio de Escultura da Fundação Calouste Gulbenkian (1957) ou o primeiro lugar no concurso para o monumento ao Infante D. Henrique (Sagres, 1958).


ROSALÍA DE CASTRO Autor – Barata Feyo Localização – Praça da Galiza Inauguração – 1954

Rosalía Castro de Murguía (1837-1885), escritora galega, nasceu em Santiago de Compostela. Viveu algum tempo em Madrid, onde publicou o seu primeiro livro. Após viagens por diversas cidades de Espanha, fixou-se, já casada, na Galiza, onde viveu até à morte. É uma das figuras destacadas da literatura galega. Mulher duma delicada sensibilidade e alta inspiração, os galegos consideram-na a sua poetisa nacional, por ter sabido dar elevada expressão poética ao fundo lírico que perspassa a alma galega e à tragédia social do seu povo. Quem a lê sente-se na Galiza, pelo verde da sua vegetação, pela névoa das manhãs, pelos rios que, dessa finisterra, vão dar ao oceano. A estátua foi colocada apropriadamente na Praça da Galiza. Em granito de bela aparência, está num pedestal, que por sua vez, foi colocado dentro de um pequeno lago. Rosalía, envolta numa túnica, está sentada. O autor reduziu os pormenores físicos. A pose é elegante, determinada, alegre e confiante. Rosalía olha para cima, em feliz contemplação, parecendo evocar a ternura e o sentimentalismo da mulher galega. João Cabral - 18 de maio de 2022


ROSALÍA DE CASTRO | JOÃO PAULO CABRAL


VÍMARA PERES Autor – Salvador Barata Feio Localização – Sé Catedral do Porto Inauguração – 1968

Monumental estátua equestre que da sua imponente figura fez Barata Feyo em 1968, mil e cem anos portanto depois da libertação do burgo portucalense do jugo muçulmano. Vímara Peres foi um fidalgo galego nascido em 820, finais do primeiro quartel do séc. IX. Morreu no ano de 873, em Guimarães, com cinquenta e três anos. Cristão da Reconquista, foi cavaleiro e senhor da guerra, enviado por D.Afonso III das Astúrias ao vale do rio Douro, com a incumbência de expulsar dali os mouros, da linha natural cujo domínio os asturo-leoneses consideravam fundamental para a sua defesa. A ele se ficou a dever, entre outras coisas, o repovoamento cristâo das terras de entre Douro e Minho. Ajudado pelos cavaleiros cristãos da região, conquistou Portucale aos mouros no ano de 868. Nesse mesmo ano, receberia Vímara Peres o título de Conde de Portucale, dando assim início a uma dinastia condal que duraria até ao ano de 1071. Entre as suas obras consta ainda a da fundação de um pequeno burgo fortificado, junto a Braga, a que deu o nome de Vimaranis - que então significava “terras de Vimara” - e haveria de se transformar na cidade de Guimarães e berço de Portugal.


VÍMARA PERES | RUI DUARTE


SÉRGIO TABORDA

O NADADOR LUÍSA CARNEIRO


SÉRGIO TABORDA Coimbra 1958

Vive e trabalha em Lisboa e Berlim. Após ter concluído o curso de Escultura do Ar.Co e frequentado o curso de Cinema do Conservatório de Lisboa, licenciou-se em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Leccionou Escultura e Desenho no Ar.Co (Lisboa) e as disciplinas de Projecto, Desenho e Seminário de Mestrado na ESAD-CR (Caldas da Rainha). Actualmente é artista/investigador residente no Arsenal-Institut for film and Video-Art em Berlim onde vive e trabalha.


O NADADOR “Debaixo d’água tudo era mais bonito Mais azul mais colorido Só faltava respirar” Arnaldo Antunes Autor – Sérgio Taborda Localização – pequeno lago no centro do Jardim de São Lázaro Inauguração – 1985

Escultura em mármore. Seria suposto que o lago estivesse cheio de água e apenas se visse reflectida na água a imagem do nadador. Com a pouca chuva que tem havido e a contenção nos gastos de água, isso não acontece e parte da base onde está assente, é agora visível. Existe também um pequeno repuxo de água que deveria molhar o mármore dando-lhe um brilho bonito que agora não se verifica. O Jardim de S. Lázaro foi mandado construir por D. Pedro IV, após o Cerco do Porto, em homenagem às mulheres da Invicta. Foi o primeiro jardim público da cidade, e inaugurado em 1834, no dia de aniversário de D. Maria II, ainda antes de estar terminado – o jardim só ficaria concluído em 1841. A decisão de criar este jardim é contemporânea da constituição da Biblioteca Pública, situada mesmo ao lado. Continua a ser o único jardim no Porto, nos dias de hoje, rodeado por um gradeamento com quatro portões.


O NADADOR | LUÍSA CARNEIRO


ZULMIRO DE CARVALHO

O SOL E O MAR FILOMENA SILVA CAMPOS

PÓRTICO DE MONTE CRASTO


ZULMIRO DE CARVALHO Gondomar 1940

Zulmiro de Carvalho é um dos principais nomes da escultura portuguesa contemporânea. Iniciou o seu percurso artístico em 1964, numa exposição na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Formou-se em Escultura pela Escola superior de Belas Artes do Porto, onde foi professor de 1969 a 1995. Pósgraduou-se na St. Martin´s School of Art, em Londres. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Portugal e em Inglaterra. Participou em vários simpósios internacionais de escultura. É autor de diversas esculturas monumentais que interligam mundos tão diferentes e distantes como a Área Metropolitana do Porto, até ao Extremo Oriente, em lugares como Macau ou a Coreia do Sul. A obra escultórica de Zulmiro de Carvalho, tem evoluído para um progressivo minimalismo e depuração de formas. Parte de um desenho rigoroso e caracteriza-se pela simplicidade, sobriedade e grandiosidade das suas estruturas em ferro, bronze, aço corten e aço

inox, que podem também ser combinados com materiais de outro tipo como mármore, ardosia e madeira. O modo de atuar do escultor no domínio publico encontra-se fora do território figurativo e de matriz narrativa.


O SOL E O MAR Autor – Zulmiro de Carvalho Localização – Rotunda Exponor, Leça da Palmeira, Matosinhos Inauguração – 2006.

A obra “O Sol e o Mar”, realizada no âmbito das comemo- jetores de luz que pretendem intensificar a presença dos rações do Dia Mundial da Água, é uma onda metálica, em dois elementos principais da escultura – O SOL E O MAR». aço inoxidável, coroada por um arco evocativo do sol que assenta sobre uma plataforma com 26 metros de diâmetro. O conjunto escultórico reaproveita a água e possibilita a execução de jogos de água e luz e como está equipado com um sistema anemométrico, ajusta os jatos de água à velocidade do vento. Embora pensada inicialmente para um lugar diverso, acabaria por ficar instalada na rotunda da Exponor, em Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos. No percurso desta obra, o escultor ponderou alterar o título mas acabou por mantê-lo, assumindo as referencias de cariz naturalista. Sobre a peça escultórica Zulmiro de Carvalho escreveu: «A escultura foi construída em granito e aço inox, complementada com luz e água, com as dimensões de 35 metros de diâmetro e 9 de altura. A obra compõe-se por uma forma semicilíndrica deitada, que pretende sugerir, envolvendo o volume anterior, que simboliza o sol. Estes dois elementos, emergem dum círculo que é emoldurado por uma cavidade também circular, a qual recebe o excedente proveniente do jogo de água, que enfatiza a vaga. A leitura noturna deste conjunto, é enriquecida com pro-


O SOL E O MAR | FILOMENA SILVA CAMPOS


PÓRTICO DE MONTE CRASTO Autor – Zulmiro de Carvalho Localização – Rua do Monte do Crasto Inauguração–- 1994

Escultura em Aço Corten da autoria de Zulmiro de Carvalho, situada em Gondomar, concelho de onde é natural o escultor. Esta obra simboliza a porta de entrada para o Monte Crasto. Sobre esta escultura o autor disse numa entrevista: “É uma peça curiosa e única no processo de construção. Foi uma encomenda da Câmara de Gondomar, no início dos anos 90. O Município fez-me saber que queria uma peça minha para instalar na Praça Camões, em São Cosme, que na altura estava a ser remodelada. A minha ideia foi construída com base no meu imaginário do Monte Crasto. Na minha infância, o Monte Crasto teve um papel central e acabei por construir um certo conceito místico em volta daquele local. O Pórtico acaba por funcionar como uma entrada para o Monte Crasto. Ainda hoje é uma das peças que mais me diz.”


PÓRTICO DO MONTE CRASTO | RUI OLIVEIRA LOPES


ALFREDO IRENEU MOTA CARLOS MORENO HERNÂNI MARTINS FILOMENA SILVA CAMPOS JOÃO PAULO CABRAL LUÍSA CARNEIRO MANUELA SILVA RUI DUARTE RUI OLIVEIRA LOPES




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