Sinais da presença dos reis na cidade do Porto

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Oito reflexões históricas sobre o Porto O daqui houve o nome de Portugal induz em erro. O Porto era uma cidade pequena e foi pouco relevante para o país ao longo de toda a 1a dinastia (ou seja durante a Idade Média) - muito menos importante que Coimbra, Santarém e Évora, e até de Beja ou Elvas, para não falar obviamente de Lisboa. O que se compreende. A agenda dos primeiros reis foi a conquista de territórios a sul, até ao Algarve, o seu repovoamento, bem como a consolidação das fronteiras com Espanha. O Porto era completamente excêntrico e periférico a este esforço. A crise dinástica de 1383-85 foi uma oportunidade para o Porto dar nas vistas. O mestre de Avis e o o condestável precisavam de apoios homens, armas e logística - para fazer triunfar a sua causa. E o Porto era a porta de entrada (e saída) do Entre Douro e Minho, ao fim e ao cabo a região onde começou a aventura portuguesa e que era densamente povoada (1). O casamento de D. Fernando em Leça do Balio é um epifenómeno, uma coisa acidental. Mas o casamento de João I e Filipe de Lencastre na Sé já é um sinal claramente revelador do peso que o Porto adquirira. A participação decisiva do Porto na expedição a Ceuta demonstra o poder da cidade mas tem consequências penosas. Cerca de metade da frota que partiu à conquista de Ceuta em 1415 foi construída e preparada no Porto, sob o comando do portuense infante D. Henrique. Mas a fase da expansão marítima de que a conquista de Ceuta foi o gatilho fez empalidecer a estrela da cidade. Todo o trato aberto pelo descobrimentos e expansão teve o seu centro de gravidade em Lisboa - situação que naturalmente se manteve até à independência do Brasil (as colónias africanas, como Angola ou Moçambique, não tinham a época qualquer relevância económica). Lisboa era a porta de entrada na Europa das especiarias da India, dos escravos de África, do café, madeiras ou ouro do Brasil. O resto do país foi paisagem - até ao início do século XIX.


A demografia confirma o centralismo lisboeta. Estudos baseados na quantidade de fogos existentes e na média de pessoas por casa (o multiplicador é quatro) apontam para que em meados do século XVI Portugal fosse habitado por um milhão de almas, das quais 1/4 viviam em Lisboa - ou seja 250 mil! De acordo com as mesmas estimativas, o Porto e Évora teriam entre 10 a 12 mil habitantes, um pouco mais que os oito mil habitantes de Santarém, Beja ou Elvas. (1) O terramoto que destruiu Lisboa em 1755 foi o ponto de partida de um período de enorme turbulência - invasões francesas, fuga da Corte para o Brasil, revolução liberal no Porto em 1820, independência do Brasil, luta entre absolutistas e constitucionalistas que só conhece o seu desfecho no final de uma guerra civil entre dois irmãos - que propiciou a afirmação do Porto, em meados do século XIX, como o farol do país, em todos os domínios - politico, económico, social mas também na inovação, artes e literatura. A seguir ao terramoto, o Marquês do Pombal reconstruiu Lisboa mas também criou a região demarcada do Douro e fomentou a indústria, decisões fundamentais para a futura prosperidade do Porto. A expansão da cidade planeada pelos Almadas, o efeito cosmopolita do estabelecimento de uma forte colónia inglesa e a criação do entreposto do negócio mundial do vinho do Porto são acontecimentos reveladores do acelerado progresso de uma urbe, que no capitulo das artes se exprime ao seu mais alto nível na omnipresença do barroco. Ao longo de todo o século XIX, o Porto é a locomotiva da Revolução Industrial, a vanguarda dos movimentos e ideias políticas (primeiro o liberalismo depois o republicanismo), e um fervilhante centro de inovação - o primeiro museu público, a primeira biblioteca pública, o primeiro jardim, o primeiro telégrafo, as primeiras exposições industriais, o primeiro sistema público de transportes (o 1o elétrico de toda península Ibérica), etc, etc. Este frenético progresso não podia deixar de ter uma expressão demográfica - na 2a metade do século XIX, a população do Porto mais do que duplicou, crescendo dos pouco mais de 80 mil habitantes em 1850 para 177 mil em 1900, no virar do século .


O século XIX é o século de ouro do Porto, o que explica por que é que as únicas estátuas de reis na cidade sejam todas de monarcas do século XIX - D. João VI, D. Pedro IV e D. Pedro V - e, passando do bronze para o ferro, que duas das mais bonitas pontes da cidade levem o nome de um casal real (Luís e Maria Pia), também do século XIX.

................... NOTAS (1) O Alexandre Herculano, voluntário que combateu no exército liberal durante o Cerco do Porto, escreveu que “o Porto é o centro e a chave das duas mais castiças províncias do primitivo reino portucalense, o verdejante Entre Douro e Minho e o austero Trás-os- Montes e Alto Douro” (2) A primeira estimativa da população do Porto refere-se ao ano de 1427 (5 770 habitantes), ou seja uma dúzia de anos sobre a conquista de Ceuta e o episódio que terá dado aos habitantes do Porto a alcunha de tripeiros. Em meados do século XVI calcula-se que habitassem umas 12 mil pessoas na cidade. Quando das invasões francesas (1a década do século XIX) eram 45 mil. Em 1838, uma meia dúzia de anos depois do Cerco do Porto (período em que cidade sofreu uma epidemia de cólera) já eram 59.390. Do século XX, temos estabelecida uma série da evolução demográfica em bases mais cientificas: 1900 - 177 mil 1910 - 190 mil 1920 - 200 mil 1930 - 230 mil 1940 - 257 mil 1950 - 281 mil 1960 - 310 mil




D. Fernando I de Portugal


D. Fernando I de Portugal Coimbra, 31 de outubro de 1345 – Lisboa, 22 de outubro de 1383; rei de Portugal e do Algarve a partir de 1367 1 – Igreja do Mosteiro de Leça do Balio | D. Fernando I de Portugal Situa-se a pouca distância do rio Leça, de que toma o nome, próximo do local onde a antiga estrada romana do Porto a Braga atravessava este rio – Ponte da Pedra. A sua origem, como um pequeno cenóbio, é anterior ao séc. X, tendo como patronos Trutesendo Osoredes († 995) e sua mulher Unisco Mendes. Em 1021 Unisco Mendes e o seu filho fazem a doação do mosteiro a Tuteildo, abade do mosteiro moçárabe da Vacariça, junto a Coimbra. A sua arquitetura mostra uma síntese do românico e do gótico, testemunhando diferentes momentos históricos conhecidos: transmissão do padroado à Sé de Coimbra, pelos condes da Galiza, D. Raimundo e D. Urraca (1094); doação à ordem militar- religiosa dos Hospitalários, por D. Teresa (data incerta entre 1112 e 1128); ampliação desta doação por D. Afonso Henriques (1140). Foi local de passagem de várias figuras históricas nos primeiros anos da nacionalidade portuguesa, ficando assinalado como o local do casamento de D. Fernando e D. Leonor Teles, em 15 de maio de 1372. A remodelação e ampliação no séc. XIV, por iniciativa do Balio D. Frei Estevão Vasques de Pimentel conferiu-lhe a estrutura gótica, mantendo uma torre alta, quadrangular, provida de balcões com matacães em ângulo, a meia altura e no topo, seteiras, dando à igreja um aspeto de verdadeira fortaleza militar. O Mosteiro propriamente dito sofreu profundas alterações nos séculos XIX e XX, de que resultaram a atual “Quinta do Mosteiro”, adjacente à Igreja. Classificada como Monumento Nacional em 1910.


Rui Duarte | Igreja de Leça


2 – Estátua de D. Fernando e D. Leonor Teles de Meneses | D. Fernando I de Portugal Escultura da autoria Irene Vilar (2008), situada em Leça do Balio, de frente para a entrada da Igreja do Mosteiro. Assinala o casamento do casal real, em maio de 1372. D. Fernando apaixona-se por D.a Leonor Teles e decide renunciar ao casamento com a Leonor de Castela, filha de Henrique II de Castela. Este casamento tinha sido acordado no tratado que pôs fim à primeira guerra entre os dois soberanos (1369-1370), as Pazes de Alcoutim, assinadas em março de 1371. Segundo a Crónica de D. Fernando, de Fernão Lopes, a decisão não foi bem acolhida, gerando contestação e mesmo uma insurreição popular em Lisboa. Deste modo, em maio de 1372, D. Fernando e D. Leonor escolhem a região do Porto para casar e fogem de Lisboa, contrariando também as imposições da família e da corte. Foi o primeiro casamento real fora da capital. Deste casamento veio a nascer uma única filha, Beatriz, que mais tarde, pelo tratado e casamento com o rei de Castela – Juan I – veio a colocar em risco a independência nacional. Foi neste contexto que se verificou o interregno de 1383-1385 e o protagonismo do futuro D. João I. Filho bastardo de D. Pedro I, este rei foi o iniciador da dinastia de Avis.


Rui Duarte | Estátua D. Fernando I e D.Leonor


3 – Muralhas Fernandinas | D. Fernando I de Portugal O grande desenvolvimento do burgo do Porto ao longo do séc. XIV levou à construção de uma nova muralha, iniciada no reinado de D. Afonso IV (1336), para ampliar a área abrangida pela primitiva cerca românica do séc. XII, a Cerca Velha, que abrangia o morro da Pena Ventosa, em volta da Sé. Esta, por sua vez, tinha sido construída sobre um muro original romano. A obra foi concluída por ordem de D. Fernando, por volta de 1370, depois de terminada a 1.a guerra com Castela. A Muralha Fernandina abrangia aproximadamente 44,5 hectares, tinha cerca de 2600 metros de perímetro e uma altura média de 9 metros. Era coroada por ameias e reforçada por cubos e torres quadradas. Com uma planta irregular ovalada, possuía inicialmente 4 portas, vindo depois a ter 17, o que reflete o grande desenvolvimento que o burgo teve naquele período. Nesta evocação é indispensável referir a população do Porto, chamada a erigir esta enorme defesa granítica, cumprindo uma das obrigações existentes àquela época – o imposto direto, em trabalho, designado por anúduva. Os elementos que resistiram à erosão do tempo foram classificados como “monumentos nacionais” em 1926.


Alfredo Ireneu | Muralha Fernandina



D. João I


D. João I Lisboa, 11 de abril de 1357 – Lisboa, 13 de agosto de 1433. Aclamado Regedor e Defensor do Reino em 16 de dezembro de 1383. Aclamado Rei de Portugal e dos Algarves em 6 de abril de 1385 4 – Sé do Porto | D. João I Na data em que se realizou o casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre (14 de Fevereiro de 1387), a Sé do Porto era já uma obra arquitetónica com uma longa história. As suas origens recuam à Alta Idade Média, provavelmente aos tempos suevos. Porém, refletindo a evolução e importância adquirida pela cidade, foi construída uma importante igreja românica a partir da primeira metade do séc. XII. Foi o bispo do Porto D. Hugo, oriundo de Compostela e nomeado em 1110, que impulsionou a construção de uma catedral, à maneira das grandes catedrais de peregrinação do Ocidente europeu. Posteriormente, o bispo D. Fernando Martins (1176-1185) recrutou o arquiteto Soeiro Anes e mão-de-obra de Coimbra, que terão concluído a catedral, em particular o seu portal românico, de que restam alguns vestígios. Porém, as obras prolongaram-se pelo séc. XIII, como se comprova pela grande rosácea da frontaria, já de estilo gótico. A Sé do Porto conserva vestígios do primitivo edifício românico. Destaca-se o seu aspeto de igreja-fortaleza, com a fachada flanqueada por duas torres e a bela rosácea sobre a porta principal. O claustro gótico é da época de D. João I. Sofreu depois modificações nos períodos maneirista e barroco, sendo de referir a intervenção de Nicolau Nasoni, a quem foi encomendada a adição de uma galilé, adossada à fachada norte da catedral (c. 1736).


Rui Lopes | Sé do Porto


5– Praça de D. João I | D João I Inaugurada em 1957, sendo dedicada a D. João I, Rei de Portugal e Mestre de Avis. Apesar disso, nunca teve representada a figura deste rei, tendo sido inaugurada com uma escultura em bronze, da autoria de João Fragoso (19132000), representado dois corcéis, um de cada lado da praça. Os dois elementos têm uma aparência simétrica, representando a tentativa de domar os referidos corcéis. O Teatro Rivoli, inaugurado em 1913, projeto do engenheiro Júlio José de Brito (1896-1965), com um painel decorativo em baixo- relevo no topo superior do ângulo da fachada, da autoria de Henrique Moreira. O Palácio Atlântico, sede atual de uma instituição bancária, foi implantado no seu lado norte e inaugurado em 1950, tendo sido um elemento estruturante para o desenho da Praça. O pórtico possui um magnífico conjunto de painéis decorativos, em mosaicos cromados, da autoria de Jorge Barradas (1895-1971). No lado sul da Praça encontra-se o Edifício Rialto, obra do arquiteto Rogério de Azevedo, inaugurado em 1948.


Rui Duarte | Praça D. João I



Infante D. Henrique


Infante D. Henrique 1º Duque de Viseu. Terceiro filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre (Porto, 4 de março de 1394 – Sagres, 13 de novembro de 1460) 6 – Estátua do Infante D. Henrique | Infante D. Henrique Escultura em bronze, situada na praça do Infante, realizada em 1894, para comemorar o 5.o centenário do nascimento do Infante, colocada na Praça com o seu nome, no Porto. Apenas foi inaugurada em 19 de Outubro de 1900, com a presença dos reis D. Carlos I e D. Amélia. É da autoria de Tomás da Costa (1861-1932), contempo¬râneo de Soares dos Reis e de Teixeira Lopes, tendo sido fundida em Paris, na oficina de Leblanc-Barbedienne (1849-1945). Compõe-se de vários grupos escultórios, tendo no cimo a figura do Infante D. Henrique, junto a um globo terrestre. A parte superior do pedestal é extremamente decorada, com as armas portuguesas nos cunhais e tarjas datadas entre elas. Na base do pedestal vêem-se dois grupos alegóricos: uma Vitória conduzindo dois corcéis e dois tritões, representando o triunfo das navegações portuguesas; e uma figura feminina simbolizando a Fé das Descobertas. Apresenta ainda dois baixos-relevos, representando, na face norte, a tomada de Ceuta, sobrepujada pelo brasão do Porto e, na face sul, o Infante no promontório de Sagres. Numa das faces do pedestal, virada a poente, vê-se a inscrição: Ao Infante D. Henrique iniciador dos Descobrimentos Portuguezes O Porto Sua Pátria Dedica


Olga Amaral | Infante D. Henrique


7 – Monumento aos Tripeiros, no Jardim do Cálem | Infante D. Henrique Escultura inaugurada em 1960, na comemoração dos 500 anos do falecimento do Infante D. Henrique, no Jardim do Cálem, da autoria de Lagoa Henriques (1923-2009). Segundo a tradição, a alcunha de ‘tripeiros’ atribuída aos portuenses remonta à altura da preparação e construção de uma parte da armada para a conquista de Ceuta, em 1415. Por indicação de D. João I, o Infante D. Henrique esteve no Porto para este efeito, saindo daqui vinte naus e sete galés para incorporar a frota, que se reuniu em Lisboa. Diz a lenda que os portuenses, participando neste esforço, abdicaram da carne necessária para abastecer a armada e, nessa altura, contentaram-se apenas com as tripas, as miudezas e as vísceras dos animais, o que lhes veio a valer a alcunha de que agora tanto se orgulham. Porém, segundo algumas análises, a origem da conhecida tradição gastronómica, as tripas à moda do Porto, pode ter explicação noutros momentos históricos da cidade, e encontra semelhanças com outras tradições alimentares de várias cidades europeias. De qualquer modo, uma coisa é certa: o feijão, componente essencial das tripas à moda do Porto, é uma planta originária da América, tal como o milho, a batata e vários outros vegetais, pelo que este prato, tal como o conhecemos, teve seguramente uma evolução posterior àquele episódio da história portuense.


Olga Amaral | Monumento aos tripeiros


8 – Painel de azulejos na Igreja Paroquial de Massarelos | Infante D. Henrique A Igreja Paroquial de Massarelos situa-se junto do Cais das Pedras, na margem do Rio Douro. De uma só nave, a igreja tem um interior relativamente modesto, com os altares decorados com talha dourada. Na sua empena traseira, virado ao rio, encontra-se um painel de azulejos com a figura do Infante D. Henrique, tendo por cima a Cruz da Ordem de Cristo. O painel foi aí colocado em 1960, sendo da autoria de Mestre Mendes da Silva. É também conhecida como Igreja do Corpo Santo de Massarelos, pois foi construída em 1776, para substituir a Ermida da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, que se encontrava arruinada. A sua origem remonta à fundação da Confraria das Almas do Espírito Santo, na sequência de um voto feito por alguns navegantes que, em 1394, se salvaram de uma tempestade ao regressarem de Inglaterra. A Confraria dedicava-se à assistência e proteção dos navegantes e mercadores. Um dos confrades terá sido o Infante D. Henrique.


Hernâni Martins | Painel de azulejos do Infante D. Henrique


9 – Ponte Infante Dom Henrique | Infante D. Henrique Também conhecida como Ponte do Infante, o nome desta ponte constitui mais uma homenagem da Cidade do Porto ao infante D. Henrique, aqui nascido em 1394. A Ponte Infante D. Henrique é uma ponte rodoviária que veio substituir a função do tabuleiro superior da Ponte D. Luís I que, a partir de 2005, passou a ser utilizada pela Linha Amarela do Metro do Porto. É suportada por um arco muito elegante que liga, à cota alta, a zona das Fontainhas (Porto) e o lado norte da Serra do Pilar (V. N. de Gaia), tendo sido projetada com duas faixas de rodagem em cada sentido e passeios para peões. O projeto desta ponte é da autoria do engenheiro José António Fernández Ordóñez (1933-2000), em colaboração com António Adão da Fonseca (1947) e Francisco Millanes Mato (1951). O seu arco rebaixado constituiu um recorde nesta tipologia de pontes e confere-lhe a elegância acima referida, procurando obter um reduzido impacto na paisagem deste troço do rio Douro. Foi inaugurada a 30 de Março de 2003.


Rui Lopes | Ponte do infante



D. João VI


D. João VI Lisboa, 13 de maio de 1767 – Lisboa, 10 de março de 1826. Regente do Reino, pela incapacidade de sua mãe, D. Maria I, a partir de 15 de julho de 1799. Rei de Portugal em 20 de março de 1816 10 – Estátua equestre de D. João VI, no largo Gonçalves Zarco (ao Castelo do Queijo) | D. João VI Inaugurada a 10 de Junho de 1966, a escultura é da autoria de Salvador Barata Feyo (1899-1990), com o projeto do arquiteto Carlos Ramos (18971969), tendo sido executada na oficina de José de Castro Guedes, em V. N. de Gaia. É a réplica de uma escultura idêntica, oferecida pelo Estado Português à Cidade do Rio de Janeiro, comemorando o seu IV Centenário, e tendo aí sido inaugurada em 1 de junho de 1965, na Praça XV de Novembro. As duas estátuas encontram-se orientadas de frente uma para a outra, recordando a iniciativa política de D. João VI de unificar o Portugal e o Brasil, com a designação de Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves. D. João VI e toda a Corte Portuguesa refugiara-se naquela cidade, aquando da invasão de Portugal pelas tropas napoleónicas, comandadas pelo general Junot, tendo saído do Tejo em 29 de novembro de 1807. O Rei e a Corte permaneceram no Rio de Janeiro até 1822, apenas tendo regressado a Portugal na sequência da Revolução Liberal do Porto, em 24 de agosto de 1820, acontecimento que marcou o fim do absolutismo e a implantação da Monarquia Constitucional no nosso País.


Olga Amaral | D. João VI



D. Pedro IV


D. Pedro IV Queluz, 12 de outubro de 1798 – Queluz, 24 de setembro de 1834. 1.º Imperador do Brasil, de 7 de setembro de 1822 a 7 de abril de 1831. Rei de Portugal de 10 de março de 1826 a 2 de maio de 1826 11 – Estátua equestre de D. Pedro IV, na Praça da Liberdade | D. Pedro IV A estátua equestre de D. Pedro IV, da autoria de Célestin-Anatole Calmels (1822-1906) e fundida na Bélgica, situa-se na Praça da Liberdade, do Porto, tendo sido inaugurada em 19 de Outubro de 1866, com a presença de D. Luís I. Defensor inflexível dos ideais do Liberalismo, D. Pedro IV abdicou da sua posição de 1.º Imperador do Brasil, em 1831, para reunir um exército e regressar a Portugal, a fim de restaurar aquele ideário, uma vez que D. Miguel I, seu irmão, tinha anulado a vigência da Carta Constitucional. A escultura e o pedestal, com cerca de 10 metros, evocam a gratidão de D. Pedro IV à Cidade Invicta, pelo esforço e sacrifício com que esta o apoiou na causa Liberal durante o chamado Cerco do Porto, que então se verificou (1832-33). Na estátua propriamente dita, D. Pedro IV é representado a cavalo, de uniforme, segurando as rédeas com a mão esquerda e oferecendo a Carta Constitucional à Cidade, com a direita. No pedestal encontram-se elementos evocativos da relação do soberano com o Porto. Além dos símbolos heráldicos, os baixos-relevos laterais mostram a oferta do seu coração à Cidade (numa pequena urna) e o desembarque no Mindelo, oferecendo a bandeira bordada pelas damas do Faial ao comandante do batalhão de voluntários da Rainha.


Olga Amaral | D. Pedro IV


12 – Igreja da Lapa | D. Pedro IV Igreja dedicada a Nossa Senhora da Lapa, foi construída por iniciativa do Padre Ângelo de Sequeira (1707-1776), pregador natural de São Paulo, no Brasil, chegado a Portugal em 1753. A construção da igreja decorreu ao longo de mais de um século, entre 1756 e 1866, seguiu o projeto de José de Figueiredo Seixas (?-1773), encomendado em 1756, embora tenha havido um projeto inicial, da autoria do também arquiteto o João Glama Ströberle (c. 1708-1792). Em consequência do longo período da sua edificação, a Igreja da Lapa possui uma combinação de elementos da arquitetura rococó e neoclássica. Foi frequentada por D. Pedro IV, durante a sua permanência na Porto que, pela sua cota elevada, também a utilizava como observatório, para vigiar os movimentos das tropas de D. Miguel, que cercavam o Porto. Destaca-se no seu interior um mausoléu de granito, onde se guarda, desde 1837, o coração de D. Pedro IV, que o legou à Cidade, em homenagem à abnegação dos portuenses durante o Cerco (1832-1833). A Igreja da Lapa possui, desde 1995, um Órgão de Tubos Monumental, construído pelo organeiro alemão Georg Jann, dispondo de 4500 tubos, 64 registos, 256 combinações, 4 teclados e um carrilhão de 42 sinos. Este órgão, construído para reportório sinfónico, pesa cerca de 32 toneladas e mede 15 metros de altura, 10,5 metros de largura e 5 metros de profundidade.


Ricardo Simões | Igreja da Lapa


13– Biblioteca Pública Municipal do Porto | D. Pedro IV Está instalada, desde 1842, no antigo Convento de Santo António da Cidade, edifício do século XVIII, classificado como imóvel de interesse público desde 1972. Situa-se na Rua D. João IV, no lado nascente do Jardim de S. Lázaro. Foi fundada em 9 de Julho de 1833, por ordem de D. Pedro IV, em plenas lutas liberais, com o nome de Real Biblioteca Pública do Porto, tendo sido alojada inicialmente no Hospício dos Franciscanos, situado na Cordoaria. A extinção das ordens religiosas, na sequência da implantação das ideias liberais, teve uma evolução acidentada, com vários episódios ao longo das Guerras Liberais, e a consequência de disponibilizar vários edifícios, de que é exemplo o citado convento, bem como o respetivo espólio, bibliotecas, obras de arte e outras de valor histórico, que integraram em boa parte a Real Biblioteca e o Museu de Estampas, criados por D. Pedro IV. Também aqui esteve instalada a Escola de Belas Artes. A Biblioteca Pública Municipal do Porto possui atualmente um importante espólio, incluindo um valioso conjunto de códices manuscritos, e disponibiliza aos seus utilizadores espaços com diferentes valências, destinados a responder às suas necessidades específicas. Na Biblioteca encontram-se ainda em depósito vários painéis de azulejos, provenientes de casas conventuais da região, aplicados na entrada e no claustro.


Ricardo Simões | Biblioteca Municipal


14 – Casa de Ribeiro Faria – Quartel-General de D. Pedro IV | D. Pedro IV Edifício situado na rua de Cedofeita, n.º 395, foi cedido durante o Cerco do Porto (1832-1833) para residência e Quartel-General de D. Pedro IV. Neste período foram também usadas outras residências da rua de Cedofeita e da rua da Torrinha para ministérios e secretarias do Reino. Nesta altura o local não tinha as caraterísticas atuais, sendo ainda a antiga estrada que saía do Porto para norte, e fazendo a ligação a Vila do Conde e Barcelos. Aqui residia o bacharel Francisco Ribeiro de Faria (?-1863), que então cedeu o edifício a D. Pedro IV durante o tempo que durou o Cerco do Porto. Com efeito, a sua residência inicial, no Palácio dos Carrancas, era pouco segura do ponto de vista militar, podendo ser atingida de Gaia, pela artilharia miguelista. Nesta casa veio mais tarde a funcionar o Tribunal Criminal e o serviço de Finanças Públicas de Cedofeita, até à década de 1980. Joaquim Ribeiro Faria de Guimarães (1807-1879), importante industrial da Cidade http://portojofotos.blogspot.com/2012/03/122-rua-de-cedofeita. html


Ricardo Simões | Casa Ribeiro Faria


15 – Jardim de S. Lázaro / Jardim de Marques de Oliveira | D. Pedro IV Foi o primeiro jardim público do Porto, tendo ficado conhecido, à época, por Passeio Público de São Lázaro. Reza a lenda que o Jardim de S. Lázaro foi mandado construir por D. Pedro IV, após o Cerco do Porto, com o objetivo de prestar homenagem às Mulheres da Cidade Invicta, como “lenitivo às agruras e sacrifícios que passaram”. Foi inaugurado em 1834, no dia do 15.º aniversário de sua filha D. Maria II (4 de abril), ainda antes de estar terminado. A decisão de o criar é contemporânea à da constituição da Biblioteca Pública, situada mesmo ao lado, mas só ficaria concluído em 1841. O Jardim de S. Lázaro, apesar de ter tido várias intervenções, conserva o traçado romântico original, com o seu lago central e as caraterísticas do desenho de João José Gomes, primeiro jardineiro municipal do Porto. A jardinagem fazia parte da essência de João Gomes, fazendo parte de uma família que perpetuou esta arte na cidade do Porto e arredores, durante quatro gerações. O Jardim tornou-se o local de eleição para o convívio da sociedade portuense, tendo recebido vários aditamentos, entre os quais um coreto e uma fonte, em 1883, esta concebida inicialmente como lavabo da sacristia da Igreja Nova do Convento de São Domingos. Aqui se encontram várias esculturas, destacando-se o busto do portuense João Marques de Oliveira, da autoria de Soares dos Reis. Marques de Oliveira (1853-1927) foi pintor e professor na Academia Portuense de Belas-Artes, também muito próxima do Jardim, aí lecionando a nova estética do Naturalismo. O busto e o nome oficial do Jardim são uma homenagem da Câmara do Porto a este pintor.


Ricardo Simões | Jardim de S. Lázaro


16 – Obelisco da Praia da Memória | D. Pedro IV Memorial ao desembarque de D. Pedro IV e das suas tropas, em Arnosa de Pampelido, Perafita, em 8 de julho de 1832. Organizada a partir dos Açores, a Esquadra Liberal desembarcou nestas praias com o objetivo de instaurar no país um regime moderno e liberal. O desembarque do exército, constituído por 7 500 homens que ficaram para a história como os “Bravos do Mindelo”, surpreendeu o exército absolutista de D. Miguel I, uma vez que era esperado um ataque a Lisboa; deste modo, D. Pedro IV encontrou a defesa do Norte desguarnecida. Assinalando o local do desembarque, por iniciativa de António José de Ávila e por subscrição pública, foi erguido o obelisco destinado a perpetuar a memória deste acontecimento. A sua localização foi feita com base no testemunho de elementos do “Exército Libertador” que, de resto, estiveram presentes, ao lado da rainha D. Maria II no lançamento da sua primeira pedra, a 1 de dezembro de 1840. Este acontecimento encontra-se também assinalado em Vila do Conde, com um padrão que refere a primeira tentativa de desembarque da Esquadra Liberal, no dia anterior. O padrão está implantado entre o Forte de São João e a foz do rio Ave. Efetivamente, o desembarque ocorreu ao princípio da tarde do dia 8, desde as praias de Mindelo – onde também se encontra assinalado com uma modesta placa, junto à Ponta da Gafa – até à Praia dos Ladrões (agora Praia da Memória), em Arnosa de Pampelido, no limite das freguesias de Lavra e Perafita, no concelho de Matosinhos.


Alfredo Ireneu | Obelisco praia da Memória



Carlos Alberto de Saboia


Carlos Alberto de Saboia Turim, 2 de outubro de 1798 – Porto, 28 de julho de 1849. Rei do Piemonte e da Sardenha de 1831 a 1849 17 – Praça Carlos Alberto (antiga Praça dos Ferradores) | Carlos Alberto de Saboia A praça recebeu o seu nome atual em 1856, em memória de Carlos Alberto de Saboia, rei do Piemonte e da Sardenha. Tendo reinado desde 1831 e com um percurso acidentado que remonta ao período napoleónico, em França, este monarca foi destronado em 1849, após a sua derrota na Batalha de Novara, em 23 de março desse ano. Procurou então refúgio na cidade do Porto, tendo-se alojado inicialmente no Palacete dos Viscondes de Balsemão, nesta praça. Carlos Alberto viria a falecer pouco depois, na Quinta da Macieirinha, onde se encontra atualmente o Museu Romântico. Esta antiga praça chamou-se, em tempos, “Largo dos Ferradores”, pois aqui se preparavam as montadas para os longos trajetos nas estradas que aí tinham início. Foi, pois, também o local onde se fixaram várias estalagens. Durante muito tempo, aqui realizou a “feira dos criados de lavoura e das criadas de servir”, que antes tinha lugar na Praça da Corujeira. Os moços e as moças dos arrabaldes aguardavam na praça que surgissem os seus futuros patrões, fazendo então o ajuste das condições de trabalho. Esta feira acabou por ser transferida para a Rotunda da Boavista, em 1876. Ao longo da sua história a Praça Carlos Alberto sofreu importantes alterações e nela se encontram diversos elementos de interesse patrimonial.


Hernâni Martins | Praça Carlos Alberto


18 – Palacete dos Viscondes de Balsemão, na Praça Carlos Alberto | Carlos Alberto de Saboia Edifício de planta retangular com dois pisos, encimada por uma pedra de armas colocada ao centro, foi mandado construir pelo fidalgo José Alvo Brandão, na segunda metade do séc. XVIII. Ainda no final desse século integrou o património da família Balsemão, por casamento de D. Maria Rosa Alvo com seu primo Luís Máximo Alfredo Pinto de Sousa Coutinho, 2.º Visconde de Balsemão. Em 1840 o palacete foi alugado a António Bernardino Peixe que para aí transferiu a sua afamada ‘hospedaria do Peixe’, antes localizada na rua do Bonjardim. Anos mais tarde, a hospedaria ficaria celebrizada por ter acolhido, entre 19 e 27 de abril de 1849, Carlos Alberto de Saboia, Rei do Piemonte e da Sardenha, que escolhera o Porto para se exilar. Tendo viajado de barco para Vigo e vindo até ao Porto montado num simples garrano, Carlos Alberto declinou outras ofertas mais pomposas, preferindo hospedar-se num local simples, sem as grandezas e o fausto que recordassem a sua vida anterior. O palacete pertenceu depois a outros donos, que lhe introduziram profundas alterações, vindo a casa a atingir um maior esplendor: tetos de estuque decorados, pinturas, portas de correr com vidros coloridos e medalhas comemorativas de convidados distintos. Desde 1907 até a Primeira Guerra Mundial, acolheu a Companhia de Gás do Porto e, posteriormente, os Serviços Municipais de Gás e Eletricidade e a EDP. Desde 1996, acolhe a Direção Municipal de Cultura e Turismo, da Câmara Municipal do Porto, bem como o seu importante Gabinete de Numismática.


Hernâni Martins Palácio dos Balsemão


19 – Quinta da Macieirinha (atual Museu Romântico) | Carlos Alberto de Saboia Na Quinta da Macieirinha, situada ao fundo da Rua de Entre Quintas e adjacente, pelo poente, aos jardins do Palácio de Cristal, encontra-se sediado o Museu Romântico, desde 1972. Esta casa de campo do séc. XIX, da família Ferreira Pinto Basto, também com os nomes de Quinta de Cima, ou do Sacramento, foi adquirida pela Câmara Municipal do Porto para constituir um núcleo museológico integrado nos ‘caminhos do romântico’. Nela se recria o ambiente de uma casa aburguesada do séc. XIX, abordando as estéticas relacionadas com o Romantismo da cidade do Porto Oitocentista. Aí se encontra mobiliário original e algumas réplicas de peças da habitação, na época em que aí residiu Carlos Alberto de Saboia. A recriação foi feita com base em desenhos e aguarelas dos aposentos do Rei e de outros documentos da época. Tendo estado alguns dias na Hospedaria do Peixe, na atual Praça Carlos Alberto, mudou para a Quinta da Macieirinha e aqui veio a falecer cerca de três meses depois, a 28 de julho de 1849. Em sua memória, foi preservada a mobília e as gravuras da parede do quarto onde morreu. No Museu do Risorgimento, em Turim, encontra-se um quarto idêntico, dizendo-se que os móveis que aí estão são os originais... Nos jardins, em dois terraços, encontram-se fontes em granito, muros imponentes e, no limiar das suas árvores magníficas, uma larga panorâmica sobre a foz do Rio Douro. Os arruamentos bordejados de japoneiras, caraterísticas do Porto romântico, cobrem-se de camélias todos os anos.


Alfredo Ireneu | Jardins do Romântico


20 – Capela Carlos Alberto, no jardim do Palácio de Cristal | Carlos Alberto de Saboia Atualmente, o jardim da Quinta da Macieirinha tem comunicação com os do Palácio de Cristal onde, ao fundo da Avenida das Tílias, se encontra a Capela Carlos Alberto. Após a morte de Carlos Alberto, rei do Piemonte e da Sardenha (1849), o seu corpo foi depositado na Capela de São Vicente, no claustro da Sé do Porto e posteriormente trasladado para o Panteão da Casa de Saboia, em Turim. Porém, em 1854, a princesa Frederica Augusta de Montheart, sua meiairmã, deslocou-se ao Porto para o homenagear, para aqui mandar construir este memorial. É uma pequena capela ao gosto romântico, de planta longitudinal simples, com estilo indefinido e diversos elementos decorativos. O desenho é atribuído ao arquiteto Joaquim Costa Lima. A construção sofreu atrasos, causando o descontentamento de Frederica Augusta mas, no final de 1861, a obra ficou concluída. Nesta altura a princesa deslocou-se ao Porto de novo, trazendo consigo de Paris todos os paramentos e alfaias litúrgicas, sendo então rezada a primeira missa, em 26 de dezembro. A Capela Carlos Alberto foi propriedade da Casa de Bragança até 1950, data em que foi doada à Câmara Municipal do Porto pela Rainha D. Amélia de Orleães. Atualmente está aberta aos sábados, cedida pela Diocese do Porto ao culto Luterano. http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=15545


Alfredo Ireneu | Capela Carlos Alberto



D. Pedro II, Imperador do Brasil


D. Pedro II, Imperador do Brasil Filho de D. Pedro I (Brasil) / D. Pedro IV (Portugal): Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825 – Paris, 5 de dezembro de 1891. Imperador do Brasil de 7 de abril de 1831 a 15 de novembro de 1889 21 – Grande Hotel do Porto | D. Pedro II, Imperador do Brasil O Grande Hotel do Porto, localizado na Rua de Santa Catarina, foi inaugurado 1880, com pompa e circunstância, “luz electrica em todos os quartos”, endereço de telégrafo e o telefone n.º 59. Foi Daniel Moura Guimarães, brasileiro regressado ao Porto em 1867, que decidiu investir na construção deste luxuoso hotel, contratando para o efeito o arquiteto José Geraldo Silva Sardinha (1845-1906). Aposta que venceu com grande sucesso. Aqui se alojaram muitas figuras de renome, destacando-se desde logo D. Pedro II, segundo e último Imperador do Brasil, na sequência da implantação da República nesse país, em 15 de novembro de 1889. Após o golpe, o (ex-) Imperador viajou para Portugal e instalou-se com a família no Grande Hotel do Porto, onde a Imperatriz, D. Teresa Cristina, viria a falecer pouco depois (28 de dezembro). Aqui se instalou também Eça de Queirós, como o comprovam as suas cartas, e aqui foi detido o primeiro-ministro republicano Afonso Costa, aquando do golpe de estado de Sidónio Pais, em dezembro de 1917. Foi também o local onde se concentraram milhares de portu-enses, na homenagem da Cidade a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em dezembro de 1922. As fotos e a ementa da refeição que então lhes foi servida ainda se encontram patentes no Grande Hotel do Porto.


Olga Amaral | Grande hotel do Porto



D. Maria II


D. Maria II Rio de Janeiro, 4 de abril de 1819 – Lisboa, 15 de novembro de 1853. Rainha de Portugal a partir de 26 de maio de 1834 22 – Casa Branca de Gramido | D. Maria II O reinado de D. Maria II não foi pacífico. Após o exílio de D. Miguel I, e restaurada a monarquia constitucional, o seu governo foi marcado por graves acontecimentos, devidos não só a confrontos políticos, mas também à contestação popular de reformas legais, agravamento de impostos e dificuldades económicas. Cerca de meio ano depois da revolta popular da Maria da Fonte (iniciada na Póvoa de Lanhoso, em 1846), e na sequência de intensas convulsões políticas, instala-se a guerra civil, com o envolvimento militar e a participação de todo o espectro político. Este processo ficou conhecido como a Patuleia. A Guerra Civil prolongou-se por cerca de oito meses (1846-1847), opondo cartistas (apoiados por D. Maria II) a uma coligação de setembristas e miguelistas. A guerra radicalizou-se sobretudo no Norte, com a formação da Junta Governativa do Porto, e apenas viria a terminar com o auxílio de forças militares estrangeiras (inglesas, espanholas e francesas), no âmbito da chamada Quádrupla Aliança, que bloquearam a Cidade e submeteram por fim as forças que se opunham à Rainha. Em 29 de junho de 1847 foi assinada a Convenção de Gramido, em Valbom, Gondomar, numa casa branca junto ao rio Douro, que ficou então conhecida com o nome do local. A Convenção de Gramido concedeu amnistia aos revoltosos, respeitou os seus direitos e veio a permitir a pacificação do País.


Rui Duarte | Casa de Gramido


23 – Câmara Municipal do Porto | D. Maria II Os Paços do Concelho do Porto, edifício sede do Município, localizam-se no extremo norte da Avenida dos Aliados, tendo sido edificados já em pleno séc. XX e inaugurados em 1957. A sua construção teve início em 1920, com o projeto do arquiteto António Correia da Silva (1880-1963). As dificuldades orçamentais levaram a interromper a obra, que foi depois retomada em 1947, com uma reformulação por Carlos Chambers Ramos (1897-1969). A obra, em granito e mármore, foi executada por artesãos da Cooperativa dos Pedreiros, compreendendo toda a estrutura, as cantarias e os motivos escultóricos das fachadas e interiores. A fachada principal apresenta o novo brasão de armas da Cidade do Porto, outorgado por D. Maria II a 14 de janeiro de 1837, que passou a mostrar um dragão, em alusão à bravura dos portuenses, demonstrada nomeadamente durante o Cerco do Porto. O dragão, passando a ser um símbolo importante da Invicta, também se encontra nos brasões de outros monumentos: no pedestal da estátua equestre de D. Pedro IV, no da estátua do Infante D. Henrique, no Palácio da Bolsa, bem como no altar da Igreja da Lapa, onde está depositado o coração de D. Pedro IV. A figura do dragão veio a ser retirada das armas do Porto, aquando da reforma da heráldica dos Municípios, no Estado Novo, regulamentada a partir de 1930 e segundo o parecer compulsório da Associação dos Arqueólogos Portugueses.


Alfredo Ireneu | Câmara do Porto



D. Pedro V


D. Pedro V Lisboa, 16 de setembro de 1837 – Lisboa, 11 de novembro de 1861. Aclamado Rei de Portugal em 16 de setembro de 1855 24 – Palácio dos Carrancas | D. Pedro V Utilizado pelos Reis portugueses nas suas permanências no Porto partir de 1840, foi adquirido por D. Pedro V em 1861, para esse fim. Edifício classificado como imóvel de interesse público, onde se encontra instalado o Museu Nacional de Soares dos Reis, desde 1942. A construção do Palácio foi iniciada em 1795, sendo destinada à residência e fábrica da família Moraes e Castro. Atribui-se o seu desenho neoclássico e monumental ao arquiteto Joaquim da Costa Lima Sampaio (17---1837). O nome de Palácio dos Carrancas surgiu popularmente, em alusão ao caráter pouco simpático do seu proprietário! Os espaços interiores, elegantes e imponentes, articulavam-se com o belo Jardim da Cerca e com a antiga Quinta do Paço, onde mais tarde viria a ser construído o 2.º velódromo do País, inaugurado em 1895, com o nome da rainha, Maria Amélia. O Palácio foi ocupado pelo general Soult durante a Segunda Invasão Francesa (1809) e veio a receber D. Pedro IV em 1832, após o desembarque das tropas liberais no Mindelo. O testamento de D. Manuel II determinou a entrega do Palácio à Santa Casa da Misericórdia (1932), Criado inicialmente por D. Pedro IV, ainda durante o Cerco do Porto, em 1833, o Museu ocupou inicialmente o Convento de Santo António (atual Biblioteca Pública Municipal) com o nome de Museu Portuense de Estampas e Pintura, em conjunto com a Academia Portuense de Belas Artes.


Ricardo Simões | Palácio dos Carrancas


25 – Estátua na Praça da Batalha | D. Pedro V D. Pedro V foi um rei culto e desejoso de promover o progresso, em cujo perfil terá tido influência o seu educador, Alexandre Herculano. No seu curto reinado deslocou-se ao Porto com frequência, aqui tendo ficado diversos testemunhos das suas ações. Foi o fundador, por exemplo, do Curso Superior de Letras, em Lisboa e da Escola Normal. Em sua homenagem, a Câmara Municipal do Porto mandou construir o monumento que se encontra na Praça da Batalha, inaugurado com pompa e circunstância em janeiro de 1866, na presença de seu irmão, o Rei D. Luís I. A escultura em bronze é da autoria de Teixeira Lopes, Pai (1837-1918), artista portuense, consistindo na figura de Dom Pedro V, de pé e com uniforme de tenente-general. Tem a mão esquerda apoiada na espada e segura o chapéu na direita. No pedestal, de mármore, figuram outros elementos escultóricos, de que se destacam as pedras de armas e as alegorias à religião e às atividades do Homem: a agricultura, a indústria e a arte.

https://aportanobre.blogs.sapo.pt/a-inauguracao-da-estatua-do-rei-d-43319


Olga Amaral | D. Pedro V


26 – Palácio da Bolsa | D. Pedro V O Palácio da Bolsa, ou Palácio da Associação Comercial do Porto, é um edifício neoclássico, cuja construção foi iniciada em 6 de Outubro de 1842, data solene da colocação da sua primeira pedra. Os comerciantes do Porto reuniam-se já na Casa da Bolsa do Comércio, mas o violento incêndio que na noite de 24 de julho de 1832 (durante o cerco do Porto) destruiu o Convento de S. Francisco, ao lado, obrigou ao seu encerramento. Do incêndio só sobreviveu a igreja do convento, e os comerciantes passaram a ter de tratar dos seus negócios ao ar livre! O início das obras, com a autorização régia de D. Maria II, deu-se sob a presidência de José Henriques Soares, Barão de Ancede (1785-1853), sendo autor do projeto geral o arquiteto Joaquim Costa Lima (1836-1863). Deve-se destacar a estreita ligação da sua construção com a do antigo Palácio de Cristal, onde foi inaugurada a Exposição Industrial do Porto, em 1861, por D. Pedro V. A construção do Palácio da Bolsa prolongou-se até 1909, altura de uma visita de D. Manuel II à Cidade do Porto. Neste espaço de tempo o edifício adquiriu grande esplendor, com uma mistura de diferentes estilos arquitetónicos, dos quais se destaca o Salão Árabe, inaugurado em 1880. Atualmente o Palácio da Bolsa permanece como sede da Associação Comercial do Porto, mas é sobretudo o local onde se realizam os mais diversos eventos culturais, sociais e políticos da Cidade. É uma visita incontornável do roteiro turístico do Porto.


Ricardo Simões | Palácio da Bolsa


27 – Hospital Militar do Porto | D. Pedro V O Hospital Militar do Porto situa-se no troço inicial da Avenida da Boavista. A sua construção foi iniciada em 1862, por decisão de D. Pedro V, falecido no ano anterior. Porém, a iniciativa remonta a 1854, ainda sob a regência de seu pai, D. Fernando II, concretizada na Carta de Lei de 18 de abril desse ano. Trata-se de uma grande estrutura, com uma fachada larga e despojada, virada para a Avenida. O Hospital foi construído de raiz, em granito e alvenaria, e consiste num corpo central em torno de um espaço interior, com vários outros interligados. Preocupado com a saúde pública e empenhado na assistência social, D. Pedro V promoveu a construção de vários hospitais públicos. Exemplo desta dinâmica é também o Hospital D. Estefânia, em Lisboa, nomeado em memória da sua esposa, a princesa D. Estefânia de Hohenzollern, falecida em 1859, cerca de um ano após o casamento. A necessidade do um Hospital dedicado a esta causa, no Porto, já se tinha feito sentir algumas décadas antes, aquando da guerra civil travada por seu avô, D. Pedro IV. Nessa altura, a assistência aos militares encontrava-se dividida por vários outros hospitais. O Hospital Militar D. Pedro V recebeu os primeiros doentes em 1869, quando apenas 1/3 do projeto estava concluído. A sua designação oficial alterou-se ao longo do séc. XX: Hospital Militar do Porto (1910); Hospital Militar Regional n.º 1 (1926); e Hospital Militar Regional nº 1 - D. Pedro V (1990).


Hernâni Martins | Hospital Militar


28 – Cadeia do Tribunal da Relação do Porto | D. Pedro V O antigo Paço da Rolaçon e a respetiva cadeia, mandado construir em 1603 pelo rei espanhol Filipe II, ruiu completamente em 1 de abril de 1752, talvez por deficiências da construção. Nada restou! Alguns anos depois (1765), já na vigência da Junta de Obras Públicas (1763-1804), foi João de Almada e Melo (1703-1786), Regedor das Justiças e Governador das Armas do Porto, que avançou com a reconstrução do edifício. Chamou para este efeito o arquiteto Eugénio dos Santos (17111760), um dos principais reconstrutores da Baixa Pombalina de Lisboa, que traçou a nova planta da Cadeia e Relação do Porto. Estamos perante um grandioso imóvel do período barroco, com três pisos em planta trapezoidal, e cujo projeto foi concebido para aqueles fins específicos. Por este facto possui um aspeto austero, apresentando duas fachadas nobres, uma voltada a nascente, para a Rua de São Bento da Vitória, e outra, hoje a principal, voltada para o atual Largo do Amor de Perdição. A Cadeia recebeu criminosos famosos, como o salteador Zé do Telhado e o jornalista político João Pinheiro Chagas. Entre muitos outros, foram aqui encerrados Camilo Castelo Branco e Ana Plácido, acusados de adultério. Neste tempo (1860), Camilo escreveu o romance Amor de Perdição e recebeu a visita do rei D. Pedro V. Deixou de funcionar como cadeia em 1974. O edifício foi restaurado e remodelado em 2000, pelos arquitetos Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira, acolhendo atualmente o Centro Português de Fotografia.


Ricardo Simões | Cadeia da Relação


29– Palácio de Cristal | D. Pedro V Após o encerramento da Exposição Industrial do Porto de 1861, no Palácio da Bolsa, D. Pedro V promove a construção do Palácio de Cristal, destinado a receber a Exposição Internacional do Porto, em 1865. O modelo da obra foi o Crystal Palace de Londres, desenhado pelo arquiteto inglês Joseph Paxton (1803-1865). O projeto de Paxton recorria às tecnologias surgidas no período da revolução industrial do séc. XIX, utilizando peças pré-fabricadas – o ferro fundido e as grandes chapas de vidro – e criando assim uma obra inspiradora que marca o início da arquitetura moderna. O Palácio de Cristal do Porto original foi projetado pelo arquiteto inglês Thomas Dillen Jones (?-?), sendo inaugurado em 1865 pelo rei D. Luís I. Em simultâneo com o Palácio, foram também executados os seus magníficos jardins, desenhados pelo arquiteto paisagista Émille David (18391873), dos quais ainda hoje os portuenses continuam a usufruir. Pertencendo inicialmente à Associação Industrial Portuense, foi adquirido pela Câmara Municipal em 1933, tendo-se aí realizado numerosos eventos e recebido importantes personalidades. O Palácio de Cristal foi mandado demolir em 1951, para dar lugar ao atual Pavilhão dos Desportos, uma abóbada modernista em betão, projetada por José Carlos Loureiro (1925) e rebatizado em 1991 como Pavilhão Rosa Mota. Na sua envolvência saboreamos sempre os bosques, os jardins, com varandas, esculturas, e muito mais. Dignos de nota são a Capela em memória do rei Carlos Alberto da Sardenha (de 1861) e a Biblioteca Municipal Almeida Garrett (2001).


Hernâni Martins | Jardim do Palácio



D. Luís I


D. Luís I Lisboa, 31 de outubro de 1838 – Cascais, 19 de outubro de 1889. Aclamado Rei de Portugal em 22 de dezembro de 1861 30 – Ponte Luís I | D. Luís I A Ponte Luís I – ou Ponte Luiz I, conforme a grafia original – é uma estrutura metálica com dois tabuleiros, construída em elementos de ferro que, no final do séc. XIX, veio responder ao aumento das necessidades de circulação entre o Porto e Vila Nova de Gaia. Com efeito, a Ponte Pênsil sobre o rio Douro já era insuficiente para as necessidades do comércio e do tráfego que já se faziam sentir neste setor da Cidade do Porto. Em novembro de 1880 apresentaram-se a concurso vários projetos, destacando-se o da firma de Gustave Eiffel (1832-1923), projeto que tinha recebido um Grande Prémio na Exposição Universal de Paris de 1878. Porém, este projeto apenas contemplava um tabuleiro ao nível da Ribeira, pelo que veio a ser selecionado o projeto do engenheiro belga Théophile Seyrig (1843-1923), que já tinha colaborado anteriormente com Eiffel na construção da Ponte Maria Pia. A construção inicia-se em 1881, sendo inaugurado o tabuleiro superior em 1886 e, dois anos depois, o tabuleiro inferior, com iluminação a gás e total funcionamento. Em 1905 foram colocados carris no tabuleiro superior, para servir uma linha de elétricos e, passados 100 anos, em 2005, passou aí a circular a Linha Amarela do Metro do Porto.


Alfredo Ireneu | Ponte luís I


31 – Ponte Maria Pia | D. Luís I D. Maria Pia de Saboia foi casada com D. Luís I. 16 de outubro de 1847 – 5 de julho de 1911 A Ponte Maria Pia é uma estrutura em ferro concebida para fazer a ligação ferroviária sobre o Rio Douro, entre as cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia. Foi batizada em honra da rainha D. Maria Pia de Saboia, esposa do rei D. Luís I. A passagem do comboio sobre o Douro, fazendo a ligação de Lisboa ao Norte de Portugal começou a ser projetada ainda antes de a linha ter chegado a Vila Nova de Gaia, em 1864. A seleção do projeto foi um processo complicado, acabando por ser aprovado o projeto concebido pelo engenheiro Théophile Seyrig (1843-1923), sócio de Gustave Eiffel (1832-1923), em 1875. A construção foi adjudicada à empresa Eiffel Constructions Métalliques, sendo as obras dirigidas pelo próprio Eiffel. Foi inaugurada em 4 de Novembro de 1877, na presença de D. Luís I e da família real e teve uma utilização contínua, até 24 de Junho de 1991, data em que foi substituída pela Ponte de São João. É considerada uma das obras-primas executadas por Eiffel, tendo sido uma obra arrojada na altura, por ser a ponte com o maior arco do mundo, de forma parabólica, sem apoios intermédios. Para conseguir este feito, foi utilizada uma arquitetura inovadora, com as forças distribuídas pelos seus elementos estruturais, o que conferiu à ponte uma grande solidez.


Rui Duarte | Ponte maria Pia


32 – Porto de Leixões | D. Luís I Durante séculos a navegação de pesca, comercial e de passageiros da Cidade do Porto fez-se pelo rio Douro. Porém, a barra deste rio tem uma navegação difícil, com um curriculum de naufrágios dramáticos. A alternativa adotada, com o forte incentivo do rei D. Luís I, foi a construção de um novo porto, na foz do rio Leça. Os projetos para a construção do porto de Leixões são, só por si, uma história. Porém, o projeto definitivo acabou por ser aprovado em 1883, com base em dois estudos prévios da autoria do engenheiro inglês James Abernethy (1814-1896), sendo o projeto final da autoria dos engenheiros Sir John Coode (1816-1892) e Afonso Joaquim Nogueira Soares (c. 1825?). As obras do porto foram motivo de grande atração, tendo sido visitadas algumas vezes por D. Luís I que, em 27/09/1887, assistiu à colocação de uma Pedra Comemorativa de uma dessas visitas. Para este efeito foi utilizado um dos gigantescos guindastes ‘Titã’, movidos a vapor e deslocando-se sobre carris, que tinham sido encomendados para a construção dos molhes, sendo capazes de fazer a colocação de pesadíssimos blocos de granito (até 50 t). Um destes guindastes mantem-se de pé até aos dias de hoje, constituindo um testemunho único da maquinaria em ferro e da arquitetura da era industrial. O Porto de Leixões é de importância central para a economia do Porto e da Região Norte. Teve importantes ampliações durante o período do Estado Novo e, em 1961, foi inaugurada a Ponte Móvel sobre o rio Leça (renovada em 2007), fazendo a ligação rodoviária entre Matosinhos e Leça da Palmeira. Em 2011 foi inaugurado o moderno Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.


Rui Duarte | Titã - Porto de Leixões


33 – Estação de S. Bento | D. Luís I A Estação Ferroviária do Porto - São Bento foi construída no local do antigo mosteiro de monjas beneditinas de São Bento de Avé-Maria, que foi demolido, mas do qual herdou o nome. A Estação é um edifício monumental, segundo o magnífico projeto do portuense José Marques da Silva (1869-1947), e com uma forte influência francesa, sobretudo nas torres laterais, ao gosto deste arquiteto. O seu planeamento, bem como o do Túnel de Avé-Maria, fazendo a ligação a Campanhã, foi iniciado ainda no período final do reinado de D. Luís I, em 1888. A inauguração provisória e entrada em funcionamento ocorreu, com pompa e circunstância, em 7 de novembro de 1896, já no reinado de D. Carlos I. A conclusão e inauguração oficial vieram a acontecer em 5 de outubro de 1916, cerca de um ano depois de terem sido colocados os notáveis painéis de azulejos que revestem as paredes do átrio principal, com mais de 10 metros de altura. Neste átrio principal veem-se, assim, duas séries de azulejos de temática histórica, representando principalmente cenas passadas no Norte do País. São da autoria de Jorge Colaço (1868-1942) e produzidos na Fábrica de Sacavém. A série principal, monocromática em azul, representa cenas da história de Portugal, como por exemplo, a entrada triunfal de D. João I no Porto, o seu casamento com D. Filipa da Lencastre em 1387, cenas rurais e a conquista de Ceuta, em 1415. O friso superior, polícromo, mostra a História dos Transportes, concluindo com a inauguração dos caminhos-de-ferro.


Rui Lopes | Estação S. Bento


Alfredo Ireneu Hernâni Martins Olga Amaral Ricardo Simões Rui Duarte Rui Lopes


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