EDIÇÃO ÉPICA DE ANIVERSÁRIO
ABRIL 2015 I Nº 145 I R$ 13,00
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ABRIL 2015 | EDIÇÃO ÉPICA DE ANIVERSÁRIO: GAME OF THRONES | PRODUÇÕES BÍBLICAS |
O MELHOR DA TV
E XC LUSIVO
revistamonet.globo.com
GAME THRONES RONES Conversamos com os astros da série mais polêmica, violenta, surpreendente e grandiosa da TV e adiantamos as novidades da quinta temporada
E MAIS: Produções bíblicas O último capítulo de O Hobbit Rodrigo Santoro e seu Xerxes em 300 145CapaMonet.indd 1
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Confira mais entrevistas e um guia de momentos fundamentais de Game of Thrones nas quatro temporadas anteriores na edição digital
ENCONTRAMOS COM O ELENCO DE GAME OF THRONES PARA DESVENDAR OS
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Game of Thrones
A PARTIR DO DIA 12, DOMINGOS, 22H, HBO, 171 E 671 (HD) TAMBÉM DISPONÍVEL NO NOW
SEGREDOS DA MAIOR E MAIS POLÊMICA SÉRIE DA TV
por Sarah Mund, de Londres*
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azendo jus aos impressionantes números que acompanham tudo que se refere à produção de Game of Thrones, embarcamos em uma maratona de entrevistas com 14 nomes do elenco para revelar os segredos da atração e descobrir o que está por vir na quinta temporada, que estreia sob grande expectativa. Desde o número de páginas dos livros de George R.R. Martin que inspiraram a série ao orçamento de cada episódio, os dados parecem estar sempre no superlativo [confira mais na última página], como o próprio autor sentenciou quando os produtores David Benioff e D.B. Weiss o abordaram pela primeira vez: “É muito grande. Muito complicado. Muito caro”, definiu no livro Game Of Thrones: Por Dentro da Série da HBO. Mas se existe uma empresa que toparia a tarefa de traduzir para as telas a complexa trama dos livros, seria a HBO. O canal é conhecido por suas produções originais repletas de violência e sexo e alguns de seus maiores sucessos parecem ter sido ensaios para o que estava por vir. Suas marcas registradas, como o drama de Família Soprano (1999-2007), a sensualidade de True Blood (2008-2014) e a brutalidade de Roma (2005-2007) estão presentes em Game Of Thrones, com a adição da fantasia. “Todo mundo que reclama desses elementos deixaria de assistir à série se eles fossem removidos. Seria condescendente não mostrar isso. A violência é terrível e é assim na vida real também. Nós não nos esquivamos dessa responsabilidade”, opinou Liam Cunningham, que interpreta o ex-contrabandista Davos Seaworth. Como fãs da obra, Benioff e Weiss assumiram o desafio de convencer o canal de que centenas de personagens, dezenas de paisagens, castelos, fortalezas, dragões e idiomas ficcionais funcionariam na TV. A fórmula não só deu certo como se tornou a maior produção da história da televisão, chegando ao patamar do que de melhor é feito no cinema – em 2015 os últimos dois
Novos jogadores
OBARA SAND
(Keisha Castle-Hughes) Filha de uma camponesa, é a mais velha das bastardas do príncipe Oberyn. Munida de uma imponente lança, como a que seu pai usava em combate, ela se torna mortal.
episódios do ano anterior, um especial sobre as gravações e o trailer do que está por vir foram exibidos em cinemas iMAX nos EUA, a primeira série a conseguir tal feito. “Apesar de ser televisão, é em um nível além de tudo que existe hoje”, atestou Duncan Muggoch, gerente de produção da unidade de filmagem na Croácia e na Espanha. O sucesso é tanto, e a expectativa do fãs tamanha, que os episódios inéditos da quinta temporada serão exibidos simultaneamente em 170 países, numa tentativa de evitar quebrar mais um recorde que a atração detém: a de mais pirateada na internet – nem mesmo os servidores das plataformas online oficiais suportaram o tráfego de pessoas querendo assistir à estreia da quarta temporada e ficaram algumas horas fora do ar em 2014. A quantidade de fãs das mais variadas nacionalidades que se candidataram para atuar como figurantes durante as gravações em Sevilha, na Espa-
Com novas regiões sendo exploradas, mais uma das poderosas famílias sendo introduzidas e líderes de uma religião
NYMERIA SAND
(Jessica Henwick) A segunda filha bastarda de Oberyn tem como mãe uma mulher nobre de outra região de Westeros. Sua arma característica é um intimidador chicote que carrega o tempo todo.
TYENE SAND
(Rosabell Laurenti Sellers) A terceira das oito filhas bastardas do finado Oberyn, sua especialidade são as adagas duplas. Sua mãe foi uma septã, mas ela foi criada no seio da família Martell.
AREO HOTAH (DeObia Oparei) O guarda-costas da família Martell também tem uma arma marcante, o machado que ele empunha é repleto de joias e ele o chama de sua esposa – e também cuida dele obsessivamente.
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ligião
Motivações distintas – A sacerdotisa Melisandre (Carice van Houten) encontra na ameaça dos perigos do inverno um foco para suas energias do deus do fogo; Arya (Maisie Williams) se esconde em uma das inúmeras religiões de Braavos, a casa do preto e do branco; Sansa (Sophie Turner) assume uma nova identidade e faz planos de vingança com a ajuda de Petyr (Aidan Gillen)
nha, deixa isso ainda mais claro: 86 mil. “A pressão de entrar em algo que já é uma lenda foi enorme! Quando fiz teste para o papel estava uma pilha de nervos e cada vez mais me dava conta da sua magnitude”, admitiu DeObia Oparei, novo membro do elenco e intérprete do guarda-costas da família Martell, Areo Hotah.
Chega a ser difícil acreditar nas proporções que as coisas tomaram quando lembramos que quando foi ao ar a primeira temporada de Game of Thrones demorou para captar a atenção do público. Grande parte do sucesso é graças à forma como a trama se desenrola: sem favorecer o bem sobre o mal, eliminando alguns dos personagens mais queridos de formas brutais e sem medo de mostrar o sexo
tentando influenciar no reinado chegam uma série de novos personagens para a já complexa trama de Game of Thrones. Veja quem eles são e o que esperar de cada um:
DORAN MARTELL
(Alexander Siddig) O príncipe de Dorne sofre de limitações físicas e contava com Oberyn como seu representante. Ele é irmão mais velho de Elia, a princesa que seu irmão morreu tentando vingar.
TRYSTANE MARTELL
(Toby Sebastian) O filho mais novo de Doran Martell teve seu casamento com a filha da rainha, Myrcella, arranjado em um acordo para juntar a família à pretensão dos Lannister pelo trono.
ALTO PARDAL (Jonathan Pryce)
Proeminente membro de uma ordem religiosa que ganha cada dia mais poder na capital Kingslanding, ele vai trazer problemas para a família real ao pregar a humildade de todos.
YEZZAN ZO QAGGAZ
(Enzo Cilenti) Negociador de escravos em Yunkai, é a favor de um tratado de paz com Daenerys com medo de seu exército e dragões, embora tenha predileção por bizarrices.
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Rainha do fogo
como uma arma. “É chocante ver tantos seios à mostra em um único programa. Mas é isso que somos, uma série chocante. Acho que acrescenta um elemento que outras atrações têm medo de explorar. Não queremos provar um ponto, mas isso simplesmente faz parte do nosso universo. Em uma época como esta, sexo é poder”, opinou a atriz Emilia Clarke, que esteve em algumas das cenas mais polêmicas da atração. Decapitar o mocinho? Sem problemas. Esfaquear uma grávida? Feito. Incesto? Nada demais. Decepar membros? Hábito comum. Estupro? Acontece. Queimados vivos? Azar. Essa lista poderia ir longe e parece que, quanto mais chocados, mais os fãs gostam. O fato de alguns leitores terem consciência do que estava por vir garantiu divertidos registros das reações dos desavisados enquanto assistiam aos episódios mais impactantes e a brincadeira virou febre no YouTube. Isso pode estar para acabar, já que a atual temporada é a última a ser exibida com seu livro correspondente e o autor já anunciou que o sexto volume não será publicado em 2015, quando a produção da próxima temporada começa.
DAENERYS TARGARYEN (Emilia Clarke)
A primeira vez que conversamos foi entre a primeira e a segunda temporada. O que mudou nesses últimos anos?
Sinto que a quinta temporada trouxe mais normalidade, consigo ver as coisas como elas realmente são. Eu não tinha experiência nenhuma e agora já fiz alguns trabalhos. Isso me deixou muito mais confiante no que faço, as coisas se tornaram mais fáceis de serem digeridas. Nós alcançamos esse nível de sucesso extraordinário e eu não conseguia me dar conta disso. Para ser bem honesta, eu não tinha expectativas, deixei de ser garçonete e estava satisfeita em trabalhar como atriz.
Você vê sua personagem como um ícone do feminismo?
Sim, ela é incrivelmente forte. Ela é confiante e não pede permissão para nada. Ver alguém lutar e vencer dessa forma é admirável e se isso pode inspirar alguém, melhor ainda.
Você acha que as mulheres lideram de forma diferente? Se inspirou em alguma figura de poder da vida real?
Sim, essa é uma das coisas que vemos no programa. O interessante de ver uma mulher no poder é como ela mantém a sensibilidade feminina. Como nos inspiramos em uma época medieval, a distância entre os gêneros era ainda maior. No começo eu busquei referências, mas uma amiga minha observou que eu já havia criado uma personagem forte e depois disso me dei conta de que poderia confiar no que estava fazendo.
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No entanto, a repercussão nas redes sociais deve continuar a todo vapor. O capítulo mais comentado até hoje, no qual a família Stark é traída durante o que ficou conhecido como O Casamento Vermelho, na terceira temporada, chegou à casa das 700 mil citações nas redes sociais. E o novo ano promete ainda mais comoção. “Às vezes eu também me surpreendo com o rumo das coisas e não é segredo que a série pode ser incrivelmente controversa. É uma fantasia que gera drama e acho que podemos usar isso para avaliar o mundo real, testar as opiniões das pessoas. Por muito tempo o gênero não se envolveu em dilemas éticos e eu acho isso ótimo”, falou Kit Harington, que dá vida ao patrulheiro Jon Snow.
Entre as novidades da quinta temporada está a região de Dorne, até então apenas mencionada e nunca exibida. A terra do príncipe Oberyn (Pedro Pascal), morto de forma chocante no ano anterior, é completamente diferente do restante do continente Westeros. Com o novo elemento, chegam vários integrantes da família Martell, além de outros personagens novatos [veja quadro nas páginas 42 e 43]. Entre eles estão o patriarca da família, seu guarda-costas e guerreiras bastardas que têm tudo para se tornarem favoritas dos fãs. Outra novidade que deve agradar a audiência é o tamanho atual dos dragões de Daenerys. “Essa vai ser uma temporada bem focada nos dragões. Eles colocarão a capacidade de dominação dela à prova, mas a personagem continua cautelosa quanto a depender do poder deles”, revelou a atriz Emilia Clarke. Novos caminhos – Cersei (Lena Headey) vê seu poder sobre o filho mais novo, Thommen (Dean-Charles Chapman), escapar de suas mãos depois que ele se casa com Margaery (Natalie Dormer); Varys (Conleth Hill) escapa da capital com Tyrion (Peter Dinklage) em direção a outro continente
Soldado do gelo JON SNOW (Kit Harington)
A primeira vez que conversamos foi entre a primeira e a segunda temporada. O que mudou nesses últimos anos?
Algumas coisas ainda me impressionam. Sou um dos veteranos, mas só entendo a grandiosidade de tudo quando vou a eventos para fãs e premiações. Não dá para ficar mais popular, só espero manter esse nível enorme e global. A expectativa é sempre assustadora. Até então, conseguimos fazer uma temporada melhor que a outra e me parece que essa vai ser muito especial. É importante para você ter um personagem que faz com que as pessoas reflitam?
Minha história é a do herói tradicional tentando salvar o mundo, não acho que exista um grande mistério a ser resolvido. Mas as pessoas gostam da complexidade da série, de não serem tratados como idiotas como muita atração fez no passado. Acho que ajudamos a estabelecer um precedente e é animador fazer parte de um drama moderno, eu adoro. Você é um leitor assíduo dos livros, como é finalmente chegar próximo do ponto em que não sabe mais de antemão o que virá a seguir?
Eu li os cinco livros e essa temporada é parcialmente baseada no quinto. Para falar a verdade, eu não sei o que acontece, preferi não ler os roteiros completos para assistir na televisão como fã, quero todas as surpresas. Não tenho dúvidas de que o autor tem um plano bem definido e os produtores o conhecem. Acredito que o final será muito interessante e não vejo a hora de saber o que acontece.
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Bastidores do sucesso – Em sentido horário: os atores Kit Harington e Richard Madden visitam o Brasil, um dos países onde a série ostenta maior popularidade; o elenco e os produtores se reúnem em volta de George R.R. Martin; o ator Nikolaj Coster-Waldau tem seu figurino checado durante gravações da nova temporada na Espanha; a rainha Elizabeth II da Inglaterra visita o set de gravações e observa o icônico trono de ferro
Outros queridinhos do público trilham os mais variados caminhos. Enquanto Tyrion (Peter Dinklage) conta com a ajuda de Varys (Conleth Hill) para fugir clandestinamente, Arya (Maisie Williams) se refugia em uma seita religiosa misteriosa na pitoresca cidade de Braavos, e sua irmã Sansa (Sophie Turner) é guiada na arte da vingança pelo ardiloso Petyr (Aidan Gillen). “Sansa está crescendo como personagem e se tornando uma manipuladora em potencial no jogo. As pessoas achavam ela chata por que no começo era muito ingênua, mas foi com essa cara de inocente que ela enganou a todos e conseguiu sobreviver. Ela continua com suas morais do que é correto ou não, mas se tornou uma pessoa muito mais sombria”, revelou a intérprete da jovem Stark. Já na capital do reino, Cersei (Lena Headey) vê sua influência sobre seu filho Tommen (Dean-Charles Chapman), o novo rei, escapar de suas mãos; na muralha, Jon Snow (Kit Harington) luta para atender às exigências tanto dos selvagens quanto do auto pro-
clamado rei no norte Stannis Baratheon (Stephen Dillane), que conta com os conselhos da sacerdotisa Melisandre (Carice van Houten) e do ex-contrabandista Davos Seaworth (Liam Cunningham). “Acho que a Melisandre é uma das personagens mais odiadas, e com razão. Ela não é uma pessoa muito boa. Mas acho que age dessa forma cruel por que acredita em um bem maior, que meros mortais não são capazes de se dar conta. Então, ela faz de tudo para guiar Stannis com esse objetivo”, apontou a holandesa Carice sobre seu papel. Haja memória para acompanhar tantos personagens e histórias! Não foi bobagem o próprio autor achar que sua criação seria impossível de adaptar e nem foi à toa que a produção chegou às proporções que tem hoje. Também não é surpresa que os fãs inundem a internet com as mais variadas teorias sobre como a trama irá terminar – mas isso só o autor e os criadores da série podem dizer. A nós cabe torcer pelos nossos favoritos e esperar para ver quem vai conquistar o desconfortável trono de ferro de uma vez por todas na atração que será para sempre lembrada como um marco da televisão. *A jornalista viajou a convite do canal HBO
É chocante ver tantos seios em um programa. Faz parte do nosso universo (...) Numa época como esta, sexo é poder” – Emilia Clarke 46+Monet+ABRIL
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OS NÚMEROS DE GAME OF THRONES Os impressionantes dados da maior produção televisiva da atualidade, que se eleva aos padrões das grandes obras cinematográficas
5 dos 7 livros planejados por George ge R.R. Martin tin já foram publicados com 3.648 páginas (Brasil) asil) e mais de 50 milhões de cópias vendidas no mundo
166 integrantes do elenco, mais de 5000 figurantes e mais de 1.000 membros da equipe 120 dias de filmagem em 2 unidades simultâneas
3.700 palavras do idioma Dothraki, aki, 70 700 0 do Alto Valiriano e 600 do Baixo Valiriano foram ram criadas pelo
151 locações cações de filmagens em 5 países
linguista linguis David J. Peterson Pete
US$ 6 milhõe milhões s é o orçamento médio de
US$ 30 mil é o pr preço eço da réplica do trono ono de ferro o
cada episódio ca
193 países 19 es onde a série é exibida ibida
18 milhões de tele telespectadores lespect spectador em todo do o mundo assistiram as am aos últimos timoss episódios episódio da 4a temporada ada
que foi posta a a venda nda
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Orçamento e audiência (arrecadação dividida pelo valor médio do ingresso em 2014) de alguns dos maiores sucessos das últimas décadas PARA QUEM GOSTA DE DRAGÕES Como Treinar seu Dragão 2 (2014): orçamento US$ 145 milhões / bilheteria 76 milhões de pessoas PARA QUEM GOSTA DE UNIVERSO FICCIONAL O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012): orçamento US$ 180 milhões / 123 milhões de pessoas O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003): orçamento US$ 94 milhões / bilheteria 135 milhões de pessoas PARA QUEM GOSTA DE INVERNO A Era do Gelo 2 (2006): orçamento US$ 80 milhões / bilheteria 81 milhões de pessoas Frozen: Uma Aventura Congelante (2013): orçamento US$ 150 milhões / bilheteria 147 milhões de pessoas PARA QUEM GOSTA DE MAGIA Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (2011): orçamento US$ 250 milhões / bilheteria 160 milhões de pessoas PARA QUEM GOSTA DE ÉPICOS Exôdo: Deuses e Reis (2014): orçamento US$ 140 milhões / bilheteria 32 milhões de pessoas
FOTOS: GETTY IMAGES E DIVULGAÇÃO
300: A Ascensão do Império (2014): orçamento US$ 110 milhões / bilheteria 41 milhões de pessoas PARA QUEM GOSTA DE ZUMBIS Guerra Mundial Z (2013): orçamento US$ 190 milhões / bilheteria 66 milhões de pessoas PARA QUEM GOSTA DE MÁFIA O Poderoso Chefão (1972): orçamento US$ 13 milhões / bilheteria 1,9 milhões de pessoas
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A Bíblia inspira filmes desde a origem do cinema, ao mesmo tempo em que desperta polêmica entre os religiosos que trocam templos por uma matinê. Se controvérsias acometem best-sellers mais novos, que dirá um livro de mais de 3.500 anos e mais de 6 bilhões de cópias vendidas? por Henrique Januario e Ramon Vitral fotomontagem Marcelo Biscola
Êxodo: Deuses e Reis
DISPONÍVEL NO NOW
A Bíblia
DO DIA 1º AO DIA 5, DE QUARTA A DOMINGO, 20H, HISTORY, 83 E 583 (HD)
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NO INÍCIO ERA ESCURIDÃO RIDÃO e acetato. E então houve a luz. A origem da magia do cinema pode ser parafraseada com a gênese da humanidade segundo a Bíblia. E apesar de quase três milênios separarem os primeiros filmes da origem do livro sagrado, suas histórias acabaram conectadas e hoje são indissociáveis.
Uma das passagens mais épicas da Bíblia, a fuga dos judeus do Egito para a terra prometida é tema de um dos exemplares mais recentes do gênero. Êxodo: Deuses e Reis é o terceiro grande filme a adaptar a história protagonizada por Moisés. Antes dele, produções que dizem muito sobre a história do cinema usaram o mesmo argumento, mas de diferentes maneiras: O Príncipe do Egito (1998), uma das primeiras animações dos estúdios Dreamworks, e Os Dez Mandamentos, em especial a segunda versão dirigida por Cecil B. DeMille em 1956, estrelada por Charlton Heston. O clássico da década de 1950 foi um dos primeiros a mostrar o potencial do cinema em transportar histórias fantásticas e épicas para as telas. Ao fazer o remake do próprio filme de 1923, Cecil B. DeMille tinha certeza de que estaria fazendo história no cinema. Vencedora do Oscar de Melhor Efeitos Especiais, a produção tem a sexta maior arrecadação de todos os tempos com US$ 1,08 bilhão de bilheteria com valores ajustados pela inflação. Já o desenho produzido por Steven Spielberg foi uma das últimas grandes animações tradicionais épicas a serem lembradas tanto pelo público quanto pela crítica. Mas nem só de unanimidades vivem as adaptações bíblicas. O longa de Ridley Scott tem como premissa tornar factíveis os fenômenos que em outras produções eram tratados como milagre. A própria atuação de Christian Bale é considerada “militar” demais para o homem que libertou seu povo da opressão do faraó.
Pelos números, Êxodo: Deuses e Reis é o maior orçamento já conduzido pelo especialista Ridley Scott, que reconstruiu o gueto dos judeus e duas cidades egípcias para contar sua versão da história de Moisés
por Edu Graça diretor septuagenário arregala os olhos pequeninos e coça as mãos antes de começar os trabalhos. Sir Ridley Scott, em pessoa, apresenta pela primeira vez a jornalistas do mundo todo cenas de Êxodo: Deuses e Reis, seu longa-metragem inspirado na história do Moisés bíblico. No cinema localizado dentro do quartel-general da Fox Films em Century City, na cidade mais populosa do lado oeste dos EUA, ele começa a explicar por que resolveu revisitar a saga do herói hebreu, personagem presente na narrativa de três das mais importantes religiões do planeta – judaísmo, cristianismo e islamismo. “Meu filme não tem absolutamente nada a ver com Os Dez Mandamentos, de Cecil B. DeMille. A não ser a história, claro. E a maioria dos personagens”, diz, entre sarcástico e absolutamente coerente com o que se vê na tela. Diferentemente do clássico protagonizado por Charlton Heston e tendo como antagonista um Yul Brynner encarnando o faraó Ramsés, o filme de Scott – um especialista em reconstituições históricas (pense em 1492, A Conquista do Paraíso ou Cruzada) – procura transformar o Moisés de Christian Bale e o faraó do australiano Joel Edgerton em figuras de carne e osso. A reconstituição do gueto hebraico, onde vive o Josué de Aaron Paul, é, por si só, uma razão para se ver Êxodo, ainda que para comparar os becos sinuosos e o esgoto à mostra com as imagens da Faixa de Gaza a invadir as televisões em tempos de conflitos com Israel. “Não quis fazer um longa político. Não filmei inspirado na situação atual do Oriente Médio. Mas sei que é impossível não olhar para o filme e se relacionar com o mundo à nossa volta”, diz o diretor britânico. Poucos meses depois, ele seria acusado, por diferentes críticos, de ter feito um filme sionista, historicamente falho e ignorante da pele negra da maioria dos egípcios de então. Banido no Egito,
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Super-herói – No papel que marcou sua carreira, Charlton Heston abre o Mar Vermelho na cena mais memorável de Os Dez Mandamentos (1956)
Êxodo foi solenemente ignorado pelas principais premiações de Hollywood, apesar do set impressionante – o diretor reconstruiu, além do já mencionado gueto dos escravos hebreus, duas cidades egípcias nas imediações de Almería, na Espanha – e dos efeitos especiais que garantiram ao menos uma cena memorável: a travessia do Mar Vermelho. Uma megaprodução de US$ 140 milhões – “pelo menos em termos de orçamento, este é o meu maior filme”, diz o diretor –, Êxodo foi vendido pelo estúdio distribuidor como “um novo Gladiador”, vencedor de cinco Oscars em 2001, e responsável pela segunda das três indicações de Scott ao prêmio (as outras duas foram por Telma e Louise e Falcão Negro em Perigo). Lançado perto do Natal, o filme jamais chegou a liderar as bilheterias nos EUA, alcançando pouco mais de 65 milhões de ingressos vendidos. O alívio veio nos mercados externos – com 202 milhões de entradas, se tornou o filme mais visto no ano passado entre os do revival bíblico, bem à frente de Noé, curiosamente estrelado pelo mesmo Russell Crowe de Gladiador. “A primeira questão para mim, ao topar viver o Moisés do Ridley, foi a de que seria muito fácil, ao se fazer um filme assumidamente de época, com sandálias de dedo e figurino repleto de roupas douradas, cair na comédia, ainda que nosso objetivo fosse bem outro. Por isso mesmo, apesar de, é claro, ter revisitado Os Dez Mandamentos, meus dois filmes-guia não foram épicos bíblicos coisíssima nenhuma, mas sim A Vida de Brian, do Monty Python, e A História do Mundo – Parte I, do Mel Brooks. Foram meus dois guias, fundamentais para evitar que eu caísse no fazer a plateia rir sem intenção”, conta Bale. O resultado foi um Moisés mais durão, quiçá belicoso,“esquizofrênico e bárbaro”, nas palavras do ator, ou “exatamente como os profetas e o próprio Deus do Antigo Testamento”, de acordo com Scott. Com toda a obsessão por uma veracidade histórica muitas vezes impossibilitada pela própria inexatidão de documentos e registros de fatos possivelmente ocorridos antes de 1.300 a.C., não deixa de ser curioso o fato de o melhor personagem criado por Scott em um filme com atores do calibre de sua musa Sigourney Weaver, John Turturro e Sir Ben Kinglsey, ter sido justamente o Deus-menino do filme. Tente desviar o olhar do furioso Criador encarnado pelo britânico Isaac Andrews, de 11 anos, quando a câmera o encontra. Está ali o verdadeiro milagre deste Êxodo, um Deus que rouba a cena do profeta sem dó nem piedade.
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“Há dois momentos no cinema em relação às adaptações bíblicas. Num primeiro, vemos um cinema épico que tenta ser mais fiel ao texto bíblico, exemplo disso são as grandes produções como Os Dez Mandamentos. Hoje o momento do cinema não é mais retratar o fato, mas o mito. O cinema traz a Bíblia para a tela e humaniza seus heróis com crises de fé e explicações naturais para os fenômenos inexplicáveis. Acredito que o cinema atual ficou mais verdadeiro ao tratar a Bíblia”, analisa o padre Juarez de Castro, da Arquidiocese de São Paulo. No entanto, adaptações religiosas com resultados polêmicos não são novidade na história do cinema. A BÍBLIA COMO PERSONAGEM Até mais controversos que os filmes inspirados em passagens bíblicas são aqueles que usam a religião como fio condutor de suas narrativas. Um exemplo é o clássico A Vida
Baseados no Livro
O MANTO SAGRADO (1953) Ainda em início de carreira, Richard Burton não ligava para o teor religioso da produção, ainda mais por ser ateu. Durante as filmagens, o ator fez críticas que podem tê-lo colocado na famosa lista negra de Hollywood. DIA 5, DOMINGO, 22H, TELECINE CULT, 166 E 666 (HD)
de Brian (1979), do grupo inglês Monty Python. A produção protagonizada por um jovem judeu que nasceu na manjedoura vizinha à de Jesus resultou em um debate histórico na televisão pública britânica entre os atores do grupo e um bispo representante da Igreja Anglicana. Pouco mais de 20 anos depois, o diretor Kevin Smith reacendeu a polêmica ao retratar Deus como mulher em Dogma (1999). Smith e os comediantes ingleses utilizaram o mesmo argumento de defesa: eram estudiosos e conhecedores do texto original que os inspirou. Na opinião do assessor da Federação Israelita de São Paulo, rabino Moré Ventura, esse conhecimento impede a abertura de brechas para discussões, independentemente do conteúdo. “Uma interpretação de desrespeito costuma vir muito mais daqueles que não tem conhecimento da tradição. Tento compreender o que dizem: é um desrespeito ou questionamento legítimo?”, completa Ventura.
Não é porque tem Deus envolvido que uma produção bíblica deixa de ter uma boa história de
OS DEZ MANDAMENTOS (1956) Efeitos usados na voz de Deus dificultam a identificação responsável por ela. Durante anos se especulou que Cecil B. DeMille tivesse interpretado o criador, mas Charlton Heston assumiu a autoria da voz em 2004.
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DAVID E GOLIAS (1960) Por razões misteriosas e nunca reveladas, 18 minutos da versão do filme apresentada nos cinemas americanos foram cortados. Além disso, Orson Welles, que interpreta o Rei Saul na produção, dirigiu todas as cenas em que participou. DISPONÍVEL NO NOW
O REI DOS REIS (1961) A cena da crucificação teve de ser refilmada após uma exibição para uma plateia-teste na qual os espectadores ficaram escandalizados com o peito peludo do Jesus interpretado pelo ator Jeffrey Hunter. DIA 3, SEXTA, 14H30, TCM, 159
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Quando a religião foi utilizada de uma maneira que serviu de prato cheio para a polêmica. Nem adiantou admitir que é tudo ficção O EXORCISTA (1973) Não bastasse a história da adolescente possuída por um demônio que vomita em um padre e desce as escadas de casa como uma aranha, ainda há a chocante cena em que ela se violenta com um crucifixo. DIA 15,QUARTA,4H15,HBO2,172 E 672 (HD) EU VOS SAÚDO MARIA (1985) Um soco no estômago. O conto da natividade é recontado nos tempos modernos em uma versão bem pessimista da história. Dirigido por Jean-Luc Godard, o filme mostra Maria como uma jovem estudante e José como um taxista.
Multiformatos – 1. Eva (Darcie Lincoln) segura o fruto proibido na minissérie A Bíblia (2013); 2. Em O Príncipe do Egito (1998) os irmãos de criação Ramsés e Moisés apostam corrida em uma disputa que ficará mais acirrada quando o segundo descobrir o seu verdadeiro desígnio; 3. Em uma das mais atípicas e populares produções sobre a vida e morte de Jesus (Ted Neeley), Jesus Cristo Superstar (1973) inova nos figurinos e na abordagem ao contar a história como um musical
A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO (1988) Dirigido por Martin Scorsese, o filme causou furor por conta de uma cena em que uma criança andrógina convence Jesus, na cruz, a ter uma vida mortal ao lado de Maria Madalena. Nesse caso, a criança seria a visão do cineasta para o diabo.
E mais do que ter Noé, Jesus ou Moisés como personagens favoritos, por que não ter a própria Bíblia como heroína épica? Em O Livro de Eli (2010), um homem luta para salvar as escrituras que podem salvar a humanidade. “Embora não se trate de uma adaptação bíblica, traz uma metáfora bastante interessante sobre a reconstrução do mundo a partir da Palavra de Deus, e, o mais surpreendente, uma Palavra que não estava escrita, mas impressa na alma e no coração daquele que acabaria se tornando o próprio Livro”, interpreta padre Juarez. Seja você católico, protestante, judeu, muçulmano, ou de qualquer outra religião, uma coisa é certa: não importa o tipo de abordagem de roteiro ou técnica de filmagem, bom cinema dificilmente é dispensado. Que atire a primeira pedra quem encontrar uma falha em Os Dez Mandamentos de Cecil B. DeMille.
DOGMA (1999) Quatro pessoas – entre elas uma descendente do casamento de Jesus com Maria Madalena e que faz abortos – tentam encontrar Deus (Alanis Morissette) acompanhadas pelo 13o apóstolo. Sabe quem é ele? Rufus, excluído das escrituras pelo fato de ser negro. O CÓDIGO DA VINCI (2006) Aqui encontramos a recorrente história do casamento entre Jesus Cristo e Maria Madalena, que teria dado origem a uma linhagem que a Igreja Católica tenta ocultar de seus seguidores. DIA 7,TERÇA,23H35,HBO2,172 E 672 (HD)
bastidores. Confira alguns casos interessantes abaixo:
A MAIOR HISTÓRIA DE TODOS OS TEMPOS (1965)
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de
Blasfêmia?
Habituado a interpretar vilões, Max Von Sidow ficou incomodado com a expectativa das pessoas em vê-lo como Jesus. Na produção do filme ele se sentiu mal em fumar e beber durante os intervalos e em ser afetuoso com sua esposa em público.
A PAIXÃO DE CRISTO (2004) Jim Caviezel levou duas chicotadas de verdade, jura que foi atingido por um raio (um diretor assistente foi atingido duas vezes), ficou em estado de hipotermia na cena da morte e ainda deslocou o ombro ao carregar a cruz. DIA 4, SÁBADO, 22H50, FOX, 131 E 631 (HD)
BARRABÁS (2012) Grande vilão de Titanic (1997), Billy Zane é o criminoso que tem a vida salva por Jesus, que morre em seu lugar. O filme é dirigido por Roger Young, responsável por outras produções ambientadas no universo bíblico. DISPONÍVEL NO NOW
NOÉ (2014) O estúdio ficou preocupado em ver o tema bíblico tratado de maneira correta e preparou três cortes do filme sem a anuência do diretor Darren Aronofsky. Todos eles foram criticados por plateias-testes cristãs. DIA 23, QUINTA, 22H, TELECINE PIPOCA, 165 E 665 (HD)
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300: A Ascensão do Império
DIA 11, SÁBADO, 22H, HBO, 171 E 671 (HD)
TAMBÉM DISPONÍVEL NO NOW
DE PETRÓPOLIS PARA O MUNDO, O ATOR RODRIGO SANTORO CONTA COMO CONQUISTOU HOLLYWOOD COM SEU JEITINHO BRASILEIRO E CHARME DE GALÃ
por Raquel Temistocles, do Rio de Janeiro* ABRIL+Monet+55
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RECONHECIMENTO É BOM E TODO MUNDO GOSTA. Imagine então quando ele vem em escala mundial. Esse é o objetivo do ator Rodrigo Santoro há 12 anos, desde que decidiu investir na carreira internacional. Aos 39 anos, o ator está pronto para estrear nada menos que três filmes estrangeiros somente neste ano e afirma que isso é só o começo. “Dizem que a vida começa aos 40, então, estou pronto para começar (risos). A gente pode conversar daqui a uns dez anos, mas, por agora, o que sinto é essa sensação de ter percorrido caminhos, aprendido coisas, o que as pessoas chamam de ‘maturidade’. Essa espécie de serenidade de olhar para tudo com um pouco mais de calma, entender que já passei por isso e sei como lidar”, conta Santoro durante sua estadia no Rio de Janeiro no início deste ano para promover o filme Golpe Duplo, no qual contracena com Will Smith e Margot Robbie. Com ao menos nove telenovelas no currículo, ele começou a carreira aos 18 anos e, enquanto arrancava suspiros como galã na televisão, escolhia papéis mais densos no cinema, como o de um garoto problemático em Bicho de Sete Cabeças (2001), e o de um travesti na prisão em Carandiru (2003), dois de seus personagens mais marcantes no cinema nacional. “Quando fiz Carandiru, sempre me perguntavam se foi para quebrar a imagem de galã. Se eu tivesse pensado no que estava fazendo, talvez nem fizesse. Fiz porque queria ser parte do filme, era uma história verídica, o Hector Babenco era um diretor em que eu acreditava, queria fazer cinema e o personagem era um desafio gigantesco.” Sucesso consolidado no Brasil, hora de entrar para o grupo de latinos que abocanharam a oportunidade de levar o sotaque peculiar e a performance calorosa para as terras do Tio Sam como Gael García Bernal, Diego Luna, Sofía Vergara e Alice Braga. O início nos Estados Unidos foi um pouco nebuloso, e ele começou dando pequenos passos, chegando a ser desacreditado quando participou do filme As Panteras: Detonando (2003),
“O que sinto é essa sensação de ter percorrido caminhos, aprendido coisas, o que as pessoas chamam de ‘maturidade’” 56+Monet+ABRIL
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em que aparece sem camisa – e sem falas. O jogo viraria em 2006, quando ele fez alguns episódios da série Lost e foi destaque como Xerxes, o rei da Pérsia, no filme 300, papel que repetiria oito anos depois em 300: A Ascensão do Império (2014) – estreia deste mês do canal HBO. “É fato que existe, sim, uma abertura muito maior para os latinos, falo por experiência própria. Há dez anos, quando comecei a ler roteiros por lá, o espaço era muito menor, trabalhava com estereótipos com mais frequência. Acho que essa mudança é um reflexo do que está acontecendo no mundo, a globalização.” Mudança essa que poderá ser vista no próximo projeto dele. Santoro já começou as filmagens do remake de Ben-Hur (1959) no papel de Jesus Cristo, o qual ele fará ao lado de Morgan Freeman. “A sensação é de uma responsabilidade do tamanho do mundo, porque independente da religião, o nome de Jesus é forte. Não é só uma honra pensar em fazer o papel, é uma experiência absolutamente atípica, porque é um arquétipo muito poderoso, tem um simbolismo muito forte.” Além desse projeto, ele ainda é protagonista do filme The 33, sobre os mineiros do Chile que ficaram soterrados por 69 dias em 2010, e participa da série futurista Westworld, com Anthony Hopkins. Nada mau para aquele menino franzino que largou a faculdade de jornalismo aos 18 para perseguir o sonho de ser ator. Mas enquanto fala abertamente sobre seus planos para conquistar o mundo atuando, ele não tem a mesma postura quando o assunto é vida pessoal. Com jeitão sério, não tocou no nome da namorada, a atriz brasileira Mel Fronckowiak, de 27 anos, que ficou conhecida por estrelar a novela Rebelde. Hoje apresentadora do programa A Liga, da TV Bandeirantes, Mel mora no Brasil e pode ser o motivo de Santoro considerar um retorno às nossas telenovelas. “Não tenho pressa, tem de ser o projeto certo. E agora na televisão há formatos mais curtos, o que facilita muito que eu consiga encontrar alguma coisa.” Se o motivo para ele ter um pé no Brasil é a namorada, não podemos confirmar, mas com tanto talento assim, ele pode ter certeza de que vai ser sempre bem-vindo de volta. *A jornalista viajou a convite da Warner Bros. Pictures
FOTOS: GETTY IMAGES E DIVULGAÇÃO
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Orgulho nacional – Acima, Rodrigo Santoro no papel de Garriga, um empresário argentino do ramo automobilístico no filme Golpe Duplo (o ator com Will Smith e Margot Robbie na première do longa em Los Angeles). Abaixo, em 1998 como Frei Malthus ao lado de Ana Paula Arósio na minissérie Hilda Furacão; em 2001 no filme Bicho de Sete Cabeças; em 2003, com o ator Gero Camilo quando interpretou a travesti Lady Di no filme Carandiru; por último, em O Golpista do Ano, de 2009, em que contracenou com Jim Carrey
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O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos DISPONÍVEL NO NOW
Os atores da saga fantástica de Tolkien lembram das filmagens que levaram mais de uma década e proporcionaram seis filmes que, juntos, faturaram mais de US$ 5 bilhões – e não veem a hora de conferir todos de uma vez por Eduardo Graça, de Londres
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S QUATRO ATORES REPETEM a mesma história nas conversas com a imprensa. Querem aproveitar um dia chuvoso na capital britânica para assistir, de cabo a rabo, aos seis filmes dirigidos por Peter Jackson a partir do universo espetacular imaginado pelo escritor inglês J.R.R. Tolkien (18921973), nascido na África do Sul. E na ordem certa: ou seja, começando por O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012), seguido de A Desolação de Smaug (2013), A Batalha dos Cinco Exércitos (2014), O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001), As Duas Torres (2002) e finalmente O Retorno do Rei (2003). São quase 20 horas – levando em consideração as versões estendidas – de aventuras ininterruptas pela Terra Média ao lado de personagens que se tornaram ícones de Hollywood: o mago Gandalf, os hobbits Frodo, Sam e Bilbo, os elfos Legolas, Arwen e Galadriel, os anões Thorin, Fili, Kili e Gimli, e o muito humano rei Aragorn. ABRIL+Monet+59
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Uma saga de 20 horas
O SENHOR DOS ANÉIS: A SOCIEDADE DO ANEL
178 minutos (208 minutos na versão estendida)
trilha sonora que tanto marcou a primeira trilogia. Não teve como não se emocionar”, conta Orlando Bloom, que retornou ao Legolas – “que, sejamos honestos, deslanchou minha carreira em Hollywood”, pontua – para a segunda trilogia, embora seu personagem não esteja no livro O Hobbit, publicado originalmente em 1937. Para Martin Freeman, o Bilbo Baggins da derradeira trilogia, uma das maravilhas do trabalho de Jackson foi justamente dar vida nova aos personagens imaginados por Tolkien com doses mais ou menos iguais de liberdade criativa e devoção ao material original. “Ele nunca me deixou perder a curiosidade sobre o que iria acontecer e como ele iria resolver as cenas mais dramáticas, os personagens mais improváveis, como o dragão Smaug, o mix de emoção e de ação que caracterizam a leitura dos livros e também a experiência nos cinemas mundo afora”, diz o ator, que se vê menos protagonista na primeira metade do filme. “Eu gosto de explosões, mas prefiro o estudo do personagem, e isso tivemos de sobra em A Batalha dos Cinco Exércitos.”
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“O que Peter (Jackson) fez nessa década e meia de trabalho e pesquisa é algo inédito e inigualável na história do cinema. Ele criou todo um universo a partir das indicações de Tolkien. Quando irei participar de algo similar em minha vida? Não me iludo, isso não vai acontecer”, diz Sir Ian McKellen, 75 anos, o Gandalf em pessoa. A afirmação não é exagerada. E é corroborada em outros números, igualmente impressionantes: as duas trilogias, juntas, arrebataram US$ 5,8 bilhões de bilheteria mundo afora. Ao todo foram 37 indicações ao Oscar, incluindo os 11 prêmios de O Retorno do Rei, Melhor Filme na edição de 2004. Na cronologia da vida real, A Batalha dos Cinco Exércitos marcou a despedida de Jackson da Terra Média em dois tons diversos: a celebração do público e uma certa fatiga da crítica, com a superprodução recebendo apenas uma indicação da Academia de Artes de Hollywood. “O tom exato foi mesmo a música-tema de O Senhor dos Anéis. No último dia de filmagem, Peter nos surpreendeu colocando a música bem alta para a gente se despedir com a
Saiba quanto tempo leva para conferir todos os filmes da saga adaptada de
O SENHOR DOS ANÉIS: AS DUAS TORRES
179 minutos (223 minutos na versão estendida)
O SENHOR DOS ANÉIS: O RETORNO DO REI
201 minutos (251 minutos na versão estendida)
DIA 28, TERÇA, 11H45, TNT, 151 E 651 (HD)
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Último capítulo – Nesta página, de baixo para cima, Peter Jackson com Martin Freeman e Ian McKellen no set de A Batalha dos Cinco Exércitos; Luke Evans e o veterano de O Senhor dos Anéis Orlando Bloom; os outros “remanescentes” Cate Blanchett e Ian McKellen como Galadriel e Gandalf; e, na outra página, Evangeline Lilly, a Kate de Lost, na pele da elfa Tauriel
CÍRCULO FECHADO – O último filme começa com o ataque do dragão Smaug à Cidade do Lago e a reação dos humanos liderados por Bard, vivido por Luke Evans. A câmera também se volta para o drama dos anões confinados na vizinha Montanha Solitária, às voltas com a transformação psicológica de Thorin, cego pela avareza. Mas é justamente o hobitt quem conseguirá trazer o amigo de volta à razão, um dos momentos cruciais da trama. “Os fãs de Jackson e de Tolkien vão celebrar especialmente as amarras feitas pelo diretor, que criam um traço nítido de união entre a primeira e a segunda trilogias. Parece um mero detalhe, mas é o círculo sendo fechado, algo extremamente poderoso”, pontua Richard Armitage, que vive Thorin. Assim, A Batalha dos Cinco Exércitos – que lembra em ambição, ritmo e atenção às cenas de batalha campal a O Retorno do Rei, considerado pela crítica o melhor dos seis filmes de Jackson na Terra Media – termina no bucólico Condado dos hobbits, poucos instantes antes de A Sociedade do Anel começar. Mas há mais doces preparados especialmente para os fãs mais atentos: a partida de Legolas, o começo da transformação do mago Saruman (vivido por Christopher Lee), as primeiras menções a um certo Aragorn. As histórias se fecham e estão eternizadas em filme.
Tolkien,seja com as versões apresentadas no cinema ou as lançadas posteriormente, trazendo conteúdo extra
O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA
169 minutos (182 minutos na versão estendida)
DIA 14, TERÇA, 22H30, FOX, 131 E 631 (HD)
O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG
161 minutos (186 minutos na versão estendida)
DIA 21, TERÇA, 22H, TELECINE PREMIUM, 161 E 661 (HD)
O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS 144 minutos
DISPONÍVEL NO NOW
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