Caminhos para uma arquitetura escolar
Caminhos para uma
Rafaela Du P. G. Ferreira/2020
arquitetura escolar Rafaela Du P. G. Ferreira São Paulo 2020
ESCOLA DA CIDADE Faculde de arquitetura e urbanismo
Caminhos para uma arquitetura escolar Trabalho de conclusão de curso Rafaela Du P. G. Ferreira orientadora - Maira Rios São Paulo 2020
Agradecimentos
F382
FERREIRA, Rafaela Du Plessis Gomes. Caminhos para uma arquitetura escolar. / Rafaela Du Plessis Gomes Ferreira. – São Paulo, 2020. 126 p..: il.; 29 cm. Orientadora: Maira Rios. TC (Trabalho de Curso) – Associação Escola da Cidade Arquitetura e Urbanismo, 2020. 1.Arquitetura escolar. 2. Flexibilidade. 3. Liberdade. 4. Equidade e cores. I Título. CDD 727
Não sou muito boa com as palavras, mas não queria deixar de agradecer às inúmeras pessoas que ajudaram não apenas diretamente neste trabalho, mas também àquelas que, mesmo sem saber, foram muito importantes. Primeiramente quero agradecer meus pais, Cristina e Ronaldo Ferreira, por terem sempre acreditado em mim e por sempre terem me ajudado nas minhas dificuldades. E principalmente por terem me aceitado exatamente do jeito que eu sou e terem ido atrás para buscar como seria a melhor forma para eu me desenvolver. Quero agradecer à minha irmã por me apoiar, me aguentar e me ajudar em tudo. Não poderia querer alguém melhor. Bruna, a menina que eu admiro. Quero agradecer ao meu namorado Leonardo Leite, por sempre estar do meu lado e despertar o melhor de mim. E por estar sempre ali para me ajudar e palpitar na parte estética. Quero agradecer à Adriana Foz, minha terapeuta querida, que fazia das consultas um lugar de muita aprendizagem e que foi onde brotou a primeira semente deste trabalho, quando recebi o maravilhoso convite de falar no
dia municipal da pessoa disléxica. Maira Rios, muito obrigada por ter aceitado me orientar e por ter me orientando da melhor forma possível sabendo me cobrar na medida exata. Sem nossas conversas às segundas às 16h este trabalho não teria saído. Você pode achar que não, mas vou sentir falta. A Ana Paula, Andressa Lutiano, Bia Goulart, Erico Botteselli, Lua Nitsche, Michella Renan e Regina Steurre, por terem se disponibilizado para fazer entrevistas comigo neste ano em que todos estavam muitos ocupados tendo que se reinventar. Aprendi muito com cada uma das entrevistas. Ao Michael Mösch, por ter me dado uma aula sobre arquitetura waldorf. Infelizmente não consegui colocar no trabalho. Mas com certeza os aprendizados ficaram e serão usados de outras formas. Ao João Sodré por ter se disponibilizado a ver meu trabalho e ter trazido outras formas de enxergá-lo. Ao José Maria de Macedo Filho por participar na banca e trazer apontamentos que enriqueceram muito o trabalho. Quero agradecer minha sogra Clenir Bellezi, por ter
se disposto a ler todo o meu trabalho e a corrigir o português. Sem isso a mensagem poderia ser passada toda errada, afinal o que faz uma vírgula, não é mesmo? À Ligia Miranda, por ter se disposto a conversar comigo bem no inicio do meu trabalho e ter me aberto os horizontes. À minha amiga Mari Aguiar, que sempre com muita paciência me ajudou nas minhas dificuldades. E que graças à sua paciência consegui aprender a escrever de uma forma que os outros e eu mesma conseguisse ler o que eu escrevia. Aquelas noites de 3h para responder uma resposta de 5 linhas valeram a pena! À Bia Morra, por nossas conversas por telefone que foram elucidantes A todos os meus amigos de escola que me ajudaram e me apoiaram e fizeram a escola um lugar de boas lembranças e muita risada. À Mably Rocha, obrigada por todo o apoio e ajuda que você me deu no TCC passando todo o seu conhecimento, para mim que estava passando por esta experiência pela
primeira vez. Dany Cohen e Mably Rocha, obrigada pelo pouco tempo que tivemos juntos na faculdade, por terem me feito rir de tirar o fôlego. Essencial para passar pela faculdade. Rodrigo Voegeli, obrigada por acreditar em mim e nos meus potenciais e por ser esta pessoa maravilhosa. Nicole Milko, obrigada pelas conversas este ano, com momentos de ajuda e apoio e descontração, foi essencial para passar este momento de TCC e de quarentena. Quero agradecer à Gaby Duarte por ter ficado de portas abertas a me ajudar, e ter me dado várias dicas sobre gráficas. Quero agradecer a Lucia Zmekholv, por ser um exemplo de professora atenta com seus alunos, que rapidamente viu quando eu não ia mais dar conta e conversou comigo. Quero agradecer à Cris Muniz e ao José Paulo Gouvêa, por cada um, no seu momento, terem me ajudado e me estimulado a dar o melhor de mim, me incentivando a não desistir. A todos, os meus mais sinceros obrigada!
Dedico este trabalho a todas as crianças que precisam de uma condição diferente das fornecidas pelas escolas tradicionais, para que possam aprender e se desenvolver.
Sumário Introdução Sala de aula como um ambiente não tradicional
Projeto Âncora Espaço Arquitetônico
9 13
15
17
Equidade
73
Cor
79
Green School Espaço Arquitetônico
83 87
Natureza
21
Natureza
89
Liberdade
27
Liberdade
93
Equidade
29
Equidade
95
Cor
31
Cor
97
Wish School Espaço Arquitetônico
35
39
Diretrizes
99
Natureza
101
Natureza
43
Liberdade
105
Liberdade
45
Equidade
113
Equidade
49
Cor
119
Cor
55
Conclusão Referências bibliográficas
121 123
Builders
Espaço Arquitetônico
59 61
Natureza
67
Liberdade
71
Introdução O meu período escolar foi muito turbulento e muitas vezes desestimulante. Saber que eu sou disléxica me ajudou muito a me entender melhor e com isso a descobrir maneiras de passar pelo período da escola. Mesmo com um grande avanço na integração de alunos disléxicos nas salas de aula, acredito que ainda precisam de melhorias e avanços. Essa integração parcial me ajudou a abrir meu olhar para os outros que não se adequavam com o padrão de alunos pensados pelas escolas tradicionais. Quero poder contribuir com os próximos alunos para que seu período escolar seja mais tranquilo e estimulante. Com esta vontade de ajudar os que estão por vir nessa jornada e os que estão passando por ela é que este trabalho surge. Como nunca havia projetado uma escola no meu período de faculdade e nunca havia pensado a escola de forma arquitetônica, achei importante começar analisando referências e para isso escolhi quatro escolas: Projeto Âncora, Wish School, Builders e Green School. Estas escolas foram escolhidas por se diferenciarem tanto pedagogicamente como espacialmente das escolas tradicionais. Outro fator
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que influenciou na escolha foi a possibilidade de conseguir informações sobre os projetos, para que todas pudessem ter uma base de trabalho similar, gerando um padrão de análise comum entre elas. Por este trabalho ter sido realizado no período de pandemia, o acesso ao material de pesquisa foi limitado e as visitas impossibilitadas, impedindo a análise de algumas escolas, como a Waldorf Rudolf Steiner, que estavam no primeiro momento fazendo parte do estudo. A Waldorf é uma pedagogia diferenciada que vale se debruçar e analisar. No final deste trabalho deixarei algumas bibliografias que como começo são muito interessantes. Ao analisar as escolas selecionadas pude ver os aspectos espaciais que as diferenciavam e como eles estavam ligados com a pedagogia e a forma de pensar da escola e assim acabei por definir quatro temas para análise dos projetos: natureza, liberdade, equidade e cor. Para ser clara nesta relação entre pedagogia e espaço, faço um subcapítulo para cada pedagogia com uma breve explicação. Com a análise destas escolas e com pesquisa por meio de textos, manuais entre outros, faço uma compilação de diretrizes que acredito serem importantes de se pensar ao fazer uma escola.
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Projeto âncora * Área verde *Horta
Wish School *Iluminação natural: Claraboia *Bastante abertura permitindo uma ventilação natural
Equidade
*Grandes àreas livres verdes *Espaço do circo *Móveis com escala adequada para as crianças
*Rampa e escada *Elevador e rampa *Pia sem móvel embaixo ou * Móveis adequados à suspensa altura dos usuários *Cores contrastantes *Moveis com altura adequada à faixa etária atendida
Cores
*Construção: maioria cores frias na parte interna, só na área dos pequenos a casinha tem cores quentes nos ambientes. *O circo que é colorido e vibrante é um foco de cores do espaço e da pedagogia (lugar de transformação)
*Cores contrastantes ajudando as pessoas com baixa visão *Cores delimitam ambientes
Natureza
Ao lado tem uma tabela em que nas colunas temos os capítulos, logo as escolas e as diretrizes, e nas linhas os subcapítulos que são os temas natureza, liberdade, equidade e por último cor. Na coluna das diretrizes aparecem em primeiro as diretrizes que foram retiradas das escolas analisadas e as últimas de cada item são as trazidas por meio de estudos e pesquisas. Estas se encontram em itálico para fácil diferenciação. Ao pensar em uma escola é importante que o arquiteto tenha consciência que suas decisões influenciarão na
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forma em que os alunos vão aprender. Assim as escolhas devem ser cuidadosamente tomadas. Ao projetar ou reformar uma escola está se criando um berço para a pedagogia poder se desenvolver e permitir que o ensino aconteça. Portanto a ligação entre pedagogia e espaço deve ser explorada ao máximo pelo arquiteto para que a escola potencialize sua forma de ensinar e possa alcançar a todos os alunos. As diretrizes trazidas neste trabalho ajudam nas reformas de escolas para que seus espaços possam ser mais acolhedores e potencializadores do ensino.
Liberdade
Builders *Reaproveitamento de água da chuva *Compostagem *Reciclagem * Iluminação e ventilação natural *Abundância de espaço em *Ter mais de uma porta nos *Horta * Portas grandes relação a quantidade de ambientes. *Divisória com cortina usuários . *Painéis pivotantes. *Móveis flexíveis
Green School *Sem paredes para iluminação e ventilação natural *Painel solar *Compostagem *Mata *Sem paredes *Diversidade de espaços de qualidade
Diretrizes *Reuso da água de chuva *Iluminação natural *Ventilação natural *Reciclagem *Compostagem *Horta e/ou planta frutifera *Área verde *Ter mais de uma porta *Porta grande para a integração de dois ambientes *Colchão *Banquinho / mesa * *Mesa * *Nicho * * desenho autora *Espaço com diversidade *Rampa e/ ou elevador cultural *Cores contrastantes *Grandes espaços livres *Móvel com a medida adequada à verdes idade que irá atender * Diversidade cultural *Móveis com escala adequada para as crianças * Grandes àreas livres verdes *Maçanetas adequadas *Piso tátil *Placas sinalizando o ambiente
*Cores para criar uma *Cores da natureza criam o atmosfera clima e o ambiente que a *Cores para passar uma escola valoriza mensagem
*Cores para se passar uma atmosfera: Cores quentes, acolhedoras; cores mais frias, tranquilidade *Cor para sinalizar.
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A sala de aula como um ambiente não tradicional
As pedagogias das escolas estudadas neste trabalho, como a socioconstrutivista e a pedagogia da Escola da Ponte, consideram o aprender como algo não restrito ao ambiente da sala de aula. Muitos dos espaços escolares vêm se transformando de modo a se adequarem a esta nova forma de ver a aprendizagem. Nestas pedagogias o ser humano é entendido de uma forma diversa e rica que compõe um todo único. Assim, além da importância do desenvolvimento léxico, do raciocínio lógico e outras habilidades atendidas no programa de uma escola tradicional, atualmente também se entende a notabilidade de capacidades como: emocional, rítmica, de autoconhecimento, de relacionamento, entre muitas ou-
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tras, e todas são desenvolvidas recebendo a mesma importância, o que permite que todos com suas singularidades possam ser respeitados e ter seus potenciais desenvolvidos. Essas são pedagogias holísticas, cuja terminologia Holos vem do grego e significa "todo". Para uma escola permitir o desenvolvimento dos estudantes de uma forma holística é necessário que o ambiente por completo da escola seja visto como um potencial de aprendizagem, não somente as salas de aulas. Para isso é importante que arquitetos abandonem o conceito antigo de escola, baseado em salas, quadro negro, carteiras enfileiradas, corredores, para criar algo completamente novo.
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Projeto Âncora Criadora: Walter Steurer e Regina Machado Steurer Local: Estrada Municipal Walter Steurer, 1239. Cotia – SP – Brasil. CEP 06710 - 500 Início do Projeto: 23 de setembro de 1995 Início da Escola no projeto: 2012 Fim do Projeto: 2020 Pedagogia: Baseada na Escola da Ponte, Portugal Alunos: por volta de 135 Comunidade: por volta de 202 O Projeto Âncora foi inaugurado em setembro de 1995 pelo casal Walter Steurer e Regina Machado Steurer, como um agradecimento ao Brasil pelo acolhimento dado ao Walter quando ele, fugindo da guerra, abandona seu país de origem, a Áustria, e vem morar aqui. O projeto estava estruturado como uma ONG que atendia crianças das classes sociais D e E no contra turno das escolas. Seu nome inicialmente era Cidade Âncora, nome muito alinhado com as ideias iniciais de se fazer uma pequena cidade onde as crianças aprendessem com ela. O espaço foi criada pelo casal e realizada pela própria Regina Steurer, arquiteta que já tinha uma atuação social trabalhando com movimentos sociais de moradia. Dessa forma se aprenderia a cidadania 14
através da prática.
“A gente pensava na formação de cidadão. Cidadãos. Então o projeto de arquitetura foi pensado como uma pequena cidade. O circo é a praça dessa cidade. Como a cidade do interior tem aquela praça, no centro da cidade, onde as pessoas se encontram, onde se dá a democracia, é quase a Ágora. O circo é essa nossa Ágora. É dentro do circo que nestes vinte anos aconteceram as assembleias, as reuniões de pais, as festas. Tudo de importante e que envolve a comunidade, aconteceu dentro do circo.” (STEURER, Regina) - Projeto Âncora (Brasil) Destino: Educação - Escolas Inovadoras. Realização Canal Futura, 28 de agosto de 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kE6MlnwML8Y>. Acesso em 21 de maio de 2020
No início tinham como base pedagógica a do Centro de Estudos Casa Redonda, que atende crianças de dois (2) a seis (6) anos. Nessa pedagogia as crianças fazem as atividades que as interessam sem uma divisão por faixa etária e sem uma grade horária específica. Acreditam que o aprender acontece através da brincadeira. Com a chegada do momento do filho da Regina ir para o ensino fundamental eles têm vontade de transformar o Âncora em uma escola para que as crianças que ali frequentassem tivessem uma apren-
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Espaço arquitetônico dizagem1 de qualidade tanto no conteúdo como na forma. Essa mudança aconteceu de forma gradual. Primeiramente eles se tornaram um lugar de reforço para as escolas. Em um segundo momento, começam os Encontros de Educação com o intuito de formar educadores. Em um destes encontros contou-se com a presença do professor Pacheco, fundador da escola da Ponte em Portugal. Nesta sua vinda o projeto pergunta se ele não está interessado em ajudá-los a abrir uma escola. Por estar muito ocupado no momento acaba recusando, mas em 2011 ele aceita, então se reformula a escola baseada nas ideias da Escola da Ponte. Nessa pedagogia os alunos não são divididos por série e faixa etária, mas sim por momento. Esses são: o núcleo da iniciação o qual todos que chegam devem passar para que se possa aprender os princípios da comunidade, que são: liberdade, responsabilidade e solidariedade. É nele também que se tem a alfabetização e se aprende as quatro operações. Quando tudo desta etapa foi aprendido então se 1 Para o Projeto Âncora esta palavra é muito importante, pois nela o autor principal é o aluno diferente do ensino em que o autor principal é o professor.
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vai para o núcleo do desenvolvimento, quando eles começam a criar seus roteiros junto com os professores e sozinhos se organizam para cumprir seus objetivos. E por último tem o núcleo de aprofundamento nos quais os jovens já estão aptos a ajudarem os que estão iniciando. Paralelamente aos roteiros há o projeto, que pode acontecer tanto em grupo como individualmente. Neste, o aluno ou um grupo de alunos que possuem um interesse em comum cria um projeto em que o conteúdo vai sendo adquirido através deste. Infelizmente a escola não resistiu e em 2019 acabou fechando por conta da saída dos seus maiores investidores, Petrobrás e Cielo, combinado com a crise pela qual o país passa. Apesar do seu fim, ( o fim deste projeto trará o nascimento de um outro que pretende voltar em parte às suas origens e para isso será trazido novamente o nome de Cidade Âncora) sua importância permanece e sua forma inovadora de ensinar deve ser olhada. Em seguida estudaremos o projeto arquitetônico que por suas inúmeras qualidades pouco precisou ser transformado para abarcar todas as atividades que passaram por ele.
Arquiteta: Regina Machado Steurer Área do terreno: +/- 9.000m2 Área construída: 2.654,76m2 Material: Alvenaria, estrutura metálica e vidro
Projeto Âncora
Foto tirada do google earth com intervenção da autora
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Através do Memorial Descritivo I, levantamento de dados fornecido pela a Regina Steurer, foram criadas estas bases cujos desenhos das partes já estavam realizados precisan-
do apenas juntar as informações para que as representaçõe das bases abaixo fossem criadas.
Planta térreo
Planta subsolo
Depósito Circo
Adiministração Residência Prédio Amarelo
Prédio Amarelo
Lavanderia Galpão
Casina Fonte: Montagem da autora com base fornecida pela Regina Steurer
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Galpão Vestiário
Quadra Fonte: Montagem da autora com base fornecida pela Regina Steurer
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Natureza Por conta do grande tamanho do terreno foi possível deixar uma grande área livre destinada a natureza e assim as crianças podiam entrar em contato com ela. Este contato entre criança e meio ambiente é fundamental para o desenvolvimento do estudante. Segundo Maria Isabel Barros, pesquisadora do programa Criança e Natureza do Instituto Alana. “Os benefícios variam de acordo com a idade, mas em contato com a natureza a criança desenvolve o brincar mais criativo e autêntico e descobre dentro de si o que a motiva2."
Planta Primeiro Pavimento
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Prédio Amarelo
PORTO, Ananda. Terra da Gente. Contato com a natureza é essencial para o desenvolvimento da criança. Campinas e região, 2019. Disponível em: < https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/especiais/noticia/2019/02/12/contato-com-a-natureza-e-essencial-para-o-desenvolvimento-da-crianca.ghtml> Acesso em: 28 out. 20
Além dos grandes gramados e árvores havia duas hortas, uma no fim do terreno próximo à casinha, edifício onde ficavam os pequenos, e a outra localizada ao redor do circo. A primeira era sub aproveitada por conta da falta de luz solar. Já a segunda era usada na sua totalidade, pois a luz solar chegava em toda a horta. Com estas hortas as crianças podiam ter melhor conhecimento dos alimentos que comiam e assim dar mais importância para eles (os alimentos plantados na horta eram utilizados na cozinha). Novamente pode se ver a força pedagógica deste centro onde fica o circo e a horta, que é fundamental para a escola e para os alunos; pode-se dizer que neste lugar fica o coração do projeto.
Galpão
Fonte: Montagem da autora com base fornecida pela Regina Steurer
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Planta Térreo
O grande terreno também possibilitou a construção dos edifícios distantes uns dos outros, permitindo a construção de janelas em várias faces dos mesmos. A arquiteta Regina Steurer valorizou esta potencialidade construindo grandes janelas. Assim permite uma ampla entrada de luz
natural e garante a ventilação natural do prédio. É possível ver a importância que a Regina Steurer dá a iluminação e ventilação natural, quando mesmo no pavimento do subsolo ela tira proveito do desnível do terreno permitindo que haja uma janela neste pavimento do edifício do galpão.
Planta Subsolo
Horta Iluminação e ventilação natural Fonte: Montagem da autora com base fornecida pela Regina Steurer
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Fonte: Montagem da autora com base fornecida pela Regina Steurer
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Planta térreo
Planta 2o pavimento
Iluminação e ventilação natural
Fonte: Montagem da autora com base fornecida pela Regina Steurer
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Iluminação e ventilação natural
Fonte: Montagem da autora com base fornecida pela Regina Steurer
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Liberdade A liberdade é um dos princípios da escola e vemos em prática na pedagogia quando o aluno tem autonomia para escolher seu projeto, para escolher a ordem em que realizará seus roteiros. Ela também está presente no espaço. Por ser um terreno muito amplo, por volta de 9.000m2 sendo 2.654,76m2 de área construída e por volta de 6.345,24m2de área livre, e por ter tido uma comunidade de por volta de 202 pessoas, havia muito espaço para cada um. Para que se possa ter uma melhor percepção de quanto espaço cada um
Área total do Projeto âncora por membro da comunidade
tinha, se compara à uma quadra poli esportiva em um jogo de basquete. Considerando que a quadra poliesportiva tem 27m por 16m, cada um dos 10 jogadores tem o equivalente a 43,20m2 . Um integrante da comunidade considerando a área total da escola tem praticamente está mesma área disponível; ele possui 44,55m2, e considerando apenas a área construída, cada membro tem 13,14m2 de área. Abaixo segue uma ilustração diagramática para exemplificar as áreas.
Área de uma quadra poliesportiva por jogador de basquete
Área construida do Projeto Âncora por membro da comunidade Compilação da autora
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Equidade Isso permitia que muitas áreas ficassem desocupadas para serem livremente usadas. Esta riqueza de espaço possibilitava que cada um encontrasse o que fosse mais adequado para realizar sua atividade. E esta riqueza da possibilidade de variação de espaços é muito importante, não só para essa questão de encontrar o espaço que melhor se adequa ao seu jeito de aprender, mas também ela é elemento fundamental para a aprendizagem dos indivíduos, segundo Campos de Carvalho. .[...] a criança participa ativamente de seu desenvolvimento,por meio de suas relações com o ambiente físico e social e,[...] principalmente, por meio de suas interações com adultos e demais crianças [...]. A criança explora, descobre e inicia ações em
seu ambiente; seleciona parceiros, objetos e áreas para suas atividades, mudando o ambiente através de seus comportamentos. (CAMPOS DE CARVALHO, 1998, p. 126). Retirado do Padrões de infra-estrutura para o espaço físico destinado à educação infantil.
Um aspecto importante do espaço que permite uma grande flexibilidade de uso é a quase ausência de corredores que, segundo Regina, são elementos usados para o controle. Dessa forma além de terem muitos espaços esses são amplos para que possam ser ocupados de diversas maneiras.
O Espaço ao ar livre e como ele é utilizado, não só como um espaço de lazer mas também de aprendizagem, é muito rico para a inclusão na escola, pois os espaços abertos propiciam desenvolvimento motor, independência, socialização, o que é muito importante para todos os estudantes, com ou sem deficiência3, superdotado ou não. Abaixo segue a resposta da publicitária Isabel Abreu, Fundadora da ONG Grupo Terra que levava crianças cegas para a natureza, à pergunta da Mariana Sgarioni "Por que levar crianças cegas para a natureza?” Resposta: “Primeiro, pelas mesmas razões que devemos levar as crianças que enxergam: a natureza propicia um melhor desenvolvimento motor, cognitivo, estimula a criatividade, independência, socialização, entre outras coisas (...) A natureza possibilita ainda contatos com diferentes elementos, cheiros texturas, sons. Pisar na grama, pular, correr, estimulam os sentidos e trazem uma interação com um ambien3 “No texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, em 2006, estabeleceu a terminologia mais apropriada: pessoas com deficiência.”(ROCHA, Fabiana Esperança, portal educação Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/ conteudo/artigos/psicologia/qual-o-termo-certo/54811> )
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te que ela vive pouco.” ( Natureza, inclusão social e família: sim é possível! Disponível em: < https:// criancaenatureza.org.br/noticias/inclusao-natureza-e-familia-uma-conversa-com-isabela-abreu-criadora-do-projeto-brincando-no-bosque/>
Este último “ela” estava se referindo às crianças cegas. Isso também cabe a todas as crianças que vivem em uma cidade, pois neste ambiente a natureza acaba ficando muito distante de sua realidade. O Circo assim como a natureza tem um grande potencial lúdico e ajuda tanto no aprendizado das crianças como também no desenvolvimento motor. O Circo, lembra Regina Steurer, é um local em que se aprende brincando, ele ensina a auto disciplina e possibilita a igualdade entre todos, pois por causa do seu formato circular ele permite que todos se vejam sem hierarquia. No curso de Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão da Universidade de Brasília, Viviane Cardoso realizou sua monografia através de uma pesquisa de campo em uma escola pública em Brasília onde realizaram por um semestre atividades circenses com o intuito de analisar a inclusão de alunos deficientes nas aulas
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Cor de educação física. Nas suas considerações finais, avaliando todo o processo, ela diz “O circo permitiu espaços de: troca de experiencias, cooperação, mediação, desafios, euforia e alegria a todas as crianças participantes deficientes ou não, e também às famílias e à equipe pedagógica. (...) Não se tratava de uma aula de educação física convencional, mas de experiências corporais imersas numa cultura especifica, que propiciava um ambiente criativo voltado para as competências do sujeito e superação das limitações impostas pela deficiência ou pelas características pessoais de cada um, haja vista que a intervenção foi para todos.”
Com este estudo podemos ver a importância do circo para inclusão na escola, pois ele é capaz de trazer o desenvolvimento de todos diminuindo suas diferenças e aproximando-os para que haja a superação das limitações. No Projeto Âncora, através do documento fornecido pela Regina Steurer, é possível ver uma preocupação na adequação dos móveis para os pequenos em suas salas de
aula. As cadeiras e carteiras pequenas, as prateleiras mais baixas possibilitam a total autonomia dos pequenos neste ambiente, contribuindo para o seu desenvolvimento.
A predominância dos espaços internos do Projeto Âncora é de cores mais neutras tendendo para o frio. Neles se utiliza muito do cinza, de um azul acinzentado e do bege. Estas cores frias e neutras contribuem para criar uma neutralidade nos espaços que está alinhada com a ideia do projeto de permitir flexibilidade e ser capaz de se encaixar numa grande gama de usos. As cores mais vivas e quentes são inseridas conforme o uso do espaço através dos objetos. Uma vez que as cores quentes e vibrantes estarão nos objetos, estas cores são de fácil colocação e remoção conforme
o uso que se dará ao espaço, e assim podendo se adequar a ele. Abaixo temos como primeira foto a administração, depois uma sala no prédio amarelo, o galpão na parte do refeitório e por último, também no edifício galpão, um salão. Depois das fotos temos duas sequências de matizes, a primeira representando as cores do espaço, isto é, piso, teto, parede e janela, e a sequência de baixo são as cores que se encontram nos objetos como cadeira, tapete, toalha de mesa entre outros.
Fonte da foto: Âncora divulgação
Fonte das fotos: Âncora divulgação, com intervenção da autora
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As cores mais quentes dentro dos espaços internos aparecem na casinha, o espaço destinado aos pequenos, contribuindo para gerar um espaço acolhedor e aconchegante para as crianças. Essa cor quente aparece através do marrom (cor neutra4) com um pouco de pigmento vermelho, por isso o ambiente mantem a neutralidade que existe nos demais ambientes da escola e novamente os objetos, como as cadeiras das crianças, é que trarão os tons vibrantes. A quadra tem um pouco de maior variação de tons tendo o verde esbranquiçado no piso e o cinza nas paredes nos tons mais frios, e o vinho e o verde escuro na arquibancada. Este verde, apesar de ser uma cor fria por estar menos esbranquiçado que o outro e por estar perto do vinho, contribui junto com o vinho a deixar o ambiente mais quente. Podemos observar na imagem ao lado que estes dois ambientes têm paletas similares. Na primeira foto temos um ambien-
te da casinha, na segunda a quadra e, embaixo, seguindo a mesma lógica da imagem anterior, temos na primeira fileira de matizes as cores dos ambientes e, na fileira de matizes de baixo, as cores dos objetos.
Como ambiente interno mais diferenciado temos o circo, onde as cores são variadas e vibrantes. Estas cores tiram a neutralidade do espaço e trazem alegria para ele. E isso pode não ter sido feito de forma intencional, mas é muito simbólico pois toda esta gama de cores presente neste espaço que é um elemento central tanto fisicamente como também da pedagogia da escola. O circo, segundo Regina Steurer, é um lugar onde não há hierarquia e, portanto, todos são vistos de forma igual; é um lugar de auto disciplina, de ser cooperativo, e também é um espaço onde se aprende
brincando. Abaixo temos a foto do circo com a paleta de cores. Não criei duas paletas pois as mesmas cores que vemos no espaço são vistas também nos objetos desta foto, como o colchão, que tem sua tonalidade de azul muito próxima do azul da lona. Na parte externa das construções é possível encontrar cores quentes e vibrantes como o prédio amarelo. Mesmo assim o circo atrai o olhar por ser algo grande, central, e por sua gama de cores, que se encontra também na parte externa da lona.
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A cor marrom é uma cor neutra pois é formada através das cores opostas do círculo cromático, portanto com a mistura de uma cor primária com uma secundária e as cores terciárias entre elas. Dessa forma existem 6 marrons cujas misturas são: amarelo com o roxo, laranja com azul, verde com vermelho, laranja amarelado com azul violeta, amarelo verde com violeta vermelho, verde azulado com vermelho alaranjado
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Fonte das fotos: Âncora divulgação, com intervenção da autora Fonte das fotos: âncora divulgação, com intervenção da autora
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Wish School Criadora: Andressa Lutiano Local: Rua São Gil, 159 , Tatuapé, São Paulo, CEP: 03337010 Início da escola: 2008 Início do novo projeto: 2015 Inauguração da nova sede: 2016 Pedagogia: Holística Alunos: 116 Comunidade: 156
neste momento eram relacionados com o assunto maior, no caso os dinossauros. Os temas eram inteiramente pensados pelo grupo docente, do início ao fim. E por estarem previamente definidos, os alunos não podiam opinar nem agregar na decisão do tema que seria trabalhado.
A Wish School é uma escola que atende crianças de dois (2) a catorze (14) anos. A criação dessa escola ocorreu porque Andressa Lutiano, a dona da escola, ao buscar uma escola para a sua filha não encontrou nenhuma que a agradasse, por isso ela resolveu abrir sua própria escola. No seu início era apenas para os pequenos e só mais tarde estendeu para o ensino fundamental. A escola inicialmente seguia um método de educação tradicional. O seu maior diferencial em relação às outras escolas era que ela possuía um tema guarda-chuva, isto é, um tema que abrangia todas as matérias. Um exemplo deste tema seria, para as crianças menores, o tema "dinossauro". Então todos os assuntos que as crianças precisavam aprender 34
Fonte: Compilação do autor
Essa pedagogia foi se aprimorando com as visitas que Andressa Lutiano, fundadora da escola, fez em um primeiro momento para a Europa, mas que depois se estendeu para a Índia e América. Nestas suas viagens ela não visitou apenas instituições escolares infantis nem apenas instituições escolares. Algumas das visitas que ela fez foi para a Team Academy, Espanha; Kaos Pilots, Dinamarca; Schumacher College, Reino Unido; Blue School, Estados Unidos; El 35
Martinet, Espanha, empresa Google no Brasil entre outras. Depois da primeira viagem, a Andressa trouxe para a escola o conceito de educação holística5 em que se olha a criança como um todo, e não apenas a parte da mente (currículo tradicional), mas também o corpo, o espírito (autoconhecimento), os outros (as relações) e o mundo (o que está acontecendo no mundo que vai além do currículo tradicional). Nesta pedagogia, por se olhar o indivíduo como um todo, valoriza-se as diversas inteligências, e as características de cada criança são respeitadas e trabalhadas para que seus potenciais sejam desenvolvidos. Assim a escola está aberta e estruturada para receber qualquer tipo de aluno6 Das escolas visitadas em seu segundo momento de pesquisa, uma das que tiveram maior influência na nova forma na qual a escola se encontra hoje, foi a Blue School7, 5 Holística vem do termo da Grécia antiga Holos que significa todo ou inteiro Apesar de o termo educação holística ser um conceito novo a Waldorf, que data de 1919, apesar de não usar este termo, já trabalhava o conceito na sua pedagogia. 6 Importante lembrar que segundo o Art. 8o da Lei No 7.853/89) a escola deve aceitar todos os tipos de alunos. 7 Blue School fica em Nova York. O projeto arquitetônico é do Rockwell Group
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pois esta apresentava um grande tema que permeia todo o ensino da escola e não fica relacionado a uma única atividade, como ocorre na maioria das escolas. Outro aspecto que chamou muito a atenção da Andressa era o fato de que as crianças estavam sempre circulando, gerando vida para a escola.
todo o espaço da escola. Com esta nova visão do ensino, o espaço que ficava no Jardim Anália Franco não se adequava mais à nova conduta da Wish, por ser uma construção onde os espaços eram muito divididos, impossibilitando a integração necessária para esta nova forma de ensinar. No início foram feitas pequenas mudanças possíveis no espaço em que se encontravam, como reduzir o número de carteiras em relação aos alunos da sala, para que estes e os professores saíssem de
sua zona de conforto e permitisse que acontecessem aulas de uma forma diferenciada das que já estavam acostumados. Mas a mudança espacial de forma mais integrada com a filosofia da escola ocorreu com a mudança de endereço, com a escola se instalando no Tatuapé em um galpão reformado exclusivamente para atendê-la. A seguir será apresentado como o novo espaço está em diálogo com a pedagogia e como ele contribui para o aprendizado e bem estar das crianças.
Fonte: Compilação do autor
A partir destas visitas, a Wish School adotou a participação dos estudantes na definição dos temas a serem estudados. Agora os professores não trazem mais o tema maior todo estruturado. Os estudantes discutem temas e por meio da intermediação dos professores escolhem o assunto que será trabalhado. Nesta reformulação da escola o ensino passou a ser entendido como algo que deve acontecer não apenas na sala de aula, mas de forma a permear
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Espaço arquitetônico Escritório: Garoa Área do terreno: 1.275m2 Área construída: 1.166m2 Material: alvenaria, policarbonato translúcido (nas salas) e leitoso (na área de administração e fechamento da escola), estrutura metálica, madeira, piso de cimento com acabamento de posto de gasolina, tinta epóxi.
Wish School
Foto tirada do google earth com intervenção da autora
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Planta térreo
Planta 1o pavimento
Fonte: Desenho escritório Garoa com inserção da autora
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Fonte: Desenho escritório Garoa com inserção da autora
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Natureza A nova sede da Wish School é o resultado de uma reforma de um galpão, por isso a implantação do projeto já estava estabelecida desde o início. A construção se encontra localizada com uma das fachadas junto ao limite do terreno e portanto nesta lateral não se pode ter nenhuma abertura, dificultando a entrada da luz do sol e do vento. Para contornar esta situação o escritório Garoa propõe a solução de fazer claraboias e grandes aberturas do lado voltado para o
espaço livre do terreno. Por meio destas aberturas e claraboias entra a luz do sol, e o vento consegue circular mesmo com a claraboia fechada, pois além dos grandes vãos que se têm na face sudeste, o segundo pavimento possui uma laje menor e com vãos, possibilitando a passagem do vento entre os pavimentos. Desta forma a escola consegue desfrutar destes dois elementos da natureza tão importantes para a saúde.
Corte transversal
Luz natural Ventilação natural
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Fonte: Desenho escritório Garoa com inserção da autora
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Liberdade A questão da iluminação ficou bem resolvida o que possibilitou a implementação de canteiros dentro da construção proporcionando um maior contato dos usuários com o meio natural. Como o galpão se concentra em um único
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lado do terreno, o contato com a natureza não se restringiu a estes canteiros internos, pois há também uma área onde se tem grama e árvores, que ainda se encontram pequenas por terem sido plantadas recentemente.
A liberdade está tanto presente na pedagogia, ao se permitir ao aluno escolher o tema que será trabalhado no semestre e a sua grade horária, como também está presente na arquitetura. Um dos gestos feito pelo o escritório Garoa que permite a livre escolha dos alunos é de, sempre que possível, dar mais de uma possibilidade para a pessoa chegar ou sair de um ambiente, criando um caminho cíclico sem voltas. Então a maioria das salas possuem mais de uma porta e o acesso entre o térreo e o primeiro pavimento acontece por diversos pontos. E não projetam corredores, onde se delimita o uso e a movimentação no espaço.
“Abordamos a planta como território composto por zonas de contração e expansão em que existem fronteiras e bordas, mas elas são tênues, permitindo e incentivando a transgressão, catalisando a apropriação imaginativa, entendendo as crianças como sujeitos ativos. Os corredores, lugares em que a única função é o movimento contínuo do ir e vir, não existem. Todos os ambientes são expansão da sala de aula formal e propícios para a assimilação do conhecimento.” (Grupo Garoa)
Na próxima página seguem dois possíveis percursos que alunos ou outros usuários poderiam fazer na escola.
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Planta térreo
Planta 1o pavimento
Usuário 1 Usuário 2
Usuário 1 Usuário 2 Fonte: Desenho escritório Garoa com inserção da autora
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Fonte: Desenho escritório Garoa com inserção da autora
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Equidade Por este trabalho ter como um dos pontos de foco a equidade, não podemos deixar passar despercebido que esta diversidade de acesso entre um pavimento e outro acontece apenas por escadas, e por rampa apenas existe um acesso. É compreensível que não haja mais de uma rampa para acessar o patamar superior neste projeto, pois esta ocuparia muito espaço e tiraria de outros equipamentos que também são fundamentais para a escola que com o acréscimo de mais uma rampa não seriam resolvidos. Mas seria interessante pensar em alternativas, como elevador
ou plataforma elevatória na escada, para que alguém que tenha restrições motoras possa ter maior diversidade de escolha como os demais. Outro elemento arquitetônico que permite a liberdade aos usuários da escola são os painéis pivotantes que se encontram no pavimento térreo mais próximo ao acesso à escola. Com eles é possível criar espaços com diversas formas e tamanhos, que tenham mais relação com a atividade a ser realizada.
Na Wish a individualidade de cada um é respeitada e dessa forma permite-se que cada estudante se desenvolva à sua maneira. Na arquitetura há diversos elementos que permitem que pessoas com diversas características possam usufruir do edifício sem dificuldades. Para poder ir de um nível a outro a escola não disponibiliza apenas a opção de escada que delimita o número de pessoas que possam realizar este deslocamento, mas ofere-
ce também a opção de rampa ampliando a possibilidade de todos conseguirem transitar entre um nível e outro. Como a rampa é um elemento que utiliza um grande espaço, pois para vencer um desnível de 1m é preciso de em média 12,5m de comprimento, o Grupo Garoa projetou-a de forma que não fosse apenas um lugar de passagem, mas também que tivesse momentos de se estar aproveitando melhor a área utilizada na rampa.
Painéis: desenho da autora a partir do projeto do Grupo Garoa para a Wish School.
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Planta térreo
Planta 1o pavimento
Escada e rampa
Escada e rampa Fonte: Desenho escritório Garoa com inserção da autora
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Fonte: Desenho escritório Garoa com inserção da autora
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O fato de quase todas as pias não possuírem um móvel embaixo permite que as pessoas que usam cadeira de rodas possam utilizá-la sem dificuldade, pois quando há um armário embaixo da pia não é possível que a pessoa se apro-
xime desta, pois a cadeira de rodas não pode ir para baixo do móvel, gerando uma grande distância entre a pia e o cadeirante, dificultando ou até impossibilitando o seu uso.
Dessa forma projetar moveis adequados à faixa etária que vai usufruir é didático. Além deste benefício, outro de extrema importância é o conforto. Por a escola ser um espaço de longa permanência a ausência da compatibilidade dos móveis pode gerar grandes desconfortos podendo até ocasionar uma lesão futura.
“Pelas medidas, o mobiliário escolar, utilizado nas escolas, tem suas dimensões inadequadas para a maioria dos alunos, principalmente para os situados na faixa etária entre 7 e 17 anos. Este tipo de mobiliário inadequado, que não segue os devidos padrões antropométricos, pode gerar patologias musculoesqueléticas causadas pela má postura pelo
usuário e acaba por interferir no processo educativo. (REIS, 2003,p.1)” (retirado do Design de mobiliário para criança em ambiente escolar)
Às vezes não é possível colocar todos os materiais na altura de uma criança por conta da relação que se tem do espaço com a quantidade de material para acomodar. Apesar dessa situação não ser a ideal, pode-se criar uma estratégia que se beneficia da situação, como colocar os matérias que não são recomendados para a manipulação pela criança sem a supervisão do adulto em cima e embaixo deixar aqueles que não tem problema a criança ter ao alcance no momento que ela quiser.
Pias: desenho da autora a partir do projeto do Grupo Garoa para a Wish School.
Como a escola atende crianças desde 2 (dois) anos, a adequação da altura dos móveis para a faixa etária atendida na escola é muito importante. Quando o móvel tem uma altura adequada para a criança, e ela não despende da aju52
da dos adultos para poder usá-los. Dessa forma elas conseguem ganhar autonomia, conseguindo sentar sozinhas, no caso de uma cadeira, ou pegar os materiais a serem utilizado na atividade e depois os guardar, no caso de um armário.
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http://www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http://www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
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Cor
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No projeto do Garoa as cores são vibrantes deixando o ambiente alegre. Além disto, a paleta tem como função delimitar os ambientes, contribuindo para uma organização visual espacial, como é possível ver neste nicho com parede e piso vermelho que junto com a concavidade criada pela
arquitetura permite delimitar o local das pias, ou no caso desta abertura amarela que se destaca atraindo o usuário para ela e mostrando um novo ambiente que se encontra depois dela.
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http://www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http://www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
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A utilização de cores contrastantes nos elementos que compõem o ambiente é muito favorável para as crianças que apresentam baixa visão8. Pois o contraste ajudará a pessoa identificar os elementos arquitetônicos como porta, janela, degrau entre outros, como também os mobiliários presentes no espaço. “Segundo a NBR9050 (2015), o contraste visual tem como função destacar elementos entre si por meio das composições claro-escuro ou escuro-claro para chamar a atenção do observador, e também deve ser usado como informação visual e para alertar perigos. O papel da cor nos sistemas informacionais é de organizar e atribuir significado à informação, e ainda, contribuir para o conforto visual e o bem-estar do usuário (GUIMARÃES, 2000).” 9 8 Baixa visão se caracteriza por apresentar acuidade visual de 0,05 a 0,3 no melhor olho, com a melhor correção óptica ou nos casos em que a somatória do campo visual é de 60°, ou ainda a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. (https://lenscope.com.br/blog/5-fatos-que-voce-precisa-saber-sobre-baixa-visao/#:~:text=O%20que%20determina%20se%20 uma,com%20a%20melhor%20corre%C3%A7%C3%A3o%20 %C3%B3ptica. Acesso em 13 de out. de 2020 9 BERNARDI, Núbia; PADOAM, Flavia Cunha. As cores da
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“A cor deve agir junto da rede de sistemas informacionais do ambiente construído, de forma que as características arquitetônicas, o layout, o mobiliário, os equipamentos, os objetos decorativos e a sinalização tenham o mesmo potencial para a informação visual, sendo passíveis de auxiliar os usuários em suas locomoções (MONT’ALVÃO, RANGEL; 2014).”10
Ao lado há algumas imagens onde é possível ver estas cores contrastantes nos elementos arquitetônicos facilitando a sua identificação na paisagem. A paleta de cores foi construída seguindo a ordem piso, parede, mobiliário e por último teto. Assim as cores da paleta ficam na mesma proximidade que ocorre no espaço, permitindo visualizar melhor este contraste gerado no ambiente pelos matizes.
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http:// www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http:// www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http:// www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
Foto por: Pedro Napolitano Prata, disponível em: http:// www.grupogaroa.com/47wish com intervenção da autora
cidade: estudo dos contrastes cromáticos nos elementos do mobiliário urbano como auxílio a orientabilidade de pessoa com baixa visão. In: ENEAC, NO 7,2018, Fortaleza.
10 BERNARDI, Núbia; PADOAM, Flavia Cunha. As cores da cidade: estudo dos contrastes cromáticos nos elementos do mobiliário urbano como auxílio a orientabilidade de pessoa com baixa visão. In: ENEAC, NO 7,2018, Fortaleza.
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Builders Criadoras: Ana Lucia A. M. Nunes, Ana Paula A. M. Mariutti e Ana Célia A. M. Campos Local: Rua Ribeiro de Barros, 128, Pompéia, São Paulo, CEP. 05027 – 020 Início da escola: 1997 Início do novo projeto: 2017 Inauguração da nova sede: 2019 Pedagogia: Socioconstrutivista Alunos: 350 alunos Comunidade: 445 pessoas A Builders é uma escola Bilingue criada pelas três irmãs Ana Lucia A. M. Nunes, Ana Paula A. M. Mariutti e Ana Célia A. M. Campos e inaugurada em 1997. A escola atende crianças de 1 a 10 anos. A pedagogia utilizada é uma mescla de pedagogias sendo a principal vertente o sócio construtivismo. Nessa abordagem os alunos aprendem a partir da interação com os outros e com o meio. Por isso é muito importante que os alunos se expressem e se escutem para que, além de formularem seu ponto de vista, aprendam com o ponto de vista do outro. Além deste método, outros aspectos fundamentais que norteiam a escola são: o interesse do aluno, a busca
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para que a escola esteja sempre ativa e contextualizada dando melhores condições para que o aprendizado ocorra, e a educação sócio emocional, dedicamdo-se ao desenvolvimento do autoconhecimento, buscando compreender como cada um responde a ações externas, e as reações para com os outros que estão ao seu redor. Outro diferencial da escola é a busca pela sustentabilidade ambiental, administrativa financeira e social. Por exemplo, a escola esta em busca do desperdício zero e para isso ela faz coleta seletiva, compostagem com os resíduos orgânicos, coleta de água de chuva entre outras ações. Na área adiministrativa financeira, ela cuida para que haja um bom ambiente de trabalho que permita o crescimento dentro da empresa, e que tanto as relações internas quanto as com os fornecedores e acionistas seja de forma ética. Em relação à sustentabilidade social, a escola valoriza a diversidade, identificando o potencial que cada um tem e gerando assim o respeito com o outro. A primeira sede da Builders foi na Rua Cotoxó na Pompéia. Com o tempo a escola passou por diversos espaços até chegar em 2009 à Rua Ribeiro de Barros, também lo-
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Espaço arquitetônico calizada na Pompéia. Em 2017 chamam o escritório Nitsche para fazer uma reforma que dura até o ano de 2019. Nessa reforma acoplou-se o terreno ao lado, para que permitisse que ocorressem as transformações necessárias, como a cria-
ção de um átrio para uma melhor qualidade de espaço para as crianças, e para que o espaço estivesse melhor alinhado com a forma de pensar da escola. A seguir serão mostrados aspectos importantes que qualificam o espaço da escola.
Criadoras: Ana Lucia A. M. Nunes, Ana Paula A. M. Mariutti e Ana Célia A. M. Campos Local: Rua Ribeiro de Barros, 128, Pompéia, São Paulo, CEP. 05027 – 020 Início da escola: 1997 Início do novo projeto: 2017 Inauguração da nova sede: 2019 Pedagogia: Socioconstrutivista Alunos: 350 alunos Comunidade: 445 pessoas
Builders
Foto tirada do google earth com intervenção da autora
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Planta subsolo
Planta térreo
Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Planta cobertura
Planta 1o pavimento
Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Natureza Apesar de a escola estar localizada em um bairro denso da cidade de São Paulo, e por isso o contato com a natureza ser em uma escala muito pequena, a escola não ignora a importância desta, e sim a reconhece e a preza. Para aproximar a criança da natureza, a escola fez uma horta na cobertura da construção, pois por estar em um terreno pequeno precisava otimizar seu espaço. A horta, além de tra-
zer a presença da natureza para o cotidiano das crianças, traz muitos benefícios para o seu desenvolvimento. Segundo a pesquisa realizada pela Royal Horticultural Society em parceria com a National Foundation for Education Resarch (NFER), os benefícios são: acadêmico, mental e físico11. 11 Informação retirada do site Novos Alunos: <https://novosalunos.com.br/por-que-ter-uma-horta-na-escola-infantil/>
Planta de cobertura
Horta
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Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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A escola também tem uma política de combater o desperdicio. Para isto, coleta-se água de chuva para reuso na limpeza e na rega das plantas. Com os alimentos que sobram das refeições fornecidas pela escola, que são lanche e almoço, é feita uma compostagem. Quando o adubo está pronto este é distribuído pela comunidade. Além disso a escola pratica a coleta de lixo seletiva. O edifício da escola se encontra imbricado na quadra, dificultando a entrada de iluminação natural e vento. Na
reforma, o escritório Nitsche, para contornar esta questão, abre claraboias no edifício estreito, que se encontra entre dois terrenos que não pertencem à escola, e na parte mais larga do terreno constrói um pátio central para abrir grandes portas e janelas nos edifícios que se voltam para ele. Através destas aberturas é possível se ter uma boa iluminação natural e assim reduzir o uso da iluminação artificial, e também se permite circular o ar e reduzir o uso do ar-condicionado e dos ventiladores, tendo um menor gasto de energia.
Planta 1o pavimento
Planta de cobertura
Iluminação e ventilação natural Iluminação e ventilação natural
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Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Liberdade Planta térreo
A Builders é uma escola que valoriza o autoconhecimento e as características de cada aluno, por isso a liberdade é algo muito importante para que cada aluno seja quem realmente é e se valorize por isso. Essa liberdade também acontece no espaço físico da escola, com as grandes portas
de piso a teto que se tem no pavimento térreo, possibilitando a integração da sala de aula com o espaço externo, e nas salas com divisórias de cortina que também possibilitam dimensionar a sala conforme a necessidade, criando um ambiente de ensino flexível para se adequar às atividades.
Porta de correr: desenho da autora a partir do projeto do Nitsche para a Builders
Divisória de cortinas entre as salas 16,17 e 18: desenho da autora a partir do projeto do Nitsche para a Builders
Iluminação e ventilação natural Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Equidade Além desta questão espacial, o mobiliário também contribui para a liberdade dos alunos. As salas de aula não têm exclusivamente carteiras como nas escolas tradicionais, têm também móveis que permitem diversas configurações, como os caixotes de madeira, que podem funcionar como bancos soltos ou podem criar uma pequena arquibancada,
dependendo de como forem configurados. Além deste mobiliário, algumas classes têm também pufs e colchões que deixam o aluno em uma condição mais descontraída do que em uma carteira enfileirada, onde todos olham diretamente o professor e não se vêem uns aos outros.
A Builders se mostra muito aberta para a inclusão de todos os tipos de alunos. Michella Renan, coordenadora de marketing e comunicação da escola disse “Temos elevadores e rampas de acesso e estamos abertos a fazer as adaptações necessárias para receber pessoas com necessidades diversas, sempre alinhando com a família para que seja viável para todos.” Isso demonstra uma abertura muito importante que as escolas precisam ter com seus alunos e famíliares. Infelizmente não pude ir à escola por causa da pandemia, e por conta da mesma, a comunicação foi comprometida porque as escolas tiveram que se reinventar para conseguir passar por este momento de exceção. Por isso al-
gumas questões ficaram em aberto. Por exemplo, ao estudar a planta se percebe que o edifico onde fica o ginásio, a sala de artes e outras salas, estas têm como único modo de acesso a escada. Não sei como ocorre para os alunos que não possuem esta mobilidade de subir as escadas. É possível imaginar que uma forma de solucionar esta questão de acesso à sala de aula seria colocar a turma deste aluno sempre no outro edifício que tem elevador e rampa de acesso, mas para o acesso à única sala de artes que se encontra no prédio com acessibilidade exclusiva por escadas, desconheço as soluções adotadas pela escola.
Caixotes de madeira: desenho da autora a partir do projeto do Nitsche para a Builders
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Planta térreo
Planta subsolo
Escada, rampa e elevador Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Escada, rampa e elevador Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Planta 1o pavimento
Planta cobertura
Escada, rampa e elevador Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Escada, rampa e elevador Fonte: Desenho escritório Nitsche com inserção da autora
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Cor É uma pena que a sala de artes e a horta, que se encontram no mesmo edifício, tenham o acesso reduzido pela questão da mobilidade, pois ambas as atividades são benéficas para todos, e para o grupo que apresenta uma restrição ou uma dificuldade motora especialmente geram grandes benefícios. “O principal objetivo do ensino da arte para o portador de necessidades educativas especiais é oferecer-lhes oportunidade de desenvolver suas potencialidades através da criatividade, raciocínio, percepção e domínio motor, tendo o acompanhamento de pessoas e profissionais esclarecidos de sua importância, compreendendo os resultados e efeitos provenientes das práticas sugeridas.” WEBER, Maria Luiza Ternes
biente adequado no qual a criança estivesse livre da opressão dos adultos onde ela pudesse realmente se preparar para a vida. Ela deveria sentir na escola uma espécie de abrigo na tempestade ou oásis no deserto, um refúgio seguro para seu espírito.” (Maria Montessori)
Além do argumento da Maria Montessori, como já mencionado esta opção dá mais conforto e evita as lesões por inadequação de mobiliário.
A Horta, como vimos no subcapítulo natureza, é muito benéfica para o desenvolvimento físico, além de trazer outros benefícios para as crianças. A Builders, assim como as demais escolas deste estudo, possibilita a autonomia das crianças por proporcionar o mobiliário na altura adequada para cada faixa etária que ali estuda (1 a 10 anos) “Atitude mais justa e caridosa seria criar um am-
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Foto por: Ana Mello disponível em: http://www.nitsche.com.br/escolabuilders-ed
As cores na Builders são utilizadas para toda comunicação na escola, desde a localização dos espaços até transmissão dos valores da mesma, e também estão presentes no pergolado localizado no pátio interno. As salas na sua maioria têm paredes brancas, criando um ambiente neutro. Usar o branco na sala não dá margem a erro, pois esta é uma cor neutra que reflete bem a luz, contribuindo para deixar o ambiente bem iluminado, e também cria uma sensação de um espaço maior do que se fosse empregada uma cor escura no mesmo espaço. As cores usadas na comunicação são verde, azul e amarelo, as cores da escola. Como a sinalização foi usada
de forma inusitada na própria construção, esta já colore o edifício, como podemos ver nas imagens. O azul é utilizado muito nas pinturas para representar o ar e criar a sensação de distância dos elementos pintados, por isso é a cor mais imaterial das cores. Isto contribui para deixar esta intervenção no prédio de forma mais esfumaçada e gradual. O azul também está ligado ao imaginário, capacidade muito importante de se desenvolver em uma escola.
Uma superfície pintada de azul dilui-se na atmosfera, causando a impressão de desmaterializar-se como algo que se transforma de real em imaginário. A lenda do pássaro azul, símbolo da felicidade inatingível, nasceu, sem dúvida, dessa analogia secreta do azul com o inacessível. Diante do azul a lógica do pensamento consciente cede lugar à fantasia e aos sonhos que emergem dos abismos mais profundos de nosso mundo interior, abrindo as portas do inconsciente. Por sua indiferença, impotência e passividade aguda que fere, ele atinge o clima do inumano e do suprarreal. Segundo Kandinsky (1954, p.66), seu movimento é, ao mesmo tempo, “um movimento de afastamento do homem e um movimento dirigido unicamente para seu próprio centro, que, no entanto, atira o homem para o infinito e desperta nele o desejo de pureza e de sede do sobrenatural. (PEDROSA, 2009, p. 126)
Foto tirada pela autora por meio do tour 360 no site https://builders.com.br/
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A cor mais utilizada na escola é o verde. Esta cor é considerada como um matiz que relaxa. Pela infinita gama de seus componentes (azul e amarelo) e pela ampla escala de saturação e claridade que possui, o verde reúne as melhores condições para a decoração de interiores. Seu poder tranquilizante e até sedativo, quando claro, facilmente se conjuga com a estimulante e até inquietante estridência dos tons fortemente saturados, possibilitando o seu emprego tanto nos ambientes de repouso ( sala de estar, quartos de dormir, sanatórios etc), como nos de estudo (gabinetes de pesquisa, salas de aula etc) e de trabalho ( escritórios, lojas, fabricas etc). (PEDROSA, 2009, p. 126)
Além disso, o verde no ocidente também é associado a consciência ecológica, o que faz esta cor ter muita ligação com um dos pilares da escola, que é a sustentabilidade. Na foto abaixo podemos ver que o espaço, onde estão escritos os princípios da escola, está pintado predominantemente de verde, reforçando este ponto que constitui uma das bases da escola.
Foto tirada pela autora por meio do tour 360 no site https://builders.com.br/
Foto tirada pela autora por meio do tour 360 no site https://builders.com.br/
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Na área de brincar interna da Builders School o escritório Nitsche coloca, além do verde, o amarelo na composição. O amarelo é uma cor expansiva e quente deixando assim o ambiente mais acolhedor para as crianças.
Além da cor pigmento a escola utiliza-se da cor luz no pergolado localizado no pátio interno. A cor luz altera o ambiente ao modificar as cores que estão ao redor e por isso permite criar uma atmosfera no local. Como é possível ver nesta foto de um pátio interno para os menores no qual o pergolado é coberto com uma película azul. Cor muito bem escolhida para um ambiente de brincar pois, como vimos acima, este matiz desperta a imaginação. Foto tirada pela autora por meio do tour 360 no site https://builders.com.br/
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Green School Criadores: John Hardy, canadense, e Cynthia Hardy, americana. Local: Jalan Raya Sibang Kaja, Banjar Saren Abiansemal, Badung Bali 80352, Indonesia Ano de idealização: 2006 Início das atividades: 2008 Pedagogia: Holística Alunos: 500 Comunidade: 700 Nacionalidades: 41 A Green School é uma escola localizada em Bali na Indonésia. Ela atende crianças de 3 anos a 18 anos. A escola foi criada pelo casal John Hardy, canadense e Cynthia Hardy, americana. O casal queria que a filha deixasse de estudar em casa e passasse a estudar em uma escola. Então resolveram abrir uma escola que tivesse os princípios nos quais acreditavam, sendo um dos maiores focos a questão da sustentabilidade. Um dos grandes diferenciais desta escola é que John Hardy é disléxico e por conta desta condição sua forma de aprender é diferenciada da maioria dos estudantes, o que fez com que sua passagem pela escola não fosse algo tran-
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quilo. Isto lhe deu motivação para criar algo diferenciado para que os alunos fossem felizes e que não tivessem medo do processo da aprendizagem. Com este intuito, as crianças aprendem como aprender. O objetivo é incentivar o amor pela aprendizagem, “we are all innately passionate and curious, life-long learners.”12 (https://bnmag.greenschool. org/green-lead/2018/11/02/what-is-the-green-school-curriculum/ ) A visão utilizada pela escola para alcançar este objetivo é a de John Holt o qual diz: “What makes people smart, curious, alert, observant, competent, confident, resourceful, persistent - in the broadest and best sense, intelligent- is not having access to more and more learning places, resources, and specialists, but being able in their lives to do a wide variety of interesting things that matter, things that challenge their ingenuity, skill, and judgement, and that make an obvious difference in their lives and the lives of people around them.”13 (Three Springs) 12 Livre tradução “Todos somos inatamente apaixonados e curiosos aprendizes a vida toda.” 13 Livre tradução“O que faz as pessoas inteligentes, curio-
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Outra característica que diferencia esta escola das outras é a grande abrangência de culturas. Esta diversidade é muito enriquecedora para a vida das crianças que aprendem a conviver com o diferente e a respeitá-lo. Apesar desta grande valorização da diversidade cultural também é considerado de extrema importância que se tenha na escola muitos estudantes locais, o que faz com que a escola seja local, um outro ponto importante para a escola. Para isso eles estabeleceram uma porcentagem necessária de locais que precisam atender: 20% da população da escola precisa ser balinês. O casal teve como uma de suas inspirações a pedagogia Waldorf em que se acredita no ensino interdisciplinar integrando prática, arte e conceito. Nela a imaginação tem um papel muito importante na aprendizagem e tem como
objetivo desenvolver indivíduos livres e moralmente responsáveis. Outra base da escola é o conceito vilarejo escola chamado Three Springs, de Alan Wagstaff14 . Ele é formado pela parte educacional, comercial e social. Na parte educacional estabelece que a escola deve ter uma educação holística15 . Ou seja, uma educação preocupada com o todo do indivíduo e não só com a parte do intelecto como as escolas tradicionais. E por trabalhar o todo permite que os alunos desenvolvam melhor seu potencial, pois esta forma de educar valoriza todos os tipos de inteligência. Todas as atividades que acontecerem no local devem ter uma ligação com a educação da escola. Os tipos de aula são divididos em três grupos. Os estudos integrativos nos quais o aprendizado foca nas principais capacidades: inteligência espiritual, inteligência racio-
sas, alertas, observadoras, competentes, confidentes, cheias de recursos, persistentes – no mais amplo e melhor sentido, inteligência – não é ter acesso a uma grande quantidade de lugares de aprendizado, recursos e especialistas, mas ser capaz de em suas vidas fazer uma ampla variedade de coisas interessantes e que importam, coisas que desafiam sua ingenuidade, habilidade e julgamento, e que faça uma óbvia diferença em suas vidas e na vida das pessoas que estão à sua volta.”
14 Este conceito veio da teoria, WAGSTAFF, Alan, Three Springs’ - A Design Concept For A Learning Neighbourhood. Disponível em: < https://www.yumpu.com/en/document/view/4432517/ three-springs-a-design-concept-for-a-learning-green-school > 15 Holística vem do termo da Grécia antiga Holos que significa todo ou inteiro Apesar de o termo educação holística ser um conceito novo a Waldorf que data de 1919 não usava este termo mas já trabalhava o conceito na sua pedagogia.
nal, inteligência emocional e inteligência cinestésica, com um único contexto de aprendizagem. O outro grupo seriam as aulas de proficiência com o conteúdo tradicional. Matérias que necessitam da repetição, 15 aulas semanais, 45 min cada. Cada assunto será visitado 3 vezes na semana. E por último o bloco de aulas com o propósito de facilitar o empreendedorismo e a educação tecnológica, promover educação física e saudável e prover educação artística e artesanal. Para este são dedicados os últimos 90 minutos do dia. Em cada grupo o aluno pode optar quais matérias deseja fazer e as aulas são construídas junto com os alunos. Dessa forma o aluno é ativo na sua formação. Na implantação da escola permaneceram 3 divisões, mas agora estas eram: Creative Arts (Arte Criativa), Academics (Acadêmicas) e Green Studies (Estudos Verdes). A primeira é onde se tem as aulas de teatro, artes visuais, música, trabalhos manuais e narrativa. Estas aulas servem para as crianças poderem conhecer outras culturas. Além disso este bloco de matérias se integra com as outras e tem como função aprofundar os temas vistos em outras aulas. O segundo bloco são as aulas acadêmicas e segue o mesmo que
o conjunto proficiência proposto por Alan Wagstaff; são as aulas tradicionais, inglês matemática, história entre outras. E o último, os estudos verdes, é um estudo prático no qual há uma linha de desenvolvimento dos menores aos mais velhos na seguinte sequência: estudo da natureza, estudo da ecologia, estudo do meio ambiente e por último o estudo de sustentabilidade. Essa matéria é a responsável por fazer a ligação das outras matérias. Neste conceito de vilarejo escola chamado Three Springs, Alan Wagstaff propõe a seguinte infraestrutura: Uma casa de entrada que servirá de recepção, administração e área de exibição. Esta casa abriga atividades de mediação entre interior e exterior. Terá também caminhos que ligarão os locais de estudo, jardins orgânicos e áreas de brincar. Cada vila terá seus jardins e estábulos, casa de pombas, lugar dos patos. Cada classe terá sua própria vila que terá um chalé. Todas as construções devem ser sustentáveis. As energias provirão da luz solar ou por meio da movimentação da água ou do vento. Os dejetos do banheiro e a comida serão utilizados para a realização de compostagem.
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Espaço arquitetônico
Entrada Casa de entrada Caminho Vila Chalé
Compilação da autora a partir do documento Three Springs de Alan Wagstaff.
A parte comercial composta por empresas, terá uma troca com a escola. Por um lado ela receberá da instituição de ensino um fluxo de clientes e visitantes, terá um entorno bonito, um meio sustentável. Em troca a empresa terá que fornecer oportunidades de aprendizado como workshops para os alunos e terá que produzir itens artesanais para o 86
vilarejo e para a escola. E a última parte, a social, engloba estas mútuas relações entre empresas e escola, mas também entre residentes e escola, em que os residentes receberão da escola, assim como as empresas, um ambiente agradável e sustentável, e também oportunidades de emprego. Em troca os residentes darão um retorno em capital para a escola e oportunidades de aprendizado para os estudantes. Também existem pessoas que bancam bolsas de estudos para estudantes locais que não têm os recursos para estar na escola. Como forma de reconhecimento destes doadores seus nomes são inscritos nos bambus dos edifícios da escola. Esta forma de ver a educação exigiu um espaço completamente diferente do tradicional para que a construção também tivesse alinhada com o discurso da escola. A seguir será mostrada esta arquitetura diferenciada que a forma da escola exigiu.
Escritório: IBUKU Área do terreno: +/- 80.000m2 Área construída: 7.452m2 Material: Bambu
Ginastica Coração/ Adiministração
Salas de aula Ponte
Cozinha
Fábrica de bamboo Foto tirada do google earth com intervenção da autora
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Natureza A Green School tem como uma de suas bases principais a questão da sustentabilidade. No currículo da escola um dos grandes grupos que forma a grade curricular dos alunos são os estudos verdes. Como já foi dito anteriormente, é uma parte dos estudos dedicada à natureza, ecologia e sustentabilidade de forma prática. Além da presença da natureza nos estudos e em suas preocupações, podemos ver esta mesma atenção nos espaços da escola. Para conscientizar e deixar o aluno mais próximo da natureza os ambientes não possuem paredes e muitos tem uma parte do teto em plástico. Dessa forma os alunos estão em contato direto tanto visualmente como fisicamente com a natureza, compreendendo sua relevância e assim podem cuidar dela. Como a escola está cercada de mata não há barulho externo que atrapalhe e distraia as crianças; o que há é o barulho da natureza que é relaxante, contribuindo para a concentração do aluno. A inexistência de paredes permite que o ar circule constantemente pelas construções e junto com o teto transparente permite uma maior entrada de luz natural fazendo com que os ambientes raramente precisem usar iluminação
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artificial, usando pouca energia. Abaixo comentário de um estudante do 10º ano Balinês da Green School). “ Before (I came to Green School) I didn’t know anything about this school. I went to this school and I thought I was going to get sick because of the wind (Later) I went back to my public school for my national exam and it was like, “I can’t do these exams because of these walls! I can’t see the trees!” I want to have inspiration when I stare at trees, when I’m thinking. The wind helped me more. I don’t know why. Maybe it’s just me. In math I was always frustrated (like), “Oh my god, this calculation is really hard.” I was staring at the trees and then (suddenly), “Oh! I got this!” Like breeze. Maybe it’s just me… I don’t know (Grade 10)”16
16 Livre tradução: Antes (de eu vir para a Green School) eu não sabia nada sobre esta escola. Eu vim para esta escola e eu pensei que eu ficaria doente por causa do vento. (Depois) Eu voltei para a minha escola publica para os exames nacionais e era como “Eu não posso fazer estes exames por causa destas paredes! Eu não posso ver as arvores!” Eu quero ter inspiração, quando eu encaro as arvores, quando eu estou pensando. O vento me ajudou mais. Eu não sei por quê. Talvez seja só eu. Em matemática eu era sempre frustrado (tipo), “Oh meu deus, esta conta é muito difícil.” Eu estava olhando as àrvores e então (de repente) Oh! Eu entendi isso!” Como brisa. Talvez seja só eu...Eu não sei. (10o ano, aluno Balinês.)
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Corte
Toda energia utilizada na Green School é sustentável. Devido à escola estar em um país tropical com muitos dias e horas de sol se optou por fazer uso da energia solar. Por haver um rio na região foi feita uma micro-hidrelétrica e, por último, se utilizam de biodiesel como fonte de energia. Como foi dito anteriormente no subcapítulo Liberdade, a Green School tem uma grande diversidade de natureza. Há espaços em que se tem um amplo gramado verde,
outros que tem horta e outros ainda com mata fechada. Na escola também passa um rio e muitos animais ficam soltos além de inúmeros insetos. Todo este grande ecossistema é preservado pela escola. Abaixo temos uma foto onde é possível ver o rio no primeiro plano, depois uma plantação e por último uma mata fechada mostrando a diversidade local.
Ventilação natural Iluminação natural Fonte: Desenho escritório IBUKU com inserção da autora
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Foto do site da Green school: https://www.greenschool.org/bali/?t=gs.org
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Liberdade Para gerar o menor impacto possível no ambiente, eles projetram banheiros secos que permitem a compostagem dos dejetos. Este banheiro funciona da seguinte maneira: embaixo da privada há um caixote com inclinação para permitir aos dejetos descerem e se aglomerarem no final
Corte esquemático
do compartimento. A cada vez que uma pessoa utiliza o banheiro, no final, ao invés de dar uma descarga, joga-se uma serragem para que se possa formar o adubo. E para não ficar o cheiro se coloca uma “chaminé” que liga este compartimento com a área externa para que os gases possam ser liberados.
A Green School é uma escola que possibilita uma grande liberdade para os alunos ao permitir que eles escolham suas matérias e nas relações que se têm na escola, entre professores e alunos, nas quais o diálogo acontece de igual para igual sem hierarquia. Essa grande liberdade foi amplificada ao trazer este conceito também para a arquitetura pois quando não se tem paredes17 , pode-se entrar 17
Algumas construções que precisam de mais privacidade têm
e sair nas edificações por onde quiser, deixando o percurso fluido e enriquecendo as diversas experiências que se pode ter ao entrar por diferentes pontos em um mesmo local. E o fato de não ter paredes também dá a liberdade de o aluno estar ou não no lugar.
“Não ter paredes nas salas é basicamente a metáfora da liberdade que você tem. Você pode ir o quão longe quiser. Pode fazer qualquer projeto que quiser, qualquer coisa pela qual esteja interessado. Sempre haverá apoio. E há quase sempre relação com a parte ambiental e a sustentabilidade, pois é disso que o mundo precisa agora. E aqui você acha que, quando está rodeado de natureza, mais pessoas se importam com ela. Porque fora desta bolha de bambu a realidade não é assim. Estamos basicamente em um
paredes, como enfermaria, escritório do diretor, banheiro de compostagem, o centro de apoio de aprendizagem ao aluno entre outros.
Banheiro
Sistema de compostagem: desenho da autora a partir da imagem do site printerest: https://br.pinterest.com/ pin/420101471475455961/
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1 Usuário 2 Usuário
Fonte: Desenho escritório IBUKU com inserção da autora
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Equidade ambiente que nos incentiva a tornar todos os outros lugares parecidos com a Green School” Ruby Bouke, aluna. (Educação, natureza e sustentabilidade / Destino Educação – Escolas inovadoras (Bali), canal Futura https://www.youtube.com/watch?v=ixeF84BLRj4 acesso em 25/09/2020 as 16:07)
O fato de não ter paredes mostra não só a liberdade que os alunos podem ter, mas a força que eles têm para alcançar seus sonhos. Outro ponto também importante para a escola que se reforça ao não ter paredes é a sustentabili-
Fonte: IBUKU https://ibuku.com/
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dade, pois a sua ausência permite uma maior conexão com a natureza e assim os alunos estão com ela sempre por perto lembrando de sua importância. Além de não ter paredes, outro aspecto da escola que aumenta a liberdade dos alunos é o grande terreno no qual a escola se encontra que proporciona uma riqueza de situações, como a de um grande campo aberto ou a de uma mata fechada ou a de um rio. Isso permite que diversas atividades possam acontecer no espaço.
Foto: Carol Da Rival / Divulgação Foto: Teline Vicenzi / Green School http://g1.globo.com/educacao/noticia/2016/04/brasileira-da-aulas-na-escola-mais-verde-do-planeta-na-indonesia.html
A Green School tem um currículo no qual muitas das atividades têm como modo de aprendizagem a ação. Essa forma de ensinar juntamente com o amplo espaço da escola, que permite um grande gasto de energia por possibilitar correr em grandes gramados, subir em árvores entre outras atividades, apresenta uma boa adaptação para os alunos com TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Segundo o Instituto Neuro Saber, o exercício ajuda a todas as crianças, e principalmente àquelas com TDAH, no desempenho na escola, tendo uma melhora da memória, da concentração dentre outros. A escola tem uma equidade cultural, pois ela não apresenta exclusividade em uma única cultura, mas valoriza as diversas culturas. Por a escola ter espaços amplos nas suas construções, já que estas não são subdivididas por paredes, e uma diversidade de espaço natural, como foi apresentado no subcapitulo natureza, possibilita uma ampla gama de atividades como a luta marcial local chamada Mepantigan18 , que precisa de um poço de lama para ser 18 “Arte Marcial Mistica. Focada não só na luta e na vitória, mas também na autodefesa, na autodisciplina e na autoconfian-
realizada. Na escola há uma grande troca entre as culturas, criando um respeito pela diversidade cultural, e ao mesmo tempo há uma valorização da cultura local. Sendo uma escola fundada por uma americana e um canadense e por ter muitos alunos de fora poderia acabar se desconectando do local que ela foi implantada. Portanto esta valorização não é de forma impositiva, mas para que conectem com o lugar que estão e conheçam uma nova cultura. ça. E também se conecta com a natureza através da lama.” ((Educação, natureza e sustentabilidade / Destino Educação – Escolas inovadoras (Bali), canal Futura https://www.youtube.com/watch?v=ixeF84BLRj4 acesso em 25 set. 2020)
Fonte: print do vídeo ((Educação, natureza e sustentabilidade / Destino Educação – Escolas inovadoras (Bali), canal Futura https://www.youtube.com/watch?v=ixeF84BLRj4 acesso em 25 set. 2020)
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Cor Para os pequenos, assim como nas demais escolas mostradas neste trabalho, apresenta um mobiliário adequado à sua altura proporcionando independência aos alunos e que eles possam usufruir do mobiliário sem causar lesões por estarem apropriados às suas medidas. Nesta imagem é possível ver a preocupação de não usar móveis com quinas nos ambientes para as crianças menores para não se machucarem.
Fonte: Ibuku https://ibuku.com/
A cor utilizada no ambiente da escola está diretamente ligada ao princípio de sustentabilidade. Os matizes são todos provenientes do próprio material utilizado, o bambu, sem nenhuma adição de pigmento artificial. Os mobiliários que possuem tecido têm seu pigmento em tons terrosos e os que saem um pouco destes tons estão em conversa com este grupo de cores. Assim o ambiente reforça e deixa mais próxima esta filosofia de sustentabilidade aos usuários, ajudando-os a se conscientizarem das questões do meio ambiente. “If we want children to flourish... we need to give them time to connect with nature and love the Earth
before we ask them to save it”19 (SOBEL, David) Abaixo temos uma paleta dos ambientes internos da escola e depois uma paleta de um ambiente externo ao redor da escola para mostrar esta proximidade dos tons de matizes.
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Livre tradução: Se queremos que as crianças floresçam... nós precisamos dar a elas tempo para se conectarem com a natureza e amarem a Terra antes de pedirmos a elas que a salvem. Retirado de HAZZARD, Marian, HAZZARD, Ed, ERICKSON, Sheryl. The Green School Effect: An Exploration of the Influence of Place, Space and Environment on Teaching and Learning at Green School, Bali, Indonesia
Fonte: Green school, disponível em: : https://www.greenschool.org/insights/ how-we-do-numbers-in-the-jungle/ com intervenção da autora
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Diretrizes As cores têm diversos significados em cada cultura, pois sua associação é distinta para cada povo. Assim esta neutralidade das cores também contribui para a multiculturalidade que a escola tem.
“É importante verificar as condições do ambiente construído após determinado tempo de uso para analisar os aspectos positivos e negativos e estas funcionam como retro alimentação para futuros projetos semelhantes.” (Ministério da Educação Secretaria da Educação Infantil e Fundamental, Padrões de infraestrutura para as instituições de educação infantil e Parâmetro de qualidade para a educação infantil).
A partir desta ideia da importância de se conhecer o que já existe para se criar um novo foi feita a análise destas
quatro escolas para compreender aspectos importantes que devem ser pensados ao se realizar o projeto de uma escola. Após este levantamento foram organizado e enfatizados aspectos relevantes de serem considerados em um projeto escolar e listadas formas de resolver e criadas soluções em mobilíario e comunicação. Seguindo a mesma estrutura do estudo das escolas (liberdade, cores, acessibilidade/ equidade e natureza) serão mostradas as conclusões e ideias que surgiram a partir deste estudo.
Fonte: Green school, disponível em: : https://www.greenschool.org/insights/ how-we-do-numbers-in-the-jungle/ com intervenção da autora
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Natureza Na escola, por ser um espaço de aprendizado, é muito importante que se fale sobre as questões ambientais, pois se estas não forem cuidadas teremos um desastre incorrigível. Mas é muito importante que além de ensinar verbalmente a escola realize ações. Ao colocar o ensino em prática não apenas facilita ao estudante compreender a matéria como estará também fazendo a sua parte na questão ambiental. O Brasil está fazendo parte da Agenda 2030 para a qual vários países se reuniram e colocaram 17 metas para serem cumpridas até 2030, para que não haja danos ambientais catastróficos. Nesta agenda colocaram metas para a questão da água, da energia e da agricultura sustentável. É importante que as escolas realizem ações nesta direção para que estes objetivos possam ser alcançados. A partir dos exemplos das escolas estudas temos algumas diretrizes do que a escola pode fazer para contribuir para um planeta mais sustentável. A água, apesar de ser algo que se renova com as chuvas, seu ciclo de renovação leva um tempo. Se não tomar cuidado com o consumo pode
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se gastar de uma forma mais acelerada do que ela pode se renovar. Para que isso não aconteça é muito importante que não haja o desperdício da água. Uma forma que a escola tem de ajudar a não ter este desperdiço é fazer o reuso da água da chuva a partir da captação por meio de cisternas. Algumas cisternas são de simples instalação e podem ser aplicadas mesmo em escolas já existentes. Por estas cisternas terem um processo de limpeza da água é possível utilizar a água para limpeza da escola, e rega das plantas. Escolas que possuem uma boa iluminação natural e ventilação natural estão contribuindo para que haja um menor consumo energético, pois estas escolas não precisarão, ou se precisarem será em uma escala menor, utilizar da luz artificial, do ar-condicionado e ventilador. Além disso, segundo o artigo da Franciely Antunes Grou e Virgínia Celia Costa Marcelo publicado na revista de iniciação cientifica da UNESC a iluminação natural traz muitos benefícios para o estudante, como aumentar a produção de vitamina D, diminuir a formação anormal de ossos, melhorar a qualidade do sono, diminuir o stress, aumentar a atividade cerebral entre ou-
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tros. Para prover uma boa iluminação e ventilação natural é preciso ter grandes aberturas como janelas e portas. Para que haja uma melhor ventilação é necessário que haja duas aberturas, sendo elas opostas seu efeito é mais eficiente. Para escolas, como é o caso da Wish School e da Builders, em que uma das faces ou mais estejam no limite do terreno, uma solução que vimos nos capítulos anteriores é fazer aberturas zenitais. Mas é importante que estas aberturas tenham um tratamento e/ ou uma dimensão que não faça o ambiente se tornar uma estufa. Por estarmos em um país tropical precisamos tomar cuidado com a quantidade de vidros fixos principalmente em ambientes que precisem ficar fechados para certas atividades na escola pois, apesar de contribuir para a questão da iluminação artificial, acabará prejudicando na questão climática aumentando o consumo do ar-condicionado e ventilador. A realização de compostagem é uma forma de reutilizar algo que seria descartado e trazê-lo para o seu meio de origem fechando assim um ciclo. Há vários tipos de compostagem. Como vimos, tem o que é utilizado na
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Green School no qual se faz a compostagem dos dejetos humanos, e tem a compostagem utilizada na Builder de mais fácil aplicação imediata, que é a compostagem de restos de alimentos. Esta compostagem não exige grandes espaços nem reformas no espaço. Basta ter recipientes proporcionais ao consumo da escola em que se possa colocar terra, os restos de alimentos e minhoca para acelerar a compostagem. Com a compostagem realizada, o resíduo se torna adubo e pode ser utilizado pela escola para fertilizar o solo e, caso se produza mais do que o necessário para a escola, este pode ser distribuído para a comunidade como ocorre na Builders. Além da compostagem é importante que as escolas adiram à reciclagem separando os lixos e levando para um lugar de coleta, ou que haja uma coleta na própria escola, para que os materiais inorgânicos não virem lixo, mas possam ser transformados e reusados de outra forma. Uma reciclagem que é viável fazer na própria escola pelos alunos é a reciclagem do papel. Para isso é preciso ter os equipamentos necessários como uma peneira no formato do papel desejado. Quanto
ao espaço, não se exige grandes transformações. A única área que seria mais específica seria um local para secar o conteúdo que está na peneira para que vire papel, pois o resto da atividade pode ser facilmente executado em uma sala comum. A presença da horta é importante para o aprendizado da criança, pois, como falado anteriormente, ela, de forma prática, ajuda no aprendizado das crianças nas questões ambientais, de sustentabilidade e na compreensão do ciclo do alimento e seu desenvolvimento. Ela também tira os alunos da sala de aula e permite este contato físico com a natureza, o que é muito benéfico para a saúde mental dos alunos. Escolas que estão no meio da cidade e possuem pouca área livre podem procurar soluções como hortas nas lajes de cobertura, como visto na escola Builders. Se por algum motivo não for possível nem na cobertura a presença de uma horta, uma solução possível seria plantar uma árvore ou arbusto frutífero para que os alunos possam entender
melhor de onde vem os alimentos e também, como a horta, pode servir para falar de questões ecológicas com os alunos. Sempre que possível é importante que exista na escola uma área verde para que a criança possa correr, subir em cima de uma árvore, gastar sua energia. Assim, quando voltar para os estudos estará mais concentrada. Além disso, estudos feitos pela Universidade de Chiba e pela Escola Médica Nippon, em Tóquio, mostram que o contato com a natureza pode diminuir a pressão arterial e a frequência cardíaca, fortalecer o sistema imunológico, e diminuir os sintomas do estresse. (essa informação foi retirada do site da Medlley, https://www.medley.com.br/blog/saude-mental/beneficios-contato-com-natureza). Para escolas que não possuem este espaço uma alternativa, se possível, é fazer uma área verde na cobertura como também foi sugerido para a horta.
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Liberdade A liberdade das crianças e sua autonomia, conforme é possível em cada idade, são muito importantes para seu desenvolvimento e para que o processo da aprendizagem seja mais gostoso e mais efetivo. Olhando este conceito de liberdade e como a arquitetura pode contribuir para isso foram pensados alguns aspectos que poderiam ser levados em consideração e algumas formas que poderiam ser implementadas em uma escola. Um deles é relativo aos ambientes que não precisam de um acesso mais controlado como laboratórios, cozinha entre outros, terem pelo menos dois acessos e, preferencialmente, não no mesmo lado. isto permite que as pessoas possam circular de uma forma fluida e criar caminhos distintos para se chegar a um mesmo lugar, exercitando assim o cérebro por não entrar no automático da mesmice. Além disso, permite à pessoa ver um mesmo ambiente de outro aspecto, ampliando sua visão e sua compreensão espacial. É interessante que um destes acessos tenha porta camarão ou de correr com grande abertura, pois permite integrar dois espaços e realizar novas configurações que sejam mais adequadas às atividades propostas. A ausência de corredo-
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res também possibilita liberdade aos alunos, pois estes elementos estreitos controlam, como bem diz a Regina Steure, e também conduzem a uma forma de percorrer, retirando a escolha do usuário. Thornburg (2004) criou uma teoria para um novo sistema educacional em que divide os espaços de aprendizagem em três metáforas: “1. Campfires (fogueiras): metáfora da fogueira que designa lugares de reunião em torno de um contador de histórias. Sobressai a figura do professor que compartilha seu conhecimento com os alunos. 2. Watering hole (poço d ́água): metáfora de uma fonte onde todos vão em algum momento para tomar água, lugar, portanto, da troca de informação, do compartilhamento de conhecimento. 3. Cave (caverna): metáfora que relaciona o espaço de uma caverna com o ambiente onde entramos em contato com nós mesmos, ou seja, o espaço individual, para refletir e estudar (THORNBURG, 2004).” (Trecho retirado do texto O design em estratégias de aprendizagem escolar)
A partir destes espaços foram pensados ambientes e mobiliários que criassem o ambiente propício para estas 105
atmosferas acontecerem. Um dos ambientes pensados foi o nicho em uma parede que pode gerar um espaço de maior introspecção para uma atividade como leitura ou tarefa individual ou qualquer outra que exija esta mesma atmosfera de introspecção. Estes nichos, em momentos que não sejam necessários, po-
dem virar um espaço de guardar materiais. Caso o projeto seja realizado em uma escola ja existente, é possivel criar-se caixotes de tres lados, que fixados à parede, criam estes nichos. Dessa forma, é possivel criar-se este espaço de recolhimento sem grandes obras.
Como mobiliário, foi criado um banco que pode mudar sua altura transformando-se em um apoio, como uma mesa baixa para as atividades realizadas no chão. Acompanhando este móvel, pode haver um colchão que pode ser
usado tanto para as crianças se deitarem como para colocar na parede e servir de apoio às costas ao sentar-se no chão. Estas são algumas formas que estes elementos podem ser usados, mas também não são as únicas.
Fonte: Proposta da autora
Fonte: Proposta da autora
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Outro mobiliário criado foi a mesa. Ela foi pensada em dois tamanhos e de uma forma irregular para gerar condições diferentes para os usuários, assim eles têm a possibilidade de escolher a melhor forma que querem para cada situação. A mesa menor pode ser usada para uma atividade mais individual ou até em dupla. E a mesa maior comporta grupos de até cinco pessoas. Além de serem irregulares, as mesas foram pensadas para terem mútiplas formas de serem agrupadas para poder permitir a união de número diverso de pessoas. Esta irregularidade gera momentos de maior proximidade com a pessoa ao lado que podem ser necessários ao compartilhar uma leitura em conjunto, ou quando forem mexer em um mesmo material. Mas também gera, em outros momentos, afastamento, para quando, mesmo em um trabalho em grupo, precise fazer uma tarefa mais individual; ou mesmo se o trabalho tem grandes dimensões e é necessária uma superfície maior para apoiá-lo. Essas são algumas possibilidades e condições que a mesa pode permitir, mas com a criatividade do usuário, estas não são as únicas. Pensando na liberdade, um outro conceito que anda
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muito próximo a este, que também foi levado em consideração para que a liberdade oferecida através deste mobiliário fosse total, foi o conceito de equidade. Para isto foi pensado em uma mesa que pode se acoplar a esta e de fácil encaixe para pessoas que usam cadeira de rodas e para que professores possam se sentar em uma altura adequada e confortável para eles (importante lembrar que como o foco deste trabalho são as crianças do ensino fundamental I, as alturas dos mobiliários formam adequadas à altura desta faixa etária dos 7 aos 9 anos que, segundo a Unimed tem de 1,14 a 1,24m). Esta mesa é composta de um tampo, dois perfis "C" que se encaixam na lateral da mesa e, por meio de um pino de pressão em cada um destes perfis, o faz se fixar à mesa. A mesa foi pensada com pontas arredondadas para evitar acidentes gerando um maior conforto para os usuários e que acaba resultando em uma maior autonomia e liberdade.
Fonte: Proposta da autora
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Fonte: Proposta da autora
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Fonte: Proposta da autora
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Equidade Segundo Hutmacher (2001), equidade está relacionada com a distribuição/ aquisição justa de recursos. Isso é, cada pessoa tem suas características próprias que farão com que se desenvolva de uma maneira distintas às outras. Cabe à escola olhar estas características e fazer com que a criança se desenvolva da melhor maneira possível. Isso seria feito disponibilizando-se os recursos adequados às suas características para que haja um crescimento coerente com as suas potencialidades. Em 2015 foi sancionada a lei número 13.146 que diz “Art.10- É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Art.28- Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: I - Sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida”.
Fonte: Proposta da autora
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Portanto toda escola deveria aceitar todos os tipos de criança gerando a inclusão. A educação inclusiva é mui-
to importante tanto para o educando com deficiência como o sem. Uma pessoa com deficiência,20 ao conviver com as outras crianças, começa a ser enxergada na sociedade e entendida, com isso a criança pode ter um melhor desenvolvimento. E as crianças sem a deficiência, quando convivem com uma criança com deficiência elas aprendem a ver o outro e aceitá-lo e assim como qualquer criança, as com deficiências tem seus pontos fortes e com eles as outras crianças também vão poder aprender. No ano de 2020 saiu o decreto Federal No 10.50221 em que a família pode escolher colocar a criança em uma escola inclusiva ou especial. Dessa forma retira a obrigação, do Estado de prover uma educação de equidade para as crianças com deficiência as incluindo na sociedade. Segundo Eucia Beatriz Lopes Petean, professora da Faculdade 20 “O texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, em 2006, estabeleceu a terminologia mais apropriada: pessoas com deficiência.”(ROCHA, Fabiana Esperança, portal educação Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/ conteudo/artigos/psicologia/qual-o-termo-certo/54811> ) 21 Em 12/2020 Toffoli suspende este decreto temporariamente, o qual será submetido a referendo nos próximos dias.
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de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. “Essa proposta é um retrocesso, porque volta à política existente nos anos 1980, da integração (...) A política da inclusão foi uma conquista de famílias e profissionais que militam na causa da deficiência. Essa política, como proposta, abre o precedente da escolha e com isso desobriga o sistema de se reestruturar e de se adaptar para oferecer educação de qualidade para todos.”
Por isso é importante que a sociedade, isso inclui os arquitetos, pensem escolas que abarquem todas as crianças dando a elas os suportes que elas merecem para que possam se desenvolver cada uma à sua maneira. Na tentativa de pensar escolas mais inclusivas foram geradas algumas diretrizes para realização de obras ou intervenções em escolas possiveis de ser executadas. A acessibilidade é muito importante em uma escola. Permitir que todos possam entrar e circular pela escola sem qualquer dificuldade. Para isso é importante que, além das escadas, se tenham rampas. Segundo a norma NBR9050, com rampas de inclinação de 6,25% até 114
8,33% é possível vencer um desnível de até 12m tendo que ter um patamar a cada 0,8m de altura; inclinação acima de 5% até 6,25% pode ser usada para vencer qualquer desnível, mas cada segmento pode ter no máximo 1m; já com uma inclinação de 5% é possível ter segmentos de até 1,5m. É aceitável construir uma rampa de inclinação de até 12,5% quando se está fazendo uma reforma e não é possível realizar uma rampa de 8,33%. Neste caso, rampas com inclinação acima de 8,33% até 10% é possível vencer um desnível máximo de 0,8m com um segmento vencendo no máximo 0,2m de altura. Já as rampas que forem acima de 10% até 12,5% podem ter um desnível máximo de 0,075m. Como uma outra opção para complementar a rampa, tem-se o elevador, este pode substituir as rampas quando for mais adequado e conveniente para todos. Mas em casos que aparentemente pareça não ser possível colocar uma rampa, mas esta seja importante por poder criar visuais interessantes que expandirão as formas de ver do estudante, é necessário usar da criatividade antes de considerar isso como uma verdade e resolver a questão de uma forma rápida e direta colocando o elevador, como na escola Wish com um projeto arquitetô-
nico que cria patamares largos na rampa que se consolidam como espaço de estar. Em escolas que já estão prontas e não apresentam muitos recursos para uma obra têm como opção colocar uma plataforma elevatória na escada. Essa pode ser uma opção também implementada para complementar a opção do elevador e/ou rampa para permitir que crianças que não conseguem subir ou descer uma escada possam ter mais de uma opção para vencer o desnível dando a elas também uma liberdade de escolha. Usar cores contrastantes nos elementos arquitetônicos como já foi apresentado no tema das cores no capítulo da Wish School, é importante para que as pessoas que possuem baixa visão possam se localizar no espaço sabendo diferenciar piso, teto, parede, porta, entre outros elementos que possam facilitar sua locomoção pelo espaço com segurança. Móvel com a medida adequada à idade que irá atender. É muito importante que os móveis sejam adequados para a faixa etária que irá usá-lo inclusive para os que usam cadeiras de rodas. Por isso em uma sala para pequenos é
importante que os móveis tenham as dimensões apropriadas para ambos para que não ocorra nenhuma contusão e para que as crianças tenham total autonomia e possam se desenvolver sem a dependência de um adulto. Mas além de atender aos estudantes estes espaços também precisam atender aos professores na cadeira, na carteira, no bebedouro, na privada e em outros instrumentos que vão usar para que não sofram contusões por uso de um móvel inadequado para a sua faixa etária. Sempre que possível é muito importante ter grandes espaços abertos com áreas verdes para o desenvolvimento das criança, tanto as com, como as sem deficiência. Um dos grandes benefícios que este contato com a natureza pode trazer é o desenvolvimento motor. Temos como um exemplo o relato da Isabela Abreu sobre uma das crianças que frequentou a ONG Grupo Terra. “Tivemos uma criança com comprometimento motor, por exemplo, e vimos muita diferença a cada passeio que ela participava. Ela corria com mais firmeza, se soltava, subia e descia escadas com mais segurança. Tinha mais confiança no caminhar. O am-
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biente ao ar livre proporciona isso: o piso irregular, ter que ultrapassar troncos de árvores, encontrar barreiras naturais no caminho, desenvolve uma habilidade motora e de firmeza no corpo da criança. Esta menina no início caía a cada passo, depois se equilibrava melhor, e depois passou a descer os degraus na floresta sozinha. Em crianças com qualquer tipo de comprometimento, a influência do ambiente é sempre mais nítida. Nas outras é muito sutil, não se percebe tão rápido: você sabe que faz bem, mas não consegue ver tão explicitamente.”
Nesta citação podemos ver como é importante este contato da natureza com a criança, principalmente aquelas que possuem algum comprometimento. Estas áreas verdes também servem como um lugar para as crianças despenderem suas energias subindo em árvores, correndo, entre outras atividades, e isso ajudará para que nas atividades em que as crianças precisem de atenção e ou estar em estado de repouso físico consigam fazê-lo. Cultura é algo muito importante de se desenvolver na criança para expandir seus horizontes e ensinar a cultura de outros países pode-se fazer através de atividades mais práticas, como aprender a cozinhar um alimento, a dançar uma dança típica, ver filmes do lugar, fazer teatro entre outras. 116
Essas atividades possibilitam às crianças entrarem em contato e desenvolverem outras habilidades que não só aquelas trabalhadas em um currículo tradicional, de forma que aqueles que não possuem facilidade nas habilidades exigidas pelas atividades tradicionais possam encontrar suas destrezas e isso ajudará com que melhore a auto estima do estudante. Para proporcionar estes tipos de atividades é importante que exista na escola espaços adequados. Para atividades deste tipo são necessários espaços amplos e sem um uso muito definido para que eles possam se adequar à atividade que será realizada. É importante que nas escolas tenha esta flexibilidade dos espaços para que eles possam ir se adequando à reformulação da grade curricular. Além das rampas e elevadores como ferramentas de acessibilidade é importante que a escola tenha o piso tátil para que as crianças cegas possam se deslocar pela escola com autonomia e segurança, sabendo onde estão as portas, degraus e qualquer outra irregularidade espacial. A maçaneta também precisa ser pensada em uma escola. Segundo o manual de acessibili-
dade espacial para as escolas, do Ministério da Educação: é importante que ela seja de alavanca e com um comprimento grande, por volta de 10 cm (sugerido pelo site acessibilidade na prática) para que os usuários que possuem pouca força consigam abrir. Esse tipo de maçaneta também facilita a abertura para aquelas pessoas que não possuem mão. É importante que as escolas pensem em uma programação visual acessível a todos. A partir de dicas presentes no manual de acessibilidade espacial para a escola, apresenta-se aqui uma alternativa de placa de sinalização de ambientes. Nesta placa deve-se ter o nome do espaço escrito por extenso em uma letra de fácil leitura e com um
tamanho adequado para ser lida a meia distância. Embaixo deve ter uma imagem ilustrativa deste ambiente para que as pessoas que não sabem ler sejam capazes de compreender o que acontece em cada ambiente. Por último, embaixo, deve-se ter escrito o nome da sala em Braille para que os cegos também possam se localizar. Pensando em uma escola que atenda crianças desde os 5 anos esta placa deve estar fixada com sua parte superior por volta do 1,08m do chão e sua parte mais baixa por volta do 0,88m do chão, com pouca variedade desta altura para que seja possível que todos, independente da sua faixa etária, consigam ver a placa e ler o Braille com facilidade. Abaixo há um exemplo para uma sala de música.
Música
Fonte: Compilação da autora
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Cor A cor é um elemento muito importante no espaço e muito potente. Ela é capaz de fazer você se sentir confortável em um ambiente e até deixá-lo impossível de habitar. Por isso a escolha da cor e de sua proporção em cada ambiente deve ser muito cuidadosa. O matiz pode estar presente no ambiente de duas formas: na cor pigmento e na cor luz. A cor pigmento pode contribuir para criar uma ambientação ou pode reforçar uma mensagem que se está querendo passar em uma sinalização na escola. Cada cor dá um gatilho a um sentimento ou sensação. Essas são variáveis conforme o local que estão inseridas e as vivências anteriores. Como estamos no ocidente tratarei da visão ocidental das cores. O projeto sendo inserido no oriente é importante ter um estudo do que cada cor significa para esta cultura em que será inserido. As cores podem variar de intensidade e brilho. Uma cor pigmento em que vai se adicionando o branco vai perdendo a sua intensidade e começa a ficar em tons mais pastéis. Estas cores mais claras refletem melhor a luz, deixam o ambiente mais claro e com a sensação de ser mais amplo do que se usasse cores mais escuras.
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Uma cor que é boa de se ter em uma sala de aula é o verde22 que ajuda na concentração e tranquiliza. O azul23 é outra cor que também tranquiliza, além disso ativa a imaginação. O vermelho é uma cor de ação que deixa as pessoas em alerta, portanto é mais adequado para ambientes de esporte e qualquer outro que precise destas características. O marrom é uma cor neutra que vai variar conforme o pigmento que predominar. Quando for mais para o vermelho como acontece em tijolos e muitos barros, a tendência é deixar o ambiente mais quente e acolhedor. O amarelo, assim como o vermelho, é uma cor quente que precisa saber usar sua intensidade e brilho para deixar o ambiente de uma forma agradável de se habitar sem estressar o usuário. O violeta é uma cor que pode contribuir em ambientes onde se pratica uma atividade de conexão como uma yoga. Ele também se encaixa para ambientes das salas de aula, pois esta cor representa o equilíbrio por ela ser formada de uma cor quente, o vermelho, e uma cor fria, o azul. Quando a 22 Explicação do significado da cor no subcapitulo cor no capítulo Builders na página 80.
23 Explicação do significado da cor no subcapitulo cor no capítulo Builders na página 79.
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Conclusão cor é formada por a mesma quantidade dos dois pigmentos tem-se o equilíbrio. Se não tiverem as mesmas proporções o violeta se remeterá mais à cor que tiver em predominância. “É o violeta a cor da temperança. Reúne as qualidades das cores que lhe dão origem (vermelho e azul), simbolizando a lucidez, a ação refletida, o equilíbrio entre a terra e o céu, os sentidos e o espírito, a paixão e a inteligência, o amor e a sabedoria.” (PEDROSA, Israel).
Cores mais vibrantes
Compreender como as cores influenciam na psiquê humana pode auxiliar arquitetos a definir as cores mais adequadas a cada situação. Por exemplo o vermelho em uma placa de saída de emergência ou o verde atrelado com imagens e palavras de reciclagem, já que como anteriormente foi mencionado é uma cor que está ligada à sustentabilidade. Ou como vimos na Wish o uso de cores contrastantes em cada elemento arquitetônico pode ajudar as pessoas de baixa visão a compreenderem melhor o ambiente e desta forma poder transitar por ele com uma maior facilidade. A cor luz tem uma força maior que a cor pigmento para criar uma atmosfera, já que tudo que é banhado por ela ganhará este matiz alterando a cor dos objetos que a recebem. Com esta compreensão de significado, brilho, e intensidade é possível utilizar esta ferramenta da cor para agregar no ambiente criado.
Cores pasteis
Após a análise das escolas e pesquisas no tema confirmo a importância da arquitetura como contribuição para o ensino escolar. A partir desta pesquisa criei as diretrizes anteriores, as quais foram pensadas de forma ampla para que possam ser executadas tanto em novas escolas como em reformas, mas mais que isso, que possam ser usadas tanto em escolas particulares como escolas públicas. Este trabalho não apresenta uma escola pública o que é realmente uma pena. Hoje em dia no Brasil são poucas escolas públicas que se destacam como uma escola inovadora na forma de ensinar. Uma das poucas é a Escola Amorim Lima que usa da mesma pedagogia do Projeto Âncora que é a pedagogia da Ponte. Como já conhecia o projeto da Amorim Lima por ter tido uma amiga que estudou lá, e por ter trabalhos realizados na faculdade sobre ela, resolvi escolher uma escola que eu ainda não conhecia e poder agregar bagagem na minha formação e para os
demais. Como o Projeto Âncora também atende o mesmo público que o Amorim Lima apesar de não ser uma escola pública, acredito que esta mudança não foi prejudicial, mas sim muito agregador. As escolas públicas brasileiras ainda precisam avançar na questão de pedagogia inovadora e equidade. Espero que estas diretrizes criadas possam contribuir para se por esta questão em evidência com algumas soluções podendo trazer luz a este tema para mais pessoas e que um dia possam ser usadas nas escolas públicas. O fato de que o nosso ensino está em geral muito atrasado cada dia fica mais em evidência. Desejo que um dia possa ser feito um trabalho de escolas referência em inovação na pedagogia e exemplo em equidade com apenas escolas públicas brasileiras. Na próxima página trago novamente a tabela apresentada na introdução como um resumo geral do trabalho.
Fonte: Compilação da autora
Cores com mais pigmento branco 120
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Natureza
Liberdade
Equidade
Cores
Projeto âncora * Área verde *Horta
Builders *Reaproveitamento de água da chuva *Compostagem *Reciclagem * Iluminação e ventilação natural *Abundância de espaço em *Ter mais de uma porta nos *Horta * Portas grandes relação a quantidade de ambientes. *Divisória com cortina usuários . *Painéis pivotantes. *Móveis flexíveis
*Grandes àreas livres verdes *Espaço do circo *Móveis com escala adequada para as crianças
*Construção: maioria cores frias na parte interna, só na área dos pequenos a casinha tem cores quentes nos ambientes. *O circo que é colorido e vibrante é um foco de cores do espaço e da pedagogia (lugar de transformação)
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Wish School *Iluminação natural: Claraboia *Bastante abertura permitindo uma ventilação natural
*Rampa e escada *Elevador e rampa *Pia sem móvel embaixo ou * Móveis adequados à suspensa altura dos usuários *Cores contrastantes *Moveis com altura adequada à faixa etária atendida
*Cores contrastantes ajudando as pessoas com baixa visão *Cores delimitam ambientes
Green School *Sem paredes para iluminação e ventilação natural *Painel solar *Compostagem *Mata *Sem paredes *Diversidade de espaços de qualidade
Diretrizes *Reuso da água de chuva *Iluminação natural *Ventilação natural *Reciclagem *Compostagem *Horta e/ou planta frutifera *Área verde *Ter mais de uma porta *Porta grande para a integração de dois ambientes *Colchão *Banquinho / mesa * *Mesa * *Nicho * * desenho autora *Espaço com diversidade *Rampa e/ ou elevador cultural *Cores contrastantes *Grandes espaços livres *Móvel com a medida adequada à verdes idade que irá atender * Diversidade cultural *Móveis com escala adequada para as crianças * Grandes àreas livres verdes *Maçanetas adequadas *Piso tátil *Placas sinalizando o ambiente
*Cores para criar uma *Cores da natureza criam o atmosfera clima e o ambiente que a *Cores para passar uma escola valoriza mensagem
*Cores para se passar uma atmosfera: Cores quentes, acolhedoras; cores mais frias, tranquilidade *Cor para sinalizar.
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