Soberba mãe de todos os pecados
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• A publicidade estimula? • Sem77 distinção social • A vaidade alheia
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Mãe de todos os pecados Rafael Correia
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soberba geralmente é considerada como mãe de todos os vícios e, em dependência dela, se situam os sete pecados capitais, dentre os quais a vaidade é o que lhe é mais próximo: pois esta visa manifestar a excelência pretendida pela soberba, e, portanto, todas as filhas da vaidade têm afinidade com a soberba” (De Malo 9, 3, ad 1). Va i d a d e , o r g u l h o , v a n g l ó r i a . . . E i s a m i s t u r a perfeita para se obter o “pecado supra-capital”. Entre os pecados capitais, o padre dominicano, teólogo e filósofo São Tomás de Aquino - considerado um dos mais conceituados estudiosos e pensadores cristãos – destaca aquele que seria o pecado mater, a origem de todos os demais: a soberba. De acordo com os ensinamentos da Igreja Católica, até mesmo o inferno seria fruto desse pecado. Como? Com o anjo caído, Lúcifer, que teria se subjugado acima de Deus, o seu próprio criador. Em outras palavras, a soberba nada mais é do que a excelência. A ideia de que o homem pode se colocar acima dos demais. E é nesse contexto que, segundo São Tomás, a vaidade e o orgulho se encaixam. Os pecados capitais foram formalizados no século VI, pelo Papa Gregório Magno, que, baseado nas Epístolas de São Paulo, enumerou sete vícios capitais. Porém, a origem da denominação “soberba” data de 535 a.C. a 496 a.C., quando Lucius Tarquinius Superbus era o governador de Roma. Segundo a obra Ab urbe condita, do historiador Tito Livio (59 a.C.), Tarquinius eliminou e desterrou todos os opositores ao seu governo. Ele teria confiscado os bens de famílias poderosas, recebendo então o título que o marcaria historicamente: “Tarquínio, o Soberbo” (o Orgulhoso), que em grego significava tirano. Em seu artigo, Soberba: conceito exagerado de si pode arruinar a vida, a psicóloga Rosemeire Zago diz que “a pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si os bens que possui”. Segundo ela, pessoas com essa característica têm ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade, e o orgulho excessivo, com conceito elevado ou exagerado de si próprio. Depois disso tudo, alguém ainda duvida de que a soberba é a mãe de todos os pecados? <
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O orgulho e a vaidade na boca de algumas figuras históricas... PECADOS
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Ian robertson
Lidando com a
vaidade alheia
Trabalhar, estudar e conviver com amigos que estão sempre à sombra do orgulho e da soberba pode ser um estresse diário Juliana Justino
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soberba está em todo lugar. Desde o ego do chefe que acredita que seus subordinados são meros peões no seu tabuleiro de xadrez até aquele primo que gasta todo o dinheiro da família em viagens para a Europa e baladas caras na noite paulistana. Todo mundo já teve um colega de trabalho ou amigo que acha que faz tudo melhor do que os outros, que tem a certeza que é mais bonito, mais legal e tem a vida mais interessante. Dificilmente estas pessoas se reconhecem como soberbas, mas quem convive com elas sabe o quanto é difícil esta relação. O publicitário Adriano (nome fictício) vem de uma família de classe média alta, estudou em escola particular e mora em um bairro nobre de Santos. Como é de se esperar, seu círculo de amigos tem o mesmo histórico. No entanto, ele diz que, às vezes, fica chocado com a atitude de alguns colegas. Ele conta que já viu suas amigas dando risada da roupa de
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pessoas mais humildes e amigos que ostentam carros importados, celulares caros e roupas de marcas de luxo. “Tem hora que dá vergonha. Não é porque você tem mais dinheiro ou estudo que é melhor do que alguém. Ninguém é melhor do que ninguém, a gente não precisa disso. Todo mundo tem seus defeitos e qualidades e é preciso respeitar as pessoas”, diz. Adriano diz que até dá
“Tem hora que dá vergonha. Não é porque você tem mais dinheiro ou mais estudo que é melhor do que alguém” Adriano, publicitário uns toques quando é um amigo mais próximo, mas que, no geral, nem se preocupa em tentar mudar a cabeça deles. “A sorberba tem muito a ver com o preconceito. A pessoa co-
meça a achar que pobre é isso, nordestino é aquilo. Acha-se no direito de julgar todo mundo, já que está acima disso tudo no seu mundinho perfeito. Então não adianta discutir”, explica.
Ambiente carregado Normalmente, a família se enquadra em padrões de criação e amigos têm comportamentos parecidos. No trabalho, costuma ser um pouco diferente, pois as pessoas não criam vínculos por afinidade. Elas se aglutinam por funções, departamentos e setores, e acabam interagindo com pessoas que vivem nas mais diversas realidades. Por isso, o ambiente de trabalho é um lugar onde o ‘bichinho da soberba’ gosta de se instalar. Quem vive isso na pele é a analista de tecnologia da informação de uma multinacional alemã, Fátima Nogueira. Ela lida diariamente com estrangeiros que vieram trabalhar no Brasil Divulgação/Shooters club
Acostumado a frequentar festas chiques em baladas caras de São Paulo, Adriano conta que diversas vezes ficou chocado com o comportamento das amigas. Ele diz que as garotas não perdoam quem usa uma roupa barata ou um penteado fora de moda
soberba e está sempre no meio de uma guerra de egos. “Alemão é um povo chato. Engenheiro mais ainda. Juntando estes dois, dá para fundar uma nova religião”, brinca. Segundo Fátima, seus colegas de trabalho passam o tempo todo discutindo quem está mais certo, quem tem o projeto mais caro e quem é mais querido pelo chefe. “Nunca termina. Como cada um acredita ser melhor do que o outro, nunca se chega a uma conclusão e sempre há uma tensão pairando no ambiente”, conclui. Outro constrangimento é a forma com que as pesso-
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as são tratadas por alguns colegas. Para ela, quanto mais alto o cargo, mais a pessoa deveria se preocupar em ser um exemplo para os outros e cativar os funcionários pela admiração. “Eu cresci dentro da empresa desde lá de baixo, conquistando meus cargos e posições com muito trabalho. Por isso, sei o valor de quem está abaixo de mim na hierarquia”. Ela reclama do desrespeito de funcionários mais graduados com alguns subordinados. “Há situações em que um diretor trata um analista como bem entende, como se estivesse
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fazendo um favor por empregar alguém”, afirma.
“Alemão é um povo chato. Engenheiro mais ainda. Juntando estes dois, dá para fundar uma nova religião” Fátima Nogueira, analista de TI Educação Mas a soberba não está presente na vida das pessoas apenas no que se re-
Em alguns casos de soberba no trabalho, como acontece quando um chefe trata mal um de seus subordinados, o episódio pode até transformar o funcionário em motivo de chacota dos colegas
laciona a status social ou condição financeira. A bióloga Carla Braga lembra que passou por maus momentos durante os anos em que cursou a pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). “Estudei muito para ingressar em um bom programa, dentro de uma universidade conceituada, e melhorar o meu currículo, além de aprimorar meus conhecimentos na minha área, mas para os colegas de curso eu nunca estava no mesmo nível. Não era boa o suficiente”, conta. Na turma de Carla, a maioria dos alunos era formada em universidades públicas e não aceitava a concorrência direta com um aluno formado em uma faculdade particular. “Nunca falavam isso na minha cara, mas ficava claro na hora de fazer trabalhos em grupo ou nas discussões de temas científicos. “Sempre se achavam
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Uma das principais características de quem é soberbo e exclui as pessoas que não se encaixam nos seus padrões de convívio é ficar sempre em grupos com outras pessoas que têm as mesmas atitudes. Isso acontece porque a maioria das pessoas se afasta destes grupos por vontade própria Reprodução / Instagram
“No fundo, até me estimulou a ser cada vez melhor e mostrar que sou capaz” Carla Braga, bióloga melhores do que os profissionais que vinham de faculdades pagas”, completa. Ela conta que quando tinha que formar grupos, sempre se sentia como “aquele menino gordinho que é sempre o último a ser escolhido para o time de futebol na escola”. Carla ainda diz que o comportamento dos coleDivulgação/wikihow
gas seria comparado ao bullying, se fossem crianças. “Como já éramos todos adultos graduados, só se passavam por bobos aos olhos dos colegas”, diz. Ela acredita que isso acontece em todas as áreas profissionais, mas não acha que isso possa atrapalhar sua carreira. “Eles se sentiam superiores, mas isso nunca me impediu de continuar
estudando e fazendo o que eu gosto com excelência”. Ela frequentava todas as aulas, tirava boas notas e nunca teve problema com os professores. “No fundo, até me estimulou a ser cada vez melhor e mostrar que sou capaz. Quem passa por isso não pode deixar que a soberba do outro te deixe para baixo”, explica a bióloga<
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STATUS QUE CONSOME SE7E PECADOS
Milhares de consumidores gastam mais dinheiro a cada ano. Até agora, o impulso era o principal culpado. Mas e quando o status fala mais alto?
DIVULGAÇÃO: BURBERRY
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e alguma vez você já comprou algo sem uma boa razão para fazê-lo, então você pode ser vítima do consumismo. E se você pensou que aquele relógio Cartier, a bolsa Louis Vuitton ou um iPhone da Apple fizeram com que você se sentisse melhor sobre si mesmo ou, mais importante ainda, sobre a forma como outras pessoas o vêem, então você também é vítima da soberba. A boa notícia é que não é o único. Aliás, na sociedade pós-moderna em que vivemos, o consumismo é cada vez mais aceito, até mesmo exigido. Justificado pelo hedonismo, nosso estilo de vida é baseado em objetos, utilizados para construir uma identidade pessoal. A função do produto é irrelevante desde que tenha status. Andando em qualquer shopping, é fácil perceber a multiplicação de “lojas de marca”. Todos querem ser um personagem de um anúncio publicitário a qualquer custo. Literalmente. O publicitário Daniel Mason, que trabalha na MCF Consultoria, em São Paulo, explica
como a propaganda influencia o consumidor. “A propaganda é usada no sentido de comunicar os diferenciais do produto e envolver o consumidor no universo da marca de maneira única e que o vincule emocionalmente”, diz.
“A propaganda é usada no sentido de comunicar os diferenciais do produto e envolver o consumidor no universo da marca de maneira única e que o vincule emocionalmente” Daniel Mason É justamente esse vínculo emocional com a marca que justifica a compra, mesmo que feita em 24 vezes sem juros. “Aqui é o único país onde se é possível parcelar a compra de um item de luxo, além de haver um crescimento da renda da classe C. Em termos gerais, o perfil do brasileiro é voltado ao status e à auto-recompensa em diversas formas”, explica. Status já não é algo tão fácil de definir, pois envolve a percepção que as pessoas ao redor
Luis Varela
têm em torno de cada um. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), encomendada pela Agência Brasil, 63,1% das famílias brasileiras se declararam endividadas. Como era de se esperar, 74,5% dos entrevistados culpam o cartão de crédito. Ficou mais fácil gastar dinheiro, o que acaba servindo de argumento para fazê-lo. “É claro que você é tratado de forma diferente, dependendo do que você está vestindo”, diz o universitário César Nascimento. Mas até onde vai esse argumento? “Todo mundo quer frequentar bons restaurantes e ter o celular de última geração, mas você também tem que ser inteligente com o seu dinheiro”. Mais fácil falar do que fazer. Com o aumento no poder aquisitivo do brasileiro, as pessoas têm comprado, viajado e até se endividado mais. Durante uma viagem à Espanha, a assessora de imprensa, Karina Carneiro, não resistiu e terminou comprando tudo por impulso na loja do clube Real Madrid, antes do jogo. “Saí
soberba pegando camisas, canecas, chaveiros. Não vi preço. Lembra daquele programa onde a pessoa tinha um minuto para jogar tudo o que queria no carrinho? Era eu”. Apesar de ter gasto €170 (R$500,00) em questão de minutos, ela não se arrepende. “Se você parar
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e fazer a conversão, acaba não comprando.” Quanto ao status, Karina diz que já presenciou esse tipo de atitude, enquanto fazia compras com uma amiga. Quando questionada se valia a pena gastar mais por algo tão parecido, a amiga justificou que pre-
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feria comprar em determinada loja, mais sofisticada. “Ela pagou a marca, não a necessidade. E é uma coisa que ela realmente não precisava, porque tem 300 blusas no armário que ainda não usou <
Como funciona o
mundo das marcas Há a necesidade ou não de se adquirir um novo produto
Dotado de sua bagagem cultural, o indvíduo encontra pela frente o poderoso mundo das marcas
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O que é hedonismo?
As mais valiosas do mundo
A palavra tem origem no grego “hedône”, que significa prazer. Em nossa sociedade cada vez mais individualista, essa filosofia de vida tem influenciado a forma como consumimos. Hoje, a pergunta não é mais “Eu preciso comprar”? Nós simplesmente afirmamos, tendo em mente o prazer momentâneo. É o caso, por exemplo, da mulher no intervalo do expediente, que vai ao shopping para “aliviar o estresse”. Não é a necessidade, mas a satisfação instantânea que é buscada. A mídia incentiva esse comportamento associando, através de imagens, um conceito de beleza idealizado com produtos de grife.
Essas são as marcas mais procuradas no mercado de luxo, segundo a revista Forbes. A francesa Louis Vuitton permanece no topo há oito anos, enquanto a maioria das empresas, exceto Tiffany & Co. e Ralph Lauren, têm origem européia. 1. Louis Vuitton ($23,58) 2. Gucci ($9,45 bilhões) 3. Hermes ($6,18 bilhões) 4. Cartier ($5,5 bilhões) 5. Tiffany & Co. ($5,16 bilhões) 6. Burberry ($4,34 bilhões) 7. Prada ($4,27 bilhões) 8. Ralph Lauren ($4 bilhões)
É nessa hora que há a influência do meio onde ele vive. Se o produto ou marca em questão, é tendência, logo, deverá ser adquirido
Enfim, o produto foi comprado. E, uma possível dívida desnecessária foi realizada E na soma desses dois fatores surge a possibilidade de escolher um produto além do que o necessário
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A atitude espalhada pelos pais no ambiente familiar influência na maneira de crescer das crianças
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s pais de muitas crianças, ao ler esta matéria, vão dizer que isso “é só uma fase do meu filho” ou podem falar, “mas eu fico com dó de não fazer isso para ele”, mas definitivamente a soberba está ativa dentro das atitudes de muitas crianças nesse mundo pós moderno. Atitudes que muitas vezes são pensadas, sem o conhecimento desta palavra tão difícil e mística: soberba.
EXEMPLO
QUE VEM DE CASA Jean Sgarbi
Crianças começam a se ligar aos bens materiais sem perceber, e os pais influênciam cada vez mais (in)conscientemente
que se pode identificar alguma atitude mais próxima ao que se tem de definição de soberba”, completou.
ponto. Atitudes, movimentos e trejeitos são os pontos mais absorvidos pelas crianças. “Desde uma simples discussão em casa até Mas de onde chegam tais uma cena de novela na TV atitudes, por qual meio as podem influenciar a criança crianças absorvem esse em suas atitudes futuras”. tipo de abordagem. Na infância, mentalizamos muiAtitudes são copiadas de to mais informação do que recentes vivências do cotipor exemplo, quando es- diano, assim que nós cometamos na adolescência, ou çamos a nos comunicar, em até mesmo quando adultos. linguagem corporal e vocal. A diferença é o que enten- As crianças começam a agir demos e levamos para vida diferentemente. Só que a do que se absorve. Este é o grande questão é se tais
Para a psicóloga Barbara Rodrigues, as crianças sentem a necessidade de mostrar o que elas conseguiram de novo. “Ou pelo menos que o outro colega veja que ele está, por exemplo, com um tênis novo”. Dependendo da idade, tudo pode não passar de uma interação social simples, como quando damos uma notícia para um colega por uma mensagem de texto. “Crianças necessitam, muito mais do que nós adultos, de troca de informações entre eles. Alguns procuram menos e outros muito mais. Nesses casos
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Comercial de uma tesoura da Disney chegou a ser proibido de exibição
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atitudes são realmente assimiladas por elas, já que o universo publicitário se aproveitou desta questão, e fez comerciais clássicos como o da tesoura em que a criança fala descaradamente: eu tenho, você não tem!
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Crédito: Alamy
“O que tem de mal nisso? Uma criança brincando com a outra, mesmo que seja por uma tesoura”. Assim, o pai de Caetano Machado, Isaac Machado Dias, policial civil há 5 anos, define o comercial. Apesar de muita gente pensar dessa maneira, o buraco, em brincadeiras desse tipo, é mais em baixo. “ A situação que se cria em cima da criança, que indaga os pais porque Segundo psicóloga, atitudes são um espelho do que é vivido em casa ele não tem a tesoura, por exemplo, afeta toda a famí- preocupar com essa fase a psicóloga Barbara Rodrilia onde o menino está alo- das crianças, isso não é le- gues, que aliás, reconhece que seu próprio jado. A prepotência filho “cria uma se instala nos pais, e soberba com a não na criança, que barra de chouma semana depois, colate comigo, pode voltar a brincar e olha que eu normalmente com o dei a barra para menino.” ele”. Explicada a orgaCrianças são nização da mente de seres inocenuma criança, a preotes, que agem cupação é como evide maneiras estar esse tipo de mal tranhas muitas estar. A resposta é Barbara Rodrigues, vezes. Mas desimples: impossível. vemos sempre As crianças receppsicóloga pensar, que por tam as atitudes de mais estranha pessoas próximas, que seja atitumas também de pessoas que ela gosta. En- vado para vida. Repreender de, elas são reproduzidas, tão pode ser na escola, com é viável, porém, não muito muitas vezes de uma prea atitude de um professor, influenciador nessa hora. A potência adquirida pela faem uma conversa de traba- criança absorve, e depois mília, que também depende lho, nas imagens buscadas cospe, conforme acompa- desse mal exemplo para se de um jogador ou até mes- nha outras coisas no coti- sobressair no meio ambienmo na própria família, com diano. O mínimo é mostrar te onde vive. Quem paga é um tio mais distante. e dar carinho durante o a criança, quem sofre é a “Os pais não devem se convívio no lar”, categoriza família<
“A situação que se cria em cima da criança[...]afeta toda a família onde o menino está alojado. A prepotência se instala nos pais”
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Montanha Russa
da vida
Viver em sociedade impõe algumas regras e metas. Em certos momentos somos surpreendidos com os resultados que buscamos, o que pode ser bom ou ruim, pois nem sempre chegamos ao ponto exato que programamos, no momento exato que queremos. A felicidade é relativa. Estar bem, pode não depender diretamente de quanto dinheiro você tem no bolso, pelo contrário, muitas vezes o dinheiro pode mudar o indivíduo, levando-o a ser quem não é e fazer coisas que não faria sem o ele
Thaigo Costa
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soberba não é privilégio dos ricos. Os pobres também podem experimentá-la e tentar ser o que não são. Não só por meio de bens materiais, pois muitas vezes a pessoa pode se sentir superior aos outros por acreditar que é o melhor no que faz no que decide e na sua capacidade de resolver situações.
viva de que muitas vezes o fim pode ser o começo. Casou-se pela primeira vez aos 17 anos, com um homem 21 anos mais velho, empresário e bem estruturado financeiramente. Viveram juntos durante 19 anos, período a qual ela desfrutou de uma vida de rainha.
Era de classe média baixa até casar com ele. “Daí “A vida nos prega muitas para frente foi um sonho, peças”. Essa foi a última fra- um conto de fadas, que terse de uma longa entrevista, minou de uma hora para transformando-se, de mais de duas horas, com outra, “E” (nome fictício da perso- inicialmente, em um pesanagem que pediu para não delo”, comenta. ser identificada por conta de constrangimentos com Seu marido morreu aos amigos e familiares), prova 57 anos de infarto fulmi-
nante. Ela tinha 36. Em menos de um ano, após a morte do marido, a empresa deixada de herança faliu. “E”, junto com seus dois filhos, um rapaz de 17 anos e uma menina de 11, foi obrigada a vender tudo que tinha para pagar as dívidas. Apartamento duplex em frente à praia, carros importados, além de uma chácara e uma casa de veraneio no Litoral Norte. “Hoje sou uma nova pessoa. Acho que por vir de baixo, sempre fui mais humilde com os pobres. Confesso que, naturalmente, fiquei um pouco mais materialista e, às vezes, até um pouco fria com as pessoas, por me sentir superior
soberba financeiramente. Mas de uma hora para outra, assim como enriqueci, voltei a ser pobre”, reflete E, com lágrimas nos olhos. Aos 41 anos, E relembra seu passado encantador no início do casamento. Tudo era glamour e quem não tinha classe (dinheiro) também era humano, mas “só um pouquinho diferente”. Ela reconhece que já descriminou pessoas em razão de sua condição so-
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cial. “Nunca descriminei postas amizades”. abruptamente, mas já o “Hoje, vivo com meus fiz. Hoje, vejo o quão ridícula fui em alguns mo- filhos e meu novo marido, em uma vida, digamentos”. mos que normal. Não teE lembra também de nho excessos, mas não suas falsas amizades. “Eu passo necessidades. E tinha ‘amigas’, se é que realmente vejo o munposso chamá-las assim, do com outros olhos”. que eram extremamen- Ela reconhece que o dite preconceituosas. Não nheiro subiu-lhe à cabegostavam nem de passar ça. “Acredito que tenha do lado de gente com cara pessoas que consigam de pobre. Depois que per- conviver melhor com esdi meus bens, nunca mais sas mudanças. Eu não fui tive contato com as su- uma delas”, reconhece.
Humildade como antídoto De acordo com o psicólogo Vinicius Rodrigues, a correção da soberba ocorre única e simplesmente por meio da humildade, ou seja, o soberbo vê o mundo começando a partir de si, enquanto o correto seria que ele olhasse ao redor, comparasse, analisasse e traçasse seu caminho individualmente, com virtude e solidariedade. “É agindo com simplicidade que se consegue combater a soberba nas suas mais diversas formas, evitando a ostentação, contendo as vaidades e olhando o mundo não apenas a partir de si, mas principalmente ao seu redor”, comenta.
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A nova classe C a busca pelo status ideal
Pessoas costumam se sentir mais importantes e poderosas quando obtêm o que consideram existir de melhor no mercado. Em contrapartida, ao se deixar levar pela vaidade, algumas incluem a arrogância e o orgulho em suas atitudes
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onsiderado um dos piores entre os sete pecados capitais, a soberba está presente em todas as classes sociais, mas já não exclusiva da classe A. O pecado trata do excesso de arrogância, prepotência, orgulho e vaidade, adjetivos até então restritos aos mais abastados. A nova classe média, além de estar mais exigente na hora das
Alexa Flambory compras, também busca maior qualidade no consumo dos produtos. No caminho dessa busca constante, podem surgir os excessos levando algumas pessoas à perda da noção das coisas e da realidade, sendo induzidas a atitudes erradas. Na procura pelo melhor, a vaidade e o desejo de superioridade podem se sobressair e resultar em um sentimento negativo. A busca pelo poder, a ambição desmedida e o desejo das pessoas em levar vantagem em tudo se tornam marca re-
gistrada. É só olhar em volta: o consumismo, o status e o estar na moda são os objetivos que muitos almejam. Os integrantes da nova classe C têm mantido a economia em ascensão em busca desde a primeira TV de LCD à realização da viagem de avião, a compra do carro e da casa própria. Essa realidade, que antes era distante, tem ficado cada vez mais próxima e criado um novo nível social - a nova classe C. Encher a casa de produtos eletrônicos, às vezes, pode não ser o suficiente para a satisfação de alguns dos integrantes da nova
Porém, algumas vezes, também se pode perceber que o excesso de humildade é sinal de uma soberba focada na inferioridade. “O soberbo não aceita ser como os demais. Ele precisa se destacar dos outros sendo o ‘maior’. Se não consegue ser o mais inteligente, ele então desejará e será o mais ignorante”, conclui Rodrigues.
Rústico e luxuoso, uma combinação típica da busca pelo status
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Portanto, mais uma prova de que a soberba não está diretamente relacionada ao status social ou econômico e sim à relatividade de cada indivíduo, independente de cor, religião ou classe social <
soberba classe média. De acordo com dados do Data Popular, em 2001, a classe C representava 38,6% dos brasileiros; hoje é composta por 53,9% da população. Crescimento obtido pelas políticas públicas, a manutenção da estabilidade econômica e a queda no desemprego. Além de crescer em número de pessoas, a nova classe média também movimentou R$ 1,03 trilhões, em 2011. São 104 milhões de pessoas que melhoraram sua renda, se estabeleceram de forma definitiva no mercado de trabalho e conseguiram acesso ao
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crédito, o que possibilitou uma intensa mudança no poder de consumo. Como mecanismo para atrair o consumidor a publicidade explora e cria as necessidades do comprador, permitindo a sua inclusão e o reconhecimento social. Segundo a professora de psicologia do consumidor, da Universidade Santa Cecília, Oleni Lobo, a publicidade trabalha as expectativas do comprador, que são mais importantes do que o desejo que remete à situação social do consumidor. “Este público da classe C é mais imediatista, eles buscam ascensão e respeito a
sua forma de ser”, explica. Para chegar no psicológico do consumidor, a publicidade estimula a imaginação simbólica e tudo que se refere às características do produto de forma subjetiva. A professora explica que são trabalhadas a aprendizagem, a motivação e a percepção como ferramenta de estímulo. Na aprendizagem, é provocado o cotidiano, valores e crenças, por meio das músicas inseridas nos comerciais, que facilitam a memorização para ligar sensações ao produto. Na motivação, são estimuladas as necessidades do consumidor sobre a rele-
vância do produto, por meio de celebridades ou grupos de referência. Já na percepção, são as sensações que selecionam, organizam e interpretam as informações recebidas. “O consumidor compra o significado do serviço ou produto. Por isso, mesmo se o preço for alto, pode ser aceito se estiver ligado à qualidade”, conta a professora. Segundo a psicóloga clínica, Sônia Cristina Spindola Fernandes, não é possível extrair algo positivo da soberba. “Ela é considerada um sentimento negativo, que pode levar uma pessoa à destruição”. Para
ela, a soberba não ajuda, nem estimula as pessoas a crescer financeiramente e pode, muitas vezes, prejudicar o crescimento delas em diversos aspectos. A família da estudante, Miriam Hellen, 17 anos, que está inserida na nova classe média, sofre com o comportamento do seu pai, de 42 anos. “Ele sempre precisa parecer que tem mais. Até nos pequenos gestos dá para ver o ar de superioridade dele”, reclama. “É um pouco vergonhoso, ainda mais que ele não admite. Ele se considera um homem bom, modesto e generoso. Ele é bom, mas não é
Poder econômico Em 2011 População 193 milhões Classe E 3,8% Classe D 31,1%
Em 2014 População 197 milhões Classe A 3,2%
Classe B 8,0%
Classe E 2,9% Classe D 26,8%
Classe A 3,3%
Renda média domiciliar mensal por classe social (em mil R$) Classe B 8,7%
Classe C 58,3%
0,27 0,94 2,30 6,07 14,20
Classe C 53,9%
soberba modesto”, conta Miriam. Apesar de já ter tentado fazer tratamento psicológico para conseguir melhorar seu comportamento, o pai de Miriam continua com as mesmas atitudes. “Minha mãe ganha bem e sustenta a casa. O que meu pai recebe é só para os gastos. É quase um filho adolescente. Meus avós também ajudam na parte financeira”. A estudante ressalta que mesmo tendo esse comportamento, o pai não a estimula a ser igual a ele. “Ele repudia as próprias ações”, diz. “Cada um tem uma história de vida, que estimula um tipo de comportamen
soberba to. Todos vivemos dentro de um contexto que pode ou não estimular algumas atitudes. Todo sentimento ou comportamento pode ser alimentado ou não”, explica a psicóloga. Para Miriam, as atitudes de seu pai a afetam. “Ele não aguenta ter um carro inferior ao do vizinho. Tem que ser igual ou melhor. Temos um relacionamento saudável, de pai e filha, porém eu não suporto essa necessidade dele”, diz. Uma das principais características da nova classe C é o consumo de produtos eletrônicos e no caso do pai de Miriam não é diferente. Para a estudante, a sorte da família é que a mãe tem um comportamento diferente ao de seu pai. “Vivemos no vermelho. Ele chegou a cogitar tirar cartão de crédito no meu nome para comprar um novo modelo de TV mesmo ele tendo comprado
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uma dois meses antes”. Ela lembra que existem dias que não há suco para fazer em casa. “Mas a TV de 50 polegadas está pendurada na parede. A nossa sorte é que a minha mãe é mais controlada, então não passamos sufoco”, desabafa. A soberba pode prejudi-
to”, analisa a psicóloga. O soberbo se basta. Para ele, os outros são só os outros. “Ele coloca-se acima do bem e do mal”, diz Sônia. A soberba anda lado a lado com a arrogância, a cobiça e a falta de respeito pelo próximo. Geralmente, os soberbos se consideram superiores às outras pessoas e desvalorizam as demais. A pessoa que sofre desse mal acredita ser o verdadeiro dono do mundo. Para a Psicologia, a saída para o pecado da soberba é aprender a administrar e controlar os sentimentos e comporSônia Cristina Spindola, tamentos. Se o soberbo conseguir perceber, ao psicóloga longo do tempo, o que o faz agir desta forma e car o crescimento das pes- por meio desta análise mesoas em diversos aspectos. lhorar, resgatar a simplici“A ótica do soberbo para dade e a essência de ser, as coisas é distorcida e isso será sinal da necessidade faz com que ele perca a por mudança. E sempre há noção do real e do corre- tempo para isso ocorrer<
“O soberbo coloca-se acima do bem e do mal”
Crescimento da classe C Em 2002
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O tentação
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TER OU SER
Hoje
Renda familiar acima de R$4.591 13% - Elite (classses A e B) __________________________________15,5% de R$1.065 até R$4.591 44% - Classe média (classe c) _________________________________52% de R$768 até 1.064 12,5% - Remediados (classe D) ___________________________14% renda abaixo de R$768 30,5% - Pobres (classe E) _________________________________18,5%
O mercado fonográfico ganhou um novo aliado. O funk ostentação se destaca entre os jovens trazendo um novo estilo de vida
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Ter ou ser? Camilla Laranjeira
“De Range Rover Evoque Baixada para São Paulo, zam a inspiração no black na pista eu arraso, cama- antes o estilo que predomi- music, estilo americano. rote fechado Champagne nava era o hip hop, mas o pra estourar, Já peguei as batidão paulista tem a sua A moda da vez é ostenchave da mansão do tar. Antes as letras do Guarujá. Uns vê que o ritmo dançante eram “O funk é um cifrão de desenho anifocadas para a apolomado”, (Música do MC gia ao crime, drogas e mercado de muito Guime). sexo. Hoje deram espaço para o carro luxudinheiro e você Não entendeu? Essa oso e roupas de marca, alegra as pessoas é uma das batidas do além de cheques refunk ostentação, com cheados. por onde passar, letras que remetem à por isso estou riqueza e ao luxo, carMuitos interpretes ros, motos e roupas conseguiram engajar o muito feliz” importadas, que toestilo e construir fortumam conta do cenário nas com a música. do funk. Antes, o gêneMC Robin Wood ro contava a realidade Para os críticos, a nas comunidades caidentidade do funk que rentes, mas hoje as músi- personalidade. Influenciado surgiu na periferia se percas são caracterízadas pe- pelo estilo carioca os MC’s de, por conta das novas lelas palavras dinheiro e luxo. criaram uma nova indústria tras. Para o MC Robin Hood, dentro do ramo que se cha- que canta desde adolescenFaz um tempo em que mam de Funk Ostentação te, não houve mudança nas o funk ostentação saiu da com letras que caracteri- letras, “A raiz do funk é o
MC Guime é um dos pioneiros do funk ostentação no Estado de São Paulo
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pobre favelado que sonha em ser rico, e ostentar já foi um sonho, hoje realizado por muitos”. Completa dizendo que as letras já traziam isso em sua escencia. E para MC Leco, que canta nós bailes da Baixada Santista, não é preciso cantar o que se vive, “Nós somos intérpretes da musica. Adaptamos para nosso estilo. Isso não quer dizer que vivemos o que cantamos”, reforça. Os video clipes repletos de visualizações na internet são a principal ferramenta usada pelos cantores. O intérprete mais conhecido no meio é o MC Gimê, que não exita em usar carros luxuosos, roupas de marca e mulheres para passar a realidade de suas músicas. O lado negativo é que a exposição faz com que eles se tornem vulneráveis e vítimas de crimes, como foi o caso do MC Dalest, morto no palco durante show no interior de São Paulo.
MC Leco gravando um dos seu hits no estúdio me sustentar pelo meu trabalho, mas ainda não conquistei o que quero financeiramente”, revela o MC.
Para Alexandre Martins, MC Leco, o foco e o dinheiro são consequências. “Em média um mc ganha de R$ 100 a 500 mil por mês”, e completa dizendo que mesmo os MC’s que não enriqueceram, permanecem cantando o funk ostentação mesmo não sendo uma realidade em sua vida, mas pelo fato de ser o que faz sucesso no momento. PesNo inicio de carreira, Rô- quisas mostram que no inímulo Siqueira, mais conhe- cio da carreira profissional, cido como MC Robin Wood, os cantores recebem em sentiu-se realizado. “O funk média um cachê de 50 mil. é um mercado de muito dinheiro e você alegra as A partir da ostentação alpessoas por onde passar, guns estudos estão sendo por isso estou muito feliz” desenvolvidos, ainda não afirma. Muitos ainda não existem teses sobre o esconquistaram a ostentação tilo. A tese de doutorado fora dos palcos. “Já consigo desenvolvida pela antropo-
loga Mylene Mizrahi mostra a estética do funk carioca e contrates que existem entre eles. O estudo usou como base a carreira do MC Catra, mostrando um contraste entre a comunidade e a vida do intérprete. Ela foi premiada como melhor tese pelo jornal O Globo. O fenômeno pode ser crucial na explicação do capitalismo exagerado entre os jovens e isso influencia de forma direta na economia. Ainda assim as festas não se diferem das outras. Ainda são realizadas nas ruas ou em bailes chamados de proibidão. Seja do gosto ou não de todos, o novo estilo já está entre os prediletos não só de bairros periféricos, mas também dos baixos de alto luxo <
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soberba LUCAS MARTINS SANTOS
Realidade nas telas
A soberba também está presente na indústria cultural. Filmes e programas de diversos gêneros mostram que uma vida baseada na arrogância, geralmente traz consequências negativas
Por Lucas Martins Santos
soberba A soberba parece estar presente no cinema há muito tempo. Tanto que existe um filme de 1942 com esse nome. The Magnificient Ambersons (Soberba) que conta a história de uma família rica que cria um garoto de forma mimada. Quando cresce, o rapaz se torna uma pessoa insuportavelmente arrogante.Mas esse foi apenas um dos diversos filmes que têm a soberba como coluna central para o desenrolar das histórias. Personagens arrogantes pipocam nas telas aos montes, às vezes para alegria, às vezes para o ódio do público. Mas não é só o cinema que aborda esse pecado. No Brasil, os programas de televisão (principalmente as novelas) também possuem seus soberbos. Pode-se tomar como exemplo o personagem Félix, da novela Amor à Vida produzida pela Rede Globo. Félix é rico e arrogante. Ele faz de tudo para chamar a atenção
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Gabriel criou um blog para publicar suas críticas após participar de um concurso de cinema
das pessoas. Tudo mesmo. Se preciso, atenta contra a vida de quem atrapalha seus planos. O professor de Comunicação da UNISANTA, André Rittes, explica que as produções com personagens soberbos passam a mensagem de que não vale a pena ter esse tipo de comportamento. “A indústria cultural na verdade é um reflexo da cultura maior que a gente tem. A cultura de massa dificilmente deixa passar a questão do comportamento inaceitável ou
ruim, sem um tipo de punição. Então, geralmente, o vilão, o bandido, o lado negativo sempre é punido”.Para comprovar esse argumento, o professor usa como exemplo a novela Vale-Tudo, exibida pela Rede Globo entre 1988 e 1989. “O final desagradou enormemente porque o vilão conseguia fugir do País. Ele pegava um avião e ainda dava uma banana para a paisagem brasileira do Rio de Janeiro. Isso foi marcante na época”.O estudan-
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
O personagem Félix (Mateus Solano) se importa apenas consigo.
Reprodução TV GLOBO
Miguel Falabella e Marisa Orth em cena no Sai de Baixo
após acertar 70% dos palpites sobre os vencedores do Oscar, ao participar de um concurso de cinema. Ele destaca O Grande Gatsby (adaptação do livro de F. Scott Fitzgerald), do diretor Baz Luhrmann, como um dos filmes recentes que melhor mostram a situação de personagens soberbos na indústria cultural. “O que chama a atenção de todos é o fato dele realizar enormes festas, nas quais aparecem pessoas que não
fazem ideia de sua existência ou pouco se importam de quem ele seja. Estão ali para comer, beber e namorar por conta dele”. A única pessoa que fica ao lado de Jay Gatsby (Leonardo Dicaprio) na maior parte do tempo é Nick Carraway (Tobey Maguire), seu vizinho. Nick é primo de um antigo amor de Jay, a personagem Dasy Buchanan (Carey Mulligan). Jay aproveita o contato de Nick com Dasy, para tentar se reaproximar
REPRODUÇÃO/SITE O GRANDE GATSBY
“A cultura de massa dificilmente deixa passar a questão do comportamento inaceitável ou ruim, sem uma punição” André Rittes, professor de Comunicação
te de engenharia Gabriel Fernandes é apaixonado por cinema desde pequeno. Ele escreve num blog próprio, sobre o que assiste nas telonas a cada semana. Começou nessa atividade,
O milionario Jay Gatsby (Leonardo Dicaprio) adora dar festas e desfrutar de luxos
dela. Nesse meio tempo Nick e Jay viram amigos. Tão amigos que Nick é a única presença no enterro de Jay. “Em outras palavras, o escritor quis trazer à tona que mesmo sendo rico e fazendo enormes festas, ninguém estava nem aí para ele a não ser por interesse, inclusive seu antigo amor”, conta Gabriel. Mas como em toda regra há exceção. Um personagem que parece ir contra toda a negatividade gerada por uma figura dramática soberba na dramaturgia é Caco Antibes (Miguel Falabella), da extinta sitcom Sai de Baixo. Falido, Caco Antibes tentava a todo custo manter sua pose de rico e arrogante. “Eu tenho horror a pobre”, era um dos bordões mais pronunciados pelo ex-rico, quando ele contava suas experiências com pobres. Arrancava risadas da plateia sempre cheia, do Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, local da gravação. Miguel Falabella acertou ao usar em seus textos essas “críticas” aos pobres, porque gerou uma identificação do público com as situações apresentadas por ele. “Ele tira sarro de coisas que todo mundo já comeu ou já vivenciou. A gente reconhece que algumas coisas a gente já fez e até faz, tipo juntar vários pedacinhos de sabonete para fazer uma bolinha... são coisas que falam como se fosse de pobre, mas todo mundo já fez”, conta Rittes<
A soberba nos filmes soberba
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Eles são heróis, vilões, inconsequentes, insuportáveis e abusam do poder. Nesse infográfico estão alguns personagens arrogantes. Em cima estão fotos dos respectivos atores, abaixo uma pequena descrição dessas figuras
TITANIC (1997) A arrogância é vista como uma das principais características de Caledon Hockley (Billy Zane). Há várias cenas em que ele usa o dinheiro para conseguir o que quer e não se importa com os outros.
A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971 e 2005) Nos filmes há algumas crianças soberbas. Mas entre todas, a que se destaca é Veruca Salt. Está sempre EXIGINDO presentes inusitados para o pai milionário. Não obedece e não respeita ninguém.
Fenômenos Paranormais (2011)
Homem de Ferro (todos os filmes)
O apresentador de um reality Lance Preston (Sean Rogerson, acima) é arrogante com sua equipe. Diante do perigo eminente, ele insiste para que todos continuem as gravações. Essas atitudes levam a consequências ruins.
Tony Stark (Robert Downey JR.) é um herói soberbo. Tem como principal característica não escutar ninguém. Ainda que sejam os seus amigos tentando dar um alerta. Além disso, tem convicção de que é melhor do que os outros.
O Diabo Veste Prada (2006) A diretora da revista Runnaway Miranda Priestly (Meryl Streep) é uma chefe insuportável. Dá ordens absurdas aos funcionários, não aceita ser contrariada e sempre despreza a opinião e a companhia de todos.
Rush- No limite da emoção (2013) O piloto de Fórmula 1 James Hunt (Chris Hemsworth), vê a corrida como um meio de prazer e ganhar dinheiro. Costuma ir a festas, tem ódio pelo seu rival e é arrogante com sua equipe.
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