Astro-Lábios

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Rafael Magalhães esvaziar todo o céu deixar chover fogo em toda a sua extensão


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a lua beija o mar o sol com ciĂşmes amanhece entre nuvens

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Rafael Magalh達es

viajo pelas suas nebulosas conto os sorrisos que caem da sua boca estrelas que navegam no parapeito lunar dos planetas siderais

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colada na sua pele vai a sua tatuagem colorida eu passo a mão com força que é pra ver se essa sua tinta sai e vem pra mim

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Rafael Magalhães

a linha do horizonte corta e separa o seu corpo da cabeça (a cor vermelha é o sangue)

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de canto d'olho observo formar o corpo do poema atĂŠ brotar um filete de sangue cor caindo sobre o meio-fio

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Rafael Magalhães

do que é feita a matéria dos sonhos do que é feita esta matéria desprendida do corpo doce azul vermelha que mistura além-mar é essa que nasce na boca e termina no céu?

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a árvore é forte e faz sombra o vento bate o frio vem as folhas vão simbora mas a árvore fica os galhos crescem invadem as casas e matam os homens que sonham

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Rafael MagalhĂŁes

gosto dessa ideia de morar numa estrela rasgar a cor numa linha fina de sangue separar o sumo do choro tecer amålgama de letra no tecido do cÊu e das suas dores entrelaçar num jazz azul notas improvisadas ao sabor do vento

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o coração explode mil pedaços caem na minha carta entreaberta na mesa recebendo pedaços de carne o papel ficando vermelho a escrita ficando violentamente doce

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a pele dormida caĂ­da vivida sempre arrepia nĂŁo importa a cor o sabor sempre sempre arrepia

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estudo a sua poesia e descubro um toque ali acolá de céu chuva sol mar cores vermelho azul aranha que entretece colorida a teia dos sonhos (versos oníricos) lembranças de um tchau pelo elevador

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de uma escada silenciosa um corredor frio de muito abraços olho para cima e descubro essa nuvem poÊtica assombrando o mundo de sombras o mundo do mar

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viajar parece uma coisa tão banal mas não é viajar consiste em sair de casa com a sua mochila vazia e com uma disposição bruta de enchê-la de história se você sai daqui com essa mochila cheia

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não vai fazer uma viagem e depois você tem a liberdade o vento, o sol a lua a noite, o dia tudo o que você sempre teve mas nunca teve

a verdadeira obra de arte humana

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é a sinceridade e sua profundidade pensem em uma imensa clareira no meio do nada e você olha e lá está um imenso lago azul assim mergulhamos e nadamos em uma piscina que não tem fim mar que nos remete ao silêncio interno

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de nós mesmos em que o desejo é mágico-explosivo inquieto-doce deliciosamente natural

eu quero dizer que nada tenho a dizer para você

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ou muito tenho a dizer mas que nada digo por nĂŁo ter nada a dizer mas se nada a dizer representa tudo o que se pode dizer (como os modernos querem dizer) entrego os pontos vou Ă luta pelo direito de ter o que dizer

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lรก vai o goleiro solitรกrio entre a trave e o gol travar

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o jogo adversรกrio pular alcanรงar passou a bola rasante cantante foi pra fora e o pulo ornamentado com o que vem de fundo a foto a pose o flash

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na hora do olvido esse é o goleiro vaidoso elástico feminino partiu o goleiro

no centro do seu coração encontra-se uma fagulha viva silenciosa

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dali nascem as paixões que alastram-se pelas veias intravenosas do corpo e exteriorizam-se sob a forma de um miado de gato de um rugido de leão ou de um ultrassônico grito de morcego que habita cavernas e dorme de dia

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os abraços da cidade sumiram reduziram-se às rodoviárias aos aeroportos velozes como os aviões frios informais

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turbulentos sumiram-se os abraços os beijos nos guardanapos estão bêbados cambaleantes resumem-se a triste figura do pianista à esquerda do bar um café, por favor para lavar a minha boca das coisas ácidas do mundo com bastante açúcar pois de azevinha já basta a vida

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um café, por favor para aquecer a minha língua amarelar os meus dentes escovar o meu sono para assim fazer brotar vida da pedra escura cinza preta como este café que beb é quando eu paro e olho para essa cidade branca paralisada com a chuva caindo sobre telhados

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sonhando parapeitos ideias sรณ assim pra eu me lembrar do seu olho no meu girando em รณrbitas como rodamoinho em lentidรฃo e eu voando, voando chovendo, chovendo caindo fino pela janela do apartamento sรณ assim pra eu poder dormir em paz e ver embalado meus sonhos para presente

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sim, eu sempre vou ainda me vou fazer visitar em seu sono cambaleante seu jeito doce de dormir e de sorrir um jeito t達o blue e branco sincero como esse dia de chuva no parapeito da janela e n達o h叩 motivos para matar o poema e vislumbrar mesmo que sereno

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o sangue dos versos em prosa quente eu prefiro o café dessa tarde fria junto com você equilibrista mesmo que longe em quilômetros oceânicos de distância mergulhei na piscina da música brasileira mas primeiro tive que subir num edifício alto um arranha-céu do tamanho do cristo e assim pular

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pra cair de cabeça e sentir a água pulsar perfurando os poros da minha pele adentrando narinas olhos ouvidos que ficavam coloridos a cada mergulho mais profundo no íntimo de cada bandolim tamborim pandeiro ou viola cada letra que se joga no nascer do sol eu não sabia como era bom e bonito esse novo ambiente

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meio lunar cada vez mais azul profundo cada vez mais parecido com o mundo que sempre desejei aqui espero poder nascer crescer e morrer muitas vidas deixando ser guiado levado abraçado por todas essas milhares de vozes aquáticas que se esparram no céu violentamente escancarado da música brasileira de hoje

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há este sobressalto na espinha algo como uma agulha sendo cravada na pele a fim de extrair uma substância sub-reptícia

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chamada saudade ou incontrolável vontade de te ver saltar sobre teus telhados

psicodélica caatinga dos teus olhos carcará alucinado no sobrevoo do espaço verde que te quero ver manga-rosa alvura de fruta que

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que esfumaça aurora no céu chapado de zinco as estrelas são espinhos que nos conduzem ao espírito mais lúcido dos sonhos navegação calma e silenciosa no torvelinho das águas em profusão quântica os peixes atemorizados entoam canções aquáticas enquanto golfinhos engalfinham beijos

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nas ondas interminĂĄveis do mar

navegante sereia estrela serena de letras sibilinas teus movimentos sĂŁo ossos de ventos imaginĂĄrios luzes que reverberam no costado do sol

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toda e completa iridescência mágica feixe de fluidos violeta no enlace virulento do mar

estrada serpenteia sinapse estrela delineia elétricos peixes tranquilos escrevem sonhos de cânhamo

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na luz da baía adentro rosas escavam meu peito aberto as agruras de um passado pastado permanecem massas de humanidade escorrem sumarentas pelas estaçþes de trem caudalosas quantidades de reses entoam preces ruminam paisagens

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caudas acachapantes de cachalotes desaguam no chão apresentando a todos a calorosa pólvora dos dias arrebenta no céu a espasmódica aurora dona de si mesma alva clara rosácea palavra mais rara que há no dicionário do vento

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feixe de fluidos violetas guirlanda de fluxos vibratórios olhar vítreo no horizonte prisma espiralado de azul-cor atol de pedras redondas arrecifes de mares noturnos mistério nos sonhos desta madrugada em alto-mar a navegação é lenta

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o sopro do vento constrói no dorso de um pensamento todo um continente azul, imenso

questões metafísicas de um fim de tarde profundezas entranhas a nós mesmos salto ornamental dos sonhos no horizonte distante na piscina de raias límpidas

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nos olhos de estrelas vívidas

o azul dos teus olhos são os sonetos do mar desde camões até fernando pessoa teu corpo é um portugal um atracadouro onde descansam minhas embarcações

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noturnas

reviravolta dos globos oculares dos glĂłbulos sanguĂ­neos no torvelinho dos teus calcanhares em brasa ascendemos tranquila e calmamente

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enquanto os olhos saltados para fora das órbitas fazem um samba flutuando no espaç o beijo furtado os encontros fortuitos a fortuna crítica as leituras distraídas a captura que aplaca

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em um istmo de segundo todo um mundo secreto e irresoluto

tardes noir no centro da cidade crimes de mistĂŠrio mocinhas em polvorosa bandidos queimando pĂłlvora

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no detalhe da cena em preto e branco a surpresa rosa o sangue esguichando contornar a ilha de vit贸ria na brisa de uma bicicleta azul voar estacionar as agruras em cima de um convento vermelho

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à beira mar pedir licença a iemanjá na curva da jurema dos teus olhos navegar baía adentro vasto oceano equidistante te navegar dentre cachalotes ondas acachapantes é tarefa fácil pra quem te singra há tempos

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o doce firmamento chapado de sangue

seja te navegando ou no galope dos teus ombros caminho na linha fina do horizonte nĂŁo temo o desequilĂ­brio

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os dribles das esquinas os ventos do desatino

suspensas maçãs ensanguentadas romãs que são como granadas no rubor da fruta a explosão dourada deixa no ar um gosto

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moreno de sal

misteriosa matéria gaia repleta de tons malva teu corpo incendeia rosácea a gaita das galáxias

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estrela em riste eclipse da lua no poema olhar semicerrado distante do cĂŠu palavras que vazam

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líquidas pelo atol das constelações

céu de almíscar dourado amálgama de letra vermelha arabesco tecido na prata do verso – palavra que pulveriza a imagem

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dançam na noite do cacto os sonhos do xamã vermelho extravasam mensagens eletrônicas no céu vertendo de estrelas dançam na noite

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os sonhos do xamã vermelho estrelas pipocam por aí explodem sonoras no céu da boca nos bocejos noturnos, nos dentes claros da aurora você, seus olhos sua boca e seu jeito de pronunciar certas palavras são, juntas

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o país das maravilhas em que mergulho e me vejo deliciosamente perdido por dentre os feixes nervosos, elétricos da tua pele

há esperança azul no gris da cidade verdes verdades escondidas nos jardins das delícias

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veredas vermelhas de fogo saudades amarelas velhas lembranças cor de carambola pelo quintal de nossas memórias esmaecidas as cores vão simbora pelo espaço em branco de amoras do pape maresia na prata do vento pó de mistério

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arremedo de olhar praias vermelhas pupilas acquaticas

tateio na pele fina do poema uma palavra vermelha

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no escuro do quarto o apuro do tato queima a pele morena do verso e deste fogo tátil elucubro a substância enigmática das cartas de amor novamente o poema entra em cena ele é rápido viscoso avança manhoso

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ranhando os dentes roçando os lábios da língua fonema que se entranha vermelha no céu da boca o poema tem fome abocanha o mundo os sonhos as palavras tudo entra em cena improvisados os passos seguem pelo cadafalso

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há um homem para cada pecado exibido em público na televisão o horário nobre vermelho anuncia o sangue vertendo desejo em teresina chove em são paulo apedreja nos demais estados a previsão pra hoje é a mesma pasmaceira de ontem

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Rafael MagalhĂŁes

ao vivo e a cores assistimos a explosĂŁo de nossos corpos estatelados no asfalto

mistĂŠrio, de onde nascem os filhos? parece que nascem do amor das camas das lutas

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de travesseiro já ouvi dizer que nascem de cobras cascavéis que sibilam os sinos das caudas amedrontadas muitos vão dizer que nascem da burocracia estatal da memória de fotografias esmaecidas

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Rafael Magalhães

mas outros ainda insistem na possibilidade de nascerem da terra cuidados talhados na lei natural dos encontros nesta navegação noturna a simbiose aquática resolve nossos imbróglios de fogo

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nossos pródigos assuntos revoltos em brasa viva sarça ardente tornam-se estrelas morenas no céu vermelho de sangue ah, o jazz em tardes rosáceas e manhãs azinhavres

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improvisado rubor na tez do poema a bateria alucinada é um sangue vinagre o baixo sincopado derrama molho de tomate no ritmo debandado dos pés tudo é saudade alarde ao costumeiro jazz das cidades

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meus sonhos estão suspensos pelo cruzeiro do sul perdidos na imensidão do firmamento atados a uma galáxia de cores vibrantes ponteiam de longe

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meu horizonte de filhos caminhantes do vento estrelas morenas de corpos que ainda me esperam o sono dormir eu quero tomar um copo da sua cítara surrealista tragar adentro cachola o espiralado conhecimento da flor robusta feito o tamanduá bandeira a suçuarana leitora

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das estrelas eu também deitei meus olhos na tua voz narrando partidas de futebol em húngaro a prosa em riste para todo estádio que te assiste os dribles de versos que desde menino destila encontrar teu poema perdido na basculante de um sonho em um grafite sagrado no centro da cidade é prova que tua poesia inda resta sobrevida

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Rafael Magalhães

pelos arrabaldes fronteiras-sangue deste novo milênio

cidadelas são formigas vistas do alto são centopeias de sonhos ao abrigo da chuva e da pedra estrelas são vistas de outra maneira

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são antes pó de areia no olhar estrangeiro mundo interno bruto de quem reconhece na pele a manifestação tardia da mãe natureza

o amor é supremo na tradução dos jeitos, traquejos todo o seu beijo revela a posição superior dos astros

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Rafael Magalhães

os travesseiros são nuvens de poeira estelar em que deito meus sonhos de você constelação de desejos intergalácticos cachoeira de cabelos soltos espalmados cachos à espreita de toda lisura alheia

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ondas que encaracolam conchas opacas de vento nas curvaturas do cerebelo adentro nos encontrávamos vagões de metrô relapsos como relâmpagos no tempo espaço das estações as vozes sombreavam os nomes das paradas liberdade paraíso luz

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éramos como fragatas sanhaços de alcaçuz na palavra mais rara do vento

deitado sob o costado dos céus as estrelas que de lá desprendem são manifestações do acaso de encontros lunáticos que para sempre escrevem tatuagens

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no nosso firmamento mais doce de sangue

líquidas cidades atol de estrelas sibilinas constelação de imagens à margem de toda lucidez a loucura se movimenta dentre olhos de luzes

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violetas feixes velozes de cometas poemas rasgando o céu

cítara indiana sinestesia que dança no afresco da boca notas cítricas de amoras vermelhas gosto azinhavre no ar enlace de cobre minério

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mandalas em polvorosa a natureza vibra e é uma oscilatória palavra flor de lótus tatuada no ombro versos que conduzem ao êxtase dos sopros musicais sonhos caiçaras em ombros caianos palavra caiada na sombra do tutano ossos que serão para sempre

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Rafael Magalhรฃes

as lembranรงas mais sinceras de nรณs mesmos

noites รกridas no recinto estrela renda no firmamento chapado de zinco todo derretimento das calotas polares serรก puro divertimento se no ocaso chover

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no céu da boca relampejar de vermelho ver tecido o sulco das cidades em polvorosa balbuciar os lábios tamborilar os dedos perscrutar cada cenário sem medo algum de se perder no desalinho do escolho no oceano das imagens abstratas

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Rafael Magalhães

imensidão azul perdida no mercúrio do céu as nuvens assombram minha literatura intempestiva meus olhos são dois cometas fumegantes sem esperança

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Astro-Lábios

que navegam secretos e silentes no bolso do seu vestido colorido

há uma certeza alçada ao ar logo rechaçada por quem conhece o caminho de cor isto é truque do trejeito diz o susto do destino desalinho que se torna

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Rafael Magalhães

novelo de lã a certeza é uma rede de intrigas filigranas entrelaçadas entregando aspereza tonteira desalinho do corpo e das maneiras segundo o destino duvidar de si mesmo é seguir a torto compor roto a bainha do poema

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(ato heroico nestes dias)

continente elefante você é quem me diz a cor do seu costado a matéria tié-sangue das suas estradas arteriais eu quero vicejar por suas terras entranhas viajar por suas

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Rafael Magalhães

estradas vicinais buscar na alvura marfim mais finda a nuvem encaracolada cabeleira azul teus lábios são poemas sinceros tua pernas areias movediças teus olhos são mergulhos profundos em que me lanço

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geográfico no pontilho das tuas ilhas intraterrenas

o efeito da tua mandíbula na minha tez é confortável beijar os ossos aliciar a calma é liquefazer o espírito em movimentos rápidos das mãos circundando o desejo

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Rafael Magalh茫es

redondo

anzol de estrelas no teu ombro, amor flor de l贸tus espiralada nos seus olhos tatuagem de retinas claras e adocicadas

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no sabor desta manhã quando o xamã do céu azul vem nos dizer boa-noite a mão desliza acachapante no ar dedos tamborilam janelas leituras improvisam olhares deitados na rede estirada do caos somos dois musicistas da loucura dando ritmo às estrelas que navegam no céu

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Rafael Magalhães

a substância emblemática dos corações espaciais

céu escancarado de sangue estrela liquefeita no azul mais sincero versos que se abrem plexos solares no horizonte mais longe pelos azougues das linhas finas indivisíveis

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a flor é uma equilibrista que dança no lago espelho de fogo

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