Magazine (capa) - O drama da cumplicidade Cia Luna Lunera

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BELÉM, QUARTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2013

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 SHOW

Do outro lado da câmera

 CULTURA  GENTE

"Feitiço do Tempo"

Dustin Hoffman estreia como diretor de uma comédia que fala de reencontros. Página 3.

Comédia completa 20 anos e continua fazendo sucesso Página 7.

DIEGO PISANTE

OLIBERAL

O drama da

cumplicidade

Espetáculo da Cia. Lua Lunera foi construído através das impressões passadas pelo público, em ensaios abertos

“A

queles Dois”, espetáculo da companhia mineira Luna Lunera, será apresentado pela primeira vez em Belém nos dias 8, 9 e 10 março, no Teatro Cuíra. A montagem foi criada a partir do conto homônimo do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996), publicado em sua primeira versão no livro Morangos Mofados. Ontem, o grupo iniciou a oficina Ator Criador, que revela etapas da construção do espetáculo. A programação chega à região norte com o patrocínio da Eletrobras Eletronorte e Chesf, por meio do Ministério da Cultura (MinC). Em cena a história de Raul e Saul, dois homens recémcontratados em uma repartição pública, que desenvolvem laços de cumplicidade. No en-

tanto, essa proximidade entre eles acaba gerando incômodo nos demais colegas do escritório. A história encenada pelos atores Cláudio Dias, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves e Guilherme Théo pode ser conferida às 21h, na sextafeira (8) e às 20h, no sábado e domingo, no Teatro Cuíra. No sábado, após a apresentação, haverá um bate-papo aberto ao público, com os atores e diretores da peça, com mediação do jornalista e roteirista Ismael Machado. O espetáculo, um épico dramático, nasceu de um laboratório interno de experimentação das técnicas de contato e improvisação e do método das ações físicas verbais, desenvolvido a partir de Stanislawski e das propostas de Luis Otávio Bournier. Após as oficinas o

conto de Caio Fernando Abreu é escolhido como suporte dessas experimentações. A Cia. de Teatro Luna Lunera costuma dizer que a criação do espetáculo foi feita “a dez mãos”. Cláudio Dias, ator e diretor, membro-fundador do grupo, explica que pela proposta inicial do grupo, cada ator teria uma semana para desenvolver seu projeto de direção e no final uma proposta seria escolhida. Mas, um outro ator entrou no processo e sugeriu que houvesse experimentações de roteiros, como um exercício interno. “Percebemos, através das imagens de cena, que as propostas estavam muito misturadas, então essa eleição não aconteceu e tudo passou a ser compartilhado: dramaturgia, direção...”, afirma Cláudio Dias. No mês seguinte, a Cia. passou a fazer ensaios abertos para o público interessado, até a estreia do espetáculo. Formatou-se aí o Observatório de Criação. Segundo Dias, as pessoas assistiam aos ensaios e pontuavam suas impressões. Para ele, essa interação

é fundamental para as experimentações, cujos feedbacks funcionam como autênticos norteadores e “de alguma forma transformam a interpretação”. “O personagem que eu faço coloca alguns discos no chão. Houve um dia em que uma senhora chegou comigo e disse para eu tomar cuidado ao colocar o disco da Maria Bethânia no chão, pois ela gostava muito. Desde esse dia, eu passei a por os discos com mais zelo, com o cuidado de quem coleciona”, conta o ator. Segundo ele, o encontro e diálogo com as pessoas permitem que os atores voltem à sala de ensaio para discutir pequenos ajustes que melhorem entendimento do espetáculo.

TRAJETÓRIA O grupo mineiro, que completou mais de uma década, já encenou “Perdoa-me por me traíres”, com texto de Nelson Rodrigues, “Nesta data querida”, dirigida por Rita Clemente, e “Não desperdice sua única vida ou...”, sob direção de Cida

Falabella. Com o espetáculo “Aqueles Dois” estreando em 2007, o Luna Lunera tornou-se nacionalmente conhecido e, desde então, tem obtido grande sucesso de público e crítica em sua trajetória. Cumpriu longas temporadas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo; participou de importantes festivais nacionais; foi contemplado no 13º Prêmio Sesc-Sated/MG nas categorias Melhor Espetáculo e Melhor Direção; no 5º Prêmio Usiminas-Sinparc nas categorias Melhor Espetáculo, Melhor Direção e Melhor Ator (Rômulo Braga); foi indicado ao Prêmio Shell São Paulo 2008 nas categorias de Melhor Direção, Melhor Cenário e Melhor Iluminação, tendo recebido este último. Em 2010, o espetáculo foi apresentado em 44 cidades e 14 estados através do Palco Giratório, do Sesc Nacional. Neste mesmo ano, ganhou uma versão em espanhol, Aquellos Dos, e foi apresentado no 3° Encuentro de Creadores Teatrales Independientes em Santiago de Querétaro, México. Agora, por meio do Circuito Eletrobras, pa-

Livro de autor paraense será usado em escolas públicas LIVRO-JOGO “A Aventura da Encantada Que Chorava Letras” é mais que leitura O poeta, contista, romancista e dramaturgo paraense Carlos Correia Santos lança em Belém, nesta quinta, dia 07 de março, às 19h, na Livraria Newstime, do Shopping Pátio Balém, seu primeiro livro-jogo infanto-juvenil, “A Aventura da Encantada Que Chorava Letras”. A publicação é mais um livro do nortista que sai pela editora paulista Giostri. O livro tem distribuição nacional e já está sendo adotado por escolas de diversas cidades do país. A edição chega, por fim, a cidade natal do autor. “Um momento bonito. Estou muito feliz. Escrever para o público infantil é missão das mais

especiais. Além da oferta de letras para um público leitor em formação, o retorno que se recebe é sempre dos mais verdadeiros. Crianças gostam ou não gostam. E tenho recebido manifestações lindas dos mais diferentes lugares do Brasil”, afirma Correia. Vencedor de prêmios nacionais e internacionais de literatura, Correia conta com dez livros publicados pela Giostri Editora. Obras suas já ganharam saudações de importantes nomes do cenário nacional como José Louzeiro, Stella Miranda, Gilberto Gavronski e Dira Paes.

A AVENTURA Um dia, ela se acordou e não lembrava quem era. Tudo a sua volta era branco, como papéis sem fim. Tudo ao seu redor era feito de pedaços de palavras. As horas eram feitas

da palavra HORA. O tempo era um monte de pedaços da palavra TEMPO. Para além de sua casa construída por sílabas, não havia esquinas, e sim parágrafos. Ela chorou... e de seus olhos escorreram imensas vogais e compridas consoantes. Isa Hope (que nome estranho) estava mesmo encrencada. Ela simplesmente tinha caído dentro de um livro. E para sair dali teria que resolver um imenso enigma: onde fora parar a Poesia do mundo? A Senhora da Leitura, o misterioso Poeta, o erudito Mestre das Palavras e você, leitor, vão precisar ajudar a heroína a resolver toda essa louca e lírica confusão! “A Aventura da Encantada Que Chorava Letras”, de Carlos Correia Santos, é um livro jogo, que se propõe a despertar nos jovens o entendimento sobre a importância de mergulhar na obra de grandes mestres da literatura.

O AUTOR Carlos Correia Santos venceu o Prêmio Funarte de Dramaturgia por três anos consecutivos (2003, 2004 e 2005), o Prêmio Funarte Petrobras de Fomento ao Teatro (2005), o Prêmio Funarte Petrobras de Circulação Nacional (2006) e duas vezes o Edital Seleção Brasil em Cena do Centro Cultural Banco do Brasil (2007 e 2011). Incluídos no Catálogo da Dramaturgia Brasileira, de Maria Helena Kühner (iniciativa detentora do Prêmio Shell), seus textos já foram apresentados em Belém, São Luís, Natal, Recife, Camaçari, Piracicaba, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Teve espetáculos selecionados no Edital Caixa Cultural nos anos de 2008 e 2009. Em 2009, venceu a categoria dramaturgia, com o texto “Não Conte com o Numero Um No Reino de

Numesmópolis”, do III Concurso Literatura para Todos, promovido pelo Ministério da Educação. Suas peças já foram traduzidas para o francês e espanhol. Carlos Correia Santos é também autor de “Velas na Tapera” (romance vencedor do Prêmio Dalcídio Jurandir), “Senhora de Todos os Passos” (romance vencedor do Prêmio IAP de Edições Culturais 2011), “Nu Nery” ( vencedor do Prêmio IAP de Literatura).

Serviço Lançamento do livro “A Aventura da Encantada Que Chorava Letras”, de Carlos Correia Santos, uma obra da Giostri Editora. Dia 07 de março, às 19h, na livraria News Time, do Shopping Pátio Belém.

trocinado pela Eletrobras Eletronorte e Chesf, chega a sete capitais do Norte e Nordeste: Etapa Chesf (Aracaju, Belém, Maceió e Teresina) e Etapa Eletrobras Eletronorte (Boa Vista, Macapá e Manaus). A Cia. de Teatro Luna Lunera produziu ainda, em 2008, o espetáculo “Cortiços”, sob a direção de Tuca Pinheiro, inspirado em “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo. Em 2012, nasce “Prazer”, o terceiro espetáculo da Cia., construído a partir de interação com o público, no Observatório de Criação, com coordenação dramatúrgica de Jô Bilac.

Serviço Espetáculo “Aqueles Dois” em cartaz nos dias 08, 09 e 10 de março (sexta-feira, às 21h, no sábado e domingo, às 20h).  No Teatro Cuíra (Rua Riachuelo, Nº524. Campina). Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).


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