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Belém, sábado, 2 de março de 2013
O Guia Liberal está na página 5.
De graça No show, a cantora apresenta as músicas do seu segundo disco
Rodrigo Schmidt
Tulipa Ruiz na Estação das Docas D
ois anos após sua estreia com “Efêmera”, a dona de um carisma notável e de uma voz imponente, Tulipa Ruiz, que hoje está entre as principais cantoras da cena musical contemporânea, volta a Belém e canta para o público paraense as canções do seu segundo álbum “Tudo Tanto”. Neste sábado (2), às 21h, a cantora e compositora paulista fará um show, com entrada grátis, no anfiteatro São Pedro Nolasco, da Estação das Docas. A apresentação faz parte do projeto Natural Musical, que lançou o CD de Tulipa Ruiz em outras cidades brasileiras. Com “Efêmera”, o álbum de estreia lançado em 2010, Tulipa Ruiz entrou no cenário nacional e logo teve o disco colocado entre os melhores da década, pelo jornal Folha de S. Paulo, eleito o melhor do ano pela revista Rolling Stone. Entre centenas de shows no Brasil e turnês internacionais, a cantora venceu os prêmios de Melhor Disco do Prêmio Multishow e da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Na Inglaterra, seu álbum ganhou crítica positiva no jornal britânico The Guardian. Selecionada por edital da Natura Musical, ela repetiu a bem-sucedida parceria com o irmão e guitarrista Gustavo Ruiz para lançar seu segundo CD “Tudo Tanto”. Sem abandonar a irreverência do trabalho anterior,
A voz imponente de Tulipa Ruiz vai ecoar no Anfiteatro São Pedro Nolasco
Tulipa fala que o novo álbum nasceu leve e com composições mais maduras. Em entrevista a O LIBERAL, Tulipa Ruiz, considerada a maior promessa da MPB dos últimos tempos, fala como o seu hobby virou profissão. Grande parte da bagagem musical de Tulipa vem de seu pai, Luiz Chagas, guitarrista, compositor e jornalista que tocou com Itamar Assumpção na banda Isca de Polícia. Nasceu em São Paulo e ainda criança, após a separação dos pais, foi morar em São Lourenço (MG) com a mãe Graziella Ruiz e o irmão. Tulipa cresceu no meio da natureza, entre cachoeira e rodas de violão à beira da fogueira. Segundo ela, sua mãe, que sempre gostou muito
de música, levou os discos do seu pai para Minas, e assim foi uma grande influenciadora na sua história musical. Na adolescência, por gostar muito de música, foi trabalhar em uma loja de disco da cidade. “Trabalhei três anos lá e acabei conhecendo o gosto musical da cidade inteira”, diz Tulipa, com um breve riso. Com bandas e músicos favoritos eleitos, Tulipa conta que é bom conhecer coisas novas e que na loja ela teve a oportunidade de apreciar muitos sons. “O álbum Afrociberdelia, do Chico Science & Nação Zumbi, que fazia o manguebeat, por exemplo, pra mim foi uma grande descoberta na época”, diz. “Contudo, gosto
muito mais do que ouvi na infância, como Caetano Veloso, Gal Gosta, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Novos Baianos, Clube da Esquina, Grupo Rumo de SP”, revela a cantora. De voltou para a capital paulista, Tulipa fez faculdade de comunicação e atuou como jornalista, mas as experiências musicais assumiram maiores dimensões. “Eu sou filha de músico, mas não achei que eu seria uma. A música e o desenho eram hobbies, mas essas coisas foram entrando tanto no meu tempo comercial que tive que assumir e largar a minha carteira assinada”, diz. Para ela, gravar um disco era só um ritual para se firma como cantora. Após a gravação do
primeiro CD, a lista de shows ficou grande. “Quando gravei não sabia o que aconteceria, não tinha muita expectativa, eu queria tocar e só. Muita coisa boa foi acontecendo e esse reconhecimento na cena musical brasileira até valoriza a minha própria decisão e me deixa cada fez mais feliz”, afirma Tulipa Ruiz. O pai e o irmão embarcaram na história e integram a banda, que atualmente conta ainda com Caio Lopes, na bateria, e Marcio Arantes, no baixo. Mesmo com o lançamento do seu segundo CD, o trabalho de Tulipa continua não sendo limitado a um gênero musical e, como ela diz, ‘’entendo o disco como a fotografia da música em um determinado momento”. E continua: “Estamos eternamente em processo e essa é a coisa mais maravilhosa do ser humano. Com a música não é muito diferente, ou seja, se toco a música em vários lugares ela vai se transformando e vai amadurecendo, entra no clima do lugar. Assim, eu vou tocando o que tiver vontade e à vontade”.
ESCOLHAS Existem pessoas que escolhem o livro pela capa, Tulipa escolhe os discos. “Sempre gostei de desenhar, então ficava tão encantada com algumas capas de discos, que comprava a mais legal para ouvir”, explica. Seus desenhos a traduzem graficamente nos shows e nos encartes dos álbuns. Para fazer projeções que brincassem com os seus desenhos, Tulipa convidou os artistas e videomakers Ciça Lucchesi e Fred Siewerdt,
do Cinema de mão. “A música e a imagem que eu penso para o som estão tão ligadas que se torna muito bom fazer os dois no palco”, afirma Tulipa. Para a cantora que ficou conhecida primeiro no seu Myspace, a internet é fundamental para a disseminação do trabalho artístico. “Com a internet, o acesso ao artista se torna muito mais democrático. Comecei no Myspace, mas as coisas vão mudando tanto que eu nem tenho acessado ele com tanta frequência, continuo no contato com a galera em outras redes sociais, como o twitter e facebook”, afirma Tulipa. Sobre a distribuição gratuita das músicas, Tulipa diz que cada artista sabe o que é melhor pra ele e seu público. “No meu caso, o download é só o começo da relação entre o público e eu. A pessoa baixa a sua música, se gostar vai ao show e se quiser te ter em casa compra o disco”, diz. De acordo com Tulipa, ela e toda a banda, a equipe, mais o Quarteto de Cordas, que a acompanha na turnê, vão muito a fim de realizar o show em Belém. “A primeira vez que eu fui a Belém foi muito rápido, então eu to indo seca pra conhecer, morrendo de curiosidade, quero andar muito por aí. Acompanho o que tem acontecido por aí e gosto muito”, diz.
ü Serviço Show de Tulipa Ruiz, no dia 2 de março, na Estação das Docas - Anfiteatro São Pedro Nolasco. Av. Boulevard Castilho, s/n, Campina. Informações: (91) 3212-5525. Programação gratuita.
Depois do sucesso da primeira apresentação, em dezembro do ano passado, o espetáculo Festa na Cidade, da Cia. Experimental de Dança Waldete Brito, está de volta em sua segunda temporada, que acontece hoje (2) e amanhã (3), no Bar CamarIn Cultural, às 21h. Os ingressos custam R$ 20, com meia entrada para estudantes. Na programação
está incluída a participação da cantora paraense Iva Rothe que interpreta as canções “Ao por do Sol”, de Teddy Max e “Três beijos”, composição de Iva, em coautoria com Vivian Zeidemann, que faz parte de seu projeto “Dançará”, sob influência de ritmos caribenhos, carimbo, lambada e brega. Após a apresentação, a festa continua com a performance do DJ Robinho.
DIVULGAÇÃO
Cia. Experimental de Dança Waldete Brito apresenta “Festa na Cidade’’
A cantora Iva Rothe interpreta duas músicas
O livro “Festa na Cidade: o circuito bregueiro em Belém do Pará”, do doutor em antropologia e professor da Universidade Federal do Pará, Antônio Maurício Costa foi a inspiração para a concepção do espetáculo. A pesquisa feita pelos intérpretes-criadores do evento também incluiu entrevistas em bares, visitas a festas de aparelhagens e bailes da saudade que movimentam as noites da periferia de Belém, além de aulas de dança de salão ministradas por La-
na Santos. O resultado é uma apresentação, com cerca de uma hora de duração, em onze quadros coreográficos que garantem a diversão e fazem com que o público sinta vontade de estar no palco junto com os dançarinos impulsionados pela marcação nostálgica dos bregas da década de 1960 até as batidas eletrizantes dos tremes, compondo o trajeto histórico não linear do brega paraense. “As cenas, provocam no público distintas releituras do sentido do ser ‘brega’. Ges-
tos, movimentos marcados e improvisados, figurino, cenografia e música coexistem no mesmo espaço e tempo para criar o clima da festa. Nesta temática, Festa na Cidade, promove o encontro com a dimensão cultural e o diálogo com a vida social”, explica Waldete Brito, diretora artística do espetáculo. O espetáculo Festa na Cidade revela nos movimentos de dança contemporânea a desconstrução do brega, um ritmo que vem se destacando no atual cenário artístico musical nacional e internacional. Estilo, ritmo, moda, ou mesmo símbolo de mau gosto e cafonice a “cultura brega” conquista espaço e representa a cultura musical do Pará. O ritmo dançante se desdobra nas particularidades do “Techno”, do “Melody” e do “Pop”. “O público se reconhece em algumas situações cênicas, ele canta, dança e vive o espetáculo de dentro, ele está na cena. Pois o espaço físico destinado para a apresentação é semi-arena, e a plateia fica distribuída nas mesas do próprio bar. Para muitos, o
estranhamento e a curiosidade de assistir um espetáculo de dança fora do palco tradicional, na especificidade desta produção, o cotidiano das festas ganha releituras distintas, tanto pelos artistas que estão na cena quanto pelo público que contempla a criação”, ressalta a diretora. Uma viagem musical pelas informações do “universo brega”, que inclui a festa, a tecnologia, o vestuário, a dança é o desafio do espetáculo. A nova interpretação do cotidiano brega rompe e assimila passos na releitura da dança de salão e das festas de aparelhagens na poética contemporânea da coreografia idealizada pela Cia. Experimental de Dança Waldete Brito.
ü Serviço Espetáculo Festa na Cidade, 2ª temporada, da Cia. Experimental de Dança Waldete Brito è Hoje (2) e amanhã (3) às 21 horas è Ingressos: R$ 20, inteira - R$ 10, meia-entrada è Local: Bar CamarIn Cultural (Av. Senador Lemos, 252, próximo à Wandenkolk)
‘‘Músicos brasileiros me intimidam’’, diz guitarrista São Paulo Rodrigo Ortega G1
Conhecido por ser guitarrista da Dave Matthews Band, Tim Reynolds é descrito pelo site Allmusic.com como um “gênio subestimado”. O multiinstrumentista alemão radicado nos EUA conheceu Dave Matthews nos anos 80. Quando o futuro popstar ainda era garçom, Tim ajudou a convencê-lo a formar uma banda. Em projeto longe da sombra de Dave, com seu trio TR3, Tim Reynolds toca nesta sexta-feira (1º) no Rio, sábado (2) em Belo Horizonte e domingo (3) em São Paulo.
“Não me sinto um gênio subestimado, sou apenas um músico tentando levar a vida com isso. Por exemplo, fico intimidado em tocar no Brasil. Vocês têm realmente grandes violonistas”, diz Tim em entrevista ao G1. Ele cita Yamandú Costa como um exemplo de talento brasileiro “intimidante”. Tim domina vários instrumentos musicais, do bongô à harpa. Durante a entrevista por telefone, perguntado sobre a música do Brasil, ele começa a tocar uma viola caipira brasileira que ganhou de presente. “Tem dez cordas e um som incrível, às vezes eu pego para tocar”, diz, enquanto toca
a viola. Com o TR3, porém, ele toca apenas guitarra. Os shows no Brasil estão programados para ter no palco apenas o trio formado por Tim, o o baixista Mick Vaughn e o baterista Dan Martier. É a versão atual do projeto que existe desde os anos 80. No repertório estão músicas do TR3 (o álbum de estúdio mais recente é “Radiance”, de 2009) e covers de Led Zeppelin, James Brown e outros. Em pleno auge do rock alternativo dos anos 90, Tim Reynolds ajudou a moldar o som menos barulhento da Dave Matthews
Band, em discos de sucesso como “Under the table and dreaming” (1994). Há boatos de que, neste álbum, o produtor deixava, de propósito, o som de seu violão mais alto do que o próprio Dave, o que ele nega na entrevista. “Havia o punk rock, Nirvana, e Dave não se encaixava, e chegou com sua cara própria”, diz Tim. Sobre o sucesso atual nos EUA de bandas folk como Mumford & Sons e The Lumineers, ele diz que o líder sua banda mais conhecida ajudou a abrir o caminho. “Dave Mathews ajudou a levar o folk para o pop. Todos estão mais aberto para o folk hoje.”