Ensaios: Modelagem Urbana a Partir do Sistema de Análise Configuracional

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E n sa io s: M odelagem ur bana a par t i r do Si s t ema de A n รก lis e Conf i gur aci onal . T r a ba l hoFi na ldeGr r a dua รง รฃ o.

Ar qui e t ur a e Ur ba ni s mo

L e ona r do

Ra i t .

Or i e nt a dor : Es t e v a m Va na l eOt e r o


Agradecimentos Universo – tá ai um conceito que me assusta. Se as teorias do multiverso se provarem erradas, então estamos condenados a esse universo linear, qualquer evento pormenor pode resultar em uma sequência de acontecimentos que pode alterar completamente o andamento das coisas. Caso esse seja o cenário em que nos encontramos, eu sou realmente grato pelo motor de improbabilidade infinita que fez com que dentre as infinitas possibilidades, não apenas o universo se formasse de maneira a permitir a vida como conhecemos, mas também tenha permitido o desenvolvimento humano e a nossa possibilidade de participação nessa loucura. Antes de tudo sou grato à meus Pais principalmente pela criação que recebi, que me ensinou a tirar o melhor de cada oportunidade oferecida neste universo, e também pelo financiamento ao longo deste curso. Sou grato pela possibilidade de ter encontrado a Fernanda, que dentre milhares de motivos para agradecer, não fosse ela a me motivar a continuar o trabalho nos momentos de falta de entusiasmo, estando ao meu lado durante boa parte das horas de trabalho, talvez não o concluísse da maneira como foi. Agradeço a possibilidade de ter como irmãos os membros da CREW. Jamais poderia ter a mesma visão sobre a vida, o universo e tudo mais se não fosse a relação com esse bando de loucos com quem partilho desde opiniões sobre os videogames recentes até as teorias mais malucas sobre a formação do universo e a transmissão de ideias. Destes, deixo meu agradecimento especial ao Masters Math Palmero, responsável pelo direcionamento da análise matemática realizada na segunda metade da pesquisa. Agradeço pela oportunidade de formar o núcleo DRVO, que nos permite discutir e praticar uma arquitetura muito mais real para além dos moldes de discussão desta que se dão de maneira quase metafisica e com pouca relação com a realidade. Por fim, agradeço a todas a oportunidades oferecidas pela UNIMEP, desde as construções mais megalomaníacas a oportunidade de ter o caro Estevam Vanale Otero como principal educador quanto ao urbanismo, além da paciente orientação na pesquisa, antes que esse seja exilado em Cuba. Se a Unimep nos ofereceu tantas oportunidades, grande parte se deve a ética praticada na universidade, cujo grande responsável nos foi furtada a possibilidade de agradecer propriamente ao dizer adeus, Tim.


Estrutura 2 Resumo 3

Da qualidade de Desenho 32

Competencias do Desenho UrbaObjetivos 4 no 32 Elementos Morfologicos a Considerar 35 Limiar de visão Vertical 35 Introdução 5 Limiar de visão Horizontal 35 Tamanho das arestas das quaDesenvolvimento e Histórico do dras 37 Urbanismo 5 Parâmetros de Análise 38 A Experiencia de Paris sob Haus- Proporções Fisicas 38 sman. 8 % De Fachada Ativa 39 Parametros de Desenho 40

Definição 11

Dialogo entre os Parametros Urbanos 11 Descrição dos parametros analisados. 14 Lamina padrão de estudos de caso. 15 Objetivos da Lamina de análise 16

Metodologia 17 Justificativa dos Parâmetros de Análise 17

Parametros de análise 19 Aspectos Físicos 19

Vizualisando as Densidades atravez do problema das Escalas 19 Parâmetros Físicos 22

Aspectos de Diversidade de Usos 24

Importancia da questão da Diversidade 25 Parâmetros de Diversidade 26 Interpretação da Nota Geral 31

Estudos de Caso 43 BOSTON SOUTH END 44 Ruthland Sq. SOUTH END 46 NORTH END 48 Salem St. NORTH END 50 NEW YORK 1365 York Avenue 52 1035 5th Avenue 54 CO-OP City 56 BRASÍLIA - Superquadra Tipo 58 SÃO PAULO - Avenida São Luis 60 RIO DE JANEIRO COPACABANA 62 R. SILVA CASTRO COPACABANA 64 R. Fernando Osório FLAMENGO 66 Análise previa dos dados 68

Conclusões 72


:\ Introdução 8 0 ENSAIOS DE MODELAGEM - 128 :\1-Metodologia 8 2 A01:/ Subsetor 01 Agua Branca - 128 1:/ Sintese Bibliografica 83 A02 :/ Antigo Complexo Industrial - Liberda:\2 - Abordagem dos de - 135 dados 88 A03 :/ Gleba Esso 2:1\ Análise dos dados obtidos Henri Ford - 150 88 :\4 - Síntese me2:2\ Normalização dos Parâmetodológica 153 tros 89 2:3\ Metodologia de análise matemática 92 2:4\ Análise através de função media 95 2:5\ Introdução às Equações Funcionais 99 2:6\ Análise de Regressão 100 2:7\ Perspectivas para pesquisas futuras: 107

4:1\ Quanto a Problemática Apresentada 153 4:2\ Quanto a Abordagem da Problemática 154 4:3\ Potencial e Limitações da Ferramenta 157 4:4\ Cenários de Atuação da Ferramenta 161

:\5-Discussões :\3 - Sistema de Mo164 evantadas delagem 111 5:1\ Uma discussão sobre den 3:1\ Implicações Admitidas sidade 164 111 5:2\ Sobre o futuro do desenvol3:2\ Sistema de Modelagem 123 vimento urbano. 166

:\# - Bibliografia

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Estrutura O Seguinte caderno é resultado da pesquisa realizada como Trabalho de Conclusão de Curso para o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Em termos didáticos, a pesquisa que ocorre ao longo do ultimo de curso é dividida em duas etapas através de uma discussão ao final do primeiro semestre. Essa divisão ante mais nada processual não interfere no resultado final apresentado, porém dada a forma como a pesquisa seguiu, coincide exatamente com uma divisão de etapas desta. Neste momento então, é feita a opção de manter essa divisão metodológica através das diferenças estéticas de diagramação, a fim de manter aparente e explicito o amadurecimento das ideias centrais a pesquisa ao decorrer desta, permitindo observar as opções e escolhas tomadas para suas conclusões. A Primeira parte da pesquisa, representada pelo azul ao inicio do caderno, tem como objetivo iniciar o questionamento acerca das praticas atuais de Urbanismo, iniciando com uma discussão que abrange o desenvolvimento humano levando ao surgimento das atuais Metrópoles, e o inicio dos estudos acerca do Urbanismo até a formação das atuais correntes de discussão. Segue então o Desenvolvimento de um Sistema de Análise Configuracional Urbano, que tem por objetivo criar ferramentas que permitam tornar mais metódica e pratica a atual discussão empírica de Urbanismo. A ferramenta criada então é utilizada para analisar diversas condições urbanas, a fim de provar seu funcionamento e indicar possíveis falhas nesta. Essa etapa termina com uma superficial e breve análise matemática dos dados levantados na etapa de observação urbana, sendo o primeiro tópico da segunda metade da pesquisa, aprofundando-a. A Segunda etapa da pesquisa então vem através da presença da cor magenta. Essa etapa busca desdobrar a ferramenta de análise proposta, a fim de obter um instrumental propositivo para que esse sistema uma vez alimentado com dados de condições consideradas “ideais” possa indicar como essas condições seriam aplicadas em diferentes áreas urbanas, aplicando a discussão pratica e metodológica sobre o urbanismo. Essa etapa se inicia com uma análise matemática estatística mais profunda e correta dos dados levantados, graças ao auxilio de especialistas consultados. Essa análise matemática nos indica equações capazes de modelar os fenômenos observados, que são então aplicadas em um sistema propositivo, que por sua vez tem sua eficácia testada através de ensaios de modelagem urbana. Por fim, com o resultado destes ensaios e possível analisar o caminho metodológico da pesquisa como um todo, e como essa auxilia nas discussões da pratica do Urbanismo atualmente.


R e s u m o O seguinte é resultado da pesquisa que busca entender as relações que se dão no ambiente urbano, acerca principalmente das diferenças de densidades construtivas e seus potenciais efeitos na morfologia urbana, medindo suas qualidades através da comparação de diversas áreas de um recorte especifico de cidades, a fim de qualificar o desenho urbano destas e apontar a responsabilidade dos diferentes elementos que compõe este desenho acerca de sua respectiva qualidade, buscando sintetizar os elementos ideais de vitalidade urbana. Para a pesquisa, serão definidos os elementos gerais de morfologia urbana responsáveis por alterar a qualidade de seu tecido, capazes de medir tanto sua distribuição física quanto socioeconômica. O Recorte de cidades a ser estudado engloba cidades ocidentais com períodos de fundação relativamente próximos, e que apresentaram declínio em suas taxas de crescimento a partir da década de 1990, indicando que não há necessidade da expansão de suas manchas urbanas, podendo ser consideradas estagnadas. Esta análise então deve resultar na proposição de um projeto cuja densidade construtiva e funcional se vê superior ao da área de implantação escolhida, justificando como sua própria implantação pode servir de ancora para a transformação de uma área urbana considerada subutilizada.

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O b j e t i v o s G

E

R

A

I

S

.

• Desenvolver uma metodologia de análise urbana capaz de categorizar determinada área de acordo com sua contribuição para o funcionamento urbano presente e potencial. • Obter parâmetros físicos e econômicos de Vitalidade Urbana, que independem de condições culturais e históricas previas. • A Partir dos parâmetros definidos, desenvolver uma metodologia de Analise Configuracional Urbana capaz de entender e explicitar as qualidades de uma área urbana.

E

S

P

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C

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S

• Definir o Recorte de Cidades a ser estudado, situando estas nas condições gerais de desenvolvimento demográfico e econômico. • Definir elementos geoeconômicos da Vitalidade Urbana • Definir diretrizes físicas de Vitalidade Urbana no formato de uma lista de exemplos com desenhos em escala. • Cruzar dados de densidades ocupacionais de áreas urbanas especificas ao recorte de cidades estudado. • Definir as relações entre os parâmetros de Ocupação e Cirulação

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I N T R O D U Ç Ã O Recorte Urbano referente a pesquisa. Essa pesquisa tem por objetivo a discussão dos sistemas configuracionais urbanos acerta dos moldes das cidades ocidentais, concentrados nas cidades americanas que provaram crescimento acelerado a partir do final do século XIX, apresentando picos de crescimento entre as décadas de 1940 e 1980, apresentando um declínio no crescimento a partir da década de 2000, indicando estabilização nas transformações da mancha urbana.

Desenvolvimento e Histórico do Urbanismo Origens banismo na protagonismo diretrizes de to.

do atual Urretomada do humano nas planejamen-

Segundo Jane Jacobs, pedra fundamental das correntes de estudos Urbanísticos atuais: “As cidades, mais uma vez como as ciências

biológicas,

não

apresentam

UM

proble-

ma de complexidade organizada que, se compreendido, é a explicação de tudo. Elas podem ser analisadas sob vários desses problemas ou segmentos que, como nas ciências biológicas, estão também inter-relacionados. As variáveis são diversas, mas não são desordenadas; elas estão “inter-relacionadas como num todo orgânico”” (JACOBS, 1961)

Logo, percebe-se que a cidade não admite apenas uma análise, e que cada análise feita poderá apontar um problema e uma solução diferente, e estas soluções em si podem gerar ainda diferentes perspectivas a serem analisadas. A Cidade como ferramenta para a humanidade.

Tomando uma análise crua e rudimentar sobre o principal componente da cidade, o cidadão que a vive, este stempre apontará algum descontentamento ou problema que o impede de ter uma vivencia plena no ambiente urbano. Para tentar compreender o porquê deste descontentamento devemos lembrar da inter-relação, muitas vezes esquecida pelos elementos que a discutem, entre o desenvolvimento humano e a cidade em si. Ao fazer uma análise sintética, O Ser Humano, como animal, encontrou sua sobrevivência e sucesso nas condições da vida em sociedade e das relações humanas. Quanto maior o número de relações humanas, mais especializado um indivíduo se tornaria em uma atividade especifica, e os demais indivíduos poderiam confiar suas funções a este, enquanto se dedicam as

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suas próprias especializações. Com isto, os indivíduos de uma sociedade buscam sempre ter o maior número de relações possível, e este efeito leva a uma maior concentração de indivíduos, assim, grupos se tornaram tribos, tribos se tornaram vilas, cidades chegando ao ápice nas imensas áreas metropolitanas que encontramos no século XXI. Portanto, entendemos que o desenvolvimento urbano foi intrínseco ao desenvolvimento da humanidade em si, permitindo que este crescimento se desse de forma acelerada, e portanto, assim como na arquitetura vernacular, os princípios do Urbanismo se deram moldados a real necessidade de seus habitantes, fato que tornou a construção urbana orientada ao ser humano, porém, este método de desenvolvimento não tinha devida precaução com seu desenvolvimento futuro e expansão.

Alteração dos paradigmas de planejamento perante a ciência do processo de urbanização

As alterações demograficas e economicas causadas pela Revolução Indus-

É necessário refletir que, dada a magnitude deste processo de urbanização intrínseco a evolução humana, em um ponto a humanidade passa a tomar ciência de sua importância, passando a se relacionar de maneira questionadora e ativa com este. Após este ponto, é necessário lembrar a diferença na herança histórica que as cidades recebem quantos suas diferentes origens históricas, assim sendo diferentemente impactadas perante seus diferentes períodos de desenvolvimento, o que torna as antigas diretrizes de desenvolvimento mais humanas muito mais perceptíveis nos centros históricos de cidades europeias e do oeste asiático, e já se vê muito diferente nas cidades dos continentes ocidentais, que tiveram alguns séculos de tempo para que a urbanização fosse mais desenvolvida, e ainda em cidades que sofreram grandes transformações após os subsequentes períodos da Revolução Industrial e do Capitalismo Financeiro Global. Dada a magnitude desse processo, perdurando todo o desenvolvimento humano, há de se lembrar as cidades não possuem a mesma origem, assim sendo diferentemente impactadas perante suas diferentes origens históricas e períodos de desenvolvimento, é muito mais perceptível nos centros históricos de cidades europeias e do oeste asiático, e já se vê muito diferente nas cidades dos continentes ocidentais, que tiveram alguns séculos de tempo para que a urbanização fosse mais desenvolvida, e ainda em cidades que sofreram grandes transformações após os subsequentes períodos da Revolução Industrial e do Capitalismo Global. A Revolução Industrial por si figura o primeiro importante período de transformação nas cidades uma vez que proporcio-

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nou tanto a atração pelo ambiente urbano, quanto uma bruta queda nas taxas de mortalidade, causando um aumento demográfico, e é o período onde especialistas das mais diversas áreas começam a apontar problemas no processo de urbanização que se tornou acelerado graças a estes efeitos. Ainda, nos países do recorte estudado, estes efeitos que se iniciaram no final do século XVIII e meados do sec. XIX, a exemplo da experiencia de Paris ao comando do Barão de Haussman que pode ser considerado umas das primeiras evidencias do Higienismo e da produção de espaço urbano a favor da economia, e espalharam-se atingindo escala global podendo ser sentidos até a primeira metade do Sec. XX, e justamente essa ampliação para a escala global é responsável por iniciar os processos de globalização e consequentemente pela introdução do capitalismo global, que estabelece uma nova relação com o meio urbano que é puramente especulativa e orientada a movimentação de capital. Percebe-se então que essa soma de eventos é responsável tanto pelo enorme crescimento demográfico que figurou, tanto quanto pela forma que este tomou no ambiente urbano, e que neste processo as condições humanas perderam espaço perante as novas formas de ocupação de espaço permitidas pelo capital. Tais condições foram cruciais para o entendimento das condições urbanas atuais, uma vez que ocorreram durante a própria produção de maior parte do espaço urbano atual.

O Inicio da estabilização demografica indica tambem a necessidade de estabilizar as taxas de produção de espaço urbano.

Porém, a partir das décadas de 1990 e 2000 é notável uma estabilização nas taxas de crescimento demográfico, indicando então uma desaceleração nos processos de crescimento e também na real necessidade da massiva produção de espaço urbano. Somados a projeções futuras, vemos que as maiores metrópoles do recorte apresentado tendem a se estagnar em termos demográficos, diferentemente das regiões Asiáticas que não figuram no estudo, e dado seu desenvolvimento econômico mais tardio, estas apresentam suas maiores taxas de crescimento justamente após este período (a partir da década de 1990). Retornando então a citação de Jane Jacobs ao início do capitulo, remetendo a cidade a um organismo biológico composto por células, estas com diferentes funções e que podem ser ligadas ou desligadas de acordo com sua evolução, a somatória dos eventos apresentados significa que as diferentes

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camadas de espaço urbano produzidos durantes estas épocas, emprestando o um termo da geologia quanto a formação rochosa ao longo do tempo, já se encontram estratificadas, o que nós permite olhar para estas camadas e questionar o motivo que levou a sua formação e quais as qualidades que estas agregam ao tecido urbano. Logo, o trabalho futuro de planejamento deve ser justamente de ressignificar algumas dessas camadas estratificadas a partir destas analises.

Devemos definir então qual a qualidade do espaço urbano que devemos produzir.

Essa pesquisa então busca apontar parâmetros que indiquem áreas urbanas de alto valor ocupadas de maneira equivocada durantes esse processo agressivo de crescimento e produção de espaço urbano ordenados não a qualidade destes, mas sim a máxima extração de capital, como elucidado anteriormente; e, indicar como estas podem ter um potencial de transformação urbano imediato e futuro se ocupados seguindo parâmetros a serem estudados que compõe a Vitalidade Urbana, tais quais: Densidade de ocupação, Opções e quantidades de usos mistos, Diversidade de faixas econômico-sociais...

A Experiência de Paris sob Haussman. É necessário à discussão como as relações econômicas afetam a produção de espaço urbano, e para isso voltemos ao fenômeno histórico da primeira vez que a produção de espaço urbano foi utilizada de maneira ativa para a solução de uma crise econômica. A Primavera dos povos em Paris no Segundo Império, ano de 1848, foi resultado de uma série de alterações no cenário político, seguidos de uma crise agrícola, resultando uma das primeiras crises econômicas em que se verificou lado a lado tanto o excedente de capital, como o excedente de força de trabalho. O Resultado desse cenário foi uma revolução abortada, oprimida violentamente por uma burguesia que não conseguiu controlar a crise.

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Esse cenário propiciou um golpe de estado que levou Luis Bonaparte a se proclamar imperador em 1852, que teve de lidar tanto com a instabilidade política quanto com a crise dos excedentes. Com isso em mente, Bonaparte lança um extenso programa de investimentos infraestruturas por toda a França quanto para a Europa, significando a construção de estradas ligando todo o continente, a consolidação da malha ferroviária pela França, drenagem de pântanos, e por fim ao que nos tange, leva a reconfiguração da infraestrutura de Paris, encarregando Haussman pelos projetos e construções de obras públicas da cidade. A Reconstrução de paris por Haussman absorveu imensas quantidades de mão obra e capital para os padrões da época, e ao mesmo tempo, suprimiu as aspirações da força de trabalho parisiense, sendo também um instrumento fundamental para a estabilização social. Nessa reconfiguração, Haussman retomou os projetos de bulevares já discutidos nas décadas anteriores, mas os levou a uma escala urbana duas ou três vezes maiores. Este concebia a cidade em uma escala muito maior, agregou subúrbios e reformulou bairros inteiros. Haussman transformou Paris toda de uma vez, e não pequenos excertos do tecido urbano. Essa profunda transformação que levou cerca de 15 anos, e levou a Paris à condição de “Cidade Luz”, não só resolvendo os problemas do excedente de capital, como tornando-se um centro de consumo e turismo, um novo sistema que permitia ainda mais a absorção destes excedentes. Após 1868 esse movimento se vê em declínio, pois o sistema especulativo implantado se tornava cada vez mais excludente para com os trabalhadores e agredia os tradicionalistas. Esse episódio configura então a primeira vez em que uma área urbana significativa foi completamente transformada, não com perspectivas de obter um melhor desempenho urbano, mas sim como ferramenta ativa para a solução de uma crise econômica, e como reflexo direto esse sistema entra em colapso principalmente pois as classes trabalhadores se viam em uma posição incapaz de consumir a cidade e obter seus direitos básicos. Após isso podemos ver os efeitos da especulação financeira reverberando durante toda a história da produção de espaço urbano, em intensidades maiores e menores, e torna-se também tangível a pesquisa os efeitos que essa teve nos Estados Unidos a partir de 1942, durante e após o período da se-

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gunda guerra. O Processo de produção de espaço urbano orientado ao desenvolvimento continua, com consequencia, produzindo espaços que prejudicam enormemente o Desempenho Urbano.

Tendo sofrido uma crise extrema de excedentes a partir de 1929 e durante a década de 1930, o atual cenário norte americano se via frente a uma grande incerteza sobre o cenário econômico após o período da guerra. Por um lado, vertentes sociais comunistas que se originaram na crise de 1930 se viam ganhando força, e o estado havia estabelecido uma aliança com a até então União Soviética na guerra contra o fascismo, invocando, assim como acontecera com Luís Bonaparte, a necessidade de uma repressão social. Ainda, a preocupação com o vindouro problema da aplicação de excedente após a guerra, em 1942 Robert Moses inicia uma volumosa avaliação dos trabalhos de Haussman, e logo este viria a fazer com a região metropolitana de Nova York o que foi feito em Paris. Moses por sua vez expande a lógica de ampliação de infraestrutura através do advento das autoestradas, iniciando os processos de suburbanização em escala nacional, que foram responsáveis por absorver o excedente de capital e de trabalho no período pós guerra, evitando uma nova crise e implantando um novo estilo de vida suburbano que consistia no consumo de uma quantidade muito maior de produtos para poder preencher as espaçosas casas do subúrbio, dois carros na garagem para poder acessar a então distante cidade, e um enorme consumo de gasolina. Esse novo estilo de vida desempenhava muito bem a absorção dos excedentes, mas para tanto, o preço foi pago na década de 1960, na crise urbana que os centros das cidades sofreram após terem sido privados de uma economia sustentável tendo sido esvaziados, levando subsequentemente a uma crise financeira que pôs em questionamento as práticas de Moses. No centro dessa crise urbana em Nova York se via em ascensão um movimento que ao questionar Moses, defendia um estilo de vida com mais diversidade nos centros das cidades, centrando-se nas discussões apresentadas por Jane Jacobs. A tentativa de Moses de abordar a crise instaurada o levou a propor inúmeras reformas infra estruturais para o centro de nova York, visando tanto movimentar a máquina financeira quanto adequar o centro aos novos estilos de vida do subúrbio, e foi neste ponto em que Moses se viu em um constante embate com representantes de todas as minorias que haviam tomado os centros, centradas em Jane Jacobs, que queriam defender um estilo de produção urbana no qual estas pudessem

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participar. Eventualmente, Moses fracassou em sua retomada dos centros, e a “vitória” de Jane Jacobs vem para consolidar a filosofia urbanística que é central ao desenvolvimento do Urbanismo a partir de então, e também mote central desta pesquisa. Ressalta-se que a produção especulativa de espaço urbano continua a ser utilizada como estratégia econômica em maiores e menores potencias, onde vale ressaltar a recente tentativa da tomada da região da Luz em são Paulo, agora em 2017. Os Efeitos dessas estratégias tem consequências serias para quanto a Performance do Espaço Urbano, uma vez que essa estratégia não tem real vínculo com o funcionamento e apropriação do tecido urbano.

D e f i n i ç ã o Densidade não é o principal fator da vitalidade...

... Mas definitivamente é um fator importante.

Se apenas a densidade demográfica fosse um fator determinada para a qualidade e vitalidade urbana, a cidade de Carachi, Paquistão com 13 milhões de habitantes, deveria apresentar condições de vitalidade parecidas ou melhores que as de Nova York, com cerca de 9 milhões de habitantes, salvo as diferenças obvias nas condições econômicas. Em um diferente contexto, Winy Maas (MVRDV, 1998) elucida sua preocupação com a recente suburbanização nas cidades dos Países Baixos, que muito embora pareça figurar uso misto, são descritas como uma matéria urbana “Low-Density”, a qual não se pode perceber uma efetiva diretriz de organização. Neste ao analisar essa “massa cinza” de baixa densidade Maas mostra a importância do método de análise usado para mensurar a densidade urbana introduzindo o termo CPA (Coeficiente de Piso por Área, tradução livre do termo FAR, Floor Área Ratio), termo primeiramente lançado pelo planejamento de Nova York em 1961 como uma alternativa que difere do Coeficiente de Aproveitamento na medida que é utilizado para medir áreas urbanas ao contrário de lotes específicos, e compara o baixo CPA áreas da Massa Cinza dos subúrbios ao CPA de áreas adjacentes ao centro e que esbanjam de vitalidade, explicitando a importância de uma certa densidade urbana, estendendo seu estudo ainda ao comparar os números de relações durante o dia, desempenho econômico, e níveis de segurança de ambas as áreas, explicitando a importância de um CPA mais elevado. Este estudo se relaciona com o conceito desenvolvido na introdução, que aponta que o ambiente urbano surge como uma ferramenta humana para ampliar e intensificar suas próprias

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conexões, estas que são essência do desenvolvimento humana. Logo, justificamos que a cidade deve ter certa densidade para cumprir seu papel eficientemente. Problematica da Baixa Densidade

Demanda

Induzida

como ferramenta de subversão quanto a produção de espaços urbanos orientados a extração de lucro.

Ainda, enquanto Winy (MVRDV, 1998) se preocupa com essas áreas “Low-Density” e que se intitulam “Low-cost” (Custo baixo), (SPECK, 2012), ao analisar as condições de circulação humana dentro da cidade, alerta para o real custo da infraestrutura urbana, e como como esse prolongamento até as regiões suburbanas de menor densidade não só se torna de altíssimo custo para a gestão, como os efeitos gerados pela dinâmica de uma cidade menos densa pode afetar a economia local, desestimulando os comércios locais a medida que as pessoas simplesmente não conseguem entrar em contato suficiente com este. Este ponto torna-se crucial a pesquisa, pois prova que, uma vez que temos que a os ambientes urbanos passaram a ser moldados pelas forças do capitalismo global, como elucida (HARVEY, 2012), esse sistema age como uma equação, então alterações feitas no ambiente urbano resultam também em impacto direto nas relações econômicas.t (SPECK, 2012), ao discorrer sobre as condições viárias de circulação na cidade, menciona um termo que resume a centralidade da pesquisa: Demanda Induzida. Analisando diversas propostas de solução de trafego de veículos automotores por especialistas da área, (SPECK, 2012) percebe que as soluções sempre são de aumentar e engordar as vias, obra que garante melhorias nas condições apenas num período curto após a implantação, porem o estado de esgotamento retorna uma vez que motoristas voltam passam a utilizar mais a recém-alargada via. Porém, a contraria também se vê verdadeira, uma vez que são mostradas diversas situações onde vias para carros são completamente diminuídas e até mesmo retiradas, sem que as condições de transito sejam alteradas, isso as custas de um enorme ganho para a escala humana inerente. Muito embora (SPECK, 2012) faça essa análise apenas relacionada as condições de transito, a demonstração prova que a Demanda é intrínseca a infraestrutura provida. Ao contrário do que especialistas consideram, a infraestrutura não serve a demanda, mas ela própria é geradora da demanda. Logo, alterações na infraestrutura devem justamente cumprir o papel da alteração de paradigmas construtivos na cidade, indo contra a máxima do capitalismo global na medida que tem o poder de guia-lo. Para justificar esta contraria, é necessário fazer uma

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intersecção entre a pesquisa apresentada de (SPECK, 2012) e as ideias de (GEHL, 2010). O Objetivo de Cidades para Pessoas é o mesmo de Cidade Caminhavel, porem (GEHL, 2010), como arquiteto, apresenta uma abordagem muito mais física que busca ressaltar quais são as qualidades construtivas do ambiente urbano, como estas atraem o público, e como esse efeito ajuda a criar a Cidade Viva. Gehl, porém, centra sua pesquisa nas cidades de caráter europeu que sempre possuíram uma cultura de cidade compacta, e não percebe os benefícios econômicos que este modelo urbano apresenta, como explica (SPECK, 2012). Enquanto Gehl mostra que conforme melhor a qualidade do espaço urbano, maior é a tendência do indivíduo se dispor a realizar atividades secundarias durante ou após sua jornada no espaço público, permanecendo mais tempo neste, e Speck aponta que quanto mais tempo no espaço público o indivíduo permanece, mais este tende a adquirir seus produtos neste, fortalecendo a economia local.

Exalta-se a necessidade de unificar as vertentes de discussão sobre o Urbanismo.

Estes efeitos da diversidade socioeconômica presentes são mencionados em todas as vertentes que discutem a vitalidade urbana, pois tanto as vertentes que a discutem em termos de densidade, quanto as que discutem a qualidade de desenho entendem que uma massa social com mais diversidade proporciona tanto uma apropriação maior e mais intensa do espaço urbano, tanto quanto isso acarreta em uma maior diversidade de funções distribuídas de melhor maneira no espaço, o que pode encurtar distancias percorridas necessárias e aumentar a quantidade de atividades realizadas. Ainda, sobre os benefícios da diversidade socioeconômica Ian Gehl discorre: “Os Princípios subjacentes a criação de uma cidade viva também inclem planos para sustentabilidade social. A cidade viva tenta se contrapor a propensão das pessoas para se retirarem nos condomínios fechados e promover a ideia de uma cidade acessível, atraente para todos os grupos da sociedade. A cidade e vista como o que atende a uma função democrática onde as pessoas encontram diversidade social e compreendem mais o outro, por meio do compartilhamento do mesmo espaço urbano” (GEHL, 2010)

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Descrição dos parâmetros analisados. Novas metricas inseridas no processo de planejamento urbano.

A fim de simplificar o modelo de análise aplicado as áreas urbanas escolhidas, será adotada uma variação do modelo aplicado pela pesquisa Density Atlas de 2015, que busca explicitar a necessidade de inserir novas métricas orientadas a densidade no planejamento urbano. O Modelo usado em Density Atlas se apoia principalmente no CPA e na densidade habitacional, parâmetros insuficientes para categorizar qual a real qualidade de um espaço urbano, portanto a esta pesquisa serão adicionados parâmetros que conferem tanto a diversidade de usos e camadas sociais presentes, quanto a qualidade do desenho urbano presente. A Fim de simplificar a metodologia primeiro analisaremos a relação entre os parâmetros como discutido no item anterior, seguido de uma definição prolongada e especifica de cada parâmetro e suas condições de analise.

Diagrama de Relação entre os parametros analisados ante as diferentes escalas.

PARÂMETROS E S C A L A

Q

D

Qualidade de Desenho sera medida de acordo com uma base de condições fisicas favoraveis a ser estabelecida.

C

P

A

Coeficiente de Piso por Area (Tradução do termo FAR), real indicador de desindade construtiva na mancha urbana

D

U

Diversidade se relaciona tanto com a Diversidade de Usos do solo, quanto a t de tipologias apresentadas.

P

O

P

Densidade Populacional. Dado demografico de quantidade de habitantes/km²

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A

Escala de uma quadra. Esta escala permite uma otima analise dos tres primeiros parametros, mas e o principal meio de analise da Qualidade de Desenho.

B

Escala do Bairro. Esta escala ainda denota a importancia do desenho, mas suas principais relações sao com os paramtros de CPA e DU

C

A Escala da Cidade por sua vez permite analise dos dados Demograficos de População, que não apresentam necessarirelação com termos de Vitalidade Urbana


Lâmina padrão de estudos de caso.

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Objetivos

da

Lâmina

de

análise

As Laminas de análise têm por objetivo manter os mais altos níveis de clareza quanto a leitura, portanto, estas apresentam apenas os resultados dos parâmetros analisados. O Cálculo detalhado destes parâmetros será justificado a seguir. Os estudos de caso contam sempre com uma primeira página que contém um breve histórico, a fim de estabelecer um mínimo de contexto cultural da área em análise e suas relações com tecido urbano adjacente, contendo também um breve mapa de cheios e vazios a fim de explicitar suas relações morfológicas mais diretas. Exemplo de mapa de localização referente a lamina de análise exemplo apresentada

Minimizando variações externas quanto a diferenças culturais e de escala.

Por sua vez, os estudos de caso estarão agrupados por cidade, a fim de não exaltar as variações apresentadas nas diferentes formas de análise dos diferentes órgãos responsáveis por cada cidade e/ou país; e consequentemente agrupadas por Escala, indicados junto a localização do local no canto superior direito, na medida que uma escala “B”, que engloba um bairro ou região mais extensa, possa também conter em si diferentes áreas de escala “A”, equivalentes poucas ou apenas uma quadra. A pesquisa se propõe a utilizar apenas destas escalas, pois como é elucidado no gráfico mostrado no início do capitulo, as escalas maiores a partir de “C”, referente a cidade, mostram uma relação maior com os índices demográficos mais gerais, e que começam a fugir da competência do desenho urbano perante a distribuição socioeconômica. Ainda quanto a diferença de escalas, é necessário ressaltar os diferentes objetivos quanto a cada escala, uma vez que

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Diferença nos potenciais quanto as diferentes escalas.

as qualidades de desenho urbano tem um maior peso quanto as escalas “A”, que apresenta uma maior proximidade da escala humana, e os índices de diversidade tem maior peso quanto a escala “B”, uma vez que esta possui maior poder de Concentrar ou Diversificar a população, e ainda pode apresentar equipamentos de caráter público com capacidades de atender uma maior faixa da população.

M e t o d o l o g i a Justificativa dos Parâmetros de Análise Como mostrado anteriormente, a pesquisa para os estudos de caso busca analisar as condições de qualidade de tecido urbano acerca de três principais frentes, sendo estas as qualidades quanto aos Aspectos Espaciais, Quanto a Diversidade de Uso tanto em caráter de Uso e Ocupação de Solo quanto Diversidade Socioeconômica, e as qualidade de Desenho Urbano. Problema dos sistemas de analise urbana até o presente

A Escolha por esta divisão de parâmetros busca avançar a discussão quanto a analise morfológica, como apresentada por (RENATO LEÃO REGO, 2011) ao reunir uma série de artigos e publicações voltadas a esta, percebe-se que entre publicações Norte e Latino-americanas começa a surgir apenas a partir do final da década de 1990, se intensificando nos anos 2000. Porém, como citado na introdução, vemos que essas publicações são resultado de uma lógica urbanística que se inicia com (JACOBS, 1961), cerca de cinco décadas antes, e que estas analises tomam como base sempre os Aspectos Físicos do ambiente Urbano, atribuindo as condições de vitalidade citadas por Jacobs principalmente as competências físicas do tecido urbano, ponto que se torna ainda mais contraditório ao levar em consideração os problemas citados no capítulo sobre a experiencia de Paris sobre Haussman.

A Importancia de ressaltar os indicadores de diversidade socioeconomicos.

Portanto a abordagem da analise toma como ponto de partida a metodologia apresentada em Density Atlas, estudo desenvolvido pelo MIT (massachusetts institute of technology) em 2012 sendo talvez uma das evoluções mais recentes quanto ao estudo da morfologia urbana, que apresenta dados muito conclusivos quanto as qualidades construtivas de densidade, sendo uma forte base para os Aspectos Físicos apresentados,

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e que começa a expressar certo cuidado quanto aos dados de diversidade socioeconômica, mas que se tornam inconclusivos, daí parte o princípio da adição dos indicadores de diversidade como uma segunda frente de dados qualificativos, tentando abordar esse erro quanto as análises morfológicas até então apresentadas. Qualidades construtivas para além do levantamento de dados.

Ainda, é latente a bibliografia da pesquisa uma vertente que aborda os aspectos físicos de maneira mais voltada a competência arquitetônica em si, deixando as análises de dados em segundo plano e criticando a qualidade dos espaços urbanos. Muito presente nos trabalhos de (SPECK, 2012), e especialmente (GEHL, 2010) que conta com desenhos a defender suas proposições, esta vertente defende que os efeitos do desenho urbano influenciam de tal maneira a dinâmica urbana que os efeitos intrínsecos as qualidades de uma certa área podem ser tanto ampliados quanto anulados. Portanto, ainda e necessário adicionar dados para analisar as competências do Desenho urbano das áreas designadas. Ao dividir a análise nestas 3 vertentes, podemos ampliar o espectro de dados perante os modelos de analise até então apresentados, tornando mais claro e tangíveis os elementos responsáveis pela vitalidade urbana de uma área. Como referenciado em quase toda a bibliografia, o ambiente urbano não pode ser entendido como algo estatístico e imutável, pois uma vez que é definido que a origem da condição urbana vem justamente da concentração de diferentes atividades, é justamente a transformação diária da cidade perante estas atividades que confere seu funcionamento e suas qualidades, torna-se contraditório analisa-lo apenas a partir de um levantamento de dados Demográficos e construtivos, não incluindo o potencial de transformação urbano. A Alternativa apresentada, é claro, apresenta parâmetros passiveis de interpretação, portanto é de grande importância que estes parâmetros sejam embasados a uma bibliografia pertinente, , como se dá através das definições a seguir a seguir.

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U n i d a d e s Parâmetros

de

análise

A s p e c t o s . . F í s i c o s Esta seção que remete aos aspectos construídos das áreas analisadas é constituída basicamente de uma apresentação direta de dados obtidos nos censos demográficos, como População Total, e densidade em Habitantes por hectare. Somando estes dados aos dados construtivos disponíveis, como Área total, Área Construída total, e Taxa de ocupação, temos uma análise simples e direta do estado físico da área, e cruzando estes dados podemos obter parâmetros mais relevantes de condição urbana, assim como Quantidade de Solo Urbano por Habitante, e Quantidade de Área construída por habitante, e talvez o indicador mais relevante desta sessão, sendo o Coeficiente de Piso por Área (CPA).

Vizualisando vez

do

as

Densidades

problema

das

atraEscalas

Muito embora esse levantamento não apresente nenhuma evolução com relação aos métodos tradicionais de analise urbana, e tenha maior caráter enumerativo, é necessário se ater aos efeitos que a metodologia de medição da área aplicada, pois esta pode impactar fortemente nos dados finais se inconstante. Ao analisar a densidade de determinada área, dois fenômenos são intrínsecos a metodologia aplicada, como é explicado por (JULIE CAMPOLI, 2014), em “Visualazing Density”, ao mostrar as variações causadas em uma análise da “Back Bay” de Boston. O seguinte exemplo retirado do relatório deixa explicita essa diferença. No primeiro exemplo apresentado, pode-se perceber que a linha de recorte inclui uma porção da Baía que dá nome ao bairro, do lado oposto ao ponto de centralidade observado.

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Exemplo retirado do artigo Visualazing Density, mostra a mudança na relação entre a densidade de unidades habitacionais por acre (Unidade diferente da adotada no projeto) na “Back Bay” em Boston.

O Recorte apresentado é referente a escala “B” utilizada, conferindo o tamanho de um bairro, ao incluir a porção da Baía intrinsicamente traz a opção de considerar o espaço público e suas importâncias para dentro do planejamento, uma vez que este é parte essencial do tecido urbano, e tem tanto a possibilidade de amplificar a vitalidade na área criando um forte ponto de permanência e suprindo a necessidade de espaços livres, assim como o descaso para com uma área destas pode torna-la um problema. A Seguinte imagem mostra a diferença de densidade na mesma área, se excluída do espaço público. Tal metodologia não considera o espectro completo do funcionamento do tecido urbano, e pode ser utilizada como manobra para especulações negativas quanto ao espaço publico.

Ao retirar a Baía, espaço publico pertencente a área, a densidade sobe 23%

20


Ao apresentar um aumento de 23% quanto a densidade medida, este cálculo rouba a área de seu verdadeiro potencial, sendo que a presença de um espaço de permanência deste porte pode ser extremamente beneficial para a área, e exclui esta do planejamento futuro. Portanto, para a metodologia desta pesquisa, é definido que a área de recorte calculado para as densidades deve incluir as áreas públicas anexas, quando presentes. Ainda, quanto ao sistema viário, é definido que a área de recorte deve considerar metade da seção das vias do perímetro externo das áreas definidas.

A Importância dos espaços públicos junto a escala “B” se justifica na in-capacidade de se analisarem através da escala “A”

O Segundo motivo que causa discrepância quanto as densidades apresentadas remete ao efeito da diferença de escalas. Diferente do primeiro motivo apresentado, este não é um erro de metodologia aplicada, mas apenas uma diferença intrínseca aos dados que é reflexo da própria diferença de função das escalas menores no tecido urbano. Enquanto a demonstração do primeiro efeito mostra o aumento de densidade na exclusão do espaço público na área definida, o seguinte exemplo mostra como a seleção de uma área de escala de quadra “A” dentro da escala de bairro “B”, mostra uma densidade muito mais elevada devido justamente ao não pertencimento dos espaços públicos nesta escala reduzida. Esse fenômeno mostra que a competência desses espaços só pode ser observada nas escalas de bairro, permitindo uma compreensão diferente da dinâmica urbana, uma vez que há uma discrepância nos números que não segue uma proporção linear, revelando uma lógica complexa por trás dessa diferença, a qual esta pesquisa busca abordar através da interação entre os diferentes parâmetros de análise.

Aumento de 133% na densidade de unidades habitacionais de uma área de escala “A” se comparada a mesma área na escala “B”

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Parâmetros

Físicos

CPA Coeficiente de Piso por Área..............................

Como citado, este termo é uma tradução livre do termo FAR (Floor Area Ratio), primeiramente introduzido no planejamento urbano de Nova York na década de 60, como forma de delimitar o “Envelope” dos edifícios antes os antigos métodos que contavam apenas com restrições de recuo e gabaritos, e difere do coeficiente de aproveitamento pelo fato de se aplicar a áreas urbanas inteiras, não se valendo dos limites de lote. Este parâmetro é uma divisão direta da metragem construída pela metragem de solo da área definida, que faz com que este seja uma ordem de razão, um valor numérico sem unidade atribuída, que indica quantas vezes o espaço de solo urbano se multiplica através de verticalização. Tal indicador é o mais utilizado em todos os sistemas de analise urbana apresentados, por ser um dos mais ideais indicadores de densidade ao demonstrar quantas vezes o espaço urbano se desdobra sobre si mesmo, concentrando a infraestrutura necessária para a manutenção dessas atividades. Normalmente em casos urbanos esse indicador varia entre 1 e 6, e também mostra variações não lineares entre casos de escala “A” e “B”, porém, para os aspectos físicos da analise não é necessário aplicar alterações a metodologia aplicada nas diferentes escalas.

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Ac

Area Construida, em metros quadrados..............

A fim de explicitar os elementos para o cálculo do CPA, são expostos individualmente as parcelas da equação, para que essas unidades possam interagir com outros parâmetros a apresentar, gerando novos indicadores. Este parâmetro é resultado da área construída total obtida através de dados dos respectivos sensos censos.

At Area

Total,

em

Hectares................................

Área total de solo para o polígono do recorte urbano referido. Este recorte por definição deve ser feito incorporando metade da seção viária presente no perímetro das quadras selecionadas. Esses dados, quando não fornecidos nos mesmo relatórios dos parâmetros anteriores, podem ser obtidos com precisão através de ferramentas de mapeamento por satélite, a exemplo do Google Earth.

Taxa de Ocupação Porcentagem de solo edificado referente a área total mencionada no item anterior. Este indicador aponta a proporção entre espaços livres e construídos sobre o qual se ergue a referida densidade urbana, e serve como base para os dados de qualidade dos espaços de transição, analisados na frente de Qualidade de Desenho. Se não forem igualmente fornecidos como os demais itens, esta taxa pode ser calculada por aproximação através dos mesmos sistemas de geolocalização.

H

Quantidade total de Habitantes, se não fornecida por elementos censitários, obtida através da multiplicação da Densidade Habitacional pela Área Total

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D

Densidade Habitacional, em Habitantes por Hectar

Dados comumente fornecidos por censo, junto do CPA é um dos parâmetros mais estáveis para base de comparação entre diferentes áreas, por ser adotado em todos os censos praticados, permitindo uma precisão muito maior aos cálculos.

Do Densidade ocupacional, em Metros quadrados de solo por Habitante.

Este indicador parte do cruzamento de dados quanto a Quantidade Total de habitantes pela Área total de solo urbano, e indica a quantidade de solo urbano por habitante residente da área.

Dc Densidade Construída, em metros quadrados construídos por Habitante

Como o parâmetro interior, esse parâmetro utiliza a área construída total para indicar a quantidade de espaço construído por habitante, ainda sem fazer referência as distinções entre estes espaços

Aspectos de Diversidade de Usos Essa seção tem por objetivo qualificar as qualidades físicas apresentadas no item anterior de acordo com seus potenciais de apropriação, tanto para com diferentes funções quanto por diferentes camadas socioeconômicas, para isto, analisando as porcentagens dos tipos de Uso e Ocupação do solo presentes na área, as reais relações de uso do espaço construído, e também da análise de variedade dos usos do espaço, através de analises diretas

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Importancia da questão da Diversidade Os aspectos físicos da densidade urbana, mencionados no último item, nos mostram a capacidade do solo urbano multiplicar-se sobre si a fim de compactar a mancha urbana, economizando infraestrutura e encurtando as distancias a percorrer. Então, os índices de diversidade vêm para qualificar a apropriação humana deste volume construído. Para ressaltar os efeitos da diversidade sob o tecido urbano, precisamos nos lembrar da origem da condição humana como sociedade, composta por uma massa de indivíduos especializados em suas respectivas funções e que são diretamente dependentes de suas relações. Logo, o fator da diversidade indica quanto essa massa de indivíduos apresenta um maior aspecto de especializações e de características únicas, ampliando a quantidade de relações que os indivíduos podem ter, facilitando o desenvolvimento da sociedade em si. Entende-se que, em uma massa de indivíduos diversificada, as distancias que um indivíduo necessita vencer para realizar uma relação especifica são muito mais baixas, dadas as maiores chances de encontrar um outro capaz de suprir sua necessidade, e ainda no caso contrário, uma massa homogênea tende a ter as mesmas necessidades entre si, e a realizar o mesmo deslocamento para supri-las, deixando a porção de tecido urbano que ocupavam ociosa, então desperdiçando toda a estrutura necessária para manter essa porção de mancha urbana enquanto ela não estiver sendo utilizada, ainda sem entrar no mérito dos efeitos negativos que uma área monótona e não atrativa sofrem. Disto, tira-se que os índices de diversidade tem a competência de multiplicar a relação de usos que se dão sobre o ambiente urbano construído, e que se não se derem presentes podem anular os efeitos da densidade construída, fazendo com que uma área de baixa diversidade se comporte como uma área de muito menor densidade urbana, em termos de vitalidade. Ainda, é necessário ressaltar os efeitos da combinação de usos para além do aumento da densidade urbana. Uma matemática que é comumente apresentada junto aos parâmetros de Qualidade de Desenho, especialmente por (GEHL, 2010) indica que o principal fator de segurança, e até desempenho econômico, é a movimentação de pessoas no ambiente urbano, movimentação esta que se da graças aos parâmetros de diversidade, uma vez que uma quantidade de solo urbano que crie

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usos diversificados que se dividem ao longo das horas do dia ia criar uma corrente continua de pessoas, que se tornam vigias, desincentivando atividades ilegais, e também público consumidor para frequentar eventuais comércios de consumo, parques, entretenimento e afins... Comumente, os sistemas de análise morfologia são baseados em dados sobre densidade construtiva ou em elementos que abordam as qualidades de desenho urbano, que sempre mencionam a importância da diversidade, mas não conseguem analisa-la junto com o todo. A correta analise de Diversidade então torna-se um desafio, pois muito embora seja amplamente discutida, não há uma bibliografia de caráter técnico capaz de aliar esta aos elementos de densidade e morfologia urbana.

Parâmetros

de

Diversidade

Diferentemente dos aspectos físicos, os parâmetros de diversidade da maneira como que se dá a análise são passiveis de interpretação, portanto não podem ser expressados pela simples análise dos dados obtidos. Para efeito de analise então, a somatória dos parâmetros analisados resultara em uma Nota Geral de Diversidade, que não visa classificar em termos lineares de melhor ou pior índice de diversidade, mas sim facilitar a compreensão do sistema de analise aplicado, como descrito a seguir.

Para

Análises

de

Escala

“A”

Tabela de Proporções São analisadas as porcentagens totais quanto a metragem quadrada de uso do solo real, obtendo dados de mapeamentos de Uso e Ocupação quando disponíveis, se não as análises se dão por aproximação através de visualização por sistemas de mapeamento. As condições de uso ocupação caem sob as categorias

Habitação – Uso exclusivamente habitacional Comercial – Uso exclusivamente comercial, independente de sua qualificação

Misto 1 – Caracteriza-se por uso comercial do piso térreo até o primeiro pavimento, e habitacional nos demais pavimen-

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tos.

Misto 2 – Caracteriza-se por Usos comerciais que vão para além do primeiro pavimento, independente do quanto se misturam aos demais.

Institucional – Usos Institucionais e de caráter público são excluídos da equação para a escala “B”, mas fica a menção na folha de análise. Então, as proporções observadas entre os diferentes parâmetros serão qualificadas sob as seguintes condições: • Ausência total de usos exclusivamente habitacionais: -1 pontos. • Presença de 4 dos 5 tipos de uso estabelecidos. +1 ponto • Proporção de uso misto combinado até 20%: +1 ponto • Proporção de Uso Misto combinado entre ente 20% e 40% +2 pontos, para cada 10% adicionais soma-se 1 ponto até o máximo de 80%. • Proporção de Uso Misto 2 até 30%: +1 ponto • Presença de area institucional. +1 pontos.

Índice Habitacional É importante analisar a condição habitacional a fim de verificar se o potencial habitacional da área está próximo de suas condições construtivas. Para isso é feito um cálculo base de metragem quadrada habitacional média observada. Esse cálculo obedece ao método: • Divisão da Quantidade total de Habitantes pela Densidade Domiciliar média obtida em censo. Resultando em um número especifico de habitações. • Da Área Construída Total, apresentada nos aspectos físicos, é subtraída a quantidade total de 30%, para média de gabaritos até 20 pavimentos, e 20% para média de gabaritos acima de 20 pavimentos. Essa subtração visa isolar com uma grande margem de erro a quantidade de área construída reservada a Habitação. • Se houverem usos institucionais a área, serão reduzidos

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mais 10% da Área Total Construída. • A Área total de habitação da segunda etapa é então divida pela quantidade de habitações obtida na primeira etapa, resultando no tamanho médio de habitação observado Este cálculo não tem efeito real de obter tamanho médio de habitação, mas sim de ressaltar áreas que possuem imóveis vagos, caso o resultado do cálculo acuse um tamanho médio domiciliar maior do que a média esperada. A Intensidade dessa discrepância pode acusar o quão fortemente uma área está sendo afetada por efeitos de especulação imobiliária e gentrificação, efeitos que podem causar uma homogeneização de camadas socioeconômicas presentes. O Dado apresentado então será qualificado a partir de comparação com uma metragem de controle, adotada como 120m² por unidade habitacional, resultado de uma margem de erro que visa sanar problema de áreas construídas não relacionadas a habitação e variação média de unidades, e a partir disso os conceitos serão atribuídos através da seguinte ordem: • 05 pontos caso a metragem quadrada media da área analisada esteja igual ou abaixo do controle de 115m, indicando uma quantidade baixa de imóveis desocupados e uma boa mixcidade de tipologias habitacionais. • Medias maiores obedecem a redução de 1 ponto para cada 40m² excedentes, indicando uma queda de variação tipológica e aumento de imóveis vagos. • Medias a partir de 315m² então recebem nota zero, indicando que as condições habitacionais apresentam-se muito diluídas, e anulam os potenciais efeitos da densidade construída na área.

Variedade Observada O Parâmetro de variedade observada levantar aspectos que só podem ser percebidos pelo indivíduo que frequenta a área em questão. Para isso, é necessário definir as categorias observadas de comercio: • de Abastecimento: Unidades comerciais como Supermercados e Quitandas, servem para o abastecimento de itens de consumo domiciliar. • de Produtos: Venda direta de produtos, sendo roupas, sapatos, utensílios e afins.

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• de Serviços: Unidades de prestação variada de serviços, como Bancos, Telefonia, Consultorios Médicos. • de Consumo: Unidades com consumo alimentício dentro de suas imediações, como Restaurantes, Bares, Clubes e afins. • Escritórios: Unidades geralmente maiores que concentram trabalho intelectual. • Unidades Ociosas: Unidades térreas Fechadas ou que causam impacto negativo, como Estacionamentos e afins. Parâmetros de variedade observada Comercial: • Presença conjunta de unidades comerciais de de Produto de grande escala, assim como menor comercio de caráter local. +1 ponto • Somatória das unidades de Produtos de pequena escala representam pelo menos 65% do total de unidades de Produto. +2 ponto • Presença de unidades de produto que atuam no mesmo ramo, gerando especialização e competição, sendo que estas não podem se tornar hegemônicas no campo. +1 • Presença de unidades de abastecimento respeitando a razão de uma para cada 05 Hectares de área total. +1 ponto • Presença de unidades de abastecimento respeitando a razão de duas para cada 05 Hectares de área total. +2 ponto • Presença de unidades de caráter Consumo. +1 ponto • Presença de unidades de caráter de consumo que estendem suas atividades para além do horário comercial. +2 Pontos • Presença de Prestação de serviço sendo pelo menos duas modalidades a cada 05 hectares de área. +1 ponto • Presença de Unidades Ociosas na proporção de duas para cada 05 Hectares. -1 ponto

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Habitacional • Indicação clara de que as habitações da área são ocupadas por diferentes camadas socioeconômicas, não havendo clara separação ou distinção entre essas, ou efeitos que comprovem a gentrificação. +2 pontos • Indicação de que há uma variedade tipológica de no mínimo 3 unidades, sendo de 1, 2, e 3 dormitórios. +1 ponto • Percebe-se que não há um tipologia habitacional que ultrapasse 60% do total de tipologias. +1 ponto • Ausência de edifícios Habitacionais desocupados. +1 ponto

Diferença para análises de escala B Para as análises de escala de Bairro “B” devem ser alterados os parâmetros de maneira a respeitar a queda na proporção entre espaços construídos, e também para seu maior impacto quanto a diversidade geral de uma área. Para tal, as seguintes mudanças serão realizadas.

Tabela de Proporções A Metodologia total de cálculo se mantem, acrescendo agora os usos institucionais, e então, recebendo a seguinte qualificação: • Presença de todas as categorias de uso e ocupação apresentadas. +2 pontos • Presença de 01 equipamento público de grande escala. +1 ponto • Presença de mais de um equipamento público de grande escala. +1 ponto • Somatória dos usos mistos representa ente 35 e 50% dos usos totais. +2 ponto • Nenhuma das categorias de uso isolada supera 40% do uso de solo total. +2 ponto

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Índice Habitacionais Para a diferença nas condições habitacionais, altera a parcela da equação responsável por isolar a truída relacionada a habitação, onde então serão 20% da área construída total, independente da altura gabaritos.mudanças serão realizadas.

apenas se área conssubtraídos média dos

Variedade Observada Para as análises de escala de Bairro “B” devem ser alterados os parâmetros de maneira a respeitar a queda na proporção entre espaços construídos, e também para seu maior impacto quanto a diversidade geral de uma área. Para tal, as seguintes mudanças serão realizadas.

Interpretação

da

nota

geral.

A partir destes parâmetros, a nota geral atribuída para os índices de diversidade pode ir de 0 a 30, sendo divindade entre 10 pontos para a Tabela de Proporções. 05 Pontos para o Índice Habitacional, e 15 pontos para a Variação Observada. Da soma total de pontos incluindo parâmetros de subtração, a variação total ainda se divide em 12 pontos voltados para a questão da habitação e 21 para a questão comercial. Em geral, os parâmetros analisados na questão de habitação buscam ressaltar a possibilidade de diversidade socioeconômica presente na região, e os parâmetros comerciais tentam abordar as questões funcionais dos pavimentos térreos. A partir disto, temos que as notas gerais podem indicar. • Notas de 0 a 10: indica uma disfunção geral que compromete a densidade construtiva da área, não ocupando-a de maneira devida. •Notas de 10 a 20: Indica uma devida ocupação da área, apresentando ainda disfunções quanto a atividade no nível térreo. •Notas de 20 a 30: Normalmente a falta de diversidade socioeconômica é o último item cuja baixa performance segura a nota, muito embora as funções térreas apresentem alto índice de vitalidade.

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Da

qualidade

de

Desenho

As competências do Desenho Urbano são a segunda frente pela qual se desenvolvem os estudos acerca da morfologia urbana, porém vários dos pontos que são defendidos como qualidades de desenho foram abordadas nesta pesquisa como competências da Diversidade de Usos, portanto a seção de Qualidade de Desenho como será apresentada busca apresentar o potencial do espaço urbano de multiplicar ou desincentivar a apropriação de seus espaços, e também de facilitar ou dificultar as interações neste. Para isso, as áreas serão analisadas tanto de acordo com suas proporções construtivas de altura de gabarito e tamanho de vias, quanto através de comparação com uma série de elementos elencados a seguir.

Competências

do

Desenho

Urbano

Ao elencar as atividades realizadas no espaço urbano (GEHL, 2010) menciona que ao escolher qualquer indivíduo no espaço urbano, antes de qualquer definição mais aprofundada, este pode estar realizando apenas dois tipos de atividade: Atividades de Permanência, ou Atividades de Deslocamento. Esta organização permite tornar mais clara como se dão as relações dos indivíduos para com o espaço urbano. Muito embora essa divisão seja a mais sintética o possível, ainda detém o poder de embasar quaisquer logicas aplicados ao desenho urbano, pois serve para auxiliar a máxima da vitalidade urbana, que consiste na manutenção de atividades no espaço urbano durante o maior intervalo de tempo possível. Para que isso ocorra, é necessário um processo complexo que envolve todos os fatores já apresentados, sendo os aspectos físicos da densidade responsáveis pela oferta geral de atividades, indicadores de diversidade então por parcelar essa oferta de maneira que essa se torne efetiva e continua, e então temos a denominada vitalidade urbana. Se analisada em um trecho especifico da cidade, essa mostrara que há uma parcela exercendo atividades de permanência no espaço, atividades essas que geram um tempo de atividade muito maior, e uma maior parcela de indivíduos apenas de passagem, tornando sua estadia no espaço mais curta.

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Diagrama da Ligação entre qualidade dos ambientes externos e atividades ao ar livre, motra uma relação exponencial entre a qualidade do espaço e as atividades de carater opcional, que uma vez volumosas tendem a atrair ainda mais ativida-

Desse fenômeno vem os potenciais de Desenho Urbano. Para com as atividades de permanência a relação com o aumento do número de indivíduos apropriando-se do espaço mostra um aumento exponencial nas atividades consideradas não necessárias a partir da melhoria das qualidades físicas dos espaços, quando estas mostram-se orientadas a respeitar a escala humana e a ampliar encontros. Gehl(2010), ao declarar “um mais um rapidamente torna-se mais do que três” defende que o

des. (Retirado

de

GEHL,

2010, pag.21)

impacto social aditivo que a melhoria do espaço urbano causa, uma vez que uma área que se mostra ocupada com um número expressivo de pessoas torna-se um convite a quem percebe-a, aumentando substancialmente as atividades sociais desenvolvidas. Quanto ao ponto das atividades de deslocamento, é necessário retomar um pouco e questionar como os modais pelos quais se dão os deslocamentos urbanos refletem no nosso modelo de Sociedade. SPECK (2014) defende a importância econômica da caminhabilidade ao ressaltar a relação mutua entre está e a Diversidade de Usos presente. Segundo Speck, o benefício já mencionado de uma mancha urbana não homogênea faz com que as viagens se tornem muito mais curtas, e com isso, torna-se dispendioso para o cidadão utilizar a infraestrutura disponível para transportes motorizados, incentivando com que este, ao escolher pela caminhada, utilize de um sistema muito mais rentável para a cidade em termos de espaço ocupado por pessoa do que qualquer meio motorizado, seja individual ou coletivo. Este benefício econômico se dá tanto na

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maior rentabilidade dos comércios locais, que com o aumento da caminhabilidade desfrutam de um maior público consumidor, quanto na economia local da manutenção da rede viária para transportes motorizados, podendo o poder público investir essa verba em projetos que tenham um maior retorno em termos de qualidade para a cidade. Além da justificativa econômica, a caminhabilidade ainda mostra um enorme ganho quanto a vitalidade urbana, uma vez que faz com que as atividades de deslocamento, que se dão a 50 kilometros por hora e isolando completamente os indivíduos da cidade em caixas de metal nos meios motorizados, passe a se dar a um decimo da velocidade, 5 kilometros por hora, também inserindo os indivíduos diretamente no ambiente urbano, o que faz com que estes passem muito mais tempo no ambiente urbano e torna suas relações ativas para com este. A justificativa da importância de uma cidade compacta e caminhável então vem para embasar os parâmetros de Qualidade de Desenho que serão analisados a seguir, uma vez que ao priorizar a escala humana inserida na cidade deve-se ater a uma série de condições para que essa possa se desenvolver, uma vez que é necessário que a caminhada e a apropriação do espaço urbano seja feita de maneira convidativa, se tornando muito mais proveitosa ao indivíduo do que uma viagem motorizada. A cidade voltada para a escala humana necessita de uma série de condições, primeiramente as áreas de planejamento devem proporcionar um ambiente com certa densidade e variedade, como analisado nos parâmetros apresentados de Aspectos Físicos e índices de Diversidade de Uso, e então, as competências do desenho urbano devem conferir condições para que os indivíduos possam se apropriar do espaço construído pelas outras diretrizes. Com isso, deve-se entender a velocidade lenta com que o indivíduo consome a cidade, criando a necessidade com que seus caminhos sejam curtos e lógicos, que esses caminhos possuam uma enorme variedade de informação e opções de interação para que não se tornem monótonos, para que esses caminhos sempre façam-no cruzar com mais indivíduos, tanto pela segurança quanto pelo efeito acumulativo exponencial gerado pelo aumento do número de interações.

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ELEMENTOS MORFOLÓGICOS A CONSIDERAR A seguir serão exemplificados alguns dos elementos morfológicos considerados para a elaboração dos parâmetros de avaliação de desenho urbano.

Limiar

de

visão

Vertical

Ruas seguras atraem pessoas, e as ruas cheias por sua vez trazem inúmeros benefícios, dentre eles a segurança para as edificações no entorno. O Limiar de visão humano tem diferentes proporções para os eixos horizontal e vertical, sendo menor no eixo vertical dados os problemas de perspectiva. Desta, tiramos que os primeiros quatro pavimentos de uma quadra devem obrigatoriamente possuir opção de visibilidade direta para a rua, conferindo a segurança aos indivíduos das ruas.

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Limiar

de

visão

Horizontal

O Aparelho sensorial humano de visão se desenvolveu principalmente no sentido horizontal, possibilitando a identificação clara de outro individuo até 100 metros de distância. Ainda, os ângulos de visão para baixo se tornaram maiores por estarem mais relacionados com a sobrevivência, e a visão permite uma rápida lateralidade, porém, os ângulos mais altos nunca foram muito utilizados, tornando a ação de olhar para cima um Angulos maximos do aparelho de visã humano. A visão para baixo se desenvolveu de maneira mais eficiente, obtendo um maior angulo. Ainda, é notado uma inclinação para baixo de 10 graus enquanto caminhamos. Em contrapartira, a visão para cima nao é so limitada como desestimulada pelo real esforço necessario.

36

esforço não natural. Isso justifica como nossa relação com os edifícios se tão principalmente nos primeiros pavimentos, onde os pontos de interesse estão em um fácil alcance.


Tamanho

das

arestas

das

quadras

Dados os mesmos motivos dos limites horizontais de visão, uma quadra não deve passar de 100m, logo temos que as condições ideias estão entre 70 e 90 metros para a menor aresta. Esta distância permite que um indivíduo esteja na condição mínima de conforto visual na rua, podendo ver claramente tanto os demais caminhos como pessoas. Ainda, quadras mais curtas permitem uma modulação melhor de caminhos, permitindo que os indivíduos possam escolher mais caminhos, e assim distribuir o fluxo de pedestres e seus benefícios para uma maior área.

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PARÂMETROS

DE

ANÁLISE

A Metodologia de análise se dá através da comparação com elementos de desenho estabelecidos, e se divide em duas etapas. Primeiramente através da análise das proporções construtivas entre Altura média dos edifícios, tamanho das vias, e morfologia das quadras, e em seguida através de comparação com elementos específicos definidos a seguir. Aos pontos de comparação serão atribuídos pontos de uma mesma métrica, não para fim de comparação linear, mas sim para uma clareza de leitura e comparação das laminas de análise.

P R O P O R Ç Õ E S . F Í S I C A S É

de competência da seção de ções físicas a análise dos seguintes • H. ed Altura média dos edifícios presentes.

proporitens:

L. v

Seção média das vias contidas. A Medição das vias se dá de entre as calçadas opostas, e é realizada através de sistemas de medição em imagens de satélite. •

• Tamanho médio e disposição das quadras. A partir disto, esses dados serão qualificados a seguinte maneira: • A Divisão do tamanho médio das vias pela altura média dos edifícios configura uma Proporção de gabarito que é qualificada a seguinte maneira: • Proporção de 0 até 0,5: Desconsiderada. • Proporção de 0,5 a 1: É subtraída de 2, o resultado e dividio pela metade e configura a nota final. (2-x)/2 • Proporção de 1 a 1,6: Proporção Elevada ao Quadrado. X² • proporção de 1,6 a 2: Subtração de 1. X-1 • Proporção de 2,01 em diante: Desconsiderada. Quanto as quadras, a partir do tamanho médio do tipo de quadra será analisado:

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P.q

Propoção da quadra: divisão das arestas da quadra, dei-

xando a indicação da Aresta Minima

Lmim

A Atribuição de conceito para este parâmetro se confere da seguinte maneira: Para Lmim de 30m a 90m: • Proporção entre 1 e 1,3 sofre o processo de radiciação quadra

da. √x

• Para proporções entre 1,31 e 1,80 o numero é elevado ao quadrado. X² • Para proporções entre 1,81 e 2,10 o número é mantido. • Para Proporções a partir de 2,11 ate 2,50 o numeroé dividido pela metade. x/2 • Para Proporções a partir de 2,51 o numero divide 1/x Para Lmim de 100m a 220m: • Proporção entre 1 e 1,2 é multiplicada por 2. • Para Proporções a partir de 1,21 o número divide 1/x

PORCENTAGEM

DE

FACHADA

2x

ATIVA

A Definição do Plano Diretor de São Paulo tem por Fachada Ativa: “Fachada ativa corresponde à ocupação da fachaIlustração de exemplo de Fachada Ativa retirada do Pano Diretor de São Paulo.

da localizada no alinhamento de passeios públicos por uso não residencial com acesso aberto à população e abertura para o logradouro.”

39


E ainda cita como objetivos: “Promover usos mais dinâmicos dos passeios públicos em interação com atividades instaladas nos térreos das edificações a fim de fortalecer a vida urbana nos espaços públicos. Evitar a multiplicação de planos fechados na interface entre as construções e o passeio público.”

Então, para a nota de desenho urbano será calculada a porcentagem total de fachada ativa da somatória dos perímetros das quadras em cada área analisada, sendo aplicado os conceitos: • Ausência total de fachada ativa: -1 ponto • até 30% de fachada ativa: 0,5 ponto • de 30% a 40% de fachada ativa: 1 ponto • A partir de 40%: soma-se mais 0,5 ponto para cada 10%, ate no máximo 80%, num total de 3 Pontos. Fig. Definição dos espaços de transição e de contato.

PARÂMETROS

DE

DESENHO

Áreas de Transição: Se relacionam com a fachada ativa, na medida em que se dão no ponto de conexão entre a circulação da rua e a atividade presente nos edifícios, seja esta de permanência ou de acesso. Devem manter-se juntas aos limites do lote, promovendo pequenos espaços de permanência e/ou integrando os espaços interno e externo. Adicionam os seguintes critérios: • Ausência completa de espaços de transição: -0,5 ponto • Espaços de transição em até 50% da fachada ativa: 0,25 pontos • Espaços de transição em 50% das fachadas gerais. 0,5 pontos

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Área de Contato: Área referente aos pavimentos de Térreo até 3º pavimento. Responsável pela relação mutua de segurança e vitalidade entre rua e edifícios. Deve estar localizada junto a calçada, sem recuos, possuir permeabilidade visual, e deve abrigar funções, entre comercial e residencial, que abriguem pessoas durante 24 horas. A este, são aplicados os critérios: • Penalização por edifício com recuo considerável da rua: -0,1 ponto (Critério exclusivo para escala “A”) • Possui edifícios com recuo expressivo da rua: -0,5 ponto (Critério exclusivo para a escala “B”) • Área de Contato entre 10% e 40% do total: 0,25 ponto. • Área de Contato entre 40% e 80% do total: 0,5 ponto. • Área de contato acima de 80%: 0,75 ponto. Quanto aos elementos de circulação intra-quadra: • Interrupções de calçada para passagem de veículos, sendo na ordem de duas ou mais por aresta. -0,2 pontos por aresta. • Presença de sistema de integração com uma via interna de Uso Compartilhado ou exclusiva para pedestres. +0,5 ponto • Presença de sistema de integração com uma rede de vias interna de Uso Compartilhado e/ou exclusiva para pedestres. +1 ponto Linhas gerais de desenho: • Oportunidades de caminhada livre e sem obstáculos. +0,2 ponto • Acessibilidade geral. +0,5 ponto. • Oportunidades de permanência, espaços para sentar. +0,25 ponto. • Desenho Urbano promove a permanência e as atividades opcionais. +1 ponto.

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Pontos Exclusivos a escala “B” • Possui áreas públicas ao ar livre. +0,5 ponto • Oportunidade da pratica desportiva ou de exercício físico. +0,5 ponto

va

• Concentra sua maior densidade e equipamentos junto as maiores vias.

Interpretação

da

nota

construti+1 ponto

somada.

A Somatória total da nota pode várias entre 0 e 10 para analises da classe A, e entre 0 e 12 para analises da classe “B”, ainda, para ambas as escalas há uma quantidade total de 3 pontos negativos no total que podem ser aplicados. Esses pontos são resultado de diferentes frentes que buscam analisar o potencial de apropriação do espaço urbano pelos indivíduos, através do Formato das quadras, o quão bem os edifícios se relacionam com a rua, e as linhas gerais de desenho urbano, e portanto, uma breve interpretação do conceito total indica que: • Notas de 0 a 3: A área em analise vai contra todos os princípios de desenho urbano, não encorajando e nem permitindo a apropriação dos espaços, sendo um desserviço aos índices de Densidade e Diversidade. • Notas de 3 a 6: Percebe-se que muitos dos objetos de estudo que caem nessa categoria estão relacionados a ideais antigos de urbanismo, que tinham como diretrizes a separação dos edifícios do tecido urbano, e a setorização rígida de atividades, separando os usos do solo. • Notas de 6 a 9: Muitas das áreas que caem sob essa categoria também sofrem de uma herança onde os princípios de urbanismo eram diferentes, comumente havendo quadras demasiado compridas, ou a ausência de espaços públicos. • Notas de 9 a 12: Essas notas competem tanto ao último ponto das análises de escala “A”, em geral composta por áreas que passaram por processos de adaptação para que suas infraestruturas se tornassem adequadas; E áreas de escala “B” que por abrangerem uma área maior, acabam se relacionando mais com espaços públicos, podendo tanto passiva quanto ativamente incluir espaços dedicados atividades comunitárias ao ar livre.

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ESTUDOS CASO

DE


BOSTON

-

SOUTH

END

Os edifícios em South End são principalmente estruturas de 5 pavimentos em tijolos vermelhos, com uso misto pontual. “Os estilos mais comuns são o Revival Renascentista, o Italianate e o Segundo Império francês, embora existam casas de estilo Revival grego, Revival egípcio, Revival gótico e Queen Anne, entre vários outros estilos. As casas de fileiras construídas no último quarto do século XIX, especialmente ao longo do atual Parque do Corredor do Sudoeste, mostram a influência de Charles Eastlake na decoração incisada na guarnição de pedra. Apesar do estilo, uma paleta comum de tijolos vermelhos, ardósia, calcário ou granito, e trilhos de ferro fundido proporcionam uma excelente unidade visual. Hoje, o South End está listado no Registro Nacional de Lugares Históricos e é um Distrito de Marcos de Boston. O bairro começou como expansão da classe média na década de 1870, e com os brancos saindo do bairro na década de 1880 , Gradualmente se tornou um distrito de escritórios atraindo novos imigrantes. Tem uma grande população de classe média negra e também é famosa pela concentração de homens gays desde a década de 1940. A maioria dos edifícios existentes na década de 1960 foi preservada até hoje, com o preenchimento de vários prédios de apartamentos de 7-8 pisos, a densidade de população e unidades aumentou.

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BOSTON - RUTHLAND SQ. SOUTH END O Bloco apresentado se situa junto a Ruthland Sq, limite superior da última área analisada no South End em Boston. A Área analisada compreende apenas um dos blocos da área, sendo este um dos blocos que teve um edifício habitacional de maior gabarito adicionado na extremidade junto as maiores vias. É notável o aumento no CPA que vem justamente da exclusão dos espaços públicos das áreas “A”, mas em contrapartida as densidades ocupacionais e construídas aumentam, diminuindo as áreas presentes. Os índices de diversidade caem, visto a diminuta área comercial, e as notas de desenho se mantem iguais, porem isso representa uma melhor qualidade, uma vez que a máxima desta para a escala “A” é 10, enquanto para “B” é 12.

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BOSTON

-

NORTH

END

North End é o bairro mais antigo de Boston, e foi o mais rico formado por volta da década de 1630. Foi então dominado por irlandeses no início do século 19, judeus mais tarde e italianos desde o início do século XX. Os edifícios residenciais que vemos hoje no extremo norte são mais construídos no final do século 19 até o início do século 20, principalmente habitação de escritórios. Como a população que vive aqui é principalmente italiana, o bairro é caracterizado por sua variedade de restaurantes e lojas italianas. Em comparação com a década de 1960, a arquitetura hoje na área selecionada quase permanece a mesma. No entanto, a população mudou à medida que o bairro começou a gentrificar após a conclusão da grande escavação, que destruiu a rodovia que separou o extremo norte do resto da cidade

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BOSTON - SALEM ST. NORTH END Ao leste da área analisada no North End de Boston, situasse a quadra analisada. Percebe-se uma leve queda nos índices de diversidade devido a redução da área comercial neste vetor, abrigando uma área majoritariamente habitacional. A Queda na nota de desenho reflete a herança deixada pelos antigos padrões de construção, com quadras demasiado compridas, e ausência de espaços de transição entre as estreitas ruas e as altas fachadas.

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NEW YORK - 1365 YORK AVENUE O grupo de blocos delimitado pelas avenidas Primeira e York, e ruas 72nd e 73rd é um dos mais densos em Manhattan. Ele exemplifica a prática de zoneamento geral da manutenção de prédios baixos e edifícios de arenito marrom nas ruas transversais, mas permitindo substancial aumento de densidade nas avenidas. A largura das avenidas norte-sul permite grandes edifícios residenciais e comerciais, dada a capacidade de lidar com o aumento do fluxo de tráfego, e menos problemas causados ​​por edifícios mais altos moldando sombra locais adjacentes. A história da seção oriental do Upper East Side está longe do legado dourado da Quinta Avenida e Park Avenue; O East 70s leste de Lexington Avenue foi desenvolvido na virada do século 20, em grande parte como cortiços de baixo alugel. Os edifícios de apartamentos menores foram adicionados nos 1930s nas ruas transversais, mas os apartamentos altamente verticais, como o Somerset em 1365 York Avenue, foram construídos pela maior parte nos 1970s. O bloco é quase exclusivamente apartamentos de aluguel, com uma alta proporção de apartamentos compartilhados (14%). Os residentes são predominantemente jovens afluentes - a idade média do grupo de blocos é de 31, em comparação com 36 para Manhattan como um todo.

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NEW YORK - 1035 5th AVENUE No entorno imediato do Central Park, a quadra analisada apresenta um índice construtivo altíssimo, em parte devido a sua idade construtiva. A Densidade demográfica é alta, porem abaixo do desempenho esperado, uma vez que tanto a densidade construtiva quanto o Índice habitacional indicam um excesso de espaço construído por habitante, podendo também ser um indicio da ocupação dada principalmente por camadas sociais de maior poder aquisitivo, que podem sustentar uma ocupação desse porte, que reduz o desempenho urbano da área. A Falta de variedade habitacional e socioeconômica reduz os índices de diversidade que tinham muito maior potencial dado sua localização privilegiada, ainda, a qualidade de desenho representa o mesmo privilegio das diretrizes históricas de quadras mais curtas e melhor abordagem dos espaços de transição.

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NEW

YORK

-

CO-OP CITY

Co-op City, localizado na seção de Baychester do Borough do Bronx no nordeste da cidade de Nova York, é um dos maiores conjuntos de moradias cooperativas do mundo. Situado no cruzamento da Interstate 95 e do Hutchinson River Parkway, a comunidade faz parte do Bronx Community Board 10. Se fosse um município distinto, seria a décima maior “cidade” no Estado de Nova York. As atracções nas proximidades incluem Pelham Bay Park, Orchard Beach e City Island.

A construção começou em 1968 e foi terminada em 1973. Suas 15.372 unidades residenciais, em 35 edifícios elevados e em sete conjuntos de townhouses, fazem-lhe o desenvolvimento residencial o maior único nos Estados Unidos. Ele fica em 320 hectares (1,3 km2), mas apenas 20% da terra foi desenvolvida, deixando muitos espaços verdes. Os edifícios de apartamentos, referidos por número, variam de 24 andares a tão alto quanto 33. Existem quatro tipos de edifícios Triple Court, Chevron, Tower e Town House. As 236 moradias, referidas pelo seu aglomerado de nome de rua, são três andares de altura e têm um apartamento de jardim separado e duplex superior apartamento de três quartos.

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BRASÍLIA - SUPERQUADRA TIPO Brasília é a capital do Brasil e foi construída entre os anos de 1957 e 1960. Um concurso para o plano diretor da nova capital brasileira foi realizado em 1957 e o esquema proposto pelo arquiteto Lucio Costa foi selecionado. Em termos gerais, o plano principal consiste em dois eixos principais, um eixo monumental onde se situam os componentes programáticos governamentais e um eixo residencial. O último é formado por fileiras de unidades de bairro alinhadas ao longo de uma rodovia de 12 km. Cada unidade é composta por quatro grandes blocos residenciais com instalações comerciais e institucionais compartilhadas. A configuração dos blocos residenciais, comumente conhecida como Superquadras é um quadrado de 320 metros ocupado por longos prédios de apartamentos de placas de seis andares. O primeiro andar desses edifícios foi concebido como sendo criado em pilotis para promover a integração da paisagem e da arquitetura, diminuindo um senso de propriedade privada. No entanto, os códigos de construção passaram a permitir uma maior ocupação do nível do solo. Os números de densidade apresentados aqui foram calculados assumindo uma densidade domiciar de 3,2 indivíduos, e inclui o nível do solo como parte da área bruta do piso do Superquadra. Além disso, os cálculos são baseados em um número médio de unidades por bloco. Estudos anteriores mostraram que os números de densidade podem variar consideravelmente de uma Superquadra para outra

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SÃO PAULO - AVENIDA SÃO LUIS Aninhado no bulício do centro de São Paulo, a área ao redor da Avenida São Luiz - uma emblemática avenida arborizada da cidade - sofreu uma considerável transformação em meados do século XX. Originalmente ocupada por casas unifamiliares espaçosas de Paulistas afluentes, é hoje um bairro e vertical de uso misto. Sua transformação ocorreu quando a cidade de São Paulo testemunhou altas taxas de crescimento alimentadas por uma economia em expansão e em uma época em que o modernismo fora abraçado no Brasil como importante forma de expressão cultural e artística. Alguns dos melhores exemplos da arquitetura moderna brasileira de meados do século podem ser encontrados no bairro, como o emblemático edifício Copan de Oscar Niemeyer, e juntos mostram o trabalho de uma geração altamente influente de arquitetos. A maior parte do desenvolvimento no bairro data da lei de zoneamento de 1970, que limitava as densidades e impunha retalhos obrigatórios de parcelas e limites de altura. A maioria dos edifícios do bairro tem altas proporções de piso-área (CPA) quando comparado aos edifícios contemporâneos da cidade, sem contratempos laterais ou frontais.

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RIO DE JANEIRO

- COPACABANA

Talvez o Bairro mais famoso da capital carioca e quiçá do brasil, o bairro de Copacabana não possuía acessos por terra até o final do sec. XIX. O Bairro apresenta seu crescimento mais expressivo a partir da década de 1940, quando a relação de uso com as praias começa a crescer e áreas de frente para o mar começam atrair mais atenção. O Bairro apresenta uma densidade altíssima tanto construtiva quanto demográfica, equiparando-se a áreas do centro de Nova York.

*Os dados construtivos foram calculados através da densidade construtiva media disponibilizada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano do RJ na falta de alternativas mais exatas, e podem estar inflados.

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RIO DE JANEIRO

-

R. SILVA CASTRO COPACABANA

Ao analisar apenas uma quadra da área de Copacabana, percebemos que o aumento no CPA é diretamente proporcional ao aumento da densidade demográfica. Ainda o bairro sofre com o alto Índice habitacional indicando uma queda no desempenho da ocupação. Por sua vez, essa quadra reduz alta nota de desenho atribuída a área, devido ao fato de ser cortada em três por ruas transversais que criam uma relação com o solo ruim e quebram a modulação das quadras.

*Os dados construtivos foram calculados através da densidade construtiva media disponibilizada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano do RJ na falta de alternativas mais exatas, e podem estar inflados.

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RIO DE JANEIRO - R. FERNANDO OSÓRIO FLAMENGO A Quadra analisada no bairro do Flamengo tem uma morfologia parecida com a da última analisada em Copacabana, com a exceção das vias transversais essa se torna mais densamente construída e ocupada. O maior índice demográfico também pode ser devido a queda no índice habitacional, indicando uma maior ocupação da área e aumentando a diversidade habitacional, enquanto a diversidade comercial é menor.

*Os dados construtivos foram calculados através da

densidade construtiva media disponibilizada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano do RJ na falta de alternativas mais exatas, e podem estar inflados.

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A N Á L I S E Dos

Dados

Levantados

Para os seguintes levantamentos foram utilizados as primeiras 11 analises apresentadas, sendo estas 6 de Escala “A” e 5 de escala “B”. O Primeiro fenômeno percebido é a clara diluição dos números quanto a escala “B”. Uma vez que todos os índices se relacionam com a proporção entre área total e área construída, os indicadores das análises de escala “B” tornam-se menores justamente pelo aumento das áreas públicas, como discutido junto ao início da Metodologia de Análise. Um dos primeiros pontos levantados na discussão remete ao como os indicadores de densidade demográfica não são o indicador direto de densidade urbana, na medida que não são capazes de medir a intensidade do uso do solo urbano.

Ao relacionar então a densidade demográfica com o CPA, um indicador de densidade construtiva, percebe-se que há uma tendência de relação diretamente proporcional, mas há um desvio

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expressivo demais quanto as análises de escala “A” que impede uma conclusão logica dado a amostragem apresentada. Porém, a mesma relação se analisada nas escalas “B” apresenta uma proporcionalidade direta e com um desvio dentro do esperado, indicando que o fator que causa tal desvio na escala de quadra se torna irrelevante quando diluído na escala de bairro. Essa variação também mostra efeitos quando analisado a Densidade Construtiva pela Densidade Demográfica. Onde percebe-se um decaimento logico na densidade demográfica perante um aumento na área construída por habitante. Percebe-se a presença da mesma lógica de variação presente na relação entre CPA e Densidade Demográfica, indicando uma diferença nos padrões de configuração urbana entre os distintos grupos formados.

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Por sua vez, ao observar como os índices de diversidade se relacionam com a área construída, observamos uma relação linear com um desvio muito menor, comprovando que o aumento da área construída permite uma maior diversidade de usos desta área, principalmente com relação as atividades comerciais.

O mesmo fenômeno pode ser percebido se analisado as Qualidades de Desenho Urbano para com o CPA, onde as notas mais altas de desenho tendem mais a ocorrer em ambientes onde a densidade construída é maior. Isso permite concluir que quando o CPA é maior, tendem a ocorrer mais atividades junto aos pavimentos térreos, atividades que tomam um maior cuidado com relação a desenho urbano.

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Por fim, ao relacionar a nota geral de Qualidade de Desenho com os índices de Diversidade, percebemos que a maior tendência é um aumento linear conforme a relação, admitindo uma variação expressiva tanto positiva quanto negativamente, seguindo

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o padrão de desvio apresentado nas relações entre CPA e Densidade Demografica, De todas as análises feitas, é notável o desvio encontrado presente em todas as relações representa uma diferença muito grande para que seja considerado apenas um efeito matemático ou metodológico. E necessário remeter que os dados obtidos tem origem no espaço urbano, e portanto esse desvio se relaciona com as diferentes configurações urbanas presentes.

CONCLUSÃO E .

P E R S P E C T I V A S A Pesquisa buscou abordar as relações entre a Vitalidade Urbana, como é defendida, e o ambiente físico urbano a fim de definir de maneira direta e quantitativa quais são os elementos responsáveis por este efeito. A abordagem analítica deste assunto embasou a criação de um sistema de analise configuracional capaz qualificar recortes da mancha urbana sob os ideais justificados na bibliografia, permitindo que os parâmetros responsáveis pudessem ser então analisados e isolados para aplicações futuras.

QUANTO

AS

HIPÓTESES

O Primeiro capitulo apresentou a questão de como a urbanização se deu através da evolução humana, e como as diferentes ideologias de cada época levaram a uma cidade formada por diferentes camadas morfológicas, e como a partir da década de 1960 vemos a difusão da ideologia urbanística de Jane Jacobs que fundamenta os ideais do Urbanismo que conhecemos hoje, porém, que nunca foram parametrizados de maneira que pudessem unificar a discussão sobre estes, e então nunca foram devidamente aplicados. A análise do tema junta a uma bibliografia mais recente mostrou uma crescente preocupação com o crescimento e alteração da morfologia urbana, orientado de maneira tal a tornar as cidades ineficientes para o propósito da vida em sociedade,

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discutindo a abordagem de seus problemas principalmente de duas maneiras que, da maneira como são discutidas, se sobrepõe em diversos aspectos, sendo estas vertentes que discutem a Densidade Urbana, e vertentes que discutem o Desenho e Morfologia Urbana, ambas orientadas a uma “Cidade Compacta” como ideal. Então o desenvolvimento da metodologia partiu da junção de todos termos discutidos por estas vertentes ideológicas, separando-as em diferentes frentes as quais cada parâmetro compete, e adicionando também os Índices de Diversidade, ponto que era mencionado em todas as ideologias, mas nunca estudado separadamente como competência do urbanismo. As frentes de análise então são definidas como Aspectos Fisicos, ao qual competem os dados concretos sobre o espaço construído e índices demográficos; Aos Índices de Diversidade, são analisados os parâmetros de ocupação do solo, e lhe são atribuídos conceitos de acordo com suas qualidades; A Qualidade de Desenho Urbano então e definida de maneira semelhante, definindo os elementos agregadores de qualidade segundo a bibliografia e atribuindo conceitos a este, a fins de resultar em uma nota final. Desta maneira, a principal questão apresentada, sendo a falta de parâmetros específicos para a discussão da pratica urbanística, se resolve na metodologia de pesquisa ao conseguir parametrizar ideologias urbanísticas até então discutidas verbalmente, e unificando aspectos que até então eram discutidos de maneira separada. Os dados obtidos então são dispostos em uma lamina de análise a fim de facilitar a comparação entre as diferentes áreas, possibilitando o entendimento dos diferentes sistemas de configuração urbana que tomam forma. O Desenvolvimento dos conceitos atribuídos se deu junto a uma serie de testes junta a uma base de dados, a fim otimizar a metodologia de acordo com a bibliografia estudada, e ao atingir um ponto de estabilidade rendeu a extensa análise presente.

QUANTO AS LIMITAÇÕES DO SISTEMA Ao analisar os dados obtidos através das analises, percebe-se que o desvio padrão apresentado é muito expressivo, e pode indicar diferentes tendências quanto a configuração ur-

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bana que necessitam uma melhor definição para que possam ser devidamente agrupados. Para tal, é necessário amentar a quantidade de amostragens, e neste processo podem ser feitos processos de alteração nos conceitos atribuídos, uma vez que a gama de resultados parece se concentrar demais, afastando-se demais dos extremos. Ainda, o sistema de analise desenvolvido tem a capacidade para a análise de uma área urbana em especifico, mas não consegue parametrizar suas relações com o seu entrono direto e a dinâmica urbana presente. Nos parâmetros de diversidade e desenho são mencionadas as importâncias de equipamentos públicos e espaços ao ar livre, mas é necessário um aprofundamento capaz de indicar qual a proporção necessária destes para além da escala máxima de 100 hectares dos estudos. Voltando a citação inicial de Jane Jacobs, as cidades funcionam como um organismo vivo, onde cada uma das células tem sua função e podem ser ligadas ou desligadas, alteradas se preciso. O Sistema permite observar muito bem cada célula urbana, mas não dá diretrizes de como devem ser as relações entre estas.

QUANTO

AS

CONTINUAÇÃO

PROJEÇÕES DA

PARA

PESQUISA.

A Continuação da pesquisa então deve se focar na segunda parte da citação “... Onde cada uma das células tem suas responsabilidades, e podem ser ligadas ou desligadas... Alteradas, quando preciso...”. Uma vez que o Sistema de Analise

configuracional apresentado permite a adição de parâmetros e/ou diretrizes capazes de explicar as relações macro urbanas das áreas, é possível analisar em totalidade os dados obtidos a fim de obter parâmetros e medidas de desempenho da Configuração Urbana. Uma vez que o sistema tenha essa compreensão, a pesquisa pode então propor um Sistema Configuracional próprio, o qual pode ser aplicado a diferentes áreas urbanas, analisando suas condições atuais e seus potenciais para a escala macro,

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a fim de estabelecer quais seriam os reais impactos caso o potencial para a área fosse entregue. Ao desenvolver esse sistema, o produto final desta pesquisa será um conjunto de ensaios simulatórios a partir dos parâmetros de desempenho urbano a definir, aplicando-os sobre áreas urbanas com alto potencial, a fim tanto de urbanizar glebas ociosas quanto de adaptar áreas já consolidadas, obtendo um plano de massas que satisfaça as condições tanto já apresentadas quanto ainda a serem desenvolvidas. Como auxilio ao desenvolvimento, a pesquisa será pautada no termos de discussão quanto as dissertações apresentadas do núcleo de

Sistemas Configuracionais e Planejamento

Urbano do PORPUR – UFRGS (Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), sendo esse um dos núcleos mais avançados quanto a essa metodologia de discussão sobre Urbanismo presente.

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: \ I n t r o d u ç ã o O Segundo momento da pesquisa tem como objetivo a transformação do Sistema de Análise Configuracional proposto na primeira etapa em uma ferramenta guia para a modelagem urbano, extraindo os parâmetros analisados resultantes de uma síntese bibliográfica e observados a partir de condições ideais em cidades de caráter metropolitano e localizadas em culturas ocidentais, normalizando-os através de mecanismos matemáticos para que então sejam reaplicados em sistemas de modelagem propostos para áreas a definir, sendo o produto final resultado direto do Sistema de Analise Configuracional, podendo indicar a eficácia deste sistema ao analisar tal produto. Inicialmente a pesquisa parte dos pontos em aberto deixados na conclusão da última pesquisa, que ressaltavam a necessidade de uma análise matemática mais profunda para compreender o comportamento urbanístico geral observado através dos estudos de caso, para que estes possam ser reduzidos a elementos passiveis de aplicação em outras áreas urbanas. Para isso, é necessária uma análise matemática através de equações funcionais que podem indicar a correlação entre estes parâmetros, assim indicando quais características urbanas podem compor um sistema de modelagem capaz de oferecer condições gerais para a Forma Urbana. Uma vez definido esse Sistema de Dados que devera alimentar as modelagens realizadas nos Ensaios, são definidas algumas áreas de interesse na Região Metropolitana de São Paulo, uma vez que esta possui natureza similar a dos casos estudados. Estas áreas são definidas de acordo com as diretrizes de diferentes Operações Urbanas Consorciadas, uma vez que estas oferecem diretrizes para pontos não abordados neste sistema. Os ensaios por fim são descritos, e é feita uma Lamina de Análise para que o produto de cada ensaio possa ser analisado junto aos demais estudos de caso apresentados anteriormente. Por fim, através da comparação dos produtos finais de cada Ensaio, são analisadas as competências tanto do Sistema de Analise Configuracional, quanto o Sistema de Modelagem Urbana como uma ferramenta para auxiliar o planejamento urbano, e são discutidas as perspectivas de aplicações destes, as questões a respeito do desenvolvimento urbano levantadas que são latentes tópico, e a possível continuação em futuras pesquisas.

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METODOLOGIA



:\1-Metodologia 1:1/ Sintese Bibliografica A Primeira metade da pesquisa desenvolvida até este ponto teve como motivo central a síntese das vertentes de análise urbana em termos qualitativos. Assumindo que toda a bibliografia referente a esta etapa é centrada na vertente proposta por (JACOBS, 1961), que descreve a partir de observações empíricas como uma apropriação mais intensa do tecido urbano, de maneira mais bem distribuída e heterogênea, gera uma série de benefícios práticos e econômicos que, somados ao sistema de atividades já existentes gera um sistema maior e mais complexo do que um simples aumento do volume destas atividades. Para a autora, esse fenômeno se dá a partir da solução de problemas práticos do crescimento de cidades pela adição de novas atividades, que aumentariam a abundancia econômica da cidade, dando início a um ciclo de crescimento que justifica a condição metropolitana: Quanto maior é a cidade, mais ela tende a crescer. O cenário apresentado por (JACOBS, 1961) inicia uma vertente que discute quais são as qualidades do tecido urbano capazes de elevar a condição de uma cidade inserindo-a neste ciclo de crescimento, baseando-se principalmente em observações empíricas, e esboçando uma abordagem logica e cientifica a partir de (SPECK, 2012), que busca aliar estas condições observadas a dados coletados pela gestão urbana das cidades estudadas. Para compreender a transição da síntese realizada nesta etapa para o sistema configuracional proposto devemos recorrer a (KRAFTA, 1992), que inicia seu relatório explicitando a distinção entre Forma Urbana e Morfologia Urbana. Entendendo então a Forma Urbana como o resultado espacial de um processo dinâmico entre atividades sociais e dispositivos físicos distribuídos em um território, sendo também denominado Estrutura Urbano-Espacial. Em contrapartida a abordagem Morfológica busca justificar e definir a relação entre os elementos físicos da cidade através de suas divisões espaciais e sociais, levando em conta suas características históricas. Partindo dessas diferentes abordagens sobre o espaço urbano, observa-se que a análise

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da forma urbana, a partir de estudos espaciais e microeconômicos, tem a capacidade de descrever modelos quantitativos precisos, enquanto as análises a partir da morfologia urbana descrevem modelos de analise muito sofisticados, mas que não conseguem ser operacionais no contexto efetivo do processo de desenho urbano. A Pesquisa de (KRAFTA, 1992) então busca aplicar métodos capazes de sanar essa deficiência quanto a efetiva aplicação da abordagem Morfologia, descrevendo um sistema de modelagem a partir da configuração urbana observada pela morfologia, sendo capaz de descrever categorias e relações fundamentais no espaço urbano, e permitir sua mensuração numérica total. Essa abordagem causa uma cisão com a análise morfológica até então praticada, que tinha como centro as descrições tipológicas, e inaugura a vertente de estudos morfológicos a partir de sistemas configuracionais. Os modelos configuracionais partem da Teoria Geral dos Sistemas estudada a partir do sec. XX, justamente por sua similar natureza, que analisa a organização abstrata de fenômenos a partir da construção de modelos que podem ser utilizados para sua descrição. A Metodologia utilizada para tais analises parte do princípio da Modelagem, que busca simular sistemas reais a fim de prever o comportamento destes. É importante ressaltar a definição utilizada para sistemas, a seguinte citação sintetiza bem a definição utilizada por diversos autores desta vertente: “Sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção.” (CALVETTI, 2016)

Tal definição dialoga diretamente com o resultado das observações empíricas propostas por (JACOBS, 1961), como citado anteriormente, justificando a análise de Sistemas Configuracionais Urbanos como uma abordagem factível capaz de analisar e propor novas soluções para a condição urbana, a partir do caráter de apropriação humana.

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A partir destas definições, os sistemas configuracionais urbanos como propostos primeiramente por (HILLIER, 1993) partem para a solução de um problema prático acerca da abordagem matemática da malha urbana. A pesquisa de hillier em um primeiro momento se preocupa em descrever a movimentação espontânea de pedestres na malha urbana, e para isso toma o sistema viário como estrutura da simplificação da malha, necessária à sintetização matemática dos fenômenos que ocorrem na urbe. (a)

(b)

Diagrama de exemplo de simplificação matematica da malha urbana. Fonte: (HILLIER, 1993)

Tal simplificação parte da utilização da teoria dos grafos, ramo matemático que estuda as relações espaciais entre objetos de um determinado conjunto, introduzido primeiramente por Leonard Euler em 1736. Essa etapa metodológica mostra um primeiro passo a simplificação da malha urbana para modelos matemáticos, mas ainda é incapaz de mostrar as relações entre espaços físicos para além das vias. Uma próxima abordagem desta simplificação é vista na pesquisa de (KRAFTA, 1992), que faz maior uso da teoria dos grafos a medida que entende a malha urbana através de eixos para os espaços públicos, criando conexões entre os nós que representam espaços físicos.

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Urban public space

reduced to lines

represented by graphs

Diagrama exemplo da simplificação da malha urbana através de eixos e nós. Fotnte: (KRAFTA, 1992)

De maneira geral, a pesquisa sobre Sistemas Configuracionais Urbanos segue a linha apresentada por Krafta, pois esta consegue gerar modelos analíticos capazes de se relacionar eficientemente com os conceitos morfológicos, porem nesta etapa deve ocorrer uma cisão metodológica entre este modelo e o que será adotado na pesquisa. O modelo adotado por Krafta tem êxito ao descrever a movimentação de pedestres a partir da descriminação de quantidade de área construída, dividida entre Habitação Serviço e Comercial, porém, sendo uma análise primariamente morfológica não se vale das qualidades e da forma destes espaços construídos. Este é o principal ponto que causa cisão entre a metodologia comumente utilizada e a metodologia que deverá ser desenvolvida para esta pesquisa, pois o motivo deste estudo é de tentar unificar as discussões de forma urbana e morfologia, a fim de chegar em um resultado mais concreto e propositivo. Para isso o foco da pesquisa morfológica realizada até agora foi a criação do sistema de análise através de dados qualitativos, que foram calibrados a partir dos relatos empíricos da bibliografia pertinente, relacionando esses dados qualitativos com dados absolutos retirados de bases,

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estudando suas proporções de áreas e divosões. Para o desenvolvimento desse sistema foi descartado dos cálculos o efetivo fluxo observado de pedestres, veículos, e ocupações dos espaços públicos destinados ao trafego como um todo, e foram considerados os princípios projetuais e de desenho capazes de permitir e ampliar a apropriação destes espaços por pessoas. Logo essa diferença na natureza dos dados observados implica que a modelagem a ser realizada não pode partir da redução elementar do sistema de grafos, e sua abordagem deve levar em conta os dados absolutos

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:\2 - Abordagem dos dados 2:1\ Análise dos dados obtidos Para prosseguir com a abordagem matemática necessária para a modelagem final, precisamos retomar os dados resultantes do sistema de análise configuracional proposto, a fim de certificar que a natureza dos parâmetros analisados se vê alinhada as necessidades de um sistema matemático capaz de compreender tais parâmetros a este sistema de modelagem. Então, retomando as principais frentes de análise do ambiente urbano temos:

Parâmetros Físicos: Baseados em dados quantitativos, este analisa principalmente a quantidade de espaço construído e a quantidade de habitantes em determinada porção do tecido urbano.

Índice de Diversidade: Baseado em dados qualitativos, este parâmetro indica uma nota final da qualidade da diversidade da determinada porção de tecido urbano, resultado da observação direta da variedade de tipologias habitacionais, comerciais e demais. Este sistema de análise se vê calibrado de acordo com os relatos empíricos obtidos na bibliografia pertinente.

Qualidade de Desenho: Baseado em dados quantitativos, este parâmetro indica uma nota final qualitativa a partir da análise das relações diretas de proporção do espaço construído. Este sistema de análise toma como base princípios físicos e arquitetônicos do tecido urbano, aplicando a estes um caráter qualitativo a partir de seu potencial de apropriação pelos ocupantes deste espaço. A partir de uma análise direta dos parâmetros resultantes, percebe-se a discrepância da natureza dos Parâmetros Físicos para com os demais. Enquanto os demais parâmetros passam por um crivo qualitativo capaz de categorizar os casos estudados em ordem crescente, enquanto os Parâmetros Físicos, devido a abundância de dados disponíveis, se mantem apenas em dados quantitativos absolutos. Essa diferença na natureza dos dados impossibilita sua utilização no mesmo sistema matemático, e portanto antes do desenvolvimento desse sistema é necessário normalizar os Parâmetros Físicos de acordo com a natureza qualitativa dos demais dados.

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2:2\ Normalização dos Parâmetros A normalização dos parâmetros físicos tem por finalidade transformar a natureza passível de interpretação dos dados quantitativos em um conceito melhor delimitado estabelecendo um crivo qualitativo para este, e botando-o em igualdade com os demais parâmetros que já passaram por este processo. A divisão do escopo de dados analisados quanto aos parâmetros físicos já havia uma divisão previa, sendo esta entre os dados absolutos de quantidade de habitantes ou quantidade de espaço construído, e outra parte que já analisa as relações entre estes dados, sendo diferentes métricas de espaço ocupado por habitante. A Primeira etapa da pesquisa tinha por objetivo deixar estes dados expostos justamente para que pudessem servir de comparação entre os diferentes estudos de caso, e por isso estes já partem de uma certa pré-disposição qualitativa, uma vez que foram definidos os ideais da cidade compacta nos primeiros capítulos, indicando que uma maior quantidade de habitantes ocupando um menor espaço estaria alinhada a estes ideais, e foi empiricamente provado que esta condição traz uma melhor relação de performance urbana. Os dados utilizados têm caráter quantitativo, portanto podem descrever uma série de condições urbanas, e muito embora nos objetos de estudo não ocorram casos extremos, é necessário definir limites para que o sistema não se aplica a áreas não adensadas, incondizentes com o caráter metropolitano, e também para que não se percam condições mínimas de qualidade de vida e salubridade. Os dados mais relevantes do sistema de análise de Aspectos Físicos, quanto ao potencial de indicar a qualidade destes, tornam-se então: O CPA (Coeficiente de Piso por Area), indicador real da densidade urbana na área delimitada; A Densidade Demográfica, que indica a efetiva ocupação habitacional de tal malha urbana, e a Densidade Construída (D.C.) que indica a metragem construída total de uma área dividida pelo número de habitantes desta, indicador este que aliado ao conceito de cidade compacta defendido no início da pesquisa, permite um primeiro raciocínio qualitativo, uma vez que entende-se que quão menor é esta razão, até dado limite, mais diversa e ocupada pode ser a área. Para normalizar a natureza destes parâmetros de acordo com os demais parâmetros qualitativos utilizados, os elementos dos

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parâmetros físicos serão relacionados de maneira a criar o Índice Físico (I.F.) que deverá respeitar a seguinte função:

F (i.f.) = CPA + D(densidade demográfica)/D.c.(densidade construída) O desenvolvimento desta função se dá na divisão de duas parcelas, uma vez que estas permitem analisar diretamente os dois aspectos de qualidade mais latentes as competências construtivas de determinada área urbana. O CPA aparece em uma parcela inalterado, pois sua própria composição já é uma formula capaz de indicar o real fator de densidade construtiva de uma área. Já a segunda parcela da equação, que divide a densidade demográfica pela densidade construtiva, analisa, de maneira mais objetiva do que como ocorre nos Índices de Diversidade, como ocorrem as divisões do espaço construído total pelos habitantes de determinada área. Deve-se ressaltar que não foram encontradas discrepâncias ou demais problemas ao aplicar a equação aos casos delimitados, devido a condição metropolitana nas quais estes estão inseridos, porem ficam explicitas condições de aplicação da equação para demais situações sendo estas: • Para casos de Escala “A” onde CPA<2, e escala “B” onde CPA<1, a primeira parcela de CPA deve subtrair-se então da segunda. • Se Densidade Habitacional<150, a parcela deve ser dividida por 2 antes de inserida • Se Densidade Habitacional>1000, a parcela deve ser substituída por 10/D para utilização na equação • Se Dc<50 a parcela deve ser multiplicada por 5 antes de utilizada. • Se Dc>160 a parcela deve ser somada de 100 antes de utilizada. Tais condições garantem que entre os diversos casos em que se aplique a equação, sejam penalizadas areas de baixíssima densidade urbana onde a densidade demográfica é baixa e há abundância de espaços construídos por habitante, e também situações de altíssima densidade que ultrapassam limites de salubridade onde não existe espaço construído suficiente por habitante. Então, aplicando a normalização dos parâmetros físicos, e limitando os estudos de caso a serem utilizados, como resultado te-

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mos a seguinte tabela que apresenta a amostragem total adotada para as próximas etapas do desenvolvimento. Ainda é de importância ressaltar o efeito de decaimento das analises de escala “A” para as analises de escala “B” no índice físico, dado a diluição das áreas antes espaços públicos, como descrito em etapas anteriores

tabela 1 - Amostragem global de Resultados

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2:3\ Metodologia de análise matemática Normalizados os parâmetros e definindo o total de amostragem, pode-se iniciar o processo de análise matemática através de análise e estatística. Metodologicamente, há uma sequência lógica que se aplica para que os diferentes tipos de análise que serão aplicados possam partir do mesmo patamar, facilitando não só o efeito de comparação como também os processos aplicados. Para isso, inicialmente é necessário simplificar a identificação dos membros da amostragem, para que estes signifiquem diferentes expressões de uma mesma função, a qual tem por objetivo ser propriamente definida. Para isso, a nomenclatura dos casos segue conforme a Tabela 1:

Tabela 2 - Tradução Matematica de Amostragem.

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Ainda, para prosseguir é necessário ressaltar a diferença dá analise matemática que será feita com relação as operações matemáticas já realizadas para a obtenção dos parâmetros. O Sistema de análise da primeira etapa da pesquisa tem por base a mensuração qualitativa dos espaços analisados, utilizando de parâmetros concretos obtidos da observação direta destes, e se valendo de relações e proporções que representam os aspectos as qualidades consideradas, e que tem então como resultado um número dentro de uma escala linear capaz de categorizar hierarquicamente os diferentes espaços analisados. Logo, esse número resultante é, para a análise puramente matemática, se não um mero signo tão arbitrário quanto a nomenclatura geográfica dos estudos de caso, mas que representa essa primeira etapa da análise responsável por observar as qualidades dos espaços urbanos, extraí-las e apresenta-las em uma perspectiva ideológica. Uma vez que estas qualidades estão então representadas em um mundo ideológico, podemos começar a analisar a relação direta entre estes parâmetros, e qual é a ordem que dita o comportamento destes números, consequentemente, uma ordem que ditando estes números ela dita indiretamente os padrões da morfologia urbana em si. A Análise matemática então parte do estudo da interação entre esses resultados, metodologicamente dispondo estes resultados em um gráfico, de maneira que o comportamento destes resultados como pontos em uma curva, a qual pode ser descrita por uma função. Portanto, como o sistema proposto dispõe de três elementos de analisa, teremos como resultado 3 equações diferentes, sendo adotado então:

F(x) para o Índice Físico (I.F.) G(x) para o Índice de Diversidade (I.D.) H(x) para a Qualidade de Desenho (Q.D.) Então, a tradução completa dos casos de estudo que compõe a amostragem de analise, quando traduzidos para os termos matemáticos utilizados se dão conforme a tabela:

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Tabela 3 - Amostragem Global em termos matematicos

A metodologia para a análise matemática toma como ponto de partido estes dados, e após isto podem ser aplicados diversos níveis de análise resultando diferentes observações levantas e também levam a resultados mais exatos a cada etapa. Partindo de uma simples análise de função media, que não é capaz de descrever f(x), g(x) ou h(x) porem é capaz de comprar os resultados obtidos de acordo com a média direta. Em seguida, deve-se analisar cada função separadamente através de gráficos para que se descubra as funções que regem estes comportamentos, para que então sejam unificadas em uma só equação funcional que seja

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capaz de descrever o funcionamento de todos os parâmetros em conjunto, sendo essa a principal etapa para a pesquisa, pois permitirá a extração de dados para utilização nas modelagens propostas. Segue então a verificação de pontos máximos e mínimos destas equações através da derivação do conjunto para avaliação das funções obtidas. Ainda, análises matemáticas mais completas podem ser realizadas derivando as funções em pontos específicos da curva a fim de obter com mais exatidão o comportamento da função na região especifica deste ponto, que, quando repetidas para todos os pontos podem descrever completamente a função da curva como um todo, porém, esse processo pode não se tornar possível dado a baixa amostragem obtida, e a partir deste processo abre-se uma discussão de perspectivas futuras para utilização desse sistema.

2:4\ Análise através de função media Uma primeira abordagem dos resultados pode ser feita através da função media, que, embora mais simples e menos exata que os demais métodos, dado a baixa amostragem utilizada, pode ser que fenômenos de comportamento já se tornem perceptíveis nesta etapa, ajudando a confirmar tais comportamentos no futuro. Esta análise parte de um cálculo simples a partir da seguinte equação:

(I)

A Equação (I) representa a função média dos dados obtidos, e nessa etapa não permite a correlação dos parâmetros de análise, e portanto deverá ser replicada individualmente para f(x), g(x), e h(x), tendo os seguintes resultados:

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A partir dos cálculos realizados, obtivemos resultados médios para cada parâmetro, sendo estes de 10,73 para o Índice Físico (I.F.), de 17,60 para o Índice de Diversidade (I.D.), e de 6,43 para a Qualidade de Desenho (Q.D.). Para fins de comparação é necessário relacionar a resultante de cada função média em x, com a função de x, e atualizar a tabela de amostragem para evidenciar como cada caso se encontra acima ou abaixo da média em pontos, obedecendo a seguinte equação:

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Tabela 4 - Amostragem global em relação a função média

A Relação analisada permite uma serie de observações iniciais que podem ser confirmadas com as etapas seguintes de análise. Inicialmente percebe-se que em poucos casos X apresenta resultados proporcionais em f, g, e h, indicando que não obrigatoriamente as qualidades analisadas em um parâmetro refletem nos demais parâmetros, justificando a necessidade de encontrar máximos e mínimos independentes para cada função, para que estas possam ser correlacionadas futuramente.. Logo, ao observar os resultados apresentados, percebemos que os pontos x1 e x2, referentes ao South End de Boston, são alguns dos poucos que

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apresentam apenas resultados abaixo da média, e podem configurar pontos mínimos globais, enquanto o ponto x7, referente a Co-op City em Nova York, pode configurar um ponto mínimo local. Tais comportamentos podem ser observados diretamente dado a baixa amostragem obtida, mas de qualquer maneira a abordagem metodologia necessita análises mais completas para a realização do sistema de modelagem, uma vez que esse necessita das equações que geram as funções de x, e para a obtenção destas e necessário uma serie de verificações que se veem a seguir.

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2:5\ Introdução às Equações Funcionais De modo a progredir com a análise dos dados retirada do sistema de analise configuracional proposto e então normalizado, deve-se estabelecer a abordagem matemática mais pertinente a natureza desta, de maneira a trabalhar com os dados atingindo uma maior simplificação e coerência metodológica de acordo com a modelagem final do sistema. Para isso, dentre os diversos caminhos possíveis, o que apresenta maior coerência com o sistema proposto é o sistema matemático de Equações Funcionais. Estas partilham da natureza do Sistema Configuracional Urbano proposto, pois, em sua definição, equações funcionais são equações onde suas variáveis são funções. Isso faz com que de maneira a atingir um resultado que satisfaça a equação funcional inicial, sejam necessários um conjunto de equações que formam um sistema, assim como os diferentes parâmetros analisados, que quando combinados no sistema configuracional definido, são capazes de descrever uma condição urbana. As equações funcionais são utilizadas muito antes da própria definição e formalização destas, e os primeiros indícios da utilização deste sistema vem no trabalho de Nicole Oresme no Sec. XIV. Oresme, ao definir uma função linear simples, utilizou de um sistema de parcelas que também eram funções, muito embora ainda não fossem definidas como. Ainda sobre este trabalho de Oresme, ao definir a relação funcional de duas variáveis, defendia que esta relação poderia ser representada de modo geométrico, definindo o que hoje chamamos comumente de Gráfico. Embora a teoria de Oresme possa ser considerada um início ideológico do sistema de Equações Funcionais, estas começam a surgir devidamente definidas no trabalho de Augustin Louis Cauchy, no sec. XVIII, sendo associado ao trabalho de Cauchy a primeira propriedade das equações funcionais chamada de equação funcional aditiva, que se expressa em:

f(x + y) = f(x) + f(y), para todo x, y ∈ R. Ainda, a simplificação desta equação pode ser expressada por

f(x) = ax

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As Equações Funcionais têm por base a proposição de Cauchy, e a partir destas surgem diversas novas expressões, como a propriedade multiplicativa da função de Alambert

f(x + y) + f(x - y) = 2f(x)f(y); onde 0 < y < x E assim diversas operações matemáticas resultam em diferentes propriedades observadas acerca das equações funcionais, permitindo uma alta maleabilidade matemática e seu principal ponto de discussão, tangível a presente pesquisa, se dá em sua importância no campo da análise matemática, pois quando as parcelas de tal equação representam fenômenos observados no mundo físico, as diferentes propriedades observadas na análise matemática destes é fruto direto de uma relação presente nestes fenômenos, e podem não ser perceptíveis se não a partir da perspectiva de uma análise matemática.

2:6\

Análise

de

Regressão

Um ponto sensível a Estatística enquanto a área de análise de dados é a criação de modelos que explicitem as estruturas do fenômeno que se observa. Dentre os métodos que podem conter essa estrutura de dados observados, uma das aproximações mais utilizadas e confiáveis se dá através da estrutura de Regressão, sendo a Análise de Regressão uma metodologia estatística que em si modela os resultados a fim de propor um modelo de comportamento cabível ao fenômeno observado. Os modelos de Regressão podem ser Simples, em caso de apenas uma variável, ou múltiplos para duas variáveis em diante, e estes modelos podem ser lineares ou não lineares dependendo de suas relações geométricas. Neste momento é necessário tomar uma opção frente os diferentes tipos de regressão que podem ser utilizados, pois, devido a estrutura dos dados observados, temos funções dos diferentes parâmetros de análise configuracional organizados por cada cidade observada; o que gera um sistema múltiplo de duas variáveis onde uma é o parâmetros que se observa, e a segunda é uma mera representação matemática de um ponto geográfico referente ao local analisado, e que, muito embora seja possível observar e modelar os fenômenos configuracio-

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nais que decorrem e seja possível extrai-los para aplicação nos ensaios, não é uma pratica ideal em termos metodológicos, pois se definimos a pesquisa como um sistema de análise e obtivemos uma amostragem de 10 elementos e obtivemos tal comportamento, em um momento futuro de retomada da pesquisa, caso sejam adicionados novos elementos a essa amostragem, eles poderiam ter relação nenhuma com o fenômeno modelado, dado que sua organização é meramente uma tradução matemática de pontos geográficos.

Logo, a opção tomada é por alterar a organização estrutural dos dados, a fim de procurar algum outro parâmetro dentro de

Gráfico 00: exemplo de organização de f(x) em função de X , ou seja, de aspéctos fisicos em função de localidade geografica, exemplificando seus impactos a pesquisa.

todos os observados no Sistema de Análise Configuracional que possa organizar os fenômenos que se deseja observar a partir de dados absolutos, tornando o Modelo de Regressão um modelo Simples de uma variável, e explicitando melhor a relação formal destes fenômenos. Essa opção não altera a metodologia do trabalho e as etapas de aplicação de dados aos ensaios de modelagem, porem prepara a pesquisa para aplicações futuras e demais utilizações.

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Dentre os diversos dados disponíveis para essa reestruturação, cada dado que organiza a regressão gera uma diferente relação entre os parâmetros, alterando os fatores expoentes e até mesmo a possibilidade da utilização da regressão, então deve-se ater tanto a isto quanto ao potencial de tradução dos dados para os ensaios de modelagem. Testando vários parâmetros de organização, o dado que melhor atinge estes resultados é a organização através da Densidade Demográfica, uma vez que dentre os dados que conseguem organizar todos os parâmetros simultaneamente este é o que resulta na melhor organização, e que pode ter maior facilidade ao ampliar a amostragem dentro do mesmo fenômeno em um futuro. Para utilização da Densidade Demográfica como parâmetro é necessária adiciona-la ao escopo de dados como na tabela seguinte:

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Tabela 5: Amostragem de dados a partir da Densidade Demografica.


Inerente a nova organização estrutural dos dados é necessário apenas ressaltar a necessidade de redução da escalada de Densidade Habitacional por 100 vezes, para uma melhor apresentação dos gráficos resultantes.

Gráfico 1 - Regressão de f(x) por Densidade Demografica reduzido em uma escala de 100

Primeiro temos um gráfico de uma função f(x), determinada como Aspectos físicos em função da Densidade demográfica (relação habitantes/hectares) em uma escala reduzida 100 vezes. A Fitagem dos pontos através da regressão resulta na linha vermelha, neste caso uma regressão linear, a qual fornece uma estimativa da melhor reta que ajusta os dados obtidos, descrevendo o fenômeno de comportamento dos Aspectos Físicos. Uma característica que pode se revelar importante neste caso é a observação do Coeficiente Angular do gráfico uma vez que é conhecida a sua propriedade matemática de indicar correlações entre diferentes fenômenos. Por exemplo, em um gráfico de velo-

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cidade (V(t)) por tempo (t), o coeficiente angular de uma reta seria a aceleração a=∆V/∆t , ou em forma de derivada

a=(dV(t))/dt. .

É interessante notar que a reta de regressão então tem coeficiente angular igual à 2,5, o que pode indicar alguma relação que pode ser estudada em perspectivas futuras das pesquisas. Esse primeiro gráfico fornece uma estimativa de como os aspectos físicos se relacionam com cada local estudado a partir da densidade demográfica, sendo essa relação descrita através da função que descreve o comportamento da linha de regressão, função esta que será utilizada para composição dos Ensaios de modelagem.

Gráfico 2 - Regressão de g(x) por Densidade Demografica reduzido em uma escala de 100

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O segundo gráfico mostra o comportamento da função g(x), determinada como Diversidade de Usos em função da Densidade demográfica, também em escala reduzida, de cada local pesquisado. Nesse caso torna-se mais evidente o efeito da baixa amostragem utilizada na análise, pois pode-se observar que há uma margem de erro que parece ser muito grande entre alguns da curva e a linha de regressão. Dada a condição geométrica da disposição dos dados, foi feita uma regressão de ordem quadrática, a qual fornece uma função quadrática, que tende a uma geometria paraboloide, que melhor ajusta os dados fornecidos pela pesquisa. Uma regressão quadrática é interessante pois existem mais considerações estatísticas dos dados, uma vez que o coeficiente angular desta também deve ser descrito por uma função, e que este tipo de regressão possui uma relação muito maior com os fenômenos observados através da função media como realizado na pag.90, podendo conferir que os pontos máximos e mínimos são os mesmos.

Gráfico 3 - Regressão de h(x) por Densidade Demografica reduzido em uma escala de 100

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Por fim, o último gráfico fornece o comportamento da função h(x), determinada como a Qualidade de desenho, em função da densidade demográfica em escala reduzida 100x.

Nesse caso não foi feito nenhum tipo de regressão para de-

terminar uma função analítica que melhor ajusta os dados obtidos. O método de regressão é interessante quando é observado uma tendência de comportamento, de crescimento ou decrescimento nos gráficos, porem a qualidade de desenho não apresentou estes tipos de comportamento alinhados a quase nenhum dado, indicando que esta não admite nenhum fenômeno de relação com os dados analisados no escopo do Sistema de Análise Configuracional. Essa discrepância pode indicar uma necessidade de ampliação dos parâmetros analisados pelo sistema para tentar abranger matematicamente este quesito, porem esta deficiência é uma clara indicação de que as competências do Projeto Urbano têm uma grande carga de complexidade e que não podem ser reduzidas a elementos gerais, e justifica a necessidade de que esta seja estudada como uma área de conhecimento a parte. Quanto a utilização destes parâmetros para os ensaios, por mais que esta fosse dedutível em um algoritmo, dentre os testes realizados e com as ferramentas disponíveis, se prova contraproducente automatizar este processo dada a incapacidade dos sistemas de seguir completamente os conceitos estabelecidos para a análise de desenho urbano. Logo para os ensaios de modelagem serão desenvolvidos com o auxilio dos conceitos de análise de Qualidade de Desenho, baseados na bibliografia pertinente e definidos a partir da Pag.32.

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2:7\ Perspectivas para pesquisas futuras: • Um dos maiores problemas para analisar estatisticamente quaisquer dados obtidos é precisamente a quantidade de dados. Uma análise estatística só é realmente “aceita” quando a amostragem é considerada suficiente. Cálculos superficiais estimam que uma amostragem mínima para uma análise estatística completa para este caso parte de 100 pontos. Um trabalho futuro em conjunto com melhores bases de dados pode permitir tamanha amostragem. • Adentrando em uma análise funcional (Cálculo variacional) um pouco mais complexa, podemos utilizar o conceito matemático de funcionais a partir da Teoria Langangiada da Fisica. Em mecânica analítica, define-se um funcional Ação (S) que descreve completamente o sistema físico de interesse. O valor extremo (máximo ou mínimo) do funcional S é calculado a partir de uma variação da Segunda lei de Newton como

Sendo L a função Lagrangiana do sistema e q a variável (se fosse posição, seria o x) A conexão com a pesquisa seria o caso de obter um funcional Ação (S) que dependeria de f(x), g(x) e h(x), sendo x qualquer um elemento de organização ideal. Tal estruturação dos dados permitiria a formulação de uma Equação mestra capaz de descrever todos os pontos de uma condição urbana considerada “ideal” de acordo com o recorte de casos estabelecidos, de maneira que esta equação em si fosse a totalidade da composição do sistema de modelagem para os Ensaios.

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ENSAIOS

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:\3 - Sistema de Modelagem 3:1\

Implicações

Admitidas

A Modelagem Urbana tem por objetivos realizar o processo inverso do Sistema de Analise Configuracional, uma vez que este retirava dados observados de condições urbanas consideradas “ideais”, após o processo de análise matemática, o processo de modelagem visa reaplicar esses dados simulando condições urbanas, a fim de poder comparar diretamente com situações urbanas presentes e projetos propostos para a área, a fim de discutir quais são os potenciais urbanos específico destas áreas e quando as condições urbanas previas e/ou propostas diferem deste potencial. Metodologicamente, a modelagem realizada ao dizer respeito apenas as condições da forma urbana dependem de uma série de condições implícitas que não podem ser realizadas pelos dados obtidos, tais como condições viárias, condições de barreiras naturais presentes, e limitações em termos de legislação. Também, o sistema de análise configuracional tem como objetivo a análise de condições centrais metropolitanas de alta densidade, e pode não se ver compatível com condições urbanas menos densas. Visando abordar todas estas limitações, as áreas para as modelagens serão escolhidas dentro das diretrizes definidas pelas Áreas de Operação Urbana Consorciadas da gestão da cidade de São Paulo. As operações urbanas por sua natureza são propostas de projeto urbano de escala pontual em áreas consideradas limites das condições metropolitanas que necessitam uma extensa abordagem para a adequação do desempenho urbano da cidade como um todo. Dada a extensão das propostas de operação urbana, são dadas diretrizes de projeto em todos os aspectos que podem ser utilizadas para guiar as modelagens, além das possibilidades de discussão destas tanto para com as condições previas, quanto para as condições dos projetos propostos.

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As áreas delimitadas para as Operações Urbanas Consorciadas normalmente compreendem uma boa faixa de tecido urbano, variando entre 180 até 1.035 hectares, em geral grandes escalas que corresponderiam as classes C e D no sistema de analise configuracional que não foram analisadas por sua relação menor com os dados de natureza física e construtiva analisados. As áreas de Operação Urbana porem são segmentadas de acordo com o plano urbanístico aplicado, tratando-as com diferentes abordagens e abrindo áreas para adensamento habitacional e diversificação de comercio e serviços baseados nos mesmos conceitos de “cidade compacta” defendidos no início da pesquisa. Estas áreas por sua vez são muito mais concentradas, sendo pontos de 8ha a 30ha e chegam a conter planos de massas da densidade urbana proposta, tornando os projetos muito mais localizados, definindo ou deixando diretrizes claras para todos os aspectos, portanto podendo ser utilizados como base para os sistemas de modelagem, solucionando as implicações metodológicas da utilização deste. Dentre o escopo das áreas de operação urbana, foram selecionadas as que mais apresentam alinhamento com as bases teóricas que fundamentam o sistema de análise configuracional, que possuem maior viabilidade técnica para realização das modelagens e que proporcional melhor discussão após a comparação dos resultados finais, sendo estas áreas

A01:/ Subsetor 01 - Agua Branca A Operação Urbana Consorciada da Agua Branca é uma das que propões a melhor discussão ante os potenciais de ocupação. Localizado a margem noroeste do centro expandido de São Paulo, a área é adjacente a marginal tiete e sofre de um conjunto de problemas graves quanto a morfologia urbana, tendo como barreiras tanto a própria marginal quanto a linha de trem ao sul; uma ocupação extensa de galpões e instrumentos ociosos; lançamentos imobiliários de qualidade questionável enquanto ainda se verificam extensas faixas de terra não utilizadas e comunidades em constante risco de expulsão;

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Localização Agua Branca no Centro Expandido. Fonte: CET

a soma de todos esses fatores resulta em uma baixa performance urbana em uma área abundante em infraestrutura, justificando a operação urbana que tramita a esfera legal desde 1995, tendo revisão para adequação ao estatudo da cidade e legislação federal em 2013, e é descrita como:

“ O objetivo estratégico da Operação Urbana Água Branca é promover o desenvolvimento da região de modo equilibrado, dando condições para que as potencialidades regionais sejam devidamente efetivadas.” A área de abrangência da operação urbana é de 496 hectares na área de adesão e 4,2 mil hectares incluindo o perímetro expandido.

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Perimetro da Operação Urbana Consorciada Agua Branca. Fonte: Gestão SP

Essa área de abrangência conta com operações para melhoria de infra-estrutura viária em seu perímetro expandido, e a área de adesão direta é dividida em subsetores com diferentes abordagens visando ampliar a diversidade e dinâmica urbana da região. Dentre os subsetores, a operação urbana através da Secretaria de Urbanismo e do IAB-SP promoveram um concurso para estudos preliminares do plano de urbanização do Subsetor A1, uma das áreas mais sensíveis da operação dado sua proximidade a marginal tiete e ampla desocupação.

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Mapa de localização do Subsetor A1, area para o concurso. Fonte:IAB-sp

Dentre as demais áreas de outras operações urbanas que serão adotadas para os ensaios de modelagem, esta tem o maior potencial de evidenciar as possiblidades do sistema configuracional urbano proposto nesta pesquisa, pois esta é a única área que não apresenta condições construtivas já consolidadas, tornando viável uma aplicação do plano urbanístico resultante do processo. Para fins de comparação, o resultado final será comparado com as propostas vencedoras do concurso, abrindo para a discussão de como é pensado o crescimento urbano em condições metropolitanas na atualidade.

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A02:/ Liberdade - Centro Proposta inicialmente em 1997, e revisada em 2010, a operação urbana da região central de são Paulo engloba uma área de 667,90 hectares, e diferente das demais operações esta não propõe projetos estratégicos ou diretrizes concretas de crescimento, mas, conforme descrito na Cartilha da Região Central, propõe uma serie de incentivos para a produção imobiliária, tornando-a atrativa a investimentos e consolidando-a como centro institucional, conforme o excerto: “O objetivo focal do instrumento é criar condições que reforcem a importância da área central para a metrópole de São Paulo, tornando-a atraente para investimentos imobiliários, turísticos e culturais e consolidando a sua função de centro institucional.”

Perimtro da Operaçã Urbana Centro. Fonte: Gestão SP

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Entre 1997 e 2013 foram 27 intervenções privadas aprovadas e 09 intervenções públicas, e em 2014 o Plano Diretor Estratégico anunciou a necessidade de revisão da Operação Urbana Consorciada Centro, uma vez que está ainda não havia sido adequada ao Estatuto da Cidade de 2001, sendo as principais questões levantadas a falta de um plano estratégico para a habitação para a área da operação e seus entornos; Definição dos Instrumentos de intervenção pública; e soluções para o impacto das propostas caracterizando um perímetro expandido de atuação desta. A área para o ensaio realizado nesta região encontra-se próxima dat área definida para a OUC Centro, que pode se beneficiar desta a partir da proposta para intervenções em lotes lindeiros e adjacentes conforme definido na Cartilha da área central, e se encontrará dentro da área expandida da OUC uma vez está adequada ao estatuto da cidade e ao Plano Diretor estratégico.

Área OUC Centro Lote para Ensaio 117


Esta gleba de 14,4 hectares pertence ao bairro da Liberdade, a leste faz margem com os limites do bairro Cambuci, bairro englobado na OUC Bairros do Tamanduateí, e que menciona em suas diretrizes propostas habitacionais que se estendem para esta gleba em questão, evidenciando a urgente necessidade desta solução para a região. Esta necessidade de um núcleo habitacional de alta densidade para esta área central se mostra uma preocupação recorrente, com propostas desde o projeto inicial do conjunto IAPI Varzea do Carmo, a margem nordeste da gleba, que já previa instancias de edifícios verticais para esta área em seu projeto original em 1938, e portanto torna-se uma das diretrizes para os ensaios de modelagem, com a capacidade de se tornar uma solução para a questão em aberto dos planos habitacionais para a OUC Centro. Esta gleba configurava um antigo polo industrial, parte de um conjunto que se distribui através das margens do Tamanduateí, e foi demolida ao final de 2014, não havendo alterações na ocupação desta e de seu entorno imediato desde então.

Situação atual da gleba. Fonte: Base de Imagens de satelite da NASA 10/2017

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A03:/ Henri Ford - Barrios do Tamanduatei Uma das mais recentes operações urbanas, com projeto de lei aprovado em 2015, a OUC Bairros do Tamanduateí parte da reformulação de propostas que vem desde 2002 quando a proposta da Operação Urbana Diagonal Sul ainda se encontrava em fase de estudos. Em 2012, novos planos de consórcios através do Minha Casa Minha vida retomaram a operação, rebatizando-a de Operação Urbana Mooca-Vila Carioca, e em 2014 foi rebatizada de Operação Urbana Consorciada dos Bairros do Tamanduateí esta operação urbana como instrumento de implementação do Arco Tamanduateí na Macroárea de Estruturação Metropolitana (MEM) do Plano Diretor Estrategico. Localização da OUC na MAM. Fonte: Gestão SP

Macroarea de Estruturação Metropolitana OUC Bairros do Tamanduateí 119


Em uma área profundamente afetada por resquícios de uma ocupação historicamente industrial, o caderno desta OUC mostra desde o princípio uma preocupação com o conceito de Cidade Compacta (pág. 11), uma vez analisado o enorme potencial de uma área que hoje é um grande eixo de infraestruturas que levam ao centro da cidade, e se veem em um estado de subutilização. As principais diretrizes são de ampliar e equilibrar as ofertas habitacionais e de emprego na área, enquanto solucionando as questões de mobilidade e comunicação entre bairros, dadas as barreiras ferroviárias e industriais presentes, além da preservação dos patrimônios históricos oriundos da ferrovia e indústria, e a proposta de soluções para a grande ilha de calor que se concentra na região.

MOOCA CAMBUCI

HENRY FORD

IPIRANGA

PQ MOOCA

VILA PRUDENTE

VILA CARIOCA

120

Area e Bairros da OUC Bairros do Tamanduatei. Fonte: Gestão SP


O terreno para o ensaio se localiza no bairro Henri Ford, atualmente composto quase em totalidade por extensos volumes industriais o bairro sofre com uma forte falta de permeabilidade viária no sentido leste oeste, sendo que a leste a topografia gera uma condição viária peculiar para com a relação com os bairros Vila Prudente em diante, e a margem oeste tanto o Tamanduateí quando a linha de trem se veem uma barreira. As diretrizes da OUC para o bairro propõe uma serie de aberturas viárias a fim de conectar os bairros ao transporte público, enquanto há se utiliza de lotes vagos para instalar um contingente habitacional e de funções, visando instalar atividades de permanência na área. O Lote para o ensaio se localiza a margem nordeste do bairro, e é dado o nome de Gleba Esso, estando completamente vago possui 13,25 hectares, tempo um grande potencial para a instalação de contingente habitacional, unido a nova condição viária proposta.

lLocalização Bairro Henri Ford. na OUCBT. Fonte: Gestão SP

121


Condições Atuais da Gleba Esso. Fonte: Base de Imagens de satelite da NASA 10/2017

Gleba Esso

122


3:3\

Sistema

de

Modelagem

A Análise matemática apontou modelos capazes de descrever o fenômeno de comportamento de cada parâmetro de análise individualmente, com exceção do parâmetro de Qualidade de Desenho. O Sistema de modelagem parte dessa barreira, pois uma vez que o desenho urbano, responsável direto pela forma urbana final, não resulta de uma equação direta, este deverá partir da solução algorítmica do sistema de análise, onde de maneira analógica serão feitas escolhas projetuais de maneira a melhor satisfazer os parâmetros de qualidade que foram estabelecidos a partir de síntese bibliográfica na primeira etapa da pesquisa. Isso impede também que as equações definidas para os Índices Físico e de Diversidade não possam ser aplicadas diretamente, pois uma vez que é admitido que o processo de modelagem é composto por etapas com diferentes escolhas projetuais, não é possível utilizar os parâmetros que maximizam as equações apenas, e deve se admitir uma margem de aplicação para abranger as consequências de respectivas decisões de projeto. Por fim, as equações provenientes do processo de Regressão não possuem relação direta com dados de estrutura física, e para a aplicação destes parâmetros nos ensaios e necessário voltar aos algoritmos de análise para estabelecer uma relação direta destas equações com a área total de terreno, pois este é o único dado concreto das áreas para ensaio, então a extração dos demais parâmetros para modelagem deve partir deste. Primeiramente devemos definir a Margem para aplicação de cada parâmetro, partindo primeiramente dos índices físicos, devemos recordar que foi adotado a densidade demográfica como base organizacional para cada função, e posteriormente também será utilizada para calcular a transferência dos índices em dados concretos relacionados a área de cada ensaio. A Margem adotada tem como limites o ponto máximo da equação, e a media ponderada de cada parâmetro através da densidade demográfica.

123


Logo, para os índices físicos em f(x), temos a regressão definida conforme o Grafico 1:

f(x)=-1,80+2,50x Primeiramente devemos calcular o limite inferior adotado, sendo a media ponderada de f(x) pela densidade demográfica igual a 12,70 temos:

12,70=1,80+2,50x 14,50=2,50x 14,50/2,50=x X=5,80 Sendo assim o limite inferior para a margem de calculo de 580 habitantes por hectare. Enquanto para o limite superior, é utilizado o ponto de máximo do gráfico 1, sendo esse um Índice Físico de 22,64

f(x)=-1,80+2,50x 22,64 = -1,80+2,50x 24,44 = 2,50x 24,44/2,50 = x X=9,76 Logo o Limite máximo para a margem de calculo dos parametros fisicos é de 976 habitantes por hectare. Quanto ao Índice de Diversidade, devemos trazer a equação da regressão do fenômeno demonstrado no Gráfico 2: Quanto ao Índice de Diversidade, devemos trazer a equação da regressão quadratica do fenômeno demonstrado no Gráfico 2:

g(x) = 17,80 - 1,40x + 0,20x² Quando aplicada ao limite inferior da margem de cálculo, a média ponderada de g(x) pela densidade demográfica que é igual a 16,80 temos:

16,80 = 17,80 - 1,40x + 0,20x² √357 = 3x 18,89/3 = x X = 6,29 Sendo o limite inferior para margem igual a 629 habitantes por hectare. Enquanto o ponto máximo do gráfico 2 é de 26 temos:

g(x) = 17,80 - 1,40x + 0,20x² 26 = 17,80 – 1,40x + 0,20x² √857 = 3x 29,28/3 = x X = 9,76

124


Assim o ponto máximo para a margem de calculo do Indice de Diversidade é de 976 habitantes por hectare. Após estabelecida a margem de cálculo, é necessário estabelecer a relação para aplicação de dados a partir da área de cada ensaio. Começando pelos aspectos Físicos, que foram definidos ao inicio da pesquisa como a possibilidade de multiplicação da oferta de área urbanizada sob si própria, compreende-se que o parâmetro que pode ser controlado nos ensaios é a relação de área construída por área de solo, traduzida no C.P.A. A Analise matemática nos permite observar o fenômeno do aumento de qualidade física de um espaço relacionado densidade demográfica, que por si é uma relação de habitantes por hectare. Para aplicar dados retirados do fenômeno modelado matematicamente, é necessário retomar outro parâmetro analisado junto aos aspectos físicos do Sistema de Análise Configuracional, a Densidade Construtiva (D.c) que oferece uma relação entre Área construída (A.c) em metros quadrados por Habitante, na medida que quando relacionada a densidade demográfica, nos permite modelar uma relação entre Área Construída em metros quadrados e Área de solo (A.t) em hectares, possibilitando a aplicação desta relação nas ares de ensaio através da Seguinte equação:

Área Construída = (Densidade Demográfica * Área de Ensaio) Densidade Construtiva. Ac m² = (D hab/ha * At ha) Dc m²/hab Para a aplicação desta equação são necessários alguns dados observados, primeiramente sento a Área total de cada ensaio estabelecida em Hectares, fornecida por base de dados da Cidade de São Paulo, âmbar as densidades demográficas estabelecidas de acordo com a Margem, realizando um calculo para cada limite entendendo que a área construída total de cada ensaio se encontra nesta margem, e por fim é necessário estabelecer o valor para a Densidade Construída em metros quadrados por habitante. Ao procurar por um fenômeno de comportamento a respeito da Densidade Construtiva, não podemos encontrar relações com nenhum outro dado disponível, como indicado no seguinte gráfico, indicando que as alterações na relação de Densidade Construtiva não possuem uma organização logica, podendo estar relacionados as mesmas críticas que levantam o Índice Habitacional mencionado

125


na Pag.27

Grafico 5 - Densidade Construida por Densidade Demografica.

Uma vez que nenhum fenômeno de comportamento é perceptível, a utilização mais adequada do parâmetro é através de função media, como já utilizada no inicio da análise matemática, esta pode denotar princípios mais simples de um fenômeno, e uma vez que o objetivo não é a completa análise do comportamento deste parâmetro e sim sua aplicação, satisfaz as condições necessárias. A Equação media para Dc pode ser descrita a seguir:

126


Com esse valor definido, a Densidade Construída passa a atuar como constante, deixando a equação para aplicação dos Índices Físicos que atuara no sistema de modelagem fornecendo a quantidade de área construída atribuída para cada área de ensaio como a seguinte:

Ac = (D * At) 70,4m ²

Quanto as competências do sistema de modelagem para os índices de diversidade, é necessário retomar o algoritmo de análise desde parâmetro. O Índice de Diversidade é calculado em 3 vertentes, conforme descritos a partir da Pag. 26, sendo a Tabela de Proporções de uso, o Índice Habitacional, e a Diversidade Observada. Dentre essas frentes, apenas a Tabela de Proporções de Uso pode ser convertida em um instrumento propositivo de desenho, uma vez que descreve uma configuração física dos espaços, ao contrário dos outros parâmetros que analisam a qualidade social da maneira que se da a apropriação de tais espaços. O Processo para aplicação da tabela de proporções deve ser similar a aplicação dos parâmetros físicos, porem dessa vez com a utilização das densidades demográficas definidas como margens respectivas ao Índice de Diversidade, multiplicadas pelo parâmetro de Densidade Ocupacional (D.o.) que mostra uma relação de metros quadrados de solo por habitantes, dividido pela taxa de ocupação média. Parâmetros que resolvidos de acordo com a função media indicam:

Resultando na seguinte equação de aplicação:

A.Ct = (0,43 * At * D) 11,75

127


Ensaio A01:/ - Agua Branca O Primeiro ensaio de modelagem diz respeito a área do Subsetor 01 da Operação Urbana Consorciada Agua Branca. A área atualmente conta com um pequeno volume construtivo que segundo proposta da própria O.U.C. será realocado. Para o projeto urbano especifico da área, foi realizado um concurso publico que deixa uma serie de diretrizes para tais projetos, das quais serão utilizadas as diretrizes viárias adotadas, a proposição de uma passarela de pedestres através da marginal, e a diretriz de ocupação institucional junto a quadra margem a marginal tiete. A opção pela utilização da quadra institucional gera uma condição de exceção, onde para o cálculo da área construída total deve ser descontada a área desta quadra. A Área total admitida para a modelagem do Subsetor 01 é de 16,45 hectares, e a área da quadra a excluir é de 7,80 hectares, resultando em uma área para calculo de 8,55 hectares, logo a equação de área construída total segue:

Ac = (D * At) 70,4m ² Ac = (580 hab/ha* 8,55ha) 70,4m² Ac=349.113m² Ac = (D * At) 70,4m ² Ac = (975 * 8,55) 70,4m ² Ac = 586.772m² Enquanto a solução para a divisão de uso e ocupação de solo segue:

A.Ct = (0,43 * At * D) 11,75 A.Ct = (0,43 * 9,75 * 629) 11,75 A.Ct = 30.975m² A.Ct = (0,43 * At * D) 11,75 A.Ct = (0,43 * 9,75 * 975) 11,75 A.Ct = 48.030m²

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A O.U.C. Agua Branca, assim como o próprio bairro, tem por limite a norte e noroeste a Marginal Tietê, uma extensa barreira para quaisquer modalidades de circulação não motorizados e com poucas opções de transposição; ainda, as vias de transito rápido da marginal criam pouca ou nenhuma interação com os lotes adjacentes, logo, esse trecho de malha urbana não apresenta atrativos para a permanência e realização de atividades.

O Subsetor 01, área de 16,45ha para este ensaio de modelagem, compreende uma mancha central a área da do bairro, tendo por margem leste a Ponte Júlio de Mesquita Neto, que realiza importante conexão viária a Av. Pompéia que cruza a linha de Trem e Metro, dispondo de duas estações a menos de 1km do subsetor. Devido ao contato com o transito de alta velocidade da marginal, e a baixa permeabilidade viária a partir da margem sul do setor definido pela Av. Marques de São Vicente, os edifícios presentes na área tem caráter comercial\industrial, além da presença de extensos centros esportivos privados no seu perímetro direto. As diretrizes viárias estabelecidas no concurso pelo IAB-sp buscam permear a gleba no sentido norte sul, permitindo uma comunicação mais direta com os eixos de interesse e de transporte público a sul da área.

129


Dentre as primeiras proposições feitas para a área, deve terse em mente a Qualidade de Desenho uma vez que as primeiras quadras são demasiadamente largas, portanto o corte transversal destas por uma via de superfície compartilhada busca ajustar suas proporções para permitir melhores oportunidades de caminhada, como definido na Pag.37, assim como gerar mais área de fachada em contato com as vias. Parte da proposta do concurso, adicio-

130


na-se uma passarela para pedestres através da marginal, com ponto de conexão direta na área, criando um ponto de intenso fluxo de pedestres ciclistas e afins, resultando na necessidade de grandes espaços públicos junto a quadra norte adjacente a marginal. Essa relação configura em uma importante relação de forma que ocorre na divisão da gleba, pois cria um vetor de circulação que vem através da marginal a norte, e aponta em direção a abundância de atividades localizadas a sul, tornando a modelagem das quadras essencial para permitir maior modulação das oportunidades de caminhada. Ainda cria importantes vetores de circulação no interior da gleba, que, juntos do vetor presente da Av. Marques de São Vicente, margem sul da gleba, orientam a alocação de edifícios com maior verticalidade, respeitando as relações de proporção entre edifícios e rua, esclarecido na pag.36, e também estabelecem os vetores comerciais indicando edifícios de uso misto com térreo comercial, sendo destes um edifício com Uso Comercial 2 na margem do nó viário. Neste caso, a opção pela verticalização junta aos principais eixos de circulação ainda tem benefícios de insolação, a medida que as grandes massas edificadas não se interpõem a outras construções.

131


Em termos de modelagem, a secção transversal dos volumes construtivos adotadas é de 16m, estando predisposto que este seria o volume máximo ocupado independente da tipologia a ser adotada, possuindo certa margem de erro para compensação perante desafios arquitetônicos encontrados. A Partir dos maiores volumes alinhados paralelamente aos vetores de circulação para maximizar as áreas de contato, tendo entre 18 e 25 pavimentos, os volumes construtivos perdem verticalidade ao atingir as porções intra-quadra, tendo entre 6 e 10 pavimentos, de acordo com a necessidade de atingir o potencial construtivo indicado, e também uma opção que não só atende as condições de insolação e ventilação como também adequa os menores edifícios, com menor necessidade de manutenção, a realidade das propostas principais para H.I.S vigentes nas diretrizes da O.U.C. Os Volumes procuram estar sempre alinhados paralelamente aos maiores eixos de circulação, buscando maximizar as áreas de contato. Os volumes de meio de quadra, perpendiculares as vias, buscam maximizar o uso do solo e atender ao potencial construtivo, mantendo distancias mínimas de 16m entre demais volumes.

132


A porção norte da gleba, adjacente a Marginal Tietê e a ponte Julio de Mesquita neto, além dos problemas formais dada a proximidade de vias de alta velocidade e falta de atividades tanto de passagem quanto de permanência, possui restrições construtivas devido justamente a essas condições. Para abordar esse problema, as diretrizes do concurso para o subsetor deixam indicado a alocação de um equipamento institucional neste trecho. Uma vez atingida a maior parte do potencial construtivo indicado pelo resultado da equação, o restante é utilizado no abrigo deste edifício institucional localizado a margem leste da quadra, enquanto a margem a oeste permanece aberta para atividades públicas não edificadas, também caracterizadas como praça, uma vez que esta área recebe o intenso fluxo proveniente da passarela.

Área de Recuo da Marginal

133


A São Paulo - Agua Branca - Ensaio 01

9 , 1 6 CPA - 2,2

6 . 6 1

20

363.220m² Misto 1

16,45ha Misto 2 59% Institucional 6.424 9

3 9 0 Do - m²/hab -Dc 39 - 56 134

0

35m 25m 1 , 4

51% 18%

Residencial

7% 24% m

² 4 6

2,1

60m 60%

• Vias exclusivas para Pedestes • 80% de area de contato

-


3 , 0 8 CPA - 1 160.000m²

6 . 6 1

20 Misto 1

16,45ha Misto 2 42% Institucional 5.169 9

3 2 3 Do - m²/hab -Dc 3 1 - 3 1

0

35m 25m 1 , 4

51% 18%

Residencial

7% 24% m

² 4 6

2,1

60m 60%

• Vias exclusivas para Pedestes • 80% de area de contato

-

135


Ensaio A02:/ - Liberdade

A área para o segundo ensaio consiste na porção ocupada

pela antiga Eletropaulo ao centro de São Paulo, no limite do bairro da Liberdade, parte simultaneamente das Operações Urbanas Consorciadas Centro, e Bairros do Tamanduateí. Com uma área de 14,4 hectares, essa área localizada no centro da metrópole de São Paulo, área abundante em infraestrutura encontra 3 estações de metro no raio de 1km e ate 5 no raio de 1,5km. A área atualmente desocupada é resultado da demolição da antiga Eletropaulo em 2014, e muito embora não haja informações diretas da gestão da cidade quanto a falta de planos construtivos para esta área ate o momento, especula-se que possa ser em razão a contaminação do solo dada sua ocupação histórica de caráter industrial. Muito embora a indústria estivesse inativa a muito tempo, a área não apresenta diretrizes reais para ocupação em nenhuma das OUCs que a englobam, portanto tantos não havia diretrizes viaras para a área como um todo, nem restrições de ocupação ou indicação de usos excepcionais aos já descritos no sistema. Os calculos para o lançamento de areas construidas e uso comercial do solo seguem:

Ac = (D * At) 70,4m ² Ac = (580 hab/ha* 14,4ha) 70,4m² Ac=587.980m² Ac = (D * At) 70,4m ² Ac = (975 * 14,4ha) 70,4m ² Ac = 982.800m² Enquanto a solução para a divisão de uso e ocupação de solo

segue:

A.Ct = (0,43 * At * D) 11,75 A.Ct = (0,43 * 14,4ha * 629) 11,75 A.Ct = 45.568m² A.Ct = (0,43 * At * D) 11,75 A.Ct = (0,43 * 14,4ha * 975) 11,75 A.Ct = 70.937m²

136


Área Eletropaulo Ante a desocupação da área, algumas edificações começaram a surgir ao perímetro da área, que somado a uma pequena leva de edifícios institucionais de domínio público, foram um pequeno volume construtivo. Em ambas as OUC Centro e Bairros do Tamanduateí há menções para a realocação destes edifícios, então para efeito pratico serão desconsiderados deste ensaio. Dentre as diretrizes fornecidas pelas OUC, ambas mencionam planos de abertura viária, sendo um desenho especifico para cada OUC, porem nota-se que ambos priorizam a conexão entra a Rua Cesário Rodrigues e a Rua do Lava-pés, cortando a área longitudinalmente, e entre a Rua Praça Nina Rodrigues e a Rua Scuvero que dividem a área transversalmente. no sentido norte sul.

137


Vetor de Circulação Previo Vetor de Circulação Conexão Proposta Uma vez que os desenhos das diretrizes se mostram diferentes, e ambos muito preliminares para a divisão total das quadras desta gleba, toma-se a opção de alterar o traçado viário proposto, de maneira a permear melhor com a o traçado viário proposto para as quadras restantes, tornando as proporções de quadras melhores, fator que amplia então a área de contato e as oportunidades de caminhada pela área. Ressalta-se que duas destas vias abertas tomam caráter de Vetores de Circulação, dado as conexões que estas realizam, ambas com direcionamento para o centro da metrópole. O Cruzamento destes vetores propicia a morfologia ao trazer os corredores de adensamento para o centro da área.

138


o

Base edifício Uso Misto 2 Base edifício Uso Misto 1

o

A Partir da situação apresentada quanto aos vetores de circulação, busca-se lançar os principais volumes de solo comercial para edifícios de uso misto junto a estes, uma vez que edifícios com estas tipologias tendem a ser os mais densos verticalmente. De maneira a utilizar do potencial de adensamento na condição de centralidade em que a gleba se encontra, ampliam-se as áreas reservadas para bases de Edifícios de Uso Misto 2, que englobam diferentes tipologias comerciais nos 2 a 4 primeiros pavimentos, comportando os mais altos edifícios lançados pelo sistema, de maneira a estarem sempre em contato com os vetores de circulação.

139


120M 120M 96M

108M

Acima então das bases para Uso Misto 2 são lançados os edifícios com maior densidade, contendo entre 45 e 60 pavimentos são edifícios com volumes laterais controlados para minimizar os impactos de insolação e ventilação ante o entorno. Estes edifícios situam-se em maior parte paralelos ao eixo norte, melhorando suas condições de conforto e minimizando os impactos no seu entorno.

140


60M

60M

24M

36M

Entre os Vetores de Circulação com os edifícios mais adensados verticalmente e o entorno do bairro, os volumes construtivos tomam proporção decrescente buscando adequar os impactos das altas densidades ao seu entorno já construindo, através de oportunidades de manutenção da continuidade estética destes. Estes edifícios por usa vez vão entre 15 e 35 pavimentos para manter as condições de densidade construtiva propostas, iniciando as atividades residenciais a partir do nível do solo para diversificação dos parâmetros de uso e ocupação, como apresentado ná pag 26. Alguns volumes construtivos a margem da Rua do Lava-pés a margem sudoeste da gleba tem menor verticalidade, entre 5 e 10 pavimentos, podendo ser compatíveis com tipologias HIS não comtempladas nas diretrizes das OUC.

141


A São Paulo - Liberdade - Ensaio 02

16,90 CPA - 5,8 836.815m²

Residencial

11.800 1

142

0

46m 24m 1 , 9

25% 52%

14,4ha Misto 1 65% Misto 2

7 7 0 Do - m²/hab -Dc 1 3 - 7 0

8 , 1 5

22 23% 8

m

² 4 6

1,9

75m 80%

• Oportunidades Caminhada

de

• 85% de area de contato

-


Ensaio A03:/ - Henri Ford A Área para o ensaio 03 corresponde a denominada Gleba Esso, presente no bairro Henri Ford, parte da Operação Urbana Consorciada Bairros doo Tamanduateí. A área possui um total de 13,25 hectares, dos quais apenas cerca de 2 hectares possuem volume construtivo desativado, relativo a antigas industrias, as quais as diretrizes da OUC indicam a demolição para reocupação. A OUC também oferece diretrizes viárias que visam aumentar a permeabilidade sentido leste-oeste na região, que sofre com as características herdadas dos extensos lotes industriais, visado ligas as áreas residenciais a linha de tem a leste, Operação que divide a gleba esso em quadras menores, visto que essa compunha apenas duas quadras em toda sua extensão. Não há condições especiais ou restrição a ocupação do solo, então as equações do sistema de modelagem seguem:

Ac = (D * At) 70,4m ² Ac = (580 hab/ha* 13,25ha) 70,4m² Ac=542.889m² Ac = (D * At) 70,4m ² Ac = (975 * 13,25) 70,4m ² Ac = 909.480m² Enquanto a solução para a divisão de uso e ocupação de solo segue:

A.Ct = (0,43 * At * D) 11,75 A.Ct = (0,43 * 13,25 * 629) 11,75 A.Ct = 42.180m² A.Ct = (0,43 * At * D) 11,75 A.Ct = (0,43 * 13,25* 975) 11,75 A.Ct = 65.271m²

143


Gleba Esso

A Área denominada gleba Esso encontra uma problemática complexa, tendo a extremo leste o próprio rio Tamanduateí como a linha da CPTM como barreiras a transposição, impedindo sua comunicação com o bairro Ipiranga em direção ao centro. Entre estas barreiras até a gleba, a ocupação histórica do bairro tem caráter industrial, dando forma a lotes largos com poucas opções de transposição, e baixíssima vitalidade dado a desocupação desses. A Área de ensaio se localiza ao limite oeste do bairro, e a partir desta uma topografia irregular ascende para os bairros residenciais de maior densidade Parque da Mooca e Vila Prudente, tendo baixa conexão com a área devido as soluções de nível. Como resultado dos processos históricos de formação desta área, a área de ensaio devido a sua condição limítrofe se encontra inserida na problemática de ambos os bairros, configurando duas quadras, sendo que uma é um único extenso lote de 840m x 160m, uma área próxima do perímetro do centro expandido da metrópole e abundante em infraestrutura devido a proximidade a estação Ipiranga da CPTM a menos de 600m de distância, desocupada e denegrindo a vitalidade dos bairros adjacentes.

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Vetores de Circulação

Abertura Viária Proposta As principais diretrizes viárias propostas pela OUC Bairros do Tamanduateí visam realizar a permeabilidade dos bairros residenciais a oeste da área até a estação da CPTM, através de aberturas viárias quebrando diversos dos lotes industriais do bairro, cortando a Área de Ensaio em 3 quadras, e conectando as vias já existentes destes bairros. Ocorre porem, uma correção da Saída de Rua Dianopolis, que corta a área na porção sul, de maneira com que essa faça própria conexão à Rua Antonio Chizari, que será estendida a estação também. Com a condição viária proposta, as condições morfológicas indicam que os vetores de circulação ainda devem se dar nos sentidos norte sul devido as condições de presença de serviços e maior conexão com o centro da cidade neste eixo, assim definindo a alocação dos principais vetores de adensamento e presença de uso misto para a área

145


As diretrizes propostas pelo projeto especifico do bairro Henri Ford pela OUC indicam uma preocupação com a Ilha de Calor gerada na área, pois a alta impermeabilização do solo devido a ocupação industrial, somadas das condições geográficas de encosta de vale, indicam que essa área indica um máximo global em termos de retenção de calor, superando até mesmo o próprio centro. A OUC visando abordar esse problema indica a necessidade de uma grande proporção de área permeável, mas as soluções apontadas por este projeto sugerem um recuo de cerca de 50 metros ante a via leste a área, considerada um vetor de circulação, reservado para um parque linear. Essa solução porem sacrifica 40% do total da área de contato e prejudica as proporções de quadra, reduzindo muito o contato entre áreas construídas e livres, consequentemente prejudicando a vitalidade urbana. A Solução indicada de acordo com o Algoritmo de Qualidade desenho indica maximizar estas áreas de contato, portanto, esse recuo é diminuído para 5 metros, configurando ainda a livre caminhada publica junto aos vetores comerciais, e o total de áreas permeáveis é dividido entre jardins que permeiam os volumes construtivos, tornando as áreas entre os edifícios que servem para garantir confortos térmicos e de insolação em áreas permeáveis, contornando a problemática da ilha de calor sem sacrificar a vitalidade urbana que necessita um maior contato entre áreas construídas e de circulação.

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Vias Compartilhadas Abert Edificio Uso Misto 2 Pavimento Comercial Ed. Institucional

Das condições até agora, antes de iniciar a lançar os volumes construtivos é necessário se atentar as proporções das quadras resultantes. A Abertura viária ate o momento resultou na divisão da área em quatro quadras com proporções menos quadráticas, tendo suas principais extensões paralelas aos vetores de circulação, com exceção da quadra resultante a porção central-leste, que se encontra demasiada grande, causando problema tanto para o lançamento dos volumes construtivos a medida sua extensão em ambos os eixos impediria o contato destes com as vias adjacentes, assim como uma má modulação das quadras, impedindo uma circulação livre e convidativa para os moradores. Para solucionar este ponto, a indicação quanto ao algoritmo de Qualidade de Desenho é dividir essa porção em três quadras através da abertura de duas vias de superfície compartilhada, solucionando a oportunidade de ocupação construtiva ao interior das quadras assim como a ampliação da área total de contato, criando mais opções de caminhada e com melhor qualidade devido a vitalidade gerada pelo contato entre estas áreas. Estabelecida a condição viária, o lançamento dos volumes construtivos segue através da definição das áreas de uso não residencial, direcionando os volumes com térreo comercial aos vetores de circulação definidos. A Via que corta a area ao centro apresenta excelentes condições de permeabilidade viária e proporção de vias, sendo indicada para o maior adensamento vertical caracteri-

147


45m

24m

90m

60m

30m

zado em edifício de Uso Misto 2, que possui mais de 2 pavimentos de diferentes usos comerciais, também contendo alta densidade de tipologias habitacionais em seus 30 pavimentos. A porção triangular resultante a norte da área reserva-se o uso a edifícios institucionais, permitindo uma melhor apropriação desta através da liberdade de forma permitida a edifícios dessa natureza ante edifícios habitacionais, servindo também como uma ancora para atrair fluxo a este ponto, que contem menos atrativos. Quanto ao restante do volume construtivo, a ordem de densidade segue lançando edifícios mais verticalizados, ente 15 e 20 pavimentos, a cima das plataformas comerciais indicadas, localizadas majoritariamente a porção leste, permitindo uma maior insolação ao longo do dia nos menores volumes e poupando-os das piores insolações de fim de tarde. A partir destes, a densidade vertical diminui para entre 6 e 12 pavimentos, em ordem decrescente ate a margem oeste, sendo os menores edifícios reservados para HIS como previsto na OUC.

148


A São Paulo - Henri Ford - Ensaio 03

17,90 CPA - 4,4 588.415m²

7,55

21 Residencial

Misto 1

13,25ha Misto 2 59% Institucional

11% 6%

10.202 1 0 2 m ²

7 7 0 Do - m²/hab -Dc 1 3 - 5 7

41m 21m 1 , 9

31% 52%

1,7

80m 75%

• Vias compartilhadas

• 90% de area de contato

4 6

-

149


150


CONCLUSÕES 151


152


:\4 - Síntese metodológica 4:1\

Quanto

a

Problemática

Apresentada

A Problemática apresentada ao inicio da pesquisa tem como centro a falta de parâmetros de análise nas atuais praticas de Urbanismo. A falta destes parâmetros, e principalmente de uma categorização qualitativa destes, traz uma serie de problemas, sendo o principal problema identificado a incapacidade de colocar em pratica os conceitos de urbanismo que se formam a partir de 1960 com a escola Jane Jacobs, culminando na atualmente na vertente de Cidades Compactas e Caminháveis, uma vez que esta vertente tem uma apresentação mais empírica justamente carecendo de caminhos efetivamente práticos. A Falta destes parâmetros também infere prejuízos quanto ao fator de comunicação entre os diversos campos de efetiva atuação no Planejamento e Desenvolvimento Urbano, além de dificultar a compreensão do funcionamento urbano pelos cidadãos que compõe a sociedade responsável pela ocupação e manutenção destes ambientes urbanos, consequentemente prejudicando estas. Em um segundo momento,

como resultado da carência

sistêmica destes parâmetros que podem ser ferramentas para a pratica de um urbanismo ideal focado unicamente no desempenho urbano, as cidades passam a se desenvolver com lacunas em suas estruturas de planejamento, que permitem uma maior ação do capital especulativo, como explicito ao inicio da pesquisa, que não tem obrigações diretas com desempenho urbano ou com a sociedade que a ocupa, mas apenas com sua capacidade de auto multiplicação, e, da maneira como tem sido aplicado no planejamento urbano, tem se mostrado extremamente prejudicial.

153


4:2\

Quanto

a

Abordagem

da

Problemática

Estabelecido o centro da problemática, a abordagem parte do efeito observado quanto a discrepância dos modelos estudados e discutidos de urbanismo atualmente e a falta de instrumentos analíticos e propositivos para a aplicação destes respectivos modelos. Para solucionar esta discrepância é necessário a realização de uma revisão da bibliografia que fundamenta estas correntes de urbanismo, na busca de isolar trechos que mencionam as qualidades consideradas do ambiente urbano enquanto tangíveis em parâmetros concretos que possam ser mensurados. . A Revisão bibliográfica então aponta uma serie de parâmetros de análise de diferentes naturezas, mas igualmente responsáveis pela dinâmica urbana de uma área, podendo gerar diferentes configurações para cada espaço. Uma vez definidos os parâmetros passiveis de utilização, em um primeiro momento de experimentação torna-se perceptível uma variação uniforme nos dados de acordo com a escala da área urbana relacionada a cada respectivo teste, que não pode ser diretamente entendida como alteração da qualidade destas áreas, indicando uma variação de acordo com cada escala de análise que é levada em consideração, pois, assim como no desenho arquitetônico, quanto maior a escala maior é o nível de detalhes observados. Para compreender as nuances tanto da diferença de natureza dos parâmetros quanto a relação com o ambiente urbano, quando ao efeito de flutuação de dados relacionados a escala de análise, a opção tomada foi por desenvolver um sistema de análise que pudesse compreender todos esses fatores e qualifica-los a partir de uma estrutura algorítmica, dispondo todos os dados em uma única métrica. Uma vez definido o algoritmo de análise e calibrando esse com os dados empíricos retirados da síntese bibliográfica, que agora passam a ser utilizáveis, temos como desenvolvido o ponto central da pesquisa, a ferramenta que atua como Sistema de Análise Configuracional Urbana, capaz não só de quantificar ambientes urbanos de acordo com as novas métricas e parâmetros, eliminando o problema da falta de caminhos práticos para o exercício do urbanismo, como também conta com um sistema algorítmico de análise capaz de unificar as mais diversas condições e naturezas

154


de dado ambiente urbano e categoriza-la qualitativamente em uma única métrica. A Fim de comprovar o funcionamento desta ferramenta de análise, foram feitas análises de diversas condições urbanas a fim de detectar discrepâncias nos dados quando comparando áreas cuja a problemática e dinâmica é conhecida. Para estes testes, foi definido um recorte de metrópoles a fim de isolar condições culturais que influenciam diretamente nos meios de ocupação urbana, e não são contemplados nos algoritmos de análise, logo, os ensaios se deram acerca de condições metropolitanas ocidentais, principalmente em metrópoles norte-americanas que possuem excelente bases de dados, e brasileiras devido a proximidade e contato. Dificuldades técnicas com queda de bases de dados pre-estabelecidas resultaram em uma amostragem menor que a desejada no momento, mas os resultados comprovaram a eficácia da ferramenta, na medida que tiveram a capacidade de deixar indicadores qualitativos baixos para áreas em que a bibliografia da pesquisa descreve como baixa eficiência urbana, e indicadores altos em áreas citadas como exemplos. Este momento define o final do primeiro momento da pesquisa, e adentrando na segunda parte, a primeira preocupação se da com as possibilidades de desdobramento desta ferramenta para um caráter propositivo, o que se relaciona com o segundo momento da problemática levantada, pois a partir do momento que a ferramenta possa ter caráter propositivo para definir diretrizes gerais para a ocupação urbana, alinhadas à prioridade do desempenho urbano, teria a capacidade de preencher as livres lacunas do planejamento urbano que dão brechas para intervenções orientadas a multiplicação de capital que tem grande potencial de prejudicar a eficiência urbana. Para iniciar o desdobramento da ferramenta de análise para uma ferramenta de proposição, foi feita uma análise matemática de caráter estatístico a fim de observar a ocorrência de determinados fenômenos de comportamento dentro do conjunto de estudos de caso, relacionando estes a condições físicas imparciais, que possam ser replicadas em qualquer condição urbana dentro dor recorte definido. Aquém das condições ideais para uma análise estatística mais completa, foi possível realizar uma análise de regressão, que tem por finalidade modelar matematicamente o fenômeno de comportamento dos diferentes parâmetros. A Partir da equação que modela estes comportamentos, ainda é necessário

155


relaciona-la com os algoritmos de análise, pois as equações modelam apenas o comportamento qualitativo dos estudos de caso, e a aplicação destes necessita se relacionar com os parâmetros de análise que se relacionam com a quantificação direta das áreas em parâmetros. A Fim de provar então a capacidade propositiva da ferramenta após essa operação de tradução, são realizados ensaios de modelagem urbana em áreas que condizem com o recorte de metrópoles estudadas, e que também contenham diretrizes projetuais para os pontos que a ferramenta não consegue abranger, sendo destes principalmente o dimensionamento viário para efetiva circulação, uma vez que as qualidades de desenho podem abranger o espaço viário enquanto espaço passível de ocupação. Para sanar essa necessidade foram escolhidas áreas dentro das áreas de Operação Urbana Consorciada de São Paulo, uma vez que estas contem a maior parte das diretrizes necessárias. Os ensaios de modelagem então após concluídos, são submetidos a análise através da própria ferramenta, para que possam ser comparados aos demais estudos de caso, comprovando a eficácia da parte propositiva da ferramenta. Por final, podemos sintetizar o escopo da abordagem como desenvolvimento de uma ferramenta de análise urbana, capaz de sanar a problemática apontada quanto a falta de parâmetros para discussão e aplicação pratica dos ideais urbanísticos, tendo sua eficácia comprovada através dos estudos de caso; e subsequentemente a adaptação dessa ferramenta para um caráter propositivo, que, uma vez calibrado com o fenômeno de comportamento das condições ideais extraídas dos estudos de caso, é capaz de sanar o segundo ponto da problemática que acusa uma falta de controle da produção urbana devido a falta de compreensão da totalidade da eficiência urbana, e que comprova sua eficácia junto aos ensaios de modelagem.

156


4:3\

Potencial

e

Limitações

da

Ferramenta

Antes de mencionar os cenários de aplicação da ferramenta resultante desta pesquisa quanto a própria área do urbanismo, vale comentar as nuances que se verificaram durante o desenvolvimento desta ao longo da pesquisa, os pontos que foram estabelecidos primariamente em função do prosseguimento metodológico da pesquisa, e o cenário de desenvolvimento desta em pesquisas futuras. Quanto ao desenvolvimento da ferramenta de Análise de Sistemas Configuracionais Urbanos, a abordagem algorítmica de análise é de fato a melhor solução metodológica para este ponto da pesquisa, porem quanto ao desenvolvimento desse sistema algorítmico de análise deve-se ressaltar dois principais pontos. Primeiramente, essa solução esta diretamente ligada com o potencial de desdobramento da ferramenta para elaboração de proposições urbanas, ponto da central da segunda etapa da pesquisa, porém, essa transição e afetada também extensa análise matemática necessária para modelagem dos fenômenos, que quando adicionada ao sistema, cria uma relação direta entre o Sistema Algorítmico de Análise e a posterior Análise de Regressão, o que poderia começar a compor o Sistema de Equações Funcionais descrito como método ideal de modelagem que deveria ser atingido, porem a falta de preparo matemático e estatístico na base curricular devido a pura diferença de natureza da graduação levou a pesquisa a cair no mesmo problema denotado a pratica do Urbanismo: A Multidisciplinaridade necessária à sua efetiva atuação, na medida que foi necessário auxilio matemático para o desenvolvimento da própria pesquisa a partir da segunda etapa, logo, o cenário ideal seria uma cooperação entre áreas durante o longo do desenvolvimento da pesquisa caso seja dada continuidade a esta, a fim de integrar totalmente a observação de dados a partir de áreas urbanas ao sistema matemático de análise, interação essa que hoje pode ser auxiliada pelos campos de Ciência dos Dados. O Segundo ponto diz respeito a correta calibragem dos parâmetros e proporções quando a indicação qualitativa dos parâmetros observados, a medida que para o prosseguimento da metodologia este algoritmo foi desenvolvido até o ponto que solucionava os problemas da escala da pesquisa, mas em um cenário ideal de expansão do Sistema, tais algoritmos deveriam conter demais fatores e relações, de ma-

157


neira a permitir uma maior gama de resultados, e consequentemente uma melhor análise de comportamento. Muito embora sejam extensas correções aos sistemas que podemos apontar para perspectivas futuras agora ao final da pesquisa, diversos são os fenômenos que comprovam o funcionamento dos sistemas como propostos para o escopo da pesquisa e de seu desenvolvimento. Dentre estes fenômenos, vale ressaltar um que passa desapercebido devido a distancia entre as análises realizadas, mas que mostra o verdadeiro potencial da Ferramenta de Sistema de Análise Configuracional quanto a aproximação entre a Ideologia proposta pelas atuais vertentes do Urbanismo e a efetiva aplicação destas ao ambiente urbano, através dos questionamentos que podem ser levantado; fenômeno que se observa a partir da comparação da Lamina de Análise da Superquadra Tipo de Brasília, e a Lamina de Análise da proposta vencedora do concurso para o subsetor 01 na O.U.C. Agua Branca. Brasília, capital do movimento modernista, após quase 60 anos de sua inauguração já foi extensamente estudada no âmbito do Urbanismo, tornando conhecimento público sua falta de vitalidade urbana, já a proposta vencedora do concurso para o Subsetor A1 é apresentada como um exemplo de urbanismo contemporâneo, porém, ao apresentar dados comparáveis aos de Brasília ressalta não só o funcionamento da ferramenta de análise, como seu potencial para sanar a problemática da falta de métricas de efetiva mensuração de qualidade urbana.

158


159


A São Paulo - Agua Branca - Proposta Concurso

3 , 0 8 CPA - 1

6 . 6 1

20

160.000m² Misto 1

16,45ha Misto 2 42% Institucional 5.169 9

3 2 3 Do - m²/hab -Dc 3 1 - 3 1

160

0

35m 25m 1 , 4

51% 18%

Residencial

7% 24% m

² 4 6

2,1

60m 60%

• Vias exclusivas para Pedestes • 80% de area de contato

-


Quanto aos fenômenos observados no desdobramento propositivo da ferramenta, para além das perspectivas de análise matemática a partir de uma maior amostragem como já descrito, é relevante a discussão proposta quanto a impossibilidade de modelagem do fenômeno de comportamento do parâmetro de Qualidade de Desenho. O Fato deste parâmetro não se relacionar com nenhum outro parâmetro apresentando um comportamento que possa ser descrito pode indicar tanto uma carência do sistema de análise quanto uma especificidade que não pode se reduzir a um algoritmo de aplicação. Enquanto podemos controlar os parâmetros Físicos e de Diversidade de maneira a obter padrões que resumem a quantidade de área construída de determinada gleba urbana, e como ocorrem as divisões e tipologias de ocupação nesta, não podemos controlar as relações diretas de forma dos volumes resultantes dos demais parâmetros, o que além de ressaltar a importância da presença de urbanistas, e até mesmo arquitetos dado a escala dos volumes, no processo de construção urbana, deixa o sistema propositivo em condições ideias para introdução nos setores de Planejamento e Desenvolvimento Urbano.

4:4\

Cenários

de

Atuação

da

Ferramenta

Para abordar os possíveis cenários de aplicação desta pesquisa, precisamos entender como a problemática apontada se relaciona com diferentes áreas de aplicação, para então compreender como a abordagem desta problemática na pesquisa pode ser usada diretamente as áreas de aplicação. Inicialmente, devemos refletir sobre onde se dá o impacto da atual falta de parâmetros de análise urbanos. Antes de adentrar as esferas de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, devemos nos atentar que estes departamentos da esfera publica são compostos por conselhos, e suas decisões e direções de atuação são definidas por indivíduos especializados na pratica do urbanismo, que para atuação do setor devem realizar a conexão entre diretrizes propostas pelos demais setores da esfera publica de atuação e seus conhecimentos específicos da área, de maneira

161


a melhor conciliar as ações necessárias aos melhores caminhos metodológicos em discussão, e é este o ponto que tange a pesquisa. As discussões sobre urbanismo se dão em institutos que agregam profissionais da área de maneira a difundir o conhecimento, e estes profissionais necessitam formação quanto a esta área de conhecimento no meio acadêmico, principal responsável pela difusão da discussão de práticas urbanísticas e formação de indivíduos capazes de empurrar as barreiras dessa discussão, reverberando na pratica desta área. Para além das soluções que a pesquisa oferece, o seu maior legado é a introdução do questionamento acerca da pratica efetiva do urbanismo enquanto ainda no meio acadêmico, buscando formar indivíduos não só na área do urbanismo como na arquitetura que sejam capazes de questionar quais são os parâmetros que definem a qualidade de um projeto enquanto reflexo direto do meio de vida da sociedade, e quais são seus efetivos impactos. Quanto ao potencial de aplicação desta ferramenta diretamente as esferas de Planejamento e desenvolvimento, deve-se atentar ao atual cenário destas, onde já foi mencionado as lacunas presentes que abrem espaço para produção urbana não orientada ao efetivo funcionamento urbano. A Presença dessas lacunas, entre diversos motivos que em geral se relacionam com esferas sócio-políticas externas ao urbanismo, muito embora adjacentes, e podem ser respondidas a partir do processo educativo que também se entende como beneficio da pesquisa, permitindo uma orientação da produção urbana em direção a sua própria eficiência. Uma vez que ocorra essa reorientação, então entra em discussão o uso do Sistema proposto pela pesquisa, onde em um cenário de utilização ideal, este sistema alimentado com estudos de caso a fim de gerar uma amostragem suficiente para uma melhor modelagem matemática, pode atuar junto do Planejamento e Desenvolvimento assim como descrito nos Ensaios de Modelagem, fornecendo devidamente filtrados pelo crivo qualitativo do Sistema de Análise Configuracional, gerando volumes construtivos mínimos e máximos, com diretrizes de divisão e parcelamento de unidades, diretrizes mais bem desenvolvidas quanto ao desenho urbano que geram um ponto inicial para o desenho arquitetônico destes volumes, levando em consideração noções básicas de conforto. Tal abordagem de projeto urbano inserido ao plano diretor de desenvolvimento traria um efetivo impacto desta área de estudo quanto ao ambiente urbano construtivo, podendo traçar um para-

162


lelo entre esta abordagem e planos de desenvolvimento como o de Hafencity em Hamburgo. Muito embora essa localidade esteja fora do recorte metropolitano adotado na pesquisa tanto pelas diferenças culturais tão bem quanto geográficas, é impossível cruzar parâmetros de ocupação, mas não se deve descartar a abordagem adotada pelo setor de desenvolvimento da cidade quanto a proposta. Hafencity foi o nome designado a novo distrito da cidade, fruto da adaptação da antiga zona portuária da cidade. O Projeto urbano para esta transformação, muito embora não tenha adotado abordagens de uma previa análise qualitativa de dados como a ferramenta desta pesquisa, consistiu na distribuição de volumes construtivos mínimos e máximos estabelecidos em desenho, a fim de compor uma densidade construtiva e de ocupação condizente com a morfologia de centro urbano inerente a área, distribuídos levando em consideração as características de desenho urbano e conforto, além de condições morfológicas como distribuição de serviços e áreas institucionais, a fim de manter a dinâmica da área. O Processo de definição da área se assemelha muito a etapa propositiva da ferramenta fruto da pesquisa, mas foi incorporada ao desenvolvimento urbano a medida que este se lançou as etapas de construção, resultando em uma área de alto interesse de ocupação cuja qualidade do espaço urbano é resultado direto do planejamento e serve ao proposito do desempenho urbano, e não a forças de multiplicação financeira.

163


:\5 - Discussões Levantadas 5:1\

Uma

discussão

sobre

densidade

Das diretrizes iniciais ao decorrer da pesquisa, o maior esforço é para tentar esclarecer a discussão acerca da natureza do ambiente urbano, quais suas competências, quais instrumentos este dispõe para seu próprio funcionamento e manutenção, e quais fenômenos estão intrinsicamente ligados a sua própria existência. Ao discutir as origens do surgimento urbano, foi apontado ao inicio da pesquisa que as cidades surgem como resultado do processo de socialização que parte da opção tomada pelos primeiros grupos nômades de humanos ao externalizar funções outrora de interesse individual a um outro individuo que se especializa nesta função. As cidades então surgem como uma ferramenta para acelerar esse processo de divisão de funções através da socialização, logo, a própria natureza do ambiente urbano faz correlação com os conceitos de cidade compacta amplamente defendidos atualmente. O Ponto que tange essa pesquisa diz respeito justamente a esse discurso, e a falta de termos que nos permitam compreender exatamente a que diz respeito essa Densidade Urbana almejada. Podemos partir de um exemplo abstrato que melhor ilustre essa problemática. Temos então a densidade urbana como objetivo, e subentendendo tal densidade como a capacidade de interconexão de pessoas, temos que quando maior a relação de pessoas por espaço maior será a qualidade deste, porém, como ressaltado também no início da pesquisa, seria excluído do recorte urbano de estudo cidades de culturas orientais, uma vez que diferenças culturais permitem densidades demográficas muito maiores nestas, fator que não reflete o (baixo) desempenho urbano observado. Há então um certo limite para estas densidades, como foi observado na pesquisa, porém não se pode modelar corretamente como funciona a distribuição dessas densidades. Para o sistema de modelagem, foram isolados dois limites para a margem de densidade demográfica, o Limite Superior numa densidade demográfica de 976 habitantes por hectare, e o limite inferior de 580 habitantes por hectare. Para efeito de aplicação utilizaremos o limite inferior, uma vez que este reflete mais o fenômeno de diluição presente nas escalas de análise maiores a partir de “B”. Se tal limite fosse aplicado em uma gleba, de maneira que fosse a media direta de uma

164


variação observada em toda uma gleba, utilizando como exemplo a área da Operação Urbana Consorciada Rio Verde Jacu, da zona leste da metrópole de São Paulo, uma porção de 12.800 hectares, tal área apenas possuiria uma quantidade total de 7.360.000 habitantes, ou o equivalente a 66,7% de toda a população da cidade no ano de 2016.

Área OUC Rio Verde Jacu 12,80 ha

165


5:2\

Sobre o futuro do desenvolvimento urbano. A Transformação urbana é um processo lento, devido a sua monstruosa escala, e também é um processo que molda e influencia a sociedade. Em contrapartida, neste período em que vivemos, segunda metade da década 2k10, quase todos os demais processos formadores da sociedade se encontram em um estado de aceleração exponencial, dado o advento das tecnologias cada vez mais revolucionarias. Se iniciamos a pesquisa mencionando o impacto das revoluções industriais no ambiente urbano e social, podemos medir efeitos similares que continuaram a ocorrer nas subsequentes revoluções da tecnologia e da informação, até que estas se tornaram tão constantes que passaram de ser definidas como “Era da Informação”. As constantes revoluções tecnológicas em que vivemos são um fenômeno quase metafísico, pois cada revolução só é possível graças a tecnologia desenvolvida na revolução tecnológica de ontem, criando um processo de inovação tão acelerado que os consumidores finais dos produtos dessas tecnologias, que compreende consumos básicos como Informação e Entretenimento, são incapazes de compreender o escopo deste processo de evolução e como isso pode impactar diretamente na dinâmica do consumo destes ativos, muitas vezes responsáveis pela própria formação de opinião de indivíduos acerca de determinados assuntos. Um dos efeitos que podem ser observados a partir deste fenômeno de aceleração de tecnologias vem intitulado por alguns estudos como “era da pós-verdade”, onde devido ao imenso alcance comunicativo de qualquer indivíduo, pode-se levar uma pequena parcela da sociedade a adotar certas ideologias e posições desprovidas de comprovação cientifica como verdadeiras, onde junto da alta segmentação social através dos fenômenos de “bolha social” pode substituir o acordo social que serve como Lastro para a denominada verdade, subvertendo discursos totalmente desprovidos de bases racionais em verdades aceitas. Segundo o Relatório da Sandvine sobre o trafego na internet nas américas latina e do norte no ano de 2016, cerca de 80% do total trafego da internet através de redes fixas e moveis se da dividido entre Facebook, o Grupo Alphabet (Google), e Amazon. Durante o mesmo período, o veiculo Business Insider divulgara um relatório indicando a porcentagem de participação dos lucros dos setores de Publicidade acerca de duas dessas empresas, sendo o Facebook e Alphabet, indicando um absoluto monopólio destes

166


setores. A Observação deste fenômeno torna-se pertinente a discus-

Análise de composição de renda das empresas Alphabet e Facebook. Fonte: Business Insider

são desta pesquisa a partir do momento em que analisamos a metodologia de como esses setores se tornaram tão dominantes nestas empresas. Os setores de Publicidade têm por finalidade direta estimular o consumo, e configura uma prestação de serviço contratada tanto pelos setores comerciais quanto de própria prestação de serviços. Com o advento das inovações tecnológicas previamente mencionadas, o alcance das ferramentas de publicidade aumentou exponencialmente uma vez que interfaces de comunicação se tornaram instrumentos constantes à vida pessoal, tornando imensurável o volume de dados passiveis de análise por estes setores. Neste momento, buscando contornar esta situação e aumentar a eficiência do serviço de publicidade online, e assim aumentar seu potencial de lucro, estas empresas começaram a desenvolver e introduzir Inteligências Artificiais a sua metodologia, capazes de não apenas de analisar esse volume de dados, como também observando e aprendendo como estes dados se comportam, indicando diretamente como se dão os padrões de comportamento humano ante este ambiente. Os setores de tecnologia responsáveis pelo desenvolvimento destas inteligências artificiais se tornarem detentores das mais avançadas tecnologias desta área, onde além da constante evolução de suas aplicações quanto a publicidade passaram a pesquisar a aplicação da tecnologia em diferentes áreas, iniciando lentamente um processo para que estas aplicações possam ampliar

167


o domínio digital adentrando no mundo físico, através de duas principais abordagens. A Primeira abordagem se relaciona com o constante aumento de interfaces digitais de comunicação a partir do mundo físico, permitindo um volume cada vez maior de captação de dados, já a segunda abordagem é através da construção de meios físicos de expressão destas inteligências artificiais no meio físico, em geral expressada por controladores totalmente autônomos e com capacidade de aprendizado principalmente introduzidos nos setores de Trafego e Robotização.

Protótipo de robô humanoide demonstrando realização de backflip (mortal de costas). Fonte: Divulgação em vídeo Boston Dynamics Advanced Robotics, adquirida pelo grupo Alphabet.

Quando sintetizamos o mecanismo por trás das tecnologias de Inteligência Artificial aplicadas, podemos descreve-las brevemente como: Um sistema capaz de observar fenômenos físicos e sociais, mensura-los a fim de entender a relação de seus parâmetros para com sua eficiência total, então podendo controlar parâmetros desta relação a fim de atingir máxima eficiência. O principal ponto de discussão que se levanta é que esta síntese metodológica de inteligências artificiais poderia ser utilizada para descrever exatamente a metodologia de toda a pesquisa apresentada. Com a crescente escala dos sistemas geridos por Inteligências Artificiais, que começam a ter uma relevante presença quanto a sistemas de trafego e circulação, talvez seja necessário tomar frente do desenvolvimento destes sistemas, para que, de maneira analógica, o controle humano não se veja perdido como lagrimas

na chuva.

168





:\#

-

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