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apresenta
Alex Cerveny André Andrade André Renaud Camila Soato Clarice Gonçalves Clarissa Campello Cristina Canale Daniel Lannes Danielle Carcav Eduardo Sancinetti Eloá Carvalho Fábio Baroli Flávia Metzler Julia Debasse Marcelo Amorim Roberto Ploeg Rodrigo Bivar Rodrigo Cunha Rodrigo Martins Thiago Martins de Melo Vânia Mignone
CURADORIA RAPHAEL FONSECA
15 de outubro a 14 de dezembro de 2014 CAIXA Cultural Rio de Janeiro
"Demasiado longo seria descrever as tantas e belas fantasias de posturas diferentes que abrangem toda a Genealogia dos Pais, desde os filhos de Noé, destinada a mostrar a geração de Jesus Cristo. Em tais figuras, não se pode dizer a diversidade das coisas, como os drapeados, as expressões e uma infinidade de caprichos extraordinários e novos e belissimamente considerados, onde nada há que não se tenha levado a efeito com engenho. E todas as figuras estão em escorços belíssimos e artificiosos, e cada coisa que aí se admira é louvadíssima e divina. Mas quem não admirará e não ficará atônito ao ver a terribilidade de Jonas, a última figura da Capela? Com a força da arte, aquela figura que se arqueia para trás anula a curvatura da abóbada, que parece assim continuar em linha reta. Vencida pela arte do desenho, pelas sombras e luzes, a parede parece até mesmo encurvada em sentido contrário" (Giorgio Vasari, biógrafo de Michelangelo Buonarroti [1475-1564], acerca do afresco do teto da Capela Sistina, na segunda edição de "As vidas dos mais famosos pintores, escultores e arquitetos", de 1568)
SUMÁRIO Apresentação Caixa Cultural Rio de Janeiro
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Figura Humana Raphael Fonseca
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Obras
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Mini biografias
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Créditos
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Desde a pré-história a representação plástica do ser humano tem sido um dos temas centrais das artes visuais no mundo ocidental. Hoje, porém, quando o figurativo já deixou há muito de ser uma imposição temática, vários artistas contemporâneos continuam a investigar a figura humana, não apenas como pesquisa formal, mas como um processo de reflexão sobre novas questões que a cada dia se colocam. Ao apresentar ao público carioca a exposição Figura Humana, a CAIXA Cultural Rio de Janeiro reafirma sua função de estimular a discussão e a disseminação de ideias e possibilitar o acesso gratuito à produção artística contemporânea. Como uma das principais patrocinadoras da cultura no Brasil, a CAIXA destina, anualmente, mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e de terceiros, com mais destaque para exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, artesanato brasileiro e festivais de teatro e dança em todo o território nacional. Os projetos são escolhidos por meio de seleção pública, uma opção da CAIXA para tornar mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todo o país, e mais transparente para a sociedade o investimento dos recursos da empresa em patrocínio. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
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RAPHAEL FONSECA
Ao folhearmos qualquer livro de história da arte que pretende ser um guia da produção de imagens no mundo ocidental, não será surpresa nos depararmos com a repetição de uma mesma forma: o corpo humano. Tanto o seu protagonismo no que diz respeito à escultura greco-romana quanto a sua diversidade de posturas nas pinturas de afrescos mostram que lá está a anatomia humana para, literalmente, dar corpo a narrativas orais ou textuais. Mais do que isso, seria possível ampliar essa visão eurocêntrica da história da arte e perceber a presença humana em um diverso número de imagens, que percorre um espaço tão extenso quanto a distância entre o México e o Japão: construções maias, pinturas ukiyo-e e cabeças iorubas — em todas as culturas é possível apreender tentativas de se representar o corpo humano. Esta exposição parte desse fascínio, talvez instintivo, entre humanidade e imagem para refletir a partir das possibilidades que o corpo humano ainda é capaz de proporcionar na cultura contemporânea. Pretende-se, porém, mais do que fazer um inventário de figuras humanas, reuni-las através de uma linguagem artística portadora de uma história específica — a pintura. Tema de debates na teoria da arte desde o Renascimento, o lugar da figura humana já foi tanto pensado por um viés matemático, numa busca por uma simetria perfeita entre as partes (como escrevia Alberti), quanto por meio de um embate direto entre artista e suporte, sem a necessidade de uma mediação pelo viés do desenho, como pregavam artistas e pensadores da pintura veneziana. Entre o desenho e a cor, entre a arte como projeto mental e a imagem como força expressiva, a pintura no Brasil cobriu tetos de igrejas, discutiu a modernidade nas artes visuais e foi “assassinada” e “ressuscitada” por artistas e críticos na segunda metade do século XX. O que interessa a este projeto é pensar, por meio de imagens, como um grupo de artistas trabalha de modo sistemático junto aos conceitos de figura humana e pintura, palavras tão caras às artes visuais. Em vez de proclamá-la como um panorama da produção pictórica atual no Brasil, mais justo é pensar esta reunião de trabalhos como uma pequena amostra da complexidade da linguagem pictórica em nosso país — pinta-se de Norte a Sul, por meio de pontos de vista existenciais e modos de se construir a imagem dos mais variados.
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Para alguns artistas aqui presentes, a relação entre imagem e texto se faz essencial — seja nos títulos das obras, seja nas frases escritas ao lado de corpos que encaram o espectador. Outros pintores já se utilizam da fotografia, e, após trabalhar digitalmente na imagem e nas possibilidades de montagem, projetam esse resultado sobre a tela e se entregam aos pincéis. Em contraponto, há quem se orgulhe da importância do desenho, dos esboços e até mesmo da escultura em suas pesquisas. As citações a artistas consagrados — pintores ou não, brasileiros ou não — também são um dado que merece lembrança. Alguns dos corpos que surgem nas telas aqui reunidas proclamam sua brasilidade em alto e bom tom; já outras pinceladas, no que diz respeito ao tema, poderiam ter sido produzidas em qualquer ponto do globo. Algumas telas nos incentivam ao riso, ao passo que outras proclamam sua melancolia e seu deslocamento do mundo por meio da solidão. Entre as pinceladas violentas que demonstram um esforço físico tal qual o do esporte e as proposições plásticas que lidam com miniaturas sobre a tela, chegando às vezes ao ponto do apagamento da pincelada, sempre se buscou um ponto de contato: o corpo humano. Distante de querer tomar partido de um tipo de pintura, pretende-se aqui trazer ao público
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a multiplicidade de desejos, geografias, gerações, escalas e materiais de vinte e um artistas que de tradicionais têm apenas a carga de sua profissão como pintores. Ao fim do dia, assim como uma criança que começa a desenhar imagens da sua família com lápis de cor, os artistas aqui reunidos olham suas pinturas finalizadas, respiram fundo e partem para a próxima. É preciso seguir na construção de novos labirintos que apenas a linguagem da pintura é capaz de fornecer — do mesmo modo que, enquanto público, também sentimos a necessidade de olhar estes corpos pintados, tal qual um espelho. Raphael Fonseca (Rio de Janeiro, 1988 — vive e trabalha no Rio de Janeiro) é crítico, curador e historiador da arte. Doutorando em Crítica e História da Arte (UERJ). Professor do Colégio Pedro II. Escreve periodicamente para a revista Art Nexus. Dentre as curadorias de exposições e mostras de cinema, destaque para “Derek Jarman — cinema é liberdade” (Caixa Cultural Recife, 2014); “Água mole, pedra dura” (I Bienal do Barro, Caruaru, PE, 2014); “Deslize <surfe skate>” (Museu de Arte do Rio, 2014) e “City as a process” (Ural Industrial Biennial, Ekaterinburgo, Rússia, 2012). É curador-assistente da 10ª edição da Bienal do Mercosul, a ser realizada em 2015. Organiza sua produção crítica e curatorial no blog Gabinete de Jerônimo (http://gabinetedejeronimo.blogspot.com).
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“Hoje eu canto a balada do lado sem luz/ a quem não foi permitido viver feliz e cantar como eu”, diz Maria Bethânia, em canção de 1976. Do lado iluminado desta pintura, um homem ergue seus braços para o céu e fita o espectador. A pintura de iluminuras e o caráter bruto dos ex-votos são duas lembranças que sua anatomia e seu uso de cores ecoam. Se um lado traz as trevas, o outro ainda exibe a pungência da esperança — ainda é possível não só cantar e viver feliz, mas também exercer a pintura e compartilhar com o espectador os mistérios e dores dos afetos.
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ALEX CERVENY Balada do lado sem luz, 2014 óleo sobre linho, 80 x 100 cm Cortesia Casa Triângulo Fotografia: Everton Ballardin
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Diferentemente dos outros trabalhos reunidos nesta exposição, aqui não se percebe o toque do pincel. Ao optar por trabalhar com tinta automotiva em forma de spray sobre alumínio, os vestígios do gesto humano são substituídos pela falsa impressão de uma ausência de espontaneidade na construção da obra. É possível afirmar que o planejamento, nesta obra, se fez essencial, mas, por outro lado, foi o descompasso inesperado entre aparelho televisivo e transmissão digital que proporcionou a captura de uma imagem onde os rostos protagonistas são compostos por pixels.
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ANDRÉ ANDRADE Le Ne, 2011 automotiva sobre alumínio, 115 x 191 cm Cortesia do artista Fotografia: André Andrade
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A presença do trabalho nesta imagem se dá tanto pelo título, que o filia claramente a uma empresa (de manutenção de gás), quanto pela postura do corpo, que aqui é, mais do que central, de caráter monumental. Somado ao material sobre o qual a tinta foi aplicada, a madeira compensada, este homem tem sua monumentalidade reafirmada por meio de um diálogo entre nossa imaginação suada do cansaço de alguém que trabalha com seu corpo sob o sol e a matéria precária que dá superfície à pintura.
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ANDRÉ RENAUD Homem da CEG II, 2010 tinta PVA sobre madeira compensada, 160 x 120 cm Cortesia do artista Fotografia: André Renaud
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A estrutura de ferro que mostra a placa que indica uma encruzilhada é a mesma que permitiu uma dança. Por que não, então, se apropriar de dois fazeres e uni-los na mesma imagem? As religiões afro-brasileiras e a figura do Exu incorporam na figura de uma dançarina de pole dance. As pinceladas rápidas, as cores vivas em destaque no fundo, além da materialidade da pintura a óleo são algumas das características vistas na pesquisa da artista. O fluxo de referências e de produção de imagens é tão intenso que faz jus à frase escrita a lápis sobre a tela: “amanhã só hoje”.
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CAMILA SOATO Polexú, 2014 óleo sobre tela, 220 x 110 cm Acervo Artur Fidalgo Galeria Fotografia: Mario Grisolli
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Um dos menores quadros da exposição é portador de uma das cenas com mais espaço de intervenção do espectador quanto à interpretação. Três figuras são vistas de costas; porém, um espelho à frente mostra seus rostos. Seria possível falar em uma configuração familiar? Estariam as figuras a cantar? Trata-se de três vozes a entoar os mesmos versos ou seriam os dois da direita comandados pela figura mais velha? Sem certezas, nos entregamos pelos caminhos que as pinceladas deixaram nestes rastros de cabelo sobre a tela, e que mais parecem um frame de um filme com muitos acontecimentos por vir.
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CLARICE GONÇALVES E vêem mais do que são vistos, 2012 óleo sobre tela, 54 x 90 cm Cortesia da artista Fotografia: Loiro Cunha
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Em uma exposição que gira em torno do corpo humano, uma pintura em que o protagonista se encontra de costas se torna essencial. Após realizar uma residência em um presídio de Fortaleza e de produzir uma série de pinturas baseadas em fotografias que os detentos tinham em suas carteiras, um deles perguntou à artista se, diferentemente dos outros, ela não poderia fazer uma imagem de suas próprias costas. Eis, portanto, a origem deste orgulhoso tigre tatuado nas costas do praticante de muay-thai, que não nos deixa esquecer que corpo não é sinônimo de frontalidade.
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CLARISSA CAMPELLO Itaitinga IPPOO II, 2014 automotiva sobre alumínio, 139 x 101 cm Cortesia da artista Fotografia: Clarissa Campello
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Anjos são possivelmente um dos temas que mais têm aparições na representação pictórica no ocidente. Figuras de lamentação dos martírios de Cristo são também os responsáveis por incitar um caráter mais infantil, e mesmo doméstico, em algumas cenas. Nesta pintura, porém, um anjo à esquerda se torna uma possibilidade de se fazer e pensar a pintura pela chave da cor e da tensão entre figura e abstração — enxergamos o anjo pela sua forma e pelo título da obra, mas não temos a mesma certeza em torno do outro rascunho de figura humana ao seu lado. Junto aos corpos que criam áreas de cor, recortes verdes são espalhados na extensão da imagem e nos fazem lembrar que, antes de qualquer incidência religiosa, temos diante dos nossos olhos “apenas” uma pintura.
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CRISTINA CANALE Anjo, 2014 óleo sobre tela, 200 x 300 cm Cortesia da artista e Galeria Nara Roesler Fotografia: Uwe Walter
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Ao pesquisar qualquer bibliografa sobre a relação entre pintura e corpo humano, este tema sempre se fará presente: o nu feminino. Da Antiguidade aos grandes nomes da arte clássica e do modernismo, por muitas vezes homens pintores lançaram seu olhar sobre o corpo da mulher. Empoderamento do corpo feminino ou prosseguimento da tradição do olhar masculino sobre a nudez da mulher? “My pussy é ou não é” o poder, de acordo com Valesca Popozuda? A resposta cabe a cada espectador, mas a ironia da associação entre glúteos e símbolo da nação brasileira é certa.
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DANIEL LANNES Pra frente, Brasil!, 2014 óleo sobre linho, 185 x 240 cm Cortesia do artista Fotografia: Leonardo Ramadinha
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Transparências e pequenos encontros de cores através de tintas aguadas (aquarela e guache) disputam a atenção do espectador. Acima, a repetição de um padrão geométrico florido dá a composição daquilo que, talvez, poderíamos chamar de fundo da composição. Abaixo, tornando o espaço desta pintura um pouco claustrofóbico, temos um leve choque de ondas que parecem tocar a personagem à esquerda. Ao centro, porém, uma mulher mascarada se amalgama a um cavalo de carrossel e a um chafariz. É para a sugestão de um fim de Carnaval excessivo que esta imagem aponta, mas o estranhamento da artista com a fotografia de uma miss chinesa que foi o ponto de partida para a produção da tela.
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DANIELLE CARCAV Miss Trolling, 2014 aquarela, guache e acrílica sobre papel, 135 x 110 cm Cortesia da artista Fotografia: Danielle Carcav
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O quadro com a menor escala da exposição se faz grandioso por sua pesquisa cromática — é entre tons de azul e amarelo que estes dois bustos se fundem em um. Mesmo unidos por um par de óculos, são perceptíveis suas diferenças quanto à cor das orelhas e ao penteado — nem sempre um mais um dá um dois perfeito ou, como diria o Radiohead, às vezes dois e dois dão cinco. Mesmo com suas idiossincrasias, o sol (ou o vermelho) persiste em arder acima destes corpos, e os dentes afiados do único rosto que se vê em detalhes é uma combinação de perigo e volúpia.
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EDUARDO SANCINETTI Óculos para duas pessoas, 2014 acrílica sobre tela, 50 x 60 cm Cortesia do artista Fotografia: Mario Grisolli
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Muitos são os modos de se trabalhar com pintura a partir da divisão de uma composição em diversas telas a serem unidas posteriormente. Dentro da pesquisa desta artista, em alguns momentos estes limites entre as superfícies não são apenas encaixes, eles desempenham também potências narrativas. Com figuras que se encontram entre o aparecer e o desaparecimento em torno dos tons esbranquiçados da pintura, uma mulher se camufla para o espaço interno da imagem. Se o banco à direita se oferece para que sentemos e observemos a imagem, esta figura feminina nos faz contemplá-la entre os fantasmas de Michelangelo Pistoletto e George Segal.
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ELOÁ CARVALHO Caso ela queira ficar, 2014 óleo sobre tela, 95 x 140 cm Cortesia da artista Fotografia: Mario Grisolli
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A palavra “intifada” vem do árabe e quer dizer “agitação”. Sua utilização diz respeito, historicamente, à chamada Primeira Intifada, ou seja, ao primeiro embate direto entre palestinos da Cisjordânia e Israel, em 1987. Nesta tela, porém, o mesmo nome suscita outra movimentação popular — a de um grupo de adultos e crianças que, portando armas de plástico, posaram para uma câmera fotográfica. Aqui temos um dos maiores desafios da narrativa pictórica: como organizar vários corpos em uma mesma superfície a partir de uma ação em comum? Na ausência de personagens históricos e no diálogo com o espectador encontramos uma resposta que parte do humor, mas que tangencia também a potência da força coletiva no espaço público.
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FÁBIO BAROLI Intifada, 2012 óleo sobre tela, 220 x 480 cm Cortesia do artista Fotografia: Fábio Baroli
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Um ambiente com decoração aparentemente doméstica instiga o espectador a duvidar daquilo que se apresenta. O tom de dourado toma conta do espaço e coloca em contato as paredes, a estrutura dos móveis, as bordas de um espelho, um globo de ouro e duas estruturas de apoio. Enquanto, à esquerda, uma figura feminina tem seu corpo entre o deslizar e o ser perfurado por este aparato pontiagudo, ao seu lado, enxergamos uma cabeça semelhante ao autorretrato pintado por Caravaggio fincada nesta peça. Sonho ou pesadelo? A pintura aqui pode ser vista como figurativa, mas os significados e significantes estão descolados, são um quebra-cabeça sem resolução para o espectador.
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FLÁVIA METZLER A benfazeja, 2011 óleo sobre tela, 130 x 110 cm Cortesia da artista Fotografia: Jaime Acioli
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Quando se pesquisa a relação entre pintura e corpo humano, é encontrado muito material, por exemplo, sobre os pintores de grande escala que trabalham a partir do gesto expressivo e enérgico sobre a tela — Francis Bacon, Rubens e Jenny Saville são apenas alguns casos. Os figurantes pintados nesta tela, porém, nos fazem lembrar que a miniatura não nega a potência da narrativa pelos detalhes. Agrupados em torno de um “meteoro de papel” (ou, por outra visada, uma grande fogueira), aqui estão diversas figuras carimbadas do cenário artístico carioca a caminhar, conversar e, claro, analisar o próprio elemento central da pintura — e viva São João!
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JULIA DEBASSE A Vernissagem do Meteoro de Papel, 2014 acrĂlica sobre linho, 132 x 112 x 8 cm Cortesia da artista FotograďŹ a: Julia Debasse
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Materiais paradidáticos são, como seu termo anuncia, modos de chegar à didática, a arte de transmitir conhecimentos. As imagens, porém, que visam a essa finalidade, quando deslocadas de seu contexto bibliográfico originário, são capazes de proporcionar outras camadas de leitura. Um grupo de crianças que parece brincar de pular carniça é transferido da ingenuidade infantil para a perversidade do corpo. Uma nuvem de cor lilás uniformiza o espaço pictórico e preenche este palco com fumaça, que torna qualquer apreensão da realidade dúbia, cheia de fuligem e, algumas vezes, tóxica — o que para uns é um salto, para outros é apenas o início.
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MARCELO AMORIM Iniciação, 2011 óleo sobre tela, 150 x 200 cm Cortesia Zipper Galeria Fotografia: Lucas Cimino
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Caim e Abel são nomes que não se encontram em ordem alfabética — um é o primogênito, o outro, o filho caçula; um é o assassino, o outro, a vítima. Nesta pintura lidamos, a partir da narrativa bíblica, também com uma dualidade — Caim esconde seu rosto e Abel se encontra no chão. Longe de Israel, estes dois homens estão dentro de uma residência popular que poderia ser facilmente encontrada não só em Recife, mas em todo o Brasil. A temática originária é clássica, e o tratamento pictórico poderia ser lido nesta mesma direção. Um olhar atento aos detalhes (como o delicado tecido colorido abaixo da televisão) perceberá, talvez, que há grande distância entre academicismo e inteligência a partir do domínio da linguagem formal da pintura.
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ROBERTO PLOEG Caim e Abel, 2012 óleo sobre tela, 140 x 210 cm Cortesia do artista Fotografia: Gustavo Bettini
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No canto de um bar ou de um restaurante, eles bebem um suco ou alguma cerveja — estes detalhes não fazem diferença nesta composição, que tem como protagonista o lugar da conversa. A grande dimensão da pintura monumentaliza um ato aparentemente banal — podemos lembrar, por exemplo, de obras de Edward Hopper a partir do recorte dos objetos e da perspectiva; por outro lado, a escala larga da imagem nos distancia deste. Trata-se da representação de uma ação que acontece numa temporalidade lenta e mais próxima da linguagem congeladora da fotografia (assim como aquelas imagens ao lado dos dois também estão estáticas, são quadros) do que do instante cinematográfico. Mesmo que tenha uma temática antimonumental, a pintura ainda pode ter seus momentos pétreos.
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RODRIGO BIVAR Platibanda, 2013 óleo sobre tela, 200 x 300 cm Cortesia Galeria Millan Fotografia: Everton Ballardin
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Mulheres e cães — combinações que possuíram destaque mais de uma vez na produção de Lucian Freud. Some a isto as diversas fotografias feitas do espaço de trabalho do pintor (quase como um relicário de uma revisitação nostálgica do ateliê) e encontramos alguns índices desta pintura. No lugar da vertente expressiva da cor e da pincelada do artista inglês, temos uma imagem que parece construída pela cautela de sua composição, por meio da precisão da fatura da cor. A nobreza do cão se converte em uma bola de pelos, e ganham espaço, mesmo que nos detalhes, os objetos diminuídos a partir da perspectiva subjetivada do pintor. Mais do que uma obra feita “after Freud”, poderíamos vê-la como uma imagem “para Freud”, um pequeno monumento ao silêncio de seu imaginário.
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RODRIGO CUNHA Serão no estúdio (after Freud), 2013 óleo sobre tela, 140 x 140 cm Cortesia Zipper Galeria Fotografia: Gui Gomes
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Enquanto, para alguns pintores, se faz importante a prática do desenho como estudo preparatório para o embate com a tela (tradição repensada atualmente a partir da projeção fotográfica sobre a superfície), outros artistas exercem o seu fazer a partir da relação entre o tridimensional e o bidimensional. Neste sentido, é importante saber que a cabeça de gesso, que aqui é, mais do que protagonista, agente claustrofóbico da pintura, foi primeiramente trabalhada enquanto objeto tridimensional. Enquanto numa primeira experiência se modelou a cabeça de Michelangelo, num segundo momento um amigo do próprio artista foi o modelo. Tenta-se modelar a sua imagem, mas o êxito não está na exatidão da peça obtida, mas no processo de manipulação da matéria que contribui para que a pintura tenha esta sobreposição de camadas de óleo e reposicione os limites das linguagens artísticas.
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RODRIGO MARTINS Gesso, 2014 óleo sobre tela, 160 x 130 cm Coleção Fábio Szwarcwald Fotografia: Rodrigo Martins
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Pindorama sucumbe perante a ação das motosserras, mas a tragédia transformada em imagem não economiza no que diz respeito aos detalhes. Extensa tanto na horizontalidade quanto na ascensão das figuras pintadas, o olhar se perde diante das diversas possibilidades de entrada nesta narrativa. A iconografia cristã acompanha ícones afro-brasileiros, além de símbolos da república brasileira e retratos estatais. Órgãos genitais pontuam a cena e criam uma sobreposição de tinta vermelha. Louvada desde a Antiguidade como uma arte silenciosa, quase podemos imaginar os gritos e a trilha sonora desta pintura em um lugar entre os cinemas de Ivan Cardoso e Zé do Caixão.
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THIAGO MARTINS DE MELO O Matriarcado de Pindorama Sucumbe à Dança Estatal das Motosserras do Andrógino Fálico Presidencial, 2012 óleo sobre tela, 260 x 360 cm Coleção Tatiana e Eduardo Boueiri Fotografia: Cortesia Mendes Wood DM
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Um corpo ao centro da imagem, justo na junção entre os dois painéis, fita o interior dos olhos do espectador. Seu corpo e suas linhas contrastam com o tom quase uniforme do azul ao fundo, do mesmo modo como a frase imperativa à esquerda — “esse circo é meu”. De quem? Daquele que se exibe aos olhos do público, tal qual num exercício de argolas olímpicas? Do pintor, aquele que tem controle sobre a execução e organização da superfície pictórica? Do espectador, que pode projetar as nuances que quiser sobre estas imagens? Sem um caminho unilateral para a resposta, aposto as fichas naquilo que possibilitou a existência desta exposição: o fenômeno artístico. Este circo, portanto, é intrínseco à polissemia das artes visuais.
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VÂNIA MIGNONE Sem título, 2013 acrílica sobre MDF, 90 x 180 cm Cortesia Casa Triângulo Fotografia: Edouard Fraipont
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ALEX CERVENY São Paulo — SP, 1963 Vive e trabalha em São Paulo — SP
Filho de um arquiteto e de uma professora especializada no ensino de cegos, foi criado na zona oeste de São Paulo. Seu trabalho é fundamentalmente narrativo, desdobrando-se em diferentes técnicas, como a pintura, o desenho e a escultura. Artista de formação livre, começou a expor no ano de 1983. Recebeu, em 1986, o “Grande prêmio” na 7a Mostra de Gravura da Cidade de Curitiba e, em 1991, participou da 21a Bienal Internacional de São Paulo. Desde então, mostra seu trabalho regularmente no Brasil e no exterior. Recebeu, em 2012, o Prêmio Funarte-Marcantonio
Vilaça pelas ilustrações do livro Pinóquio (Cosac Naify, 2011) e, com elas, ainda participou, em 2013, da 30a Bienal de Artes Gráficas de Ljubljana, na Eslovênia. Em 2014, recebeu o Prêmio Jabuti de melhor ilustração pelo livro Decameron (Cosac Naify, 2013). Possui obras no acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Moderna-RJ, Museu de Arte Moderna-SP e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. É representado, desde 2002, pela galeria Casa Triângulo. www.alexcerveny.com
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ANDRÉ ANDRADE Rio de Janeiro — RJ, 1969 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e nos grupos de estudo de Charles Watson e Araken. Participou de diversas feiras de arte e exposições, tais como: SP-Arte (2012 e 2014), ArtRio (2012 e 2013), “Mais pintura“ (Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro, 2013), “A imagem em questão“ (Parque Lage, Rio de Janeiro, 2013), “Retratos e autorretratos“ (Galeria MUV, Rio de
Janeiro, 2013) e “Porque não me contou sobre você” (Galeria Athena, Rio de Janeiro, 2013). Foi selecionado para o Arte Pará 2011, com curadoria de Paulo Herkenhoff e teve um ateliê em USF Verftet, na Noruega, em 2004 e 2005. Recentemente, seu trabalho foi adquirido pelo Museu de Arte do Rio — MAR. www.andreandrade.net
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ANDRÉ RENAUD Rio de Janeiro — RJ, 1976 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
Bacharel em pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e aluno do programa Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2012), foi assistente no ateliê Barbosa/Ricalde, além de ter colaborado na produção de Cildo Meireles, Ronald Duarte e outros artistas. Foi premiado no Salão Novíssimos (2006), organizado pela Galeria IBEU-RJ,
onde realizou sua primeira individual, em 2007. Entre outras exposições individuais, destaque para as que fez no Tribunal Regional do Trabalho (Rio de Janeiro, 2013) e no Galpão das Artes (Rio de Janeiro, 2014). Participou, também, da coletiva “Deslize <surfe skate>” (Museu de Arte do Rio, 2014). andrerenaudcontemporaneo.blogspot.com.br
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CAMILA SOATO Brasília — DF, 1985 Vive e trabalha em São Paulo — SP
Leonina com ascendente em aquário, tem 28 primaveras completadas. Sua trajetória na arte contemporânea se iniciou por volta dos oito ou nove anos, quando foi à Feira do Rolo e trocou sua bicicleta por um pangaré. Desse dia em diante, vem trabalhando com a noção de fuleragem, conceito cunhado pelo grupo de pesquisa Corpos Informáticos, do qual faz parte, que contamina e pelo qual é contaminada desde 2009. É mestre em Poéticas Contemporâneas em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade de Brasília. Sua pesquisa poética é direcionada à pintura que escolhe o descuido como potência e
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que se afasta da assepsia e do virtuosismo técnico, abraçando o fuleiro, o tosco e o mal-acabado. Entre suas exposições individuais, destaque para “Nobres sem aristocracia: projeto vira-latas puros nº 5” (Zipper Galeria, São Paulo, 2014) e “Vira-latas tecnológicos: inserções pictóricas no espaço urbano” (Galeria Espaço Piloto, Distrito Federal, 2013). Destaque, também, para as coletivas do Prêmio Pipa 2013 e para “Abre Alas” (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2013). Vencedora do voto popular no Prêmio Pipa 2013. www.camilasoato.com
CLARICE GONÇALVES Brasília — DF, 1985 Vive e trabalha em Taguatinga — DF
Graduou-se em artes plásticas pela Universidade de Brasília em 2008. Em 2004, começou a expor no país, recebendo, em 2010, o diploma de excelência no 9th Female Artist’s Art Annual Award — Art Addiction Online Gallery, de Londres. Em 2008, foi premiada no 13º Salão dos Novos Artistas, em Santa Catarina. 2012 foi o ano de sua primeira individual em São Paulo. Em 2014, lançou seu primeiro livro, Clarice Gonçalves — o som
do silêncio, pela editora Briquet de Lemos, com curadoria de Graça Ramos. Possui obras no acervo do Museu de Arte de Joinville, em Santa Catarina, na Galeria de Arte da Universidade de Goiás (FAV-GO) e na Casa de Cultura da América Latina, no Distrito Federal. Participa de feiras de arte no Rio de Janeiro e em São Paulo. claricegoncalves.blogspot.com.br
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CLARISSA CAMPELLO Vitória — ES, 1978 Vive e trabalha em Juazeiro — BA
Professora adjunta da Universidade do Vale do São Francisco — UNIVASF desde fevereiro de 2013, é artista plástica, doutora (2012) e mestre (2004) em linguagens visuais pelo Programa de PósGraduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduada em pintura (2001) por esta mesma instituição. Mapeada pelo Programa Rumos Itaú Cultural das Artes Visuais 2001/2003, recebeu o Prêmio Interferências Urbanas/Rio de Janeiro em 2008 e a bolsa de incentivo SPA das Artes/Recife em 2009. Concluiu o programa Aprofundamento na Escola de Ar-
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tes Visuais do Parque Lage, foi selecionada para compor o 62º Salão de Abril, em Fortaleza, sendo premiada com a bolsa viagem de incentivo à produção, e integrou a mostra “Sinais do fazer — Intervenções urbanas no espaço cotidiano”, em Juazeiro do Norte. Também participou da primeira Bienal do Barro (2014), em Caruaru. Seu trabalho tem sido uma tentativa de investigar a pertinência da pintura na contemporaneidade. É representada pela galeria Sérgio Gonçalves, no Rio de Janeiro. Vive e trabalha em Juazeiro, Bahia.
CRISTINA CANALE Rio de Janeiro — RJ, 1961 Vive e trabalha entre Berlim — Alemanha e Rio de Janeiro — RJ
De 1980 a 1983 estudou desenho e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde, em 1984, foi lançada pela mostra coletiva “Como vai você, Geração 80?”. Em 1991, participou da 21ª Bienal Internacional de São Paulo, recebendo o Prêmio Governador do Estado. Em 1993, mudou-se para Berlim e, nesse ano, recebeu do Estado de Brandenburg a bolsa de ateliê/residência no Castelo de Wiepersdorf. De 1993 a 1996 estudou na Academia de Artes de Düsseldorf, com bolsa do Departamento de Intercâmbio Acadêmico da Alemanha (DAAD), sendo orientada pelo artista holandês Jan Dibbets.
Entre as exposições institucionais de que participou, destacam-se as mostras individuais no Paço Imperial, em 1995 e 2000, e no Museu de Arte Moderna, em 2010, no Rio de Janeiro; no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2007; e no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, em 2013. Possui obras no acervo do Museu de Arte Moderna-RJ, Museu de Arte Contemporânea-USP, Museu de Arte Contemporânea-Niterói, da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Instituto Figueiredo Ferraz e do Itaú Cultural. www.cristinacanale.com
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DANIEL LANNES Niterói — RJ, 1981 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
É mestre em linguagens visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012) e bacharel em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2006). Realizou, em 2014, a individual “Costumes” e, em 2012, a exposição “Dilúvio”, ambas na galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea. Em 2011, apresentou as individuais “República” (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e “Só lazer” (Galeria IBEU-RJ). Entre as exposições coletivas de que participou, destaque para “Crer em fantasmas” (Caixa Cultural Brasília, 2013), “Gramática
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urbana” (Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012) e “Arquivo geral” (Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro, 2009). Foi indicado à 10ª edição do Programa de Prêmios e Comissões da Cisneros Fontanals Art Foundation (2013) e selecionado para a short list do livro “100 painters of tomorrow”, da editora Thames & Hudson, em 2013. Possui obras em coleções públicas, como a do Museu de Arte do Rio de Janeiro, do Instituto Figueiredo Ferraz e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
DANIELLE CARCAV Natal — RN, 1977 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
Em 2008, ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde participou de cursos livres ministrados pelos artistas João Magalhães, Suzana Queiroga e Daniel Senise. Suas pinturas integraram exposições coletivas em alguns salões de relevância nacional, como o 38º Salão de Santo André, Novíssimos (Galeria IBEU-RJ) e o 35º Luiz Sacilotto (São Paulo). Foi premiada, em 2010, no Sa-
lão do Mato Grosso do Sul e em Atibaia (menção honrosa) e, em 2012, foi indicada ao Prêmio PIPA. Em 2013, realizou sua primeira individual no Rio de Janeiro, “Entre outros silêncios”, na Luciana Caravello Arte Contemporânea, e participou do 3ª Prêmio Belvedere, em Paraty (Rio de Janeiro), como artista residente. www.flickr.com/photos/danielle-carcav/
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EDUARDO SANCINETTI Piracicaba — SP, 1982 Vive e trabalha em São Paulo — SP
Graduou-se, em 2006, em artes plásticas pela UNESP, onde apresentou como trabalho final uma pesquisa teórica e prática sobre seu processo criativo, reforçando a inter-relação dos conceitos “arte” e “vida”, com foco teórico e formal nas obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark e Gilles Deleuze. Sua produção no período seguinte passou a ser focada apenas no desenho e na pintura, e o artista começou a desenvolver pesquisa sobre o desenho como base fundante da produção e do pensamento artísticos. Fez curso de gravura em metal no Museu Lasar Segall, de fotografia preto e branco no Centro Cultural Maria Antônia e um período dos encontros
de Acompanhamento de Processo Criativo com Juliana Monachesi e Guy Amado, no Ateliê 397. Entre as exposições de que participou, destacam-se coletivas como “Nunca mais minta pra mim” (Paraná, 2012); “Processo Amado” (Galeria Mezanino, São Paulo, 2012); “Entre outros” (Galeria +Soma, São Paulo, 2009); e a 18ª Mostra de Arte da Juventude (São Paulo, 2007). Já publicou em revistas nacionais e internacionais, como Pesquisa FAPESP, U_MAG, Moon Mag/China, Trip, Zupi, Simples, entre outras. Em 2010, realizou sua primeira individual na Galeria Mezanino, intitulada “Verde e vermelho”. cargocollective.com/eduardosancinetti
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ELOÁ CARVALHO Niterói — RJ, 1980 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
Tem formação em pintura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e frequentou cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre suas principais exposições, destacam-se a individual “Mise-en-scène” (Galeria IBEU-RJ, 2013) e as coletivas “Das coisas que vimos pelo caminho” (Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Niterói, 2010), 42º Novíssimos (Galeria IBEU-RJ,
2010), “Como o tempo passa quando a gente se diverte” (Galeria Triângulo-SP, 2011), XI Bienal do Recôncavo Baiano (Bahia, 2012), “Como se não houvesse espera” (Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro, 2014) e “Novas aquisições da Coleção Gilberto Chateaubriand” (Museu de Arte Moderna-RJ, 2014). eloacarvalho.blogspot.com.br
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FÁBIO BAROLI Uberaba — MG, 1981 Vive e trabalha em Uberaba — MG
Bacharel em artes plásticas pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília, utiliza a linguagem da pintura como suporte para desenvolver sua poética, que lida com os conceitos da apropriação e do erotismo. Seus trabalhos mais recentes trazem questionamentos sobre o regionalismo e o imaginário infantil no interior de Minas Gerais. Suas mais recentes exposições individuais foram: “Muito pelo ao contrário”, no Centro Cultural Banco do Nordeste-CCBNB (Fortaleza) e “Vendeta: a intifada” (Funarte, Recife, 2012/2013). Entre as coletivas mais recentes, destacam-se: “Prêmio Aquisi-
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ções — Marcantonio Vilaça/Funarte 2013” (Museu de Arte Moderna-RJ, 2014); “Duplo olhar” (Paço das Artes, São Paulo, 2014) e “Convite à viagem — Rumos Artes Visuais 2011/2013” (Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 2012). Os principais prêmios que ganhou foram: Prêmio Funarte de Arte Contemporânea — Galeria Nordeste de Artes Visuais (Recife, 2012) e 28° Salão Arte Pará (Belém, 2011). Possui obras no acervo do Museu de Arte Moderna-RJ, Brazil Golden Arts Investments — BGA (São Paulo), Museu Nacional de Brasília e de coleções particulares no Brasil e no exterior.
FLÁVIA METZLER Rio de Janeiro — RJ, 1974 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
Em 2004, ingressou no curso de pintura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde iniciou sua produção no fim do ano seguinte. A partir de 2006, começou a participar de mostras coletivas nacionais e, em 2007, foi escolhida pela crítica Rebecca Wilson entre artistas de destaque da Your Gallery — Saatchi Gallery (Londres, Reino Unido). Em 2009, realizou sua primeira exposição individual, por meio do Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo, que foi apresentada também na Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, pelo Projeto Trajetórias. Em 2011, realizou individual no Museu Victor Mei-
relles, em Florianópolis. Entre algumas exposições coletivas das quais a artista participou, destacam-se Arte Pará, no Museu Histórico do Estado do Pará, em Belém, com curadoria de Paulo Herkenhoff; Salão de Abril, na Galeria Antonio Bandeira, em Fortaleza, com curadoria de Agnaldo Farias; e “Espelho refletido”, no Centro de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, com curadoria de Marcus Lontra. A artista também participou da 12ª Mostra Internacional de Arte, no Museo de Arte Contemporáneo — MACUF, em A Coruña, Espanha, e de Artesur: Collective Fictions, no Palais de Tokyo, em Paris.
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JULIA DEBASSE Rio de Janeiro — RJ, 1985 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
Frequentou aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre 2004 e 2009 e foi selecionada para os workshops de jovens artistas na Casa Daros (2008). Já participou de dezenas de exposições coletivas no Brasil e de algumas no exterior. Destaque para a individual “Ao meu prezado predador” (Artur Fidalgo Galeria, Rio de Janeiro, 2014), com curadoria de Marcos Chaves. Entre as exposições coletivas, destaque para “Tre-
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pa trepa no campo expandido” (SP-Arte, Laboratório Curatorial, 2012); “6B: desenho contemporâneo brasileiro” (Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro, 2012); “PLAY” (Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, 2013) e 39º Salão de Arte de Ribeirão Preto (2014). juliadebasse.tumblr.com
MARCELO AMORIM Goiânia — GO, 1980 Vive e trabalha em São Paulo — SP
Em 1993, iniciou estudos sobre fotografia na Universidade Católica de Goiás. Formou-se em comunicação social em 2000 pela Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Integrou o grupo de acompanhamento de processos artísticos com Juliana Monachesi e Guy Amado entre 2007 e 2008 e participou do Ateliê Fidalga, grupo de pesquisa coordenado por Albano Afonso e Sandra Cinto, entre 2009 e 2010. Dirige desde 2009 o Ateliê 397, espaço independente que promove a circulação, a produção e a exibição da arte contemporânea. Amparado na apropriação de imagens coletadas em sebos, ilustrações e imagens de cinema e pu-
blicidade, entre outros, recupera retalhos de memórias afetivas que simbolizam o passado de forma inexorável. Realizou recentemente as seguintes exposições individuais: “Como desenhar crianças” (Galeria IBEU, Rio de Janeiro, 2014); “Primeira leitura” (Zipper Galeria, São Paulo, 2014); “Ventriloquia” (Temporada de Projetos, Paço das Artes, São Paulo, 2014). Entre as exposições coletivas de que participou, destaque para: “As tramas do tempo na arte contemporânea: estética ou poética?” (Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, 2013) e “Bemvindos” (Zipper Galeria, São Paulo, 2013). marceloamorim.art.br 69
ROBERTO PLOEG Valkenburg aan de Geul — Holanda, 1955 Vive e trabalha em Recife — PE
Veio em 1979 para o Brasil, no contexto de um estudo de mestrado em teologia latino-americana. Desde 1982 reside no Nordeste brasileiro. A mudança da teologia para a pintura não foi muito radical para Roberto Ploeg. Segundo ele, teologia e arte são de essência metafórica porque as duas procuram apresentar, de maneira particular, experiências universais em imagens literárias e visuais. Nesse sentido, o teólogo é um artista da palavra. O caminho pessoal de Ploeg foi da palavra à imagem visual. Fez sua formação artísti-
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ca por meio de vários cursos em instâncias culturais em Olinda e Recife (MAC, Oficina Guaianases, Escolinha da Arte, UFPE, IAC, Fundaj). Após anos de atividades como teólogo da libertação no nordeste brasileiro, ele optou definitivamente pela arte em 1995. Destaque para suas exposições individuais realizadas em 2011 (Galeria Mariana Moura, Pernambuco) e 2014 (Arte Plural Galeria, Pernambuco). robertoploeg.blogspot.com.br
RODRIGO BIVAR Brasília — DF, 1981 Vive e trabalha em São Paulo — SP
Graduado em artes plásticas pela FAAP (São Paulo), ganhou o Prêmio Aquisição do Centro Cultural São Paulo em 2008, quando realizou sua primeira individual como parte do programa de exposições da instituição. Entre as individuais, destaque para “... ainda, assim, flutuante caiçara” (Galeria Millan, São Paulo, 2012), “Turista azul” (Temporada de Projetos, Paço das Artes, São Paulo, 2010) e as exposições nas galerias Mariana Moura (Pernambuco, 2011) e Fundação de Arte
de Ouro Preto (2010). Entre as coletivas, destacam-se “Correntes” (Sesc Belenzinho, São Paulo, 2014), VideoBrasil (SESC Pompeia, São Paulo, 2013), “Pintura figurativa” (Centro de Exposições Torre Santander, São Paulo, 2012), “7 SP — seven artists from São Paulo” (C.A.B. Contemporary Art, Bruxelas, Bélgica, 2012) e “Itinerários, itinerâncias” (Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2011).
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RODRIGO CUNHA Florianópolis — SC, 1976 Vive e trabalha em Florianópolis — SC
Formado em pintura e gravura pela Universidade do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis. Entre suas exposições individuais, destaque para “O mundo de dentro” (Zipper Galeria, São Paulo, 2012), “Temas para uma realidade” (Galeria Múltipla de Arte, São Paulo, 2009) e “Diálogos com Desterro” (Museu Victor Meirelles, Florianópolis, 2008). Quanto às coletivas, vale
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lembrar as participações nas feiras Art 13 London Fair (2013), SP-Arte (2012) e ArtRio (2012), além de “Como o tempo passa quando a gente se diverte” (Casa Triângulo, São Paulo, 2011); “Artistas brasileiros — novos talentos” (Salão Branco do Congresso Nacional, Distrito Federal, 2009) e “Rótulos” (Museu de Arte de Santa Catarina, 2007).
RODRIGO MARTINS Rio de Janeiro — RJ, 1988 Vive e trabalha no Rio de Janeiro — RJ
Graduado em design gráfico (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2011), participou do grupo de estudos de Charles Watson (20122013) e, atualmente, cursa o programa Aprofundamento na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Realizou exposições individuais na Casamata (Rio de Janeiro, 2011), FB Gallery (Nova York, 2012) e Galeria Laura Marsiaj (Rio de Ja-
neiro, 2014). Participou da coletiva “Idolatria vã” (Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, 2013) e do Prêmio EDP (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2014). Ganhador do primeiro lugar do referido prêmio, realizará residência no The Banff Centre, no Canadá. r-martins.com
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THIAGO MARTINS DE MELO São Luís — MA, 1981 Vive e trabalha entre São Paulo — SP e São Luís — MA
Já participou de inúmeras exposições coletivas, entre as quais estão: 31ª Bienal Internacional de São Paulo (2014); “Imagine Brazil”, Astrup Fearnley Museet, Oslo (2013) e Lyon (2014); “Entretemps... brusquement, et ensuite”, 12e Biennale de Lyon (2013); “To be with art is all we ask”, Astrup Fearnley Museet, Oslo (2013); “Zona tórrida: certa pintura do nordeste”, Santander Cultural de Recife (2012); “Convite à viagem”, Rumos Artes Visuais, Itaú Cultural, São Paulo (2012); “Caos e efeito”, Itaú Cultural, São Paulo (2011); “Os primeiros 10 anos”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2011). Suas principais mostras indi-
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viduais foram: “Teatro nagô-cartesiano e o corte azimutal do mundo”, Mendes Wood DM, São Paulo (2013); “Thiago Martins de Melo”, Mendes Wood DM, São Paulo (2011); e III Mostra do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo (2010). Seus trabalhos integram as coleções permanentes do Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Viena; do Astrup Fearnley Museum of Modern Art, Oslo; do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro — Coleção Gilberto Chateaubriand; do Museu de Arte do Rio; do Museu de Arte Contemporânea do Ceará; e do Museu do Estado do Pará.
VÂNIA MIGNONE Campinas — SP, 1967 Vive e trabalha em Campinas — SP
Exposições individuais: Museu de Arte Contemporânea-USP, 2014; Casa Daros, Rio de Janeiro, 2014; Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, 2013; e Casa Triângulo, São Paulo, 2012. Exposições coletivas: “Cruzamentos”, Wexner Center for the Arts, Ohio, 2014; “Se a pintura morreu o MAM é o céu”, Museu de Arte Moderna-RJ, 2011; Moving horizons — The UBS Art Collection, National Art Museum of China, 2008; “Nova Arte Nova”, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2008; “Contraditório: Pano-
rama da arte atual”, Museu de Arte Moderna-SP, 2008; 25ª Bienal Internacional de São Paulo, 2002; e Projeto Antarctica Artes com a Folha, Pavilhão Padre Manuel da Nóbrega, São Paulo, 1997. Prêmios: II Concurso de Arte Itamaraty, 2012; Salão Victor Meirelles, 2000; Salão de Arte de Santo André, 1999; Salão de Arte do Paraná, 1998; Salão de Piracicaba, 1998; Salão de Ribeirão Preto, 1998; e Bienal Nacional de Santos, 1997. www.vaniamignone.com.br
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EXPOSIÇÃO
CATÁLOGO
Curadoria Raphael Fonseca
Realização Tisara Arte Produções
Coordenação-Geral Mauro Saraiva
Coordenação Geral Mauro Saraiva
Produção Tisara Arte Produções Juliana Landgraf Jacson Trierveiler
Projeto Gráfico Zellig
Programação Visual Adriana Cataldo e Priscila Andrade | Zellig Revisão Feiga Fiszon Iluminação Rogerio Kennedy Montagem Moisés Barbosa Kazuhiro Bedim
Fotos Mario Grisolli (p. 4, p. 6, p. 8, p. 9, p. 10-11)
15 de outubro a 14 de dezembro de 2014
LOCAL CAIXA Cultural Rio de Janeiro | Galeria 4 Avenida Almirante Barroso, 25, Centro
Revisão de Textos Feiga Fiszon Tratamento das Imagens Zellig Produção Gráfica Antônio Filé
Entrada franca | Permitido fotografar Classificação indicativa: Livre Mediadores disponíveis para acompanhar a visitação Telefone: 21 3980 3815 facebook.com/caixaculturalriodejaneiro Baixe o aplicativo da CAIXA Cultural
Impressão Sol Gráfica
Transporte Vanguardian Transportes Especializados Sinalização Comvix Comunicação Visual Seguro Affinité Administração Andre Fernandes Claudia Figueiró Monica Machado Agradecimentos Alessandra Castañeda Daniela Seixas Felipe Abdalla Fernanda Lopes Jonas Arrabal Jorge Soledar Leandra Espírito Santo Sueli do Sacramento Tiago Cadete
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DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) F477 Figura humana. – Rio de Janeiro : Tisara : Caixa Cultural, 2014. 76 p. : il. color. ; 28 cm. Catálogo de exposição realizada na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro, de 15 de outubro a 14 de dezembro de 2014. Curadoria: Raphael Fonseca. ISBN 978-85-65710-06-0 1. Pintura brasileira – Séc. XXI – Exposições. I. Fonseca, Raphael II. Tisara (Firma) III. Conjunto Cultural da Caixa (Rio de Janeiro, RJ) CDD- 759.981 Roberta Maria de O. V. da Costa – Bibliotecária CRB7 5587
realização
patrocínio
Distribuição gratuita – Venda proibida
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