Câmara Cascudo Câmara Cascudo
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Memória do Saber
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APRESENTAÇÃO DO TEMA
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uís da Câmara Cascudo, Historiador e Etnógrafo (1898-1986), iniciou seu trajeto de publicações, em livros, nos anos 20 do século passado, com um volume dedicado à Literatura do Rio Grande do Norte (Alma Patrícia, de 1921). Trabalhou, depois, temas de história e cultura popular (Histórias que o Tempo Leva..., de 1924) e abordou, em seguida, problemas pertinentes à história política imperial (López do Paraguay, de 1927). Essas matrizes temáticas e metodológicas (respectivamente: estudos literários, que incluiriam, na década seguinte, a expressão oral; cultura popular e memória, já apelando para a narrativa oral enquanto fonte, como se observa no ensaio “Os Fanáticos de João do Valle”; história política, mais voltada para as elites) foram retomadas, ampliadas e redirecionadas ao longo de mais de cinco décadas de trabalho, marcadas pela produção de muitas obras importantes particularmente, “Vaqueiros e cantadores”, de 1937, “Literatura oral”, de 1952, “Cinco livros do povo”, de 1953, e “Dicionário do folclore brasileiro”, de 1956 -, num total linear de mais de cem títulos, alguns deles reagrupados em um só volume.
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APRESENTAÇÃO DO TEMA
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Ensaísta não trabalhou a cultura popular como matéria-prima instrumental. Pelo contrário, seus grandes textos permitem entender essa cultura popular enquanto legítima erudição, também dotada de vasto cosmopolitismo - referências a novelas de cavalaria na literatura oral e em autos folclóricos, evocações atualizadoras de mitos antigos, nascidos em diferentes continentes, no cotidiano brasileiro e internacional, etc. Tenho lembrança pessoal de ouvir Câmara Cascudo, em palestra natalense de fins dos anos 60, narrando um episódio que deixa patentes aquele diálogo ou esses lugares, relativo à preparação do livro Made in Africa, de 1965. Ele disse que, numa das universidades africanas que visitou, conviveu com eruditos professores locais durante o dia. À noite, assistindo a rituais religiosos ligados a tradições tribais, encontrou os mesmos professores como participantes dessas atividades: a erudição acadêmica não os opunha às referidas tradições, dotadas de uma complexidade própria, e merecedoras de todo respeito. E Câmara Cascudo lastimou que, no Brasil, tal trânsito cultural não ocorresse com maior freqüência. Abordando manifestações folclóricas, Câmara Cascudo demonstra extremo respeito pelas características culturais e sociais desse universo. Nesse sentido, ele é um dos mais importantes nomes do modernismo brasileiro, que dedicou a vida intelectual à reflexão sobre o universo da cultura popular, através da coleta e da análise de informações sobre suas múltiplas faces.
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RELEVÂNCIA DA OBRA
T
endo produzido em diversos campos textuais e de conhecimento (ensaios etnográficos, monografias históricas, biografias, estudos literários, monografias geográficas, crônicas, romance, poemas, memórias), Câmara Cascudo tem merecido avaliações especialmente favoráveis no que se refere aos campos de etnografia e estudos literários, com destaque para seus trabalhos sobre literatura oral. Apesar dessa fortuna crítica, ele ainda é um autor insuficientemente discutido, como pode ser verificado no conjunto de publicações comemorativas aos 500 anos do achamento do Brasil, bem como por sua ausência em coleções que procuraram fazer um balanço do ensaísmo brasileiro no século XX.
A produção intelectual de Câmara Cascudo se iniciou no final dos anos 10 do século passado, contemporaneamente aos modernistas de São Paulo, com quem guardava múltiplas afinidades temáticas. Ele foi amigo de Mário de Andrade, que mereceu seu apoio quando esteve no Rio Grande do Norte, em 1928, pesquisando música e outras manifestações da Cultura Popular. Trocaram correspondência e Mário de Andrade ajudou Câmara Cascudo nos anos 30, momento em que o intelectual potiguar precisou conquistar novas fontes de renda, diante da falência de seu pai até então, rico empresário em Natal e passou a colaborar na Imprensa paulistana. Os estudos de maturidade de Câmara Cascudo assumem especial relevo na caracterização da cultura popular brasileira, tendência que já se esboçara em seus escritos dos anos 20 e do início dos anos 30, consolidando-se plenamente em 1938, com a publicação de “Vaqueiros e Cantadores”, clássico estudo sobre Literatura Oral e outros aspectos da cultura popular.
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ssa cultura popular, para Câmara Cascudo, abrange saberes compartilhados por diferentes grupos sociais, remetendo simultaneamente ao fazer da vida cotidiana e a tradições ancestrais, elaboradas nas mais diversas épocas e áreas do mundo. Nesse sentido, ela preserva e modifica tradições de cultura erudita e remete para a universalidade da condição humana. O trabalho de Luís da Câmara Cascudo com a cultura popular abrangeu tanto um mapeamento empírico de fazeres (práticas devocionais, festas profanas, alimentação, vestuário, transporte, moradia, etc.) quanto tentativas de sistematizar esse vasto universo através de recursos comparativos com outras práticas, contemporâneas e antigas. O presente volume procurará fazer um balanço dessa significativa obra, através da análise de alguns de seus aspectos.
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volume foi concebido, na parte textual, ao redor de três eixos temáticos: história, cultura popular e estudos literários. Evidentemente, esses núcleos estão mesclados na obra de Câmara Cascudo, incidindo essa classificação apenas no predomínio de um dos eixos no trabalho do Autor. Nesse sentido, elementos de cada um dos tópicos, certamente, estarão presentes nos demais. HISTÓRIA - Marcos Silva/FFLCH-USP (história, memória e cultura popular em Câmara Cascudo); Izabel Marson/IFCH-UNICAMP (Império de Câmara Cascudo); Margarida de Souza Neves/PUC-RJ e Coordenadora do Grupo de Estudos sobre Cãmara Cascudo da mesma instituição (Câmara Cascudo e a História); Maria Antonieta Antonacci/PUC/SP (Tradições Afro-Brasileiras na obra de Câmara Cascudo); Raimundo Arrais/ILCH-UFRN (A Cidade do Natal e Câmara Cascudo); Durval Muniz de Albuquerque/ILCHUFRN (O Nordeste de Câmara Cascudo); Mônica Pimenta Velloso/Fundação Casa de Rui Barbosa-RJ (Câmara Cascudo e a Cultura das Ruas); e Cléria Botelho Costa/UnB-DF (Câmara Cascudo e a Oralidade) CULTURA POPULAR Renato Queiroz/FFLCH-USP (Câmara Cascudo e a Etnologia de seu Tempo); e Roberto Motta/UFPE (Câmara Cascudo e a Religião Popular). ESTUDOS LITERÁRIOS - Telê Ancona Lopes/IEB-USP (A correspondência entre Câmara Cascudo e Mário de Andrade); Jerusa Pires Ferreira/PUC/SP (Câmara Cascudo e a Literatura Popular); Marisa Lajolo/IELUNICAMP (A Correspondência entre Câmara Cascudo e Monteiro Lobato); e Humberto Hermenegildo de Araújo/ILCH-UFRN e Coordenador do Grupo Interinstitucional de Estudos sobre Câmara Cascudo da mesma instituição (Câmara Cascudo e o Modernismo no RN). Além desses ensaios interpretativos, o volume abrangerá iconografia e bibliografia de e sobre o autor.
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RELEVÂNCIA DA OBRA
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PRODUÇÃO . Coordenação . Digitação . Imagens . Passagens/diárias . Direitos autorais/outros gastos
10.000,00 6.000,00 14.000,00 -
SUB TOTAL
30.000,00
EDIÇÃO/PUBLICAÇÃO . Composição/revisão . Projeto gráfico . Capa . Fotolito . Ilustrações . Papel
15.000,00 3.500,00 2.000,00 5.000,00 3.030,00 16.000,00
SUB TOTAL
44.530,00
TOTAL GERAL
74.530,00
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Câmara Cascudo Câmara Cascudo FICHA TÉCNICA Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Ciência e Tecnologia Eduardo Campos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Presidente Erney Felício Plessmann Camargo
Coordenação Geral do Livro Marcos Silva
Vice-Presidente Manuel Domingos Neto Coordenador Geral da Coleção Diretores José Roberto Drugowich de Felício Manoel Barral Netto Secretário Executivo da Coleção Roberto Muniz Barretto de Carvalho Fundação Biblioteca Nacional Presidente Pedro Corrêa do Lago Diretor Geral Luiz Eduardo Conde
Fundação Miguel de Cervantes de Apoio à Pesquisa e à Leitura da Biblioteca Nacional Presidente Pedro Henrique Mariani Bittencourt
Textos Izabel Marson Renato Queiroz Jeruza Pires Ferreira Telê Ancona Lopes Marisa Lajolo Margarida de Souza Neves Maria Antonieta Antonacci Humberto Hermenegildo de Araújo Roberto Motta Raimundo Arrais Durval Muniz de Albuquerque Mônica Pimenta Veloso Cléria Botelho Costa
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