opera prima . oficinas em rede

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PARTIDA

ENTRE PLANOS

OSCILAÇÕES

1/8

Este é um estudo sobre o fazer. Parte da in-

que desafiam as relações de produção

do monopólio para o compartilhamento,

proposta em escala urbana, ensaia-se a

A liberdade do artista foi sempre “indi-

Na transição do analógico para o digital,

quietação sobre os caminhos possíveis de

vigentes, através de processos como a

as oficinas apostam na mescla de técnicas

aplicação de uma oficina em uma comu-

vidual”, mas a verdadeira liberdade só

novas possibilidades surgem para a proces-

construção da cidade, suas ruas, edifícios

fabricação digital. Esse movimento acom-

e tecnologias amparando a construção de

nidade de Fortaleza, o Conjunto Palmeiras,

pode ser coletiva. [1]

sos participativos. A era digital traz outros

e artefatos, no anseio de uma realidade

panha a necessidade inadiável de revisão

um conhecimento aberto, simultaneamen-

através do desenho de seu edifício.

próxima em que produtores e usuários

da profissão de arquitetos, urbanistas e

te aterrissado no lugar e interligado a uma

dialoguem, misturem-se e confundam-se.

designers em sua totalidade, buscando

ampla teia de cooperação.

responder a demandas conduzidas por

entendimentos sobre os limiares entre posPodemos abstrair a trajetória da arquitetura

se e propriedade, além de promover uma

O estudo se desenrola enquanto nos po-

no Brasil a dois planos, paralelos e pouco os-

reestruturação dos meios produtivos, que

sicionamos entre os dois planos que com-

cilantes. O primeiro é o plano formal, que re-

se valem da inserção do digital nas tecno-

Ao me aproximar da fina e permeável

populações cada vez mais organizadas e

Assim, propõe-se como objetivo e síntese

põem a cidade, que se confrontam e, ao

presenta uma pequena parte da construção

logias de fabricação e do empoderamento

membrana que divide a formação acadê-

autônomas, em contextos sociais diversos.

dessas investigações o projeto de uma rede

mesmo tempo, embalam-se. Inicialmente

das cidades, vinculada aos fluxos financei-

dos usuários como produtores em potencial.

de oficinas públicas em Fortaleza. A partir

paralelos, os planos experimentam oscila-

ros e estilísticos, locais e globais. O segundo,

Esse movimento, chamado por Jeremy Rifkin

mica do início de uma trajetória profissional, intensificaram-se os questionamentos

A busca por uma interface que poten-

das premissas que distribuem os pontos

ções que progressivamente os aproximam,

plano informal, é autoconstruído, precede a

de Terceira Revolução Industrial [3], inspira

sobre o papel do arquiteto e suas formas

cialize essas relações encontrou uma

na cidade, mergulha-se nas conexões e na

até o encontro que revela suas semelhan-

existência do plano formal e das cidades: é

a transição de uma postura passiva de con-

de agir na metrópole contemporânea,

resposta possível nas oficinas. Como uma

espacialização do objeto arquitetônico, em

ças. Esse momento de identificação nos dá

simultaneamente margem e maioria. Quan-

sumo para um movimento ativo de criação

frente às disparidades da produção formal

reinterpretação dos locais de trabalho dos

um processo que transita entre escalas.

a possibilidade da pausa, para imaginar e

to mais o controle dos meios produtivos foi

e produção. Ademais, para designers, repre-

e informal do espaço. Esse momento de

artesãos, as oficinas atuais são espaços

projetar uma realidade desejada.

se direcionando ao plano formal, maiores as

senta um novo modo de pensar o projeto não

transição pessoal encontrou coerência na

de fazer e compartilhar, suporte físico e

Como rede, planeja-se a conectividade das

distâncias entre os planos.

somente pelos meios de materialização, mas

transição econômica e social em curso,

operacional para a autoprodução em di-

oficinas entre si: no sentido programático,

Como mote que dá início aos questiona-

onde o espaço híbrido entre o físico e o

versas escalas, do objeto à cidade. Nessa

pela articulação de eventos; e físico, atra-

mentos, direcionamos o olhar para a tra-

Essa contradição se revela no “descola-

digital possibilita outras formas de articu-

conjuntura, entende-se a importância de

vés de sua interligação em uma malha

jetória de Lina Bo Bardi. A simbiose entre

mento entre o desenho, a norma e a rea-

Democratizar o acesso significa também

lação entre grupos e modifica as relações

pensar esse programa como natural às

sobreposta à cidade formal. Para além das

criação e crítica no trabalho da arquiteta,

lidade” [2], percebido na paisagem urbana,

popularizar os meios. Encontramos nesse

tradicionais de posse e propriedade. Nesse

cidades de hoje, infiltrado na paisagem

fronteiras físicas, a rede se expande digi-

a fluidez com que atravessa escalas e sua

na exploração do trabalho nos canteiros de

novo modelo econômico um vislumbre de

contexto, emergem novas reflexões sobre

urbana heterogênea. Como uma tipologia

talmente integrando-se a um movimento

maneira de lidar com projeto e construção

obra, na proporção de pessoas que contra-

interseção do plano informal com o formal,

o fazer colaborativo, associadas ao surgi-

que se incorpora à transição do consumo

mundial de democratização dos meios

de maneira coletiva inspiram-nos a ressig-

ta arquitetos e urbanistas e, de maneira ine-

como se observa, por exemplo, nos Fab

mento de espaços de produção conjunta

em massa para a customização em massa,

de produção. Posteriormente, definida a

nificar o fazer de hoje.

rente, na nossa postura como profissionais.

Labs, laboratórios de fabricação digital.

oficinas em rede

também pelo compartilhamento de ideias.

projeção

partida

entre planos

oscilações

interseções


INTERSEÇÕES

EVENTO

EVENTO

2/8

Os eventos se definem através dos princí1

2

3

4

pios de ocupação das oficinas. Consistem

5

em um conjunto de competências contempladas por atividades, as quais são delineadas a partir do reconhecimento dos agentes que utilizam e modificam esses espaços e implementadas segundo estratégias de ação. Em outras palavras, especula-se sobre o que terá lugar nesses ambientes, identificando-se para quem eles são direcionados e por quem essas

cronograma de

contrapartida

incubadora

escritório de

deslocamento e

práticas serão desempenhadas. Os cami-

acesso público às

com cursos e

para pequenos

assessoria técnica

expansão com

nhos para torná-las concretas surgem da

oficinas

compartilhamento

negócios locais

em arquitetura e

unidade itinerante

das criações ESPAÇO

imaginação de como realizá-las.

urbanismo

MOVIMENTO ESPAÇO

Interseções são pequenos encontros. Afi-

em Fortaleza, propõe-se uma tessitura de

nidades, coincidências, um respirar simul-

lugares para construir conjuntamente em

O espaço é a conformação física de um EDIFÍCIO

OFICINA EM EDIFÍCIO

OFICINA

NOVO

EXISTENTE

ITINERANTE

programa de necessidades: o desdobra-

tâneo que possibilita a um conjunto hete-

grandezas diversas. A atividade industrial,

rogêneo se identificar como grupo. Muitos

hoje localizada nas bordas dos aglomera-

mento, em ambientes e suas articulações, das atividades previstas para as oficinas e,

tornam-se um quando os indivíduos se reco-

dos urbanos, passa a ser pulverizada em

ao mesmo tempo, o território fértil ao de-

nhecem como coletivo. As interseções acon-

microcentralidades, para a produção do

senrolar de novos eventos. Ao se imaginar

tecem nos choques, impulsos, casualidades,

objeto ao edifício. Com o novo paradigma

um edifício para abrigar essas pequenas

convergências e, por que não, vontades.

econômico da Terceira Revolução Indus-

fábricas, três possibilidades e escalas são

trial, uma cidade permeada pela produção

propostas: oficinas que se configuram em

Os dois planos da cidade, formal e informal,

em pequena escala promove não somente

um edifício novo, oficinas em um edifício

são representações de um mesmo plano.

o despontar de novos entendimentos so-

Há um todo que se desmembra em duas

bre a relação entre pessoas e bens, como

. oficinas + usos complementares

. núcleo básico: oficina digital + tradicional

. núcleo mínimo: oficina digital

superfícies conflitantes, as quais, ao mesmo

também o incentivo às economias locais

. impacto mais significativo

. aproveitamento de estruturas consolidadas

. ativação de espaços por meio do evento

Para a elaboração do programa, o ponto

tempo em que se repelem por suas abissais

e à autonomia das comunidades. Delineia

. maior tempo e recurso para se viabilizar

. integração a atividades existentes

. pesquisa de locais para novas oficinas

de partida é o núcleo de oficinas: elemento

diferenças, embalam-se numa tentativa vis-

um novo ecossistema, com transformações

ceral de voltar a se fundir. Como arquitetos

de ordem social, cultural e ambiental.

existente e oficinas itinerantes.

principal e agregador do edifício, comum

. menor tempo e recurso para se viabilizar

às três modalidades e suas diferentes esca-

e urbanistas, buscamos constantemente os pequenos encontros em que as duas

las. No edifício novo, as oficinas apresenEntre pontos onde se ativa o fazer, encon-

cidades se aglutinam. Encantam-nos os

tram-se possibilidades de interseção. Suas

imprevistos que sucedem a colisão.

afinidades e itinerâncias configuram a cons-

tam maior área e diversificação de ativiACESSO

Imaginar um encadeamento de espaços onde o fazer é livre e multidisciplinar pode

do pensamento de Bernard Tschumi [4], essa

causar embates. Por outro lado, trazer a ofi-

rede será decomposta em evento, espaço e

cina para o cotidiano dos habitantes de uma

movimento, cada um com seus princípios, os

metrópole como Fortaleza é inspirador, por

três se complementando.

ASSESSORIA

SECUNDÁRIO

oficina em edifício existente

telação que os expande para além de seus territórios físicos. Como uma reintepretação

ESCRITÓRIO

CARGA E

OFICINA

DESCARGA

DIGITAL

TÉCNICA

NICHOS DE

WC

TRABALHO

ESCRITÓRIOS

dades. As oficinas incorporadas a edifícios existentes podem ter uma escala menor, a depender da área disponível para recebêlas: nesse caso, incentiva-se a implantação de oficinas digitais, que possuem máqui-

BANCADAS BIBLIOTECA

DOS

WC GERAIS

VAGAS

replicação. Por fim, as oficinas itinerantes

ESCRITÓRIOS

contam com equipamentos de fabricação

oficina itinerante

digital em pequena escala, a serem trans-

se visualizar como possível uma realidade próxima onde os dois planos se perpassam. Vem com o desejo de que os imprevistos tra-

As oficinas serão espaços para a potencialização de habilidades específicas e

gam consigo a democratização dos meios e,

emergentes. Destinam-se a artistas, marce-

por consequência, dos fins.

neiros, sapateiros, escultores, serralheiros,

APOIO E

OFICINAS

BANCADAS

DEPÓSITO

TRADICIONAIS

DE TRABALHO

proximidades de assentamentos precários

dantes e curiosos de diversos bairros de Fortaleza.

ÁREA DE CONVIVÊNCIA ABERTA

ACESSO PRINCIPAL

portados para as comunidades. ADMIN

produção

arquitetos, ceramistas, engenheiros, estuCom pequenas fábricas localizadas nas

nas de menor porte e maior facilidade de

MÁQUINAS

CANTEIRO ABERTO

COPA E WC OFICINAS

COZINHA COMUM

desenvolvimento AUDITÓRIO

LOJINHA

convivência apoio


MOVIMENTO

3/8

MAPA SÍNTESE: REDE DE OFICINAS EM FORTALEZA

O eixo movimento é o que transforma os pontos das oficinas em nós de uma rede. Estabelece princípios e critérios de locali-

7

zação desses equipamentos, com o obje-

estuda-se, dentre os equipamentos

tivo de contemplar diversas comunidades,

públicos, aqueles que tem potencial para

popularizando e expandindo o fazer. A

receber oficinas em seu interior.

existência dessa teia, ao mesmo tempo em que intensifica a produção local, torna-se base para o compartilhamento de ideias e

CEARÁ, BR

6

métodos na escala da cidade, através do

as escolas, como território múltiplo,

fluxo de pessoas por esses espaços.

voltado ao aprendizado e imerso no cotidiano dos jovens, são pontos de

O posicionamento das pequenas fábricas

atração para a implantação das oficinas,

no tecido urbano de Fortaleza leva em con-

baseados nos círculos de influência

sideração as seguintes premissas básicas:

criados.

vulnerabilidade social, acessibilidade e influência. A premissa da vulnerabilidade social parte da delimitação dos principais usuários e agentes das oficinas: as comunidades que se situam à margem do fazer formal na cidade. Para isso, foram conside-

5

ao analisar os trajetos dos ônibus na cidade, podemos locar as oficinas de forma que sejam mais acessíveis a comunidades do entorno.

rados os parâmetros de renda e de atividade, levantados pelo IBGE no último Censo (2010), e o mapeamento dos assentamentos

4

precários realizado pela Prefeitura de For-

o mapa de densidade populacional

taleza.

FORTALEZA, CE

oficinas em edifícios novos

1

5

10 km

N

oficinas em edifícios existentes

aponta os núcleos que possuem maior público para o equipamento. em torno

O critério de acessibilidade busca garan-

deles, foram criados círculos com raio

tir que o porte do equipamento proposto

de 1km, que correspondem a cerca de 10

se adeque à região em que ele se instala,

minutos de caminhada.

assim como facilitar o acesso a ele por moradores de comunidades próximas. A acessibilidade considera a densidade populacional e a proximidade às linhas de transporte público.

3

ao se sobrepor o mapa dos que nem trabalham nem estudam, tem-se a visão das áreas mais críticas em termo de desenvolvimento humano. cria-se uma hachura que representa a combinação

Por fim, como influência, entendem-se

desses fatores.

PROJEÇÃO

A construção de uma rede na escala da cidade acompanha a curiosidade de conhecer cada oficina, com o olhar de um habitante que caminha pela calçada. Suscita a imaginação sobre cada um desses espaços. No sentido contrário desse olhar que se aprofunda no mapa até encontrar o solo para aterrissar, há um movimento emergente em cada um dos nós da rede.

as possibilidades de repercussão que as

Trata-se das iniciativas e articulações

oficinas podem ter em seu entorno, para além de um raio ou distância específicos.

2

dos grupos que dão coesão a esses nós,

Considera-se que sua interação com outros

a localização dos assentamentos precários

aqueles que constroem sua autonomia

equipamentos públicos pode ser um incen-

especifica, como negativo do mapa de

e projetam-se no tecido urbano através

tivo à apropriação pela comunidade. Essa

renda, as manchas prioritárias para

de ações independentes, preenchendo e

última premissa nos ajuda a mergulhar no

implantação das oficinas.

transbordando as lacunas deixadas pelo fazer oficial da cidade.

mapa depois que estabelecemos as áreas prioritárias de implantação, para então locar as pequenas fábricas com um olhar

Na busca de um território entre os estu-

mais aproximado. Para tanto, é objeto de

1

dados para instanciar uma oficina como

estudo a sua proximidade às escolas, espe-

o mapeamento de renda

edifício, como projeto de espaço e proje-

cialmente as de ensino médio, e a presença

espacializa as áreas iniciais de

ção de possibilidades, conheceu-se uma

de equipamentos públicos, como centros

interesse.

comunidade cujas práticas e histórico de

culturais, que possam ser abrigo para a

luta alinham-se com os princípios que nor-

segunda modalidade de oficina.

tearam esse estudo: o Conjunto Palmeiras.

CONJUNTO PALMEIRAS


Quase no limite sul do município de Fortaleza,

anos depois, foi fundado o Instituto Palmas,

atividade urbana; a outra abriga uma zona de

A simulações de insolação demonstra-

a cerca de 15km do centro da cidade, moram

promovendo diversas outras iniciativas que

preservação. Os vetores de conexão ao tecido

ram ser favorável implantar o edifício ao

mais de 35 mil pessoas que se identificam,

envolvem economia solidária. O êxito da ex-

urbano são a Av. Valparaíso, eixo leste-oeste

longo do eixo maior do terreno. Porém,

coletivamente, como Conjunto Palmeiras.

periência trouxe mais força à comunidade,

em torno do qual o bairro foi construído, e a

para evitar a insolação intensa, as lâmi-

que hoje é reconhecida internacionalmente.

Av. Castelo de Castro, no sentido norte-sul.

nas que abrigam usos de longa permanência foram direcionadas para nordeste

A comunidade se formou na década de 1970, após a remoção de 1500 famílias de

Um dessas iniciativas é o PalmasLab. Conce-

A malha urbanizada do bairro possui ocupa-

e protegidas por brises. O sistema de po-

suas habitações, na zona litorânea, em dire-

bido como um laboratório de inovação e pes-

ção mista. A construção em regime de muti-

sicionamento das vigas cria um espaço

ção a esse terreno na borda do município. A

quisa, atua junto à comunidade na criação de

rão, desvinculada das lógicas de especulação

entre o final das vedações e o forro, o que

vizinhança foi edificada pelos moradores,

plataformas digitais, envolvendo a população

imobiliária, proporcionou uma distribuição de

garante a ventilação cruzada. Em todos

em regime de mutirão, perante a carência

em dinâmicas com Tecnologia da Informação

usos que reforça a vivência da rua. Outra ca-

os blocos, generosos beirais cobrem as

de infraestrutura do local e à ausência

e incentivando o compartilhamento de sabe-

racterística do bairro é a carência de espaços

circulações e criam espaços avaranda-

do poder público. Habitações, arruamen-

res e o desenvolvimento social do bairro.

abertos e de lazer. Eles se concentram essen-

dos, que funcionam como prolongamen-

cialmente ao longo da Av. Valparaíso, via onde

to dos usos internos.

to, rede de esgoto e drenagem, creche

1

criação de eixos de modulação: malha com módulos de 9m x 9m e 6m x 9m. a modularidadade otimiza a construção e possibilita uma obra em etapas. 2

distribuição inicial dos usos no terreno.

3

e outros equipamentos públicos foram

Compartilhamento, autoprodução com tec-

autoconstruídos. Nesse processo, a forma-

nologia, aprendizado através da prática e

ção de uma associação de moradores foi

conhecimento em rede são alguns dos fun-

A procura por um terreno para abrigar uma

recebe o sol da tarde foi protegida por te-

essencial para o fortalecimento do grupo

damentos que se intersectam na atuação

nova oficina para o Conjunto Palmeiras

lhas-sanduíche, as mesmas que formam a

como movimento social, desencadeando

de fab labs e do Instituto Palmas. A oficina

considerou a escassez de espaços públicos

coberta, e afastadas das esquadrias, com o

lutas em torno de demandas coletivas.

do Conjunto Palmeiras poderia ser implan-

no bairro. Além disso, foi prioridade de iden-

objetivo de criar um intervalo para circula-

tada como um desdobramento do Instituto.

tificá-lo próximo a escolas e aos eixos de

ção do vento, atravessado pelas passarelas

conexão do bairro com o tecido da cidade.

de integração entre as lâminas. Nesses

Dentre as conquistas dessas pessoas, des-

4/8

DESENVOLVIMENTO

se localiza, também, o Instituto Palmas. Já nos blocos das oficinas, a fachada que

ambientes, a coberta foi distanciada das

taca-se a iniciativa pioneira de fundar um

Por se localizar distante do centro, a integra-

banco comunitário, o primeiro banco popu-

ção do bairro às dinâmicas da cidade é bem

O sítio do projeto orienta-se, longitudi-

vedações, o que cria um espaço aberto

lar do Brasil, em 1998: o Banco Palmas. Cinco

peculiar. Apenas metade de sua área possui

nalmente, na direção nordeste-sudoeste.

para proporcionar o fluxo do ar.

elevação em dois pavimentos para acolher todas as áreas necessárias, mantendo a integração à escala do entorno.

4

criação de passagens abertas no térreo para possibilitar o acesso em diversos pontos e liberar área livre pública.

5

PASSARELAS DE LIGAÇÃO ENTRE OS BLOCOS

organização dos usos por afinidades e áreas.

6

rotação das lâminas e alternância de blocos para aproveitar iluminação e ventilação naturais, mas evitar insolação intensa. SIMULAÇÃO DE SOMBRAS NOS SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS, ÀS 15H

VISTA INTERNA DA OFICINA DIGITAL, NO TÉRREO, E DO PALMASLAB, NO MEZANINO


5/8

PROGRAMA 1

oficina de marcenaria: 144 m2

2

recepção: 54 m2

3

área de trabalho: 144 m2

4

exposição: 110 m2

5

assessoria técnica: 36 m2

6

oficina digital: 144 m2

7

canteiro aberto: 200 m2

8

alimentação: 92.5 m2

9

depósito: 10 m2

10

auditório: 210 m2

11

vestiário: 38 m2

12

depósito: 30 m2

13

sanitários: 35 m2 total térreo: 1247.5 m2

14

conselho: 74 m2

15

oficina de costura: 113 m2

16

lojinha: 23 m2

17

escritórios colaborativos: 110 m2

18

área de trabalho: 45 m2

19

palmaslab: 60 m2

20

biblioteca: 129 m2

21

estar auditório: 78 m2

22

sanitários: 35 m2

placas fotovoltaicas

telha sanduíche termoacústica

brises horizontais em alumínio pintado de branco

esquadrias com folhas pivotantes em alumínio e vidro

laje pré-fabricada alveolar coberta por piso em réguas de madeira

vedação em painel wall

total pav. superior: 667 m2

23

reservatório de água

piso térreo em concreto como continuação da praça

pilares e vigas em aço

A concepção estrutural do edifício partiu da premissa da modularidade. Transversalmente, os pilares foram espaçados de 9m em 9m. Longitudinalmente, esses eixos alternam-se entre 6m e 9m, dependendo do uso que envolvam: oficina ou atividades complementares. A estrutura préfabricada em aço traz maior eficiência e possibilita a construção do edifício em etapas, além de tornar mais fáceis futuras modificações ou ampliações.


6/8

PRAÇA DE ACESSO NA AV. VALPARAÍSO

B

B C

D

C

E

A

D

E

A

2 PLANTA PAVIMENTO TÉRREO (NÍVEL +27.50)

10

20

2 N

PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO (NÍVEL +30.50)

10

20 N


7/8

CORTE A

A organização dos blocos no terreno, nos

resguardando-os, mas não dissociando-os,

dois pavimentos, foi pensada para conferir

das atividades de produção das oficinas.

flexibilidade aos horários de funcionamento do edifício e à integração funcional entre os

No pavimento superior, as passarelas

ambientes. Posicionar o acesso às oficinas no

que perpassam todo o edifício são finos

térreo torna seu funcionamento independen-

prolongamentos das lajes que recebem

te dos usos complementares, o que possibi-

os ambientes internos. O alargamento

lita a ocupação desses espaços em horários

e estreitamento das passagens muda a

alternativos, de acordo com as demandas

velocidade dos percursos, caracterizando

imprevisíveis de produção e de cursos. Por

ligações mais intensas ou mais sutis. Ao

outro lado, foram organizados no segundo

atravessar o prédio, o usuário tem contato

pavimento os espaços de permanência pro-

com as atividades que ocorrem no interior

longada cujo uso exige mais privacidade,

das oficinas, mesmo sem participar delas. 1

2

3

O portão aberto cria uma grande área entre a arquibancada do auditório e o anfiteatro da praça. Esse espaço pode ser utilizado para apresentações, performances, exposições e outras atividades ao ar livre.

O portão fechado cria uma área de estudos e convivência dentro do volume do auditório, mais reservado. A arquibancada torna-se um espaço de extensão para leitura, enquanto a área externa pode receber usos independentes.

O bloco é ocupado como um auditório tradicional, para abrigar palestras, apresentações e cursos. Seu fechamento proporciona o isolamento acústico adequado. O portão fechado também cria um plano para projeções, que podem acontecer dentro e fora do auditório.

CORTE B: ÁREA DE TRABALHO ABERTA E OFICINA DE COSTURA

CORTE C: OFICINA DIGITAL

CORTE D: BIBLIOTECA E COZINHA COMUM

CORTE E: AUDITÓRIO, ANFITEATRO E VESTIÁRIOS

DIFERENTES MANEIRAS DE OCUPAR O AUDITÓRIO


8/8

ESPAÇO DE TRABALHO COLETIVO

No ensaio que instancia o objeto, as experimentações com o edifício para se adaptar à topografia, ao entorno e às condições climáticas revelaram a flexibilidade de articulação entre os blocos em conjunturas diversas. Procurou-se não imaginar um projeto direcionado a um edifício apenas, mas um sistema que possa nortear o desenho das outras unidades das oficinas. Essa lógica construtiva, que associa modularidade, estrutura pré-fabricada, construção em etapas e interdependência entre os usos, dá autonomia aos blocos, os quais se tornam, assim, pequenos fragmentos que se somam e formam um complexo voltado ao fazer. As atividades das oficinas passam a transbordar os usos inerentes aos blocos, e o edifício, unidade mínima, transforma-se em rede.

REFERÊNCIAS

[1] RUBINO, Silvana; GRINOVER, Marina (Org). Lina por escrito. Textos escolhidos de Lina Bo Bardi, 1943-1991. São Paulo: Cosac Naify, 2009. [2] ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura Nova: Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, de Artigas aos mutirões. São Paulo: Editora 34, 2002. [3] RIFKIN, Jeremy. A terceira revolução industrial: como poder lateral está transformando a energia, a economia e o mundo. São Paulo: M. Books, 2012. [4] TSCHUMI, Bernard. Architecture and disjunction. Cambridge: MIT Press, 1996.


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