opera prima . oficinas em rede

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PARTIDA

ENTRE PLANOS

OSCILAÇÕES

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Este é um estudo sobre o fazer. Parte da in-

que desafiam as relações de produção

do monopólio para o compartilhamento,

proposta em escala urbana, ensaia-se a

A liberdade do artista foi sempre “indi-

Na transição do analógico para o digital,

quietação sobre os caminhos possíveis de

vigentes, através de processos como a

as oficinas apostam na mescla de técnicas

aplicação de uma oficina em uma comu-

vidual”, mas a verdadeira liberdade só

novas possibilidades surgem para a proces-

construção da cidade, suas ruas, edifícios

fabricação digital. Esse movimento acom-

e tecnologias amparando a construção de

nidade de Fortaleza, o Conjunto Palmeiras,

pode ser coletiva. [1]

sos participativos. A era digital traz outros

e artefatos, no anseio de uma realidade

panha a necessidade inadiável de revisão

um conhecimento aberto, simultaneamen-

através do desenho de seu edifício.

próxima em que produtores e usuários

da profissão de arquitetos, urbanistas e

te aterrissado no lugar e interligado a uma

dialoguem, misturem-se e confundam-se.

designers em sua totalidade, buscando

ampla teia de cooperação.

responder a demandas conduzidas por

entendimentos sobre os limiares entre posPodemos abstrair a trajetória da arquitetura

se e propriedade, além de promover uma

O estudo se desenrola enquanto nos po-

no Brasil a dois planos, paralelos e pouco os-

reestruturação dos meios produtivos, que

sicionamos entre os dois planos que com-

cilantes. O primeiro é o plano formal, que re-

se valem da inserção do digital nas tecno-

Ao me aproximar da fina e permeável

populações cada vez mais organizadas e

Assim, propõe-se como objetivo e síntese

põem a cidade, que se confrontam e, ao

presenta uma pequena parte da construção

logias de fabricação e do empoderamento

membrana que divide a formação acadê-

autônomas, em contextos sociais diversos.

dessas investigações o projeto de uma rede

mesmo tempo, embalam-se. Inicialmente

das cidades, vinculada aos fluxos financei-

dos usuários como produtores em potencial.

de oficinas públicas em Fortaleza. A partir

paralelos, os planos experimentam oscila-

ros e estilísticos, locais e globais. O segundo,

Esse movimento, chamado por Jeremy Rifkin

mica do início de uma trajetória profissional, intensificaram-se os questionamentos

A busca por uma interface que poten-

das premissas que distribuem os pontos

ções que progressivamente os aproximam,

plano informal, é autoconstruído, precede a

de Terceira Revolução Industrial [3], inspira

sobre o papel do arquiteto e suas formas

cialize essas relações encontrou uma

na cidade, mergulha-se nas conexões e na

até o encontro que revela suas semelhan-

existência do plano formal e das cidades: é

a transição de uma postura passiva de con-

de agir na metrópole contemporânea,

resposta possível nas oficinas. Como uma

espacialização do objeto arquitetônico, em

ças. Esse momento de identificação nos dá

simultaneamente margem e maioria. Quan-

sumo para um movimento ativo de criação

frente às disparidades da produção formal

reinterpretação dos locais de trabalho dos

um processo que transita entre escalas.

a possibilidade da pausa, para imaginar e

to mais o controle dos meios produtivos foi

e produção. Ademais, para designers, repre-

e informal do espaço. Esse momento de

artesãos, as oficinas atuais são espaços

projetar uma realidade desejada.

se direcionando ao plano formal, maiores as

senta um novo modo de pensar o projeto não

transição pessoal encontrou coerência na

de fazer e compartilhar, suporte físico e

Como rede, planeja-se a conectividade das

distâncias entre os planos.

somente pelos meios de materialização, mas

transição econômica e social em curso,

operacional para a autoprodução em di-

oficinas entre si: no sentido programático,

Como mote que dá início aos questiona-

onde o espaço híbrido entre o físico e o

versas escalas, do objeto à cidade. Nessa

pela articulação de eventos; e físico, atra-

mentos, direcionamos o olhar para a tra-

Essa contradição se revela no “descola-

digital possibilita outras formas de articu-

conjuntura, entende-se a importância de

vés de sua interligação em uma malha

jetória de Lina Bo Bardi. A simbiose entre

mento entre o desenho, a norma e a rea-

Democratizar o acesso significa também

lação entre grupos e modifica as relações

pensar esse programa como natural às

sobreposta à cidade formal. Para além das

criação e crítica no trabalho da arquiteta,

lidade” [2], percebido na paisagem urbana,

popularizar os meios. Encontramos nesse

tradicionais de posse e propriedade. Nesse

cidades de hoje, infiltrado na paisagem

fronteiras físicas, a rede se expande digi-

a fluidez com que atravessa escalas e sua

na exploração do trabalho nos canteiros de

novo modelo econômico um vislumbre de

contexto, emergem novas reflexões sobre

urbana heterogênea. Como uma tipologia

talmente integrando-se a um movimento

maneira de lidar com projeto e construção

obra, na proporção de pessoas que contra-

interseção do plano informal com o formal,

o fazer colaborativo, associadas ao surgi-

que se incorpora à transição do consumo

mundial de democratização dos meios

de maneira coletiva inspiram-nos a ressig-

ta arquitetos e urbanistas e, de maneira ine-

como se observa, por exemplo, nos Fab

mento de espaços de produção conjunta

em massa para a customização em massa,

de produção. Posteriormente, definida a

nificar o fazer de hoje.

rente, na nossa postura como profissionais.

Labs, laboratórios de fabricação digital.

oficinas em rede

também pelo compartilhamento de ideias.

projeção

partida

entre planos

oscilações

interseções


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