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Resistir de toda forma — Benedito Teixeira

Apresentações

Resistir de toda forma

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Em um contexto de avanço do conservadorismo e da ultradireita violenta que ataca direitos humanos e a diversidade sexual e de gênero, escrever e publicar ficção literária com temática LGBTQIA+ no Brasil é, sobretudo, um ato de resistência. Os avanços, o respiro, a abertura que temos visto na literatura brasileira LGBTQIA+ desde as últimas décadas do século XX sofrem, hoje, grave risco de retrocessos e, por isso mesmo, a iniciativa da Editora Flids de publicar a coletânea Poesia para amar de toda forma surge corajosa, combativa, necessária, urgente, enfrentativa. Muitos nos alegra ver que, apesar de todas as dificuldades de ordem política e mercadológica, tem muita gente boa e talentosa escrevendo sobre o existir e o sentir dxs sujeitxs lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais... Uma safra riquíssima e que se renova constantemente (muito bom!) desde o fim do século XIX. 133 anos nos separam do que se considera a primeira obra literária brasileira a abordar, claramente, a questão do desejo homoafetivo em seu enredo: O Ateneu (1888), de Raul Pompéia. 2021 marca também os 126 anos de Bom-crioulo, do cearense Adolfo Caminha, narrativa pioneira e revolucionária ao trazer um dos primeiros protagonistas gays da literatura mundial. Podemos, inclusive, propor que esta coletânea seja ainda uma homenagem à obra (cearense também), ao escritor e, claro, a Amaro e Aleixo, o casal homoafetivo do enredo, que povoou e segue povoando as imaginações de tantas/os leitores/as ao redor do mundo. Portanto, a historiografia mostra bem que a literatura brasileira tem um lugar de destaque quando se aborda a presença da temática LGBT na ficção literária, inclusive nas narrativas juvenis e infantis. São dezenas de Sergios, Amaros, Aleixos, Leonies, Diadorins, Zé Marias, Tiquinhos, Abels.... Personagens que têm seus desejos, sentimentos, culpas ressignificados pela arte da linguagem. Só a literatura é capaz de construir e oferecer aos leitores o descortinamento de tantas subjetividades que envolvem as questões relacionadas ao ser LGBTQI+. Parabéns às autoras, autores e autorxs por seus poemas, crônicas e contos aqui publicados. Parabéns aos/às organizadores/as da Festa Literária

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