Revista Renovação - Edição 104 - Maio/Junho de 2017

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Revista Renovação. Edição 104 . Mai/Jun 2017

REVISTA PEDRO APRESENTA UMA CONDIÇÃO PARA OS APÓSTOLOS RECEBEREM O BATISMO: O ARREPENDIMENTO pág.06 APELO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA À CONVERSÃO pág.10 MONSENHOR JONAS ABIB RELATA SUA TRANSFORMADORA EXPERIÊNCIA NA RCC pág. 16 NO GRUPO SE APRENDE A VIVER A VIDA NO ESPÍRITO ENCARTE



Revista Renovação . Mai/Jun 2017

Nesta Edição

Espiritualidade

Especial

Notícias

06 Arrependei-vos

14 Voltamos a Duquesne

20 Sete anos levando

16 É o Espírito Santo quem

21 Projetos institucionais

Grupo de Oração

Testemunho

18 Experiência de Oração:

22 O Grupo possibilitou o

50 anos depois

08 Então recebereis o dom do Espírito Santo

nos conduz

formação a todos os lugares

10 FÁTIMA: Um apelo do coração de Deus

12 Amando como Jesus amou

Um encontro com Deus

meu encontro com o Menino Jesus

EXPEDIENTE Publicação Oficial da Renovação Carismática Católica do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 18 - Edição Nº 104: Maio/Junho 2017

Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537

ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO

Redação: Gabriel Jorge / Jorge Corrêa/ Maria Mariana

Rua Antônio Favalli nº 23, Bairro Centro

DA RCCBRASIL

CEP 12.615-000 Revisão: Mari Spessatto/ Jorge Corrêa/ Pe. João Canas/SP Paulo Veloso Tel.: (12) 3151-4155 Fotos: Wagner Alves / Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico, Design e Diagramação: Priscila Carvalho Venecian E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br

As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.

Entre em contato conosco. Envie testemunhos e sugestões para o e-mail jornalismo@rccbrasil.org.br.

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Editorial Revista Renovação . Mai/Jun 2017

ARREPENDEI-VOS, E CADA UM DE VÓS SEJA BATIZADO! O tema desta edição foi discernido com um propósito: levar cada leitor a ter ainda mais comunhão com Deus, a crescer em sua caminhada de fé, ter mais maturidade espiritual. Essas são as motivações para estarmos falando sobre arrependimento. Claro, nosso propósito - sobretudo no ano em que comemoramos nosso Jubileu e nesta época que celebramos Pentecostes - é refletir (e faremos isso também) sobre o do Dom do Alto, a promessa do Senhor, a vinda do Paráclito. Porém, não podemos esquecer que a Promessa vem acompanhada de uma condição, e quem quer que deseje viver a Palavra de Deus plenamente não pode ignorá-la: devemos nos arrepender de nossos pecados. O mundo contemporâneo tem estado cego, e, infelizmente, essa cegueira, atinge por vezes os próprios cristãos. Temos vivido tempos em que a palavra pecado está em desuso. Em tempos de hipermodernidade, de culto ao prazer, egocentrismo, eis um tema, podemos dizer, desconfortável. Certamente você, de forma consciente, jamais, uma vez que tenha tido um genuíno encontro com o Senhor, deseje ofendê-Lo. Porém, sabemos que o pecado é uma ofensa a Deus. Palavras, atos ou desejos que contrariem a Lei Eterna, nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (1849), são pecados. Não estamos aqui para condenar ninguém... Não! Nossa intenção está alicerçada nas primeiras palavras de São Pedro dirigidas à multidão que testemunhou

Pentecostes. Esse chamamento ao arrependimento se dá com vistas ao que Deus tem de melhor para nós: o recebimento de Seu Espírito Santo. Também nos baseamos no apelo à conversão feito por Nossa Senhora em Fátima, no ano que comemoramos os 100 anos de sua aparição aos pastorinhos. Por isso, convidamos todos a uma autoanálise. O que é preciso mudar em nossas vidas para que vivamos tudo aquilo que Deus tem para nós? Em que preciso de conversão? Para que tais perguntas tenham as devidas respostas, sugerimos que, antes de ler essa revista, você faça uma oração, convidando o Santo Espírito de Deus a iluminar a sua mente e o seu coração. É Ele quem vai lhe mostrar o que em sua vida está desagradando o Pai. De nossa parte, oramos para que todos nós possamos viver um Novo Pentecostes. Sermos fiéis à nossa vocação enquanto Renovação Carismática Católica. E por falar nisso, nesta edição vamos mostrar como foi o nosso “retorno a Duquesne”. Cinquenta anos depois, a RCC teve a graça de se reunir naquele local abençoado e vamos contar para você como foi essa experiência maravilhosa. E se você leu atentamente a capa da Revista, deve ter visto que um convidado mais do que especial escreveu pra nós, Monsenhor Jonas Abib. Um homem ligado a nossa história que muito tem a nos ensinar, inspirar. Tenha uma leitura abençoada! Clamemos mais uma vez: Veni, Creator Spiritus! Vem, Espírito Santo!

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Amado (a) irmão(ã), a sua colaboração para a Renovação Carismática Católica do Brasil tem proporcionado a realização de muitos trabalhos missionários Brasil afora. O grande trabalho evangelizador é desenvolvido semanalmente em quase 20 mil Grupos de Oração. A sua doação fortalece o Grupo de Oração e ajuda a levar a experiência do Batismo no Espírito Santo a mais e mais pessoas. Obrigado! Caso você deseje colaborar com o Nossa Vida em Missão, entre em contato conosco. Ajude-nos também divulgando o projeto. (12) 3151-4155, (12) 98138-2000, cadastro@rccbrasil.org.br


Palavra da Presidente Revista Renovação . Mai/Jun 2017

Katia Roldi Zavaris

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova

RECEBAM OS DONS DO ESPÍRITO SANTO! Amados irmãos e irmãs em Cristo, Graça e paz neste Ano Jubilar! “Renova as Tuas maravilhas em nossos dias como em um novo Pentecostes”, foi a oração que o Papa São João XXIII dirigiu ao Espírito Santo na abertura do Concílio Vaticano II. Podemos dizer que essas maravilhas já estão acontecendo e nós somos testemunhas de várias delas. O Espírito Santo está soprando nos quatro cantos da Terra com uma força impetuosa, distribuindo os seus dons da mesma maneira que fez com os apóstolos em Jerusalém. O derramamento do Espírito Santo é a grande graça que Deus tem dado à Sua Igreja. Graça extraordinária que está disponível a todos. É pelo batismo no Espírito Santo que tudo começa a mudar em nossas vidas. Deus fala à Igreja, em II Coríntios 6, 1-2b: “Na qualidade de colaboradores seus, exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação”. Imaginem a graça de quem testemunhou a passagem de Jesus no meio da humanidade e pôde sentir a mais profunda e inexplicável conversão através Dele. Ao recebermos o Espírito Santo, Ele não somente nos leva a nos arrependermos, mas tem o poder de dar e renovar a vida, assim como perdoar os pecados quando existe o arrependimento, especialmente no sacramento da Penitência. O Espírito Santo não abandona aquele que, às vezes, faz a experiência do pecado, mas intervém com doçura para reerguer quem caiu e recolocá-lo no ca-

minho, solicitando arrependimento e lhe concedendo o perdão dos pecados. “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois vocês receberão do Pai o dom do Espírito Santo” (At 2, 37-38). Ainda hoje a Igreja pede que a graça da presença do Espírito Santo se renove no meio de nós, como podemos ver na oração de coleta no dia de Pentecostes: “Deus do universo que, no mistério do Pentecostes, santificais a Igreja dispersa entre todos os povos e nações, derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo, de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo”. Neste ano Jubilar da Renovação Carismática Católica no mundo, somos chamados a voltar ao Espírito Santo, invocando o dom da docilidade à Sua ação. Somos chamados a redescobrir a importância da vida no Espírito. Pois sendo ela autêntica será também fecunda, o que pode resultar em levar um maior número de pessoas a conhecerem cada vez melhor o mistério de Cristo e a darem testemunho Dele. O Senhor está nos convocando, mais do que nunca, a sermos dispensadores dos dons do Espírito Santo e, assim, sermos instrumentos eficazes para a salvação das almas. Invoquemos o Espírito Santo a todo instante! Veni, Creator Spiritus!

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ARREPENDEI-VOS Arrependei-vos, e cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo (Atos 2,38). Pedro ensina às pessoas que uma condição para a plenitude do Espírito Santo é o arrependimento profundo e sincero. Para detestar o pecado verdadeiramente é preciso, em primeiro lugar, um genuíno amor apaixonado por Deus.

A

promessa de Jesus para os Apóstolos, após sua ressurreição, era de que eles receberiam uma força, a do Espírito Santo, e seriam Suas testemunhas (cf. At. 1,8). Então eles, juntamente com Maria, a mãe de Jesus, perseveraram unânimes na oração, aguardando a realização da promessa. No dia de Pentecostes, tendo terminado o período de cinquenta dias entre a Páscoa e a Festa da Colheita, estavam todos reunidos no mesmo lugar, então ocorreu a realização da promessa, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, aparecendo línguas como de fogo que se repartiam e pousaram sobre cada um deles e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o mover do Espírito Santo (cf. At. 2,1-4).

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Pedro, então, de pé, junto com os onze, levantou a voz e proferiu a primeira pregação da Igreja nascente, mostrando que estavam vivendo ali a experiência do Batismo no Espírito Santo, que não se tratava de algo humano. Era o manifestar do Espírito Santo, conforme profetizado por Joel, Ezequiel, Isaías e orado nos Salmos,

prometido por Jesus Cristo e realizado de forma plena no dia de Pentecostes. O discurso de Pedro transpassou o coração dos ouvintes, que indagaram a Pedro e aos demais apóstolos: “Irmãos, que devemos fazer? ” (cf. At. 2, 37). Pedro, então, respondeu-lhes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados. Então, recebereis o dom do Espírito Santo” (At. 2,38). A condição apresentada aos ouvintes para receberem o Batismo no Espírito Santo era, e continua sendo, O ARREPENDIMENTO. Ecoa aqui a Palavra de João Batista: “Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2). Ecoa, também, aos nossos ouvidos a profecia proferida na Consulta Profética, em Belém na Palestina em 2013, e atualizada por Cyril John na sua pregação “Tremam diante da minha glória”, no ENF/2017: “Eu quero uma RCC santa! Eu quero que vocês se purifiquem porque vocês são o templo do Espírito Santo”. Concluiu seu


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pensamento com a seguinte exortação: “Vocês pensam que nós podemos experimentar a plenitude do Espírito Santo se nós nos permitirmos fazer essas coisas [imoralidades]? Hoje, o Senhor está pedindo para a RCC voltar para Ele, em pureza, em honestidade e santidade” (cf. texto extraído do site da RCCBRASIL). O que é voltar para Ele, o que é arrependimento? É a metanoia, mudança de sentimentos, é a renúncia ao pecado. O arrependimento vem normalmente acompanhado de uma conversão, pela qual o homem se volta para Deus e empreende uma vida nova. Arrependimento e conversão constituem a condição necessária para receber a salvação trazida pelo Reino de Deus. Arrependimento, contrição, quebrantamento, penitência são volveres do coração, como trata o profeta Joel no seu apelo “voltai a mim de todo vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto. Rasgai vossos corações...” (Jl 2,1213). Os Santos Padres, ao tratar do arrependimento, preferiam utilizar o termo “compunção do coração”. Diziam eles: “do mesmo modo que se cortam tumores com um ferro, para que possa vazar o carnicão: assim também se cortam os corações com o escalpelo da contrição, para que possam eliminar o veneno mortal do pecado”. (Catecismo Romano, Petrópolis RJ: Editora Vozes Limitada, 1962, 2ª Ed, p. 280). Os Padres do Concílio de Trento definem assim a contrição: “Contrição é uma dor na alma e uma detestação dos pecados cometidos, com o firme propósito de não tornar a pecar” (Idem, p. 278 e Catec. § 1451). Portanto, o arrependimento sincero envolve a dor e a detestação.

O arrepender-se é um ato de vontade, um ato pessoal que vem acompanhado de uma dor na alma. A dor do arrependimento, como ensina Santo Agostinho, “a dor é companheira da penitência, não a própria penitência”. (idem, p. 279). Detestar relaciona-se com repulsa, aversão, distanciamento.

difere do remorso que aprisiona. Importa distinguir que o arrependimento se dá por um amor profundo que invade a nossa vida pela graça de Deus. O sentimento de culpa ou remorso por uma ação, omissão, pensamento, sem arrependimento sincero, fere-nos, entristece-nos e leva-nos a um orgulho ferido, o Eu

O amor a Deus se antepõe à aversão ao pecado, portanto, para uma verdadeira detestação ao pecado, é preciso, em primeiro lugar, um verdadeiro amor apaixonado por Deus Detesta-se ofendê-lo porque O amamos sobre todas as coisas, de todo coração e de toda a alma. Um olhar para a Cruz que remete a querer estar perto do Amado e longe do pecado que o fere. O amor a Deus se antepõe à aversão ao pecado, portanto, para uma verdadeira detestação ao pecado, é preciso, em primeiro lugar, um verdadeiro amor apaixonado por Deus. É preciso que cada um examine o seu procedimento (Gl 6,4), sem medo, vergonha, justificativas, máscaras ou rodeios. Não é fácil, mas Deus nos dá a graça de olhar para o interior e enxergar nele as misérias, pecados, descobertas de impurezas; mas que belo é quando isso vem à luz e não está mais oculto aos nossos olhos. É motivo de louvor ao Espírito Santo que nos deixa ser iluminados pela graça de reparar no caminho percorrido, examiná-lo e identificar as verdadeiras intenções do coração e dizer ao Pai Amoroso: Eu me arrependo Senhor, quero voltar ao caminho! O arrependimento é libertador,

que está em foco e não Deus. O remorso pode levar-nos a desastres espirituais e carnais e até mesmo à desistência. Deus nos livre dos remorsos fundamentados na soberba e egoísmo para manter a autoimagem! Ao contrário da soberba, a humildade é a virtude que nos abre ao arrependimento e que precede a glória (cf. Pv 18,12). Somente um coração humilde alcança a sinceridade necessária para a contrição do coração e a abertura à verdade que liberta (Jo 8,32). O Pai amoroso é atraído a se inclinar até o filho envolto no húmus e se alegra ao limpá-lo e levantá-lo da queda. A liberdade e a alegria espiritual são frutos de um coração contrito e humilhado, abraçado e conduzido por Deus a uma nova vida, pois “seja qual for o grau a que chegamos o que importa é prosseguir decididamente” (Fl 3,16). Por Marizete Martins Nunes do Nascimento Coord. Nacional do Ministério e Oração por Cura e Libertação Grupo de Oração Vinde e Vede – Goiânia-GO

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ENTÃO RECEBEREIS O DOM DO ESPÍRITO SANTO A promessa do Espírito Santo é para todos. Para os primeiros cristãos, para os pioneiros da RCC, para sua diocese, para o seu Grupo de Oração, é para você! É necessário ter o desejo profundo e ardente de recebê-lo.

O

desejo de receber o Espírito Santo é próprio daqueles que o conhecem e querem reavivar a chama preciosa do dom em si, ou daqueles que já ouviram falar Dele e desejam obter para si essa graça constante. No entanto, é certo que o próprio desejo de recebê-Lo vem Dele mesmo. “Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós” (2Timóteo 1, 14). Quando olhamos para os apóstolos, vemos que receberam uma ordem do Senhor para “que não se afastassem daquele lugar”, visto que o Espírito que daria a força seria enviado sobre eles. Ouviram o Senhor, obedeceram a sua ordem e mantiveram a sua fé com expectativa de que a promessa Dele fosse cumprida. A palavra do Senhor deu-lhes a coragem e a esperança necessária para aguardar. Se Jesus disse, eu espero e quero. Na experiência vivida por eles, a palavra de Deus narra que naquele lugar estavam cerca de 120 pessoas (At 1,15). E também que Maria, a mãe de Jesus, estava com eles. Maria está conosco, hoje, também.

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O Senhor Jesus também diz a todos que é necessário Ele ir, para que o Espírito Santo possa vir, para que o

outro paráclito, o Espírito da verdade, venha e nos ensine tudo o que Ele tem dito. O que o Senhor tem dito a você? A nós também é necessário ouvir, obedecer e esperar o Senhor. No dia de Pentecostes, eles receberam a promessa e começaram a vivê-la a cada instante. Os seus atos, os seus pensamentos e suas palavras são um testemunho da cotidiana presença do Espírito Santo em suas vidas. Uma promessa que precisa ser vivida. Para nós, a confirmação do recebimento da promessa pode ser a cada dia. Viver Pentecostes em cada dia. Pentecostes era uma festa judaica em que se celebravam as colheitas, oferecendo as primícias dos frutos da terra à casa de Deus (Ex 23,14) e também a renovação da Aliança (cf. 2 Cr. 15, 10-13): “Foi com toda a sua boa vontade que procuraram a Iahweh. Por isso ele se deixou encontrar por eles”. Em Pentecostes, o Senhor deixou-se encontrar por aqueles que o buscavam, porque a partir do derramamento do Espírito Santo o próprio Senhor veio habitar em nossos corações. A promessa de um coração de carne no lugar do cora-


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ção de pedra é finalmente cumprida (Ezequiel 37). Vendo o testemunho do que havia acontecido com os discípulos no Cenáculo, os homens que estavam em Jerusalém, por ocasião da festa das colheitas, sentiram o coração arder ao ouvir a pregação de Pedro. “Que devemos fazer, irmãos? (Atos 2, 38). A pergunta deles é também a nossa: Que devemos fazer para receber o dom do Espírito Santo? Na pergunta já está indicado o caminho. A primeira coisa é o desejo ardente de recebê-lo. Profundo e inquietante desejo de receber o Espírito Santo. Sempre é bom lembrar que o Espírito Santo não é para os acomodados. Ele vem tirar o nosso coração de pedra e levar-nos a uma verdadeira conversão. Tirar-nos de nossos túmulos e dar-nos vida nova (cf. Ezequiel 37, 14). O segundo passo é um profundo arrependimento. É preciso querer esta mudança de vida, é preciso romper com a vida de pecado.

O Espírito Santo não é para os acomodados. Ele vem tirar o nosso coração de pedra e levarnos a uma verdadeira conversão Nas origens da RCC, vemos um grupo de estudantes e seus professores com sede de Deus, com desejo de conhecer e experienciar a vida com o Espírito Santo. Vivê-lo a cada instante. Quando eles se colocaram à dis-

posição, o Espírito Santo derramou-se sobre eles, atualizando o acontecimento de Pentecostes. Essa graça transformou suas vidas, deu-lhes alegria, paz interior, desejo de ler as escrituras, de participar da Santa Missa, aumento no amor à Eucaristia. A descrição do que aconteceu com eles repete em tudo o que se fala nas escrituras acerca dos primeiros cristãos: “perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações” (Atos 2,42). O derramamento do Espírito Santo no coração daqueles estudantes mudou não somente o modo pessoal de cada um viver o Evangelho, mas mudou a história da Igreja. A experiência do Batismo do Espírito Santo alastrou-se como um fogo queimando a erva seca. Em pouco tempo, eram mais de 1 milhão de pessoas vivendo a experiência de Pentecostes. Hoje são muitos milhões ao redor do mundo. “O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus”. A partir do derramamento do Espírito Santo, fazemos esta experiência de sentir-nos amados por Deus. Ele mesmo quis habitar em nossos corações: “Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou” (1Cor, 2,12). A presença do Espírito Santo, o dom em Si, deixa em nossas vidas um sinal bastante característico e visível. Esse sinal se chama: TRANSFORMAÇÃO. Mesmo os que já viveram a experiência de saborear esse dom, diariamente experimentam a transformação que nos aproxima do Senhor. Sempre temos algo a melhorar, um pensamento a ser trans-

formado, atitudes a serem revistas, a fé a ser reforçada, o ânimo a ser retomado, o entusiasmo a ser visto em nossos afazeres e, por fim, o grande desejo de ganhar o céu.

A presença do Espírito Santo, o dom em Si, deixa em nossas vidas um sinal bastante característico e visível. Esse sinal se chama: TRANSFORMAÇÃO Hoje, queridos irmãos, convido-os a pedir novamente a realização, conforme a promessa feita pelo Senhor. Convido-os a ouvir a Sua voz e colocar em prática: “E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis: batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá.....Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc 11, 9-10.13). A promessa do Espírito Santo foi para os primeiros discípulos e para os participantes do retiro de Duquesne, mas se atualiza nos nossos dias. A promessa do Espírito Santo é para ti, para tua família, para o teu Grupo de Oração. Basta ter o desejo de ser repleto pelo fogo do Amor de Deus, ter o desejo de romper com a vida de pecado e pedir: Vem Espírito Santo, vem como em Pentecostes! Por Paulo Mecabô Presidente do Conselho Estadual da RCC do Rio Grande do Sul Grupo de Oração São Luiz Gonzaga Novo Hamburgo-RS

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FÁTIMA:

UM APELO DO CORAÇÃO DE DEUS Nossa Senhora, em suas aparições na Cova da Iria, nos recordou (e recorda) eternas verdades que o próprio Jesus nos ensinou. Fátima e a RCC têm uma grande tarefa de lembrar ao mundo que somos dependentes de Deus, e que por meio da oração estaremos em comunhão com Ele.

P

ara nós, carismáticos, 2017 é um ano especial por muitos motivos: celebramos nosso Jubileu de Ouro! Como brasileiros, celebramos os 300 anos do encontro da imagem de nossa Padroeira nas águas do rio Paraíba. Além disso, comemoramos os 100 anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima. Esse evento profético, que acompanhou a história da Igreja e do mundo ao longo de todo o século XX, possui um significado particular. Segundo a irmã Lúcia, a vidente falecida em 2005, após cumprir a missão de espalhar a devoção ao Imaculado Coração de Maria, a mensagem de Fátima nada mais é do que uma recordação das verdades eternas da Sagrada Escritura para o mundo atual. Sendo assim, os acontecimentos de Fátima se inserem na torrente de graças que inundou o “século do Espírito Santo” e que o transformou em um novo Pentecostes para toda a Igreja.

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Se recordarmos a pregação de Pedro no dia de Pentecostes, compreenderemos melhor os maravilhosos planos de Deus para o nosso tempo, que incluem as aparições de Fátima, o surgimento da Renovação Carismática na Igreja Católica e tantas outras intervenções po-

derosas do Céu. Em At 2, 37-41, Lucas nos diz que, após a pregação de Pedro, a multidão que o escutara, compungida em seu coração, perguntou, a ele e aos demais apóstolos: “Irmãos, que devemos fazer?”. Que maravilhosa pergunta ao final de uma pregação! Os espectadores de Pentecostes não se contentaram em comentar o quanto havia sido ungida ou bela aquela palavra. Não! A proclamação do Evangelho os fez estremecer por dentro e desejar participar de tudo aquilo que viam e ouviam. Era preciso, portanto, que algo mudasse em suas vidas. A resposta de Pedro foi igualmente maravilhosa. Veja: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus”. Segundo o Apóstolo, daquele dia em diante, o dom do Espírito Santo seria presenteado a todos os que ouvissem o “apelo do Senhor”. Um apelo é um chamado urgente, uma convocação. Deus, nosso Pai, com seu coração angustiado diante de tantos filhos e filhas perdidos, desde o dia de Pentecostes clama aos nossos corações


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uma palavra de arrependimento e de retorno para Ele. Aos que lhe dão ouvidos, Ele concede o Seu Espírito Santo, espírito de graça e de súplica (Zc 12, 10), capaz de gerar uma vida nova segundo o Seu coração. A mensagem de Fátima é um eco desse apelo do Pai. Nossa Senhora, perfeita evangelizadora, veio chamar o mundo para o arrependimento e a santidade de vida. Recordemos algumas de suas mensagens:

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Em seu primeiro encontro com os Pastorinhos (no dia 13 de maio), Nossa Mãe lhes fez uma desafiadora pergunta, respondida com um generoso “sim” pelas crianças: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”. O desejo de Deus é que nossas vidas se transformem em vidas ofertadas, consagradas a Ele. Como não lembrar das palavras de Paulo: “Sim, Ele morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressurgiu” (2Cor 5, 15)? Uma vida doada, separada (santificada) para o Senhor, deve expressar-se em adoração (reparação) e intercessão. O pedido de Deus, pelos lábios de Maria Santíssima, é que as crianças ofereçam tudo como gesto de amor por aqueles que não amam. Segundo a própria irmã Lúcia esclareceu um dia, os sofrimentos que podemos oferecer não são coisas extraordinárias que nós mesmos buscamos, mas as contrariedades que nos são infligidas quando lutarmos para ser fiéis ao chamado de Deus para nós. Quando essas dores, tantas vezes sofridas apenas no silêncio da alma, são abraçadas com

amor generoso, transformam-se em grandes bênçãos. Assim como o Evangelho, a mensagem de Fátima nos ensina que a cruz faz parte do caminho para Deus. Quando a abraçamos, desejando dar nosso “sim” a Ele, ela se torna porta aberta para o encontro com o Senhor. Como nos recorda o Evangelho, a unção do Espírito está entranhada na cruz, de modo que só aqueles que a abraçam são encharcados por ela. O Espírito é nosso Santificador, e realiza sua missão usando como instrumento privilegiado a cruz de cada dia transformada em oferta de amor a Deus. Hoje, nós, carismáticos, também deveríamos nos sentir interpelados por esse apelo de Deus através de Maria Santíssima: “Você quer se oferecer a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser lhe enviar, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores? Você deseja aprender a transformar sua cruz de cada dia em instrumento de adoração e intercessão, não vivendo mais para você mesmo, mas para Cristo? Você deseja extrair da cruz toda a unção do Espírito que está disponível para aqueles que desejam testemunhar Jesus em suas vidas?” Àqueles que respondem generosamente a esse apelo, o Senhor concede em abundância o Seu Espírito Santo.

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Nossa Senhora foi para os Pastorinhos mestra na vida de oração. Animando-os a rezar o terço, ela lhes garantiu que poderiam, através dele, colocar fim até mesmo nas guerras. Simplicidade e inteira confiança no poder de Deus: esse foi o caminho de oração das crianças. São João Paulo II dizia que o “primado da oração” deve caracterizar o homem e a Igreja do nos-

so tempo. Corremos o risco de ser arrastados pelo ativismo e pela ansiedade. Nossa Senhora, em Fátima, nos recorda que os destinos do mundo são regidos pelo silencioso poder da intercessão. Será que temos sido pessoas que vivem o “primado da oração”? Fátima e a Renovação Carismática têm uma grande tarefa em comum: lembrar ao nosso mundo, tão agitado e autossuficiente, que somos dependentes de Deus e que nossa maior fonte de recursos é nossa comunhão com Ele, pela oração.

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Todos recordamos, com imensa alegria, a promessa derradeira de Nossa Senhora à irmã Lúcia: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”. Ao comentar a mensagem de Fátima, o então cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI) afirmou que essa promessa significa que “este Coração aberto para Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer espécie. O “sim” de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador”. O Coração Imaculado é o coração preenchido inteiramente pelo Espírito de Deus e por sua Santa Vontade. Se nos deixarmos moldar igualmente pelo Espírito do Senhor, tornando-nos inteiramente “sim” à sua vontade, faremos parte do triunfo do Imaculado Coração de Maria, que prepara o retorno glorioso de Jesus! Aleluia! Para isso fomos chamados, para isso somos Renovação Carismática Católica. Vem, Senhor Jesus!

Por Pe. Antônio José Assessor Eclesiástico da RCC no Rio de Janeiro Membro da Comunidade Bom Pastor

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AMANDO COMO JESUS AMOU Somos reconhecidos pela nossa espiritualidade, pelo poder do Espírito que age na RCC e por meio dela na vida de tantas pessoas. E o nosso amor pelos irmãos e irmãs, como está? Jesus não revelou seu amor apenas por palavras, mas por ações concretas. E você?

U

ma das passagens bíblicas que mais impactam minha vida é esta da Carta do Apóstolo São Tiago: “Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? Acaso a fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã não tiverem o que vestir e lhes faltar o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhes disser: ‘Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos’, e não lhes der o necessário para a sua manutenção, que proveito haverá nisso? Assim também a fé, se não tiver obras, está completamente morta” (Tg 2, 14-17).

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Provavelmente, todos nós que estamos lendo este trecho podemos dizer que temos fé, que cremos em Deus. No entanto, Tiago nos lança um desafio muito claro: se realmente cremos em Deus, ajudaremos a nossos irmãos (as) em suas necessidades, tanto espirituais quanto corporais. Chamamo-nos cristãos não somente porque cremos que Jesus é Deus. O mundo nos ouve dizer demais que cremos em Deus, mas o que necessita o mundo atual é de cristãos que amem, perdoem, falem e vivam como

Jesus. Ele não somente revelou a sua divindade através de suas palavras, senão que ainda mais através de suas ações. João Duns Escoto, o grande teólogo franciscano, afirmou que Jesus veio ao mundo principalmente para nos mostrar o quanto Deus nos ama. Esse amor, Cristo o mostrou de maneira especial com ações concretas, cuidando dos mais necessitados. Em alguns lugares, identificam as pessoas que se consideram parte da Renovação Carismática Católica como homens e mulheres muito espirituais, que oram com o poder do Espírito Santo, que evangelizam com a força do amor de Deus, mas que infelizmente não estão envolvidos em obras sociais a favor dos mais necessitados. Nesse aspecto, houve um dia que mudou minha vida, faz alguns anos: eu pensava ser muito bom e passava meus dias ocupado, estudando para um mestrado em Teologia, trabalhando em uma empresa católica que construía casas para pessoas pobres e servindo na Renovação Carismática. Em uma noite fui a um restaurante e, quando estava no estacionamento, uma senhora de rua (sem lar) me dis-


Espiritualidade Revista Renovação . Mai/Jun 2017

se: “Senhor, pode me dar algo?”. Eu, pensando que era muito santo, lhe dei uns dólares e lhe disse: “Deus lhe abençoe”. Mas ela me disse: “Senhor, pode me dar um abraço?”. Pela graça de Deus, estivemos abraçados uns segundos naquele estacionamento. Ela não só precisava de dinheiro ou que a abençoassem, mas precisava de amor. Precisava sentir a proximidade de um ser humano. Tenho fé de que nesse momento Deus fez algo na sua vida, e também que me mudou por completo. Porque de que me adianta saber muito de Deus, entregar meu tempo livre para servir na Igreja, se não tenho tempo para ver as necessidades dos demais e dar resposta a elas com ações concretas? Devemos ser homens e mulheres de profunda vida de oração, mas essa intimidade com Jesus deve nos impulsionar a reconhecê-lo também nos mais necessitados. Como o próprio Jesus nos disse: “Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40). O Papa Francisco, na Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho, nos lembra que um dos elementos fundamentais da evangelização se realiza através das obras sociais, mas muitos de nós esquecemos que o que o Papa deseja que experimentemos quando cuidamos dos mais necessitados não é tanto que os evangelizemos, senão que “nos deixemos evangelizar por eles” (EG 198), ou seja, que tenhamos um encontro pessoal com Jesus em cada um deles. O verdadeiro cristão não é aquele que pensa: “que obra de caridade vou fazer hoje?”; mas aquele que cada dia, devido ao fato de ser guiado pelo Espírito Santo, ama como Jesus

ama. Por isso, sem planejar, está fazendo obras de amor, visto que isso é o que faz um fiel cristão. Termino com um testemunho que exemplifica isto de modo pleno. No ano passado, em uma viagem de missão que realizei ao Egito, com uns bispos dos Estados Unidos, visitamos um dos lares de idosos das Irmãs Missionárias da Caridade (Congregação fundada por Santa Teresa de Calcutá). Este lugar tem uma capela linda onde se sente profundamente a presença de Deus. Elas nos comentaram que a maioria das irmãs se encontrava na “cidade da morte” (um cemitério no Cairo, no qual se estima haja milhões de pessoas. Vivem nos sepulcros de alguma

mos igual a Jesus. Ele nos disse que reconhecerão que somos seus discípulos se nos amamos uns aos outros (Jo 13, 35). Mais ainda, na famosa passagem bíblica do Evangelho Segundo São Mateus, vemos que amar implica obras concretas de caridade: “Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes (...) ‘Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes’ “

Um verdadeiro carismático não é só aquele que tem carismas e os usa, vai muito além disso pessoa que sequer conheceram). As irmãs visitam cada dia esse lugar para cuidar das crianças enquanto seus pais vão às ruas pedir esmola ou saem em busca de algum trabalho para trazer sustento a sua família. Que grande exemplo de cristianismo! Essas irmãs estão amando como Jesus ama. Elas não se levantam a cada manhã pensando na obra de caridade vão fazer, ao contrário, depois de orar cada manhã por várias horas na capela, simplesmente saem a viver seu dia igual a Jesus: amando aos mais necessitados e marginalizados. Um verdadeiro carismático não é só aquele que tem carismas e os usa, vai muito além disso, sendo aquele que a cada instante de sua vida se deixa guiar pelo Espírito Santo. Alguns teólogos definiram o Espírito Santo como o amor entre o Pai e Jesus. Portanto, se nós somos cheios desse amor, isso implica que amare-

(Mt 25, 34-40). Continuemos cada dia clamando por um derramamento novo do Espírito Santo, usemos os carismas que Ele nos presenteia para evangelizar, deixemos que Ele nos conduza pelo caminho da santidade, mas sobretudo, deixemos que esse amor se manifeste em nossas vidas através de obras concretas de amor, para que, assim, muitas pessoas mais possam crer em um Deus que está preocupado com eles, que os ama. Que mais ainda nós possamos a cada dia ter um encontro pessoal amoroso com Jesus, não só na oração, senão também com os pequeninos e necessitados que encontramos no nosso viver diário.

Por Andrés Arango RCC Estados Unidos Vice-presidente CONCCLAT Conselheiro ICCRS Tradução: Ruan Aramis Pinto

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Especial Revista Renovação . Mai/Jun 2017

VOLTAMOS A DUQUESNE 50 ANOS DEPOIS Entre os dias 17 e 19 de fevereiro de 1967, um grupo de universitários da Universidade de Duquesne se reunia para um retiro espiritual que ficou mundialmente conhecido como “o fim de semana de Duquesne”. Reunidos e impulsionados na busca de uma experiência profunda com a pessoa do Espírito Santo, receberam um poderoso derramamento do Espírito Santo sobre suas vidas. Esse é conhecido como o marco do início da RCC no mundo. Cinquenta anos mais tarde, alguns daqueles universitários e lideranças mundiais se encontraram no mesmo local para oração e partilha.

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o retiro ocorrido em fevereiro de 1967, um grupo de estudantes da Universidade de Duquesne (Pittsburgh, Pensylvania, EUA) se reuniu para oração, partilha e vivência fraterna. O tema do retiro tinha sido sobre “O Espírito Santo” e foi sugerido que os estudantes lessem os quatro primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos, além de outros livros. O “Fim de Semana de Duquesne” ficou conhecido em todo o mundo como o grande derramamento do Espírito Santo na Igreja, início de uma corrente que abraçaria toda a humanidade, como uma imensa corrente de graça, como lembrou o Papa Francisco.

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Cinquenta anos depois, exatamente nos dias 15 a

19 de fevereiro de 2017, na mesma Casa de Retiro, denominada “A Arca e a Pomba” (The Ark and The Dove), parte daqueles estudantes e líderes católicos de diversos países retornaram a esse lugar histórico e profético para ouvir a Deus sobre o direcionamento para os próximos anos e fazer memória da graça derramada até os dias atuais, renovando, assim, as significativas experiências vividas nesses 50 anos. No encontro, Walter Matthews (membro da RCC EUA) fez uma pregação em que falou sobre os frutos da Renovação nesses 50 anos e sobre a necessidade de propagar, em nossos dias, a Cultura de Pentecostes,


Especial Revista Renovação . Mai/Jun 2017

obedientes às palavras dos últimos Papas. Michelle Moran (presidente do ICCRS - Serviço para a Renovação Carismática Católica Internacional) refletiu sobre a graça do Jubileu de Ouro, não apenas como um período de festa, mas também como tempo de silêncio para a escuta. Evidenciou a importância de silenciarmos para ouvir o Espírito Santo e orientações para os tempos que se seguirão a partir do Jubileu. Ela exortou as lideranças a prepararem-se para um novo tempo de visitação, para a visita de Deus através do Seu Espírito. Michelle Moran falou sobre a missão da RCC em diluir o Batismo do Espírito Santo para outros milhões de pessoas nestes próximos anos do Movimento, permitindo que esta corrente flua. Ela encorajou os participantes a viverem as surpresas do Espírito Santo, e fez um pedido sobre ecumenismo espiritual: “Que a Corrente de Graça seja também Corrente Ecumênica”, exortou. Na capela da Casa de Retiro, Patti Gallagher Mansfield (uma das universitárias presentes no retiro em 1967 e hoje uma das líderes da Renovação Carismática Católica) deu um rápido testemunho pessoal sobre sua vida e missão. Ela conduziu um profundo momento de oração e incentivou os presentes a pedirem mais unção durante a oração de batismo no Espírito Santo. Esse era justamente o lugar, o dia e a hora do aniversário de 50 anos da RCC. Meio século depois, o mesmo Espírito repetia a graça, de uma maneira totalmente nova, atualizada e transformadora. Um dos momentos emocionantes vividos durante o encontro

foi a entronização da Cruz da Renovação Carismática Católica, colocada na entrada da Casa de Retiro “A Arca e a Pomba”, significando e declarando Jesus como o Senhor do Movimento. Pe. Eduardo Braga (Dudu), vice-postulador do processo de canonização da beata Elena Guerra e membro do Ministério Cristo Sacerdote, participou do evento e partilhou com a Revista Renovação algumas das principais moções proferidas no Retiro da RCC, em Duquesne (2017): Jubileu como Tempo de Escuta

O Espírito quer nos falar coisas novas. Fizemos muito até hoje; mas, também, deixamos de fazer outras coisas. Precisamos obedecer aos planos de Deus. A RCC precisa de escuta profética! Além da celebração de uma festa jubilar, o Jubileu é tempo de silêncio para a escuta. O Ministério da Reconciliação

Retornar e avançar na unidade do Corpo de Cristo. Trabalhar com empenho e maturidade pelo ecumenismo, sobretudo o ecumenismo espiritual. Quando experimentarmos esta unidade, receberemos os tesouros do Alto. Profecias: “É necessário avançar no Ecumenismo para recebermos o que Ele tem para nos dar”, “O Corpo do Meu Filho está partido (...)”. Todos recordaram o encontro ecumênico de Kansas no início da RCC. Preparar-se para um tempo novo de visitação

Com a celebração dos 50 anos, abre-se diante de nós um novo tempo que está marcado pela visita de Deus. Precisamos acolher esta nova

visita, por meio do Seu Espírito! É um tempo de deixar as coisas velhas para trás. Foi falado sobre “bagagens carismáticas”, “malas carismática”, “pesos carismáticos” que não podemos mais carregar. Precisamos viver “leves”, na liberdade do Espírito neste novo tempo! Permitir que esta corrente flua

Não se fechar às surpresas do Espírito Santo! Esta Corrente de Graça não é apenas para carismáticos. Não tenhamos uma visão pequena, vamos pensar alto, olhar mais longe, sonhar o que nunca imaginamos! Vamos permitir que esta corrente de graça seja diluída. Recordemos o que o Papa Francisco disse à RCC em 2015: “O rio deve perder-se no oceano; se parar se corrompe”. A Renovação da Igreja pela Nova Evangelização

Sermos instrumentos de Deus para renovar a nossa Igreja. Acredito que esta direção está ligada diretamente à Nova Evangelização pedida pela Igreja. Estarmos preparados para sair! Temos a graça do Novo Pentecostes justamente para a Nova Evangelização. A missionariedade do Papa Francisco precisa ser nosso exemplo. O desejo dele que o encontro conosco (na celebração do Jubileu em Roma) fosse no Circo Máximo e não na Praça de São Pedro já é profecia! Para o Papa, a graça da Renovação não pode estar confinada. A Casa de Retiro “A Casa e a Pomba” está aberta a visitações e mais informações podem ser encontradas no site: www.thearkandthedoveworldwide.org.

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Especial Revista Renovação . Mai/Jun 2017

É O ESPÍRITO SANTO QUEM NOS CONDUZ Mons. Jonas Abib, um dos pioneiros da RCC no Brasil, nos conta como se transformou em um novo homem, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo. Ele fala sobre esse grande acontecimento do século XX e do atual chamado Renovação Carismática Católica, destacando a graça do Espírito que renovou toda a Igreja.

T

ive a graça do Batismo no Espírito Santo no dia 2 de novembro de 1971. Quando isso ocorreu, eu estava muito desgostoso, ressentido, magoado. E a decepção é cáustica, eu sentia o mal da corrosão dentro de mim. Como digo sempre, corria até mesmo o risco de perder meu ministério. Mas no dia seguinte a essa efusão do Espírito, eu era outra pessoa. E aí está o impressionante, pois ninguém fez nada para isso.

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Meu Deus do céu, para onde é que tinham ido aquele ressentimento, mágoa, revolta, para onde tinha ido tudo aquilo? Eu era outro homem. Antes eu já não rezava mais, tenho até vergonha de dizer isso. É uma vergonha

para qualquer padre, e vivi isso por cerca de um ano. Então, tive a inspiração de rezar o “Vinde Espírito Santo” ao final do dia. Posso dizer que havia dias que rezava a missa de manhã cedo e esta oração apenas. E de repente, na manhã seguinte, eu era outro. Agora rezava, e mais, tinha gosto pela oração. Celebrava a missa com uma disposição diferente. Pois, logo em seguida, obtive a graça da cura interior. E tanta coisa Deus foi curando. Ele não parou, veio curando cada vez mais. A primeira vez que oraram pela minha cura interior, eu chorei como se fosse desmoronar.


Especial Revista Renovação . Mai/Jun 2017

A grande graça é que eu me deixei transformar, me possuir pelo Batismo no Espírito Santo, pelos dons, que não nos fazem um “super homem”, mas nos fazem perceber a necessidade dos irmãos, e ver que o único jeito de socorrê-los é pelo toque de Deus, do poder do Espírito Santo, levando à conversão, à transformação que eu não consigo fazer, que ninguém consegue, mas Deus consegue.

eu era o “patinho feio” no meio dos meus irmãos padres, salesianos, no meio religioso. Eu era visto assim

Então, podemos ser instrumento de Deus naquela hora através de um dom do Espírito Santo, com uma palavra de sabedoria, de ciência, de cura interior, física, ou discernimento. Numa pessoa curada interiormente, tudo vai mudando, tanto o interior quanto o exterior, daí muda a aparência, a fisionomia e o olhar.

como alguém muito diferente, esquisito, por vir com “essas coisas” de oração em línguas, batismo e dons no Espírito Santo e curas.

Eu tenho dado suor, lágrima, sangue e vida porque acredito na Renovação, acredito que ela é necessária para a Igreja

Depois fui compreender que eu estava seguindo os passos do meu pai Dom Bosco que foi o maior carismático do século XIX. Ele usou todos os dons, desde os menores até os

Eu levei a sério a Renovação Carismática Católica. Para mim ela é o acontecimento do século XX e do atual Eu levei a sério a Renovação Carismática Católica. Para mim ela é o acontecimento do século XX e do atual. O derramamento do Espírito Santo que aconteceu a partir do ano de 1967 na Igreja é um acontecimento tão grande como os grandes Concílios, como as grandes transformações pelas quais a Igreja passou. Há 50 anos, o Senhor derramou o Seu Espírito sobre a Igreja, um novo Pentecostes na Igreja Católica. Foi um pedido do Papa Leão XIII, e passou um longo tempo, mas Deus atendeu. No dia 15 de fevereiro de 1967, o Espírito foi derramado de maneira maravilhosa sobre a Igreja e sobre o mundo. Eu tive coragem de correr o risco. Muita gente recuou. Em 1971,

Olhando para o Brasil, a situação do país, da sua juventude, a política, a violência que o país pas-

grandes dons, como ressuscitar um menino, multiplicar pães, avelãs. Dom Bosco até mesmo bilocou-se, e sempre pelo bem das almas, pela salvação dos seus meninos, rapazes, e tudo isso é documentado. Deus me abençoou com os pequenos dons do Espírito Santo. Eu não estava sendo usado pelos grandes dons como meu pai Dom Bosco. Eu digo francamente, nunca tive nada disso. Mas recebi toda uma rejeição. Eu tenho dado suor, lágrima, sangue e vida porque acredito na Renovação, acredito que ela é necessária para a Igreja. Nós não somos os renovadores da Igreja, mas o Espírito Santo está renovando a Sua Igreja e já renovou muito.

sa vejo que precisamos ser, mais do que nunca, Igreja, ser carismáticos. Como eu digo muitas vezes, sou como um menino andando sobre uma corda bamba, como Pedro, andando sobre as águas. Onde a gente não projeta nada, mas confia, não faz planos e segue, onde a gente, confiando em Deus, deixa Ele conduzir. É um risco? Sim, e em geral as pessoas não querem correr esse risco, mas eu tive a graça, e estamos ajudando muitas pessoas a entrar realmente na vivência do que é o Evangelho, de se deixar conduzir por Deus. E nós queremos que nessa comemoração novamente o Espírito se derrame como uma cachoeira de água sobre o Brasil, sobre as Américas e sobre o mundo que precisa tanto. Que um novo Pentecostes venha acontecer. Esse também é um pedido do Papa Francisco: que o novo Pentecostes aconteça quando comemoramos 50 anos, o jubileu da Renovação Carismática Católica no mundo. Deus abençoe-nos e nos traga um grande derramamento do Espírito Santo!

Por Monsenhor Jonas Abib Fundador da Comunidade Canção Nova

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Institucional Grupo de Oração Revista Renovação . Mai/Jun 2017

EXPERIÊNCIA DE ORAÇÃO: UM ENCONTRO COM DEUS Muitas pessoas têm suas vidas transformadas nesse encontro, que é fundamental para o fortalecimento da vida no Movimento. Um encontro pessoal com Deus revelado em todos os momentos. O que é e como aplicar a Experiência de Oração?

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A Renovação Carismática Católica é chamada a ser rosto e memória da Pentecostes a partir do Batismo no Espírito Santo (BES). Aquele que se deixa ser conduzido pelo Espírito inicia um processo de conversão e de vida nova. Nossos Grupos de Oração são este espaço privilegiado onde vivemos essa graça através do encontro semanal com nosso Deus de amor e de Seu Filho Jesus Cristo por meio do Espírito Santo. Participantes dos Grupos de Oração ou aqueles que são atraídos pelo Senhor para a Igreja têm essa oportunidade de iniciar uma caminhada de evangelização através do processo querigmático.

no artigo da Revista Renovação da edição passada, a Renovação Carismática Católica no Brasil se baseia num processo formativo permanente que compreende três etapas. O primeiro módulo querigmático é formado pelo Seminário de Vida no Espírito Santo (abordado na edição anterior), Experiência de Oração e Aprofundamento de Dons, que deverá ser complementado com Seminário sobre Batismo no Espírito Santo (uma transição para a próxima fase). Dizemos que este módulo inicial tem por objetivo o primeiro anúncio, o querigma, pelo encontro pessoal com o Senhor e com a obra do Espírito Santo em nossas vidas.

Recordando a descrição feita por Leandro Rabello

Após esse processo inicial, que podemos e devemos


GrupoInstitucional de Oração Revista Renovação . Mai/Jun 2017

fazer outras vezes ao longo de nossa caminhada, passamos para o Módulo Básico de Formação, que no início era chamado de Escola Paulo Apóstolo. Após esse módulo, passamos para as formações específicas dos ministérios e as formações para coordenadores.

prezar as multiformes graças de Deus (1Pd 4,10); evitando, assim, o chamado “turismo carismático”, como acontece de alguns participantes ficarem entrando e saindo do encontro por diversos motivos. Cada parte do retiro tem sua finalidade, assim quem perde uma parte deixa de experimentar a plenitude da graça.

Como se aplica a Experiência de Oração ?

A Experiência de Oração deve ser organizada pela equipe de serviço da Renovação Carismática Diocesana ou pela equipe local que esteja em unidade com a diocese. Esta equipe contará com um (a) Coordenador (a) Geral que convocará os servos “ministeriados” para as equipes de: acolhida e pastoreio dos cenáculos, intercessão, arrumação/ambiente, pregação, tesouraria, música e liturgia (para os que tiverem missa). Todos os servos dessas equipes devem ser pessoas assíduas e que sirvam em seus Grupos de Oração, sendo convocadas previamente para uma reunião de preparação para o encontro, com forte momento de oração e de batismo no Espírito Santo, exercício dos carismas, escuta de Deus e discernimento de como Ele quer agir.

Dentro do processo formativo, ainda no módulo querigmático, assim como o Seminário de Vida no Espírito Santo, o coordenador do Grupo de Oração é quem convida e encaminha os participantes do Grupo para a Experiência de Oração. Recomenda-se que primeiro seja feito a Experiência de Oração, contudo, a inversão pode acontecer se um Seminário for iniciado antes nessa região, cidade ou paróquia. Essa inversão vale apenas nesse primeiro momento do processo formativo. De acordo com a realidade e organização formativa de cada diocese, a Experiência pode ser aplicada em nível de diocese, cidade, vicariato, forania, região, setor, decanato, etc. O ideal é que, assim como o Seminário, a mesma seja aplicada por Paróquia, ou agrupando paróquias vizinhas, para que fique o mais perto possível de onde as ovelhas do Senhor fizeram o Seminário. A Experiência de Oração é um encontro pessoal com Deus que irá se revelar em todos os momentos: pregação, oração, louvor, música, escuta, dinâmicas, partilhas, etc. Não tem por objetivo ser um curso de ensino teológico ou doutrinal, embora os conteúdos dentro dos temas abordados estejam de pleno acordo e pautados numa fundamentação teológica católica, nas Sagradas Escrituras e no Magistério da Igreja. A dinâmica da Experiência é em forma de retiro ou encontro de fim de semana. Desde o começo da Renovação Carismática Católica, em diversas partes do mundo, ela se dava na forma de retiros “fechados”, ou seja, as pessoas geralmente entravam numa casa de retiros na sexta à noite, somente saindo no domingo à tarde. Ao longo dos anos, devido às várias realidades e/ou dificuldades em se conseguir lugares para tais retiros, infelizmente foi-se adaptando e adequando para encontros abertos (salões paroquiais, colégios, etc.), ou seja, sábado e domingo, tendo que participar integralmente nos dois dias, mas retornando para casa para dormir. Devemos deixar claro aos participantes que todos os momentos da Experiência são importantes, imprescindíveis e que há um encadeamento, não devemos des-

Os temas pregados de forma querigmática, como narra o livro dos Atos dos Apóstolos, são: 1. O Amor de Deus 2. O Pecado 3. A Salvação 4. Fé e Conversão 5. O Senhorio de Jesus 6. Batismo no Espírito Santo 7. Vida Nova 8. Nossa Senhora de Pentecostes Os temas deverão ser acompanhados de profundas orações relacionadas com os assuntos pregados de forma simples e objetiva. Concluímos dizendo que a Experiência de Oração foi o primeiro encontro que vem acontecendo desde o início da RCC e que muitos, desde então, têm tido suas vidas transformadas a partir desta experiência de um Pentecostes pessoal.

Por Vicente Gomes de Souza Neto Coordenador da Comissão Nacional de Formação da RCCBRASIL Grupo de Oração ICTUS – RJ

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Notícias Revista Renovação . Mai/Jun 2017

SETE ANOS LEVANDO FORMAÇÃO A TODOS OS LUGARES É a RCCBRASIL conquistando lugares e formando um povo bem disposto para a missão de propagar o Espírito Santo. O Instituto de Educação a Distância da Renovação Carismática Católica do Brasil (IEAD) completou em 2017 seus sete anos de trabalho. São mais de 13 mil alunos formados em nossa grade de cursos online, que tem o objetivo de colaborar na formação de carismáticos. O IEAD já produziu 24 cursos livres nas diversas áreas da fé católica, Ministérios e relacionados aos diferentes campos de missão do Movimento. Contabiliza-se cerca de 750 horas disponíveis em cursos, além de filmes, documentários e atividades complementares. São quatro profissionais dedicados integralmente ao IEAD, 18 profissionais do Escritório Nacional dedicados parcialmente, 23 professores voluntários, uma rede de mais de 20 monitores, tradutores e profissionais voluntários, além dos Ministérios e comissões da RCC.

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Irmãos de todo o país partilham as experiências com as aulas online. “Os cursos nos ajudam muito espiritualmente... Com mais conhecimento e uma espiritualidade elevada, podemos servir melhor ao Senhor”, partilhou Maria de Fátima

Russo, coordenadora do Grupo de Oração Nossa Senhora da Misericórdia de Savona, do município de Selvíria (MT). Ela já fez 15 cursos e conta que, através deles, conheceu muitos documentos da Igreja que nem sabia da existência: “Conheci muitos documentos sobre a Renovação Carismática Católica, conheci muitos documentos que nos fazem crescer no Ministério e nos fazem adquirir maior conhecimento da nossa Igreja”. A presidente do Conselho Nacional da RCC do Brasil, Katia Roldi Zavaris, destaca que a formação é essencial para o fortalecimento e aprofundamento da nossa fé, bem como de nossa identidade. “O Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL tem sido um instrumento eficaz de evangelização e conhecimento. Louvamos e bendizemos a Deus, pela graça de podermos anunciar Seu nome por meio do IEAD da RCCBRASIL”, ponderou a presidente.

contribuir para a evangelização continental com o lançamento do curso “Bautismo en el Espíritu Santo”, fruto de uma parceria entre o Conselho Latino-americano da RCC (CONNCLAT) e a RCCBRASIL. Para alunos de toda a América Latina, Caribe e pessoas com o idioma castelhano, o curso é ministrado pelo colombiano Andres Arango, presidente do Conselho Nacional Hispânico da Renovação Carismática Católica nos Estados Unidos e Canadá e vice-Presidente do CONCCLAT. Alunos de 28 países acessam essa plataforma brasileira para se formarem e atuarem nos seus países, conforme a necessidade local. Padre José Luiz Terceros, de Honduras, é um dos alunos do curso. Ele partilhou que, através do curso, foi renovado o amor e entrega a Deus por meio da RCC. “Gostei muito das aulas que tocaram a área pastoral, pois serviram-me para esclarecer muitas dúvidas... ¡Muchas Gracias!”, agradeceu o sacerdote.

Missão que se expande

O IEAD inaugurou em 2016 uma importante parceria que irá

Conheça mais o IEAD acessando: ieadrccbrasil.com.br/


Notícias Revista Renovação . Mai/Jun 2017

OBRAS DO ESCRITÓRIO NA SEDE NACIONAL CHEGAM À FASE FINAL

A RCCBRASIL concluiu no último mês de maio os últimos procedimentos da construção do Escritório Administrativo da Renovação Carismática Católica, localizado embaixo do palco do Centro de Eventos da Sede Nacional da RCC. A construção do novo escritório foi iniciada em 28/11/2016. Em maio de 2017, foi concluída toda a parte de alvenaria, impermeabilização, encanamento, pintura, revestimento, instalações dos banheiros, marmoraria, vidraçaria, divisórias e acabamento em geral.

Atualmente, o Escritório está localizado no centro da cidade de Canas (SP), em uma sala alugada mas, em breve, mudará para as instalações do Movimento, na Sede Nacional. Para a mudança do Escritório, está sendo aguardada a instalação da energia elétrica na área da Sede Nacional. A administração do Escritório Nacional já contatou a concessionária de energia que atende o município de Canas e, muito em breve, postes e a fiação adequada irão conduzir a energia elétrica de um lado da Rodovia Presidente Dutra (área urbana) para o terreno da Sede (área rural). Atualmente, a energia chega no terreno da Sede

por meio de um gerador de energia a diesel, que atende algumas necessidades pequenas e específicas. Em consequência da falta de energia elétrica, a internet também não está instalada no novo escritório. Já o abastecimento de água da Sede Nacional é feito por poços artesianos construídos no terreno. O novo escritório possui 580m² e consiste em duas salas para estoque e venda dos produtos da RCCBRASIL; um salão, no qual os departamentos funcionarão em ilhas; duas salas de trabalho; uma sala de reunião; uma pequena capela; dois banheiros, adaptados para pessoas com necessidades especiais; e uma copa.

AJUDE A RCC A MANTER SUA MISSÃO Quantas graças e bênçãos Deus nos proporcionou até esse momento? Incontáveis. O quanto o Movimento cresceu, se tornou fecundo, e a Igreja tem colhido bons frutos do nosso trabalho missionário! Bendito seja Deus que trouxe a RCC até aqui! E que venham mais 50, 100, 150 anos para a Renovação Carismática Católica do Brasil e do mundo. Este é o nosso desejo: que a RCC se mantenha fiel, levando o batismo no Espírito Santo até a volta gloriosa do Senhor. Somos todos responsáveis por esse Movimento. Seja semanalmente no Grupo de Oração, cantando, conduzindo, estando à frente das atividades, seja em eventos, no palco ou estrutura, nas formações... Deus conta com cada pessoa

para realizar toda a obra por Ele iniciada, um permanente Pentecostes sobre a face da Terra. É como ensina São Paulo: “Temos este tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós” (II Cor 4,7). A obra é Dele, somos Seus colaboradores! Através dos eventos, Revista Renovação, Missões, Portal, Programas de TV e das atividades gerenciadas pelo Escritório Nacional da RCCBRASIL, o Movimento tem seguido na busca por levar esse te-

souro (o batismo no Espírito Santo) a todos os lugares desse país. Colabore com essa missão, contribua com a RCC em nível nacional. É necessário que toda a família carismática assuma seu posto nessa missão para que os trabalhos permaneçam produzindo bons frutos. Incentive outras pessoas a fazer parte dessa história a colaborarem com a RCCBRASIL. Para mais informações acesse rccbrasil.org.br/projetos/eu-colaboro

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Institucional A RCC na minha vida Testemunho: Revista Renovação . Mai/Jun 2017

O GRUPO POSSIBILITOU O MEU ENCONTRO COM O MENINO JESUS O Grupo de Oração apresentou a imagem do Menino Jesus, ele levou para sua casa e para a casa do coração. Antes de começar a minha caminhada um pouco mais “séria” com Deus eu fazia diversas coisas erradas, como desrespeitar meus pais e pessoas mais velhas, era egoísta, falava palavrões, bebia e cheguei até a experimentar drogas; tive experiências complicadas na afetividade e sexualidade, mas achava isso normal. Não me entreguei totalmente aos vícios porque fui educado na religião. Minha mãe sempre rogava (e roga) à Virgem Maria por mim. Em 2010, vivenciei o ápice da minha rejeição a Deus. Ia às missas só para minha mãe não brigar comigo, mas matava aula, saía com os colegas e ingeria bebidas fortes que nos alteravam e eu ficava desinibido. Nessa época, uma grande amiga me convidava para um tal Grupo de Jovens Geração Ruah (eu achava que era dança de rua ou coisas do tipo). Porém, não me interessava e continuava numa vida desregrada. Deus queria cuidar de mim, e Ele iria dar um jeito de me atrair para perto dele. E realmente Ele “deu um jeito”.

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Em 2011, encontrei uma menina e via algo nela que não via em outras garotas. Aquele toque diferente era o Espírito Santo. Ela me convidou para participar daquele mesmo Grupo. Dessa vez eu decidi ir, interessado nela e não no Grupo de Oração. Nesse tempo, eu havia começado um tratamento dermatológico e não poderia ingerir álcool. Tudo providência divina! Ele deu um jeito de me atrair e já não poderia mais beber, algo que facilmente

me desviaria novamente. Ao chegar no Grupo, fui muito bem acolhido e participei com um pouco de medo, já que nunca tinha visto nada daquilo. No final, a coordenadora fez um sorteio. Sem mesmo eu ter colocado o meu nome, fui sorteado. O Grupo estava passando a imagem do Menino Jesus para os participantes rezarem durante a semana. Quando cheguei em casa, expliquei para minha família o propósito de estar com aquela imagem. De repente, comecei a chorar intensamente sem entender nada, era o amor de Deus me tocando através daquela imagem. Fui para o quarto e ali eu começava a vivenciar um dos melhores encontros da minha vida – encontrando com o Cristo vivo, com o Cristo que nascia em mim. Já não precisava de interesses secundários para permanecer firme, o Senhor já tinha me conquistado naquele dia e assim sigo apaixonado por Ele. Aquela semana foi intensa e na outra reunião de oração do Grupo eu já tive que ir na frente, pegar o microfone e partilhar a experiência (algo difícil, já que eu era tímido). Daquela semana até agora, já se passaram mais de 6 anos de caminhada, não mais naquele Grupo, mas com um carinho grande pelo local onde se deu o começo de uma busca mais profunda por Deus. Por José Narcisio (Juninho) GOU Luz das Nações Coordenador do MUR da Diocese de Lorena (SP)


Eventos Revista Renovação . Mai/Jun 2017

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