Nesta Edição
Espiritualidade
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“Seja qual for o grau a que chegamos o que importa é prosseguir decididamente” (fl 3, 16)
09
“Deus não nos deu um espírito de medo” (2 Tim 1,7)
“Desperta tu que dormes” (Ef. 5, 14a) 11
De pé e em missão 13
Eventos Especial
Sugestão de Leitura
EXPEDIENTE
Publicação Oficial da Renovação Carismática Católica do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil
ANO 21 - Edição Nº 125: Nov/Dez 2020
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20 Renovação Carismática Católica, em Estado Permanente de Missão Missionários segundo o coração de Deus
Jornalista Responsável: Jersey Simon Ferreira Registro Profissional 0034836/RJ
Redação: Rayssa Ferreira, Raphaely Fernandes, Pedro Whately
Revisão: Laura Galvão
Fotos: Arquivo RCCBRASIL, Shutterstock
Projeto Gráfico, Priscila Carvalho Venecian Design e Diagramação: Uriel Pinheiro Costa
E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br
DA RCCBRASIL
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Institucional Institucional
Curso “Evangelize com Dança e Teatro - Aspectos técnicos e espirituais do Ministério” 23
21 Curado para levar Jesus aos pobres
19
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Os artigos publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a re produção, sem alteração do texto e citada a fonte.
LEITURA OBRIGATÓRIA PARA ENCHER DE SENTIDO A NOSSA MISSÃO!
Nesta edição da Revista Renovação, concluímos a série de aprofundamentos dos temas norteadores trazidos como direcionamento para o Movimento Eclesial na pregação de Vinícius Simões, presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, durante o ENF 2022. Os temas das últimas edições foram “CARISMÁTICOS, DISCÍPULOS E MISSIONÁRIOS” (edição 134) e “PASTORES CONFORME O CORAÇÃO DE DEUS” (edição 135). Nesta edição 136, vamos aprofundar o tema “ARDOR MISSIONÁRIO”.
Sabemos que o tempo pós-Pandemia impõe muitos desafios aos diferentes segmentos da vida social. A retomada aos espaços comuns no dito “novo normal” desafia empresas, escolas, autoridades políticas e sanitárias. Com a Igreja, e especificamente com a RCC, não está sendo diferente. A evangelização não parou, mas sofreu diversas adaptações. Para muitos servos de Deus, infelizmente, o tempo foi de arrefecimento da fé e do fervor. Muitos grupos de oração na RCC se acomodaram, lideranças se conformaram com o distanciamento e, em muitas realidades, o medo ainda impera.
No entanto, o Espírito Santo tem nos falado constantemente: não é tempo de tristeza, de acomodação, de prostração ou de preguiça. É tempo de anunciar o Evangelho! Não obstante, 2022 é o ano
do “Propagar”. O Senhor nos constituiu sentinelas para, despertos, propagar a sua Palavra. Esta edição é uma exortação ao arrefecimento espiritual, à acomodação em nosso meio. Em Efésios 5, 14, São Paulo exorta: “Ó tu, que dormes, desperta e levantate de entre os mortos, que Cristo te iluminará”.
O ardor missionário, tema desta edição, é a chama que não se apaga, mas ao contrário, arde em desejo de se consumir de amor por Jesus e pelos seus. É a certeza de que “na doação a vida se fortalece, e se enfraquece no comodismo e no isolamento” (Doc. Aparecida - 360). É dom do Espírito, recebido no Batismo, que não se acaba, mas se reaviva: “Eu te exorto a reavivar o dom de Deus que há em ti” (2 Tim 1, 6-11). Nesta edição, queremos que cada carismático retome seu ardor missionário, sem esquecer ainda o que nos recorda o papa emérito Bento XVI: ‘A Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração’. Se somos missionários alegres e convictos em nossa missão, outros virão depois de nós.
Convido você, serva e servo do Senhor, a se aprofundar nesta leitura que traz artigos que nos ajudarão a retomar o sentido da nossa missão, além de matérias especiais. Tenha uma abençoada leitura!
Para fazer a doação por depósito bancário, a nossa conta é: Caixa Econômica Federal - Agência 2003 Operação 003Conta corrente 1300-1 Escritório Administrativo da RCCBRASIL CNPJ 00.665.299/0001-01
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Amado(a) irmão(ã), a sua colaboração para a Renovação Carismática Católica do Brasil possibilita a real ização de muitos trabalhos missionários em todo Brasil. Essa grande ação evangelizadora é desenvolvida semanalmente em quase 15 mil Grupos de Oração. Sua fidelidade fortalece o Grupo de Oração e potencializa o propagar da experiência do Batismo no Espírito Santo a mais pessoas. Continuamos contando com você. Muito obrigado!
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ARDOR MISSIONÁRIO
Pelo nosso Batismo, Deus nos constituiu Sacerdotes, Profetas e Reis: sacerdotes no sentido de que somos pessoas separadas, consagradas ao Senhor para a adoração e o sacrifício agradável a Deus em santidade; profetas porque somos chamados a propagar a Boa Nova da Salvação e a denunciar o que atenta contra Deus e, reis, porque somos servidores que conquistamos territórios para Cristo e declaramos o Seu Império sobre toda a Terra.
O Apóstolo São Paulo nos diz que somos embaixadores de Cristo, isto é, chamados a ser representantes Dele, falando o que Ele manda e realizando a Sua vontade. Também o próprio Jesus nos convida a sermos sal da terra e luz do mundo – ora, o sal se mistura à massa para dar sabor, para temperar e não para se sobrepor, pois sal demais estraga a massa; luz, que dissipa a escuridão e mostra o caminho, que faz ver claro). Também na Segunda Carta aos Coríntios somos chamados a ser portadores do bom perfume de Cristo (II Cor 2, 1415a) entre os homens, isto é, homens e mulheres que se esmeram para ser parecidos com Ele.
Somos, pois, coerdeiros com Cristo e, portanto, não é lícito desanimarmos. Ao contrário, colaboramos com Deus na implantação do Seu Reino sobre a terra,
afinal, “a apresentação da mensagem evangélica não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos. Sim, esta mensagem é necessária, ela é única e não poderia ser substituída. Assim, ela não admite acomodação. É a salvação dos homens que está em causa. (...) Por isso, bem merece que o apóstolo lhe consagre todo o seu tempo, todas as suas energias e lhe sacrifique, se for necessário, a sua própria vida (PP. São Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, 5)
Algumas situações podem nos levar ao desânimo: as desilusões e decepções, as tribulações do dia a dia, as coisas que nos acontecem às quais não entendemos, além da aparente falta de resultado. Entretanto, uma coisa é certa: “Os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria. Na ida, caminham chorando, os que levam a semente a espargir. Na volta virão com alegria, quando trouxerem os seus feixes” (Sl 125, 5-6). Portanto, coragem! No mundo temos muitas aflições, mas Jesus o venceu e Nele somos mais que vencedores! Nada de tristeza, murmuração, cansaço, desânimo paralisante. Conta e está conosco o Santo de Israel!
“SEJA QUAL FOR O GRAU A QUE CHEGAMOS O QUE IMPORTA É PROSSEGUIR DECIDIDAMENTE”
(FL 3, 16)
No caminho de Jesus é preciso saber seguir com paciência diante das próprias lim itações. E na evangelização, tudo que for feito não deve ser conservado, num saudosis mo vazio, mas esquecido, o trabalho feito já foi entregue ao Senhor.
Todos nós que um dia fomos batizados no Es pírito Santo recebemos dons, carisma, transformação de vida, amor pela Palavra de Deus e muitas outras virtudes. E algo que também recebemos é o desejo de que outras pessoas experimen tassem o que estávamos experi mentando: Deus existe e nos ama! Queremos evangelizar. Com São Paulo não foi diferente. Depois da transformação que o Apóstolo das Gentes passou após o encontro com Jesus (cf At 9), entre altos e baixos, ele diz: “Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação
que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16).
Na Carta aos Filipenses, encontramos uma comunidade que era muito amada por São Paulo, porém depois de perseguições, houve um certo orgulho que é nocivo à fé. Depois de proclamar que eles deveriam contemplar o exemplo de Jesus, que se rebaixou para nos trazer a salvação (cf. Fl 2), ele diz sobre a sua própria missão de apóstolo: “Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em
conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo” (Fl 3,12). A consciência de ter sido conquistado por Cristo o impulsiona a ir em frente na evangelização e convida os filipenses a serem imitadores do apóstolo (cf. Fl 3,13.17). E numa sentença bem concisa, na língua grega, declara: “Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente” (Fl 3,16).
Seja qual for o grau a que chegamos (Fl 3,16a), da mesma forma que Jesus proclamava a chegada do Reino de Deus (cf. Mt 12,28; Lc 11,20),
é importante entender o ponto da caminhada de fé e evangelização que chegamos.
Às vezes, na correria da vida não paramos para pensar como evangelizamos e o quanto crescemos. É fundamental entender como o Reino de Deus nos transformou, é importante entender o nosso crescimento espiritual.
E mesmo entender nossas quedas e fracassos, como o próprio Paulo, mesmo com espinhos, saber ouvir de Deus que foi sua graça que nos sustentou e continuará nos sustentando (cf. 2 Cor 12,10-12).
Mas como Jesus disse no Evangelho: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus” (Lc 9,62). Entender o passado não é ficar preso nele. Compreender nossa ação evangelizadora não é ficar com saudosismo vazio, mas saber que trabalho feito é trabalho esquecido, foi entregue ao Senhor!
Por isso, analisemos a segunda parte do versículo:
“o que importa é prosseguir decididamente” (cf. Fl 3,16b). Prosseguir decididamente é conser
var o rumo da nossa vida; o verbo é stoicheo, caminhar, marchar como um soldado, é o presente ativo, é fir mar o pé em direção ao futuro. Como diz São Paulo um pouco antes, “pres cindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente” (Fl 3,13b). Deixar o passado para se atirar ao que vem à frente.
E como seguir em frente? Como esses soldados de Cristo pretendem marchar decididamente para o futuro?
Se na graça somos salvos (cf. Ef 2,5.8), é na mesma graça que devemos evangelizar. Por isso, munidos e formados pela Palavra de Deus como espada de dois gumes, a espada do Espírito (Ef 6,17), que vai penetrar a nós e aos outros revelando o interior de cada um (cf. Hb 4,12), nesse intuito, vamos procurar ler e contemplar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja. Mergulhados na Liturgia, embebidos da graça de Deus, levando nossa vida para o altar de Deus e da Eucaristia e demais sacramentos, obteremos a força para evangelizar e transformar a vida das pessoas. Sempre no respiro do cristão que é a oração, seja o rosário, a adoração ao Santíssimo Sacramento, nossa oração pessoal, ou outras práticas que a Mãe Igreja nos dá e nos alimenta. Existe o ministério da Intercessão, porém não existe cristão católico que não interceda.
Finalmente, seremosconhecidos como verdadeiros discípulos de Jesus na medida em que amamos (cf. Jo 13,34). O amor se torna o nosso distintivo na evangelização e no apostolado. Queremos falar às pessoas que evangelizamos como São Paulo falava aos seus: “Com efeito, ainda que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes muitos
pais; ora, fui eu que vos gerei em Cristo Jesus pelo Evangelho” (1 Cor 4,15). O amor que São Paulo tinha pelos seus evangelizados era o amor de alguém que gerou, um amor de um pai ou uma mãe pelo seu filho. Gerar as pessoas em Cristo.
Sejam os nossos irmãos mais velhos na evangelização, sejam os servos e as servas de grupo de oração que começaram antes de nós, sejam os santos e santas evangelizadores da Igreja, eles podem iluminar o nosso caminho e, com seu exemplo, nos guiar no caminho da evangelização. Quantas perseguições, fracassos, contrariedades, tristezas, dores, incompreensões, mas o Espírito Santo guia aqueles que Ele precede com sua graça. Jesus prometeu que estaria conosco até o fim do mundo (cf. Mt 28,20). E nós queremos tomar posse dessa Palavra do Senhor e saber que nunca Ele nos abandona. Diante de Jesus Eucarístico, entreguemos e consagremos nosso serviço de evangelização e que, na Comunhão dos Santos, possamos seguir em frente.
No caminho da evangelização cairemos, seremos machucados, mas levantaremos e iremos em frente, com a certeza de que, como diz São Paulo, “o vosso trabalho no Senhor não é em vão” (1 Cor 15,58). Mesmo nossos fracassos, se o trabalho foi feito no Senhor, um dia frutificará. Peçamos ao Senhor a paciência do agricultor e a perseverança de um pai ao educar seu filho, para que com a graça de Deus possamos seguir decididamente.
“DEUS NÃO NOS DEU UM ESPÍRITO DE MEDO” (2 TIM 1,7)
O Espírito Santo derramado nos corações faz com que cada um seja capaz de anunciar corajosamente o Cristo.
Omedo pode se tornar uma força que paralisa, que impede a pessoa de se abrir para novas possibilida des e lhe tira a capacidade de pen sar criativamente, numa espécie de domínio sobre as suas faculdades. Temos visto muitas pessoas com medo nestes tempos difíceis que estamos vivendo. Para tempos de grandes desafios, nós precisamos de uma força exatamente contrária à do medo, uma força que não pa ralisa, mas que impele para a frente, que não rouba a criatividade, mas traz soluções inéditas para resolver os problemas e enfrentar os desa fios. Essa força é a presença do po deroso amor de Deus agindo em nós e através de nós.
O título deste artigo é retirado da segunda carta de São Paulo a Timóteo, na qual ele exorta a reavi
var a chama do amor de Deus que recebemos. O que São Paulo está dizendo é que precisamos de novas forças, precisamos ser revigorados, reinflamados, porque quanto maior o desafio, tanto mais nós precisa mos da força impulsionadora do Espírito Santo. Os primeiros cristãos nos ensinam isto. Quando forças ex ternas queriam impedi-los de anun ciar Jesus Cristo vivo e ressuscitado, eles entenderam que precisavam de uma nova força, de um novo im pulso missionário e rezaram assim: “Agora, pois, Senhor, olhai para as suas ameaças e concedei aos vos sos servos que todo desassombro anunciem a vossa palavra. Estendei a vossa mão para que se realizem curas, milagres e prodígios pelo nome de Jesus, vosso santo servo!” (At 4, 29-30). A resposta a esta ora ção veio imediatamente: “Mal eles
acabavam de rezar, tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram com intrepidez a pala vra de Deus” (At, 4,31).
O livro dos Atos continua di zendo que cada vez mais aumenta va o número de pessoas que acre ditavam no Senhor e se juntavam a eles (cf At 5,14).
É a presença do Espírito Santo em nós que atrai as pessoas, é a sua presença em nós que nos impulsiona para novos campos de missão, que nos enche de ardor missioná
rio e nos capacita a doar a vida por amor.
É o Espírito Santo, “o amor de Deus derramado em nossos cora ções” (Rm 5,5), que nos torna capa zes de amar as pessoas que estão por aí neste mundo, cheias de medo e sem esperança e com o coração aflito, precisando de alguém que lhes anuncie Jesus Cristo para que, tendo um encontro pessoal com Jesus, elas possam ter suas vidas resgatadas e possam, por sua vez, anunciar Jesus aos outros. Exempli fico com um testemunho: Eu havia feito uma cirurgia na perna e estava com dor, com a perna inchada, mas era sá bado e eu precisava ir a uma cidade vizinha pregar um re tiro. Fiquei muito “tentada” a cancelar a minha ida, mas fui rezar e entregar a situação ao Senhor. Senti um amor muito grande preenchendo o meu coração e uma urgência de ir e de falar do amor de Deus e da maravilhosa experiência de sermos preenchidos pelo seu amor.
Ao mesmo tempo em que sentia esta presença do Espí rito me impulsionando, tinha também uma certeza de que o Senhor cuidaria de mim. E assim aconteceu. Antes de sair de casa eu rezei: “Senhor, eu entrego a Ti, como oferta pela vida das pessoas que estarão lá, a dor na minha perna e todo o desconforto e mesmo que a vida de uma só pessoa seja transformada, já terá valido a pena”. No momento em que eu fazia essa oração, um homem jovem, casado e com um filho pequeno, estava escutando
rádio e ouviu um anúncio con vidando as pessoas para o reti ro. Ele estava com a vida toda desorganizada, seu casamen to estava a ponto de terminar, já havia sido advertido de que poderia perder o emprego, estava andando com compa nhias erradas, fazendo coisas erradas e estava muito infeliz, sem perspectivas, sem espe rança. Mas o convite mexeu com o seu coração. Ele foi ao retiro, lá foi batizado no Espí rito Santo e tudo mudou na sua vida. O seu casamento foi salvo, ele conservou o empre go, começou a frequentar um grupo de oração, voltou a es tudar, terminou a faculdade, aprendeu também a tocar te clado para servir no ministério de música! Hoje ele não mede esforços para anunciar Jesus e ver outras vidas transforma das pelo amor de Deus.
Algumas pessoas cheias do Espírito Santo resolveram fazer um retiro de final de semana e convidar todos a participar, mesmo os que ainda não fossem a um grupo de oração. Foram criativas no anúncio, usando emissoras de rádio comuns, não católicas, para fazer o convite e poder atingir mais pessoas. Ou tra pessoa, sozinha na sua casa, faz uma oração que Deus escuta e, ain da uma outra pessoa, precisando muito do Espírito Santo, é tocada e tem a sua vida completamente mu dada. É maravilhoso ver o Senhor juntando orações e necessidades para alcançar vidas!
Cada um de nós, individual mente e todos nós juntos nos nos sos grupos de oração, precisamos rezar e pedir para sermos preenchi
dos do amor de Deus, sermos pode rosamente robustecidos pela força viva e operante do Espírito Santo, para sermos criativos e corajosos e pedir para sermos preenchidos do amor de Deus, sermos podero samente robustecidos pela força viva e operante do Espírito Santo, para sermos criativos e corajosos e termos iniciativas de evangelização que cheguem até as pessoas que estão tão desesperadamente preci sando ter um encontro com Jesus, pessoas que precisam saber que são amadas e que não estão sozi nhas neste mundo.
O Espírito Santo nos faz cria tivos, Ele traz sempre uma mara vilhosa novidade, Ele tem ideias novas para nos dar e quando, enco rajados por Ele, saímos do nosso co modismo, da nossa visão estreita, da nossa paralisia espiritual e nos lançamos em lindas iniciativas de missão. Ele vai à frente abrindo ca minho e alcançando muitas vidas. Foi por inspiração do Espírito San to que surgiu o “Jesus no Litoral” e depois “Jesus no Pantanal”, “Jesus no Sertão”, “Jesus nas Praças” e o projeto “Abraço do Pai” e surgiram também todas as tardes e noites de louvor e as procissões luminosas com jovens evangelizando nas ruas. Isto só para citar alguns campos de missão, mas o Senhor há de suscitar outros. Contudo, Ele precisa de nós, da nossa generosa oferta e da nossa coragem. Digamos como os primei ros cristãos: “Concedei a vossos ser vos que com todo o desassombro anunciem a vossa palavra”!
“DESPERTA TU QUE DORMES” (EF. 5, 14A)
O primeiro passo para despertar é estar aos pés do Mestre, lugar de presença e intimidade com o Senhor.
“D
esperta tu que dormes”, esta é uma grande con vocação de Deus para nós hoje! O Senhor que conhece o coração dos Seus filhos, sabe tudo o que temos enfrentado nesse tempo. Ele tem visto muitos de nós cansados, desa nimados e abatidos. Corações que antes eram fervorosos, mas que ar refeceram. É diante dessa realidade que Ele nos chama a despertar!
A palavra de Deus nos recor da: “Eu te exorto a reavivar a cha ma do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espíri to de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria” (1 Tm. 1, 6-7). É preciso reavivar em nós a chama do Espírito Santo. Um coração que está abrasado pela força do Alto não desanima. Assim como os dis cípulos de Emaús que, após terem encontrado o Senhor, tiveram seus corações tocados pela Sua Palavra e foram anunciar aos outros que tinham encontrado o Mestre. Pode mos dizer que, quando o coração queima, os pés caminham. Portan to, a primeira coisa que precisamos fazer, para esse despertar, é voltar
ao lugar da presença de Deus, voltar à intimidade com o Senhor.
Bento XVI, em sua mensagem para o dia dedicado às missões, no ano de 2009, nos falou: “Por isso peço a todos os católicos que rezem ao Espírito Santo para que aumente na Igreja a paixão pela missão, para difundir o Reino de Deus e apoiar os missionários e as comunidades cristãs que estão na vanguarda, por vezes em ambiente hostil de perse guição, para esta missão”. O Senhor não nos deu um espírito de medo, de timidez, de desânimo, mas de força, de poder, de amor, de cora gem. É esse Espírito que precisamos clamar sem cessar.
Por vezes, enfrentamos situ ações difíceis, a pandemia foi uma delas. Perdemos muitos irmãos, grupos de oração fecharam, lide ranças que não voltaram, um tem po desafiador para a evangelização. Mas não podemos parar, não temos o direito! Existem muitas pessoas com o coração sedento do amor de Deus e dispostas a ouvirem a Sua Palavra. Não é tempo de desanimar, mas de avançar, de sair das quatro paredes dos nossos grupos de ora ção.
“Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igre ja, a sua mais profunda identidade” (Evangelii Nuntiandi, 14). A Igreja nasceu missionária, só estamos aqui hoje, vivendo essa graça de sermos Católicos Apostólicos Ro manos, porque os apóstolos não pararam nas dificuldades, não de sanimaram. Pelo contrário, tudo o que eles passaram se tornou “com bustível” para a evangelização. As dificuldades não os paravam, por que o coração deles tinha experi mentado a graça do Alto. O envio de Jesus ecoava no coração deles: “Ide pois e ensinai todas as nações, batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo... Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt. 28, 19.20b).
Hoje Deus quis contar conos co para espalhar nessa Terra o Seu amor! Que alegria e que honra! Não podemos reter em nós tamanho amor! “Coragem, todos vós! Mãos à obra! Eu estou convosco” (cf. Ag. 1, 4).
DE PÉ E EM MISSÃO
Aquele que aceita levar o Cristo, se une tão intimamente a Ele, a ponto de ser neste mundo um sacrário vivo.
Asagrada missão de reve lar Deus ao mundo de pende sobremaneira do próprio Deus que, agindo na natu reza humana, se dá a conhecer. Mas sempre respeita a liberdade com a qual criou a humanidade e espera resposta individual dos seus es colhidos. O consentimento, o sim, para estar mais intimamente unido a Ele; o consentimento, o sim, para levá-Lo a tantos outros, tornando -se sacrário vivo, o qual resplandece a essência de quem leva o próprio Deus.
Diante dos grandes desafios e dores que acometem a humani dade, ressoa do coração de Deus o chamado para que despertem os escolhidos que estão adormecidos, que se levantem dentre os mor tos e Cristo os iluminará, conforme Efésios, capítulo 5, versículo 14. A humanidade grita por socorro ou mesmo jaz na morte quando Deus não é o centro das suas escolhas. Assim, vive a inquietude e insatisfa ção acarretadas pelo afastamento e, consequente, esvaziamento de Deus em si.
O encontro pessoal com Deus rompe com a escuridão, faz enxer gar com clareza e gera vida nova, pois
o orvalho de Deus é um orvalho de luz (Isaías 26,19) capaz de penetrar a terra do medo, dos vícios e da morte que assolam aqueles que foram chamados à vida.
Por isso, a Palavra de Deus che ga aos corações e não volta ao céu sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, feito germinar e multi plicado o grão para as novas semea duras e o alimento que nutre a vida da alma (Isaías 55,10).
A Renovação Carismática Ca tólica é escolhida para ir às perife rias existenciais, àqueles que estão à margem de Deus e não vivem a imensurável graça do encontro
pessoal com Ele. É chamada a ser um movimento acidentado, por ter saído em missão, e não um movi mento enfermo, por ter se fechado, acomodado e agarrado às próprias seguranças, como ensina o papa Francisco na exortação Apostólica, Evangelii Gaudium.
Escolhidos e chamados à hon rosa missão de anunciar a Jesus lembremo-nos de que “nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo” (São Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, n.75). Por isso, inspirados no n.362 do Docu mento de Aparecida e unidos à Igre ja, clamamos: vem Espírito Santo, vem! Esperamos um novo Pente costes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao am biente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança!
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO
As atuais Diretrizes da CNBB (2019-2023), no Pilar da Ação Missioná ria, destacam a expressão “Igreja em estado permanente de missão”. O número 186 nos diz: “Onde Jesus nos envia? Não há fronteiras, não há limites: envia a todos” (ChV, n. 177). Esta deve ser a meta dos nos sos Grupos de Oração: consolidar a mentalidade missionária, como comunidade cristã. A missão é o pa radigma de toda a ação eclesial. Ela, então, precisa ser assumida dessa forma (cf. EG, n. 15).
Diante disso, Papa Francisco apresenta um modelo missionário para os nossos tempos: a iniciativa de procurar as pessoas necessita das da alegria da fé; o envolvimento com sua vida diária e seus desafios, tocando nelas a carne sofredora de Cristo; o acompanhamento pacien te em seu caminho de crescimento na fé; o reconhecimento dos frutos, mesmo que imperfeitos; a alegria e a festa em cada pequena vitória (EG, n. 24)”.
Segundo ainda as Diretrizes, no número 187: “O cristão é convi dado a comprometer-se missiona riamente, “como tarefa diária”, em
“levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos” de modo informal, “durante uma conversa”, “espontaneamente, em qualquer lugar”, “de modo respeito so e amável”. O primeiro momento é o diálogo, que estimula a partilhar alegrias, esperanças e preocupa ções; o segundo é a apresentação da Palavra, “sempre recordando o anúncio fundamental: o amor de Deus que se fez homem, entregou -se por nós e, vivo, oferece sua sal vação e sua amizade; por fim, “se parecer prudente e houver condi ções, é bom que esse encontro fra terno e missionário se conclua com uma breve oração que se relacione com as preocupações que a pessoa manifestou” (EG, n. 127-128).”
A Renovação Carismática Cató lica entende que a missão se baseia no encontro entre as pessoas, no testemunho de homens e mulheres que dizem: “Eu conheço Jesus, Ele transformou a minha vida, gostaria que você também O conhecesse”. Diante disso, o Movimento eclesial, através dos Grupos de Oração, se meados por todo território brasilei ro, tem evangelizado e se disponibi
lizado para a missão através do seu testemunho de vida. E este teste munho de vida tem levado o sabor do Evangelho de muitas maneiras, a muitas realidades, por meio de ações concretas, através do Ministé rio de Promoção Humana, vivendo a ministerialidade e a interministe rialidade orgânica.
Como assim podemos relatar: arrecadação permanente de ali mentos para distribuição de cestas básicas (em algumas realidades isso ocorre, semanalmente, nou tras, quinzenalmente, diretamente no Grupo de Oração ou em parceria com a paróquia); Criação de banco de dados para preenchimento de vagas de empregos, assim como orientando inclusive na elaboração de currículo (em parceria com o co mércio local, através do cadastro do Grupo de Oração); Visitação de famílias para, a partir das situações encontradas, buscar profissionais de saúde ou de outras áreas que auxiliem nas necessidades levanta das; Geração de renda para famílias através de oficinas de artesanato, culinária e outros; Bazar solidário com roupas de bebês; Assistência à mães em situação de vulnerabili
“O Espírito Santo impele os seus a irem ao encontro de todo povo de Deus, daqueles que sofrem e que precisam de uma nova semeadura do evangelho”
dade social (se cadastram, pegam roupinhas emprestadas, quando o bebê cresce, devolvem as roupi nhas e pegam outras maiores. As mães recebem atendimento ora cional, de evangelização, cateque se, psicológico etc); Distribuição de sopa aos irmãos em condição de rua (em algumas realidades já ocorre diariamente, noutras, se manalmente); Visita a hospitais; Programa de rádio para anúncio do querigma; Evangelização semanal em presídios (em algumas realida des já acontece Grupo de Oração no próprio presídio, também temos testemunho de uma escolinha de música e cursos profissionalizantes que ajudam na redução da pena e reinserção no mercado de traba
lho); Evangelização porta a porta; Assistência material e espiritual em abrigos e casas de passagem; Bre chó comunitário, em que as vendas são revertidas para ajudar a própria comunidade, no pagamento de alu guel, conta de água e luz, remédios; Construção de casas para irmãos afetados por diversas situações; Ações em parceria com Unidade Básica de Saúde; Assistência psico lógica e espiritual; Campanha para arrecadação de roupas e agasalhos; Visita aos doentes; Visitas aos ido sos e tantas outras ações que têm surgido no seio dos nossos Grupos de Oração de acordo com a necessi dade do povo de Deus.
O modelo para as nossas ações é, e sempre será, a comunidade dos
primeiros cristãos, perseverantes na escuta dos apóstolos, na comunhão fraterna, na partilha do pão, nas orações e na missão (At 2,42; 8,4). Trata-se de uma novidade sempre antiga, mas, ao mesmo tempo, tão atual, que nos permite tirar do tesouro coisas novas e velhas (Mt 13,52). Que nossos Grupos de Ora ção sejam missionários, tenham jeito de casa, de acolhida, não uma coisa estática de paredes simples mente, ou da estrutura física. Que tenhamos um jeito de ser, uma pos tura que lembre, evoque a ideia da casa que acolhe, que é espaço de ternura e misericórdia.
MISSIONÁRIOS SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS
Para cumprir o chamado de Deus é necessário ouvir a voz da Igreja, dos evangelhos e nutrir uma profunda intimidade com o Cristo.
São João Paulo II no dis curso à delegação mun dial da Renovação Caris mática Católica, em 30 de outubro de 1988, começa dizendo que o Movimento tem ajudado muitos cristãos a “redescobrir a presença e o poder do Espírito Santo em suas vidas, na vida da Igreja e no mundo” e, que esta redescoberta despertou “uma fé em Cristo repleta de alegria, um grande amor pela Igreja e uma generosa dedicação à sua missão evangelizadora”.
Sim, a RCC é um celeiro de mu lheres e homens para o campo de missão. São missionários em suas famílias, como pais, mães, filhos, netos. Outros como profissionais, donas de casa, estudantes, univer sitários. Alguns são homens que fo ram chamados para a missão como sacerdotes e outros são mulheres convidadas à vida consagrada, são
jovens missionários nas ruas, nos lugares sem esperança, nas Univer sidades, nos incontáveis grupos de oração espalhados pelo Brasil e por todo o mundo. Todos, missionários gerados a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo. Portan to, esses evangelizadores são leva dos pelo Espírito Santo aos inúme ros campos de missão do mundo.
Diante dessa realidade da mis são, cabe a cada missionário inda gar a respeito do modo como tem exercido o seu chamado e se temos sido missionários segundo o cora ção de Deus. Para essa pergunta, não há uma resposta exata, mas há pistas que podem ser seguidas. Uma delas é entender o que a Igre ja espera dos missionários no tem po de hoje. Para isso, somos con vidados a meditar nos rastros dei xados pela Palavra de Deus através do magistério vivo da Igreja. Nesse
texto vamos focar em três aspectos de um missionário segundo o cora ção de Deus: o rosto, o perfume e as vestes.
O rosto do missionário será o primeiro aspecto sobre o qual meditaremos. Um dos alertas que deve ser objeto de nossa atenção é a importância de que a alegria do coração que evangeliza deve transparecer no rosto do evangeli zador. Esta alegria é fruto do Espí rito Santo. Na Evangelii Gaudium, o Papa Francisco nos ensina que “um evangelizador não deveria ter cons tantemente uma cara de funeral” (EG 10). De fato, muitas vezes, nos deparamos com rostos amargos, irados, irritadiços, mergulhados em lamentações. Como já foi dito, o campo de missão é vasto e está mais próximo de nós do que imagi namos. Assim, vale observar o nos so rosto, não apenas quando saí
mos em missão porta a porta, em cenáculos, praças, mas também, como nossa face expressa a satisfa ção ou a insatisfação no nosso lar, naquelas ocasiões em que temos afazeres que não nos dão prazer, recebemos isso com alegria ou com zanga.
É importante nos perguntar mos se, quando na missão no local de trabalho, temos contagiado as conversas e o ambiente com nossa verdadeira alegria ou se temos for mado coro com os que sempre re clamam, não dizem bom-dia com um sorriso, ignoram os bens rece bidos e exaltam o que ainda não re ceberam com tristeza e amargura. É importante examinar se falta aque le brilho da alegria do testemunho da ressurreição, conforme cita o Papa Francisco na mesma exorta ção apostólica, ao destacar que “há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa” (EG 6). Passamos pelo deserto e por provações, mas o coração exulta de alegria por testemunhar que Cristo Ressuscitou. Aleluia, verdadeira mente ressuscitou!
O perfume do missionário será a segunda característica que medi taremos. O missionário segundo o coração de Deus exala o perfume de Cristo, o odor de vida (conforme II Co2,16) que é o cheiro das ove lhas (EG 24). Um cheiro deixado por aquele que não tem medo de tocar as chagas da ovelha ferida e de abraçar a ovelha perdida e carregá-la em seus ombros. Ao se aproximar daqueles que mais ne cessitam, somos impregnados do seu cheiro. Se não exalamos o chei ro das ovelhas, é preciso observar se temos ofertado o nosso ombro para as ovelhas ou apenas temos
passado ao longo do caminho sem nos aproximar. As ovelhas machu cadas estão nas portas da Igreja, embaixo de viadutos, nos hospi tais, nos escritórios, nos pontos de ônibus, nos presídios, estão tran cadas em apartamentos e casas, estão enlutadas, e estão nas nossas famílias e dentro da Igreja, quem sabe sentado ao seu lado no banco da missa dominical. Não podemos entrar e sair dos lugares a que so mos enviados por Deus sem levar mos conosco o cheiro das ovelhas.
O terceiro aspecto são as ves tes do missionário segundo o cora ção de Deus. Ele se reveste de san tidade, isto é, busca diariamente a vocação universal à santidade por meio da vida espiritual; isso inclui uma constante vida de oração e vida sacramental. Aquele que nos santifica, o Espírito Santo, também nos anima e fortalece. A Exortação Apóstólica Evangelii Nuntiandi, ao tratar do espírito de Evangelização (74-80), destaca que não é possível evangelizar, sair em missão, sem a ação do Espírito Santo (EN, 75). Igualmente, exorta a pedir sem cessar, ao mesmo Espírito, a fé e o fervor. Ora, a ausência de oração tem como consequência a falta de fervor, que “manifesta-se no cansa ço e na desilusão, na acomodação e no desinteresse e, sobretudo, na falta de alegria e de esperança em numerosos evangelizadores” (EN 80).
Assim, os missionários são inspirados pelo Espírito Santo a ir aonde o Senhor mandar. As ves tes de santidade são compostas, ainda, pela vida sacramental, por sinais sensíveis da graça, deixados por Cristo aqui na terra. Sendo eles sete, conforme é sabido - batismo,
confirmação, eucaristia, penitên cia, unção dos enfermos, ordem e matrimônio - a Eucaristia ocupa um lugar único, assim dispõe o Catecismo da Igreja Católica, ela é o “sacramento dos sacramentos” e todos os demais sacramentos estão ordenados para a Eucaristia (CIC 1211).
Um missionário é um homem eucarístico, é uma mulher eucarística... ou não é um missionário autêntico.
O Concílio Vaticano II deixou gravado no seu magistério que a Eucaristia é a fonte e o vértice da vida da Igreja (LG 11).
Assim, o mundo clama por missionários, não de qualquer jei to, mas missionários com rosto em que se transpareça a alegria verda deira, com uma presença que exa le o bom odor de Cristo e o cheiro das ovelhas e com vestimentas nas quais resplandece a beleza da busca incansável da santidade. Para cada nova missão, uma nova unção, conforme Santo Tomás de Aquino. A cada nova missão, um rosto, um perfume e uma veste, conforme o rosto, o perfume e a veste de Cristo, o Nosso Senhor.
Grupo de Oração Beata Elena Guerra
Paróquia Nossa Senhora da Assunção Águas Claras, Brasília/DF Coordenadora do Ministério de Pregação no DF
CURSO “EVANGELIZE COM DANÇA E TEATRO - ASPECTOS TÉCNICOS E ESPIRITUAIS DO MINISTÉRIO”
A RCCBRASIL proporciona aos artistas um conteúdo formativo que irá trabalhar dois eixos, técnica e espiritualidade.
O Ministério de Música e Artes da RCCBRASIL tem um super lan çamento pensado especialmente para os artistas católicos, o curso “Evangelize com Dança e TeatroAspectos técnicos e espirituais do Ministério”. Todo conteúdo foi pro duzido para a formação técnica e espiritual, proporcionando a cada aluno a oportunidade de aperfei çoar os dons artísticos e colocá-los à serviço da evangelização. Todo material poderá ser acessado onli ne, permitindo que cada pessoa se organize conforme sua disponibili dade de tempo.
A abertura das inscrições é marcada por um detalhe muito es pecial: é o dia de Santa Cecília, pa droeira dos músicos! A santa viveu no século terceiro e tinha o dom da música. Sua vida é marcada por uma profunda fidelidade a Deus, tornando-se modelo de alguém que abraçou a fé até as últimas consequ ências.
Para entender mais sobre a proposta do curso “Evangelize com Dança e Teatro”, a Revista Renova ção conversou com a coordenadora nacional do Ministério de Música e Artes, Kandysse Possavats. Segun
do ela, é preciso aperfeiçoar a téc nica para entregar a Deus o melhor daquilo que pudermos oferecer. “É como uma pedra de diamante que precisa ser lapidada para que seu brilho alcance mais, seja mais relu zente” diz.
A coordenadora também ex plicou que o artista não precisa temer que o conhecimento técni co engesse as inspirações divinas. Para viver bem esses dois aspectos, é preciso reconhecer que sem Deus nada pode ser feito. “A intenção da arte cristã é glorificar a Deus. Com a nossa música, com a nossa dança e com o teatro. Com as artes plásti cas, levar e a evangelização, isto é, levar outras pessoas a se encontra rem com Deus”, ressalta.
Kandysse complementa que essa missão de levar Deus por meio da arte, tem a necessidade de aper feiçoar os talentos para que a mes ma seja vivida de modo efetivo e fecundo. “Por isso que é importante nós termos uma vida íntima com o Senhor. Na certeza de que a nossa arte não é para o nosso autorreco nhecimento, mas para o reconheci mento divino de Cristo”, acrescenta.
Por fim, Kandysse reforça
porque o curso é focado nos eixos da técnica e espiritualidade: “Não adianta somente a técnica se nós não formos impulsionados pelo Es pírito. Então, nós também estamos trabalhando essa questão espiritu al. E o curso vai ajudar a aperfeiçoar o artista no seu âmbito técnico e no seu âmbito espiritual. Para que as sim ele possa oferecer um serviço melhor. Um serviço de maior quali dade na sua evangelização, no seu Grupo de Oração e na sua comuni dade”.
Você é um artista católico ou conhece algum? Então não perca a chance de se inscrever e convidar mais pessoas para esse curso. Garanta sua vaga para ofertar a Deus talentos mais aperfeiçoados pelo estudo e pela graça!
ieadrccbrasil.com.br/dancaeteatro
VOCÊ JÁ ESCOLHEU QUAL EVENTO DA RCCBRASIL IRÁ PARTICIPAR EM 2023?
Os eventos de formação e espiritualidade em instância nacional da Renovação Carismática são promovidos anualmente. E, em 2023, estão com vagas limitadas!
A RCCBRASIL começa o ano tra dicionalmente promovendo even tos de formação e espiritualidade. E para 2023, alguns dos encontros estão com inscrições abertas, mas é preciso estar atento, porque todos têm vagas limitadas. Se você ainda não conhece os eventos da Reno vação Carismática, então essa é a oportunidade para conhecê-los e participar.
Ministério recebe formações espe cíficas dos seus serviços e partilham os desafios.
A Escola Nacional de Forma
O Encontro Nacional de For mação, o ENF, é o maior encontro da RCC e é realizado anualmente no mês de janeiro. Ele proporcio na momentos de profunda oração, formação geral e específica e escuta profética. Outro aspecto muito im portante é a partilha dos projetos e serviços em andamento e das Mo ções Proféticas que direcionam os trabalhos do Movimento em todas as instâncias. Os workshops são o diferencial do encontro, pois cada
ção para Líderes e Missionários (ENFLM) é realizada anualmente e, geralmente, nos dez dias que ante cedem o ENF. A Escola é organizada em três etapas que são cursadas pelos alunos a cada ano. Durante os dez dias, o aluno participante rece be aulas sobre a doutrina católica, sob a unção do Espírito, mediante o uso de recursos e métodos didático -pedagógicos pensados pelos orga nizadores e professores da ENFLM. Além disso, os ensinos ministrados oferecem aos participantes um co nhecimento sólido e seguro sobre a RCC e suas atividades.
pelo Ministério para Seminaristas da RCCBRASIL e tem como objetivo acolher os vocacionados oriundos dos Grupos de Oração ou das outras expressões carismáticas, para dias de oração, fraternidade e formação, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo. O retiro propor ciona a oportunidade de vivenciar profundamente os direcionamen tos da Igreja e as moções do Movi mento Eclesial, contribuindo, as sim, para o enriquecimento da vida espiritual daqueles que caminham para a vida sacerdotal.
Para estar informado sobre os próximos eventos da RCCBRASIL, basta acessar o Portal do Movimento: www.rccbrasil.org.br
O Retiro Nacional para Seminaristas, RENASEM, é promovido
Por lá, você encontra todos os de talhes e também pode se inscrever nos eventos, ac essar as notícias das últimas edições e muito mais.
VOCÊ SABE COMO É A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA LITURGIA?
Você é convidado a uma leitura que te ajudará a aprofundar o conhecimento sobre o Paráclito e o seu agir por meio da liturgia.
Nesta edição, a Revista Reno vação traz como sugestão de leitura o livro “O Espírito Santo na liturgia”, do Padre Micael Moraes, do Insti tuto Missionário Servos de Jesus Salvador (Salvistas). Esse livro é um dos exemplares da coleção da Loja RCCBRASIL sobre o Espírito Santo.
Em oito capítulos, o livro dis corre sobre a ação do Espírito San to na liturgia católica, explicando desde seu conceito até mesmo à sua ação sobre os sacramentos e o simbolismo contido nela. O conteú do inicial apresenta uma citação do Catecismo da Igreja Católica, no pa rágrafo 2655, que mostra a impor tância dessa temática, além de des pertar grande interesse no leitor.
“A missão de Cristo e do Espí rito Santo que, na liturgia sacra mental da Igreja anuncia, atualiza e comunica o mistério da salvação, prossegue no coração de quem ora. (...) A oração é sempre oração da
Igreja; é comunhão com a Santíssi ma Trindade”.
Diante disso, o autor mostra a importância de se compreender a ação do Espírito Santo sobre a liturgia, na celebração do Mistério Pascal. Em seguida, é explicada a in vocação da Santíssima Trindade no início da Celebração, “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. É o Paraclito que une o ser humano a Cristo e o faz viver n’Ele, tornando-o assim filho adotivo do Pai (cf. CIgC, n. 690).
Você sabe qual a missão do Espírito Santo?
No livro, o autor apresenta sete pontos sobre a missão do Espírito Santo. Aqui, trazemos três deles:
1) Ensinar e lembrar: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recor
dará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26);
2) Dar testemunho: “Quando vier o Paráclito, que vos envia rei de junto do Pai, o Espírito da Verdade, que vem do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26);
3) Convencer: “E quando ele vier, estabelecerá a culpabili dade do mundo a respeito do pecado, da justiça e do julga mento...” (Jo 16,8).
O livro “O Espírito Santo na liturgia” pode ser adquirido na Loja RCCBRASIL pelo site www.rccshop.com.br. Gostaria de tirar alguma dúvida? Entre em contato pelo whatsapp (12) 98138-3000
Meu nome é Ricardo, tenho 56 anos, sou casado, tenho 3 filhas e 1 filho adotivo. Moro em Piranhas, Ala goas, e participo do Grupo de Oração “Arca da Aliança”, na Paróquia Nossa Senhora da Saúde e São Francisco de Assis.
Vim para Piranhas por motivo de transferência de trabalho, em busca de uma vida melhor. Em pou co tempo, minha esposa contraiu um câncer e veio a óbito, fiquei sem chão, não tinha nenhuma experiência com o Espírito Santo, mal ia à missa... Fiquei com duas filhas, uma com 2 anos e outra com 7. Lutei durante um ano sem ajuda de parentes, vivendo de favor para cuidar delas enquanto trabalhava. Depois de um ano, o Senhor colocou Claudenice em minha vida. Hoje, mi nha esposa, e ela não veio só cuidar de mim e de mi nhas filhas, mas foi através dela que tive um encontro pessoal com Deus. Justamente quando estava me vi ciando na bebida, ela me convidou para participar do Grupo de Oração que ela já conhecia.
Na primeira reunião de oração, já pude perceber que nunca estive só, mesmo sem conhecer a Deus, Ele já me amava. Fui ao meu primeiro retiro de carnaval, fui convidado a servir, aceitei, muito feliz achando que iria ficar à frente de algo para ser visto. Fui escala do para limpar os banheiros. Triste, imaginei, não vou aproveitar nada, mas, me enganei, foi por meio deste banheiro que fui batizado no Espírito Santo, na humil dade enquanto servia o Senhor.
Daí surgiu uma vontade imensa de servir. Então, o Senhor me chamou para o Ministério de Promoção Hu mana pelo qual sou apaixonado. Quando para mim es tava parecendo tudo bem, fui diagnosticado com uma doença chamada cardiomegalia (coração crescido) e, como se não bastasse, em seguida, fiquei desempre
CURADO PARA LEVAR JESUS AOS POBRES
gado. Mas confesso não ter me abalado porque já sa bia qual era o Deus a quem estava servindo e logo tudo voltou ao normal. Melhorei de saúde e, em tão pouco tempo, por intercessão de Nossa Senhora da Glória, me aposentei por tempo de serviço.
Poderia ter continuado trabalhando, mas o dese jo de servir, de ir ao encontro dos mais necessitados e levar a Palavra de Deus, levar um abraço, falar do amor de Deus foi maior. Perguntei ao Senhor: ‘o que posso fazer para te agradecer?’. E logo me veio um desejo de cuidar dos banheiros da minha Igreja. Tenho permis são sempre dos padres que passam por aqui e o faço com muito amor. E não parou por aí! Sempre falo que precisamos, em tudo, colocar fé no que pretendemos realizar e, rezando com a Palavra, me deparei com a Carta de São Tiago, capítulo 2, versículo 14, que diz: “de que aproveitará, irmãos, a alguém disser que tem fé, se não tiver obras”. Aí senti que precisaria converter minha fé em obras e vendo a necessidade de tantas fa mílias, o Senhor suscitou em meu coração que, como promoção humana, precisaria fazer algo a mais.
Todos os meses eu visito dezenas de famílias e recolho doações de alimentos, montamos cestas bási cas e distribuímos para os mais necessitados. Eu me orgulho em dizer que sou católico, sou carismático e amo trabalhar na vinha do Senhor. Agradeço a Deus, à Renovação Carismática Católica, mais precisamente ao meu Grupo de Oração “Arca da Aliança”, e a minha família. Hoje entendo o que dizia nossa patrona, Madre Teresa: “as mãos que doam são mais belas do que os lábios que rezam”. Termino dizendo que sou muito fe liz, tenho um grande amigo, Jesus. Se estou na Igreja, o vejo na Eucaristia e se estou na missão, o vejo nos pobres.
RCCBRASIL E SEUS RECURSOS PARA EVANGELIZAÇÃO!
Saiba como a generosidade de inúmeras pessoas ajuda o Movimento a tornar o Espírito Santo mais conhecido e amado
A RCCBRASIL possui diversas atividades de evangelização e, com certeza, você já deve ter sido alcan çado por algumas delas, seja no seu Grupo de Oração, algum material de evangelização, encontro de es piritualidade e formação, meios de comunicação… Enfim, grandes são as graças do Senhor por todos esses meios! Mas, você já pensou como são arrecadados os recursos para viabilizar cada uma delas? Hoje, te convidamos a conhecer rapidamen te um pouco mais desse caminho de providência e generosidade de muitos irmãos.
Projeto Semeando a Vida no Espírito
O Semeando a Vida no Espírito é um gesto concre to mensal realizado por benfeitores que fielmente fazem sua doação financeira. Essa contribuição já é prevista e fixa, realizada por meio de cartão de crédito, débito em conta ou boleto bancário.
Campanha Real Missionário Carismático
Essa campanha é realizada na 3ª semana de cada mês nos Grupos de Oração. Como o nome sugere, pede que cada pessoa doe a partir de R$ 1, de modo que cada um oferte conforme sua condição.
Ação Juntos pela RCCBRASIL
Esse é o mais novo especial da RCCBRASIL que, uma vez por ano, dedica um dia inteiro para a arrecadação de fundos para o Movi mento. Além de muita oração, louvor, teste munhos e shows, há uma mobilização para a doação espontânea.
Doação espontânea
Essa modalidade de doação é mo tivada sempre, seja pelas redes sociais, nos encontros do Movimento ou outras atividades. Ela permite que o benfeitor faça sua doação por PIX, transferência, sem a obrigatoriedade de se identificar ou mesmo manter um valor fixo.
Materiais da Editora RCCBRASIL
Todos os materiais da editora e loja da RCCBRASIL têm por missão a evangelização, seja propriamente por seus conteúdos ou pelos lucros obtidos. Tudo é revertido para o próprio Movimento e suas atividades evangelizadoras.
Todos os materiais da editora e loja da RCCBRASIL têm por missão a evangelização, seja propriamente por seus conteúdos ou pelos lucros obtidos. Tudo é revertido para o próprio Movimento e suas atividades evangelizadoras.
Gostou de saber um pouco mais sobre como a RCCBRASIL tem recursos para suas atividades de evangelização? Que tal fazer parte dos benfeitores? Cadastre-se agora mesmo no Semeando a Vida no Espírito e ajude a fazer o Espírito Santo mais conhecido e amado! Quero ajudar! www.rccbrasil.org.br/colabore
REAVIVANDO A CHAMA
“IDE E FAZEI DISCÍPULOS”: A FORMAÇÃO COMO UM CAMINHO DE MISSÃO
Um mergulho neste versículo do Evangelho de Mateus, frente ao processo formativo que colabora para nos tornarmos autênticas testemunhas de Cristo
A atividade missionária na Igreja é encantadora: anunciar que Jesus vive e, portanto, podemos ter esperança de uma vida nova n’Ele, pelo Espírito, na renúncia do pecado, banhados pelo amor do Pai que nos faz irmãos é uma mensagem que por si só já nos desperta para a certeza da filiação divina independente do que nos aconteça nessa vida terrena. Não são poucos os testemunhos daqueles que
assumiram o mandato de Jesus e o incentivo do Papa Francisco a uma “Igreja em saída” e descrevem a alegria de anunciar, de compartilhar o dom do encontro com o irmão na perspectiva do encontro com Cristo que transforma as nossas vidas. Sem sombra de dúvidas, a beleza desse momento inicial é tamanha, pois uma vida transformada coloca a pessoa em um caminho de discipulado; porém, isso deve ser só o início...
é preciso aprofundar!
Entendemos esse “aprofundar” como um investimento humano e formativo naqueles que foram encontrados pela atividade missionária da Igreja, ou seja, formar discípulos não é só uma evangelização inicial, mas um caminho de profundidade que acontece por meio da oração, da vivência dos carismas e pela formação. Neste encarte, abordaremos especificamente a formação como um caminho inerente à missão.
Para construirmos um percurso acerca da temática, tomaremos o trecho bíblico “Ide e fazei discípulos…” (Mt 28, 19) e analisaremos cada uma das palavras ligando-as ao contexto da missionariedade na Igreja.
A palavra “Ide” é um verbo que indica uma ordem ou pedido. Nesta palavra está incluída a noção de movimento, de deslocamento, de ir ao encontro de algo e de alguém. Observe o uso que o Papa Francisco (2013, p. 11) faz da palavra “ide”:
Naquele «ide» de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova «saída» missionária. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho. (FRANCISCO, 2013, p. 11)
Nesse trecho da Evangelii Gaudium, o Papa faz uma relação da palavra “ide” com as palavras “cenários” e “desafios”. Trata-se de uma referência direta de que a Igreja em saída precisa ter conhecimento dos panoramas que serão encontrados. Ou seja, não basta ter somente a vontade e a parresia que impulsiona a deslocar-se, mas é necessária a formação capaz de ajudar a discernir os sinais dos tempos em cada cenário em que o missionário se encontrar. Nesse aspecto, “sem diminuir o valor do ideal evangélico, é preciso acompanhar, com misericórdia e paciência, as possíveis etapas de
crescimento das pessoas, que se vão construindo dia após dia.” (Francisco, 2013, p. 18). Portanto, é necessário que o evangelizador e o evangelizado se coloquem em constante processo de formação para que a evangelização não se traduza apenas no primeiro anúncio, mas em um caminho sistemático e progressivo no qual as possíveis limitações e as diversas circunstâncias não sejam um impedimento para “crescer na compreensão do Evangelho e no discernimento das sendas do Espírito, e assim não renuncia ao bem possível, ainda que corra o risco de sujar-se com a lama da estrada.” (Francisco, 2013, p. 18-19).
O processo formativo, intimamente ligado ao Batismo no Espírito Santo e à prática dos carismas, nos leva a um duplo “ide”: o primeiro, para o nosso interior que potencializa o nosso discipulado e nos dá a consciência de que, a cada nova efusão, somos mergulhados na certeza da filiação divina e de um constante caminho – nunca acabado – de amadurecimento da nossa fé; o segundo, em direção ao outro no transbordamento de uma entrega missionária como Apóstolos da Efusão do Espírito Santo em busca da Civilização do Amor. Sem a formação, a missão para na evangelização inicial, pois faltam subsídios para prosseguir: o evangelizador se cansa e se frustra diante dos cenários e o evangelizado não mergulha na profundidade do encontro com Cristo.
Ainda no nosso versículo motivador, temos a palavra “fazei” que indica o desenvolvimento de uma certa ação ou a construção. No primeiro momento, a utilização do verbo fazer pode parecer que está nas mãos do evangelizador a produção da missão e de um evangelizado. Isso é um engano! No contexto do trecho bíblico, a palavra “fazei” indica a atitude de anúncio que desperta o outro à sua condição de filho amado de Deus. Trata-se da indicação do “dever que incumbe sobre nós em toda e qualquer época e lugar, porque «não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor» e sem existir uma «primazia do anúncio de Jesus Cristo em qualquer trabalho de evangelização»” (FRANCISCO, 2013, p. 38). Em outras palavras, o “fazei” indica uma
metodologia missionária: é abrir-se ao Espírito Santo para “um renovado impulso missionário” (FRANCISCO, 2013, p. 82).
Quando se fala em renovar, diz-se de tornar novo algo que já existe. Vamos pensar em algo concreto para depois voltarmos ao nosso tema. Imaginemos ter uma cadeira em nossa casa que não está tão bela, mas também não está a ponto de ser jogada fora. Para que essa cadeira se renove, é necessário rever se a madeira está boa, estudar técnicas de pintura, escolher os materiais necessários e “fazer” a renovação dela. A pessoa que se propôs a renovar essa cadeira procurou informação para que estivesse apta para realizar a ação, ela se formou (mesmo que em uma comparação bem singela) para a atividade que desenvolveria. Voltemos ao contexto da missão: só há um renovado impulso missionário se houver formação que ressignifique ou aprofunde a minha experiência anterior. O uso da imagem da cadeira foi proporcional para dizer que, em nossos Grupos de Oração, só haverá renovado impulso missionário se eu me levantar em oração e formação para ir e cumprir o mandato de Jesus e também para dizer que aquele lugar precisa ser ocupado por aquele que ouviu a primeira evangelização, mas que não parou nela, ocupou um lugar na comunidade para que seu direito a crescer na fé, pelo processo formativo, seja proporcionado.
Nesse sentido a palavra “fazei” indica a ação necessária para que o evangelizado se torne um discípulo. Evangelizado é aquele que recebeu o primeiro anúncio. Discípulo é aquele que aprofundou o primeiro anúncio e se colocou no seguimento do Mestre, aos pés d’Ele e unido a Ele pela oração. A origem da palavra discípulo remete ao latim discere que significa aprender. Desse modo, ninguém nasce discípulo, a pessoa se torna um discípulo. Pensemos em um outro exemplo: quando nascemos somos bebês; mas, em estágios anteriores, somos um feto e, antes, um embrião. O primeiro anúncio recebido nos deixa exultantes por reconhecermos que somos amados por Deus e que o pecado é um impedimento para uma experiência maior com esse amor, mas isso ainda é um embrião... a
vida em Deus e com Deus é um dom destinado a crescer, é preciso avançar e permitir nascer um bebê que vai crescer. Se para o embrião, para o feto e para o bebê é necessário um útero saudável para que haja desenvolvimento, para o evangelizado a formação é um útero de onde nascerá um discípulo amoroso e ardoroso. Mais uma vez, a imagem do bebê é proposital: o bebê ainda crescerá, assim como o discípulo, se bem formado, crescerá e frutificará.
Há uma música da Comunidade Católica Shalom muito cantada em nosso meio carismático que se chama “Estar em tuas mãos” e que nos ajuda a refletir sobre isso. Em um trecho se diz: “Estar em Tuas mãos, Senhor, e a vida entregar / A minha oblação em Ti se perderá / Frutificará, frutificará...”. Não podemos afirmar que o autor quis dar uma conotação missionária a essa estrofe, mas ela se encaixa perfeitamente no contexto que estamos trabalhando: a oblação (ato de fazer) frutifica, assim como a formação dada ao discípulo também frutifica. Nenhum ato de amor em forma de formação a quem foi evangelizado se perde, pelo contrário, se transforma e “faz” um discípulo que frutificará em um missionário ardoroso e maduro.
A Evangelii Gaudium nos indica que um missionário cheio do Espírito Santo precisa “desenvolver o prazer espiritual de estar próximo da vida das pessoas, até chegar a descobrir que isto se torna fonte duma alegria superior. A missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente uma paixão pelo seu povo” (FRANCISCO, 2013, p. 84). A paixão exige relacionamento próximo e a formação é um ato amoroso de proximidade. Favorecer a formação é um sinal de profundo amor ao próximo, é fazerse discípulo com um discípulo, é uma atitude livre de comprometimento, é uma experiência de amor aos irmãos. Não se pode esquecer que “O amor às pessoas é uma força espiritual que favorece o encontro em plenitude com Deus” (FRANCISCO, 2013, p. 85). A formação na perspectiva carismática torna mais potente a importância do relacionamento, pois não se trata de uma formação teórica, mas sim, querigmática e extremamente vinculada ao nosso chamado.
A formação carismática conjuga o saber, o conhecer e o aprender à vida comunitária, à prática dos carismas e à vivência do Batismo no Espírito, itens constitutivos da nossa essência e do nosso jeito de ser Igreja. Assim, a formação é um ato de amor, pois: Para partilhar a vida com a gente e dar-nos generosamente, precisamos de reconhecer também que cada pessoa é digna da nossa dedicação. E não pelo seu aspecto físico, suas capacidades, sua linguagem, sua mentalidade ou pelas satisfações que nos pode dar, mas porque é obra de Deus, criatura sua. Ele criou-a à sua imagem, e reflete algo da sua glória. Cada ser humano é objeto da ternura infinita do Senhor, e Ele mesmo habita na sua vida. Na cruz, Jesus Cristo deu o seu sangue precioso por essa pessoa. Independentemente da aparência, cada um é imensamente sagrado e merece o nosso afeto e a nossa dedicação. Por isso, se consigo ajudar uma só pessoa a viver melhor, isso já justifica o dom da minha vida. É maravilhoso ser povo fiel de Deus. E ganhamos plenitude, quando derrubamos os muros e o coração se enche de rostos e de nomes! (FRANCISCO, 2013, p. 86)
Aquele que recebeu o primeiro anúncio é objeto da ternura divina e tem o direito de aprofundar-se formativamente para ser um discípulo. Então, o discipulado é destinado a todos os filhos de Deus. Ser discípulo não é privilégio de alguns, por isso que o “ide” de Jesus é para “até os confins da Terra”. Onde estiver um filho amado de Deus, ali poderá estar um discípulo.
Na mensagem para o Dia Mundial das Missões, celebrado em 23 de outubro de 2022, o Papa Francisco usou como rhema o versículo “Sereis minhas testemunhas” (At 1, 8). Em suas palavras, o Papa diz que os discípulos “são enviados por Jesus ao mundo não só para fazer a missão, mas também e sobretudo para viver a missão que lhes foi confiada; não só para dar testemunho, mas também e sobretudo para ser testemunhas de Cristo.”. Nesse sentido, o
discípulo é a autêntica testemunha de Cristo! Nesse sentido, também, a formação colabora com essa autenticidade quando permite um aprofundamento nos conteúdos da fé, no exemplo de vida cristã e no anúncio adequado e renovado de Cristo – esses dois últimos tidos como os “pulmões com que deve respirar cada comunidade para ser missionária” (FRANCISCO, 2022, on-line).
Portanto, se naquele “ide” de Jesus, os cenários e os desafios estavam presentes (conforme nos indicou o Papa Francisco), naquele “fazer” do mesmo versículo estão presentes todas as oportunidades, investimentos, orações e ações necessárias para que o evangelizado se torne discípulo, ou seja, está presente toda a formação necessária e de direito para que o primeiro anúncio não pare por ali, para que ele cresça e frutifique.
Por fim, foi perceptível que todo o texto foi construído acerca do versículo “Ide e fazei discípulos...” (Mt 28, 19). Propositalmente, o versículo não foi colocado por completo e foram utilizadas as reticências para indicar que o “ide” e o “fazei” de Jesus, precisam encontrar continuidade em nossos Grupos de Oração que, a partir da valorização de uma sólida formação carismática, com a nossa identidade e tão somente com a nossa, possa colocar-nos em atitude de saída, mas também de acolhimento e aprofundamento na fé daqueles que foram evangelizados e serão os próximos discípulosmissionários de Jesus Cristo! Eis a nossa missão!
Referências Bibliográficas
BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Vaticano: 2013. Disponível em <https://www.puccampinas.edu.br/wp-content/uploads/2016/03/NFCExortacao-Apostolica-evangelii-gaudium.pdf>. Acesso: 20 setembro de 2022.
FRANCISCO. Mensagem de sua Santidade Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2022. Vaticano: 2022. Disponível em < https://www.vatican.va/content/ francesco/pt/messages/missions/documents/20220106giornata-missionaria.html>. Acesso: 21 setembro de 2022.