Revista Renovação - Edição 105 - Julho/Agosto de 2017

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Revista Renovação. Edição 105 . Jul/Ago 2017

REVISTA

UMA EDIÇÃO ESPECIAL SOBRE AS COMEMORAÇÕES DOS 50 ANOS DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA


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Revista Renovação . Jul/Ago 2017

Nesta Edição: Especial 50 anos da RCC Jubileu de Ouro em Roma 05 Chegou a grande Festa Jubilar!

07 Histórico e Profético:

Nações que clamaram “Vem, Espírito Santo!”

22 Descerá sobre vós o

38 Momento ecumênico: o

24 Como tudo começou?

40 Grupo de Oração Jubilar

26 Uma noite para

42 Santas Missas:

Espírito Santo e sereis minhas testemunhas

relembrar a história e manifestar muita gratidão

08 Destino Roma:

Brasileiros levam seus Grupos de Oração para celebrar o Jubileu

11 O caminho da unidade: um Pentecostes que aproxima

12 Discurso do Papa

Francisco no Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica

Festa do Jubileu de Ouro no Brasil 18 Espírito Santo, Senhor que dá vida

Espírito Santo é o artesão da unidade

Ápice da nossa Festa

46 RCC e Novas

Comunidades: um caminho de Comunhão

28 “Nada de mim, Senhor. Tudo de Ti”

47 Celebrando o

tricentenário do encontro da imagem de Aparecida

30 Somos chamados a viver a unidade na diversidade

32 Carismáticos e

50 Amor e Profetismo:

34 Construir uma

53 #JubileuRCC conectado

Dom Orlando Brandes faz histórica homilia na Festa do Jubileu

marianos: o papel de Maria na experiência de Pentecostes Civilização de Pentecostes

37 Um sinal profético:

20 Os campos estão

prontos para colheita

com você!

54 Começa a preparação

a RCC firma uma aliança com o Senhor!

para celebrações dos 50 anos de RCC no Brasil

EXPEDIENTE Publicação Oficial da Renovação Carismática Católica do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 18 - Edição Nº 105: Jul/Ago 2017

Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537

E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br

Redação: Carolina Alves, Gabriel Jorge, Lara Coelho, Laura Galvão, Maria Mariana

DA RCCBRASIL

Revisão: Mari Spessatto Fotos: Daniel Mafra, Daniel Reis, Douglas Estevam, Fernanda Fidélis, Jefferson Chalegre, Renato de Oliveira, Wagner Alves / Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico, Design e Diagramação: Priscila Carvalho Venecian

ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO Rua Antônio Favalli nº 23, Bairro Centro CEP 12.615-000 Canas/SP Tel.: (12) 3151-4155

Entre em contato conosco. Envie testemunhos e sugestões para o e-mail jornalismo@ rccbrasil.org.br. As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.

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Editorial Revista Renovação . Jul/Ago 2017

REGISTROS DE OURO É inegável, este é um ano realmente especial para a Renovação Carismática Católica do mundo inteiro. Estamos fazendo memória de todas as coisas que o Pai nos possibilitou viver nesses 50 anos. Foi um tempo de crescimento e amadurecimento nos caminhos do Senhor. Ah... e como é bom falar sobre tudo que Ele fez em nosso favor. Esta história que agora celebramos teve início com um pequeno grupo de estudantes, lá nos Estados Unidos, que se abriu às graças do alto. Esse grupo cresceu – e como cresceu -, vindo a ser o que chamamos de Renovação Carismática Católica! Hoje podemos testemunhar o que Deus fez na vida de milhões de carismáticos a partir daquele abençoado lugar, daquele bendito evento conhecido como “Final de Semana de Duquesne”. Afinal, quantas e quantas vidas foram tocadas pela inefável graça do Batismo no Espírito Santo? Não podemos precisar, mas sabemos que foram inúmeras as vidas transformadas a partir da RCC. Como calar sobre isso, se o agir de Deus enche nossas almas de júbilo? Como não recordar? E é para celebrar como irmãos, unidos pelos laços do Espírito que a RCC está se mobilizando durante todo o ano de 2017. Nesta edição, iremos destacar dois grandes eventos que já aconteceram e tiveram esse objetivo. Um internacional, vivido em Roma, e o outro aqui no Brasil: o nosso Jubileu de Ouro. Missão difícil nos foi dada de registrar o que aconteceu durantes essas comemorações, mas nós tentamos e o resultado está aí em suas mãos. Uma edição celebrativa, histórica, sim, mas que também tem uma outra finalidade: ao fazer memória, também nos lançamos para o futuro. Nosso olhar está voltado para tudo o que Ele ainda quer que façamos. Por meio das profecias, visões, mandatos e, também, da mensagem do Papa Francisco, contidas nestas páginas, esperamos inspirar você ao louvor, à oração, conversão, ao Batismo no Espírito. Também esperamos que se amplie sua visão a respeito do ecumenismo e da unidade. Esperamos que você deseje para a sua vida pessoal e comunitária tudo aquilo que o Senhor tem reservado para a RCC. Venha, passeie na história, guarde no seu coração os direcionamentos e medite sobre o que está contido nas páginas que se seguem. Que você tenha uma abençoada leitura! Veni Creator Spiritus!

Revista Renovação


Jubileu de Ouro em Roma Revista Renovação . Jul/Ago 2017

CHEGOU A GRANDE FESTA JUBILAR! Há seis anos estamos neste caminho. Chegamos ao Jubileu de Ouro, não ao fim da caminhada. Apenas começamos uma nova etapa, de amadurecimento e graças especiais para o Movimento. Relembre partes desse trajeto preparatório.

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RCC do mundo tem se preparado já há alguns anos para comemorar o derramamento do Espírito Santo, episódio que marcou a origem do Pentecostalismo Católico, da chamada Renovação Carismática Católica no mundo. No ano de 2017, completaram-se 50 anos daquela graça, quando em um retiro de oração, em 1967, na Universidade de Duquesne (Pittsburgh, Pennsylvania, EUA), depois de algumas palestras e atividades, um grupo de universitários sentiu a necessidade de renovar os votos feitos no Batismo e Crisma. Os participantes foram conduzidos para a capela da Casa de Retiro da Universidade e lá tiveram novas experiências espirituais: uma forte certeza do amor de Deus, orações proferidas em voz alta, arrependimento dos pecados, etc. Dessa forma, os jovens recebiam pela primeira vez a graça denominada Batismo no Espírito Santo. Esse foi considerado o marco inicial da RCC no mundo. Hoje, a Renovação Carismática é uma grande força a serviço do Evangelho. Seus membros foram a Roma para celebrar, junto com o Papa Francisco, os 50 anos de atuação no mundo. Em 2014, no Estádio Olímpico de Roma (Itália), durante a 37ª Convocação da Renovação Carismática Católica, o Papa Francisco fez uma convocação a todos os membros e lideranças do Movimento: “Espero

todos vocês, carismáticos do mundo, para celebrar, juntamente com o Papa, vosso Jubileu de Ouro, em Pentecostes, no ano de 2017”. Seis anos de preparação para o Jubileu (Martyria, Koinonia e Diakonia)

Antes disso, o Serviço para a Renovação Carismática Católica Internacional (ICCRS) organizou um projeto de iniciativas bienais para preparar o povo, em especial, de forma espiritual para as celebrações jubilares. A proposta, lançada em 2012 pela organização, em seu primeiro momento refletiu a “Martyria (Acendendo a Chama)”. O tema foi meditado nos anos 2012 e 2013, buscando fortalecer a identidade da RCC em nível mundial. Fez parte das atividades comemorativas o Encontro Mundial de Jovens (2012, em Foz do Iguaçu– Brasil) e uma Consulta Profética de líderes mundiais (2013, em Jerusalém, na Terra Santa). Nessa época, foi trabalhada a difusão da experiência do Batismo no Espírito Santo, especialmente, levando o ardor do Espírito à juventude. No biênio 2014 e 2015, a temática “Koinonia (Inflamando a Chama)” focou levar os carismáticos à maturidade do Movimento e, nesses anos, os eventos promovidos em nível mundial foram a Grande Assembleia (2014, em Kampala- Uganda 2014) e o Retiro In-

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Jubileu de Ouro em Roma Revista Renovação . Jul/Ago 2017

ternacional para Sacerdotes (2015, Roma- Itália). Esse foi um tempo de encorajamento para os membros do Movimento, prática mais intensa dos carismas, maturidade eclesial e de assegurar, proteger e retificar a RCC. Nos últimos anos (2016 e 2017), a proposta lançada foi a “Diakonia (Espalhando a Chama)”, em que foi pensada a influência da RCC. O grande momento da família carismática foi o evento realizado em Roma (Pentecostes 2017), por ocasião do cinquentenário do Movimento. Nesse tempo, o apelo forte ao Movimento foi a missão e evangelização, promovendo a cultura de Pentecostes. Sendo assim, toda a família carismática se reuniu na cidade eterna, cidade centro da vida cristã, para clamar ao Senhor por um novo Batismo no Espírito Santo, mas, especialmente, para viverem a graça e as promessas de Deus reservado para aqueles dias. Durante esses anos, o Serviço para a Renovação Carismática Católica Internacional (ICCRS) e a Fraternidade Católica (FRATER) prepararam esse grande momento que, além de uma comemoração, foi uma celebração histórica, com muita dedicação e atenção às necessidades da RCC. Dentre os direcionamentos nesse tempo preparativo, tiveram destaque algumas reflexões sobre o Movimento, de especial modo assuntos como unidade dos cristãos, vida missionária, conversão e resgate da identidade carismática.

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ECUMENISMO DE SANGUE

As atividades jubilares aconteceram por toda a cidade eterna. Todavia, de forma especial, a Vigília de Pentecostes, momento alto da celebração, aconteceu junto com o Sumo Pontífice, o Papa Francisco, que destacou a importância do local escolhido para a celebração: “Hoje, escolhemos reunir-nos aqui, neste lugar — disse o pastor Traettino — porque aqui, durante as perseguições foram martirizados alguns cristãos, para o deleite daqueles que assistiam”.

O Circo Máximo (ou Circo de Nero) foi uma das primeiras grandes edificações da cidade de Roma, a fim de oferecer ao povo romano entretenimento para a época, atividades como corrida de cavalos, esportes etc. Mais tarde, já no tempo do imperador Nero, o circo foi palco de barbáries, nas quais muitos cristãos, diariamente, eram martirizados, queimados e jogados às feras para o divertimento do povo. Ao escolher esse lugar para a grande celebração jubilar, Papa Francisco recordou o Movimento sobre a importância da unidade dos cristãos, e usou dessa celebração para novamente alertar a Igreja, atentando em especial a Renovação Carismática, sobre a importância dessa união, especialmente nesse tempo de martírio: “Hoje, há mais mártires do que ontem! Hoje há mais mártires cristãos. Aqueles que matam os cristãos, antes de os assassinar, não lhes perguntam: ‘És ortodoxo? És católico? És evangélico? És luterano? És calvinista?’. Não. ‘És cristão?’— ‘Sim’: degolam imediatamente. Hoje há mais mártires do que nos primeiros tempos”, afirmou o Santo Padre, que continuou: “E este é o ecumenismo do sangue: une-nos o testemunho dos nossos mártires de hoje. O sangue cristão é derramado em diversos lugares do mundo! Hoje, é mais urgente do que nunca a unidade dos cristãos, unidos por obra do Espírito Santo, na oração e na ação em prol dos mais débeis. Caminhar juntos, trabalhar juntos. Amar-nos. Amar-nos. E juntamente procurar explicar as diferenças, chegar a um acordo, mas a caminho! Se permanecermos parados, sem caminhar, nunca, nunca concordaremos. É assim, porque o Espírito nos quer a caminho”.


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HISTÓRICO E PROFÉTICO: NAÇÕES QUE CLAMARAM “VEM, ESPÍRITO SANTO!” De 31 de maio a 04 de junho, mais de 40 mil pessoas, cerca de 120 países reunidos para agradecer a Deus pela Renovação Carismática na Igreja Católica. Os cinco dias de festa carismática em Roma foram recheados de emoção, carismas e do exercício de uma fé expectante ao novo que o Senhor propõe para a RCC nos próximos anos. Uma multidão de carismáticos oriundos de Grupos de Oração e Comunidades de diversas partes do mundo entraram em terras italianas para viverem juntos o Jubileu de Ouro da RCC. Foram cerca de 120 países, representados por mais de 40 mil participantes com diferentes idiomas e culturas, mas com um ponto em comum, a busca pela intimidade com Deus por meio do Espírito Santo. Logo no início das comemorações, os participantes se depararam com a acolhida de braços abertos do Santo Padre, Papa Francisco, na audiência-geral do dia 31 de maio, dizendo: “Invoco uma abundante efusão dos dons do Espírito Santo”. As ruas de Roma se encheram de alegria e festa que se fundiam entre cantos em português, inglês, fran-

cês e outras línguas que ali podiam ser ouvidas. Os bonés vermelhos, entregues no kit dos peregrinos, tingiam os ambientes, mostrando a forte presença carismática em Roma. Dentre os participantes, era possível identificar a gratidão por terem conseguido participar deste momento histórico do Movimento. Cada momento preparado teve sua importância e representatividade na vida de cada carismático. Em especial por ter a presença de grandes líderes da RCC e pioneiros, como Patti Gallagher Mansfield, Vinson Synan, David Mangan e Ralph Martin que viveram aquelas primeiras experiências de Batismo, após se abrirem à ação do Espírito Santo. Além das celebrações eucarísticas, ponto alto de todos os dias, os carismáticos puderam participar de encontros como o Simpósio Teológico, com a participação do pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa; o Encon-

tro das Comunidades, que contou com a presença da presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, Katia Roldi Zavaris, da então presidente do ICCRS, Michelle Moran, e do presidente da Catholic Fraternity, Gilberto Barbosa; além do belo momento ecumênico com líderes cristãos. As quatro Basílicas Papais foram utilizadas para acolher esses momentos, que foram considerados históricos e proféticos pelos organizadores e participantes. Dentre os diversos discursos e pregações, destacavam-se a missão e o ecumenismo como ações fundamentais no serviço da RCC. Os momentos principais e de maior concentração foram o Encontro Carismático, a Vigília de Pentecostes no Circo Máximo e a Santa Missa no domingo (04) com o Papa Francisco, na Praça de São Pedro. Ocasiões nas quais os participantes foram levados à profunda gratidão pela Renovação Carismática Católica.

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DESTINO ROMA: BRASILEIROS LEVAM SEUS GRUPOS DE ORAÇÃO PARA CELEBRAR O JUBILEU A música, a animação e o sorriso no rosto marcaram a participação dos brasileiros no Jubileu da RCC em Roma. O Jubileu Carismático em Roma movimentou milhares de pessoas entre o final do mês de maio e início de junho para as atividades organizadas pelo ICCRS e pela Fraternidade Católica. Com momentos emocionantes, saudosos e proféticos, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a ação do Espírito Santo em diversos países do planeta. Um dos fatos marcantes foi a presença brasileira nesta grande festa. Sim, tinha brasileiro para todo lado e todos podiam ver o quanto o Espírito Santo tem agido no Brasil. Essa participação ficou evidente quando a organização do evento pediu a participação dos membros do Movimento para a música hino do evento e da mostra de artes no Vaticano, que teve uma grande participação de brasileiros, segundo o escritório do ICCRS. Em meio às milhares de bandeiras hasteadas na multidão, se destacavam as cores verde, amarela, azul e branca que compõem a bandeira brasileira. E com elas vinham testemunhos, partilhas e projetos missionários suscitados em Grupos de Oração e Comunidades da RCC no Brasil.

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Essa participação trazia ao evento um clima bem festivo, de alegria e acolhida, que não se restringia às

suas fronteiras, mas que acolhia nações, culturas, não se limitando nem mesmo ao idioma falado, porque sempre tinha uma forma de se comunicar, mesmo que pelo simples gesto de amar. Ainda nos aeroportos internacionais, antes de sair do país, já se via o mar carismático invadindo os saguões e com eles a gratidão pela oportunidade de viver este momento. Conquista vinda pelos esforços de quem confiou na providência e se empenhou a realizar o sonho de estar em Roma celebrando essa festa. “Eu queria tanto viajar para este momento do Jubileu (...). Para mim foi um momento único, de muita importância para o meu crescimento espiritual”, afirma Alzira de Matos, coordenadora do Grupo de Oração Mãe da Divina Graça, em Birigui/SP. “Nunca vou me esquecer”, ressaltou Alzira, com emoção, sobre sua primeira viagem internacional. Segundo informações da organização, estavam presentes no Jubileu de Ouro da RCC mais de 4.500 brasileiros. Eram membros de Grupo de Oração, coordenadores, ministeriados, famílias, todos juntos mostrando às nações que o Espírito Santo faz novas todas as coisas no Brasil.


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No segundo dia do evento (01), houve um momento especial dedicado aos brasileiros na Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros. Esta Basílica foi construída sobre o túmulo de São Paulo, no local exato onde ele foi decapitado. Um lugar que é marco da fé de São Paulo e onde se reuniu um povo ardoroso e cheio de fé. Foi uma tarde inteira de atividades, com participações de músicos como Eugênio Jorge e Dunga, e líderes carismáticos do Brasil como os sacerdotes Fábio de Melo, Reginaldo Manzotti, João Carlos e Antônio Maria. Também estiveram presentes Mons. Jonas Abib e Luzia Santiago, da Comunidade Canção Nova; Gilberto Barbosa, presidente da FRATER Internacional e fundador da Comunidade Obra de Maria; além de membros do Conselho Nacional da RCCBRASIL. Unidos na oração, os participantes brasileiros puderam se entregar em oração e confiar na condução do Espírito Santo, orando por suas intenções e pelas intenções dos irmãos numa corrente de graça ao próximo. A Santa Missa desse dia foi presidida por Dom Filippo Santaro, arcebispo de Taranto (Itália), após a entrada das bandeiras de cada estado do Brasil. Ao mesmo tempo, acontecia a concentração dos jovens na Basílica Papal de São João de Latrão, onde Daniele Almeida, coordenadora nacional do Ministério Jovem, partilhou com carismáticos de todo o mundo o seu testemunho com a temática “Como o Espírito Santo incendiou a minha vida”. Em entrevista, Daniele partilhou que sonhava ir ao Jubileu, mas não tinha condições para isso. Para

ela, poder estar presente já era um sonho realizado, mas que o Senhor a chamou para fazer mais. “Quando eu recebi o convite, eu fiquei muito ansiosa e lembro-me de ter dito ao coordenador da comissão da juventude: ‘Meu testemunho não é daqueles fortes, de ex-drogada, exassassina ou ex-prostituta, é muito simples, mas muito profundo e valioso para mim’”, afirmou a jovem, complementando que o responsável respondeu que era do que precisavam, pois pessoas “simples” precisam também reconhecer-se necessitados da graça de Deus. No dia da Vigília de Pentecostes, com o Papa Francisco, foi possível ver ainda mais como era representativa a presença do Brasil no Jubileu. Por todo lado que se olhava existia pelo menos uma bandeira ou algum objeto brasileiro. Logo no início, foram chamados alguns participantes que dariam testemunho sobre o que o Espírito Santo realizou em suas vidas por meio da Renovação Carismática Católica. Pe. Marcelo Rossi foi uma dessas pessoas que fizeram essa breve partilha. Com muita clareza, o sacerdote relatou sobre o início da sua vida e o agir da misericórdia do Senhor desde a sua mãe, passando pelo seu nascimento em 1967 (ano do surgimento da RCC), a evangelização pelos pais, participantes da RCC, e o chamado ao sacerdócio. Além disso, ele falou do seu chamado à evangelização por meio da comunicação e a cura da depressão com a ajuda da RCC, por meio de Patti Gallagher Mansfield. Na Santa Missa da Solenidade de Pentecostes, no domingo, ao final da celebração presidida pelo Papa Francisco, alguns irmãos bra-

sileiros partilharam sobre a experiência de estar ali nos 50 anos da RCC no mundo. Segundo, Ana Paula, do Grupo de Oração Nova Aliança, de Afogados da Ingazeira (PE), foi uma experiência única, inexplicável. “Nós precisamos, como dizia a Patti, com coragem, ousadia e destemor, continuar servindo ao Senhor”, afirmou a carismática. “Foi um momento histórico na nossa vida estar aqui, participando com a RCC, 50 anos. Foi maravilhoso o Brasil no Vaticano, junto com o Papa Francisco” falou Marli Pressi, da RCC Sorriso (MT), segurando a bandeira do Brasil nas mãos e com um sorriso estampado no rosto. A arte que ultrapassa limites

Os brasileiros não fizeram apenas presença no Jubileu em Roma, mas contribuíram com seus dons e carismas. Thiago Lopes (PR) e Rodrigo Pontes (RJ) tiveram suas produções selecionadas pelo ICCRS para este momento histórico. Thiago Lopes, membro do Grupo de Oração Nossa Senhora de Pentecostes, Mãe da Divina Graça, em São José dos Pinhais (PR), teve a sua canção “Mãe de Pentecostes” selecionada como hino do Jubileu de Ouro da RCC. O carismático, junto com a esposa, teve a oportunidade de cantar o hino e animar parte do encontro carismático no Circo Máximo, em Roma. Já Rodrigo Pontes, da RCC Rio das Ostras (RJ), teve a sua obra de arte intitulada “O amor” selecionada para a mostra de arte que foi exposta no Vaticano durante o evento, e que ficou em mostra permanente no Escritório do ICCRS. A obra foi desenvolvida na técnica de mosaico com papelão.

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O CAMINHO DA UNIDADE: UM PENTECOSTES QUE APROXIMA

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Em Roma, pastores pentecostais e líderes católicos se unem pelo ecumenismo carismático.

m dos pontos marcantes da celebração do Jubileu de Ouro da RCC, que aconteceu em Roma, foi o Ecumenismo. Em todos os momentos, havia pelo menos uma fala sobre a unidade entre os cristãos por meio da Renovação Carismática Católica. Já na programação do evento, foi destinada a manhã da sexta-feira (02/06) para um Encontro Ecumênico na Pontifícia Universidade Urbaniana. Nela estavam presentes pioneiros e representantes carismáticos e líderes evangélicos, os quais compartilharam sobre a experiência e caminho de unidade que está sendo trilhando neste tempo. O auditório cheio de participantes do evento impressionava os líderes que estavam na bancada, que disseram não imaginar que veriam tantas pessoas, em Roma, interessadas na luta pela unidade dos cristãos. Dentre os mediadores, estava presente Matteo Calisi,

italiano e fundador da “Comunità di Gesù”, que abordou sobre o exemplo de Papa Francisco na luta pelo ecumenismo e afirmou: “O ecumenismo depende de como abrimos o nosso coração”. Em outro momento, Padre Peter Hocken, junto a outros irmãos na fé, abordou sobre Romanos, capítulos 9, 10 e 11, e todos refletiram sobre a importância da unidade e do ecumenismo. O sacerdote, ainda, enfatizou o caminho que o Espírito Santo tem conduzido para que se chegasse a essa realidade. O ecumenismo também foi um tema abordado no sábado (03/06), na Vigília de Pentecostes com o Papa Francisco. Frei Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, exortou os participantes dizendo: “O fenômeno pentecostal e carismático tem uma vocação e responsabilidade específicas em relação à unidade dos cristãos. Sua vocação ecumênica parece ainda

mais evidente se pensarmos no que aconteceu no início da Igreja”. Esteve presente também o amigo do Papa Francisco e dirigente da Igreja Pentecostal da Reconciliação, Pr. Giovanni Traettino, representando os diversos pastores que estavam no evento, apoiando o ecumenismo dos movimentos carismáticos. Segundo o pastor, “o movimento pentecostal ou carismático tem em sua genética - pela experiência compartilhada do Espírito - não só o chamado à renovação, ao despertar, à ‘vida’, mas também em si, no seu mandato, a vocação de construir a unidade entre os filhos de Deus”. E enfatizou que há muito a se construir neste caminho ecumênico. Em outro momento, o Papa Francisco enfatizou: “(A RCC) nasceu ecumênica, porque é o Espírito Santo que cria a unidade e o mesmo Espírito Santo que deu a inspiração para que assim seja!”.

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO NO JUBILEU DE OURO DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA Durante as celebrações do Jubileu de Ouro, o Papa Francisco se reuniu com carismáticos de diferentes nacionalidades para a Vigília de Pentecostes, realizada no Circo Máximo (Roma- Itália), no dia 03 de junho de 2017. Em seu discurso, o Papa reafirmou o chamado da RCC e convocou o Movimento a permanecer fiel à Palavra de Deus, na disponibilidade ao serviço e oferecendo vidas transformadas pelo Espírito Santo para toda a Igreja. Leia o discurso completo: Irmãos e irmãs, obrigado pelo testemunho que dais hoje, aqui: obrigado! Faz-nos bem a todos, faz bem também a mim, a todos! No primeiro capítulo do livro dos Atos dos Apóstolos, lemos: “E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o cumprimento da promessa do Pai, que ouvistes — disse ele — da minha boca: João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui a poucos dias” (1, 4-5).

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“E, chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um

ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2, 1-4). Hoje, estamos aqui, como num Cenáculo ao ar livre, e também com o coração aberto à promessa do Pai. Estamos reunidos todos nós, crentes, todos aqueles que professam que Jesus é o Senhor. Muitos vieram de diversas partes do mundo e o Espírito Santo reuniu-


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“Estamos aqui, como num Cenáculo ao ar livre, e também com o coração aberto à promessa do Pai” -nos para estabelecer vínculos de amizade fraterna que nos encorajem no caminho rumo à unidade, a unidade para a missão: não para estar parados, mas para a missão, para proclamar que Jesus é o Senhor, para anunciar juntos o amor do Pai por todos os seus filhos! Para anunciar a Boa Nova a todos os povos! Para demonstrar que a paz é possível. Não é muito fácil demonstrar ao mundo de hoje que a paz é possível, mas em nome de Jesus podemos demonstrar com o nosso testemunho que a paz é possível! Mas é possível se estivermos em paz entre nós. Se acentuarmos as diferenças, estaremos em guerra entre nós e não poderemos anunciar a paz. A paz é possível a partir da nossa confissão de que Jesus é o Senhor da nossa evangelização nesta estrada. É possível. Mesmo mostrando que temos diferenças — mas isto é óbvio, temos diferenças — mas que desejamos ser uma diversidade reconciliada. Então, não devemos esquecer esta palavra mas dizê-la todos: diversidade reconciliada. E esta palavra não é minha. É de um irmão luterano. Diversidade reconciliada! E agora estamos aqui e somos numerosos! Reunimo-nos para rezar juntos, para pedir a vinda do Espírito Santo sobre cada um de nós, a fim de que possamos sair pelas ruas da cidade e do mundo para proclamar o senhorio de Jesus Cristo.

O livro dos Atos afirma: “Partos, Medos, Elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judeia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus”(2, 9-11). Falar a mesma língua, ouvir, compreender... Há diferenças, mas o Espírito faz-nos entender a mensagem da ressurreição de Jesus na nossa própria língua. Estamos aqui reunidos, crentes provenientes de 120 países do mundo, para celebrar a obra soberana do Espírito Santo na Igreja, que teve início há 50 anos e deu vida a... uma instituição? A uma organização? Não! A uma corrente de graça, uma corrente de graça da Renovação Carismática Católica. Obra que nasceu... católica? Não! Nasceu ecumênica! Nasceu ecumênica porque é o Espírito Santo quem cria a unidade e é o mesmo Espírito Santo que deu a inspiração para que fosse assim! É importante ler as obras do cardeal Suenens sobre isto: é muito importante!

que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo” (At 2, 36). Esta é a profissão de fé de cada cristão! Deus constituiu Senhor e Cristo aquele Jesus que vós crucificastes ou que foi crucificado. Estais de acordo com esta profissão de fé? [respondem: Sim!] É a nossa, de todos, todos, a mesma! A Palavra prossegue dizendo: “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Vendiam: ajudavam os pobres. Havia alguns espertos — pensemos em Ananias e Safira, há sempre — mas todos crentes, a maioria, ajudavam-se uns aos outros. Unidos de coração frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação” (2, 44-47). A comunidade crescia, e havia o Espírito que inspirava. Eu gosto muito de pensar em Filipe, quando o anjo lhe diz: “Vai em direção do caminho

“A vinda do Espírito Santo transforma homens fechados por causa do medo em testemunhas corajosas de Jesus” A vinda do Espírito Santo transforma homens fechados por causa do medo em testemunhas corajosas de Jesus. Pedro, que renegara Jesus por três vezes, repleto da força do Espírito Santo proclama: “Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza

que desce a Gaza” e procura aquele prosélito, ministro da economia da rainha da Etiópia, Candace. Era um prosélito e lia Isaías. E Filipe explicou-lhe a Palavra, proclamou Jesus, e aquele converteu-se. Num dado momento, disse: “Mas aqui há água: quero ser batizado”. Foi o Es-

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pírito que impeliu Filipe a ir ali, e foi desde o início o Espírito quem impeliu todos os crentes a proclamar o Senhor. Hoje, escolhemos reunir-nos aqui, neste lugar — disse o pastor

“O sangue cristão é derramado em diversos lugares do mundo! Hoje é mais urgente do que nunca a unidade dos cristãos”

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Traettino — porque aqui, durante as perseguições, foram martirizados alguns cristãos, para o deleite daqueles que assistiam. Hoje, há mais mártires do que ontem! Hoje há mais mártires, cristãos. Aqueles que matam os cristãos, antes de os assassinar não lhes perguntam: “És ortodoxo? És católico? És evangélico? És luterano? És calvinista?”. Não. “És cristão?”— “Sim”: degolam imediatamente. Hoje, há mais mártires do que nos primeiros tempos. E este é o ecumenismo do sangue: une-nos o testemunho dos nossos mártires de hoje. O sangue cristão é derramado em diversos lugares do mundo! Hoje é mais urgente do que nunca a unidade dos cristãos, unidos por obra do Espírito Santo, na oração e na ação em prol dos mais débeis. Caminhar juntos, trabalhar juntos. Amar-nos. Amar-nos. E juntamente procurar explicar as diferenças, chegar a um acordo, mas a caminho! Se permanecermos parados, sem caminhar, nunca, nunca concordaremos. É assim, porque o Espírito nos quer a caminho.

Cinquenta anos de Renovação Carismática Católica. Uma corrente de graça do Espírito! E por que corrente de graça? Porque não há fundadores, nem estatutos, nem órgãos de governo. Claramente, nesta corrente surgiram várias expressões que, sem dúvida, são obras humanas inspiradas pelo Espírito, com vários carismas, e todas ao serviço da Igreja. Mas não se podem colocar barragens à corrente, nem se pode fechar o Espírito Santo numa gaiola!

“Não se podem colocar barragens à corrente, nem se pode fechar o Espírito Santo numa gaiola” Passaram cinquenta anos. Quando se chega a essa idade, as forças começam a diminuir. É a metade da vida — na minha terra dizemos “el cinquentazo” — as rugas tornam-se mais profundas — a não ser que nos maquilhemos, mas há rugas — os cabelos grisalhos aumentam e começamos também a esquecer-nos de algumas coisas... Cinquenta anos é um momento da vida oportuno para parar e fazer uma reflexão. É o momento da reflexão: metade da vida. Eu diria: é o momento para ir em frente com mais força, deixando para trás a poeira do tempo que permitimos que se acumulasse, agradecendo aquilo que recebemos e enfrentando o novo com confiança na ação do Espírito Santo! Pentecostes faz nascer a Igreja. O Espírito Santo, a promessa do

Pai anunciada por Jesus Cristo, é Aquele que faz a Igreja: a esposa do Apocalipse, uma única esposa! Afirmou o pastor Traettino: o Senhor tem uma esposa!

“Eu diria: é o momento para ir em frente com mais força, deixando para trás a poeira do tempo que permitimos que se acumulasse, agradecendo aquilo que recebemos e enfrentando o novo com confiança na ação do Espírito Santo” O dom mais precioso que todos recebemos é o Batismo. E agora o Espírito conduz-nos pelo caminho de conversão que atravessa todo o mundo cristão e é mais um motivo para que a Renovação Carismática Católica seja um lugar privilegiado, a fim de percorrer a estrada rumo à unidade! Esta corrente de graça é para toda a Igreja, não só para alguns, e ninguém de nós é o “senhor” e todos os outros são servos. Não. Todos somos servos desta corrente de graça. Juntamente com esta experiência, lembrais constantemente à Igreja o poder da oração de louvor. Louvor que é a oração de gratidão e de ação de graças pelo amor gra-


Jubileu de Ouro em Roma Revista Renovação . Jul/Ago 2017

tuito de Deus. Pode acontecer que alguém não goste deste modo de rezar, mas não há dúvida que se insere plenamente na tradição bíblica. Por exemplo, os Salmos: Davi dançava diante da Arca da Aliança, cheio de júbilo... E, por favor, não caiamos na atitude dos cristãos com o “complexo de Micol”, que se envergonhava pelo modo como Davi louvava a Deus [dançando em frente da Arca].

“A Renovação Carismática Católica seja um lugar privilegiado, a fim de percorrer a estrada rumo à unidade” Júbilo, alegria, felicidade fruto da mesma ação do Espírito Santo! Ou o cristão experimenta a alegria no seu coração ou significa que algo não funciona. A alegria do anúncio da Boa Nova do Evangelho! Jesus, na Sinagoga de Nazaré, lê o trecho de Isaías. Leio: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19; cf. Is 61, 1-2). A boa nova: não esqueçamos isto. O jubiloso anúncio: o anúncio cristão é sempre jubiloso. O terceiro documento de Malines, ‘Renovação Carismática e Serviço ao Homem’, escrito pelo cardeal Suenens e pelo bispo Hél-

der Câmara, é claro: Renovação Carismática é também serviço ao homem. Batismo no Espírito Santo, louvor, serviço ao homem. As três coisas estão ligadas de forma indissolúvel. Posso louvar profundamente, mas se eu não ajudar os mais necessitados, não é suficiente. “Não havia entre eles necessitado algum”(At 4, 34), está escrito no Livro dos Atos. Não seremos julgados pelo nosso louvor, mas por quanto fizemos por Jesus. “Mas Senhor, quando foi que fizemos isto por ti? Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”(Mt 25, 39-40).

“Desejo-vos um tempo de reflexão, de memória das origens; um tempo para que deixeis para trás todas as coisas acrescentadas pelo próprio ego” Queridas irmãs e caros irmãos, desejo-vos um tempo de reflexão, de memória das origens; um tempo para que deixeis para trás todas as coisas acrescentadas pelo próprio ego, transformando-as em escuta e acolhimento jubiloso da ação do Espírito Santo, que sopra onde e como quer! Agradeço à Fraternidade Católica e ao ICCRS por ter organizado este Jubileu de Ouro, e estas Vésperas. E agradeço a cada um dos

voluntários que a tornaram possível, muitos dos quais se encontram aqui. Quis saudar os membros da equipe do gabinete quando cheguei, porque sei que trabalharam muito! E sem ser pagos! Trabalharam muito. A maioria são jovens de diversos continentes! Que o Senhor os abençoe abundantemente! Agradeço especialmente o fato de que o pedido, que vos fiz há dois anos, de dar à Renovação Carismática mundial um único serviço internacional com base aqui, tenha começado a concretizar-se nos Atos Constitutivos deste novo serviço único. É o primeiro passo, outros se seguirão, contudo em breve a unidade, obra do Espírito Santo, será uma realidade. “Eis que eu renovo todas as coisas”, diz o Senhor (Ap 21, 5). Obrigado, Renovação Carismática Católica, por aquilo que destes à Igreja nestes cinquenta anos! A Igreja conta convosco, com a vossa fidelidade à Palavra, com a vossa disponibilidade ao serviço e com o testemunho de vidas transformadas pelo Espírito Santo! Compartilhar com todos na Igreja o Batismo no Espírito Santo, louvar o Senhor sem cessar, caminhar juntamente com os cristãos de diversas Igrejas e comunidades cristãs na oração e na ação para com os mais necessitados. Servir os mais pobres e os enfermos, eis o que a Igreja e o Papa esperam de vós, Renovação Carismática Católica, mas de vós todos: todos, todos vós que entrastes nesta corrente de graça! Obrigado.

Fonte: www.vatican.va Tradução: A Santa Sé (www.vatican.va)

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Pregação Revista Renovação . Mar/Abr 2017

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Pregação Revista Renovação . Mar/Abr 2017

No Brasil, membros de Grupos de Oração, líderes religiosos, membros e fundadores de comunidades, sacerdotes, bispos e pioneiros do Movimento se reuniram para partilha e louvor a Deus pelos 50 anos da RCC. Confira tudo o que aconteceu nessa grande festa jubilar, que aconteceu do dia 28 de junho a 02 de julho de 2017, na sede da Comunidade Canção Nova (Cachoeira Paulista/SP) e no Santuário Nacional de Aparecida (Aparecida/SP).

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Festa do Jubileu de Ouro no Brasil Revista Renovação . Jul/Ago 2017

ESPÍRITO SANTO, SENHOR QUE DÁ VIDA A primeira pregação da Festa do Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica do Brasil foi um convite à reflexão sobre como, no dia a dia, temos caminhando até hoje, projetando um futuro de retomada à vida nova no Espírito Santo.

“A

mão do Senhor desceu sobre mim. Ele me arrebatou em espírito e me colocou no meio de uma planície, que estava coberta de ossos. Ele fez-me circular em todos os sentidos no meio desses ossos numerosos que jaziam na superfície. Vi que estavam inteiramente secos. Disse-me o Senhor: filho do homem, poderiam esses ossos retornar à vida?” Esse trecho da Sagrada Escritura, que se encontra no livro do Profeta Ezequiel, capítulo 37, foi a palavra escolhida por Deus, e discernida por João Cláudio Rufino, para a primeira pregação da Festa do Jubileu de Ouro, intitulada “Espírito Santo, Senhor que dá vida”. Mas, o que essa palavra tem a retumbar nesse momento histórico de celebração dos 50 anos do Movimento?

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João Claudio Rufino, membro do Núcleo Nacional de Reflexão Teológica da RCC do Brasil, fez uma ponderação pertinente nesse momento de Jubileu, em que toda a RCC está refletindo sobre sua caminhada. Rufino falou sobre a vida nova no Espírito e, de forma geral, conduziu os participantes a se questionarem se

a santidade pregada condiz com o comportamento diário dos cristãos carismáticos. No início, o pregador explicou o contexto histórico no qual estava inserido o profeta Ezequiel enquanto relata essa visão nas Sagradas Escrituras. Durante o exílio babilônico, homens, mulheres, crianças líderes do povo eram levados como escravos, o povo de Deus teve sua cidade cercada e destruída, a terra prometida foi perdida. É nesse momento, de maior crise de fé para o povo, que Ezequiel (sacerdote do templo) foi levado de Jerusalém para a Babilônia e, lá, Deus o chama para que o profeta seja canal de renovação da esperança para o povo, anunciando que Deus jamais esquecera dele, dos seus filhos. O vale de ossos secos, conforme dito por João Cláudio Rufino, representa esse tempo de dificuldade e limites. “Talvez nós estejamos no limite, no momento em que seja imprescindível uma ação transformadora para nos lançar em um olhar de esperança para o futuro... Muitos de nós têm nos lábios um saudosismo (não algo positivo)”. Nesse momen-


Festa do Jubileu de Ouro no Brasil Revista Renovação . Jul/Ago 2017

to, Rufino exemplificou expressões como ‘antigamente que era bom!’, ‘antes as coisas aconteciam, agora, não mais’... “Se nós chegamos nesse limite, Deus coloca em nosso coração a perspectiva de um futuro maravilhoso. O que passou foi bom, mas o melhor está por vir”, declarou. O pregador retomou a passagem bíblica, na qual Deus coloca o profeta para circular (e olhar) o meio daqueles ossos ressequidos. Rufino, com muitos questionamentos aos participantes, durante toda a pregação foi dando ‘voltas em possíveis ossos ressequidos’, ou seja, indicando quais pontos

“Talvez nós estejamos no limite, no momento em que seja imprescindível uma ação transformadora para nos lançar em um olhar de esperança para o futuro” estão mais necessitados da graça de Deus em nossas vidas. Com reflexões, o pregador foi mostrando para as pessoas em que é necessário receber vida, em quais áreas são necessárias maior atenção devido ao ressecamento espiritual e moral. O pregador começou pela espiritualidade dos carismáticos. “Olhando para sua história, como está sua vida espiritual, hoje? Você tem tempo e qualidade na sua relação íntima com o Senhor por meio da palavra de Deus e vida de oração?” Dessa forma, Rufino ten-

tou despertar as pessoas para uma autoavaliação, de como cada uma estava vivendo sua espiritualidade: de forma automática e desinteressada ou autêntica e avivada? Em seguida, Rufino tocou na questão familiar. “Como tem sido sua relação com sua família? Você tem comunicado o amor aos seus? Tem olhado, abraçado e beijado as pessoas da sua casa? Talvez na sua relação familiar seus ossos estejam secos”, considerou o pregador. “Suas amizades têm sido sadias?”, outra área objeto de reflexão indicada por Rufino. Nesse aspecto, Rufino convidou as pessoas a pensarem se as amizades refletem fidelidade, confiança e parceria. A pregação foi marcada por profundas reflexões, diagnósticos e o despertar de uma intensa vontade de conversão para alcançar a vida nova no Espírito. Rufino ainda alertou sobre o cuidado com o corpo, templo do Espírito Santo. “Como está sua saúde? [...] Tem gente que entra na Igreja e para de cuidar do corpo”, exortou. Outros alertas dentro desse tema foram referentes à boa alimentação e atividade física, reforçando a ideia de que tudo isso faz parte de uma vida nova. Além disso, o pregador destacou uma série de situações que devem ser levadas em consideração com muita seriedade, como o cuidado com o próximo, dizendo que é preciso acolher e contribuir com os mais necessitados por meio de ações concretas que aliviem o sofrimento das pessoas. Referente à vida intelectual, falou sobre a busca de formação e aprendizagem constantes; sobre a vida financeira, Rufino criticou a imprudência de quem se endivida de

forma irresponsável, contando com resoluções milagrosas para esse problema. Em relação à vida profissional, o pregador destacou a importância da honestidade no trabalho, tanto para empregadores, como para empregados: “Você trabalha direito na ausência do seu chefe?”, “você é um bom patrão?”, foram algumas perguntas de Rufino.

“O que passou foi bom, mas o melhor está por vir” Rufino questionou também como andava o estado emocional das pessoas: “É inadmissível o cristão de verdade brigar no trânsito... Cristão que é cristão sabe que é inaceitável não controlar suas emoções”. Falando sobre a relação da escuta da Palavra de Deus para alcançar a vida nova, Rufino exemplificou o costume judaico, em que os homens andam pelas ruas balbuciando a todo o momento a Lei de Deus. Esse fato remete ao movimento da mastigação, associou Rufino. “A partir disso, é possível entender o que significa alimentar-se da Palavra de Deus. Não existe vida nova sem a Palavra, nosso alimento”, destacou. Nesta grande Festa Jubilar, Rufino nos convidou a refletir sobre o que foi vivido até hoje, projetando um futuro de retomada à vida nova no Espírito Santo. Diante de tudo isso, quais decisões você toma hoje?

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Festa do Santa Missa Jubileu de Ouro no Brasil Revista Renovação . Mar/Abr Jul/Ago 2017 2017

OS CAMPOS ESTÃO PRONTOS PARA COLHEITA Na manhã da quinta-feira das comemorações do Jubileu da Renovação Carismática, esteve presente Michelle Moran, ex-presidente do ICCRS - Serviço para a Renovação Carismática Católica Internacional. Michelle, que pregou em inglês, teve a tradução feita por Beatriz Vargas, coordenadora nacional do Ministério de Pregação.

M

ichelle relembrou sua primeira viagem ao Brasil, há 10 anos, por ocasião das comemorações dos 40 anos da RCC. “Naquela época, dissemos que a vida começava aos 40 e hoje eu pergunto: como vocês se saíram? Conheceram novas coisas nesses últimos 10 anos? Temos recebido novas bênçãos?”, questionou a pregadora. Michelle lembrou que nesse tempo jubilar, tempo de comemoração, surgem muitos testemunhos e este é o momento favorável para agradecer a Deus por todas as coisas que vivemos e também pelas dificuldades que nos permitem aprender com situações difíceis. Michelle citou a orientação do Papa Francisco feita na Festa do Jubileu, em Roma, no início do mês de junho. O Santo Padre disse que é hora de parar e refletir, ao que Michelle complementou: “Não é hora de ficar estáticos. Precisamos parar e refletir para termos uma força nova e, para isso, devemos estar atentos ao Espírito Santo e ouvi-Lo. Temos que seguir o Espírito, sermos um povo de visão, peregrino e missionário. Povo com destino e que está nos caminhos do Senhor”.

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Tendo como tema de sua pregação “Para onde o Espírito está nos levando?”, Michelle conduziu os parti-

cipantes a refletirem com base na passagem de Provérbios 29,18: “Por falta de visão, o povo vive sem freios; ditoso o que observa a instrução!”. A pregadora destacou que, durante este ano jubilar, é preciso seguir da forma como o Espírito nos conduz. “Não temos que abandonar todas as coisas que temos feito até agora, mas não podemos institucionalizar a RCC. Depois de 50 anos, há perigo em achar que sabemos de tudo e nos tornar um povo resistente, teimoso, povo que tem medo de mudança. Se formos assim, não cresceremos e tudo começará a declinar. O número de pessoas em nossos encontros vai diminuir. Amigos, não deixemos isso acontecer! Vamos continuar sendo um povo corajoso, com destino. Confiemos no Espírito Santo. Estejamos atentos e escutemos a voz do Espírito. Se fizermos isso, seremos levados adiante e ficaremos surpresos ao ver para onde Ele nos levará. Motivem essa reflexão nos Grupos de Oração e nas Paróquias”, exortou Michelle. Michelle Moran partilhou, ainda, momentos vividos em Roma, no ano passado, em um retiro para as lideranças carismáticas do mundo. Ela contou que, numa manhã, durante um momen-


Festa do Jubileu de Ouro no Brasil Revista Renovação . Jul/Ago 2017

to de louvor, foi dada a moção: “Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da Glória” (Sl 23,7). O Senhor dizia que esta era uma palavra para o ano do Jubileu e pedia “Expandam-se, alarguem-se, pensem de novas maneiras, vejam de maneira nova. O rei da glória quer entrar em mais corações. Estejam preparados para que o Senhor expanda seus horizontes”.

“Não é hora de ficar estáticos” Aconteceu também a confirmação desta moção, já que um dos líderes, ao chegar, foi direto para a aapela, mas ela estava trancada. Ao sentar do lado de fora para suas orações, percebeu que lentamente as portas da capela se abriram. “Um ano depois, eu partilho com vocês. O Espírito Santo está abrindo portas que antes estavam fechadas. Se o Senhor abrir uma porta diante de você, criar uma abertura pelo Espírito Santo, não perca a oportunidade de se mover. Não perca tempo! Não sente e diga ‘vamos rezar sobre isso’. Precisamos rezar, mas a oração leva à ação. Não sabemos quanto tempo ainda teremos oportunidades. Se o Senhor cria um caminho, siga este caminho sem medo, com confiança”, alertou. Na sequência, Michelle comentou sobre outro evento muito importante ocorrido neste ano: a reunião, em fevereiro, de líderes do mundo todo em Pittsburgh (EUA) para um retiro no mesmo local onde ocorreu o memorável fim de semana de Duquesne. Ela contou que, lá, a primeira

palavra se relacionou à água (referência ao problema de abastecimento que aconteceu em fevereiro de 1967), dizendo que, naquela ocasião, não houve só o conserto do encanamento, mas uma verdadeira corrente de água viva dentro da Igreja Católica, que já atingiu pelo menos 120 milhões de pessoas. “Cinquenta anos depois, durante nosso retiro, o Senhor nos deu a imagem de águas profundas e, no Salmo 47, Ele nos chamou a ser profundos mais uma vez”.

“Temos que seguir o Espírito, sermos um povo de visão, peregrino e missionário. Povo com destino e que está nos caminhos do Senhor” O Senhor também recordou a passagem de Gênesis 7, 11-12 sobre a vida de Noé: “No ano 600 da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do mês, romperam-se todas as fontes e abriram-se as barreiras do céu. Choveu sobre a terra 40 dias e 40 noites. Foi a água da purificação. O Senhor lembrou da importância desta água e precisamos nos preparar para este momento. Nós estávamos reunidos no dia 17 de fevereiro e esta torrente de água está chegando. Precisamos nos permitir ser inundados. Não somos mais superficiais como crianças brincando numa poça d’água. Depois de 50 anos, vamos nos permitir ser levados para águas mais profundas ainda. O Senhor tem o controle de tudo. Entrem mais fun-

do nesta água que cura para que Deus possa usá-los para trazer cura e saúde para este mundo sedento. É para isso que somos chamados”, proclamou Michelle, aquecendo o coração de todos os carismáticos presentes.

“Não temos que abandonar todas as coisas que temos feito até agora, mas não podemos institucionalizar a RCC. Depois de 50 anos, há perigo em achar que sabemos de tudo e nos tornar um povo resistente, teimoso, povo que tem medo de mudança” Concluindo a pregação, Michelle relembrou mais um pedido do Senhor à Renovação Carismática: “A água está fluindo do seu lado aberto e dando refrigério para nós. Meu mundo está seco, deserto, mas minha água está fluindo sobre vocês na Igreja e para o mundo. Levante os olhos e vejam que os campos estão prontos para a colheita e, se vocês obedecerem ao Espírito, vão receber muito mais do que podem pedir ou imaginar. Os campos estão prontos para colheita, mas preciso da sua docilidade, fé e obediência. Vocês verão maravilhas e ficarão atônitos para a glória do meu nome”.

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DESCERÁ SOBRE VÓS O ESPÍRITO SANTO E SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS Monsenhor Jonas Abib partilha sobre sua primeira experiência de Batismo no Espírito Santo e como seu “sim” foi gerando frutos para a Igreja de todo Brasil.

“A

s promessas de Deus se realizam!”, iniciou a pregação Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova e um dos pioneiros da Renovação Carismática Católica no Brasil. O sacerdote referia-se à passagem que diz: “Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49). “A condição era essa, muito simples, que, após a ressurreição de Jesus, eles permanecessem na cidade. Essa ‘força’ que está na Palavra, na verdade, no original em grego, é dínamo, é o condutor de energia, é disso que Jesus está falando. Sejais revestidos do dínamo do alto. Que você seja inteirinho revestido do Espírito Santo”. Voltando a repetir: “Deus cumpre as suas promessas”, proclamou: “porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui a poucos dias (...); descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo” (Atos 1, 5;8).

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“Batizar ‘na água’ é diferente do termo ‘com água’”,

ressaltou. “Na ‘água’ é aquilo que se faz, por exemplo, nos ritos orientais, em que se mergulha a pessoa todinha na água. João fazia assim com a água, mas, eles seriam batizados no Espírito Santo”. A partir daí, Monsenhor Jonas passou, então, a testemunhar a sua experiência pessoal com esse “dínamo” do Espírito Santo. “A reviravolta em minha vida foi o Batismo no Espírito Santo que aconteceu em dois de novembro de 1971. Eu não era um padre que se destacava no meio dos meus colegas, até fui um bom seminarista, mas não tinha muitas qualidades. Na época, tínhamos na cidade de Lorena (SP) um bom grupo de jovens, participavam até muitas pessoas das cidades vizinhas. Mas eu sentia que faltava ação àquele grupo”. Monsenhor contou, então, que convidou padre Irineu Danelon, hoje bispo emérito da Diocese de Lins (SP), para ministrar uma palestra aos jovens sobre “ação”. Segundo o pregador, padre Irineu foi destacando a ação do Espírito Santo nos Evangelhos, até chegar em Pentecostes. “Foi uma pregação interessante, mas eu só me perguntava: ‘quando é que ele vai falar sobre ação, ele só falava do Espírito Santo’. Ao mesmo tempo, ele


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ia falando e me tocava profundamente. E entendi que era eu quem precisava de uma ação dentro de mim, mas que não era minha, vinha de alguém, vinha do Espírito Santo. Eu não aguentei esperar o final da palestra e fui à capela e disse ao Senhor: ‘Eu não estou entendendo nada. Ele só fala do Espírito Santo! Então, Senhor, se é disso que eu preciso, dá-me’”. Terminando este encontro, foi anunciado que haveria uma Experiência de Oração conduzida por Pe. Haroldo Rahm. “Eu não conhecia nada da RCC, mas eu queria aquela coisa, era assim que eu dizia, porque não conhecia nada, mas eu desejava do fundo do meu coração participar daquele encontro”. Ao final da Experiência, Pe. Haroldo Rahm ofereceu aos padres uma oração individual, como forma de presente, em que lhes impusesse as mãos e pedisse o Batismo no Espírito Santo para eles. Monsenhor Jonas aceitou. “Quando chegou a minha vez, eu não senti nada. Foi uma espécie de decepção. Mas depois, naquela noite, percebi que havia algo dentro de mim. Eu comecei a andar debaixo dos arvoredos do colégio em que morava e comecei a rezar como nunca tinha rezado em minha vida. Eu era um padre que não rezava, pode ficar admirado com isso! E naquele momento, a oração vinha, não era ainda em línguas, mas as palavras fluíam, vinham do coração. E a partir dessa experiência, tudo mudou”. O sacerdote contou que sua maneira de celebrar a Eucaristia, de pregar, de ler a Bíblia e até mesmo de se confessar foi toda renovada. “Eu sentia um fogo dentro de

mim que eu queria que fosse para assembleia e ia. Os que me acompanhavam testemunhavam isso. E posso dizer que eu não era ainda o que eu deveria ser, nem o que Deus queria que eu fosse, mas graças a Ele, eu já não era mais como antes”. Monsenhor Jonas contou também que, depois disso, foi com alguns jovens para outra Experiência de Oração. Quem coordenava o encontro era Reinaldo Beserra, ao qual o sacerdote, neste momento de sua pregação, convidou para ir ao palco partilhar sobre aquele evento.

“Mas eu não paro aqui, não quero parar, não posso parar, não sei até onde podemos ir. Mas, se esse é nosso carisma, se temos os meios de comunicação, eu e minha comunidade não podemos parar” Reinaldo contou que estavam em dúvida se deveriam realizar a Experiência, mas ao rezarem, Deus deu uma profecia dizendo que, naquele encontro, Ele suscitaria um profeta que agitaria o Brasil e o mundo. “Somos testemunhas destes acontecimentos”, exclamou Monsenhor. “Para vocês verem que é uma coisa real. Que bonito! Começamos, então, a fazer Experiências de Oração e graças a Deus as pessoas saíam cheias, batizadas no Espíri-

to Santo. Então, várias cidades começaram a nos chamar e a grande experiência do Batismo foi se espalhando para a diocese de Lorena, Aparecida, sul fluminense, sul de Minas, foi se espalhando. E, com toda simplicidade, posso dizer que acabei andando pelo Brasil inteiro, levando esse fogo do Espírito Santo. Só Ele poderia fazer essa obra”. É exatamente isso, prosseguiu padre Jonas, “o que significa essa passagem dos Atos dos Apóstolos, que é o tema desta pregação: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força e sereis minhas testemunhas’”. “Reforço que os escritos originais, em grego, trazem o termo ‘cairá sobre vós’, isso porque eu fui batizado lá em casa, sozinho, naquela oração. Um padre que até então não orava”, disse emocionado. Contendo as lágrimas, continuou: “Naquela noite, caiu sobre mim o Espírito Santo e me deu força, me deu dínamo. Eu já não era mais aquele padre fraquinho, apagado, mas um padre ativo. Era um padre assim como Sansão (cf. Jz 15, 4-5) que colocou fogo nos rabos das raposas e elas incendiaram todo o trigal. Primeiro, incendiei a mim. Depois, incendiei a outros e esses outros voltaram e incendiaram todo o trigal”. Monsenhor Jonas Abib contou ainda sobre o chamado de Deus à fundação da Comunidade Canção Nova e o início da missão junto aos meios de comunicação. E encerrando, acrescentou: “Mas eu não paro aqui, não quero parar, não posso parar, não sei até onde podemos ir. Mas, se esse é nosso carisma, se temos os meios de comunicação, eu e minha comunidade não podemos parar”.

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COMO TUDO COMEÇOU? Conheça o relato de Patti Gallagher Mansfield sobre o que aconteceu em Duquesne

A

história do início da Renovação Carismática Católica no mundo é algo conhecido de muitos carismáticos. O encontro de oração dos jovens na Universidade de Duquesne é um momento chave de nossa história, que vem sendo contado por gerações em nossos encontros, Grupos de Oração e nos demais eventos desde diocesanos aos nacionais. Um dos jovens presentes naquele fevereiro de 1967 foi Patti Gallagher Mansfield e nossa festa do Jubileu de Ouro teve a alegria de recebê-la durante esses dias de celebração. Patti participou de toda a programação do Jubileu e, no sábado, 01 de julho, deu como presente aos brasileiros a oportunidade de ouvir a história do nascimento da Renovação Carismática Católica. Patti, considerada uma das pioneiras deste Movimento, estava profundamente feliz e emocionada em contar a história: “Os filhos pedem aos pais para contarem a eles como se conheceram, como se apaixonaram, não é mesmo? É assim que me sinto contando esta história aqui. Acima de tudo é uma história de amor”, afirmou. Confira na íntegra como foi o relato de Patti:

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Eu cresci em um lar católico e meus pais eram muito simples, trabalhavam em fábricas. Eles não tinham dinheiro para nos enviar a escolas católicas, mas íamos à missa todos os domingos e recebemos os sacramentos em seu devido tempo. Ser católica para mim significava muito e era algo muito forte. No Ensino Médio, todos os meus colegas eram judeus e eu gostava muito de um colega. A família dele não permitia que nos relacionás-

semos porque eu não era da mesma religião que ele. Decidi, então, que quando fosse para uma Universidade queria que fosse católica. Eu precisava conhecer mais sobre minha fé, porque eu queria casar e ter filhos. Em 1964, comecei a fazer faculdade, em Duquesne. No meu dormitório iriam dormir três meninas com o mesmo nome. Ao chegar lá, a recepcionista me perguntou: “Você é Patti de New Jersey, Pittsburgh ou Baltmore?”. Eu era a de New Jersey. Meu pai, ao ver isso, me disse: “Patti, seus dias de glória acabaram!”. Eu era muito conhecida na minha escola, já tinha sido líder de turma, mas na Universidade ninguém sabia quem eu era. Como sabem, meus dias de glória realmente estavam acabados porque os dias da glória de Deus estavam apenas começando! Comecei a estudar Teologia, mas não era suficiente conhecer a Deus intelectualmente. Eu estava faminta por conhecer a Deus de verdade, ter uma experiência verdadeira com Ele. Por conta disso, comecei a frequentar a Santa Missa todos os dias. No terceiro ano de faculdade, resolvi participar de um pequeno grupo bíblico (eu não conhecia quase nada da Bíblia). No início, eu estava introvertida, mas o Senhor estava agindo profundamente. Quando estava dirigindo, eu desligava o rádio, porque o Espírito Santo me levava a ficar quietinha para ouvir a voz do Senhor. Quando este grupo bíblico se reunia para rezar, rezávamos algo simples, por exemplo o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo” e fazíamos uma reverência a Deus. Era algo tão simples, mas eu me achava tão santa fazendo algo tão simples. O Senhor me propiciava um novo sabor na


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oração! Nascia em mim o desejo de louvar, reverenciá-lo. O silêncio, a oração e a procura por Deus são formas de encontrar o Senhor e não somente a oração em voz alta. É um chamado à profundidade. Com este grupo, decidimos fazer um encontro para conhecermos melhor as Sagradas Escrituras. Definimos três coisas: rezar, esperar e meditar as Escrituras. Rezar com uma fé expectante; esperar que Deus iria fazer algo; e ler os quatro primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos. Eu não conhecia nada dos Atos dos Apóstolos, então eu lia muitas vezes porque os colegas entendiam muito mais que eu. Eu já havia lido o livro “A cruz e o punhal” (David Wilkerson) e, depois de ler os capítulos de Atos do Apóstolos, pensava que já havia recebido o Espírito de Deus no meu Batismo e na minha Crisma, mas por que o Espírito não fazia nada comigo? Não mexia comigo? Eu acreditava que o Espírito era somente para padres, freiras e eu só queria casar e ter filhos, então não era para mim. No meu coração só havia uma semente de mostarda. Um dia no meu quarto eu estava ajoelhada rezando sozinha e disse ao Senhor: “Senhor, como católica, eu acredito que já tenha recebido o Espírito Santo no meu Batismo e na minha Crisma, mas é possível que o seu Espírito faça mais na minha vida? Eu quero isso!”. Quando eu disse isso a Deus, eu queria de verdade! Abri meu coração, mas não vi nem senti nada, mas o Senhor estava ouvindo e me olhando sozinha no meu quarto. Eu queria ser batizada no Espírito Santo, mas não tinha ideia do que era isso ainda. Neste encontro, para estudar as Sagradas Escrituras, éramos em torno de 25 alunos e alguns professores. Estávamos na capela simples no andar de cima e diante de Jesus

no sacrário cantamos o “Veni Creator Spiritus”. Eu não sabia o quanto este hino era importante para a Igreja, mas ele vem sendo rezado durante toda a história. Em suas cartas ao Papa, a Beata Elena Guerra pedia que retornássemos ao Cenáculo e à popularização da oração do Veni Creator. Em um momento especial de penitência, eu ouvia os pecados dos meus colegas e percebia que eram iguais aos meus. Como isso me espantava! Tivemos também um momento a respeito do segundo capítulo de Atos. Quem foi pregar para nós foi uma mulher protestante. Eu estava muito resistente com isso porque a mulher dizia que não sabia o que ia falar, mas que o Espírito Santo a guiaria. Eu disse a ela: “Me impressione com o Espírito Santo”, e ela me impressionou. Aquela mulher conhecia Jesus e o Espírito Santo. Parecia que ela tinha tomado café com eles, ela tinha algo que eu não tinha. Eu fiz uma anotação em meu caderno: “Jesus, se torne real para mim”. Após a palestra, tivemos uma discussão com o professor. Por que nós católicos não falamos sobre receber o Espírito Santo? Recebemos os sacramentos quando crianças, mas depois de adultos o que fazemos? Um de meus amigos propôs que fizéssemos um momento de renovação da nossa Crisma desse Espírito que recebemos nos sacramentos. O professor perguntou se nós estávamos preparados para fazer isso. Ao ouvir isso fiquei assustada, mas eu queria muito! Eu queria um milagre! Naquela noite alguns amigos estavam fazendo aniversário e eu fui chamar as pessoas para a festinha que íamos fazer. Fui na capela para ver se haviam pessoas lá para chamar. Eu não fui rezar, mas eu entrei e me ajoelhei. Algo estava diferente. Meu corpo e alma experimentaram a real presença de Deus, eu tremia! Eu

pensei: “Deus está aqui e Ele é santo, mas eu não sou santa. Se eu continuar aqui alguma coisa vai acontecer comigo. Eu queria sair correndo, mas maior que meu medo era minha necessidade”. Ajoelhada, eu disse: “Pai, eu entrego minha vida toda a ti. O que o Senhor pedir eu aceito. Se isso quer dizer sofrimento, eu aceito o sofrimento. Mas simplesmente me ensine a seguir Seu filho”. Quando percebi, me vi prostrada aos pés de Jesus. Meu rosto no chão. Me senti imersa na misericórdia de Deus. Eu senti que desejava morrer naquele momento. A bondade, amor do Senhor estava fluindo em mim e eu não queria que acabasse. Eu somente disse: “Fique aqui”. Eu já contei essa história muitas vezes. Eu não tinha feito nada para merecer aquilo, mas eu sabia que o que estava acontecendo podia acontecer com qualquer pessoa do mundo. Então me levantei e encontrei algumas pessoas e eu disse: “Deus está vivo, Ele é real”. Contei para o padre minha história. Encontrei com o padre no caminho e perguntei o que fazer agora e ele respondeu: “O Senhor vai te mostrar o que fazer. O Senhor irá mostrar”. Essas palavras estão na minha mente desde aquela época. Quando saí de perto do padre, encontrei duas meninas e elas disseram que meu rosto estava brilhando. Corri com elas para a capela e falei: “Jesus, eu não sei o que o Senhor fez comigo, mas faça com elas também”. Depois encontramos os outros estudantes na capela. Alguns riam, outros choravam, outros sentiam os corpos em fogo! Todos estavam muito emocionados. Um de meus amigos disse que, se não me conhecesse bem, diria que eu estava bêbada. Eu respondi: “Era a mesma coisa que diziam dos apóstolos em Pentecostes”. Glórias sejam dadas a Deus!

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UMA NOITE PARA RELEMBRAR A HISTÓRIA E MANIFESTAR MUITA GRATIDÃO Tudo o que aconteceu nesses 50 anos de história foi realizado por Deus, que é o Senhor desse Movimento, mas, por escolha Dele, essa graça dada até aqui passou por mãos de homens e mulheres, que acreditaram e se lançaram ousadamente nas mãos do Senhor.

A noite de sexta-feira (30) foi reservada para homenagear e agradecer a algumas pessoas que se destacaram e iniciaram a história da RCC no Brasil. Sacerdotes e leigos que contribuíram para a construção dessa obra chamada Renovação Carismática Católica. Após relembrar a história da RCC, desde os eventos precursores, Patti Gallagher Mansfield falou aos carismáticos presentes sobre o surpreendente Final de Semana de Duquesne (marco do início da RCC), no qual ela estava presente.

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Katia Roldi Zavaris (presidente do Conselho Nacional da RCC do Brasil) e seu esposo Sérgio Zavaris (coordenador nacional do Ministério Fé e Política) foram os apresentadores dessa grande festa que homenageou as pessoas que possibilitaram que a Renovação Carismática chegasse aos dias atuais e gastaram suas vidas comunicando a graça do Batismo no Espírito Santo. O símbolo escolhido para essa homenagem foi um troféu, significando o esforço empregado pelos homenageados. Confira os homenageados da noite:


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• Patti Gallagher Mansfield • Michelle Moran (Ex-presidente do Serviço Internacional para a RCCICCRS) • Maria Eugênia de Góngora - Sheny (Presidente do Conselho Católico Carismático Latino-americanoCONCCLAT):

• Erni Wiethaeuper • Francisco Batista • Reinaldo Beserra Dos Reis • Marcos Volcan • Osmânio Pereira De Oliveira

Representando todos os coordenadores de Grupo de Oração do país, foram homenageadas: • Hélida Lima Herkenhoff- Na época, coordenadora do primeiro Grupo de Oração de Katia Roldi Zavaris, presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL. • Martha Regina- Dona da casa em que aconteceu o primeiro Grupo de Oração em casas do país, Campinas – SP.

Sacerdotes • Padre Diego Jaramillo • Padre Haroldo Rahm • Padre Eduardo Dougherty • Monsenhor Jonas Abib • Padre Marcelo Rossi • Dom Cipriano Chagas • Dom Alfredo Schäffler • Dom Bernardino Marchió (Dom Dino) • Dom Alberto Taveira Corrêa

Os homenageados foram membros das primeiras formações da FRATER no Brasil. • Luzia Santiago e Wellington Jardim (Canção Nova) • Maria Francisca- Chica (Oásis) • Gilberto Gomes Barbosa (Obra de Maria)

• Maria Lúcia Viana • Sebastião Bernardino • Walter Regina • Tia Laura

• Antonio Dilben Fleming (Mar a Dentro) • Elias Dimas Santos (Arca Da Aliança)

• Pe. Léo (Comunidade Bethânia) • Dom Albano (bispo de Londrina) • Dom David Picão

• Magno Fernando Ferreira (Nova Aliança) • Mozart Longhi (Oásis) • Aluísio Nobrega (Presidente da Fraternidade) • Moysés Azevedo e Maria Emmir Nogueira (Shalom)

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“NADA DE MIM, SENHOR. TUDO DE TI” “Só vamos transbordar do Espírito Santo se estivermos cheios dEle”. Portanto, é necessário tomar uma decisão de vida: esvaziar-se de si, para permitir ser preenchida(o) por Deus. Conduzidos pelo Espírito Santo, com confiança e coragem, é possível completar a missão de colher os frutos, pois os campos já estão brancos.

“D

ito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20, 20-22). Com essa passagem da Sagrada Escritura e desejando também que o Paráclito fosse enviado à assembleia, a presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, Katia Roldi Zavaris, iniciou a pregação do quarto dia da Festa do Jubileu de Ouro da RCC, cujo tema foi “Recebam o Espírito Santo para dar a vida”.

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A presidente mencionou o testemunho anterior, feito por uma das pioneiras da Renovação, Patti Galla-

gher Mansfield, para aconselhar aos participantes que não guardassem suas vivências apenas para si. Desse modo, era necessário se espelhar no exemplo dos que estavam presentes no final de semana histórico em Duquesne, considerado o marco que gerou a Corrente de Graça. Assim como eles se sentiram inspirados a falar sobre as maravilhas que tinham experimentado após o Batismo no Espírito, a família carismática também era chamada a testemunhar as graças e os ensinamentos desse momento histórico e jubilar do nosso movimento. “Precisamos gerar vida para o mundo”, orientou. No entanto, a presidente advertiu que, para gerar vida, é preciso estar cheio dela e, portanto, estar cheio do Espírito Santo. “Nós transbordamos daquilo que


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estamos cheios. Só vamos transbordar do Espírito se estivermos cheios dEle”, afirmou. A pregadora convidou os presentes a tomar uma decisão de vida: esvaziar-se de si para preencher-se com a vida verdadeira, isto é, a plenitude do Espírito Santo. Sendo assim, Deus prevalece em nossas vidas sendo o único Senhor. “Nada de mim, Senhor. Tudo de Ti”, motivou a família carismática a clamar.

“Nós transbordamos daquilo que estamos cheios. Só vamos transbordar do Espírito se estivermos cheios dEle” Katia afirmou que o Espírito Santo nos dá confiança, coragem e fortaleza para o cumprimento da nossa missão. Ela partilhou que, antes de iniciar a pregação, recebeu de Deus uma profecia na qual Ele dizia: “Vai! Eu andarei pelos seus pés e falarei pela sua boca”. E, a partir dessa profecia, encorajou a assembleia a que não tivesse medo e nem se abalasse diante das provações, pois o Senhor estaria com cada um a todo momento, como prometido na passagem de Mateus 28, 20: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” E acrescentou: “Encha-se do Espírito Santo e vai sem medo”. Diante disso, a pregadora levou os participantes a firmarem um compromisso de invocar diariamente o Paráclito, dizendo “Vem, Espírito Santo!”.

Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração

Uma vez repleta(o) do Espírito Santo, é possível assumir o chamado da entrega e da missionariedade. “Dar a vida a Jesus, para dar Jesus ao outro”, encorajou a presidente. Os que recebem o anúncio precisam beber do amor de Deus que transborda daqueles que anunciam. Porém, aconselhou que o rosto do Senhor deve estar sempre em evidência. Somos chamados a sermos apenas colaboradores do plano que Ele idealiza para os seus filhos e filhas. O sonho, o plano é de Deus!

“O louvor é o estilo de vida de quem se entregou a Deus incondicionalmente” A gratidão é outro fator fundamental da vida carismática, segundo Katia. Esse sentimento precisa ser expressado por meio do louvor, uma das características de um batizado no Espírito Santo. A presidente destacou como essencial que o louvor esteja em nossos lábios constantemente, em todas as situações. “O louvor é o estilo de vida de quem se entregou a Deus incondicionalmente”, reiterou.

“Encha-se do Espírito Santo e vai sem medo” Fazendo alusão à profecia de Patti Gallagher Mansfield durante

a Vigília de Pentecostes com o Papa Francisco, em maio de 2017, no Circo Máximo, em Roma, a pregadora salientou que estamos no tempo propício de realizar a colheita. Na profecia, o Senhor mostrou que os campos já estão brancos, prontos para serem ceifados e exortou: “Se vocês me obedecerem, se obedecerem a inspiração do Meu Espírito, vocês ainda verão infinitamente mais do que vocês possam pedir e imaginar. (...) Eu preciso da vossa obediência, preciso da vossa docilidade, preciso da vossa fé e vocês ainda verão maravilhas que os surpreenderão, infinitamente mais do que vocês possam pedir ou imaginar, para a glória do Meu Nome”. Diante da profecia, Katia des-

“Dar a vida a Jesus, para dar Jesus ao outro” tacou que os campos estão cheios de frutos para serem colhidos e alertou que não podemos deixar de colher nenhum deles. “Não podemos perder nenhum! O Senhor nos chama a colher esses frutos, essas almas, e levá-las a Ele”, afirmou. Para isso, ressaltou que é imprescindível aprofundar as raízes em Deus. A formação e o conhecimento sobre Ele são garantias de um testemunho firme, capaz de conquistar para sempre todo aquele que o receber. É preciso esvaziar-se de si, transbordar-se de Deus, da graça do Espírito e sair ao encontro dos irmãos que ainda não tiveram um encontro pessoal com Jesus Cristo.

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SOMOS CHAMADOS A VIVER A UNIDADE NA DIVERSIDADE Dando continuidade às comemorações do Jubileu de Ouro da RCC, a unidade entre as diversas expressões deste rico Movimento também teve espaço. A unidade foi tratada durante a pregação de Moysés Azevedo, fundador e moderador geral da Comunidade Shalom. A pregação foi baseada na palavra de Atos dos Apóstolos 4,32 “A multidão dos fiéis era um só coração”. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum.

A

ntes da pregação, Dom Alberto Taveira fez questão de ressaltar o laço de fraternidade que existe entre eles: “Peço que sua palavra seja acolhida por todos que aqui estão e todos que estão nos acompanhando em casa. Estamos tocando num fruto da Renovação Carismática. Seja muito bem vindo, Moysés!”

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No início de sua pregação, Moysés afirmou que “ser um só coração e uma só alma é o grande fruto do Pentecostes”. Buscando esclarecer melhor sobre o que é o Movimento Renovação Carismática, Moysés utilizou das palavras do Papa Francisco para complementar sua fala sobre a diversidade e riqueza que existem dentro do Movimento: “O Papa tem olhado muito para a RCC e vamos crescer muito se tivermos o mesmo olhar do Papa. A RCC é uma corrente de graça. Ela não é um Movimento específico, não é homogênea! Ela inclui uma grande variedade de realidades. É um sopro renovador do Espírito Santo para todo o povo da Igreja. Não é um fruto da inspiração humana, mas inspiração vinda do

coração de Deus”, afirmou. O pregador destacou que a Renovação Carismática Católica, ao completar 50 anos nesse Jubileu, nos faz compreender o quanto é ampla em suas expressões e quantos frutos foram gerados por meio dela. Para ele, com maturidade, hoje podemos entender que ter unidade não significa sermos iguais, mas, sim, harmoniosos como uma orquestra, em que o maestro é o próprio Espírito Santo: “O Espírito Santo é o espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Como uma orquestra, cada instrumento toca com suas características. O Espírito Santo é a harmonia e só ele pode suscitar diversidade, pluralidade, multiplicidade e ao mesmo tempo só ele realiza a unidade. A unidade para nós não é um círculo. O símbolo da unidade é o poliedro: com várias faces e vários lados. Dentro desta corrente de graças, há diversas expressões porque Deus assim quis”. Moysés Azevedo também comentou a respeito das dificuldades de sermos tantas expressões e vivermos


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de forma harmoniosa, sem competição, e que somos chamados a complementarmos os talentos dos outros: “Ser complementar não é ser competitivo. Deus não deu as obras que surgiram durante os tempos para que competissem, mas se complementassem. Somos diferentes e temos raízes comuns. Se todos os carismas fossem iguais, seríamos pobres porque não conseguiríamos atrair os homens da humanidade de hoje. É normal termos nossas falhas, mas não é normal andarmos de braços dados com elas. Conviver com nossos carismas e não ver os outros como ameaças. Estamos aqui para buscar a glória de Deus para a salvação dos que precisam”. O fundador da Comunidade Shalom também deixou três dicas para conseguirmos manter a unidade: a primeira deve ser a primazia pela oração, louvor e escuta. Se nos afastamos da vida no Espírito, morreremos. A segunda, não devemos nos esquecer dos jovens. É importante acontecer o intercâmbio entre os mais experientes e os mais jovens. E por último, não devemos nos esquecer dos pobres. Ao final, Moysés se voltou à imagem de Nossa Senhora e ressaltou a importância de Maria para mantermos a unidade. “Maria, como boa mãe, teceu a unidade entre seus filhos. Sem a humildade e obediência dela, não saberíamos o que é ter unidade. Ela, como boa mãe, coloca tudo no lugar. Que esta corrente de graça representada nas comunidades e Grupos de Oração se esconda debaixo do manto de Maria porque, ali, o demônio não chega. Que sejamos instrumentos da edificação da Igreja”. Junto a Dom Alberto Taveira, Moysés e todo o Conselho Nacional,

Katia Zavaris segurou a imagem de Nossa Senhora Aparecida e juntos promoveram um intenso momento de oração ao final da pregação. Todos os participantes foram convidados a fazer uma oração de entrega da vida, usando Maria como modelo para ser fermento na vida espiritual. “Não tenha medo de se entregar a Deus para se consagrar mais uma vez. É preciso uma entrega da vida na presença de Maria. Ela nos ensinou que era preciso fazer tudo o que Ele nos dissesse. É a hora de se consagrar mais uma vez ao filho de Deus”, conduziu o pregador. Todo o Conselho Nacional se colocou de joelhos para se consagrar a Maria e repetiu: “Sim, Senhor! Eu estou aqui! O nosso sim se tornará fermento na massa. Que minha vida seja fermento neste mundo e deixe um lastro de conversão e lastro de almas salvas através de seu nome”. Testemunho

Moysés partilhou um pouco de como foi o seu encontro com Deus. Nasceu em uma família católica, mas quando jovem queria ‘aproveitar’ a vida. Aos 16 anos, fez um encontro de jovens e começou a servir na Igreja. “Com um pé no mundo e outro na Igreja”, disse. Segundo Moysés, ele ainda não sabia rezar. Após cinco minutos de tentativa, esgotavam-se suas habilidades na oração. Tinha um amigo que conhecia e experimentava da Palavra e, um dia, estava com ele na capela. Ao perceber que o amigo estava rezando de olhos fechados foi até ele e perguntou: “O que você tem que eu não tenho? Eu sou colega de Deus, mas você é amigo”. Hugo, o amigo, perguntou se ele também queria aquela experiência. Hugo chamou-o para ir ao

Sacrário e rezou por ele em silêncio. Após 15 minutos, encerraram a oração e foram para casa. No dia seguinte, às 6h da manhã, Moyses acordou com muita vontade de rezar e o fez, antes que passasse esse desejo. Ao rezar, sentiu uma forte presença de Deus e percebeu que não era difícil rezar mais. Sentia Jesus vivo e o tempo passava sem perceber e era impressionante como conseguia compreender o que a Bíblia dizia. Quando já era meio-dia, Moysés ligou para Hugo e disse que não consegui parar de rezar e queria saber o que estava acontecendo. Hugo respondeu: “Você foi batizado no Espírito Santo, Moysés”. Moysés concluiu seu testemunho, dizendo: “Muitos fazem o Seminário de Vida e depois são batizados. Eu primeiro fui batizado no Espírito Santo para depois fazer Seminário de Vida. O Espírito Santo não entra em nossos esqueminhas, nas nossas regras”, concluiu. No coração, crescia a vontade de dar de graça aquilo que recebeu. Queria evangelizar os jovens mais afastados de Cristo. Olhava os “points” onde os jovens estavam e que também estava há um tempo atrás. Em julho de 1980, foi convidado a dar um presente ao Papa João Paulo II em nome de todos os jovens cearenses. “O que um jovem de 20 anos poderia dar de presente ao Papa? Não podia dar nada menos do que toda minha vida e juventude para evangelizar os jovens mais afastados de Cristo e da Igreja. Ajoelhei-me diante do Papa e fiquei mudo. Ele me abraçou e me abençoou. Aos pés do sucessor de Pedro, eu recebi uma graça que me ultrapassa e hoje posso chamar de Comunidade Shalom”.

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CARISMÁTICOS E MARIANOS: O PAPEL DE MARIA NA EXPERIÊNCIA DE PENTECOSTES A presidente do Conselho Latino-americano, Sheny Góngora, recordou a importância de Maria, como modelo e intercessora, na autêntica experiência do Batismo no Espírito Santo e em um perene Pentecostes.

N

uma atmosfera de profunda oração, era perceptível a presença de Maria. Foi nesse clima que a presidente do Conselho Carismático Católico Latino-americano (CONCCLAT), Maria Eugênia de Góngora (Sheny), iniciou sua pregação, que teve como tema “E com eles estava Maria” (At 1,14). Segundo Sheny, quando Maria respondeu ao chamado feito na Anunciação, não sabia bem o que iria acontecer em sua vida, mas Deus foi se apresentando aos poucos e ela O seguiu com confiança.

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“O seu sim era sempre sustentado por Deus. Por exemplo, quando aquela mãe encontra seu filho morrendo, ela é capaz de guardar todas as coisas em seu coração. Quando ela foi para as Bodas de Caná, não ficou indiferente para aquilo que estava acontecendo com aquele casal. Ao contrário, rapidamente foi ao encontro de Jesus para pedir ajuda. E deixa no Evangelho uma palavra: ‘Faça o que Ele lhes disser’. Maria é serviço! Não podemos ficar só olhando, chegou a hora de servir. Servir como Maria, pressurosa, veloz”, afirmou.

Sheny continuou a reflexão falando sobre a crucifixão de Jesus. “Maria estava aos pés da cruz, eu acredito que ela pensasse naquela hora que queria morrer. Mas não negou, não renunciou, Maria permaneceu firme. Aquela mãe não estava como os discípulos de Emaús, que iam cabisbaixos e desconcertados. Ao contrário, a Mãe estava consolando os discípulos”. A pregadora explicou ainda que o sábado é o dia da semana dedicado a Maria por conta de uma antiga tradição da Igreja que conta que, após a morte de Jesus, os discípulos foram à casa dela para dar os pêsames e encontraram uma mulher de fortaleza que acabou consolando-os. “Eu já vi muitos casos em que, após a morte de uma mãe, a família se dispersa (...). Maria foi aquela que acreditava nas promessas de Jesus e, mesmo que houvesse alguns discípulos abatidos como os de Emaús, ela continuou a convocá-los e animando-os para não perderem a fé”.


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Sheny citou também o documento Evangelii Gaudium que diz: “Com o Espírito Santo, em meio ao povo, sempre está Maria. Ela reunia os discípulos para invocá-Lo e assim tornou possível uma explosão missionária de Pentecostes”. Diante dessa realidade, Sheny elencou três pontos importantes:

diga ‘estou frustrado, estou triste’. O Senhor cumpre sua promessa derramando o fogo, o seu poder, o Espírito do alto. O mundo e a Igreja precisam de um novo Pentecostes, precisam da Renovação Carismática Católica. Nós somos uma resposta do Espírito Santo! Portanto, nada de carismático triste! Nada de

“É impossível que excluamos Nossa Senhora de nossa oração. Nós temos uma arma maravilhosa para os finais dos tempos: o Santo Rosário. Nós, carismáticos, amamos Nossa Senhora e nós sabemos rezar o rosário de todo o coração. Eu estou feliz por ser carismática, eucarística, apostólica e mariana” A unidade: “Se queremos viver Pentecostes, devemos viver unidos. E assim, juntos, viveremos uma explosão missionária de Pentecostes”. A oração: “Nossos grupos se chamam Grupos de Oração. De oração! Oração em nível pessoal e oração comunitária. Há um canto que diz: ‘quando o povo louva a Deus, coisas maravilhosas acontecem’. E é impossível que excluamos Nossa Senhora de nossa oração. Nós temos uma arma maravilhosa para os finais dos tempos: o Santo Rosário. Nós, carismáticos, amamos Nossa Senhora e nós sabemos rezar o rosário de todo o coração. Eu estou feliz por ser carismática, eucarística, apostólica e mariana”. Viver sempre em Pentecostes: “Lembro-me do padre Salvador Carrillo. Uma vez perguntaram a ele o que é a RCC. Ele respondeu: ‘A RCC é um Pentecostes, hoje!’. Não pode haver um carismático que

carismático frio! Tu és o novo Pentecostes!”. A presidente do CONCCLAT também relembrou a Conferência dos Bispos da América Latina, realizada em 2007, no Santuário Nacional de Aparecida, a qual foi aberta por Bento XVI, nestas palavras: “‘Entremos na escola de Maria! Maria quer ajudar a todos nós, quer nos acompanhar, para que sejamos discípulos missionários. A mesma coisa que ela fez com os discípulos, quer fazer conosco’”. Recordou, ainda, que da Conferência nasceu o Documento de Aparecida que diz: “Como aconteceu com os apóstolos, juntamente com Maria, eles subiram ao segundo andar e ali perseveravam em oração com o mesmo Espírito (Atos 1, 13-14). Assim também, hoje, nós nos reunimos em Aparecida, que neste momento é para todos nós uma sala no segundo andar onde Maria, a mãe do Senhor, se encon-

tra no meio de nós”. Dessa maneira, disse a pregadora: “Se queremos paz na família, nas comunidades, no país, no mundo inteiro, ainda que pareça que a Cultura de Morte vai nos destruir, basta ficarmos junto de Maria, pois seu imaculado coração triunfará”. E acrescentou: “Como o discípulo jovem São João, vamos nos deixar abraçar por Maria. Diante da cruz, disse o Senhor para Ela: aí estão os seus filhos. E a nós está dizendo: eis aí a tua mãe. Então, imediatamente, João a levou para casa. Vamos pensar que na casa de João, juntamente com Pedro, devia ter muitas reuniões de oração, como acontece hoje na RCC. E Maria continuava a animá-los. Vamos orar para que esses mesmos prodígios de Pentecostes se repitam, graças à poderosa intercessão de Nossa Senhora. E essa explosão missionária de Pentecostes não acontecerá apenas agora, mas todos os dias”.

“Nada de carismático triste! Nada de carismático frio! Tu és o novo Pentecostes” Sheny encerrou sua pregação com a canção “Yo Quisiera Parecerme A Tí”, de Silvia Mertins, um canto que pede a Jesus para fazer, de cada um, um virtuoso como Maria. O momento foi encerrado com um grande clamor ao Espírito e uma bênção, proferida pelo padre Heldeir Carneiro, coordenador nacional do Ministério Cristo Sacerdote, pedindo a intercessão de Nossa Senhora Aparecida.

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CONSTRUIR UMA CIVILIZAÇÃO DE PENTECOSTES “Cada um de nós é templo do Espírito de Deus”. Habitados por Ele, amamos o Pai e o Filho. Como carismáticos, cremos no Deus Trino e temos a missão de testemunhar aos irmãos Seu amor, que se manifesta em todos os lugares e todos os âmbitos, construindo uma Civilização de Pentecostes.

“U

ma vez, papa João Paulo II disse que o carisma mais importante da Renovação Carismática era a intimidade com o Espírito Santo. Quero falar sobre o que o Espírito Santo realiza em cada um de nós. Não se preocupe tanto se você tem o dom das línguas ou de profecia. Preocupe-se se você invoca o Espírito Santo. Se você se sente cheio dEle”. A fala de um dos pioneiros da Renovação Carismática Católica na América Latina, padre Diego Jaramillo, deu início à tarde do terceiro dia da Festa do Jubileu de Ouro da RCC. O sacerdote conduziu uma reflexão sobre quatro atributos de Pentecostes: a espiritualidade, a cultura, o idioma e o clima.

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A respeito da espiritualidade de Pentecostes, o pregador ressal-

tou a necessidade de descobrir-se como filhos de Deus Pai e não como servos. Para isso, tomou por base as palavras do apóstolo Paulo: “Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai!” (Rm 8, 15). Como primeira característica de Pentecostes, portanto, uma carismática ou um carismático precisa reconhecer constantemente o amor do Senhor sobre si. Assim, é possível amá-Lo como filho(a) e, a exemplo dEle, declarar continuamente esse amor no íntimo do ser. Padre Diego destacou que outro ponto essencial é sentir-se salvo (a) por Jesus Cristo e, dessa forma, crer nEle. Acolher Jesus como Salvador é crer que Ele é o único

Deus. Segundo o padre, essa afirmação é feita por quem tem plena comunhão com o Espírito Santo. “Quando vemos o Senhor na cruz podemos dizer ‘Ele é o Senhor do mundo!’, e só podemos dizer isso por um ato de fé, pela graça do Espírito Santo. De modo que, se nós nos perguntarmos quais são as características fundamentais da Renovação Carismática, as primeiras serão nos sentirmos habitados pelo Espírito de Deus, e que esse Espírito nos faz amar a Jesus Cristo e amar o Pai do céu. Ser carismático é crer no Pai, no Filho e no Espírito Santo”. No entanto, advertiu o sacerdote, essa experiência não deve apenas ser guardada no coração, mas testemunhada. Para tanto, cabe ao carismático a missão de traduzir ao outro a ideia de Deus


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Pai, Filho e Espírito Santo e Sua manifestação em tudo ao redor, a fim de originar a cultura de Pentecostes. “Precisamos expressar a fé que nós recebemos em nossas canções, em nossa poesia, em nossas obras de arte, na economia, na política, em absolutamente tudo aquilo que vivemos. A nossa fé precisa ser encarnada. Precisamos descobrir a marca do Pai em tudo o que existe”, disse padre Jaramillo.

durante a absolvição dos pecados, o sacramento da confissão também fala essa linguagem, refletiu padre Diego Jaramillo. Quando celebrantes e fiéis se reúnem para meditar o que Deus diz nas Escrituras, de acordo com ele, estão a “escutar a melodia do Espírito Santo”. O pregador exortou atenção a esse idioma, que se apresenta pela escuta e interpretação da voz de

“se nós nos perguntarmos quais são as características fundamentais da Renovação Carismática, as primeiras serão nos sentirmos habitados pelo Espírito de Deus, e que esse Espírito nos faz amar a Jesus Cristo e amar o Pai do céu” O pregador reforçou, ainda, que esse cuidado com o outro é o que embasa a construção de uma civilização de Pentecostes. “Não precisamos de carismáticos que dão as costas para os homens”, pontuou. “A Igreja tem uma língua materna. Ela fala o idioma do Espírito Santo”. Dessa maneira, o ministrante introduziu a terceira característica de Pentecostes. Lembrando, mais uma vez, os ensinamentos do papa João Paulo II, explicou que essa linguagem se revela quando o sacerdote, ao tomar o Pão e o Vinho, os consagra por meio das palavras de Jesus: ‘Este é o meu Corpo. Este é o meu Sangue’. Outro exemplo, continuou, é o Batismo. No momento em que o padre e até mesmo os leigos dizem ‘eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, estão se comunicando por meio do idioma de Pentecostes. Ao invocar a Santíssima Trindade

Deus. Ela está presente nas vivências ao longo da caminhada, na história, na criação e, principalmente, no irmão. Por meio desses canais, o Pai envia Suas mensagens. “A Renovação Carismática é uma graça que Deus nos dá, para que escutemos Sua voz”, complementou. Recordando a fala do papa Francisco na encíclica Laudato Si (Louvado seja), salientou que é pelo poder do Espírito Santo que a escuta e o entendimento dessas mensagens chega aos corações dos homens.

“A Igreja tem uma língua materna. Ela fala o idioma do Espírito Santo” Fazendo um paralelo com as mudanças climáticas da Terra, padre Diego explicou o clima de Pentecostes. Em alguns lugares onde

a chuva era abundante, ela já não ocorre mais. Em outros, nos quais o calor era dominante, agora o frio é protagonista. As nações, ponderou, buscam uma solução para promover uma mudança climática favorável. “Eu quero convidar vocês a pedirem uma mudança climática espiritual. Se você tem sede como a terra seca, diga ‘eu quero beber da água viva do Espírito de Deus!’. Se no coração de vocês existe o frio, parece que se apagou o fogo do Espírito, peçamos esta mudança climática”, motivou.

“A Renovação Carismática é uma graça que Deus nos dá, para que escutemos Sua voz” Padre Diego convidou à transformação desses quatro atributos em compromissos. Um Pentecostes espiritual, capaz de amar a Santíssima Trindade; Enxergar a imagem de Deus no próximo, tratando-o com verdade, respeito e justiça. Além disso, testemunhar o Senhor em todos os lugares e âmbitos da vida, construindo a Civilização de Pentecostes; falar sobre a Santíssima Trindade, a Igreja e o respeito ao irmão; espalhar o clima do Espírito Santo em todos os cenários e promover uma mudança climática espiritual. “Se todos vocês se comprometerem a viver com o Espírito de um Novo Pentecostes, certamente estaremos construindo uma nova Terra. Porque onde está o Espírito, se fazem novas todas as coisas”, incentivou.

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UM SINAL PROFÉTICO: A RCC FIRMA UMA ALIANÇA COM O SENHOR! Membros da RCC, profeticamente, fazem uma aliança com o Senhor. O desejo é de que as próximas gerações sejam influenciadas por esse compromisso. Bodas de Ouro. Renovação da aliança, reafirmação das promessas feitas, reflexão sobre todo crescimento conquistado ao longo dos 20 mil dias passados juntos. No casamento, muitos motivos existem para, nessa ocasião, celebrar a união. Que dirá a celebração de Deus e do seu povo? Essa foi a direção dada ao Conselho Nacional da RCC do Brasil: na grande Festa do Jubileu de Ouro da RCC, proporcionar um momento de renovação da aliança entre Deus e o seu povo. Na manhã de sábado (01), a Renovação Carismática foi convidada a louvar a Deus pela aliança que um dia Ele fez e, humildemente, se colocar diante da majestade de Deus, reafirmando o compromisso com Ele, colocando no dedo um anel, sinal visível de uma aliança inabalável com o Senhor. Disponibilizadas no kit do evento, as alianças foram abençoadas por Padre André Rodrigues (assessor eclesiástico da RCC RJ) que, junto com Keila Fabiane de Souza

(presidente da RCC-DF), conduziu o momento. Na bênção, o sacerdote pediu a graça de Deus para fortalecer o propósito das pessoas em responderem a essa aliança de modo renovado. O padre pediu, ainda, que esse simples sinal ajudasse as pessoas a guardarem o amor de Deus em seus corações: “Ao abençoar essas alianças, pedimos ao Senhor que abençoe sua vida, propósitos e lutas de cada dia através desse anel [...]. O Sangue de Jesus não foi desperdiçado, no passado alcançou muitas gerações, e no futuro o mesmo irá acontecer”.

“O Sangue de Jesus não foi desperdiçado, no passado alcançou muitas gerações, e no futuro o mesmo irá acontecer” Ao destacar que essa aliança não é unilateral, mas, além de acontecer no coração de Deus,

acontece também de modo visível a nós, os condutores da oração recordaram a aliança que Deus fez com Noé, destacando que o Senhor disse a Noé o mesmo que disse aos carismáticos: a partir do sinal visível, o seu povo sempre se lembrará da aliança. O momento mostrou à Renovação Carismática que, para sempre, o Espírito Santo deve ser sua companhia e, que de modo recíproco, o Senhor e o Movimento jamais esquecerão esse compromisso pactuado. No final, uma visualização confirmou toda a inspiração desse importante momento: a Cruz redentora de Cristo sobre os presentes. Sobre a Cruz, um arco, como o da primeira aliança (cf. Gn 9, 14), mas esse arco se transformava no Sangue precioso de Jesus caindo sobre as pessoas, purificando corações de situações que estavam longe Dele. “Ele quer eu e você em comunhão plena com Ele, porque essa comunhão desagrada Satanás”, proclamou outra dirigente da oração.

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MOMENTO ECUMÊNICO: O ESPÍRITO SANTO É O ARTESÃO DA UNIDADE O Jubileu de Ouro, além de comemoração, trouxe um novo tempo para o Movimento, em especial no que se refere ao ecumenismo, pedido incessante do Papa Francisco à RCC de todo o mundo. Neste ano jubilar, todos os carismáticos são convidados a refletirem sobre a história do Movimento e a reconhecerem nela a influência de irmãos e irmãs protestantes na formação do pentecostalismo católico. A Festa do Jubileu de Ouro proporcionou um momento histórico na vida do Movimento. Confira.

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á é do conhecimento de todos, a Renovação Carismática Católica, no início de suas atividades, recebeu grande influência da comunidade evangélica, especialmente no marco do início do Movimento (Retiro de Duquesne). O Retiro foi um evento sucedido pela experiência de algumas pessoas com um grupo protestante e, antes do famoso final de semana, aqueles jovens universitários foram preparados para receber tal graça lendo o Livro dos Atos dos Apóstolos e o livro “A cruz e o punhal”, do pastor David Wilkerson. Isso sem contar os livros e ensinos de cristãos pentecostais que em muito ajudaram na formação da RCC.

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Na tarde de sábado (01), os milhares de carismáticos viveram um momento singular na vida do Movimento, uma reflexão sobre a unidade dos cristãos e um profundo momento de perdão entre evangélicos e católicos. Muitos passos já foram dados pela RCC e pela Igreja Católica como um todo nas últimas décadas.

Mas, na Festa do Jubileu de Ouro, carismáticos viram abraços de reconciliação, partilhas, testemunhos e, em tudo isso, a ação do Espírito Santo despertando um novo tempo para a RCC do Brasil, sob o olhar e bênção do Pai das Misericórdias, Santuário que abrigou esse momento do evento. “Divisão é obra do Demônio e ponto final. Por isso, hoje, o inferno treme, porque os filhos de Deus estão pedindo perdão pela desunião e invocando uma nova efusão do Espírito. Estão pedindo ao Senhor que cure a Igreja ferida. Isso não é uma questão qualquer ”. Essas firmes palavras foram proferidas por padre Marcial Maçaneiro scj, membro da Comissão Internacional de Diálogo Católico-Pentecostal. O sacerdote refletiu sobre a cultura da falta de unidade, explicando que, por um processo histórico formado por interesses, as pessoas hoje se acostumaram a viverem divididas. “O grande milagre vai ser uma Igreja reconciliada, esse é o sinal do Milênio”, afirmou o padre. Falando sobre a falta de


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unidade entre os cristãos provinda desse processo histórico, o sacerdote ressaltou: “Precisamos renunciar a essa herança maldita”. “O Espírito Santo é o artesão da unidade, Ele costura os rasgados dessa história”, salientou Pe. Marcial.

“Divisão é obra do Demônio e ponto final” Adiante, o padre citou documentos e direcionamentos da Igreja sobre unidade entre cristãos e reforçou a ideia de que essa unidade não se trata de uma pastoral, mas é uma profecia, e que essa profecia não é um produto da conversa entre católicos e evangélicos, mas um impulso do próprio Senhor. “Se não formos um, iremos atrasar a obra da evangelização”. Em outro momento, Pe. Marcial destacou que “a Igreja não é uma ou duas denominações, mas a Esposa de Jesus”. Dessa forma, o sacerdote motivou as pessoas a refletirem sobre como o Senhor se sente ao ver sua Esposa repartida e explicou aos carismáticos que pentecostal não se refere a uma denominação de culto, mas sim, refere-se a Pentecostes.

“Se não formos um, iremos atrasar a obra da evangelização” O Corpo de Cristo está ferido

Explicando as últimas atividades acerca do ecumenismo, o sacerdote falou que as igrejas não estão se unindo para brigar sobre doutrina e história, mas estão juntas para pedir perdão a Deus pela

divisão e para obedecer o mandamento de Deus (Amar a Deus sobre todas as coisas). Ele destacou que é importante avaliar se os cristãos entre si estão pecando contra a caridade “Arriscamos até não nos salvarmos!”, alertou o padre. Padre Marcial Maçaneiro scj destacou que devemos cuidar bem da Sua Esposa e do Seu Corpo, que é a própria Igreja de Cristo: “Como Jesus sente o corpo Dele com tantos membros não se amando, se criticando, transformando a religião em um comércio, negociando a Palavra de Deus, se comportando como empresa, reclamando e se amaldiçoando, usando o púlpito do Senhor, a Palavra de Deus e a mesa eucarística para se ofenderem? É triste isso, imaginam como Cristo está se sentindo?”.

“Como Jesus sente o corpo Dele com tantos membros não se amando?” Deixar-vos reconciliar

Após um breve momento de oração pedindo a Deus que a divisão seja transformada em aproximação dos cristãos, uma cena emocionou a todos e para sempre ficará gravada na história do Movimento. Pastores de igrejas evangélicas foram convidados a subirem ao presbitério do Pai das Misericórdias e católicos e evangélicos viveram um momento profético de reconciliação e oração. Participaram desse momento membros do Encontro de Cristãos em Busca de Unidade e Santidade (ENCRISTUS). Entre eles, Reinal-

do Beserra dos Reis (membro do Conselho Nacional da RCC do Brasil e um dos autores do documento “Carismas na vida e missão da Igreja”, do Diálogo Internacional Católico-Pentecostal), padre Marcial Maçaneiro scj, pastores José Carlos e Marcia Maria Marion (Igreja União Missionária Cristã- Jundiaí/ SP), Pastores Rose e Álvaro Paulucci (Comunidade Carisma- Osasco/ SP), pastores Mariana e Estevão Rolando (Igreja Palavra Viva- Niterói/ RJ), pastores Cristina e João Pereira (Igreja Palavra Viva- Niterói/RJ) e pastor Efigênio Pereira (Igreja Videira Internacional e Instituto Unidos pela Vida). Após testemunhos, houve trocas de pedidos de perdão pela ignorância, blasfêmias, maldizeres, ridicularizações e apontamento de erros. Em meio a lágrimas e um arrependimento sincero, cristãos das diferentes denominações, inclusive líderes católicos da RCC, se abraçaram, derramaram no altar do Pai das Misericórdias um lamento de perdão e colheram diante daquele mesmo altar a alegria e o firme propósito de viver a plena unidade do Corpo de Cristo. Padre Marcial Maçaneiro scj. é um sacerdote dehoniano, teólogo e autor, com docência na PUC-PR e na Universidade Pontifícia de Medellín, no programa de formação que o Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) oferece em Bogotá (Colômbia). Membro da Comissão Internacional de Diálogo Católico-Pentecostal (pelo Vaticano) e membro da equipe de serviço ENCRISTUS (Encontro de Cristãos em Busca de Unidade e Santidade), que reúne católicos e cerca de 23 denominações evangélicas há dez anos.

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GRUPO DE ORAÇÃO JUBILAR Carismáticos se reuniram para aquilo que caracteriza a pertença ao Movimento, em uma noite na qual os participantes colocaram em prática os carismas, viveram a comunhão fraterna, foram alimentados pela Palavra de Deus, edificados pelo testemunho e batizados no Espírito Santo. Era um Grupo grande, grandiosíssimo. Mais de seis mil pessoas em um único Grupo de Oração. Todavia, a grandeza não estava apenas no número de participantes, mas na larga ação de Deus, na segunda noite da Festa do Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica. Respeitando o ciclo carismático, o Grupo começou com animação. Os participantes foram conduzidos a clamarem perdão pelos pecados e a experimentarem a misericórdia de Deus. Em seguida, o coordenador do Grupo, Frederico Mastroangelo (presidente do Conselho Estadual da RCC Bahia), levou as pessoas a olharem para si e acreditarem que Deus não aponta os erros e fracassos, mas quer acolher, amar e renovar os corações.

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Durante a oração, uma visão foi partilhada com a assembleia: correntes grossas sendo rompidas. O discernimento foi de pessoas que chegaram com ‘pesos na consciência’ sendo libertas. Outra visualização foi a do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-32) voltando pelo caminho. A Palavra de Deus diz que o pai o viu de longe e correu para o abraçar, foi quando os presentes foram convidados a se abraçarem e, com essa dinâmica, experimen-

tarem o abraço do Pai. Com o Salmo 39, as pessoas começaram a louvar. Primeiro em vernáculo, louvando a Deus pelo perdão dos pecados, exaltando o Senhor, Sua onipotência, onisciência e onipresença, glorificando-O pela Sua graça, pelos irmãos e pelo Jubileu de Ouro da RCC. Depois, um grande clamor pedindo o Batismo no Espírito Santo se espalhou no Centro de Evangelização Dom João Hipólito de Morais, seguido do silêncio para escuta. Curas, profecias, palavras de ciência e sabedoria foram proclamadas. Para finalizar, a assembleia agradeceu a Deus, reafirmando a pertença da RCC a Ele. Fogo, fogo, fogo de norte a sul, de leste a oeste!

Patti Gallagher Mansfield, uma das pioneiras da RCC, foi a pregadora da noite. Ao começar, Patti partilhou uma palavra profética que se transformou em um verdadeiro emblema do evento: Fogo, fogo, fogo de norte a sul, de leste a oeste! Patti contou que essa profecia foi dita em 1967 por Kevin Ranaghan (também pioneiro da RCC), no estado de Indiana (Estado Unidos). Ela falou que, quando


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essa palavra foi proclamada, havia somente alguns estudantes americanos batizados no Espírito. Nessa ocasião - contou a pregadora - acreditava-se que a profecia era apenas para os Estados Unidos. “Mas, o Senhor estava dizendo que o poderoso Batismo no Espírito Santo deveria atravessar oceanos, de norte a sul e de leste a oeste, desde o Canadá até a América do Sul e todo o mundo. Hoje, devemos estar convencidos de que este é apenas o começo”, falou. Patti discorreu sobre a convicção, assim como tiveram aqueles jovens de Duquesne, em anunciar o Batismo no Espírito Santo, destacando que esse Batismo é uma graça muito grande para ficar guardada. A pregadora convocou os presentes a irem ao encontro das milhões de pessoas que ainda não conhecem Jesus, que não experimentaram da graça Dele. “Os santos estão lá fora, nós precisamos falar sobre o Espírito Santo para eles e orar para que sejam batizados no Espírito. Só Deus sabe as obras maravilhosas que essas pessoas que estão aí fora farão em nome Dele”. Ao dizer isso, Patti se referia

às pessoas que ainda estão longe da graça de Deus e, nesse momento, ela deu seu próprio exemplo para ilustrar isso: “Eu fui, quando jovem, batizada na Universidade de Duquesne e um professor nos dizia - ‘Não pense que isso é só para você. Existem santos lá fora.’ Naquela época, Monsenhor Jonas, de acordo com o testemunho que ele apresentou aqui (confira na página 22), era um padre comum, sem uma vida de oração, e no momento em que ele foi batizado sua vida mudou por inteiro. Monsenhor Jonas era um desses santos que estavam ‘lá fora’, e ele estava aqui no Brasil ”, exemplificou a pregadora. No final da pregação, Patti partilhou, ou melhor, como ela mesmo falou, deu a seguinte palavra aos participantes: Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos. (Ef 2, 10). “Vocês são obras-primas de Deus, criados em Cristo Jesus para boas obras que Deus planejou há muito tempo para caminhar com Ele... o Senhor vai diante de nós desdobrando seus planos”, proclamou.

Unção diferenciada e individual

A partir de uma inspiração do Conselho Nacional, o Grupo de Oração Jubilar foi preparado para ser um dos grandes momentos da programação do evento. Um núcleo foi montado, reuniões aconteceram e, depois de momentos de oração, a moção para esse momento era que o Senhor tinha graças reservadas para cada um, de forma individual: “A direção de Deus era que, dentro desse ano jubilar, Ele tinha uma unção diferenciada para nós. No momento da oração, dentro do ciclo carismático, o Senhor ofereceu uma experiência com o Espírito Santo, ampliando a nossa visão de forma individual, para aquilo que Ele queria de cada um”, contou Frederico Mastroangelo (Fred), coordenador do Grupo de Oração Jubilar e presidente do Conselho Estadual da RCC Bahia. “Depois, quando veio a pregação da Patti, em que ficou marcado o “fogo, fogo, fogo de norte a sul, de leste a Oeste”, nós acreditamos que cada um sentiu pessoalmente no coração qual é a vontade de Deus para que esse fogo continue a se espalhar”, partilhou Fred.

MÚSICA E ORAÇÃO COMPLETAM O JÚBILO DA FESTA DO JUBILEU animou a manhã de sexta-feira(30), ministrando momentos de louvor e oração por cura. A Festa do Jubileu, que aconteceu na Canção Nova e em Aparecida (SP), contou com diversas personalidades que fazem parte da vida da Igreja. Entre elas, o carismático padre Marcelo Rossi (reitor do Santuário Mãe de Deus) que

Com uma vida dedicada ao anúncio do Evangelho, padre Marcelo é um sacerdote importante para a RCC. Ele já contribuiu e muito com pregações, livros, evangelização pelos meios de comunicação mas, principalmente com canções que embalam e levam a graça de

Deus aos Grupos de Oração nos quatro cantos do país. O sacerdote traduziu o momento vivido pelos participantes: “Não estamos apenas em um ginásio, mas, sim, em um cenáculo”. Na condução de oração, o padre pediu para as pessoas clamarem a Deus pelos “impossíveis”, pedindo conversões e curas em suas vidas.

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SANTAS MISSAS: ÁPICE DA NOSSA FESTA As Santas Missas da Festa do Jubileu de Ouro foram oportunidades de entrar no mistério da nossa fé e ingerir todo bem espiritual que possuem a mesa da Palavra e a mesa Eucarística. Nelas, os carismáticos foram alimentados, fortalecidos e sustentados com o alimento vivificante para o Movimento da corrente, da corrente de graça! anos. Muito mudou em cinco décadas, porém, em uma releitura, constata-se a força do louvor, a grande contribuição dada pela RCC na implementação das intuições essenciais que o Espírito Santo imprimiu na Igreja por meio do Concílio Vaticano II”, falou o celebrante.

Fazer memória, ser grato e sair em missão

A Festa do Jubileu de Ouro da RCC foi aberta na noite de sexta-feira, 28 de junho, com a Santa Missa presidida por Dom Nelson Francelino, bispo da diocese de Valença (RJ). Em sua homilia, ele relembrou um pouco da história da RCC e da importância do Movimento para a Igreja. Dom Nelson, em suas palavras, também buscou incentivar todos a assumirem o compromisso com o louvor e a missão.

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“A RCC é um dom de Deus para a Igreja mas, enfrentou, e ainda enfrenta, muitos desafios nesses 50

O bispo fez um convite aos carismáticos para meditarem profundamente a generosidade do amor de Deus com três realidades que perpassam o Jubileu: “Um Jubileu se celebra fazendo memória, que se rompe em um sentimento profundo de gratidão para nos colocar na atmosfera da missão”. Falando sobre a memória, Dom Nelson destacou a importância do louvor, característica do Movimento, principalmente nos momentos de dificuldade. Sobre gratidão, ressaltou que, mesmo nesses difíceis momentos, nunca faltou a graça de Deus sobre a RCC. A respeito da missão, o bispo alertou sobre a ‘Igreja em saída’, destacando a importância de propagar-se os carismas e o Evangelho da Alegria aos necessitados, multiplicar os Grupos e reavivar o ardor missionário na RCC.


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Escolher Jesus como Senhor

Maria é a Mãe da Igreja

Lavados no Sangue do Cordeiro

Dom Alberto Taveira, assessor eclesiástico da RCCBRASIL, celebrou a Missa do segundo dia de Festa do Jubileu de Ouro da RCC. Na homilia, o bispo convocou os carismáticos a meditarem sobre as origens do Movimento, comprometendo-se na fidelidade da Igreja de Cristo.

Na sexta-feira, 30 de junho, Dom Alberto Taveira voltou a presidir a Santa Missa. O arcebispo convidou os carismáticos a olharem para a Virgem Maria, explicando que, quando rezamos a oração Ave-Maria, somos levados ao Senhor. “Quando se repete a Ave-Maria, nós chegamos ao ponto mais alto, que é Jesus”, ensinou.

“A RCC é conhecida por elevar seus braços no louvor a Deus, proclamar o senhorio de Jesus e testemunhar a obra do Senhor nas graças e milagres que acontecem em nosso meio, porque Deus não está dormindo. Ai de vocês se não proclamarem o senhorio de Jesus! Ai da Renovação se não se abrir e deixar atuar os carismas! Ai da RCC se ficar parada, se não for fiel às suas raízes e se não fizer o apostolado do Espírito Santo!”, advertiu o assessor do Movimento.

O bispo explicou que Maria foi testemunha de três acontecimentos fundamentais na história da salvação: na anunciação, no mistério da encarnação do verbo (cf. Lc 1, 26-38); na cruz, quando Jesus disse ao apóstolo ‘Eis aí a tua mãe’ (cf. Jo 19, 26-34), quando Jesus teve seu lado aberto e jorrou sangue e água; e em Pentecostes, em que Maria está com os discípulos para receber uma nova efusão do Espírito Santo.

Durante a Missa Votiva do Preciosíssimo Sangue de Cristo, no sábado (01), Dom Alberto Taveira meditou com os carismáticos sobre Cristo, cordeiro imolado. Dom Alberto ressaltou que, quando uma pessoa celebra a Eucaristia, ela participa do andar superior (alusão ao Cenáculo). “Na Eucaristia, buscamos Cristo e fazemos Dele Senhor de nossas vidas”. Em outro momento, o bispo disse: “A Eucaristia é um compromisso com o céu”.

Assim, o bispo convidou as pessoas a fazerem uma revisão de vida. “O chamado que quero fazer a todos é para uma autenticidade de vida. Escolher Jesus como Senhor, acolher plenamente o Seu Evangelho e, tomando a nossa cruz, ir atrás Dele. Escolher Jesus como Senhor significa estar na Igreja, na Palavra e na Doutrina de forma sólida ”, ressaltou.

“Na cruz, a RCC encontrou seu espaço na Igreja. A Renovação existe para fazer o apostolado do Batismo no Espírito Santo, o resto é consequência e a melhor companhia para isso é a Mãe da Igreja”, declarou. No final da celebração, o bispo convidou os carismáticos a renovarem a consagração a Nossa Senhora, como realizado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, durante a celebração do Jubileu de Ouro da RCC no mundo. Confira a oração completa na página 44.

E incentivou: “Ninguém volte do mesmo jeito, nos consideremos sobreviventes. Sintamo-nos lavados no Sangue do Cordeiro que está no meio do trono” (Ap 7,14). Motivando as pessoas a abrirem-se à conversão, Dom Alberto salientou que a Missa tem poder de comunicar a graça a Deus e motivou as pessoas a aproveitaram a graça desse dia, “deixai que na força desta Eucaristia exista um antes e um depois”. O bispo meditou sobre os desafios enfrentados pelo Movimento: “Conhecendo muitas pessoas da RCC e tantas outras que não conheço... quanto sangue derramado, lágrimas, suor, lutas.. tantas almas entregues. Eu acho que a gente tem um Grupão de Oração no céu! Pessoas que continuam com os braços levantados no louvor eterno”, refletiu.

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aria, Mãe de Nazaré, o Espírito cobriu tua vida e tua alma e fez vir ao mundo o Verbo feito carne. Nós te agradecemos pelo teu sim, e te pedimos que a grande Corrente de Graças da Renovação Carismática Católica, em todas as suas expressões, abra seu coração para que o Espírito venha sobre nós. Ensina-nos a rezar. Maria, que foste às alturas das montanhas de Judá para amar e para servir, Maria de caridade, Maria do Magnificat, dá-nos a graça do louvor em toda a vida da Renovação Carismática. Maria de Belém, dá-nos a graça de que nasça e renasça Jesus em nossos Grupos e em nossas comunidades. Maria da Apresentação no Templo, nós te pedimos a graça de acolher o Mistério da Cruz e da espada que vem sobre nós, para sabermos que Jesus é sinal de contradição. Este anúncio não nos leve ao medo mas à coragem, com a disposição da fidelidade total.

Maria de Nazaré, que guardaste todas as coisas e as meditaste em teu coração, pede ao Senhor a graça de que todos saibamos guardar todas as coisas, especialmente a simplicidade da vida cotidiana de nossos Grupos de Oração e nossas Comunidades. Maria de Caná, que nos ensinaste a por em prática as palavras de Jesus, dá-nos a graça de ter sempre a Bíblia no coração e nas mãos. Maria da Cruz, discípula fiel, Mãe de todos nós, que estiveste de pé junto de teu Filho Crucificado, queremos acolher-te e levar-te para junto do que é nosso. Maria da Ressurreição, Maria de Pentecostes, aqui é nosso lugar! Aqui nos sentimos em casa, em tua casa. Estamos em nosso lugar na Igreja, que é sua dimensão Mariana e Carismática. Faz-nos fiéis em todas as expressões da Renovação Carismática Católica em toda a terra. Maria, Mãe da Misericórdia, Maria Mãe da Igreja, Maria de Pentecostes, roga por nós!

Amém 44


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RCC E NOVAS COMUNIDADES: UM CAMINHO DE COMUNHÃO No ano jubilar, a participação das Novas Comunidades foi um ponto que fortaleceu ainda mais a manifestação da corrente de graça. O caminho de comunhão está sendo trilhado e nas celebrações jubilares (em Roma e no Brasil) foram notáveis as conquistas dessa caminhada. Por meio do Documento de Aparecida (2007, n. 311), a Igreja destacou a graça missionária espalhada pela Igreja que são as Novas Comunidades. Expressões vivas de Pentecostes formadas por pessoas que experimentaram a graça do Batismo no Espírito Santo e colocaram suas vidas a serviço da Igreja de Cristo.

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A pedido do Papa Francisco, neste evento jubilar, a Fraternidade Católica (FRATER- Associação Privada de Fiéis do Direito Pontifício) e o Serviço Internacional para a Renovação Carismática (ICCRS) dividiram a corresponsabilidade dos festejos do Jubileu de Ouro. Além desse pedido do Sumo Pontífice, outro, importante, foi feito por ele: que ambos continuem aprofundando a comunhão, conformando um único serviço à Renovação Carismática Mundial, sem perder as características próprias de cada um, mas oferecendo ao povo a experiência da múltipla variedade de expressões que o Espírito Santo quis suscitar.

Além da organização do evento, as duas instituições têm estreitado cada vez mais os laços e somado forças no mesmo objetivo. Entre outras iniciativas, está o trabalho frente ao Vaticano que tem acontecido de forma unida, conforme já manifestado pelo Papa Francisco, há cerca de três anos. “Quero agradecer ao ICCRS e à Fraternidade Católica, os dois corpos de direito pontifício do Conselho Pontifício para os Leigos para servir a Renovação mundial... Eu sei que eles também decidiram compartilhar o escritório e trabalhar em conjunto, como um sinal de unidade e gerir melhor os seus recursos. Estou muito satisfeito”, elogiou o Papa Francisco, durante a 37ª Convocação do Renovamento no Espírito Santo, em 2014. Durante as atividades jubilares em Roma, o brasileiro Gilberto Barbosa, fundador da Comunidade Obra de Maria e presidente da FRATER Internacional, destacou a importância do caminho de uni-

dade entre as duas organizações, iniciado nos últimos anos: “As Novas Comunidades têm compromissos entre si, convivência fraterna, normas, etc. Quando a RCC surgiu, outros grupos foram para as paróquias e rapidamente esse Movimento foi para o mundo. Esses dois organismos criados têm esse ponto em comum: a experiência de Pentecostes e batismo no Espirito Santo”, comentou Gilberto. Na Festa do Jubileu de Ouro realizada no Brasil, Aluízio Nóbrega, presidente da FRATER em nível nacional e fundador da Comunidade Face de Cristo, conduziu o evento junto com Katia Roldi Zavaris, presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL. Em um determinado momento, Aluízio Nóbrega profetizou: “Nesse evento, estamos fazendo história... Somos um só corpo”. Nas duas grandes festas (Jubileu de Ouro celebrado em Roma e no Brasil), fundadores e moderadores de diversas comunidades marcaram presença reafirmando o pedido de unidade do Papa Francisco.


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A família carismática foi ao encontro da Mãe Aparecida. Para coroar esse momento de festa e júbilo, os filhos foram buscar no Santuário Nacional de Aparecida o colo e afago materno, mas, sobretudo, o exemplo de Maria e a intercessão necessária para a missão.

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ILUMINADOS PELO ESPÍRITO E SOB O OLHAR DA SENHORA APARECIDA, CAMINHAMOS COM JESUS O ano de 2017 é muito especial. São 50 anos de presença da Renovação Carismática Católica no mundo, 100 anos das aparições de Fátima, 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora no Rio Paraíba do Sul e ano mariano para a Igreja no Brasil. Para celebrar tudo isso, a RCCBRASIL escolheu finalizar sua programação no Santuário Nacional de Aparecida e, com Maria, ser enviada em missão. No início da atividade da segunda parte da programação (não mais em Cachoeira Paulista, mas na cidade

de Aparecida), os carismáticos se reuniram na noite de sábado (01), na praça e arredores da Basílica Velha −sob o intenso frio do interior paulista, mas aquecidos pela maternidade mariana− para uma grande procissão luminosa. Com velas nas mãos, peito cheio de gratidão e a devoção à Maria estampada nos rostos, carismáticos saíram pelas ruas da cidade fazendo reflexões sobre a caminhada de fé, clamando o Espírito Santo e a intercessão de Nossa Senhora para a vida do Movimento.

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO Organizada e animada pelo Ministério Jovem, a procissão luminosa refletiu a trajetória da RCC: “Essa procissão é uma oportunidade de olhar nossa caminhada e de renovar nosso ‘sim’ no Movimento”, motivou a coordenadora nacional do MJ no Brasil, Daniele Almeida.

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À frente do caminho havia a cruz, simbolizando o Senhorio de Jesus; a vela jubilar, representando a graça do Batismo no Espírito Santo e a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Maria, a plena do Espírito Santo. Na primeira parte do trajeto, Michelle Moran, ex-presidente do Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica (ICCRS); Reinaldo Beserra dos Reis, um dos pioneiros da RCC no Brasil; e Katia Roldi Zavaris, presi-

dente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, carregaram respectivamente os símbolos, representando a geração Duquesne, pessoas que já chegaram na idade adulta e viveram grandes coisas nesses 50 anos de Movimento. A grande vela jubilar foi acesa e, pouco a pouco, a chama se espalhou pelas ruas da cidade. A começar pelos adultos, que acenderam suas velas, significando a ação do Espírito Santo se cumprindo em vidas consumidas pela causa do Evangelho e pela propagação da graça do Espírito Santo. Representando a nova geração, que não viveu o início do Movimento, mas herdou essa graça e hoje tem a missão de manter acesa a chama da RCC, foram con-


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vidados Anabelly Medeiros, coordenadora nacional do Ministério para as Crianças, que carregou a imagem de Nossa Senhora Aparecida; Daniele Almeida, coordenadora nacional do Ministério Jovem, que levou a vela; e Milena Assunção, coordenadora nacional do Ministério Universidades Renovadas, que levou a cruz. Essa foi a hora em que todos os jovens presentes acenderam suas velas na grande vela jubilar carregada pela coordenadora do MJ. O ato expressou a juventude que, nos dias atuais, chegou ao Movimento recebendo dos mais velhos a missão de levar pelos próximos anos a cultura de Pentecostes. Além de refletirem as últimas falas papais e tre-

chos das Sagradas Escrituras, a procissão foi um momento dos carismáticos refletirem acerca da atuação do Movimento até aqui e do presente em diante. A divisão em duas etapas e os símbolos passados de uma geração para outra revelaram que a graça de Pentecostes e a ação de Deus na vida do Movimento se renovam a cada período da corrente de graça. Katia Roldi Zavaris, presidente do Conselho Nacional da RCC, destacou que esse momento é um marco de um novo tempo para a RCC do Brasil, novo tempo sob a intercessão de Nossa Senhora. A procissão foi encerrada quando todos chegaram à Praça dos Apóstolos, na Basílica Nova, onde aconteceu uma grande festa.

UM VERDADEIRO CENÁCULO A CÉU ABERTO Em volta, as imagens dos apóstolos, no centro do palco uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e, em todo o espaço, um clamor contínuo ao Espírito Santo. Esse foi o cenário da última Festa do Jubileu de Ouro da RCC. Um verdadeiro cenáculo a céu aberto acontecendo na cidade de Aparecida (SP). Depois da procissão, milhares de carismáticos se reuniram na Praça dos Apóstolos, diante da Tribuna Papa Bento XVI, para louvor, oração, escuta da Palavra e momento de cura. Após a oração do Veni Creator Spiritus, pregou Patti Gallagher Mansfield, sobre Nossa Senhora e o louvor. Na pregação, Patti ressaltou a importância dos carismáticos terem em Maria o modelo a ser seguido, principalmente no que se refere à escuta, vida

de oração pessoal e intimidade com Deus. Um momento de oração pedindo a graça de saber perdoar foi conduzido por Patti, Michelle Moran (ex-presidente do ICCRS) e Sheny de Góngora (presidente do CONCCLAT), em que se clamou o Sangue de Jesus sobre o povo reunido, relembrando o valor do Sangue de Jesus derramado na cruz, motivo pelo qual também nós devemos dar a vida pelos outros, principalmente perdoando rapidamente nossos irmãos e irmãs. Muitas curas foram proclamadas em seguida e uma oração rogando a Deus pela nação brasileira encerrou a noite. A oração conduzida por Sérgio Zavaris (coordenador nacional do Ministério Fé e Política) e padre André Rodrigues (assessor eclesiástico da RCC RJ) foi um clamor ao Senhor de perdão pela corrupção e pedido de uma genuína conversão do Brasil.

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AMOR E PROFETISMO: DOM ORLANDO BRANDES FAZ HISTÓRICA HOMILIA NA FESTA DO JUBILEU O presidente da celebração eucarística de encerramento da Festa do Jubileu de Ouro, no domingo, 2 de julho, foi Dom Alberto Taveira, mas a homilia foi feita por Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida e anfitrião do dia. Nessa Missa, os participantes do evento foram surpreendidos pelo profetismo do bispo e por sua grande demonstração de amor pelo Movimento. Um momento que, certamente, estará impresso na história da RCC do Brasil. A última Missa do evento coincidiu com a Solenidade de São Pedro e São Paulo apóstolos. Nessa celebração, os carismáticos presentes foram acolhidos por Dom Orlando que, com seu sorriso e belíssimas palavras, ofereceu-lhes uma verdadeira acolhida da Mãe Aparecida. O bispo explicou que o Espírito Santo é a alma da Igreja, por isso, é também a alma da Corrente de Graça. Sobre a primeira leitura (At 12, 1-11), Dom Orlando mencionou a profunda experiência de São Pedro ao ser liberto das correntes que o amarravam, mesmo com vários soldados o cercando. Comentando sobre a parresia e libertação do apóstolo Pedro depois de Pentecostes, exclamou “quem tem o Espírito Santo é um homem perigoso para o mundo!”

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Ele comparou esse fato bíblico a um dos grandes

milagres da história de Nossa Senhora Aparecida: “E foi aqui, neste lugar, que um escravo também, na oração, teve as correntes arrebentadas. As correntes arrebentadas lá na prisão e as correntes arrebentadas diante da imagem da Mãe Aparecida são uma experiência que todos aqui fizemos”. Falando assim, o bispo se referia às correntes do medo, inveja, ciúme, maldade, etc. Ele destacou que essa liberdade acontece por causa da poderosa ação do Espírito Santo. Ao falar da segunda leitura (2Tm 4,6-8.17-18), o bispo destacou as palavras de São Paulo: “Eu fui libertado da boca do leão” (2Tm 4,17). E disse: “Vocês, carismáticos, e nós que fazemos a experiência da Palavra de Deus sabemos o que significa ‘a boca do leão’. É o espírito maligno. Paulo foi livre do espírito do mal, porque era cheio do Espírito Santo, e o Espírito Santo o levou a


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todas as nações para pregar, corajosamente, o Evangelho”. Fazendo alusão ao trecho bíblico no qual São Paulo diz que “só resta, agora, a coroa da glória”, exclamou: “Hoje, a RCC tem a coroa, o coroamento de 50 anos de experiências fortes, vivas e radiantes da força do Espírito Santo. Uma experiência que mudou, sim, a vida de Pedro e de Paulo, mas mudou a vida de todos nós, de nossas comunidades e também da Igreja no Brasil, porque a Renovação é uma corrente de graças”, disse, relembrando a expressão usada por Francisco para denominar o Movimento. Destacando o que Jesus disse a respeito de Pedro, “sobre esta pedra construirei a minha Igreja (cf. Mt 16,18)”, Dom Orlando explicou que a pedra significa a Fé. “Se há uma experiência que os carismáticos fazem é a experiência da fé. Fé carismática, que é imediata, que é uma fé sem muitas condições, que é uma fé de uma total entrega e de um total despojamento de si, fé amadurecida”. Na sequência, o bispo falou sobre a oração como característica do Movimento: “Se há pessoas que re-

“Se há pessoas que rezam, e que rezam com convicção, e com toda a fé, são vocês, os carismáticos” zam, e que rezam com convicção, e com toda a fé, são vocês, os carismáticos. Oração na madrugada, oração não pensando em si, mas nos outros, pensando na conversão e na

santificação das pessoas”, afirmou. “Irmãos e irmãs, vocês não estão aqui por uma teoria, para defender um Movimento ou outra coisa. Não! Vocês estão aqui porque fizeram a experiência, através do Espírito Santo, do amor de Deus”, falou. Outro assunto mencionado pelo bispo foi a experiência com a Palavra de Deus vivida pelo Movimento, mas, especialmente, o estímulo dado pela RCC a todos os cristãos, em partilhar a Palavra. “A Renovação Carismática no Brasil

“Vocês não estão aqui por uma teoria, para defender um Movimento ou outra coisa. Não! Vocês estão aqui porque fizeram a experiência, através do Espírito Santo, do amor de Deus” tem a primazia de ser bíblica. Vocês devolveram a Bíblia à Igreja Católica no Brasil. Eu mesmo, ao fazer os retiros da RCC, aprendi a amar a Bíblia (e amar até hoje) através da Renovação”, testemunhou. Ao citar o salmo da liturgia do dia (Salmo 33), o bispo relembrou que a RCC é um povo da misericórdia. E que o processo histórico curou seus membros do medo; curou fisicamente, psicologicamente e espiritualmente. “Somos testemunhas que Deus transformou nossas feridas num santuário Seu, nossas feridas se transformaram

em bênçãos, santidade e em compreensão para outros feridos. Tudo, então, é alegria. E se há um Movimento que fala e dá testemunho da alegria, e na alegria mostra a experiência com Jesus ressuscitado, é o Movimento carismático”.

“A Renovação Carismática no Brasil tem a primazia de ser bíblica” Dom Orlando Brandes falou também sobre a participação da RCC nas reflexões civis do Brasil. O bispo lembrou o que o papa tem pedido à RCC sobre ecumenismo e missionariedade cristã. “É preciso olhar para o lado, para o irmão. Isto é o que de mais saudável se pode esperar de quem tem o Espírito Santo. Encontrar o Espírito Santo no outro e, ao tocar esse outro doente, pecador, pobre, rezando por ele, nós tocamos na carne de Jesus e o Espírito de Deus vai se fazendo carne também através da RCC”. Nesse momento, a assembleia carismática já estava profundamente tocada pelas palavras de Dom Orlando. No final desse sermão de encorajamento, conforto e lenitivo para a RCC, o bispo deixou uma ordem: “Mesmo que não sejamos aceitos, vamos nos aproximar e amar nossas dioceses, sofrer e vibrar por elas! [...] A Renovação vai fazer, então, de toda a Igreja no Brasil um grande Pentecostes, porque amamos nossas dioceses e paróquias, amamos a Igreja Católica e a tornamos mais alegre, mais missionária e mais profética”, finalizou.

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#JUBILEURCC

CONECTADO COM VOCÊ! As mídias sociais são presença marcante na evangelização da atualidade. São jovens, adultos, idosos e até crianças se conectando e interagindo nas páginas, perfis e contas que se encontram na internet e a RCCBRASIL não fica fora desta realidade. Nos dias da Festa do Jubileu de Ouro da RCC a participação foi intensa, contabilizando mais de 1 milhão o alcance da página no Facebook, permitindo assim que quem não pode vir ao encontro pudesse aproveitar as festividades que estavam acontecendo. Foram utilizadas as páginas da RCCBRASIL no Facebook, Twitter e Youtube com publicações, interações e transmissões ao vivo do que estava acontecendo. Nesta ocasião, foi lançada também a conta @rccbrasiloficial no Instagram, que reúne imagens deste momento histórico e emocionante vivido pelos carismáticos brasileiros. Confira um pouco dessa grande festa que se estendeu por todo o país por meio das mídias sociais.

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COMEÇA A PREPARAÇÃO PARA CELEBRAÇÕES DOS 50 ANOS DE RCC NO BRASIL A RCC chegou ao Brasil em 1969, por meio de sacerdotes que importaram essa graça dos Estados Unidos para cá, realizando encontros como Experiência de Oração e dando início aos primeiros Grupos de Oração brasileiros, na Vila Brandina, em Campinas (SP). Em 2019, vamos celebrar 50 anos dessa grande graça. Na Festa do Jubileu de Ouro da RCC no mundo, foi apresentada a marca dessa outra festividade em nível nacional e o tema da primeira etapa de celebrações. Assim como foi em preparação ao Jubileu da RCC no mundo, esse será para o Brasil um tempo de bênçãos e graças especiais, e para isso, o Brasil deve se preparar espiritualmente para o Jubileu na Terra de Santa Cruz. Após escuta profética no Retiro na Terra Santa, em maio/2016, o Conselho Nacional discerniu e aprovou um projeto de preparação para o Jubileu de Ouro no Brasil que consiste em três etapas, cada qual fundamentada numa palavra-chave.

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Com esse anúncio, a primeira etapa já começou e tem como palavras-chave PENTECOSTES PERENE. A primeira etapa é baseada na profecia de Joel, na qual lê-se que Deus derramará o Seu Espírito sobre todo ser vivo, de forma univer-

sal e atemporal. Jesus, por sua vez, diz no Evangelho de São João: “E eu rogarei ao Pai e ele vos enviará um outro Paráclito para que fique eternamente convosco” (Jo 14,16). Também o fato do Papa Paulo VI ter afirmado que a Igreja necessita de um perene Pentecostes, e que a RCC precisa ser rosto e memória de Pentecostes, já que sem o Espírito Santo continuamente derramado a Igreja não passaria de uma mera organização. São Tomás de Aquino ensina que a cada nova missão, um novo Pentecostes. Por fim, como ensina a Beata Elena Guerra, quando se pede “Vem”, o Espírito vem, a beata ainda instrui que Pentecostes não terminou. Assim, nesse período, a Renovação Carismática é convidada a responder esse apelo

da Igreja, clamando e vivendo Pentecostes de forma perene. Durante o Retiro na Terra Santa, o Senhor falou ao Conselho Nacional: “Sejam mister Pentecostes. Enquanto o mundo cristão não for batizado no Espírito Santo, não terá acabado a vossa missão”. Portanto, será trabalhada a Palavra-chave PENTECOSTES PERENE e, neste ano de 2017, acompanhará o tema: “O Espírito Santo descerá sobre ti”, para que os Grupos de Oração sejam verdadeiros Cenáculos de Jerusalém, hoje. Também à luz do que o Senhor falou ao Conselho Nacional na Terra Santa, a segunda etapa terá as palavras-chave CONVERSÃO SINCERA. Já a terceira e última etapa vai meditar a COMUNHÃO FRATERNA.


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