Revista Renovação. Edição 109 . Mar/Abr 2018
REVISTA
Graça A MINHA
TE BASTA
O MISTÉRIO DA GRAÇA EM NOSSAS VIDAS pág.06 NO MEU GRUPO DE ORAÇÃO NÃO HÁ MAIS SERVOS, O QUE FAZER? pág.16 É PRECISO ENTENDER A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DOS CRISTÃOS NO BRASIL pág. 24 “A MINHA GRAÇA TE BASTA” ENCARTE
Revista Renovação . Mar/Abr 2018
Nesta Edição
Espiritualidade
Grupo de Oração
Especial
06 Eu quero repetir com o Apóstolo Paulo: “A tua Graça me basta”!
16 No meu Grupo não há mais servos, o que fazer?
12 Um só projeto, um só povo e uma só missão!
19 Pentecostes em Partilha
20 Ele Ressuscitou e Vive
22 Vem, Espírito Santo! Fazei-nos um!
Testemunho
08 Uma vida no Espírito em Comunhão com Deus 10 Ele voltará
Ministério
14 O poder da Bênção
26 Por um ato profético, fui atraído pelo Espírito Santo
24 2018: ver, julgar e agir
EXPEDIENTE Publicação Oficial da Renovação Carismática Católica do Brasil
Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537
ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO
Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil
Redação: Maria Mariana Revisão: Mari Spessatto
Rodovia Presidente Dutra km 46,5, sentido Rio de Janeiro, no bairro dos Marques, s/n
Fotos: Arquivo RCCBRASIL
Canas/SP
Projeto Gráfico, Design e Diagramação: Priscila Carvalho Venecian
Tel.: (12) 3151-4155
ANO 19 - Edição Nº 109: Mar/Abr 2018
E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br
DA RCCBRASIL
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Editorial Revista Renovação . Mar/Abr 2018
SOMENTE A TUA GRAÇA NOS BASTA, SENHOR! Em um mundo tão materialista, somos ensinados desde crianças que é necessário ter. Ter um carro, casa, roupas, amigos, ter coisas... Falando ao apóstolo Paulo, em contrapartida, Deus nos diz que “A minha graça te basta” (2 Cor 12,9). A edição 109 da Revista Renovação deseja mostrar a você, caro leitor, o mistério da graça de Deus, revelado pelo Seu infinito amor, perdão e desejo de ter comunhão conosco já nesta vida terrena. Isso é tudo que precisamos ter: a presença e a graça do Senhor em nossas vidas. Uma antiga canção nos revela essa verdade: (...) O povo de Deus era rico de nada, só tinha a esperança e o pó da estrada. Também sou teu povo, Senhor, e estou nessa estrada, somente a Tua graça me basta e mais nada! Nas páginas que seguem, somos convidados a nos reconhecermos necessitados apenas do Senhor, como Paulo nos ensina. E esta edição traz ainda uma série de outros textos, produzidos com o intuito de edificar sua vida e de seu Grupo. Por exemplo, em um dos textos, somos chamados a elevar nosso coração ao Senhor enquanto esperamos a sua volta. Também temos um
artigo motivador que faz uma reflexão sobre o poder da bênção. Ainda pensando no tempo litúrgico que estamos vivenciando, você poderá conferir uma meditação sobre a Páscoa do Senhor e um texto estimulante para a celebração da Novena de Pentecostes. Além disso, a Revista 109 traz uma reflexão sobre a nossa participação na política do Brasil e um artigo que ajudará, principalmente as lideranças, a vencerem um grande desafio comum a muitos Grupos de Oração do Movimento. Por fim, seguindo o tema do ano, a Revista Renovação deste bimestre apresenta um lindo testemunho de alguém que escutou o Senhor batendo à porta do coração e a abriu para Ele. Todos somos convidados a participar da graça de Deus. Ao sim do homem, seguirá o banquete, a vida em comunhão com Deus, o triunfo eterno. Deus se doa a nós, mas espera de cada um uma resposta e àqueles que forem fiéis estão reservadas promessas grandiosas. Nossas páginas querem te convidar a essa comunhão com Deus. Você deseja participar dessa grande graça? Uma santa e abençoada leitura! Revista Renovação
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Amado(a) irmão(ã), a sua colaboração para a Renovação Carismática Católica do Brasil tem proporcionado a realização de muitos trabalhos missionários Brasil afora. O grande trabalho evangelizador é desenvolvido semanalmente em quase 20 mil Grupos de Oração. A sua doação fortalece o Grupo de Oração e ajuda a levar a experiência do Batismo no Espírito Santo a mais e mais pessoas. Obrigado! Caso você deseje colaborar com a RCCBRASIL, entre em contato conosco. Ajude-nos também divulgando esta obra. (12) 3151-4155, (12) 98138-2000, cadastro@rccbrasil.org.br
Palavra da Presidente Revista Renovação . Mar/Abr 2018
Katia Roldi Zavaris
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova
“TU, PORTANTO, MEU FILHO, PROCURA PROGREDIR NA GRAÇA DE JESUS CRISTO.” (II Tm 2,1) Amada Família Carismática, O mistério da Graça Divina é uma alegria incontida da alma que faz pulsar o coração na mesma frequência que o Amor Misericordioso de Deus por nós. Graça é o favor transbordante de Deus, é misericórdia sendo continuamente derramada sobre nós, nos auxiliando a viver a Salvação, garantida pelo sacrifício perfeitíssimo de Jesus que nos remiu na cruz. A morte de Jesus fez com que tivéssemos acesso constante à misericórdia de Deus. É a prova do Seu amor incondicional e eterno pela humanidade. Podemos dizer que Jesus é a graça visível de Deus para nós. A graça está diretamente ligada à Salvação. É dom gratuito de Deus. É um presente! A graça de Deus nos restaura e nos protege do pecado.
“É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós: é dom de Deus!” (Efésios 2, 8). A Graça de Deus é a expressão máxima de sua bondade para com o homem. Na verdade, ela está sempre ao nosso dispor, uma vez que nos rendemos a Ele, permitindo que Sua vontade seja soberana em nossa vida. Quando isso acontece, abrimos a porta de nosso coração a Ele, cumprindo o desígnio da alma humana. Ou, como nos disse o Frei Raniero Cantalamessa OFM, em sua IV pregação da Quaresma ao Papa e à Cúria, no dia 16 de março de 2018, no Vaticano:
“Eis que venho. Sobre mim está escrito no pergaminho do livro, que eu faça a tua vontade. Meu Deus, isso eu desejo, a tua lei está nas profundezas do meu coração” Entrando no mundo, Jesus fez suas estas palavras, dizendo: “Eis que eu venho fazer, ó Deus, a vossa vontade” (Hb 10, 5). Agora é a nossa vez. Toda a vida, dia a dia, pode ser vivida sob estas palavras:
“Eis que eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade!” na parte da manhã, ao iniciar um novo dia, depois ao ir a um compromisso, a um encontro, ao começar um novo trabalho: “Eis que venho, ó Deus, fazer a tua vontade!” Nós não sabemos o que, naquele dia, aquele encontro, aquele trabalho nos reservará; sabemos uma coisa somente com certeza: que queremos fazer, neles, a vontade de Deus. Nós não sabemos o que reserva a cada um de nós o nosso porvir; mas é lindo caminhar em direção a ele com estas palavras nos lábios: “Eis que eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade!” Dessa maneira, sendo fiéis à vontade de Deus e tomando posse da Graça que nos é reservada diariamente, passamos a viver as provações e tribulações de nossas vidas de maneira esperançosa e vitoriosa, como nos diz a Palavra que nos permite transformar em oração o ensinamento do Salmista: “Esperei no Senhor, com toda a confiança. Ele se inclinou para mim, ouviu meus brados. Tirou-me de uma fossa mortal, de um charco de lodo; assentou-me os pés numa rocha, firmou os meus passos; pôs-me nos lábios um novo cântico, um hino à glória de nosso Deus” (Salmo 39, 2-4a). Finalmente, recordamos a exortação que nos faz o apóstolo Paulo, em II Coríntios 6, 1: “Na qualidade de colaboradores seus, exortamo-vos a que não recebeis a graça de Deus em vão”. E que essa Graça seja derramada sobre nós pelo Espírito Santo e inflame nossos corações todos os dias de nossas vidas! Abraços fraternos.
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Espiritualidade Revista Renovação . Mar/Abr 2018
EU QUERO REPETIR COM O APÓSTOLO PAULO: “A TUA GRAÇA ME BASTA”! O que é o Mistério da Graça? O favor gratuito e misericordioso de Deus em Jesus Cristo, para com os homens pecadores, vai muito além de favores temporais para a vida terrena.
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m dos maiores problemas na espiritualidade contemporânea consiste na falta de conhecimento do que é a Graça de Deus e de como ela atua no ser humano e no mundo. Esse desconhecimento gera aquilo que chamo de “espiritualidade da distância”. Isso significa que o ser humano estaria muito longe de Deus e teria que se esforçar ao máximo para alcançá-lo. Tal compreensão equivocada se identifica com a heresia pelagiana, na qual o homem deve, por seu próprio empenho, ascender à salvação. Pelágio, um herege dos primeiros séculos do cristianismo, afirmava que a criatura humana poderia se tornar a imagem do criador só pelo uso de sua liberdade e esforço, sem a ajuda de Deus. A maneira pelagiana de compreender a relação entre o homem e sua salvação e entre o homem e Deus gera uma autossuficiência negadora da ação do Senhor na vida humana. Assim, a humanidade não precisaria de Deus. Ela viveria independente.
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Nos tempos atuais, muitas pregações caminham nesse erro, quando incentivam um esforço humano no processo salvífico de conversão sem fazer menção
à necessidade da ação divina que é anterior ao “sim” do homem. Uma vez que a espiritualidade da distância se instala no imaginário do sujeito ou de uma comunidade de fé, a solidão se apresenta como uma dor lancinante na psique do pecador, pois o mesmo se enxerga como alguém que não pode ser alcançado pela ação graciosa de Deus. Portanto, se reconhece sempre distante. Sempre preocupado. Sempre com um peso nas costas. Numa direção oposta à pelagiana, a fé bíblica apresenta que é sempre Deus que dá o primeiro passo na direção do relacionamento com o homem, no processo salvífico. Desse modo, o autor da Primeira Carta de João recorda: “Deus nos amou primeiro” (cf. 1Jo 4,19). Nisso consiste a Graça, uma ação Dele na direção do humano, ainda que este não queira, não mereça e nem O conheça, em vista da salvação. Assim, ela é uma iniciativa livre do Senhor, não influenciável pelo homem, nem exigível por ele. Logo, ela estará sempre no poder da liberdade divina. A Escritura Sagrada revela um Deus que se move na direção do ser humano; que se abaixa para resgatá-
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-lo (cf. Fl 2,6-11). Daí se compreende o conteúdo fundamental do credo de Israel, a saber: o Senhor desceu para libertar o seu povo da escravidão do Egito (cf. Ex 3,7-8). Com efeito, o Pai agiu na história. Ele não ficou parado no céu. Ao contrário, veio ao encontro do homem.
melhor entendida quando voltamos aos textos em língua original da Bíblia. Em hebraico, um dos termos traduzidos por “graça” vem da raiz verbal “hanan” e designa a ação de um poderoso que se abaixa para servir ao mais fraco. Em outras palavras, a ação na graça é um favor.
Por essa razão, no decorrer da história de salvação, diversas vezes Deus atuou para resgatar o homem a fim do reestabelecimento de uma comunhão profunda com ele. Foi por isso que falou aos patriarcas, aos juízes, aos profetas, aos reis e aos sacerdotes na Antiga Aliança. Tudo sem o merecimento, nem o consentimento humano.
Ademais, o Antigo Testamento hebraico também utiliza a palavra “hesed” que, quando não é traduzida por “graça”, pode ser traduzida por “misericórdia”, “bondade”, “amor” (cf. Jr 33,11). Israel celebra ao Senhor Deus, recordando-se de sua graça (cf. Sl 117; 133).
É sempre Deus que dá o primeiro passo na direção do relacionamento com o homem, no processo salvífico Como se não bastasse, na plenitude dos tempos, Deus mesmo veio (cf. Gl 4,4). O Verbo Eterno do Pai se encarnou, habitou entre nós, por pura ação gratuita (cf. Jo 1,14; 3,16). Ele nasceu, viveu, pregou o Reino, sofreu, morreu e ressuscitou. Com isso, salvou, sem cobrar qualquer coisa do ser humano. Tudo por Graça! O derramamento do Espírito Santo foi ação da Graça. Todo o gênero humano foi alcançado pelo Amor de Deus derramado nos corações (cf. Rm 5,5). No cumprimento da promessa, em Pentecostes, todos foram abraçados (cf. At 2,1s). Toda a dinâmica da Graça é
Em grego, o termo mais comumente utilizado é “kharis” e significa “dom gratuito”, “dádiva”, “presente”. Vale lembrar que é dessa palavra que surge o vocábulo “carisma”. Nisso, pode-se afirmar que os dons carismáticos consistem em manifestações da graça do Senhor. Em síntese, Deus, o todo poderoso, se abaixa para servir aos mais fracos, a humanidade, dando-nos um dom gratuito, um presente chamado salvação. Deus Pai, Filho e Espírito Santo, num dinamismo de amor, misericórdia e bondade, se movimentou, e se movimenta, na direção dos homens e mulheres, pecadores e pecadoras, em vista de reatar nossa aliança com Ele. Que dádiva, que favor recebemos, irmãos! Mas que relevância existe em saber e experimentar desse mistério? Uma vida cuja dimensão escatológica está mais presente, dotando de sentido a vivência cristã. Em outras palavras, o cristão que toma consciência da ação da Graça vive no hoje de sua história como se já estivesse na glória (cf. Gl 2,20). Assim, o cristão ama, não porque isso o levará para o céu, mas
pelo fato de que foi alcançado pelo Graça. Ele vive pela Graça, na Graça, com ações e palavras, os valores do Reino. Verdadeiramente, coloca em prática o Evangelho, não pelo medo da condenação; porém, o faz pois foi amado gratuitamente por Deus. Logo, a vida na Graça produz a experiência de uma relação com Deus desprovida de qualquer interesse. O cristão agraciado não tem uma vinculação egoísta com a divindade. Sua intimidade com Ele se dá no amor puro, ou seja, aquele que foi alcançado, amado, não espera nada em troca – bens materiais, riquezas, alívios, etc.
Aquele que foi alcançado, amado, não espera nada em troca Ao lermos o testemunho de Paulo, alguém que foi agraciado por Deus, percebemos uma relação nos moldes até aqui descritos. Fica fácil entender o que o Apóstolo afirmou: “a tua graça me basta” (cf. 2Cor 12,9). Esperamos que, assim como o fez o maior pregador da história, possamos afirmar essa realidade, na consciência de que, mesmo sem merecer, fomos amados, resgatados, salvos. Que nossa vida seja vivida nesta certeza: Deus nos amou sem pedir algo em troca. Assim, que nada possa nos separar de Seu amor; nem alterar Sua ação e desejo de nos alcançar (cf. Rm 8,35-39)!
Por João Claudio Rufino Coordenador da Comissão Nacional de Reflexão Teológica da RCCBRASIL Grupo de Oração Kharis
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UMA VIDA NO ESPÍRITO EM COMUNHÃO COM DEUS Jesus se doa a nós. Atendendo a Seu convite, nos doamos livre e totalmente a Ele se quisermos. Qual tem sido a nossa resposta? Assumimos ou não a graça da presença real de Jesus em nossa vida? “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a Si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar”. Assim inicia o Catecismo da Igreja Católica ao falar que o homem é “capaz” de Deus “e que o aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus” (Catecismo da Igreja Católica, 27). Como não nos maravilhar diante de tão grande verdade que nos ensina a Santa Mãe Igreja e nela encontrar a resposta para os anseios mais profundos que trazemos em nosso coração humano? O homem foi criado por Deus e para Deus, o seu coração permanecerá inquieto enquanto não encontrar em Deus o seu descanso. Só em Deus, seu princípio eterno, o homem poderá encontrar o seu fim, a felicidade eterna.
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Nós somos fruto do desejo de Deus; em Seu infinito Amor, Ele nos criou e infundiu em nós o Seu próprio Amor, dando-nos a vida. Diz a Beata Elena Guerra que,
de Si, Deus nos tirou como um suspiro de Amor e a Si nos chama a retornar pelo mesmo caminho do Amor! E mais do que nos dar a vida, Deus nos chamou à Sua Vida, à comunhão plena consigo; nos concedendo a graça santificante que nos torna capaz de Si. Fomos criados para viver em comunhão com Deus, como nossos primeiros pais antes do pecado original. Mas, o pecado desligou o homem dessa comunhão perfeita, afastou-o da presença de Deus e expulsou do coração do homem o Amor. E só Deus, que não pode deixar de ser fiel, mesmo quando lhe somos infiéis (cf. Tm 2, 13), foi capaz de vir novamente ao nosso encontro para nos resgatar em seu amor, pois, sozinhos, não seriamos capazes. Deus tanto nos amou e ama que veio Ele mesmo ao nosso encontro, assumindo nossa carne humana, nossas fraquezas e nosso próprio pecado. O Deus que nos criou não nos abandonou à nossa própria fraqueza, que mistério de Amor! Em Jesus Cristo foi-nos aberto novamente o acesso ao Pai. Em Cristo, fomos reconci-
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liados com Deus (cf. II Cor 5,18) e podemos novamente viver em comunhão com Ele. Mas Deus ainda foi além, desceu ainda mais profundo, e não apenas em meio aos homens fez a sua morada (cf. Jo 1, 14), pela Encarnação do Verbo, mas também no coração do homem, pelo Amor derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado (cf. Rm 5,5), no dia de Pentecostes (cf. At 2).
Só em Deus, seu princípio eterno, o homem poderá encontrar o seu fim, a felicidade eterna. A partir de Pentecostes, o Amor passou a fazer morada definitiva no coração do homem, e, por meio dEle, pode assim auxíliar o homem em sua caminhada com Deus, a retornar ao seu princípio. Deus não colocou novamente o homem no Jardim (cf. Gn2), mas o próprio Espírito Santo, veio se “colocar” no coração do homem como penhor de sua salvação (cf. Ef 1,14); da Salvação que Cristo veio trazer, e fazer dele a sua morada, o seu templo, o seu jardim (cf. I Cor 3,16; Is 58,11). E, uma vez estabelecida sua morada, o Espírito Santo, como hóspede divino, começa sua obra de amor e santificação em nossas almas. Nossa carne, nossa humanidade, se tornou um lugar sagrado de encontro e comunhão com Deus, de manifestação da Sua Graça e Sua glória. Desse modo, a vida de comunhão com Deus, pelo Espírito, precisa gerar em nós uma vida de conversão e de santidade, le-
vando-nos a romper com as obras más da carne (cf. Gal 5), e assumir a vida nova (cf. II Cor 5, 17) que é própria do Espírito Santo em nós. É Ele quem reproduz esta vida divina em nós, revelada em Jesus Cristo. É o Espírito quem reproduz Jesus nas almas e realiza esta obra de transformação das almas em Jesus. “Acaso não reconheceis que Cristo Jesus está em vós?” (II Cor 13); Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Gal 3, 27). Não podemos entrar em comunhão com Deus, sem sermos transformados nEle. Deus é Amor e quem permanece no Amor, permanece em Deus (cf. I Jo 4) e nEle é transformado!
Não podemos entrar em comunhão com Deus, sem sermos transformados nEle Se Deus nos concede, pelo Espírito, a sua Graça para vivermos nesta comunhão com Ele, qual tem sido a nossa resposta? Podemos nos perguntar! Como temos correspondido à Vida da Graça? Nós, carismáticos, que fizemos a experiência do batismo no Espírito Santo e assumimos esta vida sob o Senhorio de Cristo, estamos debaixo desta graça divina que deseja gerar-nos para esta vida de santidade e união com Deus? Nesse período jubilar da RCC, o que vamos colher desta Graça renovadora e imorredoura de Pentecostes que se atualizou em nosso meio e nossos corações? Como vamos viver este ano de 2018? Debaixo desta graça, imersos nesta vida divina, pela vida no Espírito que somos chamados a
assumir e testemunhar, ou seremos como aqueles cristãos mornos da Igreja em Laodicéia: “...oxalá fosseis frio ou quente, mas como sois morno,... vou vomitar-te”(Ap 3, 14-23)? Que Deus nos livre de não assumirmos a graça que em nós habita e que constantemente nos visita, e nos faça exclamar com grande temor, como e com Santo Agostinho: Senhor, tenho medo da graça que passa! Somos convidados a colher os frutos de Pentecostes que vivemos e nos abrir a Cristo que constantemente vem ao nosso encontro, bate à porta do nosso coração (cf. Ap 3, 20a) e deseja ser por nós acolhido e amado; pois, se alguém O amar e guardar a Sua Palavra, diz Jesus: “o Pai o amará, e Ele e o Pai virão a ele e nele farão sua morada!” (cf Jo 14,23).
Que Deus nos livre de não assumirmos a graça que em nós habita e que constantemente nos visita Que o Espírito Santo nos conceda a docilidade para vivermos num estado permanente de abertura e conversão do nosso coração, a fim de que Ele permaneça em nós e nos leve a esta comunhão de amor com o Deus Trindade, que é o fim último para o qual é orientada a nossa peregrinação terrena e gozarmos da felicidade eterna! Por Madre Viviane do Sagrado Coração de Jesus (Irmãs Oblatas do Cenáculo)
Coordenadora Nacional do Ministério para Religiosas e Consagradas da RCCBRASIL
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ELE VOLTARÁ! Por mais que muitos pensem que está demorando ou que não irá acontecer, o Senhor virá! Você crê e anuncia essa verdade?
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m todas as Santas Missas que celebro, sempre penso na importância deste
diálogo:
_Corações ao alto! _Nosso coração está em Deus! Essa frase convoca, a cada um de nós, a nos submeter em tudo à vontade e ao querer de nosso Amado Senhor, que nos ama incondicionalmente e nos quer próximos Dele. Muito interessante é seu movimento em direção a nós: Ele se encarna (cf. Jo 1,14), caminha conosco (cf. Jo 1,35a), nos ensina como viver (cf. Lc 10, 25-37; 41-42. 11,1-13; Mc 9, 33-37; Mt 13,44-46) e, como se não bastasse, Ele dá a vida por nós no madeiro daquela cruz, para nos arrancar das amar-
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ras antigas e nos tornar um povo livre. Nada nos pediu em troca, simplesmente “nos amou com amor eterno” (cf. Jr 31,3) e, para nos garantir que é possível uma nova vida a partir do encontro com Ele, nos envia aquele que é o Amor, o Espírito Santo. Quanto Amor! Ele não nos deixa sozinhos, e manda sobre nós o Paráclito para que, permanecendo conosco, nos molde à sua imagem, o novo Adão (cf. I Cor 15,45), até o dia de nos encontrarmos definitivamente na morada eterna. Isso é motivo de profunda alegria: o nosso Amado Senhor, Jesus, o Cristo, está conosco até o fim dos tempos (cf. Mt 28, 20b). Aleluia! Irmãos, tenho uma boa notícia, uma verdade que ninguém poderá nos roubar: ELE VOLTARÁ!!!
No livro dos Atos dos Apóstolos, encontramos uma cena que nos enche de esperança. Enquanto Jesus subia ao céu em sua ascensão, após dar as instruções aos seus, dois homens vestidos de branco nos anunciaram a promessa: “homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse mesmo Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu, voltará do mesmo modo que viste subir ao céu” (At 1,11). Meu Deus, que alegria! Aquilo que Jesus prometeu (cf. Mt 25,31), que ainda não tinha chegado a consciência de seus apóstolos, agora é lembrado e o sentimento de tristeza e abandono que havia dava, então, lugar à esperança. Eu fico a imaginar o coração dos primeiros cristãos, an-
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siosos, preocupados e desejosos, pois a qualquer momento o Amado, o Senhor, a razão e o motivo da verdadeira alegria estava para chegar e permanecer para sempre, definitivo. A vida no Espírito que eles viviam chegou a tal ponto que davam a vida, na certeza de que o Amado, o Esposo, estava à espera deles. Meu Deus, isso é muito profundo. Você deseja ter esse amor pelo Senhor? Desejemos juntos, irmãos, fazer a mesma experiência dos primeiros cristãos, de ter o coração inflamado pela volta do Senhor. Dois mil anos se passaram. A Escatologia e Teologia do Mistério Pascal avançaram, a reflexão teológica trouxe à Igreja maior esclarecimento da Ressurreição, da volta de Jesus e da Vida no Espírito, nos fazendo entender que, como Igreja caminhante, precisamos todos os dias “preparar o caminho do Senhor” (Mc 1,3a), até que Ele volte. Precisamos, então, gritar sempre, para que o mundo veja o nosso MARANATHÁ (que quer dizer: Vem, Senhor Jesus) e se prepare para a chegada do Amado, e todos juntos cantaremos que está no meio de nós aquele que “renova todas as coisas” (Ap 21, 5a). É bem verdade que vivemos tempos difíceis, um arrefecimento e abandono público da fé (apostasia), crescimento do ateísmo, um gigante crescimento do individualismo, o capitalismo tem tentado ser o senhor das relações, impondo que é preciso “ter” para “ser”, e tantas outras feridas profundas que têm tomado a humanidade. Muitos têm se perguntado: onde está Deus? Jesus, o dito Messias, Ele voltará? É verdade tudo o que
sobre Ele foi anunciado? Será que haverá fé sobre a terra quando Ele voltar? Será que não está demorando muito? Refletindo sobre esses questionamentos, lembrei que certa vez ouvi a seguinte afirmação: toda promessa passa pelo teste do tempo! Creio que essa afirmação fala conosco profundamente, pois a promessa da vinda definitiva do Senhor passa pelo kairós (tempo da graça, tempo de Deus), e não pelo kronos (tempo elaborado pelos homens). Não podemos perder de vista que “há uma coisa, caríssimos, de que não deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa de PACIÊNCIA para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam” (2 Pd 3,8-9). Lembremos que “se entrares para o serviço de Deus... prepara tua alma para a provação; sofre as DEMORAS de Deus; dedica-te a Deus e ESPERA com paciência” (Eclo 2, 1-3). Esperemos Nele, e Ele fará de nós criaturas novas! De fato, irmãos, a humanidade toda, “a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19). É tempo de nos levantarmos de nosso arrefecimento (cf. Ap 2,4), arrependermo-nos de nossa mornidão e proclamarmos mais uma vez o nome que possui autoridade sobre todas as coisas: Jesus. Só faremos isso se os nossos corações estiverem no alto! É preciso que nosso coração e nossa vida estejam nas mãos Dele, assim como estava a dos primeiros cristãos.
Nação Carismática, que o Espírito de Deus nos leve a colocar o nosso coração, nossa esperança e nossa vida Nele! Sinto que o Senhor está a procurar uma geração disposta, um povo decidido para anunciar ao mundo inteiro que Jesus voltará e que não devemos nos conformar com este mundo (cf. Rm 12,2a). Um povo que acredita que mortos com Cristo, e ressuscitados com Ele, são novas criaturas (cf. I Cor 15, 20ss) e, como tal, precisa buscar uma vida aos moldes das “coisas do alto” (Cl 3,1-3), vida de entrega, com renúncias e recomeços, disposta a em tudo parecer com Cristo. Quando a humanidade perceber em nossos atos a manifestação da vida de Cristo, e perceber nossa fé testemunhada, no amor a Deus e aos irmãos, reconhecerá que Jesus está vivo em nós, e conosco desejarão colocar seus corações Nele e esperar conosco sua volta. Portanto, preparemos o caminho do Senhor! Sozinhos, de fato, não permaneceremos de pé, por isso peçamos a intercessão daquela que nos ensinou a permanecer firmes diante da cruz, a Virgem Maria, mãe da Igreja. Maria, ensina-nos a depositar nossos corações em Deus e a ter um olhar de esperança, voltado para o céu, assim como os primeiros cristãos, e buscarmos uma nova vida, movida pelo Espírito, testemunhando que o Senhor está vivo e voltará. Renovação Carismática Católica, elevemos nossos corações ao alto. Por Pe. Alexandre Monteiro Lima Pároco – Nossa Senhora de Nazaré Diocese de Bragança Paulista Diretor espiritual diocesano da RCC
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Especial Revista Renovação . Mar/Abr 2018
UM SÓ PROJETO, UM SÓ POVO E UMA SÓ MISSÃO! A RCCBRASIL unificou os projetos de arrecadação do Movimento. O “Semeando a Cultura de Pentecostes” e o “Nossa Vida em Missão” agora estão juntos com um só nome: Semeando a Vida no Espírito. A partir de 2018, sua ajuda alcança todas as atividades nacionais do Movimento! Temos uma grande novidade para você, colaborador da RCCBRASIL! Movido pelo Espírito Santo, o Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil discerniu que as contribuições para a Sede Nacional do Movimento e para as demais atividades da RCCBRASIL se encontram, em um só projeto. Sendo assim, a partir de 2018, o projeto Semeando a Vida no Espírito passou a ser o único projeto nacional de arrecadação dos recursos para atividades da RCCBRASIL. A unificação tem como objetivo centralizar as arrecadações provenientes dos membros da RCC, dos Grupos de Oração e dioceses, pois, assim, a contribuição é distribuída conforme as necessidades administrativas do Movimento. Com isso, a RCCBRASIL acredita na fidelidade e compromisso de todos, confiando que, com o sim dos
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irmãos e com a graça de Deus sobre nós, iremos testemunhar o crescimento de toda a RCC em nível nacional e de suas atividades no país, conforme profecia dada ao Conselho Nacional, em 2016, na Terra Santa: “Dar-vos-ei em abundância, dizei apenas vosso sim” (Livro Vede Como Eles Se Amam). Os projetos de arrecadação passam por uma transição até que todos os colaboradores da RCCBRASIL estejam habituados com a unificação. Até 2019, todos os materiais, carnês e tudo referente à contribuição receberão o nome do Projeto Semeando a Vida no Espírito. Quem colaborava com o projeto Nossa Vida em Missão ou Semeando a Cultura de Pentecostes, automaticamente será migrado para o Projeto Semeando a Vida no Espírito, contribuindo com
o mesmo valor de costume e o recebimento da Revista Renovação e demais benefícios em ser um contribuinte da RCCBRASIL permanecem garantidos! Unidos e com o auxílio do Espírito Santo, conseguiremos muito mais! Obrigado pela sua contribuição! Saiba mais sobre o Projeto Semeando a Vida no Espírito Acesse www.rccbrasil.org.br ou entre em contato conosco pelo telefone: (12) 3151-4155, WhatsApp (12) 98138-2000 | (12) 98258-0024 ou pelo e-mail: cadastro@rccbrasil.org.br
Especial Revista Renovação . Mar/Abr 2018
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Espiritualidade Revista Renovação . Mar/Abr 2018
O PODER DA BÊNÇÃO Quais tipos de palavras saem dos nossos lábios?
O
s israelitas haviam saído do Egito rumo à Terra Prometida e não faziam ideia do que encontrariam pela frente, tudo era ainda uma incógnita para eles. Tinham a promessa da Terra Prometida, mas sequer sabiam como chegar lá. Então, o próprio Deus os ensinou como invocar a sua bênção, como colocar o seu nome sobre a vida das pessoas. Assim como os israelitas, nós também não sabemos o que o futuro vai nos reservar, nem sequer, pela manhã, sabemos como será o nosso dia. Podemos ter muitas surpresas agradáveis, mas podemos também ter que enfrentar grandes problemas e dificuldades que não estávamos esperando. Por isso, é tão importante invocarmos a cada dia sobre nós a bênção do Senhor.
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Qual o significado da palavra “bênção”? No hebraico, a língua ori-
ginal do livro de Números, a palavra bênção significa submeter-se, honrar um superior, falar bem, exaltar, agradecer. Bênção é também entendida como o poder espiritual que Deus concede a alguém para que alcance paz, seja protegido do mal, para que prospere, para que seja bem-sucedido naquilo que empreende. Vemos, portanto, que há uma ação do homem – submeter-se, falar bem, exaltar, etc. e uma resposta de Deus – conceder a graça e a paz. A graça de Deus nos possibilita ser salvos; a paz que vem de Deus não é somente ausência de conflitos, mas também comida na mesa, saúde no corpo, trabalho nas mãos, espaço para viver, felicidade nas relações. Assim sendo, quem quer ser abençoado precisa manter uma relação de submissão e obediência
para com Deus de quem a bênção provém: deve obedecer a Palavra de Deus. A Sagrada Escritura diz: “Se obedeceres fielmente à voz do Senhor, teu Deus, praticando cuidadosamente todos os seus mandamentos...estas são as bênçãos que virão sobre ti, e te tocarão (cf. Dt 28, 1-2). Ou seja: a bênção procede da obediência. Abençoar como ação do homem requer boas atitudes e colocar-se sob o Senhorio de Jesus. Devemos buscar ao Senhor, honrá-lo em nosso viver diário, colocar o seu Reino como prioridade, aí a sua face se voltará para nós e a sua bênção nos alcançará. Jesus disse: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6, 33). De que coisas estava falando? Falava de proteção para a vida, de alimento, de roupa
Espiritualidade Revista Renovação . Mar/Abr 2018
para vestir, de ausência de preocupações exageradas. Abençoar como ação do homem, contudo, vai além da obediência e submissão a Deus, requer também ação de graças. É Jesus quem nos ensina isso na passagem da multiplicação dos pães. Jesus estava num lugar onde não havia comida e tinha diante de si uma multidão de pessoas com fome. Alguém lhe trouxe apenas cinco pães e dois peixes, e a Bíblia diz que Jesus “elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos discípulos, que os distribuíram ao povo. Todos comeram e se fartaram…” (cf. Mt 14, 19).
Queremos que a vida dos nossos filhos, seja abençoada? Ao invés de reclamar, de criticar, experimentemos falar bem, elogiar, ressaltar Jesus abençoou, pela ação de graças, o pouco que tinha. Muitas vezes nós, quando pensamos que vai nos faltar alguma coisa, murmuramos, maldizendo assim o pouco que possuímos. Anos atrás, lendo esta passagem da multiplicação dos pães, aprendi com Jesus a dar graças pelo que tenho, abençoando. Sempre que recebo o pagamento pelo meu trabalho, eu agradeço a Deus, do fundo do meu coração, separo o dízimo, em obediência à sua Palavra, e o louvo e bendigo porque Ele é poderoso para cumular-nos com toda a espécie de benefícios, para que, tendo sempre e em tudo o
necessário, nos sobre ainda muito para as boas obras (cf. 2 Cor 9, 8). Desde que comecei a fazer isso, a providência de Deus tem se manifestado de forma surpreendente na minha vida.
As palavras moldam a realidade para o bem e para o mal Isso vale também para a área dos relacionamentos. Vamos supor que um casal esteja enfrentando dificuldades. Eles devem examinar seus corações para ver se ainda existe um pouco de amor, de respeito, de carinho, de paciência, de esperança. Se houver, devem agradecer a Deus por este pouco, colocar o sentimento que restou sob o olhar de Deus, para que seja abençoado e o Senhor vai multiplicar a paciência, o amor, o respeito, o carinho. Este princípio de abençoar pela obediência à Palavra e pela ação de graças se aplica a todas as áreas da nossa vida. Abençoar como ação do homem envolve ainda dizer coisas boas, exaltar, elogiar. Queremos que a vida dos nossos filhos, dos nossos familiares em geral, dos nossos amigos seja abençoada? Ao invés de reclamar, de criticar, experimentemos falar bem, elogiar, ressaltar as qualidades e não os defeitos. Seremos surpreendidos pela ação transformadora de nossas palavras. As palavras moldam a realidade para o bem e para o mal. “Uma palavra má transtorna o coração; dela vem quatro coisas: o bem e o mal, a vida e a morte; sobre estas quem domina de contínuo é a língua” (Eclo 37, 21). Conforme essa passagem, das nossas pala-
vras pode proceder uma bênção ou uma maldição, pode proceder vida ou morte. Maldizer é falar mal, é falar uma linguagem oposta à de Deus. Da boca de Deus só procede o amor. Quantas vezes “matamos”, por assim dizer, a esperança, a confiança, a alegria das pessoas que deveríamos encorajar, fortalecer, colocar sob o olhar de Deus para
Maldizer é falar mal, é falar uma linguagem oposta à de Deus. Da boca de Deus só procede o amor que sejam abençoadas. Os efeitos de uma palavra má, principalmente contra aqueles sobre os quais somos constituídos em autoridade, nossos filhos em especial, podem ser trágicos e duradouros, do ponto de vista espiritual e emocional. Se, ignorantes deste princípio, alguma vez falamos mal ou desejamos mal a alguém, podemos pedir perdão a Deus e reverter estas palavras, proclamando uma passagem bíblica de bênção sobre a vida dessa pessoa. Podemos, por exemplo, invocar a bênção de Deus sobre ela dizendo: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te sua graça! O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz! (Nm 6, 24-26) A Palavra de Deus é forte e poderosa, ela cria realidades na nossa vida e pode reverter maldições.
Por Maria Beatriz Spier Vargas Coordenadora Nacional do Ministério de Pregação Grupo de Oração Magnificat
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Institucional Grupo de Oração Revista Renovação . Mar/Abr 2018
NO MEU GRUPO NÃO HÁ MAIS SERVOS, O QUE FAZER? A questão que dá título a este artigo pode ser bem familiar para você. Infelizmente, não apenas para você que está lendo este texto, mas para os inúmeros servos dos milhares de Grupos de Oração espalhados pelo nosso imenso e amado Brasil Vamos falar um pouco sobre isso e como enfrentar esse desafio? Há uma receita? Posso dizer que não. Mas há Deus e onde está Deus está a esperança. Há caminhos que precisam ser percorridos com perseverança, insistência, cruz e luta para VER a glória de Deus no Grupo onde você não consegue VER os servos. Peça: Senhor, que eu veja! Esta foi a oração do cego que estava sentado à beira do caminho em Jericó, conforme o Evangelho
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de Lucas (Lc 18, 35-43). Veja-se que a partir da oração podemos VER a glória de Deus. ORAI SEM CESSAR! (I TS 5, 17) - Comecemos então a orar mais e mais sem cessar. As práticas espirituais nos levam a perseverar, pois fortalecem nossa alma. Pela oração pedimos ao Senhor que nos ajude a VER. Bata, insista, persista, “incomode” O Senhor. Ora, “se vós, pois, que sois maus, sabeis dar
boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai Celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem” (Mt 7,11). Dentre as práticas espirituais vale ressaltar o valor incomparável da Santa Missa, o terço diário e a intercessão poderosa de Nossa Mãe Santíssima, a celeste comandante, ela que é Nossa Senhora da Esperança, das Graças, das Vitórias, Desatadora dos Nós... Ela que está atenta ao vinho que falta, aos servos que ainda não se vê
GrupoInstitucional de Oração Revista Renovação . Mar/Abr 2018
e, assim como nas bodas de Caná da Galileia, a Mãe traz com sua intercessão o melhor vinho. O jejum que nos leva ao fortalecimento e a pureza dos sentidos ajuda-nos a retificar nossas intenções e a pedir bem. A adoração diante do Santíssimo Sacramento, ocasião em que contemplamos o Amor e com Ele partilhamos o coração com tudo o que nele há: angústias, desânimos, lutas pessoais, combates espirituais. Assim como silenciosamente o sol aquece a pele daquele que a ele se expõe, Jesus no Santíssimo Sacramento aquece nosso coração e podemos dizer: “nosso coração se abrasava...” (Lc 24, 32). “O HOMEM VÊ A FACE, MAS O SENHOR OLHA O CORAÇÃO” (I Sm 16,7) - Ainda sob a inspiração da oração: “Senhor, que eu veja!”, é fundamental procurar além da aparência. As escolhas do Senhor são perfeitas, mas muitas vezes os nossos olhos não enxergam os tesouros que foram colocados ao nosso lado. Por vezes ouvimos pa-
radigmas como: “você tem cara de intercessor, é tão quietinho” ou “você fala tão bem, será um excelente pregador”, ou “ele é muito tímido, não pode ficar no acolhimento” e, assim, rotulamos os irmãos. Após ter orado, o Espírito Santo certamente lhe dará a visão espiritual para ver além da aparência. “POR FALTA DE PASTOR, DISPERSARAM-SE MINHAS OVELHAS” (EZ 34,5) - O terceiro ponto que podemos refletir é a necessidade de acompanhar e pastorear as ovelhas dos Grupos de Oração. Semanalmente, temos a graça de ser presenteados por Deus com uma joia que precisa ser lapidada. Para isso, temos que assumir a condição de pastor e ovelha. É preciso estar ao lado, pegar nas mãos, carregar no colo muitas vezes, acompanhar, ensinar, formar, caminhar junto com o irmão. Pastorear exige atenção, tempo, renúncia e especialmente disposição. Não estamos prontos, estamos a caminho. Doe seu tempo, seu amor, sua amizade
e sua atenção para aquele que está a serviço no Grupo de Oração, para aqueles que estão na perseverança, os que participaram da Experiência de Oração ou do Seminário de Vida no Espírito. Compre livros, apostilas, CDs, DVDs, dê de presente. Leve-o a formações com você. Chame-o para as missões que lhe são confiadas. Conheça-o, não superficialmente, mas profundamente, entenda a ajuda que ele precisa para ser um servo bom e fiel. Falamos de alguns pontos que serão fundamentais para nosso desafio em relação ao tema deste artigo. Orar sem cessar! Não ver apenas a aparência! Pastorear! Não é uma receita, mas é um caminho prático, exigente e vitorioso, posso testemunhar. Oremos firmes. Oremos forte. Senhor, que eu veja!
Por Kédina Rodrigues Secretária geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração São João Paulo II
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GrupoInstitucional de Oração Revista Renovação . Mar/Abr 2018
PENTECOSTES EM PARTILHA Em 2018, a RCCBRASIL lançou o “Pentecostes em Partilha”, uma contribuição anual de R$50,00 por Grupo de Oração para as atividades nacionais do Movimento. A contribuição foi uma inspiração dada ao Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil, em janeiro deste ano, com o objetivo de revitalizar as condições administrativas e saúde financeira da RCCBRASIL. Os valores arrecadados também serão utilizados para o cumprimento das normas de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiro para que eventos
comecem a acontecer na Sede do Movimento em Canas (SP). A campanha realizada em 2017, através de uma carta encaminhada aos coordenadores de Grupo de Oração, deixou de ser uma colaboração esporádica para se tornar uma colaboração anual nos dias próximos à Solenidade de Pentecostes, no valor de R$50,00 por Grupo para a manutenção do Escritório Nacional e demais atividades do Movimento. O A RCCBRASIL deseja partilhar o bem necessário a essa obra, mas,
acima de tudo, preparar um povo bem disposto, por meio das suas atividades, para receber o poderoso Batismo no Espírito Santo. Faça parte dessa partilha você também! Toda a família carismática é convidada a participar “da partilha”, confiando na providência de Deus, na certeza da vitória que vem Dele! MAIS INFORMAÇÕES rccbrasil.org.br (12) 3151-4155
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ELE RESSUSCITOU E VIVE Queremos viver com Cristo, em Cristo e como Cristo. Ele ressuscitou, aleluia! Queremos nos desvencilhar de todo sepulcro e ressurgir com Ele.
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A palavra Páscoa tem origem hebraica, vem da palavra “pesah” que significa passagem. Em princípio, ela marcava o final do inverno e a chegada da primavera. Mas, o que significa esse rito? No antigo testamento, teremos duas respostas diversas e complementares. No primeiro, encontraremos em Êxodo 12, 27: “é o sacrifício da Páscoa, em honra do Senhor que, ferindo os egípcios, passou por cima das casas dos israelitas no Egito e preservou nossas casas”. Comemora-se, então, a passagem de Deus que resguarda e protege o seu povo. Em outro momento, é a memória da passagem do povo pelo Mar Vermelho, ou seja, é uma grande ação de graças pela saída do Egito e, consequentemente, da escravidão. Mas, em Cristo, a Páscoa ganha um novo significado: celebramos com Ele sua morte e ressurreição, é o Cordeiro Pascal oferecido a Deus
pelos nossos pecados, sendo esses fundamentos para a fé cristã, por isso, é a principal celebração do cristianismo. São Justino e São Melitão vão afirmar que “A páscoa é Cristo” e Santo Inácio de Antioquia vai dizer que “A sua paixão foi a nossa ressurreição”. A Páscoa para os cristãos não deve representar apenas a lembrança de um episódio histórico, mas algo a ser interiorizado e externado como profundo testemunho de vida e fé que o mundo precisa ouvir: Ele vive! Testemunhar um Cristo que vive, que deixou o túmulo vazio, que acolheu a cruz por obediência a Deus e amor à humanidade, que rogou pelos seus e os perdoou até mesmo o que o traiu e os amigos que o abandonaram. Um Deus que deu sua Mãe a toda humanidade, quando na Cruz disse: “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 27a). De geração em geração, podemos
proclamar “Bem-aventurada seja Maria, nossa mãe!” Depois do Jubileu de Ouro, depois de 51 anos, encontramos na cruz de Cristo um diálogo de amor e fortaleza para os que precisaram entregar suas dores e sofrimentos ao longo desse tempo. Quantos testemunhos! Mas também encontramos na Eucaristia um Cristo que vive e que nos dá vida! Assim como os olhos dos discípulos de Emaús se abriram ao reconhecê-lo no partir do Pão, os olhos de cada carismático se abrem ao reconhecê-lo pela experiência vivida em cada Grupo de Oração (GO), Seminário de Vida, encontros formativos, em cada Retiro de Carnaval, em cada Universidade (GOU), no litoral (Jesus no Litoral), no pantanal (Jesus no Pantanal), na salinha das crianças (GOC) em cada lugar e missão em que o Espírito Santo vem! Reconhecemos o Senhor e Ele abrasa
Especial Revista Renovação . Mar/Abr 2018
o nosso coração com o Seu amor, quanta gratidão por tudo vivido! Agora chegou a nossa vez de darmos a nossa resposta ao Senhor e subirmos a árvore que Zaqueu subiu, sairmos debaixo do pé de Junípero como o profeta Elias saiu, perdoarmos setenta vezes sete, irmos ao poço de Jacó e dizermos nossa verdade ao Senhor da verdade, precisamos encontrar a humildade do publicano e deixar que sejam retiradas de nós as faixas que impedem de deixar também o túmulo vazio! Voltemos todos a uma maior amizade e intimidade com Aquele que nos amou e deu a sua vida por nossos pecados!
A Páscoa não deve representar apenas a lembrança de um episódio histórico, mas algo a ser interiorizado e externado como profundo testemunho de vida O desejo de Deus para nós não se esgota com as festas e celebrações em comemoração ao Jubileu da RCC no mundo, em 2017, e nem muito menos se esgotará com a vivência do Jubileu da RCC no Brasil, em 2019. Este novo tempo marca o início de uma nova primavera para toda RCC! É primavera! No tempo pascal, faz-se necessário pararmos para refletir se queremos viver essa primavera como homens novos e ofertar tudo que temos e somos ao Senhor ou se queremos continuar presos
ao homem velho. Podemos fazer nesta Páscoa um plano pessoal de Páscoa contínua e permitir-se vivenciar o início de um novo tempo. Frei Raniero Cantalamessa, no livro Mistério da Páscoa, nos ensina que desde as origens na Bíblia a “Páscoa do Homem” está lado a lado com a “Páscoa de Deus”, e que “os Santos Padres definiam como passagens dos vícios para a virtude e da culpa para a graça”. Paulo, em 1 Cor 5, 7-8, vai nos dizer: “Purificai-vos do velho fermento, para que sejais massa nova, porque sois pães ázimos, porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os pães não fermentados de pureza e de verdade”.
Como os olhos dos discípulos de Emaús se abriram ao reconhecêlo no partir do Pão, os olhos de cada carismático se abrem ao reconhecê-lo pela experiência vivida em cada Grupo de Oração Quando decidimos viver essa primavera, a mensagem da Páscoa não é escrita no passado, ela se atualiza e se concretiza todos os dias e em todos os tempos em nossas vidas. É uma mensagem para hoje e para os próximos dias. É a mensagem de Cristo que é crucificado e que ressuscita para nossa
salvação. Essa verdade deve ressoar em nossas vidas, nos nossos testemunhos e a cada evangelização realizada!
Se queremos viver essa primavera como homens novos e ofertar tudo que temos e somos ao Senhor ou se queremos continuar presos ao homem velho Com uma profunda alegria, que possamos fazer ecoar este anúncio: Ele Ressuscitou e Vive! E que a cada encontro seja restabelecida a esperança que volta aos nossos corações, “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9, 1a) como tão bem nos traz o profeta Isaías. Como sinal de gratidão e entrega, que possamos repetir sempre e em especial Àquele que está à porta e bate: “Pode entrar que a casa é sua!” Esperamos ansiosamente pela vinda do Espírito Santo que nós dará a força necessária, o amor necessário, a coragem necessária, a ousadia necessária para prosseguirmos por mais 50, 100, 150, 200, 250, 300 anos… Enfim, para sermos e vivermos quantas mais primaveras o Senhor nos permitir! Que seja para a eternidade! Como diria nosso querido São João Paulo II: “Vida longa aos carismáticos”. Anabelly Medeiros Lopes Coordenadora Nacional do Ministério para Crianças da RCCBRASIL Grupo de Oração Família Sopro Divino
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VEM, ESPÍRITO SANTO! FAZEI-NOS UM! A Novena de Pentecostes é uma novena litúrgica, instituída por um decreto papal inserido na Encíclia Divinum Illud Munus, do papa Leão XIII. Depois da Páscoa, nossa caminhada segue em direção à Pentecostes e a Novena é uma preparação espiritual que nos levará ao desejo de receber a pessoa do Espírito Santo. O derramamento da terceira Pessoa da Santíssima Trindade é uma graça para quem acolhe o santificador, diante disso, como você e o seu Grupo de Oração, como você e o seu Grupo de Oração vive a novena de Pentecostes?
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“Se este ano, de todas as partes da cristandade, se levantarem unânimes e fervorosas orações ao Céu, como foi feito no Cenáculo de Jerusalém, para o derramamento do Espírito, quais e quantas belas bênçãos e graças não nos conseguiriam essas súplicas! E a nossa amadíssima Mãe Maria, que esteve com os Apóstolos naqueles nove dias benditos, e com eles orou, não estaria também conosco neste nosso Novo Cenáculo? E não nos concederia antecipadas e copiosas misericórdias?” Essas e outras palavras escritas pela precursora do nosso Movimento, a Beata Elena Guerra, impulsionaram o Papa Leão XIII a consagrar o século XX à Divina Pessoa do Espírito Santo e a escrever a primeira Encíclica dedicada a Ele e à sua missão - “Divina Illud Munus”. As palavras da Beata e as atitudes do Papa Leão XIII desdobraram-se em falas, escritos e atitudes da Igreja através dos Papas e do povo santo por todo o século XX e persistem nos tempos atuais, porque o mesmo Espírito Divino continua agindo e renovando a face da Terra. O Papa Bento XVI, num belo domingo de Pentecostes, 31 de
maio de 2009, falou ao povo reunido na Praça “São Pedro” - “A energia capaz de mover o mundo não é uma força anônima e cega, mas é a ação do Espírito de Deus que pairava sobre as águas no início da criação.” Anos mais tarde, o Papa Francisco, na Catequese sobre o Espírito Santo, falou-nos: “Os homens precisam de esperança para viver e do Espírito Santo para esperar.” “A esperança é realmente como uma vela de um barco. Ela recolhe o vento do Espírito e o transforma em uma força motriz que impulsiona o barco.” O que foi dito e escrito por nossos amados papas e predecessora retumbam em nossos corações, que palpitam segundo o Espírito, vivendo a experiência Jubilar da RCC no mundo e a feliz expectativa do Jubileu de Ouro no Brasil. Tenhamos ouvidos dóceis para ouvir o chamamento do Espírito Santo, pedindo à RCC que unanimemente realize a Novena em preparação para a Celebração da Festa de Pentecostes. Através dessa novena, cumpriremos uma grande missão da RCC - conhecer ainda mais, amar e adorar a Divina Pessoa do Espírito Santo!
“Decretamos, portanto e ordenamos que em todo orbe católico, no corrente ano, e em todos os anos subsequentes, se celebre uma novena pública antes de Pentecostes em todas as Igrejas paroquiais, e, caso os respectivos Ordinários o julgarem útil, também nas outras igrejas ou capelas (…) Aos fiéis que assistirem devotamente à novena feita em público, em honra do Espírito Santo, imediatamente antes da festa de Pentecostes, concedem-se: a) indulgência de 10 anos em cada dia; b) indulgência plenária, se ao menos em cinco dias tomarem parte na dita novena, e além disso receberem o perdão dos pecados, fizerem a Santa Comunhão e orarem segundo a mente do Sumo Pontífice.” (Leão XIII, Divinum Illud Munus, 1897)
Por Maria Ivone Ferreira Ranieri Arquidiocese de Londrina Grupo de Oração Nossa Senhora da Paz
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2018:
VER, JULGAR E AGIR A RCC tem um papel muito importante na participação política de nosso país e não pode abdicar dessa responsabilidade, sob pena de incorrer no pecado de omissão. Há pouco tempo o que era motivo de reflexão e perplexidade em relação ao comportamento humano em vários dos seus aspectos, a partir de mensagens subliminares, tornou-se permissividade e promiscuidade no cotidiano da sociedade. Parece que nós não nos demos conta da astúcia com que o inimigo de Deus rondava as consciências dos indivíduos e que, aos poucos – como em conta-gotas – a rotina de fragilidade moral tornou-se um vício e, por fim, um pecado com raízes profundas. Como consequência, o desdobramento de tais posturas transformou a condição de pecado em algo normal. E, assim, o que se vê hoje em dia é que as pessoas têm dificuldade em perceber sua própria falta de ética, de moral ou de legalidade na conduta diária.
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Ao que parece, estamos novamente às voltas com seduções do inimigo de Deus para os tempos modernos. Em especial, as redes sociais deram vez e voz ao anônimo e ao desconhecido, com um poder de transformar pensamentos e posturas em um modismo de consequências imprevisíveis – muitas vezes, induzidos pelo poder de uma argumentação consistente e bem estruturada, mas com fragilidades na linha de raciocínio e, no fundo, com motivações desconhecidas, às
vezes, nada ortodoxas, nem republicanas. Exemplo disso tem sido os ataques sofridos pelas estruturas da igreja e sua hierarquia. Atualmente, assistimos atônitos ao opróbrio da Igreja Católica, cujos ataques podem ter menos a motivação de zelo e mais o planejado esvaziamento da autoridade desta que representa a voz profética que denuncia os vícios de uma sociedade marcada pelo egoísmo, materialismo e hedonismo. O que dizer de 2018 e a influência das redes sociais na vida do eleitor? Seguramente, poderá mudar o rumo das eleições. Cientes do poder desses mecanismos de persuasão, objetivos partidários buscam influir na avaliação do povo brasileiro sobre o que é certo e o que é errado, não pela importância do que se opina, em si, mas por suas consequências eleitorais. Nesse sentido, é importante o católico usar de prudência e sabedoria na participação nas redes sociais. A grande maioria das pessoas tem se valido de uma tábua rasa para o debate de questões complexas, definindo suas opiniões a partir da escolha ideológica, ou melhor, a partir de uma escolha partidária. Em razão disso, o Brasil tem vivido um verdadeiro cabo de guerra
na análise de todos os assuntos. Diante de um cenário de caos, com desdobramentos na política, na economia, na educação, etc. Não conseguimos separar o que é bom do que é ruim. Bom ou ruim dependerá de que lado o time adversário se posiciona. O assunto passa a ganhar pouca relevância. Se preciso for, coloca-se sob suspeita até mesmo o Papa, caso sua opinião não se alinhe com o pensamento do meu time. Grave constatação de um país que convive com medidas injustas e nocivas ao povo simples, sob o argumento de que são necessárias para a recuperação da economia. Na verdade, antes disso, muitas outras medidas precisariam ser tomadas para um verdadeiro enfrentamento do nosso problema, como o fim da impunidade, o combate à corrupção e a criação de uma lógica tributária capaz de inibir a sonegação fiscal e promover a justiça, visando a verdadeira recuperação do país.
Institucional Ministério Revista Renovação . Mar/Abr 2018
Parte da responsabilidade dos governos é estabelecer a cultura que dá norte aos cidadãos. Entretanto, há muito tempo as ações governamentais têm incentivado a cultura de morte e a postura de descrença e descrédito. A cultura de morte é bem conhecida pelo incentivo ao aborto e à ideologia de gênero, mas a descrença no país e o descrédito nas instituições cresce na medida em que suas leis não têm valor no tempo, nem são seguidas igualmente por todos. O resultado éa fragilização da democracia e o fim do respeito mútuo. Isso dá espaço para a luta de classes, preconceitos raciais, ruptura do tecido social, retração dos ciclos econômicos e crises em todos os setores. Ora, diante de tão graves constatações, pode a Igreja se omitir no debate das políticas públicas e suas reverberações para a vida do cidadão comum? Por isso, é preciso estimular o debate sobre as pautas que acontecem no cenário político brasileiro, desenvolvendo no povo a capacidade de análise e reflexão sobre as políticas públicas que estão sendo tratadas no Congresso Nacional, nas Assembleias e nas Câmaras de Vereadores. Aliás, é dever de um movimento laical como a Renova-
ção Carismática Católica acompanhar o debate sobre as políticas públicas que são encaminhadas em nosso país e, quando oportuno, manifestar-se– especialmente nos temas relativos às questões humanas e sociais. Não se pode esquecer que os Evangelistas foram explícitos em associar a dor humana com a esperança que a fé em Jesus Cristo pode inspirar. Aliás, na história da Igreja Católica, a temática dos mais fracos e dos pobres sempre esteve na centralidade do testemunho da fé. Por isso, as ações propostas pelo Governo Federal e a pauta de reformas encaminhada ao Congresso Nacional devem fazer parte das análises encaminhadas pelo Ministério de Fé e Política. Medidas como a REFORMA DA PREVIDÊNCIA, conforme proposta atualmente, ferem gravemente o direito dos trabalhadores brasileiros, especialmente dos mais pobres. Não há como comparar o Brasil com a Alemanha e querer estabelecer a mesma idade mínima para a realidade nacional brasileira – que está longe de alcançar a infraestrutura, a educação, a saúde, a segurança e a automatização que o mundo do trabalho e o parque industrial alemães oferecem aos seus compatriotas. Neste ano de 2018, em que ocorrem as Eleições Gerais do Brasil, será fundamental que os católicos carismáticos estejam atentos para decidir com autonomia em quem votar. A RCC, através do Ministério de Fé e Política, quer promover o protagonismo eleitoral no povo de Deus com vistas às eleições de 2018. O papel do eleitor é de muita responsabilidade e será
preciso pedir a sabedoria que vem do alto para uma decisão tão importante. Estamos conclamando o povo de Deus para que ore por nossa nação brasileira. E, mais do que isso, queremos pedir a todos que façam jejum, adoração, novenas, sacrifícios e mortificações pelo nosso país. De tal maneira que o Espírito Santo possa iluminar a cada eleitor na escolha do candidato a ser votado. Para tanto, sempre é bom recordar o critério dos 4 P´s: Passado; Presente; Promessas e Partido – fazendo assim, será possível encontrar aquele que melhor corresponde aos nossos anseios. Além disso, através da INSTRUÇÃO NORMATIVA 02/2018, os Conselhos da RCC têm colaborado no discernimento de nomes que possam estar sendo colocados como primícias em oferta a Deus para os trabalhos neste difícil campo da política. São filhos da Renovação Carismática Católica que se dispõem a atender o chamado que o Papa Francisco nos faz. Precisamos aprofundar nos estudos da Doutrina Social da Igreja, visando a construção de novas bases teóricas que ofereçam um olhar não extremado de esquerda, nem de direita para a solução dos graves problemas da nação brasileira. A RCC tem um papel muito importante na participação da política de nosso país e não pode abdicar dessa responsabilidade, sob pena de incorrer no pecado de omissão.
Por Sérgio Zavaris Coordenador Nacional do Ministério de Fé e Política Grupo de Oração Vida Nova
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Testemunho: A RCC na minha vida Notícias Revista Renovação . Mar/Abr 2018
POR UM ATO PROFÉTICO, FUI ATRAÍDO PELO ESPÍRITO SANTO Com pouco mais de 18 anos me vi perdido em meio à bebida, namoros, sexo e muitas noites acordado em mesa de boteco, fruto de uma vida afastada de Deus em busca dos prazeres deste mundo. Certa vez, meus dois irmãos e eu tivemos a ideia de comprarmos aparelhos de som para tocar nas danceterias de nossa cidade. O negócio deu certo (pelo menos assim nós achávamos). Por sete anos vivemos noites sem dormir, muita bebida, sexo e etc. Não tínhamos lucro, uma vez que todo o valor arrecadado era consumido em bebidas, às vezes ainda ficávamos devendo! Fechamos, então, um contrato com uma danceteria nova, localizada ao fundo da paróquia do nosso setor. As missas aconteciam no sábado à noite, coincidindo com o horário de início das festas na danceteria. Também aos domingos, dia e hora de Grupo de Oração, aconteciam as famosas domingueiras.
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Durante dois anos as missas eram interrompidas pelo barulho exagerado. Às vezes combinávamos de aumentar o som para atrapalhar a celebração. Quanto ao Grupo de
Oração, era necessário se dividir entre o barulho das músicas mundanas e as que ali tocavam. Em todo esse tempo como DJ, presenciei muitas coisas nessa danceteria: jovens se drogando, meninas, ainda menores de idade, se prostituindo nos banheiros... E diante dessa realidade em que eu achava ser feliz, carregava um sentimento de morte prematura em meu coração. A impressão era de que, talvez, eu não chegasse aos 25 anos. E foi exatamente o que aconteceu em minha vida conforme os escritos da carta de São Paulo aos Romanos: aos 25 anos morri para o mundo e passei a viver para Deus (cf. Rm 6, 11). Os membros daquele Grupo de Oração, em suas reuniões de oração, passaram a fazer um ato profético. Sempre estendiam as mãos em direção à danceteria, pedindo a Deus que enviasse o Seu Espírito Santo ao encontro dos responsáveis por aquelas festas. A oração daqueles carismáticos chegou até os ouvidos de Deus e um dia fui atraído pelo seu Espírito a participar de uma missa. Nos avisos, ouvi falar do Grupo aos domingos,
ao qual também fui atraído e tive, ali, a minha primeira experiência de amor com Deus. Fui batizado no Espírito Santo. Fui tomado pelo desejo de servir naquele Grupo de Oração. Sem demora procurei o pároco, contei sobre minha vida e sobre a minha vontade imensa de evangelizar. Fui preparado por aquele sacerdote, recebi os sacramentos e Deus fez de mim servo daquele Grupo, o GO Luz Divina, o qual coordenei por quatro anos, pois, um dia ouvi Jesus batendo à porta do meu coração e permiti que Ele entrasse. Hoje sou servo atuante no Grupo, servindo no Ministério de Pregação. Minha esposa, Rosilene, é coordenadora do Ministério de Intercessão, meu filho Lucas é nosso baterista e, para honra e glória de Deus, a nossa missão é levar o nome de Jesus àqueles que andam perdidos como um dia nós estávamos.
Por Klebson da Silva Rufino Grupo de Oração Luz Divina Senador Canedo (GO)
Notícias Revista Renovação . Mar/Abr 2018
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