Revista Renovação - Edição 111 - Julho/Agosto de 2018

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Revista Renovação. Edição 111 . Jul/Ago 2018

REVISTA A NOSSA FORMA DE AMAR A CRISTO E AOS IRMÃOS TEM ATRAÍDO PESSOAS PARA O EVANGELHO? pág.06 SERVOS FIÉIS: O DESAFIO DE VIVER A MISSÃO EM MEIO A CONFLITOS PESSOAIS pág.08 ELEIÇÕES 2018: ORIENTAÇÕES DO CONSELHO NACIONAL PARA A RCC DO BRASIL pág. 18 OS DONS DO ESPÍRITO SANTO E A PRESENÇA DO AMOR EM NÓS ENCARTE



Revista Renovação . Jul/Ago 2018

Nesta Edição

Espiritualidade

Ministérios

Notícias

06 Ser cristão é amar

18 A Renovação Carismática Católica do Brasil nas eleições

24 Um marco na vida da RCC: escritura do terreno da Sede Nacional é assinada

08 Chamados a servir mesmo na dor 11 Eu consigo vencer o mal 12 Uma vitrine para o mundo!

Grupo de Oração 14 A prática dos carismas movida pelo amor

Especial 17 Paternidade: um gesto de amor

Institucional 20 Instrumentos Eficazes Para Melhor Compreender a Bíblia

Testemunho 22 “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir!”

24 Funcionários do Escritório Nacional passam por treinamento de Gestão

Sugestão de Leitura 25 Manual de Consagração do Lar

Evento

A vida no Espírito

23 Retiro para Ministros Ordenados reúne mais de 200 clérigos

26 O que a Igreja espera dos católicos nas mídias sociais

EXPEDIENTE Publicação Oficial da Renovação Carismática Católica do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 19 - Edição Nº 111: Jul/Ago 2018

Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537

ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO

Redação: Jersey Simon, Julianne Batista, Maria Mariana, Pedro Whately

Rodovia Presidente Dutra km 46,5, sentido Rio de Janeiro, no bairro dos Marques, s/n

Revisão: Mari Spessatto Fotos: Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico, Design e Diagramação: Priscila Carvalho Venecian E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br

DA RCCBRASIL

Canas/SP

As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.

Tel.: (12) 3151-9999 Entre em contato conosco. Envie testemunhos e sugestões para o e-mail jornalismo@rccbrasil.org.br

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Editorial Revista Renovação . Jul/Ago 2018

PARA QUE O MUNDO CREIA, PRECISAMOS AMAR! Viver o amor, o maior dos mandamentos, apressará a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e a conversão do mundo! Portanto, mais do que nunca se torna urgente viver esse ensinamento do Cristo: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). Nesta edição 111 da Revista Renovação, queremos refletir sobre a importância do nosso testemunho de amor e unidade para que, então, o mundo enxergue a grandiosidade de Deus e creia na Salvação! A unidade promovida no nosso meio é, sim, uma condição para que todos os irmãos se aproximem do Senhor. Esse lindo testemunho não pode ser apenas pessoal, mas coletivo, contemplando o desejo de Jesus. Veremos em um dos artigos que, ao mergulhar no sobrenatural, quem primeiro usufrui dele é o mergulhador, que começa a se admirar como obra-prima de Deus, deixando o amor curar as fragilidades humanas herdadas pelo pecado original. Sendo assim, é hora de entendermos que amar o próximo exige atitude de reconciliação diária. Abramos mão de todo ressentimento, de toda divisão, para que o mundo enxergue em nós o Verdadeiro Amor que só pode ser experimentado em Deus! A manifestação desse amor às pessoas pelos cristãos batizados no Espírito Santo é que atrai os filhos de Deus dispersos pelo mundo! Aproveite ainda esta edição para refletir conosco assuntos de grande importância para a RCCBRASIL neste tempo! Que essa leitura te ajude a redescobrir o verdadeiro sentido da sua missão, o amor! Uma santa e abençoada leitura! Revista Renovação

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Amado(a) irmão(ã), a sua colaboração para a Renovação Carismática Católica do Brasil tem proporcionado a realização de muitos trabalhos missionários Brasil afora. O grande trabalho evangelizador é desenvolvido semanalmente em quase 20 mil Grupos de Oração. A sua doação fortalece o Grupo de Oração e ajuda a levar a experiência do Batismo no Espírito Santo a mais e mais pessoas. Obrigado! Caso você deseje colaborar com a RCCBRASIL, entre em contato conosco. Ajude-nos também divulgando esta obra. (12) 3151-9999, (12) 98138-2000, cadastro@rccbrasil.org.br


Palavra da Presidente Revista Renovação . Jul/Ago 2018

Katia Roldi Zavaris

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova

QUE TODOS SEJAM UM Amada Família Carismática, Nossa revista, nesta edição, volta o olhar para a fé, inspirada no tema “para que o mundo creia”, baseando-se na passagem do Evangelho de São João, capítulo 17, versículo 21: “Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17, 21). Efetivamente, a unidade é um sinal de harmonia na existência de qualquer elemento da natureza. Mas é também um sinal de amor para os seres humanos, possível somente diante da presença de Deus. Jesus declara a unidade entre Ele e o Pai como inspiração para o gênero humano construir a unidade com Deus, a partir da fé, resultando no amor entre todos nós. O amor ao irmão é uma maneira concreta de demonstrar o quanto amamos a Deus, amando aquele a quem tanto Ele ama e por quem deu a Sua própria vida. É vontade do Senhor que transbordemos esse amor sobre aqueles que Ele ama. O Senhor quer que sejamos mansos, pacientes, generosos, bondosos, alegres e amorosos uns com os outros, ou seja, que tenhamos entre nós os mesmos sentimentos que Ele tem para com cada um de nós. “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo” (Atos 2, 44-47). Não há como doar e amar somente àqueles que nos servem ou àqueles que têm a possibilidade ou mesmo querem nos recompensar. Mas, por causa de Cristo, há todo sentido em decidirmos pelo amor e pela doação sem esperar nada em troca, como uma partilha gratuita do que fazemos, do que somos e do que temos. Pois é assim que Cristo nos ama: de forma gratuita e incondicional. Por isso, é que se diz que é dando que se recebe,

ou seja, na doação minha alegria de estar perto de Deus encontra seu apogeu. Deus nos chama à unidade e o fermento da unidade é o amor, em que pesem nossas fragilidades, feridas e carências. Temos que cuidar uns dos outros e nos amparar para crescermos na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo (“Vede como Eles se Amam” - Retiro do Conselho Nacional na Terra Santa, 2016). Para que o mundo creia no amor de Cristo, precisamos viver em unidade, pois sem a mesma não há crescimento fraterno e não há testemunho, e é o testemunho que arrasta, que atrai as pessoas a Cristo. Precisamos mover-nos ao encontro de quem precisa de nós. Maria deu o seu SIM incondicional e, mais que isso, ela se moveu na direção da Palavra de Deus, indo ao encontro de Isabel para ajudá-la, pois ficara sabendo pelo anjo que ela estava grávida já há seis meses. (“Vede como Eles se Amam” - Retiro do Conselho Nacional na Terra Santa, 2016). “Eu vos trouxe aqui para vos ensinar a servir, a serem irmãos, a serem família, a lavarem os pés uns dos outros, a serem disponíveis ao serviço, como minha Mãe se disponibilizou à sua prima Isabel” (Profecia durante o Retiro do Conselho Nacional na Terra Santa, maio de 2016). Ao olhar para o irmão, precisamos vê-lo como um presente de Deus para nós. “Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros” (Fl. 2, 1-4). Que Maria, Mãe da Igreja, interceda junto a seu filho por nós para que sejamos iluminados na fração do pão e no amor aos irmãos.

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Espiritualidade Revista Renovação . Jul/Ago 2018

SER CRISTÃO É AMAR Como as pessoas verão Cristo em nossas vidas se não amarmos? É nas nossas atitudes cotidianas, como amar, perdoar, não fazer distinção ou demonstrar preconceitos que iremos atrair muitos ao verdadeiro Evangelho. Somente com gestos concretos é que ouviremos “vejam como eles se amam”.

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omos gerados pelo amor e para o amor. Em nossa concepção recebemos o Sopro da vida: “O Senhor Deus formou o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7). Deus fez duas coisas ao criar o homem. Primeiro, formou-o do pó da terra (concepção) e, segundo, assoprou o Seu próprio fôlego nas suas narinas. Isso distingue o homem de todas as outras criaturas de Deus. O que é o Sopro de Deus? É a vida e o poder de Deus dados ao homem para torná-lo vivente. A palavra hebraica para espírito é ruah, que significa “vento, sopro, ar.” Temos, portanto, o corpo físico e o corpo espiritual, a alma. Em I Jo 4,8b, encontramos a definição de Deus – Deus é amor. Portanto, ao soprar em nós, Ele comunica-nos o AMOR, plenificando a nossa alma desse sentimento para nos relacionarmos com Ele, conosco mesmo e com o outro. Assim, em nossa alma, habitam os três amores:

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1) Amor a Deus sobre todas as coisas, que significa adorar em espírito e verdade, não tendo espaço para ídolo algum que venha ofuscar o brilho de Deus comunicado a nós por Ele próprio;

2) Amor a si mesmo como obra-prima de Deus, deixando de lado a insatisfação pessoal, fugindo da padronização que o mundo tenta insuflar nos seres humanos, que são únicos; 3) Amor ao próximo como a si mesmo. O amor vem de Deus, é pleno, gratuito e compassivo. Sendo assim, não precisamos receber do próximo amor para amá-lo.Na alma humana é depositada uma fonte de amor. Amar implica em perdoar sempre, pois o amor cura a dor da ofensa recebida. Define-se idolatria como dar atributos de Divino a qualquer objeto, coisa ou pessoa como se fossem Deus e adorá-los. A idolatria vem para ofuscar o amor a Deus na alma humana e restringir a adoração que se deve somente a Ele. Vários ídolos (ter, poder e prazer) ficam querendo tomar o lugar de Deus na vida do homem. Quando vencidos, o próprio ego tenta ofuscar Deus pelo egocentrismo. A criatura tenta tomar o lugar do criador. Ao vencer o eu e suas limitações idolátricas, o homem mergulha no essencial de sua vida – DEUS, que é AMOR. A partir daí começa AMAR SEM MEDIDAS.


Espiritualidade Revista Renovação . Jul/Ago 2018

Ao mergulhar no sobrenatural, quem primeiro usufrui dele é o mergulhador, que começa a se admirar como obra-prima de Deus, deixando o amor curar as fragilidades humanas herdadas pelo pecado original.

Ao mergulhar no sobrenatural, quem primeiro usufrui dele é o mergulhador, que começa a se admirar como obra-prima de Deus Ao vencer uma compulsão por meio de renúncia ao pecado numa determinada área, a alma deve saciar-se de Deus para não ter vazios humanos a serem preenchidos pelo mundo e suas concupiscências. Ao se fazer opção pela castidade, a alma deve plenificar-se em Deus pela leitura orante da Palavra e por meio dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia, oprimindo, assim, a força de outra concupiscência oportunista que poderá vir para saciar o vazio deixado pelo pecado. Caso contrário, buscará saciar um prazer com outro. Por exemplo, trocar o pecado da fornicação pelo pecado da gula, ocasionando, muitas vezes, distúrbios metabólicos em muitas pessoas. Deus, que é amor pleno e verdadeiro, nos dá o amor ágape que cura nossas carências de amor; e nas relações humanas não iremos nos ferir com as limitações e agressões sofridas, pois não precisamos receber o amor para amar. O amor

ágape supre nossas carências e se pode amar embora esse amor não seja correspondido pelo outro. “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (I Jo 4,7). Quanto mais você ama, mais o amor brota em você do Espírito Santo que habita em seu coração, pois “ao que tem, se lhe dará e terá em abundância; mas ao que não tem, será tirado até mesmo o que tem” (Mt 13,12). Amar o próximo exige atitude de reconciliação diária, não deixando o sol se pôr sobre o ressentimento, cf. Ef 4,26. Muitos verão Cristo em nossa vida pelas atitudes nas relações cotidianas de amar e recepcionar as pessoas sem fazer distinção e demonstrar preconceitos, atraindo muitos que dirão:“vejam como eles amam”.

Deus, que é amor pleno e verdadeiro, nos dá o amor ágape que cura nossas carências de amor O amor a Deus é apenas consequência de ter-nos Ele amado primeiro, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados, cf. I Jo 4,10. A gratidão a Deus expressa-se por meio “do amor ao próximo como a si mesmo”, mostrando ao mundo a vida nova que se encontra a partir do batismo no Espírito Santo. Uma vez que o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho no coração do homem, pois o próprio Cristo diz “se alguém me ama,

guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos a Ele, e Nele faremos nossa morada”, Jo 14,23, na alma mora o verdadeiro amor que é criador, salvador e santificador. Portanto, estamos revestidos de toda a graça para bem viver neste mundo, espelhando Cristo à humanidade. O nosso amor a Deus é manifestado pelo conhecimento e cumprimento dos mandamentos. Este amor é correspondido por Deus quando Jesus diz: “E aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele” ( Jo 14,21).

Muitos verão Cristo em nossa vida pelas atitudes nas relações cotidianas de amar A manifestação desse amor às pessoas pelos cristãos batizados no Espírito Santo é que atrai os filhos de Deus dispersos pelo mundo à sua originalidade de ser gerado pelo amor e para o amor por meio do Sopro da vida. Assim, nosso amor a Deus será manifestado ao mundo em forma de gestos concretos de doação, pois, segundo Santa Teresa de Calcutá, “amar é doar-se até doer”. Se ainda não doeu é porque ainda não ocorreu a doação plena e verdadeira. Amar o inimigo, aquele que nos persegue e fere, é OBEDECER E AMAR CRISTO COM A VIDA, sem maiores delongas. Por Marizete Martins Nunes do Nascimento Coord. Nacional do Ministério e Oração por Cura e Libertação Grupo de Oração Vinde e Vede

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CHAMADOS A SERVIR MESMO NA DOR Não é incomum na vida dos servos de Deus a existência de muitos dramas particulares, sobretudo problemas familiares. Diante das tribulações muitos, infelizmente, desistem da caminhada e se tornam pessoas frustradas com a religião. Porém, somos chamados a sermos fortes e corajosos, porque o Senhor não prometeu que não teríamos aflições, Ele prometeu, sim, que estaria sempre conosco. Por isso, quando o barco balançar devemos lembrar que, dentro dele, conosco, está Jesus de Nazaré.

“V

ós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu” (Is 43,10 a). Impulsionados pelo Batismo no Espírito Santo, nos diversos Grupos de Oração espalhados nesta Terra de Santa Cruz, somos chamados, escolhidos, separados por Deus que nos olha com amor, ao serviço. Chamados para anunciar aos homens, mulheres e crianças que Jesus Cristo reina e é o Senhor. Somos chamados a testemunhar o Pentecostes perene que nos desinstala e nos projeta ousadamente ao anúncio do Reino. Fazemos isso com a prática dos Carismas abundantemente derramados em todos nós pelo Santo Espírito e a vivência na comunidade fraterna nos nossos Grupos de Oração. Não podemos recusar a este mandato do Senhor. Eis-nos aqui, Senhor!

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Entretanto, muitos obstáculos se levantam em nossas vidas. Todos nós temos experimentado o que o

Senhor nos diz: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação” (Eclo 2,1). Quantos de nós servos temos vivenciado graves dramas que nos levam a questionar se fomos mesmo chamados, como testemunhar o Evangelho diante das realidades pessoais e familiares que vivemos. Muitos de nós temos nos sentido incapazes de servir, indignos desse privilégio. Muitos de nós temos nos afastado e quantos ficam pelo caminho. Nos dá a impressão de que um exército se levantou contra nós. Como servir diante de graves doenças que atingem nossos familiares ou a nós mesmos? Como ser servo diante da morte prematura daqueles que nos são caros? Existe uma complexidade de fatos que tem assolado tantos servos nos nossos Grupos de Oração. Nas mais diversas situações familiares como o divórcio, filhos dependentes químicos, vivendo vidas que vão ao sentido oposto do que anunciamos. Por entender que


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esses fatos são contratestemunho, muitos de nós têm experimentado o sentimento de ser indigno de servir ao Senhor. Outras realidades que são extremamente desafiadoras como os cônjuges que, além de não se converterem, nos impedem de exercer nosso chamado ao serviço. Quantos homens e mulheres não vão à Reunião de Oração para não piorar a relação conjugal, jovens e adolescentes que são impedidos pelos seus pais de estarem nos Grupos de Oração e até mesmo crianças que ficam de castigo na hora da Reunião, que amam tanto. Tudo isso tem desanimado a tantos de nós. Quantos enfraquecemos na fé diante de todos estes obstáculos familiares. “E agora, eis o que diz o Senhor aquele que te criou ... Nada temas, pois eu te resgato, eu te chamo pelo nome, és meu. Se tiveres que atravessar a água estarei contigo. E os rios te submergirão; se caminhares pelo fogo, não te queimarás, e a chama não te consumirá....Porque é precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo...” (Is 43, 1-2.4 a). Essa é a resposta que o Senhor nos traz diante dessas realidades que Lhe apresentamos. Deus que nos criou, que conhece a cada um de nós e sonda o meu e o seu coração, que contempla com Amor Eterno e com Misericórdia cada história, vem em nosso socorro. É dEle que vem a força do novo canto que somos chamados a entoar, hoje. Muitas são as histórias de superação. Existem irmãos que nos têm mostrado que conseguimos suportar nossa cruz. Testemunhos que nos emocionam, que nos contagiam e nos impulsionam a superar nossas dores. Ouvimos e conhecemos mui-

tas delas. Como não nos emocionar com o testemunho de um servo que ia para a Reunião de Oração e, por várias vezes, alguém ia chamar para que fosse buscar seu filho que, dependente das chamadas drogas lícitas, bêbado, estava na sarjeta. E lá ia aquele servo. E hoje, passados alguns anos, vê aquele filho já no Catecumenato, se preparando para receber o Crisma e se recuperando daquele vício que tantas lágrimas causou ao coração daquele servo. Temos ainda o exemplo daquela irmã que ia se separar e, depois de uma Experiência de Oração, entendeu sua vocação ao matrimônio, e na sua caminhada se tornou serva. Lembremos também daquela serva que, tantas vezes proibida pelo marido de estar nos encontros, até mesmo com agressões verbais, e que por docilidade ao Espírito Santo nem sempre pode estar presente no Grupo de Oração, mas que com seu silêncio tem oferecido com amor esta provação ao Senhor pela conversão de seu esposo. Esta é a cruz que ela se recusou a abandonar, mas a abraçou com a bravura daqueles que se apaixonam pelo Cristo. Dos que são Batizados no Espírito Santo.

Mesmo na adversidade ou na dor, somos chamados a servir com ousadia profética E aquela jovem que, servindo no Grupo de Oração, por tantas vezes foi ridicularizada na sua casa. Pela sua perseverança, ela vê hoje toda sua família assídua no Grupo.

Um testemunho que tem motivado a muitos é o de uma serva que tinha dois filhos que odiavam a Igreja. Nem mesmo sua doença terminal os fez se aproximar de Deus. Mas ela sempre acreditou na promessa de Deus. Ela morreu sem ver qualquer mudança nos filhos. Mais tarde, participando de uma celebração, um irmão do Grupo de Oração reconheceu um dos filhos daquela serva, Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística, e, ao perguntar pelo irmão, soube que estava se preparando para ser Ordenado como Diácono Permanente em uma das Dioceses do nosso país. Por tudo isso, animemo-nos uns aos outros. Mesmo na adversidade ou na dor, somos chamados a servir com ousadia profética. E a nossa força vem do Espírito Santo, o Amado de nossa alma. É Ele quem nos impulsiona a sermos testemunhas do Amor. É Ele quem aviva em nós o dom de uma fé carismática. É Ele quem nos torna capazes de suportar com alegria a cruz. Sabemos que servir ao Senhor requer de cada um de nós atitudes renovadas, superação constante. Somos chamados a ser fermento, a ser luz. Nos deixemos ser inundados pelo Espírito Santo. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). Por Maristella Teixeira Coordenadora Estadual do Ministério de Formação do Rio de Janeiro Grupo de Oração Fruto da Graça

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EU CONSIGO VENCER O MAL A busca por uma vida santa passa pela disciplina diária e organização pessoal. “...E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal”. E o que cabe a nós nessa luta contra o Mal? Para vencer o Mal é necessário disciplinar nossa vida diária. A ausência de ordem, força de vontade, autodomínio, dá origem à série de afirmações ‘eu não consigo’ com seus vários episódios: acordar cedo, emagrecer, aprender inglês, parar de fumar, terminar de ler um livro, ir à Missa diariamente, abandonar este pecado. Cabe ao cristão dar origem a uma nova série: “Eu consigo vencer o mal”. A organização da nossa vida é fundamental para este combate. Afinal, sem ordem não há disciplina. Por isso, é importante parar, refletir e anotar como está sua vida em todas as áreas, pois todas elas precisam de ordem, sabendo que há um tempo para cada coisa (Ecl. 3). Ao refletir, é possível enxergar vícios que acompanham a nossa vida e que, por vezes, são a raíz do pecado a combater. A mania de deixar para depois, de evitar o desagradável, de não terminar nenhum dos

dez livros começados. A preguiça de organizar o armário, de dar lugar ao outro no ônibus. O gosto por imaginações, lembranças que massageiam apenas a carne sem trazer benefício para a alma. Ao identificar, é preciso escolher o que começar a combater.

Esforçar-se é mais um passo a ser dado e uma virtude humana São Francisco nos ajuda: “faça poucas coisas, mas as faça bem”. Comece com um pequeno gesto ou atitude, como ser gentil com uma pessoa difícil, acordar no horário proposto, não chegar atrasado, ler um texto Bíblico. Enfim, escolha uma coisa para começar e terminar. Não desista na primeira, nem na segunda, nem na terceira, nunca. Insista. É preciso aprender a recomeçar e retomar o caminho, sossegar a alma no sacramento da confissão e renovar as forças para perseguir a vida eterna. Esforçar-se é mais um passo a

ser dado e uma virtude humana. As virtudes são disposições estáveis, perfeições habituais do entendimento e da vontade que regulam nossos atos e ordenam nossas paixões (CIC,1804). Dentre elas, a fortaleza é a virtude moral que assegura nas dificuldades a firmeza e reafirma a resolução de resistir às tentações (CIC,1808). Portanto, a fortaleza tanto capacita o homem para a fuga, como o torna apto para resistir às tentações sobrevindas. Assim, “todos os atletas se impõem a si muitas privações; e o fazem para alcançar uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível” (1Co 9, 25). Lembrando do ensinamento de Santo Ambrósio: “Onde há combate há coroa. Lutas no mundo, mas és coroado por Cristo e é pelos combates neste mundo que és coroado. Embora a recompensa se dê no céu, é aqui, no entanto, que se estabelece, se mereces ou não o prêmio”. Por Kédina Rodrigues Secretária geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração São João Paulo II

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UMA VITRINE PARA O MUNDO! Jesus deixou muito claro que havia uma condição para que o mundo acreditasse que Ele foi enviado pelo Pai, e essa grande responsabilidade foi dada a nós, cristãos, seus seguidores. O mundo somente irá crer se vivermos com fidelidade os ensinamentos do Senhor, se em nosso testemunho coletivo mostrarmos que realmente nos amamos e somos um.

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m sua oração sacerdotal, proferida no Evangelho de São João, no capítulo 17, Jesus suplica ao Pai: “... para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” Jesus apresenta seu grande desejo de que todos sejam um! Um de coração! Um de alma! Um pela fraternidade! Sendo um, o cristão torna-se uma vitrine para o mundo hodierno, tão dividido, tão hostil, tão longe deste desejo do Senhor!

Poder-se-ia perguntar: Por que somos chamados de cristãos? Permitamos que emita esta resposta aquele que é o grande autor do cristianismo: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). Jesus ainda desenvolve sua definição:

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“Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo

sereis os filhos de vosso Pai que está no céu, pois ele faz nascer o sol sobre os maus como sobre os bons e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 43-48). Ele ainda diz: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” (Jo 15, 17). Os ensinamentos dEle, lidos acima, explicitam a única forma de apresentar-se como cristão, de evangelizar como cristão, de ser mão de Deus e imagem vitrinal de sua presença maravilhosa no mundo para que, como prêmio para o Reino dos céus, conquistemos mais corações!


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A esperança emitida pelo livro do Apocalipse, como mensagem aos primeiros cristãos e a nós, os da atualidade, serve como testemunho do início desta vitrine que o mundo precisa ver em nós. Tertuliano evidencia que os primeiros cristãos eram admirados: “Vede como eles se amam!” (Apolog. 39). Numa narrativa perplexa, escrita há mais de mil anos para um pagão de nome Diagoneto, ele mostra como se portavam os primeiros cristãos, vitrine naquele tempo e símbolos de esperança para nossos dias: “Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem por sua terra, nem por sua língua, nem por seus costumes. Eles não moram em cidades separadas, nem falam línguas estranhas, nem têm qualquer modo especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, nem se deve ao talento e à especulação de homens curiosos; eles não professam, como outros, nenhum ensinamento humano. Pelo contrário: mesmo vivendo em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes de cada lugar quanto à roupa, ao alimento e a todo o resto, eles testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal. Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Compartilham a mesa, mas não o leito; vivem na

carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm a sua cidadania no céu; obedecem às leis estabelecidas, mas, com a sua vida, superam todas as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, ainda assim, condenados; são assassinados, e, deste modo, recebem a vida; são pobres, mas enriquecem a muitos; carecem de tudo, mas têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, recebem a glória; são amaldiçoados, mas, depois, proclamados justos; são injuriados e, no entanto, bendizem; são maltratados e, apesar disso, prestam tributo; fazem o bem e são punidos como malfeitores; são condenados, mas se alegram como se recebessem a vida. Os judeus os combatem como estrangeiros; os gregos os perseguem; e quem os odeia não sabe dizer o motivo desse ódio. Assim como a alma está no corpo, assim os cristãos estão no mundo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo; os cristãos, por todas as partes do mundo. A alma habita no corpo, mas não procede do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não pertencem ao mundo. A alma invisível está contida num corpo visível; os cristãos são visíveis no mundo, mas a sua religião é invisível. A carne odeia e combate a alma, mesmo não tendo recebido dela nenhuma ofensa, porque a alma a impede de gozar dos prazeres mundanos; embora não tenha recebido injustiça por parte dos cristãos, o mundo os odeia, porque eles se opõem aos seus prazeres desordenados. A alma ama a carne e os membros

que a odeiam; os cristãos também amam aqueles que os odeiam. A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo; os cristãos estão no mundo, como numa prisão, mas são eles que sustentam o mundo. A alma imortal habita em uma tenda mortal; os cristãos também habitam, como estrangeiros, em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos céus. Maltratada no comer e no beber, a alma se aprimora; também os cristãos, maltratados, se multiplicam mais a cada dia. Esta é a posição que Deus lhes determinou; e a eles não é lícito rejeitá-la” (Carta a Diogneto, parágrafos V e VI). O amor que nos torna ‘um’ é condição para que o mundo creia no Cristo, determinada pelo Senhor na linda oração sacerdotal. Esse seria o grande testemunho que faria o mundo crer. Contudo, não seria suficiente o testemunho pessoal. O testemunho comunitário faria o mundo crer. Só seremos UM se nos amarmos uns aos outros. A Cultura de Pentecostes tão desejada por São João Paulo II passa por um AMOR-VITRINE, que é exemplo e modelo para o mundo. Voltemos às origens do cristianismo para entender e copiar o modelo de amor fraterno perfeito, assim esse desejo se concretizará neste tempo e para sempre! Sejamos a vitrine de amor que o mundo precisa não só apreciar, mas desejar sua concretude!

Por Leandro Rabello Diretor da Escola Nacional de Formação de Líderes e Missionários da RCCBRASIL Coordenador Estadual do Ministério de Pregação RCCRJ Grupo de Oração Mater Domine

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Institucional Grupo de Oração Revista Renovação . Jul/Ago 2018

A PRÁTICA DOS CARISMAS MOVIDA PELO AMOR Ao exercitarmos os carismas, devemos ter como meta o bem do irmão. São Paulo advertiu claramente que, mesmo que tenhamos dons, conhecimentos ou até mesmo uma fé capaz de mover montanhas, sem amor nada seremos. Mesmo que entreguemos tudo o que possuímos aos pobres e entreguemos o corpo à morte, tais ações de nada valeriam se não fossem por amor. Precisamos ser movidos pelo amor ao irmão ao praticarmos os dons carismáticos que Deus nos concede.

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Fazemos parte da Corrente de Graça Renovação Carismática Católica, que tem como uma de suas expressões o Grupo de Oração, o que para nós, é uma ‘célula fundamental’.

soa que fez uma experiência profunda com o Espírito Santo, além de recebê-Lo como próprio Dom, receba também Dele os Dons Carismáticos que devem ser utilizados a serviço da comunidade.

O que nos identifica enquanto Grupo de Oração? Já sabemos que existe um tripé da nossa identidade: Batismo no Espírito Santo, Prática dos Carismas e Vida fraterna. Esses três elementos estão interligados, um é consequência do outro.

Agora, sobre o terceiro elemento da nossa identidade, Vida Fraterna, é a capacidade de viver entre os irmãos, sendo um suporte para o outro, também como uma consequência do Batismo. Sendo assim, algumas atividades em nosso Grupo, por exemplo momentos de lazer, devem ser proporcionadas. Elas contribuem com a Vida Fraterna.

Tratando-se de Batismo no Espírito Santo, o livro do ICCRS (Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica), apresenta uma definição: “É uma experiência transformadora de vida com o amor de Deus derramado no coração da pessoa pelo Espírito Santo, recebido através de uma submissão ao Senhorio de Jesus Cristo”. Sobre a Prática dos Carismas, como uma das consequências do Batismo no Espírito Santo, é comum que a pes-

Voltemos nosso olhar para o segundo elemento da nossa identidade, a Prática dos Carismas. Sobre eles, o então Cardeal Ratzinger, hoje Papa Emérito Bento XVI, se expressou assim: “O que traz muita esperança a toda a igreja universal – mesmo no meio da crise que a Igreja atravessa no mundo ocidental – é o surgimento de

novos movimentos que ninguém planejou e que ninguém trouxe, mas que simplesmente emergem da vitalidade interna da fé. O que está se tornando aparente nesses movimentos é algo muito similar a um tempo Pentecostal na Igreja. No coração de um mundo dessecado pelo ceticismo racionalista, uma nova experiência do Espírito Santo surgiu, tornando-se um movimento mundial de renovação. O que o Novo Testamento descreve com referência aos carismas, como sinais visíveis da vinda do Espírito, não são mais coisas antigas ou história passada – esta história está se tornando uma realidade queimando em nós hoje.” (Livro-entrevista “A fé em crise”-1985, repetido em outubro/2008). Ou seja, os carismas são coisas presentes, devem ser exercitados hoje, sim. Como um elemento de nossa identidade, devem fluir livremente nas reuniões do nosso Grupo de Oração. O Catecismo da Igreja Católi-


Institucional Revista Renovação . Jul/Ago 2018

ca, no número 2003, tratando das graças especiais, carismas, diz: “Seja qual for o seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja”. O Apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, nos idos dos capítulos 12, 13 e 14, fala para aquela comunidade e, à luz do Espírito Santo, fala a nós, hoje, sobre os dons carismáticos. Ele nos lista quais são, como e quando devem ser utilizados e quais seus objetivos. Parece-nos que o Apóstolo insiste em uma catequese sobre esse tema. Provavelmente, em algum momento, ocorreram ‘alguns deslizes’ no uso dos carismas. O apóstolo ressalta a importância do amor.

O exercício dos carismas passa por nossa humanidade, daí a necessidade de discernimento A partir da fundamentação acima apresentada, cabe-nos algumas perguntas: Como está o exercício dos carismas na comunidade de amor chamada Grupo de Oração? O uso dos carismas está em função do amor? Ele tem contribuído com o terceiro elemento da nossa identidade, vida fraterna, fortalecendo os laços entre os irmãos, fazendo do Grupo de Oração, de fato, uma comunidade de amor? Tudo que vem de Deus traz paz, sendo do Coração Dele, os efeitos serão os melhores possí-

veis. Porém, o exercício dos carismas passa por nossa humanidade, daí a necessidade de discernimento. Por vezes, percebemos que a pessoa que está sendo canal da graça no exercício do carisma se utiliza dessa situação e busca uma autopromoção, como que ocupando um local de destaque. Não podemos esquecer que o carisma é para o serviço, e serviço de verdade aprendemos com o Mestre, que lavou os pés dos discípulos. Algumas pessoas têm misturado carismas com o que ficou sabendo da vida de algum irmão para ‘mandar recados’. Isso não vem de Deus. Deus não aponta o erro de ninguém, Ele não condena nem escandaliza. Ele exorta. sim. Porém, a exortação que vem de Deus também traz paz e contribui com o amor e unidade entre todos. Outro ponto que notamos é que, em algum momento, o crescimento do irmão no exercício dos carismas provoca inveja nos outros. Caso eu não tenha o dom carismático que o irmão tem, isso não deve ser motivo de inveja e, sim, de louvor a Deus, por estar vendo o irmão crescer no serviço, bem como o agir de Deus no meio da comunidade. Não podemos esquecer que “o Espírito sopra onde quer, quando quer e da forma que Ele quer”.

A exortação que vem de Deus também traz paz e contribui com o amor e unidade entre todos

Quando o carisma é exercido com ordem e equilíbrio, no momento correto, ali temos a oportunidade de perceber Ele agindo. Seja, por exemplo, no ciclo carismático em uma Reunião de Oração, ou em um plantão de atendimento do Ministério de Oração por Cura e Libertação, no qual, após a proclamação vem a confirmação, o que nos concede a garantia de que é de Deus. Pode ser, entre outros, uma profecia que exorta, consola ou edifica; uma palavra de ciências que revela a origem de um problema ou o que Deus está realizando; ou, uma palavra de sabedoria que orienta como a pessoa deve agir diante de determinada situação. Aqui, como os carismas são verdadeiros, vindos Deus, as consequências são curas, milagres, restaurações, e tudo isso é amor. O exercício dos carismas precisa nos ajudar no caminho da unidade. Como uma comunidade de amor, precisamos cuidar mais do outro, rezar mais uns pelos outros, pastorear mais o irmão, tendo cuidado com aquilo que nos divide, com as fofocas, com o ‘fiquei sabendo’.

O exercício dos carismas precisa nos ajudar no caminho da unidade Estejamos abertos aos carismas e que o uso dos mesmos fortaleça a nossa Comunidade de Amor, o nosso Grupo de Oração! Por Frederico Mastroangelo Simões Marques Presidente Estadual da RCC Bahia Grupo de Oração Imaculado Coração de Maria

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Eventos Revista Renovação . Jul/Ago 2018

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Especial Revista Renovação . Jul/Ago 2018

PATERNIDADE: UM GESTO DE AMOR Ser pai é uma grande oportunidade de aprendizado e formação do caráter de outro ser humano. O pai é a estabilidade necessária para uma família feliz e segura.

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stamos inseridos em uma sociedade na qual as coisas estão acontecendo de forma acelerada e diversificada. Daí surge a necessidade de a paternidade ser exercida com maior responsabilidade e comprometimento com a perspectiva de se deixar um legado positivo para a geração futura. Paternidade é um conceito que vem do latim paternĭtas e que diz respeito à condição de ser pai. Pai (do latim patre, também chamado de genitor, progenitor ou, ainda ,gerador) é a figura masculina de uma família que tenha um ou mais filhos e assume o primeiro grau de uma linha ascendente de parentesco. Isso significa que, ao ter um filho, o homem ascende à paternidade.

A paternidade não acontece somente na geração de uma nova vida, mas em toda formação desse outro ser humano Na Teologia do Corpo, catequese nº 21, São João Paulo II explica: “Assim, também se revela, profundamente, o mistério da masculinidade do homem, isto é, o significado gerador e paterno do seu corpo”. Na nota de rodapé desse texto, lemos: “Adão gerou um filho à sua imagem e semelhança (Gn 5,3); relaciona-se explicitamente com a narrativa da criação do homem (Gn 1,27; 5,1) e parece atribuir ao pai terrestre a participação na obra divina de transmitir a vida e, talvez, mesmo naquela alegria presente na afirmação: ‘Deus, vendo

toda a Sua obra, considerou-a muito boa’ (Gn 1, 31)”. A paternidade não acontece somente na geração de uma nova vida, mas em toda formação desse outro ser humano. A cada fase da criança, há uma nova oportunidade de o pai se reinventar enquanto tutor e melhorar como ser humano. O pai é a estabilidade do lar, a segurança da esposa e dos filhos, que esperam dele, amor, fidelidade, carinho, proteção e alegria. Quando o pai ama a sua esposa e a respeita, os filhos se sentem também amados e respeitados. Quando os pais se desentendem, se ofendem, os filhos ficam inseguros e amedrontados. Observando os desafios com os quais muitos pais se deparam na educação dos filhos, notamos aspectos a serem trabalhados para que, aos poucos, sejam mitigados: ausência na vida dos filhos (o pai precisa estar próximo aos filhos, a fim de que possa educá-los melhor, gastar tempo brincando); palavras grosseiras (devemos ser carinhosos com nossos filhos, sem medo de sermos firmes quando for necessário); castigos excessivos (o pai precisa dar bons conselhos aos filhos, saber elogiá-los quando vão bem; nunca castigá-los injustamente, e ensinar-lhes a pensar, sobretudo hoje diante de uma mídia avassaladora que rouba os nossos filhos). Deus é expressão pura do amor. Portanto, nós pais precisamos ser reflexos do Amor no seio de nossas famílias! Por Valdo Braga Landim Coordenador Nacional do Ministério para as Famílias Grupo de Oração Maná

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Institucional Revista Renovação . Jul/Ago 2018

A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA DO BRASIL NAS

Conheça o posicionamento da RCCBRASIL quanto ao pleito deste ano Durante anos, a Igreja buscou um protagonismo do povo no cenário político, através da conscientização e incentivando a participação direta, como forma de enfrentar os problemas sociais. Ao que tudo indica, a boa semente caiu em terrenos diversos ao longo do caminho - em terreno pedregoso, entre os espinhos e em terra boa. E nessa colheita também houve fruto amargo, eventualmente, por conta de decepções e das muitas denúncias envolvendo políticos e partidos, causando escândalos, indiferença, perplexidade e indignação. Talvez em razão disso, muitos argumentam que o papel da Igreja não é apontar candidatos, mas, sim, orientar a respeito de critérios gerais. De fato, a Igreja não indica candidatos e conduz essa orientação pedindo ao clero que também não indique nomes específicos.

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Contudo, a Igreja recorda a centralidade dos valores cristãos:

“Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade” (Bento XVI, Carta Encíclica: Caritas in Veritate). Certamente, é importante valorizar um direcionamento prudente e cauteloso, que não coloque em xeque a boa intenção de trabalhar pelo bem comum. Não obstante, é preciso reconhecer que a vitória na batalha política sempre será um constante processo com avanços e retrocessos. Fato é que hoje vivemos um desafio paradoxal. Se, por um lado, se percebe que, no pastoreio conduzido pelos presbíteros e diáconos, a voz central da Igreja não pode confundir a evangelização com a pregação ideológica, sob pena de ver seus melhores intentos de defesa do oprimido e do mais pobre desembocarem em uma apologia partidária, por outro lado, também se constata que o nosso silêncio poderá representar, ainda mais, o martírio dos inocentes.

O Papa São João Paulo II, na Carta Encíclica CHRISTIFIDELES LAICI, exorta: “...os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na ‘política’, ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum”. Ser político ou exercer cargo público é uma vocação

O sangue desses inocentes pesa sobre os ombros de todos nós - especialmente sobre os ombros dos homens públicos. De fato, na média, os políticos do Brasil têm pouco conhecimento ideológico e menos ainda fidelidade partidária, reafirmando a noção de que as legendas são meras agremiações de conveniência. Talvez por isso, vota-se em nomes e não em partidos. Exatamente por conta dos desafios que a dinâmica das eleições impõe, a Igreja Católica tem con-


Institucional Eventos Revista Renovação . Jul/Ago 2018

clamado os fiéis leigos a assumirem os seus postos na sociedade e no chamado à vida pública, especialmente como políticos. “É próprio dos fiéis leigos, os quais, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública, para promover o bem comum” (Bento XVI, Carta Encíclica: Deus Caritas Est). A Renovação Carismática Católica é um Movimento de leigos, com liberdade de atuação e expressão laical. E, nessa condição, a RCC preocupa-se com o pecado da omissão, especialmente diante da exortação do Papa Francisco: “É uma obrigação envolver-se na política. Nós, cristãos, não podemos ‘fazer como Pilatos’, lavar as mãos. Não podemos!” (Papa Francisco em resposta aos representantes das escolas dos Jesuítas, em 07/06/2013). Instrução Normativa Nº02 de 2015, da RCCBRASIL

Nesse sentido, a IN 02/2015, do Conselho Nacional da RCCBRASIL, dispõe sobre Normas e Diretrizes para regulamentar a ação e os limites de atuação da Renovação Carismática Católica, através do Ministério Fé e Política, durante o período das eleições gerais no Brasil. Nela, a RCC aponta formas de como posicionar o Movimento e como organizar as iniciativas de participação nos pleitos eleitorais por parte de homens e mulheres que se sentem chamados à política partidária. Essa normativa tem como objetivo principal exaltar o fórum privilegiado do Conselho da RCC, nas suas várias instâncias, que são

os espaços colegiados para o debate e o discernimento quanto ao melhor encaminhamento acerca da questão, em consonância com o Sagrado Magistério da Igreja. Além disso, procura valorizar o eleitor e o seu protagonismo nas eleições. Portanto, a Renovação Carismática Católica divulga o seu posicionamento quanto ao acompanhamento do pleito em questão. Nesse caso, os colegiados do Conselho Estadual e do Conselho Nacional, reunidos para discernir o que fazer e como melhor enfrentar a dinâmica da disputa eleitoral, podem definir primícias a serem lançadas como as melhores opções de representantes para aquele pleito. Diante desse discernimento, a RCC anuncia a seu povo o resultado do discernimento, evitando que atores individuais ou pequenos grupos o façam como forma de apoio oficial. A orientação não é obrigar ou persuadir os eleitores carismáticos a votarem em um nome. Tampouco assume que determinado candidato é o candidato da RCC, pois a RCC não é um partido político, e isso iria ferir a Legislação Eleitoral. Quando um Conselho da RCC faz um verdadeiro discernimento no Espírito Santo de Deus e o anuncia de forma responsável, o que se concretiza é a oferta de um elemento a mais no conjunto de variáveis que sustentarão o eleitor em sua decisão final. A RCC quer seu povo protagonista eleitoral, dono do voto, autor da decisão. E essa responsabilidade deve ser exercida através do discernimento pessoal – orar, jejuar, adorar, entregar a Deus e decidir livremente em quem votar.

UM MÉTODO PARA AUXILIAR NA HORA DA ESCOLHA DO CANDIDATO Para orientar o voto, sugerimos uma metodologia de discernimento. Trata-se do critério de análise dos 5 P’s: Passado, presente, proposta, partido e pertença de cada candidato. Qual o passado do candidato? Qual o seu currículo acadêmico e o seu envolvimento nas questões sociais e nos assuntos de sua comunidade? Qual o presente do candidato? O que ele faz atualmente para contribuir ou ajudar no trabalho em prol do bem comum? Quais são as suas propostas? Que proposta de governo, projeto político ou plano de mandato ele apresenta? Avalie em que partido ele está filiado. A diretriz do partido está alinhada com as orientações da Doutrina Social da Igreja? Qual a pertença do candidato? A que grupo de pessoas o candidato pertence? Além disso, o eleitor é alertado a não se deixar influenciar pelo tamanho da propaganda, nem pela estatística eleitoral O carismático autêntico é consciente da presença do Espírito Santo em sua vida e deve assumir com zelo a responsabilidade de decisão do seu voto. Por fim, lembremos “... seja qual for o grau a que chegamos, o importante é prosseguir decididamente” (Filipenses 3, 16). Faça a sua parte: insista no Brasil.

Por Sérgio Zavaris Coordenador Nacional do Ministério de Fé e Política Grupo de Oração Vida Nova

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Projetos Revista Renovação . Jul/Ago 2018

INSTRUMENTOS EFICAZES PARA MELHOR COMPREENDER A BÍBLIA Siga o passo a passo e tenha mais facilidade para fazer a Leitura da Palavra de Deus. Um dos cursos do IEAD oferece metodologia especifica para entender a Bíblia “A leitura do texto bíblico deve ser feita, para se evitar os erros, levando-se em consideração alguns elementos:

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º - a Bíblia não é um livro de história, embora contenha, em alguns textos, informações comprovadas historicamente e arqueologicamente;

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º - também não é um livro de ciência, embora possa contribuir com ela algumas vezes como modelo explicativo da realidade;

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º - o que vale mais é a intenção dos autores, inspirados pelo Espírito Santo, que querem revelar a ação e a vontade de Deus na história do seu Povo, por meio dos diversos recursos literários (narrativas, leis, salmos, profecias, novelas, etc.);

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º - a Bíblia foi escrita durante um longo período de

tempo, em diferentes momentos históricos do Povo de Israel e da Igreja Primitiva. Os diversos contextos influenciaram o texto bíblico na intenção, no ensinamento, na teologia, na visão de mundo e de sociedade, na linguagem, no gênero literário, etc. Houve uma evolução histórica da compreensão de Deus e de seu plano salvífico ao longo do tempo. Isso foi, de algum modo, registrado nos textos. Que história a Bíblia conta?

Muitos afirmam que para ler a Bíblia é preciso seguir a sequência dos escritos, começando em Gênesis e terminando no Apocalipse. Argumentam que somente assim seria possível compreendê-la. Essa não é a melhor maneira de lê-la. A sequência dos livros no cânon cristão não obedece ao curso dos perí-

odos históricos principais do Povo de Israel e da Igreja Primitiva. Darei exemplos. Embora o primeiro livro profético seja Isaias na lista do Antigo Testamento, o texto de Amós foi elaborado muito antes e, até mesmo do ponto de vista do conteúdo narrado, faz menção a acontecimentos anteriores. Se a lógica da organização do cânon fosse a sequência histórica, então, o primeiro livro deveria ser Amós, um profeta que viveu antes de Isaias. Os critérios de organização da lista foram outros como, por exemplo, o tamanho dos livros. No caso específico dos profetas, a organização tem a ver com o volume dos textos. Por isso, os escritos proféticos são divididos em maiores e menores. Se a leitura for feita na sequência do cânon, portanto, o leitor terá muitas dificuldades em estabele-


Projetos Revista Renovação . Jul/Ago 2018

cer uma lógica histórico-narrativa, aumentando a possibilidade de incompreensão dos livros da Bíblia o que acarretaria uma interpretação fundamentalista. Alguns afirmam, como alternativa, que a leitura do texto bíblico deve se iniciar no Novo Testamento. O fundamento desse argumento estaria no fato de que ele é mais curto e, por isso, seria mais simples. Que ele é mais curto, isso é verdade! Mas o Segundo Testamento é tão complexo quanto o Primeiro. Além disso, muitos temas, ideias, teologias, reflexões, termos, linguagens, uma infinidade de elementos presentes no Novo Testamento necessitam, para serem compreendidos, de conhecimento prévio de tradições do Antigo Testamento. Sem isso, seria muito difícil qualquer interpretação sadia. Qual seria, diante deste entrave, a sequência ideal de leitura para uma melhor compreensão da

Bíblia? Aquela que segue os principais períodos da história de Israel, segundo a narrativa bíblica. Este é o percurso que deve ser obedecido:

Período pré-patriarcal → Período patriarcal → Período mosaico → Período tribal → Período da monarquia unida → Período da monarquia dividida (Reino do Norte, Israel, e Reino do Sul, Judá) → Período da dominação dos assírios → Período da dominação dos babilônios → Período da dominação dos persas → Período da dominação dos gregos → Período da dominação dos romanos(do nascimento de Jesus até a expansão da evangelização da Igreja Primitiva). Para compreender melhor esse assunto e se apropriar de instrumentos da exegese para melhor estudar e compreender a Bíblia, inscreva-se no curso online da RCCBRASIL. Acesse: www.ieadrccbrasil.org.br

Se você quer assistir uma aula completa gratuitamente e conhecer ‘Que história a Bíblia conta’, acesse o Canal do IEAD no Vimeo, nesse QRCODE:

materiais.rccbrasil.org.br/quehistoriaabibliaconta

Professor do curso: João Cláudio Rufino (Ms.)

QUE HISTÓRIA A BÍBLIA CONTA?

*Este artigo especial é um trecho do Curso Online do Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL ‘Instrumentos Eficazes Para Melhor Compreender a Bíblia’, que nos apresenta alguns critérios para ler a Palavra de Deus.

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Testemunho: A RCC na minha vida Institucional Revista Renovação . Jul/Ago 2018

“SEDUZISTE-ME, SENHOR, E EU ME DEIXEI SEDUZIR!” (JR 20, 7)

Me chamo Richardson e desde muito jovem sentia uma sede dentro de meu coração que parecia crescer mais a cada dia de minha vida. Sem entender o que meu coração me pedia, passei a buscar nos prazeres e alegrias deste mundo as respostas a tantos anseios, mas sentia estar cada dia mais distante de saciar-me. Me lancei em uma vida de bebedeira, vivia uma vida de sexualidade desregrada e cada dia mais afastado das coisas de Deus, me preocupando somente com meus projetos pessoais e materiais de futuro. Aos 22 anos, recebi uma grande graça de Deus em minha vida, casando-me com minha amada esposa Jucelia. Um presente de Deus em minha vida que fez com que surgisse um novo sentido para meus dias. Mas, em pouco tempo de casado, comecei a retornar aos velhos costumes e a beber muito novamente, praticamente destruindo o nosso matrimônio, pois sem Deus nada frutificava. Fomos buscar ajuda em falsas doutrinas, mas nada de bom encontramos. Estávamos caminhando de mal a pior, a ponto de me ver desempregado nesse tempo.

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Foi então, que a mão generosa do Senhor veio ao nosso encontro e, dos dia 20 a 24 de julho de 2005, a convite e insistência de um abençoado casal de primos, Mara e Alexandre, fomos participar do Congresso Nacional da RCC, ocorrido naquele ano na Canção Nova. Depois de muito tempo longe da Igreja e buscando o Senhor onde ele não se encontrava, tivemos, eu e minha esposa, uma experiência que transformou por inteiro nosso casamento e nossas vidas. Recebemos a Graça do Batismo no Espírito Santo. Fomos alcançados por tamanho amor. Toda a nossa sede foi saciada através de cada encontro com os irmãos, com o Senhor, com sua Palavra.

Voltando do Congresso, tivemos a oportunidade de conhecer algumas pessoas que faziam parte daquele que passaria a ser nosso Grupo de Oração. Foi lá que o Senhor foi providenciando tudo o que necessitávamos. Uma serva amada me ajudou no emprego que eu tanto precisava. Fizemos Seminário de Vida, Perseverança e começamos a caminhar na RCC. Ainda não tínhamos filhos. Minha esposa e eu sentimos o desejo de ter filhos em meio a toda novidade e alegria que estávamos vivendo. Mas, depois de algum tempo tentando engravidar sem êxito, buscamos ajuda na medicina especializada e descobrimos que eu possuía uma esterilidade e, perante a medicina, seria praticamente impossível engravidarmos de forma natural. Buscamos direcionamento da Igreja e entregamos tudo nas mãos Daquele que tanto já nos havia concedido nesse tempo. Depois de seis anos de espera e muita oração nossa e dos irmãos, em especial do nosso Grupo de Oração, o Senhor nos presenteou milagrosamente com a vida do Emanuel, hoje com sete anos. Para nossa surpresa e alegria, o milagre se multiplicava, com a vinda do Rafael, hoje com quatro anos. E quando nem imaginávamos, chegou a Maria, nossa florzinha, que fez em abril deste ano dois aninhos. Minha vida hoje é de louvor e Adoração ao Nome poderoso do Senhor que tem nos sustentado todos os dias em nosso Grupo de Oração e em nossa vida. Hoje sirvo como pregador e neste tempo sou chamado a servir como Secretario Geral da RCC do nosso Estado de Santa Catarina, com muita alegria. Minha esposa e meus filhos participam de nosso Grupo de Oração. Seguimos nossos dias desejosos de levar as almas a viverem esta graça que mudou nossa vida! Por Richardson Cesconetto Grupo de Oração Renascer em Cristo Braço do Norte (SC)


Eventos Revista Renovação . Jul/Ago 2018

RETIRO PARA MINISTROS ORDENADOS REÚNE MAIS DE 200 CLÉRIGOS AOS PÉS DA VIRGEM APARECIDA Encontro reuniu padres e diáconos para retiro espiritual. Escuta da Palavra de Deus, reflexão sobre a prática da vocação e fortes momentos de oração fizeram parte do evento “Eu posso definir como um momento de graça (...). Esse retiro me fez retornar à minha primeira motivação de ser padre e me recordou o dia da minha ordenação e as promessas daquele dia. O retiro foi um momento de reconstrução, restabelecimento e reavivamento!”. Essa foi a partilha do padre Raimundo Nélio, pároco da Diocese de Santarém (PA). Como ele, diversos ministros participaram do Retiro Nacional para Ministros Ordenados e tiveram experiências pessoais com o Senhor, Aquele que é fonte que gera vida para essas santas vocações, objetivo primeiro da realização do evento. O retiro aconteceu de 10 a 13 de julho de 2018, no Seminário Redentorista Santo Afonso, em Aparecida (SP). Estiveram presentes como pregadores Patti Gallagher Mansfield (participante do Retiro de Duquesne, marco inicial da RCC no mundo), Dom Alberto Taveira (assessor eclesiástico da RCC do Brasil e arcebispo de Belém do Pará), Katia Roldi Zavaris (presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL), Padre Marcelo Rossi

(reitor do Santuário Mãe de Deus) e Maria Beatriz Spier Vargas (coordenadora nacional do Ministério de Pregação).

sas ficaram muito mais claras. Foi uma graça!”, partilhou o padre focolarino Miguel Faleiro, pároco na arquidiocese de Porto Alegre (RS).

Mais de 200 homens, de quase todos os estados brasileiros, entre sacerdotes e diáconos, participaram do retiro. Para alegria do Movimento e para glória de Deus, o número total de participantes foi maior que o dobro da última edição do evento (em 2016), fato que mostra a crescente participação do clero nas atividades da RCCBRASIL. Entre ministros que comungam da espiritualidade da RCC ou que assessoram o Movimento nas dioceses, alguns dos participantes tiveram nesse retiro uma primeira experiência com a Renovação Carismática Católica. “Eu não conhecia a história primeira da RCC, especialmente das pessoas que tiveram essa experiência, como o caso da Patti. No primeiro dia do evento, pela manhã, eu já tive a impressão de que se eu fosse embora à tarde eu já teria ‘ganhado’ o retiro. Com a simplicidade da Patti, parece que as coi-

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Notícias Revista Renovação . Jul/Ago 2018

UM MARCO NA VIDA DA RCC: ESCRITURA DO TERRENO DA SEDE NACIONAL É ASSINADA O dia 11 de julho de 2018 ficou marcado na história da Sede Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil. Na ocasião, a presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, Katia Roldi Zavaris assinou a escritura do terreno da Sede Nacional do Movimento, no 2º Tabelionato de Notas e Protestos de Título da Comarca de Lorena (SP). Desde 2009, quando as negociações de compra e venda da Sede

Nacional iniciaram, de acordo com os trâmites legais, a assinatura da escritura tem sido um momento muito esperado por todos os carismáticos. A escritura é um instrumento jurídico público que prova o ato legal de compra e venda da área. Sendo assim, no ato de assinatura da escritura a RCCBRASIL formalizou a aquisição do espaço da Sede Nacional da RCCBRASIL.

“Trata-se de um marco na vida do Movimento, exatamente às portas do jubileu de ouro da RCC no Brasil, mostrando o operar do Espírito Santo que nos conduz e conduz toda a Igreja. A partir daqui, apontamos para o futuro em que a graça do batismo no Espírito Santo se estabelece firmemente com raízes profundas em nossa terra de Santa Cruz”, declarou Katia Roldi Zavaris sobre esse grande momento vivido pelo Movimento.

FUNCIONÁRIOS DO ESCRITÓRIO NACIONAL PASSAM POR TREINAMENTO DE GESTÃO Com objetivo de melhorar e aproximar o atendimento do Escritório Administrativo da RCCBRASIL com os membros do Movimento, os colaboradores do Escritório, da Editora Leão XIII e da Associação Meu Irmão (AMI) estão passando por treinamento e acompanhamento de consultoria, na metodologia ISO 9000.

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Entre os objetivos, estão a implantação de melhorias na gestão dos processos internos e externos dos departamentos; a construção do fluxograma e a elaboração de

relatórios. Tudo isso com foco na satisfação dos “clientes” que, no caso, são os participantes dos Grupos de Oração espalhados pelo país. O treinamento contempla várias etapas que estão sendo orientadas pelo consultor Duvivier Guethi Junior, credenciado na FNQ - Fundação Nacional da Qualidade. Nas visitas e ações, estão sendo abordados temas relacionados à relação cliente e fornecedor, mapeamento dos processos, alinhamento das necessidades e expec-

tativas dos clientes e fornecedores. A supervisora de vendas da Editora RCCBRASIL, Giulia Albarello, comenta como está sendo essa experiência: “estamos padronizando os processos e, quando isso acontece, conseguimos trabalhar com maior clareza e ter tempo para atender melhor as pessoas, porque os irmãos dos Grupos de Oração precisam ser bem atendidos e com rapidez. Quando temos essa visão de fora, conseguimos olhar o que temos feito em nossa rotina para aprimorá-la”, avalia.


Sugestão deNotícias Leitura Revista Renovação . Jul/Ago 2018

MANUAL DE CONSAGRAÇÃO DO LAR Lançamento da Editora RCCBRASIL irá orientar os servos do Ministério para as Famílias nas visitas às casas

Em comemoração à Semana Nacional da Família, no mês de agosto, a Editora da RCCBRASIL lançou o Manual de Consagração do Lar. Esta edição tem por finalidade atender a uma necessidade de evangelização que surgiu dentro do Ministério para as Famílias. A ideia central é que as casas das pessoas ou famílias que participam ou não de um Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica sejam consagradas ao Senhor Jesus. A casa escolhida para receber a imagem da Sagrada Família e também a visita dos servos naquela semana deverá ser sorteada entre os participantes do Grupo, durante a Reunião de Oração. Após o sorteio, o casal articulador agendará com a pessoa sorteada, se esse for o seu desejo, o dia da semana para a visita. No manual, estão as orientações práticas para a visita e consagração do lar. Trata-se do passo a passo da visita, estando contidas também diversas orações como o terço mariano, oração à Nossa Senhora Auxiliadora e a oração de libertação da casa. Além disso, há um momento específico de aplicação do Querigma. Outro ponto de destaque é a parte das sugestões de músicas que permitirá que, mesmo sem um ministro de música presente, o momento da visita seja contemplado com canções ligadas ao tema e que facilitem que as pessoas abram o coração para o Senhor.

Esse roteiro da visita certamente irá envolver toda a família nesse momento festivo e de profunda espiritualidade. Com o lançamento desse guia, a RCCBRASIL pretende levar Jesus às casas de muitas famílias, com o anúncio da Salvação do Cristo e do Amor de Deus, criando assim a motivação para que os moradores participem de um Grupo de Oração e se envolvam na vida da comunidade paroquial. Para adquirir o Manual, basta acessar a loja da RCCBRASIL, um espaço virtual que reúne e facilita o acesso dos carismáticos aos mais variados produtos da Editora RCCBRASIL. São livros, apostilas, acessórios e peças de vestuário que têm objetivo de levar adiante a Cultura de Pentecostes, por meio de materiais formativos e espirituais. Coordenadores e revendedores cadastrados têm direito a descontos especiais em compras de maiores quantidades.

Informe-se pelo e-mail: rccshop@rccbrasil.org. br. Você também pode entrar em contato pelos telefones: (12) 3151-9999 e (12) 98257-0028 (ligação e WhatsApp).

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Institucional A vida no Espírito Revista Renovação . Jul/Ago 2018

O QUE A IGREJA ESPERA DOS CATÓLICOS NAS MÍDIAS SOCIAIS? Precisamos de atenção redobrada nas redes sociais, especialmente quando tratamos de assuntos relacionados à Igreja. Qual é a sua postura? Não é novidade que a internet mudou o mundo. No entanto, ela tanto pode facilitar as coisas para nós, nos possibilitando pagar uma conta bancária online, como pode nos tornar dependentes, por exemplo, do Whatsapp. Outras mudanças estão em curso neste momento. Robôs instalados “por trás” dos aplicativos e das mídias sociais que usamos, os chamados algoritmos, estão monitorando nossos hábitos e tentando influenciar o que consumimos, o que lemos, o que compramos. Toda essa revolução acende um alerta: o mundo em rede precisa de cristãos autênticos. Precisa que o “verbo se faça bit” (expressão usada pelo jornalista católico e professor, Moisés Sbardelotto). Então, como podemos ser sal da terra e luz do mundo no ambiente digital? Será que existe uma postura esperada dos católicos na internet?

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Em 2011, o Papa emérito Bento XVI disse sobre as novas mídias: “usadas sabiamente, podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade do ho-

mem”. Sim, a Igreja quer a nossa presença nas mídias sociais, mas elas precisam “ser usadas para o serviço do bem”, concluiu Bento XVI. A internet é um lugar de encontro e de evangelização. Desde o Concílio Vaticano II, os católicos são incentivados a desbravar os novos “areópagos modernos”. As mídias sociais são, portanto, os areópagos digitais. E para evangelizar neste ambiente, além de criatividade e domínio das plataformas, é preciso um testemunho real de comunhão, acolhida e amor. Devemos estar atentos, por exemplo, para não julgar os outros. Afinal, “não há mais que um legislador e um juiz: aquele que pode salvar e perder” (Tg 4, 11). Não podemos usar nossos smartphones para assumir uma postura legalista. E o que falar sobre os que expõem a Igreja, o Corpo de Cristo? “Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele” (I Cor 12, 27). Atenção redobrada com aqueles que gravam vídeos e postam “textões” expondo os bispos, o clero e até o Santo Padre em nome

de uma “verdade”. A Igreja tem seu próprio Código do Direito Canônico para apurar e agir mediante denúncias e não precisa do “tribunal da internet”, principalmente se os “inquisidores” forem os próprios católicos. Aliás, nenhum filho expõe a própria mãe na rede. Nestes tempos, também precisamos de postura crítica. Cuidado para não sermos manipulados por pessoas mal intencionadas. Nós somos responsáveis pelo que compartilhamos. Você já disseminou Fake News (notícias falsas) sem nenhum critério? Existe um princípio que deve nos nortear como uma bússola: o Princípio dos Frutos. “Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos” (Mt 7, 18). Nossa presença na internet precisa produzir frutos de amor, de paz, de justiça, de unidade e de perdão. Não compartilhe aquilo que não edifica realmente. Que o Espírito Santo nos leve a gerar bons frutos no areópago digital. Por Jersey Simon Coordenador Nacional do Ministério de Comunicação Social Grupo de Oração Sagrados Corações


Institucional Revista Renovação . Jul/Ago 2018

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