Revista Renovação - Edição 115 - Março/Abril de 2019

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Revista Renovação. Edição 115 . Mar/Abr 2019

REVISTA

ALERTA! UMA AMEAÇA RONDA NOSSOS GRUPOS DE ORAÇÃO pág.08

TESTEMUNHO: O PERDÃO CURA, LIBERTA E RESTAURA pág.16 JÁ SABE DA ÚLTIMA? O PODER DESTRUIDOR DA FOFOCA pág. 13 GRUPO DE ORAÇÃO QUE LEVA À VIDA NOVA ENCARTE



Revista Renovação . Mar/Abr 2019

Nesta Edição

Espiritualidade 06 Assim como nós perdoamos 08 Alerta: uma ameaça ronda nossos Grupos de Oração 10 Reconciliados no Mistério Pascal

Eventos

13 Já sabe da última? 14 Rosto e Memória de Pentecostes (Amazonas)

Testemunho 16 O perdão cura, liberta e restaura!

Especial

Sugestão de Leitura

12 “Aproximemo-nos, pois, confiadamente, do trono da graça”

17 Um livro para amar e conhecer mais a RCC no Brasil

18 Que católico não deseja sacerdotes cheios do Espírito Santo?

IEAD RCCBRASIL 21 Nove razões para você não parar sua formação!

Projetos 22 Pentecostes em Partilha compartilhe seu amor pela RCCBRASIL!

EXPEDIENTE Publicação Oficial da Renovação Carismática Católica do Brasil

Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537

E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br

Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil

Redação: Maria Mariana, Pedro Whately Colaboração: Rayssa Ferreira

DA RCCBRASIL

ANO 20 - Edição Nº 115: Mar/Abr 2019

ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO

Revisão: Mari Spessatto

Rodovia Presidente Dutra km 46,5, sentido Rio de Janeiro, no bairro dos Marques, s/n

Fotos: Arquivo RCCBRASIL, Shutterstock

Canas/SP

Projeto Gráfico, Design e Diagramação: Priscila Carvalho Venecian

Tel.: (12) 3151-9999

As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.

Entre em contato conosco. Envie testemunhos e sugestões para o e-mail jornalismo@rccbrasil.org.br

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Editorial Revista Renovação . Mar/Abr 2019

70X7 Na Missa, no terço, na oração pessoal, em celebrações ecumênicas, novenas, ladainhas e em diversos, DIVERSOS momentos, durante a oração do Pai nosso, colocamos uma condição (que sequer notamos) para recebermos o perdão de Deus. Na oração, fazemos o seguinte ‘combinado’ com Ele: Pai nosso (...) perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Como nós temos perdoado a quem tem nos ofendido? A resposta a essa pergunta é essencial para avaliarmos a maneira como está a “Comunhão fraterna” dos nossos Grupos de Oração, tema proposto pela RCC para vivermos em 2019, no ano do Jubileu de Ouro do Movimento no Brasil. Outra passagem que nos orienta neste ano é a de Romanos 5, 5: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Ao refletir sobre essas moções, é fácil perceber que onde há falta de perdão não se pode viver a comunhão e nem vivenciar a plenitude desta graça do derramamento do amor de Deus em nossos corações. Sem perdão, as relações são prejudicadas, destruídas e destruidoras. A falta de perdão é uma verdade que precisa ser extinta. Eis o tema para ser meditado e reconhecido como a fraqueza de muita gente. Nesta edição, você pode avaliar como está a sua disposição em perdoar as pessoas e examinar como andam seus relacionamentos. Se, ao final

dessas páginas, você ainda perceber que está em falta com algum irmão de comunidade, vizinho, familiar, colega de trabalho ou qualquer outra pessoa, é hora de parar, orar e aprender com o Senhor, que é manso e humilde de coração. Então, é preciso relembrar o que Ele já tem nos ensinado há mais de dois mil anos: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21-22). Nestas páginas, você vai encontrar também um artigo muito interessante sobre o poder destrutivo da fofoca; outro sobre o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus; um sobre a Divina Misericórdia; e, ainda, um rico testemunho de como o Grupo de Oração e o encontro pessoal com Cristo podem levar as pessoas a experimentarem o perdão em suas vidas. Decida-se pelo perdão! A Revista Renovação, edição 115, quer ajudar você a livrar-se das amarras da falta de perdão e viver a plena liberdade dos filhos de Deus. Mergulhe nessa leitura, ore junto com cada palavra disposta nestas páginas e goze da experiência que pode curar e renovar o seu coração. Uma santa e abençoada leitura! Revista Renovação

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Amado(a) irmão(ã), a sua colaboração para a Renovação Carismática Católica do Brasil tem proporcionado a realização de muitos trabalhos missionários Brasil afora. O grande trabalho evangelizador é desenvolvido semanalmente em quase 20 mil Grupos de Oração. A sua doação fortalece o Grupo de Oração e ajuda a levar a experiência do Batismo no Espírito Santo a mais e mais pessoas. Obrigado! Caso você deseje colaborar com a RCCBRASIL, entre em contato conosco. Ajude-nos também divulgando esta obra. (12) 3151-9999, (12) 98138-2000, cadastro@rccbrasil.org.br


Palavra da Presidente Revista Renovação . Mar/Abr 2019

Katia Roldi Zavaris

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova

QUANTAS VEZES DEVO PERDOAR MEU IRMÃO? “Quando ele pecar contra mim? (...) Até setenta vezes sete” (Mt 18, 21b-22b). Amada Família Carismática, Neste ano jubilar, estamos vivendo sob a graça da manifestação poderosa de Deus sobre todos nós. Neste tempo, Ele nos convoca a purificar o nosso coração e buscar, em nossa alma, aquilo que precisamos fazer para verdadeiramente nascer de novo da água e do Espírito – “... quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5). Estamos também nos aprofundando, enquanto RCCBRASIL, na palavra-chave “Comunhão Fraterna”. E para que isso aconteça, um dos passos fundamentais é viver o perdão mútuo, ou seja, é viver o perdão uns para com os outros. A definição de perdoar é desculpar um erro ou uma ofensa. Perdoamos uns aos outros quando deixamos de guardar ressentimento. A palavra de Deus nos ensina que o verdadeiro perdão nasce de um amor que não procura seus próprios interesses (1 Cor 13, 4). “Mesmo quando nossa crença na bondade profunda de todo ser humano estiver abalada ou minada, há uma nascente de força que leva vantagem sobre toda decepção, sobre toda amargura ou desconfiança: Jesus Cristo, que trouxe ao mundo o perdão” (Papa São João Paulo II). O Senhor não guarda mágoa a nosso respeito. Ele veio para nos salvar e, por isso, está sempre disposto a nos acolher e perdoar, ou seja, Jesus não veio para condenar você! Nossas imperfeições e nossos erros não impedem Jesus de nos amar. O Apóstolo Paulo nos diz que Ele “não guarda rancor”. Jesus está sempre pronto para nos acolher, nos amar e nos perdoar. Isto é, apesar de nossas fraquezas, o Seu amor é sempre cheio de paciência e compaixão. O perdão que Deus nos dá é infinitamente maior do que qualquer comparação de atitude humana possível de se imaginar. Seu perdão é sempre gratuito e fruto de Seu imenso amor, ou seja, Ele perdoa e ama – ao mesmo tempo. “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...” – o perdão que o Pai oferece no Seu filho, Jesus Cristo, exige uma disposição do discípulo: que ele perdoe a ofensa

recebida, o que não significa que o perdão de Deus dependa do perdão que nós concedemos uns aos outros. Ao contrário, porque somos perdoados, somos capazes de perdoar. Somos chamados a fazer a vontade do Pai. Quando eu perdoo, eu ganho a comunhão com o irmão e a realização da minha semelhança com Deus, que é minha vocação (Gênesis 1, 27). O perdão é um dos atos de libertação mais redentores que podem existir. Perdoar não só liberta, mas redime os pecados e as amarras que impedem alguém de seguir em frente e ser feliz. Ao perdoar, somos libertos e libertamos o outro. A grande força que nós, cristãos, temos para transformar o mundo é o poder do perdão, pois o perdão nos renova, supera desafios e possibilita o impossível. Perdoar é o mesmo que libertar! Ser livre e libertar: condição fundamental para a essência do ser humano. Para perdoar, é necessário compreender que sozinhos não podemos fazê-lo. É preciso deixar que Jesus o faça por nós. Desta forma, é necessário reconhecermos que o perdão é uma via de mão dupla: damos e recebemos o perdão – ao mesmo tempo. Deus nunca vai nos pedir para perdoar alguém por uma ofensa maior do que aquela pela qual Ele nos perdoou. Jesus Cristo nos exorta através de Colossenses: “Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa conta outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós” (Cl 3, 13). O Senhor nos pede que nos abramos inteiramente a Ele para que, como consequência, possamos exercer a caridade que a todos perdoa. Portanto, amados e amadas, exercitemos o perdão em nossas vidas e em nossos Grupos de Oração, pois somente assim a comunhão fraterna acontecerá verdadeiramente entre nós. Que Deus nos abençoe e que Nossa Senhora, Mãe da Misericórdia, interceda por todos nós! No Ano do Jubileu de Ouro da RCCBRASIL. Abraços fraternos,

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ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS Estamos vivendo o “ANO JUBILAR”, ano de graças, 50 anos da Renovação Carismática Católica no Brasil. Quantas bênçãos derramadas em nosso meio ao longo desses anos! É uma oportunidade para refletirmos sobre a nossa caminhada, prosseguir decididamente e corrigir alguns aspectos, principalmente, na experiência de liberar o perdão.

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este ano de festa, a moção inspirada por Deus para nós, RCC, são: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5,5), bem como “Comunhão Fraterna”. Esta última moção faz parte do Tríduo preparatório para este Ano Jubilar: I) Pentecostes Perene; II) Conversão Sincera; III) Comunhão Fraterna. É olhando para este cenário que vamos refletir, neste artigo, sobre a necessidade do perdão.

Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa.” (Lucas 15, 22-24). Esse Trecho da Sagrada Escritura, muito conhecido nosso, parte da “parábola do filho pródigo” e nos mostra como Deus nos perdoa. O filho mais novo pede a herança do pai, vai embora e gasta tudo. Chegando a uma situação de não ter mais nada, resolve voltar para o pai, na condição agora de servo, por não se achar mais digno de ser considerado como filho.

“Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa.

A palavra nos revela que, ao ver o filho voltando, o pai vai correndo ao seu encontro, não pergunta por onde ele estava, não questiona nada, nem dá oportunidade de o filho dizer o que estava pensando.

Ao contrário, o pai perdoa, acolhe, dá dignidade e faz festa. Quantas vezes nós fazemos com o Pai do Céu a mesma experiência que ”o filho pródigo fez com seu pai”? A cada momento que resolvemos voltar para Ele, O encontramos de braços abertos, sempre disposto a nos perdoar. Assim é a dinâmica de Deus. Diferente da dinâmica humana, Ele sempre nos perdoa, e mais, não questiona, não cobra, simplesmente perdoa. Quando somos condenados por todos, Ele aí está, pronto para nos perdoar (conforme Jo 8, 1-11) pois, ELE É PERDÃO. Assim como Deus nos perdoa, pelo fato de termos primeiro experimentado do perdão, Ele nos convida a perdoar. Na Oração que


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Jesus nos ensina, “o Pai Nosso”, depois de invocar Deus como Pai de todos nós e não apenas meu, nós encontramos sete pedidos. Os três primeiros nos fazem adentrar na Glória de Deus e os seguintes nos revelam o caminho para chegar lá. Um desses pedidos é: “perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. A primeira parte do trecho da oração nos leva a reconhecer a nossa pequenez, a nossa limitação; somos pecadores e recorremos à misericórdia de Deus. Porém, para que essa misericórdia nos alcance, nos comprometemos em perdoar os que nos ofendem. Devemos oferecer ao irmão o que Deus sempre nos oferece, o perdão.

Assim como Deus nos perdoa, pelo fato de termos primeiro experimentado do perdão, Ele nos convida a perdoar Perdoar não quer dizer esquecer. Nós lembramos do ocorrido, porém, não deixamos que isto nos conduza. É como olhar para uma cicatriz em nosso corpo, lembrar do que aconteceu para tê-la em nós, porém, colocar o dedo nela e não sentir mais nada. Quando eu perdoei alguém, caso eu encontre essa pessoa em uma situação na qual esteja precisando de mim, estarei pronto para ajudá-la. Ao liberar o perdão, eu sou o primeiro a me beneficiar, pois não fico “guardando lixo” em mim. Às vezes ficamos sem perdoar alguém, sofremos a consequência da falta de

perdão, e a pessoa nem sabe que nos ofendeu. A falta de perdão atrapalha na comunhão fraterna. Como dito anteriormente, perdoar é uma moção para nós, neste ano de 2019. Porém, essa opção não pode ficar restrita a este ano jubilar: devemos decidir sempre por dar o perdão e, assim, colaborar com a unidade entre nós.

Perdoar não quer dizer esquecer. Nós lembramos do ocorrido, porém, não deixamos que isto nos conduza O Catecismo da Igreja Católica, no número 2842, tratando deste pedido do Pai Nosso, diz que este “como” não é único no ensinamento de Jesus: “Deveis ser perfeitos ‘como’ vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48); “Sede misericordiosos ‘como’ vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36); “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros ‘como’ eu vos amei” (Lc 13,34). Observar o mandamento do Senhor é impossível se quisermos imitar, de fora, o modelo divino. Trata-se de participar, de forma vital e “do fundo do coração”, na Santidade, na Misericórdia, no Amor de nosso Deus. Só o Espírito que é “nossa Vida” (Gl 5,25) pode fazer “nossos” os mesmos sentimentos que teve Cristo Jesus. Então, torna-se possível a unidade do perdão, “perdoando-nos mutuamente ‘como’ Deus em Cristo nos perdoou” (Ef 4,32). Olhando para o trecho do Catecismo e entendendo que somos

cristãos, imitadores de Cristo, percebemos a necessidade de caminhar conforme Ele caminhou, pois não podemos “imitá-Lo por fora”. É preciso perdoar. Quando nos deparamos com nossas fraquezas, somos tentados a imaginar ser impossível seguir os ensinamentos do Mestre. O próprio Catecismo nos apresenta qual o caminho a percorrer, contar com “o Espírito que é ‘nossa vida’”, o Espírito Santo. De nossa parte, é preciso uma disposição interior para colocar em prática os ensinamentos de Jesus. Quando nós entendemos que sozinhos não conseguimos, acreditamos que o Espírito Santo nos concede a graça, queremos viver como Jesus viveu e recorremos a Ele, é possível, sim. Olhando para a moção de Deus para nós, encontrada em Romanos 5, 5, percebemos que a comunidade permanece firme, mesmo diante das dificuldades, pois já tinha experimentado do Amor de Deus através do derramamento do Espírito Santo. Nós também já experimentamos esta mesma graça. Portanto, não podemos desistir, ao contrário, devemos, confiantes, clamar cada vez mais por esta experiência e, a partir dela, conseguir perdoar o irmão, por consequência, receberemos o perdão de Deus. Diante da necessidade de perdoar o irmão, que nós possamos recorrer à Força do Alto: VEM ESPÍRITO SANTO. Nossa Senhora de Pentecostes, rogai por nós! Beata Elena Guerra, rogai por nós! Por Frederico Mastroangelo Simões Marques Presidente Estadual da RCC Bahia Grupo de Oração Imaculado Coração de Maria

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ALERTA: UMA

AMEAÇA RONDA NOSSOS GRUPOS DE ORAÇÃO! A falta de perdão gera feridas e divisões em nossos Grupos, lideranças, ministérios... Como você está e como está o seu Grupo de Oração em relação a esse assunto?

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oderia começar este artigo dizendo... “CALMA! Não é nada demais...” ou “Não quis te assustar...”, contudo precisamos despertar para essa realidade que pode destruir muitas coisas, inclusive nossos Grupos de Oração. SIM, a falta de perdão destrói! O assunto aqui é sério e urgente! Desentendi-

mentos geram mágoas... essas geram rancor... e isso nos leva cada vez mais ao combate!

A Palavra de Deus muito nos fala sobre o perdão e a falta dele. Entre tantos, podemos citar a parábola do servo inclemente, narrada em Mateus 18,21-35:

“Então, Pedro se aproximou dele e disse: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” 22. Respondeu Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. 23. “Por isso, o Reino dos Céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24. Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25.Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26.Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo!’. 27.Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28. Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: ‘Paga o que me deves!’ 29.O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei!’. 30. Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31.Vendo isso, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32.Então, o senhor o chamou e lhe disse: ‘Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste. 33.Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?’. 34.E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35.Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo o seu coração.” 21.

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Nessa história, um rei perdoa uma dívida bem grande (que nunca poderia ser paga) de um de seus servos. Depois, no entanto, o mesmo servo não perdoa a pequena dívida do outro. Ao saber disso, o rei faz fi-

car nulo o seu perdão prévio. “Jesus conclui dizendo: Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”.


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Esse é o nosso chamado: PERDOAR! Sempre, sem nos cansar ou recusar! A misericórdia que recebemos do Senhor deve ser transmiti-

da aos outros. Os santos aprenderam esse ato de Jesus e nos ensinam a assim vivermos também:

A Falta de perdão é uma ameaça diária a nós e aos nossos Grupos de Oração. E, se assim o é, devemos pregar, rezar, incentivar o perdão diuturnamente!

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Sobre isso, também nos ensina o catecismo da Igreja:

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No mundo espiritual, o mal se utiliza de corações magoados para causar divisão e, por conseguinte, esta gera forte desgaste nos Grupos abatidos por essa situação. Quantas lideranças arrefecidas pela divisão gerada pela falta de perdão... Quantos Grupos “pagando” por isso...

São João Paulo II: “É evidente que a generosa exigência de perdoar não anula as exigências objetivas da justiça. A justiça bem entendida constitui, por assim dizer, a finalidade do perdão”.

São João Maria Vianney: “Qual dos dois sofre mais: aquele que perdoa prontamente e de bom coração, ou aquele que alimenta sentimentos de rancor contra o seu próximo?” Santo Agostinho: “Todos estes, quando se voltam para Ti, tornam-se facilmente mansos e humildes diante de Ti, recordando-se da sua vida cheia de pecados e da tua misericórdia cheia de perdão, pois «onde aumentou o pecado, superabundou a graça” (Rom 5,20). São Cirilo de Jerusalém: “Se tens um agravo contra alguém, perdoa-lhe. Acabas de receber o perdão dos teus pecados; impõe-se, portanto, que também perdoes o pecador”. São João Paulo II: “A misericórdia tem, no entanto, condição de conferir à justiça um conteúdo novo, que se exprime do modo mais simples e pleno no perdão”.

São João Crisóstomo: “Cristo pede-nos duas coisas: que condenemos os nossos pecados e perdoemos os dos outros, e que façamos a primeira coisa por causa da segunda, que será então mais fácil, pois aquele que pensa nos seus pecados será menos severo para com o seu companheiro de miséria”.

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São João Maria Vianney: “No Céu não existe rancor. Assim, os corações bons e humildes que recebem as injúrias e as calúnias com alegria ou indiferença dão início ao seu paraíso já neste mundo, e aqueles que guardam rancor são infelizes”.

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São Clemente de Roma: “Felizes de nós, irmãos caríssimos, se cumprirmos os preceitos de Deus na concórdia da caridade, porque pela caridade alcançamos o perdão dos pecados”.

Entre nós e a nos ensinar sobre a falta de perdão a cada dia, alertando-nos contra essa ameaça constante, estão nossos dois últimos papas: Papa Emérito Bento XVI: “O perdão não é uma negação do erro e sim uma participação na cura e no amor transformador de Deus

que reconcilia e restaura”. Papa Francisco: “Mesmo quando sofre aflições e isolamento, o cristão é sempre chamado a infundir esperança em quem se deu por vencido, reanimar quem está desanimado, levar a luz de Jesus, o calor da sua presença, a renovação do seu perdão”.

• Nº 2845- Não há limite nem medida a esse perdão essencialmente divino. Tratando-se de ofensas (“pecados”, segundo Lc 11,4), ou “dívidas”, segundo Mt 6,12), de fato somos sempre devedores: “Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mútuo” (Rm 13,8).

Já há muito tempo, temos observado que muitos Grupos de Oração não promovem mais momentos de perdão em suas reuniões de oração. Convoco a que retomemos essa prática neste ano jubilar, prática essa tão comum em nossos primórdios... Lutemos para que o perdão do Senhor aos nossos erros e o nosso perdão aos irmãos seja um direcionamento de cura para nossas vidas. Que o perdão FORTALEÇA cada vez mais nossas vidas, nossos Grupos. Assim, o que poderia ser uma ameaça por falta de prática poderá tornar-se nossa vitória rumo ao céu! Por Leandro Rabello Diretor da Escola Nacional de Formação de Líderes e Missionários da RCCBRASIL Coordenador Estadual do Ministério de Pregação RCCRJ Grupo de Oração Mater Domine

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RECONCILIADOS NO MISTÉRIO PASCAL Como temos vivido esse tempo especial da nossa fé cristã? “Quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho” (Rm 5, 10). Todos nós queremos o perdão de Deus e desejamos ter a graça de perdoar a todos. Porém, é impossível realizar a reconciliação pela nossa própria força e vontade, como diz Jesus: “porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5b). Santo queremos ser, porém não há santo ou santa que não perdoa. Sendo assim, a Igreja nos convida a celebrarmos o Mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. De que forma celebraremos? Como nos exorta a Liturgia no Domingo de Ramos: “sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida” (Missal Romano, p. 221).

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Queremos seguir os passos de Jesus nas celebrações deste tempo, para vivermos a graça de nos associarmos à sua Cruz e receber a reconciliação com Deus, com

o próximo e conosco. Entremos com Jesus no deserto Quaresmal, assinalados pela cinza da penitência, lembrando que somos pó, que esta vida passa e o que levaremos para a eternidade é o amor. Percorremos esse deserto quaresmal nos fortalecendo na luta contra o mal nas celebrações da Santa Missa e buscado uma conversão profunda pelo sacramento da penitência. Seguimos Jesus no Domingo de Ramos, lembrando que a nossa vida O louva como os ramos que festejam o Rei, porém apontam para sua e nossa morte.

Santo queremos ser, porém não há santo ou santa que não perdoa Adentremos ao Tríduo Pascal, vivendo a graça da Eucaristia, agradecendo a Deus pelo sacerdócio ministerial e pedindo a graça de lavarmos os pés uns dos outros (cf. Jo 13, 14), numa graça de amor e per-

dão. Aos pés da Cruz, entregamos nossa vida com Jesus ao Pai e intercedemos pela salvação do mundo inteiro. Com Jesus poderemos dizer aos que precisamos perdoar: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34a). Por fim, no recolhimento da Noite Santa da Ressurreição, com o Fogo, a luz de Cristo que ilumina nossas trevas, a Palavra que forma nosso interior, recordando a água Batismal que nos lavou dos nossos pecados, em plena comunhão com a Igreja inteira, com os anjos e com os santos, na plena reconciliação recebida na graça do Espírito, aclamemos: Cristo ressuscitou. Aleluia! Aleluia Pascal, que se estende por cinquenta dias, até a Páscoa do Espírito Santo, o Santo Pentecostes, no qual todos ficamos cheios Dele, do Espírito Santo. (cf. At 2, 4).

Por Pe. Micael de Moraes, sjs. Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador Mestre de Aspirantes no Seminário Nossa Senhora de Pentecostes e Diretor Espiritual da RCC de Santo Amaro (SP)


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Especial Revista Renovação . Mar/Abr 2019

“APROXIMEMO-NOS, POIS, CONFIADAMENTE, DO TRONO DA GRAÇA” (HB 4,16) “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário 49). A Bíblia nos apresenta Deus como “o Pai das misericórdias, Deus de toda consolação” (2 Cor 1,3b) e nos diz que Ele é “rico em misericórdia” (Ef 2,4). O Apóstolo Filipe pediu a Jesus que mostrasse o Pai. Jesus respondeu: “Aquele que me viu, viu também o Pai” (Jo 14,9), ou seja, toda riqueza do “Pai das misericórdias” se revela em Jesus. O ápice da misericórdia se deu no mistério pascal: Cruz e Ressurreição. São João Paulo II nos diz, na encíclica Divis in Misericordia, que “a cruz é como que um toque do amor eterno nas feridas mais dolorosas da existência terrena do homem” (p. 45). Afirma, ainda, que “na sua ressurreição Cristo revelou o Deus do amor misericordioso” (p. 48). São João, o discípulo amado, mostra-nos a ação poderosa de Cristo Vivo e Vencedor sobre o pecado e a morte, quando escreve que “Jesus veio e pôs-se no meio deles” (Jo 20,19), com isso “os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor” (Jo 20,20). Provavelmente estavam participando da Santa Missa! Jesus quis transmitir a nós a alegria dos discípulos quando pediu à irmã Faustina, em 1931, que fosse pintada a imagem de Jesus Misericordioso: “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário 49).

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A dimensão teológica apresentada por Santa Faustina está intimamente ligada ao Evangelho. Aque-

le mesmo Jesus da Cruz e da Ressurreição deseja aparecer ao mundo contemporâneo como “refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores” (D.699). Noutro momento de intimidade entre Santa Faustina e Jesus, foi revelada uma angústia do Redentor acerca da salvação das almas: “As almas se perdem, apesar da Minha amarga paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, isto é, a Festa da Minha misericórdia. Se não venerarem a Minha misericórdia, perecerão por toda a eternidade ” (D. 965) Existem condições específicas para gozar os grandes dons da Misericórdia Divina. A primeira é confiar na bondade de Deus, depois ter amor ativo para com o próximo (Mt 5,7) e encontrar-se em estado de graça santificante (após a confissão), dignamente recebendo a Sagrada Eucaristia. Veja como há semelhança com João, 20! Jesus revela que “Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate (D. 699)” “Vem haurir graças dessa fonte com o vaso da confiança.” (D. 1485) Jesus, eu confio em Vós. Por Lucivan dos Santos de Assis Presidente do Conselho Estadual da RCC Piauí Grupo de Oração Jesus é Nossa Vida Arquidiocese de Teresina (PI)


Especial Revista Renovação . Mar/Abr 2019

JÁ SABE DA ÚLTIMA? “Compartilhar” ou “partilhar” um fato, mas, será que o termo correto não seria “fofocar”? “Partilhar para rezar”, quando na verdade só se está passando uma fofoca adiante. Neste artigo, vamos falar sobre o grande problema da maledicência, do destrutivo poder da fofoca.

As palavras podem machucar. Autocontrole é necessário e cuidado com o que se diz! Se não for de fonte confiável, pode-se espalhar mentiras. Perguntar-se antes de falar sobre alguém: Eu realmente conheço os fatos, será que é verdade ou é fofoca? A fofoca pode parecer inofensiva, começa pequena e parece inocente, mas se transforma em algo problemático, prejudicial ou falso. Conversa ou fofoca? Não podemos dizer que nos importamos com os outros se nunca falamos sobre eles! Mas é preciso lembrar que em tudo há limites! As palavras têm poder de criar situações, modificar ambientes, alegrar, entristecer, aproximar ou afastar as pessoas. Valorizam ou desmoralizam. Existe a boa fofoca? Fofoca é ato de fazer afirmações não baseadas em fatos concretos, especular e divulgar fatos verídicos da vida de outras pessoas sem autorização, mesmo que não haja a intenção de difamar ou se fazer um simples comentário sem fins malignos. Fofoca é fofoca, nunca é boa! Fofoqueiro, invejoso, intolerante é quem pratica a fofoca. Edificante é barrar a fofoca quando ela chega: Você tem certeza que isso é verdade? Creio que não seja bem assim. Isso é prática de comunhão fraterna. Você é membro de um Grupo de Oração, tem a experiência pessoal com Jesus, é batizados no Espírito Santo? O Pentecostes pessoal precisa frutificar com todos os seus efeitos de transformação da vida.

Em Mateus 3,8, a Palavra nos ensina: “Produzi frutos de conversão”. Bom é reconhecer a sutil separação entre fofocar, enviar dados e o “vamos partilhar”: olha, o que vou contar não é fofoca, é apenas uma partilha para rezarmos pela irmãzinha! E se vai longe! Em ritmo imensurável na internet a fofoca se espalha. Uma vez postada é quase impossível excluí-la. Onde está o amor de Deus que o Espírito Santo derrama nos corações? No Livro de Apocalipse, na carta a Tiatira, lemos: “conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço e a tua perseverança [...] mas tenho contra ti que arrefeceste o teu primeiro amor” (Ap 2,19). Também o Papa Francisco faz a exortação: “A paz que recebemos do Espírito é para dar aos outros, não devemos destruí-la com fofocas! Se recebemos o sinal da paz do Espírito Santo, devemos ser homens e mulheres de paz, e não destruir a paz do Espírito. A fofoca não é obra do Espírito nem de unidade da Igreja. A fofoca destrói aquilo que Deus faz”. A vítima é você? É preciso orar, se possível, fazer jejum para conseguir perdoar. Num coração cheio de ódio, Deus não pode habitar! A retidão de vida dá testemunho a seu favor. Siga em frente na paz, pois o amor tudo vence!

Rita Célia da Fonseca Desideri Grupo de Oração Servos de Maria – Manaus, Amazonas

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Institucional Revista Renovação . Mar/Abr 2019

ROSTO E MEMÓRIA DE PENTECOSTES (AMAZONAS) Como parte da programação especial pelos 50 anos da RCC no Brasil, a Revista Renovação terá, em 2019, um espaço especial, que conta um pouco da história, desafios e conquistas da RCC em cada região do país. A primeira edição com a nova seção (edição 115) vai tratar sobre a região norte, de maneira especial o Amazonas, o maior estado do Brasil e o mais desafiador.

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A Polícia Federal aguardava a embarcação que atracava no Porto de Manaus. O Rio Negro estava na cota dos 23 metros, nível alto para o mês de dezembro. Os policiais estavam armados e com cães farejadores. Marizete Martins Nunes do Nascimento, coordenadora nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação, e Vânia Marli Trindade, então presidente do Conselho Estadual da RCC Amazonas, desciam do barco quando foram abordadas. Elas foram revistadas, tiveram as malas vistoriadas. Haviam passado quase um mês em missões pelo interior do Estado. A conclusão dos trabalhos foi marcada pela desconfiança natural dos policiais, que pro-

curavam por drogas. O testemunho do amor por Jesus e pela missão foram as únicas coisas que os federais encontraram. A Renovação Carismática Católica do Amazonas enfrenta diariamente o desafio de evangelizar no maior estado em extensão territorial do Brasil, com o maior número de rios e ainda o maior do mundo em volume de água, o Amazonas. São páginas do dia a dia dos Apóstolos do Batismo no Espírito Santo que levam o Evangelho a mais de dois milhões de pessoas na capital, Manaus, e a outros dois milhões no interior. O Conselho Estadual da RCC enfrenta lutas de características peculiares para levar as moções anuais, as for-

mações dos Ministérios e demais atividades. A internet no interior tem o sinal muito fraco. Uma mensagem de WhatsApp pode levar até cinco dias para chegar. Muito do que é decidido é combinado por telefone, ligações que podem demorar até um mês para terem êxito. Para chegar aos municípios mais distantes, é necessário cruzar os rios. As passagens aéreas custam muito para destinos dentro do próprio Estado. Para chegar a certas localidades, o custo de uma passagem é maior do que partir de Manaus para os Estados Unidos. Se a missão for urgente, há a opção de usar um “Mata Quatro”, um jatinho com capacidade para quatro pessoas que


Eventos Revista Renovação . Mar/Abr 2019

tem alto índice de queda. Para chegar ao município de Envira, são necessários 25 dias de viagem no rio. São muitos os perigos, como os bancos de areia que podem atolar os barcos nos períodos de seca. Para o Município de Guajará, são 14 dias descendo o rio e 16 dias subindo. Envira possui quase 20 mil habitantes e Guarajá quase 17 mil. Os barcos de linhas, utilizados nesses percursos, levam muitas pessoas, que se aglomeram em redes para dormir. Faltam condições de higiene nos barcos. Muitos servos que vão para a missão voltam doentes. As belezas dos rios Negro, Solimões, Madeira e afluentes são contempladas em meio aos combates espirituais e humanos para que o Evangelho chegue aos irmãos amazonenses. São muitas as tempestades enfrentadas nos dias de barco, no meio do rio, quando nem dá pra ver as margens. A água molha as bagagens e as redes. Muitas vezes, enquanto se pensa que o destino está à frente, o barco está retornando, por ordem da Polícia Federal ou da Capitania dos Portos. Para o percurso, é natural que os servos do Conselho Estadual usem do próprio salário para pagar a viagem. Eles levam a própria comida, que acabam partilhando, além de bíblias, livros e medicamentos para os irmãos do interior. Vânia Marli Trindade testemunha que uma vez, viajando com outras duas irmãs, passou por uma situação de grande perigo. Elas foram abandonadas em um barranco, no meio do mato, durante a noite. O

responsável pela “rabeta” (pequeno barco motorizado) pilotava com grande velocidade. As servas já estavam molhadas e com medo de que a embarcação virasse. Diante dos gritos desesperados de uma delas, o condutor parou o barco e exigiu que descessem. Elas andaram por horas na floresta até encontrar uma lamparina acesa e ali pediram socorro. A família compadeceu-se e arrumou um barco que as levou até o local da missão. Mesmo sujas, por andarem no meio da mata, molhadas e com fome, elas realizaram o Grupo de Oração. São inúmeros os testemunhos de desafios na região, mas, mesmo com todo o contexto, o Movimento tem crescido, possibilitando muitas atividades carismáticas. No Jubileu de Ouro da RCC no mundo, a coordenação nacional da RCC esteve presente em Parintins, interior do Amazonas (distante 369 km da capital) para o Congresso Estadual. Participaram pelo menos 600 carismáticos de todo o Amazonas, um marco para o Estado que, pelas distâncias, encontra grandes dificuldades para reunir os servos. Parintins foi escolhida na ocasião por ter sido a primeira cidade do norte do país a receber a RCC. No Amazonas, 154 Grupos de Oração reúnem-se semanalmente para ouvir a Palavra de Deus. São irmãos da nossa grande família carismática que testemunham o Amor de Deus derramado em seus corações, pelo Espírito Santo que lhes foi dado! Por Bruno Maffi Grupo de Oração Dom Albano Cavallin Arquidiocese de Londrina (PR)

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Institucional Testemunho Revista Renovação . Mar/Abr 2019

O PERDÃO CURA, LIBERTA E RESTAURA! Desde minha infância, convivi com sentimentos ruins. Cultivava uma raiva muito grande de meus pais, pois pensava que eles não me amavam. Os dois trabalhavam muito e eu me sentia órfã de pais vivos. Vivenciava um grande vazio e a mágoa me consumia. A cada dia me sentia mais rejeitada, principalmente por minha mãe. Era algo tão grande que acarretou uma série de problemas em minha vida. O meu relacionamento com ela era frio. Quando tinha a oportunidade, eu tentava chamar atenção e logo comecei a me rebelar e me tornei uma pessoa insuportável. A carência afetiva me levou a uma vida ilusória e sem fé, a uma sexualidade desordenada, enfim, a um total desequilíbrio. Por amor e misericórdia Daquele que nos criou, eu experimentei algo realmente marcante em minha vida! Somos criados por Deus e para Deus. Esta certeza eu tive ao ser batizada no Espírito Santo, no Grupo de Oração Operários de Cristo, dez anos atrás. Comecei a perceber que havia algo de errado comigo, nas minhas atitudes. O Senhor me resgatou, me restaurou e, assim, comecei a lutar e me desvencilhar das coisas que não eram Dele. A experiência com a Palavra de Deus também foi extraordinária! Ele, a todo tempo, revelava seu amor. Afinal, “O Senhor é meu pastor, nada me faltará” (Sl 22).

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Comecei a compreender que a ausência de meus pais foi necessária. Era uma época muito difícil na área financeira e eles não tinham outra escolha a

fazer. Lembro-me que foi assim que iniciou em mim o desejo de perdoar. Entendi também que perdão não era sentimento, e sim algo muito concreto que eu deveria realizar para ser totalmente liberta da mágoa e do ressentimento. O primeiro passo no caminho do perdão foi com meu pai. Com minha mãe não foi um processo fácil nem rápido. O orgulho não permitia, tinha medo da reação dela. Eu relutava e assim se passaram mais alguns anos. Cheguei a pensar que jamais aconteceria. Em novembro de 2016, eu conversei com um sacerdote e, após as orientações recebidas, obtive a força necessária para dar o passo, pois o Senhor, que prometeu que nada me faltaria, me sustentava na decisão. A procurei e, quando de fato conversamos, foi um grande alívio! Sentimento de libertação profunda! Minha mãe também me perdoou, pois ela sofreu muito vendo minhas faltas, meu comportamento, minha fuga... Foi um momento de grande graça. Jamais imaginava que seria algo tão forte e libertador. Essa decisão transformou a minha vida! Posso dizer com toda força que o perdão cura, liberta, restaura! Louvo a Deus pela oportunidade! Uma nova história começou a partir daquele dia. Bendito seja o nome do Senhor!

Por Scheila Soares da Silva Neves Grupo de Oração da Casa de Oração Diocese de Rondonópolis – Guiratinga (MT)


Sugestão de Leitura Revista Renovação . Mar/Abr 2019

UM LIVRO PARA AMAR E CONHECER MAIS A RCC Em 50 anos de vida, a RCC já alcançou diversas marcas e ofereceu à Igreja muitos frutos. Seria impossível colocar em um papel todas as graças e fazer um balancete ou relatório de tudo o que foi vivido até hoje. Mesmo assim, diante da necessidade de reunir o máximo de informações possível, a Renovação Carismática Católica do Brasiloferece, no ano do Jubileu de Ouro, um livro riquíssimo de acontecimentos e fortes relatos sobre parte dessa história. No Encontro Nacional de Formação, em 2019 (ENF), a RCCBRASIL lançou o Livro “Pois a promessa é para vós - Os 50 anos da RCC no Brasil”- relato da trajetória da Renovação Carismática Católica no Brasil que convida o leitor a mergulhar na extraordinária ação do Espírito de Deus que, em cinco décadas, transformou milhares de vidas. O autor da obra, Bruno Maffi (Grupo de Oração Dom Albano Cavalllin, Diocese de Londrina/PR), destacou já na introdução do livro o teor da narrativa: “Essa não é uma história comum. É uma história extraordinária, porque nela revelam-se os planos de Deus para uma porção da nação brasileira e da Igreja Católica no Brasil. Um povo carismático, apaixonado pelo Deus a quem serve”. No livro são citadas algumas pessoas importantes na história da RCC, grandes eventos, relações sobre ecumenismo, as primeiras Experiências de Oração, Escola Paulo Apóstolo, Secretarias e Ofensiva Nacionais, o princípio dos Grupos de Oração, o surgimento de sacerdotes e artistas carismáticos, canais de televisão e comunicação, moções espirituais, temas dos anos, como a RCC chegou em cada estado, fotografias, algumas entrevistas com ex-presidentes do Conselho Nacional e muito mais.

Dênis Alcides José (Grupo de Oração Rainha da Paz, Diocese de Paranaguá/PR), partilhou sobre a riqueza de conteúdo da obra e sobre como o Espírito Santo impulsiona o leitor para o amor de Deus. “A leitura nos leva a uma busca de um amor, vivenciado por alguns do passado, mas que reflete de uma maneira muito positiva em nosso presente. É algo muito especial viver esse amor renovador, na ação do Espírito Santo, na família carismática do Brasil”. Dênis também conta como a experiência de Pentecostes é atualizada a cada página lida: “O título do livro, ‘Pois a promessa é para vós’, mostra que, mesmo que venham as dificuldades e incertezas, a promessa é para todos nós, o Espírito Santo é dado! A experiência que essas pessoas tiveram com o Espírito Santo é fantástica porque nos animam e nos leva a nos aproximar cada dia mais do Deus de amor, de bondade e de alegria, de temperança...” Milhares de exemplares já foram vendidos e você não pode ficar sem testemunhar, por meio da leitura, as coisas grandiosas que Deus realizou na vida da Renovação Carismática Católica e, por meio dela, na vida da nação brasileira até os dias atuais. ADQUIRA EM www.rccshop.com.br

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Notícias Eventos Revista Renovação . Mar/Abr 2019

VAMOS COMPARTILHAR COM TODOS OS SACERDOTES A GRAÇA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO Celebrar, pastorear, aconselhar, direcionar, orar, consagrar.... Na prática religiosa do sacerdote, há uma lista de verbos que está estritamente ligada a uma condição: a graça do Espírito Santo atuando sobre ele. A Renovação Carismática Católica do Brasil, por meio dos even-

Foi uma restauração! Uma benção, verdadeiramente um retiro!” (Pe. Alessandro Sampaio)

Esse retiro foi um marco em minha vida e em meu ministério. Senti que algo mudou a partir dessa experiência no retiro. Mesmo tendo participado de outras experiências, estou sentindo que voltei diferente e com as minhas certezas mais vivas e isso tem se refletido no meu ministério [...]. O zelo pela oração, a prática cotidiana da oração em línguas, a entrega sem reserva nas mãos de Deus; são alguns dos sintomas que tenho experimentado com a ação do Espírito Santo” (Diácono Whertz Passos Mendes)

Foi um momento forte de revitalização no meu ministério diaconal. Vem Espírito Santo!” (Marcio Damião)

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tos que realiza para seminaristas, diáconos, padres e bispos, tem a intenção de oferecer um momento especial de experiência com o Batismo no Espírito Santo, prática de carismas e comunhão fraterna. Tudo isso para que, cada vez mais, nossos pastores estejam submersos na vida no Espírito Santo.

Obrigado aos provedores do Retiro Nacional dos Ministros Ordenados, em Aparecida. Para mim foi um momento importante de restauração e renovação espiritual. Muito bom! Deus vos ilumine e abençoe hoje e sempre!”

Em julho de 2018, a RCCBRASIL realizou o Retiro Nacional de Ministros Ordenados, na cidade de Aparecida. Alguns participantes daquele evento partilharam suas experiências:

EM 2019, TEM MAIS! E AGORA, COM SACERDOTES DE TODA A AMÉRICA LATINA!

De 19 a 22 de agosto de 2019, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP), vai acontecer o Retiro LatinoEu nunca tinha partici-americano de Sacerdotes da pado do retiro, foi a primeiRenovação Carismática Católica. ra vez. Foi uma grande O encontro internacional é promovido bênção em minha vida. pelo Conselho Católico Carismático LatiQue Deus abençoe a no-americano (Concclat) e acontece a cada dois anos. As inscrições para o evento deste Patti e a todos” ano serão encerradas no dia 15 de junho. (Pe. Joao Tadeu) ((Pe. Jairo Camilo do Prado)

Diversas lideranças e membros do Concclat estarão no evento. Como pregadores, já estão confirmadas as presenças de Dom José Luís Azcona (bispo espanhol emérito da Prelazia do Marajó- PA) e de Dom Francis Kalist (bispo indiano, conselheiro do Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica e assessor episcopal da RCC na Índia). Estarão palestrando no evento, também, Andrés Arango (colombiano, residente nos Estados Unidos e presidente do Concclat) e Katia Roldi Zavaris (presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL e vice-presidente do Concclat). Quem não deseja ver a Igreja lotada de sacerdotes cheios do Espírito Santo? O Retiro Latino-americano de sacerdotes é uma das grandes oportunidades de proporcionar essa novidade aos nossos pastores. Divulgue para o padre, diácono e seminarista mais próximo a você! Será um grande evento!


Notícias Revista Renovação . Mar/Abr 2019

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Projetos Revista Renovação . Mar/Abr 2019

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IEAD RCCBRASIL Projetos Revista Renovação . Mar/Abr 2019

NOVE RAZÕES PARA VOCÊ NÃO PARAR SUA FORMAÇÃO! O Instituto de Educação a Distância (IEAD) da Renovação Carismática Católica do Brasil completou nove anos de existência, em abril de 2019. Até hoje, são mais de 21 mil alunos inscritos, 1127 turmas formadas, 20 cursos lançados e uma incontável contribuição à vida e unidade da RCC. Afinal, também é a partir dos cursos que a identidade do Movimento chega a todos os cantos do Brasil e do mundo. Na caminhada da RCC, formação é um assunto extremamente importante e levado a sério. De uma for-

ma ou outra, todos são chamados a ser instrumentos de ensino e sujeitos de aprendizado. Todavia, quais razões você tem para fazer um curso online da RCCBRASIL?

Você já fez um dos cursos online de formação produzidos pela RCCBRASIL? Extraídas do conteúdo do curso online de Formação para Formadores, elencamos algumas razões para você não parar a formação em sua vida:

Inscreva-se agora mesmo e não perca tempo! O IEAD tem facilidades e benefícios para você e para seu Grupo de Oração. Acesse www.ieadrccbrasil.com.br ou fale conosco pelo (12) 3151-9999 e WhatsApp: (12)98138-3000.

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Projetos Revista Renovação . Mar/Abr 2019

COMPARTILHE SEU AMOR PELA RCCBRASIL! Em 2018, a Renovação Carismática Católica do Brasil lançou o “Pentecostes em Partilha”, uma contribuição anual de R$50,00 por Grupo de Oração para as atividades nacionais do Movimento. A contribuição foi uma inspiração dada ao Conselho Nacional da RCCBRASIL em janeiro do ano passado, com o objetivo de revitalizar as condições administrativas e saúde financeira da RCCBRASIL, além de ser utilizado também para o cumprimento das normas de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiro para que eventos comecem a acontecer na Sede do Movimento em Canas (SP). Em 2019, a campanha está de volta! De acordo com o triênio jubilar da RCCBRASIL, em 2019, o Movimento medita e busca a vivência da perfeita “Comunhão Fraterna”, a exemplo do que a própria Palavra de Deus apresenta, a partir do testemunho dos primeiros cristãos: “Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade” (Atos 4, 35b). Levando em conta o texto bíblico e a necessidade financeira do Movimento, a Renovação Carismática Católica do Brasil chama à partilha todos os Grupos de Oração do Brasil para dividir o bem necessário à RCC em nível nacional.

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Pentecostes em Partilha é uma campanha anual em que cada Grupo de Oração do Brasil é convidado a colaborar com a RCCBRASIL com uma doação de R$50,00. Uma ajuda extra e necessária para a manutenção do Escritório Nacional e demais atividades de evangeliza-

ção do Movimento em nosso país. No ano passado, Pentecostes em Partilha teve 40% da meta atingida. Com o valor arrecadado, o Movimento deu os primeiros passos nos projetos da Sede Nacional (Canas/SP) para cumprimento das normas de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiros. Foram feitos os primeiros investimentos e, em 2019, a intenção é que o processo retome e o certificado de segurança da Sede para eventos seja aprovado o mais breve possível. A data escolhida para essa partilha, a Solenidade de Pentecostes, deve-se ao significado dessa festa. No antigo testamento, Pentecostes era uma festa de muita alegria e ação de graças para os judeus, quando comemoravam a colheita do trigo, celebrada 50 dias após a Páscoa. Assim, o nome “Pentecostes” significa “quinquagésimo dia”. Já no Novo Testamento é nessa

festa que o Espírito Santo foi derramado sobre Maria e os Apóstolos reunidos no Cenáculo. A Palavra de Deus narra que eles (os primeiros cristãos, que experimentaram Pentecostes) viviam unidos e tinham tudo em comum (cf. At 2, 44). Faça parte dessa partilha você também! Ajude e seja RCC em todas as necessidades e atividades do Movimento. Doe, compartilhe seu amor pela RCCBRASIL! Toda a família carismática é convidada a participar, confiando na providência de Deus e contribuindo para que ela aconteça. Para mais informações e envio do comprovante de pagamento entre em contato conosco: pentecostesempartilha@rccbrasil.org.br

Telefone (12) 3151-9999 e Whats App (12) 98138-3000. ou (12) 98138-0557


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