5 minute read
UMA NOVA PREGAÇÃO A PARTIR DO RESGATE DE NOSSAS ORIGENS
A proclamação da Palavra de Deus nos impele ao verdadeiro louvor e à ação de graças.
ARCC completou em 2019 seus 50 anos no Brasil e segue, dia após dia, em sua missão de evangelizar e espalhar a Cultura de Pentecostes por todo o país, seja por meio dos Grupos de Oração, célula básica do Movimento, seja em ações ad extra, mediante diversas iniciativas promotoras da Nova Evangelização. Visando, desta forma, ser um canal difusor da experiência do Batismo no Espírito Santo a todos que forem alcançados por todas as iniciativas desenvolvidas.
Advertisement
Com o início da presidência de nosso irmão Vinícius Simões, avançamos, pois somos Igreja e a missão da Igreja é evangelizar. Três verbos nortearão nossa missão nos próximos três anos: Resgatar (2020), Guardar (2021) e Propagar (2022).
Assim nos disse nosso Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, explicando-nos essa inspiração: “Resgatar é voltar às origens, é focar no que é essencial em detrimento do que acessório – ou ‘penduricalhos’ como disse uma vez Dom Alberto Taveira à RCC - é refletir sobre o chamado próprio de Deus para o movimento eclesial, é retomar os propósitos do Senhor para o Grupo de Oração”. Como sequência, faz-se importante que as lideranças guardem a identidade dos Grupos de Oração, para que não sejam “uma experiência emocional, mas uma experiência que gera metanoia em nós”. Ao concluir, Vinícius ponderou que “propagar é multiplicar, é tornar conhecido, é compartilhar com todos na Igreja a graça do Batismo no Espírito Santo como nos pede o Papa Francisco, é ser ‘Igreja em saída’ mantendo-se em contínuo estado de missão”.
Ao encontro de toda essa moção, o Ministério de Pregação, serviço de anúncio da Palavra de Deus nos Grupos de Oração, reconhece a necessidade de fazer um resgate. Não apenas da memória dos modelos e formatos de pregações exercidas ao longo desses 50 anos, mas também identificar e RESGATAR as características mais marcantes encontradas nos primórdios e sua evolução no correr do tempo.
Assim, compreendendo o que tornava atraente o anúncio à época, as formas de pregação, expressões empregadas e, especialmente, a experiência de Deus a que as assembleias eram conduzidas, será de fundamental importância para todos nós pregadores, assim como para todos os servos do Brasil, avançarmos com esse “olhar pelo retrovisor”, almejando o horizonte que nos aguarda no que se refere às urgências evangelizadoras dos tempos hodiernos.
Não é só mera nostalgia, mas
é entendermos que, resgatando a eficácia das práticas da época e permitindo uma renovação no Espírito que sopra através de novas linguagens, novas formas, novo ardor, novos métodos, o anúncio da Palavra de Deus continue alcançando as almas e, pela força dessa Palavra, vidas sejam transformadas. O Espírito sempre renova todas as coisas!
Fazendo pesquisas sobre os primórdios do anúncio da Palavra de Deus nos Grupos de Oração do Brasil, na década de 70 e 80, foram encontradas algumas características principais. Tais componentes elucidam não uma fórmula, mas uma referência ao que o Espírito Santo inspirou e que caracteriza o Movimento como é conhecido hoje. A seguir, medito sobre dois pontos apresentados por pioneiros e como esses itens demonstram a construção do que hoje conhecemos como Ministério de Pregação.
Ardor no anúncio
Nosso querido Monsenhor Jonas Abib traduziu o ardor missionário como: “O desejo de partilhar algo novo, transformador!” e isso expressava um grande impulso para os pregadores do início da Renovação Carismática Católica no Brasil. Em entrevista a Bruno Maffi, autor do livro que narra a história da RCC no Brasil “Pois a promessa é para vós…”, o Monsenhor exorta ainda quanto à necessidade em falar sobre Jesus como centro de tudo, o desejo de que todos a Ele submetessem suas vidas e a vontade de que conhecessem a graça do Batismo no Espírito Santo.
Também, no Estado de São Paulo, encontramos Laura Mendes da Silva, a Tia Laura. Sua pregação mansa, mas vibrante, era pautada nas passagens do Novo Testamento, onde Jesus realizava suas curas.
Certa vez, numa entrevista, Luzia Santiago, da Comunidade Canção Nova, lembra que Tia Laura tinha a Palavra de Deus sempre nas mãos. Ela recorria aos salmos e às citações do Evangelho para motivar os momentos de oração. Sua pregação era muitas vezes motivada pelo ciclo carismático do mesmo dia do Grupo de Oração. A Palavra de Deus confirmava o exercício do dom carismático e propunha a resposta ao diálogo com o Senhor.
Quando se pergunta a alguns dos pioneiros da RCC no Brasil sobre como as pessoas nos Grupos de Oração correspondiam à Palavra pregada, existe uma unanimidade na resposta: “as pessoas eram profundamente tocadas pela Sagrada Escritura e, como consequência, todos traziam a Bíblia. Assim sabíamos quem estava acostumado a participar e quem vinha pela primeira vez, por portar a Bíblia”. A centralidade no Evangelho, principalmente nas parábolas e curas, manifestava a forma querigmática da pregação. “Todas as reuniões eram marcadas pelo anúncio do amor de Deus e da necessidade de conversão”, comentam os pioneiros.
Louvor como reação à palavra
Outra forte marca das primeiras pregações era o modo como o “louvar” se elevava como fruto da pregação da Palavra. Eram como momentos interligados: a Palavra motivava o louvor e ninguém conseguia ficar calado. As palavras de exaltação a Jesus brotavam, seja em vernáculo, ou em línguas.
Lembro-me de, certa vez, em conversa com Helena Rios, uma de nossas pioneiras no estado no Rio de Janeiro, ela me dizer que a Escritura Sagrada gerava um louvor espontâneo, individual, que tinha como ápice a “louvação”. Era lindo! Como se a luz da Palavra lida, citada ou pregada, desprendesse os lábios, que não conseguiam outra atitude a não ser louvar. A Palavra gerava não só o louvor, mas um desejo incontrolável de ler mais a Bíblia e vivê-la.
Olhar para toda nossa história cinquentenária deve ajudar a renovar nossa pregação de hoje, olhando para como o Senhor nos fez lá atrás. Todos somos chamados a, como em nosso nascimento, “pregar a Palavra”, abrirmo-nos à ação do Espírito, com ardor, para que o Ministério ao qual fomos chamados cumpra seu propósito: que todos os que ouvirem o anúncio dos textos sagrados reajam ao que foi ouvido e, por força desta Palavra que vem de Deus, aceitem Jesus como Senhor de suas vidas e iniciem um caminho diário de conversão.
Eis o nosso chamado, feito há 50 anos, projetado para todos os próximos tempos: “Prega a Palavra, (cf. II Tm 4,2) para que o mundo seja batizado no Espírito Santo!
Por Leandro Rabello
Coordenador Nacional do Ministério de Pregação RCCBRASIL Grupo de Oração Mater Domine