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LÂMPADA PARA MEUS PÉS É TUA PALAVRA E LUZ NO MEU CAMINHO
Vivemos num tempo em que o homem deseja viver sua vida a partir de si mesmo, tendo como referência sua própria vontade ou mesmo suas ideias relativistas. Não aceita ser conduzido, guiado por outros. Esse exacerbado orgulho humano é contrariado pelo versículo 105 do Salmo 119, quando o salmista expressa sua dependência a Deus e à Sua Palavra. E esta deveria ser a decisão de todos aqueles que conhecem a Deus, deixar-se conduzir pela Palavra do Eterno.
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Para nós, cristãos, essa “ Palavra” que escrevemos com letra maiúscula é Jesus, Palavra que se fez carne. E muitos textos da Sagrada Escritura nos permitem pensar assim: “o Senhor os precedia, de dia, numa coluna de nuvem, para lhes mostrar o caminho; de noite, numa coluna de fogo para iluminar, a fim de que pudessem andar de dia e de noite” (Ex 13,21).
Sempre, de dia e de noite, Ele nos precede com sua luz. “Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina” (Jo1, 9) e ainda, “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida”(Jo 8,12).
Se quisermos dar passos firmes e buscar o que é do Alto, será preciso nos deixarmos conduzir e a Palavra será esse guia que nos ajudará a fazer o caminho caminhando.
Alguns comentaristas judeus dizem que a Palavra é luz para os passos na medida em que os passos são dados. A cada passo dado, uma luz se acende. Deus e o homem trabalhando juntos. Dá-se o passo e o Senhor clareia, dando o chão. A Palavra de Deus ilumina os passos que vão sendo dados e se torna luz permanente para o caminho que se constrói a partir dela. Lâmpada que vai dando direção a cada passo e luz de sabedoria para construir um caminho protegido das ilusões humanas, mas guiado na Verdade que dá a vida. “Não cessa de falar deste livro da Lei. Medita nele dia e noite, para que procures agir de acordo com tudo o que nele está escrito. Assim farás prosperar teus caminhos e serás bem sucedido” (Js1,8).
Essa deveria ser nossa decisão, conduzir a própria vida em obediência à Palavra de Deus, educar os filhos a partir dessa verdade, tudo fazer se deixando guiar por ela. Mas, para isso, será preciso ter a coragem de sair do comodismo que nos impede de buscar cada dia a porção do maná que nos é reservada: “Eis que farei chover pão do céu; sairá o povo e colherá a porção de cada dia, a fim de que eu ponha à prova para ver se anda ou não na minha lei” (Ex 16,4) e, começar uma leitura assídua, orante e transformadora da Sagrada Escritura.
A Palavra de Deus se escreve na história dos homens e, se eles quiserem, ela se torna a história deles.
O documento de Aparecida afirma: “Encontramos Jesus na Sagrada Escritura, lida na Igreja. A Sagrada Escritura, Palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito Santo, é, com a Tradição, fonte de vida para a Igreja e alma de sua ação evangelizadora. Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo” (n. 247).
Flávio Josefo, historiador judeu, afirma que é na Bíblia que se encontra o mais elevado conhecimento e fonte da felicidade. Diz tê-la conhecido toda aos 14 anos, como Paulo diz a Timóteo “Desde criança conheces as Escrituras Sagradas. Elas têm o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé no Cristo Jesus” (2Tm 3, 15). Assim deveríamos ser educados e educar os nossos, na sabedoria e na luz da Palavra de Deus. Alguns rabinos acrescentam “a criança deve ser engordada com a Torah como o boi é cevado no estábulo. A lei aprendida na infância entra através do sangue e sai pelos lábios”.
No período bíblico, a educação judaica também era pautada nas Escrituras. Aprendia-se a ler e a escrever a partir delas. Aos cinco anos de idade, começavam os estudos sagrados. Aos dez anos, era preciso dedicar-se ao aprendizado da tradição; aos treze, deveria conhecer toda a Torah e praticar suas exigências, como o jejum. Aos quinze anos, iniciava-se o aperfeiçoamento de seus conhecimentos. Quando penso que Jesus também foi educado assim... Isto sim é fazer da Palavra uma luz para os passos.
Na Idade Média, um monge chamado Guigo II escreveu uma carta que foi intitulada “Escada dos monges”, que facilitou a leitura da Bíblia, quando estabeleceu uma forma para a realização da Lectio Divina ou leitura orante da Palavra de Deus. Seu esquema é simples e divide a leitura em quatro degraus (leitura, meditação, oração e contemplação), uma verdadeira subida ao monte. Subiremos ao lugar da Shekinah, da presença de Deus através desse método de leitura. Diziaele: “Procurai, lendo, e encontrareis, meditando; chamai, orando eabrir-se-vos-á pela contemplação”. Nos inícios da RCC, muitos noscriticavam dizendo que nossa Bíblia era como desodorante, vivia debaixodo braço. Sem saberem, diziam uma verdade que nos enchia o coração dealegria, pois realmente, como desodorante, nos perfumava a alma e nosimpedia de entrarmos num caminho fétido de pecado. E hoje, onde estánossa Bíblia? Se não nos acompanha mais, é sinal que aos poucos fomosperdendo o perfume de Cristo e já nos acostumamos com outros odores. Éhora de retomarmos sua leitura orante e construirmos nosso caminho deverdade, na Verdade, à sua luz. Assim, como frasco de perfume quebrado,seu odor se espalhará até os confins da terra.
OS 4 PASSOS PARA EXERCITAR A LEITURAORANTE DAPALAVRA DE DEUS
Conheça o processo do método Lectio Divina:
1 - Leitura - Ler atentamente o texto bíblico analisando todos os contextos, cenários, personagens e extrair o que a Palavra diz.
2 - Meditação - Deixar que o texto bíblico entre no seu coração e compreender o que a Palavra diz a você, de modo pessoal.
3 - Oração - Deixar o Espírito Santo utilizar da leitura para mover você a rezar. O que o texto faz você dizer a Deus?
4 - Contemplação - Este é o momento ápice do método, é quando você saboreia a Palavra e mergulha no mistério de Deus.
Por Pe. Eduardo José dos Santos Ribeiro, SJS
Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador
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