Revista Renovação. Edição 130 . Set/Out 2021
REVISTA
PERDOAR É A RECEITA DO AMOR DIVINO pág. 08 O ESPÍRITO SANTO NOS CONDUZ AO VERDADEIRO ARREPENDIMENTO pág. 09 O ARREPENDIMENTO E O PERDÃO NA FAMÍLIA pág. 16 CONDUÇÃO DA REUNIÃO DE ORAÇÃO ENCARTE
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Revista Renovação . Set/Out 2021
Nesta Edição Espiritualidade
Institucional
Sugestão de Leitura
06 Arrependei-vos e
18 Revista Renovação
26 Conheça a santa da terra
recebereis o dom do Espírito Santo
08 Perdoar é a receita do amor divino
09 O Espírito Santo nos
conduz ao verdadeiro arrependimento
entrevista Dom José Aparecido, nomeado assessor eclesiástico do Movimento em junho
24 Estudantes, universitários
e profissionais: sua missão é levar o Batismo no Espírito Santo!
12 Como ter um
coração contrito
16 O arrependimento e o perdão na família
15 Vida no Espírito no mundo virtual
Ministérios em Partilha
de Jesus
A RCC em minha vida 27 “Assumir o papel de
porta voz da esperança”
Projeto 28 Sede Nacional: lugar de
21 Ministério para
encontro e comunhão
Seminaristas
Grupo de Profissionais do Reino
23 A fraternidade
sacerdotal: um dom para todos os padres
EXPEDIENTE Publicação Oficial da Renovação Carismática Católica do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 22 - Edição Nº 130: Set/Out 2021
Jornalista Responsável: Jersey Simon Ferreira Registro Profissional 0034836/RJ Redação: Pedro Whately, Rayssa Ferreira, Raphaely Fernandes Revisão: Laura Galvão Fotos: Arquivo RCCBRASIL, Shutterstock, Pixabay Projeto Gráfico, Capa: Priscila Carvalho Venecian Design e Diagramação: João Maria da Silva Neto E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br
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Editorial Revista Renovação . Set/Out 2021
ESSAS PÁGINAS PODEM MUDAR A ROTA DA SUA VIDA Um dos temas que perpassa toda a história da salvação é o tema do arrependimento. Desde os profetas do Antigo Testamento, passando pelo profeta João, até as revelações do livro do Apocalipse, a ordem “arrependei-vos” sempre marcou as Sagradas Escrituras. “Um coração arrependido e humilhado, ó Deus, não haveis de desprezar”, diz o Salmo 50, 19. Na verdade, é Deus quem insiste em pedir aos homens e mulheres de todos os tempos que retornem ao caminho da justiça e do amor, que se arrependam e se convertam. Em sua pregação aos judeus de todas as partes, que por uma estratégia do Espírito estavam em Jerusalém para a grande Festa de Pentecostes, São Pedro ensina o que é preciso fazer para receber o Espírito Santo. “Perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: irmãos, o que devemos fazer? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados. Então recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 37b-38). Neste tempo, “arrependimento” é uma palavra de ordem para que cada carismático retome o caminho rumo à santidade, resgate a intimidade profunda com o Senhor através da vida espiritual e viva com coerência o seu chamado. O apelo eterno ao arrependimento atualiza-se para cada um dos membros da RCCBRASIL por meio desta edição de número 130 da Revista Renovação. Aprofundamos a intrínseca relação entre o arrependimento humano e ação de Deus, através dos artigos “Arrependei-vos e recebereis o dom do Espírito Santo” e “Só o Espírito Santo pode nos conduzir ao verdadeiro arrependimento”. Também propomos uma profunda reflexão sobre a contrição do coração e o que é preciso fazer para se arrepender de verdade. Ainda trazemos uma belíssima orientação sobre o perdão na família e sobre a importância de perdoar para sermos perdoados. E como reagir caso a RCC seja “atacada” na internet? Trazemos os direcionamentos para agir com misericórdia e sabedoria diante de situações como essas. Celebrando o Mês das Missões, esta Edição traz, ainda, um belíssimo testemunho de um profissional da saúde que enfrentou o pior momento da Pandemia do Coronavírus com a força do Espírito Santo. E para fechar, trazemos uma entrevista especial que fizemos com Dom José Aparecido, novo assessor eclesiástico da RCCBRASIL. Que você tenha uma excelente leitura e que cada página o leve ao verdadeiro arrependimento para uma nova vida! Por Jersey Simon Ferreira
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Palavra do Presidente Revista Renovação . Set/Out 2021
ARREPENDER-SE É UM PASSO FUNDAMENTAL PARA A GENUÍNA CONVERSÃO São Paulo em sua Carta aos Efésios (Ef 1,3-11), no Hino de louvor à providência divina, bendiz a Deus, pois em Jesus Cristo recebemos do Pai toda bênção espiritual e fomos escolhidos, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis aos Seus olhos. Essa bênção espiritual é a redenção, a salvação conquistada por Jesus. De igual modo, é maravilhoso ler em Colossenses (Col 1,13) que o Pai nos arrancou do reino das trevas e nos introduziu no Reino de seu filho amado no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Com efeito, fomos resgatados, readquiridos, a escritura de propriedade que havia contra nós nas mãos de Satanás, o Senhor a revogou por sentença definitiva. Já não somos escravos do maligno nem do pecado. Deus nos libertou para a vida eterna. Ele nos arrancou “na marra” das garras de Satanás. Mas é bem verdade que, muitas vezes, não vivemos como pessoas salvas, resgatadas; não vivemos a dignidade de filhos de Deus... Pecamos, ofendemos a Deus, nos distanciamos Dele, fazemos a nossa própria vontade. Negamos com a nossa vida a bênção espiritual, a escolha de Deus, renegamos o benefício de Deus. Por isso São Pedro nos exorta a uma ação concreta: Arrependei-vos e recebereis o dom do Espírito Santo! Sabemos que o desejo de Deus é derramar o Seu Espírito Santo sobre nós a cada momento, pois a Promessa é para nós, para nossos filhos e para todos aqueles que de longe ouvirem o apelo do Senhor (cf. At 2,39). Entretanto, o batismo no Espírito Santo não é uma experiência automática, requer preparação! São Pedro nos ensina o caminho para o autêntico batismo no Espírito Santo, a chave para uma verdadeira experiência com a Pessoa do Espírito Santo: o arrependimento, o quebrantamento de coração, a contrição.
A Mãe Igreja nos ensina que arrepender-se significa ter dor de alma por haver ofendido a Deus e detestar o pecado cometido, com o firme propósito de não tornar a pecar (Catec. 1451). Esta dor de alma não diz respeito a uma dor meramente emocional ou por acusação de consciência, nem tampouco evoca mera atitude externa. É uma dor que move a nossa vontade, o nosso desejo de mudança, leva-nos a procurar o remédio eficaz. Leva-nos às lágrimas da penitência por havermos ofendido o coração de Deus, que só sabe nos amar. Não se trata de remorso, pois este é oriundo da soberba de não se reconhecer e aceitar falho; trata-se antes da compunção de coração por ofender o Amor. Detestar o pecado significa ter repulsa, aversão, distanciamento de tudo aquilo que foge ao objetivo para o qual fomos criados: celebrar a glória de Deus. Arrepender-se é um passo fundamental para a genuína conversão, para a mudança de sentido na vida, para a revisão de atitudes, temperamento etc. Então, arrependimento quer dizer, em última análise, dor interior profunda que gera mudança de atitude, ou seja, atitude contrária ou oposta àquela tomada anteriormente. Significa ainda um caminho de volta do exílio, endireitar o caminho, voltar-se para Deus, retomar a amizade com Deus, voltar ao primeiro amor.
Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Jesus Senhor
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Espiritualidade Revista Renovação . Set/Out 2021
ARREPENDEI-VOS E RECEBEREIS O DOM DO ESPÍRITO SANTO O ponto de partida para uma vida nova é o arrependimento e a contrição verdadeira, que geram o genuíno Batismo no Espírito Santo.
A
rrependimento é mudança! Mudança de “mente”, mudança de “coração”, de intenção, de disposição, de atitudes. Também pode significar pesar, conversão. Uma bela definição seria também “dor por causa do pecado”. O arrependimento sincero nos leva à METANOIA. Muito já ouvimos essa palavra, mas o que ela significa? MUDANÇA! Nosso Senhor “se arrepende” de seu plano de castigar com a peste (I Cr 21,15); também, em dado momento, “se arrepende da criação do homem” (Gn 6,6); repensa a eleição de Saul como rei (ISm 15,11). É muito bonito ler em Jeremias, na parábola do oleiro (18,8-10), como se narra a bela história daquele que está “a modelar” para significar que a determinação do Senhor em punir não é irreversível. Se o homem volta de seus caminhos maus, o Senhor “se arrependerá” de seu propósito de puni-lo. Essa reflexão pode ser invertida quando afirmamos que o Senhor é diferente do homem, enquanto a humanidade não muda sua mente (Nm 23,19; I Sm 15,29). Por exemplo, Ele jura que Davi é sacerdote para sempre e não se arrepende (Sl 110,4). Também destruiu Sodoma e Gomorra sem se arrepender (Jr 20,16). Seus dons e seu chamado são concedidos sem revogação (Rm 11,29). No Novo Testamento, arrependimento e conversão são muito mais salientados, sobretudo nos evangelhos e em Atos dos Apóstolos, do que nos outros livros.
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A pregação de João Batista sempre foi um apelo ao arrependimento e à conversão. E assim o prega, porque o Reino dos Céus se aproxima, por isso convida a todos para o batismo de arrependimento.
No início da pregação de Jesus, Aquele que batiza no fogo, o arrependimento é anunciado da mesma forma de João Batista. Arrependimento e Fé: porque o reino se aproxima! E assim, chegamos ao versículo central deste tema, a pregação de Pedro: “Arrependei-vos e recebereis o dom do Espírito Santo”! Sabemos que essas palavras estão no contexto de Pentecostes, onde Pedro, pondo-se de pé, junto com os outros, “prega” Jesus! São palavras que mexem com o interior dos ouvintes presentes em Jerusalém para a festa das colheitas. Ele fala de arrependimento para “ser batizado no Espírito Santo!” Em seu histórico, Pedro emite as primeiras palavras no momento de sua conversão e elas foram a confissão de que era pecador, de um homem profundamente arrependido. Assim sendo, a pregação dele não poderia ser outra: Arrependei-vos e sereis batizados! Na voz de Pedro, a Igreja continua a pregar a mesma mensagem pelos séculos futuros. Ela alerta a todos do perigo da perdição, que “sobrevoa” o impenitente, ou seja, sobre todos nós quando não nos reconhecemos pecadores e não nos arrependemos.
Pedro emite as primeiras palavras no momento de sua conversão e elas foram a confissão de que era pecador, de um homem profundamente arrependido. Assim sendo, a pregação dele não poderia ser outra: Arrependei-vos e sereis batizados!
Espiritualidade Revista Renovação . Set/Out 2021
Arrependimento é e sempre será uma mudança de vida total e verdadeira. É tão bonita a comparação que Jesus faz ao aludir à criança acerca da pureza, chamando-nos a ter um coração como o delas.
Espírito, gerando arrependimento e verdade interior.
Vale ainda ressaltar, sobre o arrependimento, o mais admirável “jogo de palavras” acerca do assunto em toda a bíblia é de autoria do Apóstolo Paulo: “o sofrimento que vem de Deus produz um arrependimento saudável do qual não nos arrependemos” (II Cor 7,10). O autor Behm, teólogo alemão, observou que, em Paulo, o arrependimento se transforma em fé, que é o primeiro fruto e o correlativo do arrependimento, à atitude daquele que se volta a Deus vindo do pecado.
“Qual é o espírito do mundo? O que é esse mundanismo, capaz de odiar, de destruir Jesus e seus discípulos, aliás, de corrompê-los e de corromper a Igreja?”. “O mundanismo é uma proposta de vida”, “é uma cultura, é uma cultura do efêmero, uma cultura do parecer, da maquiagem, uma cultura ‘do hoje sim, amanhã não, amanhã sim e hoje não’. Há valores superficiais. Uma cultura que não sabe o que é fidelidade, porque muda segundo as circunstâncias, negocia tudo. Essa é a cultura mundana, a cultura dos mundanismos”. E Jesus reza “para que o Pai nos defenda dessa cultura do mundanismo. É uma cultura do descartável”, segundo a conveniência. “É uma cultura sem fidelidade” e é “um modo de viver também de muitos que se dizem cristãos. São cristãos, mas são mundanos”.
“Um coração arrependido e humilhado, ó Deus, não haveis de desprezar”, diz o Salmo 50, 19. Na verdade, Deus em sua infinita bondade, é quem insiste em pedir aos homens e mulheres de todos os tempos que retornem ao caminho da justiça e do amor, que se arrependam e se convertam. Lendo Atos 2, 37 e 38, vemos que o caminho para a vida no Espírito e para a intimidade com a pessoa do Espírito Santo, vem do verdadeiro arrependimento de coração, que gera a vida nova! Aliás, nunca nos esqueçamos que o arrependimento e a contrição ao verdadeiro e genuíno Batismo no Espírito Santo, sempre será nosso ponto de partida para a vida nova. Assim como cada um de nós temos o dia do nosso nascimento, uma vida nova, no Espírito, nasce com o arrependimento sincero!
Refletindo sobre esse mundanismo, assim disse nosso querido papa Francisco, no dia 16 de maio de 2020:
Arrependimento é o remédio eficaz para nos livrar deste mundanismo e nos presentear com a maior de todas as forças: O ESPÍRITO SANTO! Avante!
Aliás, nunca nos esqueçamos que o arrependimento e a contrição ao verdadeiro e genuíno Batismo no Espírito Santo, sempre será nosso ponto de partida para a vida nova! Assim como cada um de nós temos o dia do nosso nascimento, uma vida nova, no Espírito, nasce com o arrependimento sincero! As sentinelas que o Senhor precisa neste tempo são as FORTES! Aguerridas, que sempre gritam: AVANTE! O Senhor deseja desde nosso “nascer de novo” (Jo 3,3) formar um povo santo e fortalecido! E a profunda mudança que Ele espera de nós parte de nosso interior. Para viver a vida nova “No Espírito” precisamos abandonar tudo que é mundano em nós pela Graça do
Por Leandro Rabello
Grupo de Oração Mater Domine Coordenador Nacional do Ministério de Pregação RCCBRASIL
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Espiritualidade Revista Renovação . Set/Out 2021
PERDOAR É A RECEITA DO AMOR DIVINO Perdoar para ser perdoado é a medida evangélica daqueles que aderiram ao seguimento de Jesus
O
perdão é a chave que abre o nosso coração para que a Glória de Deus cresça em nós, por isso Jesus se apresenta batendo à porta de nosso coração, porta que só tem fechadura por dentro. Jesus apresentou nos evangelhos que a medida do perdão de Deus está no perdão aos irmãos, assim compreendemos que amar e perdoar estão correlacionados, pois nos diz São João: “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus a quem não vê” (1 Jo 4,19-12). Para alcançarmos o céu, precisamos perdoar para ser perdoados, foi o que Jesus ensinou aos seus discípulos, no Pai-Nosso, quando o pediram para que os ensinasse a orar. Também com o discípulo Pedro, quando este faz a pergunta de quantas vezes devia perdoar o irmão que fizesse algo contra ele: 7x7 (muitas vezes), Jesus o corrige dizendo que deveria ser 70x7, ou seja, infinitamente (Mt 18,21-22). Vemos, então, que nossa relação com o Pai, passa pela reconciliação com o próximo, que compreende o perdão sem medida e sem limites.
Vemos, então, que nossa relação com o Pai, passa pela reconciliação com o próximo, que compreende o perdão sem medida e sem limites
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Perdoar nossos ofensores é o que o mestre Jesus deixa bem claro ao ensinar o Pai Nosso: “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, este ‘como’ nos associa diretamente à misericórdia e compaixão que Deus tem de nós, assim como foi a obra que Jesus Cristo fez por nós. Então, sendo conduzidos pelo Espírito Santo, temos a possibilidade desta unidade do perdão, pois podemos nos per-
doar mutuamente como Deus nos perdoou, em Cristo (cf. Ef 4,32). Quando entregamos nossas vidas e nosso coração ao Senhor, devemos pedir ao Espírito Santo que venha agir transformando a mágoa, o rancor e até mesmo o ódio em compaixão e misericórdia, chegando ao amor divino de interceder por aquele que nos ofendeu. Perdão não é sentimento, mas sim um ato de vontade daquele que acolheu Jesus Cristo em sua vida e compreendeu que Seu amor foi de entrega própria por nós. Nós que vivemos o Batismo no Espírito Santo, somos chamados a ser artífices da reconciliação. O perdão de Deus concedido a nós passa necessariamente pela forma como agimos com os outros na história de nossas vidas. Nosso caminho de santidade de vida passa pela queda de muros de inimizade, contenda e discórdia. Não há limite e nem medida para perdoar.
Nós que vivemos o Batismo no Espírito Santo, somos chamados a ser artífices da reconciliação Deus está sempre disposto a nos perdoar quando nos achegamos a Ele com o coração contrito e arrependido, junto com Ele passemos pela história de nossas vidas liberando o perdão àqueles que, de alguma forma, deixaram marcas negativas. Perdoar para ser perdoado é a medida evangélica daqueles que aderiram ao seguimento de Jesus. Nós, enquanto ‘carismáticos’, devemos trilhar esse caminho que nos liberta e santifica, pois o perdão é a receita do amor divino. Por Vicente Gomes de Souza Neto
Grupo de Oração ICTUS – RCC RJ Coordenador Nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação
Espiritualidade Revista Renovação . Set/Out 2021
O ESPÍRITO SANTO NOS CONDUZ AO VERDADEIRO ARREPENDIMENTO Apenas o Espírito pode nos mostrar os locais que necessitam de arrependimento, pois caminha com o homem rumo à vida eterna e ilumina os passos para um arrependimento sincero dos pecados.
Q
uem não cantou em um Grupo de Oração uma conhecida canção que diz assim: “Tu anseias eu bem sei por salvação, tens desejo de banir a escuridão, abre, pois, de par em par, teu coração, e deixa a luz do céu entrar”? Possivelmente, ao ler estes versos, já vieram à mente a melodia e a letra. Por isso, ao iniciar esta leitura somos convidados a, de fato, deixar que o Espírito Santo, a luz da verdade, ilumine nossas almas e afaste as trevas que nos impedem de enxergar o caminho que nos conduz para entrar na Terra Prometida. Abre, pois, seu coração e deixe a luz do céu entrar. O primeiro encontro da alma com essa luz acontece no nosso batismo sacramental. Nesta ocasião, a iluminação da alma é simbolizada pelas vestes brancas que o neófito recebe após o banho de regeneração. Ao recebermos a graça do dom do Espírito Santo no batismo, a Igreja nos dirige estas sábias palavras: “Nasceste de novo e te revestiste de Cristo e por isso trazes esta veste branca; (...) conserva a dignidade de filho de Deus até a vida eterna”. Certa vez, Nosso Senhor Jesus Cristo estava em um dos diálogos com seus discípulos, ocasião em que lhe fora perguntado quem poderia se salvar. Em resposta à indagação, Jesus diz: “Aos homens isso é impossível, mas a Deus tudo é possível” (Mt 19, 25-26). Essa afirmação conduz a um caminho necessário para a nossa salvação: o caminho do arrependimento.
Assim, para conservar a dignidade de filho de Deus, precisamos pedir insistentemente que o Espírito Santo nos convença do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16, 8). Apenas Ele nos convence do pecado, revela as nossas faltas e ilumina as manchas das vestes que antes não eram vistas pela falta de luz. As manchas dos pecados leves e dos pecados graves.
o Espírito Santo nos convença do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16, 8). Apenas Ele nos convence do pecado, revela as nossas faltas e ilumina as manchas das vestes que antes não eram vistas pela falta de luz É o Espírito que nos convence do mal existente nas zangas, impaciências, mau humor, julgamentos, relaxamento espiritual, pouca caridade nos pensamentos e atitudes para com o próximo, infidelidades com a Igreja, ausência de domínio próprio, desleixo nas orações, nas comunhões, nas confissões, precipitações, sensualidades e tantas outras manchas que, quando se juntam, formam uma grande nódoa. Somente o Espírito pode nos mostrar os locais que necessitam de arrependimento, o mesmo Espírito caminha com o homem rumo à vida eterna e ilumina os passos para um arrependimento sincero dos pecados. Ao trazer à luz as manchas do pecado, o Espírito Santo auxilia o homem a examinar-se profundamente para eliminar o veneno do pecado, pela contrição do coração ou, nos dizeres dos santos Padres, na “compunção do coração”, pois diziam eles “do mesmo modo que se cortam tumores com um ferro, para que possa vazar o carnicão: assim também se cortam os corações com o escalpelo da contrição, para que possam eliminar o veneno mortal do pecado” (Catecismo Romano, 1962, Ed, p.280).
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o Espírito Santo auxilia o homem a examinar-se profundamente para eliminar o veneno do pecado, pela contrição do coração A contrição do coração passa pela dor na alma e a detestação do pecado. Este é o ensinamento dos padres do Concílio de Trento: “Contrição é uma dor da alma, e uma detestação do pecado cometido, com o firme propósito de não tornar a pecar” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1451). Não se trata aqui, necessariamente, de uma dor emocional, embora seja um dos sentimentos que permeiam nossa alma. O arrepender-se é um ato de vontade, um ato pessoal que vem acompanhado de uma dor na alma. A dor do arrependimento, enquanto sentimento, não é o arrependimento em si, mas o acompanha, como ensina Santo Agostinho ao dizer que “a dor é companheira da penitência, não a própria penitência”. A detestação relaciona-se com repulsa, aversão e distanciamento. Várias situações, coisas, sentimentos podem ser detestáveis com base no aspecto negativo que se revelam: não nos agrada, não fazem bem ao nosso paladar, não causa bem estar. Pela ótica do arrependimento, há uma diferenciação na causa raiz, a razão
que leva a esta aversão ao pecado se dá pelo aspecto da atração positiva, do sim, do amor profundo e sincero ao Amado Jesus. Detesta-se ofendê-lo porque O amamos sobre todas as coisas, de todo coração e de toda a alma. O amor a Deus se antepõe à aversão ao pecado. Portanto, para uma verdadeira detestação do pecado, é preciso, em primeiro lugar, um verdadeiro amor Apaixonado por Deus. É preciso ainda mais ter consciência do amor apaixonado de Deus por nós: somos filhos muito amados.
para uma verdadeira detestação do pecado, é preciso, em primeiro lugar, um verdadeiro amor Apaixonado por Deus É preciso ainda mais ter consciência do amor apaixonado de Deus por nós: somos filhos muito amados. É preciso que cada um examine o seu procedimento (Gl, 6,4), sem medo, vergonha, justificativas, máscaras ou rodeios. Não é fácil, mas o Espírito Santo de Deus nos dá a graça de olhar para o interior e enxergar nele as misérias, pecados, descobertas de impurezas... Mas, que belo é quando isso vem à luz e não está mais oculto aos nossos olhos! Importa que abramos nossas almas ao Senhor que é seu dono e recebamos dele a alegria e a liberdade espiritual de filhos amados do Pai e cantarmos, enfim: “que alegria andar ao brilho dessa luz, vida eterna e paz no coração produz”. O arrependimento, ao contrário do simples remorso, é libertador porque nos leva ao encontro de Deus nosso Pai com amor filial que diz: Abá-Pai. É motivo de louvor ao Espírito Santo que nos deixa ser iluminados pela graça de reparar no caminho percorrido, examiná-lo à lupa, identificar as verdadeiras intenções do coração e dizer ao Pai amoroso: Eu me arrependo, Senhor, quero voltar ao caminho! Pois “seja qual for o grau a que chegamos o que importa é prosseguir decididamente” (Fl 3,16). Recomeçar a cada dia com a presença da luz do Espírito Santo.
Por Kédina Rodrigues
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Coordenadora do Ministério de Pregação do DF Grupo de Oração Beata Elena Guerra - Brasília (DF)
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COMO TER UM CORAÇÃO CONTRITO A verdadeira contrição do coração é uma graça divina, que move a alma a reconhecer que praticou maus atos que ofendem a Deus.
N
ós somos pecadores (cf. Rm 3,23), mas recebemos a justificação, isto é, nos tornamos justos pela graça que recebemos da Redenção realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Rm 3,24). Então, precisamos entender bem o que é um coração contrito, pois podemos, pelo orgulho, achar que a força do arrependimento está em nós e cairmos no próprio laço que armamos.
humano como o oleiro modela uma peça (cf. Jr 19). Mas o ser humano, esquece-se de que é pó e ao pó vai tornar (cf. Gn 3,19). Por isso, precisamos apresentar o nosso coração a Deus, para que com sua graça possa tornar o nosso coração humano novamente. Como o coração está empedrado é preciso virar pó para que, com a água do Espírito, sejamos recriados.
Primeiramente, o coração na Sagrada Escritura é o lugar da decisão humana, pois é do coração humano que procedem os maus desígnios e as ações pecaminosas (cf. Mt 15,19). Mas, também é do tesouro do coração que brotam as boas obras (cf. Lc 6,45).
Deus modela o ser humano como o oleiro modela uma peça (cf. Jr 19). Mas o ser humano, esquece-se de que é pó e ao pó vai tornar (cf. Gn 3,19)
Esse coração, muitas vezes, com as decisões egoístas e pecaminosas, vai se empedrando, se tornando uma rocha dura da qual somente podem brotar obras carnais e más. É por isso que Ezequiel profetizava que Deus transformaria o coração de pedra em coração humano: “ Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36,26-27). O caminho para isso acontecer é a contrição. O que Deus quer é o verdadeiro arrependimento, o coração contrito: “Sacrifício a Deus é um espírito contrito, coração contrito e esmagado, ó Deus, tu não desprezas” (Sl 51,19). A palavra ‘contrito”, em hebraico é dakah, “esmagar, estar quebrantado”. No grego suntetrimenon é “esfregar, esmerilhar”, isto é, um coração que virasse pó.
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Lembremos que o ser humano foi criado, segundo o livro do Gênesis, como um boneco de barro e nele foi insuflado o hálito da vida (cf. Gn 2,6). Deus modela o ser
O salmo 51 nos exorta a que esmigalhemos o nosso coração empedrado pelo pecado, para que ele seja recriado na graça de Deus. “Ó Deus, cria em mim um coração puro, renova um espírito firme no meu peito” (Sl 51,12). É muito importante este versículo! É Deus quem cria um coração puro, não é o ser humano que se purifica a si mesmo. O verbo criar – barah – é o mesmo verbo para criar o céu e a terra (cf. Gn 1,1) e o sujeito desse verbo na Sagrada Escritura é somente Deus. Então, é Ele que cria o coração puro, é o Senhor que toma o nosso coração esmigalhado e o transforma novamente num coração humano. É o Espírito Santo que nos dá a graça do coração contrito, pois assim diz Jesus sobre a vinda do Paráclito: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim” (Jo 16,8-9). Nesse mesmo sentido, nos reza o salmista, é o Senhor quem cura os corações despedaçados (cf. Sl
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147,2-3) e salva os de espírito abatido (cf. Sl 34,19). Nós podemos cair numa sugestão do inimigo da nossa alma e ter uma imagem de Deus que nos rejeita, porém, a imagem que o profeta Isaías apresenta é exatamente de um Deus que acolhe o pecador arrependido, de coração pobre e contrito: O Senhor está junto daquele que tem o coração contrito e abatido (cf. Is 57,15); apresenta também o ungido do Senhor como aquele que acolhe e cura os de coração contrito (cf. Is 61,1).
Nós podemos cair numa sugestão do inimigo da nossa alma e ter uma imagem de Deus que nos rejeita, porém, a imagem que o profeta Isaías apresenta é exatamente de um Deus que acolhe o pecador arrependido Devemos pedir a graça do coração contrito, mas por outro lado, cada um de nós deve demonstrar que quer crescer, esforçar-se para crescer. Esse esforço é o que a Tradição Católica chama de “penitência”. Como nos diz o profeta Baruc: “Eis o que direis: Ao Senhor nosso Deus a justiça, mas a nós a vergonha no rosto, como acontece hoje” (Br 1,15). A vergonha, o enrubescer o rosto por ter pecado. No Evangelho vemos como esse esforço foi feito pelo Filho Pródigo, o protótipo de coração contrito. Depois de ter esbanjado os bens do pai, por isso, pródigo, gastador, e ver-se com inveja da comida dada para o animal impuro, em seu coração toma a decisão: “E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome!’” (Lc 15,17). Nesse versículo, condensa-se o que dissemos: primeiro cai em si, entra dentro de si, do seu coração, reconhece-se pecador e toma a decisão de arrependimento. Segundo, lembra-se do amor do pai. Terceiro, faz o esforço, levanta-se (um verbo que reporta à ressurreição) e vai para a casa do pai. O centro da pregação de Jesus é exortar-nos ao arrependimento perfeito, a ter esse coração contrito diante da vinda do reinado de Deus entre os homens na sua Pessoa (cf. Mt 4,17). Assim, também, São Pedro no dia de Pentecostes, suscita a contrição do coração das pessoas, pela graça do Espírito Santo e pela pregação da Palavra (cf. At 2,38).
O centro da pregação de Jesus é exortar-nos ao arrependimento perfeito, a ter esse coração contrito diante da vinda do reinado de Deus entre os homens na sua Pessoa Quanto à imagem de Deus que acolhe o pecador de coração contrito, também Jesus leva essa imagem ao seu cume, como no caso de Zaqueu, um pecador público, um publicano, que tocado pela convivência com o Senhor Jesus toma a decisão de mudança de vida, fruto de um coração contrito, realiza obras de conversão (cf. Lc 19,8). Na mesma linha, a pecadora arrependida demonstra o seu coração contrito e arrependido com obras de amor abundante, beija os pés de Jesus, rega com as lágrimas e enxuga com os cabelos (cf. Lc 7,44-46). Por fim, o publicano arrependido volta para a casa justificado, porque foi humilde em reconhecer-se pecador e pedir a misericórdia de Deus (cf. Lc 18,13). A contrição, na visão de São Paulo, é a tristeza suscitada por Deus, o arrependimento perfeito que leva a tomada de decisão de recomeçar na santidade (cf. 2 Cor 7,9). Pois, é o Deus de bondade, como no Filho Pródigo que suscita o arrependimento (cf. Rm 2,4). Finalizando, tomemos o conceito de contrição que o Catecismo da Igreja Católica traz, contendo o amor de Deus que suscita a conversão, atrai o perdão de Deus e prepara para uma boa confissão: “O arrependimento (também chamado “contrição”) deve inspirar-se em motivações que brotam da fé. Se for motivado pelo amor de caridade para com Deus, diz-se ‘perfeito’” (n. 1492). Peçamos a Deus, o Espírito Santo, para que recrie os corações na graça, transformando nosso coração de pedra em coração humano, para que realizemos obras de conversão para a Glória de Deus e salvação nossa! “Meu Deus, eu me arrependo de todo meu coração de vos ter ofendido, porque sois bom e amável. Prometo, com a vossa graça, não mais pecar. Meu Jesus, misericórdia. Amém”.
Por Padre Micael Moraes
Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador (Salvistas)
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VIDA NO ESPÍRITO NO MUNDO VIRTUAL Quanto somos capazes de testemunhar a Verdade nas redes sociais?
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uantos encontros o mundo virtual tem proporcionado: Amigos de infância, que há muito não encontrávamos, parentes mais distantes, conhecidos que vivem em outros países... As redes sociais liberaram as fronteiras e estamos cada vez mais próximos, conectados. As redes edificam, colaboram. Em tempos de pandemia, proporcionaram presença, participação e companhia. No campo fecundo da internet, há muito joio que se pode confundir com trigo. Na mensagem pelo 55º Dia das Comunicações Sociais, em 24 de janeiro de 2021, o Papa Francisco alertou sobre os riscos nas redes sociais: “todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as”. Lembro que o saudoso Dom Albano Cavallin costumava dizer que a Verdade é uma Pessoa, a própria Pessoa de Jesus Cristo. Em seus ensinamentos, o Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Londrina, no norte do Paraná, tratava a internet como o mais moderno areópago (Atos 17,16-34) e que prezar pela verdade nela seria o mesmo que levar Jesus vivo às redes sociais. Infelizmente, em um campo onde não há presença física, muitos se escondem em perfis falsos, máscaras que guardam corações feridos ou dissimulados, novos sepulcros caiados. Quantos comentários impertinentes, mensagens cheias de zombaria, desrespeito e mentiras! Agressões virtuais, com resultados reais. Partidos criados entre famílias.
em um campo onde não há presença física, muitos se escondem em perfis falsos, máscaras que guardam corações feridos ou dissimulados, novos sepulcros caiados Quando encontramos irmãos que discordam, que se rebelam contra nossa Igreja ou mesmo contra o Movimento Eclesial da RCC, qual seria a medida mais equilibrada a tomarmos? Ainda na Mensagem pelo Dia das Comunicações, o Papa Francisco convida a orar: “ensinai-nos a ir e ver, ensinai-nos a ouvir, a não cultivar preconceitos, a não tirar conclusões precipitadas”. A regra
Espiritualidade Revista Renovação . Set/Out 2021
de ouro na comunicação é não se precipitar. A palavra dita, ou no caso, publicada, pode ser deletada, mas ainda que dure segundos alcança a milhares de pessoas. O Evangelho, a Boa Notícia, nos traz os ensinamentos para as reações que como cristãos devemos escolher. Jesus, ao ver a violência de Pedro, prefere ordenar que o mesmo guardasse a espada (João 18, 10-11). Quanto vivemos pelo Espírito para sermos capazes de guardar as ofensas e ver em uma mensagem agressiva uma pessoa ferida? Quando os homens tomaram pedras para apedrejar Jesus, Ele saiu do meio deles, em silêncio (João 8,59). Diante do sinédrio, com oportunidade de defender-se, Jesus se calou (Mateus 26,63). Quanto estamos dispostos a não nos importarmos com nossa imagem, nossa honra, e silenciarmos diante de insultos? O Apóstolo Paulo deixou uma recomendação aos cristãos de Roma que bem se enquadra aos usuários das redes sociais. Ele chama a atenção sobre o narcisismo, o achar-se sábio sobre os outros, sobre querer possuir a razão sempre (Romanos 12, 16). São vícios dos que se deixam levar pelos comentários empregados para afrontar, questionar ou mesmo difamar a imagem de alguém ou de um grupo de irmãos.
nando ódio. A segunda orientação é relatar o problema como uma denúncia às empresas de redes sociais, que geralmente possuem mecanismos para exclusão de comentários ofensivos e mentirosos. Procure também falar com as autoridades competentes, relacionadas à esfera do Movimento Eclesial que tenha sido alvo dos ataques. São elas quem poderão tomar as medidas cabíveis, inclusive judiciais, caso seja necessário, zelando pela ordem, a imagem e a identidade da qual somos guardiões. Evite dar visibilidade à mentira e ao ódio. Não responda, não compartilhe, não aumente o poder de repercussão de um comentário maldoso. Peçamos ao Santo Espírito de Deus uma consciência crítica, uma maior capacidade de discernimento e um sentido de responsabilidade mais maduro, quando difundirmos ou recebermos conteúdos. “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a Verdade!” (João 16, 13).
No universo online, Fake News e Haters (notícias falsas e pessoas impulsionadas por ódio) são realidades que precisamos conviver e aprender a lidar. Uma informação incorreta pode confundir, destruir. Checar, ir à fonte oficial, é um exercício necessário e cristão. Espalhar a mentira é contribuir com o pai da mentira. Já com os Haters, um cuidado maior deve ser tomado. Uma pessoa que se deleita em difamar, perseguir virtualmente ou ainda publicar como se pudesse falar em nome de todo um movimento, deve ser tratada com devidos cuidados. Podemos, nesses casos, estar tratando com desequilíbrio mental, com psicopatia.
Uma informação incorreta pode confundir, destruir. Checar, ir à fonte oficial, é um exercício necessário e cristão. Espalhar a mentira é contribuir com o pai da mentira A vida no Espírito vai nos impulsionar a amar e orar por nossos inimigos (Mateus 5, 39-42). A primeira orientação é esta, ore por essa pessoa que está dissemi-
Por Bruno Maffi
Comissão Nacional de Comunicação Coordenador Estadual do Ministério de Música e Artes RCC Paraná
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O ARREPENDIMENTO E O PERDÃO NA FAMÍLIA O exercício do perdão fortalece o ambiente familiar, além de aumentar o amor.
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onforme o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 2201, no plano de Deus, a família se apresenta como “comunidade conjugal que se assenta sobre o consentimento dos esposos’’. O matrimônio e a família estão ordenados para o bem dos esposos e para a procriação e educação dos filhos. O amor dos esposos e a geração dos filhos estabelecem, entre os membros de uma mesma família, relações pessoais e responsabilidades primordiais”. Diante disso, a nossa família não pode deixar de observar os acontecimentos ao redor dela, a fim de identificar e apresentar ao Senhor para que possam ser transformadas todas as situações que precisam ser endireitadas conforme o desejo do coração de Deus. Se permitirmos a entrada de um mau sentimento em nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento, que se aninha ao coração. Logizetai kakon significa que se “tem em conta o mal”, “trá-lo gravado”, ou seja, está ressentido. A tendência costuma ser a de buscar cada vez mais culpas, imaginar cada vez mais maldades, supor todo o tipo de más intenções e assim o ressentimento vai crescendo e criando raízes. Deste modo, qualquer erro ou queda do cônjuge pode danificar o vínculo de amor e estabilidade familiar (Cf. Exortação Apostólica Amoris Laetitia § 105).
Se permitirmos a entrada de um mau sentimento em nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento, que se aninha ao coração
nós mesmos seria impossível. São Paulo, em 1ª Coríntios 13, nos dá uma bela lição de como o amor nos faz ser o que Cristo espera de nós. São João Paulo II, na sua carta às famílias, em 1994, quando esteve aqui no Brasil, diz no número 14 algo que deveríamos ter sempre em nossos corações: “Meditando o capítulo 13, da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, encaminhamo-nos pela via que, mais imediata e incisivamente, nos faz compreender a verdade plena acerca da civilização do amor. Nenhum outro texto bíblico exprime tal verdade de um modo mais simples e profundo que o hino à caridade”. Só viveremos plenamente a caridade se o perdão for sempre o ponto de partida em nossas famílias.
Só viveremos plenamente a caridade se o perdão for sempre o ponto de partida em nossas famílias É preciso o exercício diário do amor e do perdão, que nos fortalecerá como família, fechando as brechas para o inimigo que o tempo todo espreita tentando destruir as nossas casas. Perdoe, ame, reconcilie-se, valorize a família que Deus te deu, lute pelos seus, acredite sempre que Deus tem o melhor para sua família e que, diante de uma situação de dor e tristeza, o Espírito Santo pode realizar uma restauração que trará paz e alegria a todos da família.
Por Valdo Braga Landim
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Para perdoar é preciso amar a Cristo, o amor que nos foi dado por Jesus nos leva a fazer algo que para
Coordenador Nacional do Ministério para as Famílias RCCBRASIL Grupo de Oração Maná
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REVISTA RENOVAÇÃO ENTREVISTA DOM JOSÉ APARECIDO, NOMEADO ASSESSOR ECLESIÁSTICO DO MOVIMENTO EM JUNHO 2021, um novo tempo, com novos desafios e também novas oportunidades para a evangelização. Tempo de seguir confiante no Senhor!
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onversamos nesta Edição com Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, bispo auxiliar de Brasília e novo referencial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a RCCBRASIL. Dom José foi nomeado assessor eclesiástico do Movimento no dia 17 de junho de 2021. Por isso, nesta entrevista apresentamos um pouco mais do nosso novo pastor e pai espiritual.
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1) Dom José Aparecido, é com grande alegria que a RCCBRASIL te acolhe mais uma vez. O senhor poderia fazer uma breve apresentação para que a família carismática possa te conhecer um pouco mais? Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o carinhoso acolhimento que os irmãos e irmãs da Renovação Carismática Católica do Brasil têm me reservado nesses anos. Desde que voltei de Roma para iniciar o serviço episcopal como Auxiliar de Brasília, a Renovação Carismática tem dado sinais de comunhão fraterna e de carinho, tanto no âmbito distrital, em Brasília, quanto no âmbito nacional. Para que me conheçam um pouco, fui ordenado padre na Arquidiocese de São Paulo, aos 21 de dezembro de 1986. Dois anos depois, com a criação da Diocese de Santo Amaro, fiquei incardinado nessa diocese porque na época servia a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no Jardim Prudência. Dois anos depois fui enviado à Cidade Eterna –
Roma – para fazer uma especialização em Direito Canônico. Terminados os estudos, a convite do Cardeal Julián Herranz, lá fiquei trabalhando na Cúria Romana, até 2013, quando o Santo Padre Francisco houve por bem nomear-me Bispo Auxiliar de Brasília. Foi uma alegria imensa servir por quase 20 anos como colaborador do ministério petrino. Pude conhecer de perto os papas São João Paulo II e Bento XVI. O Papa Francisco, por pouco tempo, mas com alegria. Atualmente, além de ser bispo auxiliar de Brasília, a Igreja me pediu alguns trabalhos a serviço da Santa Sé, da CNBB nacional e do Regional Centro-Oeste. Assim, de dois anos para cá, por mandato pontifício, colaboro também com a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, no comissariamento de três instituições eclesiásticas. Na CNBB Nacional, fui convidado a trabalhar em algumas comissões e grupos de trabalho. Sou membro da Comissão para a Proteção de Crianças, Adolescentes e Pessoas Vulneráveis: também sou membro da CETEL (comissão encarregada da tradução de Textos Litúrgicos) e de outros grupos de trabalho que tratam de questões jurídico-canônicas. Recentemente, com grande alegria para mim, fui nomeado membro do Grupo de Trabalho sobre a RCC e CHARIS, como bispo referencial para a RCCBRASIL. No Regional Centro-Oeste, acompanho os Presbíteros e a Pastoral Vocacional. Além desses serviços, tenho também a satisfação de atuar como docente de Direito Canônico no Instituto de Direito Canônico de Goiânia. A minha alegria, para além dessas funções acima enumeradas, é poder atuar como pastor na pregação da Palavra, na celebração dos sagrados mistérios e no serviço da comunhão da Igreja de Cristo presente e viva na nossa história. 2) Quando e como foi o primeiro contato do senhor com a Renovação Carismática Católica (RCC)
Institucional Revista Renovação . Set/Out 2021
Desde jovem, nos anos 70, participei na vida da minha comunidade paroquial no interior de São Paulo. Tive muitos amigos – verdadeiros irmãos na fé – de vários movimentos eclesiais e, embora sem participar de Grupos de Oração, ouvia falar com admiração de gente que fazia os “retiros do Espírito Santo”, lá em Campinas, sob a direção do Pe. Haroldo Rahm. No meu primeiro ano de Seminário, em Londrina, o diretor espiritual propôs como primeiro retiro do ano uma “Experiência de oração no Espírito Santo”. Apreciei muito, embora minha formação espiritual viesse a ficar profundamente marcada por outra forma de espiritualidade. Tive a oportunidade de conhecer uma pessoa muito especial para quem conheceu a RCC nos seus inícios: a Tia Laura, de São Paulo. 3) O senhor já participou de inúmeros encontros da RCC como palestrante, formador, assim como já celebrou a Santa Eucaristia. Como é estar em contato com os membros da Renovação Carismática? Ao longo dos anos de meu ministério sacerdotal, sempre tive a alegria de conhecer e admirar a fidelidade de muitos irmãos carismáticos do Brasil, da Itália e também da França. De volta ao Brasil, na Arquidiocese de Brasília, pude apreciar ainda mais o grande espírito de comunhão eclesial da multidão dos servos e servas da RCC. Em Brasília aprendi a apreciar testemunho de generosa e intensa participação na vida eclesial da RCC, em espírito de unidade e de serviço. Além disso, têm sido para mim uma família bastante próxima, à qual expresso minha grande estima pessoal e comunhão espiritual. Tanto nas celebrações da Santíssima Eucaristia, como nas pregações e encontros, sempre me senti em casa, diante de pessoas sedentas de ouvir a Palavra do Senhor e de conhecer a vontade de Deus. É profundamente gratificante pregar e ver que a pregação logo se transforma em oração e desejo de viver uma vida segundo o Espírito, experimentando carismas a serviço da Igreja e dons para a edificação pessoal. 4) Como o senhor vê a missão e a espiritualidade da RCC diante da evangelização da Igreja? No jubileu de ouro da RCC, quando o Papa Francisco recebeu as mais variadas expressões do universo Carismático em Roma, percebia-se o afeto sincero do Santo Padre. Ele não escondeu o desejo de que a Corrente de Graças chegasse a cada canto da Igreja, para que o mundo conheça a Palavra de Deus pela atração que a alegria do Evangelho vivida pelos carismáticos provoca. Os Grupos de Oração têm um papel muito importante como porta aberta sem acepção de pessoas, como
escola de oração no Espírito Santo, como lugar em que a Palavra de Deus é abraçada, compreendida e amada com simplicidade e profundidade. A espiritualidade da RCC tem o condão de criar entusiasmo evangelizador, influenciando o jeito de orar, o ardor da evangelização e o espírito de serviço que faz com que os servos se entreguem nos serviços mais simples e nos compromissos mais exigentes. A contemplação que se aprende na RCC pode ajudar a encontrar o rosto de Cristo nos pobres, nos aflitos, nos injustiçados, enfim, naqueles com quem Jesus se identifica em Mateus 25, 31-46. Sobretudo uma coisa marca a espiritualidade da RCC: a alegria do Evangelho, que se nota também quando acompanhada da Cruz. Nestes tempos de aflição causada pela pandemia, houve mudança de método, mas não interrupção de oração, missão e serviços da RCC. 5) Como o senhor encarou o convite para ser o referencial da RCCBRASIL junto a CNBB? Como disse, entre os carismáticos sinto-me em casa. Agora, depois desses anos de serviço de Dom Alberto, abraço com alegria e com certo temor – o temor é dom do Espírito Santo! – a responsabilidade de acompanhar na oração e no discernimento espiritual a vida e o serviço da RCC. Aqui também quero repetir a frase com que o Papa Francisco termina todos os encontros e discursos: “Por favor, não se esqueçam de rezar por mim”. 6) Quais são as expectativas do senhor como assessor eclesiástico da RCCBRASIL? Minha expectativa é uma só: ouvir o que o Espírito fala à Igreja. Desejo pôr-me à escuta com a responsabilidade da missão episcopal: discernir a autenticidade dos carismas. Desejo estar perto, nunca “apagar o pavio que ainda fumega” e permanecer em unidade. Também é meu papel zelar para que a RCC esteja sempre bem unida aos Sucessores dos Apóstolos que pastoreiam a Igreja no Brasil. Esta unidade está no coração da RCC e no coração dos nossos Bispos. 7) Qual a mensagem o senhor deixa para a família carismática? Que todos sejam um! A variedade dos dons e carismas profusamente derramados na Igreja têm sua autenticidade atestada pelo efeito de comunhão e o dom da unidade a que servem. Que sejamos todos servos da unidade, servos do amor. Na eternidade o único dom que permanece é o da caridade.
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Ministérios em Partilha Revista Renovação . Set/Out 2021
MINISTÉRIO PARA SEMINARISTAS Neste período desafiador da história, fomos surpreendidos com tanta desesperança, mas o Senhor tem nos sustentado e nos convidado a retornar às nossas origens, a fim de que amadureçamos e nos abramos ao seu Espírito para continuarmos a missão. O Ministério para Seminaristas, neste tempo de Pandemia, se esforçou para acolher, acompanhar e motivar os vocacionados ao sacerdócio a manter a chama acesa e a perseverar na caminhada. Somos um só Corpo de Cristo, por isso, sofremos com as perdas de irmãos e irmãs queridos, vítimas desse vírus. Compadecemo-nos, também, de tantos outros que padecem a partir de suas consequências. Não podemos ser indiferentes à dor do outro, aprendamos com São Paulo: “Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele” (1Cor 12,26a). Além dos Grupos de Oração Online e outras iniciativas, realizamos em todo o Brasil, no mês de julho, os RENASEM’s Regionais. Foram momentos de grande profundidade e riqueza espiritual, além do reavivamento do chamado vocacional para “guardar” a identidade da RCC, para que o mundo seja batizado no Espírito Santo. Tivemos a grande alegria em acolher os presidentes dos Conselhos Estaduais em nossos encontros online, manifestando seu amor no pastoreio pelas vocações. A Palavra de Deus é viva e atual, por isso, convido todos os seminaristas a se abrirem ao cumprimento da promessa: “descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força” (At 1,8). A receberem, da parte de Deus, novo ânimo e encorajamento no caminho rumo ao sacerdócio.
GRUPO DE PROFISSIONAIS DO REINO O Senhor sempre nos chama a segui-Lo em todas as nossas realidades. Os Profissionais do Reino ouvem a Voz do Senhor chamando a servi-Lo nos ambientes de trabalho. Assim, o trabalho constitui um instrumento a serviço do Reino de Deus, bem como um meio de santificação para os que buscam viver o Evangelho de Cristo. Dentro dos GPR’s (Grupos de Profissionais do Reino) partilhamos os desafios enfrentados cotidianamente nos locais de trabalho. Sabemos que, nestes tempos desafiadores de pandemia, as incertezas e as dificuldades inerentes contribuem para o esgotamento físico e emocional dos profissionais. Mas observamos que os momentos de oração e partilha têm proporcionado o reavivamento da fé, por meio da experiência do batismo no Espírito Santo, capaz de promover também a transformação das realidades temporais. O GPR, portanto, pode contribuir na vivência da fé, auxiliando os profissionais a bem conduzirem suas ações nas diversas necessidades do trabalho que exercem. Sermos “sal da terra e luz do mundo”, como Jesus nos ensina, nos impulsiona a levar a alegria e a esperança necessárias – seja na busca por uma colocação profissional ou nas relações interpessoais com aqueles que convivemos boa parte do nosso tempo diário. Podemos dizer, mesmo diante de tantas limitações e da nossa pequenez, que os GPR’s se tornam oportuna estratégia de Evangelização nos tempos atuais, propiciando um espaço de reavivamento espiritual e missionário. Transformar os nossos ambientes de trabalho, a partir da transformação que o Senhor primeiro realiza em nossos corações – esta é nossa missão!
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Espiritualidade Revista Renovação . Set/Out 2021
A FRATERNIDADE SACERDOTAL: UM DOM PARA TODOS OS PADRES “Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1, 14).
Após a ascensão de Jesus aos céus, o livro dos Atos dos Apóstolos nos recorda que, tomados de certo pavor com o que acabavam de presenciar, os discípulos ficaram como que pasmados, mas a voz do anjo os recordou que era necessário assumir um caminho diante daquele momento, ou seja, levar adiante a mensagem de Jesus, mas antes precisavam perseverar na oração fraterna para não sucumbirem diante das tentações, dos sofrimentos, das angústias, das perseguições e das decepções que, tantas vezes, acabam por gerar estagnação nos corações levando-os para longe do Senhor e favorecendo que tantas situações se manifestem. Olhar para o texto de Atos dos Apóstolos deve nos ajudar a fazer uma retrospectiva de como está a nossa relação com Deus na oração e também como está a nossa vida fraterna. Na oração, falamos com o Senhor e temos a oportunidade de ouvir sua voz que nos conduz e restaura nossas forças, como nos diz o Salmo 22. Mas, muitas vezes, diante da missão, podemos também nos deparar com as mais diversas realidades que nos cercam e que poderão se transformar até mesmo em pedra de tropeço, caso não tenhamos a coragem de reconhecer e aceitar essa realidade, com o objetivo de fazer um caminho de superação que possa nos levar realmente a uma experiência de reconciliação interior. No último dia 06 de julho, o Santo Padre falou a um grupo de sacerdotes afirmando que a fragilidade é um lugar teológico e foi discorrendo a respeito de alguns aspectos. Quando me deparei com esse texto, fiquei profundamente tocado, pois já há algum tempo venho refletindo sobre essa temática: tantos padres se encontram doentes, deprimidos, cansados e, muitas vezes, até mesmo desencantados da missão. Não tenho a pretensão de oferecer respostas para todas as questões, mas penso que é necessário um olhar profundo em tais situações e para isso proponho uma pergunta: Quem cuidará dos cuidadores? Querido irmão, no ministério, por vezes, somos tentados até mesmo pelo zelo apostólico a descuidarmos de nossa saúde, de um dia de folga com os irmãos no sacerdócio, com medo do que irão pensar a nosso respeito,
pois infelizmente nos deparamos com as comparações em nossas comunidades. Mas vejam: não conseguiremos suprir as expectativas dos outros, que em momento algum buscaram saber se estávamos dispostos a isso. Na verdade, o único desejo do nosso coração deve ser levar os fiéis para Cristo, mas isso passa por nós, na nossa pequenez, fragilidade na qual trazemos um grande tesouro, que poderá ser prejudicado caso deixemos de olhar para nossa saúde física, espiritual e psíquica. É necessário que tenhamos cuidado com a fantasia de super-heróis, pois podemos nos iludir e chegará um momento em que não daremos conta diante do tamanho desgaste, da irritação, dos desentendimentos e, até mesmo, da frieza espiritual que podemos vir a ser acometidos. Diante disso, queridos irmãos, gostaria de convidá-los a cuidarem da própria saúde. A olhar para os próprios limites e a buscar ajuda com outro irmão padre, com profissionais de saúde, com médicos, psicólogos, se assim for necessário para prosseguir no caminho, motivados pelo amor que o Senhor deseja manifestar em tantos corações. Para concluir, voltemos nosso olhar para o Evangelho de Marcos 6, 30-31, no qual os apóstolos voltam felizes da missão que realizaram e Jesus os convida para um lugar de descanso. Deixemos o Senhor cuidar de nós, quantos de nós depois de um final de semana repleto de atividades pastorais, nos sentimos cansados e sobrecarregados! Hoje, o Senhor nos convida para esse lugar de descanso na oração, na fraternidade sacerdotal, num momento de lazer; que o nosso olhar esteja voltado para Aquele que nos fez o chamado vocacional e nos concede a graça de cuidar do rebanho dele. Unidos em Cristo Jesus!
Por Pe. Jorge Luiz Vieira da Silva
Coordenador Nacional do Ministério Cristo Sacerdote
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Institucional Revista Renovação . Set/Out 2021
ESTUDANTES, UNIVERSITÁRIOS E PROFISSIONAIS: SUA MISSÃO É LEVAR O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO! A RCC conta com pessoas corajosas para empreitar o campo de missão que é o ambiente acadêmico e, portanto, oferece subsídios para aqueles que se lançam!
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ara reavivar estudantes, universitários e profissionais na missão de evangelizar em ambientes acadêmicos, a RCCBRASIL promoveu de 1º a 3 de outubro, o Congresso Online do Ministério Universidades Renovadas. O evento meditou sobre as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, que são alimento sólido para a vivência e perseverança, também refletiu sobre os desafios desta ação evangelizadora, assim como temas querigmáticos.
(GPPs) e os Grupos de Oração Estudantil (GOEs). Além dessas atividades, existem os encontros realizados nas faculdades em todas as esferas, no âmbito diocesano, estadual, regional e nacional” (RCC Responde 10 - MUR). Essas atividades acontecem nas seguintes dimensões: Acadêmica, Culturais, Esportivas e Missionárias. O Ministério conta com a criatividade dos seus membros, assim como a leitura e compreensão da sua realidade, sendo sempre guiados e inspirados pelo Espírito Santo.
Por que propagar o Espírito Santo nas universidades?
“Espero que partilheis com todos na Igreja a graça do Batismo no Espírito Santo” (Papa Francisco - 37º encontro da Renovação Carismática Católica, em Roma). O Santo Padre aconselha que todos os carismáticos propaguem o Batismo no Espírito Santo a toda Igreja e seus Movimentos, para todo povo de Deus, aonde quer que eles se encontrem. É por isso que a RCC se faz presente também em ambientes acadêmicos por meio do Ministério Universidades Renovadas (MUR) e assume junto à Igreja a missão de evangelizar nos colégios e universidades e, assim, formar profissionais que cooperem para a construção do Reino de Deus e da Civilização do Amor.
Saiba como conhecer mais o MUR
Apostila -“A evangelização no âmbito Universitário”
Além de ser um material formativo, nela também são apresentadas a história, a missão e a estrutura do MUR para todos aqueles que desejam conhecer e colaborar com a missão.
Aqueles que querem acessar o conteúdo do evento e já inscreveram, podem assistir às reprises até o dia 3 de novembro. Após essa data, o conteúdo estará disponível pela Assinatura Plus.
Quais são as atividades desenvolvidas pelo MUR?
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“O MUR desenvolve várias atividades. A principal são os Grupos de Oração Universitários (GOUs). Acontecem também os Grupos de Partilha de Profissionais
ADQUIRA SUA APOSTILA
SEJA UM ASSINANTE PLUS ESCANEIE O QR CODE AO LADO
Sugestão de Leitura Revista Renovação . Set/Out 2021
CONHEÇA A SANTA DA TERRA DE JESUS
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a sugestão de leitura desta edição, trazemos uma obra dedicada à Santa Miriam, uma freira carmelita que nasceu em 1849, na Galileia, sendo conhecida como a pequena árabe. Além de nascer na terra de Jesus, a santa recebeu os estigmas e dons sobrenaturais. Santa Miriam foi apresentada ao autor desse livro, Bruno Maffi, em 2007, por Dom Albano Cavalin, período em que ainda era beata. Após algumas experiências particulares com Santa Miriam, ele se dedicou a conhecer mais sobre a santa. Bruno teve a oportunidade de estar em um dos Carmelos fundados e construídos por ela, oportunidade em que recebeu uma relíquia de primeiro grau. A vida desta admirável freira é descrita em 18 capítulos que narram desde a infância até a sua morte, há também um capítulo dedicado a contar a sua experiência com o Espírito Santo. Santa Miriam afirmava: “Apenas uma gota do Espírito Santo, uma ínfima parte do que os Apóstolos receberam em Pentecostes, já seria capaz de mudar-me por inteira”. A Pequena Árabe mostrava seu amor e zelo pelo sagrado desde sua tenra infância, tinha uma profunda afeição pela Virgem Maria e desejo ardente pela eucaristia, também jejuava e observava as práticas de fé. Aos 8 anos, envolvida por um profundo amor pela comunhão eucarística, Miriam insistia que pudesse receber Jesus, porém este sacramento era permitido apenas aos 12 anos. Mas, seu humilde coração nunca se cansava, até que por uma graça a menina conseguiu alcançar o seu amado, passando a receber a eucaristia regularmente, mas de modo discreto. Grande foi a alegria de sua alma que tanto se preparava para este momento.
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Em 1993, no discurso aos peregrinos vindos para a beatificação de Miriam de Jesus Crucificado, São João Paulo II descreve muito bem as virtudes e vida desta humilde e grande santa:
O próprio Deus colocou seu Filho sob a guarda e proteção de José. Do mesmo modo, cada pessoa é conduzida a se colocar sob os cuidados desse pai humilde e fiel.
“Miriam é fruto desta Terra Santa. Nela, tudo nos fala de Jesus. Antes de tudo, os lugares em que viveu: Nazaré, onde nasceu, Belém, onde consumou o seu sacrifício, o Monte Carmelo, símbolo da vida de oração solitária que constitui o ambiente da sua vida religiosa. Mas ela conduz-nos sobretudo junto do Calvário, pois que não deixou de levar na sua vida a cruz de Jesus, tendo mesmo escolhido o seu nome de crucificado. As bem-aventuranças encontram nela a sua plena realização (...). Toda a sua vida traduz uma familiaridade com Deus, o amor fraterno aos outros, a alegria, que são os sinais evangélicos por excelência”.
Uma Pequena Árabe, que o próprio Deus por sua graça fez tão grande! Adquira agora mesmo o livro Santa Miriam, a carismática
A RCC naInstitucional minha vida Revista Renovação . Set/Out 2021
ASSUMIR O PAPEL DE PORTA VOZ DA ESPERANÇA Meu nome é Dennys, tenho 33 anos, sou natural de Guaçuí (ES), moro em Venda Nova do Imigrante (ES) e participo do Grupo de Oração “Chagas de Amor”, que é realizado na Capela do Hospital Padre Máximo, na Paróquia São Pedro.
na maioria das vezes, promovem mais medo do que prudência e esperança. Ali, à beira leito, tivemos que assumir o papel de porta-vozes da esperança, com empatia, indo além do serviço técnico que, de fato, somos encarregados e treinados.
Sou fisioterapeuta especializado em Terapia Intensiva, atuando em dois hospitais, sendo que no Hospital Estadual São José do Calçado sou servidor público e responsável técnico pelo Serviço de Fisioterapia. Durante o primeiro pico da pandemia da COVID-19, em 2020, tive o primeiro contato com pessoas acometidas com esta doença, pois este se tornou um hospital referência no atendimento a tais pacientes na região sul capixaba. Ali tive de gerir o serviço e também atuar na assistência à beira leito.
Outro grande desafio foi se atualizar em tempo real para ofertar o melhor serviço, pois os conhecimentos de terapias para outras doenças semelhantes não foram suficientes para lidar com todas as novidades trazidas pela COVID-19.
Ainda que já tenha mais de seis anos de experiência em terapia intensiva, muita coisa surgiu como novidade. Condutas novas sendo traçadas, hipóteses sendo confirmadas ou refutadas, a ciência apresentando a cada dia novas descobertas quanto ao entendimento da doença no corpo humano... E tudo isto tornou muito desafiador o cuidado com este perfil de pacientes e com as adaptações estruturais nos serviços de saúde para todos os profissionais. Vi como particularmente desafiador lidar com o medo dos pacientes em relação à doença e à morte. Se nós, especializados na área da saúde, ainda temos coisas pouco esclarecidas, quanto mais os leigos no assunto que só têm informações desencontradas e assustadoras provenientes da mídia e do senso comum que,
Além disso, nossa vida pessoal e rotina fora do trabalho “viraram de cabeça para baixo”, necessitando um isolamento de relações pessoais e familiares pelo medo de levar tal doença para os nossos, além do nível de vigilância para se proteger e da fadiga pelo aumento da demanda de serviço. No entanto, vejo que, em meio a tais desafios, é extremamente necessário o enfrentamento dos nossos próprios medos e comodismo, precisando nos colocar sob a ação do Espírito Santo, da vida de oração e da vivência dos Sacramentos. Dar tal testemunho cristão, se expondo e se doando neste contexto, clamando coragem e sabedoria que vêm do Alto é assumir o chamado de sermos Profissionais do Reino, a bela missão dada por Deus, continuando Sua obra criadora pelo trabalho. Dennys Soares de Castro Grupo de Oração no Trabalho (GOT) Chagas de Amor Venda Nova do Imigrante (ES)
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Projeto Revista Renovação . Set/Out 2021
SEDE NACIONAL: LUGAR DE ENCONTRO E COMUNHÃO Mensalmente os carismáticos têm a oportunidade de se reunirem na Sede Nacional para juntos celebrarem a Santa Missa.
No dia 27 de agosto, a Capela de Nossa Senhora de Pentecostes foi o local da primeira missa aberta ao público na Sede Nacional da RCCBRASIL em 2021. A celebração foi presidida por Padre William Bernardo da Silva, pároco da Comunidade São Miguel Arcanjo, em Magalhães Bastos, no Rio de Janeiro (RJ). Estiveram presentes pessoas das cidades de Canas (SP), Lorena (SP) e da capital fluminense. Agora, mensalmente, a família carismática poderá se reunir em sua Sede Nacional para celebrar a Santa Missa. “Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom!”. É com essa aclamação e alegria que a RCCBRASIL pôde testemunhar essa grande graça no mês de agosto, tempo em que o Movimento comemora seus 52 anos em território nacional. Ademar Mendes Neto é do Grupo de Oração “Jesus Cristo Vive”, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da cidade de Lorena (SP). Ele partilhou brevemente a sua vivência da missa e a graça de estar na Sede Nacional da RCC, afirmou com grande alegria que é um local onde “sentimos a presença do Espírito Santo, nossa casa’’. Segundo ele, participar dessa primeira missa foi uma oportunidade para viver o Batismo no Espírito Santo e reavivar essa chama. E também convidou aqueles que não participaram a virem e a não perderem essa chance.
Ademar representa os milhares de carismáticos espalhados por todo o país que com grande alegria testemunham a vivência do Grupo de Oração e a graça de caminhar na amizade com o Espírito Santo. Esse convite é para toda família RCCBRASIL: venha rezar na Sede Nacional! Atividades como a Santa Missa na Sede Nacional do Movimento só são possíveis por meio da fidelidade dos colaboradores do Projeto Semeando a Vida no Espírito. É a contribuição fiel dessas pessoas que garante que a cultura de Pentecostes seja cada vez mais propagada, sejam pelos materiais de formação e espiritualidade, eventos online ou presenciais, cursos e tantos outros meios de evangelização. E agora direto da Sede Nacional!
Você pode ajudar a manter as atividades de evangelização da RCCBRASIL, como a missa na Sede Nacional. Para isso, seja um colaborador do Projeto Semeando a Vida no Espírito!
Para mais informações, entre em contato pelo Whatsapp (12) 98138-2000 ou acesse: www.rccbrasil.org.br/semeandoavidanoespirito
Assista à primeira missa de 2021 na Sede Nacional da RCCBRASIL: ESCANEIE O QR CODE AO LADO
OU ACESSE O LINK youtu.be/_-uaJPw_k2Y
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Revista Renovação. 130 . Set/Out 2021
REAVIVANDO A
CHAMA
CONDUÇÃO DA REUNIÃO DE ORAÇÃO “...Estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso e encheu toda a casa onde estavam sentados. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2, 1-2.4). 1.INTRODUÇÃO O Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica tem na reunião de oração seu momento mais especial de evangelização, onde seus participantes experimentam a poderosa ação do Amor de Deus sobre suas vidas, através do Batismo no Espírito Santo.
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Sabemos que um coração que se abre para graça de Deus, vê fluir água viva do seu interior como nos diz a passagem do Evangelho de São João: “Quem crê em mim, do seu interior manarão rios de água viva” (Jo 7,38). Portanto, estamos cientes de que Deus tem uma profunda sede em nos lavar, nos purificar, nos tornar cada vez mais semelhantes a Ele, e uma das formas mais belas é derramando sobre todos os participantes da reunião de oração a Sua graça e a Sua misericórdia.
2- A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA REUNIÃO DE ORAÇÃO Cada participante que, semanalmente, participa de uma reunião de oração vê sua vida sendo transformada de uma maneira sobrenatural, dentro do natural da sua vida, e isso vai o levando a desejar uma amizade com Deus a cada dia, seja pela oração do louvor vivenciada na reunião de oração, seja pelos momentos de perdão, em que somos capazes de reconhecer nossa miséria diante do Senhor; seja pela perene efusão do Espírito Santo, seja pela Palavra Pregada com unção e sabedoria; ou ainda pelo testemunho de vida de tantos que lá estão servindo ao Senhor. Tudo é motivo para que Deus faça dos seus filhos amados e redimidos por Ele na cruz, criaturas novas no seu amor e na sua graça, para que ao final de tudo todos possamos experimentar do céu que Ele fez para nós. Isso é lindo! No livro “Eu te constituí Sentinela na Casa de Israel” (pág.47), Vinícius Simões relata o que ouviu de um Sacerdote amigo: “As pessoas não vão ao Grupo de Oração para serem mudadas; elas vão ao grupo de oração para serem ama-
das!”. Percebemos aí que o nosso papel como servos de um Grupo de Oração é apenas permitir que o Espírito seja livre para fazer o que quiser, da maneira como Ele quiser, na hora que Ele desejar. O importante é que o seu agir na vida de qualquer pessoa produz uma transformação de vida, a partir de uma experiência pessoal com o Senhor. Pois assim como Jesus falou para Nicodemos que é necessário nascer de novo, o momento de oração na reunião de oração tem essa finalidade: fazer com que uma vida nova possa acontecer, um renascer da água e do Espírito (cf. Jo 3, 5). Uma característica muito peculiar da reunião de oração é o louvor. Somos conhecidos como um povo que louva a Deus por tudo que Ele é e por tudo que Ele faz. Porém, temos visto ao longo deste tempo que muitos Grupos de Oração já não vivenciam a verdadeira graça de louvar a Deus como Ele merece. Muitas vezes, privilegiamos um bom momento para os cantos de animação – o que também é muito bom –, mas sabemos que o louvor pode também ser conduzido pela Palavra de Deus, através da oração em vernáculo, onde abrimos o coração para bendizer o Seu nome por tantas graças vividas através Dele e
Encarte Reavivando a Chama Revista Renovação . 130 . Set/Out 2021
com Ele. O Papa Francisco num Discurso em Roma (30/10/2014) aos membros da CATHOLIC FRATERNITY OF CHARISMATIC COVENANT COMMUNITIES AND FELLOWSHIPS, disse: “A Renovação Carismática que recordou à Igreja a necessidade e a importância da oração de louvor. Quando se fala de louvor na Igreja, vêm à mente os carismáticos”. Portanto, se faz necessário que neste espaço caloroso que chamamos de Grupo de Oração, o louvor seja uma porta aberta para que na, continuidade do ciclo carismático, gere no povo de Deus uma grande sede de beber da água viva, do Espírito e, através desta água, o Senhor possa ter a oportunidade de nos purificar de todos os nossos pecados, como nos diz o profeta Jeremias “Eu os purificarei de todos os pecados, que contra mim cometeram, e lhes perdoarei todas as iniquidades de que se tornaram culpados, revoltando-se contra mim.” (Jr 33,8) Um Grupo de Oração que busca privilegiar cada momento da reunião de oração, sobretudo o momento da oração comunitária, verá quantas promessas de restauração serão cumpridas, pois uma oração bem conduzida, ungida e aberta à ação dos carismas gerará grandes milagres, prodígios e acima de tudo fortes TESTEMUNHOS DE VIDA. 3- O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO DIRIGENTE DA ORAÇÃO NA REUNIÃO DE ORAÇÃO “Porque o Espírito Santo vos inspirará naquela hora o que deveis dizer”. (Lc 12,12)
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Assim como Jesus instruiu aos seus discípulos para que não se
preocupassem com o que irias falar nas sinagogas, perante os magistrados e as autoridades, pois o seu próprio Espírito os inspiraria o que deveriam falar, o papel do dirigente da oração na reunião de oração também é estar aberto para essa graça, DEIXAR O ESPÍRITO AGIR EM SUA VIDA durante todo o momento de oração, pois Deus age profusamente e profundamente no meio de nós. “BASTA CONFIAR, SABER ESPERAR E ELE AGIRÁ”. (Sl 36,5)
de de Deus faz com que todos fiquem cheios do Espírito, corações compungidos pela força do alto, portanto, a preparação espiritual é fundamental para que esse mover de Deus aconteça.
O Dirigente da reunião de oração é um membro discernido pelo núcleo de serviço do Grupo de Oração para conduzir o povo de Deus a mergulhar nas profundezas do Espírito Santo de Deus, através do louvor, dos momentos de perdão, do clamor por um profundo Batismo no Espírito Santo, permitindo assim uma abertura para o uso dos carismas.
Vale a pena também lembrar que o dirigente é um simples condutor da oração, sabemos que quem deve agir é o Senhor, portanto é interessante deixar a assembleia livre para orar com suas próprias palavras, rasgando o seu coração para Deus de maneira espontânea, e cabe a nós unicamente ser um canal de condução para que esses irmãos experimentem da poderosa ação de Deus em suas vidas.
É muito importante que o dirigente siga alguns passos que são considerados primordiais para o bom êxito da condução da oração com a assembleia. Ter estado presente na reunião do núcleo de serviço para ouvir a vontade de Deus para este momento. Caso não seja membro no núcleo, deve buscar inteirar-se da moção e do tema para aquela reunião de oração. Estar em harmonia com os irmãos do ministério de música e artes para que todos possam falar a mesma linguagem, sobretudo nos cantos inspirados pelo Espírito. Durante a condução o dirigente deve estar atento à assembleia para perceber como ela está se comportando durante todo o momento de oração. Uma oração aberta à vonta-
É importante que o dirigente da oração fale uma linguagem bem resiliente e acessível para todos, uma vez que nossa assembleia é heterogênea e todos são convidados a participar do banquete oferecido por Jesus.
Sendo assim, somos convidados a conduzir a reunião de oração, como um servo escolhido de Deus, compreendendo de maneira muito simples e direta o que Maria disse aos serventes, em Caná da Galileia “FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER” (Jo 2,5). 4 - OS TIPOS DE ORAÇÃO PRESENTES NA REUNIÃO DE ORAÇÃO Seguir a inspiração de Deus, este é o caminho para os momentos de oração em nossas reuniões de oração. Sabemos que a oração do louvor e o clamor ao Espírito Santo são orações comuns em todas as nossas reuniões de oração, essas orações fazem parte dos elementos essenciais de um Grupo de Oração, mas e quanto aos outros momen-
Encarte Reavivando a Chama Revista Renovação . 130 . Set/Out 2021
tos de oração que permeiam a reunião de oração, quais os tipos e como escolher a oração certa?
a aproximar-nos da mãe de Jesus como nossa mãe, protetora e advogada.
A reunião do núcleo de serviço é o local da escuta profética, para ouvir do Senhor a Sua vontade para o Grupo de Oração. A partir das moções recebidas de Deus e discernidas pelo núcleo, o dirigente escolhido irá se preparar espiritualmente utilizando das moções da reunião de núcleo e também de uma escuta ao Senhor. É nesse momento que o Senhor vai inspirar a ele os tipos de orações e o direcionamento para aquela reunião de oração. Portanto, não existe um tipo de oração pré-definida, ou uma sequência de orações, mas sim, momentos oracionais inspirados para levar os participantes a experimentarem a graça de Deus naquela reunião de oração. Durante a própria reunião de oração o Senhor vai falando também ao coração do dirigente que vai colocando a Sua vontade em ação.
É importante frisar que não existe uma sequência de oração e que as mesmas não estão presentes em todas as reuniões de oração, mas a cada tempo Deus inspirará as necessárias para que seu povo tenha uma experiência profunda com Ele. Que possamos estar abertos à inspiração do Senhor para fazermos sempre sua vontade.
Sendo assim, cada reunião de oração é uma surpresa de Deus, ela não tem os mesmos tipos de oração, mas sim o tipo de oração certo para tocar o povo de Deus naquela semana. Além da oração de louvor e de batismo no Espírito Santo que estão presentes nas nossas reuniões de oração, destacamos, a seguir, outros tipos de oração, lembrando que não se esgotam as possibilidades, os tipos de oração que o Senhor inspira:
Nos nossos Grupos de Oração, somos convidados a fazer o que chamamos de Ciclo Carismático. O ciclo carismático já vem sendo falado há algum tempo pela Renovação Carismática como um estilo de oração, porém alguns irmãos ainda não compreenderam o que seria este estilo de oração. Alguns acreditam que existe o “momento do ciclo carismático” na reunião de oração, mas na verdade ele não é um tipo de oração, ele é um estilo de oração, ou seja, um modo de fazer as orações. Tanto para as nossas reuniões de oração e encontros, quanto em nossas orações pessoais somos convidados a utilizar esse estilo.
Adoração – oração que reconhece que Deus é Deus, independente do que Ele faz, mas reconhecimento pelo que Ele é, relação da criatura diante de seu criador. Súplica – oração de pedido por uma situação em particular, ou situação coletiva, na qual por esta oração reconhecemos que dependemos de Deus e sabemos que Ele pode intervir. Entrega – oração de oferecimento de uma situação ou de toda a vida a Deus, quando reconhecemos que nas mãos Dele tudo pode ser diferente. Perdão – oração na qual reconhecemos as nossas misérias, pecados, tudo aquilo que nos afasta de Deus, levando-nos ao arrependimento, para experimentarmos a misericórdia do Senhor. Nos faz reconhecer que precisamos da presença de Deus para mudar as nossas vidas, além de mover-nos para uma nova vida, uma conversão sincera, nos colocando no caminho com o Senhor. Oração Mariana – orações a Maria: pedido de intercessão, de proteção, de consagração, que nos levam
5 – CICLO CARISMÁTICO Vimos a importância da oração e como Deus inspira e nos leva à Sua presença através dos diversos tipos de oração, mas como deve ser o nosso estilo de oração, ou seja, qual o modo que devemos orar?
A oração é uma conversa com Deus, e o ciclo carismático nos proporciona este diálogo com Deus onde falamos ao Senhor, mas também escutamos Dele, através das manifestações carismáticas. Abaixo seguem os passos para entendermos um pouco mais sobre o ciclo carismático e aplicá-lo em nossos momentos de orações pessoais e nos Grupos de Oração: Oração em vernáculo – é quando fazemos a nossa oração, seja qualquer tipo (louvor, clamor ao Espírito Santo, entrega, perdão, etc), na nossa língua materna, no nosso caso, o português. Onde falamos ao Senhor daquilo que está em nosso coração, como uma conversa, ou seja, é a nossa oração espontânea dentro do tipo de oração proposta. Oração em Línguas – quando estamos orando em português chega o momento em que nos faltam as palavras, é quando o Espírito Santo vem em nosso auxílio (cf. Rm 8,22) e ora em nós. Inspirados pelo Espírito co-
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meçamos a orar em línguas, oração esta que completa a nossa oração em português, pois naquilo que nossa oração é falha, o Espírito mesmo vem orar em nós para tornar a nossa oração perfeita. Momento de silêncio e escuta profética – após a oração em línguas, nos colocamos em silêncio para o diálogo acontecer. É o momento de Deus responder a nossa oração. Neste momento de silêncio, nos abrimos à manifestação dos carismas, onde Deus nos fala através de uma Palavra de Ciência, de Sabedoria, Profecia e os demais carismas. E aquilo que Deus fala aos corações vai sendo proclamado ordenadamente. Este momento é muito forte pois vemos a ação de Deus na vida das pessoas, por meio daqueles que se colocam abertos à Sua graça.
esse momento ainda mais fecundo. Assim, em cada momento de oração das nossas reuniões de oração podemos seguir o ciclo carismático proporcionando esta conversa com Deus, onde falamos e Ele nos responde, tornando nossos momentos de oração fecundos e levando cada vez mais as pessoas a um encontro pessoal com o Senhor Jesus. Que em seu Grupo de Oração isto possa ser uma realidade, pois a oração que nos leva até Deus!
Resposta ao Senhor – Para concluir nossa conversa com Deus, nós vamos responder aquilo que Deus falou através de oração. Esta oração de resposta ao Senhor depende muito do que Ele revelou no momento de silêncio. Se foi uma palavra de exortação, a resposta será uma oração de aceitação e de compromisso de cumprir a vontade Dele, se foi uma bênção recebida, a resposta será uma oração de agradecimento... O que não podemos é desconsiderar o que Deus falou, por isso temos que respondê-Lo como filhos que estão atentos à palavra do Pai. Música – sabemos que a música tem um papel importante em nossas reuniões de oração para nos levar a orar. Sendo assim, de acordo com a inspiração de Deus, ela pode acontecer em vários momentos do ciclo carismático: no meio da oração em português – quando oramos em português vem a inspiração da música e depois voltamos a orar em português; entre a oração em português e a oração em línguas – quando faltam-nos as palavras e já entra uma música inspirada e depois da música o Espírito já vem orar em nós; no meio da oração em línguas – no meio da oração em línguas entra uma música inspirada e depois voltamos para oração em línguas; entre a oração em línguas e o momento de silêncio – quando o momento de línguas é concluído com uma música e quando ela termina já é o momento de silêncio e escuta; após a oração de resposta ao Senhor – quando ao final da oração de resposta ao Senhor ela conclui o ciclo carismático.
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OBS: para que a música entre no momento certo do ciclo ou em mais de um momento, o dirigente deve estar em sintonia com o ministério de música, tornando
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BÍBLIA: A Bíblia Sagrada Ave-Maria, editora Ave-Maria, 212 edição Claretiana- 2018, São Paulo – SP. RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Módulo básico – Grupo de Oração pág.25; escritório administrativo RCCBRASIL – 2013. RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Módulo básico – Oração na vida Cristã pág.16-25; escritório administrativo RCCBRASIL – 2013. SIMÕES, Vinícius Rodrigues, Eu te Constitui Sentinela na Casa de Israel, editora RCCBRASIL – 2020, Canas – SP, pág.31 e 47.