Revista Renovação - Edição 70 - Setembro/Outubro de 2011

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NESTA EDIÇÃO

Setembro/Outubro 2011 ...........................................

ESPECIAL SOBRE GRUPO DE ORAÇÃO DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA: MOÇÕES PROFÉTICAS FORMAÇÃO REFLEXÃO TESTEMUNHOS BATISMO NO ESPÍRITO SANTO, VIVÊNCIA FRATERNA E EXERCÍCIO DOS CARISMAS

Seu Grupo apresenta a autêntica face da RCC?

06 MINISTÉRIO SEM FRUTOS?

É hora de avaliar como está sua vida de oração

ENCARTE: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Desafios, metas, orientações. Veja como essa ferramenta pode nos ajudar a cumprir nossa missão

AINDA NESTA EDIÇÃO 05 Palavra do Presidente: GRUPO DE ORAÇÃO, LUGAR DE VIDAS TRANSFORMADAS

15 encontro nacional de formação para coordenadores

e ministérios 2012: “apascenta minhas ovelhas“ 16 Congressos estaduais: uma graça para todo o brasil

18 notícias 20 reflexão: povo ou massa?

Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil

ANO 12 - Edição Nº 70 Setembro/Outubro 2011 JORNALISTA RESPONSÁVEL Lúcia Volcan Zolin - DRT/SC 01537 REDAÇÃO Ana Cássia Pandolfo Flores Julianne Batista Thiago Bergmann Araújo FOTOS Arquivo RCCBRASIL DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Ricardo Silva E-MAIL redacao@revistarenovacao.com.br

ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCC BRASIL Praça Vinte de Setembro, 482- Centro CEP 96015-360 Caixa Postal 002 - Pelotas / RS Tel.: (53) 3227.0710 As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.

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EDITORIAL

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Olá, como você está? E o seu Grupo de Oração? Tudo bem? Olá, queremos convidá-lo (la), neste momento, a parar um pouquinho para ler e refletir. Nesta edição da revista, estamos trazendo de forma destacada assuntos relacionados ao Grupo de Oração. Reflexões voltadas à nossa Missão de evangelizar a partir do Batismo no Espírito Santo. Grupo de Oração. O nome diz tudo. Um lugar que reúne pessoas que oram. E como está a oração em nossos Grupos de Oração? Estamos sendo exortados a rezar mais. Sem oração não conseguimos vencer os desafios do dia a dia com santidade, e algo muito grave: não temos condições de exercer nosso ministério com o êxito designado pelo Senhor. Sem oração, entramos no combate sem armas. A oração faz toda a diferença no jeito como agimos. Diz o Catecismo que “ reza-se como se vive, porque se vive como se reza.” Outro ponto para pensarmos: um autêntico Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica tem características bem definidas. O seu Grupo apresenta uma face autêntica ou desfigurada do Movimento? Tem sido espaço onde fluem livremente a graça do Batismo no Espírito Santo e o exercício dos carismas? Há testemunho de vivência fraterna? Estamos participando ativamente de um Grupo? Amamos esse Grupo? Cuidamos dele como quem zela por um tesouro precioso? Tesouro de Deus? Assuntos para que façamos uma avaliação. Temos de cuidar cada vez mais de nossos Grupos. Foi dentro de um deles que milhões de pessoas, ao redor do mundo, um dia fizeram uma experiência verdadeira do Amor de Deus. E se ainda existem bilhões que não descobriram esse Amor, é porque há ainda muito trabalho para nós. Por certo, ao nos autoavaliarmos, 4

nos depararemos com problemas. Contudo, não devemos cair na tentação do desânimo. Somos cristãos e os cristãos não são de perder o ânimo para sua própria ruína (cf. Hb 10,36-39) Amém? Amém!!! E como auxílio para continuarmos avançando na missão, o encarte espedial desta edição, sobre o Planejamento Estratégico de Evangelização, traz uma série de direcionamentos para o fortalecimento da RCC a partir de seus Grupos de Oração. Para encerrar: é muito motivador falar sobre Grupo de Oração nesta edição que tem um caráter especial, por ser a de número 70. Aproveitamos para louvar a Deus pela vida dos irmãos que deram início a esse trabalho, em janeiro de 2000, e por todos aqueles que ao longo desses anos se dedicaram à produção desta revista com amor e zelo. Foram muitos, não poderíamos citar todos, mas sabemos que Deus conhece cada um pelo nome. Louvado seja! Queremos também agradecer a Deus pela sua vida, meu irmão, minha irmã, que recebe a Revista e com a sua fidelidade ajuda a produzirmos cada edição. Confira na contracapa as fotos de todas as edições publicadas até agora. A Revista Renovação tem o foco voltado para a vida da RCC. Existe para oferecer espiritualidade, formação, manter os membros da Renovação bem informados. Já tivemos a oportunidade de dizer que a comunicação verdadeira é aquela que gera comunhão. Sempre que preparamos a Revista, pedimos as luzes do Santo Espírito para que possamos trazer assuntos que realmente sejam importantes para o Movimento. Temos buscado ser fiéis, dentro de nossas limitações, nos esforçando para oferecer conteúdos de edificação pessoal e

comunitária. Trabalhamos para que a RCC, ao partilhar as mesmas notícias, moções, direcionamentos e projetos caminhe em unidade. Por isso, pedimos mais uma vez: partilhe essas informações e reflexões com seus irmãos dos Grupos de Oração. Por falar nisso, o seu Grupo conhece, recebe a revista? Você não concorda que seria bom que todos os membros da RCC tivessem acesso a esse material? Ajude-nos a divulgar a nossa revista (você pode começar logo. Estamos enviando uma cartaresposta para novos colaboradores). Quem preferir, pode se cadastrar pelo Portal da RCCBRASIL. Lembramos que a proposta de nossa presença na internet também é a de fortalecer a RCC. Nosso Portal traz formação, documentos, vídeos e músicas para serem baixados, Moções Proféticas, testemunhos... Também estamos no twitter e no facebook (confira abaixo). Ferramentas a serviço da Evangelização. Porque tudo, absolutamente tudo que fazemos tem uma razão: fazer a vontade do Senhor. É para a honra e glória de Jesus. Tenha uma leitura abençoada! Lúcia V. Zolin Coord. Comissão e Ministério Nacional de Comunicação

Grupo de Oração Divina Misericórdia Twitter: @luciavolcanz RCCBRASIL na rede Portal:www.rccbrasil.org.br @RCCBrasil www.facebook.com/rccbrasil


PALAVRA DO PRESIDENTE

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Grupo de Oração, lugar de vidas transformadas Neste ano em que a RCC vive, de forma especial, a moção que nos remete à Missão, muito oportuno é refletir sobre as seguintes palavras de Paulo VI: “Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: ‘Eis que faço de novo todas as coisas’. No entanto, não haverá humanidade nova se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho”. 1 Palavras que nos levam a olhar para nossa realidade com muita seriedade e a avaliarmos nossa caminhada. Interessante é que, ao fazermos isso, ao mesmo tempo em que nos deparamos com o grande desafio que temos - conscientes de nossos limites e de que há muito ainda a ser feito, também podemos experimentar uma verdadeira alegria no Senhor, ao constatar que a Renovação Carismática Católica tem dado respostas concretas nesse sentido. Basta que olhemos para um lugar que costumamos chamar de célula fundamental de nosso Movimento: “O Grupo de Oração é uma porta aberta para uma descoberta ou redescoberta de que somos herdeiros de uma graça especial que em Jesus, pelo poder do seu Espírito Santo, transforma não só a nossa realidade, mas tudo o que está à nossa volta.”2 Não é disso que o Papa está falando? Da evangelização que gera pessoas novas para que o mundo seja renovado de acordo com os critérios evangélicos? E não é fato que em nossos Grupos já Paulo VI. Exortação Apostólica sobre a Evangelização no mundo contemporâneo, n.18. Grupo de Oração, um tesouro de Deus. Módulo 2. Editora RCCBRASIL

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“nasceu” um número incontável de mulheres e homens novos? Não teríamos como contabilizar todos os testemunhos a esse respeito. Quantas pessoas relatam que a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo tiveram suas vidas completamente transformadas e encontram um sentido para sua existência? Pessoas cujas famílias foram restauradas; que foram libertas de diferentes formas de dependências; sentiram-se perdoadas e aprenderam a perdoar... descobriram ou redescobriram a riqueza da fé católica. Pessoas que passaram a servir ao Senhor com fidelidade. É com júbilo em nossos corações que podemos dizer que em nossos Grupos uma multidão de jovens está começando sua vida em santidade e crianças estão crescendo no reto caminho. Pais, mães e filhos melhores; patrões e empregados honrados; cidadãos dignos. Verdadeiras testemunhas de um cristianismo autêntico, atraindo muitos outros ao Reino de Deus. Pessoas de todas as idades, etnias, classes sociais, renascidas no Espírito, mudando a realidade à sua volta, fazendo do mundo um lugar melhor para se viver. Todas dentro de nossos Grupos. Por isso, temos dito e repetido, em inúmeras ocasiões, que nossos Grupos são ambientes de missão por excelência. Neles ressurge a Cultura de Pentecostes. Cultura estabelecida na humanidade pelos primeiros cristãos que colocaram em prática os ensinamentos de Jesus Cristo. E neste ano, tão missionário, todos os membros da RCC estão sendo convocados a não apenas participar de um Grupo de Oração com perseverança, mas torná-los mais conhecidos. Somos chamados a cuidá-

los com zelo redobrado para que continuem dando frutos para a Igreja e para o mundo. Algo que só pode acontecer se nossos Grupos viverem plenamente sua identidade. Se forem lugares do mover permanente do Espírito Santo. Onde haja conversões genuínas; ocorram curas, milagres e prodígios. Onde Jesus Cristo seja reconhecido como Senhor. É assim que deve ser o meu e o seu Grupo de Oração. No entanto, se estamos enfrentando problemas, ouçamos as palavras de nosso Mestre, que não são de condenação, mas de incentivo. Ele nos motiva a investirmos mesmo naqueles lugares onde, aparentemente, nada mais pescaremos porque já tentamos e não deu certo. Lembremos sempre que a nós compete a obediência, a Ele o milagre de transformar vidas, de renovar a face da terra. Marcos Volcan

Presidente do Conselho Nacional da RCCBrasil Grupo de Oração Divina Misericórdia Twitter:@MarcosVolcan

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A PESSOA ORANTE E A COMUNIDADE ORANTE Como está a sua vida de oração pessoal? Como está a vida de oração da sua comunidade? Somos pessoas que têm intimidade com o Senhor? Que combatem? O texto, abaixo, nos leva a refletir sobre isso e nos exorta: não é possível cumprirmos a missão que Deus nos confiou se não formos realmente homens e mulheres de oração. Por Luiz César Martins Coordenador Estadual da RCC Paraná e coordenador nacional do Ministério de Intercessão Grupo de Oração Fonte Viva do Santíssimo Sacramento

“A oração é um dom da graça e uma resposta decidida de nossa parte. Supõe sempre um esforço. Os grandes orantes da Antiga Aliança antes de Cristo, como também a Mãe de Deus e os santos com Ele, nos ensinam: a oração é um combate. Contra quem? Contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador, que tudo faz para desviar o homem da oração, da união com seu Deus. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza. Senão quisermos habitualmente agir segundo o Espírito de Cristo, também não poderemos habitualmente rezar em seu Nome. O ‘combate espiritual’ da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração” (Catecismo 2725). Para que possamos prosseguir decididamente nos caminhos que o Senhor nos aponta na missão na RCC, é fundamental que sejamos pessoas orantes que se relacionam com Deus através de uma espiritualidade profunda, disciplinada e constante. A oração é um dom que consiste propriamente na elevação da alma a Deus. Este dom nos é concedido pelo Espírito Santo para que possamos obter os demais auxílios que necessitamos para continuarmos perseverando na fé a fim de obtermos a salvação. Desta forma, devemos com insistência pedir a Deus este maravilhoso presente. 6

Se a oração não for uma constante consciência cada vez maior de que Deus em nossa vida, poderíamos até afirmar que está conosco, acompanhando e dirigindo os são inúteis todas as ações, propósitos e nossos passos, ajudando-nos a fazer tudo promessas que fazemos. Deus não concede, com muita consciência e com muita alegria. senão a quem reza com esperança e com É preciso que entendamos a impormuita perseverança. “Pedi e se vos dará. tância de sermos pessoas orantes, porque Buscai e achareis. Batei e vos será aberto” a perseverança na oração nos faz enxergar (Mt 7,7). com clareza a nossa missão e a desenvolJesus é o nosso modelo de fidelidade vermos a força espiritual que não nos deixa na oração e nos ensinou que devemos imi- desanimar. É impossível você exercer um tá-Lo nesta fidelidade de orar sempre (cf. ministério, ser servo ou coordenar um Lc 18,1). Os Apóstolos e as primeiras comu- Grupo de Oração, por exemplo, se você não nidades cristãs sefor uma pessoa É impossível você exercer um orante. Se você guiram os passos de Jesus e nós, ba- ministério, ser servo ou coordenar não for constizados, também tante em sua um Grupo de Oração, por exemplo, somos chamados oração pessoal, a imitá-Lo sendo se você não for uma pessoa orante. muito provavelpessoas orantes. mente você não A pessoa Se você não for constante em sua vai conseguir orante, de verda- oração pessoal, muito provavel- ter êxito na sua de, permanece em mente, você não vai conseguir ter missão. Se você, oração até quando meu querido está dormindo, êxito na sua missão” irmão e irmã, porque todo o não for uma sentido de sua vida está em Deus. Além da pessoa de oração diária, nunca chegará ao alegria de dialogar com o Senhor a sós, isso ponto que Deus definiu para o seu ministétambém é possível junto dos outros irmãos rio. Você pode até ser um coordenador ou da comunidade, porque Deus é o nosso Pai um servo bonzinho, mas não vai ser inse, juntos, fazemos parte desta mesma fa- trumento de Deus para mudar a vida das mília do Senhor. Viver a oração é ter uma pessoas. É impossível servir a Deus se você


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para rezar, reze antes para saber sofrer. não for uma pessoa orante. A nossa decisão de sermos pessoas Através da oração, podemos escutar orantes motiva os outros ao nosso redor. o Senhor que deseja nos orientar e nos ajudar a levarmos em frente a missão em Com isso, aos poucos, uma comunidade nosso Grupo de Oração. Não podemos ter orante vai se formando, na qual é possível dúvidas de que o Senhor deseja nos dar a a vivência do amor fraterno. A oração dessa direção para as nossas Reuniões de Oração comunidade sustenta e anima a missão em a cada semana. Mas, para isso, é preciso nossos Grupos de Oração, em nossos enconque tenhamos a disposição para ouví-lo, tros etc. Sem a oração, nossos esforços misde nos colocar em atitude de escuta e de sionários resultam em quase nada, mas obediência. Quando oramos atingimos o sobrenatural de Deus e passamos aí a com a oração somos mais que vencedores contar com a ajuda do divino na dimensão em Cristo Jesus, sobretudo neste tempo de espiritual. Jesus disse à Santa Faustina que, graça que estamos vivendo na RCC do Braquando oramos, as realidades começam a sil, no qual somos chamados por Deus a seser mudadas na dimensão espiritual e, no mear a Cultura de Pentecostes e a exercer o tempo de Deus, aquilo que já se ordenou nosso ministério com combatividade proféna dimensão espiritual, se ordenará tam- tica. Dessa forma, o profetismo, a coragem bém na dimensão natural. Porém, é preciso e a maturidade espiritual são elementos imprescindíveis que tenhamos a Se você, meu querido irmão e que devemos perseverança para aguardar em irmã, não for uma pessoa de oração alcançar na oraoração, no tempo diária, nunca chegará ao ponto que ção para podermos evangelizar de Deus, o cumprimento das suas Deus definiu para o seu ministério. mais e melhor. Um profepromessas. Você pode até ser um coordenador ta é alguém que Maria Sanou um servo bonzinho, mas não vai fala em nome tíssima é a orante perfeita. As Escri- ser instrumento de Deus para mu- do Senhor e isso requer maturituras nos ensinam dar a vida das pessoas. É impossível dade e coragem. como Maria ora e intercede na fé: servir a Deus se você não for uma Uma comunidade é profética podemos ver em pessoa orante” quando, com Lucas 1,46-55 a sua vida, proclama a Palavra de Deus. oração do Magnificat, e em João 2,1-12, quando ela pede a seu Filho pelas neces- Quando esta comunidade e as pessoas que sidades dos noivos nas bodas de Caná. A nela convivem estão em reciprocidade com Virgem é modelo de pessoa orante para a Palavra de Deus, podemos dizer que esta todos os cristãos. Maria nunca desanimou, mesmo quando tudo parecia perdido, mesmo nas piores dores, ela sempre se manteve firme na esperança e na oração. Também nós precisamos olhar para esta atitude de Maria Santíssima e nos decidirmos a imitá-la, sendo pessoas de oração contínua em todas as circunstâncias da nossa caminhada. A oração nos prepara para vencer os desafios de nossa vida e missão, nos dá maturidade e têmpera para enfrentarmos, com resignação e vitória, as dificuldades. Portanto, não espere sofrer

ESPECIAL

comunidade é verdadeiramente profética. Porém, para poder viver a Palavra de Deus, a pessoa ou a comunidade devem ser orantes. Por conjectura há uma grande diferença entre proclamar muitas orações e ser orante. Esta última significa procurar permanecer em constante comunicação com o Senhor e não limita a sua relação com Deus apenas aos momentos particulares, ainda que estes também sejam imprescindíveis. Há dois mil anos, os primeiros discípulos de Jesus, reunidos na sala do Cenáculo em Jerusalém, no evento de Pentecostes, experimentaram o cumprimento da Promessa de Deus: o derramamento do Espírito Santo. Percebemos, nesta comunidade, que a perseverança na oração era um traço muito forte que a caracterizava como uma comunidade orante. O avanço do anúncio do Evangelho e a sua eficácia deveu-se, e muito, às orações dos primeiros cristãos, que perseveravam unanimemente na vivência fraterna e, principalmente, na oração. A oração da comunidade é eficaz e move o céu em favor da Igreja, pois a promessa de Jesus quando disse: “onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,20), sempre se cumpre quando a comunidade se reúne para orar. Se Jesus se faz presente sempre que nos reunimos em oração, devemos ter a certeza e a segurança de que nada, nem ninguém será capaz de impedir que esta comunidade orante consiga realizar a sua missão, pois Deus mesmo tratará de cumprir Suas promessas para que isso seja possível.

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Moções proféticas

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UM TESOURO DE DEUS Por que temos tanta certeza de que os nossos Grupos de Oração são tão valiosos? O que nos fez chegar a essa conclusão? O próprio Senhor! E é Ele que pede que não nos afastemos de “Seu Coração”, ou seja, de nosso Grupo. Por Maria Beatriz Spier Vargas Secretária-geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Magnificat

Temos usado a expressão “Grupo de experiência dos primeiros cristãos, ficaram Oração, Tesouro de Deus” e, provavelmen- sabendo que um grupo de pessoas se reunia te, muitos pensam que este termo partiu de para rezar na casa de uma senhora chanós. A verdade, porém, é que foi um termo mada Flo Dodge. Ouviram dizer que lá o inspirado por Deus. Estávamos, a então Espírito Santo se manifestava com sinais e constituída equiprodígios como nos pe da Comissão de No Grupo de Oração o Se- primeiros tempos Formação, reunidos da Igreja cristã. Fonhor nos fortalece, nos restaura na casa de Marta e ram conferir e receMaria, no Rio de Ja- e nos torna imbatíveis na luta beram o batismo no neiro, para pensar e Espírito Santo. Esses discernir a formação contra o mal para que possa- mesmos professores de coordenadores. Já mos ser verdadeiramente esse organizaram, em tínhamos a primeira sustentáculo para os outros” fevereiro de 1967, o parte pronta, aquela retiro de final de seque fala da Renovamana em Duquesne, ção como uma graça para a Igreja, mas onde o Espírito Santo se derramou com poprecisávamos dar continuidade. Durante der, como em Pentecostes, sobre os particium momento de oração e escuta diante do pantes que estavam reunidos na capela, no Santíssimo, o Senhor começou a nos falar andar superior da casa. Foi aí que começou em profecias e visualizações sobre a sua a Renovação Carismática Católica. Quando obra de amor no meio de nós através dos saíram de lá, cheios do Espírito, eles sennossos Grupos de Oração e apareceu, como tiram necessidade de estarem juntos para palavra inspirada, confirmada por visu- louvar ao Senhor, ler a Palavra, partilhar alização, a expressão “Grupo de Oração, suas novas e maravilhosas experiências. Tesouro de Deus”. Passaram a se reunir semanalmente e logo Podemos dizer que a raiz da Reno- as reuniões de oração multiplicaram-se, vação está no Grupo de Oração. Aqueles alastraram-se como fogo por outras uniprofessores da Universidade de Duquesne, versidades e, dentro de pouco tempo, no nos Estados Unidos, que começaram a ler o mundo todo. livro dos Atos dos Apóstolos e desejaram a O Grupo de Oração nos descorti-

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na a beleza das pessoas que são acolhidas por Deus, a beleza da misericórdia de Deus que se derrama sobre todos os que acreditam e se convertem. O que nos faz chegar à grandeza da misericórdia de Deus é reconhecer “Jesus Cristo é o Senhor”. O Grupo de Oração é o lugar de encontro com Jesus. O nome de Jesus abre portas. A Renovação Carismática Católica, através dos seus Grupos, é uma porta aberta da Igreja, é a porta do acolhimento. No Encontro Nacional de Formação para Coordenadores e Ministérios (ENF) de 2007, ocasião dos 40 anos da Renovação, recebemos uma palavra que nos fala exatamente isso: “Eis o que diz o Santo e o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi – que abre e ninguém pode fechar; que fecha e ninguém pode abrir. Conheço as tuas obras: eu pus diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar; porque, apesar de tua fraqueza, guardaste a minha palavra e não renegaste o meu nome” (Ap 3,7-8). A interpretação da palavra foi a de que os Grupos de Oração são esta porta permanentemente aberta e que nós, os participantes e servos dos Grupos, somos colunas de Deus para sustentar os fracos e abatidos. No Grupo de Oração o Senhor nos fortalece, nos restaura e nos torna imbatíveis na luta contra o mal para que possamos ser verdadeiramente esse sustentáculo para os outros.


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Em julho do mesmo ano, depois de veio logo em seguida: essas luzes acesas são coisa que vimos e ouvimos” (At 4,20). Que um momento de intercessão pelos grupos, os Grupos de Oração que se multiplicavam o nosso desejo seja trazer homens, mulheDeus nos falou em profecia confirmando a de norte a sul para iluminar o Brasil, levar res, jovens e crianças para os nossos Grupalavra que nos havia sido dada anterior- o evangelho ao nosso povo e incendiar a pos de Oração a fim de que eles sejam bamente: “Escutai povo meu, escutai meus nossa nação com o fogo de Pentecostes. tizados no Espírito Santo como nós fomos filhos e filhas, se vocês se deixassem conduSe analisarmos a nossa própria histó- e possam fazer parte dessa imensa fileira zir pela sabedoria do meu Espírito jamais ria, veremos que um dia alguém nos convi- de pessoas que desejam implantar a Cultuse afastariam de seus Grupos de Oração. dou para um Grupo de Oração e lá o nosso ra de Pentecostes na cultura da morte que Pois Eu quero vos cansaço, a nossa predomina no nosso mundo. Por isso, Eu mesmo, o Senhor, acomodação, a revelar, com toda Outro termo que temos usado é a minha autori- vos declaro e vos peço: retornem nossa desilusão ”Grupo de Oração, Estratégia de Deus”, dade, com toda a transformaram- estratégia para atrair-nos ao seu coração minha misericór- depressa ao meu coração, as portas se em esperan- misericordioso no qual nós somos curados, dia, que o Grupo se abrem. Entrem, entrem e sejam ça, fé expec- restaurados e então transformados em disde Oração, o qual profetas no meu coração. O meu tante, alegria cípulos e missionários seus para testemumuitos de vocês interior. Nossa nhar ao mundo que sofre. têm abandonado coração se abre para vocês, e o meu vida foi tocada No ENF deste ano de 2011, foi lanou desvalorizado, coração é cada Grupo de Oração es- pela bondade, çado um desafio aos Grupos de Oração do é nada mais que pelo amor, pela Brasil: que os Grupos de Oração se tornem palhado nesta nação” o meu coração e misericórdia de missionários, que saiam para as praças e é no meu coração Deus. Nós tive- visitem as casas falando do amor de Deus, que cada um de vocês está gravado eter- mos um encontro pessoal com Jesus Cristo. da salvação em Jesus Cristo e da santificanamente. Por isso, Eu mesmo, o Senhor, vos Depois desse dia, a nossa vida nunca mais ção no Espírito Santo, a fim de que todos declaro e vos peço: retornem depressa ao foi a mesma, porque, ao encontrar Jesus se conscientizem da sua dignidade de filhos meu coração, as portas se abrem. Entrem, “o amor de Deus e filhas de Deus, entrem e sejam profetas no meu coração. foi derramado em Se analisarmos a nossa própria e passem a viver O meu coração se abre para vocês, e o meu nossos corações à altura de sua história, veremos que um dia alcoração é cada Grupo de Oração espalhado pelo Espírito Santo condição. Este nesta nação.” que nos foi dado”( guém nos convidou para um Grupo apelo encontra Naquele mesmo Congresso, duran- cf Rm 5, 5). de Oração e lá o nosso cansaço, a eco numa outra te um momento de oração, recebemos a Que o sentimento profecia sobre nossa acomodação, a nossa desiluseguinte visualização: havia um mapa do de nossa alma seja Grupo de OraBrasil todo preto, mas durante a oração o mesmo dos pri- são transformaram-se em esperan- ção que vem luzes foram se acendendo como velas. De meiros apóstolos: com promessas repente, clarearam o mapa inteiro e trans- “Não podemos ça, fé expectante, alegria interior” de grande poformaram as trevas em luz. A interpretação deixar de falar das der do Espírito para todos nós: “Eu derramo sobre vós uma nova unção do meu Espírito. Eu vos liberto do desânimo, da frieza espiritual e lhes dou uma nova unção do meu Espírito. Eu faço arder em vossos corações o espírito missionário. Eu renovo a alegria e o amor em vossos Grupos de Oração e vos chamo para um tempo novo. Portas de missão se abrirão para vós, desde que sejais dóceis ao meu Espírito. Eu inauguro no meio de vós, a partir deste momento, um tempo novo, um tempo de bênçãos, um tempo de graça, onde o meu Espírito se moverá com poder para renovar a face da terra.” Assim seja!

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GRUPO DE ORAÇÃO, COMUNIDADE FRATERNA Grupos de Oração sem a experiência do Batismo no Espírito Santo, exercício dos carismas e o cultivo da vivência fraterna revelam uma face desfigurada da RCC. Reflitamos a esse respeito tendo por base o texto de Rogério Soares, que nos traz, também, um comovente testemunho sobre o que pode acontecer quando um Grupo de Oração vive plenamente sua identidade. Por Rogério Soares Coordenador Estadual da RCC São Paulo Grupo de Oração Kénosis

A identidade carismática é marcada por três elementos essenciais: o batismo no Espírito Santo, o exercício dos carismas e a vida fraterna. Embora existam outros ambientes em que a prática desse conjunto de elementos possa acontecer, o Grupo de Oração é, sem dúvida, um lugar privilegiado para que se viva profundamente tais experiências. Dizemos “lugar privilegiado” – não exclusivo – pelo fato de que no Grupo de Oração tais experiências emanam “de modo natural” como decorrência da abertura da comunidade reunida à experiência do Espírito. Há na comunidade ali reunida uma fé expectante no agir de Deus que se manifesta por meio do Batismo no Espírito Santo, que derramará seus dons e carismas e possibilitará a experiência de vida fraterna. Esses três elementos confirmam e autenticam a identidade carismática. Por isso mesmo, o rosto de um Grupo de Oração – comunidade carismática – só pode ser percebido na integração desses três elementos, no mínimo. 10

Na Renovação Carismática Católica, dois desses elementos estão sempre em relevo: as chamadas experiências de Batismo no Espírito e a prática dos carismas. De fato, esses dois elementos são emblemáticos e não podem ser relegados a um segundo plano ou postos como adornos na vida do Movimento. Isso significaria desfigurar o rosto da RCC, tornando-a dispensável à própria Igreja Católica. Renunciar a esses elementos significaria nossa desfiguração ou deformação do rosto carismático que trazemos por vocação na Igreja. Ora, o mesmo vale dizer para o elemento “vida fraterna”, que com os outros dois anteriores ajudam a caracterizar a identidade carismática da RCC. Tão imprescindível quanto o batismo no Espírito Santo e a prática dos carismas, a vida fraterna torna-se elemento constitutivo na legitimação de nossa identidade carismática. Ninguém é batizado no Espírito Santo para continuar vivendo no isolamento. Pelo contrário, a experiência do Espírito abre a pessoa à experiência comunitária, no amor de irmãos que, assim como ela, também se

descobriram amados por Deus. A pessoa é atraída – não forçada – para uma comunidade, lugar onde poderá exercitar os carismas recebidos, crescendo em “sabedoria e graça” (Lc 2,52). Grupo de oração, lugar de vida fraterna O Novo Testamento revela que o grupo dos discípulos de Jesus já mantinha grande convivência mesmo antes de Pentecostes. Desde que foram chamados por Jesus, os discípulos já faziam uma experiência de vida fraterna, assistida e coordenada pelo Mestre. Enquanto aguardavam o cumprimento da promessa (At 1,4), eles permaneciam em Jerusalém, na sala do Cenáculo. Aguardavam como comunidade reunida. Podemos tirar dessa afirmação ao menos três questões relevantes para nossa reflexão: 1) Pentecostes é uma experiência vivida “na comunidade”; 2) Embora seja na comunidade, a experiência do Espírito é pessoal; 3) Uma consequência constitutiva de Pentecostes é a vida em comunidade.


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1) Pentecostes é uma experiência vivida na comunidade Quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes (cf. At 2), Lucas escreve que “eles estavam reunidos no mesmo lugar” (At 2,1). Alguns dias antes, dois deles haviam se destacado do grupo e caminhavam para fora da cidade quando o próprio Jesus lhes aparecera convidando-os a retornar à cidade e a juntar-se novamente à comunidade, até que fossem revestidos da força do alto (cf. Lc 24,49). Ora, não foi obra do acaso o fato de o Espírito Santo ter se manifestado quando os discípulos estavam reunidos em comunidade. A imagem da comunidade reunida aguardando o derramamento do Espírito Santo não nos parece ser a imagem mais próxima daquilo que marca nossos Grupos de Oração? A reunião de oração de um povo que aguarda com “fé expectante” a manifestação poderosa do Espírito é a forma mais autêntica de definir o significado de um Grupo de Oração. O Espírito Santo vem quando eles estão reunidos. A importância de “permanecer reunidos” em comunidade para a concretização da promessa do Consolador (Jo 14, 16) é essencial para o evento Pentecostes.

à experiência de amor. Tal experiência individual, no entanto, não mantém o fiel no isolamento ou na indiferença ao irmão. Ao contrário, tanto mais a experiência do Espírito atinge a particularidade de cada pessoa, quanto essa pessoa vai abrindo-se à vida fraterna em comunidade. À medida que se descobre o agir do Espírito na vida interior, aumenta na mesma proporção o grau de aproximação da pessoa com a comunidade. Essa é uma forma de verificação da realidade de Pentecostes na vida do fiel.

É fundamental, portanto, ao Grupo de Oração, que cada um viva sua experiência pessoal do Espírito de forma contínua, pois isso resultará em grande graça para cada participante e para toda a comunidade. Na medida em que “a graça de Deus cresce em nós sem cessar”, vamos tornando-nos expressão dessa mesma graça para nossa comunidade, favorecendo assim nossa vida fraterna. As divisões dentro de um Grupo de Oração não são frutos de meros impulsos humanos, mas no fundo, da ausência da graça de Deus em nós. O afastamento da vida na graça de Deus poderia tornar-nos

2) A experiência do Espírito é pessoal Não obstante ao fato de Pentecostes ser uma experiência comunitária, o texto dos Atos dos Apóstolos sublinha o fato de que as “línguas de fogo pousaram sobre cada um deles” (At 2,3). Chamamos de “experiência pessoal do Espírito” a realidade que cada um experimenta individualmente quando Deus derrama seu Espírito na comunidade reunida. O Espírito é dado a todos, mas cada um o recebe na medida da abertura de seu próprio coração. Não se trata de uma experiência “de massa”, por indução ou por “contágio”. O Espírito de Deus visita a comunidade e enche a todo que se deixa por Ele ser tocado. O “sim” ao Espírito é fruto da liberdade de cada fiel que se abre 11


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insuportáveis uns aos outros. Sem a presença do “amor de Deus derramado em nossos corações” (Rm 5,5) como poderíamos ser chamados de irmãos? Por isso, faz-se necessário pedir sempre um novo Pentecostes para cada pessoa presente no Grupo de Oração, individualmente. 3) Uma consequência constitutiva de Pentecostes é a vida em comunidade Chegamos aqui ao ponto central de nosso tema. Pensar o Grupo de Oração como uma comunidade fraterna é tocar na consequência objetiva mais impactante de Pentecostes. Mais desconcertante do que a manifestação miraculosa dos carismas de profecia, cura e pregação na comunidade primitiva, o testemunho de uma comunidade fraterna (frater = irmãos) deixava os concidadãos dos discípulos intrigados. “Vejam como eles se amam”, diziam a respeito daqueles seguidores de Jesus que há pouco recebera o Espírito Santo. Era o cumprimento do mandamento do Senhor: “Nisto

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todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). Traduzimos por “comunhão fraterna” o termo grego koinonia. Trata-se da união espiritual dos que se deixaram batizar na mesma fé e que assumiram um projeto de vida comum. Se antes da vinda do Espírito era possível a comunidade permanecer reunida, agora com o derramamento abundante da graça do Espírito será possível atingir o aperfeiçoamento da vida comunitária. O sonho de viver como irmãos tornar-seá possível exatamente por auxílio da graça derramada. As disputas ou divisões podem ser superadas, pois “o amor foi derramado nos corações” (Rm 5,5). A partilha não será uma utopia para quem se deixou tocar e conduzir pelo Espírito. “Eles tinham tudo em comum” (At 4,32). Quando a experiência do Espírito toca-nos profundamente o mais íntimo do coração, somos convencidos de que a comunidade de irmãos (embora ainda repletas de limitações e fragilidades humanas) é um verdadeiro refúgio e fortaleza na luta contra tudo o que há de mal no mundo. Nesse sentido, o Grupo de Oração é

um lugar privilegiado para a experiência fraterna! E para que essa realidade se concretize na vida cotidiana do GO é preciso que cada participante saiba de sua importância, como colaborador do Espírito no aperfeiçoamento da vida fraterna da comunidade. A atitude de acolher não deve ser delegada a um grupo de pessoas, apenas. Embora exista normalmente um ministério ou equipe de acolhida em nossos Grupos de Oração, a função de acolher ao próximo é papel de todos. Coordenadores, servos e participantes devem se deixar conquistar pela graça do acolhimento, dom próprio do Espírito derramado na vida da comunidade. A fraternidade não deve existir somente em função de uma necessidade ou situação inusitada. Ela deve ser constitutiva na vida do Grupo de Oração. Acolher com alegria e cuidar uns dos outros é um dos sinais evidentes de Pentecostes. Um testemunho Participo de Grupo de Oração há quase 25 anos. Durante esse tempo vivi e continuo vivendo muitas experiências que acabam por deixar marcas profundas em minha história pessoal. Quantas curas miraculosas vi acontecer pela manifestação de legítimos carismas no meio da comunidade. Quantas pessoas eu vi mudarem de vida depois de terem vivido a experiência de batismo no Espírito Santo. Em minha vida mesmo, quantas mudanças percebi como decorrentes dessa ação do Espírito! Louvo a Deus por tudo o que Ele fez em mim! Preciso afirmar, entretanto, que as experiências que mais marcaram minha vida e da minha família foram as experiências de vida fraterna no seio do Grupo de Oração. No ano de 1996, passamos por uma grande dificuldade que atingiu nossa vida financeira. Morávamos de aluguel e recebemos comunicado de despejo, pois estávamos entrando no terceiro mês de atraso


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no pagamento. Não tínhamos condições de pagar aquele valor e não sabíamos como resolver aquela situação. Eu e minha esposa buscávamos encontrar saídas para aquele episódio de constrangimento e preocupação para com nossos filhos. Rezávamos e íamos com nossos filhos ao Grupo de Oração. Eu e minha esposa fazíamos parte do Ministério de Música e éramos responsáveis pela animação de louvor na reunião de oração. Nossos problemas nunca nos impediram de assumirmos nosso ministério com alegria. Enquanto apresentávamos por meio da oração esta situação difícil diante de Deus, alguns irmãos do Grupo de Oração ficaram sabendo de nossa situação e naquele momento pude ver a consequência do batismo no Espírito Santo acontecer de forma bastante concreta no testemunho comunitário do meu Grupo de Oração. Fizeram uma coleta entre eles, sem que eu soubesse, e me ajudaram a quitar meus aluguéis atrasados e contas de água e luz. Cuidaram de minha família, como pastores que cuidam de suas ovelhas. Supriram nossas necessidades

de alimentos durante cerca de seis meses, até que eu tivesse melhorado minhas condições. Até o material escolar de minhas crianças era providenciado por Deus pela ação fraterna dos membros do Grupo de Oração. Não se tratava de um mero assistencialismo. Percebíamos o amor com que realizavam aquelas ações em nosso favor. Tudo estava acompanhado de profundos momentos de oração em minha casa. A atenção que recebemos naquele momento de fragilidade que minha família passava marcou-nos profundamente. Entendi através daqueles momentos que o testemunho de partilha e comunhão fraterna das primeiras comunidades cristãs não era uma utopia. Eu vi em minha própria vida esta consequência de Pentecostes. Aquela atitude de acolhida testemunhou e consolidou na comunidade o batismo no Espírito Santo. Eram sinais da Cultura de Pentecostes! Quantas pessoas podem estar participando de nossos Grupos de Oração e que estão precisando ser acolhidas e cui-

dadas com mais atenção? Seria justo celebrar durante uma hora e meia ao lado de uma pessoa que se senta ao nosso lado na Igreja, cantando cantos alegres e ouvindo a Palavra de Deus, sem sequer saber o nome e o lugar de onde aquela pessoa vem? E se ela não voltar, quem perceberá sua ausência? Quantos dentre os próprios servos vivem verdadeiras lutas sem poder contar com a ajuda dos irmãos de comunidade... Devemos continuar com os olhos voltados para o céu, esperando as respostas de Deus, mas precisamos manter também os braços abertos e estendidos para acolher cada um daqueles que foram atraídos ao nosso Grupo de Oração. A experiência de amor vivida em comunidade deixará marcas profundas na vida de todos, sobretudo na vida daqueles que receberem esse amor fraterno. Peçamos continuamente o batismo no Espírito Santo em nossas reuniões de oração para que a comunidade, repleta dos dons e carismas do Espírito, seja capaz de traduzir tudo isso num autêntico testemunho de vida fraterna.

Novas Camisetas

Baixe o Planejamento Estratégico da RCCBRASIL no nosso portal www.rccbrasil.org.br

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MICROFONE NA MÃO

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Grupos que vivem sua identidade são ambientes que “atraem”. São indispensáveis na caminhada. Os depoimentos, abaixo, são de lideranças do Movimento que foram convidadas a, em poucas palavras, dizer o que o Grupo de Oração significa em suas vidas. O GO já faz parte da minha vida, é mesmo constitutivo da minha caminhada. Cada reunião do Grupo enche o meu coração de alegria por compartilhar as graças de Deus com tantos irmãos, por rezarmos juntos todas as semanas. Para mim, o Grupo de Oração é o espaço onde readquiro forças para prosseguir perseverando. Ali tenho a possibilidade de louvar publicamente o meu Senhor. Onazir Conceição

Coordenador nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação Grupo de Oração Rainha da Paz de Curitiba/PR

O Grupo de Oração para mim é um lugar de estar em comunhão com Deus e com os irmãos. É o lugar de celebrar a vida, de ter uma experiência inesquecível da efusão do Espírito Santo. Lugar onde fortaleço minha fé e vivo minha missão de evangelizar. Sou muito feliz por fazer parte de um Grupo de Oração! Loiva Menezes

Coordenadora Nacional do Ministério de Promoção Humana Grupo de Oração São João Batista de Cambará do Sul/RS

Na minha caminhada, o Grupo de Oração é uma base sólida, pois foi a partir da minha participação nas reuniões que fui resgatado por Jesus para uma vida nova. Dentro do Grupo, cresço na Palavra, na oração e na comunhão com os irmãos. Eu creio que o maior tesouro da RCC é o Grupo de Oração!

Mário Lúcio da Silva Sousa

Coordenador estadual da RCC do Pará Grupo de Oração Água Viva de Novo Repartimento/PA

O Grupo de Oração é, junto com os sacramentos, o motor que me move a estar na presença de Deus. É nele que eu me abasteço e aprendo a ser mais Igreja através da oração e da presença dos irmãos. Sou tão apaixonada por Grupo de Oração que participo de três! Elza Gomes

Coordenadora estadual da RCC de Mato Grosso Grupo de Oração Santa Clara de Dourados/MT

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O Grupo de Oração na minha vida representa o poço de Jacó, a fonte inesgotável onde tenho a oportunidade de, semanalmente, me encontrar com o Mestre e beber da Sua água viva. Local de experiência pessoal de Deus, de refrigério da alma e, sobretudo, da descoberta de que Ele sempre tem algo para mim. O meu Grupo de Oração é, de maneira mais intensa, o lugar da vida em comunidade, onde Deus me reveste da força e da coragem de vencer os meus limites no aspecto de colocar em prática o amor a Deus e aos irmãos. É onde eu encontro impulso e coragem para dar testemunho de Jesus, onde Ele me envia em missão. Taciano Nascimento

Coordenador estadual da RCC da Bahia e coordenador nacional do Ministério de Música e Artes Grupo de Oração Magnificat de Irecê/BA

Um grande lugar de encontro com Deus na oração e na convivência com os irmãos. A vivência no Grupo de Oração alimenta a minha oração pessoal, sustenta a minha espiritualidade e oportuniza que eu coloque os meus dons a serviço da comunidade.

João Paulo Veloso

Coordenador Nacional do Ministério para Seminaristas Grupo de Oração do Seminário Interdiocesano do Divino Espírito Santo de Palmas/TO

O Grupo de Oração foi instrumento para que o resgate de Deus acontecesse em mim. Minha vida era marcada por vícios e pela depressão. Dentro de um Grupo de Oração eu encontrei Jesus e comecei a aprender o valor dos sacramentos e da minha família. José Carlos Paulli

Coordenador estadual da RCC do Espírito Santo Grupo de Oração Poder de Deus de Vila Velha/ES

O Grupo de Oração é motivo de felicidade para minha vida. Nos momentos bons e também nos momentos difíceis, sempre é uma grande alegria poder estar na presença de Deus.

Darlen Macedo Vaz

Coordenador estadual da RCC Rio Grande do Sul Grupo de Oração Padre Pio de Rio Grande/RS


ENF 2012

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ENCONTRO NACIONAL DE FORMAÇÃO PARA COORDENADORES E MINISTÉRIOS 2012: “APASCENTA MINHAS OVELHAS” (JO 21,17)

Encontro Nacional para lideranças da RCC destaca o pastoreio, temática que vai direcionar todos os trabalhos da RCC do Brasil no próximo ano. O ENF será realizado de 24 a 29 de janeiro, em Lorena/SP. O período de inscrições começa no dia 15 de outubro. Todos os encontros da RCC são importantes para a vida do Movimento. Cada um tem sua característica própria, sua finalidade. O Encontro Nacional de Formação para Coordenadores e Ministérios (ENF) tem se consolidado a cada ano e é de grande valor por ser destinado a coordenadores estaduais, diocesanos, de ministérios, Grupos de Oração, equipes e núcleos de serviço. No ENF, projetos e serviços em andamento são apresentados às lideranças. As moções proféticas são compartilhadas e, a partir delas, são repassados direcionamentos sobre os trabalhos a serem desenvolvi-

dos pelo Movimento em âmbito nacional. Por isso, o ENF é estrategicamente realizado no início de cada ano, vindo a ser um dos eventos que mais ajudam a estreitar os laços de comunhão entre os membros da RCC. De acordo com o presidente do Conselho Nacional, Marcos Volcan, os líderes têm o compromisso de manter a unidade do Movimento e levar as decisões e frutos do encontro às suas realidades, alcançando todos os Grupos de Oração do Brasil. “Líderes bem formados, que conhecem intimamente a Renovação Carismática, podem fortalecer seus Grupos e Ministérios”, observa.

O Encontro Nacional de Formação é marcado por dinâmicas próprias de nossa identidade, como momentos de oração, pregações, formação geral e específica e escuta profética. 2012: CONVOCADOS A CUIDAR DAS OVELHAS DO SENHOR O tema do ENF – Apascenta as minhas ovelhas - é baseado no diálogo entre Jesus e Pedro, descrito no Evangelho de João (21,17) e, pela ênfase ao pastoreio, dá sequência ao trabalho de missão realizado este ano. Entre outros assuntos, iremos refletir sobre os cuidados que devemos dispensar àqueles que foram cativados pelo anúncio do Evangelho em nossos Grupos, eventos ou demais atividades promovidas pelo Movimento. Líderes, organizem suas caravanas! Celebremos juntos, como rebanho do Senhor.

Atenção O período de inscrições abre no dia 15 de outubro pelo portal da RCC. Fique atento e acompanhe todas as informações. As inscrições serão feitas somente via internet.

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CONGRESSOS ESTADUAIS

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NOTÍCIAS

Setembro/Outubro 2011 .......................................... Mensagem de Bento XVI para a Renovação Carismática Católica: “Confie no Espírito Santo”

No dia 8 de junho, membros do Conselho do ICCRS, Serviço Internacional da RCC, participaram de uma audiência particular com o Santo Papa Bento XVI. Na ocasião, Bento XVI enviou a seguinte mensagem para a Renovação Carismática Católica: “Confie no Espírito Santo!” Além disso, o Papa convidou a RCC a rezar pela paz no mundo. O presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, Marcos Volcan, fez parte do grupo que se encontrou com o Sumo Pontífice. De acordo com Volcan, essa audiência foi bastante significativa e importante para o ICCRS, por ter sido a primeira desde o início do pontificado de Bento XVI. Em maio do ano passado, os líderes se reuniram com o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcísio Bertoni.

Volcan foi à Itália para participar do retiro anual do ICCRS, em celebração à Festa de Pentecostes, realizado este ano em Assis, entre os dias 8 e 12 de junho. O presidente do Conselho Nacional foi convidado a fazer uma pregação sobre o carisma da Profecia, cujo tema foi “Vossos filhos e filhas profetizarão”. Ele aproveitou a oportunidade para falar sobre o I Encontro Mundial de Jovens da RCC que será realizado em julho do ano que vem em Foz do Iguaçu/ PR. O retiro do ICCRS, tradicionalmente, reúne representantes da RCC de todos os continentes. A reunião, em Assis, foi marcada por pregações, oficinas, louvor, adoração e missas diárias. A missão do ICCRS é promover a comu-

nhão entre a RCC de todo o mundo. Sua sede é no Vaticano, junto ao Pontifício Conselho Para os Leigos. Existem 13 regiões do mundo representadas no ICCRS. O Brasil conta com o privilegio de possuir uma dessas vagas como país de língua portuguesa do continente americano, sendo representado por Marcos Volcan.

Capela da Sede Nacional é preparada para Os nomes sorteados foram de James atividades permanentes

Unidade que nos faz avançar: Conheça os ganhadores da ação entre amigos

Uma demonstração da força que temos quando estamos em unidade. Assim foi a Ação entre Amigos “Nossa Casa, Nossa Bênção”. Em todos os cantos do país, pessoas mobilizaram amigos e irmãos dos seus Grupos de Oração para o sonho de termos uma casa, um lugar de acolhida para os carismáticos de todo o Brasil se concretize. Desde janeiro, quando os talões foram distribuídos, durante o Encontro Nacional de Formação, a família carismática brasileira empenhou-se na venda dos talões da Ação. Tudo para chegar ao dia 30 de julho, em Aracruz/ES. Durante o Congresso Estadual da RCC Espírito Santo, foram sorteados os nomes que receberiam os três automóveis zero quilômetro que compunham a premiação da campanha. 18

Guerra Júnior, de Teresina/PI; Maria das Neves Brito Dettogni, da própria cidade de Aracruz, que sediava o congresso; e Izamara da Cruz e Silva, de Nobres/MS. A solenidade contou com as presenças de Marcos Volcan, presidente do Conselho Nacional; Márcio Zolin, diretor do Escritório Nacional; e de membros do Conselho Nacional, além dos responsáveis pela campanha e do auditor da empresa contratada. Cada premiado pôde retirar o veículo na concessionária mais próxima de sua casa. Partilha

Quando se fala que a Ação entre Amigos foi uma grande demonstração de unidade, isso fica comprovado pela aplicação do princípio da partilha. Todos os valores arrecadados pela campanha entraram no Projeto Atos 4,32. Dessa forma, a venda dos bilhetes não se converteu em benefícios apenas para o projeto de construção da nossa Sede Nacional. Também saíram ganhando as instâncias diocesanas e estaduais da RCC, pois uma porcentagem dos recursos arrecadados ficou com elas.

Aos poucos a nossa futura Sede Nacional já toma traços do que será a Nossa Casa: um local de acolhida para carismáticos de todos os lugares. Desde julho, a capela Cenáculo de Nossa Senhora de Pentecostes passou a receber intervenções para que ali possam, frequentemente, ser realizadas atividades como tardes de louvor, Grupos de Oração, oração do terço e momentos de intercessão. Para isso, estão sendo finalizadas as instalações de água e energia elétrica. Também estão sendo construídos banheiros. Com essas melhorias na estrutura, já é possível agendar visitas ao local. Uma caravana da diocese de Patos/ PB, que participou de um retiro na região do Vale do Paraíba no final de julho, aproveitou a oportunidade e conheceu o espaço que abrigará a Sede Nacional.


NOTÍCIAS

Setembro/Outubro 2011 ........................................... INStITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: MUDANÇA NOS PERÍODOS DE INSCRIÇÃO PARA FACILITAR O ACESSO

Incrições abertas

Desde abril de 2010, milhares de pessoas já passaram pelas salas de aula virtuais do Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL. Sem sair de casa, sem ter hora marcada. Os cursos do IEAD oferecem formação de qualidade com preço acessível e se adaptam a rotina de vida de seus estudantes.

Em 2011, três novos cursos passaram a integrar a grade do Instituto: Sentinelas da Manhã, História da RCC e Projeto Amigos de Deus. Novas propostas, cursos específicos para ministérios. Aos poucos o IEAD avança para oferecer aos carismáticos uma base sólida para a sua missão.

O IEAD mudou a dinâmica dos períodos de inscrição. Elas ficam abertas praticamente todo o tempo. Apenas são fechadas para a montagem das turmas por alguns dias. Então, caso elas estejam fechadas no momento da sua tentativa, tente alguns dias depois e já estarão abertas novamente. Acesse: www.iead.rccbrasil.org.br

Ministérios da RCC da região Nordeste reunidos A Renovação Carismática Católica da região Nordeste do Brasil esteve mobilizada para a realização de três eventos de ministérios durante os meses de junho e julho. Sob o tema “Por causa da Tua Palavra, lançaremos as redes”, os encontros foram oportunidade de avivamento e aprofundamento espiritual, além de ser chance para formação específica para os ministérios. ERUR

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Nordestão do RENASEM

Entre os dias 23 e 26 de junho, na Universidade Federal de Alagoas, em Maceió, ocorreu o Encontro Regional Universidades Renovadas. A programação incluiu, além dos momentos de oração, mesas temáticas, noite cultural e mostra científica. O evento também comemorou os 15 anos de atuação do MUR no Nordeste e teve as presenças de bispos e reitores universitários da região.

Já entre 24 e 26, o Ministério Jovem nordestino esteve reunido na arena Axé Moi, em Porto Seguro/BA, para a realização do seu encontro. Foram três dias com diversas pregações, momentos de oração, uma noite carismática, show e uma “Noite Junina” regada com muito forró, apresentação de quadrilha e comidas típicas.

Em julho, entre os dias 11 e 15, seminaristas carismáticos reuniram-se no Seminário Maior Interdiocesano Sagrado Coração de Jesus, de Teresina/PI, para o seu retiro regional, baseados no lema “Anunciavam com ousadia” (cf. At 4, 31). Os momentos tiveram momentos conduzidos por Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília/DF, e Dom Celso da Silva, arcebispo emérito de Teresina.

A evangelização das crianças em foco durante Encontro Nacional

Membros do Ministério para as Crianças de todo o Brasil estiveram em Ribeirão Preto/SP, no final de semana de 22 a 24 de julho, para o 8º Encontro Nacional

de Evangelizadores de Crianças. Cerca de 700 pessoas, vindas de todas as regiões do país, partilharam suas vidas e experiências através de pregações, orações, celebrações e workshops, sob o tema: “Jesus mandou, pescador eu sou”. Estavam presentes o presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, Marcos Volcan, os coordenadores estaduais do Ministério e a coordenadora nacional, Hyde Flávia Monteiro. Durante a programação, ocorreu também o lançamento do CD “Pescadores

Kids – volume 2”, de Tatiane Jardim, e do livro infantil “Amiguinhos de Deus”, de Ana Paula Gericó Speri, coordenadora do Ministério para as Crianças do Estado de São Paulo. Segundo a organização, o evento foi uma grande festa e os frutos já começam a ser colhidos, tanto na evangelização de nossas crianças quanto na unidade do ministério. Para mais detalhes, fotos e testemunhos, acesse o blog do Encontro. www. enec2011.blogspot.com 19


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Povo ou massa? Existem pessoas que acham que são livres, mas na verdade são manipuladas. Vivem uma vida inteira fazendo apenas aquilo que está sendo ditado. A música que ouvem, a roupa que vestem, os valores que defendem. Fãs que seguem seus ídolos. Pessoas assim servem, sem saber, a um mercado muito lucrativo. A reflexão a seguir tem por base documentos da Igreja; pensamentos dos Papas Pio XII, Paulo VI e João Paulo II; e, também, a Missão assumida pela RCC, descrita em nosso Planejamento Estratégico. Por Lúcia V. Zolin Coordenadora Nacional do Ministério e Comissão de Comunicação Grupo de Oração Divina Misericórdia

“Povo e multidão amorfa, ou como se pode dizer ‘massa’, são dois conceitos diversos”. Disse Pio XII em uma radiomensagem nas véspera do Natal de 1944, ao refletir sobre a verdadeira democracia: “O povo vive e se move com vida própria – A massa é por si mesma inerte, e não pode receber movimento senão de fora. O povo vive da plenitude da vida dos homens que o compõem, cada um dos quais em seu próprio posto e à sua maneira, é pessoa consciente de suas próprias responsabilidades e suas próprias convicções. A massa pelo contrário espera impulso de fora.” A massa pode ser facilmente manipulada, advertiu o Papa: “Joguete fácil nas mãos de um qualquer que explore seus instintos e impressões, disposta a seguir cada vez uma, hoje esta, amanhã aquela outra bandeira.” E isso é uma ameaça à democracia saudável e equilibrada, exortou: “A massa, como acabamos de definir, é a inimiga capital da verdadeira democracia e de seu ideal de liberdade e igualdade.” Massas: é conveniente que elas existam

É impossível não enxergar a existência de grandes multidões que são “joguete fácil” nas mãos de grupos que exploram seus “instintos e impressões”. Uma coisa é 20

fato, o comportamento de massa é lucrativo. É rentável, e muito! Faz parte de uma lógica utilitarista. Nela, o ser humano não passa de um mero consumidor. Então, não convém que as pessoas pensem a respeito de seus comportamentos, porque, para muitos, a alienação é fonte de riquezas. Se...

Vejamos o que aconteceria se fôssemos realmente questionadores. Se todos decidissem ao mesmo tempo rever suas reais necessidades de consumo? O que seria do mundo da moda, se um número significativo de pessoas interrogasse os padrões que são impostos? O que justifica, por exemplo, que determinado estilo de sapato seja considerado moderno em um ano e nos seguintes seja cafona, brega? Mesmo que esteja em ótimas condições de uso, as pessoas são “obrigadas” a aposentá-lo sob o risco de serem consideradas ultrapassadas. Quem determina isso? Você já parou para pensar? O que seria das emissoras de televisão se os telespectadores fossem mais críticos em relação à programação? Será que ainda existiriam novelas, por exemplo, com seus enredos cada vez mais medíocres? Existiriam programas que idiotizam o ser

humano? Que não exigem nada de raciocínio? Entretenimento inofensivo, dirão alguns. Será? Se todos tivessem senso crítico aguçado, haveria aqueles programas que se ocupam de filmar um grupo de pessoas 24 horas por dia? Programas nos quais reina absoluto o narcisismo? O único “mérito” que as pessoas em questão têm é o desejo de aparecer, ganhar dinheiro, fazer fama para depois assinar um bom contrato publicitário, participar de alguma novela, quem sabe... E os que ficam em casa em frente a suas TVs ou computadores, ainda pagam por isso de forma bem específica e acham que estão interagindo porque podem votar e eliminar pessoas do jogo. E o mais estranho é que essas pessoas, que apenas fizeram expor suas vidas, sua intimidade, se transformam em celebridades. Tem lógica? Celebridades: também convém que elas existam

Tem! Mas é uma lógica perversa. Celebridades anunciam produtos, ditam modas e comportamentos. Convém que existam celebridades. A protagonista da novela sempre está presente em várias campanhas publicitárias. A bela modelo


REFLEXÃO

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também. Viram ídolos. Ídolos existem para quê? Para serem adorados! Para serem seguidos por uma multidão de fãs que os idolatram. É bom que eles existam. Eles dão muito lucro. E as pessoas vivem uma falsa relação com eles. Os ídolos modernos também têm olhos, mas não veem seus adoradores; boca, mas não falam com eles, ouvidos mas não os escutam (cf. Salmo 115) . Vã ilusão. Seus seguidores não sabem que eles são fabricados por mãos humanas. Artesãos, experientes em lançar pessoas no rentável mercado da fama. Os ídolos/celebridades vendem bem. Vendem cremes, carros, shampoos, sonhos; vendem imagens de um mundo ideal, de um corpo ideal. E o desejo do corpo perfeito também vende. Cosméticos, cirurgias, enfim, alimenta uma indústria da vaidade sem limites. Meios de comunicação de massa

Estamos diante de um problema. E bastante complexo, diga-se. Não temos como definir uma única causa para tudo que apontamos acima. Mas podemos ver que existe uma poderosa presença dos meios de comunicação nesse fenômeno. Existe um impacto das comunicações que não pode ser ignorado no comportamento das pessoas. “Eles têm um poderoso influxo no modo de pensar e agir dos indivíduos e comunidades” (Pio XII. Encíclica Miranda Prorsus). Eles “introduzem e refletem novas atitudes e estilos de vida” (Pontifício Conselho Para as Comunicações. Communio et progressio, 22). Os diferentes meios de comunicação de massa têm o poder de influenciar a opinião pública, ou seja, o que as pessoas pensam a respeito de um assunto. Elas acabam considerando como verdadeiro e justo o que outras pessoas ou grupos que gozam de uma especial autoridade cultural, científica ou moral pensam e dizem (cf. João Paulo II. XX Dia Mundial para as Comunicações Sociais). Os meios acabam sendo essa “autoridade”.

Já que chegamos a este ponto da Não zombem dos valores religiosos, não os reflexão é bom esclarecer que a Igreja Ca- ignorem, não os interpretem conforme estólica não tem um posicionamento hostil quemas ideológicos! [...] Não corrompam a aos meios. Pelo contrário, eles chegam a sociedade e, especialmente, os jovens, com ser considerados “dons divinos”. Porém, a a representação intencional e insistente do Igreja sabe e avisa que os mesmos podem mal, da violência, do aviltamento moral, ser bem ou mal utilizados. Através de di- fazendo uma obra de manipulação ideolóversos documentos, papas e bispos têm gica, semeando a divisão!” se dedicado a mostrar as potencialidades, Fato é que o Evangelho de Jesus Crismas também têm denunciado os casos to não serve de critério para a produção de em que eles são filmes, novelas, moda, Ídolos existem para quê? usados de forma anúncios publicitários. deturpada. Criti- Para serem adorados! Para se- Essas realidades camicam o abuso e a nham alheias aos valoviolação da dig- rem seguidos por uma multi- res cristãos. Não levam nidade humana dão de fãs que os idolatram” em conta Deus e muito e dos valores e menos o próximo que ideais cristãos. é tratado apenas como Os meios são nocivos quando, des- consumidor em potencial. Quem se importa prezando todo e qualquer ensinamento se pessoas estão sendo manipuladas? evangélico, ficam a serviço da cultura João Paulo II estava muito atento a de morte: Que cultura é essa? Busquemos essa realidade. Chamou os meios de novos uma definição no Documento de Apareci- areópagos, fazendo referência à experiênda: “Caminhos de morte são os que levam cia de Paulo em Atenas (Cf. At 17, 22-31) e a dilapidar os bens que recebemos de Deus nos convocou a não apenas usar os meios através dos que nos precederam na fé. São para propagar a mensagem evangélica. A caminhos que traçam uma cultura sem mídia inteira tem que estar impregnada Deus e sem seus mandamentos ou inclusive pelo Evangelho: “É necessário integrar a contra Deus, animada pelos ídolos do po- mensagem nesta nova cultura criada pelas der, da riqueza e do prazer efêmero, a qual modernas comunicações” (Redemptoris termina sendo uma cultura contra o ser Missio, 37). humano...” (DA, n. 13). Sim, os cristãos devem se importar. Dilapidam, esbanjam, dissipam, destroçam, desperdiçam. Quantas novelas, programas, músicas, livremente propagados pelos diferentes meios de comunicação que são totalmente alheios aos mandamentos de Deus? Que jogam tudo que há de mais valoroso para a autêntica fé cristã na lata do lixo? Dilapidam? Situação séria a ponto de, em 1984, por ocasião do XVIII Mundial das Comunicações Sociais, João Paulo II se dirigir aos responsáveis pela operação de meios de comunicação, com um “apelo aflito”, como ele próprio definiu: “Operadores da comunicação, não deem uma imagem mutilada do homem, distorcida, fechada aos autênticos valores humanos! Abram espaço para o transcendente, que torna o homem mais homem!

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REFLEXÃO

Porque seria muito fácil para nós estacionarmos na fase do “ver a realidade” e apenas culpar a mídia ou o mercado. Não podemos esquecer que não estamos falando de forças ocultas que agem de forma autônoma. É o ser humano que está por trás das decisões que movimentam o mundo da comunicação. E é o ser humano que aceita ou não o que lhe é oferecido. E aqui temos uma questão inquietante: por que as pessoas acolhem tudo isso? Elas têm consciência? Por que, por exemplo, tempos atrás, de uma hora para outra, o funk virou um tipo de “febre” nacional? E todos começam a dançar do mesmo jeito, aliás, bastante vulgar. Por que as pessoas aderem a esses modismos? Impossível não lembrar Pio XII, ao falar sobre a massa “disposta a seguir cada vez uma, hoje esta, amanhã aquela outra bandeira”. E se as pessoas consomem esse tipo de coisa, copiam, reproduzem, é porque também elas não foram tocadas pelos ensinamentos do Evangelho, ou não aderiram de verdade às propostas de Cristo. A ponto de saberem que nem tudo lhes convém. Missão para os cristãos! Sim, não basta que critiquemos a mídia ou que chamemos as pessoas de alienadas. Ao apontarmos esses problemas, temos o grande desafio de não nos conformarmos e agirmos. Talvez não tenhamos acesso a profissionais dessa área, mas podemos fazer alguma coisa. Primeiro, rejeitar todo e qualquer programa ou ideia que contrarie o Evangelho, que atente contra a proposta de santidade que Jesus veio trazer a este mundo. Depois, evangelizando. De verdade. Essa é

a proposta. Esse é o compromisso que a Renovação Carismática Católica foi chamada a assumir e deve levar até as últimas consequências: implantar no mundo a Cultura de Pentecostes. Cultura que Jesus veio estabelecer. É Missão nossa “fazer discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo evangelizando o povo de Deus no Brasil, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo”. Nós temos acesso às pessoas. Milhares vêm até nós, em nossos Grupos, eventos, ou outras atividades próprias do Movimento. Evangelizar, nos ensina Paulo VI, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade e a partir disso transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade. Ele disse que “não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa”. Trata-se de “chegar a atingir e como que a modificar pela força

Setembro/Outubro 2011 ..........................................

do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (Evangelii Nuntiandi, 19). Essa tem que ser nossa meta. E tem mais: Paulo VI exortou-nos a não nos contentarmos com uma evangelização aparente. “Importa evangelizar, não de maneira decorativa, como que aplicando um verniz superficial, mas de maneira vital, em profundidade e isto até às suas raízes, a civilização e as culturas do homem” (EN, 20) . Somente homens novos poderão construir uma humanidade nova. Estamos fazendo isso? Levando a “massa” a ser povo? Continuaremos essa reflexão na próxima edição, quando, então, falaremos sobre as características do Povo de Deus.

Atenção! Na edição anterior falamos sobre nossos eventos como estratégias de evangelização, texto que antecedeu a presente reflexão. Se você não leu, acesse nosso portal, na seção Formação. 22


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