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pALAVRA DO PRESIDENTE
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Um mover especial do Espírito Em alguns dias, a RCC do Brasil se reunirá para seu XXX Congresso Nacional, e, na mesma data e local, acontecerá o I Encontro Mundial de Jovens. Nos últimos meses e especialmente nestes dias, que se aproximam de um momento tão esperado, a vida passa intensamente: tanto para os que se preparam para participar dos encontros, quanto para os que estão diretamente envolvidos com a organização dos dois eventos. Reuniões, viagens, telefonemas, e-mails e tantas outras coisas fazem parte de uma lista de atividades preparatórias que vem fazendo parte da rotina de muitos há quase dois anos. Tais trabalhos têm envolvido centenas de pessoas em diferentes instâncias: ICCRS, Escritório Nacional, RCC do Estado do Paraná, RCC da Diocese de Foz do Iguaçu, assim como aqueles que são responsáveis pelas caravanas de todos os estados do Brasil e de muitos países. Diante de todos esses trabalhos e da importância desses encontros, não podemos perder nosso foco. Não podemos ter dúvidas sobre qual é a razão que nos leva a querer estar reunidos e dispender tanta energia e recursos para isto. Queremos nos reunir como porção da
Igreja do Senhor, pois na Renovação Carismática acreditamos que Ele fala e manifesta Sua vontade abundantemente nestas ocasiões. Somos testemunhas do quanto o Senhor tem nos abençoado quando nos apresentamos como seu povo amado, desejosos de nos comprometermos com a missão que Ele tem concedido à RCC. Com o tema “Apascenta as minhas ovelhas”, nos dirigimos para o XXX Congresso Nacional na condição de “ovelhas” que querem ser cuidadas por seu Pastor e que também têm a missão de, muitas vezes, “pastorear” outros irmãos e irmãs que estão sob seus cuidados. Com o tema “Em Jesus, as nações colocarão sua esperança”, nos encaminhamos para o Encontro Mundial de Jovens, com o desejo de testemunharmos aos que nos visitarão a fecundidade da fé de nossa juventude carismática brasileira. Queremos acolher “todos povos e nações”, como diz a canção desse evento, e, unidos a eles, proclamar ao mundo inteiro o nome Jesus. Neste ano, em que a RCC comemora 45 anos de seu surgimento, quis Deus nos conduzir para dias tão especiais aqui no Brasil. Estamos, portanto, trabalhando muito para poder acolher todos que
Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil
ANO 13 - Edição Nº 74: Maio/Junho 2012 JORNALISTA RESPONSÁVEL: Lúcia Volcan Zolin - DRT/SC 01537 REDAÇÃO: Ana Cássia Pandolfo Flores / Shana Dockendorff / Thiago Bergmann Araújo FOTOS: Arquivo RCCBRASIL DESIGN E DIAGRAMAÇÃO: Priscila Carvalho / Ricardo Silva E-MAIL: redacao@revistarenovacao.com.br
se sentirem chamados a participar desses momentos únicos de nossa história. Cremos que há um mover especial do Espírito Santo que deseja, nos dias 10 a 15 de julho, nos fortalecer e animar nesta caminhada preparatória do Jubileu de Ouro da RCC. Até lá! Que Maria nos acompanhe! Marcos Volcan
Presidente do Conselho Nacional da RCC Grupo de Oração Divina Misericórdia @marcosvolcan
ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCCBRASIL Praça Vinte de Setembro, 482- Centro CEP 96015-360 Caixa Postal 002 - Pelotas / RS Tel.: (53) 3227.0710 As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.
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A MISSÃO NO
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ESPÍRITO Sair em missão. Anunciar a Boa Nova do Evangelho. Ser testemunho de prodígios e sinais. Mais que projetos institucionais, as iniciativas de missão que se multiplicam no Movimento são resultado do mover do Espírito Santo em nosso meio. O artigo a seguir traz importantes reflexões sobre esse tema e apresenta as Semanas Missionárias como uma proposta de evangelização aos moldes do início da Igreja. “Colocando-os no meio, perguntaram: Com que poder ou em que nome fizestes isso?” (At 4, 7) Por Rita de Cássia Luis de Sá Coordenadora da Comissão Nacional de Formação Grupo de Oração São Rafael
Inicio este artigo relatando uma experiência missionária que vivenciei durante o último Encontro Nacional de Formação, realizado em janeiro deste ano. Como já tinha acontecido no ano anterior, a programação do ENF 2012 também contou com uma atividade missionária. Tudo estava organizado para a missão. Entretanto, não contávamos que naquela tarde de sábado cairia uma chuva torrencial. Em uma das paróquias que visitamos, Deus me permitiu um momento de revisão do meu servir na Renovação Carismática Católica. Por causa da chuva, havia um grupo de crianças e adolescentes brincando e jogando no salão da comunidade e nós fomos até lá para evangelizar. Nesse momento, uma cena chamou a minha atenção: um senhor de idade um pouco avançada, de aparência simples chegou ao local e observei que ele não parava de tremer. Julgando que o senhor estava passando mal, chamei outra missionária e nos aproximamos dele. Notamos que estava descalço, com roupas 4
bem sujas e com um forte odor. A ideia de perguntar se ele estava bem fisicamente sumiu da minha cabeça e o que saiu de minha boca naquele momento foi: “Deseja que nós rezemos pelo senhor?”. Sua resposta foi pronta: “Sim”. Começamos a rezar, pedindo o derramamento do Espírito Santo. No fim, nós o abraçamos. Provavelmente começou aí a cura. Perguntamos se ele sabia o que tinha acontecido e ele nos disse: “Minha vida foi renovada”. Em sua resposta, usou as mesmas palavras que muito temos falado por aí, mas, talvez, tenhamos perdido o real sentido dessa expressão. Aquele homem pregou para nós. Sem que nós explicássemos, ele testemunhou o efeito de quem foi batizado no Espírito Santo. Depois disso, precisei sair para acompanhar as outras visitas. O restante do testemunho chegou a mim através de outros missionários. Naquela noite, no Grupo de Oração da paróquia, Deus confirmaria a missão ali realizada. Aquele senhor foi ao
Grupo e estava irreconhecível: de roupas limpas e perfumado. E mais, levou consigo a neta, a filha e mais algumas pessoas. Um homem renovado. Eu me perguntei: não deveria ser sempre assim? A MISSÃO DE JESUS E DOS SEUS DISCÍPULOS Quando Jesus nos enviou, Ele garantiu que os prodígios acompanhariam os que cressem.1 E que faríamos as mesmas obras que Ele fez e até maiores2. Não queremos sinais como provas: essas, eram a motivação dos fariseus.3 Desejamos porque Jesus assim instituiu: “como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio a vós.”4 E o Pai O ungiu e enviou a anunciar a Boa Nova os pobres; aos contritos de coração, a cura aos cegos, a recuperação da vista; aos cativos, a liberdade.5“Aprendei de mim”6, disse Jesus. “Ouça as Minhas Palavras e as coloque em prática, e lhes mostrarei a quem se parecem”7, falou Ele. Isto inclui também observar Sua missão: Ele ensinava, pregava e...curava.8
PODER DO
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SANTO Certa vez, os discípulos foram interpelados: “Com que poder ou em que nome fizestes isso?”9 A mensagem que levavam incomodava, porque sua missão era acompanhada por sinais e prodígios. Muitas vezes, cumprida por homens sem estudo e sem instrução.10 Obedeciam ao que o Mestre lhes ordenara: “Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!”11 Mas nem sempre foi assim. Naquele cenáculo, com portas fechadas e cheios de medo,12 não ousavam testemunhar sua fé. Foi assim até experimentarem a graça de Pentecostes. A partir dali, um Pedro tímido, que estava sem esperança e decidido a voltar à vida antiga de pescador,13 levanta-se com voz forte, cheio do Espírito Santo.14 Sem medo de testemunhar: “Este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo”.15 E os relatos que vão permear o livro dos Atos dos Apóstolos são de uma Igreja viva, ousada, intrépida. Marcada pelo anúncio do Evangelho, confirmado por milagres e prodígios.16 Homens cheios do Espírito de Jesus!
A RCC E AS SEMANAS MISSIONÁRIAS O acontecimento de Pentecostes abriu as portas do cenáculo. Abrir-se à ação do Espírito Santo é ser testemunha,17 é correr para publicar até de cima dos telhados,18 se necessário. É para isso que nos é dada a Força do Alto! Após serem levados diante do conselho de Gamaliel,19 os discípulos saíram alegres mesmo tendo sido açoitados por causa do nome de Jesus. E “todos os dias não cessavam de ensinar e pregar o Evangelho de Jesus Cristo no templo e pelas casas”.20 Tudo isso é muito próprio da RCC, constitutivo de sua identidade: pregar no templo, bem como ir ao encontro das pessoas. E, neste tempo em que os bispos nos pedem novo despertar missionário,21 fiéis discípulos-missionários para uma Igreja cheia de ímpeto e audácia evangelizadora,22 encontramos espaço oportuno para levar novas pessoas a uma experiência pessoal com Jesus Cristo, por meio do anúncio querigmático. Experiência que transforma vidas, a partir da qual muitos redescobrem
1 - Cf. Mc 16, 15-18 2 - Cf. Jo 14, 12 3 - Cf. Mc 8, 11 4 - Jo 20, 21 5 - Cf. Lc4, 18-19 6 - Cf. Mt 11, 29 (Tradução Bíblia de Jerusalém) 7 - Cf. Lc 6, 47 8 - Cf. Mt 9, 35. Podemos constatar também em: cura do paralítico (Lc 5, 17ss); cura do homem da mão seca (Lc 6, 6-11); cura da mulher encurvada (Lc 13, 10ss) etc. Nessas, ao ensino de Jesus, seguiam-se curas. As multidões afluíam de todos os lugares para ouvi-Lo e serem curadas (Lc 5, 15; 6, 17). 9 - Atos 4, 7 – Neste capítulo, os sacerdotes, o chefe do templo e os saduceus estavam contrariados por causa do anúncio feito pelos discípulos e porque haviam curado um coxo (At 3). 10 - Cf. At 4, 13ª. 11 - Mt 10, 8 12 - Jo 20, 19 13 - Cf. Jo 21, 3
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o valor da Palavra de Deus e dos Sacramentos, renovam seu amor pela Virgem Maria e pela Igreja, iniciam ou retomam o gosto pela oração pessoal e/ou comunitária. As Semanas Missionárias são uma resposta ao pedido da Igreja: estar em estado permanente de missão,23 que não encerra a missão a ocasiões particulares de evangelização. Inicia-se este ano e prossegue como atividade contínua dos nossos Grupos de Oração. Uma grande mobilização, no poder do Espírito Santo, nos moldes dos inícios da Igreja. Só assim podemos abranger as necessidades contemporâneas elencadas por Bento XVI,24 contraditórias entre si: de um lado uma “difusa distração e insensibilidade a Deus” e, por outro, “uma profunda nostalgia de Deus”. Falam os nossos pastores: “isso não depende de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos que encarnem essa tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários de seu reino, protagonistas de uma vida nova”.25 A proposta das Semanas Missionárias é a de mobilizar, a partir dos Grupos de Oração, duplas missionárias que percorram ruas e casas, anunciando o Amor de Deus e convidando as pessoas abordadas para uma noite carismática. A formação e direcionamentos para a evangelização estão sendo coordenadas por uma equipe nacional e equipes estaduais que articularão as atividades nas mais diversas instâncias. Mais informações e subsídios para as Semanas Missionárias estão disponíveis no encarte especial desta revista e também no site www.rccbrasil.org.br
14 - Cf. Atos 2, 14 15 - Cf. Atos 2, 23-24.36 16 - Cura através da sombra de Pedro (At 5, 12-16); Filipe: pregação e prodígios (At 8, 4); Milagre por meio de Pedro em Lida (At 9, 32-34); Ressurreição de uma mulher em Jope (At 9, 36-42); Milagres com Paulo e Barnabé (At 14, 1-3); Paulo e o coxo (At 14, 8-10);Paulo em Éfeso (At 19, 11-12), entre outros. 17 - Cf. At 1,8 18 Cf. Mt 10, 27b 19 - Cf. At 5, 34-40 20 - At 5, 42 21 - Cf. DA, 551 22 - Cf. DA, 549 23 - Cf. DGAE 2011-2015, 35 24 - Papa Bento XVI, por ocasião do 12º Simpósio Intercristão, que aconteceu na cidade de Salônico, na Grécia. Tema “O testemunho da Igreja no mundo contemporâneo” (30/08 a 02/09/2011). 25 - DA, 11
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GRUPO DE ORAÇÃO fonte de MISSÃO Nosso Grupo de Oração: é lá que recebemos o incentivo, a formação, o abastecimento espiritual. Um lugar onde a graça inesgotável de Pentecostes jorra permanentemente àqueles que a pedirem... Por isso, não cansamos de dizer que os Grupos de Oração da RCC são ambientes de missão. E missão que não se limita aos espaços e
horários das reuniões. Sim, o impulso missionário dentro da Renovação Carismática tem extrapolado as paredes das Igrejas e seus salões paroquiais. Chega às ruas, praias, universidades. Aos longínquos rincões onde nunca se ouviu falar do nome de Jesus. Anúncio promovido por carismáticos que têm a Palavra
nos lábios e um forte ardor missionário no coração. E como mensageiros levam a Boa Notícia a quem precisa ouvi-la. É isso que vamos mostrar nas próximas páginas, que trazem testemunhos de algumas experiências desenvolvidas por missionários dos nossos Grupos.
Grupo de Oração na Praça
“Há cerca de dois anos, senti forte o chamado de Deus para a missão. Era chegada a hora de anunciar àqueles que não conheciam a Deus; àqueles que estão nas ruas, àqueles que por si só não teriam a iniciativa de entrar em uma igreja para participar de algum Grupo de Oração. Foi assim que nasceu o Grupo de Oração na Praça. Com o apoio de vários membros de diversos Grupos, começamos a realizar encontros todos os meses, na praça da igreja matriz de Poços de Caldas/MG. E, recentemente, organizamos o Grupo de Oração na Praça também em outras cidades da região. Temos vivenciado, em cada grupo, a força do Espírito Santo transformando os corações de inúmeras pessoas. Cada vez que chegamos a alguma praça, 6
temos visto a ‘Cultura de Pentecostes’ sendo plantada. O Grupo na Praça tem sido realizado nos mesmos moldes de uma reunião de oração convencional. Com duração de cerca de duas horas, ministram-se músicas de animação, louvor, bem como são conduzidas orações e pregações. E, como apóstolos da Efusão do Espírito Santo, somos chamados a proporcionar, a cada participante, a experiência do batismo no Espírito. A missão no Grupo de Oração na Praça tem proporcionado a quem se compromete com ela a experiência de evangelizar de forma inusitada e ousada. É uma maneira de cumprir o chamado para lançar as redes, quantas vezes forem necessárias, em lugares e junto à pessoas que ainda não
foram alcançadas. Além disso, como há servos de diversos Grupos de Oração que trabalham juntos nessa iniciativa, temos observado que essa tem sido uma fonte de grande união entre os GOs da cidade e região. Com isso, temos procurado cumprir a nossa missão de levar a Palavra onde mais necessitam dela, onde há pessoas incrédulas, machucadas, sem esperança. Certamente, não pararemos por aqui. Ainda há muito o que anunciar. O Senhor ainda quer mostrar a muitos que o seu Reino está ao alcance de todos”. Érika Vieira Silveira Pereira da Costa Grupo de Oração São Domingos
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II Revoada Missionária na Ilha do Marajó
Durante dez dias, de de 13 a 23 de março, oito membros da Renovação Carismática Católica de diferentes lugares do país participaram, em Afuá/PA, da II Revoada Missionária. São profissionais da área da saúde que doaram alguns dias de suas férias a serviço do Reino para atender os enfermos dessa região. Os oito profissionais que participaram dessa edição foram: Andrea Marcilio, enfermeira de São Gonçalo/RJ; Mari Estela Tiburri, dentista de Santa Catarina; Giselli, nutricionista de São Paulo; Cristiane Barbosa, fisioterapeuta de Niterói/ RJ; Ariene Patricia, psicóloga de Porto Velho/RO e missionária da Casa de Missão da RCC em Afuá/PA; Jarbas Salmont, médico de Volta Redonda/RJ; e Loiva Menezes, assistente social de Caxias do Sul/RS. Além desses, o estudante de jornalismo Jersey Simon, da diocese de Nova Friburgo/RJ, foi responsável pela comunicação da Revoada. Acompanhe mais detalhes dessa missão no relato abaixo:
“As paisagens exuberantes da região e os sorrisos sinceros dos ribeirinhos são um conforto ao coração, diante de tantos dias longe de casa. Saber que poderíamos ajudar a melhorar a realidade daquelas pessoas foi o que motivou nossa missão. E lá fomos nós, com a certeza de que o Senhor iria realizar muito em nós e por meio de nós, pois verdadeiramente estamos cheios de amor. Esses dez dias foram de total doação. Nós procurávamos, mesmo com saudade dos que deixamos em casa, estar focados nas ações próprias da missão. Já nos primeiros dias, durante as visitas às famílias das crianças assistidas pelo projeto Anjo da Guarda, sentíamos Deus trabalhando em nossos corações. Os sentimentos que haviam dentro de nós eram compaixão, mas também indignação, pois a realidade que víamos era inacreditável: pessoas com fome e em condições subumanas. Durante a missão, oferecíamos remé-
dios para o corpo e para a alma. Passávamos de casa em casa, oferecendo ajuda, e a resposta era sempre a mesma: ‘entrem, vocês são bem-vindos aqui’. Nas ruas por onde passávamos os moradores da pequena cidade reconheciam-nos como missionários da RCC e isso nos fazia lembrar que nossas missões começavam em nossos Grupos de Oração, mas não tinham fim. O trabalho difícil ia sendo completado dia a dia e nós íamos sendo modificados também. Reclamação, murmuração e desconfiança - exortava o Senhor intimamente - não podem fazer parte de vossas vidas. Na visita aos ribeirinhos, o Senhor nos fez redescobrir a fé. Não imaginávamos que veríamos pessoas viajarem de barco por três ou quatro horas para participar da Celebração da Palavra. Entendemos o que significa confiar em Deus. Uma senhora nos disse o seguinte. ‘Confiamos em Jesus, pois Ele é quem está mais perto de nós. Se o socorro não vier de Deus, de mais ninguém
virá. Estamos longe de tudo e de todos’. O que víamos e ouvíamos ia realizando transformações em nós, que precisávamos sorrir mesmo quando a vontade era de chorar. Experimentamos a providência de Deus do início ao fim desta missão. Deus nos proveu: pessoas, suplementos, bens materiais. Ele nos guiou até o fim para realizar a missão da RCC. Vivemos o tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Saúde”. Fomos mãos e voz da Igreja, adentrando aos lugares mais isolados do país. Estamos felizes por mais esta missão, por saber que o Senhor foi glorificado por meio de nossas vidas e de nossos dons, e por saber que tudo começou em um Grupo de Oração”. Jersey Simon
Coordenador Estadual do Ministério de Comunicação Social /RJ Grupo de Oração Fogo Abrasador
LUGAR DE PASTOREIO Grupos que não apenas enviam missionários, mas que também recebem àqueles que ouviram e aceitaram o Anúncio. De portas abertas e com a acolhida em ação, o Grupo de Oração é também o ponto
de chegada do trabalho de evangelização. É o destino daqueles que foram visitados pelos missionários. Por isso, a mensagem jubilosa da salvação de Jesus, o Querigma, deve sempre ser acompanhado pelo convite
à vivência em comunidade cristã no Grupo de Oração. Afinal, depois de lançarmos as redes, é hora de apascentarmos as ovelhas. Ovelhas que não são nossas, mas sim confiadas a nós! 7
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Casas de Missão da rcc: portas abertas para a evangelização
Nas próximas páginas, a Revista Renovação traz um pouco do dia a dia das bases missionárias da RCC do Brasil, os trabalhos desenvolvidos, os desafios a serem vencidos, os testemunhos. Fatos que alegram o nosso coração e que revelam, na pessoa de cada um dos nossos missionários, frutos maduros dos nossos Grupos de Oração e de outras iniciativas como a Escola Nacional de Formação para Líderes e Missionários.
Nos últimos anos, temos afirmado com certa frequência que a RCC vive um tempo de portas abertas para a missão. Realmente, temos sido impulsionados por Deus a dar uma resposta cada vez mais generosa ao nosso mandato missionário. Além de se multiplicarem em nosso meio as iniciativas de evangelização em todas as instâncias do Movimento, o Senhor tem aberto caminhos para que a nossa ação missionária chegue cada vez mais longe. Nossas Casas de Missão são exemplo disso. Desde 2010, passamos de uma para quatro casas missionárias: duas na Ilha do Marajó/PA, uma em Canas/SP e outra em Pelotas/RS. Cada casa é uma porta aberta para
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aqueles que sentem crescer no coração o desejo de doar-se inteiramente para a missão dentro da identidade e da espiritualidade carismática. Entretanto, mais que a possibilidade de realização de um anseio pessoal, cada Casa de Missão representa uma resposta concreta do nosso Movimento ao chamado missionário. Uma das razões para a fundação das Casas de Missão é dar um retorno permanente para os locais que o Senhor tem nos confiado. Afuá, Breves, Canas e Pelotas. Acreditamos que a vontade de Deus é de que essas cidades acolham mais que estruturas administrativas ou projetos oficiais da RCC, mas que possam ser locais onde se experimenta a Cultura de Pentecostes.
É bonito perceber também que, antes mesmo de termos uma sede própria para abrigar a estrutura administrativa da RCC, o primeiro imóvel a pertencer ao nosso Movimento no Brasil foi a Casa de Missão de Breves. Nossa outra “casa própria”, a segunda edificação que está sendo finalizada no terreno da Sede Nacional em Canas, também será um local totalmente dedicado ao trabalho missionário. Contudo, não bastam casas. É preciso missionários. É preciso a unidade de todo o Movimento para sustentar a obra, para suscitar o surgimento de novas vocações, para dar respostas positivas aos desafios que se abrem à evangelização.
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Há quatro anos, os primeiros missionários da RCC chegavam à Ilha do Marajó. Desde o início das atividades, o foco que deveria tomar os trabalhos desenvolvidos era claro: evangelização e promoção humana. Com isso, o desejo de cuidar dos pequeninos do Senhor fez nascer dois importantes projetos: o Anjo da Guarda e as oficinas de artesanato. Entretanto, muitas outras atividades fazem parte do dia a dia dos atuais seis missionários que formam a comunidade. Os trabalhos da casa de Breves são desenvolvidos em seis frentes de missão diferentes: administração da Rádio Santana AM, o Projeto Anjo da Guarda, a oficina de artesanatos marajoaras, a distribuição de sopão nas comunidades, o acompanhamento aos sete Grupos de Oração da cidade e a Missão São João Batista, que atende a população ribeirinha e as comunidades afastadas através das viagens missionárias com o barco Novo Pentecostes. A rotina dos missionários é marcada pela oração e pelo trabalho. O dia começa com a participação na Santa Missa, celebrada às 6h30min na Igreja Matriz. Na sequência, além do café da manhã, os missionários realizam mais um momento de oração comunitária e depois partem para seus afazeres. A tarde inicia com a oração do Terço da Misericórdia e segue com trabalhos variados. No período da noite, os missionários
se revezam na animação de Grupos de Oração e no trabalho de formação da RCC local e da paróquia. Já as noites de quarta-feira são reservadas para uma vigília de oração realizada nas intenções da Igreja Local, da RCC, das Casas de Missão e também particulares. Uma vez por mês, os missionários promovem a oração das 1000 Ave-Marias. Na comunidade do bairro Cidade Nova II, as atividades da missão já geram mudanças. Quando os missionários chegaram, a violência local assustava bastante. Hoje em dia, já é possível escutar relatos de famílias que estão sendo transformadas e que têm sua dignidade resgatada. A programação inteiramente católica da Rádio Santana também tem sido importante instrumento para a mudança de pensamento de muitos. E não é só a rádio que permite perceber que o impacto do trabalho dos missionários chega longe. O barco Novo Pentecostes também torna possível que os moradores das comunidades ribeirinhas recebam formação litúrgica e sacramental, além de conhecerem mais sobre o nosso Movimento. Dessa forma, muitos passam também a perseverar dentro dos Grupos de Oração, dando testemunho de oração, docilidade ao Espírito e vida de santidade. O avanço dos trabalhos e os resultados positivos já alcançados garantem aos membros da Casa de Missão um bom relacionamento com o pároco e com a comunidade em geral. “Para a missão acontecer efetivamente é necessário estarmos próximos das realidades de nossos irmãos marajoaras. Desta forma, a comunidade local vai percebendo que não estamos nesta terra para roubar o espaço por eles já
conquistado, nem sua cultura e costumes. Somos missionários na Ilha do Marajó com uma única finalidade: somar forças para vencermos pela graça do Espírito Santo”, afirma Salomão Ronaldo, coordenador da Casa.
Conheça os missionários
Salomão Ronaldo
28 anos, de Cornélio Procópio/PR
Maria Aparecida Martins
43 anos, de Uberlândia/MG
Pâmela Rodrigues dos Santos
21 anos, de Imbituva/PR
Jeferson Adriano Caldas
25 anos, de Curitiba/PR
Johnatan dos Santos Amaral
25 anos, de Manaus/AM
Jéssica Amorim
22 anos, de Aracaju/SE
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Passados dois anos da nossa presença missionária na região amazônica, o bispo da prelazia, Dom José Luis Azcona, pediu ao Movimento que estabelecesse mais uma base na Ilha, dessa vez na cidade de Afuá. Desde lá, os desafios foram muitos e o trabalho também. Apesar de ser localizada na Ilha do Marajó, Afuá fica a, pelo menos, 8 horas de barco de Breves/PA. Enfrentando dificuldades de transporte e comunicação (os serviços de telefonia e internet são bem instáveis), atualmente a missão na cidade é intensa e pode ser entendida em quatro frentes: trabalho com crianças, acompanhamento de famílias, geração de renda e evangelização. Como acontece em Breves, na cidade de Afuá o projeto Anjo da Guarda trabalha com as crianças e também presta auxílio às famílias. Cerca de 120 pequeninos recebem aulas de reforço escolar, canto, dança e teatro durante quatro dias da semana. Durante dois sábados por mês, o projeto também oferece algum tipo de programação como atividades de recreação. As famílias das crianças também são envolvidas em iniciativas de promoção humana. Além das oficinas de artesanato, os pais recebem mensalmente uma visita dos missionários e são convidados a participar de momentos de formação. Além disso, outras 35 outras famílias da comunidade também são acompanhadas. 10
Na paróquia, os missionários são tomar vida, os servos buscarem formação responsáveis por formações pastorais, e muitas pessoas retornarem à Igreja. Hoje, litúrgicas e para os sacramentos. Eles podemos ver a mão de Deus em todas as acompanham o padre nas visitas aos ri- atividades que estão sendo desenvolvidas”. beirinhos, promovem Adoração Eucarística Para finalizar, Virtes afirma: “Ele tem nos mensal e realizam a Celebração da Palavra sustentado”. sempre que necessário. Junto à RCC local, os membros da Casa de Missão coordenam formações semanais com os ministérios de Conheça os missionários pregação, música e intercessão e auxiliam na organização de eventos como o retiro de carnaval e a novena de Pentecostes. Além disso, os missionários apresentam dois programas de rádio, um nas terças-feiras e Carlos Ronan Mariano Inácio outro aos sábados, em emissoras da cidade. 23 anos, de Águas da Prata/SP Para dar conta de tantas atividades, os missionários levantam antes das 6h da manhã. Depois da oração comunitária e da participação na Santa Missa, cada um se Renata Daiane Lima Aragão dirige aos seus afazeres próprios. O turno 23 anos, de Breves/PA da tarde obedece à mesma dinâmica: depois do almoço e do período de descanso, cada um tem tempo para a oração pessoal que é seguido da oração do Terço da MiseJosé Joviano de Oliveira Cardoso 24 anos, de Tremembé/SP ricórdia em comunidade. Depois disso, eles retornam para seus trabalhos. Ao ser perguntada sobre o trabalho, a coordenadora da Casa de Missão de Ariene Patrícia Félix Quintela Afuá, Virtes Romani, testemunha: “Hoje, 31 anos, de Porto Velho/RO algumas resistências já foram superadas e a comunidade começa a reconhecer nosso trabalho como os jovens que já nos procuram querendo conhecer a alegria de Virtes Romani Pentecostes. Mas a mudança mais visível 47 anos ,de Céu Azul/PR aos nossos olhos são as famílias que estão sendo acompanhadas, principalmente porque conquistamos a ajuda de voluntários, o que permite um trabalho mais eficaz. Temos visto também os Grupos de Oração
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Desde que a RCC recebeu a doação de um terreno em Canas/SP para a construção de sua Sede Nacional, a pequena cidade passou a ter lugar no coração dos carismáticos de todo o Brasil. Por ser entendido como o lugar preparado por Deus para acolher a Nossa Casa, a presença do Movimento no município não podia se limitar apenas a atividades relacionadas ao gerenciamento das obras. Nosso compromisso com a evangelização daquela região também já começou. Sendo assim, logo após o início das obras, foi fundado o Grupo de Oração Nossa Senhora de Pentecostes, que no começo acontecia nas dependências da Casa da RCC na cidade e que era coordenado pelos funcionários responsáveis por gerenciar a construção. Depois de um ano de atividades, o número de participantes do Grupo cresceu tanto que ele teve que ser transferido para um espaço maior e passou a acontecer na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. Além da reunião de oração, esses profissionais também prestavam auxílio em eventos diocesanos e momentos de oração realizados na capela construída no terreno da Sede Nacional. Já em julho de 2011 e em janeiro de 2012, Canas acolheu grupos de participantes da terceira etapa da Escola Nacional de Formação para Líderes e Missionários que realizaram seu estágio missionário na
cidade. Essas experiências foram mais um passo para o estabelecimento de uma Casa de Missão no local. Atualmente, quatro jovens estão se dedicando à evangelização em terras canenses e, no terreno da Sede, a Casa de Formação de Missionários da RCC do Brasil está sendo concluída. As atividades da Casa de Missão iniciaram oficialmente há cerca de quatro meses. Os missionários acompanham os Grupos de Oração da cidade e ajudam nos serviços de pregação, condução e formação, além de darem continuidade aos trabalhos do Grupo Nossa Senhora de Pentecostes. Na diocese, eles também colaboram em retiros, congressos e encontros promovidos pelo Movimento. Junto à paróquia da cidade, eles ajudam no atendimento das necessidades das comunidades como liturgia, procissões, visita às casas e récita do Santo Terço. Outro âmbito de atuação dos missionários é a evangelização de crianças. Semanalmente, os pequeninos são recebidos nas dependências da Casa de Missão onde acontece o Grupo de Oração Talita Cumi que leva a Palavra de Deus à criançada através de brincadeiras e atividades lúdicas. Além dos trabalhos, diversos momentos de espiritualidade fazem parte da rotina da Casa de Missão. Santa Missa, oração comunitária, formação, Terço da Misericórdia, Lectio Divina, intercessão, jejum e adoração são algumas das atividades. Pouco a pouco, a missão vai tomando formas mais concretas. Entretanto, no coração dos missionários, o ardor pela evangelização já tem contornos nítidos. “Amamos este lugar. E quando se tem amor
se supera qualquer dificuldade e qualquer diferença. Temos também experimentado um grande carinho da comunidade e da diocese e isso nos impulsiona a prosseguir com a missão”, declara Renata Fabian, coordenadora da Casa de Missão de Canas.
Conheça os missionários
Renata Fabian dos Santos
25 anos, Paranavaí/ PR
Lucas Serqueira Campos
22 anos, de Caçapava/SP
Diego Jorge dos Santos
22 anos, de Porecatú/PR
Carine Ferreira de Souza
30 anos, de Cambé/PR
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Há alguns anos, uma cidade no extremo sul do Brasil tem sido rota frequente de lideranças carismáticas. Entretanto, desde agosto de 2010, Pelotas não é conhecida pelos membros da RCC somente por acolher o Escritório Nacional, mas também por ser terra de missão. Hoje, cinco missionários do Movimento residem no município. Assim como ocorre nas outras Casas, os missionários de Pelotas também realizam trabalhos junto à RCC e à Igreja local. Na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, o grupo desempenha várias funções: visitação aos doentes, oração nas casas do bairro, assistência a pessoas carentes e catequese de crianças. O contato com membros de outras comunidades da cidade se dá através do apoio aos Grupos de Oração, pregação e formação em encontros do Movimento, além de auxílio à coordenação diocesana. O diferencial do trabalho da Casa de Missão de Pelotas fica por conta do apoio ao Escritório Nacional. E a WebRádio RCCBRASIL é exemplo disso. Atualmente, dois programas diários, o “Mobilização Nacional de Oração” e o “Terço da Misericórdia”, e dois programas semanais, o “Acolhendo as nações” e “RCC Responde”, são de responsabilidade dos missionários. Além disso, eles desempenham monitoria nos cursos do Instituto de Educação a Distância da RCC e revisam materiais de formação. Outra 12
atividade de grande importância acontece sinais de vida nova. Ao vislumbrarmos o junto à Comissão Nacional de Formação, crescimento da missão em nosso Movimenresponsável por revisar todos os conteúdos to, só podemos louvar a Deus por tantas produzidos pelo Movimento em seus livros, portas abertas e pedir que Ele nos impulapostilas, artigos publicados no Portal e na sione a ir cada vez mais longe. Revista Renovação. Todas essas atividades são intercaladas por momentos de oração na rotina da Casa. O despertar dos missionários se dá às Conheça os missionários 6h e até às 7h30 eles têm um período reservado à oração pessoal e comunitária. As noites de quarta-feira são reservadas para a formação e todas as terças e sextas-feiras Darnei Marques Evangelista são marcadas por um momento de adora25 anos, de Breves/PA ção ao Santíssimo Sacramento. Missa diária e jejum semanal também fazem parte do cotidiano dos missionários. Depois de quase dois anos de atividades, é possível afirmar que a presença Fabiany de Souza Silva 26 anos, de Várzea Grande/MT da Casa de Missão em Pelotas é acolhida fraternalmente pela comunidade. Ao falar sobre o assunto, a coordenadora da Casa, Rita de Cássia Sá, declara: “A certeza que temos é que a presença dos missionários Jaciara Aising aqui traz alegria e esperança aos paroquia25 anos , de Quitandinha/PR nos e a RCC local”. A fala da missionária é confirmada pelo pároco local, padre Adelar Bastianello Rosa: “As pessoas estão vibrantes pela presença dos jovens missionários na nossa paMaria Madalena da Costa 39 anos, Rio Azul/PA róquia. Creio que o fato deles terem vindo de longe para fazer missão aqui questiona a muitos”. Além disso, o trabalho dos missionários está servindo de aprendizado para aqueles paroquianos que acompanham, Rita de Cássia Luiz de Sá por exemplo, as atividades de visitação das 31 anos, Cacoal/RO casas. “Estamos todos aprendendo a ser mais missionários”, conclui o sacerdote. Quatro casas missionárias, diversos
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Caminho
Missionário O discernimento da vontade de Deus é um processo fundamental na vida de cada um de nós. E por ser tão importante, é um trajeto que precisa ser trilhado com passos firmes. O artigo abaixo fala sobre o itinerário missionário que vem sendo delineado pela RCC do Brasil como caminho para os interessados em ingressar nas Casas de Missão. Por Daniele Cesário de Almeida Responsável pelo Vocacional das Casas de Missão Grupo de Oração Jovem Em Ordem de Batalha
É impossível chegar a algum lugar sem definir o caminho a ser trilhado e, depois de defini-lo, sem começar a dar os primeiros passos. No processo rumo à vontade de Deus para as nossas vidas, a Bíblia nos mostra que nem sempre o Senhor nos leva direto para o nosso destino: “Tendo o faraó deixado partir o povo, Deus não o conduziu pelo caminho da terra dos filisteus, que é, no entanto, o mais curto, pois disse: ‘Talvez o povo possa arrepender-se, no momento em que tiver de enfrentar um combate e voltar para o Egito’” (Ex 13,17). Na busca pelo discernimento do chamado de Deus, precisamos estar dispostos a batalhar, sorrir, chorar, viver plenamente tudo o que Ele tem reservado para nós. Prova disso é o povo de Deus, que depois de ser liberto da escravidão do Egito, precisou caminhar por 40 anos antes de chegar à terra prometida. Hoje, temos a graça de dizer que assim como fez o Senhor com o povo hebreu também está fazendo com nosso Movimento. Ele mesmo tem nos mostrado por quais caminhos devemos passar e por onde devemos andar. Percebemos que o próprio
Deus tem suscitado iniciativas no nosso meio que, aos poucos, se revelam como um caminho. Caminho que o Espírito Santo tem nos levado a trilhar e que tem se constituído como itinerário a ser percorrido até uma das Casas de Missão da RCCBRASIL. O primeiro passo para quem quer ser missionário é ter certa firmeza de fé e conhecer o Movimento. Por isso, o primeiro requisito a ser observado é que as pessoas interessadas tenham, no mínimo, dois anos de participação efetiva em um Grupo de Oração. O segundo passo é participar da Escola Nacional de Formação para Líderes e Missionários, cumprindo as três etapas que a constituem: - I Etapa, que se refere à formação das lideranças - II Etapa, que oferece formação voltada para missão dentro do Movimento, nos Grupos de Oração - III Etapa, que diz respeito a quinze dias de estágio missionário em uma das Casas de Missão, dando ao candidato a possibilidade de vivenciar como é a rotina das ca-
sas, as atividades missionárias e o convívio fraterno. Tal etapa é fundamental para que haja um processo de amadurecimento do chamado e de lapidação dos sonhos de Deus dentro do coração do candidato. Se, depois de participar das três etapas da Escola Nacional de Formação, o candidato tiver a certeza do chamado missionário, o próximo passo é um período de três meses na Casa de Formação dos Missionários da RCC, em Canas/SP. Nesse tempo, o candidato viverá mais intensamente as atividades da missão e passará por formação quanto à identidade da RCC. Vale ressaltar que o cumprimento de todo esse processo vocacional não levará, necessariamente, o candidato a umas das Casas de Missão. O objetivo maior de cada uma dessas etapas é que aqueles que se interessam pela missão tenham plena consciência do seu chamado vocacional, que pode ser ou não em umas das nossas Casas. Nosso objetivo maior com todo esse trabalho é levar jovens, homens e mulheres, que têm sentido seu coração arder pela missão, a dar um Sim maduro e consciente, pleno e verdadeiro à obra de Deus. 13
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Testemunhos missionários Em meio a um Movimento dinâmico e vigoroso como a RCC do Brasil, a missão adquire diferentes faces. Nos nossos Grupos de Oração são despertados missionários com as mais variadas características. Há aqueles que se sentem chamados a largar tudo e doar-se inteiramente à evangelização. Há outros que levam à frente importantes projetos missionários. Há ainda quem transforme situações do cotidiano em oportunidades de missão. Os relatos abaixo refletem essa diversidade missionária existente no nosso Movimento. Diferentes iniciativas, mas um único objetivo: pregar o Evangelho a toda criatura!
1º de maio: de Deus é o nosso Trabalho
“Transformar o dia 1º de Maio em uma oportunidade de evangelização dos trabalhadores e do mundo do trabalho. Com esse objetivo, diversos profissionais, membros da RCC e dos Grupos de Partilha de Profissionais (GPPs), passaram a desenvolver atividades nessa data para que os trabalhadores recebam o anúncio da Palavra e entendam o seu 14
trabalho como instrumento da ação de Deus nas suas próprias vidas e na sociedade. Buscamos que o dia 1° de Maio seja diferente do que temos visto. Atualmente, no Brasil, as principais celebrações dessa data são organizadas pelas centrais sindicais. Elas sorteiam prêmios caríssimos e contratam shows com artistas da grande mídia. Tudo isso com o intuito de conquistar a simpatia dos trabalhadores brasileiros. Ora, nós, membros da RCC, temos muito mais para apresentar aos trabalhadores. Sim, Jesus Cristo! O grande prêmio a ser dado gratuitamente para todos os trabalhadores é o Seu Amor, é a Sua graça para perceberem o quanto são amados e o quanto podem contar com Ele nos seus trabalhos cotidianos. Nesse ano, as programações alusivas a essa data foram bem diversificadas. Em Goiânia/GO, aconteceu a I Romaria do Trabalhador. Em Araguaína/TO e em Belém/PA, foram realizadas missas campais seguidas de atividades de conscientização, evangelização e ação social. Outras inúmeras cidades, como Campinas/SP, Catalão/GO, Fortaleza/ CE, Maceió/AL, São Luiz/MA, Sete Lagoas/
SP e Uberlândia/MG, promoveram eventos com momentos de oração, louvor, pregação, partilha e formação. Agora, também estão sendo planejadas algumas ações pós-1º de Maio, a fim de cuidar e pastorear “ovelhas” a nós confiadas nesses eventos. Serão feitos encontros específicos para profissionais, experiências de oração, tardes de louvor, dentre outras atividade. Tudo isso para que possamos ver os trabalhadores de nosso país gritando em um só coração: “De Deus é o nosso trabalho”. Ao afirmarmos que o nosso trabalho é de Deus, queremos lembrar que nossa profissão nos foi dada, por Ele e a Ele pertence, por isso deve ser justa, honesta e contribuir para o bem comum e a edificação do reino de Deus. Já ao usarmos a expressão nosso trabalho, destacamos a necessidade de termos um grande sentido de unidade e colaboração, contrariando o clima de competição e isolamento imposto por este mundo. Rosiane Souto
Coordenadora da Comissão Nacional de Profissionais Grupo de Partilhas de Profissionais São João Evangelista
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Jesus no Litoral
Quando sonhamos os sonhos de Deus, antecipamos as alegrias do céu aqui na Terra. E um desses sonhos de Deus que temos tido a graça de vivenciar é o projeto Jesus no Litoral que, no estado do Paraná, completa quase uma década de anúncio querigmático, através do qual uma multidão incontável de pessoas em suas férias foram visitadas pelo Deus de Amor por meio do testemunho de
muitos jovens da Renovação Carismática Católica. Eu testemunho que, quando se é um jovem missionário, não é possível mensurar a amplitude da graça de Deus na vida das pessoas que são abordadas. Ao longo dos dias da missão, percebemos Deus agindo, presenciamos milagres. A cada ano, somos surpreendidos com testemunhos de conversão, de curas físicas e espirituais, testemunhos de reconciliação. E o mais incrível de tudo isso é que Deus age na vida dos evangelizados. Entretanto age ainda mais na vida dos missionários. Todos que participaram de uma ou outra edição da Missão afirmam que o Jesus no Litoral foi e é um marco em suas vidas. Comigo também tem sido assim. De fato, Jesus escolheu o litoral para revelar seus planos em minha vida. No primeiro ano em que vivi essa linda experiência missionária, tudo foi muito intenso: vivência fraterna, formação, oração e missão. Pude conhecer mais do Ministério Jovem, me aprofundar na identidade e espiritualidade de nosso Movimento. Além disso,
a missão proporcionou que eu conhecesse aquela que viria a ser minha namorada. No segundo ano em que participei da missão, já noivo, fui chamado para servir na logística do projeto. Nesse trabalho, percebi que Deus me lapidava, forjava meu caráter, rompia meus paradigmas e me desinstalava. Parecia que Ele queria algo a mais de mim. No meu terceiro ano de Jesus no Litoral, já era visível que a graça de Deus me leva para águas cada vez mais profundas. O namoro começado na missão resultou em casamento. E o meu desafio agora era um pouco maior: coordenar mais de quinhentos “soldados” que levaram o anúncio querigmático para mais de 30 mil pessoas em dez dias de missão. A certeza que tenho comigo é que eu era um jovem antes da Missão Jesus no Litoral e hoje sou outro, pois é o Espírito Santo que nos capacita e nos dá forças para trilhar o caminho da santidade.
aqui. As crianças e famílias do projeto Anjo da Guarda, os irmãos ribeirinhos, os sopões, a Rádio Santana, os Grupos de Oração de Breves e de toda a prelazia, cada uma dessas atividades é reflexo das graças que Deus tem derramado. Com regozijo em minha alma missionária, não poderia deixar de falar de uma grande graça que alcançamos este ano. Aconteceu pela primeira vez no Marajó um Congresso da RCC no qual nossos Grupos de Oração do Prelado se reuniram. Foram 600 inscrições, fora as atividades abertas ao publico! Algo só possível pela graça de Deus, sendo que alguns Grupos viajaram dois dias de barco para chegarem ao evento. Três abençoados dias de profunda efusão do Espírito.
Acredito que nós, missionários, somos moldados a cada dia e aprendemos com esse povo tão querido, amoroso e carinhoso do Marajó o que é amar como Ele nos ama. Um povo forte que nos mostra com a sua vida que a dura realidade não pode tirar a alegria de viver. Isso é missão! Entrar na realidade de um povo, sofrer com ele se for preciso, ajudar e ser ajudado, e, juntos, construir um mundo mais justo para todos. Com esse desejo, a RCC em seu âmbito missionário deseja viver e levar a Cultura de Pentecostes a todos os povos para que a civilização do amor aconteça em cada um de nós.
Helton Adriano Souza
Coordenador Estadual do Ministério Jovem /PR Grupo de Oração Nossa Senhora das Graças
Missão Marajó Fechar-se à dimensão missionária implica fechar-se ao Espirito Santo, sempre presente, atuante, impulsionador e defensor. (Documento CNBB 94, n°30). Acredito ser justamente a motivação acima que move o coração da RCC para se abrir à dimensão missionária e é por esse ardor missionário que Deus tem chamado muitos carismáticos a abandonarem-se por inteiro para ir em ao encontro do outro. Comigo não foi diferente. Seduzido pelo Senhor, disse meu SIM e deixei tudo: trabalho, família e minhas raízes paranaenses para seguir a voz do Bom Pastor. Há quase dois anos, estou na Ilha do Marajó. Já estive na casa de Afuá e atualmente moro em Breves. Cada cidade com suas particularidades, mas idênticas em uma situação: um povo amado que nos ensina a sermos missionários a cada dia. Nós não conseguimos definir em palavras o desafio e alegria de trabalhar
Salomão Ronaldo
Coordenador Prelatício da RCC Marajó Grupo de Oração Coração de Maria
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Para mostrar ao mundo as razões da nossa fé Quando o Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL foi lançado, em abril de 2010, eram oferecidos dois cursos. Um deles já era o “Introdução à Bíblia Sagrada”. Depois de formar centenas de alunos, ele passou por uma reformulação e volta à grade em 2012. Com conteúdos mais enxutos, o curso é apresentado de forma ágil e direta, transformando as aulas em permanentes (re)descobertas sobre as Sagradas Escrituras, seus textos e a espiritualidade que pode surgir a partir de sua leitura. Nessa entrevista, o presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL e professor do curso, Marcos Volcan, fala um pouco sobre as aulas e a importância da Bíblia na vida dos fiéis. Revista Renovação: Nas últimas décadas, a Igreja tem procurado colocar as Sagradas Escrituras em evidência na vida dos fiéis. Qual a importância da intimidade do católico com a Bíblia? Marcos Volcan: De fato, isso vem acontecendo. O Concílio Vaticano II nos abriu um leque novo sobre o assunto. Eu destacaria dele a Constituição Dei Verbum, que traz orientações de como nós devemos ler a Bíblia, estudá-la. Então, nos últimos 50 anos, temos sido enriquecidos por do16
cumentos como este e tantos outros, como o Verbum Domini. Temos que aproveitar as riquezas que a Igreja nos dá através das orientações, da sua Tradição, dos seus documentos. A Bíblia é fonte de espiritualidade. Ela é elemento fundamental, essencial, para nós termos intimidade com Deus. A Sagrada Escritura revela Deus e possibilita que estejamos mais perto daquilo que é o seu pensamento, daquilo que Ele é e que quer que nós sejamos. Então ela é importantíssima na vida de qualquer católico que queira viver nestes dias onde temos que responder a tantas coisas que o mundo nos apresenta, nos desafia.
Revista Renovação: O amor pela Palavra é uma das características daqueles que experimentaram o Batismo no Espírito Santo. Como se dá essa relação? Marcos Volcan: A experiência do batismo no Espírito Santo é transformadora, mexe com nosso interior, com a nossa mentalidade. Como diz São Paulo, aquele que está em Cristo é uma nova criatura; as coisas velhas passaram, tudo se fez novo (cf. 2Cor 5,17). Paulo também nos diz na Carta aos Romanos, no capitulo 12, “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso
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entendimento”. Com base nesses dois versículos, já podemos entender a importância da Palavra de Deus como fonte de renovação. Quando somos batizados no Espírito, acontece algo novo: tomamos consciência de que somos filhos amados de Deus. Então queremos conhecê-lo, descobrir quem Ele é. E aí vamos entrando em todo esse processo da salvação divina, que envia Seu Filho e nos dá o Espírito. A Palavra, portanto, vem a fundamentar esta experiência. É como se despertássemos de um sono, no qual estávamos assim adormecidos há muito tempo e acordamos com fome, com sede, querendo alimento. Da Palavra de Deus, conseguimos tirar a essência daquilo que vai nos alimentar. Revista Renovação: Os bispos do Brasil e do mundo vêm insistindo na utilização da leitura orante como método de oração e estudo. Como essa metodologia pode enriquecer o relacionamento com Deus? Marcos Volcan: Podemos explicar
o significado da palavra método como um caminho. Nesse caso, de leitura da Bíblia. Nada melhor que buscar este caminho na tradição da Igreja. Então, quando os bispos nos orientam à leitura orante, eles estão usando sua sabedoria. A tradição da Igreja sobre a leitura orante vem logo no inicio do cristianismo. É claro que lá ela não estava elaborada metodologicamente, mas ali já éramos orientados a uma prática da leitura com a oração. Muito tempo depois, no século 12, o monge Guigo sistematizou a leitura orante. E ela vai passar despercebida até recentemente. Mas com o Concílio Vaticano II, a leitura da Bíblia se tornou mais popular. Por isso foi necessário estimular um método, e a Igreja retoma este, que faz parte das suas riquezas. Neste tempo, em que estamos vivendo as práticas espirituais, temos orientado os carismáticos a uma leitura orante das Sagradas Escrituras. Aqui no IEAD, no nosso curso de Introdução a Bíblia Sagrada, esse é um método que procuramos ensinar para os nossos alunos, porque sabemos que ele
dá resultado, pois seguindo esses passos, nós conseguimos mergulhar na Sagrada Escritura, conhecê-la e, assim, criar uma espiritualidade bíblica. A partir disso, então, eu penso, eu ajo tendo como referência o que a Palavra me diz. Revista Renovação: Muitas pessoas reclamam que não compreendem a linguagem bíblica. Como o curso Introdução à Bíblia Sagrada pode auxiliar os alunos em uma aproximação com os textos da Bíblia? Marcos Volcan: É verdade que quando nós lemos o texto sagrado, muitas vezes não o entendemos, porque foi escrito em épocas distantes e por pessoas que tinham hábitos culturais e uma linguagem diferente da nossa. Mas a Bíblia tem uma função especial de revelar o coração de Deus à humanidade, revelar como ele se relaciona com o seu povo. Então é de se esperar que a Palavra de Deus possa ser entendida por todas as pessoas. Nós não podemos ter medo de manusear, de ler a Bíblia, mas temos também que entender que alguns textos foram escritos dentro desse contexto, dentro desses tempos e épocas distantes. Por isso, um curso ou uma leitura de livros auxiliares podem nos fazer entender melhor o que a Palavra de Deus quer nos ensinar. Revista Renovação: Por que fazer o curso Introdução à Bíblia Sagrada do Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL? Marcos Volcan: Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, é penetrante como uma faca de dois gumes. Se eu a conhecer, se eu me aproximar da Sagrada Escritura, tenho condições de responder ao mundo, de forma direta, as razões da minha fé. Esse curso introdutório nos insere na vida do Movimento, nos dá possibilidades de interagir com pessoas do Brasil todo dentro de uma sala de aula virtual. E assim nós estaremos cada vez mais crescendo na fé e com condições de testemunhar Jesus diante do mundo. 17
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Uma celebração para entrar na história De 10 a 15 de julho deste ano, Foz do Iguaçu/PR será a casa dos carismáticos do Brasil e do mundo. Durante cinco dias, jovens, adultos e crianças estarão reunidos para rezar, escutar pregações, celebrar a eucaristia e escreverem juntos fatos históricos do nosso Movimento: será a trigésima vez que os carismáticos brasileiros se reúnem no Congresso Nacional e a primeira vez que jovens da RCC de diferentes países realizam um encontro mundial. Mais de 10 mil pessoas são esperadas. Serão 31.863,43 m² de estrutura para os encontros. Teremos a presença de todos os 18 conselheiros do ICCRS (Serviço Internacional da Renovação Carismática), do Conselho Nacional da RCCBRASIL e de centenas de lideranças estaduais. Antecedendo o Encontro Mundial de Jovens, teremos três atividades missionárias simultâneas acontecendo em diferentes regiões do país e, durante o evento, tradução simultânea para três línguas diferentes. Pelos seus números e pelo seu alcance, certamente os dois eventos vão marcar a história, como
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uma das maiores mobilizações já geradas em nosso Movimento. Entretanto, nem só de números se constroem grandes eventos. Eles precisam marcar nossas histórias. E mesmo antes de acontecer, o Congresso Nacional e o Encontro Mundial já estão ficando assinalados na vida de muita gente. Há vários meses, o Congresso Nacional faz parte da rotina de David Ferreira de Lima, da Diocese de Santarém, no Pará. Ele coordena uma caravana de 87 pessoas que enfrentará cinco dias de viagem (dois dias de barco e três de ônibus) para estar em Foz do Iguaçu. Mesmo com toda essa distância, David se vale dos quase 10 anos de experiência nesse tipo de viagem e afirma sem vacilar: vale a pena! Outro exemplo é o do cearense Tiago Weyne. Desde o ano passado, quando
iniciou seus primeiros contatos com uma agência de viagens, o Encontro Mundial de Jovens faz parte da vida dele. Agora, ele lidera uma caravana de quase 50 jovens que representarão o Ceará no evento. Para chegar a esse número foram meses de trabalho de divulgação nas dioceses do estado, na busca de padrinhos e na promoção de diversas edições da “feirinha de comidas típicas” com o objetivo de angariar recursos para a viagem. Antes mesmo do início do Encontro, Tiago já fala com convicção sobre os frutos do evento: “Esse Encontro será um marco para a RCC, não só no meio da juventude, mas em todas as instâncias. Quando essa juventude da RCC, cheia de alegria e coragem, se juntar saberemos que a chama da Cultura de Pentecostes não se apagará”, afirmou.
Não deixe essa graça fora da sua história e do seu Grupo de Oração. Ainda dá tempo de participar do XXX Congresso Nacional e do Encontro Mundial de Jovens da RCC. Saiba mais sobre inscrições, opção de alimentação e hospedagem nos sites www.rccbrasil.org.br/ congresso e www.mundial2012.rccbrasil.org.br.
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Sede Nacional: Centro de Eventos é a próxima obra a ser construída Desde o início, a construção da Sede Nacional da RCCBRASIL representa um sonho e um desafio para carismáticos de todo o Brasil. Depois dos trabalhos de terraplanagem e arruamento e da conclusão das duas primeiras edificações do terreno, a capela Nossa Senhora de Pentecostes e a Casa de Formação dos Missionários, a próxima etapa do projeto a ser posta em prática será o Centro de Eventos. E esse novo passo da construção também se inicia carregado
de um sonho e um desafio: ser finalizado a tempo de o Encontro Nacional de Formação 2013 poder ser realizado no local. Para tanto, a obra está sendo planejada em três etapas distintas. A primeira delas é a construção da parte de alvenaria do Centro, que consiste no palco, salas de apoio e banheiros. A segunda etapa se refere às fundações, estaqueamentos e colocação de pilares. Já a terceira etapa corresponde a toda a estrutura metálica.
Até agora, o Centro de Eventos é a obra de maior custo de construção. Para viabilizar os recursos necessários, serão organizadas ações específicas de arrecadação de fundos para cada etapa de edificação. Dentro desse contexto, as duas campanhas em vigor, os carnês “Eu sou um construtor” e a venda dos selos, são de extrema importância para o avanço dos trabalhos. E você, já pensou como vai ajudar para que essa meta seja alcançada? Além de ser fiel na sua contribuição, auxilie também na divulgação desse sonho. Todas as formas de ajuda são importantes!
Terra Santa: uma experiência de fé Em um estreito território às margens do Mar Mediterrâneo, séculos e séculos de história deixaram marcas nas edificações, costumes e paisagens. O lugar onde ocorreu o maior fato de todos os tempos: a vida de Jesus Cristo! Percorrer tais cenários tão cheios de significados é mais que um passeio turístico. Para a paulista Cintia Franciscato, do Grupo de Oração Sagrada Família, que peregrinou pela Terra Santa em novembro de 2011, a viagem foi algo único: “Essa experiência mexeu com todo o meu ser e aumentou a minha fé. Mais do que pisar nos lugares que Jesus pisou, é possível vivenciar o que aconteceu em cada local.” Ela afirma ainda que a experiência é tão marcante que é impossível não querer retornar: “Eu quero voltar. É um lugar apaixonante. Não tem como não sair de lá amando mais Jesus e querendo aprender mais sobre a sua histó-
ria”, finaliza. Peregrinar pela Terra Santa é uma experiência de fé. Imagine quando vivida com irmãos que partilham da mesma espiritualidade? Certamente, é uma grande bênção! Essa é a proposta da peregrinação promovida pela RCCBRASIL. Serão dez dias de viagens pelos locais onde aconteceram os fatos mais importantes da nossa fé em companhia de membros do Conselho Nacional, numa oportunidade de oração, partilha e vivência fraterna. A viagem é uma parceria entre a RCCBRASIL e a comunidade Obra de Maria, especializada em turismo religioso. O grupo terá partida no dia 13 de novembro. O valor do pacote fica na casa de US$ 2.880,00, mais a taxa de adesão de US$ 100,00. É possível parcelar o pacote. Estão incluídas no valor as passagens aéreas, alimentação e hospedagem.
Informações (81) 3081-4749 – Comunidade Obra de Maria (falar com Patrícia Selma) (53) 3227-0710 – Escritório Nacional da RCCBRASIL (falar com Maria Teresa) 19
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Nossa fé não está à venda! Por Lúcia Volcan Zolin Coordenadora nacional do Ministério e da Comissão de Comunicação Grupo de Oração Divina Misericórdia
Emiliano Tardif era um sacerdote canadense que vivia como missionário na República Dominicana. Ele não nutria grandes simpatias pela Renovação Carismática, mas um dia, acometido por uma grave doença, foi curado pelo Senhor de forma extraordinária, após receber oração de um grupo de pessoas do Movimento. Além de ser curado, esse servo de Deus recebeu o carisma da cura e, impulsionado pelo ardor missionário, percorreu o mundo exercendo seu ministério. Por meio dele, milhares de pessoas experimentaram o operar de Deus de forma extraordinária, com prodígios, milagres e sinais. Quando questionado se não havia
um exagero na ênfase da cura em sua pregação, o sacerdote respondia que gostava de fazer aquilo que era tão precioso para Jesus Cristo. “Não sou eu quem faz isso. Por que alguns menosprezam o que para Jesus tinha grande significado?”, questionou, em certa ocasião, referindo-se à grande quantidade de curas realizada pelo Senhor. 1 Para ele estava claro que o exercício de qualquer carisma é um serviço à comunidade e, portanto, é Amor (Dom maior). Estava convencido de que a Renovação Carismática é uma força evangelizadora, porque ensina seus membros a abrirem-se ao poder do Espírito Santo, a Seus dons e carismas.
1 - TARDIF, Emiliano; FLORES, J. Prado. Jesus é o Messias. São Paulo: Edições Loyola, 1996, p. 70. 2 - Idem. 3 - Idem.
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Grande defensor dos carismas, Tardif reconhecia, no entanto, que eles poderiam ser desvirtuados. Como? Quando exercidos fora de contexto. “Os sinais portentosos acompanham o anúncio do Evangelho. Não acontecem isolados, mas quando proclamamos a salvação em Jesus Cristo”,2 explicou. Ele também lembrou que Jesus disse que, após ouvirem o anúncio, as pessoas deveriam ser batizadas em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 18-19). Ou seja, a cura deve ser seguida pela vida sacramental. “Trata-se, porém, de uma corrente de três elos: Palavra – Cura – Sacramento. Se não for assim, se desvirtua”.3 Padre Tardif também contava que aprendeu, no decorrer de seu ministério, a não orar pe-
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los enfermos se não pudesse proclamar a vitória de Jesus na cruz e o triunfo de sua ressurreição. E porque estamos refletindo sobre isso? Porque precisamos identificar esses e outros desvirtuamentos da fé, estar atentos ao que ocorre ao nosso redor e sermos guardiães de uma evangelização autêntica, principalmente em nossos dias em que sérios riscos rondam o cristianismo ou já estão bem infiltrados em nosso meio. Muitos estudiosos dizem que uma das características que marcam a sociedade atual é o consumismo intenso, em que tudo se transforma em mercadoria, inclusive a religião. “A busca da religião se realiza por
necessidade de cura, conquistar o amor de alguém, prosperidade nos negócios, aumento da riqueza, segurança, busca do laço amoroso que se rompeu, sentimento de utilidade, gosto de viver sem angústia, realização pessoal e por tantas outras necessidades que poderão ser criadas. A religião entra como mercadoria e deve seguir as normas do mercado”.4 As religiões se tornaram serviços espirituais em oferta no “supermercado religioso” do mundo moderno. O fiel, na sua liberdade de consumidor, pode escolher e dispor de tudo. A religião se transforma em mercadoria e o cliente tem sempre razão. “Elas são oferecidas, opcionalmente, sem
4 - BRUSTOLIN, Leomar Antônio. Deus como mercadoria na era digital. Disponível em: . Acessado em ((17 de maio de)) 17 mai. 2012. 5 - MOLTMANN, J. God for a secular society. 1999, p.251. In.: ROSSI, Luiz Alexandre Solano. Curitiba: Champagnat, 2011, p. 87. 6 - ROSSI, Luiz Alexandre Solano. Jesus vai ao McDonald´s. Curitiba: Champagnat, 2011, p.
obrigação e com desconto como religião ‘light’, igual às ofertas em prateleiras de literatura esotérica numa livraria. Tudo é possível, nada é levado a sério”.5 Mal que vem sendo amplamente propagado, incentivado, podemos dizer, sobretudo, pela chamada Teologia da Prosperidade ou da Retribuição, segundo a qual “Deus fica na obrigação de cumprir todas as promessas contidas na Bíblia na vida do fiel. Deus torna-se prisioneiro e refém de sua própria Palavra. Dessa maneira, o fiel passa a viver de acordo com o ‘Evangelho de suas predileções’.”6 Este mercado religioso se apresenta promissor e lucrativo. Tanto que tem sido cada vez mais comum encontrarmos pessoas ou grupos não cristãos por trás de atividades relacionadas à evangelização. 21
REFLEXÃO
Maio/Junho 2012 ..........................................
Obviamente não podemos impedir até mesmo Jesus ser apresentado de forma que as pessoas recorram à Igreja apenas deturpada. por essas razões ou quaisquer outras. De“Hoje em dia, afirmou-se amplavemos acolher a todas, inclusive sem julgá- mente, até entre os crentes, a imagem de -las. Se nos debruçamos sobre o assunto é um Jesus que nada exige, que nunca reproporque não podemos ignorar tal fenômeno. va, que acolhe tudo e todos, que nos aprova Além disso, precisamos estar atentos para em cada coisa.”8 A Igreja não precisa disso. Quem não reforçar ou até mesmo estimular essa atentar para essas exortações de nosso tendência. Devemos ser sempre fieis à verda- Papa não cairá nessas tentações que rondeira proposta do Evangelho, sem cairmos dam a fé cristã. Como vimos, a religiosidade de merna tentação de oferecer uma religiosidade apenas para solucionar problemas terrenos cado geralmente destaca a imagem de ou baseada em critérios subordinados a Deus como um solucionador de problemas. valores impostos por uma sociedade consu- Vemos isso tanto em pregações como em mista, ou que já não queira viver os valores músicas. A ordem se inverte: é Deus quem está a serviço do homem. Todas as mendo Evangelho. Devemos estar atentos, porque la- sagens bíblicas são adaptadas para corresmentavelmente os problemas não existem ponder a essa premissa. No mercado da fé, servos são conapenas em seitas, como muitos poderiam supor. Estão presentes dentro da Igreja. siderados ídolos, estrelas; fiéis viram fãs, Bento XVI, quando Prefeito da Sagrada tietes; assembleias viram plateias; povo, Congregação para a Doutrina da Fé, aler- público consumidor. Eventos religiosos se tou sobre o risco de em nossas atividades transformam em espetáculos grandiosos. Unção é substituída pela emoção, produpastorais excluirmos partes do Evangelho. “Alguns catecismos e muitos ca- zida por efeitos visuais e sonoros. Neste mercado tequistas não ensinam não convém se falar mais a fé católica no No mercado da fé, sobre a cruz, morte seu conjunto harmôniservos são considerados ído- de Jesus pela redenção co, onde toda verdade los, estrelas; fiéis viram fãs, dos pecados. Aliás, pressupõe e explica a outra, mas procuram tietes; assembleias viram pecado é uma palavra tornar humanamente plateias; Povo, público con- quase proibida. Redenção, Ressurreição, Céu, ‘interessantes’ - segundo sumidor. ” vida eterna: assuntos a orientação cultural do momento – certos elementos do patrimô- pouco comentados. Não convém, porque nio cristão. Alguns textos bíblicos são se- se esses temas vierem à tona, o mercado lecionados porque considerados ‘mais pró- estará ameaçado. As pessoas vão se dar ximos da sensibilidade contemporânea’; conta de que esse mundo passa, com suas outros, pelo motivo oposto, são deixados vaidades. Esse cenário está tão distante dos de lado.”7 Em muitos livros, entrevistas, men- cristãos das origens sobre os quais se posagens, ele tem chamado a atenção para dia dizer: “Estão na carne, mas não vivem o fato de que o Evangelho não precisa ser na carne; moram na terra, mas tem sua “enfeitado”. Ele não extrai o valor de sua cidadania no céu; obedecem as leis estapopularidade. Nesse sentido, há o risco de belecidas, mas com sua vida ultrapassam
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7 - RATZINGER, J. A fé em crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. São Paulo: EPU, 1985, p. 50. 8 - TESSORE, Dag. Questões de fé, ética e pensamento na Obra de Joseph Ratzinger. São Paulo: Claridade, 2005, p. 25. 9 - PADRES APOLOGISTAS. Carta a Diogneto. São Paulo: Paulus, 1995, p. 22-23.
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as leis.”9 É claro que é bom desejar que o Senhor intervenha em nossa vida. Ninguém cuja fé seja autêntica deveria rejeitar essa necessidade, porque estaria cometendo um erro talvez pior ainda. Mas isso deve ser fruto de um relacionamento sincero com Ele. Não um incentivo para que as pessoas O busquem sob demanda. Esse tipo de “evangelização” não dá frutos. Até vemos algo sendo construído. O problema é que essa construção se dá sobre um terreno movediço, como a areia. No primeiro vento forte, se o problema não for resolvido, tudo se desmorona. Os “clientes da fé” sentem-se lesados. Esse tipo de “evangelização” não levará ninguém a almejar a santidade. A amar o Senhor com toda a sua alma, coração, entendimento. A amar o próximo. A dar testemunho de vida. É preciso que façamos o contrário. Que em nossos Grupos Ele seja cada vez mais exaltado como Senhor. Que Ele seja louvado como convém. Que ensinemos o Evangelho em sua integralidade. Que todos saibam que a verdadeira bênção é contemplar a face do Senhor. Ele nos agracia com presentes o tempo todo, com o sopro de vida. Ele é nosso Deus e merece o nosso Amor. Mesmo que nunca mais nos desse nada, Ele já nos deu tudo. Deu-nos a salvação por meio de seu Filho Jesus Cristo. Deu-nos acesso direto a Ele. Devemos ensinar que todos devem se aproximar de Deus com as mãos limpas e o coração puro. Porque são os puros que O verão (Mt 5,8). Que saibamos servi-Lo com humildade, conscientes de nossa condição e de que toda glória pertence somente a Ele. É preciso que contemos a todos que Jesus prometeu que voltaria. A sonhar de novo com o seu retorno como nossos pais na fé faziam. É preciso pedir que Ele volte. É preciso sonhar com o rosto do Senhor. Desejar o céu como a meta mais elevada de nossa vida. Isso não está à venda. Isso é Graça. Isso é salvação!
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