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NESTA EDIÇÃO
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Creio em ti: Para testemunhaR a nossa fé O lugar onde encontramos nossa identidade e o nosso Senhor
Por uma evangelização que transforme o mundo
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Novidades na construção de Nossa Casa 21
O que dizer da retirada da cruz dos tribunais?
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Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil
IEAD apresenta novos cursos
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AINDA NESTA EDIÇÃO 04 Editorial: Cruz: de nossa vida não poderão tirá-la 05 Palavra do Presidente: Pela Cruz, co-herdeiros de jesus, o senhor
08 a cruz de cristo em minha vida: a escola da paixão! 14 Eu creio em ti 16 a vitória da cruz na nossa vida 18 a força que emana na cruz 20 Dias proféticos para a rcc do brasil e do mundo 21 conselho internacional da rcc reunido no brasil 22 rcc promove II encontro nacional de articulação
ANO 13 - Edição Nº 75 Julho/Agosto 2012 JORNALISTA RESPONSÁVEL Lúcia Volcan Zolin - DRT/SC 01537 REDAÇÃO Ana Cássia Pandolfo Flores Shana Dockendorff Thiago Bergmann Araújo FOTOS Arquivo RCCBRASIL DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Priscila Carvalho Ricardo Silva E-MAIL redacao@revistarenovacao.com.br
ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCC BRASIL Praça Vinte de Setembro, 482- Centro CEP 96015-360 Caixa Postal 002 - Pelotas / RS Tel.: (53) 3227.0710
e promoção de comunidades carismáticas
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editorial
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Cruz: de nossa vida não poderão tirá-La Recentemente, uma notícia entristeceu os católicos do Brasil. O Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou a retirada do crucifixo das salas de justiça desse estado. Mas o acontecimento, que tanta dor nos trouxe, encheu nossos corações do desejo de exaltarmos Aquela que tem sido rejeitada. E como resultado dessa inspiração, apresentamos a você a nossa edição de número 75, na qual várias lideranças da RCC partilham conosco uma série de assuntos relativos à Cruz. Dom Azcona nos exorta: “Não pode existir verdadeira evangelização sem a pregação do Crucificado aos pecadores e sem o apelo ao arrependimento para a remissão dos pecados”. Importante pensar sobre isso, sobretudo numa época marcada por uma religiosidade light, ao gosto do mercado. Já a coordenadora Nacional da Formação, Lucimar Maziero, nos leva a refletir sobre o sofrimento, mas numa perspectiva vitoriosa, como foi o sofrimento de Cristo na Cruz: “É preciso olhar para a Cruz de Cristo com os olhos da fé, para que possamos enxergar a vitória, a vida nova”, escreve. E mais: “Para compreendermos esse ensinamento, muitas vezes, nos é dado como estratégia divina o próprio sofrer, a própria dor, na qual, unindo nossa vida à vivência de Cristo, encontramos força para
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superar as dificuldades”. O presidente do Conselho do Estado de São Paulo, Rogério Soares, chama a atenção para o fato de que a Cruz é o sinal que nos identifica, revela a Quem pertencemos. E questiona a respeito de uma dificuldade enfrentada pela maioria de nós: “Quando o sofrimento bate à nossa porta e somos atingidos por alguma enfermidade ou quando as perseguições se levantam contra nós e nos tornamos alvo de humilhações, como reagimos?” Sonhos e a Cruz! Beatriz Vargas partilha conosco uma linda profecia na qual o Senhor nos lembra que devemos erguer a Cruz sobre nossos sonhos “e a desejar que o próprio Deus coloque os seus sonhos no nosso coração, pois eles são infinitamente maiores e mais bonitos do que todos os sonhos que nós poderíamos sonhar”. Desta Cruz emana força e ela nos une. E, assim, uma juventude tem sido reunida ao redor do mundo por esse símbolo. O jornalista do Escritório Nacional Thiago Bergmann Araújo nos traz uma reflexão sobre a experiência que jovens têm vivido com a Cruz da Jornada Mundial. Milhões e milhões de pessoas estão testemunhando ao mundo: somos cristãos! Somos Católicos! Pertencemos à Igreja da cruz! E sobre a retirada desse símbolo de espaços públicos, que inspirou esta edição, o coordenador do Ministério Universidades
Renovadas, Felippe Nery, escreve um artigo no qual apresenta alguns pontos falhos da interpretação de quem defende a ideia de que a presença da Cruz é incompatível com um Estado Laico. Informações valiosas para que possamos partilhar em nossos Grupos de Oração. Cruz, Santa Cruz! Cruz de Jesus, Cruz do nosso Amado. Embora rejeitada por alguns, queremos reafirmar: somos a terra de Santa Cruz! Por isso estamos lançando a campanha “Eu creio em Ti!”. A ideia é simples e está baseada no fato de que de nossa vida não podem tirá-La. Se A estão retirando de tribunais, de nossos peitos, casas, carros, não poderão fazê-Lo. Por isso, todos estamos sendo convidados a usá-La, expô-La, como profissão de nossa fé. Dessa forma, testemunharmos o Senhor da Cruz. Lamentavelmente, quase dois mil anos após a morte de Jesus na Cruz, Ela ainda é considerada “loucura” para muitos. Mas nós sabemos: Ela é força, é salvação. O mundo precisa aprender ou reaprender isso! Cabe a nós ensinar. Tenha uma leitura abençoada! Lúcia Volcan Zolin
Coordenadora nacional do Ministério e Comissão de Comunicação Grupo de Oração Divina Misericórdia @luciavolcanz
palavra do presidente
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PELA CRUZ, CO-HERDEIROS DE JESUS, O SENHOR “Pela sua morte expiamos os pecados cometidos no decorrer do primeiro testamento, para que os eleitos recebam a herança que lhes foi prometida” (Hb 9,15). No plano divino, o Antigo Testamento nos revela que Israel é a herança de Deus; e a terra prometida é a herança de Israel. Essa noção, entretanto, vai assumindo na história do povo de Deus um sentido escatológico, ou seja, uma compreensão que se ampliará para além das perspectivas terrestres. No Novo Testamento, a herança que se interpretava reservada a um povo determinado concentrar-se-á em Cristo, descendência de Abraão, que se constitui “herdeiro de todas as coisas” (Cf. Hb 1,2). A trajetória de Jesus, que o levaria à posse efetiva da herança, passou pela paixão e morte de cruz (Cf. Fl 2,7-11), mostrando com isso “o obstáculo que se opunha ao cumprimento das antigas promessas: o estado de escravidão no qual se encontravam os homens (Cf. Gl 4,3.8; 5,1; Jo 8,34). Por sua cruz, Jesus põe fim a essa disposição provisória, para nos fazer passar do estado de escravos ao de filhos e, portanto, de herdeiros (Cf. Gl 4,5ss). Graças a sua morte podemos agora receber a herança eterna prometida (Cf. Hb 9,15)”. 1 Portanto, em torno de Cristo, herdeiro único, se constrói um povo novo ao qual o direito de herança é dado por graça. Obviamente, o mistério da Cruz revela uma sabedoria divina que não conseguimos alcançar em sua plenitude. Entretanto, uma vida cristã iluminada por
essa perspectiva da fé, na qual somos herdeiros do Senhor, enche-nos de esperança, revigora nossas forças! A missão que Cristo deu aos seus discípulos, de continuar aquilo que Ele inaugurou, ou seja, de anunciar o Reino de Deus, espalhando esta boa notícia, se faz necessária a cada geração. Trata-se de uma missão permanente. Jesus, certamente, no Evangelho de João, quando chega a dizer que se realizariam obras ainda maiores que as que Ele fez (Cf. Jo 14,12), se referia às ações próprias para o cumprimento do mandato missionário ao longo da história. Entretanto, a maior obra, para a qual estávamos inabilitados, coube a Ele: redimiu-nos na sua Cruz! O que podemos nós fazer? Participar do que Ele conquistou, pois nada fizemos neste processo, a não ser tornarmo-nos beneficiários. Ele fez tudo! Podemos apossar-nos da herança e, com dedicação, ter uma vida como objeto de louvor a Deus. Ainda aqui neste mundo, como membros de uma Igreja militante e sujeitos às momentâneas tribulações, podemos manifestar o penhor da glória futura, reservado, não para alguns, mas para todos que, na fé, se decidiram por seguir a Jesus. Numa época em que algumas “teologias” procuram esvaziar o significado da salvação, da morte de Cristo na Cruz, reduzindo-a a uma “prosperidade” momentânea, de barganha com Deus, ou “libertação” temporal, possa a Renovação
Carismática deixar-se assistir pela sólida doutrina da Cruz, que vem sendo pregada desde os tempos bíblicos e que tem sido guardada e ensinada pela Igreja com maestria e assistência do Espírito Santo. Nosso sim é uma resposta de gratidão a um Deus que nos possibilita participarmos ativamente na continuidade de sua obra salvífica. Que graça poder fazê-lo com a consciência de que somos co-herdeiros de Jesus, Senhor! Marcos Volcan
Presidente do Conselho Nacional da RCC Grupo de Oração Divina Misericórdia @marcosvolcan
1 - Léon-Dufour, Xavier... [et al.]. Vocabulário de Teologia Bíblica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 400.
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NA CRUZ, NOSSA IDENTIDADE Mais que um simples símbolo, um sinal visual que nos identifica. Na Cruz encontramos a nossa identidade de cristãos. Ela é o lugar do sacrifício, da entrega de Jesus por nós e também precisa ser o lugar da nossa experiência pessoal com Ele. Por José Rogério Soares dos Santos
Coordenador Estadual da RCC SP Grupo de Oração Kénosis
O símbolo adotado pelo Serviços para a Renovação Carismática Católica Internacional (ICCRS), conhecido como “a Cruz da Renovação” (The cross of the Renewal 1), é extraído dos textos bíblicos de Jo 19,34 e 1Jo 5,6. O sangue (Lv 1,5ss; Ex 24,8ss) testemunha a realidade do sacrifício do cordeiro imolado para a salvação do mundo (Jo 6,51), e a água, símbolo do Espírito, sua fecundidade espiritual.2 Na Cruz da Renovação, o símbolo da água que sai do lado aberto de Jesus crucificado, tendo na outra extremidade a imagem da pomba, quer explicitar a compreensão cristã neo-testamentária de que Jesus é o doador do Espírito e, por isso, a invocação na parte superior: Veni Creator Spiritus. “O Espírito é, pois, também pessoalmente a água viva que jorra de Cristo crucificado como de sua fonte e que em nós jorra em Vida Eterna”(Catecismo, n. 694). Nesse mesmo sentido, o pregador da Casa Papal, o frei Raniero Cantalamessa, escreveu: “Quando invocamos o Espírito, não devemos olhar para o céu ou talvez para outro lugar; não é de lá que vem o Espírito, mas da Cruz de Cristo! É ela a “rocha espiritual” da
1 - www.crossoftherenewal.com/en/index.html 2 - Cf. Nota na Biblia de Jerusalém em Jo 19,34. 3 - CANTALAMESSA, Raniero. O Espírito Santo na vida de Jesus, p. 14.
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qual esta água misteriosa é derramada sobre a Igreja para dessedentar os crentes (cf. 1Cor 10,4). Como a chuva que desce do céu é recolhida no interior de uma montanha, até que encontra uma passagem para fluir, assim o Espírito, que durante a sua vida terrestre desceu e se recolheu todo em Jesus de Nazaré, sobre a Cruz encontrou uma “passagem”, uma ferida, para derramar-se sobre a Igreja e Ele pode dizer, referindo-se precisamente a este seu Espírito: Quem tem sede venha a mim e beba (Jo 7,37).”3
A imagem ajuda a colocar em evidência o dado teológico em que “a Páscoa de Cristo se realiza na efusão do Espírito Santo, que é manifestado, dado e comunicado como Pessoa Divina: de sua plenitude, Cristo, Senhor, derrama em profusão o Espírito.” (Catec. 731). De acordo com a narrativa feita por São Lucas nos Atos dos Apóstolos, a vinda do Espírito acontece no dia de Pentecostes, na sala do Cenáculo, em Jerusalém (At 2,14). João evangelista também faz referência desse mesmo espaço como sendo o lugar em que Jesus “sopra” sobre os discípulos para que recebam o Espírito Santo (Jo 20,22). Esse mesmo evangelista, com sutileza teológica, parece querer nos presentar o calvário, ou, mais precisamente, a cruz como
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de onde acontece o derramamento de identificação. Em seu sentido espiritual, gozo na riqueza temporal. Em sua horizondo Espírito (cf. Jo 19,34). A cruz, dolorosa ela representa o lugar do sacrifício, onde talidade, a Cruz abraça os pobres, sofrerealidade, onde ocorre o sacrifício pascal Deus, o Pai das misericórdias, demonstra dores, injustiçados. Em sua verticalidade, do Cordeiro de Deus, é também e, sobre- todo o seu amor pela humanidade. A Cruz fincada na realidade da terra, ou seja, da é lugar de entrega. Deus verdade da vida, ela aponta para o céu, tudo, “instrumento Muitos seguem a Jesus Pai entrega o Filho; Deus lugar do Reino definitivo. de redenção, de Perguntamos: onde se encontram os reconciliação e de até ao partir do pão, pou- Filho entrega o Espíri4 to; Deus Espírito é dado amigos de Jesus? Na multidão, enquanto os aliança”. O lenho seco da cruz, uma cos, porém, até ao beber do para a humanidade. A milagres acontecem, ou no calvário, junto vez encharcado pelo Cálice de sua paixão. Muitos Cruz, lugar do sacrifício, de sua Cruz? “Muitos seguem a Jesus até sangue do Cordeiro admiram seus milagres, mas torna-se então lugar da ao partir do pão, poucos, porém, até ao e pela água que bro- poucos abraçam a ignomínia auto-entrega amorosa de beber do Cálice de sua paixão. Muitos admiram seus milagres, mas poucos abraçam Deus. ta do coração aberto da cruz” a ignomínia da Cruz” (Im. Cristo, cap. XI). É comum, durande Jesus, pode agora florescer, como árvore plantada à beira te alguns momentos de oração, o dirigente Enquanto estamos no meio da multidão, daquele rio que recebe suas águas da fon- nos convidar para que nos aproximemos da esperando por algum milagre ou até já te que jorra do Templo, a que se referia o Cruz do Senhor. De bom grado o fazemos. desfrutando dele, aproveitemos para nos profeta Ezequiel no Antigo Testamento (cf. Mas, no dia a dia, quando a Cruz se apro- aproximar daquele que caminha para Cruz: Ez 47,12). Sim, é do Templo-Corpo de Jesus xima de nós com toda a sua verdade, que- Jesus Cristo. É lá, no alto do calvário, junto Cristo (cf. Jo 2,21) que jorra a verdadeira remos logo nos ver livres dela. O demônio à sua Cruz que se consolida a verdadeira foge da Cruz; o cristão deve correr para Ela. amizade. água viva! Havia amigos de Jesus que não pudeMuito sabiamente escreveu o autor do livro A LINGUAGEM DA CRUZ ram estar no calvário no dia de sua cruciImitação de Cristo: “Por que temes, pois, tofixão. Alguma coisa “O sinal-da-cruz assinala a marca mar a Cruz pela qual de Cristo naquele que vai pertencer-lhe” se vai ao céu? Na cruz De fato, para quem tem os impediu de estar (Catec. 1235). Não há católico que não estão a salvação e a depositado suas esperanças em lá. Nós não o sabemos. Pode ter sido queira trazer consigo, de algum modo, vida; na Cruz a proCristo somente para esta vida o medo ou qualquer uma Cruz como sinal de sua catolicidade. teção contra nossos O estranho é perceber que quando o si- inimigos. E ainda: da (1Cor 15,19), a cruz representa outra circunstância Cruz manam as sua- um inimigo a ser desprezado” justificável. De qualnal se transforma em realidade, muitos quer forma, era precristãos recusam-se a admití-la em suas vidades celestiais; na próprias vidas. Quando o sofrimento bate à Cruz estão a fortaleza da alma, a alegria do ciso que em algum momento eles passasnossa porta e somos atingidos por alguma coração, o compêndio da virtude, a perfei- sem pela Cruz. Foi assim com os Apóstolos. Cada um, a seu modo, se tornou amigo da enfermidade ou quando as perseguições se ção da santidade.” (Cap. XI-XII). Cruz. Tem sido assim na história dos santos levantam contra nós e nos tornamos alvo AMIGOS DA CRUZ DE CRISTO que nos precederam. Chegou então a nossa de humilhações, como reagimos? O apóstolo Paulo repreendeu àque- vez de nos comportarmos como amigos da É bem verdade não ser tão fácil entender “a linguagem da Cruz” (1Cor 1,18). les que se comportavam como se fossem Cruz de Cristo! A água do Espírito que reHá, ainda hoje, quem se escandalize com a “inimigos da Cruz de Cristo” (Fl 3,18). cebemos por meio do batismo deve trazerCruz (cf. Gl 5,11). Quantas vezes ouvimos Eram pessoas preocupadas somente em -nos coragem para sustentar na própria irmãos argumentarem em suas orações: viver bem, na fartura dos alimentos, sob vida o sinal-da-cruz. E sempre que formos “Por que comigo, Senhor? Eu sou teu servo. a aparência de perfeição, e que pensavam introduzidos em algum novo calvário, faTenho sido fiel em tudo o que o Senhor tem somente no que está sobre a terra (Fl 3,19). çamos daquele lugar, lugar de experiência me pedido... Por que tenho que passar por De fato, para quem tem depositado suas es- de Deus. Aproveitemos para beber nesse esse sofrimento?”. Parece que a Cruz para peranças em Cristo somente para esta vida momento, não do fel que nos privaria de alguns continua sendo apenas instrumen- (1Cor 15,19), a Cruz representa um inimigo sofrer com Jesus, mas da água que contito de suplício. Talvez ainda não tenhamos a ser desprezado. Afinal, Ela priva-nos de nua a brotar do lado aberto de Nosso Secompreendido a linguagem redentora da todo imediatismo e de qualquer desejo pelo nhor, da água da vida: o Espírito Santo. Cruz. A cruz não é somente um objeto-sinal lugar
“
“
4 - Cf. M. Dibelius. In: LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário Crítico de Teologia (DCT). São Paulo: Paulinas; Loyola, 2004, p. 1321.
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A cruz de Cristo em minha vida: a escola da Paixão! Aproximar a Cruz da própria história, vivenciar a experiência de dor e também da ressurreição, nos configurar a Cristo. Uma relação pessoal com a realidade da Cruz nos fortalece na fé e nos molda na autenticidade cristã. Por Lucimar Maziero
Coordenadora nacional do Ministério de Formação Grupo de Oração Javé Chammá
“Ao descobrir, pela fé, o sofrimento de Cristo, o homem descobre nele, ao mesmo tempo, os próprios sofrimentos, reencontra-os mediante a fé, enriquecidos de um novo conteúdo e com novo significado” (João Paulo II).1 Olhar para Cruz de Cristo sem a dimensão da fé é enxergar apenas o sofrimento e, quem sabe, a derrota. Olhar para a Cruz de Cristo com os olhos da fé é enxergar a vitória, a vida nova. Para compreendermos esse ensinamento, muitas vezes, nos é dado como estratégia divina o próprio sofrer, a própria dor, na qual, unindo nossa vida à vivência de Cristo, encontramos for1 - João Paulo II, Salvifici Dolores, n. 20. 2 - Profecia dada à RCCBRASIL. Conferir na página 17
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ça para superar as dificuldades. Quando falamos em unir nossa vida à Cruz de Cristo podemos pensar em três aspectos. O primeiro é o conteúdo atual da nossa vida. O segundo aspecto é o nosso entendimento sobre a Cruz. E o terceiro é o desafio de como unir as duas abordagens: vida e Cruz. De maneira simples e prática, convido você a, juntos, olharmos para a Cruz e nos deixarmos ser alcançados pela potência do amor que irradia Dela para nós. I – Qual é o conteúdo atual de nossa vida? A pergunta acima abre margens para infinitas respostas, principalmente se nos encontramos num emaranhado de situações-problema. Como sabemos, tudo que faz parte de nossa história é conteúdo de vida, alguns são mais fáceis de serem enfrentados, outros são mais difíceis. Alguns desses conteúdos, conseguimos assimilar
com rapidez, outros exigem um pouco de nós. Mas quando falamos em conteúdo de vida que nos une à Cruz, temos uma certeza: diante Dela tudo é alcançado. E para sabermos quais são aos conteúdos atuais da nossa vida, podemos pensar: o que está fazendo parte de nossos pensamentos? O que está conduzindo nossos sentimentos? Por onde andamos? O que temos visto? A partir disso, vamos elencando os nossos conteúdos. E agora, o que fazer com tudo isso? Primeiro, precisamos compreender que os conteúdos que são vivenciados por nós e são significativos, geram aprendizagem. Então, não posso tratá-los de qualquer maneira, nem desprezá-los, mesmo porque muitos conteúdos nos são pesados, envolvem sofrimentos e esses são conteúdos de Cruz. O segredo é “erguer a Cruz de Cristo sobre nossos sonhos”2 e deixar que Dela irradie a luz do amor de Deus.
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A cruz revela o sinal dos cristãos: “A eloquência da Cruz e da morte, no entanto, é completada com a eloquência da Ressurreição. O homem encontra na Ressurreição uma luz completamente nova, que o ajuda a abrir caminho através das trevas cerradas das humilhações, das dúvidas, do desespero e da perseguição. Por isso, o Apóstolo escreverá ainda na segunda Carta aos Coríntios: Pois, assim como são abundantes para nós os sofrimentos de Cristo, assim por obra de Cristo é também superabundante a nossa consolação.”(Salvifici Dolores, n. 20).
A cruz não é derrota, é vitória, porque a vida vence a morte. III – Como unir as duas abordagens: vida e cruz
II – O que eu entendo por cruz? Ao falar da Cruz, associamos o seu sentido à passagem de sofrimentos. Realmente, Cristo passou pela Cruz, mas depois desse momento veio a ressurreição. O período de Calvário de Jesus foi intenso, muito sofrido, mas já faz cerca de dois mil anos que Ele está ressuscitado em nosso meio. Com isso, podemos afirmar que, mesmo sendo intensos nossos momentos de Cruz, de sofrimento, de tribulações, nós vamos alcançar a ressurreição. Só podemos falar em Cruz, nesse sentido, se já experimentamos julgamentos, condenações, flagelos, caminhos de dor, morte e, até, se já passamos pela situação de perder entes queridos. Após situações assim, percebemos que não há como falar de Cruz sem falar de Jesus, pois Ele experimentou a Cruz e só Ele tem o poder de nos ajudar a passar da Cruz para a ressurreição.
Não vejo como falar de Cruz sem falar daquele que foi crucificado e venceu. Não há como unir nossa vida à Cruz sem unir nossa vida à vida daquele que passou pela Cruz, Jesus Cristo. Quando olhamos para os santos, percebemos o quanto suas vidas aproximavam-se dos ensinamentos da Cruz. Inclusive, muitos deles encontravam forças para suas missões apoiando-se na potência do Cristo Crucificado. Vejamos como Santa Catarina de Sena nos ensina a subir os degraus da Cruz de Cristo, passando pelo corpo do Crucificado. Confira a riqueza desse ensinamento: “O primeiro degrau desta escada está nos pés do Crucificado: é o amor. De fato, como os pés conduzem o corpo, o amor conduz a alma”. Segundo os escritos sobre este degrau, a pessoa que o atinge purifica a sua maneira de amar. Dessa forma, alcançando esse degrau podemos ver todo amor apegado e desordenado ser ordenado em Cristo. Nesse degrau, temos a oportunidade de caminhar com Cristo, aprendendo com sua vida a missão de amar, de cuidar, de zelar por aqueles que nos são confiados. Jesus pode nos ensinar a avançar nas dimensões do amor que ainda nos são difíceis. “O Segundo degrau é o da chaga do
peito do Crucificado; lá conhecereis os segredos do coração de Cristo, o amor com que Ele nos lavou em seu sangue”. A pessoa que atinge o coração aberto de Cristo tem a experiência de seu amor misericordioso. Amor que obedeceu ao Pai, que acolheu a Cruz, que nos amou. Aquele que adentra o coração de Cristo Crucificado, experimenta o amor e ama. É bom lembrar que o melhor lugar desta escola da paixão é o coração de Cristo Crucificado, pois lá conseguimos recuperar todos os conteúdos de vida que ficaram soltos pela história, difíceis de serem assimilados. O coração de Jesus se transforma numa sala particular onde podemos expor todas as nossas dúvidas, tendo a oportunidade de alcançar os ensinamentos da Cruz. “O terceiro degrau é o da boca de Cristo, neste degrau a alma encontra a paz”. Imagine o que é alcançar esse degrau e poder aprender com Cristo como podemos nos comunicar melhor, anunciar a Palavra que salva e que foi proclamada primeiramente pela boca de Cristo? Conclusão Podemos perceber a grande notícia que a Cruz anuncia na vida da pessoa que se volta para ela. É do conhecimento de muitos irmãos que passei por um acidente e durante um período de 50 dias fiquei no leito hospitalar sem poder me mexer e recebendo cuidados médicos. Durante esse período, fui consolada pelas Palavras de Deus proferidas pelos meus irmãos e familiares. Fui alimentada pelos sacramentos e tive a oportunidade de unir minha vida aos sofrimentos de Cristo. Aprendi com Jesus a aceitar o que estava me acontecendo; aprendi a ser amada, a receber cuidados e, ao mesmo tempo, a aceitar a solidão. Percebi, ainda dentro do ônibus em que me acidentei, que era tempo de parar tudo e entrar na escola da paixão. Eu não sabia se conseguiria aprender o que Jesus queria me ensinar, mas tenho claro em minha vida uma coisa: essa escola marcou minha história, o que estou aprendendo está sendo muito significativo para mim, tenho a Cruz de Cristo nas paredes da minha vida. 9
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A CRUZ E A NOVA EVANGELIZAÇÃO
Ao falarmos de Nova Evangelização, é comum que pensemos logo em estratégias para tornar a Boa Nova mais conhecida, em novas metodologias para a transmissão da fé, o que é muito importante. Entretanto, é a pregação sobre a Cruz de Cristo o elemento que dá força para a nossa evangelização transformar o mundo.
Por Dom José Luis Azcona Bispo da Prelazia do Marajó
O capítulo 24 do Evangelho de São Lucas narra o envio missionário de Jesus aos apóstolos antes da Sua ascensão. Nesse envio, Ele une, de forma indissociável, a Sagrada Escritura, o anúncio da Sua morte e ressurreição e a pregação do arrependimento para a remissão dos pecados. E, ainda mais, nesses elementos, Jesus descreve a missão da Igreja e o sentido de Pentecostes: “Disto vós sois testemunhas! Eis que eu vos enviarei o que o meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até serdes revestidos da força do Alto” (Lc 24, 48-49). Já no livro dos Atos dos Apóstolos, se analisarmos os discursos de Pedro e Paulo, veremos que a centralidade da pregação salvadora e do chamado dos homens ao arrependimento para a remissão dos pecados se apoia nisto: “Vós crucificastes o autor da vida e, a Esse, Deus o constituiu Senhor e Cristo”; “Vós o crucificastes matando-O pela mão dos ímpios!” (cf. At 2,36; 2,23; 10
3,15-19). Diante dessa proclamação e da denúncia do pecado, os ouvintes respondem como se tivessem sido transpassados no coração por essas palavras, pelo arrependimento, pela conversão. Não pode existir verdadeira evangelização sem a pregação do Crucificado aos pecadores e sem o apelo ao arrependimento para a remissão dos pecados. E os ouvintes, diante do Juiz a quem eles mataram, devem voltar-se para Deus, abandonando os pecados e afastando-se deste mundo perverso (Cf. At 2,40): “Deus agora manda a todos os homens e em toda parte que se arrependam porque Ele fixou um dia no qual julgará o mundo com justiça por meio do homem a quem designou dando-lhe crédito diante de todos, ao ressuscitá-lo dentre os mortos” (At 17, 30-31). Paulo foi consciente de que a mensagem da Cruz levantava oposição e “inimigos” (cf. Fl 3,18ss), tanto dentro da Igreja
como fora dela. Mesmo assim, ele se manteve firme na proclamação da Cruz em todo o seu ministério. Para ele, essa proclamação era questão de vida ou morte do Evangelho e da sua eficácia salvadora: “Cristo me enviou para anunciar o Evangelho sem recorrer à sabedoria da linguagem para que não se torne inútil a Cruz de Cristo” (I Cor 1, 17). Inútil, nesse texto, significa esvaziada, estéril, inócua: “A fim de que a vossa fé não se baseie sobre a sabedoria dos homens, mas sobre o poder de Deus” (I Cor 2,5). Cristo Crucificado, que é poder e sabedoria de Deus, é fraqueza e blasfêmia para os judeus, é estupidez e loucura para os pagãos. Para os membros da RCC é conveniente lembrar que, como para Paulo em Gálatas, tanto a adesão à fé, como a experiência do Espírito Santo e dos carismas, têm uma condição que não pode ser removida: “Jesus Cristo Crucificado” (cf. Gl 3, 1-5). A missão não é possível sem o anúncio poderoso da
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Cruz de Cristo. Ou, falando de outra forma: inúteis estes eventos transcendentais para a o acesso à salvação pelo arrependimento Igreja nos próximos meses e anos: “A Igreja, para a remissão dos pecados não tem ou- em definitiva, peregrina entre as consolatro caminho senão ções de Deus e as per Para os membros da seguições do mundo, Cristo Crucificado. O contrário disso é RCC é conveniente lembrar anunciando a Cruz do evangelizar no de- que, como para Paulo em Gála- Senhor até a sua vinda” serto, na areia, na (LG, 8). esterilidade pasto- tas, tanto a adesão à fé, como Como conclusões ral, no cansaço dos a experiência do Espírito Santo para a nossa evangelievangelizadores e dos carismas, têm uma con- zação, hoje, vemos que ansiosos e desania pregação da Cruz se dição que não pode ser remo- dilui e fica esterilizada. mados. Diante do vida: ‘Jesus Cristo Crucificado’ Percebe-se um esforço Sínodo da Nova (Gal 3, 1-5). A missão não é pos- de apresentar de modo Evangelização que formal a salvação de acontecerá em sível sem o anúncio poderoso Deus, sem apoiá-la na outubro próximo, da Cruz de Cristo” Cruz. A falta de fecundiante da Porta da didade pastoral se deve, Fé, na abertura do Ano da Fé, temos que sem dúvida, à subtração da Cruz do cenário ter clareza e reafirmar sem vacilações a da evangelização. necessidade da pregação da Cruz de Cristo Por outra parte, o “arrependimento para não perdermos tempo, não fazermos para a remissão dos pecados”, que deve
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brotar ao contato com a Cruz, fica falsificado em conversões éticas, voluntaristas, ao invés da autenticidade teologal da comunhão com Cristo Crucificado donde brota a graça da fé, da contrição, da “convicção do pecado” que o Espírito, testemunha de Jesus, comunica necessariamente. Não poderá haver nova evangelização se, como Paulo, “não nos envergonhamos do evangelho, força de salvação para todo o que crê” (Rm 1,16). Essa força é Cristo Crucificado. E a vergonha dos inimigos da Cruz de Cristo surge precisamente na hora de pregá-la. Uma evangelização com sinais e carismas não acontecerá, como Paulo nos ensina em Gálatas, se nosso alicerce não for a Cruz de Cristo. Para terminar, só a evangelização que coloca sua única glória na Cruz está em condições de transformar o mundo. Essa é a nossa vitória! 11
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Somos Terra de
Santa Cruz
Ilustração: Victor Meirelles
A nossa identidade religiosa não é apenas um elemento que diz respeito à esfera privada da vida, mas também é fator importante na constituição da cultura de uma nação. A partir das discussões atuais da sociedade brasileira sobre a retirada dos crucifixos das repartições públicas, o texto abaixo traz pistas sobre a importância da religião católica na formação cultural do nosso país.
Por Felippe Ferreira Nery Advogado e coordenador nacional do Ministério Universidades Renovadas Grupo de Oração Universitário Nos braços do Pai
Nos últimos anos, em nosso país, tem ocorrido uma verdadeira “batalha”: o debate sobre a retirada da Cruz, o símbolo máximo do cristianismo, dos órgãos públicos. Recentemente, tal discussão voltou à tona com a decisão do Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinando a retirada de tais símbolos das salas de justiça desse estado.1 Dentre os principais argumentos utilizados
por quem defende essa retirada estão pensamentos como “o Brasil é um Estado laico e não pode sofrer influência da religião” ou “o Estado não pode ser influenciado pela Igreja”. E tais discursos não se restringem apenas aos ambientes acadêmicos ou jurídicos. Certamente, todos nós já ouvimos na televisão, lemos nos jornais, nas revistas e na internet declarações do tipo “o Brasil é laico e não pode ostentar símbolos reli-
giosos, pois isso feriria outras crenças e, inclusive, aqueles que não possuem crença alguma”. Entretanto, será que a presença da Cruz “ofende” as pessoas de um modo geral? Para podermos refletir sobre tal questão se faz necessário diferenciar dois conceitos importantes: laicidade e laicismo. A laicidade pode ser definida como a neutralidade do Estado ante qualquer
1 - Disponível em - http://www.tjrs.jus.br/site/imprensa/noticias/#../../system/modules/com.br.workroom.tjrs/elements/noticias_controller.jsp?acao=ler&idNoticia=172854
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bientes públicos? Para respondermos essas questões, precisamos levar em consideração outro importante conceito, o de cultura. Assim como imagem da A cultura é “um padrão deusa Têmis faz parte do pa- de significados transtrimônio cultural do Direito mitidos historicamene, por isso, é respeitada, o te, incorporados em crucifixo é uma expressão símbolos, um sistema
religião. Ou seja, uma nação não pode ser influenciada diretamente por organismos religiosos, mas pode reconhecer o importante papel da religião na cultura e na sociedade de um povo.2 Um Es-
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tado laico não pode de concepções herbeneficiar uma religião em particular, dos valores culturais do Bra- dadas expressas em mas igualmente não sil. Qual, então, seria a dife- formas simbólicas”8. A presença do pode perseguir as rença substancial de ambos religiões. Esse con- para que fossem tratados de cristianismo com seus ceito é aplicado no forma tão distinta: um, res- símbolos, ritos e datas festivas, moldou a Brasil, uma vez que na Constituição se peitado; outro, perseguido?” cultura do nosso país. Vejamos, por exemplo, encontra expressa uma citação a Deus, o direito à liberdade que o primeiro nome do Brasil foi Terra religiosa3 e a permissão da colaboração do de Santa Cruz, que um dos primeiros atos Estado com organismos religiosos em vista realizados pelos descobridores portugueses do interesse público.4 Além disso, o Brasil foi uma Missa. Além disso, podemos ver assinou um acordo com a Santa Sé tratan- a quantidade de Estados e cidades com do, dentre outros temas, de orientações nomes de santos, os feriados oriundos de sobre o ensino religioso e sobre a presença datas religiosas como o Natal, Páscoa, Carda Igreja Católica no país.5 naval e Corpus Christi , as obras de arte A laicidade é totalmente diferente do sacra tombadas como patrimônio cultuque se entende por laicismo. Enquanto a ral do povo brasileiro. Assim, vemos que laicidade significa neutralidade, respeito e a cultura brasileira e os valores do nosso cooperação, o laicismo é conceituado como país foram construídos com a influência da desconfiança ou repúdio da religião religião cristã, sobretudo católica. O nosso como expressão de um povo, fazendo uma país, em sua essência e no seu nascimento, ação que vise excluir o fator religioso de um é marcado pela presença da Cruz. país.6 Essa oposição à religião não está de Os crucifixos não foram impostos acordo com aquilo exposto na Constituição pela religião católica ao Estado, mas Federal, como já vimos e, por isso, é uma são sinais e herança da experiência vivipostura ilegal. Alguns estudiosos afirmam da por aqueles que formaram a sociedade que “Estado brasileiro não é confessional, brasileira. Eles não representam o poder da Igreja Católica em detrimento das demas tampouco é ateu”.7 Voltemos, então, ao problema do mais crenças, pelo contrário, demonstram Crucifixo: ele pode ser mantido? O Governo o sistema de concepções e valores do país está correto em buscar retirá-lo dos am- construídos durante mais de 500 anos. Re-
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tirar os crucifixos das repartições públicas sobre o pretexto de que eles ferem a laicidade do Estado, além de afrontar todo o patrimônio histórico-cultural brasileiro, ferindo valores de nossa experiência como nação, vai de encontro ao expresso em nossa Constituição, como vimos acima. O interessante é que no âmbito do Poder Judiciário temos uma imagem de uma deusa (Têmis, que representa a justiça). Essa imagem sempre foi usada dentro dos Tribunais como um símbolo da cultura jurídica (que é algo diferente da cultura brasileira em geral). A imagem, embora originária da mitologia e de religião grega, não é contestada, tampouco acusada de ferir outras crenças, tal como ocorre com a Cruz. Frisa-se, ainda, que, tamanha sua importância para o Direito, ela não foi retirada ou excluída mesmo quando o Brasil possuía uma religião oficial, que era a Católica. Sempre o Brasil a respeitou. Assim como a imagem da deusa Têmis faz parte do patrimônio cultural do Direito e, por isso, é respeitada, o crucifixo é uma expressão dos valores culturais do Brasil. Qual, então, seria a diferença substan-
cial de ambos para que fossem tratados de forma tão distinta: um, respeitado; outro, perseguido? Por que um fere a laicidade e outro não? Por que tamanha ambiguidade? Lembremos que, durante mais de 500 anos, a Cruz faz parte da história do Brasil. Assim, como brasileiros (não somente como católicos carismáticos), devemos lutar pela cultura do nosso querido país. Ainda que, em um futuro, a Cruz não seja mais exposta em nossos ambientes públicos, jamais Ela poderá ser apagada da nossa história e da vida do nosso povo.
2 - MIRANDA, Jorge. Estado, liberdade religiosa e laicidade, in: Estado Laico & Liberdade Religiosa (coord. Ives Gandra Martins Filho e Milton Augusto de Brito Nobre). São Paulo, Ltr: 2011. p. 111. . 3 - Constituição Federal, Art. 5º, IV 4 - Constituição Federal, art. 19, I. 5 - Acordo Diplomático entre Brasil e Santa Sé promulgado por meio do Decreto Nº 7.107 de 2010 da Presidência da República. 6 - RHONHEIMER, Martin. Cristianesimo e laicità: storia ed attualità di un rapporto complesso. Madrid: Rialp, 2009. 7 - MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.418. 8 - GEERTZ, Cliffor. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008, p. 66.
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Podem até tentar tirar a Cruz dos locais públicos, como estão fazendo, porém de nossas vidas ninguém poderá tirá-La. Ninguém poderá nos impedir de usar o Crucifixo em nossas casas, ou trazê-Lo em nosso peito. Entretanto, usá-Lo exige mais do que coragem de expor um objeto de devoção, exige que testemunhemos nossa fé de forma autêntica. Quem carrega a Cruz de Jesus deve se esforçar para viver como Ele.
Por Lúcia Volcan Zolin
Coordenadora Nacional do Ministério e Comissão de Comunicação Grupo de Oração Divina Misericórdia
“Creio em Ti, Jesus de Nazaré, pois tu és o sentido (logos) do mundo e da minha vida” (Bento XVI).1
Para o cristianismo, não basta acreditar, ter fundamentos espirituais, crer em alguma coisa. A qualidade mais profunda da fé cristã é o seu caráter pessoal. Os cristãos creem em Alguém, e essa fé dá sentido ao mundo e à própria existência daquele que crê. E é por isso que a sua fórmula central não diz ‘creio em algo’, e sim, “Creio em Ti”. Ela é o encontro com o homem Jesus, e nesse encontrar-se ela experimenta o sentido do mundo como pessoa. Na vida de Jesus a partir do Pai, na imediação e na densidade de seu relacionamento com ele na oração e até na visão, é Jesus a testemunha de Deus; por intermédio dele, o intocável tornou-se tocável e o distante tornou-se próximo. (...) Ele é a presença do próprio eterno neste mundo.2
Na face de Jesus de Nazaré, Deus é descoberto. No entanto, para a fé cristã não é suficiente que creiamos em Jesus Cristo, que cultivemos esse sentimento como algo bom, agradável, e o guardemos para nós mesmos. O cristianismo tem uma exigência explícita: é preciso professar publicamente essa fé.
Fato esse que está na essência da existência da Igreja, como incumbência dada pelo próprio Jesus. A trajetória do cristianismo vem sendo marcada por episódios que comprovam isso. Talvez o exemplo mais contundente seja o dos mártires. No decorrer de nossa história de fé, muitos foram os que preferiram perder a vida a negar Jesus Cristo. O sangue deles fez a Igreja crescer. Tornou-se célebre e conhecida até nossos dias a afirmação de Tertuliano: “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Eles estavam conscientes de que não podiam renegar o Senhor. Podemos dizer que a Igreja se expandiu graças aos homens e às mulheres da primeira hora do cristianismo que, impelidos pelo Espírito Santo, estavam determinados a apresentar ao mundo as razões de sua esperança (cf. I Pd 3,15). E é disso que estamos falando quando nos referirmos à evangelização. Aquilo que cremos passa a ser partilhado, contado aos demais, porque uma vez vivida a experiência do encontro
1 - RATIZINGER, Joseph . Introdução ao Cristianismo. Edições Loyola. 2ª edição, p. 59. 2 - Idem.
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com o Senhor é preciso anunciar. A nós cristãos não é permitido calarmo-nos a respeito do que vimos e ouvimos (cf. At 4,20). O mundo tem necessidade da mensagem da qual os cristãos são portadores. O mundo precisa ser evangelizado, precisa de pessoas que tenham a coragem de professar a própria fé. E, de acordo com a Palavra, isso não é opcional; é uma exigência: ai daqueles que se negam a anunciar o Evangelho (cf. I cor 9,16). Ai daqueles que se envergonham de dar testemunho público de Jesus. A esse respeito o próprio Senhor nos alertou: “Aquele, porém que me renegar diante dos homens também eu o renegarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10,33). Entretanto, só as palavras não são suficientes. A nós são exigidas atitudes concretas, porque também não basta dizer-se cristão; é preciso viver como tal. Dar testemunho de uma fé autêntica: “É morta a fé sem obras” (Tg 2,26). Numa época marcada pelas incertezas e esgotamento de modelos, de mentalidade teleprogramada, relativista, hedonista e fragmentada, onde tudo é efêmero e pronto para o consumo rápido e em que o individualismo egoísta passa a ser visto como uma virtude, faz-se urgente que os cristãos reapresentem ao mundo qual é a verdadeira proposta de Jesus. É preciso que os cristãos reajam:
seja conveniente. Ele tem sido rejeitado quando Sua vida, morte e ressurreição ou são negadas ou tratadas com total indiferença. E O vemos sendo rejeitado toda vez que sua própria imagem é renegada. Ao redor do mundo, são muitos os países - mediante a apresentação de argumentos totalmente questionáveis, como bem nos apresenta nesta edição Felippe Nery nas páginas 12 e 13 dessa revista nos quais o símbolo máximo do cristianismo está sendo retirado de espaços públicos. A esse respeito, questiona Bento XVI:
O mundo tem sede e fome da mensagem cristã em sua integralidade. Tem fome e sede de Jesus, Aquele que é o único capaz de dar sentido à vida e revelar a face verdadeira de Deus. Quem o conhece, pode atestar isso, e talvez seja devido a essa certeza que seja tão triste presenciar situações em que Ele seja rejeitado.
Se o crucifixo não tem espaço nas paredes de tribunais, hospitais, escolas, pode continuar presente nesses locais por meio dos cristãos (que trabalham nesses lugares, por exemplo). Quem poderá impedir-nos de usá-Lo? Vamos levar o símbolo da nossa fé aonde formos! Ninguém é obrigado, obviamente, a fazer isso, mas que bonito seria se todos fizéssemos. Aquele crucifixo que temos guardado na gaveta, ou que usamos somente em retiros, poderia ser usado em nosso dia a dia. Não como um acessório de beleza (muitas pessoas o usam desta forma, sem que isso signifique a profissão
Antes de mais nada há que se colocar a seguinte questão, por que é que deve proibi-lo? Se a Cruz contivesse uma mensagem que fosse inconcebível e inaceitável para outros, então essa seria uma medida a se considerar. Mas a Cruz representa que o próprio Deus é sofredor, que Ele nos ama através da sua dor. Esta é uma afirmação que não ataca ninguém. Isto por um lado. Por outro lado também existe naturalmente uma identidade natural na qual se baseiam nossos países. Uma identidade que forma os nossos países de forma positiva e a partir de dentro, e que forma os princípios positivos e as estruturas básicas da sociedade, por meio dos quais o egoísmo é rejeitado, possibilitando uma cultura de humanidade. Eu diria que essa autoexpressão cultural de uma sociedade que vive de forma positiva não pode ser criticada por ninguém que não partilhe dessa convicção, e também não pode ser banida.4
Também aqui devemos redescobrir a coragem do não-conformismo diante das tendências do mundo opulento. Em vez de seguir o espírito da época, devemos ser nós a marcar, de É injusto, sabemos. Mas se, por erro de innovo, esse espírito com austeridade evangélica. terpretação ou pela dureza de corações fechados Perdemos o sentido que o cristão não pode viver à verdade, estão renegando a Cruz, não podemos como vive um outro qualquer.3 ficar indiferentes.
EU CREIO EM TI! E como temos presenciado, em nossos dias, Jesus ser rejeitado! Vemos isso quando seus ensinamentos são ignorados, até mesmo por cristãos. Que recriam um estilo de vida semi-baseado na Palavra. Adaptado de forma que
de uma fé). Quem sabe o crucifixo volte a ocupar um lugar central em nossas salas? Em nossos quartos? Aqueles que são proprietários de estabelecimentos comerciais também podem resgatar o uso desse objeto que simboliza nossa fé. E se usarmos adesivos em nossos carros com a Cruz? Bem, essas são algumas possibilidades, certamente existem muitas outras.
CAMPANHA Em resumo, a ideia é simples: podem até tirar (por ignorância ou por maldade) a Cruz de uma série de espaços, mas não poderão tirá-La de nossas vidas, assim como não puderam impedir a manifestação da fé de tantos homens e mulheres que marcaram a história da Igreja, mesmo sob ameaça de morte. Interessante é que, ao portarmos esse símbolo tão sagrado, somos constantemente chamados a ser testemunhas. Ele nos mostra, a cada instante, que devemos viver de acordo com a fé que professamos. Afinal, ao trazer em nosso peito a Cruz, estamos expressando quem somos; e ao identificarmo-nos como cristãos, somos impelidos a viver dignamente esta condição. Com tal profissão explícita nos sentimos motivados, até mesmo constrangidos (no sentido de nos vigiarmos melhor) a agir como convém a um cristão. Que o Santo Espírito nos permita sempre acreditar para que, crendo, professemos com palavras e atos a fé cristã, de modo que o mundo veja e acredite e para que tenhamos a graça de chegarmos a um nível de santidade que nos permita afirmar: “Com Cristo, eu fui pregado na Cruz. Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou” (Gl 2, 19b-20).
ATENÇÃO Em nosso portal, estaremos disponibilizando de graça arte da campanha Eu creio em Ti para quem deseja produzir materiais como adesivos, capas, camisetas.
3 - RATZINGER, J. A fé em crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. São Paulo: EPU, 1985, p. 84 4 - BENTO XVI. Luz do Mundo. O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos, uma conversa com Peter Seewald. Ed. Lucerna, p. 61.
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A vitória da cruz na nossa vida A realidade da Cruz e da salvação de Jesus é um mistério que precisa ser mais que entendido pela nossa razão. Precisa ser experimentado, assumido em nossa vida. O artigo a seguir reflete sobre tal necessidade de forma viva e direta, com testemunhos edificantes que nos ensinam a aceitar a Cruz como oportunidade concreta de nos configurarmos a Jesus. Por Maria Beatriz Spier Vargas Secretária geral do Conselho Nacional Grupo de Oração Magnificat
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No dia 17 de outubro de 2007, durante uma vigília, de madrugada, recebemos a profecia que nós chamamos “a profecia da Cruz” (confira no box) e, desde então, temos rezado com ela permitindo que Deus nos cure de muitos males. Essa profecia fala de olharmos para nossa vida com olhos diferentes, para não termos só a visão do mundo, mas sim a visão cristã, na perspectiva da Cruz. Ela fala de erguermos a Cruz sobre nossos sonhos e desejar que o próprio Deus coloque os seus sonhos no nosso coração, pois eles são infinitamente maiores e mais bonitos do que todos os sonhos que nós poderíamos sonhar. É isso que nos ensina a história da salvação. O povo de Israel sonhava com alguém que os libertasse das mãos dos romanos, mas Deus sonhava com uma libertação maior, sonhava em resgatar todas as pessoas de todas as épocas das mãos do maligno e nos levar de volta à comunhão com Ele. A Cruz é para nós um símbolo do sacrifício único de Cristo como mediador entre Deus e os homens. Na Cruz, temos a remissão dos nossos pecados e somos novamente admitidos na presença de Deus como filhos seus, filhos no Filho. A salvação universal foi consumada na Cruz, porém, precisamos nos apossar dela tornando-a salvação pessoal para que a vitória sobre o mal aconteça na nossa própria vida. O próprio Jesus convidou seus discípulos a tomarem sua Cruz e segui-Lo a fim de se associarem ao seu sacrifício redentor. Como podemos transformar a salvação universal em salvação pessoal, como podemos nos associar ao sacrifício de Cristo? Olhando para a paixão de Jesus, podemos entender que o sofrimento na nossa vida, as podas, as perdas, as dores emocionais, as dores físicas, a dor na alma representam o nosso suor de sangue. Se nós pudermos dizer do fundo do coração como Jesus no Jardim das Oliveiras: “Pai, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22, 42b), então, estaremos unindo o nosso suor de sangue ao de Jesus e isso terá uma grande força redentora em nossa vida. Jesus, mesmo no meio da dor, nunca perdeu
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a perspectiva do Pai. Seu único desejo era glorificar o nome do Pai e fazer Sua vontade, porque Ele, acima de tudo, confiava no amor do Pai. Dias atrás encontrei um casal de amigos cujo filho, ainda adolescente, resolveu acabar com a própria vida. A mãe, entre lágrimas, me disse: “Eu sei que não era vontade de Deus que a vida do meu filho acabasse assim, mas sei também que o Pai o ama muito mais do que nós o amamos e, naquela hora, Ele não o abandonou, Ele estava lá com o meu filho. Sei que o Pai nunca nos abandona, nem quando pecamos, porque Ele nos ama. Aconteça o que acontecer, Ele está junto de nós. Sei também que o sangue que Jesus derramou na Cruz pelo nosso filho há de clamar por ele, pela sua salvação. Isso nos dá forças para continuar. Agora não é hora de negar a nossa fé, mas de afirmá-la. Nós continuamos a confiar em Deus e somos muito agradecidos a Jesus pelo o que Ele fez por nós e por nosso filho na Cruz. Isso nos ajuda a retomar a vida apesar da dor.” Essa mãe entendeu que é preciso fazer e manter o sacrifício do louvor, a reafirmação da fé, até o ponto de conseguir compreender que nada se perde ou fica sem sentido se vivido com Deus. A Cruz na nossa vida não deve nos afastar de Deus, mas deve ser motivo de nos aproximar Dele, para poder se tornar salvação. Aceitar a Cruz, de forma que ela se torne redentora, é viver sempre totalmente na presença de Deus, sem fugir da própria vida para viver de ilusão. Jesus, antes de ser pregado na Cruz, teve a oportunidade de tomar vinho misturado com fel, uma bebida inebriante que costumavam oferecer aos supliciados para atenuar os sofrimentos. Ele recusa esse entorpecente porque quer assumir plenamente sua missão, quer estar lúcido e consciente até o fim, não quer fugir daquela situação e nem daquele lugar. Nós também não devemos nos iludir. Não é fugindo das dificuldades da nossa vida que as coisas se resolvem. É a bênção de Deus que coloca tudo em ordem e no lugar. Em todos os momentos de nossa vida,
diante do trabalho, da família, da missão, devemos dizer: “Eis-me aqui, Senhor!”. Assim fazendo, somos colocados na presença de Deus, na presença da luz, da graça, do amor, do poder de Deus. Jesus, ao recusar a bebida entorpecente, nos ensina a estarmos inteiramente no lugar onde estamos e fazer aquilo que somos chamados a fazer. Por mais difíceis que sejam as circunstâncias que nos envolvem, se elas forem vividas na presença de Deus, o nosso fardo se torna mais leve e fazemos o que é certo para a nossa própria salvação e para a salvação dos outros ao nosso redor. Aderir ao sacrifício da Cruz para receber a salvação é estarmos dispostos a perdoar como Jesus perdoou. Ele disse: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). Quantas vezes negamos a Cruz ao negarmos os ensinamentos de Jesus! Não abençoamos, não perdoamos, falamos mal uns dos outros pelas costas, julgamos, condenamos ao invés de colocarmos “nossa causa nas mãos daquele que julga com justiça” (cf. I Pe 2, 23). Certa ocasião, aprendi algo que muitas vezes falho por não fazer, mas que, quando faço, ocasiona muitas bênçãos na minha vida e na de todas as pessoas envolvidas: silenciar em oração. Quer dizer, quando fico tentada a falar mal de alguém e a criticar, começo a orar por essa pessoa. Rezo o Veni Creator por ela, pedindo que o Espírito Santo a ilumine, preencha o seu coração com o fogo do seu amor e a console em todas as suas aflições. A seguir, rezo por mim mesma, com a Palavra, pois creio que a Palavra de Deus é poderosa para arrasar as fortificações do orgulho e do pecado em mim, rezo assim: “Sei que a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 5). Peço que aquilo que a Palavra diz aconteça em mim, que o amor de Deus tome conta do meu coração e me ajude a perdoar e não julgar. Testemunho que é impressionante a ação de Deus na nossa vida quando colocamos as situações que poderiam se transformar em pecado diante do amor de Deus, clamando
pelo Espírito Santo. Acontece o que a Palavra diz, o amor de Deus é derramado no nosso coração e conseguimos nos acalmar, conseguimos perdoar, conseguimos enxergar as coisas sob outra perspectiva, pois a luz do Espírito Santo é derramada sobre o nosso entendimento. Silenciar em oração é fazer como Jesus na Cruz, pois Ele poderia ter denunciado tantas coisas, mas calou e perdoou e isso falou muito mais alto. Não nos iludamos, o que nos torna tristes e deprimidos, magoados e ressentidos não é o que os outros nos fazem, mas como nós reagimos diante dos acontecimentos. Deixemos o sonho de Deus vencer na nossa vida, assumindo a cada dia a nossa vida com fé e vivendo no amor e no perdão como Jesus nos ensinou. Essa é a vitória da Cruz, a vitória do bem sobre o mal. “Erguei a minha Cruz sobre os vossos sonhos, a minha Cruz que representou a derrota dos sonhos daqueles que pensaram que Eu iria restaurar imediatamente o reino de Israel, que ao me verem morrer na Cruz viram morrer também o seu sonho de libertação das mãos do opressor. Estes não entenderam que Eu os libertei sim do verdadeiro opressor. Quando erguerdes a minha Cruz sobre os vossos sonhos, o meu sangue lavará e restaurará corações desapontados e descrentes por terem visto tantos de seus sonhos ruírem. Eu lavarei as feridas da mágoa, desapontamento e tristeza profunda no meu sangue redentor. Eu resgatarei a verdade e cancelarei toda a ilusão e mentira a respeito da felicidade. Eu realizarei cura profunda em vosso interior para que volteis a crer e a sonhar. Eu lavarei no meu sangue a vossa visão para que possais ver os bens futuros que lhes preparei. Lavarei também no meu sangue todos os envolvidos, todas as pessoas e circunstâncias das quais dependeis para realizardes vossos sonhos. Eu vos libertarei das amarras da descrença, do fracasso, das palavras de maldição, do fatalismo e vos deixarei livres para sonhar, sem traumas, sem medos, sem nada que os prenda”. 17
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A força que emana da Cruz
Do sul, do norte, do oeste, do leste. De todos os cantos do Brasil, eles proclamam sua fé e mostram um símbolo que carregam não apenas no peito, mas no coração: um elo entre Deus e o homem, o grande sinal da redenção, do Amor de Deus por cada um. Uma juventude que não bota fé apenas na Cruz como um objeto, mas Naquele que a transformou em um sinal de força, força divina. Por Thiago Bergmann Araújo Jornalista do Departamento de Comunicação RCCBRASIL Grupo de Oração Tesouro de Deus
O ano era 1984. O papa João Paulo II fechava na Basílica de São Pedro a Porta Santa, marcando o fim do Ano Santo da Redenção. E aquela que foi um símbolo desse período de celebrações e reflexões não deveria ser esquecida, segundo o desejo do Santo Padre: uma simples Cruz de 3,8 metros, colocada sobre o altar do templo, para que todos pudessem visualizar o signo da nossa salvação. Cerrada a porta, ela foi entregue aos jovens, ali representados pelos membros do Centro da Juventude São Lourenço, entidade que funciona ao lado da basílica. “Meus queridos jovens, ao concluir este Ano Santo, confio-vos o símbolo deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levai-a pelo mundo afora como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciai a todos que só na morte e ressurreição de Cristo é que poderemos encontrar salvação e redenção”, disse o bem-aventurado, ao entregar a Cruz aos jovens. Um desejo levado adiante. A partir dali, a Cruz visitaria países do centro da Europa central e também do seu leste, do18
minado pelos comunistas. Mas a sua pere- dos jovens com o papa, a Cruz Peregrina grinação tomaria proporções ainda maio- agora é carregada por mãos de meninos e res depois de 1985, quando foi realizada meninas, rapazes e moças, homens e mua primeira Jornada Mundial da Juventude, lheres dispostos a fazer com que a Jornada em Roma. Desde Mundial da Juventuentão, este grande de no Brasil não seja símbolo acompanha apenas um evento os jovens em suas passageiro, mas mais celebrações internauma oportunidade cionais. Carregada para que muitas pessobre os ombros, soas possam enconerguida tanto em lotrar Jesus de maneira cais de culto quanto verdadeira. em espaços de soEles estão em Igreja tão antiga, mas tão jo- todas as dioceses do frimento, Ela segue una!” cumprindo seu pro- vem… Sempre nova, sempre Brasil, que até julho (André Amaral, MJ Campinas/SP) pósito, aquele pende 2013 terão recesado por nosso saudoso e profético pastor: bido a visita da Cruz. De muitas delas já ser vista e reconhecida como a expressão chegam os relatos de conversões, reenconde um Amor misericordioso, salvador, re- tros, milagres. Afinal, mais que um mero dentor, pleno. símbolo, Ela é feita de uma linguagem de Erguida em mais de 30 países, des- força divina, como escreveu São Paulo aos de setembro de 2011, Ela viaja por uma cristãos em Corinto (cf. 1Cor 1,18). nação que já levou seu nome: o Brasil, a Ainda em seus primeiros momentos Terra de Santa Cruz. Após o anúncio do Rio no Brasil, a peregrina foi a lugares conside Janeiro como sede do próximo encontro derados por muitos como indignos. Centro
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de São Paulo, região a Cruz liderava uma povo brasileiro costuma buscar por aquilo conhecida como Cragrande caminhada ao que considera santo. O toque no ostensório colândia. Em meio som do trio elétrico. contendo a Eucaristia, o possível toque na ao tráfico de drogas, Testemunhos Cruz da JMJ. Algo que preocupava o presidos usuários sob de emoção e um dente da CNBB, cardeal Dom Damasceno efeito dos tóxicos, a clima forte de espi- Assis, pois poderia danificar o objeto. Por meditação dos pasritualidade vêm do isso, o prelado questionou o papa Bento XVI sos de Jesus Cristo coração do Brasil, da sobre se deveria permitir que as pessoas a rumo à sua morte no sua capital, Brasília. tocassem. “Permita-se, quem toca a Cruz calvário foi sinal de Quem toca a Cruz geralmente é “Quando vi a Cruz, geralmente é tocado por ela”, respondeu vida naquele retrato tocado por ela” meu corpo inteiro se imediatamente. O Sumo Pontícicil. Tal como da miséria humana. arrepiou. A sua unção a resposta de Jesus à hemorroíssa: “Filha, a (Bento XVI) “Como pode Jesus era muito grande, tua fé te salvou! Vai em paz e sê curada de vir aqui?”, questionou a moradora de uma sua autoridade me calou e eu não conseguia todo o mal” (Mc 5, 34a). favela próxima. Mesmo em plena ação dos dizer nada a Deus em oração. Eu somente Jovens que levam a Cruz no peito. Do químicos no corpo, muitas pessoas busca- contemplava o sinal da minha salvação e sul e do norte, do oeste e do leste. Dispostos ram o abraço consolador, a bênção dos sa- sentia Deus falar ao meu coração ‘Coragem, a levantar a Cruz, não um motivo de escâncerdotes presentes. E ali, em meio à tristeza, eu venci o mundo’”, dalo ou loucura, como a Cruz, erguida pelos jovens, emanava uma conta Jacqueline Porpensavam judeus e mensagem de esperança e redenção. to. Já Wesley Roque gregos, mas mostrar A juventude carismática, sentinela, ficou bastante emoum sinal poderoso, também deu seu sim a essa missão. De to- cionado ao carregar de ressurreição e das as regiões do Brasil chegam relatos da a Cruz: “Eu levava no vida: “Como Moisés presença transformadora da Cruz. Da dio- coração toda a juvenlevantou a serpente cese de São João del Rey/MG, Marcelo Silva tude que não expeno deserto, assim é testemunha que a cidade e a região viram rimentou o amor de necessário que seja o extraordinário de Deus: “Onde a Cruz Deus tocando em Seu levantado o Filho do Como pode Jesus vir aqui?” passava todos contemplavam que ela estava Sacrifício. Pedi cura, Homem, a fim de que (Moradora da região da Cracolândia) vazia, determinando que após a morte exis- libertação e verdatodo aquele que crer te a ressurreição”. deira conversão. Carreguei por aqueles que tenha nele vida eterna” (Jo 3,14s). De Campinas/SP, vem o relato da uni- não carregam... e nem querem carregar”. dade. O coordenador do Ministério Jovem E desde a primeira cidade visitada da diocese lembra que todas as expressões pela peregrina, São Paulo/SP, uma frase que A força da Cruz juvenis estavam reunidas em torno de um sintetiza a sua passagem por lá, dita por evangelizando o mesmo ideal. “HaGisele Zarzana: “Saía litoral paranaense via um cheiro didaquela Cruz um forte ferente no ar. Era poder de Deus”. Em 2013, a missão Jesus no Litoral como um perfume Força emanada chega a sua 10ª edição no estado do Pasuave... Era cheiro da Cruz. Assim como raná. E ela ganhará um grande reforço de unidade, cheiro da orla do manto de evangelizador: durante a sua realização, de comunhão! IgreJesus. A mesma força estará presente a Cruz Peregrina e o Ícoja tão antiga, mas que curou a mulher ne de Nossa Senhora, símbolos da JMJ. O tão jovem... Sempre que tinha um fluxo anúncio dessa grande novidade foi feito nova, sempre una!”, contínuo de sangue há durante a Missa de encerramento do EnLevai-a pelo mundo afora como vibra. E de Irecê/BA, um símbolo do amor de Cristo pela 12 anos (cf. Mc 5, 25- contro Mundial de Jovens da RCC, em Foz a animação: mesmo humanidade” 34). O toque que traz do Iguaçu/PR. (João Paulo II) debaixo de sol forte, a cura é aquele que o
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BIBLIOGRAFIA - CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Cruz Peregrina – Rumo ao Rio 2013: Encontros Celebrativos. Brasília, Edições CNBB: 2011. NOTA - 1 – HENRIQUE, Cristiane. Cruz da JMJ vai à Cracolândia. Disponível em: <http://destrave.cancaonova.com/cruz-da-jmj-vai-a-cracolandia/>. 19
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Dias proféticos para a RCC do Brasil e do Mundo
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Confira alguns dados:
Depois de meses de trabalho, espera e muita expectativa finalmente a família carismática do Brasil e do mundo reuniu-se para celebrar. Entre os dias 10 e 15 de julho de 2012, milhares de pessoas foram a Foz do Iguaçu/PR para participar do Encontro Mundial de Jovens e do XXX Congresso Nacional da RCC. Cada evento desenvolveu sua programação de forma paralela e intensa. Os dias começavam logo cedo com oração, se prorrogavam pela manhã e pela tarde com pregações, cantos, novos momentos de oração e celebrações eucarísticas. As noites foram dedicadas às apresentações artísticas, que mostraram um pouco das diferentes culturas participantes do Encontro Mundial, e ao Festival Nacional de Música da RCC que contou com canções representantes de 19 estados diferentes. A programação foi construída de forma a proporcionar a partilha entre as diversas realidades do Movimento no Brasil e no mundo. Para tanto, diversas lideranças compartilharam experiências e deram testemunhos de fé e de perseverança na vivência da identidade carismática. Outro elemento marcante no desenrolar dos dois encontros foi o forte apelo missionário presente nas pregações e orações. Sobre isso, a pioneira da RCC no mundo, Patti Mansfield incentivou: “Hoje nós estamos vivendo um novo tempo para uma nova geração. O que nós experimentamos é muito pequeno em comparação à grande visão que Deus está dando para vocês. Sejam corajosos, caminhem de uma maneira nova, esta é a hora da RCC se tornar realmente missionária”, afirmou. No encerramento dos eventos, o presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, Marcos Volcan, fez uma leitura da importância dos encontros para a vida do Movimento. “Estes encontros querem celebrar antecipadamente o que acontecerá nos 50 anos da RCC. Temos a graça de ver o que muitas gerações não viram, estamos alcançando o mundo com um despertar de uma juventude extremamente vigorosa. Foram dias em que Deus consolidou em nossos corações o que Ele vinha preparando em nós há muito tempo, esta geração irá antecipar a vinda do Senhor Jesus,” anunciou. A grandiosidade dos eventos também pode ser conferida através de alguns números gerados pelos encontros. Mais do que estatísticas, eles mostram o empenho e a dedicação de muitos carismáticos que se doaram para que tudo isso pudesse acontecer.
Cobertura especial dos eventos na próxima edição Ficou querendo saber mais sobre a riqueza desses encontros? Aguarde a edição setembro/outubro da Revista Renovação! Ela trará a cobertura de todas as pregações e principais momentos do Encontro Mundial de Jovens e do XXX Congresso Nacional da RCC. 20
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Passos perseverantes na construção da Nossa Casa Com aproximadamente dois anos do início das obras da Sede Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil, em Canas/SP, os trabalhos em prol da construção seguem a passos perseverantes. A fase atual do projeto diz respeito à construção do Centro de Eventos. Essa edificação terá 60 metros de largura por 140 metros de comprimento e consistirá em um pavilhão coberto, um palco de alvenaria e estrutura de apoio com salas e banheiros, onde serão realizados encontros do Movimento. Para a sustentação da cobertura do Centro de Eventos, são necessários 30 pilares de apoio. Por isso, a empreitada atual dos responsáveis pela arrecadação para a obra é conseguir recursos para custear essa estrutura. Até o fechamento desta edição da revista, 17 pilares já tinham sido doados, 12 deles durante o Congresso Nacional da RCCBRASIL. Nos últimos meses, outros avanços importantes foram alcançados. Um deles foi a descoberta de água no terreno, no fim do mês de maio. Depois de mais de sete meses de busca e com 180 metros de perfuração, a água passou a jorrar no local, no dia 26 de maio, véspera da festa de Pentecostes. “Para nós é muito signi-
ficativo que na véspera de Pentecostes, depois de tantas investidas sem sucesso, nosso poço artesiano jorre água”, disse o diretor executivo do Escritório Nacional da RCCBRASIL, Márcio Zolin. O poço atingiu um lençol bastante volumoso: ele fornece 30m³ de água por hora, ou seja, 30 mil litros. Essa quantidade é suficiente para abastecer todo o complexo da Sede e ainda seria capaz de fornecer água para toda a cidade de Canas. Outra conquista importante é a finalização da Casa de Missão que está sendo construída no terreno. A fase de acabamentos da edificação tem sido marcada pela generosidade. Todas as janelas foram doadas por um membro da Renovação Carismática de Florianópolis/SC, proprietário de uma loja de esquadrias. Cada nova etapa concluída do projeto é motivo de louvores a Deus, pois revela o comprometimento de carismáticos de todo o país. Você também pode fazer parte dessa construção, colaborando mensalmente com o carnê “Eu sou construtor” ou fazendo a doação para custear os pilares. Para mais informações, entre em contato através do construcao@rccbrasil.org.br ou (53) 3227.0710.
Conselho Internacional da RCC reunido no Brasil
Após o término do Encontro Mundial de Jovens da RCC, os 16 conselheiros dos Serviços para a Renovação Carismática Católica Internacional (ICCRS) permaneceram na cidade de Foz do Iguaçu/PR para a realização da reunião anual de seu Conselho. A reunião teve início no dia 17 e encer-
rou-se no dia 21 de julho. Além das reflexões sobre os assuntos referentes à vida da RCC no mundo, a programação incluía celebrações eucarísticas, momentos de oração diante do Santíssimo Sacramento e passeio turístico. Foram debatidos, na reunião, o aperfeiçoamento do programa internacional de
formação do ICCRS, como o lançamento do programa de Mestrado em Pneumatologia, os novos diálogos realizados com a Santa Sé por meio da Comissão Doutrinal e a realização dos próximos eventos internacionais da RCC – a Consulta Profética, um retiro dedicado à escuta profética a ser realizado em Jerusalém, no segundo semestre de 2013, e o evento internacional do Movimento em Uganda, no ano de 2014. Outro destaque é a articulação de uma rede mundial de intercessão pelo Movimento, que começará a ser realizada em breve. Na opinião de Michelle Moran, presidente do ICCRS, a reunião foi muito produtiva e terá muitos frutos. “Ficamos muito felizes em realizá-la no Brasil. É um país estratégico tanto para a geografia da Igreja, quanto para a economia mundial”, afirmou. 21
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Novos curso a distância da RCCBRASIL As atividades do segundo semestre de 2012 do Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL serão marcadas pelo lançamento de quatro novos cursos: “Pregações e ensinos inspirados”, “Universidades Renovadas”, “Eclesiologia e História da Igreja” e “Introdução à Liturgia”. As novas opções de formação fortalecem a proposta do IEAD de trabalhar temáticas específicas do nosso Movimento, como os cursos focados na missão de alguns ministérios, e também assuntos fundamentais da fé católica. Conheça mais sobre cada proposta: Pregações e ensinos inspirados
Universidades Renovadas
Ministrado pelo membro do Ministério de Pregação e professor do IEAD, Dercides Pires, esse curso tem como foco principal o estudo da unção nas pregações e ensinos. Nas aulas serão indicados caminhos para que pregadores e formadores sejam dóceis à ação do Espírito e, assim, sejam usados por Deus para semearem frutos de conversão, através do exercício de seus ministérios.
O chamado a construir a civilização do amor a partir da fé e da razão. Essa é a proposta do curso “Universidades Renovadas” que, além de oferecer subsídios para um trabalho de evangelização do meio acadêmico, também traz elementos que auxiliam no autêntico testemunho cristão no ambiente profissional. O professor desse curso é o advogado e coordenador nacional do Ministério, Felippe Nery.
Eclesiologia e História da Igreja
Introdução à Liturgia
O curso apresenta uma visão geral dos quatro grandes períodos da História da Igreja: Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. As aulas, ministradas pelo coordenador nacional do Ministério para os Seminaristas, João Paulo Veloso, também abordam conceitos básicos da eclesiologia e apresentam os protagonistas da missão da Igreja em cada período da história.
Pretende trabalhar os elementos fundamentais da Liturgia, com enfoque para uma participação mais frutuosa no Sacramento da Eucaristia. As aulas também serão dedicadas ao estudo de documentos da Igreja sobre o assunto, como a constituição Sacrosanctum Concilium e a instrução Redemptionis Sacramentum. O curso Introdução à Liturgia também tem como professor João Paulo Veloso, seminarista da Arquidiocese de Palmas e bacharel em jornalismo e Teologia.
Inscrições - Em breve, as inscrições para os novos cursos do IEAD já estarão disponíveis. Fique atento às informações através do site www.iead.rccbrasil.org.br.
RCCBRASIL promove II Encontro nacional para Novas Comunidades Entre os dias 14 e 16 de setembro, Vila Velha/ES acolherá o II Encontro Nacional de Articulação e Promoção de Comunidades Carismáticas, promovido pela RCCBRASIL. O tema será “Comunidades Carismáticas: berço promissor de um Novo Pentecostes”. O encontro oportuniza o diálogo, a reflexão e a troca de experiências. A ideia é reunir diversos representantes das novas comunidades bem como coordenadores de todas as instâncias da RCC. O Assessor para Novas Comunidades do Conselho Nacional da RCC, Reinaldo Beserra dos Reis, lembra que a presença dos Coordenadores Diocesanos é fundamental para o desenrolar do encontro: “É justamente na diocese em que essa relação entre a RCC e as Novas Comunidades se dá de forma mais intensa”. Ao falar sobre o evento, Reinaldo também destaca a importância de se promover a unidade. “Será uma oportunidade de superar22
mos as divergências e as visões distorcidas para darmos um testemunho de unidade e comunhão. O Espírito Santo sempre promove a unidade e não dispersa. O encontro será um importante momento de trocas de experiências para nos conhecermos mais e apontarmos direcionamentos que nos ajudem a chegar a uma maior maturidade eclesial”, afirma. As discussões sobre o tema também possibilitarão uma reflexão sobre a identidade carismática, que muitas vezes se perde na vida das comunidades. Serão abordados outros temas, como as Casas de Missão da RCC enquanto comunidades carismáticas e o Batismo no Espírito Santo como elemento constitutivo da identidade da RCC. As inscrições estão abertas e podem ser feitas através do Escritório Estadual da RCC Espírito Santo pelo telefone (27) 3223.5619 ou e-mail rcc.es@hotmail.com. O valor é de R$ 230,00 com alojamento e alimentação incluídos.
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