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ANO 14 - NÚMERO 81 - JULHO/AGOSTO 2013
TESTEMUNHO DE VIDA
COMO JESUS ENSINOU
Uma surpreendente declaração de amor
Lágrimas e ardor missionário
Com sinceridade e profundidade viver o que estudamos e pregamos na busca de nos assemelharmos ao Senhor.
As manifestações de apreço de Francisco e dos últimos Papas à RCC
O testemunho da missionária Rita de Cássia sobre como tem sido a missão em Mbarara, Uganda.
ENCARTE Grupo de Oração: Cenáculo de Pentecostes hoje!
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Nesta edição
ESPECIAL: TESTEMUNHO DE VIDA
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A ORAÇÃO QUE SUSTENTA O CRISTÃO
TESTEMUNHO DE VIDA E EVANGELIZAÇÃO
HOPITALIDADE CRISTÃ (PARTE II)
COMPORTAMENTO E TESTEMUNHO
DA PRE05 PALAVRA SIDENTE: DEUS
CHAMA-NOS A SER AMOR
JESUS ENSI06 COMO NOU
E ARDOR JÁ É A NOVA 19 LÁGRIMAS 18 CANAS MISSIONÁRIO: O TESSEDE DO ESCRITÓTEMUNHO DE NOSSA RIO NACIONAL DA RCC
Expediente
Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 13 - Edição Nº 81: Julho/Agosto 2013
Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537 Redação: Cristina Mansur /Shana Dockendorff Fotos: Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico: Priscila Carvalho Design e Diagramação: Helena Santos / Priscila Carvalho E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCCBRASIL Rua Antônio Savalli nº 23, Bairro Centro CEP 12.615-000 Canas/SP Tel.: (12) 3151-1421 As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte
MISSIONÁRIA NA ÁFRICA
SURPREEN16 UMA DENTE DECLARAÇÃO DE AMOR
A VIDA NO 22 SEÇÃO ESPÍRITO: O PODER DA BÊNÇÃO
SEMEANDO A CULTURA DE PENTECOSTES Amado semeador, Graças a Deus e a sua generosidade chegamos à edição de nº 81 da Revista Renovação. Sua colaboração, com certeza, foi fundamental para essa caminhada e estamos colhendo muitos frutos da sua fidelidade. Muito obrigado. Contem com nossas orações. Caso você não seja colaborador e gostaria de contribuir, entre em contato conosco.
(12) 3151.1421 cadastro@rccbrasil.org.br
Editorial
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Vidas que honram nosso Senhor “Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que Cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te que foste arrancado do poder das trevas e levado para o Reino de Deus. Pelo sacramento do batismo, te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço da tua salvação é o sangue de Cristo.”
Essa
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exortação, feita por São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja (século V), se encaixa perfeitamente nesta edição da Revista Renovação. Desejamos, de todo coração, que as reflexões contidas nas páginas a seguir cheguem ao seu Grupo de Oração e que possam gerar frutos a partir de autoavaliações tanto individuais como comunitárias. As matérias especiais são, de certa forma, continuidade da revista anterior, na qual nos propomos a pensar sobre como é a vida de quem é cheio do Espírito Santo de Deus. A questão que permeia todos os textos desta edição de número 81 é: estamos vivendo dignamente nossa condição de cristãos? Você vai notar que somos levados a refletir sobre nossas ações. Pelas nossas atitudes, as pessoas nos reconhecem como discípulos de Cristo? Temos dado um bom testemunho de nossa fé? Oxalá, possamos dizer que sim, porque não há outra opção para nós. Se quisermos ser cristãos autênticos, temos de viver como Jesus ensinou. Ponto final. O mundo carece de nosso testemunho evangélico. Pessoas que
falam, podemos dizer que até temos bastante e faz muito tempo. Basta que recordemos uma advertência de outro Santo: Antônio de Pádua. Em um de seus sermões ele lembrava que a linguagem é viva quando são as obras que falam: “Cessem, portanto, as palavras e falem as obras. De palavras estamos cheios, mas de obras vazios” ( Extraído da Liturgia das Horas). Obviamente que o Santo, grande pregador que foi, não pretendia que as pessoas parassem de anunciar. Na sequência do sermão, ele logo elucida isso: “Diz São Gregório: ‘Há uma norma para o pregador: que faça aquilo que prega’. Em vão pregará os ensinamentos da lei, se destrói a doutrina com as obras”. Tratava-se de uma exortação aos cristãos para que vivessem aquilo que proclamavam. Sim, é preciso que pratiquemos o que falamos e também o que ouvimos em nossos Grupos, nos eventos que participamos. Os mesmo braços que se erguem em louvor a Deus devem ser usados para auxiliar o irmão que necessita. Dos mesmos lábios que Revista Renovação
exaltam o Senhor devem sair palavras de bênção para o próximo. Falar sobre amor é fácil, mas viver? Amar, acolher o outro, perdoar, abençoar e não amaldiçoar? Promover a paz no meio em que se está? Francisco, nosso Papa, de forma clara, com palavras simples a cada homilia, a cada mensagem, tem nos orientado nesse sentido, a sermos cristãos, de fato. Então, que falem as obras a fim de que vivamos com dignidade, sem entristecer o Grande Hóspede de nossa alma. Sem esquecer qual foi o preço que Jesus pagou pela nossa salvação. Somos chamados à perfeição. Difícil? Impossível, se formos tentar sozinhos. Então, clamemos, Renovação Carismática Católica, mais uma vez, sobre nossas vidas, nossos Grupos de Oração: “Veni, Creator Spiritus”, Vem, vem, vem, Espírito Santo! É Ele que nos faz testemunhas vivas do Senhor Jesus. Tenha uma leitura abençoada! Em Cristo,
Lúcia Volcan Zolin
Coord. Nacional da Comissão de Comunicação Grupo de Oração Divina Misericórdia
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Palavra da presidente
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Deus chama-nos a ser Amor
Deus é Amor e nos chama a viver no amor. O caminho é o da “imitação de Cristo”, que viveu no amor e morreu por amor sobre a cruz. Uma das coisas mais importantes na vida de um seguidor de Jesus é o seu testemunho; é a vivência, na prática, daquilo que fala ou prega. O que se espera do cristão é que ele seja testemunho. Foi o que Jesus recomendou aos seus discípulos: “sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1,8b). Este mandato é para cada seguidor do Mestre e, por isso, devemos nos manter vigilantes em relação à nossa fé e sempre nos perguntar: isto está coerente com a Palavra de Deus? Está em consonância com a fé cristã que eu professo? O que Jesus faria se estivesse no meu lugar? Ser testemunha do Senhor é um privilégio, mas também uma grande responsabilidade! Implica em testemunhá-Lo não apenas sendo parecido com Ele em Seu modo de ser e agir, mas também em Sua fé e destemor diante do martírio e do anúncio da Boa Nova. No Sermão da Montanha, Jesus propôs aos discípulos que o ‘sim’ deles fosse sim e o ‘não’ fosse não (cf. Mt 5, 37). Viver com coerência não é tarefa fácil, pois se trata de uma virtude que engloba várias outras. Supõe, por exemplo, a humildade, a santidade e a maturidade. O Papa Emérito Bento XVI, em sua Carta Apostólica Porta Fidei, com a qual proclamou o Ano da Fé
(2012-2013), enfatizou uma questão fundamental para a vida dos cristãos: a unidade e a coerência que precisam existir entre o ato de crer, o ato de confessar a fé e o de conhecer o conteúdo desta fé. Além de crer, precisamos confessar publicamente a fé, sempre que houver oportunidade, e defendê-la, sem medo e sem timidez. É preciso também viver de acordo com o que esta fé representa. O que se espera é que “o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade” (Porta Fidei, n. 9). Coerência, pilar de santidade Aos 26 anos, Francisco de Assis encontrou a pérola que procurava: Jesus Cristo. Nunca mais O deixou nem abandonou o caminho da simplicidade, da pobreza solidária e da coerência. Conta-se que Francisco dizia: “Toma cuidado com a tua vida, porque talvez ela seja o único Evangelho que o teu irmão irá escutar”. O que o Santo queria dizer é que a melhor maneira de pregar o Evangelho, de mostrar às pessoas como é bom ser católico, é através do exemplo, do testemunho coerente e autêntico. Precisamos de coerência para que o mundo verdadeiramente creia na fé que professamos e, assim, possamos atrair cada vez mais almas para o Senhor, almas que irão aderir ao senhorio de Jesus, bloqueando a ação do inimigo em suas vidas. Francisco de Assis realmente inspirou e ainda inspira o modo de viver de muitos cristãos. Sua vida foi um hino à irmã pobreza, pelo seu desapego aos bens materiais, pela partilha e pela confiança na providência divina. Muitos séculos se passaram e outro Francisco, irmão da humildade, da simplicidade e da coerência, chega à Cátedra de São Pedro, em Roma, e nos questiona: “Se nos torRevista Renovação
namos cristãos razoáveis, cristãos sociais, cristãos de beneficência, qual será a consequência? Que não teremos mais mártires. Esta será a consequência”. O Papa Francisco continua: “quando nós pregamos o escândalo da cruz, então virão as perseguições, virá a Cruz e isto será uma coisa boa, esta é a nossa vida”. Essas palavras têm a ver com a disposição do discípulo de Cristo de dar a própria vida pela causa do Evangelho. Somos necessitados do dom da Sabedoria para não cairmos na armadilha do espírito do mundo. Jesus nos chamou para sermos “sal’’ e “luz” neste mundo. Uma das propriedades do sal é preservar. Temos, portanto, a missão de preservar o mundo da corrupção e do pecado. Como “luz” fomos chamados para iluminar as trevas e apontar o caminho que pode conduzir ao céu. Sal e luz. É preciso um novo ardor apostólico, vivido como compromisso diário! Deus conta com você, porque escolheu para Si pessoas muito especiais, que vivem os mandamentos com alegria e coragem. A decisão de seguir Jesus forjará o grande homem ou a grande mulher cujo testemunho evangelizará multidões, como diz o Documento de Aparecida, n.12: “A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que ‘não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva’”. Que o nosso testemunho seja alegre e verdadeiro, forte e eficaz! Deus abençoe a todos vocês, amados irmãos em Cristo Jesus! Katia Roldi Zavaris
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova
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Especial
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Por Dom Rubens Sevilha, ocd
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitoria
VIVENDO COMO JESUS ENSINOU Para sermos felizes devemos fazer o bem e evitar o mal. Mas façamos uma autoavaliação sincera: somos pessoas boas? Fazemos o bem como deve ser próprio daqueles que são seguidores de Jesus? “Não nos faltam meios humanos e, sobretudo, divinos para nos tornarmos pessoas boas” é o que nos ensina Dom Rubens Sevilha.
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O nosso querido Papa Francisco disse com sua simplicidade que “evangelizar, anunciar Jesus, nos dá alegria; o egoísmo, pelo contrário, nos dá amargura, tristeza, nos leva para baixo; evangelizar nos leva para cima”. A nossa fé tem começo, meio e fim. A existência humana pode ser comparada a um livro escrito em três volumes no qual, geralmente, entendemos o enredo e o sentido global da narração somente no último volume. O primeiro volume narra o início da nossa existência. Esse início encontra-se no coração de Deus. O nosso ser começa no eterno e amoroso plano de Deus. A primeira conclusão é que ninguém nasce por acaso ou por um acidente. Todo ser humano nasceu porque Deus assim o quis. Todo filho e filha de Deus foram por Ele desejados, planejados, criados e neste mundo colocados. Creio que aqui se encontra o fundamental desacordo entre a fé e a ciência a respeito do aborto. Para a ciência, a vida começa com as primeiras células na fecundação. Para a fé, a vida começa no pensamento de
Deus. Portanto, a vida é sagrada e é dom que recebemos do Pai. O segundo volume da nossa história pessoal refere-se ao momento do nosso nascimento para esse mundo. Deus nos fez entrar neste mundo em uma determinada família que Ele escolheu para nós. Daqui o amor e o respeito que devemos para com a família que Deus nos deu. É verdade que não há família perfeita. Neste mundo houve somente uma família perfeita: a Sagrada Família de Nazaré – Jesus, Maria e José. Todas as outras famílias estão constantemente em fase de construção. Entramos neste mundo em um determinado momento da história, que não escolhemos, mas que Deus nos oferece para viver. E viver na história significa amar o tempo que nos tocou viver, assumindo-o com a missão que Deus nos reservou. Aqui não cabem saudosismos de outras épocas, sonhando que nos séculos passados a vida era mais fácil ou mais glamorosa. Também é ilusão sonhar que poderíamos ter nascido em séculos futuros nos quais o mundo seria uma maravilha. Os sonhos acordados são sempre Revista Renovação
muito coloridos e a realidade é bem mais descolorida. O cristão ama o seu tempo. Creio que os santos são bons exemplos de pessoas que amaram e mergulharam completamente no tempo em que viveram e, deixando-se iluminar e conduzir pelo Espírito de Deus, ajudaram a construir a história. Devido ao declínio da fé em uma cultura cada vez mais pagã, o homem moderno vai se tornando cada vez mais pessimista e triste. Se o ser humano não acredita que foi criado por Deus, ele acredita que apareceu neste mundo por acaso. Assim sendo, ele torna-se um filho sem pai, sem origem e, consequentemente, ele sente-se abandonado e jogado neste mundo. A pergunta que para ele fica sem resposta é: por que eu nasci e estou neste mundo? O que eu faço com a minha vida? Nós que temos fé na Palavra de Deus sabemos que temos um Pai que nos criou e aqui nos colocou com uma missão. A missão de viver é o segundo volume da nossa história pessoal. Vale recordar aqui que esse romance (porque se trata de uma história de amor entre Deus e
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Especial
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a humanidade!) está sendo escrito a tam a vida. Essa pessoa sofre e faz os quatro mãos: o Pai, o Filho, o Espírito outros sofrerem. Santo e o nosso livre arbítrio. Tudo isso é falta de fé. É falA missão de viver tem um ta de Deus! Sem a luz de Deus, o ser mapa ou um plano de instrução humano perde o sentido da vida e se que se chama Santo Evangelho. O desumaniza. Na nossa santa (e pecaguia e mestre que nos ensina a vidora!) Igreja Católica aquelas pessover chama-se Jesus. as que chegaO Espírito Santo é ao melhor Quando a pessoa deci- ram o responsável pelo de si mesmas, de seguir Jesus, viven- que chegaram “reforço escolar” para aqueles que es- do como Jesus ensinou e ao topo ou no tão fracos no aprenmáximo da sua dizado das coisas de viveu, ela vai sendo restau- humanidade, Deus. O Espírito San- rada, renovada, elevada receberam o to é o treinador que de santo. pela Graça, pela força do título nos exercita e nos Os santos são instrui como comba- Espírito de Deus. Na reali- simplesmente ter o bom combate dade, trata-se de deixar-se os seres humada fé e também nos nos que atingiensina o modo de conduzir por Deus. ” ram o melhor defesa diante dos da sua humaniataques do inimigo. dade. São homens e mulheres plenos. Claro que eles não conseguiO segundo volume desta hisram isso sozinhos. Eles chegaram a tória refere-se à Igreja Militante, isso essa plenitude porque olharam fié, refere-se à nossa luta nesse munxamente para o verdadeiro homem do. De fato, a vida é um combate e (e verdadeiro Deus!), nosso Senhor não é fácil caminhar pelo caminho Jesus Cristo. estreito do bem e fugir do fácil caminho largo da perdição. Quando a pessoa decide seguir Jesus, vivendo como Jesus enJesus é o nosso mestre e nós sinou e viveu, ela vai sendo restausomos seus discípulos. Com os olhos rada, renovada, elevada pela Graça, fixos em Jesus, vamos aprendendo a pela força do Espírito de Deus. Na viver. Desde cedo, a criança deve corealidade, trata-se de deixar-se conmeçar a aprender a olhar para Jesus. duzir por Deus. Não somos nós que Os pais têm o dever de ensinar os realizamos essa obra de restauração seus filhos desde pequenos a olhar da nossa humanidade decaída e depara Jesus. Ao longo da vida, sobresorientada. Cabe a nós dizer: sim, tudo durante as tempestades, eles como a Mãe de Jesus, e deixarmosaberão para onde olhar e encontrar nos conduzir pelo Senhor. Deus esforça, refúgio e sabedoria para contipera somente o nosso real e sincero nuar a lutar e vencer as dificuldades. desejo de amá-Lo. Espera o nosso Sem o mapa da Palavra de sim sincero à Sua pessoa que, em Deus e sem olhar o guia Jesus, o algum misterioso momento da Grahomem perde o rumo e fica literalça, nos encontrou e nos tocou com a mente desnorteado na vida: não Sua presença amorosa. sabe por que viver, nem para onde a Portanto, o segundo volume própria vida está indo; vive ao sabor da nossa existência neste mundo do vento, das circunstâncias e termiconsiste em viver a vida que Deus nará cansado e abatido. Infelizmennos deu, do jeito que ela for e, olhante, muitos estão desistindo de viver, do para Jesus, aprender com Ele o deixando-se destruir pelo álcool, sentido da vida. E podemos resumir pelas drogas, pelas loucuras. Alguns a vida e obra de Jesus numa frase: não vivem mais, eles somente arras-
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Revista Renovação
“Ele passou fazendo o bem” (Atos 10, 38). Assim sendo, para o homem ser feliz ele deve passar neste mundo fazendo o bem e evitando o mal. Só no bem há alegria. A missão de todo ser humano é passar a vida fazendo o bem. O desejo de Deus é ver seus filhos bons e fazendo o bem uns aos outros. Jesus é o mestre que nos ensina o bem perfeito. Jesus nos revela o Pai bom que ensina ao filho mais velho e ao pródigo caçula como agir bem. Parece-me que está faltando bondade no mundo atual pela falta de Deus. Sem Deus não há bondade verdadeira e duradoura. Pergunto: você é bom? Seu coração é bom? Seus pensamentos são bons? Suas palavras são boas? Suas atitudes são boas? Não nos faltam meios humanos e, sobretudo, divinos para nos tornarmos pessoas boas. Todo o tesouro espiritual da nossa Santa (e pecadora!) Igreja é um sacramento de salvação para a humanidade. A Igreja é uma escola que forma peritos em bondade. O terceiro e último volume fala sobre a vida eterna após a nossa morte. É o desfecho e conclusão da nossa longa e bonita história pessoal. Tudo o que não compreendemos durante esta vida, compreenderemos perfeitamente no céu. Por isso aceitamos com serenidade a imperfeição e incompletude da nossa vida neste mundo. Sabemos que, como escreveu S. Paulo, não somos cidadãos deste mundo, nem temos aqui morada permanente, mas, somos cidadãos dos céus (Flp 3,20), onde o Pai nos preparou uma morada. Aliás, na casa do Pai há muitas moradas (Jo 14,2), portanto, deve haver lugares múltiplos e diferentes para as muitas diferenças humanas. No céu teremos muitas surpresas, escreveu S. Teresinha. Enfim, sendo discípulo e missionário de Jesus você será feliz!
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Especial
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Por Luiz César Martins
Coordenador Nacional do Ministério de Intercessão Grupo de Oração Fonte viva do Santísimo Sacramento
A oração que sustenta nosso ser cristão Todos nós sabemos, por experiência, que não é fácil ser cristão. Ilude-se aquele que acha que poderia seguir Jesus apenas com suas próprias forças. Se alguém deseja viver como Ele ensinou precisa da força que vem Dele, do Seu Santo Espírito. Sim, se de fato, desejamos ser identificados como seguidores de Jesus, autênticos, temos de estar permanentemente em sintonia com Ele. Como? Por meio da oração constante.
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“Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que esse sabor lhe será restituído? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 13-16). Pelas Palavras do Senhor nesse trecho do Evangelho segundo São Mateus, podemos concluir que ser um cristão autêntico é muito mais que meramente ter uma religião. É a entrega diária da vida a Cristo, é permitir que Ele nos ajude a enfrentar as adversidades do dia a dia, os problemas, as alegrias, as tristezas e os sofrimentos. É ser sal e luz. Alguém pode até frequentar o Grupo de Oração e participar da Missa durante muitos anos, no entanto, apenas isso não o faz ser um cristão autêntico. Ser cristão verdadeiro é confiar em Jesus como Salvador. É
querer viver como Ele viveu, é obedecê-lo e seguir o Seu exemplo e os Seus ensinos. Em outras palavras, é tornar-se um verdadeiro discípulo e seguidor de Jesus. Em Atos 11,26, lemos: “Durante um ano inteiro eles tomaram parte nas reuniões da comunidade e instruíram grande multidão, de maneira que em Antioquia é que os discípulos, pela primeira vez, foram chamados pelo nome de cristãos”. Assim foram chamados, porque o assunto principal da sua conversa era Cristo, pregavam Seus ensinos e viviam em função do Senhor. Ser um cristão autêntico requer renúncias e firme decisão de não ceder ao pecado; requer testemunho de vida, determinação na luta contra os desejos da carne que muitas vezes exercem um poder de persuasão muito maior do que as nossas forças humanas. O Senhor espera que todos aqueles que decidiram segui-Lo mantenham uma vida de testemunho e de coerência com a Sua Palavra e, para isso, Ele nos disponibiliza os meios para que tenhamos êxito nesta árdua batalha. Mas não podemos nos enganar imaginando que essas forças que Revista Renovação
tentam nos afastar dos caminhos de Deus serão superadas se as enfrentarmos apenas com as nossas próprias capacidades humanas. São Paulo já alertava a comunidade de Éfeso sobre essa situação, e ensinou que essa batalha é espiritual e que é contra as forças espirituais do mal que temos de lutar (cf. Ef 6). No entanto, se desejarmos obter vitórias nessa área, para que possamos neutralizar esses inimigos, é necessário que lancemos mão de uma poderosa arma espiritual chamada oração. A oração é como a água que mantém viva a planta. Não se percebe a olho vivo que essa água está desde a raiz até a ponta das folhas, porém se deixarmos de irrigá-la, o seu destino será secar até morrer... Da mesma forma, se deixarmos de cultivar a nossa vida espiritual, seremos como essa planta: sem frutos, secos, sem vida. Quando oramos adentramos no plano espiritual e sobrenatural onde habita Deus, e nessa dimensão não há nada impossível, pois os aparatos celestes disponibilizados por Deus para todos que O procuram na oração agirão em nosso favor a todo o momento que deles necessitarmos.
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Especial
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somente a encontrar Jesus, a plenituNeste sentido, através da RCCBRASIL o Senhor nos disponibide da Verdade, mas também nos guia para ‘dentro’ dela, liza um excelente entrar em meio para forQuando oramos aden- faz-nos comunhão mais talecer a nossa tramos no plano espi- profunda com Jevida espiritual. Trata-se da Mobi- ritual e sobrenatural onde sus, dando-nos a inteligência das lização Nacional de Oração1 que habita Deus, e nessa di- coisas de Deus. E, todos nós, servos mensão não há nada im- isso, não podemos conseguir por conna RCC, devemos possível, pois os aparatos ta praticar. É um roprópria. Se Deus disponibilizados não nos ilumina inteiro de oração celestes que nos leva a por Deus para todos que O teriormente, o nosorar com fervor so ser cristão será pedindo a Deus o procuram na oração agirão superficial”(Papa Espírito Santo so- em nosso favor a todo o Francisco. Catequebre nós, nos introse, na Praça de São momento que deles neces- Pedro, em 16 de duz a uma oração maio de 2013). de intercessão, sitarmos” É na oração de combate, de pessoal diária que nos tornamos dólibertação e de louvor e que por sua vez nos leva a um aprofundamento ceis às inspirações do Paráclito que na nossa intimidade com o Senhor. nos guia na plenitude da Verdade, E quanto mais próximos estamos de nos inspira a boas ações e nos transDeus, mais fortes e vitoriosos somos. forma gradativamente em cristãos São João da Cruz dizia que o deverdadeiros. Jesus sabe das nossas limitações e das nossas fraquezas, e mônio teme a uma alma próxima de é precisamente por esse motivo que Deus tanto quanto ao próprio Deus. Ele nos deixou o Espírito Santo para Sim, meus irmãos, se somos amigos ser o nosso ajudador. Até mesmo de Deus, podemos estar certos de para obtermos o ardor missionário, que todas as Suas promessas se cumpara exercermos com êxito a nossa prirão em nossa vida, basta crer e esmissão, precisamos do Espírito Santo perar. Portanto, para ser um cristão que deve ser pedido diariamente na autêntico é fundamental estar próxinossa oração pessoal. Foi assim tammo do Senhor e contar sempre com a sua ajuda que é certa e eficaz. A Salbém com os discípulos quando Jesus ordenou-lhes que não se afastassem vação que Jesus nos propõe requer de Jerusalém, mas que permanecesde nós respostas que não podem ficar apenas no campo teórico da resem ali até o cumprimento da Proflexão ou somente na boa intenção, messa que haveriam de receber em mas devem ser traduzidas a partir de poucos dias (cf At. 1,4-6). Durante o atitudes concretas da nossa parte. tempo que eles permaneceram no Quem se decide em aceitar essa procenáculo, eles estavam desmotivaposta de Jesus, automaticamente, se dos e com muito medo, mas certaimpõe a um processo de conversão mente eles se mantiveram em oraque deve ser alimentado pela vida ção juntamente com Nossa Senhora, de oração e de intimidade com o Sepedindo sem cessar o cumprimento dessa promessa. Sem esta atitude, os nhor. É na intimidade com Deus que discípulos não seriam batizados no aprendemos a nos deixar guiar pelo Espírito Santo, jamais conseguiriam Espírito Santo que é a Verdade e que levar em frente a missão e provavelnos ensina a seguir com segurança o Caminho que é Jesus. mente não conseguiriam se manter “O Espírito Santo leva-nos não fiéis a Jesus. O mesmo acontece com
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cada um de nós nos dias de hoje. Sem a experiência do Batismo no Espírito Santo, que deve ser renovada todos os dias no nosso cenáculo particular, ou seja, na nossa oração pessoal, nos faltará o ardor missionário e consequentemente jamais conseguiremos levar em frente a nossa missão na Igreja, na RCC, na sociedade e na nossa família. Nunca nos tornaremos santos, jamais amaremos o nosso próximo e, dificilmente, teremos o desprendimento necessário para ter a coragem de abandonar os nossos interesses e planos pessoais em prol dos irmãos e do Reino de Deus. O ardor missionário depende totalmente da nossa entrega ao Senhor que se dá, sobretudo, quando mantemos vida de oração e nos deixamos batizar no Espírito Santo. Hoje, as pessoas na sociedade precisam encontrar cristãos autênticos, homens e mulheres que deem bons testemunhos e sejam coerentes com aquilo que creem, somente assim acreditarão em Jesus e decidirão segui-Lo. Que possamos nos perguntar: Pode-se ver Cristo em mim? A graça de Cristo habita em meu coração? Percebe-se o aroma de Cristo em minha vida? Podem as pessoas perceber no convívio diário comigo que estou vivendo uma vida cristã autêntica? Que o Senhor nos envie o Seu Espírito Santo para que sejamos transformados naquilo que fomos concebidos para ser: a imagem de Jesus.
¹ Para acessar os subsídios da Mobilização Nacional de Oração acesse: http:// rccbrasil.org.br/projetos/mobilizacao-nacional-de-oracao.html
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Especial
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Por Marizete Martins Nunes do Nascimento
Membro da Comissão de Formação da RCCBRASIL Grupo de Oração Vinde e Vede
TESTEMUNHO DE VIDA:
AS VIAS DA EVANGELIZAÇÃO COMO FOCO PRINCIPAL O testemunho de vida consiste na vivência da Palavra de Deus pelo cristão em seu cotidiano. É bom frisar que não se refere à Palavra pregada e nem estudada, mas sim vivenciada. Para que o cristão possa envolver-se na missão evangelizadora (ação cristã), precisa viver na busca constante de conversão e santidade.
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Na Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (4,3-7), assim ensina o Apóstolo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo santa e honestamente, sem se deixar levar pelas paixões desregradas, como os pagãos que não conhecem a Deus; e que ninguém, nesta matéria, oprima nem defraude a seu irmão, porque o Senhor faz justiça de todas estas coisas, como já antes vo-lo temos dito e asseverado. Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade”. A fé em Deus precisa ser exercitada a cada dia, realçando a esperança nas situações de padecimentos (provações e tribulações) que todos passam neste mundo, permanecendo na sobriedade e na vigilância para não ser devorado pelo demônio, que não descansa de atormentar os filhos de Deus (Cf. I Pe 5,8-9). É de suma alegria quando passamos por diversas provações, pois sabemos que a prova da nossa fé produz a paciência. A paciência, que é a ciência de esperar em paz, efetua a sua obra, tornando-nos perfeitos e
íntegros, sem propensão à fraqueza (Cf. Tg 1,2-4). As ações evangelizadoras, catequéticas e de formação devem surgir da vida de um cristão autêntico, que paute sua caminhada nos princípios evangélicos, seja livre de apego aos bens materiais, dependa plenamente da ação do Espírito Santo, confie totalmente na misericórdia divina e compartilhe a caridade (amor afetivo e efetivo) com os irmãos. As virtudes acima mencionadas são graças santificantes presenteadas a cada cristão pelo Espírito Santo, dado no Batismo e que precisa ser clamado cotidianamente (Batismo no Espírito Santo): o cristão deve subordinar toda a sua vida à orientação do Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Ele fala conosco, orienta nossa caminhada, adverte-nos quanto ao pecado e se entristece com a desobediência à Palavra de Deus. Não se pode, em hipótese alguma, entristecer o Espírito Santo. Para que isso não aconteça, precisase viver sempre contente, orar sem cessar e, em todas as circunstâncias, dar graças a Deus. Não se pode extinRevista Renovação
guir o Espírito Santo, nem desprezar as profecias. O cristão deve examinar tudo, abraçar o que é bom, guardarse de toda espécie de mal e o Deus da paz lhe concederá a santidade perfeita. Todo nosso ser – espírito, alma e corpo – deve conservar-se irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (Cf. I Ts 5,16-23). Na espiritualidade carismática, o Batismo no Espírito Santo é a graça santificante que nos impulsiona na ação cotidiana. Portanto, o cristão precisa aprender a relacionar-se com intimidade com o Espírito Santo, uma vez que sua função é iluminar, consolar e santificar a pessoa em peregrinação rumo à Casa do Pai. À medida que se caminha com o Espírito Santo vão ocorrendo mudanças na vida do cristão, os valores vão sendo evangelizados, a cultura cristianizada, a vida cristã começa a produzir frutos de caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura e temperança. Crucifica-se a cada dia a carne, com suas paixões e concupiscências, pois se vive pelo Espírito, precisa andar também de acordo com o Espírito,
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Especial
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sem vanglória, sem provocações e inde seu Pai e persistindo no Seu amor. Atualiza-se, agora, a Epístola de Essas coisas fomentam em nós a aleSão Paulo aos Romanos (10, 9-15), vejas (Cf. Gl 5,22-26). quando o Apóstolo diz: “... se com gria completa. Ao caminhar com Cristo e expetua boca confessares que Jesus é o O mandamento de Jesus Cristo rimentar suas maravilhas, no cotidiaSenhor, e se em teu coração creres é que nos amemos uns aos outros, no, vai crescendo no cristão autêntico que Deus o rescomo Ele nos ama. Ele nos chama de o ardor missionário, a suscitou denamigos, pois nos deu a conhecer tudo vontade de que todas Não se pode, em hipótre os mortos, Ele ouviu de Seu Pai. Fomos as pessoas experitese alguma, entriste- serás salvo. É quanto escolhidos e constituídos para irmos mentem a Cultura de e produzirmos frutos e o nosso fruto Pentecostes; cresce, cer o Espírito Santo. Para crendo de coradeve permanecer. interiormente, uma que isso não aconteça, pre- ção que se obtém a justiça, e paz inquieta e a PaA promessa de Jesus é que tudo cisa-se viver sempre con- é professando lavra de Jesus ressoa quanto pedirmos ao Pai, em nome de em nossa alma: – “Ide tente, orar sem cessar e, com palavras Jesus, Ele nos concederá. O que Ele por todo o mundo e em todas as circunstâncias, que se chega à nos manda é que nos amemos uns salvação. A Espregai o Evangelho a aos outros (cf. Jo 15, 9-17). dar graças a Deus” critura diz: Todo toda criatura. Quem O ardor missionário carece, pleo que Nele crer crer e for batizado namente, do amor vivenciado. Logo, não será confundido (Is 28,16). Pois será salvo, mas quem não crer será missão sem testemunho de vida é não há distinção entre judeu e grecondenado. Esses milagres acompaestéril, fará muito barulho, mas não go, porque todos têm um mesmo nharão os que crerem: expulsarão os produzirá frutos na vida do povo ouSenhor, rico para com todos os que demônios em meu nome, falarão novinte. o invocam, porque todo aquele que vas línguas, manusearão serpentes O alerta do Apóstolo Paulo pode invocar o nome do Senhor será sale, se beberem algum veneno mortal, repercutir em nossos ouvidos: - “Ainvo (Jl 3,5). Porém, como invocarão não lhes fará mal; imporão as mãos da que eu falasse as línguas dos hoaquele em quem não têm fé? E como aos enfermos e eles ficarão curados” mens e dos anjos, se não tiver caricrerão naquele de quem não ouviram (Mc 15, 15-18). dade, sou como o bronze que soa, ou falar? E como A fé vivida e a proclamação da o címbalo que O ardor missionário como ouvirão falar, Palavra de Deus serão acompanharetine. Mesmo que eu se não houver das de oração em línguas, milagres, carece, plenamente, tivesse o dom da proquem pregue? prodígios, libertações e curas, os fecia, e conhecesse E como pre- do amor vivenciado. Logo, quais são carismas espirituais que todos os mistérios e garão, se não missão sem testemunho fluem na comunidade quando a Patoda a ciência; mesmo forem envia- de vida é estéril, fará muito lavra de Deus é anunciada com poder que tivesse toda a fé, a dos, como está e testemunho de vida. ponto de transportar escrito: Quão barulho, mas não produNão adiantam vastos conhecimontanhas, se não tiformosos são zirá frutos na vida do povo mentos teológicos sem testemunho ver caridade, não sou os pés daque- ouvinte” de vida, porque as proclamações senada. Ainda que distriles que anunrão enfadonhas e não produzirão frubuísse todos os meus ciam as boas novas? (Is 52,7)”. tos. Porém, a vivência do Evangelho bens em sustento dos pobres, e ainda A boca fala daquilo que o coranorteará o conhecimento doutrinal e que entregasse o meu corpo para ser ção está repleto. Se o seu coração tocará os corações das pessoas que queimado, se não tiver caridade, de está cheio do Espírito Santo, pode desejarão viver a Palavra pregada e nada valeria!” (I Cor 13,1-3). atender aos convites e proclamar o experimentarão, em suas vidas, as Em conclusão, o testemunho de Evangelho com desassombro, que graças eficazes a partir da experiênvida é o fundamento para toda Evanmaravilhas acontecerão na vida dacia do Batismo no Espírito Santo. gelização, Catequese e Formação. quelas pessoas que ouvirão a Boa O povo tem necessidade de aliSem efetiva conversão, a pessoa não Nova. mentar sua espiritualidade. Por isso, tem como contextualizar a sua preSendo assim, a essência do traé importante que os temas sugeridos gação e, portanto, não serão concebalho missionário parte do Evangeao pregador sejam vivenciados, pribidos novos seguidores de Nosso Selho, quando Jesus Cristo nos manda meiramente, no seu cotidiano, para nhor Jesus Cristo. A responsabilidade perseverar no Seu amor e guardar os que a Palavra seja ministrada com é de cada um de nós. seus mandamentos, como Ele própoder e convença o coração dos ouprio fez, guardando os mandamentos vintes.
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Revista Renovação
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Especial
julho/agosto
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Por Maria Beatriz Spier Vargas
Coordenadora Nacional do Ministério de Pregação Grupo de Oração Magnificat
HOSPITALIDADE CRISTÃ (Parte II) Na primeira parte deste artigo (edição 80) abordou-se a hospitalidade cristã como consequência da acolhida que se dá ao Espírito Santo, o doce hóspede de nossa alma, que vem para derramar em nossos corações o amor de Deus que nos capacita a amar, acolher e servir aos outros. Agora somos convidados a meditar sobre a hospitalidade como partilha dos dons e graças que recebemos a fim de que o nome de Deus seja glorificado pelo nosso proceder.
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São Pedro nos esclarece este ponto quando diz: “Exercei a hospitalidade uns com os outros sem murmuração. Como bons dispensadores das diversas graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu: a palavra, para anunciar as mensagens de Deus; um ministério, para exercê-lo com uma força divina, a fim de que em todas as coisas seja Deus glorificado por Jesus Cristo” (1 Pe 4, 9-11). São Pedro chama essa partilha dos dons recebidos como prática das virtudes, isso é, devemos fazer o exercício de colocar sempre à disposição dos outros os nossos talentos e nossos dons. Quanto mais praticarmos, quanto mais nos esmerarmos em partilhar o que nos foi dado, mais esses mesmos dons recebidos serão fortalecidos em nós, mais se tornarão parte de nossa personalidade, mais se tornarão características de nosso modo de ser e de agir, a ponto de se tornarem em nós virtudes que os outros reconhecem e por isso glorificam a Deus. Em outras palavras, recebo os dons e os bens de Deus, fico com o coração agradecido e, como forma de agradecimento a Deus, partilho
com seus outros filhos e filhas todos os bens recebidos. Aquele que recebeu de mim esses bens, por seu lado, também ficará agradecido a Deus e, dessa forma, o nome de Deus é glorificado. São Paulo reforça esse ponto ao dizer: “Assim, enriquecidos em todas as coisas, podereis exercer toda espécie de generosidade que, por nosso intermédio, será ocasião de agradecer a Deus. Realmente, o serviço dessa obra de caridade, não só provê as necessidades dos irmãos, mas é também uma abundante fonte de ações de graças a Deus. Pois, ao reconhecer a experimentada virtude que essa assistência revela da vossa parte, eles glorificam a Deus pela obediência que professais relativamente ao evangelho de Cristo e pela generosidade de vossas esmolas em favor deles e em favor de todos” (2 Cor 9, 11-13). É interessante observar que São Pedro fala de partilhar os dons espirituais e São Paulo vem completar falando da partilha dos bens materiais, reforçando assim a ideia de que devemos partilhar tudo que recebemos como forma de agradecimento a Deus. Trazer isso para o Revista Renovação
nosso viver diário dá um novo significado aos nossos afazeres e enche de propósito e de sentido tudo o que fazemos. No exercício de minha profissão, a formação que recebi, os conhecimentos que possuo, tudo me foi dado, portanto, como forma de agradecimento a Deus, vou me esmerar para dar o melhor de mim, para fazer o melhor possível e aquilo que poderia ser um peso para mim transforma-se em alegria. Engana-se quem pensa: “Eu não recebi a minha formação de graça, fui eu que trabalhei para pagar meus estudos e fui eu que fiquei acordado até tarde da noite para estudar.” No entanto, foi a providência de Deus que possibilitou a você o emprego, ou os meios para pagar os cursos que fez e a capacidade intelectual para aprender. Ao dar o melhor de si para os outros, estes sentem-se acolhidos e valorizados e por isso vão agir e reagir melhor em seus relacionamentos, pois quem se sente bem tem mais condições emocionais de fazer o bem. Cria-se, então, um círculo virtuoso, a vida fica melhor, o ambiente ao nosso redor fica melhor, cessam as murmurações, aumenta o louvor, aumenta a ação de graças.
julho/agosto
Especial
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Outro ponto que precisa ser abordado entre nós, com respeito à acolhida, é o modo como acolhemos em nosso meio, em nossas casas as pessoas que estão em missão. Dentro da perspectiva cristã de pensar no bem-estar do outro antes do meu, de cuidar das necessidades do outro antes das minhas, alguns critérios bem práticos se evidenciam. Provavelmente, a pessoa que veio em um determinado final de semana pregar um encontro ou dar uma formação na minha cidade, trabalhou a semana inteira, teve problemas como todos nós, problemas no trabalho, problemas em casa, problemas de saúde, precisou levantar mais cedo ou ficar acordada até mais tarde para preparar a pregação ou o ensino, teve que viajar para chegar à minha cidade. Essa pessoa é gente como eu, ela não é um anjo, não é um ser puramente espiritual. Ela fica cansada, fica doente como eu. Portanto, se quero exercer a hospitalidade de forma cristã, preciso pensar em aliviar seu cansaço, devo proporcionar a ela o máximo de bem-estar e de sossego possível, pensar enfim “se fosse eu, como gostaria de ser tratado?” A partir dessa tomada de consciência, tenho elementos para me esmerar na prática da hospitalidade, conforme sugestão de São Paulo: “Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade” (Rm 12.13). Certa vez observei uma mudança bem evidente em uma pregadora e formadora que costumava viajar muito em missão. Ela parecia mais bonita, mais alegre e mais descansada. Perguntei a ela o porquê dessa mudança e ela me respondeu que havia ido a um determinado lugar do Brasil, tendo chegado lá muito cansada, mas que tinha sido tão bem tratada, com direito a repouso à noite e privacidade para rezar e preparar suas pregações, tinha sido tão amada e
valorizada que essa missão havia sido para ela um refrigério, como se tivesse passado por uma cura interior. Ela louvava a Deus por isso. Eu mesma, numa época em que estava passando por várias tribulações e tendo saído em missão muito gripada, cheguei, tarde da noite, à casa que me acolheria. Apesar do adiantado da hora, os donos da casa, um casal, estavam me esperando com um café bem quentinho e muito amor. Deram-me remédio para gripe, rezaram por mim e disseram que eu não me preocupasse com nada, que eles estavam ali para cuidar de mim, para me proporcionar o maior conforto possível. Eu que há muito tempo só cuidava dos outros e não era cuidada, senti-me tão bem, tão amada, tão agradecida que aquela missão foi para mim uma cura. Até hoje recordo daquele casal com carinho, louvo a Deus pela vida deles e rezo para que eles sempre recebam dos outros os cuidados que dispensaram a mim. Mais uma vez o círculo virtuoso: eu recebo amor e cuidados, louvo a Deus por isso e intercedo a Deus por aqueles que foram bons para comigo. Hospitalidade cristã, portanto, é sinônimo de acolhida: acolher o Espírito Santo que habita em nós, acolhendo suas moções e direcionamentos que sempre nos levam a atitudes de amor, de escuta, de perdão, de aceitação, de valorização do outro. Hospitalidade cristã é também sinônimo de partilha: dos dons, talentos e bens que temos como forma de agradecermos a Deus por tudo que nos foi dado. Seja acolhendo, seja doando, estaremos proporcionando aos outros a ocasião de dar graças a Deus e glorificar seu nome. “Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama, é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo, 7).
13 Revista Renovação
Especial
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Por Roberta Lima
Coordenadora Estadual do Ministério de Música e Artes no Espírito Santo Grupo de oração Imaculada Mãe de Deus
Comportamento e testemunho Existe alguma regra que nos impeça de vestir algum tipo de roupa, ouvir algum tipo de música, frequentar determinados lugares? O que é próprio ou impróprio a alguém que queira dar autêntico testemunho de sua fé cristã? Este artigo nos conduz a refletirmos sobre essas questões sempre presentes em nosso meio.
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“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”(Rm 12,2). A preocupação de Paulo diante da comunidade dos Romanos o fez redigir esse pedido importante que lemos agora: “Não vos conformeis com este mundo”. Conhecendo a tendência de todo ser humano de se esforçar para ser aceito e amado, Paulo temia que essa necessidade de aceitação fizesse com que os cristãos da época tentassem se misturar, se homogeneizar com o mundo ao seu redor, e com seus costumes pecaminosos. Família, amigos, namorados, maridos e todos aqueles que ainda não haviam experimentado o encontro com Jesus Cristo iriam estranhar as novas atitudes daqueles cristãos recém-convertidos. Questionamentos, perseguições, preconceitos... A pressão poderia ser grande demais, poderia fazer com que eles tentassem “disfarçar” a grande mudança que estava acontecendo dentro deles. Afinal, Jesus foi o contrário de tudo aquilo que um judeu tradicional esperava da vinda do Salvador. Um homem que sempre respondia com o bem sem revidar ao mal, que perdoava qualquer um e todos que se arrependessem, sem cobrar nada por isso. Alguém que não excluía por nenhum motivo, mesmo que fosse re-
ligioso. Um homem que revelou que o Deus Poderoso, de Abraão, de Isaac e de Jacó, é Pai e tem sua essência e força no amor. Ele andava com pecadores, mas permaneceu Santo. Tornou-se amigo de uma adúltera pega em flagrante e escolheu dentre seus discípulos um cobrador de impostos e pescadores sem cultura ou estudos. Quebrava regras, padrões, tradições vazias e gerava tumulto onde passava. Para “piorar”, seu grande triunfo e sinal de vitória foi uma humilhante e dolorosa morte de cruz. Aqueles que tinham se deixado encontrar por Jesus sentiam dentro de si essa força do amor que faz com que todas essas loucuras se tornem a mais sincera e aceitável verdade. Mas, e quando eles tivessem que se confrontar com o mundo ao redor, com aqueles que ainda não tinham vivido o que eles estavam vivendo? Será que teriam a força de imitar a Jesus ou se manteriam escondidos, no meio da multidão, como mais um deles? Será que estariam dispostos a viverem a solidão e a exclusão para se manterem verdadeiramente unidos a esse novo Amigo que os tinha conquistado? A ordem de Paulo precisa ecoar hoje também em nosso meio. Vivemos sendo quase oprimidos pela pressão do mundo ao redor, que tenta massificar as pessoas nas mentalidades que mantêm uma estrutura de dinheiro e poder para poucos. Uma overdose de imagens, músicas e ideias sensualizadas estão em todo Revista Renovação
lugar, e para todas as idades. Afinal, a indústria do sexo, hoje, é a que mais gera dinheiro na internet. As drogas se alastram por todas as classes sociais e cidades, mesmo no interior do país. A solução é difícil, mas quase nada é feito porque o lucro por trás do tráfico é muito alto. A sociedade, na tentativa de aliviar a culpa interior, tenta convencer a todos que tudo é natural, e que precisamos nos libertar de conceitos antigos e ultrapassados para buscarmos o próprio prazer. A violência está inserida em quase todo tido de entretenimento que as crianças e jovens têm: filmes, videogames, desenhos, músicas. E isso reflete na falta de tolerância e agressividade cotidiana cada vez mais comum e mais irracional. Essas realidades são conhecidas de todos nós e, de certa forma, nós aprendemos a tolerá-las. Já nos “adaptamos” a esse mundo. Muitos cristãos vivem no mundo tentando se camuflar de “normais”. Participam da Igreja, comungam do Corpo de Cristo, mas quando estão no meio secular, se esforçam para se manterem em harmonia com o meio ao redor. Para serem aceitos, se tornam tolerantes frente a erros e pecados, riem de piadas maldosas ou pornográficas, as roupas seguem as tendências modernas (cada vez mais sensuais e provocativas), se omitem diante de histórias de traições e farras, convivem com a corrupção para ter maior lucro. Isso até me lembra (num senti-
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Especial
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do inverso) de uma passagem bíblica, em Coríntios: “Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Com os judeus, me fiz judeu, para ganhar os judeus.” “Com os sem-lei, me fiz um sem-lei – eu que não era um sem a lei de Deus, já que estava na lei de Cristo -, para ganhar os sem -lei. Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos. Para todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do evangelho eu faço tudo, para dele me tornar participante” (1Cor 9, 19-20 a . 21-23). Paulo também tentou se inserir no meio da sociedade da sua época, buscou em muito ser contemporâneo. Aproximou-se de todos, judeus, sem-lei, fracos e fortes, tentando diminuir ao máximo os fatores de diferença e divisão. Buscou conquistar com sua sabedoria, amizade e disposição a todos, e se misturou a cada um deles. Mas em nada se sujeitou ao mal! Sua atitude tinha um objetivo claro: manifestar Jesus Cristo e ser anúncio do Seu Evangelho. Cada um daqueles que dele se aproximaram deveriam se sentir intrigados por esse amor, pela sabedoria de suas palavras, pela alegria e acolhida que demonstravam. E, assim, iriam querer conhecer qual era a fonte de todo esse bem. Mas Paulo sabia dos riscos de viver na zona de transição, na evangelização de pessoas que não conhecem a Deus. Era preciso ser atento, se manter alerta, para que a vida velha não gritasse mais alto que o desejo de anunciar Jesus Cristo. Assim, no capítulo seguinte a esse trecho de Coríntios, ele alerta: “Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” (1Cor 10, 12). Vamos tentar analisar isso nos questionamentos atuais. Será pecado ou contra testemunho beber um pouco de bebida alcóolica? Será errado ouvir música secular? Não devo mais ver filmes ou ler livros fora dos assuntos cristãos? Posso usar as roupas que a moda me orienta para não ser antiquado? Quando teve que orientar qual era o limite da interação com o meio externo, Paulo orientou: “‘Tudo
me é permitido’, mas nem tudo me convém. ‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo edifica” (1Cor 10, 23). É preciso deixar cair as máscaras de uma falsa santidade, que se esconde em uma imagem farisaica de bom cristão. Muitas das coisas do mundo atual são rotuladas como más. Na verdade, as coisas em si não tem o mal ou bem, o que as torna assim é o uso feito pelo ser humano. Jesus nos ensinou: “É do coração do homem que saem as más intenções” (Mt 15, 19 a). A verdadeira santidade é aquela que nos aproxima de Jesus Cristo, que nos torna mais parecidos com Ele, que manifesta mais em nossa vida os sentimentos que Ele tem. Assim, cada um precisa diariamente confrontar suas atitudes com as de Jesus. “O que Ele faria? Como Ele reagiria a isso?” Se a bebida alcoólica é uma pedra de tropeço para mim ou para as pessoas ao meu redor, então ela não me convém. Mas, ela em si não é um pecado, desde que dentro da correta moderação. Se as músicas que ouço trazem ideias contrárias às verdades da fé ou à dignidade de filho amado de Deus, então não edificam, não devo ouvi-las. Mas, se elas são uma manifestação do belo, e despertam o meu interior para a sensibilidade de Deus, então estão trazendo o bem. As roupas que eu uso são uma forma de diálogo silencioso com as pessoas ao meu redor. Será que minha vestimenta tem defendido a dignidade com a qual quero ser reconhecida pelos outros, e é sinal da castidade que desejo para minha vida? Ou estou me deixando levar por minhas carências, pelo medo da solidão, e pela necessidade de ser vista e desejada pelos outros? Toda essa necessidade de discernimento frente ao contemporâneo é como um grito de Deus em nossos corações tentando nos acordar para a realidade: Esse é o nosso mundo! A nossa sociedade! Deus poderia ter escolhido nos criar na época de Paulo, ou esperar para nos dar a vida daqui a 200 anos. Mas, não! Ele nos escolheu para estar aqui, no hoje, com os questionamentos que essa sociedade impõe diante da evangeliRevista Renovação
zação. Esse é o nosso mundo. Somos a resposta de Deus para essa realidade triste e incrédula, que tem tentando preencher a necessidade de Deus com futilidades e prazer. Isso é ser contemporâneo. Não é viver como a moda diz, ou querer uma revisão dos conceitos da Igreja sobre questionamentos atuais. É, na verdade, aceitar que nossa zona de atuação é somente o hoje, e que precisamos abraçar nossa realidade com todos os recursos, nos tornando atuais na forma de divulgar o amor de Deus. Hoje, é tempo de ouvir um novo clamor de Deus. O clamor daquele que disse que o Reino de Deus é como o fermento na massa. Precisamos nos misturar, e fazer crescer o bem. Precisamos estar tão ligados a Deus, que nossas atitudes mais simples e cotidianas se tornem verdadeiras manifestações de amor e do poder do Espírito Santo, deixando o desejo intenso de conhecer a fonte de tudo isso. Mas por que não é assim? Por que nossa evangelização ainda é frágil, ainda atinge tão pouca gente? Uso das palavras de João Paulo II para tentar responder: “Se os jovens fossem o que eles deveriam ser, eles incendiariam o mundo.” O mundo está carente de pessoas autênticas, que manifestem o que realmente são. As pessoas estão sedentas da verdade de cada um de nós. E quando alguém é o que realmente foi feito para ser, é como uma tocha humana. Suas palavras, suas atitudes são tão naturais e cheias de verdade que encantam quem está ao redor, e a evangelização se torna algo natural e poderoso. Muitas vezes tentamos nos camuflar para sermos aceitos pelos que estão ao redor, para gerar menos conflitos (até mesmo dentro da Igreja). Mas, o caminho precisa ser justamente o inverso. Precisamos respeitar aquilo que Deus nos constituiu na essência, manifestar o que Ele tem construído na intimidade do nosso coração. Assim, todos ao redor ficarão com desejo de beber mais de nós, para assim conhecer mais a Deus. E o nosso testemunho se tornará algo natural, eficaz e verdadeiro, como a verdadeira resposta de Deus para o mundo de hoje.
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Magistério Espiritualidade
julho/agosto . 2013 Por Reinaldo Beserra dos Reis
Membro Permanente do Conselho Nacional Grupo de Oração Elena Guerra
UMA SURPREENDENTE DECLARAÇÃO DE AMOR
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Dos Novos Movimentos Eclesiais – surgidos na Igreja especialmente após o Concilio Vaticano II –, nenhum parece ter suscitado tantas interrogações e resistências como o da Renovação Carismática Católica. Sua acolhida por parte do superior magistério da Igreja não ocorreu sem tensas hesitações, e – em que pese uma já oficial e declarada aprovação por parte dessa instância de governo da Igreja1, – sua inserção eclesial, no quotidiano de certas Igrejas Particulares, ainda tem um considerável caminho a ser percorrido. Contribuiu, obviamente, para esse quadro de apreensão – ou, quiçá, de rejeição – o “perfil curricular” do novato Movimento. De caráter prevalentemente leigo, nasce ele inspirado – do ponto e vista das circunstâncias históricas – na espiritualidade pentecostal de viés protestante que, até bem pouco tempo atrás, se caracterizava não somente por uma proposta teológica conflitiva com o catolicismo (o fenômeno das línguas como a evidência da recepção do Espírito Santo, por exemplo), mas também por seu proselitismo, por sua acentuada força fragmentadora e separatista evidenciada entre as Igrejas protestantes históricas nas quais se manifestava (sem nos determos em outros aspectos que também já figuravam nas preocupações da Igreja antes mesmo do Pentecostalismo: o iluminismo, o fundamentalismo, o emocionalismo, o segregacionismo, e por aí afora...). Sem fundador (ou grupo de fundadores), sem um “manual” de procedimentos, marcado
por práticas um tanto quanto inusitadas nos ambientes católicos (oração por curas, por libertação do Mal, profecias em línguas estranhas...), não uniformes e nem unificadas, com uma espontaneidade e uma gestualidade beirando à extravagância, o Movimento Pentecostal Católico (como foi identificado no começo) irrompeu na Igreja do pós-Concílio como uma novidade preocupante. Para uns, um desafio teológico e pastoral. Para outros, um modismo alienante e obscurantista... Não foi, pois, sem grande surpresa, que o Movimento recebeu a mensagem que o Papa Francisco lhe enviou, em abril último, através de Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, em que – na sua jovial e característica espontaneidade – dizia: “Diga aos membros da Renovação Carismática que os amo muito”... Sem dúvidas, desde quando surgiu, não têm faltado também ao Movimento considerações positivas e significativas dos diversos Papas que o tem acompanhado. Paulo VI – sob cujo pontificado brotou o Movimento, e que, a princípio, negara ao Cardeal Suenens a permissão para participar do Congresso da Renovação Carismática em Grotaferrata (Roma) em outubro de 19732 – receoso de que isso pudesse soar como uma aprovação oficial da Igreja ao Movimento (coisa que ainda não havia acontecido) –, disse, em sua homilia na Basílica de São Pedro durante o encerramento do Segundo Congresso Internacional da RenoRevista Renovação
vação Carismática, a 19 de maio de 1975: “Para um mundo assim, cada vez mais secularizado, não há nada mais necessário do que o testemunho desta “renovação espiritual” que o Espírito Santo suscita hoje visivelmente nas regiões e ambientes mais diversos. As manifestações desta renovação são variadas: comunhão profunda das almas, contato íntimo com Deus na fidelidade aos compromissos assumidos no batismo, na oração com frequência comunitária, onde cada um, exprimindo-se livremente, ajuda, sustenta e fomenta a oração dos outros, tudo fundamentado numa convicção pessoal, derivada não só da doutrina recebida pela fé, mas também de certa experiência vivida, a saber, que sem Deus o homem nada pode, e que com Ele, pelo contrário, tudo é possível, daí essa necessidade de louvá-lo, darlhe graças, celebrar as maravilhas que realiza por toda parte em torno de nós e em nós mesmos. Então, esta “renovação espiritual”, como poderia deixar de ser uma ‘sorte’ para a Igreja e para o mundo? E neste caso, como não adotar todos os meios para que continue a sê-lo?”3 Embora já houvesse se dirigido à Renovação Carismática positivamente em ocasiões anteriores, nesta homilia Paulo VI deixa transparecer o progresso que começava a se instaurar no longo caminho da inserção eclesial objetiva do Movimento... De João Paulo I – cujo pontificado durou apenas 33 dias –, temos relacionada ao Movimento apenas uma carta que ele
Magistério Espiritualidade
julho/agoto . 2013
escreve ao Cardeal Suenens, dizenperceber o enorme salto promociodo-se positivamente impressionado nal pelo qual evoluiu o pensamento do Magistério da Igreja com relação com o conteúdo do livro “Um Novo Pentecostes”, que o Cardeal escreveàquela matéria que sempre foi o âmago, o embasamento de toda a ra4. De João Paulo II – o Papa que, até o momento, por mais tempo espiritualidade e a razão de ser da Renovação Carismática Católica. Asacompanhou o Movimento –, temos inúmeras pérolas de reconhecimensim “ensinou” o Papa aos senhores bispos: “Hoje gostaria de refletir breto, de acolhida, de incentivo. Um texto significativo com referencia à vemente convosco sobre a importância da acolhiessência da identidade do Movi...é como se dissesse: da, por parte dos dos carismento ele o disse ‘Diga que os amo mui- bispos, mas que o Espíà Renovação Carismática na vigília to porque os conheço de rito suscita para do Pentecostes de perto’ ” a edificação da 2004. ApresentanIgreja (...) Os bispos têm a tarefa de estarem atentos do o Movimento à Igreja Universal e trabalhar a fim de que os batizados como portadora de uma espiritualidade a ser por todos cultivada, diz possam crescer na graça e segundo os carismas que o Espírito Santo suso Papa: “Saúdo de modo especial os cita nos seus corações e nas suas comembros da Renovação no Espírito, uma das várias expressões da granmunidades. De fato, devemos sempre ter consciência de que os dons de família do Movimento Carismádo Espírito, extraordinários ou simtico Católico. Graças ao Movimento Carismático tantos cristãos, homens ples e humildes que sejam, são seme mulheres, jovens e adultos, têm pre dados gratuitamente para a ediredescoberto Pentecostes como reaficação de todos. O bispo, enquanto sinal visível da unidade da sua Igreja lidade viva e presente na sua existência cotidiana. Desejo que a espirituaparticular, tem a missão de unificar e harmonizar a diversidade carismálidade de Pentecostes se difunda na tica na unidade da Igreja, favorecenIgreja, como um renovado salto de do a reciprocidade entre sacerdócio oração, de santidade, de comunhão ordenado e o sacerdócio batismal. e de anúncio” (a 29 de maio de 2004). Acolhais, portanto, os carismas com Da parte de Bento XVI, ainda gratidão para a santificação da Igreque pudéssemos trazer aqui diverja e a vitalidade do apostolado!”. sas mensagens suas de acolhida ao Um incentivo, como se vê, não Movimento, creio ser importante só ao Movimento (ainda que indiressaltar o que disse ele “aos bispos reto), mas àquilo que o Movimento de recente nomeação” (15 de setempropõe que seja colocado em evibro de 2011), porque podemos, com dência na vida da Igreja... Voltaneste texto em mente, e voltando do ao Papa Francisco: o que há de no tempo para os idos dos anos 70,
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Revista Renovação
especial – edificante – em sua fala? Francisco vai além de uma afirmação com intenção de aprovação doutrinária, teológica ou conceitual ao Movimento: ele manifesta a sua acolhida afetiva e paternal; declara não só a sua legitimidade, mas o seu carinho e o seu amor à Renovação Carismática... E explica que não o faz por mera “figura de linguagem”, por força de expressão: “E como se não bastasse – disse Dom Fisichella –, antes de se despedir ele acrescentou: ‘Escute, diga a eles que eu os amo muito porque na Argentina eu era o responsável pela Renovação Carismática. E, por isso, eu os amo muito’ ”. Ou seja, é como se dissesse: “Diga que os amo muito porque os conheço de perto...” Concluo recordando uma reunião de bispos aqui no Brasil em que se discutiam as dificuldades pressentidas em relação ao Movimento, quando o recém-nomeado bispo Dom Silvestre Scandian, tomando a palavra, disse: “Devemos nos lembrar aqui de Gamaliel... Se o Movimento não vier de Deus, vai acabar por si só; mas se vier d’Ele, não vamos poder cerceá-lo...”. ¹ “REPERTÓRIO-Associazioni Internazionali di Fideli”, Pontifício Consiglio Per I Laici, Lib. Editrice Vaticana, 2004, p. 107. 2 SUENENS, Card., “Memories and Hopes”, Veritas Publications, Dublin, 1992, p. 268-272 3 “Os papas falam da Renovação Carismática Católica”, Ed. Loyola, São Paulo, 1982, p. 14 e 15 4 “Os papas falam sobre a Renovação Carismática”, Edições Loyola, São Paulo, 1982, p. 22.
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Sede Nacional Projetos
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Canas já é a nova sede
do Escritório Nacional dA RCC A construção da Sede Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil segue avançando a passos largos na cidade de Canas/SP. O Palco do Centro de Eventos está sendo construído desde o mês de fevereiro e já recebeu a laje do primeiro andar, que abrigará, provisoriamente, quando concluído, a estrutura do Escritório Nacional da RCCBRASIL. A novidade fica por conta da mudança do Escritório Nacional do Movimento, que até o dia 15 de julho esteve sediado na cidade de Pelotas/RS, para a cidade que abriga a
construção da Sede Nacional. A decisão pela mudança faz com que fiquemos mais próximos da construção e já nos estabeleçamos na região que o Senhor preparou para nós. O Vale do Paraíba é uma região mais central, o que facilitará a vida do Movimento em vários aspectos. Acompanhe a entrevista com o gerente geral do Escritório Nacional da RCCBRASIL, Lázaro Praxedes, que fala sobre a mudança e a construção da Sede Nacional, aos leitores da Revista Renovação.
ENTREVISTA REVISTA RENOVAÇÃO - O Escritório Nacional mudou-se para Canas/SP, a cidade que abriga a construção da Sede Nacional. Como foi essa decisão de se mudar antes da obra concluída? LÁZARO PRAXEDES - A Renovação Carismática Católica é um Movimento que declara constantemente que Jesus Cristo é o Senhor. Assim, antes de tomar qualquer decisão, perguntamos ao Senhor Jesus qual é a sua vontade. Mudar para a região do vale do Paraíba, para mim, é estar no centro da vontade de Deus. REVISTA RENOVAÇÃO - O que significa para o Escritório Nacional essa construção? LÁZARO PRAXEDES - Tenho trabalhando no Escritório Nacional desde o ano de 2009, e neste período o Escritório já passou por vários lugares, fazendo várias mudanças, procurando locais que comportassem nossa estrutura organizativa. Para o Escritório Nacional, a construção da Sede Nacional é uma grande bênção, pois lá estaremos em um lugar projetado especialmente para nossa estrutura. REVISTA RENOVAÇÃO - O que significa para o Movimento a construção da Sede?
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LÁZARO PRAXEDES - Para o Movimen-
to, a construção da Sede Nacional é o cumprimento das promessas de Deus. REVISTA RENOVAÇÃO - Como é ver a profecia da Sede se cumprindo ao longo desses anos e fazer parte disso? LÁZARO PRAXEDES - Quando olho para todo o bem que Deus nos fez, penso no que disse o profeta Samuel (I Samuel 7, 12) “até aqui nos socorreu o Senhor”. Quando vejo a Sede Nacional, digo que é obra maravilhosa de Deus aos nossos olhos. Fazer parte desta história é verdadeiramente um privilégio. REVISTA RENOVAÇÃO - O que representa a Sede Nacional na sua vida? LÁZARO PRAXEDES - Para a vida de todo o carismático, “nossa casa é nossa bênção”. REVISTA RENOVAÇÃO - Qual a sua relação com a construção da Sede? LÁZARO PRAXEDES - Tive o privilégio de realizar várias tarefas, auxiliei nas campanhas de arrecadação, participei das equipes que esboçaram as primeiras linhas das plantas, todos os contratos e orçamentos das empresas que trabalharam ou forneceram materiais passaram por minhas mãos. Deus me deu a graça de participar ativamente da realização deste sonho. Revista Renovação
REVISTA RENOVAÇÃO – Para você, como gerente geral do Escritório Nacional, como é ver a construção da Sede Nacional avançando, por vezes mais aceleradamente, por vezes mais lentamente, mas avançando no cumprimento de uma promessa de Cristo, de um sonho de Deus? LÁZARO PRAXEDES - O livro do Eclesiastes nos ensina que “Existe um tempo para cada coisa”(Eclesiastes 3, 1-8). Assim, acredito que estamos no tempo de Deus. Eu sinceramente gostaria que estivéssemos bem mais acelerados. No entanto, não se trata somente de uma construção material, estamos em um processo de construção e reconstrução. Desde o início das obras, o Espírito Santo nos levou a entender que havia um propósito maior na construção. Deus está se servido de uma construção física para realizar algo novo em nosso Movimento. Estamos vivenciando um tempo de despertar espiritual, um sentimento profundo de pertença ao Movimento. Penso que este despertar atingirá todos os membros do Movimento. Assim, em um momento vamos mais acelerado, em outro de forma mais lenta, mas a obra não para. Vamos sempre em frente rumo à realização deste sonho.
julho/agosto
Projetos Missão
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Lágrimas e ardor
missionário: o testemunho
de nossa missionária na África
Desde o mês de novembro de 2012, uma nova fase de missão foi iniciada na história da Renovação Carismática Católica do Brasil com a Missão Uganda. Duas missionárias brasileiras que residiam na Casa de Missão de Pelotas/RS partiram para a cidade de Mbarara, em Uganda, na África, onde, junto à Comunidade Yesu Ahuriire Community, desenvolvem trabalhos de evangelização e assistência social voltados a órfãos, doentes do HIV/AIDS, viúvas e pessoas assoladas pela miséria. Você pode acompanhar, agora, o testemunho da rondoniense Rita de Cássia Luiz de Sá. Ela fala de como foi seu chamado e como tem sido os dias nesta nova missão. “Há quase um ano, quando ouvi o chamado de Deus no Encontro Mundial de Jovens da RCC, em Foz do Iguaçu/PR, para deixar o Brasil em direção ao continente africano, não poderia imaginar o que isso significaria em minha vida. Vim para Uganda – país do chamado – com o desejo de partilhar o amor de Deus que experimentei em minha vida, com o anseio de testemunhar a possibilidade de uma vida nova, gerada a partir do encontro pessoal com Jesus, com vontade de servir meus irmãos africanos. Antes de tudo, encontrei-me com minha origem. Sinto-me em casa, com os meus. Por ser negra, a aproximação é ainda mais natural, mas também me deparei com o horror do pecado social, que aqui nos parece mais visível e cruel. Crianças órfãs, vítimas dos conflitos, milhares de adultos e pequenos sofrendo por causa do HIV, miséria. Quando você conversa com os jovens, é impossível não se comover, são histórias marcadas por lutas diárias de sobrevivência, um passado cheio de traumas e feridas abertas. Muitos deles sem perspectivas de vida, sem sonhos. Todo o meu desafio em relação à língua (tivemos que aprender o Inglês), comida, cultura em geral, tornou-se muito pequeno diante de tudo isso. Deume forças para enfrentar a morte de um sobrinho querido e o câncer na vida do meu pai, fatos sucedidos em família de-
pois que vim pra cá. Lembro-me uma vez que fomos fazer missão em um lugar muito pobre, visitando as casas e levando alguma palavra de esperança. A certa altura, eu quis voltar para a paróquia que nos acolhia, ir pro quarto e chorar. Chorar por causa da situação que presenciava, aliás, as lágrimas aqui correm facilmente, porque muitos inocentes passam por grandes sofrimentos. É Jesus Cristo padecendo de novo no meio de nós! Meus conceitos sobre missão e amor ganharam outra conotação. Muito mais que estender a mão para oferecer qualquer coisa, teria que ofertar a mim mesma e foi aqui, na África de tantas dores, que vi um Bispo dizendo que a pobreza só teria fim quando o Evangelho for novamente pregado nestas terras. Fiquei impressionada com suas palavras e seu ardor apostólico. Outro momento marcante foi quando fomos entregar os medicamentos aos portadores do HIV. Quando chegamos, a comunidade local estava velando alguém, vítima da enfermidade. Senti-me feliz porque aqueles que estavam ali receberiam os medicamentos e sobreviveriam por mais tempo. Desta campanha assumida por vocês com tanta generosidade, veio um sinal de Deus que sempre lembraremos. Como sabem, estivemos por três meses rezando, em discernimento, para que o Senhor nos orientasse em que lugar se Revista Renovação
deveria fixar a Base de Missão. Confirmou-se em nossas orações sobre um local cujo nome é Mwizi – nome em dialeto local que significa que não tem água. É uma vila pobre, onde as pessoas vivem nas colinas. Não há energia ou água – a não ser a coletada da chuva – e fica a cerca de uma hora e meia da cidade. E um grupo de enfermos que seriam beneficiados com os medicamentos habita esta região. Por isso pedimos um carro. A missão lá só poderá ser viabilizada tendo um veículo tracionado. O surpreendente é que, quando chegamos ao local para a distribuição dos remédios, precisamente no terreno onde temos como sonho solidificar a missão, o povo já reunido nos aguardava, louvando e orando. Conseguem imaginar o que é isso? Não sabíamos de nada. Fabiany e eu estávamos tão alegres que os que estavam conosco também se alegraram e juntos dissemos palavras de gratidão a Deus. Eu só conseguia dizer: ‘É o nosso povo, Faby, é o nosso povo, Faby!’. Vê-los sobre aquela terra mostrada por Deus a nós, bendizendo o nome do Senhor, trouxenos a certeza: é esta a porção que Deus confia a RCCBRASIL para cuidar. Amém, aleluia!” Se você quer contribuir com esta Base de Missão e nos auxiliar a fazer com que a missão RCCBRASIL em Uganda possa seguir em andamento, sem retardar seus projetos, entre em contato conosco enviando um e-mail para ajudauganda@rccbrasil.org.br
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Notícias
julho/agosto
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Congressos Estaduais acontecem em todo o país Aos moldes dos encontros realizados em 2011, neste ano todos os vinte e seis estados do país e o Distrito Federal realizarão seus Congressos Estaduais. Momentos em que os carismáticos de cada estado se reúnem para formação, pregação, louvor, adoração e escuta profética. No primeiro semestre, desde o mês de janeiro, Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte, Goiás, Alagoas, Paraná e Piauí realizaram seus eventos, que têm uma folga no mês de julho, em virtude da Jornada Mundial da Juventude. Já em agosto, eles são retomados, a partir do primeiro final de semana (confira no box a data de realização dos Congressos). Para Onazir Conceição, secretário geral do Conselho, essa tem sido uma experiência maravilhosa. “A RCC do Brasil é muito grande, graças a Deus, tanto pela extensão territorial do país, quanto pela grandiosi-
Agosto 2 a 4 Maranhão 16 a 18 Espírito Santo 16 a 18 Santa Catarina 23 a 25 Distrito Federal 23 a 25 Sergipe 23 a 25 Acre Setembro 30/08 a 1º Amapá 6 a 8 Rondônia 13 a 15 Pará 13 a 15 São Paulo 20 a 22 Bahia
dade do Movimento. A cada visita que fazemos aos estados, participamos de uma experiência nova, visto que encontramos realidades diferentes, nos aspectos culturais, mas principalmente porque podemos contribuir com as realidades próprias da nossa espiritualidade”, explica. Em todos os encontros, a presidente da RCCBRASIL, Katia Zavaris, centraliza sua pregação na temática que rege o ano da Renovação Carismática Católica do Brasil: “Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (I Jo 5,4b), e trabalha a moção do “Revive Renovação”, que foi por ela apresentada no Encontro Nacional de Formação deste ano. “Temos focado muito os aspectos da nossa espiritualidade propriamente dita, bem como a necessidade de permanente formação e a revitalização dos nossos Grupos de Oração. Com o exposto, temos a firme esperança de que chegaremos ao final
Outubro 11 a 13 Mato Grosso do Sul 11 a 13 Roraima 18 a 20Ceará 25 a 27 Minas Gerais 25 a 27 Rio Grande do Sul Novembro 1 a 3 Mato Grosso 8 a 10 Rio de Janeiro 8 a 10 Paraíba Dezembro 29/11 a 1º Tocantins
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de 2013 com uma Renovação mais consciente do seu chamado e de sua responsabilidade na ajuda da edificação do Reino”, salienta o secretário geral. “Vislumbramos um tempo novo! Em nossas visitas, temos encontrado estados em que a RCC está muito vigorosa em todas as suas realidades, mas também encontramos outros em cujas situações são de mais dificuldades”, conta Onazir. Os Congressos Estaduais surtiram efeitos muito importantes no ano de 2011, pois a Renovação Carismática Católica do Brasil foi fortalecida através desses encontros. A RCC ganhou um novo vigor para a formação, os Grupos de Oração e o engajamento dos membros do Movimento. Com os encontros de 2013, isso é esperado novamente, um avivamento da espiritualidade carismática, um Novo Pentecostes para cada um dos estados brasileiros.
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Sugestãdo de leitura
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Apresentação: Dom José Luis Azcona Bispo do Marajó
LIVRO:
MINHA VIDA EM MISSÃO “A senhorita Virtes Romani acada missão ou a vivem na “heresia ba de escrever um texto importante do pragmatismo pastoral e, portansobre missiologia. Não é um texto da to, na mediocridade e mesquinhez” teoria da ação missionária da Igreja, (Bento XVI). mas um texto vivo de sua vida em Este apelo firme vem, sem dúmissão. Sendo sua autora uma muvida, do Espírito, através não de uma lher leiga, não é fácil encontrar livros teóloga nem missióloga, mas de como o que está sendo apresentado. uma batizada, de uma mulher nova A soberania da graça no itineem Cristo Jesus e na força do Espírário da sua vida evidencia o amor rito Santo, em cuja espiritualidade, como cadência e ritmo de um proatravés da Renovação Carismática jeto existencial pautado pela misteCatólica, procede Virtes. Ele rejuriosa ternura de Deus. Mas Virtes não venesce a Igreja e lhe ensina toda a é uma mulher rendida, sem vontade verdade e continua a falar também própria, obsequente. Como muitos hoje à Igreja pelos seus profetas. profetas, ela questiona a Deus, a Todo fiel é chamado à santidade e à Ele se enfrenta, pede resposta em missão. “É preciso suscitar um ‘ardor momentos de crise impressionante, de santidade’ entre os missionários. variados e tenebrosos. Mas acaba A missão exige missionários santos” por ser seduzida (cf. Jer 20,7). Esta ( Cf. João Paulo II, RM 90). nota dramática que Para o acompanha o texto Deus, faça que este leitor atento, nos suspende e nos livro seja um instru- a vida misquestiona. sionária de É evidente que a mento poderoso em suas Virtes está mãos para reavivar o espígraça missionária na marcada vocação da autora não rito missionário no Brasil” pelo sinal é uma graça barata. É supremo da o fogo purificador da autenticidasantificação que toma conta da mesde da missão: “os pobres são evanma, fazendo-a mais dócil a cada etagelizados”( Mt 11,5). Isto significa, no pa deste processo implacável. Este livro que apresentamos: os pobres é um texto de espiritualidade missão respeitados como realmente são sionária, que clama na Igreja pelo e são ajudados a assumir sua conessencial da vocação missionária: dição de protagonistas na Igreja e a vida de santidade. Ou, como dizia na sociedade, amados apaixonadana sua Encíclica missionária o Beato mente por esta mulher, servidos até João Paulo II: “O verdadeiro missioa morte! Virtes, por exemplo, não nário é o santo”. Muitos hoje enconpoderia existir sem o que podemos tram esta palavra dura e se afastam chamar o “continente” Marajó aban-
donado e pobre. Este relato lembra com nitidez a toda a Igreja do Brasil que a sua primeira fronteira missionária é a Amazônia: Rondônia, Roraima, Marajó... Missiologia contextualizada, aqui e agora. Apelo urgente: “Quem irá por nós? A quem enviaremos?” (Is. 6). Por último, a irmã Virtes Romani nos desperta, com sua biografia missionária, para o resumo do segredo da fecundidade apostólica que com tanta precisão proclama São Paulo: “Assim, a morte trabalha em nós; a vida, porém, em vós!” (2Cor 4,12). Deus, faça com que este livro seja um instrumento poderoso em suas mãos para reavivar o espírito missionário no Brasil.”
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O livro Minha vida em missão, pode ser adquirido na loja virtual da Editora RCCBRASIL através do site: www.editorarccbrasil.com.br ou pelo telefone: (12) 3151.1421
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Espiritualidade A vida no Espírito
julho/agosto . 2013 Por Vinícius Rodrigues Simões
Coordenador Nacional do Ministério de Formação – RCCBRASIL Grupo de Oração Jesus Senhor
O poder da bênção Ser cristão é ser um “acontecimento feliz” para o mundo, para as pessoas que conosco convivem. Eis-nos diante deste lindo desafio: ser bênção, exalar o perfume de Cristo, ser presença de Deus onde quer que estejamos. Mas, para isso, precisamos vigiar nosso comportamento e renunciar a algumas práticas que, muitas vezes, sem percebermos, tornam-se comuns em nosso meio.
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A palavra bênção possui significados muito profundos e ricos. Entretanto, dois me chamam bastante a atenção: bênção significa benefício e também acontecimento feliz. Ao sermos abençoados por nosso Abbá (nosso Pai-Deus querido) somos cumulados de seus benefícios: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios.” “É Ele que cumula de benefícios a tua vida, e renova a tua juventude como a da águia” (Sl. 102, 2.5). Portanto, bênção é um benefício, um bem generosamente dirigido a alguém. Por outro lado, bênção é um favor que gera satisfação, felicidade, júbilo interior, contentamento, grande alegria; é um acontecimento feliz. O maior ícone desse favor, desse acontecimento feliz, foi a encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo” (Ef. 1, 3). Nesse sentido, também nós precisamos ser bênção para os outros. Uma vez abençoados por Deus, sejamos nós uma bênção para os irmãos em Cristo, para a nossa família, para os nossos lares, para a Igreja, para o Grupo de Oração do qual fazemos parte, para a RCCBRASIL, para o mundo em suas diversas implicações e desdobramentos. Precisamos ser esses “vasos transbordantes do benefício de Deus” e também esse “acontecimen-
to feliz” na vida das pessoas. É como o Senhor falou a Abrão: “Eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos” (Gn, 12, 2b). Ser, pois, agente transbordante do benefício de Deus implica em exalar o perfume de Cristo (cf. II Cor. 2, 14-15) através de nossas atitudes, postura, expressões faciais; através de nossos gestos, olhar, sentimentos, critérios, impulsos; através das prioridades que traçamos para nossas vidas, das escolhas que fazemos, das palavras que proferimos. De modo particular, quero me deter aqui na possibilidade de sermos agentes transbordantes do benefício de Deus através das nossas palavras. Sabemos que uma palavra tanto pode edificar, reconstruir, restabelecer, quanto pode ferir, matar, massacrar alguém. São Tiago nos ensina que um homem ou uma mulher que refreia sua língua é alguém perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo (cf. Tg. 3, 2b). E ele denunciou o que acontecia naquela comunidade, que não é diferente do que acontece hoje: “Com ela (língua) bendizemos o Senhor, nosso Pai, e com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que seja assim” (Tg. 3, 9-10). Irmãos, sabemos que xingamentos, calúnias, falsos testemunhos, fofocas, palavras de depreciação e de julgamentos temerários, gritarias, Revista Renovação
palavras geradas por impulso de raiva dentre outras não são palavras de bênção. Precisamos cuidar também para que não caiamos na armadilha de, movidos algumas vezes pela falsa pretensão de fazermos uma crítica construtiva, querer, em verdade, nos sobrepor ao outro para diminuí-lo e colocá-lo em xeque. Por vezes não exalamos o perfume de Cristo através de nossa língua, mas apresentamos uma espécie de espada bem afiada e fria a cortar o pescoço dos irmãos e a disseminar coisas que não são de Deus entre nós. Nossa língua precisa ser comunicadora do benefício de Deus! De igual modo, somos chamados a ser um “acontecimento feliz” na vida das pessoas. Quantas vezes ouvimos: “você foi enviado por Deus para me levantar” ou “sinto tanta paz quando estou com você ou quando converso com você”. Ser um acontecimento feliz na vida das pessoas é simplesmente mostrar a Face de Cristo para elas e conduzi-las para Deus através de nossas palavras e testemunho credível (cf. Porta Fidei, 15). O Papa Paulo VI, ao nos exortar que precisamos ter “fogo no coração, palavra nos lábios e profecia no olhar”, pretendeu abranger todos esses níveis da vida cristã: a experiência profunda com Deus que arde em nós, o impulso ardoroso de anunciar oportuna e importunamente a Boa-Nova e o testemunho coerente e eloquente do verdadeiro seguimento de Cristo.