Revista Renovação - Edição 86 - Maio/Junho de 2014

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ANO 15 - NÚMERO 86 - MAIO/JUNHO 2014

A ALEGRIA DE SER CRISTÃO A ALEGRIA SALVÍFICA

MARIA, A ALEGRIA EM SERVIR!

XXXI CONGRESSO NACIONAL DA RCC

ENCARTE

Por que nós, cristãos, cremos que só Jesus traz a felicidade

Três momentos do Evangelho mostram por que Maria é exemplo de disponibilidade ao plano de Deus

Um evento tradicional, que reúne carismáticos de todo o Brasil

ANIMADOS PELO ESPÍRITO, CAMINHEMOS E SIRVAMOS COM ALEGRIA!



maio/junho

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Nesta edição

ESPECIAL: A ALEGRIA DE SER CRISTÃO

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A FONTE DA VERDADEIRA ALEGRIA

A ALEGRIA DE VIVER EM COMUNIDADE

MARIA, A ALEGRIA EM SERVIR!

ALEGRIA, FRUTO DO ESPÍRITO SANTO!

08 ALEGRIA MISSIONÁRIA!

NA14 CONGRESSO CIONAL DA RCC

DEUS É O 16 DE NOSSO TRABALHO

DE 19 SUGESTÃO LEITURA: O LÍDER

21 COLABORADORES DA SEDE NACIONAL PASSAM A RECEBER

A VIDA NO 22 SEÇÃO ESPÍRITO: ALEGRIA

CARISMÁTICO

Expediente

Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 15 - Edição Nº 86: Maio/Junho 2014

Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537 Redação: Cristina Mansur /Jorge Corrêa / Laura Galvão Revisão: Mari Spessatto Fotos: Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico: Priscila Carvalho Design e Diagramação: Priscila Carvalho E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCCBRASIL Rua Antônio Favalli nº 23, Bairro Centro CEP 12.615-000 Canas/SP Tel.: (12) 3151-4451 As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte

BOLETIM INFORMATIVO

PERENE? COMO?

SEMEANDO A CULTURA DE PENTECOSTES Amado semeador, Chegamos à edição nº 86 de nossa Revista Renovação. Vemos como Deus tem nos abençoado e como tem sido Providente através de você, Semeador. Nós queremos aqui agradecer a santa e também providente intercessão de nossa Mãe Maria, a Mãe da ternura. Esta, que nosso Papa Francisco tem propagado tanto. Mãe que incansavelmente pede por nós, ora ao Filho por esse Movimento e por cada semeador espalhado por todo território nacional. Maria, Mãe da RCC do Brasil, nós te amamos, rendemos graças e te agradecemos! Caso você não seja colaborador e gostaria de contribuir, entre em contato conosco.

(12) 3151.4451 cadastro@rccbrasil.org.br


Editorial

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A ALEGRIA DO EVANGELHO Provavelmente, irmão leitor, você se lembra com clareza de seu primeiro encontro com Jesus. Aquele momento em que ouvindo a Sua voz, sentindo o Seu amor, toda a sua vida se transformou e seu coração foi tomado de uma inigualável alegria. Mas, mesmo passando por essa marcante experiência, muitas vezes, nos esquecemos do eco que este feliz encontro gera em nossa vida e passamos a trilhar nosso caminho de fé sem a presença deste divino presente. É por isso que, atento ao seu rebanho, Papa Francisco exorta os católicos do mundo todo a descobrirem a Alegria do Evangelho. O Santo Padre nos lembra de Isaías que, numa fé expectante, saúda o Messias se regozijando: “Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo” (Is 9,2). A festa que acontece na alma do profeta provém da certeza da salvação que será alcançada pelo Filho do Homem. Foi essa mesma alegria salvífica que fez com que os apóstolos permanecessem em Jerusalém, após a ascensão de Jesus, à espera da vinda do Paráclito. Depois do cumprimento da promessa, esses mesmos discípulos foram impulsionados a proclamar o Evangelho aprendido do Mestre. A experiência de Pentecostes fez brotar em cada um o fruto da alegria, por meio do qual, mesmo diante de prisões e martírios, continuaram firmes, proferindo palavras de louvor ao Senhor. A mesma alegria gerada pelo Espírito Santo identificamos em Maria que, ao ser envolvida com a Sombra do Altíssimo, cantou exultante a Deus Salvador. Tamanho júbilo é tão impactante que não encontra espaço suficiente em uma alma apenas, é preciso ser compartilhado. Por isso, a Mãe de Jesus sai “às pressas” ao encontro de Isabel. A alegria de Maria foi dar o sim a Deus, foi educar Jesus, foi ajudar sua prima. A alegria de Maria estava na disposição, no serviço, estava na missão! Este é um dos principais pontos aos quais Papa Francisco nos exorta: fazer a experiência da alegria da missionariedade. Segundo o Papa, “a alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária. Experimentam-na os setenta e dois discípulos, que voltam da missão cheios de alegria” (Evangelii Gaudium, parágrafo 21). Disso, aprendemos que a alegria da missão é particular no coração de cada um, mas tem função vivificante quando é celebrada em comunidade. É justamente assim que nossos Grupos de Oração precisam ser. Cada servo deve ser fecundado pela alegria missionária e cada participante precisa aí encontrar uma calorosa comunidade acolhedora. Nesta edição 86, aprofundamos alguns desses temas propostos por nosso Pastor em sua primeira Exortação Apostólica. Que cada artigo, notícia, reflexão e formação possa trazer a você, a sua família e ao seu Grupo de Oração, a real alegria que brota de Deus. Abençoada e feliz leitura! Revista Renovação

4 Revista Renovação

“A Alegria do Evangelho enche o c libertados do pecado, da tristeza Evangelii Gaudium, 1). Com estas palavras o Papa Francisco inicia a exortação apostólica Evangelii Gaudium, ou A Alegria do Evangelho. Contudo, é verdade que o mundo passa por transformações gigantescas e a sociedade parece não conseguir colocar harmonia em cada nova onda que empurra os seres humanos aos limites de suas capacidades. Assim, percebemos um mundo assolado pela tristeza e nos vemos rodeados pela violência e desesperança. Basta olharmos os noticiários e nos veremos diante de fatos, que racionalmente levariam qualquer um a imaginar que tudo está perdido. Na mesma Evangelii Gaudium o Papa Francisco pondera que: “A humanidade vive, neste momento, uma viragem histórica, que podemos constatar nos progressos que se verificam em vários campos. [...] Todavia não podemos esquecer que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas conseqüências. [...] O medo e o desespero apoderam-se do coração de inúmeras pessoas, mesmo nos chamados países ricos. A alegria de viver freqüentemente se desvanece; crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente.”


Palavra da presidente

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A PROMESSA DA ALEGRIA PLENA: NADA NEM NINGUÉM NOS PODE TIRAR

coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são a, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Papa Francisco, Mas a mensagem cristã é bem outra. Ela vem na contramão dessa derrota e propõe uma revolução no modo de ver o mundo. O Papa Francisco, ainda na Evangelii Gaudium, nos exorta a dizer não ao pessimismo estéril: “A alegria do Evangelho é tal que nada e ninguém no-la poderá tirar (cf. Jo 16, 22). Os males do nosso mundo – e os da Igreja – não deveriam servir como desculpa para reduzir a nossa entrega e o nosso ardor. Vejamo-los como desafios para crescer...”. Santo Irineu afirmava: “Na sua vinda, [Cristo] trouxe consigo toda a novidade”, a qual estabelece definitivamente um novo tempo para a renovação de nossas vidas, da nossa esperança, da nossa força, da nossa fé e da verdadeira alegria: “... mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; Ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para a frente sem se fatigar” (Isaias 40, 31). “... porque a alegria do Senhor será a nossa força” (Neemias 8, 10b). Verdadeiramente a nossa alegria está centrada em Cristo Jesus e através Dele todas as bênçãos do céu chegam a nós. O que acontece muitas vezes é que a vida, com suas tribulações, desafios e provações nos leva a viver em torno de nossos próprios problemas, como afirmou

Bento XVI: “O núcleo de toda a tentação [...] é colocar Deus de lado, o qual, junto às questões mais urgentes da nossa vida, aparece como algo secundário, se não mesmo supérfluo e incômodo” (Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, v.1, p. 35). Percebe-se que muitos pensam que seguir Jesus é optar por um caminho de dor e sofrimento, que acaba por fim representando abandonar a alegria de viver. Os primeiros Cristãos tiveram que mostrar que sua adesão a Jesus Cristo não era uma mera opção em um contexto social. Ao contrário, era uma opção baseada no “... encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (Documento de Aparecida, 12). E foi exatamente nos momentos de provação, que a graça superabundou entre eles e então puderam viver o céu ainda aqui na terra, pela certeza que tinham de que aquela boa nova de Salvação era a garantia da ressurreição com Cristo Jesus: “Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele” (Rm 6, 8). Foi por isso que São Paulo também disse aos Romanos: “Se Deus é por nós, quem será contra nós” (Rm 8, 31). Ora, o Senhor nos chama a confiarmos plenamente Revista Renovação

Nele, entregando a Ele os nossos problemas para que, com ânimo e fé, possamos viver a Sua promessa: A Alegria Plena! Não importam as circunstâncias! Aqui vale a pena citar mais uma vez a Evangelii Gaudium: “A proposta é viver a um nível superior, mas não com menor intensidade: ‘Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais”. E é esse o grande sentido da nossa existência! De fato, à medida que o discípulo conhece e ama o seu Senhor, experimenta a necessidade de compartilhar com outros a sua própria alegria, a alegria de proclamar a vida, a alegria de ser enviado e ir ao mundo para anunciar o amor de Deus. Que nós, carismáticos de todo o Brasil, possamos fazer de nossas vidas um testemunho de alegria para assim sermos instrumentos de conversão. Katia Roldi Zavaris

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova

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Especial

maio/junho . 2014 Por Francisco Elvis Rodrigues Oliveira

Coordenador do Ministério de Pregação RCC CE Grupo de Oração Comunidade Católica Transfiguração

A FONTE DA VERDADEIRA ALEGRIA Ao longo de nossa vida, podemos experimentar a alegria diversas vezes. Sim, esse sentimento pode vir e ir embora... Mas é possível viver a alegria em sua plenitude? É! Nós, cristãos, sabemos que sim, porque bebemos na fonte da verdadeira e plena felicidade: Jesus! E Ele reservou para nós o mais elevado nível de alegria: a alegria da salvação.

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“O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5, 22)1. O tema da alegria aparece constantemente por toda Escritura, já desde o Antigo Testamento, como, também, no Novo Testamento. São Paulo, em particular, retomou esse conceito por diversas vezes em suas cartas. Tanto que coloca a alegria como um dos frutos do Espírito Santo. Mais que isso. A alegria assume tamanha importância, que o Apóstolo a elenca imediatamente após o grande e principal fruto do Espírito – a caridade. Isso pode nos indicar que a alegria, portanto, é a consequência primeira da caridade. Dito de outro modo, aquele que busca a vida no Espírito não pode andar separado da alegria. Não pode ter uma “cara de funeral”2 aquele que um dia experimentou a riqueza do Evangelho de Cristo e o Próprio Cristo, como já nos alertara o Papa Francisco em sua primeira Exortação Apostólica. Sobre isso, um outro Francisco – o de Sales – já disse certa vez que um santo triste é um triste santo. Esta temática é tão importante (por que não dizer intrigante?) que podemos encontrar inúmeros filósofos, teólogos, santos e outros pensadores que dedicaram estudos e re-

flexões sobre a alegria. Também em diversos documentos da Igreja podem ser encontradas reflexões relacionadas a essa matéria3. Mas, o que vem a ser alegria? Como alcançá-la? Teria ela algo a ver com a salvação? Seria o mesmo que felicidade, prazer, realização e outros sentimentos afins? A palavra alegria aparece aproximadamente 300 vezes na Bíblia, sem contar as suas derivações, como alegre e alegrar, ou os seus correspondentes como júbilo, regozijo etc., o que eleva o número de referências a este tema. Desse modo, temos que para a Sagrada Escritura este dom é algo muito relevante. No entanto, ocorre por diversas vezes de inúmeras pessoas identificarem a vida com Deus, a experiência religiosa e o engajamento eclesial como uma vida triste, sem graça, medíocre ou acabrunhada, chegando mesmo a ter receios e escrúpulos de se aproximarem do Evangelho e da vida da Igreja, por receio de perder a alegria, os prazeres e as satisfações: numa palavra, a felicidade. Longe de ser uma privação, a vida em Cristo é justamente a plenitude da alegria e da felicidade que todo ser humano almeja desde o mais íntimo do seu coração. Na realidade, a única e verdadeira alegria está nEle, em Cristo. Como afirmou Revista Renovação

o Papa Emérito Bento XVI: “não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, ele dá tudo”4. Para além de ser entediante, triste ou restritiva, a vida em Cristo, e somente nEle é a fonte da alegria plena e verdadeira. Por certo que o indivíduo pode experimentar alegrias em outras fontes e realidades, como, por exemplo, nas conquistas e vitórias cotidianas: um filho que nasce, uma promoção almejada, uma viagem tão sonhada e assim por diante5. No entanto, existem diversos graus neste processo de fruição da alegria. Nós, os filhos de Deus, somos chamados a experimentar o mais alto nível de alegria que Nosso Senhor reservou para nós: a alegria da Salvação. Tal nível de alegria, por ser constante e perene, é chamado, acertadamente, felicidade! Ela é a alegria que não passa, que não tem fim, a expressão mais elevada da alegria6. Diz-se que a alegria consiste na aquisição de algum bem. Sob este 1

Grifo meu.

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Evangelii Gaudium, N. 10.

A título de exemplo, remetemos o leitor à Evangelii Gaudium, Gaudium et Spes, e Gaudete in Domino. 3

4 Durante a homilia da missa de início do ministério petrino em 24 de abril de 2005. 5 Mesmo nestas realidades ordinárias podemos perceber os cuidados e ação de Deus em nossas vidas. 6

Cf. Gaudete in Domino, N. 6.


Especial

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aspecto, vários pensadores (cristãos e não cristãos) estão concordes entre si. Por exemplo, o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) afirma que somos todos seres dotados de vontade e que a satisfação dessas vontades produz em nós um sentimento de prazer, proporcionando uma alegria que, no entanto, é momentânea. Por isso, temos que, a todo instante, buscar satisfazer nossos desejos, para manter o estado de satisfação (alegria). Tarefa que para o filósofo é inócua, pois ninguém é feliz sempre. Já para o holandês Spinoza (1632-1677), existe uma mobilidade na alegria, que nos faz buscar uma perfeição sempre superior à anterior. Para ele, “a alegria é a passagem de uma perfeição menor para uma maior”7. E como existe na alegria uma tendência a desaparecer, temos o desejo de uma alegria mais duradoura. Esta seria a beatitude (o desejo de eternidade). Em se tratando de pensadores cristãos, encontramos no pensamento de São Tomás de Aquino uma ideia semelhante. Para o doutor angélico, a alegria consiste na satisfação ou posse de um bem conhecido e amado. Vemos que, ao passo que é próprio do ser humano buscar a satisfação na posse de algum bem desejado (seja de ordem material ou imaterial), a alegria por ele experimentada sempre será passageira e efêmera. Mas o desejo de alegria continua a pulsar no coração do homem. Que podemos dizer sobre isso? Ora, se a alegria está na posse de um bem, a alegria que não passa está, pois, no bem que não passa, na eternidade, na salvação. É esta a beatitude, é esta a alegria sempiterna, é esta a felicidade. Sobre isto já nos indicou o salmista quando disse: “Devolve-me a alegria de ser salvo” (Sl 51, 14). A experiência de sermos remidos no Senhor, de termos experimentado a sua Salvação nos conduz a uma alegria vibrante e contagiante – fragrante – que só pode vir de Deus. Como

quando João Batista “estremeceu” no ventre de sua mãe ao ouvir a saudação de Maria que trazia Jesus em seu ventre. Ou, ainda, Nossa Senhora que exultou de alegria ao reconhecer o amor salvífico de Deus em sua vida (Cf. Lc 1, 46-49) e, finalmente, o próprio Jesus que exultou de alegria no Espírito ao render graças ao Pai por revelar os segredos aos pequenos (Lc 10, 21). Fica, portanto, evidente qual é e deve ser a fonte de alegria de todo cristão, pois, por mais que se tente satisfazer os desejos humanos – muitos legítimos – a alegria suprema, única e última é sempre de ordem espiritual8. Vivemos em uma sociedade que busca a todo custo fugir da dor e do sofrimento e, em contrapartida, avidamente procura ocasiões de prazeres e alegrias, entrando num verdadeiro círculo interminável de carência-desejo-sofrimento-satisfação-tédio, produzindo novas carências, desejos, satisfações e tédios, nunca chegando a algo que, finalmente, supra este desejo de encontrar a perfeita alegria existente no coração do homem. Constata-se, com isso, que “a sociedade tecnológica teve a possibilidade de multiplicar ocasiões de prazer; no entanto, ela também encontra grandes dificuldades em experimentar a alegria”9. Podemos perceber, portanto, que a alegria como dom de Deus independe de ocasiões prazerosas. Ela vem de dentro. Vem do coração de Jesus para o coração do homem. Embora estejamos em meio a sofrimentos e tribulações, mesmo que uma espada de dor pareça atravessar a nossa alma (Cf. Lc 2, 35), ainda assim podemos experimentar e proclamar a alegria do Senhor que é a nossa força (Ne 8, 10). Porém, onde encontrar alegria no momento da dor e do sofrimento? O próprio Jesus nos deu o exemplo e a ordem para tal. Com a morte do Senhor na cruz, podemos imaginar a tristeza e sofrimento que abateu os apóstolos e os discípulos. Com este sentimento ainda no coração é que Revista Renovação

as mulheres foram visitar o túmulo do Mestre no domingo pela manhã. Em seguida, Jesus aparece a elas e sua primeira saudação – ao mesmo tempo uma expressão de ordem – foi Alegrai-vos! (Cf. Mt 28,9)10. Ele! É Ele o motivo de nossa alegria! Jesus é a alegria dos homens!11 Todos os que buscamos a Deus precisamos nos encher desta alegria do Ressuscitado. Alegria que é dom do Espírito Santo, mesmo nas tribulações (Cf. I Tes 1, 6). Alegria que é tão urgente que surge como um imperativo, mesmo como que um “novo mandamento”, conforme São Paulo nos propõe: “Vivei com alegria” (II Cor 13, 11) ou ainda “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos!” (Fp 4, 4). Precisamos, pois, experimentar esta alegria do ressuscitado em nossas vidas. Sobremaneira, neste tempo em que ainda brilha a chama do círio pascal testemunhando que Nosso Deus está vivo e que venceu a morte! Que nossos Grupos de Oração sejam verdadeiras escolas de alegria. Alegria que não consiste em estar sorrindo sempre, mas que está fincada no coração amoroso de Jesus, pois “o amor de Deus só por si provoca a maior alegria”12 e o sofrimento, quando compreendido sob esta ótica da Redenção, adquire um sentido salvífico13 nos unindo ainda mais ao Senhor, causa de nossa alegria. Como batizados, trazemos no peito a missão de levar ao mundo este feliz anúncio e é no Espírito Santo que o podemos tornar sempre mais alegre e vivo: Jesus está vivo! Aleluia!

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Cf. Ética, III, def. 2 dos afetos.

8

Cf. Gaudete in Domino, N. 7.

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Ibidem.

Cf. Tradução Bíblia de Jerusalém e CNBB. A versão Ave-Maria traz a palavra Salve! 10

11 Referência à composição homônima de Johann Sebastian Bach. 12

Cf. Ibidem, N. 38.

13

Cf. Salvifici Doloris, N. 1.

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Especial

maio/junho . 2014 Por Lucimar Mazieiro

Membro da Comissão Nacional de Formação da RCCBRASIL Grupo de Oração Javé Chammá

ALEGRIA MISSIONÁRIA! Toda missão deve partir do encontro pessoal de cada um com o Senhor. Partindo dessa experiência revigorante, descobrimos em Jesus Ressuscitado está o sentido, o conteúdo, a motivação, a alegria de se doar à missão.

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Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que Ele lhes tinha falado (João 20,18). Com este versículo, podemos refletir sobre a alegria que envolve o missionário, o conteúdo que é anunciado e a grande motivação da missão. Olhando para a atitude de Madalena, percebemos que ela teve um grande encontro. Na verdade ela não encontrou algo que estava perdido, mas aquele que realmente deu sentido a toda sua vida. Sabemos pelos fatos do evangelho que ela estava chorando pela morte de Jesus. Madalena foi surpreendida por Deus naquela visita ao sepulcro, pois foi numa realidade de tristeza, luto e, para aumentar seu pranto, não encontrou o corpo de Jesus. Uma experiência magnífica, um grande ensinamento para todos nós, Madalena realmente experimenta que depois da cruz vem a ressurreição. Foi para visitar o corpo sepultado e se encontra com Jesus Ressuscitado. Podemos unir nossa vida a este grande acontecimento e perceber

que é exatamente isso que acontece ve-a Jesus, que exulta de alegria no com quem se encontra com Jesus. Espírito Santo e louva o Pai, porque Mesmo que a realidade seja de mora sua revelação chega aos pobres – te, de perda, de luta, este encontro 13 - e aos pequeninos (cf. Lc 10,21). com Jesus Vivo transforma nossa Sentem-na, cheios de admiração, realidade. Somos os primeiros que Mesmo que a realidade se convertem no surpreendidos por Ele e a vitória de seja de morte, de perda, Pentecostes, ao Deus se levanta em ouvir ‘cada um de luta, este encontro com na sua própria nossa vida. Baseados nes- Jesus Vivo transforma nossa língua’ (At 2,6) te grande aconteci- realidade. Somos surpreendi- a pregação dos Apóstolos. Esta mento em nossa fé, dos por Ele e a vitória de Deus alegria é um sinal podemos pensar de que o Evangesobre: Alegria Mis- se levanta em nossa vida” lho foi anunciado sionária, Conteúdo e está a frutificar. de Missão e Motivação Missionária. Mas contém sempre a dinâmica do Alegria Missionária êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de caminhar e de semear semAlém da citação bíblica acima, pre de novo, sempre mais além. O podemos vislumbrar o que nos diz Senhor diz: ‘Vamos para outra paro papa Francisco (Evangelium Gaute, para as aldeias vizinhas, a fim de dium, 21): “A alegria do Evangelho, pregar aí, pois foi para isso que Eu que enche a vida da comunidade vim’ (Mc 1,38). Ele, depois de lançar dos discípulos, é uma alegria missioa semente num lugar, não se demonária. Experimentam-na os setenta ra lá a explicar melhor ou a cumprir e dois discípulos que voltam da misnovos sinais, mas o Espírito leva-o a são cheios de alegria (cf. Lc 10,17). Vipartir para outras aldeias”.

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a Igreja, impelida pelo Espírito de situações vividas, assim aprendo a Cristo, deve trilhar a mesma senda viver o sacrifício de amor. de Cristo, isto é, os caminhos da poFalar sobre alegria de ser misbreza, da obediência, do serviço e da sionário é também falar de matuimolação de si até a morte, da qual ridade, porque Ele saiu vencedor viver a alegria não por sua RessurO que experimentamos significa que sou reição”. Por isso é tão surpreendente que isento de probleque “o sangue dos mas e sofrimenmártires é uma se- nasce em nós o desejo de tos, mas significa mente de cristãos”. que outros experimentem. que estarei semTodo contepre sentindo a údo e caminho de Então, passamos a querer presença de Deus missão estão intei- estar mais com Jesus para le- comigo. Esta cerramente ligados e, da presença vá-lo por onde tivermos que teza conforme o catede Deus comigo cismo nos ensina, passar, ao ponto de nos dei- vai me conduzir tudo está centrado xarmos ser conduzidos pelo aos lugares mais no próprio Cristo. distantes, porém Nossa experiência seu Espírito. Anunciar Jesus é os mais próximos com Ele nos leva a nossa missão” do coração de conhecê-lo e tudo Deus. O combusque anunciamos tível da alegria leva uma adesão à pessoa de Jesus missionária consiste em permanecer Cristo. Para viver a alegria da missão firmes com o Senhor de nossa vida. é só caminhar no caminho de Cristo, Quando analisamos conteúConteúdo da missão não apenas para falar de pobreza ou do, motivação e alegria, vemos que de obediência, mas para viver a obetudo se manifesta pelo testemunho Muitas vezes, mesmo tendo diência sendo pobre com o pobre. de vida em Cristo que o missionápassado por experiências profundas rio oferece àqueles que necessitam com Jesus, ficamos a procurar o que Motivação da Missão da missão. Nunca podemos perder anunciar. Mais uma vez podemos de vista que o Espírito Santo nos olhar para Maria Madalena e perceSe o Espírito Santo é o grande foi dado sem medidas, por isso não ber que na verdade ela levou como protagonista da missão, como nos existe limites para levar a alegria da grande novidade no seu anúncio o diz o catecismo, então é o próprio Ressurreição. que ela viu e experimentou. PortanEspírito que nos motiva para a misto, o missionário leva as pessoas a são. Agora é importante lembrar que conhecerem o que ele vivenciou com o grande motivo de nossa missão seu Senhor. nasce no amor. Meu encontro com Cristo leva-me a amar e me deixar Nosso conteúdo de missão está ser amado. O que vivencio é o que na sua origem, conforme nos acenlevo às nações. Este amor me faz pertua o catecismo (852): “O Espírito severar com Cristo, Santo é o protame fortalece mesmo gonista de toda a Todo conteúdo e cami- diante das situações missão eclesial”. É nho de missão estão mais difíceis. Este ele quem conduz amor me faz amar a Igreja pelos ca- inteiramente ligados e, conos mais necessitaminhos da missão. forme o catecismo nos endos, este amor não “Esta missão, no me deixa acomodar, sina, tudo está centrado no decurso da hiseste amor me ensina tória, continua e próprio Cristo” a unir minha vida à desdobra a missão de Jesus e encontrar do próprio Cristo, enviado sentido em todos os momentos e a evangelizar os pobres. Eis por que Comprovamos que quem se encontra com Jesus não consegue se conter diante da manifestação do fruto da alegria. Pois este encontro realmente muda nossa vida. Enchenos de sentido, nos leva a enxergar afinal que Jesus é a luz, nos faz experimentar o amor. Portanto, podemos dizer que a alegria missionária se manifesta em nossa vida a partir do encontro que pode acontecer pela Palavra anunciada, o verbo encarnado. Essa alegria não para no encontro, mas segue caminhando com Cristo, ou seja, vivendo o discipulado de Jesus. Um encontro que traça um caminho novo. O que experimentamos é tão surpreendente que nasce em nós o desejo de que outros experimentem. Então, passamos a querer estar mais com Jesus para levá-lo por onde tivermos que passar, ao ponto de nos deixarmos ser conduzidos pelo seu Espírito. Anunciar Jesus é nossa missão!

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Especial

maio/junho . 2014 Por Frederico Mastroangelo Simões Marques

Coordenador Estadual do Ministério de Formação RCC BA Grupo de Oração Imaculado Coração de Maria

A ALEGRIA DE VIVER EM COMUNIDADE Deus não nos chamou à vida para sermos pessoas solitárias. Também na caminhada rumo ao céu, não somos chamados a viver nossa fé de forma intimista. Precisamos uns do outros. Devemos cultivar os vínculos fraternos, viver em comunidade. São modelos autênticos para nós, a Santíssima Trindade, a Sagrada Família, Jesus, seus discípulos e os primeiros cristãos.

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Todos nós, cristãos, convidados a ser outro Cristo no meio em que vivemos, só cumpriremos bem o nosso papel se, a cada dia, buscarmos aprender com o Mestre e, a partir daí, caminharmos conforme a Sua Vontade. Por isso quero iniciar esta reflexão convidando-o a olhar um pouco mais para o nosso Mestre, Jesus. Ele sendo Deus, segunda Pessoa da Santíssima Trindade, faz parte da Comunidade Perfeita, a Trindade Santa. Sabemos que existe Um Só Deus em Três Pessoas e, olhando para esta Comunidade, notamos que Um se alegra em complementar a Missão do Outro. O Pai, que cria, envia o Filho, que redime, e Este revela o Pai, “quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9), e fala das coisas que estão no coração do Pai. A partir do Amor entre o Pai e o Filho e do transbordar deste Amor para com a humanidade, nos é dado o Espírito Santo, Aquele que Santifica, logo nos ajuda no caminho de conversão, o que implica em aceitar a Salvação que nos foi dada pelo Filho. Como nos exortava Dom Alberto Taveira, em sua pregação no ENF 2014, “precisamos ser mais coerentes com a Trindade”, se faz necessário viver em Unidade com

os Irmãos. Continuando esta caminhada de buscar aprender com o Mestre Jesus, observamos que O Mesmo veio ao mundo no seio de uma família, a família de Nazaré - Jesus, Maria e José - exemplo para nossas famílias. Todos alegres, compreendiam e ajudavam o outro a cumprir sua Missão. Como exemplo disso podemos olhar para São José que, após ser visitado em sonho, não abandona Maria. Iniciando a Sua vida pública, Jesus não fica sozinho, ao contrário, convida pessoas para estar perto Dele e ali vai preparando os Seus para depois dar continuidade a Sua Missão, ou seja, O Mestre viveu em Comunidade. Os primeiros cristãos, inclusive alguns tiveram a oportunidade de caminhar com Jesus, apreenderam bem com Ele e foram fiéis aos Seus ensinamentos. Permaneceram em Jerusalém até o cumprimento da promessa, o derramamento do Espírito Santo, (Atos 1, 12-14), “perseverando unanimemente na Oração”, e pela fidelidade deles, e vontade de Jesus, a Promessa se cumpriu. Pós Pentecostes (Atos 2, 42-47), a Unidade entre Revista Renovação

eles foi maior ainda, que a cada dia o Senhor acrescentava outros ao caminho da Salvação. Eles tinham tudo em comum, perseveravam na doutrina dos apóstolos, viviam alegres a ponto de outros desejarem fazer parte da Comunidade. De forma mútua, ajudavam entre si a superar as dificuldades inerentes a seu tempo, inclusive a perseguição sofrida pelo fato de serem cristãos. Devido à unidade dos primeiros cristãos, o cristianismo chegou aos tempos atuais, chegou até nós e, hoje, somos convidados a dar continuidade a esta Comunidade. Não podemos viver a nossa Fé de forma intimista, isolada, precisamos viver em unidade com os Irmãos. Fazemos parte de um Movimento dentro da Igreja Católica Apostólica Romana, a Renovação Carismática Católica (RCC), cuja expressão máxima é o Grupo de Oração (GO), célula fundamental da RCC. A nossa Identidade está alicerçada em um tripé: Batismo no Espírito Santo, prática dos Carismas e Vida Fraterna, e esta realidade não pode estar longe de nós. Um Batismo no Espírito Santo verdadeiro nos leva a uma vida no


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Espírito. Em consequência disso, os Carismas fluem com facilidade em nosso meio, não apenas quando estamos nas Reuniões do nosso GO, mas em nossa oração pessoal e em todos os momentos de nossas vidas. O exercício dos Carismas em uma Reunião de Oração é consequência do uso dos mesmos em nosso cotidiano. Por fim, também como um dos efeitos do Batismo no Espírito Santo, vivemos em comunidade e isto nos alegra.

Aproveito para lhe fazer uma pergunta, querido irmão: Que dia é a “reunião” do bolo e do suco do seu Grupo de Oração? Precisamos proporcionar momentos de descontração entre nós membros do Grupo, isto fortalece a Vida Fraterna. Nestes momentos temos a oportunidade de conhecer mais os nossos Irmãos e a Comunidade cresce.

Voltemos a olhar para o Mestre Jesus e notemos o que Ele nos diz em Mt 18, 20: “onde dois ou três esConforme nos apresenta o Encarte da Revista Renovação edição 84, tão reunidos em meu nome, aí estou Carismáticos: Artífices da Unidade, “a Eu no meio deles”. É na Comunidade unidade é um pressuposto para que que Jesus se manifesta, é quando eso Pentecostes aconteça e, ao mesmo tamos reunidos em Seu Santo Nome tempo, é uma das primeiras consequque Ele se faz presente e, ali, realiza as Suas Obras. A presença de Jesus traz ências do Batismo no Espírito Santo”. fecundidade e alegria. Em Jo 21, 1-14: É quando estamos unidos que o Espío Ressuscitado aparece aos discípurito Santo vem e, com a Sua vinda, nos tornamos mais unidos ainda (vida em los após uma noite de pesca sem sucomunidade). Logo, observamos que cesso e, com a presença de Jesus, eles os pilares da nossa identidade se revoltam a pescar. Agora, já não conselacionam; não é possível vivermos guem puxar as redes que estavam apenas parte deles. Quem faz uma cheias, eles reconhecem o Senhor e experiência verdase alegram com deira com o Senhor Quem está de fora preci- sua presença. Na Jedeseja que esta sa olhar para nós e dizer Comunidade, experiência perdusus está presente e por isso nos alere, deseja conviver ‘olha como eles se amam’ com pessoas que gramos. Esta alee, assim, desejar fazer par- gria vai aumentanexperimentaram da mesma graça, se te desta comunidade de do com a chegada sente bem em es- amor” de novos irmãos. “Digo-vos que astar com os irmãos, encontra na Comunidade ajuda para sim haverá maior júbilo no céu por enfrentar os problemas que o mundo um só pecador que fizer penitência apresenta, oferece ajuda também ao do que por noventa e nove justos que outro, se sente útil, e tudo isso nos não necessitem de arrependimento” alegra, vai aumentando em nós o gos(Lc 15, 7), o céu faz festa e nós aqui também! É sempre bom notar que to pela comunidade cristã. outros têm se aproximado do Senhor, Lembro-me agora do Grupo de que outros têm feito a mesma experiOração do qual participo. Todas as ência que nós um dia fizemos e, como terças-feiras nos encontramos na um círculo, esta alegria e este amor Igreja Matriz para a nossa Reunião de vivenciado por nós atraem mais pesOração, que geralmente termina por soas para a Comunidade. Quem está volta das 21h15. Termina tudo, alguns de fora precisa olhar para nós e dizer irmãos começam a ir para suas casas, “olha como eles se amam” e, assim, a Igreja é fechada, mas nota-se que desejar fazer parte desta comunidade sempre ficam alguns na porta da igrede amor. ja, conversando, dando risadas. Por

vezes parece que desejam fazer uma “nova” Reunião de Oração, os irmãos se sentem bem em estarem reunidos.

A Vida em Comunidade também nos ajuda a melhorar a nossa própria vida. Temos a oportunidade de, Revista Renovação

no encontro com o outro, partilhar o que temos e somos e perceber como o outro está e, assim, na alegria da comunidade, acabamos saindo de nós mesmos e indo ao auxílio do outro. Não vivemos mais em torno dos nossos próprios problemas. Esta mesma alegria nos ajuda a superar algumas divisões que, por vezes, vão surgindo dentro da Comunidade e que são naturais. Em meio a muitas pessoas, é normal que tenhamos pensamentos diferentes frente a um mesmo assunto; porém, quando chegamos a um denominador comum, todos se empenham em torno da decisão coletiva, não existe mais a minha opinião frente ao assunto e sim a opinião da comunidade. Cada um na Comunidade traz consigo características próprias e essas não devem ser desconsideradas. Viver em Comunidade não quer dizer aniquilar-se, mas, como ensina Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium parágrafo 235, levando em consideração as nossas raízes devemos ampliar a nossa visão em prol do bem comum, pois “o todo é mais do que a parte”. Portanto, somos felizes quando nos reconhecemos parte do rebanho de Cristo. Irmãos, nos tempos atuais, em que, dentre tantas outras coisas, o individualismo é propagado por uma sociedade, a qual alguns intitulam como pós-cristã, somos convidados a vivermos de forma mais intensa a proposta do Nosso Senhor. Nós, que fazemos a Experiência da Efusão do Espírito Santo, somos conduzidos pelo mesmo Espírito a nos alegrarmos na Comunidade Cristã. Que a nossa alegria possa atrair tantos outros para o nosso meio, que o nosso Grupo de Oração seja cada vez mais uma expressão das Comunidades Cristãs Primitivas nos dias de hoje e que outros possam, a partir desta Comunidade, voltar ou ingressar no corpo místico de Cristo, a Igreja. Para tanto, contemos sempre com o auxílio do Espírito Santo e que possamos rezar sempre dizendo: Vem, Espírito Santo! Na certeza de que, quando O chamamos, Ele vem.

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Especial

maio/junho . 2014 Por Maria Beatriz Spier Vargas

Coordenadora Nacional do Ministério de Pregação Grupo de Oração Magnificat

MARIA,

A ALEGRIA EM SERVIR! Uma jovem, ainda que com pouca idade, olha para si e tem certeza de sua identidade: serva do Senhor. Esta convicção de Maria a impulsiona a escolher o plano de Deus em sua vida. Inspirados Nela, poderemos aprender a andar na contramão de uma sociedade na qual tem prevalecido o egoísmo. Num mundo em que para muitos o importante é buscar a própria “felicidade”, mesmo que isso cause danos a tantos outros. um homem sábio. Sua esposa sofria de Alzheimer e estava totalmente incapaz, sequer comer sozinha ela Antes de se levantar e ir às prespodia. Este senhor, que todos chasas à casa de Isabel para ajudá-la mavam de “seu Machado”, cuidava durante o período de sua gravidez, de sua esposa com o maior carinho, Maria, a partir de suas afirmações, sem jamais murnos indica por que murar. Um dia lhe ela está pronta a Acreditar que a Palavra perguntei: “Como servir. “Eis aqui a consegue de Deus é a manifesta- otersenhor serva do Senhor”. tanta paciência Essas palavras deção de sua vontade per- e tanto amor?” Ele claram o que ela feita para nós faz com que respondeu: “Deus pensa a respeito me escolheu para acolhamos com alegria as seu marido sabende si mesma, o que ela acredita diversas circunstâncias de do que eu teria que ser a sua identicuidar dela. Foi a nossa vida” dade - serva do mim que Ele escosenhor - escolhida para servi-Lo, eslheu. Ela é a mãe de meus filhos e colhida para cooperar com o plano enquanto tinha saúde foi uma boa de salvação. esposa. Deus está me dando a honra de servi-Lo ao servir a minha espoAquilo que pensamos acerca de sa. Eu devo servir a Deus servindo os nós mesmos determina as nossas outros”. atitudes. Lembro de um senhor muito digno, um homem de muita fé que A convicção de que as oportuconheci quando coordenava o Grunidades que temos de servir aos oupo de Oração numa favela da cidatros são na verdade oportunidades de onde moro. Era ele a pessoa que de servir a Deus nos torna prontos e todos na comunidade procuravam aptos a servir. Assim como o Espírito quando precisavam de qualquer Santo cobriu Maria com sua sombra, tipo de discernimento, porque era assim também Ele nos cobrirá com “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1, 38a)

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sua graça para nos capacitar a bem servir e nos dará ainda a paciência, o amor, a fortaleza que precisamos. Quem nos garante isto é a palavra de Deus: “E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 5). O amor de Deus derramado no nosso coração é do tamanho e da estatura do amor de Cristo. São Paulo, na carta aos Efésios, vai nos dizer que somos “poderosamente robustecidos pelo Espírito em vista do crescimento do nosso homem interior” (cf Ef 3, 16). O “homem interior” é o homem regenerado pela graça. São Paulo continua, dizendo: “Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade, a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e sejais cheios de toda plenitude de Deus” (EF 3, 1719). Quando nos colocamos na atitude de servos do Senhor, a sua graça, isto é, a unção do Espírito nos regenera, nos tira de nosso egoísmo e


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inércia e nos fortalece, nos capacita a amar mais e de forma mais perfeita. “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38b) Esta segunda afirmação de Maria é uma resposta de fé e confiança nos desígnios de Deus. Maria reconhece na sua vida e nos desígnios de Deus que “tudo é muito bom” (cf Gn 1, 31). Acreditar que a Palavra de Deus é a manifestação de sua vontade perfeita para nós faz com que acolhamos com alegria as diversas circunstâncias de nossa vida.

sentir. Com todo seu ser, com toda sua consciência e vontade, com seu espírito, Maria crê na bondade e na ação prodigiosa de Deus. Por isso, louva, porque crê, porque confia, porque sabe que Deus age.

A manifestação concreta do louvor é doar-se livremente, é servir aos outros, é manifestar, cada um a seu modo, um raio da bondade infinita de Deus. Nós amamos porque Deus nos amou primeiro, nos doamos porque Deus se doou a nós primeiro e fizemos isso para manifestar a nossa gratidão e louvor a Ele. O Senhor nos dá muitas Maria acolheu O dia em que a bondade oportunidades de a Palavra, o Veraos outros, bo no seu ventre. de Deus apareceu mais servir de sermos bons Deus já disse tudo do que nunca na nossa vida, com os outros no seu Verbo, Ele em retribuição a já proferiu a sal- acredito ser o dia em que pisua bondade. São vação, porque o samos num Grupo de Oração. Paulo diz: “Mas Verbo é Jesus, o um dia apareceu a A nossa vida mudou e, por Salvador. Por isso, bondade de Deus, quando se apre- isso, devemos nos sentir monosso Salvador, e senta diante de tivados a partilhar deste bem o seu amor para nós a necessidade com os homens” de servir aos ou- com os outros” (Tt 3, 4). O dia em tros, quando precique a bondade de Deus apareceu samos nos doar, fazer sacrifícios, dar mais do que nunca na nossa vida, do nosso tempo, dos nossos recuracredito ser o dia em que pisamos sos, quando precisamos renunciar a num Grupo de Oração. A nossa vida nossa própria vontade em favor dos mudou e, por isso, devemos nos senoutros, isso faz parte do desígnio de tir motivados a partilhar deste bem salvação de Deus para a nossa vida com os outros. Cooperar na divulgae para a vida de quem estamos serção do Evangelho, ajudar as pessoas vindo. E isso deve alegrar o nosso a se encontrarem com Jesus Cristo coração, porque Deus está nos escopara serem salvas, para receberem lhendo, como escolheu Maria, para o batismo de regeneração e renovacooperarmos com seu plano de salção, pelo Espírito Santo (cf Tt 3, 5), vação. é a maneira que encontramos para retribuir o grande presente que rece“Minha alma glorifica ao Sebemos, o Batismo no Espírito Santo. nhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1, 46) Aprendemos isso com Maria, nossa Mãe, pois o Espírito Santo Ao chegar à casa de Isabel e ser desceu sobre ela e “ela se deixou saudada por ela, Maria exclama: “Miconduzir pelo Espírito, por um itinenha alma glorifica ao Senhor, meu rário de fé, rumo a uma destinação espírito exulta de alegria em Deus, feita de serviço”1. Ela, que sempre foi meu Salvador”. A alma é o que nos toda cheia do Espírito, quis ajudar constitui, é a nossa personalidade, os apóstolos e discípulos de Jesus o nosso jeito de ser, de pensar, de a receberem desta graça também.

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Ajudou-os com sua presença orante e sua fé inabalável nas promessas de Deus. No dia de Pentecostes, ela estava com eles no Cenáculo. “Juntamente com o Espírito Santo, sempre está Maria no meio do povo. Ela reunia os discípulos para invocá-lo (At 1, 14), e assim tornou possível a explosão missionária que se deu no Pentecostes”2. Ao olhar para a atitude de Maria, somos encorajados a viver de um modo diferente daquele que a sociedade atual apregoa. As pessoas dizem: “Vou pensar mais em mim mesmo, vou procurar a minha própria satisfação, afinal, eu mereço”. Aquele que aprende, com Maria, a ser humilde e a servir diz: “Eu me alegro em servir aos outros, porque sei que esta é a vontade de Deus para a minha vida e a sua vontade é sempre perfeita, tem sempre um propósito de salvação, um plano de amor que nos faz participar de sua vida bem aventurada”. Que ao acordar, todos os dias, possamos ficar alguns instantes em alegre contemplação da bondade e do amor de Deus. Deixemos nossa alma, nosso coração, nosso espírito, nossa vida ser inundada da alegria que nos vem do Senhor. Fiquemos por alguns instantes louvando ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Depois de louvar a Deus e nos deixar inundar de sua presença, digamos: “Eis aqui a serva (o servo) do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. Eis-me aqui, Senhor, para cooperar com teu plano de salvação”. E depois levantemos, às pressas, para passar mais um dia alegremente servindo ao Senhor. “Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1, 45). 1 Francisco,Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, n 287 2

Francisco, Evangelii Gaudium, n 287

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CONGRESSO NACIONAL DA RCC:

HÁ MAIS DE 40 ANOS CELEBRANDO A UNIDADE E REAVIVANDO A EXPERIÊNCIA DE PENTECOSTES

Chegamos à 31ª edição do Congresso Nacional! Olhando para esta história, contemplamos frutos, revivemos graças e ficamos à espera de incontáveis novas bênçãos que serão derramadas.

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Alegria, celebração e unidade. Palavras que podem resumir o Congresso Nacional da Renovação Carismática Católica. Em 2014, o grande encontro da família carismática do Brasil chega à sua 31ª edição. Um encontro que desde 1973 faz parte da vida do Movimento. Neste ano, a RCC é chamada a reforçar os vínculos da unidade . Com o tema “Completai a minha alegria permanecendo unidos” (Fl 2,2), o povo de Deus se reunirá de 17 a 20 de julho de 2014, no Centro de Eventos Pe. Victor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional de Aparecida. A moção dada por Deus, segundo a presidente do Conselho Nacional da RCC do Brasil, Katia Roldi Zavaris, é que o local do encontro se tornará em um grande cenáculo. Ela conta que, em setembro de 2013, o Conselho Nacional se pôs em oração para discernir sobre o Congresso. Com a realização da Copa do Mundo no Brasil no mês de julho, havia receio de se realizar este encontro devido a algumas dificuldades, como o aumento do preço de passa-

gens aéreas. Durante profundo momento de oração e escuta, continua Katia, o Senhor revelou que tudo deveria ser preparado, pois era vontade dEle que acontecesse. “Ele prometeu muitas bênçãos para estes dias” – diz Katia, que acrescenta - “rios de água viva serão derramados”. CONGRESSO NACIONAL: FESTA DA UNIDADE Desde as primeiras edições do Congresso Nacional, ele é caracterizado como a festa da unidade da RCC no Brasil. Iniciado em 1973, por iniciativa dos padres Eduardo Dougherty, SJ, e Haroldo Rahm, o encontro surgiu da necessidade de melhor organização da RCC no Brasil. Na primeira edição, realizada em Campinas /SP, participaram cerca de 50 líderes da Renovação. Com o passar dos anos, o Congresso foi se consolidando e atraindo cada vez mais participantes. Dos primeiros 50 participantes, o evento hoje atrai milhares de pessoas de todo o Brasil. A última edição foi realizada no ano de 2012, na cidade de Revista Renovação

Foz do Iguaçu, no Paraná, onde reuniu cerca de cinco mil pessoas. Essa edição foi realizada paralelamente ao Encontro Mundial de Jovens, que contou com cerca de 5 mil pessoas, evento preparativo da RCC mundial para o Jubileu de 50 anos da Renovação Carismática. Regina Aparecida dos Santos, membro do Grupo de Oração Jesus de Nazaré, em Aparecida/SP, já participou de várias edições do congresso. Algumas como participante, outras como serva. Ela lembra com alegria de todas as edições do evento que já participou. Tudo começou no final da década de 1980, quando o congresso foi realizado pela primeira vez em Aparecida. Em todas as edições das quais já participou, ela destaca que o mais marcante do congresso é o reabastecimento espiritual da Renovação como um todo. Era um levante da Renovação Carismática. Todos ficavam preenchidos daquela graça e viviam uma experiência pessoal com Jesus muito intensa. Segundo ela, a unção e a bênção derramadas durante o congresso eram tão grandes


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4) a viverem em unidade. Que eles que atingiam até aqueles que estativessem “um mesmo amor, uma só vam servindo. alma e os mesmos pensamentos”. Essa experiência também é Nada fizessem em espírito de partido partilhada por Luiz Carlos Rosa, do e vanglória, mas que considerassem Grupo de Oração Nossa Senhora os outros superiores a si mesmo. São Aparecida, de Passo Fundo/RS. Ele Paulo, pois, considera como motivo conta que participou das dez últide alegria o testemunho da vivência mas edições do congresso e que o de unidade entre os cristãos. mais marcante é o fortalecimento Katia Zavaris conta que a exespiritual para a missão no Grupo pectativa para o Congresso deste de Oração. “Somos fortalecidos para ano é justamente esta, que a alegria ser discípulos de Jesus. Saíamos de virá como um frulá reabastecidos”. São Paulo, pois, considera to da unidade. A Já para o mipresidente destalitar José Wellincomo motivo de alegria o ca também que gton, membro do Grupo de Oração testemunho da vivência de a temática do Congresso vem Nossa Senhora do unidade entre os cristãos” de um crescente Loreto, em Fortaledos momentos za/CE, participar do que a RCC está vivendo neste ano de Congresso é um momento de cresci2014. O primeiro grande momento mento. Ele conta que, além das prefoi o Encontro Nacional de Formagações, formações e momentos de ção, realizado em janeiro; e o segunoração, as partilhas que se formam do foi o Encontro Nacional para Conos intervalos são muito edificantes. ordenadores Diocesanos, realizado “Aproveito os intervalos e os almono início de maio. ços para conhecer outras realidades. Segundo ela, os dois enconAprendo muito com os outros”. tros propuseram Wellington participa do cona temática da gresso desde o ano de 1992 e diz que unidade e desse a última edição foi muito marcante. tema haverá um De Foz do Iguaçu, ele destaca o motransbordamento mento conduzido por Bob Canton, de alegria, no Conconselheiro do Serviço para a Regresso Nacional: novação Carismática Católica Inter“O Senhor prepara nacional (ICCRS). Para Wellington, a festa da alegria e a pregação do Bob foi um renovar, da unidade”. onde viveu, mais uma vez, uma exRevestidos periência profunda de Pentecostes. deste júbilo, muiEle finaliza dizendo que, mesmo tos irmãos já se participando fielmente do Grupo de preparam para se Oração, é preciso se reabastecer e o encontrar no XXXI Congresso Nacional é um momento Congresso Naciopropício. nal. Durval CorCOMPLETAI A MINHA ALEGRIA PERdeiro, da cidade MANECENDO UNIDOS de Simões Filho/ BA, está se orgaA alegria vivida e testemunhanizando para vir da ao longo de todas as edições do para o CongresCongresso Nacional da RCC é o tema so com a família deste ano. Na Palavra de Deus, São e com irmãos do Paulo exorta os Filipenses (cf. Fp 2,1Grupo de Oração.

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Ele participa da RCC desde 1996, no Grupo de Oração Vem Louvar. Apesar de já ter participado de outros encontros nacionais e dos congressos estaduais da Bahia, ele diz que esse é o seu primeiro Congresso Nacional. Segundo ele, a experiência de partilhar e rezar com pessoas do Brasil inteiro será muito edificante. De norte ou do sul, do nordeste ou sudeste, os carismáticos têm se mobilizado. Assim como Durval Cordeiro, Verônica Silva, da cidade de Suzano, na grande São Paulo, está se preparando para participar do Congresso Nacional. Ela foi a primeira a se inscrever no evento e está mobilizando os irmãos da diocese de Mogi das Cruzes, onde mora, para estarem presentes. Esse também será o primeiro Congresso de Verônica, que participa da RCC desde 2009, no Grupo de Oração Cristo Ressuscitado. Ela conta que a expectativa de vivenciar esses dias é muito grande.

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DE DEUS É O NOSSO TRABALHO Profissionais se empenham na evangelização, buscam implantar o Reino em seus ambientes de trabalho, difundindo a Cultura de Pentecostes, para assim construir a Civilização do Amor.

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O Projeto “1º de Maio: de Deus é o nosso trabalho” é fruto da moção que Deus suscitou à Comissão Nacional dos Profissionais (CNP) em março de 2009. A ideia principal do projeto é fazer algo diferente no dia 1º de Maio (dia do trabalhador), de modo a evangelizar, formar e celebrar com trabalhadores do país. Assim, os eventos promovidos pelos Profissionais do Reino nesse dia são momentos de comunhão plena com os colegas de trabalho e com toda a sociedade, mostrando que a Igreja, através da RCC, quer adentrar a vida de cada um e ser perene fonte de alegria, unidade e comunhão. O Profissional do Reino tem como campo de missão o trabalhador e o mundo do trabalho no qual está inserido: a sociedade. O Projeto 1º de Maio visa contribuir na continuidade da construção da missão dos Profissionais do Reino, na medida em que respondem à moção do Senhor de deixarmos de pescar com “anzóis” e começarmos a pescar com “redes” e em redes. Assim, os eventos realizados nesse dia devem ser meios eficazes de evangelização e ação no mundo do trabalho e na sociedade. Nesse ano, o projeto foi concretizado com ações variadas realizadas em diversas cidades do país com o lema: “Conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da Paz” (Ef 4,3). No estado de Minas Gerais, o

evento aconteceu em várias cidades. Em Uberlândia, foi organizado um encontro na Igreja São Paulo, onde os profissionais se reuniram para louvar e participar de uma formação espiritual e da Celebração Eucarística. Já em Juiz de Fora, foi realizada uma Missa para os profissionais e o evento “Despertar para o voluntariado”, cujo objetivo foi incluir essa prática de olhar o mundo de maneira mais humanizada e ser agente de transformação da realidade local. Em Montes Claros, foi organizado um jantar dançante. A renda do jantar será utilizada para a reforma da capela do Rosário, uma capela histórica da região, mas que há muito tempo está abandonada. Em Goiás, aconteceu a terceira Romaria do Trabalhador organizada pelos Profissionais do Reino. Partindo da cidade de Goiânia até o Santuário do Divino Pai Eterno, na cidade de Trindade, o evento contou com a participação de trabalhadores e seus familiares que se dispuseram a consagrar sua vida profissional e seu trabalho ao coração do Pai Eterno. Ao longo da caminhada, os trabalhadores meditaram sobre suas vidas profissionais e cotidianas. Ao final, foi celebrada uma Missa em Ação de Graças pelos trabalhadores, com bênção das carteiras de trabalho. Já na cidade de Mineiros, foi realizado um encontro à noite com missa, bênção das carteiras de trabalho, louvor e adoração a Deus por todos Revista Renovação

trabalhadores e também uma pregação com o tema “De Deus é o nosso trabalho”. Os trabalhadores foram motivados a assumir com maior intensidade e alegria a cumplicidade do anúncio do reino de Deus e a certeza de que Jesus está no comando de todos os projetos. No Maranhão, em São Luís, foram realizadas atividades na sede da RCC. A programação do encontro foi voltada para a espiritualidade e incluiu a Oração do Santo Terço, Santa Missa, Adoração, Louvor e Pregação. Já no Tocantins, em Araguaína, os P ro f i s s i o n a i s do Reino deci-


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diram aceitar um desafio ousado: aderindo ao chamado do Papa Francisco, levaram o projeto às comunidades carentes dos bairros Nova Araguaína, Monte Sinai, Vila Azul e JK. O evento começou pela manhã, com uma Missa Campal em Ação de Graças pelos trabalhadores e suas famílias, na Comunidade São José Operário, Bairro JK, na qual os trabalhadores receberam uma bênção especial. Durante toda a manhã, a comunidade pôde realizar diversas atividades gratuitas nas mais variadas áreas, como saúde, beleza, esporte, lazer e orientação jurídica. No estado de São Paulo também foram realizadas várias atividades do Projeto. Em São José dos Campos, o encontro aconteceu na Paróquia Sagrada Família, onde os trabalhadores viveram momentos de louvor, adoração, pregação e partilha. Também participaram da Santa Missa em agradecimento pelo trabalho, na intenção daqueles que buscam direção para a vida profissional, havendo bênção das carteiras profissionais e de currículos. Já na cidade de Ribeirão Preto, a celebração do Dia do Trabalhador aconteceu nas Paróquias Jesus Misericordioso e Santa Edwirges. Foi realizada uma reflexão sobre a dignidade do trabalho exercido por cada um de nós e de como colocar nossos trabalhos a serviço de Deus e do próximo, contribuindo, assim, para a construção da “Civilização do Amor”. Essa tarde de reflexão, oração e louvor foi finalizada com a Santa Missa e Adoração. Já na capital, foi realizada uma ação global, envolvendo as comunidades próximas ao Pico do Jaraguá. Profissionais de diversas áreas foram convocados para fornecer instruções, atendimentos e conscientização sobre diversos assuntos. Foram montados diversos stands com “espaço criança” (workshops de artes plásticas, teatrinhos); “espaço mulher” (curso de auto-maquiagem, dicas relacionadas à autoestima); “espaço saúde” (aferição de pressão arterial, dicas de alimentação e hábi-

tos saudáveis, atendimento médico, odontológico); entre outros. Além disso, foram realizadas atividades físicas e grupinhos de Oração. Em Maringá, no Paraná, o 1° de Maio foi celebrado antecipadamente com “Ciclo de palestras reflexivas e comemorativas do dia do trabalho”. A primeira palestra, no dia 28/04, versou sobre “A discriminação sexual no ambiente de trabalho: mudança de paradigma” e a segunda, no dia 29/04, “Marketing Pessoal e sua eficiência no mercado de trabalho”. As palestras foram realizadas na Universidade Estadual de Maringá. E assim, de diferentes modos, por meio do Projeto 1º de Maio, vários trabalhadores se mobilizaram para disseminar a Cultura de Pentecostes. Buscando uma sociedade mais igualitária, mais justa e mais repleta do Amor de Deus, sem colocar de lado o Senhorio de Jesus, mas a partir dessa realidade, construir pontes e trabalhar todas as dimensões do ser humano. Desejamos profundamente que este projeto “De Deus é o nosso trabalho” continue a ser vivido nessas dioceses, mas, também, possa se propagar para outros locais para que, a partir dessa experiência, mais e mais pessoas sejam chamadas a viver o Amor de Deus em sua profissão. Que nosso foco seja a pessoa amada por Deus, que em seu cotidiano profissional possam colocar suas atividades profissionais à disposição do Senhor! Que cada diocese viva intensamente o compromisso com esta proposta e se coloque a serviço da sociedade na construção da Civilização do Amor, como nos orienta o Evangelho e que ela possa ser uma ação de unidade de toda a Renovação Carismática Católica do Brasil, humildemente iniciada e conduzida, neste momento, pelos Profissionais do Reino da Renovação Carismática Católica. Conheça o site oficial do Projeto: www.projetoprimeirodemaio.com.br

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Grupo de Oração Institucional

maio/junho . 2014 Reinaldo Beserra dos Reis

Membro Permanente do Conselho Nacional Grupo de Oração Elena Guerra

ALEGRIA, FRUTO DO ESPÍRITO SANTO! Uma alegria que não é resultado de condições favoráveis, mas de algo sobrenatural, de uma intervenção divina. Este é o fruto que leva Paulo a declarar em sua carta: “Estou cheio de consolação, transbordo de alegria em todas as nossas tribulações” (II Cor 7,4b).

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A alegria é um dos frutos do Espírito prometido na Palavra à vinha mística do Senhor, que somos nós, os que cremos. Poderíamos nos perguntar: essa alegria é possível? É para todos? É permanente? Bem, a considerar a importância que o próprio Jesus lhe reserva em seus ensinamentos e promessas, poderíamos dizer que, em certo sentido, o objetivo da obra de Jesus é o de tornar possível para todos nós o acesso à plena alegria. Vejamos: “Eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa (...). Assim também, vós estais agora na tristeza; mas eu vos verei de novo, vosso coração então se alegrará e essa alegria ninguém arrebatará de vós. Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma. Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo dará. Até agora não pediste nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja perfeita” (cf. Jo 15,11; 16, 22-24). É certo que a tal plenitude de alegria só será alcançada na vida eterna, mas, ela já se antecipa entre nós, uma vez que ela é uma característica típica do reino de Deus. Não é o que nos ensina Paulo na carta aos Romanos? “O reino de Deus é (...) justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (cf. Rm 14,17). E insiste: “Alegrai-vos no Senhor o tempo todo; eu repito, alegrai-vos” (Fp 4,4). Interessante notar que Paulo se refere à alegria no Espírito Santo, e a alegrarmo-nos no Senhor. Paulo VI, na Exortação Apostólica Gaudete in Domino, dizia: “Em Deus,

tudo é alegria, porque tudo é dom”. Esse fruto é um dom, dom do Alto, e que, portanto, nada – nem ninguém – no-lo pode arrebatar. Frequentemente, costumamos pensar na alegria em termos de sentimentos, apenas; ou seja, numa alegria em que os sentidos são a referência principal, como quando, por exemplo, exultamos por uma oração milagrosamente respondida, por uma vida de paz e repleta de bênçãos divinas, ou ainda pelo profundo gozo que experimentamos quando em comunhão de oração e cânticos numa assembleia inflamada pelo derramamento do Espírito. É certo que Deus nos concede também essas bênçãos, esses “momentos transitórios de felicidade”, mas o fruto do Espírito chamado alegria possui dimensões que só se manifestam quando faz-se noite em nossos sentidos, e a aridez do deserto invade nossos mananciais de mansidão e tranquilidade. Pois a promessa para os que optam por Jesus Cristo não é a de uma vida marcada apenas por circunstâncias favoráveis e sem tribulações, mas a de que o Consolador nos dará a graça do fruto sobrenatural da alegria em quaisquer situações – especialmente nas mais difíceis, quando todos os recursos humanos já se mostraram ineficazes. Nisso reside o caráter sobrenatural desse dom, desse fruto. Olhemos para a recém-nascida Igreja: logo, Pedro e João são presos; um outro grupo de apóstolos é aprisionado e açoitado; Estevão é apedrejado até à morte; Tiago foi decapitado, Pedro voltou a ser preso por Herodes, Revista Renovação

e os cristãos eram perseguidos e expulsos de suas casas. E como se comportavam os cristãos? “Dividiam seus alimentos com alegria...” (cf. At 2,46). Constantemente, encontravam-se “louvando a Deus”... “E os discípulos estavam cheios de júbilo do Espírito Santo...” (Cf. At 13,52). É evidente que não se trata aqui de uma alegria resultante de “condições favoráveis”, de um sentimento de bem-estar meramente humano, mas de alguma coisa marcada também pelo selo do sobrenatural, da intervenção divina na vida dessas pessoas. Só assim podemos entender o comportamento de Paulo e Silas, que, lançados ao cárcere após “muitos açoites” e “com os pés ao tronco”, permitiram que o Consolador estivesse no controle da situação: “Pela meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais prisioneiros escutavam...” (cf. At 16,25). Qual não deve ter sido o espanto dos “demais prisioneiros”, pois não há nada de natural em louvar quando se está com os pés presos ao cepo, com o corpo coberto de chagas (v. 23)... “Alegrai-vos sempre, no Senhor”! Deve ter dito ele ante os olhares estupefatos dos demais. A alegria é um sinal claríssimo da presença do Espírito Santo. E, se ela é um dom de Deus, um fruto do Espírito, abramo-nos à legítima e permanente experiência da efusão do Espírito, permitindo que Ele tome posse de toda a nossa vida e dirija todo o nosso ser, o nosso agir, o nosso pensar... Para que “a nossa alegria seja permanente... e plena!”.


Sugestãdo de leitura

maio/junho . 2014

O LÍDER CARISMÁTICO DISCERNIMENTO, FÉ E AUTOCONHECIMENTO “Mas, afinal, como nasce um líder? É possível ensinar alguém a se tornar um líder ou este já nasce com tal habilidade e competência?” Esses são apenas alguns questionamentos que aparecem na obra: “O Líder Carismático – Discernimento, Fé e Autoconhecimento”, lançado este ano no Encontro Nacional de Formação em Aparecida/SP, pela Editora RCCBRASIL. Na obra, o autor e atual coordenador do Ministério de Pregação do estado do Ceará, Francisco Elvis Rodrigues, apresenta uma visão pósmoderna e atual do perfil de um líder que atua no Movimento da RCC. Para isso, ele busca exemplos das novas profissões que surgem no contexto empresarial como a figura do consultor, aquele que orienta, que tem mais experiência para o sucesso da empresa. Para ele, o conselheiro espiritual da RCC é aquele que vem ao encontro dessa necessidade. Por isso, ele afirma que “excelência e santidade são duas realidades que se comunicam”. Engajado no Movimento da RCC desde 1995, o autor justifica a publicação de um livro que trate sobre a temática da liderança carismática pela necessidade do mundo pósmoderno do surgimento de pessoas que sejam exemplo, tanto na esfera secular, quanto religiosa. Dessa forma, ele cita a passagem do livro de Marcos 6, 34 em que Jesus teve compaixão daquele povo que estava como ovelha sem pastor e, sendo assim, começou a ensiná-lo. Comparando as características de um bom líder às atitudes de Jesus, o autor afirma que o líder

pós-moderno não é aquele que dá ordens, mas aquele que dá testemunho, dá exemplo e mostra como se faz. Ao citar as palavras do Mestre: “Tome a sua cruz e me siga”, ele ressalta que Jesus não fala para seu povo caminhar sozinho, mas caminha junto. E, assim, ele começa a responder a pergunta inicial: “De onde nasce o líder?”. Para ele, a liderança na RCC nasce de um chamado que deve ser aprimorado. Várias são essas formas, por ele apresentadas na obra. Além de vários fundamentos bíblicos, ele se baseia no método Socrático, ao apresentar uma característica inovadora de líder. Para ele, a principal função de um líder seria aquele que extrai o que há de melhor nas pessoas e desenvolve o olhar de esperança e de futuro. Como desenvolver esse olhar é um dos principais pontos da obra, em que ele descreve várias dicas sob a perspectiva do evangelho. Em seguida, apresenta questões tais como, como ordenar bem o tempo e administrá-lo em seu favor. O autoconhecimento é também apresentado na obra como algo fundamental em um líder carismático para que ele possa ter consciência dos próprios valores, realizando, assim, um processo de liberdade interior e emancipação. Um líder bem resolvido resulta em “um povo de Deus mais bem conduzido”, afirma. Dessa forma, ele apresenta caminhos que um líder deve passar para que ele possa exercer seu papel com autoridade e poder e não cair na tentação de se deixar levar pelo espírito de grandeza e autossuficiência. Revista Renovação

Para ele, um líder que exerça seu mandato com autoridade e poder deve agir a partir das perspectivas de Jesus. Por fim, saber sair de cena é o que fará a obra frutificar – “nada lhe pertence, tudo é condição de Deus”. Concluindo, ele encara a liderança como um serviço ao outro, durante certo tempo, por isso criar líderes é, para ele, atividade essencial. Uma rica referência bibliográfica, em 124 páginas, interagindo sociologia, filosofia, teologia e espiritualidade carismática para auxiliar nossos líderes contemporâneos de Grupos de Oração, coordenações ministeriais, diocesanas, estaduais e nacionais. Sobre o Autor Francisco Elvis Rodrigues Oliveira é cearense, casado, filósofo e professor. Participa da Renovação Carismática Católica desde 1995 e é membro da Comunidade Católica da Transfiguração, Fortaleza/CE, além de leigo associado da Congregação de Jesus e Maria (padres eudistas). Dedica-se à evangelização através da pregação e formação desde 1998 e nos últimos anos tem se aplicado à formação de líderes da RCC. Pela Editora RCCBRASIL, publicou alguns artigos na Revista Teológica Veni Creator e traduziu os livros “Como pregar” e “As palavras de Maria”, de autoria de Pe. Diego Jaramillo. Para adquirir o livro, basta entrar em contato com a Editora RCCBRASIL através do site: www.editorarccbrasil.com.br ou pelo telefone: (12) 3151.4155

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Notícias

maio/junho . 2014

MISSÃO MARAJÓ: “SEIS ANOS DE PENTECOSTES!” “Esses seis anos foram pra mim o grande presente de Deus, o estar bem próxima Dele através deste povo. Eu só ganhei não perdi nada, encontrei a pérola preciosa e não a deixarei mais”, partilha emocionada, a missionária Virtes Romani, uma das pioneiras na Missão Marajó da RCCBRASIL. E é com essa mesma emoção e, principalmente, com grande gratidão a Deus, que o projeto missionário comemora mais um ano de visitas, orações, lutas, lágrimas e sorrisos, na certeza da presença soberana do Senhor em cada vitória conquistada. Em 04 de maio de 2008, os primeiros missionários chegavam a Breves/PA para compor a primeira Casa de Missão da RCCBRASIL em terras marajoaras. Seis anos depois, no mesmo 04 de maio, já na segunda base missionária da Ilha, em Afuá/PA, foi celebrada uma Santa Missa de Ação de Graças ao Projeto e foi iniciado mais um novo Grupo de Oração.

Coroa também a comemoração da Missão Marajó, a construção do Centro de Acolhida São Felipe Néri, em Afuá/ PA, uma obra que partiu da necessidade de abrigar com mais dignidade os pequeninos do Projeto Anjo da Guarda. Com um local mais adequado, as obras de evangelização, cultura, artes, esportes, poderão alcançar mais crianças. A missionária também conta sobre o andamento das obras: “O piso e a parte de alvenaria, cozinha, panificadora e banheiros, esta é a parte mais difícil. Custa muito dinheiro, pois tudo precisa vir do estado do Amapá. Depois que chega aqui de barco, precisamos carregar tudo até o local da obra, mas como não tem carro aqui, é preciso usar de força braçal. Chega de barco até à beira do rio, depois é com a gente”. Assim, passo a passo, a missão vai se realizando, em meio a lágrimas, dores, ousadia, fé e um crescimento sem tamanho para a alma. “Foram seis anos

de Pentecostes! Pra mim é como ver um filho crescer, eu creio que é por isso que nunca fui mãe, mas gerei esta missão e a amo profundamente”. Durante esse tempo de missão, Virtes descobriu que a companhia do povo marajoara a torna mais feliz e a faz permanecer a cada dia mais apaixonada pela missão: “Pretendo dar o resto das minhas forças pra esta missão. Enquanto eu respirar estarei com este povo sofrido. Eu creio que Deus me chamou desde todo sempre a estar com os pobres, é com eles que sou feliz”. Toda essa história de chamado à missão, lutas, conquistas, testemunhos e vitórias comemoradas em meio às dificuldades enfrentadas pelos necessitados da Ilha do Marajó precisa continuar e, para isso, conta com corações missionários que, mesmo distantes, possam colaborar com a Missão. Faça parte também desta missão através da sua colaboração. Entre em contato com o escritório da RCCBRASIL (12) 3151 4155.

“COMO O POUCO PODE SER MUITO NA VIDA DESSAS CRIANÇAS!”

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Por meio de um trabalho porta a porta, na região de Mwizi, no país de Uganda, as missionárias da RCCBRASIL, Rita de Cássia e Fabiany de Souza, visitaram e registraram 51 crianças ,que nunca estudaram, para serem apadrinhadas e, mais que incluí-las na escola, fazer um projeto de promoção humana e trabalhar também a parte espiritual. Esta foi a primeira etapa do projeto Kareebi, que contou com a colaboração de padrinhos brasileiros para condicionarem os estudos dos pequeninos ugandenses durante um ano. O dia 18 de março ficou marcado para nossas missionárias que saíram em visita aos locais de Kabatanagi, Kwoma e Kabaia para conhecerem as escolas e fazerem com que o corpo

docente tomasse consciência do propósito da RCC do Brasil para com essas crianças. Quatro meses depois, a visita foi com o propósito de fazer com que as famílias das crianças participassem do momento da matrícula e do recebimento de alguns materiais escolares. A alegria das missionárias foi imensa ao revê-los, naquele simples lugar, onde, ao invés de carteiras escolares, eles aguardavam acomodados no chão com os olhares cheios de esperança. E toda esta emoção da realização de cada etapa do projeto foi possível graças à ajuda de nossos kareebis – padrinhos que se dispuseram a ajudar a transformar a vida dessas crianças. A pedagoga da cidade de Sorocaba/SP, Juliana Lima, é uma madrinha e partilha: Revista Renovação

“Como o pouco pode ser muito na vida dessas crianças! O Senhor com certeza está muito feliz ao contemplar tudo aquilo que Ele tem sonhado se realizando, não só lá na África, mas também aqui na nossa realidade. Isso é apenas o começo de um lindo projeto, porque nós podemos ir além, divulgando em nossas Paróquias, Comunidades, Universidades... Para que mais crianças possam desfrutar deste direito. Eu, que sou professora, imagino a felicidade desses pais ao poderem ver essa graça chegando para seus filhos. Que sejam pessoas guerreiras e nunca desistam de seus sonhos. Eu os amo!”. Uma nova fase do projeto será iniciada com a proposta da melhora da estrutura física das escolas. Para saber mais, fique atento aos meios de comunicação da RCCBRASIL!


Notícias

maio/junho . 2014

RCC OFERECE FORMAÇÃO ONLINE PARA PREGADORES E JUVENTUDE SENTINELA O IEAD RCCBRASIL abriu neste mês de maio a inscrição para dois novos cursos das Séries Sentinelas da Manhã e Formação para Pregadores. A série Formação para Pregadores traz o lançamento “Ardor Missionário”, quarto curso que compõe a sequência: Formação de Pregadores, Pregações e Ensinos Inspirados, Anuncia-me. Mesmo sendo uma série, os cursos são independentes entre si, podendo ser cursados na ordem que o aluno desejar. Ardor Missionário é indicado para pregadores, servos e participantes de Grupos de Oração, e todos aqueles que promovem algum tipo de evangelização, até de atividades que não sejam ligadas à Renovação Carismática Católica. A série Sentinelas da Manhã chega reeditada com novo formato mais compacto. As aulas que antes eram realizadas em 14 semanas, agora podem ser cursadas em apenas sete semanas. Elaborados pela equipe do IEAD, em conjunto com a coordenação nacional do Ministério Jovem, os cursos apresentam novos materiais, com

exercícios específicos que ajudam a assimilar o conteúdo ensinado, sugestões de filmes, tudo pensado para se ter mais prática, facilidade e dinâmica no momento da aprendizagem. A série é composta pelos cursos Um tempo novo para a Juventude e Um caminho de Discipulado. Quem ministra as aulas é Fernando Gomes, coordenador nacional do Ministério e também autor da série de livros Sentinelas da Manhã, nos quais são baseados os conteúdos de ambos os cursos. Inscrições As inscrições para os cursos Ardor Missionário e Um tempo novo para Juventude foram abertas em maio e as primeiras aulas iniciaram em junho. Já Um caminho de discipulado abre inscrições a partir do dia 01/06, com início das aulas em 10/07, momento também em que abrem novas turmas dos dois cursos anteriores. Código Promocional para Sentinelas da Manhã

Ministério Universidades Renovadas e presidentes de Conselhos Diocesanos receberão via e-mail um código promocional que oferecerá desconto de R$ 20,00 na matrícula. Esse código poderá ser repassado mensalmente a três pessoas indicadas pelos coordenadores. Podem ser servos, participantes dos Grupos de Oração, ou até mesmo membros de outros Movimentos e pastorais que tenham trabalhos de evangelização com jovens. Contudo, neste primeiro mês, sugere-se privilegiar lideranças jovens da RCC na indicação. Para receber o código promocional, necessariamente, os coordenadores devem estar cadastrados e atualizados no SAVIC. Adultos e jovens que não tenham sido indicados podem realizar o curso, com valor de inscrição integral de R$ 45,00. É importante reforçar que o IEAD não possui mensalidade, portanto o custo total do curso é somente o valor da matrícula.

Todos os coordenadores diocesanos e estaduais do Ministério Jovem,

COLABORADORES DA SEDE NACIONAL PASSAM A RECEBER BOLETIM INFORMATIVO O Escritório Nacional da Renovação Carismática Católica encaminhou neste mês de maio a primeira edição do boletim Semeando a Vida no Espírito. O informativo será enviado trimestralmente a todos os semeadores que colaboram com a construção da Sede Nacional da RCCBRASIL. O boletim trará, em todas as

edições, partilhas sobre a visão espiritual da construção, notícias sobre o andamento da obra e testemunhos. A primeira edição contou com uma formação sobre a moção que inspirou a construção da Sede e a reconstrução espiritual do Movimento. O semeador nacional, Luiz César Martins, recorda nesta partilha a promessa de Deus para toda a Renovação. Já na seção de Testemunhos, um casal gaúcho fala sobre as bênçãos que Deus tem derramado sobre os Revista Renovação

Grupos de Oração da comunidade da qual participa, desde que seus membros se comprometeram em colaborar com a Sede Nacional. Entretanto, para que o boletim chegue à casa de todos os semeadores, é preciso que os dados pessoais desses irmãos e irmãs estejam atualizados. Se você colabora com a Sede Nacional e deseja atualizar o seu cadastro, entre em contato conosco pelo e-mail construcao@rccbrasil.org.br ou pelo telefone (12) 3151-4155.

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Espiritualidade

maio/junho . 2014 Por Lázaro Praxedes

Membro do Núcleo Nacional do Ministério de Pregação Grupo de Oração Fonte de Misericórdia

ALEGRIA PERENE? COMO? A Palavra de Deus é clara: devemos, com nossas vidas, testemunhar a verdadeira alegria. Mas, diante das adversidades, como manter o ânimo? Como não se deixar levar pelo mau humor? Pelas murmurações? Bem, isso vai depender de nossa postura, de como cultivamos a experiência transformadora do Batismo no Espírito Santo. Em meio a todas as dificuldades que encontramos em nossa vida quotidiana, a carta aos Filipenses nos apresenta um texto no mínimo desafiador: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4, 4-6). Diariamente, nos deparamos com problemas sociais como a desigualdade, violência, individualismo, também com nossos problemas familiares, de saúde, de trabalho. Em meio a essas situações, muitas vezes estranguladoras, como não entregar nossa alma à tristeza, ao desânimo, à depressão? O livro do Eclesiástico, no capítulo trinta, nos traz palavras de sabedoria: Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida. Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti, pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma (Eclo 30, 22- 25). Somos orientados pela Palavra de Deus a não entregar nossa alma à tristeza e a alegrar-nos no Senhor. Uma pergunta surge em nossa mente: o que é a alegria? O dicionário nos ajuda: alegria é contentamento, júbilo, prazer moral, regozijo, acontecimento feliz (Dicionário online Michaelis).

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Já o Catecismo da Igreja Católica,

em seu parágrafo 736, diz o seguinte: é por este poder do Espírito que os filhos de Deus podem dar frutos. Aquele que nos enxertou na verdadeira vida nos fará produzir “o fruto do Espírito, que é o amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio”. “Se vivemos pelo Espírito”, quanto mais renunciaremos a nós mesmos, tanto mais “pelo Espírito pautemos também nossa conduta”.

e simples. De várias maneiras, estas alegrias bebem na fonte do amor maior, que é o de Deus, a nós manifestado em Jesus Cristo. Não me cansarei de repetir estas palavras de Bento XVI que nos levam ao centro do Evangelho: ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.

Para o cristão, a alegria não é somente um fato passageiro, esporádico, uma sensação de bem-estar pessoal, não é deparar-se com um fato engraçado e dar uma boa gargalhada ou obter sucesso e gozar de seus benefícios. A alegria é mais que isso, é fruto de um relacionamento pessoal com Deus: “Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós e delícias eternas à vossa direita”, exclama o salmista (Sl 15, 11).

Isso que fala nosso Santo Papa, muitos de nós já tivemos a graça de experimentar na prática. Ao termos nosso encontro pessoal com Jesus, nossa vida se transformou, passamos a ter um maior gosto pela oração, pelos sacramentos; os valores do Evangelho passaram a fazer parte de nossa vida, iniciouse em nós um processo de conversão pessoal e o desejo de ter uma vida de intimidade com Deus.

Papa Francisco nos ensina, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, parágrafo 7: A tentação apresenta-se, frequentemente, sob forma de desculpas e queixas, como se tivesse de haver inúmeras condições para ser possível a alegria. Habitualmente isto acontece, porque a sociedade técnica teve a possibilidade de multiplicar as ocasiões de prazer; no entanto, ela encontra dificuldades grandes no engendrar também a alegria. Posso dizer que as alegrias mais belas e espontâneas, que vi ao longo da minha vida, são as alegrias de pessoas muito pobres que têm pouco a que se agarrar. Recordo também a alegria genuína daqueles que, mesmo no meio de grandes compromissos profissionais, souberam conservar um coração crente, generoso Revista Renovação

Na Renovação Carismática Católica, chamamos a este encontro pessoal de Batismo no Espírito Santo. Trata-se de um momento ímpar em nossas vidas. A partir desta experiência, somos chamados a permitir que o Espírito Santo nos transforme de tal modo, que nossa vida seja vivida no Espírito. Então, após a experiência do Batismo, se cultivarmos um relacionamento pessoal com Deus, experimentaremos, não uma alegria passageira que acaba diante de qualquer preocupação, mas uma alegria duradoura que é fruto da habitação do Espírito Santo em nós. E, mesmo diante das dificuldades de nosso dia a dia, conseguiremos afirmar como Neemias: “Este é um dia de festa consagrado ao nosso Senhor; não haja tristeza, porque a alegria do Senhor será a nossa força” (Ne 8, 12).




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