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ANO 15 - NÚMERO 89 - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2014
AMOR CRISTÃO CARISMAS COMO SERVIÇO DE AMOR NO GO Mais do que exercer uma função, os dons nos tornam intermédios da graça do amor de Deus
O AMOR CONJUGAL
ESPECIAL ENF 2015
Três fases pelas quais passam um casal para atingir a perfeita harmonia conjugal
Tema, workshops e inscrições. Fique por dentro do Encontro Nacional de Formação
ENCARTE COORDENADORES A SERVIÇO DO AMOR
novembro/dezembro
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Nesta edição ESPECIAL: AMOR CRISTÃO
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O AMOR DE DEUS
O OFÍCIO DO AMOR É A ESSÊNCIA CRISTÃ
AMOR CONJUGAL
CARISMAS COMO EXPRESSÃO DE AMOR
ME CHAMOU, MESMO NÃO 08 AMAR 16 ELE ME AMOU E EU ME RECEBENDO AMOR RENDI AO AMOR! ERGUENDO 19 REZAR AS MÃOS SANTAS
A EXPERIÊNCIA 20 VIVA DE CONHECER A NOSSA CASA, NOS-
2015: UM IM17 ENF PULSO A VIVER E
CAMINHAR NO ESPÍRITO
ALDEIA PLENA 22 UMA NO ESPÍRITO SANTO
SA BÊNÇÃO
SEMEANDO A VIDA NO ESPÍRITO Amado semeador, Graças a Deus e a sua generosidade chegamos à edição de nº 89 da Revista Renovação. Sua colaboração, com certeza, foi fundamental para essa caminhada e estamos colhendo muitos frutos da sua fidelidade. Muito obrigado. Contem com nossas orações. Caso você não seja colaborador e gostaria de contribuir, entre em contato conosco.
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Editorial
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A PRIMEIRA MISSÃO DO CRISTÃO
Expediente Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 15 - Edição Nº 89: Novembro/Dezembro 2014
Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537 Redação: Juliane Batista / Laura Galvão Revisão: Mari Spessatto Fotos: Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico, design e Diagramação: Priscila Carvalho Capa: Pintura ‘San Juan de Dios salvando a los enfermos’ (1880), por Gómez-Moreno. E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCCBRASIL Rua Antônio Favalli nº 23, Bairro Centro CEP 12.615-000 Canas/SP Tel.: (12) 3151-4155
Jesus ensina aos escribas que os dois maiores mandamentos da Lei de Deus consistem num só fundamento: o Amor, para com Ele e ao próximo (cf Mc 12, 29 - 31). Nisto se baseia a maior missão do cristão, em viver o amor. Estamos numa época Litúrgica propícia para meditar o ato de amor mais sublime já visto pela humanidade: Cristo despoja-se de si mesmo e é enviado pelo Pai para salvar o mundo. “De tal modo Deus amou o mundo que lhe deu seu Filho único para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Costumeiramente, ouvimos dizer sobre o “espírito natalino” que traz às pessoas novo ânimo, atitudes mais altruístas, um olhar para o próximo. Se isso realmente acontece, podemos remeter à grandeza dessa celebração, a festa da presença do próprio Amor entre a humanidade. Porque, mesmo que o mundo não O reconheça como centro destas festividades, Sua manifestação é tão grandiosa que tem o poder de alcançar até mesmo os corações descrentes. Ainda que o Natal, para muitos, seja apenas uma celebração e Jesus já tenha voltado para o Pai, Seu amor continua a ser manifestado ao mundo por meio de Seu Santo Espírito. Esse Amor é derramado sobre nós, seus filhos, que temos a grande responsabilidade de viver o amor cristão. Sabemos que cada atitude em Deus nos torna importantes instrumentos de Sua manifestação amorosa. Mas para isso, é preciso contemplar o Menino Deus em sua simples manjedoura e seguir seus passos no caminho de um amor verdadeiro. Aquele que se realiza gratuitamente, que não é forçado ou que se faz apenas para obedecer a Lei. É um amor de doação, esponsal. Nesta edição 89, queremos oferecer para você e seu Grupo de Oração uma profunda reflexão sobre essa manifestação do Amor para conosco e através de nós nas mais diversas realidades de vida: pessoal, vocacional, missionária, e até profissional. Que neste período natalino, seu coração possa ser alcançado por esse Amor que nos salva, preenche e nos transborda ao outro. Que você e sua família sejam alcançados pelo Senhor e que assim vivam durante todo este novo ano que está chegando. Santo Natal, Santo 2015 e abençoada leitura! Revista Renovação
As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.
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Palavra da presidente
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FRATERNIDADE, UMA DIMENSÃO ESSENCIAL DO HOMEM Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus, Quando lemos os evangelhos que narram a passagem de Jesus Cristo entre nós, percebemos que a centralidade do anúncio da Boa Nova, ou seja, aquilo que Ele mais exaltou durante o seu ministério aqui na terra, foi o amor. O Evangelho de São Marcos 12, 2831, nos exorta: “Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que este não existe”. Jesus aponta para o amor como o maior mandamento de todos. A Igreja nos ensina e exorta que o Amor a Deus é inseparável do Amor ao Próximo. Essa compreensão precisa estar arraigada em nossos corações. Deus nos amou primeiro! E dessa experiência de Amor colhemos frutos, abraçamos a fé e somos impelidos a amar. Somos convidados pelo Senhor a viver o mandamento do amor. De objeto do amor de Deus, somos desafiados a ser sujeito de um divino amor. E que fantástico que tal verdade nos revela: de amados
passamos a amar!
duradoura”.
Deus é amor, enfatiza o Papa Bento XVI em sua Encíclica Deus caritas est – da caridade de Deus tudo provém, por ela tudo toma forma, para ela tudo tende. A caridade é o dom maior que Deus concedeu aos homens; é a promessa de Jesus e é a nossa esperança: “Tu és meu Filho; eu hoje te gerei” (Sl 2, 7). E assim, conscientes do amor que Deus tem por nós, caminhamos para a reflexão proposta em I João 4, 20-21:
Assim percebemos que a vida fraterna pressupõe a vida em sociedade, pois essa é uma verdade que precisamos ter bem clara diante de nossos olhos: somos seres criados pelo Senhor para vivermos em comunidade. Desde a primeira forma de comunhão entre as pessoas da família até as comunidades dos bairros, o que, por fim, nos leva aos Grupos de Oração.
“Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão”. Nesse sentido, vemos que Jesus não nos pede para amar, Ele dá uma ordem! O Papa Francisco no diz que devemos ser construtores de pontes. Em sua primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz nesse ano de 2014, o ele envia para o mundo uma mensagem de alegria, de esperança e de paz, sob o escudo da fraternidade: “... a fraternidade é uma dimensão essencial do homem, sendo ele um ser relacional. A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, tornase impossível a construção de uma sociedade justa, de uma paz firme e Revista Renovação
Para o Papa Francisco, o motor da unidade da Igreja é o Espírito Santo, que faz a harmonia na diversidade. “Por isso é importante rezar”, concluiu o Papa: “Peçamos ao Senhor que nos faça cada vez mais unidos e jamais nos deixemos ser instrumentos de divisão. Como diz uma bela oração franciscana, que levemos amor onde há ódio, o perdão onde há ofensa, união onde há discórdia”. Que o amor de Deus inunde todos os Grupos de Oração da Renovação Carismática Católica do Brasil e que Nossa Senhora de Guadalupe interceda a Jesus para que vivamos o perfeito amor cristão! Um Santo e Feliz Natal a todos! Que em 2015 possamos viver plenamente no Espírito! No amor de Jesus e Maria, Katia Roldi Zavaris
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova
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Especial
novembro/dezembro . 2014 Por Marizete Martins Nunes do Nascimento
Membro da Comissão Nacional de Formação da RCCBRASIL Grupo de Oração Vinde e Vede, Goiânia/GO
O AMOR DE DEUS O Pai se manifesta por meio de cuidadosos atos à humanidade desde o princípio da Criação. Mesmo depois de terem pecado, os homens continuaram a receber o favor de Deus que enviou seu único Filho para morrer por eles. Tudo por amor! Fomos criados para a felicidade plena! O primeiro ser vivente foi colocado, por Deus, num Jardim especificamente formado para esse fim (cf. Gn 2,7-8). Ao homem foi concedido o livre arbítrio, sendo-lhe esclarecido por Deus: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que comeres, morrerás indubitavelmente” (Gn 2,16a-17). Desde o início, tínhamos limites a serem respeitados, mandamentos a serem cumpridos.
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Após a astúcia da serpente (inimigo de Deus) que sempre coloca em xeque os seres viventes, “a mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente” (Gn 3, 6). Foi a desobediência originária que introduziu o ser vivente na morte, gerando em seu coração o medo de Deus, levando-o a esconder-se
de Sua face. Gerou, pelas próprias mãos, a expulsão da vida plena e feliz. O inimigo de Deus insuflou a desobediência no coração do homem, o descumprimento da ordem divina, ocasionando a morte e, automaticamente, a rebelião. Ao deixar o Jardim, previamente criado para ele, o homem recebeu uma grande promessa de Deus, amostra de Seu Amor: “Porei ódio entre ti (a serpente) e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”(Gn 3, 15). A mulher é Maria, que pela sua obediência à vontade de Deus gera a vida para nós, a vida plena, que é Jesus Cristo. Maria ensina-nos que a obediência leva à vida e vida em plenitude. Obediência vem do latim, oboedire, que significa escutar com atenção, pode ser classificada como uma das virtude se se define como um comportamento pelo qual um ser aceita as ordens dadas Revista Renovação
por outro. O termo obediência, tal como a ação de obedecer, vem da escuta atenta à ação, que pode ser puramente passiva ou exterior ou, pelo contrário, provocar uma profunda atitude interna de resposta. Diante da dura cerviz do ser vivente, Deus renova sua promessa por meio do Profeta Isaías: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”(Is 7,14). Em Maria essa promessa se realiza quando o Anjo Gabriel lhe anuncia: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus [...] porque a Deus nenhuma coisa é impossível” (Lc1,35.37). Porém, tudo realizou-se a partir da resposta de Maria ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Como Maria, precisamos nos submeter ao Senhorio de Jesus, pois não foi por meio de ouro e pra-
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ta que fomos resgatados das mãos ções, e para a glória de vosso povo inimigas, mas pelo precioso sangue de Israel” (Lc 2,29-32). de Cristo (cf. I Pe 1,18), portanto, A essência do amor de Deus este é o ápice do Amor de Deus por por nós foi dar-nos a vida juntatodos nós. Em cada mente com Cristo, ...não podemos deixá- fomos salvos pela um de nós acontece o mesmo, para -la tornar-se uma festa graça. Juntamente que a Salvação com Cristo, o Pai entre em minha mundana, de simples troca nos ressuscitou e vida eu preciso dar de presentes, de endivida- fez-nos assentar o meu fiat, o meu mento, mas de confraterni- nos céus com Ele. sim ao projeto de Portanto, a salvaDeus, à Sua vonta- zação e renovação do pro- ção é oferecida a de. Daí inicia uma jeto de Salvação em nossas nós gratuitamenhistória de amor te, e nós aderimos vidas” em minha vida. a ela pela fé, que
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E o Verbo se fez carne e habitou entre nós. “Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor (Lc 2,10-11). É Natal! Nasce a nossa Salvação! A manifestação plena do Amor de Deus por nós. Precisamos ser humildes para ser convidados para essa grande festa, não podemos deixá-la tornar-se uma festa mundana, de simples troca de presentes, de endividamento, mas de confraternização e renovação do projeto de Salvação em nossas vidas. Em todo Natal, precisamos estar com esta mensagem renovada em nossa mente e em nosso coração e educar nossa família nesta visão da festa da cristandade, formando-a para partilhar, em primeira mão, o Amor infinito de Deus por nós. Quando a Salvação entra em nossa vida, seguimos nossa peregrinação neste mundo em paz rumo à Pátria celeste, à Pátria definitiva, a morte deixa de ser castigo para tornar-se a passagem para a plena redenção. Podemos repetir como Simeão: “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as na-
também é dada a nós como dom gratuito (cf. Ef2, 4-8).
da luz, como João Batista. Quando aderimos à luz, tornamo-nos verdadeiras testemunhas da luz e a luz que refletimos chama-se Jesus Cristo, onde ela chega ilumina todo homem e todo ambiente, por mais escuro que esteja. Por que certos lugares no mundo estão ainda vivendo nas trevas? Porque não chegaram lá, ainda, as testemunhas da luz, as testemunhas de Jesus Cristo. Pois todos que recebem Jesus Cristo em suas vidas, em toda a plenitude da graça, e creem em Seu nome, é-lhes outorgado o poder de se tornarem filhos de Deus, pela Sua divina vontade.
A Salvação carece de adesão É a nossa Filiação Divina, sopessoal, chamamos de experiência mos filhos do coração do próprio pessoal com Jesus Deus, por meio Cristo, quando faÉ amor doação que vai de Jesus Cristo. zemos a opção de nos moldando um para Assim se revela o deixá-Lo entrar em infinito amor de nossa vida. Ele ce- o outro e que acabamos Deus por nós, pois ará conosco e nós em seu Filho únicompreendendo as diferencearemos com Ele revelou-se Seu (cf. Apo 3,20). ças que nos são peculiares, co amor paternal, e Mais uma vez, que nos ensina a amar in- hoje damos conDeus concede-nos condicionalmente, mesmo tinuidade a esse a liberdade de projeto redentor escolha! O maior que não sejamos iguais. ” revelando a histópresente ofereciria da Salvação a todos os homens do por Ele à humanidade foi seu Fide boa-vontade, uma vez que Jesus lho único, porém Deus mantém ainjá está no seio do Pai, intercedendo da o livre arbítrio, somos livres para por nós dia e noite. aceitar essa grande graça em nossa Portanto, cabe a cada um de vida. Deus nos ama e nos deixa linós, testemunhas da Luz, revelar vres para optar pela abertura do cohoje o projeto salvífico de Deus a ração para ser plenificado com esse toda humanidade de boa vontade, amor divino. Significa viver o céu assim a Salvação chegará aos conaqui na terra, a felicidade plena. É o fins da Terra e o Amor de Deus inunpresente lindo e numa embalagem dará a vida da humanidade que se perfeita. Cabe a nós aceitar e usutornará a Civilização do Amor. Que fruir dessa grande graça. na grande festa da cristandade desNo Evangelho de São João, cate ano possamos ser instrumentos pítulo 1, versículos 1-18, vamos renas mãos de Deus para levar o Seu fletir que hoje a luz resplandece nas amor a muitos homens e mulheres trevas, e as trevas são dissipadas à de boa vontade. medida que os corações humanos aderem a viver na luz, transformanCf. CV II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 40. do-se em verdadeiras testemunhas
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Cf. Exortação Apostólica Christifideles Laici, n. 3
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Especial
novembro/dezembro . 2014 Por Roberta Lima
Membro da Comissão Nacional de Formação e Conselho Editorial RCCBRASIL Grupo de Oração Mater Domine, Aperibé/RJ
AMAR MESMO NÃO
RECEBENDO AMOR: CONDIÇÃO PARA A FELICIDADE
A oração do Pai-Nosso exige bem mais do que percebemos quando a rezamos. Ela pede mudança de vida, liberdade à ação do Espírito Santo, santidade. Não podemos mais somente repetir as palavras ensinadas por Jesus, mas é chegada a hora de vivermos com coerência aquilo que pedimos em oração. No meu início de caminhaApesar de serem duas frases granEsclarecendo isso, fica um da cristã, alguns trechos bíblicos des, Ele usou um único verbo (que pouco mais fácil entender por que me deixavam assustada frente ao determina ação) para resumir toda Jesus deu exemplos tão duros imenso desafio que representaa lei: amarás! A Deus, ao próximo, quanto a quem deveríamos amar. vam. Via como algo heroico o amor a si mesmo. O amor é um elemento Ele estava tentando deixar claro pedido por Cristo. próprio de um reque a resposta do outro não pode ...vou receber amor em lacionamento, por ser o limitante do nosso amor. Amar os inimigos, rezar pelos que me troca? O outro merece isso, para que ele Inimigo, agressor, ladrão, alguém odeiam, empresé necessárecorrente no erro... Não importa. meu amor? Nada disso im- exista, tar sem pensar em rio que tenhamos Amar é a chave da felicidade. Não receber de volta, porta! A lei se resume na o ser que ama e o é a resposta do outro que me fará oferecer a outra atitude ativa do eu: amarás” ser amado. Mas, feliz ou infeliz, mas sim quem eu face para quem na lei de Jesus, só escolho ser e realizar frente a todas me agride, perdoar setenta vezes uma coisa importa: o ser humaas situações. sete... No mínimo parece algo que no deve amar. A quem? Qual será Que exigente! Como será que foge da estrutura normal da sociea resposta do outro a esse amor? o ser humano pode conseguir amar dade atual. Com o tempo, descobri Vou receber amor em troca? O ousem pedir nada em troca? Como que Deus não pede nada que não tro merece meu amor? Nada disso manter o amor mesmo quando possamos cumprir. importa! A lei se reencontramos sume na atitude ati“Amarás ao Senhor teu Deus ... a resposta do outro rejeição? São va do eu: amarás. E de todo o teu coração, de toda a não pode ser o limitan- João nos dá essa o bom cumprimento tua alma, de todo o teu espírito e resposta: “Cadessa regra perfeita te do nosso amor. Inimigo, de todas as tuas forças. Eis aqui o ríssimos, ame(maior dentre todos segundo: Amarás o teu próximo agressor, ladrão, alguém mo-nos uns aos os mandamentos) como a ti mesmo” (Mc 12,30s). outros, porque garante a verdadeira recorrente no erro... Não o amor vem de Essa foi a resposta de Jesus quanrealização do ser hu- importa. Amar é a chave da Deus, (...) Deus é do questionado pelos fariseus somano. bre qual era o maior mandamento. amor” (I Jo 4,7a
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felicidade”
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.8b). Eis a fonte! O princípio básico barreiras e desculpas para justifido entendimento do amor de Deus car porque não devemos ser amaé saber que Ele é a origem de todo dos. Não acreditando no amor de amor, e que o primeiro passo dessa Deus, também não conseguimos dinâmica é sempre Dele: Deus nos acreditar no amor gratuito do ouama por primeiro. tro. Vivemos ten“...nós encontramos tando pagar, conEle é o início, Ele sabe quem é o ser Aquele que vai susten- quistar afeição. humano e por isso de tudo tar nosso amor, mesmo se Fazemos o ama de maneira para ser amáveis perfeita, constan- os outros não conseguirem (mudamos de opite, incondicional. amar de volta. Posso amar nião, nos adaptaQuando nos senaos costumes porque sou amado! Posso mos timos amados do grupo, somos dessa forma ines- doar porque primeiro rece- prestativos, bons gotável, nós en- bi” exemplos, educontramos Aquecados, carinhole que vai sustentar nosso amor, sos...) não por amor, mas para mesmo se os outros não consesermos amados! Quando fazemos guirem amar de volta. Posso amar por amor – doação não exigimos porque sou amado! Posso doar resposta, não pedimos reconheciporque primeiro recebi. E manifesmento, não é necessário nem que tar esse amor recebido me torna saibam que fui eu, “que tua mão mais próximo do Doador perfeito, esquerda não saiba o que fez a dime faz ser mais semelhante a Ele, e reita” (Mt 6,3b). por isso, amar me faz feliz. Nossa natureza mais perfeita
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Bom, já descobrimos que temos então uma fonte eterna de amor. Mas, trazendo para a triste realidade, temos grande dificuldade de sentir o amor de maneira natural por aqueles que, aparentemente, não fazem por merecê-lo. E acaba sendo tão mais fácil amar aqueles que são agradáveis, responsáveis, divertidos, acolhedores... Isso significa que nosso “amor” ainda está baseado no esquema de troca e não de doação. Não transbordamos porque não estamos cheios. E não estamos cheios porque não conseguimos nos abrir à fonte inesgotável de Amor. Temos dificuldade de acreditar que Deus realmente nos ama. Essa é a maior barreira que o homem precisa vencer nessa vida terrena: acreditar no amor de Deus! Por causa do pecado, achamos que não somos dignos do amor. “Protegemos” nossa intimidade com
e primitiva é amar. Essa é nossa essência! É o que fomos feitos para fazer. Por isso, o egocentrismo e o egoísmo são grandes causas de tristeza e insatisfação. Quando o ser humano se fecha, encontra um grande vazio e surge a necessidade de preencher a si mesmo de alguma forma, seja com bens materiais, com vícios ou com relacionamentos baseados no interesse. Você já se perguntou qual é a força que motiva seus relacionamentos? Será que você se relaciona para ser amado ou para amar? Precisamos nos desarmar frente ao Amor de Deus para que entremos em contato com essa nossa verdade interior. E, assim, naturalmente (não mais como uma regra difícil), o amor seja nossa expressão em todos os momentos, com todas as pessoas, sem exceções ou condições! Revista Renovação
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Especial
novembro/dezembro . 2014 Por Kédina Rodrigues
Coordenadora Estadual RCC do Distrito Federal Grupo de Oração ICTUS /DF
O OFÍCIO DO AMOR É A ESSÊNCIA CRISTÃ É possível ser cristão e ser indiferente ao sofrimento do outro? Do pobre, da viúva, do órfão? Não! As obras de caridade devem acompanhar aqueles que vivem sua fé conforme o Evangelho e não podem ser simplesmente delegadas. Tratar a dor do próximo com indiferença é incompatível com a fé cristã. Quem ama se importa, estende a mão ao necessitado, acolhe o sofredor. A caridade faz parte da nossa essência. Ao nos reunimos para orar em casa, geralmente as crianças dão uma aula de coerência, sempre com alguma novidade na oração. Pedem a Jesus pelo amigo, a professora da escola, até seus brinquedos que quebraram. Há uma relação intrínseca de um coração verdadeiramente puro com o coração do Pai Amoroso. Há coerência entre o Amor e as obras de caridade, entre o sentimento, a decisão e a ação. Dessa forma, parte-se do princípio de que falar sobre amor e as obras de caridade é falar de coerência cristã. O Papa Emérito Bento XVI, na Encíclica Deus Caritas Est, sobre o amor cristão, trata na segunda parte sobre a diaconia da caridade como dever essencial da Igreja. No número 25 do documento, assim se pronuncia de forma magistral:
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“A natureza íntima da Igreja exprime-se num tríplice dever: no anúncio da Palavra de Deus (kerygma-martyria), celebração dos Sacramentos (liturgia), serviço da caridade (diakonia). São deveres que se reclamam mutuamente, não podendo um ser separado dos outros. Para a Igreja, a caridade não é uma espécie de atividade de assistência social que se poderia mesmo deixar a outros, mas pertence à sua natureza, é expressão irrenunciável da sua própria essência” .
Ora, se é essencial, devemos considerar a caridade como a natureza da Igreja, e, ao mesmo tempo, o bálsamo, o odor, o bom perfume de Cristo (II Cor. 2,15), exalado pelo cheiro das ovelhas (cf. A Alegria do Evangelho, n.24). Somente exalamos o cheiro do outro se estamos unidos a ele, caminhando ao seu lado; segurando em suas mãos, seja porque necessita de segurança, seja apenas por carinho; participando de suas dores e alegrias; estar presente apenas por companhia ou simples solidariedade; ajudando-o a levantar após a queda ou celebrando num abraço suas conquistas. Fato é: não se pode exalar o perfume do Bom Pastor, se não se gasta o tempo com a ovelha ferida, caída, perdida ou saudável. É preciso colocá-la entre os braços e sentir sua ternura. O que nos move a isso é o amor caritativo e este não deve ser delegado por cada um de nós. O ofício de amor é nossa essência cristã. Ocorre, no entanto, que muitas vezes delega-se o ofício, sob a justificativa de tempo exíguo, de prestar ajuda por meio de um pagamento de boleto a uma instituição de caridade ou até mesmo de uma oferta generosa e, diga-se de passagem, isso é louvável, mas não deve e não pode substituir a “presença física”. A era digital protagoniza as atitudes que marcam a Revista Renovação
mudança de época e há que se cuidar para não a rejeitarmos, porém, com a atenção em não se acomodar e abandonar o olhar, o abraço, a escuta. Quão suave é a vivência fraterna (Sl 132,1), faz-nos sentir o cheiro do outro, exalar o bom perfume de Cristo e dilatar o coração. Não há outro meio, creia! Lembro-me da primeira vez que visitei o lar de idosos da RCC DF, em Planaltina, denominado CREVIN(Comunidade de Renovação Esperança e Vida Nova). Encontrei-me com uma irmã idosa sentada ao sofá na porta da instituição. Dei-lhe um caloroso abraço e fiquei olhando em seus olhos e ela fitou-me por alguns minutos sem dizer nada, até que murmurou: “Você veio me buscar?”. Fiquei sem resposta, um pouco desajeitada e comovida. A única reação que tive foi abraçá-la novamente e dizer a ela o quanto ela era amada por Deus e que Ele nunca a abandonaria. Naquele lugar, são inúmeras histórias de acolhimento e abandono, por mais paradoxal que pareça, são acolhidos na CREVIN por terem sido abandonados. Histórias que deixaram marcas em seus rostos, mas também em suas almas, que aguardam um ouvido terno para escutá-las, um braço generoso para acolhê-las e um sorriso caridoso para demonstrar o Amor do Pai.
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No último 29 de setembro, o Papa Francisco presidiu o encontro com os idosos e avós e exortou a comunidade a lutar contra a cultura do descarte do mundo atual. Ao concluir seu discurso, o Santo Padre assegurou que “como cristãos e como cidadãos, estamos chamados a imaginar, com fantasia e sabedoria, os caminhos para confrontar este desafio. Um povo que não cuida dos avós e não os trata bem não tem futuro: perde a memória, e se desarraiga de suas próprias raízes. Mas cuidado: vocês têm a responsabilidade de manter vivas estas raízes em vocês mesmos! Com a oração, a leitura do Evangelho, as obras de misericórdia. Assim permanecemos como árvores vivas, que até na velhice não deixam de dar frutos”.
(cf. Deus é Amor n.21).
obras estéreis” (O Caminho, n. 280).
O Estado tem seu dever e a Santa Mãe Igreja, por meio do magistério pontifício - vale notar a Rerum Novarum de Leão XIII (1891) e a trilogia das encíclicas sociais de João Paulo II: Laborem exercens (1981), Sollicitudo rei socialis (1987), Centesimusannus (1991) – dispõe e propõe a doutrina social contribuindo, assim, para formação humana e consciente da justiça cristã, respeitando de forma clara a responsabilidade e os limites do Estado.
Logo, nossa atitude cristã não deve ser instrumentalizada, funda-se, sim, no encontro pessoal com o Cristo Amado e, em decorrência do Amor extremo de Cristo, alcança o próximo. Nosso serviço não pode ser filantropia, uma vez que Igreja não é uma Organização Não Governamental, mas Mãe acolhedora, onde seus filhos se encontram em casa, com liberdade para celebrar o amor cristão. Uma mãe de coração aberto, que não prende seus filhos nas estruturas, mas os envia aos necessitados, aos caídos à beira do caminho. Uma Igreja em saída, em direção ao outro.
Dai a César o que pertence a César e a Deus o que pertence a Deus (Mt 22,21), assim denota-se que a política é dever central do Estado e, ainda, “um Estado, que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a uma grande banda de ladrões, como diz Agostinho. Não se deve objetar, em que pese o dever estatal, que a colaboração essencial da caridade cristã é imprescindível para o frutuoso êxito social.
A cultura do descarte se contrapõe à cultura do encontro, sobre a qual o Papa Francisco insiste em suas falas. É disso que trata este tema, o Espírito Santo deseja enHá coerência cristã ao Como já nos contrar em cada exortou o Papa ser indiferente ao pobre; um dos servos de Francisco; “a IgreJesus Cristo a dis- ao sofredor; à viúva; ao órja não é uma insponibilidade para fão; ao marginalizado; ao tituição com um o encontro com o fim em si própria outro, um coração cativo; àquele que encontro ou uma ONG, nem acolhedor, uma pelo caminho todos os dias muito menos se Igreja que dissedeve restringir ao me dirigir ao trabalho, à mina a cultura de ao clero e ao VaPentecostes por igreja, ao cinema, ao superticano. A Igreja meio do serviço mercado? A resposta, evié uma realidade ao outro, diz não mais ampla, que à acédia egoísta e dentemente, é não” se abre a toda a sim ao desafio de humanidade e que não nasce num uma espiritualidade missionária (cf. laboratório, improvisadamente, do Evangelli Gaudium). nada. É fundada em Jesus Cristo, Por vezes, tenta-se apartar o mas é um povo com uma história serviço social do espiritual. No enlonga e uma preparação que tem inítanto, veja, a “diaconia” como sercio muito antes de Jesus”. viço social é ao mesmo tempo um Ensina-nos São Josemaría Esserviço espiritual, conforme se obcrivá “se perdes o sentido sobrenaserva das comunidades primitivas; tural da tua vida, a tua caridade será “tratava-se, na verdade, de um ofício filantropia; a tua pureza, decência; verdadeiramente espiritual, que reaa tua mortificação, bobice; as tuas lizava um dever essencial da Igreja, o disciplinas, látego; e todas as tuas do amor bem ordenado ao próximo”
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Revista Renovação
As obras pelo amor caritativo são um dever essencial da Igreja, portanto, um dever essencial de cada cristão. Há coerência cristã ao ser indiferente ao pobre; ao sofredor; à viúva; ao órfão; ao marginalizado; ao cativo; àquele que encontro pelo caminho todos os dias ao me dirigir ao trabalho, à igreja, ao cinema, ao supermercado? A resposta, evidentemente, é não. Não há coerência entre o amor vinculado às obras de caridade e a indiferença. Ao debruçar o coração sobre a parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37), inclinamo-nos ao mesmo tempo para o necessitado que é, por várias vezes, ignorado na nossa estrada. A indiferença precisa ser superada pelo sentimento de compaixão e concretizada pela presença de uma alma repleta do amor cristão. Eis uma palavra não comungada pelas coerentes crianças: indiferença. Não faz parte de suas vidas, pois são extremamente éticas no seu falar com Deus. Não se contradizem. Ao ouvirmos o apelo do Cristo, presente no caído, abandonado, preso, excluído, maltratado, que a indiferença dê lugar ao cristianismo autêntico e nos faça servos que exalam o perfume do Cristo por meio do cheiro de suas ovelhas.
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Especial
novembro/dezembro . 2014 Por Carlos e Cleusa Bombonati
Coordenadores Nacionais Ministério para as Famílias RCCBRASIL Grupo de Oração
O AMOR CONJUGAL: UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ ALMA Vivemos em um tempo em que o casamento tem sido desvalorizado e até mal-entendido. São muitos os casais que não resistem às tempestades e desistem um do outro. E o amor que os levou a unirem-se onde está? Ele simplesmente acabou ou as pessoas é que não estão compreendendo direito o que é o amor? “Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher: e já não são que uma só carne” (Gn 2, 24).
nasce o amor conjugal que nos sela, sem que haja razões humanas que possam explicar. É um lindo mistério de Deus!
No princípio, Deus fez o homem e a mulher. Ao apresentar a mulher ao homem, o fez tal qual o pai que leva sua filha tomada pelo braço, até ao altar onde a entrega para seu noivo, seu futuro marido. Assim, ao ver a mulher que Deus fizera para ele, Adão, que vivia só e na solidão, alegrou-se e disse: “Eis agora aqui – disse o homem – o osso de meus ossos e a carne de minha carne: ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem” (Gn 2, 23).
Entretanto, nos dias atuais temos visto, cada vez mais, a deturpação do projeto de Deus. Jovens se acasalam, de forma passageira e sem compromisso algum, em nome do amor. O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1643, sobre os bens e as exigências do amor conjugal, diz:
Assim, Deus instituiu a família em sua mais pura essência que é o amor! É o amor que une o homem e a mulher. É o amor conjugal que nasce do coração de Deus, quando apresenta um para o outro.
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Temos ministrado muitos retiros para casais e, quando trabalhamos a dinâmica da escolha, sempre que perguntamos aos esposos: por que você escolheu a ele / ela?, as respostas são as mais variadas. Porém, ninguém consegue explicar a lógica em suas decisões. É assim, quando Deus nos apresenta um ao outro,
“O amor conjugal comporta uma totalidade na qual entram todos os componentes da pessoa – apelo do corpo e do instinto, força do sentimento e da afetividade, aspiração do espírito e da vontade; o amor conjugal dirige-se a uma unidade profundamente pessoal, aquela que, para além da união numa só carne, não conduz senão a um só coração e a uma só alma; ele exige a indissolubilidade e a fidelidade da doação recíproca definitiva e abre-se à fecundidade. Numa palavra, trata-se das características normais de todo amor conjugal natural, mas com um significado novo que não só as purifica e as consolida, mas eleva-as, a ponto de torná-las a expressão dos Revista Renovação
valores propriamente cristãos”. O amor conjugal é, então, uma comunhão total de ambos os cônjuges, implicando até mesmo na renúncia de si em favor do outro. É o amor que a razão não explica! Em sua homilia da missa na Casa Santa Marta, em 02 de junho de 2014, o Papa Francisco afirmou: “A vida matrimonial deve ser perseverante. Porque caso contrário o amor não pode andar para frente. A perseverança no amor, nos momentos bonitos e nos momentos difíceis, quando surgem os problemas: problemas com os filhos, problemas econômicos, problemas aqui, problemas lá. Mas o amor persevera, vai adiante, sempre procurando resolver as coisas para salvar a família. Perseverante: se levantam cada manhã, o homem e a mulher, e levam adiante a família”. Essa é a consciência que a Igreja nos dá, porque essa é a vontade de Deus para nós. Entretanto, o mundo nos diz que “o amor é muito bom enquanto dura”. Amor conjugal autêntico é para sempre. Não finda nunca. É viver sempre enquanto se viver. Temos a graça de testemunhar nosso amor conjugal de mais de meio
Especial
novembro/dezembro . 2014
se irrita, não guarda rancor. Não se século. São 52 anos e 10 meses de alegra com a injustiça, mas se rejubicomunhão, cumplicidade, partilha la com a verdae renúncia que susO amor conjugal é, então, de. Tudo destentam esse amor que Deus colocou uma comunhão total de culpa, tudo crê, tudo espera, em nossos corações. Amor que tem supe- ambos os cônjuges, implican- tudo suporta. rado todas as barrei- do até mesmo na renúncia de O amor jamais ras e tempestades si em favor do outro. É o amor acabará!”. que nos assolam. É São Paulo amor doação que que a razão não explica!” ainda nos dá vai nos moldando uma fórmuum para o outro e que acabamos la perfeita para manter esse amor: compreendendo as diferenças que “Não se ponha o sol sobre o vosso nos são peculiares, que nos ensina ressentimento. Não deis lugar ao a amar incondicionalmente, mesdemônio”(Ef 4, 26). Isso significa mo que não sejamos iguais. É amor perdoarem-se sempre. A ausência cumplicidade que nos leva a corresde perdão é como as “pequenas raponder aos anseios um do outro, posas que devastam nossas vinhas, sem mesmo serem solicitados. pois elas estão em flor” (Can 2, 15).
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No amor conjugal, vivemos três fases do amor: Eros, Filos e Ágape: Na fase Eros, amor atração física. Vive-se o fogo ardente de desejo um pelo outro. É o entregar-se de forma carnal. É o desejo sexual. Filos é a fase na qual um cuida do outro, amor proteção, momento em que desejamos e damos o ombro um para o outro. Finalmente, a fase Ágape que é a entrega total, na qual um dá a vida pelo outro. É o amor que Jesus viveu por nós: deu a vida pela nossa salvação, em expiação dos nossos pecados, sem nada exigir. É preciso compreender e viver essas três fases que são as responsáveis pela completa harmonia conjugal!
O amor conjugal precisa ser entendido e vivido na compreensão de que, enquanto pessoas somos diferentes, com personalidades diferentes; porém, pelo mistério de uma só carne nos tornamos um, sem que um anule a personalidade do outro, concedendo-lhe a liberdade do amor pleno que no ensina São Paulo em 1 Cor 13, 4-8a: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca seu próprios interesses, não
te fazer a nossa parte, porque Deus quer famílias felizes!
Sempre contamos uma história de um casal que, vendo seu casamento destruído, procurou um sábio para que o aconselhasse. Descreveram sua situação, enquanto o sábio os ouvia em total silêncio. Após concluírem a narrativa, o sábio, ainda em silêncio, saiu e, no seu retorno, deu-lhes um vaso de uma flor rara; porém, quase morta. O sábio lhes disse: essa flor é rara, porém, já está quase morta. Levem esse vaso para casa, e, se conseguirem recuperar essa flor, o casamento de vocês estará salvo. Foram embora sem entender e sem nenhuma esperança em alcançar seus objetivos. O casal já não dormia junto e, na madrugada, ele acordou e pensou que, naquele As vinhas representam nosso casacalor, se não molhasse a planta, ela mento que vai tão bem e a florada acabaria de morrer. Levantou-se e está perfeita. Mas, de repente, sem começou a cuidar da plantinha, tique percebamos as raposinhas já rando suas folhas secas, remexendo devoraram as flores, nossos sonhos, a terra, colocando água, sentindo colocando nosso lar em risco. Precipela planta muito amor. No outro samos estar atentos e cuidar desse quarto a mulher acordou e teve a bem tão precioso, o amor conjugal, mesma sensação: se eu não cuidar nossa família! da planta, ela “Nenhuma É amor doação que vai vai morrer. Letempestade é duranos moldando um para o vantou-se e, ao doura e o que Deus uniu o homem não outro e que acabamos com- chegar à sala, onde foi deixasepara” (Mc 10, 9). preendendo as diferenças da a planta, deUnidos em oração parou-se com que nos são peculiares, que conjugal (o casal nemarido, cessita orar junto), nos ensina a amar incondi- seu que com todo poderemos sempre carinho, já cuicionalmente, mesmo que não cantar a vitória em dava da plantiCristo. Quando Je- sejamos iguais. nha. Assustada, sus é a argamassa olhou nos olhos dele e ali, um olhanque nos une no amor, sempre vemos, do nos olhos do outro, encontraram, após a tempestade, uma grande boambos, a plantinha do amor que os nança. Podemos dizer como disse unia agonizando, necessitando de Salomão: “Eis que o inverno passou: cuidado, carinho, delicadeza, atencessaram e desapareceram as chução... Entendendo a mensagem davas. Apareceram as flores na nossa quele sábio, se abraçaram, se beijaterra, voltou o tempo das canções” ram e foram felizes para sempre! (Can 2, 11-12). Assim, viveremos o
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projeto de Deus para o matrimônio e para a família, eis que Deus já fez a parte dele, resta-nos, tão somenRevista Renovação
O amor conjugal é o amor de Deus que nos une! Onde tem família, tem alegria!
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Grupo Institucional de Oração
novembro/dezembro . 2014 Por Marília Cardoso de Lima
Comissão Estadual de Formação do Rio de Janeiro Grupo de Oração Jesus Senhor
CARISMAS COMO EXPRESSÃO DE AMOR EM NOSSOS GRUPOS DE ORAÇÃO Quantas pessoas já foram curadas em nossos Grupos de Oração? Quantas famílias e vidas restauradas após um momento de oração marcado pela manifestação poderosa de Deus? Incontáveis são as pessoas que já foram libertas de algum mal após receber uma Palavra de ciência, por exemplo. Humildemente, devemos nos alegrar em Deus por sermos usados por Ele. Quando nos abrimos aos dons de Deus e nos colocamos a serviço do próximo, estamos amando! Grupos de Oração, cheios do Espírito Santo, que exercitam os carismas são Grupos que exercitam o amor. Os carismas são sinais do poder de Deus que se manifesta através de nós, mesmo que não sejamos merecedores.
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Amor, serviço e carismas são muito próximos entre si. Cada um dá sentido e forma ao outro. Juntos dão sentido à vida cristã. O Amor vem antes de tudo porque deve ser o sentido da vida do ser humano. O serviço vem em seguida porque expressa o amor. E os carismas qualificam e dão impulso ao amor e à vida. Não só à vida, mas a toda ação humana, pelo Espírito Santo que nos habita, capacita e cria as atitudes de serviço e amor. E é esta a vontade do Pai: “que nos dediquemos inteiramente à Sua Glória e ao serviço do próximo.”1 Para estar a serviço da Glória do Pai e dos irmãos é que recebemos meios, “ferramentas”, os carismas, os Dons Carismáticos. Partindo do Amor, o bom uso dos carismas, a utilização eficaz, produtora de resultados vai acontecer quando colaboramos com o doador dos dons, o Senhor. São Paulo nos ensina: “Assim, enquanto aguardais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo, não vos falta dom algum.” (I Cor. 1,7). Enquanto esperamos sua volta, o Mestre deu aos seus discípulos, a todos
nós que cremos Nele, tudo o que é necessário para servir à sua Igreja e aos irmãos. O Mestre só pede a Fé, decisão adulta e contínua de fazer-lhe a vontade ouvindo e obedecendo ao que Ele pede e um coração dilatado de Amor. Deus nos fala diretamente ao coração e, se o coração está atento, buscando o que Lhe agrada, o que convém ser feito para Sua Glória e para o bem dos irmãos, então os carismas fluirão com liberdade em nós, a começar em nossa vida pessoal. É como diz o Profeta: “O Senhor Javé abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei” (Is 50,5). O hábito de escutar o Senhor vai sendo criado no tempo especial que é dedicado diariamente à nossa oração pessoal. O tempo certo, bem determinado, o qual não se deve ocupar com qualquer outra atividade que não seja ficar a sós com o Mestre para louvá-Lo, adorá-Lo, cantar, fazer silêncio, falar-Lhe e ouvi-Lo seja no coração, através da Bíblia ou do modo como Ele quiser falar. É desse tempo que vem a condição para nos tornarmos experientes no emprego, Revista Renovação
no uso bom e oportuno dos Dons Carismáticos, das nossas “ferramentas” de serviço à Igreja e aos irmãos. Nem mesmo o pecado do homem pode reter a misericórdia do Pai. Ele se volta sem cessar para seus filhos, para os curar, aliviar, encorajar, levantar do desânimo, do pecado, de todo tipo de miséria e fraqueza. Sua bondade os cura da maldade, da dúvida em relação a Seu poder, da ignorância, da impureza, dos vícios, do ódio, do medo, da insegurança, enfim de todos os males, feridas e mazelas que fazem parte da nossa condição humana. Deus é incansável! É como se nos dissesse por meio de Jesus crucificado: “Nada me impedirá de amá-los”. Ele está e estará sempre pronto, disposto para resgatar os seus, os abraçar com abraço afetuoso de Pai. Ele vem nos buscar no fundo do poço do mundo das trevas para nos repor na sua luz, na sua presença santa e muitas vezes faz tudo isso através dos carismas que concede a seus servos. Nossos Grupos de Oração são lugares de que Deus tem se servido
Grupo Institucional de Oração
novembro/dezembro . 2014
para buscar de volta os que se afascam a fé e a adesão do povo a Jesus taram dele. A RCC é forte nos Grupos e à sua Palavra anunciada. de Oração em que se expressa e se Por si mesma a Palavra produz experimenta a ação dos carismas efeitos de conversão, de cura, de através de todos os batizados, de renovação espiritual, física, emotodas as pessoas que, crendo, deicional nos irmãos ali presentes e xam-se conduzir pela graça derratambém nos servos, nas pessoas mada por Deus naqueles momentos presentes que são beneficiadas com de louvor, de oração fervorosa em as mesmas graças; os carismas que que o Espírito Santo revela sua ação vão sendo anunciados, distribuídos generosa, de poder restaurador, de pelo Espírito Santo que ali se move. transformação de vida. Assim, sob esse poder vamos consOs carismas são incontáveis, truindo e estabelecendo o Reino de pois a utilidade que eles têm para Deus entre nós com os meios que a vida dos fiem sua Providência lhos de Deus Os carismas são incontá- ele nos proporciona. não pode ser acontece para veis, pois a utilidade que Isso medida ou calque muitos expericulada. A to- eles têm para a vida dos filhos mentem, conheçam dos Deus está de Deus não pode ser medida pessoalmente seu ansioso por amor, para que o Reialcançar – se ou calculada. no de Deus se instale, lhe permitirem aconteça desde já, – para trazer-lhes de volta à sua conos servos do Grupo de Oração, badição excelente, à condição de filhos tizados constantemente no Espírito amados e queridos com especial caSanto devem ousar, com parresia, rinho, como filhinhos prediletos que audácia filial, confiante e entusiassomos todos e cada um de nós. Sua mada pelo amor e poder do Pai, e imagem e semelhança pode ser retose deixarem usar para que, pela sua mada pela ação poderosa do Espírifé expectante, carismática, confiada to Santo, o qual move os irmãos que no amor generoso do Senhor sejam usando os dons de serviço – os ca“canais”, agentes eficazes da ação rismas – podem trazer das mãos de do Todo Poderoso em cada reunião Deus Pai a restauração seja total ou do Grupo de Oração. Que sejamos gradativa dos que creem e aceitam sempre, ali ou em outros momentos seu amor carinhoso, atencioso, perou lugares, agentes da expressão feito. A proclamação da Boa Nova da amorosa de Deus que quer repartir Salvação – a Pregação, que é parte com grande abundância, em profuindispensável da reunião do Grupo são, o seu amor. de Oração, deve vir acompanhada São Paulo nos admoesta: “Pode sinais, prodígios, maravilhas e rém, temos este tesouro em vasos de milagres que manifestem naquele barro, para que transpareça claralugar o Amor e a presença poderosa mente que este poder extraordinário de Jesus vivo no meio do seu povo, a provém de Deus e não de nós” (2 Cor assembleia ali reunida. Esses sinais 4,7). A clareza dessa afirmação persão os Carismas, a graça de Deus mite que todos e cada um se ponha, em ação. Estes vão aparecendo clafrequentemente, na sua condição: ramente, sejam como Palavras de “vaso de barro”, objeto simples de Ciência, de Sabedoria, como Profeuso doméstico, nas mãos do Senhor, cia, revelações por meio de Discero único que dá o Espírito, que enche nimento espiritual, os quais atestam o “vaso” simplório com Seu imenso que o poder do alto é atuante no e precioso tesouro. Cabe ao servo se aqui e agora daquele lugar e provodeixar encher e verter, transbordar
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Revista Renovação
até o fim por Amor a Deus e aos irmãos. Depois tem de voltar ao dono do tesouro para ser reenchido e voltar e servir as riquezas intermináveis do tesouro do amor do Mestre. Esse deve ser o ciclo virtuoso do discípulo missionário de Jesus Cristo. Os Carismas são sinais do poder do Senhor para serem distribuídos com amor entre todos irmãos, especialmente aos mais feridos, aos mais necessitados de experimentar Deus, fonte de todo amor, de toda cura, de toda paz. A cada vez que se evangeliza, seja por que meio for, o uso dos carismas revela que Deus está presente e agindo a favor de quem ouve falar Dele. Isso aumenta o vigor, a coragem para que as capacidades humanas sejam carregadas de amor solidário, fraterno e generoso. Trata-se do resultado de um serviço e de um sentimento expressos, plenos de amor. Essa é uma ação incessante do Espírito que vai conduzindo a cada um que se entrega a ele a favor da Igreja e de todos os irmãos. Serviço de levar pessoas à salvação, ao reconhecimento de que Deus está vivo, presente entre o seu povo tão amado e que se confia de fato ao seu amor e poder. A inteligência e a vontade humana de cada um que crê e quer servir sinceramente ao Senhor passam a cooperar com a graça dele. Vem pelo Espírito a adesão, a humildade do “vaso de barro”, a obediência livre e amorosa de ser útil ao serviço de exercer os carismas para a glória do Senhor de modo eficaz. Somos seus colaboradores bem-aventurados, pois buscamos seu querer. E essa submissão, em vez de ser penosa ou desgastante, torna-nos felizes, dispostos a acolher as “surpresas de Deus”, em nossos Grupos de Oração, como nos tem ensinado o Papa Francisco. A Mãe Igreja, por São João Paulo II nos exorta: “Não é lícito a ninguém ficar inativo”2. 1
Cf. CV II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 40.
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Cf. Exortação Apostólica Christifideles Laici, n. 3
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Testemunho Institucional
novembro/dezembro . 2014 Por William Francisco da Silva
Seminarista da Diocese de Caruaru – PE Coord. Nac. do Ministério para Seminaristas - RCCBrasil
ELE ME CHAMOU, ME AMOU
E EU ME RENDI AO AMOR! Em novembro de 2014, Papa Francisco deu abertura ao Ano da Vida Consagrada, que deve favorecer a reflexão acerca do chamado que Deus nos faz, para que, de forma solícita e fecunda, possamos dar sentido a nossa existência, bem vivendo o nosso carisma na Igreja. O consagrado deve ser um discípulo missionário, alguém que, ao se encontrar com Jesus, deixou-se apaixonar por Ele a ponto de desejar ardentemente que outros mais possam fazer essa experiência de amor autêntico (cf. DA n. 21 a 23). É o testemunho alegre de um consagrado que arrasta centenas de outros jovens para a consagração livre e obediente ao Senhor. Não adianta você dizer que serve ao Senhor, se não incorpora esta felicidade. Mas se você não está feliz com o que faz e onde se encontra, esta vocação está doente e o mais rápido possível ela precisa ser reanimada. Somente um consagrado feliz consegue promover a felicidade na comunidade e fazer com que a caridade seja bem vivida.
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Ao partilhar minha história, gostaria de evidenciar como Deus é amável e realiza sua obra na vida daqueles que se abrem ao chamado. Eu, como tantos outros, brincava de ser padre quando era criança e celebrava missa com bolacha e suco de uva. Comecei minha vida na Igreja muito cedo, fui levado por meus avós paternos, que eram bastante católicos, in memoriam minha saudosa avó Maria Edivirge, que fora minha primeira catequista. Aprendi a rezar o terço com ela, quando saíamos de casa e pegávamos um transporte chamado “pau de arara” para ir às casas celebrar a “noite de maio”, em Riacho das Almas/PE.
Após minha Primeira Comunhão e Crisma, recebi um convite que me fez ter uma nova visão de ser Igreja e me proporcionou um belíssimo encontro pessoal com Jesus Cristo, participar do EJC (Encontro de Jovens com Cristo). Nunca tinha ouvido falar nesse encontro, mas ele me fez muito bem. Por muito tempo, fiz a técnica do programa na Rádio Comunitária de minha cidade junto a meu pároco e sempre tive um intenso trabalho na vida comunitária. Coordenei um Grupo de Jovens, participei da Equipe de Liturgia, do EJC, CPP (Conselho Pastoral Paroquial). Nesse envolvimento todo, sentia muita alegria em servir a Deus, mas algo me inquietava, ainda não me sentia tão feliz como poderia vir a ser. Foi aí que surgiu o chamado a uma entrega total, a uma vida consagrada. Imagine: eu sou filho único, na época, tinha 17 anos, com muitos sonhos, ideias e projetos. O Senhor chega e me chama: “Eu quero você!”. Quando falei a meus pais que pensava em ser padre, recebi um balde de água fria. Como quaisquer outros pais, desejavam que seu filho se casasse e lhes desse netos. Esse foi o momento mais difícil de minha caminhada vocacional. Enfrentei uma barra, mas sabia que Deus estava comigo. Encontrei abrigo no Grupo de Oração que dava seus primeiros passos na Paróquia. Era um Grupo de mais ou menos 15 pessoas, não tinha ministério de música, nem grandes pregadores, mas contava com a alegria e a doação de pessoas que tinham sido batizadas no Espírito e simplesmente amavam. Lá, recebi o convite para um retiro de Carnaval, onde participei do Revista Renovação
Seminário de Vida no Espírito e recebi o Batismo no Espírito Santo. Para mim, aquela foi, senão a maior, uma das maiores experiências que já tive com o Senhor. Quando saí do Ginásio, senti o coração arder e a vontade que me dava era de amar, amar todos aqueles que não compreendiam o meu chamado. E, ainda sem entender o que tinha acontecido comigo, voltei pra casa. Meu pai ficou uma semana sem olhar pra mim, mas mesmo com aquele clima chato, eu só os amava ainda mais e a minha vontade de doar-me à Igreja só aumentava. Então, em fevereiro de 2008, definitivamente ingressei no Seminário com o apoio dos meus pais. Sim, com o apoio e ajuda deles! Porque como o Amor me amou, eu não tinha outra escolha a fazer a não ser amá-los. E eles não resistiram a esse amor e retribuíram em amor também. Hoje, estou no 2º ano de Teologia, atualmente coordeno o Ministério para Seminaristas na RCC do Brasil e o desejo de servir e amar a Igreja muito tem me impulsionado para uma vida digna e em comunhão com aquele que me chamou. Acima de tudo, acredito que o chamado é para mim um grande dom de Deus! Por fim, gostaria de pedir vossas orações. Não deixem de rezar por nós seminaristas que estamos a caminho do sacerdócio. O inimigo tem sido muito astuto, não podemos e não queremos ceder jamais às tentações dele, mas isso só será possível se nos decidirmos por Jesus. Em nosso Seminário, todos os dias celebramos a Eucaristia, faço um compromisso de rezar por você, na certeza de que posso contar com vossa oração!
Eventos
novembro/dezembro . 2014
ENF 2015: UM IMPULSO A VIVER E CAMINHAR NO ESPÍRITO “Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito” (GL 5,25). Essa é a moção que norteará a RCC do Brasil durante todo o ano de 2015. A temática terá objetivo de incentivar os carismáticos de todo o país a terem um verdadeiro retorno ao primeiro amor, uma ação concreta que gere conversão, maturidade eclesial e espiritual, além de alcançar cada Grupo de Oração. Também está vinculada ao tema do ano de 2015 a moção: “Inflamando a Chama”, temática da segunda etapa do projeto do ICCRS (Serviços para a Renovação Carismática Católica Internacional) em preparação ao Jubileu de Ouro do Movimento a ser celebrado em 2017. Para que as lideranças de todas as instâncias, espalhadas pelos estados brasileiros fiquem por dentro desses direcionamentos, a participação no Encontro Nacional de Formação para Coordenadores e Ministérios é de extrema importância. O ENF é o marco inicial no ano dos trabalhos da RCC no Brasil. É um momento de profunda oração, formação e escuta profética. Outro aspecto muito importante é a partilha dos projetos, serviços em andamento e das Moções Proféticas que direcionam os trabalhos do Movimento em todas as dioceses do país.
O ENF de 2015 acontecerá de 21 a 25 de janeiro, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida/SP. Para essa edição, teremos a presença da Presidente do ICRRS, Michelle Moran, além de membros de todo Conselho Nacional. Muitas novidades estão sendo preparadas, no intuito de acolher ainda melhor cada participante. O ENF se consolida a cada ano e tem sido um dos eventos que mais fortalecem a unidade entre os membros do Movimento no Brasil, pois é destinado a coordenadores estaduais, diocesanos, de Ministérios, de Grupos de Oração, de equipes e núcleos de serviço. Baseado nessa dimensão, o Conselho Nacional discerniu que nessa próxima edição os workshops dos Ministérios serão realizados em três tardes: quinta-feira, sexta-feira e sábado. O objetivo dessa ampliação do tempo é proporcionar que os participantes se aprofundem nas formações específicas e alinhamentos de cada Ministério. O coordenador nacional do Ministério de Formação da RCCBRASIL, Vinícius Simões, destaca que o ENF é um mergulho da RCCBRASIL na moção profética para todo o ano. “Assim sendo, é fundamental que os Ministérios tenham mais tempo para dar direcionamentos precisos Revista Renovação
e formação adequada para seus ministeriados, promovendo desta forma unidade em todo o Movimento”, salienta.
Inscrições As inscrições para o ENF devem ser feitas exclusivamente pela internet, no hotsite do evento, por meio de preenchimento de um formulário. Esse ano, foi lançado um novo sistema de inscrição. Ao preencher o formulário, o participante será registrado no Sistema de Apoio à Vida Carismática – SAVIC. Essas informações ficarão armazenadas no banco de dados do Escritório Nacional e, a cada evento, já não será mais necessário preencher todo formulário. Bastará atualizar as informações e imprimir o boleto para pagamento. Para garantir que o cadastro seja único é necessário informar o número de CPF. Todos os dados serão armazenados com segurança e sigilo. Quem se inscrever antecipadamente terá desconto. Para inscrições efetuadas até o dia 15 de dezembro, a taxa de inscrição será de R$95,00. O valor é reajustado para R$105,00 para inscrições feitas até o dia 15 de janeiro. Inscrições no local custarão R$115,00. Para mais informações, acesse: www.rccbrasil.org.br/enf
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Ministérios Institucional
n o v e m bjruol /hdoe/ zaegm os b tr oo .. 22 00 11 44
INTERCESSÃO PROFÉTICA: CAMINHO RUMO ÀS MARAVILHAS DE DEUS Em setembro, o indiano Cyril John esteve no Brasil conduzindo o Encontro Nacional de Intercessão Profética. Cyril é vice-presidente do ICCRS, coordenador internacional do Ministério de Intercessão e afirma que maravilhas podem acontecer se os intercessores se comprometerem a escutar o Senhor. “Nós inauguramos uma nova dimensão do Ministério”. Assim define Luiz César Martins, coordenador nacional do Ministério de Intercessão da RCCBRASIL, sobre esse novo tempo que começa a ser experimentado após o Encontro de Intercessão Profética, realizado em setembro de 2014. A formação contou com a presença do vice-presidente do ICCRS e coordenador internacional do Ministério de Intercessão, Cyril John. Cyril John tem uma experiência de quase 20 anos junto ao Ministério de Intercessão e, desde o início de seu chamado, se aproximou dessa modalidade de Intercessão, a qual tem buscado levar para carismáticos de várias partes do mundo por meio de seu trabalho no ICCRS e também do livro Intercessão Profética, escrito por ele após perceber a ausência de material formativo sobre o tema na Igreja.
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Segundo o vice-presidente, em vários países, a Intercessão Profética ainda é desconhecida, mas o Brasil já se destaca nessa nova perspectiva de oração. E, de fato, falar sobre Intercessão Profética não é inédito aqui no país. O tema já faz parte da linha de formação do Ministério há três anos, de acordo com Luiz César. Seguindo pontos importantes como
a visão, formação e pastoreio dos intercessores, o Ministério tem buscado alcançar essa nova realidade. O encontro nacional se tornou, então, um marco para a RCC do país, no sentido de expandir e colocar em prática tudo que vem sendo estudado. Ao ver tantos participantes no encontro, com representações de todos os estados brasileiros, o indiano mostra-se surpreso. “Isso é um sinal de que o Movimento é muito vibrante aqui. Eu vejo que tem um bom planejamento da Renovação aqui, até mesmo em vista ao Jubileu de Ouro, em 2017. Eu quero parabenizar a Renovação no Brasil, porque soube manter viva a chama”, comenta também convocando os participantes: “Se essas pessoas, que estão reunidas aqui, realmente assumirem essa intercessão profética, eu acredito que o Senhor vai operar maravilhas no Brasil. Basta que elas se comprometam a escutar o Senhor”. Além deste chamado específico para os intercessores brasileiros, o pregador ressalta que essa forma de rezar é uma convocação não só para os ministeriados em intercessão, mas a todos os batizados, a toda Igreja. Também Luiz César reforça este chamado para os cristãos carismátiRevista Renovação
cos: “Eu vejo como um chamado de Deus para a RCC do mundo. Somos uma corrente de graça, como disse o papa Francisco, somos proféticos, acreditamos no que o Espírito Santo fala. Deus quer nos revelar coisas que a gente não sabe. Ele nos dará a visão clara de determinadas situações que possamos interceder de forma humana. É necessário que Ele nos revele a verdadeira causa do problema. Deus passará a agir a partir do momento em que pedirmos. Nós não sabemos pedir, mas o Espírito Santo vem em nosso auxílio”. Nesse sentido, o coordenador nacional explica que muitas dificuldades poderão ser superadas, pois Deus dará uma visão ampliada. “Se nós olharmos com os olhos do Espírito Santo para a Intercessão Profética, muitas barreiras serão quebradas. Nós estamos com a expectativa de que muitos prodígios, milagres e sinais serão realizados. Nós veremos muitos milagres acontecer, se nós abraçarmos, Deus vai fazer maravilhas no nosso meio!”, profetiza. Durante o ENF 2015, novos materiais do Ministério de Intercessão estarão disponíveis, sendo focados em temas como: Moção, Intercessão Profética e Espiritualidade do Intercessor.
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Sugestãdo de leitura
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REZAR ERGUENDO AS MÃOS SANTAS, O PODER DA INTERCESSÃO PROFÉTICA ‘Rezar erguendo as mãos santas – A oração de Intercessão’ é um livro escrito por Cyril John, vice-presidente do ICCRS (International Catholic Charismatic Renewal Services) e presidente do subcomitê continental da Ásia-Oceania. Ele esteve no Brasil, em setembro deste ano, para conduzir o Encontro Nacional de Intercessão Profética, realizado em Aparecida/SP.
público em geral. Estou muito feliz em defrontar-me com este livro que ensina, de forma equilibrada, sobre intercessão. Verifico que o autor se baseou grande parte em passagens das Escrituras, nos ensinamentos e tradições da Igreja, em exemplos da vida dos Santos e em seu próprio testemunho para ensinar de forma convincente”, comentou o bispo acerca do livro.
John mora na Índia e possui um extraordinário dom de profecia e de intercessão, além de ter testemunhos fantásticos relacionados ao exercício do seu ministério. Na obra, publicada pelo próprio ICCRS e reeditada em português pela Editora RCCBRASIL, ele vem destacar suas experiências pessoais, todos os estágios da intercessão, bem como sua urgência, necessidade e ação poderosa.
Além de Francis Kalist, a obra de Cyril John também traz a apresentação de Michele Moran, que é presidente do Conselho do ICCRS. No prefácio, Michele frisa que, embora a experiência do Cyril esteja enraizada na Renovação Carismática Católica, ele deixa claro que intercessão é para todos os cristãos e não apenas para aqueles que pertencem a Movimentos ou grupos específicos.
A apresentação do livro é escrita pelo bispo de Meerut e conselheiro episcopal para a Renovação Carismática da Índia, Francis Kalist, que destaca que a Igreja acredita firmemente na necessidade e eficácia da intercessão. No entanto, é óbvio que a influência do mal está crescendo firmemente no mundo. “Apesar do fato da intercessão ser uma prioridade, percebo que nem todos estão pessoalmente convencidos sobre sua importância. Um dos motivos para isso é que ensinamentos Católicos autênticos sobre intercessão não estão disponíveis ao
“Este livro é muito mais do que um manual de instruções, pois também nos dá uma oportunidade para reflexão espiritual. Cyril incentiva o leitor a refletir sobre a vida de Jesus, que foi um intercessor por excelência. Ele também nos encoraja a nos abrirmos mais à morada do Espírito Santo em nós, que nos capacita e nos equipa para a intercessão”, comenta a presidente da RCC internacional. Entre os assuntos abordados nos capítulos do livro estão: o que é intercessão, oração trinitária, crescimento na intercessão, auxílios na intercessão, e a eficácia da intercessão. Revista Renovação
Para adquirir o livro, basta entrar em contato com a Editora RCCBRASIL através do site: www.editorarccbrasil.com.br ou pelo telefone (12) 3151-4155.
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novembro/dezembro . 2014
VIVA A EXPERIÊNCIA DE CONHECER A NOSSA CASA, NOSSA BÊNÇÃO!
Carismáticos de vários lugares do Brasil têm tido a oportunidade de viver uma experiência muito especial: conhecer o espaço onde está sendo construída a Sede Nacional da RCCBRASIL. Muitos deles, ao passar pela região do Vale do Paraíba aproveitam para conferir de perto o andamento da obra localizada na cidade de Canas/SP. Todas as visitas acontecem de forma monitorada, com agendamento prévio junto ao Escritório Nacional. Funcionários da RCCBRASIL acompanham as caravanas, mostrando cada
detalhe da construção. Quem visita a Sede também vivencia profundos momentos de espiritualidade, um agradecimento ao Senhor pela oportunidade de pisar nesse solo santo, promessa de reconstrução para o Movimento. Ao conhecerem a Sede Nacional, as pessoas passam a enxergar o projeto de forma concreta e compreendem a importância de colaborar com o andamento da obra já que todas as despesas são custeadas por doações vindas dos servos e Grupos de Oração de todo país. Recentemente, uma caravana de 46 pessoas vinda de Serra/ES, conheceu o local. Os capixabas se mostraram bastante entusiasmados e até mesmo impactados com a dimensão da obra, logo que chegaram. Muitas foram as partilhas sobre um sentimento de paz que invadiu a todos naquele momento, em que cada detalhe foi registrado por muitas fotos.
Servos do Grupo de Oração Rainha da Paz, de Cravinhos/SP, também já passaram pela experiência de visitar a Sede. Cada um pôde testemunhar sua própria experiência de fé e confiança no Senhor, diante dos avanços da obra que está na etapa de construção do Centro de Eventos. “A gente sempre passa aqui em frente e mostra para o pessoal, mas nessa semana, conseguimos nos programar para vir visitar e ver o andamento desse projeto de Deus”, conta a vice-coordenadora do Grupo, Roseli de Fátima da Silva. Para trazer o seu Grupo de Oração para conhecer a Sede Nacional da RCCBRASIL, entre em contato com o Escritório Nacional pelo telefone (12) 3151- 4155 ou pelo e-mail sedenacional@rccbrasil.org.br. Para melhor organização, especialmente em janeiro, as visitas serão agendadas apenas antes ou depois do ENF. Não serão feitas visitas durante o encontro.
CONHECER O MISTÉRIO DE MARIA PARA AMAR JESUS
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O Papa Paulo VI disse um dia que “sem conhecer o mistério de Maria, não podemos conhecer bem o mistério de Cristo”. Jesus veio ao mundo por Maria, foi educado por ela, fez seu primeiro milagre a pedido dela. Maria sofreu como ninguém por Cristo e por nós. As suas Sete Dores relatam seu sofrimento como nenhuma mãe já sofreu. Os dogmas que a Igreja ensina sobre Maria estão todos relacionados diretamente com Cristo. Diante de tudo que Nossa Senhora representa, podemos compreender a importância de conhecer o que a Igreja ensina sobre ela. Nesse sentido, o Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL lançou o curso sobre Mariologia, que tem aulas conduzidas pelo
professor Felipe Aquino. Segundo explica o professor, os santos doutores da Igreja afirmam que Maria é a medianeira de todas as graças. “Ela foi escolhida por Deus, desde os primórdios, para esmagar a cabeça da Serpente maldita. Ela é aquela que Deus achou ‘cheia de graça’; é a ‘bendita entre todas as mulheres’. Ela foi desde toda eternidade escolhida para ser a Mãe do Verbo feito homem. Ela é a Filha do Pai, a mãe do Filho e a esposa do Espírito Santo; tem uma intimidade profunda com a Santíssima Trindade”, destaca. Felipe Aquino conta que o curso segue o que a Igreja ensina com segurança sobre a Virgem Maria. As aulas são iniciadas abordando os dogmas, seguindo com as devoções que a Igreja recomenda: o culto à Virgem, a proteção que sempre ela deu à Igreja, as Ladainhas e orações e os títulos que recebeu em todo o mundo católico, além da necessidade de se consagrar a ela. Samir Pereira dos Santos é um dos alunos de Mariologia. Ele que já é Revista Renovação
consagrado a Nossa Senhora pelo método de São Luís Maria de Montfort, quis buscar se aprofundar no amor a Jesus por meio de sua Maria Santíssima. “Conservo um amor especial a Mãe de Deus, pois ela me faz lembrar que minha razão de viver deve estar fundada em seu filho Jesus. A experiência tem sido muito boa. O professor é muito culto e experiente no assunto. Temos material de fácil compreensão e com a profundidade necessária para o tema do curso. O ambiente virtual é bem interativo nos disponibilizando material audiovisual e escrito, além dos exercícios propostos e dos fóruns”, opina. Ainda sobre o curso, o professor finaliza: “Tenho certeza de que quem fizer bem este curso vai ter seu amor e sua devoção à Virgem Maria muito fortalecidos; pois é o que a Igreja aprendeu em dois mil anos sobre ela e sempre nos ensinou. Sobretudo, poderemos compreender que a Virgem Maria caminha conosco a cada dia, como boa mãe que nos guia, assiste, ajuda na busca da santidade”.
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novembro/dezembro . 2014
UM POVO QUE APRENDEMOS A AMAR! 2 ANOS DE MISSÃO ÁFRICA
O dia dois de novembro é uma data a ser celebrada, pois marca um grande passo missionário da Renovação Carismática Católica do Brasil. Foi nesse dia que teve início a Missão África, projeto que levou duas missionárias brasileiras à Uganda, país localizado ao sul do continente africano. Junto ao sim das missionárias Rita de Cássia e Fabiany Souza, o sonho da RCC do Brasil de evangelizar além de nosso país se tornou realidade. E, a cada dia, a Missão cresce semeando a Cultura de Pentecostes e amparando um povo tão sofrido, mas cheio de fé e alegria. Ao celebrar esses dois anos de projeto, podemos contemplar muitos testemunhos de diversas graças alcançadas junto aos ugandenses, um povo que aprendemos a admirar, respeitar e,
sobretudo, amar. Uganda é considerada a pérola da África, adjetivo recebido de Winston Churchill, político e estadista britânico, durante visita à Uganda em 1908. O elogio faz justiça à beleza natural, ao mosaico de tribos, culturas e hospitalidade do povo de Uganda. Mas, apesar desse bonito cenário natural, os ugandenses vivem em uma realidade difícil e sofrida, sem acesso a condições básicas de infraestrutura, saúde, saneamento e educação. E foi para ajudar a melhorar essa realidade que a RCCBRASIL fincou raízes no continente africano. A cultura de lá é marcada por danças e comidas próprias. Costumes esses mantidos por uma população que, em meio à miséria, violência e injustiças, ainda encontra forças para ser feliz. Uma felicidade real, que vem de Deus. Sim, porque Uganda é terra de um povo cheio de fé, de entusiasmo, que não desanima diante de tantos problemas. Um dos marcos dessa história de fé para a RCC foi o Encontro Mundial
da Família Carismática, realizado em Uganda neste ano. Uma oportunidade para que católicos do mundo todo contemplassem com os próprios olhos a força e fé dos irmãos africanos. Amor e sabedoria que apenas quem passou por uma experiência real e profunda com o Senhor pode manifestar. Uma experiência que nos levou a compreender que apesar da falta de tudo, eles têm sim esse tudo, que é Jesus. Dois anos depois de termos pisado em solo africado pelos pés das nossas duas missionárias, nós, família carismática brasileira, já nos sentimos parte dessa nova realidade, desse projeto que nasceu do coração de Deus. Por intermédio da Internet e de tantos relatos de Fabiany, Rita e de outros carismáticos que já tiveram a oportunidade de conhecer a Missão, temos dimensão da importância do trabalho realizado junto aos irmãos africanos, seja no âmbito espiritual ou no social. Uma contribuição imensurável da qual Deus está nos dando a alegria de participar!
MISSÃO MARAJÓ É SE CONSUMIR DE AMOR
Atendendo a um forte ardor missionário que pulsava em seu coração, Mirian Loyola, do Grupo de Oração Imaculado Coração de Maria de Indaiatuba/ SP, fez uma experiência missionária na Ilha do Marajó. Junto a mais três pessoas da Arquidiocese de Campinas, a visita a Breves/PA aconteceu de 27 de outubro a 10 de novembro. Leia o testemunho: “Ir ao Marajó, colocar os pés naquela terra de Missão foi um presente de Deus para mim. Posso dizer isso com toda certeza porque não era para eu ter ido, mas tudo concorreu para o bem e
Deus desejou que eu fosse! Missão Marajó para mim se resume em se consumir de amor. Vejo esta missão como uma retribuição de todo cuidado, carinho e amor que Deus tem por um ser humano. Pude compreender o que é realmente amar Jesus, pela simplicidade de cada marajoara e, ainda mais, pelo amor e a fidelidade que eles têm em Deus! É impressionante tamanha humildade, tamanha singeleza, tudo para expressar: Deus é tudo para mim! Talvez eles nem tenham noção disso ou nem percebam, mas é grande o zelo, o carinho por Deus. Ao entrar em algumas casas, me deparei com realidades extremamente pobres em relação ao que vivemos aqui, porém não deixam de sorrir, eles são felizes, sim! É um povo sofrido, mas vi que eles têm garra e força pra lutar. Eles Revista Renovação
sabem que Deus é fiel e que Ele sabe de todas as necessidades. Pude tocar nas chagas, orar junto, chorar junto e assim entendi o valor de um abraço e o quanto as crianças são valiosas e santas. Elas são puras e sinceras. Amei o Marajó e sinto o desejo de voltar, porque eles precisam de missionários que se comprometam com os serviços, que ajudem a levar Deus às pessoas. Eles têm sede e têm fome do Deus Vivo. A Igreja marajoara é sim formada por todos nós, quem vai nunca esquece. Agradeço imensamente a Deus por ter me revelado a sua face e por poder enxergar o teu amor naqueles irmãos. E agora, quero viver isso em minha cidade. Meu Marajó é aqui em São Paulo. Não posso descansar e nem desanimar, porque aquele povo não cansa de amar a Deus!”.
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Espiritualidade
novembro/dezembro . 2014 Por Fabiany Silva
Missionária na Missão África da RCCBRASIL
UMA ALDEIA PLENA DO ESPÍRITO SANTO “O Bispo Angelo Roncalli, então Papa João XXIII, costumava visitar uma pequena aldeia de trezentos habitantes, situada na Tchecoslováquia, onde residia uma querida amiga minha a senhora Anne Mariea Schimidt. Todos os católicos daquela vila vinham experimentando durante séculos toda a gama de dádivas carismáticas, tais como são narradas em Coríntios 12,4. Para eles, isso fazia parte da sua vida cristã normal. Pentecostes era ali uma realidade diária. Anne Mariea descreve o quanto era eficaz o poder da oração e a presença do amor de Deus, tão fortes que dispensava a necessidade de prisões e de hospitais. Quando alguém adoecia, a aldeia inteira se unificava na oração até que viesse a esperada cura divina.” O breve relato acima trazem palavras da tão querida e conhecida nossa Patti G. Mansfield, em seu livro Como um novo Pentecostes. Essa partilha da Patti permite-nos refletir sobre algo muito importante a nós cristãos, a vida no Espírito Santo. Certamente, muitos de nós já estamos habilitados em conceituar o que é viver no Espírito, mas de fato, na prática como tem se dado isso em seu cotidiano, na convivência com os irmãos e consigo mesmo? Tem havido algum espaço entre o conceito e prática do mesmo?
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Confesso que quando fiz a leitura sobre essa aldeia plena do Espírito Santo, não tive como não confrontar comigo mesma e a minha missão. Completamos neste mês de novembro dois anos vivendo aqui
em Uganda, nosso local de missão. E não houve um só dia que o Senhor deixou de proporcionar situações para que pudéssemos exercer a nossa fé. Todos os momentos de nossas vidas são oportunidades para escolher que o Santo Espírito conduza e não nós mesmos. Não há dúvidas de que nessa aldeia da Tchecoslováquia havia um povo sedento de Deus e de total entrega ao mover do Espírito. Um povo decidido por santidade. Santo Afonso de Ligório orienta que “não basta só o desejo de ser santo, se não juntamos a ele uma firme resolução de alcança-lo”. Sim irmãos, uma vida no Espírito é uma firme resolução pessoal nossa por alcançar a santidade. É tão comum a nós dizer “que se faça em mim Tua vontade, Jesus”, porém, após alguns descontentamentos reinarmos com o nosso querer, quando o que, na verdade, precisamos é de firme resolução pelo querer de Deus e não o nosso. Quantas vezes aqui fui tentada a permanecer em meu egoísmo frente a tanta dor e desigualdade! E quantas vezes não resisti ao meu querer, mas o Senhor Deus com sua infinita misericórdia a insistir: “Deixai-vos, minha menina, vos conduzir pelo Meu Espírito”. Aceitar amorosamente o cautério da solidão, chorar as minhas impotências diante dos sofrimentos alheios, reconhecer as minhas misérias aos pés do Senhor e na convivência com o irmão. Concluir que nada disso é peso, mas a alegria do entregar-se concretamente ao Amor e tudo Nele ser transformado. Nossa personalidade, temperamento, Revista Renovação
manias, história, famílias, Grupos de Oração, tudo em nós a ser reordenado no Amor de Cristo. Há algumas semanas atrás, minha companheira de missão, Rita de Cássia e eu, iniciamos o propósito de observarmos na prática os frutos do Espírito Santo. A princípio, a cada dia da semana elegemos um fruto específico para praticarmos e depois semanalmente passamos a prática de cada fruto. Seguiremos até quando Deus quiser para junto Dele morar. Foi uma iniciativa revolucionária essa que ousamos. Hoje reconheço o quanto preciso crescer no fruto da paciência, da mansidão, da temperança e outros. Também tenho aprendido com a Rita pelos frutos que ela já conquistou, como a paz, a afabilidade, a bondade... Em comunidade, podemos ser um em todos, lutarmos e alcançarmos juntos nosso objetivo. Esforcemo-nos para viver de acordo com o Espírito. Parece longe do nosso alcance esse propósito, mas não é causa de preocupação, pois o próprio Espírito vem em auxílio com sua graça santificante. E até quem sabe ousarmos afirmar: somos uma “vila plena do Espírito”. E para isso, convido a juntos clamarmos sempre a intercessão deste santo que era um fiel visitante da “Aldeia do Espírito Santo” e que foi descrito pelo Cardeal Suenens como “um homem que, inteiramente libertado de si mesmo, seguia o caminho indicado pelo Espírito Santo”. São João XXIII, rogai por nós que recorremos a vós!