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ANO 16 - NÚMERO 90 - JANEIRO/FEVEREIRO 2015
A VIDA NO ESPÍRITO
O QUE É PECADO?
TESTEMUNHO E COERÊNCIA...
NOSSA VIDA EM MISSÃO
Como não relativizar este conceito e voltar à intimidade com Deus
Frutos indispensáveis para quem busca uma vida no Espírito
Conheça o projeto que irá unir toda a RCC do Brasil em uma só missão
ENCARTE CREIO NO ESPÍRITO SANTO
janeiro/fevereiro
. 2015
Nesta edição
ESPECIAL: A VIDA NO ESPÍRITO
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NOVE CARACTERÍSTICAS DE QUEM TEM UMA VIDA NO ESPÍRITO
O QUE É O PECADO?
A VIDA NO ESPÍRITO REQUER COERÊNCIA DE VIDA
A VIDA EM COMUNIDADE É GRAÇA DE DEUS
CON14 DEIXAI-VOS DUZIR PELO ESPÍRITO
NOSSA 15 ESPECIAL: VIDA EM MISSÃO
CURSO EN21 CONGRESSOS 20 NOVO ESTADUAIS: É HORA SINA INTERPRETAR DE ALCANÇAR CADA CONTEXTOS E REALIDADE HISTÓRICA DA BÍBLIA
NACIONAL É 19 AUMSEDE MEIO PARA VOCÊ AJUDAR A SEMEAR A VIDA NO ESPÍRITO
22 LIVRES EM CRISTO...
GRUPO DE ORAÇÃO DO BRASIL!
SEMEANDO A VIDA NO ESPÍRITO Amado semeador, Graças a Deus e a sua generosidade chegamos à edição de nº 90 da Revista Renovação. Sua colaboração, com certeza, foi fundamental para essa caminhada e estamos colhendo muitos frutos da sua fidelidade. Muito obrigado. Contem com nossas orações. Caso você não seja colaborador e gostaria de contribuir, entre em contato conosco.
(12) 3151.4155 cadastro@rccbrasil.org.br
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Editorial
janeiro/fevereiro . 2015
ANO NOVO, VIDA NOVA NO ESPÍRITO!
Expediente Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 16 - Edição Nº 90: Janeiro/Fevereiro 2015
Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537 Redação: Juliane Batista / Laura Galvão Revisão: Ayres Charles Fotos: Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico, design e Diagramação: Priscila Carvalho E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCCBRASIL Rua Antônio Favalli nº 23, Bairro Centro CEP 12.615-000 Canas/SP Tel.: (12) 3151-4155
Vida no Espírito – este é o chamado que o Senhor faz, neste ano, à RCC do Brasil, ao inspirar para o Conselho Nacional a Palavra de Gálatas 5, 25: “Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito”. Por isso, nesta primeira edição de 2015 da Revista Renovação, buscamos aprofundar o tema. Somos conduzidos a uma vida no Espírito depois de nos encontrarmos com o Amor de Deus e recebermos a efusão do Espírito. Essa experiência nos leva a alguns passos que refletiremos em nossos artigos. Jesus ensinou que o Espírito Santo convence o pecador de seu pecado, por isso, passamos a olhar para dentro de nós mesmos e mudar nossas atitudes. Esse é o primeiro passo, aprofundado no artigo “O que é pecado”. Depois disso, passamos a nos aproximar de Deus, ter nossos momentos de oração pessoal, adquirimos uma “Vida Espiritual” que nos leva a contemplar a beleza de sermos “Livres em Cristo” e da vida em comunidade. No entanto, se hoje não encontramos em nós esses frutos da vida no Espírito, é necessário rever nossos atos, nos abrir à conversão e passarmos a viver como autênticos batizados no Espírito Santo. Outra característica da pessoa que se entrega ao mover de Deus é o ardor missionário. Assim também é a vida de nosso Movimento no Brasil, sempre impulsionado a ações de evangelização realizadas por meio de seus diversos projetos e serviços. Nesse sentido, apresentamos com imensa alegria o projeto Nossa Vida em Missão, que renova a estrutura das ações do Movimento, conduzindo-as à unidade, além de ampliar e facilitar sua colaboração com a RCC. Demos também destaque aos Congressos Estaduais que serão importantes momentos que viveremos neste ano. Eles serão a oportunidade de levar o seu Grupo de Oração para uma poderosa experiência com o Espírito Santo em comunhão com a RCC de todo o seu estado. Não podemos ficar de fora desses momentos! Esperamos que essa edição 90 seja, para você e seu Grupo de Oração, um auxílio na busca pela vida no Espírito. Que pela intercessão da Beata Elena Guerra, este ano de 2015 seja para nós o ano do Espírito Santo, o ano de atualizar Pentecostes e difundir a Cultura de Pentecostes por meio de nosso testemunho vivo! Abençoada leitura, Revista Renovação
As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.
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Palavra da presidente
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RENOVAÇÃO CARISMÁTICA:
VOCAÇÃO NASCIDA DO ESPÍRITO
Amados irmãos e irmãs em Cristo Jesus, Grande é a alegria ao abrir as portas deste ano novo com o tema de 2015: “Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito” (Gl 5,25). De fato, em Gálatas recebemos a exortação apropriada para a família carismática! Nossa vocação nasceu no coração da Igreja através da grande graça da efusão do Espírito Santo. Ao mesmo tempo em que foi uma graça que atingiu a cada um de nós e a todos impulsionou para uma vida nova, também despertou um sentimento de profundo amor por Deus e pela experiência vivida em Pentecostes. Um amor que acaba por nos levar a querer anunciar a toda pessoa humana a boa nova que se conheceu. É exatamente aí que São Paulo, em Gálatas, vem nos falar ao coração e revelar um grande desafio, inclusive reconhecido por São João Paulo II: “Não pode haver, na sua existência, duas vidas paralelas: por um lado, a vida chamada ‘espiritual’, com seus valores e exigências; e, por outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida da família, do trabalho, das relações sociais, do engajamento político e da cultura”. (Christifideles Laici, 59). Constata-se, assim, que está colocado diante de nós um chamado para ultrapassarmos os limites do
nosso sim e aderirmos à Salvação que vem de Jesus e à construção do Reino de Deus, aqui e agora. Cada palavra que se pronuncia, cada relação humana que se estabelece, coloca à prova a prática de nossa fé, pois exige de nós que vivemos no Espírito, um testemunho concreto e coerente, que nos permita proclamar que o batismo no Espírito Santo efetivamente nos leva a andar de acordo com o Espírito. Somos chamados a um testemunho exigente entre o exercício dos dons e carismas que recebemos de Deus e a perseverança diante das provações que a vida nos impõe. São muitos os que precisam de nós e esperam o testemunho da verdade de Jesus. Nossos atos e nossos sentimentos, mais do que nossas palavras, são a porta para a conversão de outros – Fomos chamados a jogar as redes em águas mais profundas: Duc in Altum! Entregues ao sopro do Espírito Santo, acabamos por nos curvar diante da realeza de Deus, que em Sua Divina Perfeição tudo vê, tudo pode e tudo sabe. Jesus é zeloso e não está insensível à nossa dor; quer e sabe cuidar de nós como ninguém jamais cuidou. Ele nos ama e deseja que tenhamos uma profunda experiência com o Espírito Santo, fruto do Amor do Pai e do Filho, manancial inesgotável de todos os dons e carismas. Revista Renovação
Essa experiência diária com o Espírito de Deus nos fará cristãos autênticos, capazes de vivermos unidos no amor, na fé, na caridade e na santidade. É o Espírito de Deus vivo em nós que nos transforma, muda nosso comportamento, dá a sabedoria para fazermos o que é agradável aos olhos de Deus. Sem o Espírito Santo não há conversão. Sozinhos, nada podemos. Vem, Espírito Santo! Vem agir e encher de ardor os nossos corações, para darmos a Deus o louvor que Ele merece! Vem conduzir os nossos Grupos de Oração para a verdadeira escuta do que Deus quer de nós! Vem, Espírito de Amor, conduzir as nossas pregações e orações, para que sejam verdadeiros chamados à conversão. Sela conosco, Espírito de Deus, uma nova aliança de fidelidade, obediência, entrega e amor, neste início de ano. Não há mais tempo a perder! Precisamos pescar almas para Deus! Essa é a nossa missão. Guia-nos, Santíssima Trindade, em nosso anúncio e testemunho! Maria, Mãe de Jesus e nossa, rogai por toda a Renovação Carismática Católica do Brasil! “O Espírito Santo é a tua vida e tu não podes fazer nada de bom sem Ele” (Beata Elena Guerra).
Katia Roldi Zavaris
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova
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Especial
janeiro/fevereiro . 2015 Por Pe. Eduardo Braga (Dudu)
Presbítero da Arquidiocese de Niterói-RJ Vice-Postulador para a Causa da Beata Elena Guerra Fundador da Fraternidade Sacerdotal do Cenáculo
NOVE CARACTERÍSTICAS DE QUEM TEM UMA VIDA NO ESPÍRITO Saiba quais são algumas realidades necessárias para aqueles que almejam viver de acordo com o Espírito Santo. Trata-se de muito mais que simplesmente participar de um Grupo de Oração. É necessário uma vida coerente! O que é viver no Espírito? Amados, essa pergunta jamais poderá ser pensada por nós de maneira periférica. Ela constitui a essência da vida cristã! Por quê? Porque a vida dos filhos e filhas de Deus, a vida dos filhos da Igreja, a vida cristã só pode ser autêntica se for vivida “no Espírito”! É o Espírito quem guia a Igreja e o crente em seu encontro com Jesus. Encontrando-se com a Renovação Carismática de várias nações em Roma no mês de junho passado, o Santo Padre também nos perguntava: “O primeiro dom do Espírito Santo, qual é? O dom de si mesmo, que é amor e te faz apaixonar-se de Deus. E este amor muda a vida. Por esta razão, se diz nascer de novo para a vida no Espírito’’.
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Viver no Espírito é muito mais que frequentar um Grupo de Oração ou receber o carisma de cura ou línguas. É ir muito além de uma
vida no Espírito não é mágica, é um experiência apenas pessoal ou inticaminho onde se edifica e confessa mista com o próprio Santo Espírito. o Senhorio de Jesus em meu modo Viver no Espírito é um programa de pensar e viver, sempre, em todo de vida que durará a vida inteira. É lugar, em todas as circunstâncias, um dinamismo permanente. Uma em todos os estados colaboração diária de abertura Viver no Espírito é um de vida e vocações. e docilidade, de programa de vida que Pensemos agobusca e testemura em algumas readurará a vida inteira. É um nho, de desejo de lidades necessárias santidade e atos dinamismo permanente. para aqueles que concretos de fé, esperança e ca- Uma colaboração diária estão vivendo ou ridade, de vida de abertura e docilidade, almejam viver no Espírito: virtuosa e com de busca e testemunho, de frutos do mesmo de Deus: desejo de santidade e atos QuemSede Espírito. se encontra
“
A t e n ç ã o ! concretos de fé, esperança com o Espírito do Nem sempre vi- e caridade, de vida virtuo- Senhor recebe uma insaciável. ver carismatica- sa e com frutos do mesmo sede Nunca estará satismente significará feito com sua busvida no Espírito; Espírito” ca pessoal. Tal sede mas sempre que levará a uma atitude de intimidade um crente estiver coerente e verdaprofunda com Deus; deiramente vivendo no Espírito, ele será profundamente carismático. A Revista Renovação
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Desejo profundo de conversão: A vida nova é o primeiro fruto da vida no Espírito. Impossível ser guiado pelo Espírito e pelo homem velho ao mesmo tempo. Quem escolhe ser amigo do Espírito recebe como dom e compromisso a vida nova! Lembremos que a conversão se realiza num contexto de processo;
dispersos, Ele sopra para unir! A experiência comunitária em si supõe a experiência pessoal com Jesus pelo Espírito!
Caridade e cuidado com os pequeninos do Reino: A vida no Espírito não pode ser ‘desencarnada’. Exige, pelo contrário, compromisso concreto com o amor ao próximo. O carismático, por excelência, é aquele que A vida no Espírito não é vive no espírito das mágica, é um caminho Bem-aventuranças e a prática do Evanonde se edifica e confessa o gelho de Mateus 25;
Primazia de Deus: Deus é tudo, o mais importante diante de todos. Esta é a realidade para os Senhorio de Jesus em meu Santidade de que escolheram modo de pensar e viver, Vida: Todo o contao caminho do Esto autêntico com o pírito. O primei- sempre, em todo lugar, em Espírito, seus dons, ro mandamento todas as circunstâncias, em carismas e frutos, será sempre a primeira necessi- todos os estados de vida e levar-nos-á necessariamente a busca dade. Nada sem vocações.” da santidade, nossa Deus! Essa total meta de vida cristã. dependência na vida do crente é Santidade não é esforço nosso, mas fruto do Espírito em nós; dom específico do Espírito! Quem está em convivência com o Espírito Jesus é Senhor: Eis a primeira não pode receber Dele senão santie mais importante profissão de fé de quem caminha no Espírito. Sedade. Que benção! Que alegria! nhor da História, Senhor da Igreja e Alma missionária: Esse é o meu Senhor! Essa é uma graça franfruto maduro e tão urgente da vida quiada a nós pelo Espírito, possino Espírito! Pentecostes é para Misvelmente a mais importante e mais são. O Espírito jamais nos deixa na necessária porque dela dependem “zona de conforto”, Ele nos faz mistodas as outras; sionários. Eis seu desejo! Ser testemunha: Esta é uma Irmão, não falemos apenas do das obras mais evidentes do EsEspírito, vivamos segundo o Espíripírito. Dar testemunho também é to! Que a devoção a Ele através de próprio Dele. Com Ele, também nós nossas vidas santas alcance este somos capacitados ao testemunho tempo tão difícil e conturbado. Para como primeira forma de evangelialém dos homens e seus limites, dização. O testemunho do cristão que zia o Cardeal Suenens, é para o Esvive no Espírito é a forma efetiva da pírito Santo que temos que voltar o Palavra ser proclamada e a maneinosso olhar! ra por excelência da evangelização
“
acontecer permanentemente;
Incorporação à comunidade: Quem acolhe o que o Espírito diz à Igreja, se incorpora, por amor, a Ela. O Espírito congrega os filhos
:
Vem Espírito de Amor, levante vidas para ti e faça com que se realize em nós, na Igreja e no mundo, um Novo Pentecostes de Amor!
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Especial
janeiro/fevereiro . 2015 Por Vicente Gomes de Souza Neto
Membro da Comissão Nacional de Formação da RCCBRASIL Grupo de Oração ICTUS - RJ
O QUE É O PECADO? Uma vida de pecado nos afasta de Deus e, consequentemente, de toda ação do Espírito Santo. Ter a consciência da gravidade dos nossos erros faz com que busquemos a remissão. Só então podemos voltar a um estado de intimidade com o Senhor. “O grande pecado de hoje consiste nos homens terem perdido o sentido de pecado” (Papa Pio XII). Esta frase de Pio XII enviada a um Congresso Catequético que estava acontecendo em Boston/EUA, em 1946, mostra-se, infelizmente, atualíssima. O homem do novo milênio tem cada vez mais relativizado o conceito e as consequências do mal que o pecado ocasiona ao próprio homem. A mudança de época pela qual passamos tem trazido resultados desagregadores do homem consigo mesmo e consequências ao seu ambiente social, suas relações com os irmãos, com a natureza e com o Deus de misericórdia.
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Assim como diz o Catecismo da Igreja Católica (nº 1849): “O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens”. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi defini-
do como “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna”. O pecado é uma ofensa a Deus”. O pecado ergue-se contra o amor de Deus e desvia nossos corações Dele. O primeiro pecado foi uma desobediência à voz e à ordem de Deus, o que ocasionou ao homem uma ruptura, a perda da graça santificante e a harmonia plena com o Criador. O pecado escraviza o homem. São Paulo começa o capítulo 5 de sua carta aos Gálatas dizendo: “É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão” (Gl 5,1). Essa frase lapidar narra a obra de redenção, de justificação, reconciliação, de restituição da graça santificante que Jesus conquistou para nós. Vemos um rosto do Deus misericordioso, de quem, por meio de seu único filho Jesus Cristo, por Sua Paixão, morte e ressurreição, obtivemos o perdão, a remissão dos pecados. Revista Renovação
Nesse capítulo ainda, Paulo vai falar do que é viver a liberdade em Cristo, do que é manter-se escravo do pecado e que seu salário é a morte eterna. Aqueles que deixam ser conduzidos pelo Espírito de Deus e, como falamos na RCC, vivem o Batismo no Espírito Santo, buscam viver uma vida reta e santa, sabendo que tentações sempre ocorrerão, uma vez que o próprio Jesus foi tentado e ensinou que deveríamos pedir ao Pai para que não caíssemos nelas. O consentimento às tentações é o que nos faz cair e pecar. A lei e os mandamentos só não são fardo para aqueles que buscam ter a vida no Espírito e que procuram seguir os preceitos de Deus com gratidão e retribuição a tudo que Ele gratuitamente já nos concedeu. “O Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade” (II Cor 3,17). Fomos criados por Deus como seres livres, dotados de razão, de emoção, de responsabilidade e capazes de pensar e de agir nas atitudes que tomamos, o que implica
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consequentemente em resultados. nos purificar de toda iniquidade” (1 Por Deus ter nos concedido essa Jo 1,9). A culpa diante da falta e do liberdade é que podemos crer e seerro cometido, é melhor denominaguir (ou não) os projetos de Deus. da no Catecismo como uma atitude São Paulo vai dizer que travamos de “contrição” (Catecismo, 1424), é uma constante batalha diante dos apresentada como dor da alma, nedesejos da carne, que se contragação do pecado cometido e como vontade resoluta de não retornar ao põem aos do Espírito. Viver a vida estado anterior que provoca sofriespiritual não nos limita ou restringe; ao contrário do que o munmento (de ruptura ou pecado). Esse estado de contrição, que é revelado do apregoa e anuncia, atender aos pelo Espírito Santo, faz o arrepenapetites da carne e viver uma vida sem Deus é o que nos torna escradido ter uma experiência profunda do amor de Deus, tornando-se um vos do pecado, pois o instinto mata caminho perfeito para obtenção do a liberdade verdadeira. Não seguir perdão e da aos preceitos e manda damentos do amado Viver a vida espiritual pacificação consciência. Deus é como dizer que não nos limita ou res- O arrependicada um é responsável por sua saúde e seu es- tringe, ao contrário do que mento da falta leva tado físico sem se preo mundo apregoa e anun- cometida a um estado ocupar com as consequências que uma vida cia, atender aos apetites da de consciêndesregrada ocasiona. carne e viver uma vida sem cia profunda O pecado fere Deus, é o que nos torna por parte do pecador sobre todo o tecido da reescravos do pecado, pois o o mal causado lação íntima de Deus com o homem, sendo instinto mata a liberdade a si mesmo, a um irmão ou à uma profunda desu- verdadeira. .” coletividade. manização; vede que,
“
em Deus, o homem conhece sua profunda identificação e/ou personalização. O ser humano que, pelo mau exercício de sua liberdade, provoca a ruptura com o amor e a Graça divina, vai, a partir do pecado, sofrendo um processo de alienação de si mesmo e de sua vocação maior, que é amar profundamente ao Criador1. O ser humano que rompe com o amor de Deus pelo pecado vai se tornando gradativamente desumano2. Nessa perspectiva, o ser humano que deixa o Espírito Santo vir em seu auxílio, intercedendo e orando por ele (cf. Jo 6,8; Rom 8,26-27), convence-o de ser pecador e, assim, renunciando e confessando os pecados, encontra um “Deus fiel e justo para nos perdoar os pecados e para
Somente com o auxílio da graça conquistada por Nosso Jesus Cristo, o homem tem condições de iniciar um processo de metanoia (conversão, mudança de sentido). O amor incondicional e irrestrito de Deus expresso na entrega de seu filho único para nossa salvação passa a ser caminho ao qual devemos seguir. Quando professamos no credo que “cremos na remissão dos pecados”, estamos proclamando que cremos num Deus que é misericórdia, compaixão e perdão. Não é a toa que o Sacramento da Reconciliação é definido pelo Catecismo da Igreja Católica como sendo um sacramento de cura, assim como é a Unção dos Enfermos. “O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, Ele que remiu os pecados do paralíRevista Renovação
tico e restituiu-lhe a saúde do corpo, quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros” (Catecismo 1421). A confissão sacramental traz à alma uma cura e libertação profunda daquilo que estava sendo barreira para a graça de Deus, por isso é chamado de sacramento da Reconciliação com Deus. Diz ainda o Catecismo que esse sacramento “traz consigo uma verdadeira “ressurreição espiritual”, restituindo a dignidade e os bens dos filhos de Deus” (Catecismo, 1468). Quando confessamos nossos pecados ao sacerdote, apresentamos a Jesus nossas faltas e comprometemo-nos com auxílio da graça divina e com o exercício pessoal das virtudes, a não mais cairmos novamente. A volta à casa do Pai que está sempre de braços abertos a nos perdoar, tem nesse sacramento uma expressão bem concreta e visível, revelando que sozinhos não podemos nada e que temos uma Igreja que também é mãe e acolhe seus filhos arrependidos. Nossa vocação é a vida nova no Espírito Santo, que compreende amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como seu próprio filho nos amou e se entregou por nós. Que o Espírito Santo durante nossa peregrinação terrestre, nos fortaleça e revele-nos sempre o que precisamos renunciar e confessar para chegarmos à vida eterna.
1 O teólogo Mario de França Miranda nos atenta para essa visão unitária entre Natureza e Graça quando afirma: “Em sua existência histórica Jesus nos revelou o amor primeiro de Deus (...) existimos para receber em nós o próprio Deus. Esta presença atuante (...) de Deus em nós constitui uma autêntica interpelação divina. Ao respondê-la decidimos nossa existência e destino”. Cf. MIRANDA, Mário de França. A salvação de Jesus Cristo. A doutrina da Graça. São Paulo: Loyola, 2004, p. 56. 2 Fonte: http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/ tesesabertas/0812687_2013_cap_2.pdf
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Especial
jj aa nn ee ii rr oo // ff ee vv ee rr ee ii rr oo .. 22 00 11 55 Por Marcelo Marangon
Coordenador Nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação Grupo de Oração Kénosis
A VIDA NO ESPÍRITO REQUER COERÊNCIA DE VIDA Muitos têm dificuldade de testemunhar com suas próprias atitudes aquilo que professam. No artigo a seguir, o coordenador nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação nos ajuda a refletir sobre nossos atos perante a comunidade e nossa família, além de nos levar a rever nossa vida de oração pessoal.
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Papa Francisco ensina que “não é fácil, todos nós sabemos, a coerência na vida entre a fé e o testemunho; mas devemos ir em frente e realizar em nossas vidas essa coerência cotidiana. ‘Este é um Cristão’, não tanto pelo que diz, mas pelo que faz, pelo modo como se comporta”. A viva tradição da Igreja sempre lembrou que “a lei da oração é a lei da fé” (lex orandi, lex credenti), ou seja, a Igreja celebra ou reza aquilo que ela crê. Significa dizer, dentre outras coisas, que é preciso haver coerência entre a oração do fiel e a fé recebida dos apóstolos (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1124). E essa coerência entre lex oranti e lex credenti acaba por determinar a lex viventi. A forma como oramos reflete o que acreditamos e determina como viveremos. A vida no Espírito exige coerência de vida. É comum vermos, em nosso meio, muitas formas de incoerência. Pessoas que professam com os lábios que “creem em Deus todo-poderoso”, mas, nos momentos de dificuldades, demonstram-se incapazes de confiar plenamente que Ele realmente virá em seu socorro e, infelizmente, acabam por desanimar, abandonando o caminho da fé. Há também aqueles que “proclamam a
santidade de Deus”, mas não estão dispostos a “viver como convém a santos” (Ef 5,3). A “lei da oração, lei da fé e lei da vida” estão intrinsicamente ligadas. Não haveria sentido assistir às missas aos domingos e participar do Grupo de Oração semanalmente, se a palavra proclamada não me conduzisse a uma vida de santidade, através dos sacramentos e da comunhão fraterna. A coerência de vida significa traduzir no cotidiano, na prática da vida diária, aquilo que afirmo crer. Fé e oração são duas manifestações da mesma realidade: a vida no Espírito. Somos chamados à vida no Espírito, ou seja, devemos traduzir na vida aquilo que o Espírito está realizando em nosso interior. Por isso, estarmos seguros de comportar-se de modo coerente deve ser consequência natural para aquele que fez a experiência de renascer em Cristo. De fato, todos aqueles que renasceram em Cristo, receberam uma nova vida. O apóstolo Paulo declara: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Se digo crer nessa verdade, devo também praticá-la em meu dia-a-dia, “andando de acordo com o Espírito” (cf. Gl 5,25). E o que é andar no Espírito? É ser dócil Revista Renovação
à voz de Deus; é estar em oração incessante; é cumprir os ensinamentos do Senhor; é saber que a verdadeira felicidade não depende de uma mera satisfação dos apetites da carne. Vida de oração Muitas pessoas acreditam que “oração rende juros” e, por isso, rezam apenas quando estão no Grupo de Oração. Acreditam ser suficiente o tempo dedicado a Deus naquela reunião semanal de oração comunitária. Durante os demais dias da semana, porém, além de não traduzir o que foi rezado na prática da vida cotidiana, deixa de orar porque imagina que sua oração está crescendo em algum suposto “Banco Celestial”. É preciso aproveitar as oportunidades que temos de orar enquanto estamos em comunidade, pois a manifestação do Espírito Santo, nesses momentos, é de uma grandeza incomparável. Quando a Igreja está reunida em oração, não é possível esperar menos do que um novo Pentecostes! Mas, é necessário reconhecer a importância da oração pessoal, sobretudo das práticas espirituais que tanto podem nos ajudar na intimidade com Deus. Chamo a atenção aqui para mais uma forma de incoerência ou
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perigo que temos corrido. Quando estamos sozinhos, desejamos que chegue logo os momentos de oração comunitária (reuniões de oração, cenáculos, retiros etc.). Mas, quando estamos nesses lugares, desperdiçamos o precioso tempo de oração vagueando de um lado a outro nos corredores ou conversando assuntos paralelos... Perdemos o nosso tempo e atrapalhamos a oração dos demais. Por outro lado, se uma pessoa não consegue orar com os irmãos, teria ela realmente uma vida de oração pessoal? Como poderemos viver alimentados na fé, na esperança e na caridade, se fugimos daquele que poderia, de fato, nos sustentar? A oração nos mantém vivos na fé, seguros na esperança e objetivos na caridade. Testemunho de vida É da certeza de que fomos batizados no Espírito Santo que surge a necessidade de um testemunho de vida coerente. Não basta a afirmação emocionada de que sentimos a presença do Espírito em nós. Faz-se necessário uma coerência entre a afirmação dos lábios, o sentimento interior e o comportamento diante dos homens. Neste sentido, não é possível caminhar no Espírito sem um sincero processo de conversão diário. Conversão significa ouvir e colocar a Palavra de Deus em prática na nossa própria vida, deixando-nos modelar por ela. O Espírito Santo, autor de nossa santificação, operará em nós uma obra nova, ensinando a viver e proceder adequadamente, segundo o Evangelho da Vida: Jesus Cristo. Nesse processo, Ele nos ensinará a amar, a perdoar, a acolher e tudo o mais que possa vir configurar nossa vida à vida de Cristo. Sem a ajuda do Espírito Santo, é impossível vivermos a vida nova! O Grupo de Oração é um lugar de acontecimentos. É nesse local que devemos manifestar a nova vida
recebida por ocasião do batismo no Espírito Santo. É muito estranho quando as pessoas que se dizem “renovadas” não demonstrem atitudes de uma pessoa “nascida” de novo, através do seu cotidiano. Muitos estão no Grupo de Oração e se alegram a ponto de rejubilar, o que é legítimo! Mas, ao retornar para suas casas não conseguem a mesma alegria com seus familiares; no Grupo de Oração, é um “cordeiro”, mas em casa com os seus, é um “leão feroz”. Tem aqueles que abraçam todas as pessoas no grupo, retiro, cenáculo, mas não conseguem abraçar seus companheiros de serviço, escola etc. Será que estamos falando de duas pessoas ou estamos percebendo as incoerências em seus relacionamentos? A coerência nos ensina a cumprir o evangelho, pois ele retrata um fruto importante a ser vivenciado, o amor ao próximo. Outros têm erguido os braços para orar, às vezes até pulando, com a voz alterada, como pessoas livres; mas, no seu dia-a-dia, estão presos por pecados. Os nascidos de novo não devem permitir serem presos novamente pelas ações do homem velho. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou e não para a libertinagem. Não devemos orar para que as pessoas nos olhem como “espirituais”, mas é tendo comportamento íntegro e reto que as pessoas poderão desejar ser como nós. Dificuldades diante da santidade e apostolado Somos chamados a ser santos, mas experimentamos dificuldades para realizar essa vocação. E a maior delas está dentro de nós mesmos, a nossa inclinação ao pecado. São Paulo nos alerta: Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero (Cf Rm 7,19). O grande apóstolo reconhece em si mesmo essa incoerência que desgasta seu espírito, cuja origem atribui “ao pecado que habita em mim”. De fato, o pecado e sua marca em nós nos leva a experimenRevista Renovação
tar e sofrer tantas vezes esta divisão dentro de nós mesmos, divisão que constitui a principal dificuldade para viver a coerência entre a fé que professamos e nossa vida. Somos chamados a ser apóstolos da efusão do Espírito Santo, cada qual em seu ministério, com o propósito de anunciar Jesus e Seu reino de justiça, de levarmos a Cultura de Pentecostes e transmitir os benefícios da Civilização do Amor. Para isso, eu preciso ser coerente em meu testemunho, para que as pessoas creiam. O Concílio Vaticano II ensinou que, com frequência, a incoerência dos crentes constitui um obstáculo no caminho de quantos buscam ao Senhor, nosso testemunho deve “arrastar” as pessoas pelo fato de refletirmos Cristo em nossa vida, como diz o ditado: “o testemunho arrasta pessoas”. As pessoas devem perceber em nós coerência entre aquilo que falamos, no que cremos e naquilo que vivemos. É comum os participantes dos Grupos de Oração se espelharem em suas lideranças, mas é tão frustrante quando eles descobrem que muitos não vivem o que pregam, dando assim um contra testemunho! Tomemos cuidado com nosso testemunho, através de um zelo apostólico! Alguma vez você já avaliou o que sua vida tem produzido? Precisamos nos avaliar constantemente, derramar lágrimas de arrependimento. Nós precisamos viver sendo guiados pelo Espírito Santo, guerreando contra a carne, aplicando-nos às disciplinas espirituais (Projeto Amigos de Deus); para não mais servir aos profundos desejos pecaminosos da nossa natureza, mas viver em contínuo processo de conversão. Que a Santíssima Virgem, exemplo total de coerência com a Vida no Espírito, nos ensine a andar de acordo com o que cremos e oramos. Amém!
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Especial
janeiro/fevereiro . 2015 Por Lucimar Mazieiro
Membro da Comissão Nacional de Formação da RCCBRASIL Grupo de Oração Javé Chammá
A VIDA EM COMUNIDADE É GRAÇA DE DEUS Aprendemos dos primeiros cristãos a viver em comunidade. Mas, quais são os pilares desse modo de vida? E quais são os frutos dessa experiência? É preciso esforços de cada um e de todos para se alcançar essa bênção divina. Perseveravam eles na doutrina dos Apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se apoderou o temor. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo povo (cf Atos 2,42-47). Esse é um texto muito conhecido da Sagrada Escritura e que o temos como modelo para as comunidades cristãs; não somente esse, mais também Atos 4,32-36. Neste tempo em que Deus nos impulsiona a “deixar-se conduzir pelo Espírito Santo” (Gal 5,16), a andar de acordo com o Espírito (Gal 5,25), certamente vamos ter experiências novas com o Espírito Santo que refletirá em nossos Grupos de Oração e em nossa vida pessoal.
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Tomando como base Atos dos Apóstolos, é possível atualizar em nossa vida pilares de uma vida em comunidade; entre eles, destacamos: perseverança; partilha e amor fraterno; oração e louvor; e crescimento do grupo. Diante da riqueza deste ensinamento, poderíamos até
elencar mais pilares na construção da comunidade cristã, porém se aprofundarmos cada um desses, já estaremos dando abertura para que o Espírito Santo nos ajude a rever nossa vida em comunidade para perceber onde podemos deixá-lo conduzir-nos.
sitados. As atitudes dos apóstolos testemunhavam a vida de Jesus Cristo. Faziam isso com alegria, pois são testemunhas da ressurreição, testemunhas de Pentecostes! Esse é o diferencial. E nós, que somos discípulos missionários de Jesus, Apóstolos da Efusão do Espírito, como temos perseverado nesses ensinamentos?
Perseverança: no texto, vemos que os primeiros cristãos eram perseverantes no ensinamento dos O modelo para nós é este: apóstolos e também na oração e quanto mais vivemos a intimidade louvor. Primeiro, vamos rever o ser com Jesus em nossa vida espiritual, perseverantes no ensinamento dos mais experiência e conteúdo temos apóstolos. E qual para ensinar, mais é o ensinamento Convivendo com Je- valorizamos a formação em nossa dos apóstolos? É o sus, aprenderam como vida e na vida dos mesmo de Jesus. A diferença está amar, como olhar, como irmãos, pois sabena maneira com ajudar os necessitados. As mos que tudo parte da experiência que os apóstolos aprenderam e pas- atitudes dos apóstolos tes- íntima com Jesus saram este conte- temunhavam a vida de Je- Vivo e Ressuscitaúdo. sus Cristo. Faziam isso com do!
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Todo aprendiSeguindo o alegria, pois são testemuzado deles se deu texto de Atos dos com Jesus; foi na nhas da ressurreição, teste- Apóstolos, vemos convivência, com munhas de Pentecostes! ” a partilha e amor o jeito de ser, de fraterno: a primeira comunidade vivia a experiência falar, na maneira de se relacionar de amor fraterno; isso a levava à com as pessoas. Convivendo com partilha. Só partilhavam porque Jesus, aprenderam como amar, amavam, tinham seus corações licomo olhar, como ajudar os necesRevista Renovação
Especial
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vres ao ponto de sair de si mesmo para alcançar o irmão, o necessitado. Assim, percebe-se “que não havia entre eles nenhum necessitado” (Atos 4,34).
dade, ele o faz na verdade, no amor e a partilha se torna uma ação livre. Percebam que problema não estava em ficar com uma parte da venda, mas o pecado estava na mentira. O pai da mentira, como sabemos, é o Quando temos uma experiêndiabo. Ele é o divisor. Neste caso, a cia verdadeira com o Espírito Sanmentira dividiu o coração de Anato, com a pessoa de Jesus Cristo, nias e Safira, que deram brecha para não ficamos presos a nós a ambição. mesmos, não ficamos A mentira, É o próprio Espírito preocupados demasiaé damente com nossos Santo que vai nos en- portanto, uma ação próprios interesses, pois, sinando que vida comum d i a b ó l i c a deixamos o Espírito Santo nos conduzir e sabe- não é só um estilo de vida, que impede mos que Jesus está no é também um suportar uma comunidade de centro de todas as coiuns aos outros; não é só se crescer, de sas. Vale lembrar que, quando essa experiência comprometer e se respon- amadurecer, é madura em nossa vida, sabilizar por uma ativida- de realmente partilhar o somos transparentes amor fraterde, mas aceitar que o outro diante de Deus e dos irno. mãos, agimos na justiça
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se responsabiliza por você, aceitar que o outro te ame”
e na verdade, porque o Espírito Santo nos dá a graça de amar e de viver esse amor com gestos concretos.
Por outro lado, quando a experiência de Deus fica na superficialidade, quando não aprofundamos na intimidade com Deus, nossas ações podem ser divididas pelos nossos próprios interesses. Lembramos aqui o que aconteceu com Ananias e Safira (Atos 5,1-11); eles venderam suas propriedades, combinaram entre si de reter uma quantia da venda e depositaram aos pés dos apóstolos apenas uma parte. Ananias fez sua entrega e Pedro movido pelo Espírito questionava essa ação, mostrando a mentira de Ananias. No mesmo instante, Ananias cai morto aos pés de Pedro e foi sepultado. Ao chegar Safira, Pedro a questiona e ela responde conforme o combinado com Ananias e também cai morta. Nesse relato de Atos dos Apóstolos, percebemos que, quando o Espírito Santo conduz uma comuni-
Quantas coisas podemos refletir com isso: até que ponto estamos deixando o Espírito nos conduzir em nossa comunidade, Grupo de Oração, vida pessoal, em nosso estado de vida? Estamos vivendo o amor fraterno? O amor vai além do que é material e aparente, o amor gera vida.
Oração e louvor: outro testemunho dos primeiros cristãos é que eles perseveravam na oração e principalmente no louvor. Quantas vezes fomos mencionados como povo que reza, o povo da oração...! Se assim fomos lembrados, não podemos deixar que essa característica tão própria se perca. Perseverar na oração, estar aos pés do Mestre, falar com Ele, ouvir sua resposta, contemplar sua presença, adorá-lo, louvá-lo são manifestações presentes na vida de quem ama o Senhor e, amado por Ele, exerce esse amor no meio de seu povo. Crescimento do Grupo: Papa Revista Renovação
Francisco nos ensina que “não se pode entender vida cristã sem a presença do Espírito Santo” (08/05/13). É o próprio Espírito Santo que vai nos ensinando que vida comum não é só um estilo de vida, é também um suportar uns aos outros; não é só se comprometer e se responsabilizar por uma atividade, mas aceitar que o outro se responsabilize por você, aceitar que o outro lhe ame. É também o Espírito que nos ensina a tomar cuidado com um grande perigo: fechar-se a si mesmo. Isso acontece quando nos bloqueamos com o medo de nos responsabilizar pelo outro. Aqui está um ponto de beleza a ser ressaltado na vida comunitária: deixar-se ser amado, deixar-se ser cuidado, deixar-se ser conduzido. É interessante quando percebemos que, na vida em comum, passamos por fases, tais como: “na primeira tudo e todos são belos, tudo é maravilhoso, todos são heróis. A segunda fase é a de se deparar com as fraquezas, as decepções, as imperfeições; nessa fase nada é bom, só aparecem os defeitos. É uma fase complicada. Aqueles que conseguem passar e chegar à terceira fase, entram no período de criar raízes. Período onde acontece a maturidade nos relacionamentos consigo mesmo, com Deus, e principalmente com o próximo que caminha com ele” (Jean Vanier, Comunidade – lugar de perdão e festa). Viver em comunidade no Espírito é graça de Deus. Alegremos o nosso coração pela oportunidade de crescermos na vivência fraterna, pois aquele que buscar seguir o exemplo das primeiras comunidades, também experimentará a alegria e a simplicidade como frutos da ação do Espírito, em sua vida e em comunidade.
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Grupo Institucional de Oração
janeiro/fevereiro . 2015 Por Tarcísio Augusto
Membro do Núcleo do Ministério de Pregação Diocese de Bragança/PA
DEIXAI-VOS CONDUZIR PELO ESPÍRITO Diante da moção dada por Deus a toda a RCC do Brasil para o ano de 2015, o Conselho Nacional também sugeriu um tema para os retiros de Carnaval do Movimento: “Deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo”. Para auxiliar o aprofundamento desses assuntos, o Ministério de Pregação sugere um Roteiro de Pregação para a temática central dos eventos. MOÇÃO PROFÉTICA: “Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito” (Gl 5,25). I – INTRODUÇÃO: pedir oração; apresentação do pregador; motivação da moção profética e apresentação dos itens da pregação. II – DESENVOLVIMENTO 1 – A VOCAÇÃO DO HOMEM – A VIDA NO ESPÍRITO - Catecismo da Igreja Católica, 1699: “A vida no Espírito realiza a vocação do homem (capítulo I); Constitui-se de caridade divina e de solidariedade humana (capítulo II). É concedida de graça como uma Salvação (capítulo III)”. - Viver pelo Espírito Santo: Rm 8,5-17. - Deixar-se, mover-se e conduzir-se no Espírito Santo por Ele: Gl 5,16-25 (Ler). a) Viver no Espírito é parte integrante de nossa vocação (Por quê?): - Deus nos chama à vida por meio do seu Espírito (Gn 2,7); - Jesus nasceu no Espírito (Lc 1,35); - Jesus viveu no Espírito (Mt 4,1); - Jesus morreu no Espírito (Lc 23,46); - Jesus ressuscitou no Espírito (At 17,31; Fl 3,10); - JESUS QUER QUE SEJAMOS COMO ELE (Mt 10,24s; Lc 6,40).
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2 – FINALIDADE DO VIVER NO ESPÍRITO A finalidade desta ação do Espírito é: • Formar a vida de Cristo em nós por meio de Sua presença, como formou Cristo em Maria; • Dar a vitalidade do homem interior (cf. Ef 3, 16); • “Fazer-nos crescer até a plenitude, até chegarmos todos juntos à unidade da fé, ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, até alcançarmos a
medida da plena estatura de Cristo” (cf. Ef 4,13). Ser filho de Deus, com palavras e atos (João 1,12; Romanos 8,12-17, vencer o pecado, viver santamente). 3 – REQUISITOS PARA SE VIVER NO ESPÍRITO a) Para viver a vida no Espírito é preciso: • Querer constantemente e com sinceridade esta nova qualidade de vida; • Pedir. Lc 11, 13; • Vivência das práticas espirituais: Projeto Amigos de Deus; • Permanecer cheio do Espírito Santo; • Docilidade ao Espírito Santo; • Abertura à prática dos carismas (1ª Tes 5,19-21); • Conversão; • Santidade (buscá-la). 4 – FRUTOS DA VIDA NO ESPÍRITO - Fundamentos: • Gl 5,22 (Ler); • Catec. nº 1832: “Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna”. - O fruto do Espírito Santo é a colheita de Deus em nossas vidas; - São características de Jesus em nós; - São sinais visíveis de nossa transformação. - Outros Frutos • O Espírito Santo nos dá um novo conhecimento de Cristo e do Seu amor; • Apreciamos a doutrina Cristã e as Escrituras de uma forma nova; • A oração tem um novo sentido; • Temos a necessidade de louvar a Deus pelo que Ele é, e não só pelo que nos dá; Revista Renovação
• Vivemos uma nova prática da religião. 5 – AÇÕES DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS - A vida no Espírito é experiência de Sua Presença e ação permanente • A vida no Espírito consiste em deixar o Espírito Santo dirigir todos os nossos passos (João 3,8); • A vida no Espírito é uma vida na qual o cristão pode ter a experiência do ES vivendo nele e agindo através dele com total liberdade; • Não é uma vida baseada apenas na doutrina e na prática religiosa; • É o Espírito Santo que opera interiormente em nós a salvação conquistada por Jesus (Rm. 8,11); • É o Espírito Santo que nos convence do pecado (Jo. 16,8); • É o Espírito Santo que nos atesta que somos filhos de Deus (Gl. 4,6-7); • É o Espírito Santo que nos leva a obedecer às leis do Senhor (Ez. 36,27); • É o Espírito Santo que nos capacita para a missão (At. 1,8). III – PERORAÇÃO (Conclusão): - O Espírito Santo deseja nos conduzir, para que façamos a vontade do Pai. Esta é a vontade de Deus para nós: que sejamos conduzidos pelo Seu Espírito. Acabamos de ver que é perfeitamente possível sermos conduzidos pelo Senhor, por meio do Seu Espírito em nós e através de nós. - Convite à ação: Conclamar a aceitar ser cheio do Espírito Santo e conduzido por Ele para andarmos como esse mesmo Espírito. - Oração Final: Pedir a graça do Batismo no Espírito Santo para sermos conduzido por Ele.
Especial
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RCC DO BRASIL,
VAMOS COLOCAR NOSSA VIDA EM MISSÃO!
Receber a Revista Renovação é um sinal de que você possibilita a realização de uma série de ações evangelizadoras e missionárias da RCC do Brasil. Por isso, preparamos uma matéria especial sobre o Nossa Vida em Missão, projeto que amplia sua contribuição e que une todo o Movimento do país em uma só missão. Manifestada ao mundo em Pentecostes, a Igreja se mostra fundamentalmente missionária. Nisto também consiste a experiência de quem vive pelo Espírito e caminha de acordo com Sua vontade: ser missionário. Contudo, o missionário não é apenas aquela pessoa que deixa tudo para servir a Deus em seu tempo integral, mas também aquele que tem a ousadia e a coragem de anunciar o Evangelho onde se está, onde se vive, ou ainda, aqueles que, direta ou indiretamente, viabilizam ações desse cunho. É essa terceira atitude missionária o motivo pelo qual você recebe a Revista Renovação. Ao contribuir com todos nossos projetos de evangelização, missionários e estruturais, você também se coloca em missão, pois possibilita que eles continuem acontecendo. Por isso, cada número da Revista, além de um rico material de formação e espiritualidade, é um sinal de sua fidelidade ao Movimento. É sinal de que sua caminhada no Espírito está
a frutificar. Para tudo isso, a RCC do Brasil criou o projeto Nossa Vida em Missão que, tem o objetivo de unir o Movimento em uma mesma visão e num mesmo objetivo. Para entendê-lo, precisamos destacar seus principais pilares:
- Vida: Fomos gerados pelo próprio Deus, nossa vida é um dom. E nós, carismáticos, temos outro ponto em comum: tivemos nossa vida transformada pelo encontro pessoal com Jesus. Fizemos uma experiência com o Espírito Santo, quem agora nos conduz a uma vida espiritual; - Unidade: não estamos sós, pertencemos ao mesmo Movimento, caminhamos pelo Espírito na mesma direção, por isso trabalhamos juntos; - Missão: O Pai enviou o Filho, o Filho, por sua vez, enviou os apóstolos, e a Igreja é enviada, até os dias atuais, pelo Espírito Santo. Revista Renovação
O envio sempre evoca uma missão, portanto, somos chamados a desempenhar algo. A nós, Renovação Carismática Católica, cabe difundir a Cultura de Pentecostes. Diante desses pilares, entendemos que, movidos pelo Espírito Santo, como forma de gratidão a Deus, somos convidados a devolver a Ele nossa vida, em comunhão com os carismáticos de todo o país. Isto é, somos chamados a colocar “Nossa Vida em Missão”. Essa moção foi soprada no coração do Conselho Nacional junto ao Escritório Administrativo da RCCBRASIL durante 2014, ano em que Deus nos convocou à unidade. Portanto, esse é um passo concreto em direção à vivência de tudo o que Ele nos ensinou até aqui. Dessa maneira, o Nossa Vida em Missão não será mais uma forma de arrecadação, mas ao contrário, com uma contribuição única, você ajudará todas as campanhas e projetos do Movimento.
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Especial Especial
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Especial
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COLABORADORES MISSIONÁRIOS: UM ATO DE GRATIDÃO A DEUS! Provavelmente, você carismático, teve primeiro um encontro pessoal com Jesus, experimentou a graça do Batismo no Espírito Santo, para então se abrir à vida comunitária e se engajar em um Grupo de Oração. Depois, você passou a conhecer os encontros diocesanos, estaduais, nacionais, e talvez, até internacionais. Normalmente, esse é o caminho que nós fazemos. Mas, independente da ordem de nossos passos, é fato que, além do amor a Deus, foi despertado em nossos corações um profundo amor pelos irmãos, pelo Movimento, pela RCC do Brasil. É por esse amor e, principalmente, pela gratidão a Deus por tudo o que Ele operou em nossa vida, que nos doamos pelo Movimento. Disponibilizamos nosso tempo, nossos esforços, nossa casa, e até mesmo, decidimos contribuir financeiramente para que as ações da RCC sejam fortalecidas e tenham todos os recursos necessários para levar muitos outros a mesma experiência. E é fundamentalmente por essa razão que a Renovação Carismática Católica do Brasil consegue desenvolver tantos projetos!
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Como fruto desse trabalho desenvolvido em unidade e com amor, a RCCBRASIL presenteará os colaboradores do Nossa Vida em Missão com alguns benefícios especiais!
A grande novidade é que, a partir de julho de 2015, todos os contribuintes fiéis receberão mensalmente a Revista Renovação. Para o Movimento no país, esse tem sido um importante meio de evangelização que auxilia a caminhada dos carismáticos e um material essencial para o fortalecimento dos Grupos de Oração. Com conteúdos voltados para a espiritualidade carismática, a revista sempre traz importantes direcionamentos discernidos pelo Conselho Nacional, aprofundamentos de diversos temas de espiritualidade escritos por membros do Movimento; formação específica para Grupo de Oração; atividades de evangelização para as crianças, podendo ser utilizadas nos Grupos de Oração Infantil e reflexões que nos ajudam a semear a Cultura de Pentecostes no dia a dia. Além do recebimento da Revista Renovação, o contribuinte também receberá descontos especiais nos cursos do IEAD, em materiais da Editora RCCBRASIL e na inscrição em eventos nacionais. - Para aqueles que já eram colaboradores de algum dos projetos da RCC, como o Anjo da
Guarda, dos projetos de missão, ou seu Grupo de Oração e diocese também já colaboravam, as contribuições não serão alteradas. Revista Renovação
O contribuinte passará a receber o carnê com a nova capa do projeto Nossa Vida em Missão, mas o valor e periodicidade de sua colaboração anterior permanecem os mesmos. A diferença é que eles passarão a usufruir também dos benefícios de colaboradores deste projeto. Os contribuintes que recebiam mensalmente os boletos deixarão de recebê-los e passarão a colaborar também por meio do carnê.
- Se você deseja se tornar um colaborador, pode encontrar
no folder do projeto, distribuído em eventos da RCC, um formulário para ser preenchido e enviado como carta-resposta ou entre em contato com o Escritório Nacional da RCCBRASIL, pelo telefone (12) 3151-4155. Após o cadastro, o carnê “Nossa Vida em Missão” será enviado para o endereço indicado no formulário ou no momento do atendimento. O carnê é composto por 12 parcelas, com o valor mínimo de R$20,00. Por intercessão da Beata Elena Guerra, pedimos ao Espírito Santo que nos auxilie nesse novo projeto e conduza todos nós, Renovação Carismática Católica do Brasil, para que, cada vez mais, coloquemos nossa vida em missão!
Projetos
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A SEDE NACIONAL É UM
MEIO PARA VOCÊ AJUDAR A SEMEAR A VIDA NO ESPÍRITO A Renovação Carismática Católica é uma corrente de graça para a Igreja e sua Missão é Evangelizar a partir do Batismo no Espírito Santo levando às pessoas a dinâmica da vivência da vida no Espírito. Assim afirmou papa Francisco em junho de 2014 na 37ª Convocação da Renovação na Itália: “Vocês, Renovação Carismática, receberam um grande dom do Senhor. Vocês nasceram de um desejo do Espírito Santo como ‘uma corrente de graça na Igreja e para a Igreja’. Esta é a sua definição: a corrente de graça”. Diante desta afirmação, aumenta ainda mais nosso compromisso em preservar nossa identidade para salvaguardar o próprio Movimento e garantir que esta corrente de graça continue agindo na Igreja. É justamente este compromisso que motivou o Conselho Nacional a discernir que a RCCBRASIL deveria ter uma Sede Nacional para ser um espaço para administrar os inúmeros projetos que desenvolvemos; um centro de pesquisa e biblioteca para guardamos nossa história e documentos; um local para realizarmos os eventos nacionais; um lugar de profunda espiritualidade carismática, onde possamos levar nossos irmãos para louvar a Deus, junto com outros irmãos do Brasil, enfim: uma ‘Casa da Renovação Carismática Católica’ para que a RCC possa preservar sua identidade de maneira definitiva e segura. Na verdade, a ideia da construção de uma Sede Nacional é um sonho bastante antigo e muitas oportunidades para construí-la surgiram no passado. Entretanto, por diversas razões, essas oportunidades não se adequaram com a necessidade da RCC. Desde então, se buscou o momento certo para pôr em prática essa promessa. E em 2009, um grande passo foi dado nesta direção ao recebemos em doação uma área de 90 mil m² em Canas/SP. Este foi o sinal de Deus que precisávamos para por mãos à obra. Em 30 de janeiro de 2010, durante o Encontro Nacional de Forma-
ção (ENF), a Renovação Carismática do Brasil lançou a pedra fundamental da construção com uma Missa solene celebrada por Dom Alberto Taveira. Em setembro do mesmo ano, pela graça de Deus que age através da generosidade de muitos irmãos, iniciamos as obras de construção. Já se passaram mais de quatro anos e quando olhamos para o tamanho do terreno ou para o projeto, nos damos conta da grande missão que temos. Muitas batalhas foram vencidas para levarmos em frente este projeto de Deus. Uma construção deste nível poderia ser um empreendimento impossível, não fosse o fato de que este compromisso está sendo assumido por um povo animado pelo Espírito Santo, que crê que esta não é simplesmente uma obra de construção física, mas uma obra espiritual, conduzida pelo próprio Senhor. No entanto, as batalhas não cessaram! Elas continuam sendo travadas contra o inimigo que tem o firme propósito de tentar nos dissuadir desta missão para impedir que esta promessa se cumpra. Foi o que ocorreu em dezembro de 2013, quando a presidência da RCCBRASIL, juntamente com a comissão nacional da construção, precisou se reunir para orar e ouvir o Senhor a respeito de grandes e graves dificuldades que repentinamente surgiram. O Ministério Público recebeu uma denúncia de irregularidades da parte da Prefeitura nos atos de doação do terreno à RCC e, devido a isso, as obras tiveram que ser paralisadas. Colocamo-nos em oração para discernir o que deveríamos fazer em relação a esta dificuldade e a primeira coisa que Senhor nos mostrou foi que esta obra precisa da contribuição de todos os carismáticos, não apenas na dimensão financeira, mas também na dimensão espiritual através das orações. O Senhor nos concedeu ainda a Palavra de Isaías 37,30 que traz uma Revista Renovação
promessa para direcionar todo o projeto da construção: “E eis o que te servirá de sinal: este ano se comem restolhos: o ano que vem, aquilo que nascer sozinho: e no terceiro ano, porém, semeareis e colhereis: plantareis vinhas e comereis os seus frutos”. Ainda estamos orando muito com esta Palavra para entender tudo o que o Senhor deseja nos revelar. Porém, em nosso primeiro discernimento já foi possível reafirmar o consenso de que a construção da nossa Sede Nacional é mais do que tudo uma iniciativa do Senhor do que propriamente nossa, onde Ele mesmo faz crescer e dar frutos, cabendo a nós apenas semear. Um exemplo disso foi a solução quase que miraculosa das dificuldades enfrentadas com o Ministério Público que nos fez ter ainda mais certeza de que o Senhor está à frente desta obra. Entendemos que os nossos esforços nesta construção são, na verdade, um ato espiritual que se resume em “Semear a Vida no Espírito”. Portanto, quem colabora com este projeto está também semeando a vida no Espírito e isso significa levar a muitas pessoas a graça de viver sob a direção do Espírito Santo. Sendo a Sede Nacional da RCC um local propício para que esta dinâmica carismática aconteça, podemos então afirmar que construir este local é garantir para as gerações futuras a certeza da continuidade desta corrente de graça na Igreja e na sociedade. Convidamos você a semear vida no Espírito participando concretamente deste projeto com as suas orações e com a sua contribuição a cada mês através do carnê. Entre em contato com a RCC de sua diocese ou acesse o hotsite da Sede Nacional, no portal da RCCBRASIL. Oramos para que Deus nos conceda a capacidade de ver com olhos espirituais para contemplarmos sua ação neste projeto da construção da Nossa Casa, Cossa Bênção!
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Notícias
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NOVO CURSO ENSINA INTERPRETAR CONTEXTOS E REALIDADE HISTÓRICA DA BÍBLIA Em 2015, o Instituto de Educação a Distância da RCCBRASIL completa cinco anos! Para comemorar essa data, será lançado o curso “Instrumentos eficazes para compreender a Bíblia”. Mais do que fazer a leitura orante das Sagradas Escrituras, a ideia é ir além e realizar um estudo profundo para compreender todo contexto histórico, cultural e geográfico existente quando cada um dos textos foram escritos. Leia a entrevista feita com o professor do novo curso João Cláudio Rufino, que é filósofo, teólogo e mestre em Bíblia. Na RCC, ele faz parte do núcleo nacional do Ministério de Pregação. Revista Renovação: Qual é o objetivo principal do curso? João Cláudio: Esse curso tem o objetivo de oferecer instrumentos para as pessoas que têm interesse em interpretar corretamente a Bíblia. Hoje, há uma grande defasagem de instrumental para ler a Bíblia, de modo que o curso pretende exatamente isso, oferecer essas condições. Mais do que leitura orante, que também é importante, a ideia é estudar a Bíblia. Com alguns instrumentos que iremos passar, o aluno poderá fazer isso caminhando com as próprias pernas.
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Revista Renovação: Quais serão os conteúdos abordados? João Cláudio: Os tópicos tratados são basicamente os tipos de leitura existentes em relação à Bíblia. A primeira delas é o que chamamos de “Leitura Sincrônica”, que é o estudo do texto tal como ele está pronto na Bíblia. Dentro da leitura sincrônica, vamos ver crítica textual (estudo dos manuscritos antigos); história das traduções da Bíblia; tipos de tradução existentes atualmente; análise literária, na qual vamos aprender so-
bre a metodologia de segmentação textual e delimitação textual, abordando todos os gêneros literários da Bíblia que seguem um padrão, desde Gênesis ao Apocalipse. Na segunda parte, iremos falar sobre a “Leitura Diacrônica”, que vai além do texto. É o que chamamos de contexto bíblico. Vamos ter noção sobre a geografia de Israel e os períodos históricos nos quais os textos foram sendo compostos. Sabendo do ambiente cultural, antropológico e histórico teremos as respostas para as nossas dúvidas. Por fim, teremos um momento no curso em que as pessoas aprenderão a aplicar todo esse conhecimento em suas pregações, formações e mesmo nos momentos de oração pessoal. Revista Renovação: Sabemos que o Espírito Santo vem em nosso auxílio e nos capacita. Nesse sentido, por que, mesmo assim, é importante buscar esse tipo de formação? João Cláudio: A Igreja Católica tem uma doutrina fantástica quando fala da graça de Deus, que é o favor que Deus dá ao ser humano de modo gratuito. Contudo, a Igreja nos diz que essa graça, uma vez recebida, precisa de uma resposta humana. O que Deus pode fazer, Ele faz, mas o que é do ser humano, Deus não vai fazer. Embora o Espírito Santo nos ajude, Deus não vai revelar uma metodologia. O curso do IEAD acontece numa linguagem muito fácil, simples e direta. Ele vai colocar na mão das pessoas instrumentos eficazes para que elas consigam entender a leitura com o contexto, metodologia e pesquisa adequada. É preciso estudo, não só oração. Revista Renovação: Quem pode participar desse curso? João Cláudio: Todo aquele que Revista Renovação
quer conhecer a Bíblia de forma mais profunda. Pregadores e formadores também são chamados a fazer, já que eles têm a Bíblia como instrumento principal para atuação do Ministério, por isso, precisam ter esse domínio. Além disso, também é aberto aos catequistas e ministros da Palavra que queiram fazer essa reflexão mais profunda. Revista Renovação: Qual é o material bibliográfico disponibilizado aos alunos? João Cláudio: Usaremos livros de metodologia de leitura bíblica. Haverá muitos assuntos que não poderão ser aprofundados por questão de tempo, por isso é importante que os alunos leiam os textos complementares, participem dos fóruns de discussões, vejam os vídeos das aulas quantas vezes forem necessárias e busquem outros vídeos que serão indicados. Revista Renovação: Qual mensagem gostaria de deixar para os carismáticos do Brasil? João Cláudio: Na cultura bíblica, um dos maiores castigos que alguém pode experimentar é não escutar a voz do Senhor. Deus não pode silenciar, deixar de falar. Quando isso acontece, o povo fica sem saber o que fazer e faz coisas ruins. Nós, como Igreja que somos, o novo Israel de Deus, devemos escutar Suas palavras constantemente, precisamos entender a voz do Senhor! Nesse curso, poderemos aprender a ouvir a voz do Senhor na fonte mais pura que existe e, assim, agir conforme a vontade dEle. Tenho certeza que colheremos muitos bons frutos. Se cada diocese tiver pessoas preparadas para interpretar a Palavra de Deus da forma correta, certamente iremos ganhar muito!
Notícias
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CONGRESSOS ESTADUAIS: É HORA DE ALCANÇAR CADA GRUPO DE ORAÇÃO DO BRASIL! Em 2014, toda a família carismática brasileira se reuniu para celebrar a unidade no Congresso Nacional, em Aparecida/SP. Agora, em 2015, é chegada a hora do povo de Deus estar junto novamente, mas, dessa vez, mais próximo de casa! Esse será o ano dos Congressos Estaduais, um sopro de Deus no coração do Movimento que faz com que as moções sejam levadas a todos, principalmente àqueles que não têm possibilidade de estar nos encontros nacionais devido às distâncias e outras dificuldades. Já há algum tempo, o Conselho Nacional discerniu que o Congresso Nacional seria realizado a cada dois anos, intercalando com os Congres-
sos Estaduais. Dessa forma, cada um dos estados do Brasil, incluindo o Distrito Federal, tem a oportunidade de promover uma grande festa de Pentecostes, que contava com a presença de membros das equipes nacionais e, é claro, com os servos e participantes dos Grupos de Oração das dioceses que compõem o estado.
alidade também se assemelham ao retiro nacional, seguindo os direcionamentos que Deus soprou para o Movimento durante o ano. Por isso, todos os eventos terão o mesmo tema: “Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito” (Gl 5, 25), proposto pela RCC do Brasil para 2015.
O Congresso Estadual conta com uma grande estrutura bem parecida à usada nos eventos nacionais. Apesar da organização ficar sob o comando do Conselho da RCC no estado, o encontro é preparado com o suporte do Escritório Administrativo da RCCBRASIL. A dinâmica de pregações, workshops e momentos de espiritu-
Nesse sentido, o Congresso Estadual é um momento único. Nenhum carismático pode ficar de fora dessa grande celebração junto aos irmãos que estão tão próximos no dia a dia da missão! Fique atento à data do Congresso no seu estado e se programe para participar!
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Espiritualidade
janeiro/fevereiro . 2015 Por Pe. Rodrigo Silva Pereira
Paróquia Nossa Senhora Aparecida Diretor Espiritual da RCC da Diocese de Osasco/SP
LIVRES EM CRISTO... “Vocês, o povo de Deus, o povo da Renovação Carismática, tenham cuidado para não perder a liberdade que o Espírito Santo vos deu!” (Papa Francisco)*. Queridos leitores, nesta oportunidade quero partilhar com vocês de maneira simples, porém carregada de significado para nossa existência como cristãos, o tema da liberdade. Para isso, quero voltar na história, mais precisamente no ano de 1879, quando Thomas Edson conseguiu, finalmente, fabricar sua primeira lâmpada elétrica duradoura. Conta-nos a história que ao terminar o seu grande feito, Tomas Edson, pediu que um dos seus auxiliares a instalasse, mas ele deixou a lâmpada cair e a quebrou... Pense comigo: O que nós faríamos se estivéssemos no lugar de Thomas Edson? Qual seria a nossa reação? Reclamaríamos? Ficaríamos nervosos? Pronunciaríamos cobras e lagartos ao nosso auxiliar? Pois bem, meus queridos, tenho certeza que muitas seriam as nossas atitudes, sendo que, muitas delas, nos levariam ao escândalo dos mais pequeninos. Thomas Edson fez o caminho contrário. Vinte e quatro horas depois, repetiu o experimento e, assim, chamou aquele mesmo auxiliar, deu-lhe a lâmpada e pediu-lhe, novamente, que a instalasse. Esse gesto me faz pensar em Deus, que tem uma infinita misericórdia para conosco! Quantos erros! Falhas! Quedas! Fraquezas...! E Ele ainda enviou seu Filho que morreu de amor na Cruz do Calvário por todos nós, assim como Thomas Edson disse aos que lhe perguntaram:
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- Como você ainda confia nele? - Ele merecia uma nova chance. Antes de experimentarmos a liberdade que brota da Vida Nova, que nos motiva a experimentar o Espírito Santo de Deus, precisamos seguir ao pé da letra as palavras de São Paulo aos Efésios: “Sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4,32). Sem a misericórdia, não seria possível a liberdade, pois como aprendemos, “a liberdade é, no homem, uma força de crescimento e amadurecimento na verdade e na bondade. A liberdade alcança sua perfeição quando está ordenada para Deus, nossa bem-aventurança” (Catecismo da Igreja Católica, número 1731). Se não experimento o Deus Misericordioso e Justo, como vou querer viver bem a liberdade que ele me ofereceu? “Quanto mais praticamos o bem, mais nos tornaremos livres, assim como a escolha da desobediência e do mal é um abuso de liberdade e conduz à escravidão do pecado” (Catecismo da Igreja Católica, número 1734). Sendo assim, meus queridos, a Vida Nova, que brota da experiência com o Espírito Santo de Deus, só é possível pela graça e pelos auxílios interiores que brotam da fé. Por isso, não contraria nem a liberdade, nem a inteligência do homem, confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas. Deus quer entregar em nossas mãos a lâmpada da liberdade: “Ele não quis reter só para si o exercício de todos os poderes. Confia a cada criatura as funções que esta é capaz de exercer, segundo as capacidades
da própria natureza. Este modo de governo deve ser imitado na vida social. O comportamento de Deus no governo do mundo, que demonstra tão grande consideração pela liberdade humana, deveria inspirar a sabedoria dos que governam as comunidades humanas. Estes devem comportar-se como ministros da providência divina” (Catecismo da Igreja Católica, número 1884). Então, como ser livre? Vivendo a eclesialidade, ou seja, participando ativa e frutuosamente da vida comunitária no anúncio da Palavra, da Liturgia e da Caridade que brota de uma experiência madura e livre com o Deus que mora no Sacrário de nossas igrejas espalhadas pelo mundo inteiro. Esta tarefa nós podemos realizar semanalmente, participando com excelência da Santa Missa, que é a fonte e o cume da vida cristã, assim como, a cada semana, alimentando nossas forças no Grupo de Oração, que é a pérola preciosa da RCC. Enfim, que a Virgem Maria, nossa Bondosa Mãe que cooperou para a salvação humana com livre fé e obediência, pronunciando seu ‘fiat” (faça-se), representando toda a natureza humana e tornando-se a nova Eva, Mãe dos viventes, interceda por nós, para que Jesus Cristo não desista de entregar em nossas mãos o Grupo de Oração e os Ministérios aos quais pertencemos, para que ali façamos a Luz de Deus Brilhar como Farol Duradouro na vida dos irmãos e irmãs necessitados. Não se esqueçam: “Vocês, o povo de Deus, o povo da Renovação Carismática, tenham cuidado para não perder a liberdade que o Espírito Santo vos deu!”.
*Discurso do Papa Francisco na 37ª Convocação da Renovação na Itália, em 1º de junho de 2014, em Roma. Revista Renovação