Redes Sociais
Pampulha
Depressão pós-parto
Espaços virtuais interferem na democracia real
A recuperação da lagoa ainda é possível
Problema pode estar ligado a violência
Janeiro/2012 edição 31 | Ano iii r$ 9,90
VÍTiMAS de UMA GUerrA em busca de audiência, emissoras ignoram classificação indicativa de idade; número de advertências quase dobrou nos últimos meses
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O Aprendizado CARLOS VIANA - EDITOR CHEFE carlos.viana@voxobjetiva.com.br
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reportagem de capa desta edição de Vox Objetiva foi finalizada poucos horas antes do envio para a impressão. O que a motivou foi a repercussão, em todo o país, das cenas de um casal participante do BBB 12 mostradas ao vivo e repetidas incessantemente pela imprensa brasileira e internacional. Naturalmente que, passados os questionamentos jurídicos, resta aos brasileiros se perguntarem qual o limite que desejamos para uma televisão onde os canais são, em princípio, concessões públicas que deveriam primar pela transmissão de programações voltadas para o crescimento e o entretenimento sadio. O rumoroso caso Big Brother é apenas uma das várias possibilidades de se assistir diariamente a produções cada vez mais caras e que mostram o desrespeito ao ser humano e o desafio aos limites do tolerável. Tudo sob a bandeira de uma liberdade completa e sem censura. Naturalmente, são poucos os desajustados que desejam o retorno a um passado moralista ou religioso que permeou e cerceou por décadas o desenvolvimento das sociedades. O Estado laico possibilitou também o surgimento de uma televisão voltada para as mais diversas formas de manifestação cultural e política. Essa característica deve ser preservada por ser a mais democrática dentro do chamado
espaço midiático. Mas diante da completa falta de limites e da exposição cada dia maior de assuntos e temas inadequados, acessíveis a crianças e adolescentes, cabe, sim, um questionamento sobre o que desejamos permitir nas telas. Não se trata de um tema fácil e que nunca ficará longe de controvérsias. Uma sociedade livre e democrática não significa uma convivência sem limites ou sem regras. E esse pensamento vale para definir os princípios básicos de uma programação via aparelhos de televisão. A polêmica não deve se restringir apenas ao aspecto legal do que pode ou não ter acontecido debaixo de cobertores, se consensual ou não um determinado ato sexual. O cerne dessa discussão deve ser o exercício das leis e o aprimoramento das instituições encarregadas de fiscalizar e garantir a liberdade de expressão, sem que isso signifique agressões ou temas adultos utilizados em uma guerra pela audiência e por verbas publicitárias onde as vitimas são principalmente crianças, e por fim, a completa destruição dos princípios de uma sociedade. O limite necessário hoje em nosso Brasil precisa ser fruto de uma tomada de consciência que nos garanta a sobrevivência da democracia e, ao mesmo tempo, a adaptação ao novo e aos sinais de uma cultura em constante evolução.
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da liberdade
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sumário
Leonardo Boff defende a Teoria da Libertação e critica o catolicismo romano
15 comentário Ano de 2012 começa com notícias quentes e a mesma incerteza na política
18 política stock.xchng
Entenda a influência das redes sociais no processo democrático
24 educação Justiça é a saída para driblar resolução que define faixa etária escolar
27 meio ambiente Estudo de três décadas sobre a Lagoa da Pampulha revela uma agonia que pode ter fim
33 capa Emissoras de TV desrespeitam classificação indicativa de idade para programas
38 copa do mundo Saiba como andam as principais obras para a Copa do Mundo em BH Vox Objetiva | 5
COMUNICADO A CÂMARA DOS VEREADORES DE BELO HORIZONTE VEM A PÚBLICO ESCLARECER QUE: >> PRIMEIRO >> Por determinação da Constituição Federal, os vereadores têm que estabelecer o salário da legislatura seguinte. Portanto, o reajuste definido pelos vereadores de Belo Horizonte não é para os próprios salários. Nenhum vereador deste mandato teve ou terá o seu salário aumentado.
>> SEGUNDO >> Há 4 anos os vereadores não têm nenhum reajuste salarial. A futura correção beneficiará apenas os futuros vereadores e estará congelada.
>> TERCEIRO E ÚLTIMO >> A Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte tem agido com a mais completa correção com o dinheiro público e, em 2011, economizou mais de 47 milhões de reais, que já foram devolvidos à Prefeitura.
O VEREADOR TRABALHA, A CIDADE MELHORA.
43 saúde
expediente
Pesquisa australiana revela que depressão pós-parto está ligada a abusos
50 turismo Quem não quer a folia do Carnaval também tem excelentes opções
53 cavalos Especialista explica como vencer o medo de praticar hipismo
55 teatro “Acredite, um espírito baixou em mim” é a peça mais antiga da Campanha de Popularização
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Revista Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Comunicação Ltda., com escritório na rua Tupis, 204, sl 218, Centro Belo Horizonte, MG, CEP: 30.190-060. “... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32) EDITOR E JORNALISTA RESPONSÁVEL Carlos Viana EDITORA ADJUNTA Sandra Carvalho DIAGRAMAÇÃO E ARTE Rodrigo Denúbila CAPA Rodrigo Denúbila REPORTAGEM André Martins Fernanda Carvalho Lucas Alvarenga DIRETORA COMERCIAL Solange Viana
Colorado, a nova aposta S-10 da Chevrolet
ATENDIMENTO, ANÚNCIOS comercial@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990
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SUGESTÕES, CRÍTICAS E RECLAMAÇÕES jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 www.voxobjetiva.com.br Tiragem: 20 mil exemplares
Tintim: personagem de quadrinho belga inspira Spielberg na primeira animação da carreira
64 música Músicos mineiros se rendem ao embalo irresistível do blues
Os textos publicados nesta edição da Vox Objetiva, em forma de reportagens, são de responsabilidade direta dos editores. Os textos publicados em forma de colunas, produzidos por colunistas convidados, expressam o pensamento individual e são de responsabilidade dos autores. Todos os direitos reservados. Os textos publicados na revista Vox Objetiva só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores.
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em foco
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VIDA MAGRA, SALÁRIO GORDO
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A indústria de materiais de construção superou o recorde de vendas no mercado interno, que era de R$ 107,1 bilhões em 2008. Ano passado, o setor atingiu a marca de R$ 108,5 bilhões, um crescimento de 2,9% em relação a 2010. A informação é da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). O aumento se deve à melhora nas vendas de produtos de acabamento, que registraram alta de 8% em 2011, contra 0,2% em 2010. No começo de 2011, a Abramat previa um avanço de 9% no faturamento anual, mas medidas tomadas pelo governo federal no período acabaram desacelerando a economia, o que, inclusive, reduziu o ritmo dos trabalhos do programa “Minha Casa, Minha Vida” e acentuou as vendas de importados. As expectativas da associação para 2012 são de 4,5% de crescimento. O número leva em conta o maior número de obras por causa do ano eleitoral, as perspectivas do varejo e programas de obras do governo federal. Stock.xchng
A prática de exercícios regulares está ligada a salários entre 6% e 9% mais altos. Foi o que concluiu uma pesquisa realizada pelo economista Vasilios Kosteas, da Universidade Estadual de Cleveland, em Ohio, Estados Unidos. O estudo foi realizado por meio da análise de questionários realizados com 12 mil pessoas, que incluíam perguntas sobre salário e atividades físicas. Concluiu-se que os exercícios aumentam a produtividade do trabalhador, o que atrai cifras maiores ao final do mês. A ligação da atividade com a laboriosidade não é apenas física. Foi analisado também que ela melhora a condição psicológica e aumenta o nível de energia. De acordo com a pesquisa, uma prática regular de exercícios é um grande indicativo de dedicação e disciplina.
CONSTRUÇÃO EM ALTA
CAPITAL DO JAZZ No dia 29 de janeiro, Belo Horizonte se afirmará, mais uma vez, como a capital brasileira do jazz. Das 13h às 22h, a música ditará o ritmo nas imediações da charmosa praça da Liberdade, na região da Savassi. É o show BH Jazz Festival. A curadoria da segunda edição do evento é do músico Túlio Mourão e a realização ficará a cargo do produtor cultural Lúcio Oliveira. Na ocasião, subirão ao palco nomes como Duo Soares Castro, Fernando Sodré, Donny, Nichillo, Yamandu Costa, Duofel, Ricardo Silveira e outros mais. Ao todo, o público poderá conferir dez apresentações. Os músicos prometem envolver a plateia com o sofisticado som do jazz. A entrada é franca.
O período chuvoso em Minas não está nem perto do final e o Estado já conta com 17 vítimas fatais. O último corpo encontrado é o de um homem, de 28 anos, arrastado pela correnteza até o fundo do rio Piranga, na cidade de Ponte Nova, na Zona da Mata mineira. Ele estava desaparecido desde o dia 3 de janeiro. O número de mortos pode ainda aumentar, já que um senhor de 74 anos, da região central do Estado, e uma mulher, do Triângulo Mineiro, continuam desaparecidos. Até o fechamento desta edição, 179 municípios mineiros tinham decretado situação de emergência. O Estado contava ainda com 54.826 desalojados, 4.733 desabrigados e 171 feridos. Ao todo, mais de 3,2 milhões pessoas já foram afetadas direta ou indiretamente pelas chuvas. O verão, que em Minas Gerais é caracterizado pelas altas temperaturas e um grande volume pluviométrico, termina no dia 20 de março. Até lá, os mineiros terão de lidar com os estragos das precipitações que, de acordo com os meteorologistas, estão cada dia mais concentradas e intensas.
José Cruz/ Agência Brasil
CHOVE CHUVA...
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
MOBILIDADE URBANA Sancionada no último dia 3 de janeiro, a Nova Lei de Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana prevê mudanças que podem ser impactantes nas cidades com mais de 20 mil habitantes. Uma das exigências da nova legislação é que os municípios elaborem seus planos de mobilidade. A lei também prevê a mudança do regime econômico e financeiro das concessões de transporte coletivo e instrumentos de racionalização do uso dos automóveis, como a restrição e controle de acesso e circulação em locais e horários predeterminados. Nos táxis, também há mudanças como a fixação apenas dos valores máximos das tarifas. Os motoristas desse tipo de transporte podem, a partir de agora, estabelecer o desconto que desejarem aos seus clientes e não somente o determinado pelo poder público Vox Objetiva | 9
entrevista
ESSENCIALMENTE, UM LIBERTÁRIO Leonardo Boff explica o porquê da Teologia da Libertação fazer mais sentido que a configuração contemporânea do catolicismo romano André Martins Fernanda Carvalho Lucas Alvarenga Ele é católico, mas, há quase 15 anos, desligou-se da Igreja para se dedicar exclusivamente ao Reino de Deus. A qualquer um, pode parecer incoerente o desvínculo entre a instituição símbolo do Cristianismo e o Reino, de acordo com a Bíblia, tomado pelo esforço do homem. Mas para Leonardo Boff, ambos, há tempos, não guardam evidentes correspondências. O teólogo catarinense, de 73 anos, e doutor em teologia e filosofia pela Universidade de Munique não hesita em tecer duras críticas à instituição da qual um dia fez parte. Boff afirma que a Igreja Católica vive um momento turbulento por ter se prendido, gradualmente ao longo da história, a dogmas, arcaísmos e ao poder. Seguidor da chamada “Teologia da Libertação”, que começou a se expandir no fim da década de 1960 e propõe o exercício e a vivência do evangelho, Boff é referência na luta pelos direitos humanos no Brasil e no mundo. É também um incansável defensor dos pobres e oprimidos – aqueles cujas vidas, de acordo com o próprio, são alegorias da trajetória terrena de Cristo. Em uma breve entrevista à Vox Objetiva, o teólogo, autor de mais de 60 livros que abordam assuntos que vão da teologia à ecologia, fala sobre trajetória religiosa; influências e fé. Ele também analisa a relação com o atual papa, Bento XVI, e projeta um futuro desanimador para a Igreja, caso ela não reaja a 10 | Vox Objetiva
tempo e volte a corresponder com aos anseios dos fiéis. Vox: O contato que o senhor teve com o pensamento alemão, na época em que esteve por lá, influenciou na sua fé? Leonardo Boff: Não é que influenciou. Afinal, fé a pessoa tem. O que influenciou são as razões da fé. É isso que a teologia faz. Ela procura
A grande escola para mim não foi a Alemanha. Foi o contato com o povo. Aí eu descobri que a teologia que eu aprendi lá não servia aqui, porque o povo oprimido e marginalizado tinha outras demandas razões para dar mais credibilidade e para que o fiel aprofunde a fé. Nesse sentido, as escolas alemãs, tanto a protestante, quanto a católica, são escolas com grande tradição e nomes do pensamento. Não devemos esquecer que os grandes filósofos alemães como Hegel, Heidegger,
foram todos teólogos, inicialmente. O próprio Marx começou seus trabalhos com teologia. Era algo sobre a visão religiosa mítica que os estóicos tinham. Então, é uma teologia vigorosa, com grande produção intelectual dentro da universidade do Estado. Não tem nada a ver com a Igreja diretamente, dialogando com todas as ciências. Por isso, é uma teologia que entra em conflito constante com aquela oficial do Vaticano, pois é mais aberta, dialoga com a ciência moderna, com a cultura. Eu me criei um pouco dentro disso, ainda no Brasil, tendo professor de formação alemã, e depois lá. Essa foi a grande escola para o senhor? A grande escola para mim não foi a Alemanha. Foi o contato com o povo. Aí eu descobri que a teologia que eu aprendi lá não servia aqui, porque o povo oprimido e marginalizado tinha outras demandas. Foi então que eu vi que a Teologia da Libertação era uma resposta a essas demandas, coisa que a teologia acadêmica europeia não dá. Depois de certo tempo da Teologia da Libertação, o senhor acredita que ela tenha sido compreendida ao longo desses anos? A Teologia da Libertação nasceu do grito do oprimido: do negro, do trabalhador, do índio, da mulher. Esse grito, hoje, virou um clamor, pois os oprimidos cresceram em número. Antes, eram 860
Daniela Paoliello/Divulgação
milhões, hoje, são 1,2 bilhão. Todo grito é o grito da opressão e contra ele vale libertar-se. A Teologia da Libertação tentou tocar os valores mais altos do ser humano como a fraternidade, o amor e a fé, a partir do capital religioso, do cristianismo e, principalmente, de Jesus, que não morreu na cama por velhice, mas na cruz por engajamento. Esse capital é profundamente libertador. Nós, na América Latina, e, hoje, também na África, na Ásia e em muitos locais do primeiro mundo, levamos essa causa adiante. Ela não tem a visibilidade que tinha antes, mas não significa ausência. Ela não morreu. É viva e, no fórum Social Mundial, ela se faz presente uma semana antes para um Congresso onde aparecem de 3.000 a 4.000 pessoas do mundo inteiro e depois se encerra no próprio Fórum. A Teologia da Libertação é uma das grandes teologias feitas na periferia do mundo, fora dos centros dos pensamentos europeu e norte-americano, mas que dá uma mensagem aos pobres. A Teologia da Libertação cresceu concomitantemente em vários países da América Latina. Ela continua sua expansão até hoje? Olha, no começo, eram mais teólogos que faziam essa teologia. Hoje, ela está nas bases. Elas criaram seus intelectuais orgânicos e teólogos populares nas 100 mil comunidades de base e mais de um milhão de círculos bíblicos espalhados em movimentos sociais como os Sem Terra (MST) e dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), na Pastoral da Criança e por aí vai. Em todos esses movimentos, há um momento de reflexão crítica. E essa reflexão é a mais eficaz teologia libertadora, porque é feita pelos oprimidos mesmo. Nós somos apenas aliados que reforçamos a luta deles. Algo na sua vida já te fez perder a fé, nem que seja por algum instante? Não, porque a minha fé não está ligada aos papas ou à Igreja. A Igre-
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entrevista
Como é a sua relação com o ex-cardeal Joseph Ratzinger, o atual Papa Bento XVI? Pelo que lemos, quando o senhor foi publicar sua tese de doutorado, ele foi um dos incentivadores do trabalho e depois se envolveu no processo de silêncio obsequioso ao qual o senhor foi submetido. É... Nossa relação hoje é nula. Ele segue um percurso teológico muito estreito, de um cristianismo com muitos elementos medievais, tentando construir a Igreja Católica para dentro. Eu fui muito próximo a ele, éramos, inclusive, amigos. Fomos além da publicação da minha tese. Trocamos cartas e opiniões, mas acabamos seguindo rumos diferentes. Temos duas imagens distintas de Igreja. Para o Papa, a Igreja é praticamente tudo. Para mim, o tudo é o Reino de Deus e os seres humanos. A Igreja deve estar a serviço dos seres humanos. Não para fazê-los mais cristãos, mas para fazê-los mais humanos, logo, mais sensíveis e solidários. Eu lamento que a Igreja esteja se tornando um bastião do conservadorismo e 12 | Vox Objetiva
do machismo e, não, da esperança, especialmente para os mais sofredores do mundo: os oprimidos, os marginalizados e feitos invisíveis. A missão dela deveria ser servir a esses. Quando Jesus fala “amar o próximo como a ti mesmo”, ele não pensa quem está do meu lado, porque ele mesmo diz que até os maus se amam entre eles. Amar Divulgação
ja é o espaço onde se vive a fé. Mas professar a fé está ligado a Deus, a Jesus Cristo, aos evangelhos, ao grande sonho de Jesus que é o Reino em que a humanidade estaria reconciliada com a natureza e consigo mesma. Essa fé é uma aposta de que a luz tem mais direito que as trevas. Que por mais que haja brutalidade dos fatos e dos crimes, é o bem que irá triunfar. Essa fé é um caminho de vida. Ela não deve ser conquistada em uma espécie de cruzada ou militância missionária. Jesus não fez isso. Ele estabeleceu uma proposta de vida de generosidade, que coloca duas dimensões no centro: a primeira que é o Pai nosso, que está lá em cima e é Pai, não juiz, além da segunda, o pão nosso, não o pão meu. Pão nosso é todo o trabalho humano, toda construção da cultura. Só quem une pai nosso com pão nosso pode dizer amém. O centro da mensagem de Jesus é essa união.
o próximo significa amar aquele que ninguém ama: o pobre, o desprezado, o humilhado, o doente. É urgente que a humanidade mude isso. Essa seria a função principal da Igreja, a centralidade da sua obra, mas ela mesma se coloca no centro, por querer reforçar ela mesma como instituição e se esquece de que ela é meio e, não, fim.
Justamente sobre esta relação de poder, o senhor acredita que o celibato vem tornar a Igreja ainda mais poderosa? O celibato tem muitas razões, mas aquela que mais pesa - que é concreta e pragmática - é ter uma mão de obra totalmente disponível, sem família, filhos e raízes e a serviço integral de uma instituição. O
Para Boff, celibato é algo danoso à Igreja Católica
celibato serve a essa visão totalitária do padre. Isso é danoso à Igreja, afinal, Deus não criou o homem sozinho. Criou o homem e a mulher. Sempre que ela se isola da dimensão do feminino, recalca a dimensão da ternura, da compreensão, da compaixão e de faces do drama humano das famílias, criando uma pastoral mais burocrática do que um acompanhamento efetivo dos fiéis. Devemos nos empenhar para abolir a lei do celibato, deixando ele como uma opção. Quem quiser viver no celibato, perfeito; quem quiser casar, casa. Isso humanizaria muito mais a Igreja. O mapa das religiões mostra que o catolicismo está perdendo adeptos. Qual é o futuro da Igreja Católica? O catolicismo terá o futuro do Ocidente. Ele se uniu tanto à cultura ocidental que participa do drama dela. Hoje, essa cultura se encontra em profunda decadência e enfrenta uma diminuição populacional. França, Itália e Alemanha são exemplos. Assim, simultaneamente, diminuem os cristãos. Porque a Igreja, da forma em que ela se organiza até hoje, está longe dos valores da modernidade, que é a democracia, a participação, os direitos humanos. Na Igreja, não existe nada disso. É uma estrutura autoritária e medieval. O Papa assumiu atributos que só valem para Deus: ele é infalível, tem um poder absoluto, sobre toda a Igreja e cada um dos fiéis. Em contrapartida, o Islamismo vem crescendo muito. O senhor acredita que o Islã vai dominar parte significativa do mundo? Não. Eu penso que a sociedade futura será multicultural, com todas as culturas se encontrando; multiétnica e multirreligiosa. Várias igrejas apresentam seu sentido e o ser humano terá com essa face multirreligiosa a chance de escolher caminhos que valem para ele. Nunca esqueço a pergunta que eu fiz ao Dalai Lama e ele me respondeu: “É aquela que te faz melhor”.
Perguntei então o que me faria melhor. Ele disse que é aquilo que me torna mais sensível, solidário e amoroso. Então, temos que lutar para humanizar o ser humano e não para fazê-lo mais religioso. O cristianismo pode perder essa corrida, caso ele continue dogmático, ocidental, acidental, fechado em si mesmo e não se abra ao diálogo com todas as culturas e povos.
Silenciado Em 1985, Leonardo Boff foi condenado a um ano de silêncio obsequioso pela Igreja Católica. A punição era resposta ao posicionamento firme defendido por Boff em relação ao que a Igreja havia se tornado - de acordo com o próprio teólogo, uma instituição centralizadora, sedenta pelo poder e que passara a enxergar figuras tidas como “marginais” – mulheres, negros e pobres – de maneira questionável. Os comentários, que já vinham sendo feitos, retumbaram no Vaticano e Boff foi convidado a se explicar. Teve os direitos editoriais e de magistério religioso cassados. No ano seguinte, o frade foi perdoado e retomou grande parte das atividades. Mas em 1992, na ECO-92, conferência das Organizações das Nações Unidas (ONU) realizada na cidade do Rio de Janeiro, o religioso voltou a incomodar as lideranças eclesiásticas ao defender que o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo eram religiões “guerrilheiras”. A segunda advertência veio em tom de imposição. Boff teria de manter-se recluso e em profundo silêncio em algum convento do sul asiático, na Coréia ou nas Filipinas. Ele optou por não acatar às ordens da Igreja, abandonando o sacerdócio, 33 anos após ingressar na Ordem dos Frades Menores Franciscanos. Vox Objetiva | 13
De Cake a Queca Situada a 22 km da capital mineira, Nova Lima guarda tradições e influências dos ingleses – velhos mineradores – que podem ser vistas na arquitetura da cidade e nos costumes de sua gente. Dentre essas riquezas culturais, a culinária se destaca com a queca, originária da palavra cake. O bolo recheado de frutas é uma das iguarias que fazem de Nova Lima uma cidade inesquecível!
Parabéns, Nova Lima! 311 anos de história e conquistas.
comentário-política
2012: começo quente Paulo Filho ano de 2012 começa sob os auspícios da confusão. Os haitianos invadem nossas praias, o silicone não teve controle de qualidade e milhares de seios podem se desmanchar e infeccionar, os homens (e mulheres) de toga estão acima do bem e do mal, o crack avança criando uma legião de zumbis urbanos e os ministros, podres, continuam caindo. Os místicos temem o calendário Maia, mas nada indica que o fim do mundo será por agora e nem mesmo o temor de uma hecatombe nuclear assusta. Foi-se o tempo da Guerra Fria e da corrida armamentista. O medo nesses tempos modernos de século XXI se restringe à economia. A bancarrota de um país europeu, por menor que ele seja, pode levar à falência global, com consequências monstruosas para as nações mais pobres. Mas esse tema, por maior importância que tenha, não tem nos causado espanto. A Europa “rebaixada” é coisa lá deles, não é páreo para os nossos assuntos paroquiais. Por aqui, a “ciranda” no ministério do governo Dilma ainda prende a atenção: Fernando Pimentel e Mário Negromonte, ajudados pelo marasmo de fim/início de ano, ainda se seguram nos seus cargos - sabe-se lá até quando, e mais um ministro entrou na alça de mira: Fernando Bezerra, da Integração Nacional. O rol de acusações contra o ministro repete os outros numa praxe já bem conhecida. De novidade, o caso do ministro Bezerra, pernambucano, tem apenas a aproximação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, das rotinas da corrupção. Estrela em ascensão na política nacional, neto do mítico Miguel Arraes, reeleito e com aprovação de mais de 80% dos pernambucanos, Eduardo Campos preside o PSB, partido
chave na coalizão governista e também nos sonhos oposicionistas. Síntese da falta de ideologia no cenário político/partidário brasileiro, sempre pronto para o acordo mais vantajoso, o PSB e Eduardo Campos acalentam ambições de poder nos dois lados: em quem já está e em quem quer chegar ao Palácio do Planalto. Será que caiu a máscara? Além do ministério “bichado”, fonte permanente de notícias, outros temas espinhosos sacodem o início do ano, alguns com urgência e impossíveis de serem tratados à meia luz, no estilo do faz-de-conta. Nesse caso, enquadra-se o embate entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o corporativismo sem limite e sem regulação do poder Judiciário. Não dá para fechar os olhos diante da constatação, via relatório do Coaf, órgão do Ministério da Fazenda, do qual foram movimentados, entre os anos de 2000 e 2010, mais de R$ 850 milhões em contas bancárias de juízes e servidores do Judiciário. Euza Fiuza/ABr
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Isso, por si só, não constitui prova irrefutável de irregularidade, mas, que exige investigação e explicação, isso exige. E, nesse contexto, qual do CNJ e até que ponto o conselho pode ir? São intocáveis os juízes e o poder Judiciário é uma casta? Esse é um tema do qual a sociedade brasileira não pode se abster de participar da discussão, sob pena de prolongarmos “ad eternum” nosso subdesenvolvimento. Haitianos E quanto aos haitianos? Temos lugar para eles? Já que, até então, terremotos não nos afligem. É o caso de perguntar: somos um país com vocação humanitária e capaz de recebê-los e oferecer-lhes um mínino de dignidade para sobreviverem ou os abrigaremos nos ermos e nas favelas? Sobra ainda, e há quem defenda, a posição de que devemos tratá-los com os rigores que a lei reserva aos migrantes, tendo como pano de fundo os imperativos das “políticas” de segurança e da economia, observando
Fernando Bezerra também é acusado de irregularidades
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Silicone atraiu a atenção nacional
Silicone Sobre o silicone e as próteses mamárias, mais uma vez demos exemplo de sermos um país de quinta, que não cuida e não se preocupa corretamente com as questões de saúde pública. Detectado pelas autoridades sanitárias francesas, ainda no início de 2010, o problema do uso de silicone de baixa qualidade não teve tratamento sério por aqui. Fiscalização e vigilância zero possibilitaram o risco de que cerca de 25 mil próteses mamárias implantadas em mulheres brasileiras se rompam, causando dor e inflamações. Depois de idas e vindas, as autoridades da área de saúde no país admitiram suas falhas, anunciaram novas medidas de controle de qualidade e, pressionadas, tiveram que aceitar a realização pelo Sistema Único de Saúde (SUS) da substituição das próteses com problemas. É o típico caso que comprova que os custos para remediar são muito maiores dos que os gastos com a prevenção. 16 | Vox Objetiva
Crack Já o crack inicia o ano como um tema de projeção nacional, rivalizando nas manchetes com as denúncias de corrupção no governo federal. Isso graças à ação do governo e da prefeitura de São Paulo Marcello Casal JrABr
as salvaguardas aos “nossos” postos de trabalho.
na Cracolândia, região na área central da capital paulista que reúne um imenso exército de viciados. Cães, balas de borracha, gás lacrimogêneo e mais de cem homens da Polícia Militar paulista “desocuparam” a área. As imagens dos viciados sempre chocaram, assim como chocam as imagens da intervenção da polícia. As perguntas que não se calam são sobre conceito e método: até que ponto o uso de drogas é uma questão de saúde pública? Até que ponto ele passa a ser também uma questão de segurança? Definido isso: polícia, cadeia, médico, psiquiatra e internação. Como proceder? Mas o triste é que, para além dessas questões, as drogas e o crack mais especificamente, foram absorvidos como peças retóricas de discursos políticos, situação em que a única produção é de oratória. E os resultados que as cidades e sociedade necessitam nunca acontecem. São Paulo é um bom exemplo: desalojados da Cracolândia, grupos de viciados vagueiam como zumbis por outras regiões da cidade, sem que faltem a pedra e o cachimbo.
Governo de São Paulo desocupou a “Cracolândia”
e BH em
no valor de R$ 200 milhões por ano.
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2011 chegou ao fim, mas a luta da Assembleia Legislativa contra as desigualdades sociais e regionais continua. Acesse o nosso Portal para saber muito mais.
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DE e O ÇÃ NICO ombat A LIZ TÉC s de c olas. A E R RUM edida s esc FÓ or m ia na rop lênc p a io par à v
política
Terreno
do bem
e do mal... Redes sociais são ferramentas que auxiliam na democracia, mas também oferecem riscos; desafio é definir o limite dessa influência
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Imagens/Reprodução
Sandra Carvalho
E
m todos os cantos do planeta, há pessoas que se conectam, se interagem, expõem e trocam ideias e opiniões em uma ou mais redes da web. Em nosso país, não é diferente. São 77,8 milhões de internautas, segundo dados do Ibope Nielsen Online. Desses, 97% têm acesso às chamadas redes sociais, conforme estudo divulgado em dezembro último pela ComScore. É por meio desses espaços virtuais, cujo conteúdo é produzido por quem participa, que pelo menos um terço da população dá sua opinião sobre qualquer tema e articula movimentos diversos, que podem transformar positivamente ou negativamente o mundo real. Alguns dos grandes movimen-
tos recentes, em Belo Horizonte, articulados via redes sociais foram os protestos pelo aumento de 61% aprovado pela Câmara Municipal para a próxima legislatura de vereadores. Outro grande movimento que ficou famoso nacionalmente foi a Marcha pela Liberdade. Manifestações contra a repressão policial e em prol de várias causas ocorreram em 41 cidades brasileiras. Os encontros de milhares de pessoas foram combinados nos mínimos detalhes via Twitter, Facebook e Orkut. Mas são protestos, que ainda não tiveram resultados efetivos. Nada comparado à Primavera Árabe. O movimento articulado a partir de 2010 na web resultou em manifestações populares que
derrubaram ditadores no Norte da África e no Oriente Médio. Mas nem tudo são flores. Foi também via redes sociais que punks e skinheads teriam combinado um embate na praça da Liberdade, região Centro-Sul de Belo Horizonte, que terminou com um jovem gravemente ferido no ano passado. Brigas de torcidas também costumam ser combinadas via Orkut, Facebook e blogs, segundo a polícia. Redes de pedofilia, também se articulam nesses espaços virtuais. Apesar de todos os prós e contras, as redes sociais se legitimam como um espaço democrático, no sentido de que todos podem ter acesso e construir conteúdos, se-
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política criticar, cobrar, materializar seu protesto e divulgá-lo para aqueles que não têm acesso à web. A indignação muitas vezes fica restrita às pessoas que participam daquele grupo. Esse achismo é um risco”.
Reprodução/ Facebook
gundo cientistas políticos e especialistas em tecnologia. Mas, pode-se afirmar que elas funcionam como agentes transformadores da democracia no Brasil? Sentados em casa e teclando nossos PCs, celulares, tablets e netbooks podemos mudar o país para melhor? O cientista político Gilberto J.B. Damasceno, professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), acha que não. Para ele, as redes sociais funcionam apenas como meio motivador, articulador e divulgador da democracia. “Elas não substituem a materialização da ação. Uma coisa é apertar botões, expressar opiniões dentro de sua casa em um nível mínimo de comprometimento. Outra, é você vestir a camisa e sair em praça pública, defendendo uma ideia, dando a cara a tapa. Isso é materializar sua expressão virtual. Somente essa materialização gera transformação no mundo real”, afirma Damasceno. Para ele, a Primavera Árabe é um excelente exemplo disso. “Foi um movimento bem articulado pelas redes sociais. No entanto, só resultou em transformação porque as pessoas foram às ruas, materia20 | Vox Objetiva
lizaram seu protesto, lutaram e fizeram uma verdadeira revolução”, afirma. Risco Pensar que os protestos restritos às redes sociais podem resolver problemas é um grande risco que vem rondando a democracia brasileira, segundo Damasceno. As críticas à corrupção são exemplos disso.
77,8 milhões de pessoas têm acesso à internet no Brasil, segundo egundo dados de setembro divulgados pelo IBOPE Nielsen Online. “As pessoas criticam, fazem correntes na internet, compartilham textos, vídeos, imagens que denunciam, mas nada muda. Ainda há políticos corruptos. E por que não muda? Porque, na maioria das vezes a indignação não passa do mundo virtual. Ninguém vai à rua ou à origem da irregularidade
Debate Carlos Affonso Pereira Souza, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que sim: as redes sociais, de alguma forma, transformam a democracia. Souza explica que elas se enquadram no conceito de web 2.0, que são redes cuja produção de conteúdo é descentralizada, ou seja, é feita por todos os usuários que emitem suas opiniões sobre vários temas. “É a ferramenta perfeita para o debate, para a discussão. Ela acaba se transformando em um fórum permanente e modifica o mundo real na medida em que aquela discussão forma opinião em quem participa”, afirma. Souza também concorda que elas podem ser ferramentas para ajudar em ações transformadoras da democracia. Como argumento, ele cita o projeto do Marco Civil (2126/11), um projeto de lei enviado pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso, em agosto último, que visa regular a internet no Brasil com base nos direitos civis. Trata-se de uma iniciativa do Ministério da Justiça em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, que surgiu como uma reação ao PL 84/99, chamado de Lei Azeredo, que prevê a regulação da internet no Brasil com base no direito criminal. “Abrimos uma plataforma na web, chamada de Marco Civil, para discutir como regular a internet brasileira em uma perspectiva dos direitos fundamentais e, não, nos criminais. Essa plataforma foi amplamente divulgada nas redes sociais e isso contribuiu muito para que ela recebesse mais de 2.000 comentários e contribuições importantes para redigir o PL 2126/11, enviado ao Congresso. A plataforma ficou seis meses recebendo opi-
Fábio Pozzebon/ABr
Marcha pela Liberdade; adesão foi pequena, mas chamou a atenção dos políticos
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política
Stock.xng
Desconfiar não faz mal a ninguém Governo da China paga internautas para defendê-lo nas redes sociais
A propaganda é algo inerente às redes sociais. Os posts pagos, ou blogueiros que criam conteúdo mediante remuneração de empresas não são novidades no mundo virtual. Existe quem receba para criar um blog, twittar ou facebookar sobre alguma empresa, produto ou ideologia política. A diferença é que uns são assumidos e divulgam as instituições das quais fazem parte, como é o caso de representantes de empresas privadas que só estão ali vendendo um produto, fazendo propaganda clara. Outros, porém, não mostram a instituição da qual fazem parte, mas a defendem e divulgam suas ideias com unhas e dentes, como se fosse espontâneo, uma forma de camuflar a propaganda. Isso ocorre muito na política. Um dos casos bastante noticiados no ano passado foi o do governo da China, que paga militantes do Partido Comunista para travarem batalhas na internet, defendendo o regime em blogs (lembrando que na China não há acesso em redes como Facebook e os debates na web se são via blogs e microblogs). Quem se candidata às “Brigadas dos 50 centavos” recebe o equivalente ao valor de um Big Mac a cada 30 posts e tem sido um negócio lucrativo para os chineses. E não é só a China que se beneficia das propagandas camufladas. Recentemente, a União Nacional dos Estudantes de Israel se viu envolta em uma polêmica. Ongs ligadas à causa palestina 22 | Vox Objetiva
afirmam qu a UNE de lá ofereceria bolsas de US$ 2.000 para seus associados divulgarem o ponto de vista político do país na Internet durante 240 horas, com expedientes de cinco horas semanais. “Com atitudes como essa, os governos estão se utilizando da inserção de uma pessoa na rede para, dessa forma, fazer propaganda política”, afirma Carlos Affonso Pereira Souza, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para ele, se não houvesse pagamento por trás e a discussão fosse espontânea, a prática seria positiva para o debate. “O uso político das redes sociais só legitima esse ambiente como fórum e troca de ideias sobre assuntos mais sérios. O que desvirtua essa lógica, porém, é o pagamento que, a meu ver, deveria ser revertido pelo governo para se desenvolver uma efetiva presença dele, como tal, nas redes sociais e nos blogs como um canal de informativo e de acesso a serviços para a população”, diz. O doutor em ciências políticas Malco Carmargos alerta para esse lado sombrio das redes sociais. “Por isso é importante não engolir qualquer informação que chega na rede. É preciso checar a veracidade, os links. Pesquisar na própria Internet ou fora dela. Buscar a informação verdadeira é a arma que temos para as propagandas, sejam elas boas ou más, expressas ou camufladas”, completa.
niões e sendo discutida e montada por pessoas de todos os cantos do país via internet. Isso é democracia”, exemplifica. Acesso à informação O doutor em ciências políticas Malco Carmargos, também professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), também vê nas redes sociais um instrumento que auxilia na transformação da democracia. “Com o fácil acesso e a capacidade que possuem de disseminar e divulgar informações, as redes sociais trabalham um dos pontos fundamentais da democracia moderna, que é estimular a transparência e o acesso às informações. Quanto mais bem informado for o cidadão, maior sua capacidade de contribuir para os avanços democráticos”.
109 mil lanhouses estão em atividade no Brasil (número aproximado) No entanto, para alcançar esse objetivo, as informações das redes sociais devem estar lincadas a fontes com credibilidade, seguras e confiáveis, sejam empresas, órgãos públicos, institutos ou pessoas. “O cidadão tem que refletir sobre aquela informação. Saber se ela é confiável e, se não for, pode debater. Para debater, terá que pesquisar a informação correta. Portanto, as redes sociais estimulam o debate embasado, a busca por argumentos e pureza da informação. Isso é saudável à democracia”. E, por fim, como um catalisador de pessoas para fomentar a realização de ações no mundo real, as redes sociais também favorecem a democracia. “Portanto, em minha opinião, as redes sociais têm sido importantíssimas para o desenvolvimento da democracia moderna”, acrescenta.
Stock.xng
justiça
Aumento de homicídio é sinal de alerta Informações divulgadas pelo jornal “Hoje em Dia” neste início de 2012 dão conta de que o número de homicídios teve aumento nas principais cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2011. O jornal teve como fonte dados da Secretaria de Defesa Social de Minas (Seds), que não confirma nem desmente as informações, em relação ao ano de 2010, quando houve aumento de 74,4%, em Vespasiano. Em 2010, foram 47 homicídios e, no ano passado, 82. Em Sabará, o número de assassinatos aumentou 62,2% em 2011. Em 2010, foram assassinadas 45 pessoas e, no passado, esse número chegou a 82. Betim teve um crescimento de 50,2% no número de homicídios e Santa Luzia, 50%. Em Contagem, o aumento seria de 21,6%; em Ribeirão das Neves, 14,5% e em Ibirité, 14%. Por fim, na capital, o crescimento foi de 21,9% de 2010 para 2011, segundo essas fontes. Foram 782 assassinatos em 2011 contra 641 no ano anterior. Apesar de os números ainda não serem definitivos – já que a Seds informa que os dados ainda não foram consolidados – essa notícia, mesmo preliminar, é muito preocupante. Registre-se que desde o início do ano passado, a Fundação João Pinheiro, responsável pela consolidação dos dados de segurança pública
de Minas, não divulga seu boletim trimestral de estatísticas criminais. Já apresentamos nesta coluna vários argumentos acerca de uma possível deterioração de algumas áreas da política de segurança pública em Minas no decorrer do ano passado. Em 2011, observamos uma espécie de “paralisia decisória” da Secretaria de Defesa Social (Seds) de Minas. Foi um ano ruim, inclusive, pela falta de transparência e divulgação dos dados de crimes no Estado. O resultado da falta de governança da Seds pode ser assim sistematizado: (a) instituições policiais não conseguem superar os modelos tradicionais tanto de policiamento ostensivo, quanto de policia judiciária – o que poderia explicar os óbices para uma efetiva integração policial no Estado; (b) o sistema prisional, não obstante os investimentos em ampliação de infraestrutura e de recursos humanos, ainda está fundado na contenção dos detentos, com poucas condições objetivas de reinserção social dos presos; (c) política de enfretamento das drogas é insuficiente, desarticulada e não responde à complexidade do tema; (d) Defensoria Pública tem sua ação limitadíssima pelo escasso número de servidores e alcance de suas ações; (e) baixa eficiência dos mecanismos efetivos e autônomos de controle externo das ações policiais; (f) fal-
Robson Sávio Reis Souza especialista em segurança pública. Blog: www.uai.com.br/conversandodireito Facebook: facebook.com/robsonsavio
ta de transparência dos dados de segurança pública; (g) ausência de participação social nos mecanismos de gestão e controle da política de segurança. Para agravar a situação, tivemos cortes no orçamento da segurança pública. Como resultado, em algumas regiões, como a metropolitana de Belo Horizonte, teremos aumento nos indicadores de crimes violentos, principalmente homicídios, em relação a 2010. Algo extremamente preocupante é o aumento das denúncias envolvendo violência policial em 2011. O governador Antonio Anastasia – que foi secretário de Defesa Social e conhece bem a situação da segurança pública mineira – precisa rearticular a governança da Seds, desenvolvida quando ele foi titular da pasta. Caso contrário, poderemos conviver, novamente, com vergonhosos indicadores de crimes. Isso é péssimo para os cidadãos. Mas também não é bom para o governo, nem para as instituições que compõem o Sistema de Defesa Social. Afinal, até há pouco tempo, vangloriava-se do modelo de gestão de segurança pública implantado em 2003 em Minas. Além de buscar a boa governança, a Seds não pode fraquejar nas ações de integração policial e nas múltiplas estratégias de prevenção à criminalidade. Vox Objetiva | 23
educação
UMA MEDIDA CONTROVERSA
Resolução do Conselho Nacional de Educação protege crianças em idade escolar, mas divide opiniões entre pais e profissionais da pedagogia; pais buscam solução na Justiça André Martins
A
regra é clara e cercada de polêmica. Para a efetivação da matrícula de crianças no primeiro ano do ensino fundamental, seja em escolas da rede pública ou privada, é exigido que os estudantes tenham 6 anos completos até o dia 31 de março. Essa é também a data 24 | Vox Objetiva
de corte para o ingresso de alunos no ensino infantil. Para esses, a idade mínima é de 4 anos, completados, necessariamente, até o fim do primeiro trimestre. Desde a publicação da resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), em 20 de outubro de
2010, desencadeia-se uma série de ações judiciais de pais temerosos em ver os filhos retidos no ensino infantil não por dois, mas três anos. A maior reclamação por parte dos responsáveis é o atraso da criança, além do impacto psicológico sofrido pelo pequeno ao ver o colegui-
nha avançar ou iniciar a vida escolar, enquanto ele é forçado a repetir ou aguardar a própria vez. As reclamações não partem apenas de pais. Liliane Lima, coordenadora da educação infantil e primeiro ano do Colégio Colibri, no bairro Belvedere, na capital, questiona a resolução. Para ela, as decisões sobre o futuro das crianças dentro da escola deveriam ser tomadas unicamente pelas instituições, que monitoram as capacidades cognitivas e o desenvolvimento das crianças ao longo do ano.
Marcello Casal Jr/ ABr
“Quem deve chegar a alguma conclusão são os profissionais que acompanham a criança. Eu costumo ter uma relação muito direta com os pais, no sentido de os situar em relação ao aproveitamento dos filhos. Então, é muito difícil o responsável pelo aluno se assustar
quando eu digo que a criança não tem condições de prosseguir. Agora, quando ela possui essas condições e pode ser prejudicada por não ter uma idade mínima, eu converso com pai e mãe e cabe a eles decidirem se acionam a Justiça ou não”, esclarece a psicopedagoga. Grande parte das escolas tende a respeitar as recomendações do Conselho Nacional de Educação. Na realidade, nada ou pouco podem fazer quando pais questionam medidas que vêm de cima para baixo. A única alternativa encontrada por muitos é recorrer à Justiça. A advogada Elisene Carla dos Passos destaca que a procura de pais dispostos a resolver o problema pela via jurídica tem aumentado consideravelmente. Em 2012, o escritório de advocacia onde ela trabalha entrou com cinco liminares. Elisene é um dos representantes de um grupo de pais de alunos que tentavam matricular os filhos em um colégio particular da capital mineira, mas estão sendo impossibilitados pela contestável resolução. As brigas na Justiça começaram a ser travadas a partir da validade da decisão. Em 2010, a advogada entrou com quatro mandados de segurança – todos com liminares deferidas pelo juiz. Os pais conseguiram realizar a matrícula e as crianças concluíram o ano letivo. Mas em 2012, o fantasma voltou a assombrar. Por causa das apelações, a maior parte dos recursos continua sem julgamento, com as respectivas sentenças não definidas. Para garantir a continuidade dos estudos desses alunos, Elisene e os colegas de escritório entraram com medidas cautelares, que, assim como os mandados de segurança, foram deferidas pelos juízes. O tempo de tramitação dos processos é estimado em até 20 dias. Um período curto devido à urgência e o prazo pequeno dado pelas escolas para a efetuação das matrículas. De acordo com os juristas, a medida do CNE fere princípios básicos da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente,
uma vez que tais documentos não têm previsto limite mínimo de idade para o ingresso de estudantes no ensino Infantil e Fundamental. “Os juízes têm entendido que essas crianças possuem o direito irrestrito à educação e elas devem ter assegurado, por parte da família e do poder público, um desenvolvimento pleno para o exercício da cidadania. Tem sido em torno desse argumento as fundamentações”, explica Elisene. O outro lado O recorte etário para o ingresso de crianças nas escolas sempre deu margem a discussões. A gerente de Coordenação Pedagógica e Formação da Secretaria de Educação de Belo Horizonte, Dagmá Brandão Silva, destaca que é natural que a resolução gere opiniões divergentes entre os pais de alunos, uma vez que se trata de uma medida seletiva: enquanto alguns conseguem iniciar ou dar prosseguimento aos estudos, outros não. Para o psicopedagogo Marcus Vinícius de Siqueira, o critério adotado pelo CNE, no caso, a idade, torna a resolução um tanto quanto controversa, pois, ao mesmo tempo que protege as crianças que não possuem capacidades psicossociais de dar um passo adiante na vida escolar, prejudica os estudantes de 5 anos desenvolvidos suficientemente, devido à rigidez em se cumprir a data limite. Uma das diretrizes da resolução trata sobre casos excepcionais, quando é permitido “dar prosseguimento ao percurso educacional dessas crianças, adotando medidas especiais de acompanhamento e avaliação do seu desenvolvimento global”, estabelece o texto. Apesar de toda a polêmica, Dagmá Silva pondera que a iniciativa do CNE pode ter reflexos positivos a longo prazo. “Eu acho que um ano a mais na vida de uma criança não vai a atrapalhar. Quando chega lá na frente, no final do ensino médio, ainda é difícil ter que definir o que você vai fazer no resto da vida. Os meninos fiVox Objetiva | 25
educação
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UM CASO EXCEPCIONAL No final de 2011, a administradora Izadora Cristina da Rosa Cayres e o fonoaudiólogo Júlio César Farias Cayres, pais do pequeno Lucas Henrique, de 5 anos, foram pegos de surpresa em uma reunião promovida pela escola do filho. O assunto em questão era a efetivação da resolução 31 de março, que passaria a ter validade em 2012. Lucas é do dia 6 de abril e, por apenas seis dias, de acordo com o estabeleci-
era que dia ele completaria 6 anos de idade. Com essa pista, começamos a perceber que ele não se sentia muito confortável dentro do grupo. Então isso nos provocou uma reflexão: ‘será que não vale a pena ele repetir para se adequar?’”, expõe Júlio. O maior receio do casal era a reação do menino nos anos subsequentes e o medo de que a pressa o pudesse prejudicar de alguma forma. Tomaram a decisão que pa-
Júlio e Izadora desistiram de entrar na Justiça e vão manter o filho um ano a mais na educação infantil
André Martins
cam completamente desorientados nessa época. Se tomar essa decisão é difícil aos 18 anos, imagina para quem tem 17?”. Ela destaca ainda que muitos pais têm preferido que os filhos tenham um tempo maior de reflexão, se preparando para uma decisão mais consciente. O psicopedagogo Siqueira também considera fundamental o apoio dos pais, mas, principalmente, a capacidade de observação no que diz respeito ao processo de desenvolvimento da criança. “Nem sempre a idade corresponde a uma idade psicológica e cognitiva para frequentar a primeira série. Sempre existem diferenças entre as pessoas e entre as crianças não é diferente. Alguns entrariam no primeiro ano com algumas habilidades já desenvolvidas, entre elas, a alfabetização, enquanto outras estariam ainda em processo de maturação e, por isso, poderiam sentir a discriminação tanto de colegas mais adiantados como também de professores”, analisa. De acordo com o psicopedagogo, acontece, quase sempre, de os pais almejarem o bem para os filhos, mas, em determinadas situações, tomarem decisões que não seriam as mais adequadas. “Eu diria que alguns pais, em sua ansiedade em ver seu filho não ficar defasado em relação às outras crianças, estariam prejudicando os filhos, ao buscar introduzi-los, através de liminares, no Ensino Fundamental, sem maturidade suficiente para isso. Os pais devem acompanhar seus filhos na pré-escola, a fim de tirarem maiores conclusões”, explica. Para Dagmá Silva, os reflexos da violação do tempo de maturação da criança e a inserção dela em ambientes inapropriados para a sua idade psicológica são difíceis de definir, uma vez que trata-se de processos de formação humana. Já o pedagogo Siqueira alerta para as possibilidades como fobias sociais, depressão, choro, agressividade, distúrbios na fala e alimentação e, em casos extremos, até tentativas de suicídio.
do pelo CNE, deveria permanecer mais um ano no ensino infantil. Isadora e Júlio sempre acompanharam de perto os processos do filho na escola. No chamado primeiro período, Lucas tinha um rendimento satisfatório, entretanto, os pais observaram uma estagnação do menino no ano seguinte. Em conversa com pedagogos e a professora, foram aconselhados a manter a criança na escola por mais um ano, tempo necessário para que ela se desenvolvesse psicológica e emocionalmente. “Em casa, a pergunta do Lucas
recia a mais coerente. Em comum acordo, optaram por desistir de entrar na Justiça, ao contrário de outros pais de colegas do filho. “As vezes, se for olhar financeiramente, a gente pensa: ‘vamos passar. Não vamos repetir”, mas a gente olhou apenas o lado do Lucas. No contato diário com ele, eu percebi que ele está imaturo. Além do mais, ele tem apenas 5 anos. É hora de brincar, de curtir. Vamos voltar com ele para o segundo período. Ele vai fazer direitinho, sem pressa. Estamos tranquilos e felizes por termos tomado essa decisão”, arremata a mãe.
meio ambiente Divulgação/ PBH
Ponto de caminhadas e corridas, os 18,5 km da represa da Pampulha têm se tornado roteiro cada dia menos convidativo
DA RECREAÇÃO AO LIXÃO
Trabalho de três décadas sobre a lagoa da Pampulha revela detalhes, curiosidades e traça desafios para que os belo-horizontinos voltem a se orgulhar do cartão postal da cidade Lucas Alvarenga
O
ditado “uma laranja podre estraga as demais laranjas boas no saco” bem que poderia ser aplicado às águas. Conforme especialistas em saneamento, uma gota contaminada pode inviabilizar mil litros. O que dizer então de um reservatório que recebe diariamente 150 kg de dejetos, quase 55 toneladas de puro esgoto por ano. Essa é a situação da lagoa da Pampulha, local que nos tempos de Juscelino Kubitschek serviu lares belo-horizontinos com água para consumo doméstico e que hoje tornou-se um lixão a céu aberto. Devido a isso, a represa perdeu um quinto da capacidade de reservação de água e teve 22% de área total assoreada por completo, além de ter sido infestada por cádmio, chumbo e zinco, todos, metais pesados. O alto nível de fósforo nas águas da região é outro sinal de alerta.
Não é de hoje que a lagoa da Pampulha vem sofrendo com a negligência e com o modo de vida contemporâneo. Há décadas os córregos Ressaca e Sarandi deságuam todo tipo de entulho na represa, o que veio a poluir a nascente do segundo córrego, situada no bairro Cinco, em Contagem. Juntos, os dois contribuem para 92,05 % do esgoto despejado na região. Aliás, a Pampulha é um reflexo da poluição à qual a bacia do São Francisco é submetida. Uma das nascentes do “Velho Chico”, a Área de Proteção Ambiental Estadual das Águas Vertentes, localizada em Serra Azul de Minas, no Alto Jequitinhonha, também está se contaminando. Conforme o doutor em Hidrobiologia, Ricardo Motta Pinto Coelho, são as tilápias, peixes indicadores de águas poluídas, os prováveis agentes que infectaram a reserva.
Ricardo acompanha a lagoa desde 1979 e publica em fevereiro um atlas sobre a qualidade da água no reservatório da Pampulha. É personagem e testemunha de como a paisagem por lá se transformou. Em uma viagem pela França, o coordenador do Laboratório de Gestão Ambiental de Resíduos (LGAR) da UFMG e vice-presidente do Instituto Unesco Hidroex esteve em um instituto de história natural em Tournon Nebam. Lá, teve uma surpresa. “Eles mantêm no herbário deles amostras de vegetação coletadas há 30 anos na lagoa da Pampulha com uma qualidade que eu nem poderia sonhar que ela teve. A represa tinha uma biodiversidade fantástica. Inclusive, havia na lagoa uma calanoida, um indicador de água limpa extinto por aqui, mas que está hoje no Institute Smithsonian, em Washington”, detalha. Vox Objetiva | 27
meio ambiente
Eber Faioli/ UFMG
Um dos cartões postais de Belo Horizonte, a Lagoa da Pampulha já perdeu 20% de seu espelho d’água, segundo informações do Atlas da Qualidade da Água do Reservatório da Pampulha
Há organizações que fazem sua parte no processo de preservação da lagoa. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscom-MG), por exemplo, está capacitando funcionários de empreiteiras que fazem as incorporações de imóveis a fim de agregar princípios sustentáveis nas cadeias produtivas. No entanto, a verticalização, principalmente em bairros como o Castelo, continua a assorear os córregos e, consequentemente, o reservatório. Com mais entulho e moradores na região, a represa passa a receber mais nutrientes, que acabam por propiciar o aparecimento de algas. Uma vez mortos, esses organismos causam mau cheiro, odor normal para quem corre, caminha ou se exercita nos 18,5 km de orla. Enquanto medidas como a retirada de lixo flutuante, o esvaziamento do reservatório e o controle de aguapés servem apenas para amenizar o problema, outras têm caráter definitivo, como aponta Ri28 | Vox Objetiva
cardo Motta. Para o hidrobiólogo, o sistema de drenagem deve passar por melhorias, assim como programas de prevenção e combate a enchentes urbanas devem ser criados. A negativa à verticalização na orla da lagoa é outro ponto enfatizado pelo professor, que também destaca: “No Japão e na França, o monitoramento da qualidade dos rios é disponibilizado quase que online para a sociedade. Aqui, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) não divulga os dados, que precisariam ser universalizados. Temos que trabalhar com a gestão da gestão. Isso deveria ser regra geral para oo poderes municipal, estadual e federal”. Ainda para o coordenador do LGAR, cinco são os vetores que, juntos, reverteriam o atual quadro de degradação da Lagoa da Pampulha. “Conscientizar a população quanto à mudança do padrão de consumo e hábitos como despejar óleo de cozinha e detergente fosforado na água é o primeiro passo.
Na Alemanha, alguns supermercados são proibidos de vender esses objetos de limpeza devido ao fósforo. O segundo ponto é o desassoreamento, para que não haja perda de superfície na represa. O terceiro ponto é eliminar o lixo com práticas como a coleta seletiva e a reciclagem. A recomposição da fauna e da flora nativas é outro vetor. Por fim, é preciso tratar o esgoto, um projeto para Copa”. Limpeza para a Copa O governo de Minas quer se certificar de que a Pampulha estará pronta para os dois grandes eventos da década: a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo de 2014. Por isso, a Copasa firmou, em novembro passado, uma parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF) a fim de despoluir a lagoa da Pampulha. O projeto prevê a implantação de redes coletoras e interceptoras de esgoto em diversos pontos da bacia da Pampulha e nos municípios de
Um espelho do lixo moderno. A poluição, segundo especialistas contamina a pesca e coloca em risco a saúde de quem consome peixes da Lagoa da Pampulha
Foca Lisboa/ UFMG
Belo Horizonte e Contagem. O contrato assinado entre a empresa de saneamento e distribuição de água e a CEF contará com investimentos de R$ 82 milhões oriundos da Caixa e outros R$ 20,5 milhões, vindos de recursos próprios da Copasa. Com término, previsto para junho de 2013, a obra, porém, já causa questionamentos. Para o Ricardo Motta, o projeto, por si só, é positivo, afinal, reduzirá o índice de fósforo nos 98 km2 da lagoa. Em longo prazo, porém, pouco resolve. “O meu medo é a população considerar a despoluição como algo temporário. Por isso, temos que usar o momento da Copa do Mundo para melhorar a cidade em todos os aspectos, inclusive na questão das águas. Como toda represa urbana, a lagoa exige cuidados intensivos”, salienta. Outra instituição a atuar no reservatório da Pampulha, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), já antecipou que a Prefeitura de Belo Horizonte
deve desassorear 700 mil m2 de sedimentos neste ano. A informação foi dada pelo coordenador executivo do Programa de Recuperação Ambiental da Sudecap, Ricardo Aroeira. Segundo ele, dentre as ações da Superintendência ainda estará incluso um programa de manutenção da limpeza da orla da lagoa apto a retirar 100 mil m2 de detritos por ano. Outra responsável, a Prefeitura de Contagem, manifestou, por meio da Secretaria Municipal de Obras, que convênios entre a administração da cidade e a Copasa estão sendo selados para que se despoluam os córregos Sarandi e Ressaca, fundamentais à represa. Investimentos desarticulados Se por um lado os investimentos acontecem, por outro, falta coordenação por parte dos responsáveis pela lagoa. “Temos no reservatório da Pampulha um elenco de instituições - Copasa, Secretarias Municipais de Meio Ambiente de
Belo Horizonte e Contagem, SLU, Sudecap, Corpo de Bombeiros, Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Turismo e universidades - todas atuando, quase sempre, sem articulação. Nós, da UFMG, por exemplo, nunca tivemos uma interação maior com a Copasa, mas deveríamos ter”, assevera o ecologista Ricardo Motta. Somente em reunião da comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa, realizada em novembro passado, é que representantes da LGAR e da empresa de saneamento se encontraram. Apesar de não haver um programa que promova uma ação organizada de todos os agentes envolvidos, a Copasa garante traçar constantes parcerias com as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem e incentivar ações de conscientização promovidas por agentes como o Projeto Manuelzão, da Faculdade de Medicina da UFMG. Vox Objetiva | 29
meio ambiente As aves se aglomeram no espaço assoreado, um dos inúmeros bolsões de dentritos que se acumulam e impedem a despoluição do reservatório
Foca Lisboa/ UFMG
Para o coordenador do LGAR, esta desarticulação vai além. “Recuperar uma lagoa é muito mais do que deixá-la esteticamente bonita. É pagar uma dívida ambiental que cabe a toda sociedade, governantes e empresas. Os administradores públicos, de certa forma, fazem o que a população pede. Antes, ela pedia asfalto. Hoje, ela pede área verde”, contextualiza Ricardo, que, na sequência, aprofunda. “As pessoas têm que entender que no meio ambiente as coisas são interligadas. Se perdermos estas batalhas por preservação e recuperação, vamos pagar mais para ter qualidade de vida, inclusive, no campo imobiliário. Afinal, ninguém quer morar próximo a uma lagoa fétida”, arremata. Em Belo Horizonte, não faltam exemplos de coordenação. Há cinco anos, a reciclagem de óleo de cozinha era uma realidade distante. Hoje, porém, a maioria dos restaurantes reaproveita o óleo e ainda estimula as donas de casa a fazerem o mesmo. Além disso, a capital mineira é modelo internacional de reciclagem de resíduos da construção civil e por aqui não se usa mais as sacolas plásticas convencionais. Em breve, a UFMG publicará um trabalho revelando como a proibição delas melhorou a qualidade da água no reservatório da Pampulha. No entanto, falta boa vontade política na cadeia automotiva brasileira. O Conselho Nacional do Meio Am30 | Vox Objetiva
Um atlas para a Lagoa Em fevereiro, um trabalho de três décadas de dedicação à lagoa da Pampulha será publicado e distribuído gratuitamente em todas as escolas públicas no entorno da represa. O Atlas da Qualidade da Água do Reservatório da Pampulha traz explicações, números, gráficos e fotografias que sintetizam como a poluição se agravou com o passar dos anos. Editado pelo coordenador do Laboratório de Gestão Ambiental (LGAR), Ricardo Motta Pinto Coelho, a obra é uma produção de pesquisadores e alunos de biologia da UFMG. Uma empresa de reciclagem de óleo de cozinha se responsabilizará pela edição e pelos custos do livro. Junto a ele, a instituição promoverá um projeto de recolhimento de óleo doméstico que envolverá as donas de casa. A iniciativa paralela conta com o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte. A perspectiva é lançar a ideia após o retorno das aulas, atraindo alunos que terão o papel de co-emissores em favor da reciclagem de óleo em suas residências.
biente (Conama) não tem nenhuma resolução sobre reaproveitamento de partes dos automóveis. “Em Portugal, quando o carro atinge a meia vida útil, basta levá-lo a uma agência e receber um cheque do governo para entregá-lo para reciclagem”, lembra Ricardo Motta. Quando o tema é reutilização da água, essa situação se repete. A Copasa não tem plano de tratamento de água para domicílios, diferente do Japão, onde prédios acima de cinco andares são obrigados a ter sistemas de coleta de água de chuva. Na área rural, ver lixo depositado em estradas é comum, dado a escassez de projetos de reciclagem. Copasa rebate críticas Apesar da deficiência no quesito tratamento de resíduos, o gestor da Meta 2014 da Copasa, Valter Vilela Cunha, considera que a população tem parcela na divisão de responsabilidades acerca da preservação da lagoa da Pampulha. “As pessoas deixam de fazer a ligação do esgoto para não pagar a conta, mas a tarifa é de apenas R$ 6,56”, ressalta o administrador da companhia de saneamento e água. Oito mil famílias de baixa renda habitam a região e boa parte delas continua a lançar o esgoto nas ruas.
Com as chuvas, o lixo desce para os córregos e polui a lagoa. Daí a preocupação de Valter Vilela e de grande parcela da população. “É inegável que o clamor público por um ambiente de qualidade aumentou”. A opinião do vice-presidente do Hidroex reflete esse discurso e suscita como o bem estar econômico elevou a pegada ambiental. “O fato é que nossa zona de conforto implica em um nível de consumo não sustentável. Basta vermos a lagoa da Pampulha desde 1980. É perceptível que a qualidade da água piorou, o espelho de água regrediu, o assoreamento se intensificou e o lixo se acumula cada vez mais ao longo da represa. O próprio cidadão usa o rio, o lago como instrumento de transporte de dejetos”, afirma Ricardo Motta. Por isso, a conscientização tem de ser o passo inicial. “Temos que esclarecer às pessoas de que se não ligarem o esgoto, irão degradar a lagoa e podem ser punidos, inclusive, com a prisão”, atenta o coordenador do Centro de Apoio Operacional da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Urbanismo e Habitação, Luciano Martins. Além do trabalho de conscientização, desde 2001, há um projeto que
Fonte: Atlas da Qualidade da Água do Reservatório da Pampulha
reorganizou o Ministério Público Estadual (MPE) em seis áreas hídricas, garantindo maior celeridade na conclusão dos inquéritos ambientais. Estimativas do próprio MPE dão conta de que, desde 2006, houve uma redução de 25% no tempo de pendências jurídico-ambientais, principalmente, em situações de proteção e recuperação de matas ciliares, degradação e poluição hídrica.
Eras bem distintas Represa construída para armazenar as águas de córregos da região, a lagoa da Pampulha é obra da gestão de Otacílio Negrão de Lima, que mandou construí-la em 1938. No entanto, o reservatório só adquiriu ares de cartão postal com a administração de Juscelino Kubitschek, entre 1940 a 1945. O projeto assinado por Oscar Niemayer e o toque paisagístico de Burle Marx deram vida a inúmeras obras artísticas que tornaram a região atrativa, ao ponto de vivenciar cenas de especulação imobiliária na segunda metade do século XX. A ruptura da represa, próxima ao aeroporto da Pampulha, em 1954, causou danos pequenos perto da infestação de caramujos transmissores da esquistossomose, estudados naquela época pelo professor José Rabelo de Freitas, da UFMG. Anos se passaram e os estudos sobre a lagoa se multiplicaram, assim como seus problemas: a proliferação de mosquitos, de algas, além de carcaças de animais e objetos domésticos. Desde a década de 1990, toneladas de lixo são retiradas da represa por meio da prefeitura de Belo Horizonte. A fim de acelerar o processo de recuperação da lagoa, em 2003, a Copasa instalou uma Estação de Tratamento de Águas Fluviais (Etaf), que, durante certo período, se revelou importante para a melhoria da qualidade da água, embora não resolva o problema por completo. Vox Objetiva | 31
economia Stock.xng Yordanna Colombo Analistas da XP Investimentos contato@v10i.com.br
FREUD EXPLICA O investidor vai ao terapeuta. - Oi, não tô bem, doutor. - Sente-se. O que foi desta vez? - pergunta o terapeuta com ar blasé. - O mercado está me matando. - Hum, vejamos, como foi sua infância? Você brincava muito de Banco Imobiliário? - Sim, sim, sempre. Comprava tudo que via pela frente! - Como assim? Sem pensar? Alavancado? - Não quis dizer isso... - Bem, me parece que o senhor jogava sem estratégia... - Não...bem...eu gostava de comprar... - Hum. Interessante. Compulsão por compras.. - Não, o senhor não pode generalizar. Eu estou falando da crise europeia. Pô, a Christine Lagarde afirmou que a crise da União Europeia está aumentando... O terapeuta interrompe: - Essa Christine é sua mãe? - Não, claro que não! É a dire32 | Vox Objetiva
tora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional). - Como é a sua relação com sua mãe? O investidor irritado: - O que isso tem a ver? - Apareceu a figura feminina. Talvez materna, ligação com amamentação... - Amamentação? Para tudo. Eu vim falar que o mercado está me matando. - Calma, o senhor está perdendo o controle. O investidor nervoso: - Mas o senhor misturou a mãe, a infância. Eu só quero uma solução.. - Não, não vou prescrever remédio. - Nem quero! - diz o investidor exaltado. - Isso pode fazer o preço de certas ações subirem. O terapeuta então começa: - O que estou querendo dizer é que o senhor não lida bem com perdas. O senhor entra no mercado financeiro e não quer sofrer alguns prejuízos? O senhor acha que
é fácil ganhar dinheiro? O senhor não sabia disso quando partiu para esse mundo? O investidor, atônito: - Mas... - Sem mas! - Interrompe o terapeuta. - O mercado financeiro á assim. Dias de ganhos outros de perdas. Eu atendo vários como o senhor, que parecem não entender a lógica do mercado financeiro e acham que sempre vão ganhar... Ops. Acabou seu tempo, vou prescrever um pouco de cautela, paciência e diversificação! O investidor mais espantado, levanta e vai embora, meio tonto. O terapeuta, então, liga seu computador e acessa sua conta para verificar seus investimentos. Sorrindo, começa a ler as notícias da semana. Começa a perceber a frágil situação europeia, problemas de rating, dados ruins nos EUA. De repente, percebe que a bolsa brasileira está caindo. Suando e nervoso, o terapeuta liga para seu psicanalista: - Cara, tô mal. O mercado está me matando!
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QUAL É O limite? Emissoras de TV desrespeitam sistema de classificação indicativa de idade e questionam vinculação horária dos programas no Supremo Tribunal Federal Sandra Carvalho
A
s crianças brasileiras passam, em média, cinco horas por dia em frente à televisão. A esmagadora maioria assiste à programação da TV aberta. Para que não vejam cenas inadequadas, o Ministério da Justiça, com a ajuda de entidades de proteção aos direitos das crianças, elaborou e regulamentou em 2009 o sistema de classificação indicativa de idade nas programações. Nesse sistema, as próprias emissoras se autorregulam e informam aos pais as idades para as quais os programas são indicados. Assim como na Europa e nos Estados Unidos, aquela programação que não é classificada como livre (para todos os públicos e em qualquer horário)
geralmente passa à noite. Tudo estaria em ordem nessa área se não fossem alguns problemas sérios, entre eles, o descumprimento da regulamentação. Na guerra pela audiência, o número de canais que têm burlado essas regras de idade e exibem cenas inadequadas em horários impróprios vem crescendo. Segundo dados de 2011, divulgados neste mês pelo Ministério da Justiça, as advertências aos canais de televisão cresceram 65,5% em relação ao ano de 2010. Foram 48 advertências em 2011 contra 29 no ano anterior. Apesar do grande aumento percentual, o Ministério da Justiça acredita que não há com que se
preocupar, se forem considerados números absolutos. “Para nós, é um número bem reduzido, principalmente, se levarmos em conta que fizemos no ano passado 5.485 análises de monitoramento. Significa dizer que em 5.437, ou seja, 98,85% das análises, não apresentaram problemas”, afirma Davi Ulisses Brasil S. Pires, diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação da Secretaria Nacional de Justiça. Segundo ele, outros dois argumentos também explicam esse aumento de advertências. “O número pode resultar de diversos fatores, desde a ampliação do monitoramento por parte do Ministério da
Características
Horário de exibição
Livre
Não expõe crianças a conteúdos potencialmente prejudiciais
Exibição em qualquer horário
Não recomendado para menores de 10 anos
Conteúdo violento ou linguagem inapropriada para crianças, ainda que em menor intensidade
Exibição em qualquer horário
Não recomendado para menores de 12 anos
As cenas podem conter agressão física, consumo de drogas e insinuação sexual
Exibição a partir das 20h
Não recomendado para menores de 14 anos
Conteúdos mais violentos e/ ou de linguagem sexual mais acentuada
Exibição a partir das 21h
16
Não recomendado para menores de 16 anos
Conteúdos mais violentos ou com conteúdo sexual mais intenso, com cenas de tortura, suicídio, estupro ou nudez total.
Exibição a partir das 22h
18
Não recomendado para menores de 18 anos
Conteúdos violentos e sexuais extremos. Cenas de sexo, incesto ou atos repetidos de tortura, mutilação ou abuso sexual.
Exibição a partir das 23h
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10 12 14
Vox Objetiva | 33
Wagner Ubirajara
Classificação Indicativa
Símbolo
Justiça, o que ocorreu, como por fatos isolados nas próprias emissoras, como troca de equipe ou programação (SBT foi de 5 para 10 notificações; a MTV de zero para 7, por exemplo)”, explica. Davi Pires acrescenta que não dá para dizer que o número de advertências é alto ou baixo no Brasil, em comparação com outros países. “A classificação indicativa é feita conforme as nossas particularidades, não permitindo essas comparações. O que se sabe é que o Brasil é muito bem conceituado nesse quesito, em se tratando de América Latina”, completa. Mas não é bem isso que pensam os operadores dos direitos da infância. Para o juiz da vara Cível da Infância e Juventude de Belo Horizonte, Marcos Flávio Lucas Padula, a regulação atual não funciona muito bem. “Basta ligar a TV para perceber que há baixa qualidade e até permissividade e conteúdos inapropriados por parte de algumas emissoras”, diz. O magistrado defende um monitoramento e fiscalização mais rígidos, que não se confundam com censura. “É preciso levar em consideração que a maioria dos pais, pelo fato de ter de trabalhar, não tem como acompanhar, o tempo todo o que o filho está assistindo. Além disso, a autorregulamentação por parte dos canais de TV é duvidosa. A própria concorrência, e leia-se guerra por audiência, leva a emissora a querer descumprir a classificação indicativa”, afirma. Padula acredita que a classificação indicativa e o monitoramento das mídias devem ser aplicados por um órgão com legitimidade que tenha representantes da população nesse processo. “Parece que quanto pior o conteúdo, mais audiência ele tem, e de todas as idades. O resultado disso é a degradação social, a falta de valores morais, que resultam em crimes, vícios, gravidez precoce, como estamos assistindo no mundo real”. A mestre em Direitos Humanos Tamara Gonçalves, advogada da 34 | Vox Objetiva
Câmara dos Deputados/ Divulgação
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Davi Pires diz que aumento de advertências não é preocupantes
Realities shows estão entre os conteúdos mais analisados no monitoramento de mídia feito pelo Ministério da Justiça Agência de Noticias dos Direitos da Infância (Andi), organização não-governamental que atua em defesa dos direitos das crianças, concorda com o magistrado. Segundo ela, contar apenas com o bom senso das emissoras de televisão para se autorregulamentarem não vem sendo algo eficaz, visto que o número de advertências cresce. “O sistema de classificação indicativa de idade é uma grande conquista democrática, mas é preciso deixar uma porta aberta para que a programação seja melhor monitorada pelas autoridades competentes. E isso não pode nunca ser confundido com censura”, afirma.
Punição Para a advogada, a autorregulamentação das emissoras e o monitoramento do Ministério da Justiça não funcionam bem, uma vez que não há punição às emissoras. “Existem apenas advertências e as emissoras que divulgaram um conteúdo inadequado ao horário, apenas se ajustam na classificação indicativa, quando são advertidas. É assim que funciona. Não há histórico no Brasil de aplicações de multas ou sanções mais severas para quem descumpre a regulamentação”, diz. É importante frisar para o leitor que a punição para o descumprimento da classificação indicativa vai da aplicação de multa de 20 a 100 salários mínimos às emissoras até a retirada do programa do ar, conforme os artigos 254 e 255 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “No entanto, para que uma emissora receba uma multa, é preciso que o Ministério Público acione a Justiça. Quem determina a multa é o poder Judiciário. O Ministério da
Sandra Carvalho
Juiz Marcos Padula defende rigor na aplicação da classificação indicativa
Justiça dá a advertência e a emissora se adequa. A punição é aplicada pelo Judiciário, explica Davi Pires, diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação da Secretaria Nacional de Justiça. No entanto, conforme a advogada da Andi, não há históricos de aplicação de multaspor noemissoras país. Advertências
Advertências por emissoras Rede / ano RedeTV
Ação no STF Não bastasse o desrespeito das emissoras, a classificação indicativa de idade vinculada aos horários pode estar com os dias contatos. Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que está tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) questiona a constitucionali-
dade do artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê punição para quem exibir programas em horários que não estão de acordo com a classificação. Na ação, impetrada pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com o aval das grandes emissoras, essa legislação é tratada como censura. Para as emissoras de televisão, a classificação indicativa de idade não precisa estar vinculada a horários. “O papel de educar é dos pais”, argumentou Heloísa de Almeida, representante da Associação Brasileira de Radiodifusares (Abra) durante audiência pública ocorrida no dia 8 de dezembro, na Câmara dos Deputados, para discutir a Adin. O representante da Rede Globo na audiência, Evandro Guimarãoes, disse que a emissora também é contrária à vinculação horária, mas defendeu a manutenção da classificação indicativa. A Adin já recebeu quatro votos favoráveis e, até o fechamento desta edição permanecia paralisada para análise de um dos ministros do STF. Caso seja aprovada, as emissoras poderão, por exemplo, exibir programas classificados como “recomendados para maiores de 12 anos” em qualquer horário, sem a aplicação de penas. Para Davi Pires, que também participou da audiência, haverá
SBT
Globo
Record
MTV
Band
Outras
TOTAL
Rede / ano 2010
RedeTV 3
SBT 5
Globo 7
Record 5
MTV -
Band 9
Outras -
TOTAL 29
2010 2011
3 2
5 10
7 8
5 7
7
9 13
1
29 48
2011
2
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8
7
7
13
1
48
Advertências por motivação Advertências por motivação Motivo/ano Processo
Conteúdo
Símbolo
Horário
TOTAL
Motivo/ano 2010
Processo 3
Conteúdo 14
Símbolo 5
Horário 7
TOTAL 29
2010 2011
3 15
14 20
5 9
7 4
29 48
2011
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20
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4
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Fonte: Ministério da Justiça Vox Objetiva | 35
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Um episódio para se esquecer no bbb A polêmica suspeita de estupro “na casa mais espiada do país” traz à tona a discussão sobre a permissividade na TV brasileira. Era madrugada de domingo, quando, em frente às câmeras, o modelo Daniel teria abusado sexualmente da participante Monique, tudo embaixo do edredon. A cena foi mostrada para quem assiste 24 horas do Big Brother Brasil 2012 pelo sistema Payperview, no horário em que as crianças já estavam dormindo. No entanto, não escapou ao questionamento público: responsáveis pelo programa viram o possível crime acontecendo, nada fizeram para impedi-lo e ainda mostraram a cena ao público. O acontecimento virou caso de polícia e de ameaça de corte na programação da Rede Globo por parte do Ministério das Comunicações. Os envolvidos no fato disseram à polícia carioca que estavam conscientes, embora a possível vítima, Monique, admitisse em certa altura do depoimento que bebeu tanto que “estava apagada”. A Rede Globo afirma em nota estar tranquila com a situação, já que os próprios brothers afirmaram que não houve crime e confirmou o recebimento da notificação do Ministério das Comunicações solicitando o envio de conteúdo da programação para análise. Apesar da tranquilidade da emissora, a direção do programa tomou uma medida punitiva e desclassificou Daniel do reality show, expulsando-o da casa. O rapaz, agora, aciona a Justiça para tentar voltar para o jogo. Embora a cena tenha sido divulgada oficialmente de madrugada, ela caiu na web e, até o fechamento desta reportagem, o vídeo no YouTube tinha mais de 1,6 milhão de visualizações. Parte do conteúdo picante também foi exibido em programas de outras emissoras para “mera discussões”, inclusive durante o dia. Até o fechamento desta edição, não havia um posicionamento definitivo dos órgãos competentes em relação ao episódio e às divulgações consequentes tanto na web quanto em outros canais.
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TV Globo/ Divulgação
Daniel deve acionar a Justiça para voltar à casa
prejuízos à sociedade caso seja derrubada a obrigatoriedade de as emissoras exibirem as atrações em horários definidos conforme a faixa etária: “Por temor a essas punições já existentes, acredito que as empresas têm se esforçado bastante para melhorar o nível da programação da TV aberta”, disse na época. O juiz da vara Cível da Infância e Juventude de Belo Horizonte, Marcos Flávio Lucas Padula, defende a manutenção da vinculação horária. “Muitos pais saem para trabalhar e não têm como controlar o que seu filho está assistindo”, completa. A vinculação horária da classificação indicativa só corre na TV aberta. Nos canais por assinatura, não há esse vínculo, já que nessa modalidade o poder de escolha e controle dos pais é maior. Eles podem bloquear canais no serviço contratado. Nesses casos, o monitoramento do Ministério da Justiça é feito por amostragem ou mediante denúncia. Dano psicológico Ver uma imagem inadequada à idade pode ser algo extremamente nocivo à criança ou ao adolescente, segundo o psicólogo Milton Bicalho, que preside a Comissão de Orientação e Fiscalização do Conselho Regional de Psicologia de Minas. “As crianças e os adolescentes têm menos recursos críticos para filtrar aquilo que estão vendo. As cenas podem ser absorvidas por eles como algo que é legitimado, verdadeiro, correto, que tem um reconhecimento. Isso pode influenciar negativamente nos processos de subjetivação delas (formação moral e psicológica), o que vai refletir na sociedade como um todo”, explica. Milton Bicalho é voluntário no Ministério da Justiça para análise de objetos culturais. “As crianças precisam ser respeitadas em sua particularidade e a classificação indicativa de idade existe exatamente para ajudar nesse sentido”, conclui.
psicologia
Stock.xng
Questão de autoestima Autoestima. Hoje em dia escutamos muito essa palavra. Várias situações se associam a ter ou não autoestima adequada. O sucesso aos projetos pessoais é atribuído a ela. Realmente, ela é um fator muito importante, mas não é algo que compramos na esquina. A autoestima é uma construção que vem sendo feita desde a infância. Ela vai sendo moldada e transformada em combustível para que as pessoas acreditem mais em seu potencial e sintam-se seguras para investir em seus projetos. Mesmo aquelas pessoas que não foram estimuladas à construção da autoestima em âmbito familiar, podem mudar essa história e agir diferente. Podem lutar com mais força psíquica para adquirir uma nova construção de si mesmo. F. Potreck-Rose e G. Jacob (2006) propõem uma abordagem psicoterapêutica para baixa autoestima baseada no que elas chamam de “os quatro pilares da autoestima”, os quais particularmente considero muito interessante: 1. Autoaceitação: Uma postura positiva com relação a si mesmo como pessoa. Inclui elementos como estar satisfeito e de acordo consigo mesmo, respeito a si pró-
prio, ser “um consigo mesmo” e se sentir em casa no próprio corpo. 2. Autoconfiança: Uma postura positiva com relação às próprias capacidades e desempenho. Ter real noção da suas potencialidades e ferramentas. 3. Competência social: É a experiência de ser capaz de fazer contatos. Inclui saber lidar com outras pessoas, sentir-se capaz de lidar com situações difíceis, ter reações flexíveis, conseguir sentir a ressonância social dos próprios atos, saber regular a distância-proximidade com outras pessoas. 4. Rede social: Estar ligado em uma rede de relacionamentos positivos. Inclui uma relação satisfatória com o parceiro e com a família, ter amigos, poder contar com eles e estar à disposição deles, ser importante para outras pessoas. Vamos pensar na importância que devemos dar a nós mesmos, mas sem perder o sentimento altruísta. É essencial desenvolver passos e ficar mais atento e consciente das próprias emoções, sentimentos e sensações físicas e psíquicas. Ter um relacionamento respeitoso e amoroso consigo mesmo são pontos vitais para conseguirmos dar equilíbrio à vida e, assim, sentirmos felizes, sau-
Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em saúde mental angelfalci@hotmail.com
dáveis e dispostos. “Quase todos os nossos problemas emocionais - ansiedade, timidez, autodestrutividade nos negócios ou na vida amorosa, o caminho das drogas - têm sua origem na auto-estima insuficiente. É esse afeto por nós mesmos que nos dá o sentido de valor, de merecer o sucesso seja em qual área for. É o que nos leva a enfrentar os desafios da vida. É na hora da queda, dos fracassos, das perdas inevitáveis, já que somos humanos, que a autoestima reflete sua face mais importante. Na mesma circunstância em que uns optam pelo renascimento, pela recuperação, outros optam pela depressão e acomodação no sofrimento”, afirma Múcio Morais. Acredito que a felicidade se resume a momentos mais constantes de estabilidade emocional, diferentemente daquela pessoa que vive mais tempo em altos e baixos e, com certeza, vive cercada de estresse e desânimo diante da vida e dos novos desafios. Faça a diferença em sua vida, dê mais credibilidade a você mesmo. Ame a si mesmo! Que o Novo ano comece com equilíbrio em suas emoções! Vox Objetiva | 37
copa do mundo Daniel Brasil/ Monitoramento/ ME
DESAFIOS PARA 2014
Grandes obras para o Mundial devem ser concluídas dentro do prazo na capital mineira, mas especialistas sugerem outras intervenções para resolver problemas de infraestrutura Lucas Alvarenga
U
ma Copa do Mundo de futebol e muitos desafios para a capital dos mineiros. Os problemas não eram poucos. Estádios defasados, um metrô que mal chegou ao término da linha1 e os grandes problemas do sistema de transporte coletivo, que atende a 1.5 milhão de pessoas diariamente em 2.870 veículos. Para reverter esse quadro, União, Estado e município tornaram Belo Horizonte um grande canteiro de obras, cujo foco é o mundial. Oito grandes ações de mobilidade urbana para o evento serão realizadas e abarcarão R$ 1.38 bilhão, sendo R$ 1 bilhão financiados com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O metrô também entra no pacote, no entanto, não ficará pronto até a Copa. A criação da linha 2 (Barreiro - Calafate) e da linha 3 (Lagoinha – Savassi) e a ampliação da linha 1 (Eldorado - Venda Nova) será uma realidade apenas para as Olimpíadas de 2016, quando Belo Horizonte sediará alguns jogos de futebol. Ao todo, o trem urbano custará R$ 3,16 bilhões, sendo R$ 1 bilhão do Orçamento Geral da União, R$ 1,47 bilhão dos governos estadual, municipal e da iniciativa privada e R$ 1,13 bilhão em financiamentos. Entre ações de mobilidade, estádios, aeroportos e investimentos em segurança, o Governo Federal prevê o repasse de R$
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2,35 bilhões para que a capital mineira se apronte para o grande evento. Tanto o governo de Minas quanto a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) estão em dia com as obras. Por esse motivo, Belo Horizonte desbancou o Rio de Janeiro e trouxe em setembro passado o evento de abertura dos trabalhos da Copa, onde um marco com a contagem regressiva a partir dos mil dias foi lançado. No entanto, mesmo com elogios da Fifa, a capital mineira não conseguiu sequer a abertura ou final da Copa das Confederações, competição preparatória para o Mundial que acontecerá em junho de 2013. À maior cidade dos mineiros, coube uma das semifinais, mesma situação para a Copa do Mundo de 2014. Além disso, Belo Horizonte contará com mais cinco jogos, sendo um deles uma provável participação do Brasil nas oitavas. Conforme estudo do professor Edson Paulo Domingues, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, Belo Horizonte terá, devido à Copa, um acréscimo de 2% em seu Produto Interno Bruto (PIB) e 36 mil novas ocupações. Diante desse cenário de geração de empregos e intervenções urbanas, a Vox Objetiva fez um levantamento de como andam as quatro principais obras para a Copa na capital.
Estádio Independência ma em novembro passado junto a outros colegas parlamentares, uma questão deve ser enfrentada para que o novo Independência atenda a população com qualidade. “Boa parte dos torcedores costuma ir ao estádio de carro e a dificuldade de se encontrar vagas nas ruas adjacentes será maior”, projeta. Em dezembro passado, o governo do Estado anunciou que a gerência do estádio seria transferida por dez anos para o consórcio Arena Independência, formado por uma empresa do segmento de venda de ingressos e por uma administradora de arenas. Desde 1989, o campo passou a ser arrendado pelo América que, até a demolição, zelou pelo local. Embora perca a condição de “dono” do Independência, o clube alviverde receberá R$ 100 mil por mês, dois camarotes e uma participação na identidade visual da arena até que a diretoria americana retome o estádio. A transferência de posse para o antigo arrendatário aconteceOsvaldo Afonso/ Secom MG
Inaugurado em 1950 para a primeira Copa do Mundo no Brasil, o Estádio Raimundo Sampaio, o Independência teve a estrutura totalmente demolida em 2009, mas estará à disposição de seleções que queiram utilizá-lo como campo de treinamento no mundial de futebol que se aproxima. De acordo com informações da Secretaria Extraordinária para Assuntos da Copa do Mundo Fifa 2014, o estádio deve ser entregue no final de fevereiro próximo, podendo assim, servir aos clubes mineiros já no campeonato estadual, na Copa do Brasil e no Brasileirão das séries A e B deste ano. O prazo inicial, porém, era setembro de 2010. A obra custou R$ 125 milhões e foi totalmente financiada pelo governo de Minas Gerais. O orçamento inicial previa R$ 44 milhões investidos. Hoje, cerca de 600 operários trabalham na arena, onde quase tudo está concluído. Já chegaram ao fim os trabalhos de fundação e contenção dos prédios de serviço e arquibancada, de arrimos, de montagem da cobertura das ruas Ismênia e Pitangui, de plantio e drenagem da grama. Dez mil das 25 mil cadeiras (capacidade máxima do estádio reformado) estão instaladas. Quase 95% da alvenaria e da vedação dos edifícios e das arquibancadas já foram realizadas. A arena contará com 422 vagas de estacionamento, seis portões de acesso, duas torres de serviços para abrigar bares, centro de comando, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros – obras em construção. Os vestiários foram ampliados e haverá ainda um auditório para entrevistas coletivas. A imprensa de rádio e TV terá 16 cabines e a escrita terá 72 estações de trabalhos. Os camarotes e áreas VIP’s vão abrigar até 2.225 pessoas. No entanto, nem tudo está resolvido. Para o deputado estadual Anselmo José Domingos (PTC), que visitou o andamento da refor-
rá em 10 de abril de 2029, conforme informações do próprio clube. As diretorias de Atlético e Cruzeiro, porém, estão preocupadas. O processo licitatório para o novo Independência, além de excluir os dois clubes, também desperta nos dirigentes dúvidas quanto ao valor pela locação do estádio. Tanto o presidente do Atlético, Alexandre Kalil, quanto o do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, já manifestaram ao governador a insegurança sobre os preços a serem exercidos pelo consórcio vencedor, o que poderia inviabilizar partidas das equipes alvinegra e celeste na arena. Os mandatários desejam ainda uma maior participação nos lucros. Enquanto o assunto é debatido, a Secopa enaltece a licitação. “A partir de fevereiro, as famílias com suas crianças poderão frequentar com segurança e tranquilidade os jogos no Independência”, conjecturou na época, o secretário de Estado Extraordinário da Copa do Mundo, Sergio Barroso.
Em fase final de obras, o novo Independência aparece com dimensões do campo e capacidade reduzidas, uma tendência que prevalece por todo o país
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copa do mundo
Mineirão
Do Horto para a região da Pampulha, onde está a principal obra para a Copa do Mundo: o Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão. A obra está na terceira e última fase. Desde janeiro de 2010, data em que a reforma começou, já foram executadas importantes intervenções como o rebaixamento do campo em 3,4 metros, a doação do gramado e das cadeiras para outros estádios, além da conclusão das demolições estabelecidas nas áreas interna e externa. O trabalho de fundação nessas áreas segue em fase final. Do velho Mineirão, inaugurado em 1965 para abrigar jogos dos gigantes da capital, será mantida a fachada, um bem tombado pelo Patrimônio Histórico. Para essas e outras intervenções, foi traçada uma parceria público-privada (PPP). Nela, o governo estadual investiu R$ 11,8 milhões e a empresa Minas Arena, responsável pela obra e operação futura do estádio, R$ 654,5 milhões. O valor previsto 40 | Vox Objetiva
Daniel Brasil/ Monitoramento/ ME
Operários trabalham na recuperação das estruturas do Mineirão e na reconstrução das arquibancadas inferiores, agora mais próximas do campo
inicialmente era, porém, de R$ 426 milhões. Os 64 mil lugares disponíveis passam longe do antigo recorde do estádio, 132.384 espectadores, registrado em 1997 na vitória do Cruzeiro sobre o Villa Nova por 1 a 0. No entanto, a visibilidade será total de qualquer ponto do Mineirão. Com 15% de sua estrutura construída, uma das novidades fica por conta da arquibancada inferior, que aproximará o torcedor do campo. Já na área externa, 25% concluída, 80 mil metros quadrados irão propiciar lazer a 65 mil pessoas. Para dar conta dessas obras, 1.500 operários trabalham na reforma, número que chegará a 2.000 profissionais capacitados, incluindo detentos. Aos analfabetos são oferecidas aulas de língua portuguesa dentro do estádio. Apesar disso, os trabalhadores do novo palco do futebol mineiro já pararam a reforma por duas vezes devido a greves por melhores con-
dições de trabalho. Nada, porém, que atrasasse o cronograma. De acordo com a Secopa, a entrega do campo está prevista para 21 de dezembro de 2012. De acordo com o Comitê Organizador Local (COL), especialistas da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) consideram que as obras do Mineirão serão cumpridas dentro do prazo estabelecido. O COL ainda ressalta que, dentre os grandes estádios da Copa, o Mineirão terá o menor custo em relação ao número de expectadores. Daniel Epstein, da Useful Simple Projects, uma das empresas envolvidas no projeto das Olimpíadas de Londres 2014, ressaltou que o novo Mineirão se destaca dentre os demais estádios pelos seus projetos de sustentabilidade, que vão desde a cobertura do Gigante da Pampulha até a área verde que envolverá as dependências da arena. Enquanto o Gigante não fica pronto e o Independência segue com os últimos detalhes, a trinca de clubes da capital mineira acumula problemas. As situações mais graves parecem ser a de Atlético, e, principalmente, Cruzeiro. “É bom deixar bem claro que o Cruzeiro tem trabalhado nos dois últimos anos, normalmente, com um déficit de aproximadamente 3 milhões ao mês, o que gera 36 a 40 milhões de déficit anual”, revelou o diretor de futebol celeste, Dimas Fonseca. Conforme dados do clube, o saldo negativo nas contas cruzeirenses chegou a R$ 28 milhões em 2011. Do lado alvinegro, a situação não é muito diferente. Durante as eleições para a presidência atleticana, Alexandre Kalil teria admitido: “Tivemos um prejuízo superior a R$ 10 milhões em 2011”. Com o Independência pronto para fevereiro de 2012 e o Mineirão disponível em 2013, ambos relançarão o programa sócio-torcedor a fim de incrementarem as receitas.
Bus Rapid Transit (BRT) a BHTrans. A prefeitura também investe em ciclovias. Hoje, há sete trechos que somam 19 km de ciclovias na capital. A perspectiva é de que, até o primeiro semestre de 2014, haja 105 km. Para o professor de engenharia de trânsito urbano da UFMG,
grande, como é BH, é fundamental. Investir em vans com itinerários alternativos e tarifas diferenciadas é outro caminho. Quem não prefere evitar aquele transtorno com ônibus e vagas pegando uma van que te deixa em qualquer lugar? O segundo ponto é sobre infraestrutura
Na imagem, é possível ver as pistas centrais da avenida Antônio Carlos, próximo à avenida Abraão Caram, dedicadas ao tráfego de coletivos, e, futuramente, ao BRT
PBH/ Divulgação
Como nem só de estádios vive uma Copa do Mundo de futebol, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) prepara as grandes vias de acesso para sustentar o fluxo de veículos. A principal aposta é o Bus Rapid Transit (BRT), um sistema de transporte coletivo já implantado com sucesso em Curitiba há mais de uma década. Com isso, corredores exclusivos para ônibus estão em fase de construção na avenida Antônio Carlos e sairão do papel em março de 2012 na avenida Cristiano Machado. Espera-se que a obra, financiada em sua maioria com recursos federais, atenda a mais de 750 mil passageiros, reduzindo o tempo de viagem em 57% e a quantidade de ônibus na capital em quase 40%. Somente o BRT Antônio Carlos está custando R$ 633 milhões. A pista irá da duplicação da avenida Dom Pedro I até a interseção com a avenida Abraão Caram. A previsão de entrega é maio de 2013. Devido aos custos elevados, sobretudo com a remoção de moradores, a PBH desistiu de implantar um BRT nas avenidas Carlos Luz e D. Pedro II, vias de acesso ao Mineirão. Conforme informações da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), as desapropriações para a efetivação desse projeto de ônibus de alta capacidade excederia R$ 153 milhões, números superiores ao do próprio corredor. No entanto, corredores sem o sistema BRT estão nos planos da Prefeitura, que já estuda como construí-los. A vantagem do BRT, além da pista exclusiva, seria a adequação das pistas no mesmo nível dos ônibus e a instalação de estações de espera, que diminuirá o número de paragens. No entanto, o BRT é apenas uma das intervenções para que Belo Horizonte atinja um patamar de alto padrão em transporte público até 2020, de acordo com
Ronaldo Guimarães Gouvêa, duas questões sobre o trânsito na capital devem ser analisadas. “A primeira é o investimento em transporte de grande e pequena capacidade. Tem que investir no metrô. Pistas exclusivas de ônibus resolvem o problema apenas em cidades médias. Mas o metrô, em uma cidade
estratégica para a cidade. É preciso completar o Anel Rodoviário, transformando-o em um grande anel. Fazem reformas de avenidas que estão inchando e degradando o centro ainda mais. Isso não vai resolver o problema dos congestionamentos em médio e longo prazo”, avalia. Vox Objetiva | 41
copa do mundo
AEROPORTO DE CONFINS Se de um lado as grandes vias belo-horizontinas não suportam o tráfego, do outro, o maior aeroporto mineiro, Confins, também está no limite. Desde setembro passado, o principal terminal do Aeroporto Internacional Tancredo Neves está em obras. De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), após a ampliação, o local poderá receber 16,5 milhões de passageiros por ano. São 6,3 milhões a mais que atualmente. No final de novembro de 2011, teve início a segunda etapa da reforma, que abrange a demolição de marquises e da cancela do estacionamento em frente ao Terminal. As obras compreendem iniciativas como a readequação do sistema viário, substituição das escadas rolantes, pontes de embarque e esteiras de bagagem, ampliação de espaços comerciais, modernização dos sistemas elétricos e eletrônicos, além de troca do revestimento e iluminação. Ao todo, as intervenções serão
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um risco, uma vez que o crescimento da região, bem como a presença do Centro Administrativo, podem ser um gargalo para o crescimento do aeroporto”. Para Hugo Tadeu, também professor da Fundação Dom Cabral, qualquer atraso nas obras em Confins pode criar problemas para Belo Horizonte durante a Copa, uma vez que a reforma do aeroporto é emergencial, devido a própria demanda atual. Hugo Tadeu ainda acredita que o setor de aviação precisa melhorar a gestão, que carece de modelos institucionais e de negócios que visem a eficiência do processo. Por isso, o PhD sugere a participação privada em Confins. “Os principais aeroportos do mundo operam por meio do modelo privado. A visão de problema ao usuário pela gestão privada é atrasada. Comparativamente, após a privatização da telefonia e da energia, o acesso a esses serviços pode ser registrado com ganhos para a competitividade nacional”. Belotur/ Divulgação
Em Confins, o perigo é que o terminal provisório se torne efetivo, não sustentando o fluxo de passageiros, que não para de crescer
executadas em nove etapas, com R$ 223,9 milhões investidos pela União. A previsão é que a obra seja entregue em dezembro de 2013. Isso apenas para o primeiro terminal, que também contará com obras de reforma e ampliação da pista de pouso e do sistema de pátios. No entanto, enquanto o aguardado segundo terminal de Confins não sai, a Infraero garante que o projeto básico para uma estrutura remota no aeroporto está em andamento. Ela deve ser instalada a partir de novembro de 2013, atendendo ao público interno e externo durante o período da Copa do Mundo de futebol. Conforme dados do Portal da Transparência, a obra do terminal remoto está orçada em R$ 100 milhões e será realizada com recursos federais. O pós-doutor em Transportes pela Sauder School of Business, Hugo Ferreira Braga Tadeu, salienta a importância da Linha Verde para o acesso ao aeroporto, mas alerta. “Ela (a Linha Verde) já representa
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QUANDO O SONHO VIRA PESADELO
Pesquisa australiana relaciona violência ao desenvolvimento da chamada depressão pós-parto André Martins Fernanda Carvalho
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N
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tem sua privacidade invadida pelo marido constantemente. Além disso, contou que, por várias vezes, teve relações sexuais com o parceiro sem desejar. “O meu sonho quando era mais nova era tomar banho junto, agora tenho pavor disso”. Ainda não é possível determinar um caminho causal exato entre a violência do parceiro e a depressão pós-natal, segundo Hannah Woolhouse. Na pesquisa, foram aplicadas metodologias de regressão relacionadas à idade materna, ao estado civil e ao status sócioeconômico. Apesar da discrepância entre esses fatores de um caso para outro, a violência cometida pelo parceiro íntimo ainda Stock.xng
ove meses se passaram e o dia tão esperado chega. Vem ao mundo a criança que esteve por tanto tempo na barriga da mãe. O que era para ser um dia de felicidade se transforma no início de um grande problema. Tristeza, desesperança, baixa auto-estima, culpa, distúrbios do sono. Esses são apenas alguns dos sintomas de um problema conhecido internacionalmente como baby blues, que ronda o universo feminino . Uma pesquisa da Murdoch Children’s Research Institute, na Austrália, alertou para uma das grandes causas da popular depressão pós-parto. Segundo o estudo, mulheres que já foram abusadas física ou psicologicamente pelo parceiro íntimo, marido ou namorado, têm mais chances de desenvolver a síndrome. Pesquisadores, sob a coordenação da psicóloga Hannah Woolhouse, acompanharam um grupo de 1.305 mulheres nulíparas (que nunca tiveram filhos). A pesquisa concluiu que 40% das mulheres que sofrem de depressão pós-parto foram abusadas; 16% dessas informaram o problema ao longo de 12 meses após darem à luz. Mas, ao contrário do que geralmente se pensava, a maioria delas relatava o mal apenas depois de seis meses do nascimento da criança. O risco da depressão pós-parto, segundo o estudo, é quatro vezes maior para quem sofreu abuso físico e três vezes mais incidente em mulheres que foram violadas emocionalmente, se comparado às que não foram abusadas. Mas, de acordo com a pesquisadora, a forma psicológica é mais comum e é tão prejudicial à saúde da mulher quanto a física. “Isso inclui humilhação, degradação, controle financeiro e stalking (invasão constante da esfera de privacidade)”. M.R.S., 41 anos, teve forte depressão após o nascimento do primeiro filho. Ao saber da pesquisa Australiana pela Vox Objetiva, ela confirmou que sempre foi muito controlada financeiramente e que
estava, independentemente, associada com sintomas de depressão. A violência íntima, seja ela psicológica ou física, tem impacto tanto na vida da mãe quanto na da criança. A estudiosa afirma que esse choque migra para o recém-nascido e pode causar problemas comportamentais, emocionais e cognitivos na vida futura do bebê. Segundo ela, até mesmo a depressão aguda (caso mais frequente e simples), tem um impacto significativo na mãe e no seu filho. “Um número menor de mulheres desenvolve psicose pós-parto, que pode ser bastante séria”, afirma a pesquisadora. No Brasil, de acor-
do com dados preliminares de 2011 do Ministério da Saúde, três pessoas morreram por transtornos mentais no pós-parto. Outras 182 mulheres foram internadas com o problema no Sistema Único de Saúde (SUS). Além da questão do abuso, existem outros fatores que podem alavancar o risco da baby blues. O histórico da pessoa e da saúde familiar são alguns deles. Caso a mulher tenha um passado marcado pela depressão ou haja casos próximos, a chance é ainda maior. De acordo com Woolhouse, a relação conjugal pobre, os baixos níveis de suporte social, a privação do sono, a instabilidade do
bebê, dificuldades do aleitamento e a baixa idade da maternidade são todos fatores associados com maiores níveis de depressão pós-parto. No caso de M.R.S., além do problema do abuso físico e psicológico, outro fator colaborou para que a crise se instalasse e agravasse. “Eu me preocupava demais com o financeiro. Eu e meu marido estávamos desempregados. Só tinha o dinheiro dos meus direitos trabalhistas. Eu não dava conta de amamentar direito. Tinha agonia. E até hoje não tenho paciência com ele como tenho com a minha outra filha”, explica. Ao contrário do que deveria ter acontecido, o marido de M.R.S. não
Indicar à parceira que procure por ajuda com um profissional da saúde pode ser uma boa ideia. Mas, às vezes, simplesmente estando à disposição para ouvir os sentimentos é uma grande forma de colaborar Hannah Woolhouse psicóloga e pesquisadora
Histórico familiar pode interferir na ocorrência de casos de depressão pós-parto
tinha calma com a crise de depressão dela. Não a entendia e muito menos tentava a ajudar. De acordo com Hannah Woolhouse, a falta de apoio é um dos agravantes da síndrome. A pesquisadora aconselha que o marido forneça um apoio emocional e um suporte prático, tanto com a criança quanto com os trabalhos domésticos. Dar à parceira a chance de ela ter um tempo para ela mesma ou, simplesmente, deixar que ela durma com mais tranquilidade, são atitudes de grande ajuda. “Indicar à parceira que procure por ajuda com um profissional da saú-
de pode ser uma boa ideia. Mas, às vezes, simplesmente estando à disposição para ouvir os sentimentos é uma grande forma de colaborar com a companheira e mãe de seu filho”, recomenda. O inesperado Para a psicóloga e especialista em psicologia e gênero, Marisa Sanábria, a depressão pós-parto em mulheres com histórico de violência física e/ou psicológica seria algo lógico – uma relação de causa-consequência. Estando a gestante já vulnerável, repleta de dúvidas e incertezas em relação ao futuro, a violência só faria agravar uma situação já delicada. “Nesses casos, quando o bebê chega, é como se a mãe enviasse a seguinte resposta, sobretudo, ao pai da criança: “Eu não quero esse bebê, porque ele é o fruto de uma situação de abuso, desrespeito e de maus-tratos”, exemplifica. Marisa propõe que a reflexão acerca da depressão pós-parto tenha outra angulação. Quando o imprevisível e o imponderável mostram a face, as respostas não parecem tão claras e até mesmo a psicologia se vê desafiada. “O que nos intriga mais é que, na maioria dos casos, a depressão pós-parto acontece em situações completamente favoráveis à mulher: quando o casal possui um entendimento afetivo e quando não há discordâncias em relação à gravidez. Tudo vai muito bem. De repente, o bebê nasce e as coisas se desestabilizam”, analisa. Foi o caso de S.G.. Em 1999, aos 26 anos, casada há quatro, ela teve o primeiro filho. Era dona de uma vida estável: trabalhava, tinha casa própria e um marido atencioso. Tudo isso, entretanto, não foi suficiente para que se tornasse imune à depressão. Mesmo antes do nascimento da criança, a professora havia desenvolvido um quadro de fobia. “Eu dormia mal, tinha pesadelos horríveis com a morte, que me torturavam a todo o momento. Me sentia triste, para baixo e desmotivada. Não tinha Vox Objetiva | 45
saúde
vontade sequer para montar o enxoval do bebê”, relembra. Quando a criança nasceu, as coisas pioraram. S.G. passou a ter medo do próprio filho e receio de que o pudesse ferir. De acordo com ela, o simples se tornava muito complicado e a frustração por não corresponder às necessidades do filho fazia dela uma mãe frustrada e cada vez mais infeliz. Em casa, a rotina da família mudou drasticamente. Enquanto ela preferia a reclusão e o distanciamento, o marido cuidava da criança e tentava trabalhar. Na ausência do companheiro, era a mãe dela quem amparava a filha ao mesmo tempo que cuidava do neto. O mal não deu trégua nos anos seguintes. Em 2003, S.G. engravidou pela segunda vez. No ano seguinte, dava à luz a uma menina que nasceu prematura, pesando 600 gramas e com diversas complicações. “Ela foi reanimada por duas vezes. Todo dia que chegava no hospital ela tinha uma nova doença: meningite, hepatite, infecção no sangue, nos rins, pulmões, problemas cardíacos. E depois de qua46 | Vox Objetiva
André Martins
Marisa Sanábria diz que vida moderna pode ser uma das causas do problema
se dois meses no hospital, ela reagiu. Hoje, entendo que Deus a usou para que eu superasse o medo da morte”, conta emocionada. A forte medicação munia S.G. de coragem e força para cuidar da filha, àquela altura um ser extremamente frágil. Ciente da própria condição, ela passou a pesquisar sobre o estado em que se encontrava. Lia muito e conversava com profissionais da mente. Somente no ano passado se viu livre da “doença”. Hoje, separada, com 39 anos, ela voltou a trabalhar e sonhar com dias melhores. “Agora ando com as minhas próprias pernas. Penso em me casar novamente, ver os meus filhos estudados, ter um lar. Quero dedicar a escrever mais, sou uma pessoa satisfeita com o trabalho e me acho uma mulher bonita”. Explicações Marisa Sanábria, também mestre em filosofia pela UFMG, defende que os casos onde não se observa correlações diretas entre a depressão pós-parto e um tipo de violência estão relacionados às pressões da vida moderna sobre a mulher.
“Hoje nós temos um foco bastante incisivo nessa história da maternidade. O processo de gestação é uma etapa especial para a mulher. É um momento de esplendor, eu diria. Isso faz com que desconsideremos outras etapas da vida dela como a menopausa e o envelhecimento, que parecem não ter lugar na nossa sociedade”, explica. Para a psicóloga, a espera pela criança estimula a todos que cercam a gestante. Assim que o bebê nasce, a mulher perde o protagonismo e, constantemente, se faz perguntas em relação à individualidade, à própria identidade e às tarefas enquanto mãe. “A nossa sociedade deposita a responsabilidade integral da mãe em relação ao bebê. Há uma expectativa social muito densa e consistente em relação a como vai ser o desempenho dela. Essa responsabilidade é algo que é imposto a partir do momento que a mulher engravida”, analisa. A partir dessas certezas e convenções sociais, reprime-se sentimentos básicos e controversos que são normais até a mulher se adaptar à condição de mãe. “Os afetos não são vivido em linha reta. ‘Ai, que ótimo. Estou muito feliz porque serei mãe’. Não! ‘Estou muito feliz, mas também estou muito angustiada, muito ansiosa’, ‘Não sei como será o futuro. Tenho medo’, ‘Pode ser que venha a me arrepender de algo’”, exemplifica. O abandono acaba ganhando contornos alarmantes nesse contexto de exigência de entrega completa e cuidados absolutos. Entretanto, pode ser que o distanciamento seja reflexo de uma vida inteira de frustrações e traumas que desencadearam numa incapacidade de a mulher lidar com o passado. Para Marisa Sanábria, a depressão pós-parto não deve ser entendida como uma patologia, uma doença. Ela acredita ser mais coerente enxergar esse estágio como um momento que exige reflexão, afinal, “quando nasce um bebê, nasce também uma mãe”.
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FISCALIZAÇÃO DA OBRA Com a queda de alguns edifícios no início deste ano, muita gente tem a sensação que ninguém fiscaliza as obras. Equivocam-se aqueles que tentam culpar a prefeitura por isso, pois esta não tem pessoal apto a acompanhar as centenas de obras que estão em andamento na capital, especialmente as fundações. A Lei 4.591/64, que regulamenta as incorporações em condomínio, ou seja, a venda das unidades que ainda não existem, oferece meios aos compradores, através da Comissão de Representantes, de controlar a qualidade das obras, reduzindo assim os riscos de o prédio vir a ter problemas. Em Belo Horizonte, a cada 100 imóveis novos vendidos, 85 são negociados na planta e, com a falta de profissionais, constata-se o aumento dos erros. Além disso, vários leigos têm criado construtoras, pois a lei não exige que essas empresas sejam dirigidas por engenheiros. Para construir, basta a “construtora” contratar de um engenheiro, que assumirá o empreendimento, ou seja, será o responsável técnico (RT) pela execução da obra. Com um mercado tão lucrativo, muitos engenheiros recém-formados abrem construtoras com pequeno capital e sem patrimônio capaz de responder por algum dano que ocorra na obra. Para ser construtor, basta, após obter um lote, contratar um
Kênio de Souza Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br
arquiteto para elaborar o projeto arquitetônico definindo os apartamentos, lojas ou salas, dentro do limite do coeficiente de aproveitamento, que consiste nos metros quadrados que podem ser edificados ali. A prefeitura se limita a aprovar o projeto arquitetônico conforme a Lei de Uso e Ocupação do Solo e, na comunicação de término de obra, confere se o edifício foi construído de acordo com o projeto aprovado para conceder a Certidão de Baixa de Construção, antigo Habite-se. Mediante a aprovação do projeto, a construtora contrata engenheiros ou empresas que farão a sondagem do solo, projetos de fundação estrutural, combate a incêndio, hidráulico e elétrico. Esses projetos terão as anotações de Responsabilidade Técnica respectivas perante o CREA. A placa em frente da obra menciona o registro técnico do engenheiro executor, o qual assume toda responsabilidade legal de executar os projetos. O CREA ou a prefeitura não fiscalizam a execução física de nenhuma obra. Salvo os eventuais erros humanos, nenhum projetista intencionalmente fará o projeto errado, pois está lá sua assinatura no projeto. Mas defeitos poderão aparecer, seja por deficiência dos executores ou pela economia inconsequente, especialmente em pontos que não são visíveis. Somente após anos, aparecem as infiltrações, trincas e problemas que a construtora, às vezes, conser-
ta de forma paliativa, para evitar um processo judicial nos cinco primeiros anos da garantia. Diante do fato de algumas construtoras desejarem agir sem qualquer fiscalização, elas também ignoram os artigos 50 e 61 da Lei 4.591/64, que obriga a criação da Comissão de Representantes no contrato de compra e venda, composta de três adquirentes das unidades do prédio, que têm diversos poderes, dentre eles, acompanhar o andamento das obras, fiscalizando a sua adequação ao projeto aprovado e às especificações e padrão de acabamento, etc. Tendo em vista que o acompanhamento da construção exige conhecimento técnico, o ideal é que essa comissão contrate um engenheiro auditor experiente, para acompanhar o trabalho do engenheiro responsável técnico na execução da obra. A fiscalização do engenheiro auditor evitaria supostas manobras do responsável técnico no sentido de cortar custos com materiais. A função do auditor é a de conferir os projetos estrutural, elétrico e hidráulico, e exigir que as especificações do projeto aprovado pela prefeitura sejam cumpridas e que as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sejam seguidas, evitando, assim, desastres como os edifícios e casas que têm ruído por falhas que poderiam ser evitadas se houvesse fiscalização. Vox Objetiva | 47
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vinhos
O verão chegou e, com ele, o calor. No Brasil, em todas as épocas do ano e, principalmente nesta, há o hábito de beber cerveja gelada, por ser uma bebida refrescante e de fácil acesso. Mas, de uns anos pra cá, o nosso país vem mudando esse costume. Com vocação para elaborar bebidas altamente refrescantes (solo ácido e chuvas constantes), o Brasil vem se destacando no cenário internacional e também conquistando os paladares tupiniquins com bebidas mais sofisticadas. Evidência disso é o espumante, que já é marca registrada de nosso país. Há algumas décadas, os vinhos e os espumantes rosés eram sinônimo de qualidade e glamour, principalmente os originários da região de Provence, na França. No Brasil, fomos brindados, principalmente, pelos vinhos portugueses, que harmonizavam muito bem em várias refeições e ocasiões. Entretanto, a partir da década de 1990, os rosés começaram a ser mal vistos. A qualidade desses vinhos caiu e começou a ser difícil encontrar exemplares que honrassem a tradição. O processo de produção dessa 48 | Vox Objetiva
Um brinde ao verão Danilo Schirmer
bebida tornou-se um mito para muitos aqui no Brasil. A maioria acredita que basta misturar o vinho tinto com o branco que conseguirá um rosé. Bem, na realidade, até pode-se fazer isso, mas, é preciso ter uma técnica apurada (essa “mistura” ocorre ainda na fase de elaboração da bebida). Diante disso, o mais tradicional é iniciar a fermentação como nos tintos, deixando o mosto em contato com as cascas por um período menor de tempo, a fim de atingir a coloração desejada. Atualmente, os rosés estão em evidência novamente e são reverenciados pelo mundo todo. Isso se deve ao resgaste dos produtores em elaborar esse tipo de vinho. A bebida possui como característica a estrutura do vinho tinto e a refrescância do branco, por isso, caiu no gosto dos brasileiros também no verão. É considerado como um vinho “coringa” para harmonizações e para qualquer momento. Essa versatilidade, com certeza, é um trunfo a se destacar. Como de hábito, deixo aqui algumas sugestões de rótulos: Naturelle Frizz: suave e frisante. Surpreende pelos aromas frutados
e pela refrescância. Elaborado com uvas malvasia, moscato e merlot. Merlot Premium: enquadra-se no perfil enogastronômico. É um vinho mais estruturado e aveludado. Malbec Amante: surpreendente na boca e na apresentação. É um vinho equilibrado e estruturado. A garrafa enquadra-se no conceito minimalista (alusiva a um frasco de perfume) e no da linha “gift”, para presentear. Espumante Reserva Blush: é uma ótima definição para essa bebida. Elaborado pelo método tradicional e com as uvas pinot noir e chardonnay, descansa por 25 meses nas caves antes de ir para o mercado consumidor. Espumante Amante: elaborado com a uva malbec através do método tradicional, esse espumante destaca-se pela sua estrutura na boca e aromas intensos. A uva malbec dá um charme especial. Os rótulos citados acima são assinados pela vinícola Casa Valduga. Bem, como todos sabem, comer e beber é uns dos grandes prazeres dessa vida. Por isso, nada melhor que uni-los nesse período do ano. Um brinde à vida e ao verão!
receita
Baby-Beef Grelhado ao Azeite de Carvão com batatas recheadas Receita da chef Carolina Amorim INGREDIENTES »» 200 g baby beef »» 2 batatas inglesas »» 500 ml de creme de leite »» 10 g de queijo parmesão »» 10 g de catupiry »» 30 g manteiga »» Sal a gosto »» 1 litro de azeite »» 2 toras de carvão médios em brasa
Modo de preparo: Temperar o baby beef com sal a gosto e colocar para grelhar. Encandecer o carvão em brasa em uma vasilha com o azeite, esperar esfriar e coar. Descascar e bolear as batatas até a metade e colocar para assar com manteiga.
Rede Gourmet/divulgação
Reduzir o creme de leite no queijo parmesão e catupiry até encorpar. Colocar o molho de queijo dentro da batata e acrescentar parmesão para gratinar.
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turismo
CARNAVAL SEM FOLIA
Um feriado do tamanho ideal para quem quer conhecer novos lugares e fugir da maior festa brasileira Fernanda Carvalho Carnaval sem serpentinas, fantasias ou carros alegóricos. O avesso da agitação e da folia. Uma tradição à parte para pessoas que pretendem passar pelo período com lazeres e boas viagens. O jornalista Jean Piter é uma dessas caras. Ele já chegou a se oferecer para trabalhar só para fugir da agitação. Neste ano, nos dias de folga, ele vai se “esconder” em um sítio de Freitas, comunidade rural de Itaúna, a cerca de 80 quilômetros da capital mineira. Bonança. Esta é a maior aspiração
do jovem. “O lugar é longe da cidade. Sendo assim, não haverá agitação, barulho, festas. E eu estarei entre amigos, com pouca gente, onde é possível conversar. Adoro um bom papo”, conta. Todo ano, Jean Piter busca essa tranquilidade. Sempre com alguns poucos amigos ou nos cinemas de Belo Horizonte. “As salas ficam vazias até mesmo nas sessões da noite. Isso é ótimo. É a minha paixão”. Os integrantes dessa “contracultura” podem encontrar subterfúgio em diversos tipos de lugares,
para todos os bolsos e interesses. De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Turismo de Minas Gerais (Abav), os destinos mais procurados para quem quer calmaria nesta época são os risorts nas dunas brasileiras, a cidade das compras ao sul do Equador, as belas praias da região leste da República Dominicana e a Cidade da Diversão, nos Estados Unidos. Em Minas, a antiguidade marca ponto no período. É claro, nos pontos distantes dos centros de agitação. Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá/ Divulgação
Refúgios dos mineiros Sim, Ouro Preto! Este pode ser o destino ideal para quem tem uma família com gostos diferentes. Se o casal quer descanso e os filhos querem cair na folia, basta escolher uma estadia da região. O Carnaval acontece no centro histórico. Por isso, é preciso se decidir por um local mais afastado. Os hotéis fazenda são a opção certa. A regra é clara, como em qualquer lugar: quanto maior for o luxo e o número de opções presentes no pacote, mais caro será. De acordo com Antônio da Matta, presidente da Abav, Ouro Preto é um dos principais destinos nesta época, não somente para quem quer folia, mas também para quem quer descanso. Por isso, é preciso reservar o quanto antes o local de estadia e deixar tudo preparado para quando o feriado chegar.
Luiza Villarroel
Araxá A terra de Dona Beja está com o turismo crescente. É mais uma das cidades com forte teor histórico. Os museus, o Parque do Cristo, a Fundação Cultural Calmon Barreto são alguns dos pontos turísticos da cidade. Um dos maiores atrativos, porém, é o tão famoso Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá. Inaugurado em 1944 pelo então presidente Getúlio Vargas, o hotel se localiza no Parque do Barreiro. O lugar envolve uma mescla de história, com o estilo neoclássico e tecnologia. São inúmeras as possibilidades para relaxamento. Há pacotes para todas as medidas. Esportistas de plantão também têm seu espaço. No Horizonte Perdido, é comum o céu ficar coberto de aficionados pelo voo livre. A paisagem é linda para quem se interessa por fotografia, esportes e natureza. 50 | Vox Objetiva
Rodrigo Denúbila
Nordeste do Brasil No Nordeste, o Carnaval é garantido, principalmente em Salvador. Mas, assim como nas cidades históricas mineiras, há espaço para quem quer fugir da agitação da época. O foco tem que estar nos resorts. Nos Estados de Pernambuco e Alagoas, por exemplo, é nesses locais que você irá encontrar a tão desejada tranquilidade. As dunas dessa região são a principal atração. Quem gosta de esportes radicais vai adorar praticar sandboard ou descer de skibunda nos mais altos blocos de areia. Nos mares é possível se aventurar no surf, bodyboard, jetski, kitesurf, vela e tudo mais que o oceano consegue ofertar. Em várias praias há aluguel de pranchas de vários tipos. Para os apaixonados por passeios, esse é o destino ideal. No Nordeste é preciso viajar um pouco para encontrar os lugares mais belos. Por isso, faça orçamentos e contrate pessoas especializadas. Elas te levarão para locais muitas vezes de difícil acesso para um leigo no assunto. Você terá mais segurança e diversão.
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Destinos mais procurados
Buenos Aires No cone sul da América, cidades grandiosas como Santiago, no Chile, chamam a atenção dos brasileiros. Mas é na Argentina que se localiza o principal destino. Buenos Aires hoje é a “menina dos olhos” dos aficionados por compras e por cultura. Não é à toa que a cidade dos porteños ganhou essa fama. Ao caminhar por algumas ruas tradicionais de compras, é possível escutar mais o português do que o próprio espanhol. A vantagem é que cada Real vale mais de dois Pesos. Portanto, se o objetivo for gastar dinheiro, vale a pena viajar com a mala mais vazia, já que a bagagem não pode passar de 23 kg. A fama de cidade que nunca dorme também se aplica a Buenos Aires. O costume por lá é sair tarde para jantar e aproveitar o resto da noite em outros lugares. Os belos restaurantes ofertam, além da famosa gastronomia, uma dose de história. O tango tem um espaço sem fim, em recintos espalhados por toda a capital, com características diferentes, para variados tipos de público. As noites ainda contam com teatros e cinemas para os interessados em se “enriquecer” de cultura. Os shows de música possuem diversos palcos, dentre eles o do versátil centro cultural Luna Park. Além disso, também completam a noite dos visitantes os bares, pubs, cafés e as danceterias, que costumam ter movimento depois das duas horas da manhã, atingindo o ponto máximo apenas às quatro. Vox Objetiva | 51
turismo
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Punta Cana Coqueiros por toda a costa, assim como no Nordeste, mas com algumas qualidades a mais: muita tranquilidade, praias com areia branca e fina, mar cristalino azul-turquesa cercado por corais e, o melhor, bem perto do seu resort. Isso porque em Punta Cana não é preciso buscar por passeios em mares mais distantes. Tudo está ali, bem à sua frente, em qualquer lugar que você estiver. No período do Carnaval, essa região do extremo leste da República Dominicana, no Caribe, está em alta temporada. O que quer dizer que os preços não serão tão agradáveis como no resto do ano. Em compensação, é nesse período que o ar é mais seco, com pouco índice de chuva e sem possibilidade de ocorrência de furacões. Um ótimo custo benefício, segundo Antônio da Matta. Em Punta Cana os passeios não são tão variados como em algumas regiões do Nordeste. Este não deve ser o foco do visitante. Mas, caso esteja disposto a colocar a mão no bolso, as atividades subaquáticas são as mais comuns, principalmente focadas no leigo no assunto. É possível nadar livremente com golfinhos e leões marinhos, ver tubarões e arraias em barcos com fundo de vidro, avistar baleias e dirigir lanchas rápidas.
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Disney Orlando foi apelidada A Cidade da Diversão. E não foi à toa. A região conta com quatro enormes parques temáticos e dois aquáticos. Uma semana de muito entretenimento, cultura e agitação para quem quer fugir da folia do Carnaval. Ao contrário do que muitos pensam, o turismo ainda está em alta nessa região da América do Norte. E deve crescer, segundo Antônio da Matta. “Hoje o visto americano é mais fácil de ser conseguido. O Consulado mudou a postura com relação ao povo brasileiro. Estão mais maleáveis, dando maior atenção. Estão vendo com outros olhos. Não é só aquele brasileiro que vai para trabalhar, para imigrar e, sim, para passear e gastar também”. O visitante pode adentrar o passado e o futuro no Parque Epcot, ver o mundo das histórias da Disney de perto no Magic Kingdom Park, se aventurar nos filmes de gêneros variados no Hollywood Studios e estar no meio da natureza do Animal Kingdom Park. Ainda tem a chance de se divertir nos parques aquáticos Typhoon Lagoon e Blizzard Beach, com mar artificial, mergulho com tubarões, tobo-água em montanha, tobogãs e vários outros atrativos. 52 | Vox Objetiva
cavalos
O MAIOR DOS OBSTÁCULOS
Superar a aversão aos equinos é possível, desde que com força de vontade e autoconfiança – vencer o medo é algo que só depende de quem tem as rédeas nas mãos Texto e fotos André Martins
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or muito tempo, Maria do Car“Eu nunca tive convívio com mo Almeida Moreira viveu bichos. Nem com cachorros. Aí, de pressionada por um verdadeiro repente, eu começo a estabelecer conflito. Quando pensava em cavacontato com um animal bem granlos, os sentimentos que tomavam de e forte. Isso é um pouco intimiconta da funcionária pública, de dador. A minha maior dificuldade 45 anos, eram inconciliáveis. Tinha era o enfrentamento com o cavalo, verdadeira fixação pelo animal e que pode não ser um animal tão apesar de acreditar ser boa a senprevisível”, explica a amazona. sação de andar a cavalo, a simples Hoje ela ri quando se lembra sugestão de que ela pudesse monda primeira aula e da natural falta tar causava certo desconforto. de destreza. “Quando cheguei ao Em 2004, Maria do Carmo decidiu que o medo não a Maria do Carmo venceu o medo com impediria de rea ajuda do professor alizar um sonho. Ramiro Amigos e familiares, das mais sórdidas formas – “Fulano caiu e ficou assim, assado...”, diziam – tentavam a dissuadir do plano de se testar. Mas entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Ela se matriculou nas aulas de equitação do Cepel e foi testando limites, sob a orientação do professor Ramiro Rodrigues, um amigo e aliado importante no processo de encorajamento.
Cepel, o cavalo já estava selado. Nunca havia estado tão perto de um. Me disseram que teria que o levar para a pista, então peguei a rédea e fui devagar. E o cavalo me olhando [risos]. Quando deparei com uma rampa, pedi ajuda, mas foi em vão. Eu tinha que fazer aquilo sozinha”, recorda. No final das contas, conseguiu. Logo na aula experimental, passou a ter ideia da movimentação do animal, recebeu as instruções principais e montou pela primeira vez. O passeio foi supervisionado de perto pelo professor, que ia conduzindo o cavalo pelo cabresto. Casos como o de Maria do Carmo não são raros. Muita gente tem medo de cavalo. Alguns chegam a desenvolver um quadro de pavor, é a chamada equinofobia ou hipofobia. O medo exagerado pode ser aparentemente injustificável, mas, na maioria dos casos, se relaciona a Vox Objetiva | 53
cavalos
Professor do Cepel desde 2004, Thiago Cloves observa que crianças costumam ser “corajosas” por desconhecerem os perigos ao montar
um trauma vivido em determinado momento da vida. Uma mordida, um coice, ou uma queda podem significar lembranças indesejáveis. Eventualmente, um dano não apenas físico, mas também psicológico. Para o professor de equitação do Cepel, Thiago Cloves Modesto Ribeiro, o sentimento de medo pode surgir pelo fato de não se possuir total controle sobre as reações do animal. “É importante que o aluno tenha consciên cia de que ele não está montado em uma bicicleta, que realiza o movimento exato de quem a conduz. Ele está montando num cavalo. A partir da reação do cavaleiro ou amazona, em cima, pode-se desencadear uma reação contrária em baixo. Então é preciso um pouco de sentimento ao montar”, aclara Thiago. Além da sensibilidade, é importante ter controle e saber qual a ma54 | Vox Objetiva
A pessoa só tem medo daquilo que ela não confia. Então, é preciso aprender a confiar para vencer o medo Ramiro Rodrigues professor do Cepel
neira mais adequada para reagir caso seja necessário. “A resposta tem de ser adequada, porque senão você piora a situação. Lidar com o cavalo é enfrentá-lo. Mas não é um enfrentamento de força, porque na força você não vai vencer”, opina Maria do Carmo. Muitos cavalos são animais melindrosos, reparam muito. Não raramente estranham e se assustam. Ao montar, é necessário esperar de
tudo, desde disparos a empinos. A agitação do cavalo, que pode levar à queda, sempre foi a preocupação de Maria do Carmo. O maior receio continua ser machucar sério e não apenas se arranhar. Quando o medo chega a neutralizar o indivíduo, existem formas de estimular o contato – desde a aproximação gradual do animal às técnicas utilizadas pelos professores de equitação. “Quando a pessoa tem muito medo, faço o animal se locomover em círculos com a ajuda de uma guia. Eu tenho metade do controle ali de baixo. Além disso, é preciso que, inicialmente, o aluno utilize um animal manso, depois ele monta um cavalo acostumado ao trote e, em seguida, exercita o galope e o salto. Não queimando nenhuma dessas etapas, o aluno passa a ter segurança”. O maior segredo, entretanto, não está nas estratégias ou na técnica. O controle sempre está nas mãos de quem domina as rédeas. A partir do momento em que se adquire autoconfiança, deixar para trás velhos temores passa a ser uma tarefa não tão penosa. “A pessoa só tem medo daquilo que ela não confia. Então, o medo pode surgir pelo fato de o cavaleiro ou amazona desconhecer o que o animal pode fazer a ele(a). Medo de cair, de empinar etc. Então, aprender a confiar, ter consciência do que o animal pode fazer e de como reagir são aspectos fundamentais para vencer o medo”, conclui. Maria do Carmo é prova de que a autoconfiança pode ser um escudo. Ela confessa que ainda possui resquícios do medo, mas aos poucos esse sentimento perde domínio. A segurança hoje é tamanha, que ela já comprou o próprio cavalo, Virgulino, de 14 anos. Para quem pensava que nunca conseguiria sequer transpor uma rampa puxando um animal pelo cabresto, a possibilidade de transpor obstáculos de 70 centímetros montada é algo que impressiona até mesmo a ela. “Cada coisa que faço aqui é um ganho para mim. Na medida em que você se envolve, as coisas vão mudando se tornando mais fortes”, finaliza.
cultura
A VOVÓ DO TEATRO MINEIRO Com quase 14 anos de vida, a peça mais antiga da Campanha de Popularização é um fenômeno de audiência... E de risadas! Fernanda Carvalho
“Acredite, um espírito baixou em mim” já levou quase dois milhões de pessoas ao teatro por todo o Brasil
/Cangaral
Divulgação
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m apenas uma semana, eles já conseguiram levar mais de 10 mil espectadores ao teatro. Os números são impressionantes. Estima-se que quase dois milhões de pessoas já estiveram na plateia da peça mais antiga presente na Campanha de Popularização Teatro e Dança de Belo Horizonte. Acredite, um espírito baixou em mim começou há 13 anos para “tapar buraco”, em um espaço com 200 cadeiras e há anos é fenômeno de audiência em todo o país. As cifras são apenas estimativas, já que, há algum tempo, a
produção desistiu de contabilizar. Maurício Canguçu, o único ator que está na peça ininterruptamente desde o início, conta que a ela cresceu tanto que chegou ao ponto de uma sala de 1.700 lugares ser pequena. “Então, começamos a fazer sessões duplas aos sábados e domingos. Mas é complicado, porque até que todo mundo entra, demora mais de uma hora. E o pior é entre as sessões. Enquanto 1.700 pessoas querem sair, outras 1.700 querem entrar”, explica ele sorrindo. Com 35 anos de carreira, Ilvio Amaral, o personagem Lolô, não
imaginava que a peça chegaria a fazer tanto sucesso. Há 13 anos, ele e Maurício administravam o teatro Icbeu. Por falta de patrocínio, as datas que seriam para uma peça de Carlos Gradim ficaram desocupadas. Foi devido a esse “buraco” que tudo começou. “Como a gente administrava o teatro, eu falei pro Maurício: ‘de onde a gente vai tirar dinheiro pra pagar o aluguel?’ Então, a gente resolveu ler este texto que o Ronaldo Ciambroni tinha mandado. Chamamos a Sandra Pêra, porque a gente tinha acabado de fazer uma Vox Objetiva | 55
cultura
Mais informações: www.sinparc.com.br ou 3222-1049 56 | Vox Objetiva
alho anda Carv
38ª Campanha de Popularização Teatro e Dança: De 03 de janeiro a 04 de março de 2012
nandes, atriz que atua há seis meses como Normanda, contam que tudo vira piada. As improvisações são retiradas, muitas vezes, da própria convivência entre eles. “Eu caí naquele golpe do carro que a gente comprava mais barato pelo jornal. E eu morria de vergonha dessa história, não contava pra ninguém, o Ilvio sabia que eu odiava. Divulgação/Cangaral
A peça conta a história de Lolô, personagem de Ilvio Amaral, um homossexual assumido que se indigna ao saber que morreu em um acidente de carro e resolve fugir do céu para viver novas experiências na terra. O espírito cai na casa do machista radical Vicente, Maurício Canguçu, e começa a provocar desordens com seus novos poderes. Quando conhece o atraente Lucas, personagem de Felipe Cunha, Lolô passa a incorporar em Vicente para se comunicar. A dupla personalidade do machista, porém, causa problemas entre ele e sua noiva, a perua ciumenta Normanda, irmã de Lucas e vivida por Flávia Fernandes. O guardião do céu, contudo, está disposto a acabar com a festa de Lolô. Interpretado por Enzo Silveira, ele irá se passar por um “elesticista” confuso para levar o espírito para longe da terra. A peça, dirigida por Sandra Pêra e roteirizada por Ronaldo Ciambroni, fez tanto sucesso que já foi incorporada pelo cinema. As filmagens foram realizadas no final de 2002, em Belo Horizonte, com atores no elenco como Marília Pêra, Gorete Milagres, Arlete Sales, Suely Franco e muitos outros.
Fotos: Fern
A história do espírito que fugiu do céu
novela com ela na época. Ela falou: ‘olha, não tenho coragem de dirigir sozinha’. Falei: ‘Sandra, a peça só vai ficar em cartaz três meses. Se não der certo, a gente tira’. E desses três meses, já entramos no 14º ano”, descreve Ilvio. Gargalhadas do início ao fim. Na plateia e também no palco. As improvisações são incorporadas no roteiro a cada nova sessão. A peça, que começou com cerca de 55 minutos de duração, hoje já chega a mais de uma hora e meia. Até o patrocínio é falado na base da brincadeira. Ilvio explica o fenômeno: “Eu acho que o público gosta de pensar: ‘eu consigo tirar o tapete desse ator, eu faço ele se desconcentrar’. Eles adoram essa brincadeira, essa cumplicidade que a gente tem com eles e vice-versa. Eu consigo isso desde o início, quando eu entro brincando com todo mundo, porque eu considero o meu personagem um menino, apesar dos meus 50 anos”. Maurício e Flávia Fer-
Chegou um dia, numa apresentação, ele começou: ‘gente, vou contar uma história de um chegado meu, um trouxa que eu conheço, que comprou um carro que não existe...’ Eu não acreditei e acabei caindo na gargalhada junto com o público. Virou uma cena de uns dez minutos. Depois disso, o povo me encontrava na rua e me mandava mensagem direto, dizendo que estava vendendo um EcoSport”, narra Maurício entre risadas. De Macapá a São Paulo, de Campo Grande a Fortaleza. O espetáculo já passou pelos quatro cantos do Brasil e teve a presença de inúmeros atores ilustres e de pessoas de todas as classes no público. Apenas nas duas primeiras semanas da 38ª Campanha de Popularização, “Acredite, um espírito baixou em mim” vendeu mais de 10 mil ingressos, o correspondente a 12% do total de vendas para os 143 espetáculos em cartaz, ocupando o primeiro lugar do ranking. O segundo da lista é o “Comi uma galinha e tô pagando o pato”, com pouco mais de 5.000 ingressos vendidos. A produção da peça afirma que a expectativa é de que em 2012 o público ultrapasse em muito o número de espectadores do ano passado.
Eles transformaram um roteiro de 55 minutos em um fenômeno de uma hora e meia de duração
origens da Campanha Na década de 1970 começava no Rio de Janeiro a Campanha de Popularização do Teatro, em resposta a uma demanda dos artistas locais. A proposta era colocar peças a preços simbólicos na baixa temporada de teatros, com o fim de popularizar a arte. Por meio de kombis, os ingressos eram vendidos nos bairros mais afastados do centro, local de maior aglomeração de estabelecimentos culturais. Estava criada a “Campanha das Kombis”. Com o incentivo do governo federal, a Campanha foi levada aos outros Estados. E foi então, no incio da década de 1970, que os mineiros começaram a trabalhar também no projeto. Os próprios artistas eram os bilheteiros. Nesta época o evento ainda acontecia em dezembro, mas, no início da década de 1980, esta realidade mudou. Por mais que houvesse descrença com o período de janeiro, por representar “época de praia” para muitos mineiros, a Campanha mudou de data. Foi bem recebida. Aos poucos, as kombis foram entrando em extinção dentro da Campanha. Com a entrada de Collor na presidência, o governo
se afastou por completo do projeto, segundo Rômulo Duque, coordenador da Campanha. O pensamento dos artistas passou a ser: já que a Volks não é patrocinadora, não faremos propaganda pra eles com as kombis. Na década de 1990, a dança foi incorporada à Campanha. “Eu não entendia uma cidade que tinha o Grupo Corpo, o Primeiro Ato, não ter a dança no projeto”, afirma Duque. Nessa mesma época, os preços voltaram a descer de valor, com o objetivo de levar o maior número possível de pessoas aos teatros. Agora, na 38ª Campanha de Popularização em Minas Gerais, quase 85 mil ingressos já foram vendidos em apenas duas semanas. A grade conta com 143 espetáculos, sendo 52 deles novidades, divididos em 40 espaços diferentes. Em comparação às duas primeiras semanas do ano passado, já foram vendidos cerca de 8.000 bilhetes a mais. A previsão é que o número de interessados cresça progressivamente. Ainda mais agora, com o teatro de rua atraindo até quem não tinha nenhuma possibilidade de acesso.
arvalho Fernanda C
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vox tecnologia
Ameaça de “blecaute” A Casa Branca posicionou-se contra o Stop Online Piracy Act (Ato para Parar com a Pirataria Online, ou Sopa, na sigla em inglês). Diante disso, o projeto de lei, que estava em tramitação no Legislativo Norte-Americano, foi retirado da pauta pelo autor. Ele proíbe radicalmente a reprodução de conteúdos pirata na internet e vem sendo o pivô de uma guerra entre “cachorros grandes” nos Estados Unidos, que pode ter como consequência um apagão digital. De um lado, torcendo pela aprovação, estão gigantes das patentes como a Revlon e a Pfizer. De outro, estão grandes empresas de tecnologia – como Google, Facebook, AOL, Linkedin, Twitter , que ameaçam fazer um blecaute, caso o projeto não seja retirado da pauta. A ideia é desligar os serviços por um tempo para alertar a população sobre os possíveis efeitos da legislação proposta. O Sopa prevê que detentores de direitos autorais, governos e empresas removam conteúdo da internet em território americano sem ordem judicial, seja a acusação de pirataria aprovada ou não. Também estimula empresas, como PayPal e Visa, a deixarem de fornecer
serviços a envolvidos com pirataria. A Presidência dos EUA afirmou que se posicionará contra qualquer legislação que quebre os parâmetros abertos da internet e que estuda outras formas de combate à pirataria.
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Para reverter o jogo Sony/ Divulgação
A Sony aposta as fichas que tem no recém-lançado portátil PlayStation Vita. O aparelho, de fato, valerá a vida da empresa no mercado, uma vez que a maior marca japonesa de bens eletrônicos acumula o quarto prejuízo anual líquido consecutivo, algo em torno de US$ 1,2 bilhão.
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Apesar disso, a empresa, hoje dirigida por Kazuo Hirai, ainda continuará à frente de jogos para televisores, segmento no qual a Sony acumula oito anos seguidos de prejuízos. Os aparelhos televisores compõem um eixo denominado por Hirai como “quatro telas”, no qual a gigante japonesa foca sua produção. Além da televisão, tida como investimento primário por se destinar a toda a família, a companhia oferece entretenimento em celulares inteligentes, os smartphones, tablets e computadores pessoais. A Sony está sob ameaça de a Apple também ingressar no segmento de TVs. A empresa norte-americana, marcada pela liderança de Steve Jobs, superou há uma década a rival japonesa em setores importantes como o de computadores pessoais, tablets e players de música.
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Música entre amigos no Facebook
Controle de qualidade para celulares
Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Você e seus amigos do Facebook poderão ouvir uma determinada música simultaneamente e discutir o que acharam sobre ela. Basta usarem o mesmo serviço, a exemplo do Rdio, disponível para a internet brasileira, e o associar ao site de relacionamento. Se um amigo estiver escutando uma música, uma nota musical aparecerá ao lado do nome dele na barra de bate-papo da rede social. Aí, é só clicar em “ouvir com” (listen with). Assim, você ouvirá a mesma canção simultaneamente e poderá conversar sobe ela com o amigo e outras pessoas que estejam escutando aquela música. Alguns poucos perfis no Brasil já têm acesso ao serviço. A novidade, ao que parece, será liberada aos poucos a partir deste mês de janeiro, seguindo a tendência de outras modificações como o próprio bate-papo com direito a conversa por webcam. O serviço também pretende conquistar o espaço ocupado por redes sociais voltadas à discotecagem, como Turntable, que deixou de funcionar fora dos Estados Unidos em 2011. Reprodução/ Facebook
O governo brasileiro manifestou o desejo de restringir a venda de celulares ruins no país. Com isso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) passaria a regular a entrada de aparelhos de baixa ou duvidosa qualidade. A proposta conjunta dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e das Comunicações tem como objetivo garantir a segurança dos celulares e coibir a concorrência desleal. Com a medida, o governo exigiria dos importadores a apresentação de um certificado de qualidade a ser emitido pelo órgão regulador. Atualmente, conforme o ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os aparelhos são verificados após a entrada no Brasil, fato que dificulta o controle de qualidade, ainda mais com o grande volume de importações desses produtos. Para que a proposta se efetive, a Anatel terá de ser aprovada como certificadora pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). O assunto será votado no próximo dia 25.
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veículos
À SOMBRA DA VELHA GERAÇÃO Fotos: Chevrolet/Divulgação
ampla e bipartida. Aliás, ao design de linhas simples foram acrescentados faróis de neblina na parte frontal, permanecendo a lateral sem modificações notáveis. Se por fora seu porte elevado se aproxima a um carro de rally, por dentro o veículo se parece bastante com um automóvel de passeio, uma tendência entre picapes. O painel, porém, é mais conversador do que o recém-lançado Cruze. O destaque desse item fica para os comandos de climatização distribuídos pela console do Colorado de forma circular. Na versão LTZ, as lanternas posteriores trazem LEDs. Enquanto isso, controles de
Lucas Alvarenga
O
modelo que roda disfarçado por algumas capitais brasileiras aguarda agora o comunicado oficial da Chevrolet sobre a data de lançamento. Mas é certo que a nova picape S-10, denominada Colorado, faz parte de um projeto global, que envolve 59 países, e que no Brasil chegará ainda no primeiro semestre de 2012. Aliás, a filial da montadora no país teve significativa participação no desenvolvimento do modelo. Líder em vendas na categoria, o automóvel deve ser ofertado no país apenas com opções de cabine simples e dupla, além de trações 4x2 e 4x4. No entanto, três versões compensam a ausência de um modelo com cabine estendida. São elas: Luxo Básico (LS), Turismo de Luxo (LT) e completa (LTZ). A nova roupagem do Colorado, a S-10 2012, também apresenta peculiaridades. É provável que a versão brasileira tenha faróis em formato anguloso e grade dianteira
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Líder do mercado brasileiro de picapes médias há mais de uma década, nova S-10 terá de conviver com versão flex cabine dupla do antigo modelo tração e estabilidade, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica e airbag duplo são itens de série, ao menos nos países asiáticos. O motor turbodiesel, da versão tailandesa da Colorado, dá lugar ao flex, presente nas versões anteriores nacionais. Itens como acionamento elétrico e câmbio manual ou automático, ambos de seis marchas completam a nova S-10. No Brasil, a picape tem a missão de substituir as versões mais sofisticadas e movidas a diesel da popular, embora veterana S-10. Além disso, a Colorado encontrará concorrentes como a Toyota Hilux, segunda colocada na categoria picapes médias; a VW Amarok; a Nissan Frontier; a Mitsubishi L200 Triton e a Ford Ranger. A expectativa é que o Chevrolet seja vendido no país com preço de partida, aproximado, de R$ 70 mil. Já a versão top de linha deve atingir R$ 120 mil. Valores que não o farão confrontar com a própria sombra, a antiga S-10 versão flex cabine dupla, ainda interessante na relação custo-benefício.
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meteorologia
Cuidados com os raios No dia 6 de janeiro, um adolescente de 13 anos, da cidade de Passos, morreu na praia da Enseada, no Guarujá (SP), atingido por um raio. O pai do adolescente também sofreu impacto da descarga atmosférica, assim como outras pessoas que estavam na praia e que foram levadas para o pronto-socorro e liberadas logo a seguir. A família de Passos havia chegado ao local minutos antes e, com o início da chuva, a vontade de curtir o mar era tanta que se esqueceram dos perigos dos raios. A notícia da morte do adolescente foi divulgada pelos principais meios de comunicações, pois algumas pessoas chegaram a filmar o momento em que os bombeiros fizeram o atendimento. Os raios matam por ano mais
de 100 pessoas no Brasil, e o número de vítimas em Minas Gerais também é alto, pois, em média, caem por ano 1,5 milhão de raios no Estado. Os raios ocorrem a partir de nuvens cumulonimbos. Eles são choques dos granizos dentro desse tipo de nuvem, que vão gerando as cargas positivas e negativas. A maioria dos raios ocorrem dentro da própria nuvem. Mas eles podem passar de uma nuvem para a outra, da nuvem para o espaço, da nuvem para o solo e do solo para a nuvem. Minas Gerais é o quarto Estado em número de descargas atmosféricas por ano no Brasil. Por aqui, os municípios que possuem maior densidade de descargas atmosféricas por km2 estão localizados na Zona da Mata, Campo das Vertentes, Região Metropo-
Prof. Dr. Ruibran dos Reis Coordenador do Minas Tempo ruibrandosreis@gmail.com
litana de Belo Horizonte e serra da Canastra. São os locais onde se formam o maior número de nuvens cumulonimbos. Existem muitos mitos sobre raios e, normalmente, as pessoas tomam atitudes erradas no momento de chuva. É importante saber os cuidados que precisam ser tomados: desligar os eletrodomésticos, não falar ao telefone, não tomar banho, não ficar nas janelas, evitar objetos metálicos. Evitar o máximo de ficar em áreas abertas, caso não tenha jeito, a pessoa deve agachar e ficar com os pés juntos, evitar piscinas, praias, nunca ficar embaixo de árvores e em campo de futebol. Tomando os devidos cuidados, a possibilidade de ocorrência de um acidente é baixa. Vox Objetiva | 61
crônica
Receita de viagem: mais que uma pitada de sal Joanita Gontijo Jornalista e autora do blog tresoumais.blogspot.com joanitagontijo@yahoo.com.br
Os mais antigos dizem que só se conhece bem uma pessoa depois de comer 1 kg de sal junto com ela. Colegas de trabalho, amigos de farra, namorados de fim de semana podem ser mais legais ou mais desagradáveis do que parecem. Concordo com o dito popular, mas, em tempos de férias, me arrisco a dizer que uma viagem também pode revelar a personalidade dos nossos companheiros de ócio. Certa vez, em um parque aquático, percebi o quanto um casal de amigos era “tranquilo” (leia-se folgado!). Eles pediram para que eu cuidasse dos filhos enquanto desciam uma daquelas rampas gigantescas que, no trajeto, roubam biquínis, sungas e, com frequência, a dignidade de quem encara o desafio. Topei e, só depois de três dias, ao ouvir a caçula do casal me chamar por engano de “mamãe”, percebi que as crianças passavam mais horas comigo do que com os pais e me demiti do cargo de “babá quase perfeita”. Durante a faculdade, uma viagem para a praia que prometia noitadas regadas a cerveja, beijos na boca e rock’n roll até o nascer do sol, teve que ser adaptada quando fui diagnosticada com conjuntivite, apenas dois dias depois de chegar ao litoral. A garota com quem tinha menos intimidade se mos-
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trou uma grande amiga. Além de acordar no dia seguinte também com os olhos ardendo (esclareço que isso não se deve ao seu caráter solidário e sim ao alto poder de transmissão da doença), ela me fez companhia todas as noites, me ensinou a jogar cartas e dividiu segredos. Não foram raras as vezes que o resto da turma trocou a balada para gargalhar ao lado da “dupla lacrimejante”. Minha última viagem foi além das outras no quesito “surpreender”. O destino era uma praia isolada com pouco mais de cem metros de areia, menos de 30 casinhas de pescadores escondidas na Mata Atlântica, duas barracas-restaurantes à beira-mar e muitos caiçaras sentados nos barcos com olhos fixos para as águas pintadas de um verde azulado sem comparação. O acesso até a casa onde nos hospedamos exigia uma caminhada íngreme em terreno irregular, passagem em pontes instáveis, atenção e um pouco de fôlego. A luz durava até o pôr-do-sol. Daí em diante, apenas velas e, com sorte, um banho quente graças a um chuveiro aquecido a bateria. O deslocamento noturno só era possível com lanternas parecidas com as de exploradores de cavernas. Do grupo de 17 pessoas, conhecia metade “de vista”, com
outros tantos, já havia conversado bem menos do que pede uma amizade. Alguns eram totalmente novidade e um deles - esse sim - era “de casa”. Caminhar, comer, tomar banho e conservar gelados alimentos e bebidas podem ser ações simples num resort, mas ali exigiam generosidade, cuidado, superação e tolerância. Lições que me fizeram saber melhor quem sou eu. Aprendi que meu corpo é mais forte do que eu imaginava quando encarei uma trilha pesada de subidas e descidas por uma hora e meia. Um dia depois, percebi que ter humildade é fundamental ao desdenhar uma caminhada leve e me esborrachar na lama. Abri meus ouvidos para os jovens sem a arrogância de quem tem mais idade. Respeitei o silêncio – meu e dos outros. Reconheci que o mundo segue seu rumo mesmo que não haja sinal de celular para que eu vigie os passos alheios. Comi 1 kg de sal comigo mesma e voltei para casa com a bagagem mais leve. Ao desfazer as malas, algumas roupas estavam mofadas, mas a alma havia se livrado do lodo da rotina. Basta agora que eu me lembre de manter o espírito arejado para que o cotidiano não me esconda novamente de mim.
cinema
AS AVENTURAS DE TINTIM A primeira e bem sucedida investida de Steven Spielberg no universo das animações André Martins a atenção no novo filme de Spielberg, é a técnica empregada para fazê-lo. Além de se tornar mais atrativo por conta das três dimensões, o motion capture, uma das tecnologias de animação mais surpreendentes dos últimos anos, impressiona ao recriar movimentos digitais a partir do uso de atores reais. A grosso modo, seria falar em um filme animado. Além dos recursos de imagem, é importante ressaltar o fantástico trabalho de mixagem, que nada mais é que a criação de sons diversos. A trilha sonora, do incrível John Williams, parceiro constante do diretor, também é digna de nota. Ela tem o tom perfeito, estabelecendo uma relação íntima com o ritmo da narrativa e a edição esperta. No último dia 15, As aventuras de Tintim: o segredo do Licorne venceu o Globo de Ouro, categoria animação. O último prêmio de Spielberg na festa de entrega dos prêmios concedidos pela Imprensa Internacional aconteceu em 1999, quando ele se sagrou melhor diretor por O resgate do soldado Ryan. Especula-se que a intenção é que esta seja a primeira de uma série de três animações envolvendo a figura de Tintim. As informações são escassas. O jeito é esperar, esperar que assim como o pontapé inicial, Spielberg não decida fazer os fãs aguardarem por mais longos 29 anos.
do Licorne é baseado em outras duas histórias: O caranguejo das pinças de ouro e O tesouro de Rackham. Na fita, o rapaz é desafiado a encontrar três réplicas de embarcações que singraram os sete mares e desvendar, através de pergaminhos escondidos nos mastros cada um desses barcos, a localização precisa de onde o Licorne veio a pique – local que guardaria uma grande fortuna. A atmosfera presente em toda a animação é de constante perigo, com personagens violentos e gananciosos, que se contrastam com a pureza do protagonista. Mas não é a história em si o que mais chama
Fotos: reprodução
levar em consideração o ano de criação do personagem pelo belga Hergé, Tintim já não seria mais o garotinho loiro e curioso cujas aventuras podiam ser facilmente encontradas nas bancas de Bruxelas na década de 1920. Pelo contrário. O “jovem” teria adquirido algumas rugas e encurvado a coluna como reflexos inevitáveis da passagem temporal. Ele seria um octogenário, um senhor de 83 anos, jornalista já aposentado e com um sem número de histórias para contar. Mas, assim como ainda ocorre com diversos personagens e heróis do mundo dos quadrinhos, Tintim foi imortalizado. Para ele, o tempo não passou. A jovialidade e a inquietação que desde o primeiro momento faziam parte de sua natureza continuam imutáveis assim como a aparência física e o modo de se vestir. O novo longa de Steven Spielberg, que com Tintim se aventura no ramo da animação digital pela primeira vez, causa um frenesi natural entre os fãs do jovem e esperto repórter investigativo. Afinal, tiveram que aguardar quase 30 anos para poder conferir a versão do reconhecido diretor americano. Spielberg comprou os direitos de filmagem em 1983 e desde então vinha mantendo o projeto arquivado. Em 2010, anunciou a animação e reacendeu expectativas. O roteiro de As aventuras de Tintim: o segredo
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música
DA LAMA AOS PALCOS O blues ganhou um representante de peso nos bares mineiros: uma voz que promete ir bem além das fronteiras de onde surgiu Texto e fotos Fernanda Carvalho
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o Delta do Mississipi para o estado das montanhas brasileiras. Apesar da topografia desigual, o estilo que nasceu das canções de trabalho dos escravos da antiga Louisiana, nos Estados Unidos, carrega o mesmo sentido. Só que em uma voz mineira. Auder Jr., junto a sua Gang, demonstrou saber honrar os ascendentes do blues com uma marca própria e uma guitarra um tanto quanto “nervosa”. Soul to Shuffle é o segundo álbum do cantor, guitarrista e compositor Auder Júnior. Lançado em janeiro de 2012, é integrado por 11 faixas feitas por ele, com algumas colaborações. Uma obra que chegou apropriadamente para demarcar o início definitivo de uma 64 | Vox Objetiva
trajetória de sucesso. A arte já corria nas veias do guitarrista desde o berço. O futuro estava traçado. Aos sete anos de idade ficou impressionado com o som que saía da vitrola da avó. Ele havia colocado para tocar as melodias expressivas de Johnny Winter de 1969, vinil de um dos maiores mestres do blues. “Daí pra frente não parei mais”. Power trio, a banda atual de Auder é formada por sua guitarra, a bateria de Marcelo Alvares e o baixo de Marco Aurélio. A ausência do piano é suprida pela ilustre presença da gaita de Osmar Souza, um coadjuvante essencial. Está formada a Audergang. As músicas do novo trabalho carregam a língua natal do gênero. Ao
contrário de grandes nomes, como Celso Blues Boy e Nuno Mindelis, em Audergang prevaleceu o inglês, até mesmo como forma de facilitar a divulgação. E encaixou bem. Em cada improvisação feita pela guitarra, os mestres do blues são revividos: Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jimmy Page, Jeff Beck, Carlos Santana; todos os antecedentes que serviram de incentivo à obra do mineiro. Um, porém, parece ter ganhado um espaço especial. Importante figura do Texas Blues, estilo caracterizado pela fusão do blues com o rock, o eletrizante Stevie Ray Vaughan é relembrado claramente no álbum Soul to Shuffle. O jeito de tocar é tão semelhante que até mesmo Johnny Winter comentou. “No camarim, após
a abertura que fizemos no show de Winter, em 2010, ele falou que eu lembrava o Stevie Ray tocando guitarra. Achei isso ótimo, ainda mais vindo de quem”, revelou Auder. A analogia entre os dois artistas, um texano e o outro mineiro, fica ainda mais clara na faixa RT, que faz recordar Rude Mood, de Vaughan. Além de honrar esta mescla de blues com rock, a obra perpassa pelo clássico, com Sunshine blues e Your eyes enchanted me. Combina também o estilo ao soul e ao funk, em Go to tell, Soul to Shuffle e Deep Water, e ainda traz um pouco de jazz em Music is the only way. Se Pink Floyd tocasse blues, o resultado seria algo semelhante a Impressions, décima faixa do álbum. Apenas com o som da guitarra, Auder mescla uma série de slides, silenciosas e harmônicos. Uma “viagem” à La Sir James Patrick Page, ou O mestre Jimmy Page, legendário guitarrista fundador do Led Zeppelin. A música, sem dúvidas, teve o tom ideal. Na agenda agitada de shows, a banda mescla as produções próprias com adaptações de outros compositores. A simpatia aproxima quem não entende muito de blues. A banda demonstra que não é preci-
so ser um aficionado para aproveitar o som. “É uma música sincera, emocionante, aberta e livre. Poeticamente direta ela é capaz de celebrar a alegria e ao mesmo tempo afagar a tristeza e a melancolia da alma”, descreve o compositor. Apesar da defasagem cultural do país, Auder acredita que a boa música sempre será compreendida. A receptividade do show da banda é prova disto. Afinal de contas, como disse o próprio musicis-
ta: “O cachorro gosta de osso, mas experimente dar a ele o filé”. E não é apenas estudando que se aprende a tocar como os grandes mestres do blues. A receita para guitarrista é a própria vida: “o aprendizado está nas ruas, nos bares, na dor, na tristeza, na celebração, na alegria e na prática da improvisação musical”. Para chegar aonde chegou é preciso não apenas saber ouvir o blues, mas, sim, senti-lo.
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piadas
Rir faz bem Sorrir também Mário Brito
CARA DE PAU O médico dá uma bronca em seu paciente: - Não tô entendendo qual é a sua... Você vive pedindo remédio para dormir e toda noite vai pra gandaia! - Tá fácil, doutor. Os remédios são para minha mulher!
SORTE O cara sai correndo feito um louco de dentro de casa e grita para a sua mulher que está com as amigas do outro lado da rua: - Milagre! Ganhamos 30 milhões na Mega Sena. A mulher pula de alegria como uma louca, e sai correndo para atravessar a rua, quando aparece um carro a 100 por hora e atropela a mulher. O marido arregala os olhos e diz: - Puxa vida! Quando um cara está com sorte, é SORTE MESMO!
TOMÔ! O marido entra com muito cuidado na cama e sussurra suave e apaixonadamente no ouvido de sua mulher: - Estou sem CUECA... E a mulher, sem se incomodar, responde: - Amanhã LAVO UMA PRA VOCÊ!
FEIO - O menino do Geraldim é feio mesmo? - Cara, ele é tão feio que quando ele chegou lá na fazenda, o Fiscal do Ibama queria colocar um chip no braço dele.
ADÃO O menino pergunta ao pai: - Pai, qual era o nome da sogra do Adão? - Adão não tinha sogra meu filho. Ele vivia no Paraíso.
ALISTAMENTO Pergunta o oficial: - Você sabe NADAR? - Sei não senhor. - Se não sabe nadar, como é que quer servir à MARINHA? - Quer dizer que se eu fosse pra AERONÁUTICA, tinha que saber VOAR?
LOURA Chegando a Paris, o piloto anuncia: - Estamos pousando no aeroporto de Orly. Temperatura zero grau. A loura, então, comenta com o passageiro do lado: - Ainda bem. Não está quente nem frio! 66 | Vox Objetiva