Número 1 • Ano 1
ENTREVISTA ALISON E BRUNO, A DUPLA DE OURO DO VÔLEI DE PRAIA BRASILEIRO E MAIS MOQUECA CAPIXABA, DESTINOS TURÍSTICOS DO ES, MITOS E VERDADES DA ALIMENTAÇÃO
TOMMASI LABORATÓRIO CHEGA AO
RIO DE JANEIRO
Editorial Número 1 • Ano 1 Central Administrativa Rua General Osório, 83, Ed. Portugal, térreo e 11o andar, Centro, Vitória, CEP 29028-900 Central: 27 3381.3884 3381.3872 • 3381.3873 Central de Análise Av. Luciano das Neves, 1807,
No Rio aos 55 anos... Quando comecei a tornar realidade o sonho de cuidar com tecnologia e carinho da vida das pessoas, eu talvez não tenha imaginado ir tão longe. Não que eu não pense grande, pelo contrário, eu acredito no
Divino Espírito Santo, Vila Velha, CEP 29107-015 Central: 27 3381.3884 3381.3872 • 3381.3873 CONSELHO EDITORIAL
potencial de quem trabalha com o que ama e dá o melhor de si, mas é muito gratificante ver nossas ambições de juventude ampliarem
Bruno Tommasi
horizontes, superarem fronteiras, vencerem temores e ganharem vida.
Sócio | Diretor
Lembro-me bem da primeira sala que montei no centro de Vitória, de como fazíamos tudo manualmente, eu e mais alguns comigo apenas (alguns deles, inclusive, estão comigo até hoje!). O primeiro laudo, a primeira automação, o primeiro grande investimento, a primeira crise
Carlos Henrique Almeida Departamento de Marketing | Grupo Tommasi
atravessada. Foram muitos aprendizados e grandes vitórias. Inovar
Fernanda de Albuquerque
era um lema para mim e estudava a fundo cada nova possiblidade
Assessoria de Imprensa |
de agregar valor ao diagnóstico do meu cliente. É muito bom olhar a
Tommasi Laboratório
história e ver que muitos desses clientes são cuidados com excelência pelo Tommasi há mais de três gerações familiares.
PRODUÇÃO EDITORIAL
E é com esse mesmo propósito que pedimos licença e ultrapassamos a divisa para chegar ao Rio de Janeiro oferecendo o mesmo cuidado, com a mesma responsabilidade e alta tecnologia. Meu sonho agora
www.realizaeditora.com.br
é ser recebido de braços abertos pelos cariocas. E é com o mesmo
contato@realizaeditora.com.br
amor e dedicação que farei de tudo para merecer essa confiança!
27 3314.5117 • 27 3024.3355
Nestas páginas vocês poderão conhecer um pouquinho mais do nosso laboratório, ver um pouquinho do nosso estado, saber sobre alguns cuidados com a saúde e, claro, algumas inovações. Que o nosso “seja bem-vindo” seja recíproco!
HENRIQUE TOMMASI Diretor-presidente do Tommasi Laboratório
Diretor Eder Mota Jornalista responsável Ariani Caetano (MTB-ES 2420) Projeto gráfico e editoração Link Editoração Impressão Edigráfica Gráfica e Editora 10.000 exemplares
4
Especial
TRADIÇÃO CAPIXABA NA TERRA DA BOSSA Com 55 anos de história em análises clínicas no Espírito Santo, o Tommasi Laboratório chega ao Rio de Janeiro com a proposta de cuidar da vida e da saúde dos cariocas.
R
eferência em qualidade,
Netto, que, com sua visão ino-
segurança e comprome-
vadora e determinada, abriu o
timento em análises clí-
laboratório em 1962.
nicas no Espírito Santo há 55
Recém-saído da faculdade, o
anos, o Tommasi Laboratório ex-
jovem já propunha exames que
pande sua atuação ao Rio de Ja-
eram novidade para a época,
neiro e abre duas unidades na
sempre almejando agregar va-
cidade: uma na Tijuca e outra
lor ao diagnóstico do paciente.
em Madureira. Para quem ain-
Seu primeiro traço de pioneiris-
da não conhece o laboratório, é
mo surgiu em 1972, quando sua
impossível falar de sua história
paixão por automação e tecno-
sem confundi-la com a da vida
logia foi aliada a investimentos
de seu fundador, o farmacêuti-
em novas técnicas, como a Au-
co-químico Henrique Tommasi
toanaliser, para a área de bioquí-
5
Especial
6
mica e, em 1987, o Coulter, para
ção do Sistema de Gestão Qua-
automação da hematologia. Em
lidade pelo Sistema de Qualida-
1993, implantou o primeiro siste-
de do Laboratório Clínico (DICQ).
ma totalmente automático para
E também o primeiro laboratório
identificação de bactérias e fun-
brasileiro a disponibilizar os re-
gos e realização do antibiograma
sultados on-line e, a partir daí,
(Walkway) e, em 1995, foi o pio-
oferecer o histórico do paciente.
neiro no Brasil a integrar todos
“Todas essas nossas con-
os seus postos com a área téc-
quistas tinham a visão de ga-
nica, após a chegada do sistema
rantir a qualidade e a confiabi-
de informática.
lidade de nossos laudos, mas
As unidades de Tijuca
Durante todos esses anos, o
também o bem-estar dos nos-
e Madureira contarão
trabalho foi sério e voltado para
sos pacientes”, relata Henrique.
com um espaço lúdico
assegurar a vanguarda no diag-
Por isso, o Tommasi também foi
para atendimento
nóstico ao cuidar da saúde das
o primeiro laboratório do Brasil a
pessoas. Para Henrique Tomma-
implantar o AccuVein (visualiza-
si, o importante era promover
dor de veias por infravermelho).
aos clientes ferramentas para
E, é claro, se as palavras de
ajuda na interação
que aprimorassem diagnósti-
ordem são qualidade e confian-
e aproximação dos
cos, prognósticos e prevenção.
ça, a equipe de profissionais
pacientes mirins,
“O meu ideal sempre foi ajudar
que desenvolve e gerencia toda
auxilia na hora de
a manter a saúde das pessoas,
essa tecnologia é motivada a
e não cuidar de sua doença”, res-
garantir uma harmonia dessa
salta o empresário.
união entre tecnologia e ca-
acaba aliviando não
E foi com esse pensamento
pacitação profissional, geran-
só o sofrimento
que o Tommasi ganhou tradição
do assim conhecimento cien-
das crianças, mas
em pioneirismo no desenvolvi-
tífico e laudos com exatidão e
também dos pais, que
mento de novas metodologias.
coerência. “Os nossos profis-
costumam ficar de
O Tommasi foi o primeiro labora-
sionais são altamente qualifi-
tório do Brasil a obter a Acredita-
cados e, hoje, formam um su-
dos pequenos. Nele, o Super Coragem, personagem que ambienta a sala e
encarar a agulha para fazer a coleta do exame. A tática
coração partido com o choro dos filhos.
Conheça mais sobre a história do Tommasi
Chegada do Autoanaliser / SMA 1260, aparelho automatizado de bioquímica e
1968
Fundação
do sistema de coleta a vácuo
Implantação do primeiro aparelho de hemograma totalmente automatizado da
1962
Início da metodologia eletroforese das proteínas e lipoproteínas
Implantação do sistema de
informática, com integração de todos 1995 os postos de coleta e área técnica
1974
América Latina 1987 (Coulter STKS)
Implantação do primeiro sistema totalmente 1993 automático para identificação de bactérias e fungos e realização do antibiograma (Walkway)
Primeiro laboratório do Brasil a obter a Acreditação do Sistema de Gestão Qualidade pelo Sistema de Qualidade 2000 do Laboratório Clínico (DICQ) e primeiro a disponibilizar os resultados on-line e oferecer o histórico do paciente
Começa o envio 2007 de SMS de aviso de resultado
Primeiro laboratório do Brasil a implantar o AccuVein (visualizador
de veias por infravermelho) e obtenção da Acreditação ONA 2012
(Organização Nacional de Acreditação do Ministério da Saúde) 2015 Centralização das análises na matriz em Vila Velha
Credenciamento ao 2016
Denatran para realização
Automatização do 2017
processo pré-analítico
de exame toxicológico de
com a chegada
larga janela de detecção
do Automate
Ampliação de atuação, com a chegada ao Rio de Janeiro com duas unidades 2018
7
Especial
per time com mais de 300 pes-
detalhe para garantir um am-
soas, provando competência e
biente de conforto e seguran-
agregando valor para alcançar
ça aos clientes. Em 2017, con-
os resultados que conquista-
quistou todos os prêmios do se-
mos”, explica o Chefe, como é
tor de análises clínicas com vo-
carinhosamente chamado por
tações populares, baseadas em
sua equipe.
qualidade e reconhecimento de
O Tommasi hoje possui a
marca e liderança. “Essa é uma
maior rede de atendimento do
prova de uma relação de confian-
Espírito Santo, com recepções
ça que nos guia para como olhar
preparadas com carinho em cada
para frente.”
Unidade recéminaugurada do Tommasi Laboratório em Vitória/ES: estrutura moderna para atender com excelência
8
A Central de Análise do Tommasi fica em Vila Velha, no Espírito Santo, com capacidade para cerca de 20 mil atendimentos por dia
ACREDITAÇÕES E CERTIFICAÇÕES DO TOMMASI LABORATÓRIO • Acreditação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), avaliada pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG) • Acreditação DICQ, desde 2000, expedida pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) • Teste de Proficiência PNCQ (Programa de Controle Externo da Qualidade), com desempenho excelente na última avaliação (2012) • Certificação de Proficiência em Ensaios Laboratoriais (PELM), programa renovado anualmente, uma avaliação externa da qualidade dos serviços prestados pelo laboratório
O meu ideal sempre foi ajudar a manter a saúde das pessoas, e não cuidar de sua doença. Henrique Tommasi Netto
CONHEÇA AS NOVAS UNIDADES DO TOMMASI LABORATÓRIO NO RIO DE JANEIRO • Tijuca - Rua Barão de Mesquita, 314, loja L SSL, Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20.540-901 • (21) 3851-6664 • Madureira - Av. Ministro Edgard Romero, 224, loja A, Madureira, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 21.360-200 • (21) 2458-8718
9
Entrevista
Fotos: Divulgação
O MAMUTE E O MÁGICO 10
F
ormada em 2014, a
e moro no Espírito Santo des-
para a minha família. Meu pai
dupla de vôlei de praia
de 2004. Gosto de dar o meu
também pratica esportes até
responsável pelo ouro
melhor sempre e faço da me-
hoje. Na minha família, as con-
nos Jogos Olímpicos do Rio de
lhor maneira possível tudo o
versas eram sempre sobre es-
Janeiro em 2016 tem muito o
que me proponho a fazer. Olho
porte, e eu peguei esse gos-
que comemorar e também o
muito para a frente e não gos-
to muito cedo. Eu digo que me
que trabalhar. Alison (o Mamu-
to de estar preso no passado.
tornei profissional nessa mo-
te) e Bruno (o Mágico) treinam
Tenho uma ambição positiva,
dalidade aos poucos, não foi
duro, superam juntos os desa-
mas, ao mesmo tempo, sou
de uma vez.
fios, olham sempre para a
muito tranquilo, discreto, low
frente e querem mais. A julgar
profile. Sou um cara muito co-
pela vontade de jogar ainda
mum, e não preciso de gran-
melhor e pelo foco que eles
des coisas para ser feliz.
têm nos resultados da equipe,
Que atributos um parceiro precisa ter para a dupla funcionar tanto em quadra quanto fora dela?
Quem é você?
Qual é sua história com o esporte? Como ele entrou na sua vida e como e quando virou uma profissão?
Alison: Sou Alison Conte Ce-
Alison: Nasci em Cachoeiro de
po, as escolhas, até mesmo a
rutti, tenho 32 anos e sou atle-
Itapemirim e me mudei para Vi-
opção por uma tática. Quando
ta do vôlei de praia desde os
tória aos 11 anos. Na escola
um fala o outro tem que escu-
17. Conheci o vôlei com 11
em que estudei, sempre gos-
tar. E isso vai desenvolvendo
anos, quando comecei no vô-
tei de praticar esportes, e me
nos dois uma maturidade mui-
lei de quadra. Devo tudo o que
encontrei no voleibol de qua-
to grande.
tenho hoje ao voleibol. Tenho
dra. Dali em diante não parei
Bruno: Tem que ser muito ver-
duas medalhas olímpicas, sou
mais. Fiz escolinha de vôlei de
dadeiro, estar em sintonia e
bicampeão mundial e repre-
praia e comecei profissional-
superar as dificuldades. É uma
sento o meu país com mui-
mente no Clube Álvares Cabral.
situação de muita cumplicida-
to orgulho.
Bruno: Eu nasci numa famí-
de, de fazer mais pelo parcei-
Bruno: Sou Bruno Schmidt, te-
lia de esportistas. O Oscar foi
ro do que por você mesmo. A
nho 31 anos, nasci em Brasília
uma influência muito grande
gente tem que saber que inde-
não vai ser nada difícil vê-los daqui a dois anos em mais um pódio olímpico.
Alison: O principal é respeitar as diferenças. Nós somos diferentes, mas a gente respeita o momento do outro, o tem-
Bruno é muito dedicado e não gosta de perder. Isso faz com que a chama pela vitória nunca se apague. Alison 11
Entrevista
te fizer, o objetivo é sempre a
segredo de tanto sucesso?
dupla, no final é tudo pelo me-
Alison: Acho que é trabalho,
lhor do nosso time.
respeito e dedicação. Humil-
pendentemente do que a gen-
dade também é importante
Que característica melhor define o seu parceiro? Como ela colabora para o sucesso da dupla?
porque temos que saber que
Alison: Bruno é muito dedica-
vira super herói, somos pes-
do e não gosta de perder. Isso
soas comuns, normais e temos
faz com que a chama pela vi-
que passar pelas dificuldades
tória nunca se apague.
para crescer e evoluir em de-
Bruno: Alison é muito profis-
terminados aspectos.
quanto mais ganhamos, mais trabalho temos que fazer. Bruno: O segredo é saber que não tem segredo. Ninguém
sional, e, quando a gente for-
ele é muito agregador, defen-
Como é a preparação para as temporadas? Quais cuidados toma com o corpo e a mente?
de todo mundo. Essas coisas
Alison: A gente tem um acom-
são muito importantes para
panhamento psicológico há
a nossa união, pois sabemos
mais de cinco anos – eu há cer-
que a gente vai junto até o fim,
ca de 10. Fisicamente, a gen-
dando certo ou errado.
te se cuida muito, e a parce-
mou a dupla, ele fez questão de profissionalizar o máximo a nossa equipe. Fora de quadra,
ria com o Tommasi Laborató-
Apoiada pelo Tommasi, a dupla conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016 e se prepara para os de 2020
12
A dupla Alison e Bruno está junta desde 2014 e desde então foram muitos campeonatos conquistados e um ouro olímpico. Qual é o
rio nos dá total tranquilidade para trabalhar com o fisiologista a parte técnica. Bruno: A gente está sempre se monitorando com nosso fisiologista. As taxas que os
Quais são seus hobbies? O que faz no tempo livre?
maior desafio foi quando ope-
Alison: Eu sou um cara mui-
va que eu não iria voltar, e em
to família. Como a gente tem
2015 fui campeão mundial e
uma vida muito louca de via-
em 2016, olímpico. Como time,
gens, longe de tudo, no tem-
foi sair de uma final olímpi-
Quais são os maiores desafios do vôlei de praia e do esporte de forma geral? Em que medida eles impedem o crescimento da modalidade e o desenvolvimento de novos talentos?
po livre adoro receber meus
ca em 2012 com uma meda-
Alison: O Brasil é um celeiro
amigos em casa, ficar com
lha de prata e ganhar uma de
de talentos de várias modali-
meus cachorros, minha es-
ouro em 2016.
dades. Mas enquanto houver
posa, ir para Guarapari, fi-
Bruno: Cada temporada é um
a política muito forte no nos-
car com minha mãe e irmã.
desafio novo. A gente esque-
so país, nós não vamos cres-
Adoro um churrasco e estar
ce o que passou, aprende e
cer. Tem muita gente que tem
com as pessoas que sempre
enfrenta as novas dificulda-
potencial e não tem condições
me apoiaram.
des. O título olímpico veio co-
de pagar uma passagem. Isso
Bruno: Já gostei de fazer mui-
roar uma temporada bem feita,
me deixa muito mal. Fico en-
ta coisa, mas hoje em dia tenho
mas o título Sub-21, o Mundial
tristecido que a educação físi-
deixado os hobbies de lado,
e meu primeiro título brasilei-
ca não seja essencial. Se fos-
porque é difícil conciliar. Sem-
ro me marcaram muito porque
se, as pessoas teriam menos
pre fui muito hiperativo, gos-
me deram um norte, me mos-
problemas de saúde, toma-
to de fazer atividades, surfar,
traram que eu estava no ca-
riam menos remédios, como
velejar, correr. Mas o que mais
minho certo. O momento olím-
é comprovado em vários paí-
tenho feito é estar com minha
pico é de muita pressão, nos-
ses desenvolvidos.
família, curtir o final de sema-
sa equipe merecia e deu tudo
Bruno: O vôlei de praia é um
na com eles.
certo. Claro que dá uma ex-
esporte complicado, porque
pressão absurda, mas outros
requer muito investimento
títulos foram mais importan-
e, às vezes, o retorno não é
tes para mim porque me mo-
igual ao investimento feito.
tivaram a continuar.
Paralelamente, tem crise e
exames apontam é o norte do nosso preparo.
até hoje? E qual foi a maior conquista? Alison: Pessoalmente, meu
Qual foi o maior desafio que já enfrentou no esporte
rei o joelho direito no final de 2014. Muita gente acredita-
Alison é muito profissional. Fora de quadra, ele é muito agregador. Essas coisas são muito importantes para a nossa união. Bruno 13
Entrevista
interesses. Quando chega
Bruno: Os dois. É a tal ambição
perto das Olímpiadas, todo
gostosa que nos movimenta...
profissionais e pessoais?
mundo quer saber do vôlei
Não são essas premiações que
Alison: Eu botei na minha
de praia, mas, depois que
a gente busca, nossos objeti-
cabeça que iria jogar três
passa, cai no esquecimento,
vos são muito maiores, como
jogos olímpicos, então, que-
como todo esporte olímpico.
a competividade da equipe, fa-
ro mais um, mais uma meda-
O que se mostra na TV é so-
zer um bom ano, uma boa tem-
lha, e estou fazendo de tudo
mente futebol, mas o resto
porada. Esses títulos mostram
para isso. No futuro, quero
fica definhando.
que estamos no caminho cer-
pensar no desenvolvimento
to, mas não são nossos obje-
do meu esporte. Tenho uma
Bruno já foi eleito o melhor do mundo. Alison, o melhor bloqueador do mundo. E a dupla, a melhor do mundo. O que esses feitos significam? Ser a melhor é um objetivo da dupla ou consequência do trabalho realizado?
tivos finais.
escolinha de vôlei de praia em Viana e também preten-
O que o Espírito Santo representa para você?
do começar um projeto pro-
Alison: Representa tudo para
de família, fazer outras coi-
mim. É a minha casa, meu es-
sas que não fiz.
tado, meus amigos, a bandei-
Bruno: Sou movido a obje-
ra que eu carrego. Esse esta-
tivos e sonhos, estou no iní-
do é maravilhoso, tem de tudo,
cio de muita coisa, começan-
tem pessoas bacanas e mistu-
do mais um ciclo olímpico im-
ra de povos, mas, mesmo as-
portante. Em paralelo, tem a
Alison: Total consequência.
sim, uma identidade própria.
minha família e, futuramen-
Os prêmios individuais, a gen-
Bruno: Representa muita coisa.
te, quero ter filhos. Também
te nem conta. Claro que são
É o local do meu trabalho, onde
estou terminando meu curso
gratificantes, mas o mais im-
fiz meu hobby virar profissão,
de Direito. Quero poder olhar
portante é ganhar, estar no
é o estado onde me encontrei.
para trás e ver que dei o meu
quência do trabalho que está sendo feito.
bito pessoal, quero ser pai
máximo, que fiz tudo o que eu
pódio, isso é o que mais conta. O prêmio individual é conse-
fissional em 2020. Em âm-
O que ainda falta realizar? Quais são seus sonhos
queria. Por ora, quero ser o melhor no que eu faço, competir da melhor maneira possível.
TÍTULOS DA DUPLA ALISON E BRUNO
14
• Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016
• Bicampeã do World Tour Finals (2015 e 2016)
• Campeã do Mundo em 2015
• Campeã do Circuito Brasileiro 2015/2016
• Bicampeã do Circuito Mundial (2015 e 2016)
• Tetracampeã do Super Praia (2014, 2015, 2016 e 2017)
Foto: Cloves Louzada
Artigo
CORRIDA E MONITORAMENTO LADO A LADO Atualmente, vivemos num
mas uma em especial vem se
tinuidade nos treinamentos.
contexto no qual cada vez
apresentando em constante
Caso contrário, o atleta/prati-
mais substituímos nossa ati-
crescimento nos últimos anos:
cante sente-se desestimula-
vidade física pelo trabalho.
a corrida de rua. Seus princi-
do e é grande a possibilidade
Estamos diminuindo nosso
pais benefícios são, normal-
de desistência.
“movimento” e aumentando
mente, o controle do estresse,
Hoje, cada vez mais pes-
a nossa produção. Também
a melhora da composição cor-
soas “comuns” se transfor-
as atividades cotidianas re-
poral e da qualidade do sono
mam em corredores. Na caro-
querem cada vez menos tem-
e a redução da pressão arte-
na do aumento da prática da
po e “movimento”.
rial, entre outros.
corrida de rua, surge uma nova
Esperava-se que com a con-
A corrida pode ser praticada
necessidade: o acompanha-
quista desse tempo “extra”
por qualquer pessoa saudável
mento e monitoramento das
as pessoas realizassem mais
e que busque uma atividade
adaptações dos treinamen-
atividades físicas e de lazer,
sem grandes limitações de es-
tos e competições. O “bom-
mas, infelizmente, essa não é
paço. O corredor iniciante não
bardeio” de propagandas, as
a realidade. O resultado disso
precisa ter uma habilidade es-
mídias sociais e o grande nú-
é uma população com muito
pecífica. Além de saber correr,
mero de competições se apre-
sedentarismo e doenças cor-
basta apenas o engajamento
sentam como grandes vilões
relatas, entre elas a síndro-
em assumir um compromisso
para os casos de overtraining
me metabólica. Todavia, uma
com a saúde e o bem-estar.
e lesões resultantes do exces-
grande mobilização da socie-
Para o indivíduo que inicia
dade tem em seu pilar princi-
na prática de uma modalida-
Assim, a supervisão e o
pal a indicação e a prescrição
de esportiva, é fundamental
acompanhamento durante
da prática de atividades físi-
que sejam percebidas melho-
esse programa de treinamen-
cas para o controle dos “ma-
ras em suas valências físicas,
to e competições são impres-
les do mundo moderno”.
ou seja, que possa ser nota-
cindíveis, pois, com isso, aten-
Temos diversas possibili-
da uma evolução no seu con-
der de forma plena e segura as
dades de atividades físicas
dicionamento, pois isso ser-
expectativas do praticante ou
acessíveis e com baixo custo,
virá de estímulo para a con-
atleta torna-se mais factível.
so do exercício.
HELVIO AFFONSO Professor de Educação Física, doutorando em Ciências Farmacêuticas, mestre em Ciências Farmacêuticas, especialista em Treinamento Desportivo de Alto Rendimento e em Fisiologia do Exercício, professor de Fisiologia do Exercício e sócio da Appto Assessoria Esportiva
15
Viver
A GENÉTICA EXPLICA Sabe aquela vontade constante de comer um docinho, a incapacidade de correr grandes distâncias ou a predisposição a engordar mesmo vivendo de regime? Será que seus genes têm uma parcela de culpa nisso?
E
16
studos recentes de-
ambiental, da nossa cultura,
monstram que a gené-
do que comemos. Quando fa-
tica pode ajudar a ex-
lamos, por exemplo, de per-
plicar certas tendências ou
fis genéticos de atletas, es-
inaptidões. Intolerância a
tamos falando de tendên-
certos tipos de alimentos tam-
cias”, ressalta a bióloga do
bém pode ser explicada pela
Tommasi Laboratório, Gabrie-
constituição genética do indi-
la Nogueira.
víduo, e conhecer-se portador
De acordo com ela, saben-
de uma alteração gênica que
do de certas predisposições, o
provoca, por exemplo, doença
indivíduo pode ter um contro-
celíaca, intolerância à lactose
le maior do seu problema. “Por
ou outros problemas de saúde
sugestão, uma pessoa pode
permite que a pessoa se trate
pensar que tem determinada
corretamente e tenha quali-
predisposição, mas só com tes-
dade de vida.
tes genéticos ela vai ter certe-
“Nossos genes ajudam a
za. Isso vale desde para saber
traçar quem nós somos, mas,
se a pessoa metaboliza bem o
claro, somos mais do que isso.
café até determinar possíveis
Dependemos do nosso fator
riscos cardíacos.”
VOCÊ SABE O QUE É O DNA? O ácido desoxirribonucleico (ADN, em português, ou DNA, em inglês) é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas
Entretanto não é o fato
nado atleta tem mais poten-
que coordenam o desen-
de ter predisposição a deter-
cial para correr longas distân-
volvimento e o funcio-
minada doença, por exem-
cias, e não curtas, ele vai in-
plo, que vai fazê-la se mani-
vestir sua carreira naquilo que
festar. Uma pessoa que sabe
lhe trará melhores ganhos. “O
que tem tendência a engordar,
DNA não determina a vida de
tárias. Os segmentos de
mas que se alimenta muito
ninguém, apenas orienta com
DNA que contêm a infor-
bem tem bem menos chances
relação às condutas mais ade-
mação genética são de-
de ser obesa. No campo das
quadas que devem ser toma-
nominados genes.
potencialidades, se determi-
das”, explica Gabriela.
namento de todos os seres vivos e alguns vírus e ainda transmitem as características heredi-
Alguns dos testes genéticos que podem ser realizados para a detecção de alterações gênicas CAFEÍNA: A cafeína é metabolizada por uma enzi-
ACTN3: Existem dois tipos de fibras muscula-
ma hepática codificada pelo gene CYP1A2. Algumas
res, as de contração lenta e as de contração rá-
pessoas têm uma alteração genética nessa enzima,
pida. As fibras musculares de contração rápi-
podendo ser classificadas como metabolizadoras rá-
da trabalham com mais força e velocidade, im-
pidas (ou lentas) de cafeína. Os indivíduos que me-
portante para corridas de tiros ou levantamen-
tabolizam a cafeína rapidamente devem ingerir a su-
to de pesos. As fibras musculares de contra-
plementação logo no início do exercício. Já aqueles
ção lenta trabalham por períodos mais longos e
que demoram mais para eliminar a cafeína do orga-
com intensidades mais baixas, importante para
nismo são mais propensos a sentirem efeitos colate-
atividades como caminhada e corrida. O gene
rais como ansiedade, irritabilidade, falta de sono, ta-
ACTN3 codifica a proteína alfa-actina 3, que é
quicardia e hipoglicemia.
expressa apenas em fibras musculares de con-
GLÚTEN: A doença celíaca é um distúrbio engatilhado
tração rápida. Portanto, determinadas variações
pela ingestão de glúten em indivíduos geneticamen-
nesse gene podem ser benéficas para exercí-
te susceptíveis. O teste genético para sua intolerân-
cios ou atividades que exigem energia e for-
cia avalia seis variantes genéticas no gene HLA. Evi-
ça. Em particular, indivíduos com a variante CC
dências científicas mostram que o HLA é o preditor
no ACTN3 são mais propensos a se destacarem
genético mais importante para a intolerância ao glú-
em atividades baseadas na força. Aqueles com
ten. Os resultados do teste revelam se a pessoa pos-
a variante TC têm um potencial de força leve-
sui baixo, médio ou alto risco de intolerância.
mente aumentado.
17
Conhecer
DESCUBRA O ESPÍRITO SANTO
Foto: Setur
O estado da moqueca, da panela de barro e do Tommasi tem muitos atrativos turísticos para quem o visita. Preparamos um “top 10” de lugares incríveis para você conhecer ou revisitar sempre que tiver vontade de vivenciar novas experiências.
1 • Convento da Penha Localizado num penhasco a 154 metros de altitude no município de Vila Velha, o Santuário de Nossa Senhora da Penha foi fundado por Frei Pedro Palácios em 1558. Em seu interior, o espaço mais expressivo é o da igreja, com sua capela-mor. Já no exterior, chama a atenção a beleza da Mata Atlântica que o circunda. O Convento da Penha é o maior atrativo turístico e religioso do estado, e a festa dedicada à Nossa Senhora da Penha é a maior manifestação religiosa do Espírito Santo e a terceira do país, atrás apenas das comemorações de Nossa Senhora Aparecida e do Círio de Nazaré.
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2 • Pedra Azul Pedra Azul, distrito de Domingos Martins, é um charme só. Nele está o Parque Estadual da Pedra Azul, o lugar ideal para o turista apreciar as imponentes pedras Azul e do Lagarto, espécies raras de flores e plantas, como orquídeas e bromélias, fazer escaladas, caminhadas e trilhas e tomar banho em piscinas naturais. Já na Rota do Lagarto, é possível apreciar muito da gastronomia e do artesanato local. Nela, há restaurantes, cafés, empresas de ecoturismo e muito mais, no terceiro melhor clima do mundo.
Foto: Yuri Barichivich
3 • Mosteiro Zen Morro da Vargem A 350 metros de altitude, o Mosteiro Zen Morro da Vargem está localizado entre rochedos e vegetação exuberante no município de Ibiraçu. Foi fundado em 1974 pelo mestre Rychan Shingu e abre para visitação aos domingos, das 8 às 12 horas quando não chove. Durante a visita, o público é orientado por monitores, que informam sobre toda a área ecológica e o funcionamento do mosteiro. Também são apresentados os templos e demais instaFoto: Yuri Barichivich
lações, num roteiro histórico e cultural. O visitante pode apreciar as belezas naturais e percorrer trilhas em meio à Mata Atlântica.
4 • Guarapari Guarapari talvez seja uma das cidades mais conhecidas do Espírito Santo por suas famosas praias, que se enchem de turistas no verão. Conta com as 52 praias mais belas e concorridas do estado, além de ilhas, lagoas, áreas de preservação permanente, parques temáticos e cozinha típica, além das famosas areias monazíticas, com propriedades medicinais, monumentos históricos e culturais localizados no centro da cidade e cinco pontos naturais de mergulho, onde se pode apreciar a mais rica biodiversidade de peixes e recifes do Brasil.
21 Foto: Sagrilo
Conhecer
5 • Itaúnas O Parque Estadual de Itaúnas é conhecido por suas belezas naturais, principalmente a área de alagado, as duas, as praias e o Rio Itaúnas. Há a possibilidade de fazer passeios diferenciados e trilhas, mas o acesso às dunas e as praias é fácil. Já na bucóFoto: Yuri Barichivich
lica Vila de Itaúnas, o forró é o protagonista do lugar, onde são realizados festivais nacionais dedicados ao ritmo.
7 • I greja e Residência Reis Magos Localizado em Nova Almeida, a 40 metros do nível do mar, este conjunto arquitetônico encanta os visitantes por sua história, arquitetura e bela vista. Inaugurado em 1615, como sede do aldeamento fundado pelos jesuítas, desde 1982 está sob a guarda do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). No altar da igreja encontra-se um retábulo retratando a adoração dos Reis Magos, considerado a primeira pintura a óleo sobre madeira do Brasil.
Foto: Yuri Barichivich
6 • Museu Vale Inaugurado em 1998 em Vila Velha, o Museu Vale é uma iniciativa da Fundação Vale, que tem o compromisso de ampliar o acesso da população aos bens culturais, a preservação das identidades culturais regionais e a valorização da memória e do patrimônio históricos brasileiro. No espaço, são realizadas exposições, seminários e oficinas de arte, além de haver um acervo próprio que conta a história da Estrada de Ferro Vitória a Minas.
22 Foto: Cloves Louzada
10 • Caparaó A Região do Caparaó é formada por 11 municípios do Espírito Santo, além de outros do estado de Minas Gerais.
8 • Santa Teresa Município pioneiro da imigra-
Foto: Tadeu Bionconi
ção italiana no Brasil, Santa
É um lugar ideal para a prática do turismo de aventura, do ecoturismo e do agrotu-
Teresa localiza-se na região
9 • Palácio Anchieta
rismo. São centenas de que-
serrana e está entre os des-
Sede do governo do Espírito
das d’água na maior área de
tinos turísticos mais impor-
Santo e uma das mais antigas
preservação da Mata Atlân-
tantes do Espírito Santo. Com
do Brasil, o Palácio Anchieta
tica do Espírito Santo. O lu-
cerca de 40% de seu territó-
foi construído para funcionar
gar ainda conta com a maior
rio coberto por Mata Atlânti-
como colégio jesuíta. E assim
reserva bionatural e o princi-
ca preservada, destaca-se por
foi até 1760, até quando abri-
pal santuário de observação
ter uma das mais exuberan-
gou o Colégio de São Tiago,
de pássaros.
tes biodiversidades do mun-
que ensinava a ler, a escrever
do. É também terra dos bei-
e também era a sede adminis-
ja-flores, das orquídeas e de
trativa e das missões dos je-
Augusto Ruschi, patrono da
suítas no Espírito Santo. Com
Ecologia no Brasil, além de o
a expulsão dos jesuítas, foi
maior produtor de uva e vinho
transformado em sede do go-
do estado e a capital capixa-
verno, função que exerce até
ba do jazz e do blues.
os dias atuais, além de também abrir suas portas para exposições e mostras artísticas.
Foto: Tadeu Bionconi
Foto: Setur
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Experimentar
Fotos: Cloves Louzada
A rainha da culinária no trono máximo do artesanato capixaba
A MAJESTADE DA MESA DOS CAPIXABAS “Moqueca, só capixaba; o resto é peixada.” A frase é famosa e quase um mantra entre os capixabas. Cunhada pelo jornalista Cacau Monjardim, expressa bem o sentimento de todo o Espírito Santo de propriedade e originalidade do principal prato típico do estado, a moqueca capixaba.
24
Depois de retirado
E ASSIM É FEITA A PANELA DE BARRO
"A
A panela começa a ser
do Vale do
moldada pelas
Mulemá,
paneleiras. Só
o barro é
barro e água
pisado e
fazem parte
preparado
do processo
moqueca é sím-
praticamente sozinho nesse
bolo estadual, já
mercado até a década de 70,
foi até declarada
quando começaram a surgir
patrimônio cultural imaterial
as outras casas”, conta Pau-
do estado. A forma de prepa-
lo Henrique. DIA DA MOQUECA
rá-la tem que ser a legítima,
A receita autêntica da
com peixe fresco, coentro,
moqueca capixaba é a que o
cebola, tomate, sal, alho e
Restaurante São Pedro insti-
tintura de urucum”, ressalta
tuiu e que prepara até hoje,
Paulo Henrique Portes, ge-
do mesmo jeito, mantendo
desde 2012 tem
rente do Restaurante São
o padrão e a tradição, que
um dia só para ela:
Pedro, a primeira casa comer-
são tão importantes quando
30 de setembro.
cial a servir a moqueca em
se fala do principal prato da
Vitória, em 1952.
culinária capixaba. O apego
A moqueca capixaba é tão importante e reverenciada no Espírito Santo que
“Naquela época, a moque-
a eles, inclusive, rende ain-
do Espírito Santo, berço onde
ca era preparada e servida
da hoje uma rivalidade com
são preparadas e repousam
apenas nos lares. Não havia
os vizinhos baianos, que pre-
as postas de peixe na hora
um restaurante de peixe. O
param a moqueca com azei-
de serem servidas. A pane-
São Pedro surgiu de forma
te de dendê e incluindo, al-
la de barro, que é patrimônio
meio improvisada, atenden-
gumas vezes, leite de coco.
cultural brasileiro, é produzi-
do aos pedidos dos traba-
Mas para os capixabas, esse
da artesanalmente há mais
lhadores da construção ci-
prato pode ser qualquer coi-
de 400 anos. Tudo começou
vil que estavam atuando em
sa, menos moqueca.
com os indígenas, e hoje as
obras próximas, de empresá-
panelas são feitas principalmente por mulheres da As-
sim, o então armazém de se-
Para uma rainha, o melhor trono
cos e molhados foi dando lu-
Não dá para falar de moque-
Goiabeiras, bairro de Vitória.
gar ao restaurante, que ficou
ca sem falar de outro ícone
A atividade passa de gera-
rios e da classe política. As-
sociação das Paneleiras de
25
Depois de
Cada panela
seca, a panela
é polida com
é virada e
pedra de rio
moldada em sua parte inferior
para ficar o mais lisa possível
ção em geração. Paneleiras
ca capixaba tem cheiro e sa-
para no dia seguinte ser pisa-
de hoje são bisnetas, netas,
bor muito particulares”, afirma
do, também por homens. Esse
filhas e irmãs de paneleiras.
Berenicia Correa Nascimento,
processo é importante para re-
As novas gerações também
presidente da associação, que
tirar dele pedacinhos de pedra
aprendem e executam o ofí-
produz e comercializa mais de
e outras impurezas.
cio, que, de tão rústico, é fa-
três mil panelas de barro todos
Depois de pisado, o bar-
cilmente identificado.
os meses, que são vendidas no
ro já começa a ser trabalha-
“Há mais de 400 anos, a pa-
próprio galpão onde as pane-
do pelas paneleiras. Elas co-
nela é feita da mesma forma,
leiras trabalham, mas também
meçam a moldar cada pedaço
e o barro é retirado do mesmo
são enviadas para outros es-
com água e o auxílio de uma
local. Eu mesma digo que nasci
tados, como São Paulo, Belo
tábua. A panela vai tomando
dentro de uma panela de barro.
Horizonte, Paraná etc.
forma e segue para o processo
Tem 43 anos que faço panela
Fazer a panela de barro é
de secagem. No dia seguinte,
e a única profissão que apren-
algo realmente muito artesa-
as paneleiras tiram o excesso
di foi essa. Essa tradição não
nal. Tudo começa com a reti-
de barro do fundo da panela,
pode acabar nunca, e as pane-
rada do barro por homens do
o que elas chamam de virar a
las de Goiabeiras são únicas,
Vale do Mulembá, e as bolas
panela, e aí a secagem ocor-
têm a identidade e as marcas
são vendidas às paneleiras. O
re do outro lado, com a pane-
das nossas mãos. A panela de
barro precisa, então, ser limpo,
la de boca para baixo.
barro é tão importante que, só
cortado com a enxada, molha-
Mais um dia, e a panela é po-
por ser feita nela, a moque-
do e coberto com um plástico,
lida com uma pedrinha de rio.
ASSOCIAÇÃO DAS PANELEIRAS DE GOIABEIRAS Rua das Paneleiras, 55, Goiabeiras, Vitória/ES Abre de segunda a sábado, das 7h30 às 18h30, e aos domingos, das 9 às 15 horas
26
Para finalizar, as A panela é
paneleiras surram cada
queimada
panela com tanino,
em fogueira
uma tinta extraída da
de madeira
casca do manguezal
MOQUECA CAPIXABA RECEITA ORIGINAL INGREDIENTES • 1,5 kg de peixe fresco (robalo, badejo, papaterra, dentão ou namorado)
Ela é alisada e vai para a queima, que é realizada ao ar livre, numa fogueira de madeira em formato de uma cama no chão. Se o vento estiver bom, são necessárias de três a quatro ho-
• 3 maços de coentro
ras para fazer a queima da pa-
• 3 maços de cebolinha verde
nela; se estiver contrário, seis
• 2 cebolas brancas pequenas
a sete. Na retirada da panela
• 3 dentes de alho • 4 tomates • 3 limões
da fogueira, há o processo de surrá-la com uma varinha de
• Azeite de oliva
mato, chamada de muxinga,
• Sementes de urucum
molhada em tanino, uma tin-
• Pimenta malagueta
ta extraída da casca do man-
• Óleo de soja ou de algodão
guezal, até que ela fique preta.
• Sal fino
MODO DE PREPARO Limpe bem as postas do peixe, lave com limão e separe. Soque
Panela pronta, é só comprar o peixe e os temperos e preparar a tradicional moqueca,
junto o alho e o sal. Em uma panela de barro grande, coloque
como muitas famílias e restau-
um pouco de óleo (duas colheres) e azeite de oliva (uma colher).
rantes fazem no Espírito San-
Adicione o alho socado e refogue. Coloque as postas de peixe na
to todos os dias.
panela. Pique o coentro, o tomate e a cebola e coloque por cima das postas. Regue com azeite e suco de limão. Frite em um pouco de óleo quente uma colher de sopa de sementes de urucum e despeje esse óleo por cima do peixe. Quando começar a abrir fervura, verifique o sal. Não ponha água, não vire as postas e cozinhe em fogo baixo, com a panela bem tampada. Deixe no fogo por 20 a 25 minutos. Quando for servir, salpique mais coentro picadinho.
27
Desmistificar
MITO OU VERDADE? Pode ou não pode? Faz bem ou faz mal? É mocinho ou vilão da dieta? O consumo de determinados alimentos pode suscitar dúvidas, gerar polêmicas e criar mitos que, às vezes, demoram anos e demandam muito estudo para serem derrubados. Nesta edição, convidamos a nutricionista Lilian Bonatto para acabar de vez com alguns deles. Confira.
Ovo pode? Com ou sem gema? Apesar de a gema do ovo possuir colesterol, não há relação entre seu consumo e o aumento dos seus níveis. Sabe-se que a ingestão total de gorduras saturadas será muito mais significativa para o aumento dos níveis plasmáticos de colesterol do que o consumo do próprio colesterol. E tudo dependerá de outros fatores presentes na alimentação e no estilo de vida da pessoa, inclusive sua predisposição genética. Ovos são excelentes fontes de proteínas, lipídios e outros nutrientes. Sua associação com doença cardiovascular e altos níveis de colesterol não possui fundamento. A questão é o cuidado na forma
Lilian Bonatto, nutricionista esportiva 28
de preparo e a correta distribuição dentro de um programa alimentar. Na elaboração de um plano alimentar, devemos ajustar individualmente as relações entre carboidratos, proteínas e lipídios. Um ovo inteiro possui aproximadamente 6g de proteína e 6g de gordura, sendo que toda essa gordura está na gema. A clara possui 3g de proteína e quase nada de gordura. Logo, se a intenção é uma refeição com menor teor de gordura, o consumo da gema deverá ser reduzido.
Consumir alimentos com ou sem glúten?
zem a peptidase (enzima res-
tos alimentos ricos em carboi-
ponsável pela quebra dessa
dratos. O glúten não engor-
O glúten é uma proteína en-
proteína). Para eles, o glúten
da nem provoca inchaço. Po-
contrada em quase todos os
é um vilão por atacar as pare-
rém o excesso do consumo
alimentos com trigo, centeio,
des do intestino delgado, di-
do glúten pode irritar a muco-
aveia, cevada e malte. Está
ficultando a absorção de nu-
sa intestinal, podendo se tor-
presente na maioria dos pães,
trientes e provocando vários
nar nocivo para o corpo. Logo,
bolos, macarrão, biscoitos e na
sintomas, como inchaço abdo-
deve haver um equilíbrio no
cerveja. A doença celíaca é o
minal, diarreia, perda de peso
seu consumo.
único problema de saúde que
e outros.
Em resumo, pessoas sem
exige a retirada total do glú-
Quem elimina o glúten só
intolerância ao glúten não têm
ten da alimentação. Os celía-
pensando em emagrecer pro-
necessidade de excluir radi-
cos (pessoas que têm intole-
vavelmente vai perder peso
calmente qualquer alimento
rância ao glúten) não produ-
por ter deixado de comer mui-
fonte dessa proteína da dieta.
Ovos são excelentes fontes de proteínas, lipídios e outros nutrientes. Sua associação com doença cardiovascular e altos níveis de colesterol não possui fundamento. 29
Por sua vida
DE ESTAGIÁRIO A GERENTE TÉCNICO
J
osé Robson Venturim já
sável pelos exames de imu-
atividades no laboratório, não
dedicou 23 anos de sua
nologia e hormônios. “Como
o agradou. Pediu exoneração e
vida ao Tommasi Labora-
eu já tinha experiência e tem-
passou a se dedicar integral-
tório. O farmacêutico-bioquí-
po de laboratório, fui trabalhar
mente ao Tommasi.
mico de 42 anos começou a
com essa parte, que envolvia
Hoje atua como gerente
estagiar na empresa em 1995,
os equipamentos mais sofis-
técnico, dando suporte técni-
quando acadêmico. Na unida-
ticados que o laboratório pos-
co e científico à equipe e fa-
de do laboratório no Hospital
suía nessa época. Com o tem-
zendo a liberação de laudos
Santa Rita de Cássia, ele acom-
po passei a coordenar o setor
dos exames, além de coor-
panhava os exames dos pa-
e fiquei exclusivamente nes-
denar a área de toxicologia.
cientes internados, muitas
sa área até 2013, embora tam-
“Neste tempo todo de Tom-
vezes nos plantões noturnos.
bém atuasse como gerente de
masi, o laboratório sempre
“Em hospital tem de tudo. Isso
qualidade e tenha ajudado a
me incentivou e apoiou. Fo-
me deu uma vivência muito
montar a nova unidade do la-
ram duas especializações e
grande e amplitude não só
boratório no Hospital Santa
no meu mestrado em Patolo-
técnica, mas em termos de
Rita de Cássia.”
gia Geral das Doenças Infec-
humanidade, noções de ur-
A partir de 2013, passou a
ciosas, na Ufes, alguns estu-
gência e emergência e toma-
coordenar a área de toxicolo-
dos só foram possíveis por-
da de decisões críticas”, conta
gia do laboratório. Nessa épo-
que o laboratório apoiava.
José Robson.
ca, em que também lecionava
Esta é uma segunda família
Em 1999, já formado pela
em uma universidade e uma
para mim. Desde o início me
Faculdade de Farmácia e Bio-
faculdade, foi aprovado em pri-
identifiquei muito com o jei-
química do Espírito Santo, foi
meiro lugar em concurso para
to Tommasi de fazer as coi-
efetivado e passou a traba-
a Secretaria de Saúde do Es-
sas e o amor pela profissão.
lhar na Central de Análise do
tado, mas a experiência no se-
Aqui o relacionamento é sem-
laboratório, no setor respon-
tor público, em paralelo com as
pre muito positivo.”
José Robson Venturim é farmacêutico bioquímico especialista e pós-graduado em Análises Clínicas e mestre em Patologia Geral das Doenças Infecciosas. É casado há 16 anos, pai de dois filhos, natural do Rio de Janeiro, mas capixaba de coração. Atua por sua vida há 23 anos.
30
EXAME TOXICOLÓGICO
O
ALGUMAS SUBSTÂNCIAS
exame toxicológico
mo muito tempo depois do
de larga janela tor-
seu consumo.
IDENTIFICADAS NO EXAME TOXICOLÓGICO
nou-se obrigatório
Com uma amostra de três
para a renovação da Carteira
centímetros de cabelo, e con-
Nacional de Habilitação (CNH)
siderando que ele cresce cer-
e outros)
a partir da Lei n. 13013/2015,
ca de um centímetro ao mês,
• Cocaína e
sendo também exigido para
é possível detectar o uso des-
derivados (crack,
fins de admissão e demissão
sas substâncias até três me-
merla e outros)
de profissionais de transpor-
ses atrás (90 dias). Quando
te a partir da Portaria n. 116/
são utilizados pelos ao invés
2015, do Ministério do Traba-
de cabelos, e dependendo do
lho e Previdência Social
tamanho deles, pode-se che-
(MTPS). A análise é realiza-
gar a uma janela de detecção
• Mazindol
da em conjunto aos já tradi-
de até um ano atrás, por isso o
• Ecstasy (MDMA,
cionais exames médicos e psi-
nome larga janela de detecção.
cotécnicos e tem como finali-
A importância do exame to-
dade identificar evidências da
xicológico de larga janela, en-
existência de substâncias psi-
tão, é voltada para estabele-
coativas no organismo.
cer o perfil do profissional que
• Maconha e derivados (haxixe
• Anfetaminas (anfetamina, anfepramona, metanfetamina, femproporex).
MDA) • Opiáceos (heroína, morfina, codeína e outros)
O exame é realizado com
atua com o transporte de pas-
impressão digital e assinatu-
amostras de cabelo ou pelos,
sageiros e cargas em relação
ra de documentos. As amos-
sendo capaz de indicar a pre-
ao uso de substâncias psicoa-
tras seguem lacradas para o
sença das substâncias pes-
tivas, sejam elas lícitas ou ilí-
laboratório, onde são conferi-
quisadas no organismo por
citas, descritas na legislação.
das e a documentação é che-
mais tempo do que sangue e
Devido a essa grande im-
cada. O material coletado é la-
urina. Isso ocorre porque as
portância, o exame é realiza-
vado e triturado e as substân-
substâncias psicoativas ana-
do de forma ainda mais contro-
cias são extraídas para serem
lisadas mantêm-se acumula-
lada, com coleta diferenciada
analisadas. Em sete dias úteis,
das em cabelos e pelos mes-
e supervisionada, retirada da
o resultado é emitido.
31
Por sua vida
APOIO AO ESPORTE... Um dos esportes mais po-
Recentemente, o laborató-
pulares em todo o mundo
rio promoveu em uma de
e considerado o rei dos jo-
suas unidades o 1º Tor-
gos de inteligência, o xa-
neio de Xadrez Tommasi
drez está sendo incenti-
Laboratório, com apoio da
vado pelo Tommasi Labo-
Federação Espírito-San-
ratório para todas as ida-
tense de Xadrez e coorde-
des como estímulo à disci-
nado pela empresa Gente
plina, concentração, equi-
Pensando. Além do cam-
líbrio emocional, criativi-
peonato, foi realizada uma
dade e capacidade de re-
oficina do jogo utilizando
solver problemas.
um xadrez gigante.
... À PRODUÇÃO CIENTÍFICA...
32
Como forma de fomentar a
de pós-prandial de dipepti-
... E À EDUCAÇÃO
produção científica, o Tom-
dil peptidase-4 no diabetes
O Tommasi Laboratório deu
masi Laboratório tem apoia-
melitus do tipo 2”, apresen-
uma mãozinha na reforma
do a apresentação de tra-
tado em um congresso inter-
do refeitório da Umef Maria
balhos em congressos na-
nacional em Vancouver, no
Eleonora D’Azevedo Pereira,
cionais e até internacionais,
Canadá, e os “efeitos agu-
que fica no bairro Rio Mari-
além da produção de artigos
dos do treinamento aeróbi-
nho, em Vila Velha. O apoio
para revistas especializadas.
co na enzima dipeptidil pepti-
se deu por meio da doação
Os dois últimos trabalhos fo-
dase-4 em diabéticos do tipo
dos materiais necessários
ram sobre os “efeitos agudos
2”, apresentado em congres-
para a obra, como tintas e
do exercício sobre a ativida-
so no Rio de Janeiro.
outros utensílios de pintura.
Super Coragem
O MUNDO SOB A PERSPECTIVA DA CRIANÇA Faça um esforço e ava-
Já parou para pensar que a
dois anos manipula é olhar
gente estuda para exercer
para a criança sob a perspec-
lie a situação pela perspectiva
nossa profissão, para dirigir
tiva do adulto. Ela ainda não
da criança. Apesar de ter tido
um veículo, mas para guiar
tem como ter essa intenção,
uma ação inadequada, ela foi
vidas (dos nossos filhos),
pois seu cérebro não é ma-
desrespeitada pela professo-
normalmente a gente não
duro para isso.
ra, que, muito provavelmente,
estuda? Vamos repetindo,
Vamos a uma outra situa-
jamais arrancaria a toalha das
de geração em geração, os
ção. Se uma criança de qua-
mãos de outro adulto enquan-
erros e acertos dos nossos
tro anos joga o prato de co-
to este a estivesse arruman-
pais, avós etc. Não temos,
mida na professora, qual deve
do. Mas nós nos acostumamos
por cultura, o hábito de es-
ser a atitude dos pais? Bater?
a desrespeitar as crianças. En-
tudar para ser pai e mãe.
Colocar de castigo? Obrigar a
tão, se a criança precisa se re-
Mas por que isso pode ser
criança a pedir desculpas? Dei-
tratar com o adulto pelo que
importante? Você já pensou
xar a criança sem TV, tablet ou
fez, é importante que o adul-
em olhar o mundo sob a pers-
qualquer coisa de que ela gos-
to também cuide de reparar o
pectiva da criança?
te? Esse foi um caso real. Tive
seu desrespeito, certo?
Uma criança de um ano e meio que chora e se joga no chão para conseguir al-
a chance de conversar com a criança e foi assim: - Você fez isso por querer
Temos muito o que aprender sobre o universo infantil. A primeira infância, que
guma coisa do adulto, por
ou sem querer?
é o período que vai de zero
exemplo, está fazendo bir-
- Por querer.
a seis anos, é o período em
ra? Está manipulando? Ou
- E por que você quis jogar
que se forma a base de to-
está usando os recursos que
o prato na professora?
dos os pensamentos, sen-
possui na sua imaturidade –
- Porque eu estava arru-
timentos e comportamen-
choro e movimentos corpo-
mando minha toalha na mesa,
tos que uma pessoa terá por
rais – para tentar comunicar
ela veio, arrancou a toalha, jo-
toda a sua vida! Precisamos
sua dor, insatisfação, von-
gou e colocou o prato. Eu fiquei
nos preparar para ser pai e
tade ou necessidade? Achar
bravo e bati no prato, que foi
mãe, e é urgente!
que uma criança de menos de
em cima dela.
Um abraço e até a próxima!
ISA MINATEL Diretora pedagógica da escola de pais MundoemCores.com, autora do livro “Crianças sem limites”, coach de pais e psicopedagoga especialista na Pedagogia Montessori e youtuber do canal www.youtube.com/isaminatel
Mil palavras
ABSTRAÇÕES CHEIAS DE SIGNIFICADO
O
artista visual urbano Ficore, de 33 anos, se expressa na pintura em diferentes suportes, principalmente os murais. Suas criações sugerem subjetividade com compo-
sições de imagens fragmentadas em elementos geométricos e
orgânicos que parecem abstratos ao primeiro olhar, mas que reservam significados intrínsecos. Nesta arte digital, sua proposta foi representar elementos que remetem a equilíbrio, paz, saúde e tranquilidade. Dessa forma, a arte foi elaborada fazendo referência a pássaros e folhas, escolhidos por representarem os sentimentos de liberdade e confiança e transmitindo harmonia através do equilíbrio das peças.
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