Algo amplo é algo geral
edições traplev orçamentos PROGRAMA cultura e pensamento ano nove número sete 2011
recibo 34º
Esta publicação foi selecionada entre os projetos que se inscreveram no Programa Cultura e Pensamento – Seleção Pública e Distribuição de Revistas Culturais. Foram escolhidos quatro projetos, e desta forma contemplamos quatro revistas culturais bimestrais cujas tiragens, somadas, chegam a 240 mil exemplares. O objetivo desta iniciativa é estimular a criação de publicações culturais permanentes, e de alcance nacional – não apenas em sua distribuição, mas também em seu conteúdo. Ao patrocinar este projeto, a Petrobras reafirma, uma vez mais, seu profundo e sólido compromisso com as artes e a cultura em nosso país – confirmando, ao mesmo tempo, seu decisivo papel de maior patrocinadora cultural do Brasil. Desde a sua criação, há pouco mais de meio século, a Petrobras mantém uma trajetória de crescente importância para o país. Foi decisiva no aprimoramento da nossa indústria pesada, no desenvolvimento de tecnologia de ponta para prospecção, exploração e produção de petróleo em águas ultra-profundas, no esforço para alcançar a auto-suficiência. Maior empresa brasileira e uma das líderes no setor em todo o mundo, a cada passo dado, a cada desafio superado, a Petrobras não fez mais do que reafirmar seu compromisso primordial, que é o de contribuir para o desenvolvimento do Brasil. Patrocinar as artes e a cultura, através de um programa sólido e transparente, é parte desse compromisso.
CULTURA E PENSAMENTO é um programa nacional de estímulo à reflexão e à crítica cultural. Desde sua primeira edição em 2005, seleciona e apoia projetos de debates presenciais e publicações. O objetivo do programa é dar suporte institucional e financeiro a iniciativas que fortaleçam a esfera pública e proponham questões e alternativas para as dinâmicas culturais do país. Em 2009, o Programa abriu a terceira edição dos editais para financiamento de debates e de periódicos impressos de alcance nacional. Os editais são abertos a propostas de intelectuais, pensadores da cultura, artistas, instituições e grupos culturais, pesquisadores, organizações da sociedade civil e outros agentes, visando à promoção do diálogo sobre temas da agenda contemporânea. O projeto de revistas do Programa Cultura e Pensamento busca ofertar gratuitamente conteúdos de elevada qualidade a um público amplo e diversificado de leitores, através de uma rede de circulação formada por 200 pontos de distribuição em todo território nacional, entre eles instituições culturais, universidades e pontos de cultura. Ao longo dos 24 meses o projeto prevê o lançamento de 20 títulos, cada um com 6 edições bimestrais, totalizando a circulação gratuita de 1.200.000 exemplares de revistas com discussões sobre arte e cultura, oriundas de diversos estados do país. A rede abrangerá mais de 200 colaboradores editoriais de cinco regiões e 19 estados brasileiros. A edição 2009-2010 do Edital de Revistas do PROGRAMA CULTURA E PENSAMENTO tem patrocínio da Petrobras e é realizada pela Associação dos Amigos da Casa de Rui Barbosa. Este projeto foi contemplado pela seleção pública de revistas culturais do programa CULTURA E PENSAMENTO 2009/2010
Por um momento, antes de se dissipar, a poeira que se levanta quando dançamos juntos, é quase capaz de esconder a evidência:
erramos o caminho.
Queríamos que o texto fosse como os créditos de um filme, subindo ou descendo à frente dos olhos, projetado em uma tela.
[Editorial?!]
Ou melhor, como no filme “O Desprezo” (Le Mépris) de J.L. Godard, queríamos que fosse narração; texto falado, contado e cantado; voz em off que se mistura ao som ambiente e vira trilha sonora. viagem concebendo a geografia por meio de pessoas.
“Ligar os pontos” vira pretexto para uma
O desenho aqui não é cartografía, muito menos um plano de orientação.
O caminho percorrido pratica a permissão da deriva planejada, em dispersão fragmentada, como numa sequência literária onde as imagens apontam para uma ação, para um fazer, verbalizando o predomínio e autonomia do leitor entre figura e fundo (discurso sobreposto). O mapa é o tesouro. Cruzamentos espaço-temporais, constelações possíveis de uma geografia tornada país; de um país construído pela transposição do território, de uma unidade nacional que precisa de estradas para espalhar a mensagem: do corpo respirar,
aqui é Brasil.
E, como veias que levam, por meio do sangue, o oxigênio necessário para toda célula
miméticos fios de alta tensão disseminam a energia civilizatória produzida pelos imensos mares hidroelétricos, outrora cidades, outrora sertões. Estamos todos ligados (no futuro do pretérito). Pelas janelas dos carros, dos aviões, das casas, e mesmo das bicicletas, vêmos a paisagem se homogeneizar em arquiteturas e modelos do viver. Alphaville Pernambuco, Alphaville Bahia, Alphaville Minas Gerais, Ceará, São Paulo... Exemplos de condomínios-estado que semeiam e comprovam o sucesso, a nova ordem e o tão desejado progresso de nosso modelo econômico-financeiro especulativo. Todo mundo pode ter o seu castelo, sua fortaleza com suas muralhas de vidro, seu próprio shopping virtual. Estamos indo bem.
Estamos protegidos.
Todos bem a postos com seus mapas.
Apesar do recibo 34 graus estar aqui, pronto e impresso em revista, trata-se de um projeto inacabado por princípio, incompleto pelos limites internos e fragmentado como o fluir do pensamento; um quebra cabeças que nunca pretendeu ter todas as peças e que esperamos, nunca forme a mesma imagem. Amilcar Packer e Traplev.
1550, Igreja Nossa Senhora das Graรงas ou Seminรกrio de Olinda, incendiada em 1631 pelos holandeses e restaurada em 1663 pelos portugueses, Olinda, Pernambuco
Petrolândia / PE Altitude 282 metros Coordenadas: 9º04’11.62”S , 38º17’02.36”O (Latitude, Longitude) A Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga, também conhecida como Itaparica, está localizada na bacia do Rio São Francisco, na cidade de Petrolândia, em Pernambuco. Foi inaugurada em 1988 e possui seis geradores com capacidade de 250 mil quilowatts, com capacidade total de gerar quase 1,5 milhões de quilowatts. É administrada pela Chesf. O reservatório da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga inundou uma área de 834 quilômetros quadrados dos estados da Bahia e Pernambuco e possui mais de 11 bilhões de metros cúbicos. Nessa área viviam mais de 50 mil pessoas que foram reassentadas em 3 cidades da região.
Terreiro em aldeia Pankararú logo após Toré A Festa do Umbú é um cerimonial Pankararú de agradecimentoà fertilidade da terra e à saúde da comunidade. Ela dura por volta de 3 meses e nela pagam-se promessas e retribuem-se graças alcançadas; é um momento de comunicação entre a comunidade e o mundo dos encantados. O ritual conta com o flechamento do umbú, passando pelas corridas do umbú, a noite dos passos, rodas e pareias, entrega dos cestos, cortejo, queima da cansação, torés e termina com o ritual do mestre guia. O toré é o momento em que toda a comunidade pode participar do ritual e se juntar aos “encantados”, entrando no terreiro e dançando em movimentos circulares e espirais.
fissão
ficção
fricção
fusão
38º59’52.47”O
barragem pedra do cavalo
12º35’02.05”S
38º59’52.47”O
12º35’02.05”S
Altamira/ como é que chama o lugar, Altamira/eu dobro a aposta, Altamira é o Centro da Transamazônica, têm gente do Brasil inteiro indo pra lá, pra trabalhar na estrada e depois comprar terra, o abacaxi lá é do tamanho de uma jaca, e as árvores do tamanho de um arranha-céu/q exagero/
não, tô falando sério, têm minério, pedra preciosa, tudo ali à flor da terra, floresta amazônica, nunca ouviu falar?/já, já...mato puro né? E os índios lá/ahn?/ têm muito índio lá?/tinha. É mas a maioría o pessoal acabou com
eles. Tinha vez que o pessoal enchia o saco, mas perdía mesmo a paciência e pegava um avião jogava umas bananas de dinâmite em cima da aldeia dos índios, aí a cabocada saía toda pra fora pro meio do mato, mãos na cabeça pensando que era o fim do mundo com, negócio do rabo...
OE Hemorragia na região temporal da mácula com area central de aspecto esbranquiçado, sugestivo de imagem de micro-aneurisma. Quadro compativel com edema macular cistóide no olho esquerdo, com areas de má perfusão acompanhada de pequenas telangectasias na região peri-
macular com imagens compatíveis com dilatações saculares, mas ausência de nível de líquido e ou vazamento cistóide. Hipótese diágnostica levantada foi a de doença de Lebber Coats no olho esquerdo.
Vamos começar pelo término do jogo, assim ninguém precisa ganhar.
– A ponte não teve futuro não – disse Zanaildo. – Vocês aí no atacado e eu aqui só no varejo – disse eu. – Um evento nele mesmo é menos importante que o discurso que o cerca – disse Annabel Chon. – Salvador é a cidade do futuro (no país do futuro) – disse Evaristo. – Não vale transcrever conversa – dissemos em coro. – O lago foi estuprado e virou açude – disse Janaísa. – Não passa de um fato alho – retruquei. – A rua é suja!!! – disse alguém. – Quem foi que inventou o analfabeto e deu o alfabeto ao professor? – disse Chico B. – Algo amplo é algo geral – disse o Princípio da Obviedade. – Em Brasília, 19horas – disse o Vitor. – Falta é coragem – disse ela. - Se isso ainda não virou sampler, um dia há de virar refrão – dirá alguém
For a moment, before dissipating the dust that arised when we danced together was almost able to hide the evidence: we went the wrong way. We wanted the text [Editorial?!] was like the credits of a movie, going up or down in front of our eyes, as projections on a screen. Or rather, as in the movie “Contempt” (Le Mépris) from J.L. Godard, we wanted it to be narration, spoken text, sung and told, off-camera voice that blends the sound environment and becomes the soundtrack. “Connecting the dots” becomes a pretext for designing the geography trip through people. The drawing here is not cartography, much less a plane orientation. The path practices allowed drift planned dispersal in fragments, like a sequence where literary images point to an action, to make one, verbalizing the dominance and autonomy of the reader between figure and ground (overlapping speech). The map is the treasure. Spatiotemporal intersections, possible constellations of a geography turned into a country, a country built by the transposition of the territory of a national unity that needs roads to spread the message: here is Brazil. And, like veins that lead through the blood, the oxygen needed for every cell of the body to breathe, mimetic power lines spread the civilizing electric power produced by hydroelectric huge seas, once cities once hinterlands. We are all connected (in the future tense). Through the windows of cars, airplanes, houses, and even bicycles, we see the landscape becoming homogeneous in architecture and models of living. Alphaville Pernambuco, Alphaville Bahia, Alphaville Minas Gerais, Ceará, São Paulo ... Examples of condominium-states sow and prove the success, the new order and the much desired progress of our economic model of financial speculation. Everyone can have his castle, his fortress with its walls of glass, its own shopping spree. We are doing well. We are protected. All the good jobs with their maps. Despite Recibo 340 to be here, ready and printed as magazine, it is an unfinished project in principle, incomplete and fragmented by internal boundaries as the flow of thought, a puzzle that never intended to have all the parts and we expect, never form the same image.
Maria Acselrad
J. P. Flavien
Aline Couri
Marepe Zanaildo (Ibimirim) Pipa Gustavo Vilar Bye Bye Brasil / Cacá Diegues Francini Barros
Paulo Bruscky
Daniel Rangel
Mary Vieira Tomás Acselrad Vilar
expediente 34º Ministério da Cultura Secretaria de Políticas Culturais Associação dos Amigos da Casa de Rui Barbosa João Maurício de Araújo Pinho | Presidente Rede de Revistas Programa Cultura e Pensamento Sergio Cohn e Elisa Ventura | Coordenadores Rita Ventura | Produtora Luana Villutis | Coordenadora de rede Filipe Gonçalves, Elisa Ramone e Lilian Diehl | Assistentes de produção
recibo 34º | sétimo número | ano nove | periodicidade dos próximos números: bimestral | produção: edições traplev orçamentos | administração: Fundação Hassis | editor geral de recibo: Traplev | projeto editorial 34º: Amilcar Packer e Traplev | projeto gráfico 34º: Vitor Cesar | revisão: Francini Barros | tradução: Amilcar Packer | créditos fotográficos: Amilcar Packer e Traplev | tratamento de imagem: Amilcar Packer e Vitor Cesar| Imagem filme Bye Bye Brasil: Reprodução. Recibo agradece a todos os colaboradores por nos receberem em suas cidades e espaços de referência. O material aqui impresso, pode ser utilizado parcial e integralmente desde que devidamente citado a fonte. Isto não inclui o material reproduzido do filme “Bye, Bye Brasil” do diretor Carlos Diegues.
Impressão 4\4 | composto por várias tipografias | 64 páginas | tiragem de 10 mil exemplares distribuição nacional gratuita | produzido entre março e maio de 2011 | (impresso no Brasil | impressão e distribuição nacional: Programa Cultura e Pensamento - MINC | contato: recibo0@gmail.com | http://issuu.com/recibo. issn 2236 3130
Ana Dupas
Evaristo (taxista)
Grupo GIA Helmut Batista
Carla Zaccagnini
José Armando García Sancio Restaurante do seu Domingo (praia do Xaréu) Janaísa Cardoso Francini Barros Projeto Road Capacete
Bar da Fava
Rebecca Nadjowski
apresenta
apresenta: parceria |
apoio parceria | |
parceria
apoio
parceria |
apoio |
realização |
realização | realização
apoio |
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Esta publicação foi contemplada pela seleção pública de revistas culturais do Programa Cultura e Pensamento 2009/2010
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