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3. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
from A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NO PROCESSO DE CONSUMISMO DA SOCIEDADE E SEUS IMPACTOS NO MEIO AMBIEN
by Rede Código
O consumismo já afetou e provavelmente afetará o meio ambiente, mas se começarmos com pequenas atitudes conscientes e baseadas na sustentabilidade, poderemos estender a vida do planeta. A conscientização seguida da ação precisa ser imediata.
3. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
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A pesquisa exposta teve como desígnio o estudo da influência das redes sociais no processo de consumismo na sociedade, a partir disso, o quanto esse consumismo inconsciente pode afetar de maneira negativa o nosso meio ambiente. Para a pesquisa do tema foi escolhido o canal do Youtube da Vogue, que traz diversos conteúdos, dentre eles: tutorial de maquiagem ensinados por celebridades, cobertura de premiações e quadro de entrevistas com famosos. O canal existe desde 2008 e há pouco mais de 4 anos atrás, ele vem trazendo mais conteúdos além das coberturas de desfiles de moda e entrevistas com modelos.
Assim como outras plataformas de conteúdo digital e canais no Youtube, a Vogue também adaptou seus conteúdos de acordo com o que o público gosta e procura assistir, mas tudo isso com o “jeito Vogue de ser”. O canal já contou com participações de diversos brasileiros, sendo alguns deles: Anitta, Pablo Vittar, Juliana Paes, Bruna Marquezine e Isis Valverde. Um dos principais quadros do canal e um dos mais assistidos é o Beauty Secrets, em português: Segredos de Beleza. E é nesse quadro em que eu mais foquei a minha pesquisa. Nele, várias celebridades contam seus segredinhos de beleza, pele e maquiagem e fazem um tutorial do que costumam fazer. Muitas das dicas, são com técnicas mais caseiras e improvisadas, mas os produtos quase nunca são os mais baratos e acessíveis para grande parte das pessoas. Uma coisa que sempre foi explícita, é o fato de que o conteúdo da Vogue não é um conteúdo gerado em massa, para todo tipo de público. Desde de que a Vogue existe, eles já limitaram o seu público sendo pessoas de classe alta e apreciadoras de moda, beleza e arte. Como exemplo, trago o filme clássico O Diabo Veste Prada, que conta a história da assistente Andy (Anne Hathaway) que trabalha para Miranda Priestly (Meryl Streep) e que sofre diversas coisas na mão da chefe que é executiva da Runaway Magazine, a revista de moda mais importante de Nova Iorque. Assim que o filme saiu em cartaz nos cinemas, muitos trouxeram a tona que a história era baseada no ambiente de trabalho da revista Vogue e que tanto a história e personagens retratado eram, na verdade, baseados em fatos da Vogue. Condições de trabalho
que permitiam que as pessoas chegassem ao seu limite de estresse, porém, não é nesse ponto em qual quero focar. Trago o filme de exemplo para elucidar melhor o universo da marca de maneira um pouco mais lúdica. Até hoje, a marca é um grande símbolo, senão o maior, de moda ao redor do mundo. Um outro exemplo disso é a música, Vogue, da Madonna. Por mais que a marca seja uma marca, ela na verdade apresenta aquilo que é tendência e cria certos padrões, como no estilo de vida (lifestyle). Muitas vezes, sem perceber, fomos introduzidos em padrões como este no decorrer de nossa vida, que não necessariamente foram trazidos pela revista, mas por outras mais. O ponto crucial onde quero chegar é a realidade do quanto uma sociedade pode ser influenciada por um veículo de mídia, uma pessoa ou marca. Quantas vezes as pessoas não compram ou desejam algo que por fim, percebem que nem precisavam, de fato? Durante toda a vida, recebemos estímulos que nos fazem querer algo ou seguir determinado comportamento. Muitos de alguns dos comportamentos consumistas que temos hoje em dia, foram implantados por revistas, filmes e música em algum período de nossas vidas.
Grande parte desses comportamentos, são plenamente culturais e podem ser desassociadas de nossas vidas perante uma visão mais consciente do mundo. No quadro Beauty Screts, em que as celebridades ensinam truques com seus produtos importados e caros, estão também, fazendo propagandas daqueles produtos. Vendendo a ideia de que aquele determinado produto trará a solução a sua pele. O que muitas vezes é esquecido é que além do uso desses produtos, elas também passam por vários procedimentos estéticos que ajudam a resolver alguns problemas de pele. Porém, o que considero preocupante é a questão de que as pessoas que assistem aquele conteúdo, muitas vezes por serem fãs das pessoas convidadas, acabam comprando produtos mais baratos ou não (às vezes até os mesmos, se endividando), que se assemelham com os que elas indicam. A questão não é usar daquela dica buscando resultados que a pessoa já estava procurando. A questão de onde esta pesquisa partiu foi: até que ponto a sociedade pode ser vendida pela influência das mídias digitais e sem perceber que isso pode, ou melhor, acarretará com consequências negativas para o meio onde vivemos? Por mais que as dicas sejam realmente boas e eficientes, a marca usa isso apenas para vender comportamentos, padrões e tendências. O entretenimento através do conteúdo nada mais é que mais uma estratégia de marketing. A contar deste fato, Fernandes (2001) resume um pouco melhor o que essa estratégia faz com a sociedade:
Ser livre hoje é uma invenção do mercado. Ser livre dentro da lógica atual é não saber para onde ir, ou ir para onde estão propagando. Ser livre é poder obedecer aos apelos consumistas do mercado sem perceber que vontade individual não existe, ela é fabricada. (FERNANDES, 2001, p. 29)
A sociedade nos dias de hoje é facilmente entretida pelo que vê na internet. Usamos tanto, para tantas coisas, que se torna natural sermos encantados ali mesmo. Isso de maneira alguma é algo errado ou algo a ser julgado. Trata-se de facilidade, disposição e praticidade, todavia, há formas de não sermos apenas fantoches nessa situação. A pesquisa sobre o produto/serviço e pela marca é imprescindível. Por mais que se torne muito mais cômodo aceitar e relevar aquilo que se vê logo de cara ou se encanta quando um influenciador divulga, o que faz com que a indústria continue trabalhando como trabalha, são as nossas escolhas, são elas que impactam o movimento do mercado. Lembrando também que muitas vezes, como os produtos apresentados pelas celebridades no canal, não é tão acessível as pessoas buscam por alternativas similares e com preços baixos. No entanto, por conta da busca incessante por algo que traga os resultados esperados, as pessoas acaba comprando até finalmente, ou não, encontrarem. Gerando mais lixo e desperdício. Por essas escolhas, chegamos até aqui com a atual situação do nosso planeta. Diversos problemas aquáticos, terrestres, atmosféricos e tantos outros que ainda desconhecemos. Sendo assim, é melhor para todos se todos forem à cidade de ônibus do que se todos forem de carro, mas para cada um é melhor ir de carro. Da mesma forma, é melhor para todos se todos comprarem produtos orgânicos (o que poderia estimular a produção acarretando a redução de seu preço), mas é melhor para cada um não comprá-los, já que os preços são excessivamente caros. É melhor para todos se todos participarem de manifestações políticas e boicotes, mas é melhor para cada um não participar, devido aos custos desta participação. Note-se que a palavra "melhor" é usada aqui dentro do sentido restrito da racionalidade utilitária, preocupada com resultados imediatos. (PORTILHO, 2018)
Não é à toa que vem se pregando cada vez mais a questão do consumo consciente, trocar canudos de plástico por canudos de papel, aderir à Segunda Sem Carne6 e usar embalagens reutilizáveis em vez de embalagens plásticas. Tudo isso contribui com a vida do planeta e retarda os problemas que são inevitáveis, mas de certa forma ameniza-os quando chegarem.
6 Movimento realizado pela Administração de Comida dos Estados Unidos no período da 1ª Guerra Mundial, que tinha como intuito incentivar a população a não comer carne nas segundas-feiras pra que sobrasse mais para enviar para o Exército. Em 2003, esse movimento foi trazido novamente com a intenção de prevenir doenças crônicas causadas pelo consumo de carne. Hoje em dia, esse movimento está presente em mais 40 países e no Brasil é promovida pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), com o objetivo de conscientizar a população sobre a crueldade animal e o consumo excessivo de carne.
[...] em variados setores sociais, e pelo uso manipulador das grandes corporações, que se referem à sustentabilidade dos seus mercados e induzem a população a pensar que não causam poluição e devastação, ou que a controlam através de tecnologias ditas sustentáveis. É urgente contribuir para esta desmistificação. (MARIA et al, 2018)
Somos totalmente responsáveis e culpados pelo o que está acontecendo em nosso meio. Viemos de gerações que não se preocupavam com o que o planeta poderia se tornar e também não tiveram muitas bases teóricas sobre e, assim, passaram essa visão adiante e chegamos onde chegamos. O que é preciso ser repensado e olhado com pressa é a quantidade e necessidade. De nada adianta estarmos adquirindo produtos que fazem bem para o meio ambiente, sendo que comprados sem necessidade geram lixo e desperdício. Isso desencadeia o consumismo, e tudo o que mais precisamos é inserir a reeducação sobre o quanto somos e ainda podem ser consumistas sem perceber. Compramos sem pensar, compramos sem conhecer a marca, compramos pela pressão da sociedade, compramos sem olhar o outro, compramos sem olhar as nossas reais necessidades, compramos por influência e, por fim, esquecemos do planeta. Infelizmente, a indústria em conjunto com o marketing banaliza a “sustentabilidade”. Os resultados obtidos por meio deste trabalho foi trazer a consciência do consumo de cada indivíduo. Ser consumista se tornou muito mais normal do que deveria. O consumismo é mais enraizado em nós do que podemos imaginar. Algo que também é muito importante e deve ser levado em conta na hora da compra, abordado por Campos (2012), é a questão das empresas que se rotulam como sustentáveis, mas que na verdade não passam de uma fachada, porém isso é algo que agrega a marca e induz o público a comprar porque acham que estão fazendo uma escolha consciente. Infelizmente, isso tem se tornado muito comum. É preciso se atentar com o que nos influencia. São influências boas, que agregam uma visão mais consciente do nosso mundo ou se trata apenas de algo momentâneo sem um propósito e destino certo? Um trecho que elucida bem a situação é: Um sistema que promete liberdade, porém aliena; que prega a interligação e pratica o isolamento; que se diz conectado, porém promove separatismo. Uma onda anti-solidária toma forma em várias partes do mundo e conflitos separatistas se instauram em várias nações. (FERNANDES, 2001, p. 32)
O desenvolvimento da pesquisa se deu pelo levantamento bibliográfico, no primeiro momento. Através de matérias jornalísticas em comum com o tema, livros de autores jornalistas ambientais, dissertações sobre consumo e artigos científicos voltados às palavras-chave da minha pesquisa.